A folha dos Valentes

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Maio 2011 ANO XXXV

PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

03.alerta-Não tenhais MEDO! 06.sal da terra-Primeiro de MAIO 10.fd-Casamento e FAMÍLIA 12.memórias-P.e Luís CELATO 20.doses de saber-Explicação de SI 22.missãopress-João Paulo II MISSIONÁRIO 30.reflexo-João Paulo II MODELO 32.da fé-A RESSURREIÇÃO do Senhor 36.novos mundos-NUVEM artificial 38.cuidar de si-Enfarte de MIOCÁRDIO 42.da juventde-JD-Lisboa em FESTA 46.agenda-Encontro Nac. JD-ALFRAGIDE

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sumário: da actualidade

SEMPRE SEMPRE JOVEM35 anos no CORAÇÃO

FICHA TÉCNICA

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida Rocha Redacção: Carlos Oliveira, Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira. Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Alcindo Sousa (Madagáscar), Nuno Pacheco (Lisboa), Pedro Coutinho (Índia). Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Armando Baptista, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Moura, José Agostinho, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Madalena Rubalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Nélio Gouveia, Octávio Carmo, Olinda Silva, Paulo Alexandre, Paulo Rocha, Rui Moreira, Susana Teixeira. Colaboradores nesta Edição: João Chaves, Inês Pinto, Tony Neves, Pedro Ferreira, Fernando Fonseca, Jorge Robalinho, Rita Resende, Octávia Medeiros, Luís Cravo. Fotografia: Nélio Gouveia, Paulo Vieira, Sónia Gonçalves, Inês Pinto. Capa: Estátua de João Paulo II em Cracóvia, foto de David Norte, Agosto de 2008.

03 > alerta! > Não tenhais medo! 04 > digo eu... > Dos nossos leitores 05 > recortes > Devaneios 06 > sal da terra > O Primeiro de Maio 07 > cantinho poético > Sou de mais alguém da família dehoniana

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ 09 > missões dehonianas > Dehonianos no Mundo 10 > entre nós > Casamento e Família 11 > com dehon > Prioridades 12 > memórias > Recordando o padre Luís Celato 14 > comunidades > Casa do Sagrado Coração dos conteúdos

15 > onde moras? > A mulher do SIM 16 > vinde e vereis > A conversão da inteligência 17 > palavra de vida > De coração ardente 18 > pedras vivas > Godim – leigos, sacerdotes do Mundo 20 > doses de saber > Conhecimento e explicação de si 22 > Pastoral > João Paulo II, Missionário 24 > espaço escola > Cultivar o bem-estar (II) 26 > leituras > O Eros e a beleza 28 > sobre a bíblia > O Evangelho de São Marcos 30 > reflexo > João Paulo II, modelo e intercessor 32 > sobre a fé > A ressurreição do Senhor

Grafismo e Composição: PFV. Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 28 4430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329 ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares

Associação de Imprensa de I nspiração Cristã

Redacção e Administração: Centro Dehoniano Av. da Boavista, 2423 4100-135 PORTO – PORTUGAL Telefone: 226 174 765 - E-mail: valentes@dehonianos.org Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA Telefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

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do mundo

34 > planeta jovem > Vamos fazer uma música? 35 > outro ângulo > “O que faz falta é animar a malta” 36 > novos mundos > Nuvem artificial 37 > nuances musicais > Ao Vivo ou em play-back? do bem-estar

38 > cuidar de si > O conhecimento salva vidas 39 > dentro de ti > Tens de ser é perfeito! da juventude

40 > antigos alunos > Momento mágico 41 > jd-açores > Lausperene e Via-Sacra 42 > jd-lisboa > A JD-Lisboa, em festa! 44 > jd-porto > A raiz de tudo no coração 46 > agenda > Vai acontecer em breve.... 47 > tempo livre > Passatempos 48 > imagens > A reter...

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da actualidade

alerta! – 03

Não tenhais medo! “Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo! Ao Seu poder salvífico! Abri os confins dos Estados, os sistemas económicos como também os políticos, os vastos campos da cultura, da civilização e do desenvolvimento. Não tenhais medo!” Estas palavras fazem parte da primeira celebração pública do papa João Paulo II, no dia 22 de Outubro de 1978, seis dias depois de ter sido eleito papa. Quem as ouviu na altura e acompanhou todo o percurso de vida do grande homem de Deus que ele foi não pode não emocionar-se e dar graças a Deus pelo bom pastor que nos concedeu. Passaram seis anos da sua partida para a casa do Pai, ainda ecoam nos nossos ouvidos e nos nossos corações as suas palavras cheias de energia e de fé. Eis que a Igreja nos apresenta, agora, João Paulo II como modelo de fé e como intercessor: beato – bemaventurado! Precisamos, agora como nunca, de responder ao seu pedido feito com humildade e confiança, como ele próprio disse. “Não tenhais medo!” Estas palavras aparecem várias vezes na presente edição de A Folha dos Valentes a propósito da beatificação do nosso querido papa João Paulo II, mas assentam bem também no contexto da alegria pascal de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte. O cristão não devia, de facto, ter medo, a não ser, como dizia o Padre Dehon, de pecar ou de se afastar de Deus. Mas mesmo aí deve reinar a confiança na misericórdia de Deus que incentive ao “regresso” pela conversão. Num tempo em que nos preocupam as incertezas em relação ao futuro, provocada pelos problemas do Mundo, pelos movimentos sociais extremistas, pela secularização feroz, pela indiferença apática, pela negação dos valores, pela crise… tem de voltar a ressoar o “não tenhais medo”! Tem de voltar a ressoar um “não tenhais medo” que nos leve verdadeiramente a confiar em Deus e a buscar, com sabedoria e diligência, as soluções para os males que enfermam a nossa vida pessoal, familiar, comunitária, eclesial, social e humana! Não tenhais medo!

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Paulo Vieira

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04 – digo eu... Dos nossos leitores

Olá amigos Valentes, Venho por este meio enviar uma comparticipação (…). Nos dias que correm, são abundantes as notícias sobre a crise e as dificuldades que aí vêm e é nesta A Folha dos Valentes que podemos ir buscar algum conforto e esperança. Continuem a fazer um bom trabalho quer com a revista, quer com todas as obras dehonianas. Um bem-hajam! Saudações valentes! André Corte – Ribeira Brava

Boa tarde caros Amigos! Gostaria de congratular-vos pelo excelente trabalho que ao longo destes anos têm oferecido. Esta revista é excelente e ajuda-me a enfrentar as adversidades da vida, apesar de nem sempre ser fácil, mas a vossa dedicação, força e resistência são o meu alicerce para continuar. Aproveito para rectificar a minha morada (…) Informo que de igual modo deixei um “pequenino” contributo (…) na esperança de que, no decorrer do ano, mais possa contribuir Bem-hajam! Raquel Cardoso – Vila Nova de Gaia

Bom dia caros Amigos! Junto envio foto e anexo do comprovativo de transferência bancária para ajudar a revista. Cada vez gosto mais da A Folha dos Valentes. Tem temas interessantes e divertidos. Um abraço. Luís Carvalhais

ATENÇÃO!

Agradecemos aos nossos leitores as ofertas que nos têm enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente de que não devem enviar dinheiro “vivo” em correspondência normal (é proibido por lei!). Na página 2 (no fundo, à esquerda), vai sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque (em nome de Centro Dehoniano), ou transferência para o NIB indicado! Obrigado!

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Paulo Vieira

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da actualidade

recortes do mundo – 05 O Mundo de hoje numa página

Devaneios

“Objectivos bem definidos, organização e trabalho”, é o lema de um homem bem-sucedido que ouvi há meses. Eu preciso de me organizar, de ser organizado todos os dias, desde o armário da roupa à agenda. E para isso terei de organizar o meu tempo. Não dizem verdade os que dizem que quem quer “arranja tempo”. Para arranjar tempo é preciso deixar de ver todo o Telejornal de, hoje em dia, quase 1 hora e meia, sem contar com as reportagens, de limitar as conversas a “OK! Então até amanhã. Tenho de me levantar cedo”, aproveitar os minutos todos de todas as horas, da hora de almoço para ver a agenda, verificar dados, planear a vida, em ver de os passar a ver e-mails sem graça nenhuma. Que se acumulem… Um dia feriado, de chuva, terei oportunidade de os ver. Em vez de ver as “insignificâncias” que os outros colocam no Facebook. Confissão! Hoje tentava explicar à minha mãe o pecado da omissão: “Confesso a Deus todo-poderoso e a vós irmãos, que eu pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, actos e omissões…” Pecamos tanto por omissão! A não atenção para com o outro. O desviar a cara. O dizer: “Há associações para eles… que as procurem.” O dizer: “Desgraçado sou eu; quem precisa de atenção sou eu; para quê me preocupar com as vidinhas dos outros?” O dizer que não se tem tempo, que se está ocupado, que “Tenho de salvar o mundo e por isso não te posso acorrer…” Tenho de ter objectivos bem definidos: fumar menos, poupar, poupar, poupar, vou vencer a crise! Sport TV no café? Só quando o Porto vai jogar, diga-se ganhar, e têm sido tantas as vezes!!! Vai ser a festa da Taça da Europa e da Taça de Portugal e depois descansase até ao início do campeonato… Mas se o Zé Mourinho ganhar também, também se festejará. Usar o cérebro. Dizem que não o usamos a 50% e com razão. Sinto que o posso usar mais e melhor e desenvolver mais, e ser capaz de escrever um livro em 3 dias como o outro do filme, mas sem drogas. Será que tenho neurónios a hibernar há anos lá dentro? De certeza! O simples facto de abrir o portátil e não ligar logo a Internet, mas sim escrever, actualizar dados pessoais, contas, diários… WORD vs INTERNET!!! 65 fugitivos de uma prisão no Afeganistão. Escavaram um túnel enorme! E os Americanos não deram por nada…

Por que razão os Americanos se interessam tanto pelo Crescente Fértil… e Norte de África? Há tantos ditadores no Centro da África, Ásia, Sul da América, Centro da América!!! E os Franceses e Ingleses (a Europa a rebentar pelas costuras, chamem-lhe PIIGS – sim a Itália também –, as costuras) fazem os que os Americanos querem. A Alemanha não entra??? Esquisito! Os Finlandeses, os que se matavam qual lemingues (os lemingues não se suicidam mas sim morrem na confusão de tantos empurrões).não gostam de nós. Dizem que não sabemos poupar. Se nós tivéssemos petróleo como eles… Já ninguém fala do Japão. Eles resolvem com o seu espírito de sacrifício, trabalho, emprenho. Os Haitianos parece continuarem à espera de mais ajuda da Oprah. Os Japoneses constroem superestruturas antiterramoto, os Americanos continuam a construir casinhas de madeira, das da Dorothy do Feiticeiro de Oz, em zonas de tufões… O William vai casar com a Kate, depois com a Sarah, depois com a Laura, depois… e o Berlusconi (milhões de italianos emigraram para a América) juntou-se ao Sarkozy (milhões de franceses pilharam a Europa, a África, a América do Sul e do Norte) contra Schengen. São 8h30, tenho de trabalhar com afinco e empenho em tudo, mesmo que receba mal e atrasado, empenho sempre… o barco ainda não foi ao fundo e não irá… se Deus quiser. Tenho de organizar os meus encontros com Deus. Ele não deve estar contente comigo por só me lembrar dele à noite, na cama, numa pequena oração… De certeza que quer conviver mais comigo. Preciso de falar com Ele sobre isso. As IPSSs da Igreja ajudam tanta gente que não precisa tanto. Tenho de começar a fazer os meus próprios cigarros…

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Luís Cravo

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06– sal da terra Porque o beato João Paulo II viveu assim!

Primeiro de Maio A

história do primeiro dia de Maio conta, a partir deste ano, com mais esse acontecimento global que foi a beatificação do papa João Paulo II. Em todas as latitudes e em cada ano, o dia 1 deste mês é referência de lutas operárias, de defesa dos direitos dos trabalhadores e de muitas manifestações que os querem colocar na linha da frente do debate social. Uma realidade que mereceu atenção alargada do agora beato João Paulo II, que desde cedo alertou para desacertos no mundo empresarial e económico com graves consequências para a humanidade. Afinal, os erros que agora estamos a sentir na pele! Foi também no dia 1 de Maio que João Paulo II reescreveu princípios da Doutrina Social da Igreja que se revelam cada vez mais urgentes quando se procuram soluções para ultrapassar anos de crise em que a sociedade global está mergulhada. Estávamos o ano de 1991. João Paulo II escrevia a sua terceira encíclica social, Centesimus annus, para assinalar o centenário do documento inaugurador da atenção da Igreja ao complexo mundo do trabalho, das empresas, do desenvolvimento sustentável e da economia. Aconteceu com a encíclica Rerum novarum, de Lexão XIII, em 1891. Depois, muitos outros pontífices afirmaram a prioridade da pessoa diante de todas as propostas de desenvolvimento – afinal, esta a certeza essencial da doutrina social que a Igreja foi propondo às circunstâncias de cada tempo. Entre todas, merece destaque aquela em que se consagra uma afirmação cujo esquecimento se revê no deflagrar de sucessivos conflitos internacionais: “o desenvolvimento é o novo nome da paz!”. A frase é do papa Paulo VI e está escrita na encíclica Populorum progressio (de 1967). Há 20 anos, no dia 1 de Maio de 1991, todas estas certezas eram reafirmadas por João Paulo II na Centesimus annus. Deste documento, fixo uma afirmação, onde se sustenta a defesa da dignidade da pessoa e a construção do bem comum como única via social possível: “É necessário esforçar-se por construir estilos de vida, nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom, e a comunhão com os outros homens, em ordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determinam as opções do consumo, da poupança e do investimento” (nº 36). Recordando o papa João Paulo II, procurando sinais de santidade, encontro-os sobretudo nestas afirmações. Porque o beato João Paulo II viveu assim!

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Paulo Rocha

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cantinho poético – 07

Sou de mais alguém Sou de mais alguém Neste mundo… E no além… Sinto-o cá no fundo. Que sou eu também E liberto neste segundo Um beijo que contém Este amor doce e fecundo. Para ti… Sou sentimento puro Ou luz no meio do escuro! Sou o que vivi Ou momentos e histórias Sou todas as minhas memórias…

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Jorge Robalinho

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da família dehoniana

08 – recortes dehonianos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

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bril foi preenchido com duas semanas da Quaresma, Semana Santa e primeira semana do Tempo Pascal. Tempos para celebrar a essência da nossa fé cristã e tempos para bem preparar essas festas: os vários retiros com numerosa participação de leigos nos nossos centros de espiritualidade e seminários do Funchal, Ponta Delgada, Alfragide, Coimbra, Porto e Paredes foram momentos oportunos de renovação das nossas vidas cristãs. Neste mês, destaque ainda para quatro encontros.

Encontro da Europa SCJ Foi em Neustadt, Alemanha, que 35 superiores maiores da Europa e vários delegados estiveram reunidos para reflectir sobre a espiritualidade dehoniana na Europa.

Vieram da Moldávia, Bielorrússia, Ucrânia, Croácia, Áustria, Alemanha, Polónia, Eslováquia, Finlândia, Suíça, Itália, Ilhas Britânicas, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Espanha e Portugal. Do nosso país, estiveram 4 representantes, incluindo uma leiga, a Eugénia Magalhães. O padre Manuel Barbosa participou como secretário e coordenador da Europa. Foi um encontro para ver como se vive a nossa espiritualidade nos variados países da Europa, procurando-se igualmente perceber o que temos em comum e quais os aspectos centrais da espiritualidade dehoniana, tendo em conta as novas e diversas situações que se vivem na Europa.

Encontro de Sub-10 Importante encontro para os religiosos com menos de 10 anos de profissão perpétua. Sob a coordenação do padre Saturino Gomes, estiveram reunidos em Aveiro no dia 18 de Abril, para reflectir sobre as problemáticas mais específicas nesta fase de formação. O Bispo de Aveiro, D. António Francisco, ajudouos a reflectir sobre a sua vocação e missão na Igreja e na Congregação.

Encontro de Equipas Também em Aveiro, a 25 de Abril, decorreu o encontro das Equipas Educadoras e Formadoras dos nossos seminários do Porto (Rio Tinto e Boavista), Funchal, Aveiro, Coimbra e Alfragide, assim como dos que trabalham no Colégio Infante (Funchal) e na pastoral vocacional. Antes da partilha, programação, coordenação e perspectivação deste importante sector das nossas actividades, a irmã salesiana Rosa Maria, psicóloga, reflectiu connosco sobre o que deveria ser uma autêntica comunidade formadora.

Encontro para Postulantes Foi em Fátima, de 8 a 10 de Abril, este encontro organizado pela Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), sobre a vocação nos Sinópticos. Estiveram presentes os nossos três postulantes, Tiago, Joaquim e Rodrigo, juntamente com o seu mestre padre Ricardo Freire, assim como dois candidatos ao postulantado.

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Manuel Barbosa

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missões dehonianas – 09 No fim de Dezembro de 2010 o total de dehonianos no Mundo era 2204

Dehonianos no Mundo

LEGENDA relativa às PESSOAS:

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s Missões encontram na espiritualidade do Padre Dehon fundamento e apoio. Quis ele que, em todo o momento, a sua Congregação fosse missionária de forma muito particular. Com a sua característica de “aproximar-se ao outro”, de abrir-se ao diálogo com outras culturas e de levar o anúncio da Boa Notícia de Jesus Cristo, as Missões são um elemento essencial no nosso ser e agir dehonianos. Somos 2 204 religiosos (padres e irmãos) trabalhando em 38 países. Como congregação, estamos divididos em Províncias, Regiões e Distritos, como formas de administração.

PAÍSES/Províncias

B – Bispos; P – Padres; D – Diáconos; Evp – Estudantes com votos perpétuos; Ivp – Irmãos com votos perpétuos; Evt – Estudantes com votos temporários; Ivt – Irmãos com votos temporários; T – TotaL; N – Noviços.

Áustria Croácia África do Sul Argentina Brasil Central Britânico-Irlandesa Brasil do Sul Brasil do Norte Canadá Chile Camarões Congo Cúria Geral Europa Francófona Holanda Alemanha Espanha Itália do Sul Indonésia Índia Itália do Norte Portugal Madagáscar Moçambique Filipinas Polónia Estados Unidos Venezuela

TOTAIS

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10 – entre nós

Pensamentos do Padre Dehon sobre o casamento e a família

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O casamento é instituído e abençoado por Deus. É um dos pontos capitais da constituição da sociedade humana. Nosso Senhor santificou-o nas Bodas de Caná. O matrimónio cria novas relações e novos deveres: deveres dos esposos entre eles, deveres dos esposos para com os filhos e para com aqueles que os servem (…). O sacramento do matrimónio representa a união de Nosso Senhor Jesus Cristo com a Sua Igreja. (…) Vós sois os ministros deste sacramento. Os outros sacramentos têm como ministros ordinários ou o bispo ou padre, mas os ministros do sacramento do matrimónio são os próprios noivos. O matrimónio é formado pelo consentimento mútuo. Vós ides, portanto, ser os instrumentos do Espírito Santo. Vós ides ser os representantes de Nosso Senhor.

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O casamento é a união de duas almas em vista a uma amizade eterna. Palavras como aliança, união, sociedade, prometem dar força, alegria e vantagens ao casamento cristão. A família, um dos reflexos da Trindade divina, o lar dos afectos fortes e puros, a vida naquilo que tem de mais suave. A família, um composto por seres que se acarinham da forma mais legítima: o pai, a mãe e os filhos. Quem diz pátria diz um agrupamento de famílias, procedentes da mesma raça, animados pelos mesmos sentimentos, inspirados pela mesma fé, fazendo derivar dos mesmos sentimentos, tanto a coragem como a tristeza e caminhando juntos para os mesmos destinos.

Casamento e família O casamento é instituído e abençoado por Deus.

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O pai cristão herda simultaneamente a autoridade e a bondade de Deus. Ele é tão amado quanto honrado. A esposa e a mãe é verdadeiramente um ser sagrado, da mais viva ternura. Ela é a doce mediadora da paz, a apóstola da caridade.

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É Deus que é o autor do casamento. A união dos vossos corações será, daqui em diante, indissolúvel e a vossa fidelidade inviolável.

O casamento é o fundamento da família, uma das instituições mais lindas e mais amáveis da Providência divina. A família é um dos encantos do paraíso terrestre. O casamento é a união de duas almas, a amizade no que tem de mais forte, mais terno e mais sublime. Os frutos maravilhosos desta amizade são: a permuta de pensamentos, as extravasões do afecto, a participação nas mesmas alegrias, a consolação recíproca na provação, o acordo nos mesmos empreendimentos. O casamento cristão eleva ainda mais os nossos pensamentos.

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A família cristã é fervorosa e santa. A vossa casa será um lugar de paz e de união. Lá se há-de encontrar uma imagem da paz de Nazaré e da alegria do céu.

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Adérito Barbosa

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com dehon – 11

À semelhança de Dehon, a sintonia com Deus

CRONOLOGIA

DEHONIANA história da congregação

2003 07|Outubro

“Enquanto comiam, tomou Jesus o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: Tomai, comei. Isto é o Meu corpo.”

(Mateus, 26)

O P.e Stanislaw Nagy (Polónia) é nomeado arcebispo “ad personam” por João Paulo II. É consagrado bispo a 13-10-2003.

2004 17|Fevereiro ehon, que nos legou a sua espiritualidade e o seu exemplo de vida, almejava a unidade perfeita com Cristo, pois era essencialmente isso que lhe dava a força necessária para lutar em todos os dias da sua intensa vida. Para Dehon, a sagrada Eucaristia constituía uma verdadeira prioridade. Sentia-a como um verdadeiro acto divino de culto… o mais importante do dia! Não vivia esse momento de forma mecânica ou instintiva. Ao invés, celebrava-o imbuído de um espírito de plenitude, entregando-se por completo. Nada o distraía. O momento de acção de graças era vivido com dedicação. Eram longos minutos de sintonia. Por sua vez, os momentos de Adoração Eucarística extasiavam-no. Neles sentia-se unido a Cristo, em perfeita simbiose. Como bem sabemos, Dehon sempre deu uma grande importância às obras, agindo proactivamente em prol da sua comunidade e, porque não dizê-lo, do mundo, dada a proliferação das suas missões. Porém, sempre privilegiou a adoração do Santíssimo Sacramento, pois via nela um momento de reparação ao Coração de Cristo. Afirmava, até que nenhum trabalho a podia substituir. Ora, o enfoque na acção e na contemplação resume bem a espiritualidade que o Fundador deixou a esta grande família, à qual todos nós pertencemos. Nos dias de hoje, em que a azáfama do trabalho nos absorve, quantas vezes paramos para contemplar e agradecer? Este mês lançamos o desafio da contemplação, verdadeira prioridade. Almejemos, à semelhança de Dehon, a sintonia com Deus, pois, assim, seremos melhores e estaremos mais atentos aos desafios que Ele nos lança. Vivamos a Eucaristia como um acto verdadeiro de entrega e contemplemos Deus nos outros e no mundo!

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Rui Moreira

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Início da actividade missionária SCJ no Vietname.

2004 12|Agosto O nome da Província Argentina-Uruguaia é mudado para Província da Argentina.

2004 12|Agosto Erecção canónica do Distrito do Uruguai, dependente da Província da Argentina.

2005 19|Fevereiro O P.e Virginio Bressanelli é nomeado bispo de Comodoro Rivadavia. É ordenado Bispo a 13 de Maio.

2005 24|Abril Era a data da beatificação do Padre Dehon, mas foi adidada pelo falecimento do papa João Paulo II, a 02-04-2005.

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12 – memórias

Figura emblemática, homem de criatividade, entusiasmo e capacidades práticas

Recordando o Padre Luís Celato

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em tudo, nos primórdios da presença dehoniana em Portugal, foi fácil e linear, não só a nível de obras, mas também de personalidades. É natural que nem todos os religiosos enviados da Itália para a obra nascente tivessem um mesmo sentir, parecer e reagir. O voto e virtude da obediência religiosa não excluem a singularidade temperamental e um certo sofrimento, que pode levar ou ao regresso à pátria ou, mesmo, ao abandono da comunidade e seus projectos. É uma situação real, que, numa análise histórica, há que encarar com naturalidade. Daí que, evocando as origens, não se deva excluir um dos pioneiros, que acabou por sentir dificuldades de integração, mas, não querendo regressar à Itália nem abandonar a Congregação nem, muito menos, a vida religiosa, pôs-se, durante dez anos, ao serviço da Igreja na diocese do Algarve: o padre Luís Celato. Fez parte, com o padre Miguel Corradini, da, que podemos considerar, terceira leva enviada da Itália, nos fins de Setembro de 1948, para reforçar a obra em Portugal. O padre Miguel ficou em Lisboa e o padre Celato seguiu para a Madeira. O Padre Luís Celato era friulano, natural de Collalto, Údine, onde nascera a 12 de Setembro de 1921. Entrou, aos 12 anos, na Casa do Sagrado Coração de Trento, onde uma nota de comportamento já o define como sendo de “carácter vivaz, directo, brincalhão por vezes em excesso, de inteligência suficiente mas não cultivada, e de uma piedade boa”. Ordenado a 27 de Junho de 1948, Portugal seria o seu primeiro campo de trabalho. Tinha 26 anos de idade quando deixou a Itália, trazendo, na sua bagagem, muito entusiasmo, criatividade e capacidades práticas que hão-de fazer dele uma figura emblemática de operosidade e originalidade, mas, por outro lado, de não fácil enquadramento. No parecer dos superiores do Escolasticado para a admissão às Ordens, já emerge, de facto, a agudeza de engenho e um sentido prático muito evoluído, uma grande jovialidade, alia-

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P.e Luís Celato 1921-1969

da porém a uma certa dificuldade de submissão. O padre Celato revelar-se-á, nos anos que passará entre nós, um homem de grande engenho e de sentido prático. Para além de zeloso pastor, colaborando nas tarefas ministeriais que a comunidade lhe confiava, era um excelente mecânico. Conseguirá pôr a funcionar o velho automóvel que o bispo da diocese oferecera ao Colégio Missionário e que se tornaria numa relíquia e peça de museu dessa casa-mãe, que as primeiras gerações de seminaristas ainda recordam. Armou também presépios monumentais na capela de São Luís, junto do Largo do Município, presépios que se tornaram célebres em toda a Ilha, contribuindo para publicitar a presença e capacidade dehonianas.

O Pe. Luís Celato, excelente mecânico, conseguiu pôr a funcionar o velho automóvel que o bispo ofereceu ao Colégio Missionário.

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memórias – 13

Em 1952, o padre Celato acompanhou a Coimbra o primeiro grupo de alunos do Colégio Missionário, que daria início ao Instituto Missionário Sagrado Coração, passando a fazer parte dessa nova comunidade, na qualidade de vice-reitor, mas sobretudo de ecónomo. A Obra dehoniana em Portugal estava em franca expansão, sentindo-se logo a necessidade de abrir um seminário menor também no Continente. Aveiro foi a cidade e diocese escolhidas, e foi ao padre Celato que se confiou o encargo dessa nova fundação: a Casa Sagrado Coração, em Esgueira, aberta em Outubro de 1953. As suas capacidades práticas e de gestão faziam dele a pessoa indicada para esses inícios certamente difíceis. Mas foi precisamente nesse árduo trabalho de arroteamento, que a personalidade do Padre Celato viria a confrontar-se com outras linhas e sensibilidades dos Superiores, nomeadamente em campo administrativo, levando-o ao desencanto e a uma saída da estrutura congregacional para se dedicar à da Igreja diocesana, sem nunca porém abandonar o Instituto em que professara, havia 14 anos. Tinha então 6 anos de sacerdócio. Foi o D. Francisco Rendeiro, então Bispo Coadjutor de Faro e que era natural de Aveiro, a abrir-lhe as portas, convidando-o inicialmente para substituir o pároco de Loulé, momentaneamente ausente, e acabando por confiar-lhe sucessivamente o “Vigário Ajudador” do pároco de São Sebastião de Loulé, uma ficção jurídica de título, que se ajustava à sua condição de não pertença ao clero da diocese, mas que, para os demais efeitos, o equiparava à de pároco dessa paróquia louletana, a que pertencia o Santuário da Mãe Soberana. Os Superiores da Congregação acabaram por aceitar a situação. Não estando integrado nas obras do Instituto, o padre Celato nunca deixará, porém, de manter contactos, inclusive epistolares, com os seus Superiores religiosos, continuando a mandar-lhes regularmente a relação mensal das contas pessoais, zelosamente conservadas no Arquivo Provincial. Debilitado na saúde e desgostoso por algumas situações problemáticas criadas na paróquia, achou por bem regressar à comunidade religiosa, já manifestando essa vontade em carta de 7 de Setembro de 1964 ao Superior Provincial. A destinação de Fanhões – trocar a situação de pároco de cidade pela de coadjutor num ambiente rural no vale de Loures – não o entusiasmou, pelo que só concretizaria o seu regresso, já no governo pastoral de D. Júlio Rebimbas, nos inícios de 1967, quando já fora nomeado pároco de Fanhões e Santo Antão do Tojal. O seu fraco estado de saúde levaram o Superior Regional de então a apressar o seu regresso. Trabalharia no novo campo pastoral, plenamente reintegrado no Instituto, por pouco tempo. Faleceria, de facto, a 7 de Maio de 1968, na Casa de Santa Maria do Tojal, Loures, vítima de várias enfermidades, sendo-lhe fatal uma repetida crise cardíaca.

Morria na idade 47 anos, quando se podia esperar que pudesse trabalhar ainda tanto na Obra, pela qual deixara a pátria, familiares, colegas e amigos. Seria o primeiro religioso da dita Obra a falecer. A 3 de Agosto de 1959, havia falecido um postulante, regressando de férias a bordo do navio Moçambique e, um ano depois, a 17 de Julho de 1969, faleceria tragicamente na ria de Aveiro, o noviço José Mendonça Belim. A história da Província Dehoniana de Portugal também tem estas páginas, que é justo evocar. Entusiasmos e sofrimentos a fecundaram, como a cruz fecunda a vida. O padre Celato foi um exemplo de como se pode enfrentar problemas sem chegar a soluções extremas. Apesar de momentaneamente ausente, a Região, que passaria a Província pouco depois do seu regresso, sempre o considerou um dos seus, a quem reconhece méritos e deve sucessos.

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João Chaves

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14 – comunidades O Noviciado Dehoniano em Aveiro

Casa do Sagrado Coração

Em 1953, abriu-se, em Aveiro, a Casa Sagrado Coração de Jesus. Apesar de velha e abandonada, a casa tornou-se habitável, graças ao entusiasmo e dinamismo do Pe Luís Celato. A casa funcionou durante meia dúzia de anos como seminário menor. Os nossos primeiros estudantes faziam o noviciado e os estudos filosófico-teológicos em Itália. Em 1959, iniciou-se o primeiro curso de noviciado, em Aveiro, na Casa Sagrado Coração de Jesus, sob a orientação do Pe. António Colombi. Nos anos oitenta o velho edifício foi demolido, dando lugar a uma nova construção mais adequada aos objectivos do noviciado. É nesta casa onde, sob a orientação do Mestre de Noviços os jovens se preparam para fazerem a consagração da sua vida a Deus. Aí foram formadas sucessivas gerações de dehonianos portugueses, dezenas de religiosos e sacerdotes, durante mais de cinquenta anos.

Que é o Noviciado? É um tempo privilegiado e insubstituível no itinerário formativo de um religioso. Trata-se de um período de prova e de formação em que o noviço, ainda que juridicamente não seja religioso, consagrado a Deus, é convidado a procurar viver como tal. É, pois, uma verdadeira iniciação à vida consagrada, realizada através de um caminho experiencial, sob a orientação de um mestre, com o apoio e a inserção na comunidade. Como caminho experiencial, o processo formativo do noviciado envolve toda a pessoa do noviço, uma pessoa concreta oriunda de um ambiente de-

terminado, de um contexto familiar e sociocultural específico, com características e carências próprias, chamada, por desígnio especial de Deus, a uma vocação especial, a vida religiosa. É, pois, uma formação personalizada. A partir da sua realidade, o jovem é convidado a construir a própria identidade de religioso de acordo com as características do carisma do Fundador e da espiritualidade do Instituto, para bem da Igreja. É esta a finalidade da Casa do Sagrado Coração de Jesus, em Aveiro, a bela cidade da Ria e do sal.

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Fernando Fonseca

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onde moras – 15 Um SIM que marca todos os passos da sua vida

A mulher do SIM

Neste mês de Maio, que dedicamos a Nossa Senhora, convido-te a reflectir sobre alguns passos da Sua vida. Ela viveu numa época e numa cultura muito concretas, era uma jovem diferente, Maria é a cheia de graça! A Anunciação: “Maria não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus” (Lc 1, 30-31). Maria escuta, no mais íntimo do seu coração, o apelo de Deus que a chama a ser a mãe de Jesus, ela é a mulher do SIM, ela não duvida, acredita que Deus quer o seu bem e o bem de toda a Humanidade. Que bela missão! O sim dado por Maria permitiu o nascimento de Jesus, ela está atenta aos apelos de Deus, é mulher de oração. A Visitação: “Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha”. Vai apressadamente ao encontro de Santa Isabel, ela sabe que sua prima está precisando de ajuda. Ali permanece o tempo necessário. O Nascimento: Chegado o momento, Maria não encontra lugar, ninguém a recebe, assim, Jesus nasce numa pobre gruta de animais, momento muito difícil! Mas ela não vacila na fé, acolhe a vontade de Deus, que se manifesta deste modo. O acompanhamento: Ao longo da vida de Jesus, Maria foi acompanhando o Seu crescimento. Um dia o Mestre foi convidado para umas bodas e com Ele foi sua mãe. No meio da agitação e da festa, quando todos comem e bebem, Maria está atenta e preocupa-se com esta família, pois o vinho está a faltar. Então “a mãe de Jesus disse-lhe ‘não têm vinho!’ ” (Jo 2, 3) e disse aos serventes “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo. 2, 5). Deu-se o milagre, a água foi transformada em vinho de boa qualidade. Junto à Cruz: Que dor a desta mulher que vê Jesus ser maltratado, morto, crucificado entre dois ladrões. Toda a vida de Maria foi uma entrega contínua a Deus e ao Seu Reino. Que ela nos ensine um pouco do seu modo de ser e estar! Que a minha e a tua vida sejam vividas de acordo com os valores do Evangelho.

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Fátima Pires

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16 – vinde e vereis Reencontrar Cristo e entregar-se-Lhe

A conversão da inteligência

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esculpa a confidência, mas passo já dos setenta e posso dizer que a vida me tem ensinado muita coisa. O mesmo se passa, estou certo, com toda a gente. A vida ensina-nos, assim queiramos aprender. Ensina-nos de muitos modos, “também com as lambadas que nos dá” – dizia-me há tempos uma pessoa também já entrada na idade e, por conseguinte, também ela ensinada pela vida. Tenho aprendido muito, não só com as “lambadas”, mas também com os testemunhos. Eles são muitos. Mas desta feita, gostaria de partilhar contigo este que li há pouco e me permito transcrever. Ele enquadra-se no contexto do “Vinde e vereis” e naquela dimensão vocacional da nossa existência que, como sabes, de uma forma ou de outra, constitui o tema sempre presente nestas linhas. Natanael – assim se chama o autor do depoimento que se segue – assim intitula o texto que redigiu e transcrevo: “A conversão da inteligência”. “O meu empenho no caminho do sacerdócio – escreve – deu-se por etapas. O falecimento do meu pai, há 13 anos, desempenhou, sem dúvida, um papel importante. Coincidiu em todo o caso com o despertar da minha vida espiritual que tinha adormecido na adolescência. Nesta provação reencontrei Cristo vivo, Deus que Se interessa por mim, que me ama. A leitura das Confissões de Santo Agostinho, aí pelos 17 anos, marcou-me profundamente. Este homem, levando uma vida desordenada que decidiu abandonar de um dia para o outro para se consagrar totalmente a Deus…, suscitou em mim o mesmo desejo. Sentia esta vontade radical de me oferecer a Cristo, de Lhe dar a minha vida como Ele me tinha dado a d’Ele. Tardiamente comecei a ajudar à Missa. Experimentei então a alegria da proximidade da Eucaristia. E compreendi que era para isso que Deus me chamava. Aos 18 anos a minha escolha era clara. O meu pároco aconselhou-me a continuar os estudos, antes de me comprometer. Durante os meus três anos de Filosofia, a questão tornou-se então menos evidente. Foi durante um tempo de oração que voltei a sentir a inquietação interior: “Que é que me impede de entrar no Seminário no próximo ano?”. Durante uma semana, fiz o inventário das possíveis razões. As barreiras que tinha levantado – designadamente fazer o mestrado e concluir o meu ciclo de estudos – vieram ao de cima. Não encontro nenhum obstáculo sério. Claro, sete anos de seminário podem parecer difíceis. Mas que é isso perante a grandeza e a beleza do sacerdócio? Para isso há etapas que não se podem queimar. Porque a conversão da inteligência é mais demorada que a do coração. No que me diz respeito, foi na oração, constatando que era feliz cada dia junto de Cristo, que amadureci a minha escolha. Uma escolha que hoje me aparece como uma evidência.”

(Natanael Garric – 28 anos)

Testemunhos como este são eloquentes e ensinam. Queira Deus que te aproveite a lição! E que a saibas aprender na escola d’Aquela a quem este mês é particularmente dedicado.

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Fernando Ribeiro

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palavra de vida – 17 A alegria de reencontar o Mestre

De coração ardente

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mês de Maio é muito rico em eventos e comemorações. Tem dias nacionais, internacionais e mundiais para todos os gostos e feitios. Para nós, Cristãos, é o mês da grande festa, porque nele se prolonga a celebração da Páscoa, a celebração dos grandes mistérios da nossa fé e da nossa redenção. Sendo Maio também o mês do coração, talvez valha a pena olharmos para o evangelho do terceiro Domingo da Páscoa (Lc 24, 13-35) e pegarmos na feliz expressão dos discípulos de Emaús “Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32)

De coração perdido

Conhecemos muito bem este texto do evangelho de Lucas. Os dois discípulos caminham de coração perdido, de mal com a vida, desiludidos com tudo o que acabara de acontecer no Calvário. Era a pesada derrota, era a enorme desilusão que preenchia o seu coração. Viravam as costas a Jerusalém, queriam colocar uma pedra sobre o passado recente, não queriam recordar-se da má aposta que tinha sido colocar toda a esperança no Mestre e toda a confiança no projecto do Reino que Ele lhes havia proposto. Não é difícil adivinhar que estes homens caminham por caminhar, rumo a uma terra com nome, é verdade, mas sem grande sentido para as suas vidas. Como acontecera tal coisa ao Mestre? Parecia tudo tão promissor, tudo em conformidade com as promessas de Deus e as profecias e, de repente, tudo se esfumou, tudo acabou numa cruz, na mais maldita das mortes. Era o fim e eles estavam perdidos e confusos!

De coração ardente

A presença de Jesus altera, a pouco e pouco, o estado de espírito destes homens e torna diferentes os seus corações. Uns corações até há pouco cheios de nada, dominados pela desilusão, pela derrota e pelo medo do futuro, vão-se abrindo paulatinamente a Deus, convertidos pela Palavra de Jesus. Aqueles homens tristes sentem de novo a força da Palavra que brota do Coração de Jesus para preencher de ardor e de alegria os seus corações. Aqueles homens feridos pela dor e pela morte voltam agora a ser discípulos, a escutar o Mestre, a querer ficar com Ele, a reconhecê-lo ao partir do pão. Os corações vazios enchem-se e transbordam de vida e de entusiasmo.

De coração aberto

A alegria de reencontrar o Mestre não pode ficar ali contida, fechada a sete chaves. Aqueles homens acabavam de viver talvez a mais intensa experiência de vida e sentiram a necessidade de ir partilhá-la. Correm para Jerusalém, querem rapidamente contar tudo o que de bom lhes tinha acontecido. Este é o nosso caminho pascal: às vezes caminhamos pela vida vergados pelo peso das dificuldades, das dúvidas, das desilusões. Mas Jesus continua a fazer-se companheiro da nossa viagem, continua a querer partilhar connosco a Palavra e o Pão e espera de nós a disponibilidade para O acolhermos e o entusiasmo de O testemunharmos.

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José Agostinho Sousa

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18 – pedras vivas Todo um povo; os Escuteiros; os Jovens Sem Fronteiras

Godim – leigos, sacerdotes do Mundo

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Uma beleza de Deus

e 2 a 10 de Abril, andei por terras do Alto Douro, do “nosso” Alto Douro Vinhateiro. E “nosso”, assim entre aspas, porque, e muito justamente, é Património da Humanidade. Aquilo é uma beleza de Deus, em que o Homem pôs também a sua mão, na feitura de todos aqueles socalcos, que dão à paisagem aquela sedutora ondulação. A quem não conheça, recomendo: Vá até à Régua, passeie naquela maravilhosa marginal, suba depois a Loureiro e debruce-se sobre aquelas “varandas do Douro”. Desça depois com calma, deixando-se surpreender em cada curva pela beleza de cada recorte da paisagem. E, por favor, não deixe de ir ao monte de S. Leonardo, ainda na margem direita do Douro. Por fim, qual cereja sobre o bolo, atravesse para a outra margem, siga em direcção a Armamar e suba ao Monte de S. Domingos. Garanto que, se tiver olhos de ver, se extasiará na contemplação daquela deslumbrante visão... Há pouco como aquilo em Portugal e no mundo inteiro. De regresso à Régua, não deixe de saborear uns rebuçados que por lá fazem, ainda de modo artesanal, e que umas senhoras que dão pelo nome de rebuçadeiras, lhe apresentam um pouco por todo o lado. Isso e um bom cálice de Porto, serão garantia de que permanecerá em si um gosto doce que jamais se extinguirá quando pensar, falar ou ouvir falar desta região.

Missão em Godim Não fui à Régua como turista, mas como missionário para a Paróquia de Godim, confiada aos Missionários do Espírito Santo, que em tempos ali tiveram um seminário, numa Semana Missionária em que participámos 9 missionários e 9 missionárias. Foi organizada pelos Padres da Região Douro I, que abrange o arciprestado da Régua, com Mesão Frio e Santa Marta de Penaguião, sob o lema: “Leigos, Sacerdotes do Mundo. A alegria de ser cristão”. Tive, portanto, a sorte de trabalhar numa Paróquia em que a dimensão missioná-

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ria é bem visível. Desde logo pela presença dos Missionários do Espírito Santo, que a servem, e em cuja casa fui tão fraternalmente acolhido, que nem me pareceu ter saído da minha. Fiz missão com a Irmã Emília, das Franciscanas Missionárias de Maria, que veio do Algarve, onde colabora numa região serrana, na Paróquia de Martinlongo. Lá, devido à grande carência de clero, há religiosas (freiras) que vão assumindo diversos serviços paroquiais. O Pároco só lá vai ao domingo e as Irmãs vão-se encarregando de tudo o resto, nomeadamente a oração comunitária à semana, a Celebração da Palavra e, até, a presidência aos ritos dos funerais… Ali, naquele Arciprestado, onde já houve muito clero, que agora escasseia, a sua experiência em terras algarvias foi muito útil. Os Leigos, Sacerdotes do Mundo, começaram a entender que não podem ficar à espera que as coisas aconteçam, têm que ser protagonistas da missão, pedras vivas dum templo sempre em construção.

Muitas Pedras Vivas Nas diversas acções da Semana, encontrei muitas Pedras Vivas, tanto na linda Igreja Paroquial de S. José de Godim, como na nova e linda Capela de São Sebastião do Vale, e no “barracão”, feio e desconfortável, que indignamente tem servido de capela a um grupo de entusiasmados cristãos que ali se congrega, reza e celebra a fé, enquanto não se restaurar a sua linda Capela de Cederma, em tal estado de degradação, que se torna imprudente permanecer no seu interior. Mesmo assim, quis entrar. E valeu a pena: É uma pérola, de belíssima talha dourada. E, no entanto, ali, a apodrecer! Que pena tenho do meu país, que é capaz de tamanhas barbaridades! E o povo, pobre e impotente para a restaurar, vai lamentando e pagando impostos para megalómanos TGVs, aeroportos, palácios, casas de música, estádios de futebol, e carrões de políticos e prémios de gestão de empresas públicas. É neste mundo que têm de entrar os tais Leigos, Sacerdotes do Mundo, para lhe darem a volta e o tornarem humanizado.

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pedras vivas – 19

Todo um povo Sei que os meus leitores querem Pedras com nome. Mas às vezes é assim: É todo um povo. Aqui, mesmo correndo o risco de ser tremendamente injusto, apresento-te dois grupos: o Agrupamento dos Escuteiros e os Jovens Sem Fronteiras.

Os Escuteiros

Dizem que os Escuteiros já foram muitos mais, mas ainda andam pela meia centena. Empenhados, querem renovação e pediram mais acção de rua. Sem deixar de estar na comunidade cristã, na sua acção maior, que é a Eucaristia Dominical, querem experimentar novos métodos e novos meios. Querem ir para a rua mostrar a alegria de serem cristãos.

Jovens Sem Fornteiras

A ela, que me perguntou o que deveria fazer para chamar mais jovens para a Igreja, respondi: “Isso! Sorri sempre assim, com esse amor que te vai no coração a Jesus Cristo e à Sua Igreja e não tenhas medo de dizer que essa felicidade te vem do gosto de seres católica praticante, do teu amor a Jesus Cristo e ao Seu Reino. E pelo seu sorriso entendi que ela entendeu. E outros, muitos outros, mais novos e mais velhos, o terão entendido também. Obrigado, Régua, pela tua doçura e pelo teu vinho, sinais do Reino. E obrigado a todos os “escuteiros” que saíram e querem continuar a sair para a rua a gritarem a sua fé, e a todas as Anas, pelos sorrisos de alegria de serem cristãos.

pensar

Os JSF (Jovens Sem Fronteiras), são o laicado juvenil dos Missionários do Espírito Santo. Não são muitos e os estudos (universidade) e o emprego leva-os para longe. Mas os poucos que estão, estão bem motivados para a Missão. E, se me fosse pedido que escolhesse um rosto que ilustrasse a Semana e o seu lema, apresentar-te-ia o rosto sorridente da Ana, jovem que naquela semana defendeu a sua tese na universidade e que, mesmo assim, foi estando presente.

O sorriso da Ana

E o povo, pobre e impotente para a restaurar, vai lamentando e pagando impostos para megalómanos TGVs, aeroportos, palácios, casas de música, estádios de futebol, e carrões de políticos e prémios de gestão de empresas públicas.

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António Augusto

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20 – meias-doses de saber Uma obcessão contemporânea

O conhecimento e a explicação de si

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bundam hoje nas estantes das livrarias os livros de autoajuda e de autoconhecimento. É um dos negócios livreiros mais lucrativos. Parece que o homem e a mulher contemporâneos carregam uma insatisfação, uma angústia que procuram compensar pelo conhecimento sempre inacabado do seu carácter, dos seus comportamentos, das manifestações da sua alma. Quem sou, como sou, porque assim sou? A procura obsessiva de uma sobredeterminação do que somos pode-nos desresponsabilizar. Se somos assim na medida em que fomos modelados por factores que nos transcendem, explicando-nos através de várias propostas tipológicas, onde nos procuramos encaixar, como que para nos descansar, podemos, por este expediente, justificar muita da nossa passividade e o pouco esforço que investimos em nos aperfeiçoarmos.

Deste fundo que brota de uma consciência pré-cristã que, em última análise, pode induzir na demissão da vontade para nos edificarmos quotidianamente como seres humanos chamados a uma maior perfeição, pelo uso da nossa liberdade. Aqui se inscreve o sucesso revivescente da procura do mercado da astrologia e de outras explicações mais ou menos ocultistas; ou ainda a importância que estão a adquirir instrumentos de conhecimento muito antigos, como é o caso do Eneagrama, recuperados e adaptados ao estudo das personalidades, propondo os chamados nove tipos de personalidade (perfeccionista, altruísta, batedor, artista, observador, leal, epicurista, chefe e mediador), conhecimento que tem sido, e muito bem, orientado para o crescimento espiritual em perspectiva cristã.

A procura obsessiva de uma sobredeterminação do que somos pode-nos desresponsabilizar.

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meias-doses de saber – 21 Não quer isto dizer que as tentativas de entendermo-nos através dos recursos a categorizações e tipologias não tenha a sua pertinência e utilidade até certo ponto, se não forem absolutizadas e não forem factor de anulação da individualidade única de cada ser humano. Até num plano mais científico, o grande psicólogo Carl Jung, seguido de muitos outros, tentou em 1921 convencionar uma tipologia de caracteres psicológicos ainda hoje usada para o estudo das personalidades. Apesar da sua proposta, Jung duvidava das verdades estatísticas que advinham destes estudos que, poderiam ser um contributo para a aproximação à verdade de cada pessoa, mas nunca um instrumento total, pois cada individualidade era um universo único que só poderia ser dito pelo próprio e conhecido tendo em conta os dinamismos da sua liberdade que nunca poderiam ser enquadráveis em modelos fechados. Nada de novo, na verdade. Já na Idade Média, quando estava em voga o ensino da astrologia mesmo no interior da Igreja, quer judiciário (isto é, preditiva), quer caracterológica, verificou-se um intenso debate que envolveu intelectuais cristãos sobre a admissibilidade do ensino do saber astrológico em sociedades cristãs, questionando-se a sua validade. Um dos maiores intelectuais de sempre do Cristianismo, São Tomás de Aquino, que ombreou em importância e influência com outro génio maior que foi Santo Agostinho, acabou por intervir de forma muito inteligente neste debate com esta conclusão lapidar: “A astrologia não determina, mas inclina”. Com efeito, o problema que o antiquíssimo saber astrológico levantava era o que todos os saberes deterministas colocavam ao Cristianismo: qual o espaço deixado para a liberdade humana na construção do destino de cada pessoa? Se tudo estivesse determinado por factores exteriores a cada homem e cada mulher, nada estaria ao seu alcance para decidir que caminhos escolher para aperfeiçoar-se à luz dos valores em que acreditaria!

Aqui reside o problema de todos os determinismos: anulam a ideia de individualidade e a originalidade única de cada ser humano, demitindo-o de investir em realizar uma caminhada criativa, única sobre a terra. Isto não significa que os saberes que estabelecem tipologias para o aprofundamento do conhecimento das diferentes maneiras de ser e de estar dos seres humanos deixem de ser considerados. Todos os saberes humanos acrescentam dados importantes para o conhecimento global do homem e do mundo, mas o risco surge quando são absolutizados. As disciplinas e os saberes, quando se querem tornar o único caminho para o conhecimento do homem, idolatrizam-se e caem num dogmatismo que deturpa a verdade de cada ser humano. A astrologia, como o eneagrama, como outros saberes apaixonantes, identifica traços que podem ser dominantes e tendências marcadas, abrindo espaço, com esse conhecimento não para uma estagnação, para um entrincheiramento no quadro invariável da personalidade, mas para uma conversão maior em ordem a um aperfeiçoamento, onde, para o Cristianismo, a santidade é o horizonte e a meta.

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Eduardo Franco

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22 – pastoral Voou ao encontro de povos e culturas

João Paulo II, Missionário A 1 de Maio, Karol Wojtyla sobiu aos altares, apontado pela Igreja como testemunha credível da vida cristã para o nosso tempo. Ele foi um Papa escritor e, sobre ele, muito se escreveu e escreve. Gostava, contudo, de fazer uma focagem nas suas intervenções onde a dimensão missionária veio ao de cima.

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eio de longe, Viagens Apostólicas, Redemptoris Missio, Sínodos, JMJ, Assis, “Não tenham medo!”. Estas são as imagens de marca das opções missionárias de João Paulo II. Não se assustem com as siglas nem com o latim.

Veio de longe “Veio de longe”, do outro lado do Muro de Berlim, da sua Polónia natal, onde a Igreja era perseguida, a liberdade reduzida a palavra de dicionário e os direitos humanos constantemente espezinhados. A sua Missão exigia, neste contexto, uma coragem à prova da Fé. E ele teve-a, pagando caro por tal ousadia. Mais tarde, como Papa, a partir de Roma, deu um tal empurrão que o Muro caiu.

Viagens Apostólicas Abriu o Vaticano ao mundo, voando ao encontro de povos e culturas, dando diversas voltas à Terra nas suas “Viagens Apostólicas” para proclamar bem alto o Evangelho, confirmando a caminhada de fé das comunidades. Proclamou bem alto os valores humanos gravados nas páginas dos Evangelhos e denunciou todos os atentados à dignidade e aos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres.

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pastoral – 23

P.e Tony Neves, missionário espiritano

Redemptoris Missio

Jornadas Mundiais da Juventude

Publicou a Redemptoris Missio, a encíclica missionária por excelência, onde está escrito que todos os Cristãos são chamados à santidade e à Missão. Lá se apresenta o Espírito Santo como protagonista da Missão e se chama a atenção para os novos areópagos dos tempos modernos que são chamados pelos próprios nomes: o mundo das comunicações, o empenhamento pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, a promoção da mulher e da criança, a protecção da natureza, e o mundo da cultura, da pesquisa científica e das relações internacionais.

Convocou, em 1985, os jovens do mundo inteiro a Roma para se encontrar com eles, rezar e fazer festa, dizendo-lhes que confiava neles, pois a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja. Madrid acolhe neste Verão a 26.ª edição das “Jornadas Mundiais da Juventude” (JMJ), um espaço de Missão no “Planeta Jovem”.

Sínodos Lançou os “Sínodos dos Bispos” para cada um dos Continentes, reconhecendo a riqueza da diversidade, mas apelando à comunhão de todas as comunidades. Defendeu uma Igreja que está presente nos quatro cantos da terra, com histórias e formas de ser diferentes.

Assis “Assis” fica para a História como a terra onde nasceu S. Francisco, o símbolo da paz e da fraternidade universal. Foi lá que João Paulo II, em 1986, se encontrou com os líderes das principais Religiões do mundo para um tempo de Reflexão e Oração pela Paz. O “espírito de Assis” mantém-se vivo e Bento XVI lá irá para marcar os 25 anos deste momento histórico e para carimbar a importância do Ecumenismo e do Diálogo Inter-Religioso.

Não tenham medo Gritou, da janela do Vaticano, um “não tenham medo” que todo o mundo ouviu e guardou no coração. Com a sua vida e Missão marcou a Igreja e a Humanidade. Merece o altar.

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Tony Neves

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24 – espaço escola

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ara que os alunos mais desfavorecidos se sintam bem, é necessário e suficiente que a escola ignore, no conteúdo do ensino transmitido, nos métodos e nas técnicas de transmissão e, também, nos critérios de avaliação, as desigualdades culturais entre as crianças e os jovens. Por outras palavras, ao tratar de todos os alunos, por muito desiguais que sejam de facto, mas iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a sancionar, as desigualdades iniciais face à cultura. Poder-se-ia lançar uma tripla dúvida em relação às dinâmicas da escola: insucesso do aluno ou insucesso da escola ou, tenhamos a ousadia de o dizer, insucesso do professor? Li, em tempos idos, um testemunho de dedicação ímpar de uma professora para com os alunos, todos eles difíceis. Era uma turma de jovens do ensino secundário que o siste-

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Vinte e sete adolescentes com problemas surpreenderam não só a direção da escola, como também a si próprios e os pais. ma quase desistira de educar. Como estratégia inicial, a professora foi-lhes inspirando esperança e autoconfiança, e de tal modo os ajudou que todos conseguiram terminar o curso com êxito. Salvar aqueles garotos seria, e foi, uma vitória duríssima de alcançar. Não desanimou, mesmo quando o orientador do curso a alertou, por mais de uma vez, para as dificuldades, vaticinando um rotundo insucesso. A professora reagiu, não se deixou ame-

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espaço escola – 25 Na escola, um ambiente de bem-estar facilita o desenvolvimento

Cultivar o bem-estar (II)

drontar e, lutando contra a “fé” do seu orientador, mostrou que, realmente, tinha vocação para o ensino e estava disposta a salvar os seus alunos! À medida que o ano escolar avançava, continuava, com denodo, a cumprir o objetivo de dar a mesma atenção a todos os alunos, raparigas ou rapazes. Durante algum tempo notou o êxito dos alunos, o que era compensador, apesar de algumas dificuldades, logicamente! Ao longo do tempo, teve a sensação de que uma das alunas começara a desanimar. Desdobrou-se em esforços e conseguiu levá-la ao bom caminho, muito graças aos colegas. O bem-estar do grupo ia melhorando cada vez mais e a turma brilhava! A professora apostou e ganhou! Eram vinte e sete adolescentes com problemas, que surpreenderam não só a direção da escola, como também a si próprios e os pais, ao conseguirem notas que lhes permitiram obter o diploma. Nas escolas tradicionais, a maioria das crianças está feliz em parte do tempo. Entretanto, uma boa maioria sente-se, muitas vezes, assustada ou entediada. Outros e outras sentem-se “mal” quase o tempo todo. Tudo isso deve e pode ser banido. Quando as crianças, nas escolas, preferem os “benditos” feriados, geralmente é porque elas têm a oportunidade de conhecer melhor os seus amigos de todos os dias. Isso supera a disciplina imposta e a ausência de oportunidade de decidir

por si mesmo o que fazer. Às vezes, as crianças, com aulas particulares ou professores particulares acham que o tempo de estudo é demasiado, sendo incomum que tenham de estudar nos dias e horas de descanso. As crianças e jovens que frequentam as escolas têm direito a ser felizes todo o tempo! Ninguém é feliz num mundo onde se pode sofrer de pobreza, de doença, de ruptura parental ou problemas com as amizades. Mas estas são as inevitáveis dificuldades agravadas pelas regras mesquinhas, o fracasso e a humilhação de trabalhos que não oferecem nenhum interesse nem fim. Cabe à Escola ensinar os bons caminhos do saber, da amizade, da solidariedade. Só assim as crianças e os jovens poderão colher os frutos da educação e usufruir de bem-estar. “Os dias que nos deixam felizes fazem-nos sábios.”

(Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico)

PENSAR Com os colegas

• Promove o bem-estar na tua escola. • Luta pela felicidade nas aulas e fora delas. • Colabora com os colegas e os professores.

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Manuel Mendes

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26 – leituras

A fonte do desejo de nos amarmos uns aos outros

O Eros e a beleza Mito

Eros e Afrodite

Dionísio Para Shopenhauer, pouco se escreveu na história sobre o amor. Divinizou-se o Eros e viu-se nele o responsável pela ordem do mundo, pela contemplação e pelo bem. Sócrates afirma que o Eros é uma espécie de amor aquisitivo e possessivo. Quem é acometido pelo Eros é impelido por um espírito e por uma força a que os gregos chamavam daimon. Antes do nascimento de Sócrates, celebravam já festivais em honra do deus grego Dionísio, como representação mística das misteriosas e incontroláveis marés das paixões humanas. Segundo a mitologia grega, foi Dionísio que incentivou os Gregos a entregarem-se aos seus impulsos irracionais com total abandono. As primeiras sociedades gregas postulavam que o equilíbrio ideal pode ajudar-nos a tornarmo-nos mais adeptos da descoberta, da contemplação, da criação da beleza, nas suas formas mais elevadas. Pode levar-nos ao desenvolvimento de impulsos racionais, construtivos e criativos que nos permitem cultivar talentos que possam ser um contributo para a sociedade.

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O mito Eros foi criado pelos Gregos. Eros partilha uma posição igual com os outros deuses presentes no nascimento do mundo. Como os deuses Caos (ar) e Gaia (terra), também Eros emergiu da escuridão e juntou-se a eles como imortais. Eros era a força por trás do nascimento de todas as coisas do universo. Acabaria por se opor a Eris, a deusa da discórdia. Enquanto Eros procurava dar à luz todas as entidades que iriam preencher o universo, Eris desfazia todas as criações dele. Eros passou de divindade primordial a divindade com traços marcados: o mais belo e o mais sedutor dos deuses. Passou a ser o deus da luxúria, da paixão, do desejo, da sensualidade. Eros deixou de ser um deus original para passar a ser um dos deuses do amor. Eros torna-se filho de Afrodite a deusa grega da beleza, do amor e do desejo. O desejo é uma força dinâmica nas nossas vidas. Pode levar-nos ao desvio ou lançar-nos para o contacto com o divino. Eros é encantador e belo, manipulador e, por vezes, enganador. Consegue provocar os mais sensatos a cometer actos insensatos. A pedido de Afrodite, que tinha ciúmes de uma bela mortal chamada Psique, Eros disparou uma seta no coração da Psique, levando-a a apaixonar-se pelo homem mais feio da terra. Mas Eros, atingido também pela própria seta, ficou extasiado com a beleza da Psique e cheio de desejo. Levou Psique para um esconderijo antes que algo lhe sucedesse. Depois de um romance, Zeus, o governante dos deuses e dos homens, autorizou-os a se casarem e a própria Psique tornou-se deusa. Eros é a fonte do desejo de nos amarmos uns aos outros. No entanto, cabe aos humanos determinar como agir a partir dessa fonte. Eros não controlava a vontade humana capaz de perverter por capricho. Cada um de nós pode optar por viver a vida, saciando o Eros de maneira sórdida ou acalentá-lo, de modo a conduzir a formas mais elevadas do bem pessoal e social. Sócrates dizia que a coisa mais bela que se pode amar é a sabedoria. Esse amor demonstra-se no esforço para nos tornarmos sábios.

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leituras – 27

A verdadeira virtude

Escada

Sócrates dizia que se o homem tivesse olhos para a verdadeira beleza, só nessa comunhão será capaz de produzir não só imagens da beleza, mas realidades para alimentar a verdadeira virtude. É que se cultivarmos a capacidade de ver a verdadeira beleza com os olhos da mente, começamos a desejar produzir essa beleza, através das nossas obras e através das nossas acções. A virtude é então a aspiração para nos tornarmos pessoas de excelência, alguém com respeito pela integridade da vida, cientes de que a realização da harmonia não existe num único aspecto da vida, mas na totalidade da vida. Para os Gregos, esta integridade era ordem e harmonia entre o eu e a sociedade, em que cada acto empreendido por um membro da cidadania comportava uma consciência do seu impacto nos demais, assim como o reconhecimento de que ninguém pode alcançar uma excelência pessoal maior, sem permitir também que todos os outros membros da sociedade possam alcançá-la.

Eros usado adequadamente, poderia levar o homem a subir uma escada da percepção e do amor até encontrar o amor nas suas variadas formas. O processo de percepcionar e amar tem de ser um processo de beleza. Deve implicar um método e uma ética de descoberta que nos ensina a percepcionar e a amar aquilo que é belo, quer no concreto, quer no abstracto. Sem isto, a progressão da nossa capacidade permanece longe. À medida que subimos a escada, somos mais capazes de ver a beleza universal e particular. Subindo a escada do Eros, equivale ao desenvolvimento da capacidade de ver a beleza abstracta em objectos concretos, assim como ver esse objecto como manifestação do Eros. O Eros está associado à xenia (amor aos estranhos), à filia (amizade), à ágape (amor incondicional). O verdadeiro Eros é um contínuo aperfeiçoamento da nossa capacidade de percepcionar, criar e ter consciência de formas de beleza sempre novas e divinas.

sugestões:

> Lê este artigo, substituindo a palavra Eros por eu ou pelo teu nome.

> Lê três vezes esta frase: O amor é o fogo

que arde sem se ver. É a mística combustão da substância humana.

>

Consulta: Lancelin, A. e Lemonnier, M. (2010). Os filósofos e o amor. Lisboa: Tinta da China.

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Adérito Barbosa

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28 – sobre a bíblia É assumido pela exegese moderna como o mais antigo dos evangelhos

Evangelho segundo São Marcos: o

O

segundo evangelho que a simbologia cristã representou com um leão, em alusão a Mc 1,13 que representa as tentações de Jesus, no deserto, entre as feras, é assumido pela exegese moderna como o mais antigo dos evangelhos. Mas, para lá da simbologia, será possível fazer um percurso onde a história e a teologia dialoguem? É o que tentamos fazer.

Quem é Marcos, o autor do segundo evangelho? Em Act 12, 25, temos notícia de que um certo João Marcos é integrado na missão de Paulo e de Barnabé; mais tarde (15, 37-41), por desacordos entre Paulo e Barnabé, o mesmo João Marcos teria ficado da parte de Barnabé, partindo com ele para Chipre. Apenas no séc. II, Papias, um autor eclesiástico, fala do segundo evangelho fazendo-o depender de Marcos, que estaria intimamente ligado à pregação de Pedro, e portanto à Igreja de Roma. Esta afirmação que carece de confirmação histórica, na mais moderna acepção, poderá ser tida como verdadeira, uma vez que não se trata de uma testemunha ocular do ministério de Jesus, ao menos referido nos evangelhos; neste sentido, poderia depender daquilo que fora ouvindo a Pedro sobre Jesus. Para mais, esta afirmação poderia basear-se em 1Pd 5, 13, onde se fala de “Marcos, meu filho predilecto”.

A data e o lugar da composição do Evangelho de Marcos Em relação à data de composição deste texto, assume-se, hipoteticamente, uma data posterior ao ano 70 d. C., sobretudo devido à redacção do capítulo 13, onde se alude à destruição de Jerusalém e à destruição do templo de Herodes pelas Legiões Romanas, lideradas por Tito. Tal acontecimento dá-se no ano 70 d.C., e Jesus terse-ia referido a ela em Mc 13, 2: “Vês estas grandiosas construções? Não ficará delas pedra sobre pedra; tudo será destruído”. Quanto ao lugar de composição, de acordo com a Tradição, teria sido escrito em Roma, a capital do Império e o lugar onde, segundo a mesma Tradição, Pedro terá sido martirizado. Poderemos assumir que se trata, efectivamente, de um texto escrito para cristãos helenistas, sobretudo pela grande preocupação de São Marcos em explicar as tradições judaicas e em traduzir as expressões aramaicas (a título de exemplo, recorde-se o “Talitha qûm” da ressuscitação da filha de Jairo, em Mc 5, 41, que o autor tem a preocupação de traduzir como “levanta-te”).

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sobre a bíblia – 29

s: o Filho e os seus discípulos Dois elementos teológicos de Marcos Um elemento que parece ter uma importância significativa em Marcos é a questão de Jesus como Filho de Deus. De facto, numa grande inclusão (técnica que poderá indicar os limites da primeira redacção deste evangelho, porque retoma a mesma expressão no ponto de partida e de chegada), Marcos encabeça o seu evangelho com a seguinte expressão: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1, 1); terminá-lo-á com a confissão de fé do centurião romano que, admirado com a forma como Jesus expira, ao morrer, exclama: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!” (15, 39). Se aceitamos esta inclusão, poderemos dizer que todo o corpo de texto envolvido pelas expressões “Filho de Deus” poderá levar o leitor a chegar a essa mesma conclusão, ou seja à filiação divina de Jesus. Nesse sentido, citamos aqui dois exemplos: o da transfiguração, em que uma voz celeste afirma que Jesus é o “meu Filho muito amado” (Mc 9, 7); o dos anúncios da paixão, morte e ressurreição de Jesus, em que o próprio Jesus instrui os discípulos que o Filho do Homem há-de padecer, morrer e ressuscitar (cf. Mc 8, 31; 9, 30). Outra preocupação de Marcos é a de mostrar um caminho dos discípulos deste Filho de Deus. Em breves palavras, poderemos resumir o caminho discipular do seguinte modo: os discípulos são chamados a seguir Jesus (como se demonstra no chamamento dos primeiros, nas margens do mar da Galileia, em 1, 18); os discípulos são os que são convidados a estar com Jesus (3, 14: “estabeleceu doze para estarem com ele”) e em nome de cuja intimidade, Jesus explica aquilo que às multidões ensina em parábolas (4, 34: “mas explicava tudo aos discípulos, em privado”), aqueles a quem o “segredo” é revelado em primeiro lugar (8, 30: “Ordenou-lhes que não dissessem isto a ninguém”). Sobre a intimidade de Jesus com os discípulos, poderemos sublinhar apenas que nos três dias que antecedem a paixão, em Mc 11, 11, o autor tem o cuidado de mostrar que os “Doze”, como grupo, fazem parte da comunidade de Jesus (“saiu para Betânia com os Doze”), avançando mesmo que Jesus e os Doze formam um só sujeito colectivo, como se verifica no versículo seguinte, em que o sujeito passa ao plural, para se referir a Jesus juntamente com os discípulos (“ao deixarem Betânia”).

Marcos começa o seu evangelho com expressão: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1, 1) e termina-o com a confissão de fé do centurião romano que exclama: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!” (15, 39).

Conclusão

A nossa conclusão só nos pode levar ao título do artigo: Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, aquele que foi sujeito à morte depois de todos os emissários do Pai (Mc 12, 6-8); o Pai bem esperava que o respeitassem, mas certo é que o mataram. Dessa história de amor desmesurado quis Jesus que fizessem parte alguns mais íntimos, “os Doze”, que fazem com ele uma caminhada de discipulado-seguimento. Ora, tudo isto ficou gravado para nós leitores de gerações futuras, para que possamos também nós fazer o caminho de discípulos de Jesus, porque, afinal, “o caminho de Jesus é o nosso caminho”.

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Ricardo Freire

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30 – reflexo

Com a vossa fé mudareis a face da Terra

João Paulo II, modelo e intercessor

Sabias que:

J

oão Paulo II foi beatificado no dia 1 de Maio, no Vaticano, numa cerimónia presidida por Bento XVI. A beatificação, que antecede a canonização, declaração de santidade, é a celebração através da qual a Igreja Católica propõe uma pessoa como modelo de vida e intercessor junto de Deus, ao mesmo tempo que autoriza o seu culto público. João Paulo II foi um homem simples, nasceu num povo sacrificado, privado da sua liberdade e que via na Igreja um elo de união e de esperança. Foi um papa que mudou o rumo da História, um ser humano sempre feliz e pronto a ajudar o próximo, esteve sempre junto de todos os povos, como que levando a liberdade e esperança por uma vida melhor. Este homem vigoroso, praticante de desporto, foi amado por Deus e principalmente pelo povo. No fim da vida, acompanhámos a sua fragilidade, mas sempre com a mesma serenidade e paz. Quando ele faleceu, ficou o sentimento de que o “nosso” Papa tinha partido, mas nunca se iria esquecer este grande homem por tudo o que fez e por tudo o que nos deixou como herança espiritual e humana. Hoje, recordamos com saudade o homem que teve a coragem de mudar a mentalidade dos diferentes povos, culturas e religiões. João Paulo II marcou-nos a todos, incluindo aqueles que não são católicos. Um homem extraordinário! Percorreu o mundo. Foi um peregrino da paz! O maior segredo de João Paulo II foi certamente o de alguém que muitas vezes “viu e tocou a Deus”, na sua grande e misericordiosa bondade. Ele tinha um grande carinho por Portugal, viveu intensamente as suas visitas ao nosso país, em especial a Fátima. Estamos a viver momentos muito difíceis... Que a exemplo de

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João Paulo II saibamos transformar o medo em fé e aceitar os desafios defendendo sempre os valores do Evangelho! Procuremos recordá-lo e peçamos-lhe que nos ajude a ser fortes para superar as dificuldades. Na História ficará para sempre recordado como um dos maiores homens do séc XX. Foi um privilégio ter a oportunidade de viver e crescer na era de João Paulo II. O Homem que ensinou a minha geração a dar testemunho de grandeza na fé, humildade no perdão, sacrifício pelos que sofrem, derrubando fronteiras, fazendo cair muros, quebrando silêncios, esmagando os ódios, percorrendo caminhos no mundo em busca e promovendo a paz e a concórdia. Há muitos aspectos que poderia recordar a poucos dias da sua beatificação, mas vou lembrar duas frases suas que sempre me acompanham. Quando visitou a Polónia pela primeira vez como sucessor de Pedro, perante uma imensa multidão de fiéis, citou a passagem do Evangelho que diz “(...) com a vossa Fé mudareis a face da Terra”. Fez uma pausa e repetiu: “... com a vossa Fé mudareis a face desta Terra”. Outra expressão significativa que mais frequentemente recordo: “Não tenhais medo!” especialmente quando se dirigia aos jovens. Acreditava na força da fé, e sabia que o medo impede de concretizar tantos sonhos. No meio desta crise que o mundo vive deveríamos reflectir no exemplo deste homem, nos seus ideais. Um mundo onde ele se deu com amor: porque dar a vida não é somente morrer por alguém. Dar a vida é usar todos os momentos da nossa vida no caminho de Deus e no caminho dos irmãos. Dar a vida é saber perdoar e dar a outra face; dar a vida é estar atento aos outros e às suas necessidades... Dar a vida é dar-se por e com amor! Ele soube dar-se e manter a coerência do amor a Deus que se espelha no amor aos irmãos, ele soube abrir o seu coração à inspiração do Espírito Santo.

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reflexo – 31

A Palavra de Deus diz: Jo 14, 1-12. Jesus afirma que percorreu um caminho difícil e acrescenta que os Seus discípulos deviam conhecer muito bem esse caminho, porque Ele falou dele muitas vezes. Tratase do caminho para a Páscoa, um caminho difícil, caminho que exige a entrega total. Os discípulos nunca entenderam porque, sempre que Jesus falava dele, eles pensavam noutras coisas. Mas é o caminho que leva à casa do Pai e não há outro. O dom de si concretiza-se nos outros.

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Procura uma imagem de João Paulo II, uma foto. Recorda alguns momentos da sua vida, de que te lembras? Pensa nos caminhos que ele percorreu... Os países que visitou... Os gestos que tinha com todos... Lê o texto de S. João (Jo 14, 1-12). Podemos ter muitos caminhos na vida, mas só um nos leva à casa do Pai. Há diversos ministérios na Igreja, são o caminho. Há muitos lugares para ocupar nas comunidades cristãs, neste mundo que cada vez precisa mais de todos nós. Todo o cristão deve ser activo, deixar a comodidade e a passividade. O melhor caminho e o melhor lugar é aquele em que se pode servir o irmão mais e melhor. Faz uma oração a Deus.

Tenho de: Este mês inicia com a cerimónia da beatificação de João Paulo II. É o mês dedicado a Maria. Procura uma acção concreta de serviço àqueles que mais precisam. Já sabes que não te é proposto fazeres algo que esteja para além das tuas possibilidades. Mas importa que faças algo e, a exemplo de João Paulo II, não esqueças que “com a vossa Fé mudareis a face da terra”. Importa é não ter medo de ir mais além.

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Feliciano Garcês

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32 – sobre a fé Obra de Deus testemunhada pelos homens

A ressurreição do Senhor

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Tempo Pascal, que com eclesial alegria se celebra, situa-nos no coração da fé cristã: o Mistério Pascal de Cristo. A ressurreição de Jesus está no centro do Cristianismo, do mesmo modo que a Paixão e a Cruz. A ressurreição de Cristo – afirma o Catecismo da Igreja Católica - é objecto de fé, na medida em que é uma intervenção transcendente do próprio Deus na Criação e na História (Cf. n.º 651). No acontecimento pascal as três Pessoas divinas agem em conjunto e manifestam a sua originalidade própria. E como é que isso se manifesta? A ressurreição de Jesus dá-se pelo poder do Pai, que ao ressuscitar o seu Filho introduz, de modo perfeito, a Sua humanidade (com o Seu corpo) no próprio mistério trinitário. Mediante esta acção divina, o Pai glorifica Jesus, que é divinamente revelado como o Filho de Deus, o Cristo. Mas, a manifestação deste poder de Deus concretiza-se por obra do Espírito Santo, que vivifica a humanidade morta de Jesus e a chama ao estado glorioso de Senhor. Portanto, a ressurreição de Jesus é essencial para a fé cristã, tal como nos atesta o apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é vã e também é vã a nossa fé” (1Cor 15, 14). Mas, o Senhor ressuscitou, está vivo e actuante na Igreja e, através de nós, no mundo. Para os textos bíblicos do Novo Testamento, a ressurreição não é apenas a comprovação da divindade de Jesus ou a confirmação de tudo quanto Cristo em pessoa fez e ensinou, mas é, também, a realização das promessas do Antigo Testamento.

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O Senhor ressuscitou, está vivo e actuante na Igreja e, através de nós, no mundo.

Para compreendermos a ressurreição do Senhor é necessário, não só termos em conta o facto em si (a ressurreição), mas também os seus “sinais”, as “aparições”, isto é, os encontros com os discípulos, bem como os seus testemunhos de fé, colocados, depois, por escrito e transmitidos ininterruptamente de geração em geração. Na perspectiva de alguns textos da Escritura e também da reflexão teológica, a ressurreição e as aparições são factos distintos, como que a dizer-nos que a ressurreição não se esgota nas aparições. As aparições não são a ressurreição, mas unicamente o seu reflexo. Nestes encontros com o ressuscitado, Jesus “deu-Se a ver”, “mostrou-Se” aos seus, que vivem pessoal e comunitariamente a Sua presença. Ou seja, depois da Sua ressurreição, Jesus pertence a uma realidade que, normalmente, se subtrai aos nossos sentidos. Ele já não pertence ao mundo perceptível pelos sentidos, mas ao mundo de Deus. Por conseguinte, só poderá vê-lo aquele a quem Ele o conceda. E nesse modo de ver estão envolvidos também o coração, o espírito, a pureza interior do homem.

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sobre a fé – 33

É preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano. A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja.

Neste sentido, a ressurreição é um acontecimento dentro da História, que, todavia, rompe o âmbito da História e a ultrapassa, inaugurando uma nova dimensão. Assim, a ressurreição não é um acontecimento histórico do mesmo género que o nascimento ou a crucifixão de Jesus. É algo novo, um género novo de acontecimento. O essencial – afirma o papa Bento XVI no seu último livro – é o dado de que, com a ressurreição de Jesus, não foi revitalizado um indivíduo qualquer, morto num determinado momento, “mas se verificou um salto ontológico que toca o ser enquanto tal, foi inaugurada uma nova dimensão que nos interessa a todos e que criou, para todos nós, um novo âmbito da vida: o estar com Deus” (Jesus de Nazaré, 223). Mas, a ressurreição de Jesus não está simplesmente fora ou acima da história. É um evento que ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história. E isso é atestado por testemunhas concretas, como um acontecimento de uma qualidade completamente nova. Esse testemunho é-nos comunicado pelo anúncio entusiástico e audaz dos Apóstolos, que é inconcebível se não tivesse existido anteriormente um contacto real das testemunhas com o fenómeno totalmente novo e inesperado que as tocou extremamente e que consistiu na manifestação e na fala de Cristo ressuscitado. Só um acontecimento real de uma qualidade radicalmente nova, que não se pode explicar através de especulações ou experiências interiores, místicas, é que é capaz de tornar possível o anúncio apostólico e o crescimento da Igreja. Numa palavra, a fé na ressurreição tem por objecto um acontecimento, ao mesmo tempo historicamente testemunhado pelos discípulos (que realmente encontraram o Ressuscitado) e misteriosamente transcendente, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus. Tendo em conta o que se disse e a concluir estas notas dispersas sobre um tema tão complexo, mas tão determinante, recordo as palavras do papa Bento XVI, proferidas, há um ano atrás, aquando da visita o nosso país: “é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano. A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja. Portanto, a nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós. Assim, há um vasto esforço capilar a fazer para que cada cristão se transforme em testemunha capaz de dar conta a todos e sempre da esperança que o anima (Cf. 1Pe 3, 15): só Cristo pode satisfazer plenamente os anseios profundos de cada coração humano e responder às suas questões mais inquietantes acerca do sofrimento, da injustiça e do mal, sobre a morte e a vida do Além” (Cf. Homilia do Papa Bento XVI, Lisboa). Esta foi, também, a fé e o testemunho eloquente que o novo beato João Paulo II nos deixou e que entusiasticamente recordamos neste mês da sua beatificação.

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Nélio Gouveia

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34 – planeta jovem Cantar é rezar duas vezes

Vamos fazer uma música?

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ste ano, temos como sempre, o encontro Nacional da Juventude Dehoniana. Seguindo o preceito de anos anteriores, de alternância entre o festival de encenações e da canção, este ano será o festival da canção… E aí está um bom ponto de partida… VAMOS FAZER UMA MÚSICA? Como se faz isso? À partida começamos por escrever um texto, normalmente um poema. Depois vemos que palavras soam melhor ou pior, pois a verdade é que por muito bonita e pomposa que seja a palavra ESTERNOCLEIDOMASTOIDEO, musicalmente deixa algo a desejar… E este é um processo que pode demorar o seu tempo pois a língua portuguesa é complicada e peculiar, pelo que, muitas vezes, em vez de se dizer o que queremos, temos de optar por dizer uma expressão que tenha um significado semelhante… Não é a mesma coisa, mas a verdade é que por vezes acabamos por optar pelo que soa melhor. E verdade seja dita… O resultado é bom! Por isso, depois do texto feito há que fazer as palavras dançar de forma a que todas fiquem no seu sítio… E depois a música?... Não é fácil consegui-la, tem de se combinar talento, musicalidade, engenho e arte… Mas tudo é possível!!! Ou então podemos tentar ao contrário… Começar por ter uma música… Encontrar uma sequência de acordes e uma velocidade de os tocar que soe bem… E depois descobrir as palavras certas para que caibam nos acordes e nos tempos devidos… O que não é nada fácil… De novo há que ter talento, musicalidade, engenho e arte… Mas porquê eu dizer isto tudo? Porque é que eu entrei nestas divagações? Poderia responder com o óbvio: Cantar é rezar duas vezes… O que é verdade, mas não foi para chegar a essa resposta que eu comecei esta minha divagação…

o processo de criação de uma música é semelhante ao percurso que Deus escolheu para a nossa vida…

Para mim, o processo de criação de uma música é um pouco semelhante ao percurso que Deus Nosso Senhor escolheu para a nossa vida... Porque não há só uma forma de fazer as coisas… Podemos começar por escrever a nossa letra… Ou escolher que música queremos “dançar”… Porque temos a liberdade de escolher o nosso caminho, depois dos ensinamentos de grandes exemplos, como o Padre Dehon. Devemos empenhar-nos, esforçarmo-nos e fazer valer todo o nosso talento… Porque temos a certeza de que temos sempre um grande amigo a acompanhar-nos… E, depois de um caminho mais ou menos longo, o resultado é sempre algo de muito musical… E com a ajuda de Cristo, sempre BELO!

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Pedro Ferreira

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outro ângulo – 35 O pior que se pode sentir ao dirigirmo-nos para o trabalho é a frustração

“O que faz falta é animar a malta”

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que é que o trecho desta música, do nosso Zeca Afonso, tem a ver com o mundo do trabalho? Não digo tudo, mas muito! Hoje, felizmente “eu tenho um trabalho”, como dizia o outro numa novela, não sei até quando… Mas isso é outra conversa! A verdade é que gosto muito do que faço, no momento, quanto mais não seja porque defendo a causa (Emprego e Formação/Qualificação Profissional) e tenho ótimos colegas em que acreditamos que “uma mão lava a outra”! Atenção, os conflitos existem e considero que é saudável que aconteçam! Daí não me incomodar muito por não estar a exercer diretamente “a minha área” – outra conversa – de por vezes trabalhar depois da hora, usar o meu carro, os meus recursos, fazer sábados e domingos desde que alguém me peça ou considerarmos importante… Afinal, mesmo com funções diferentes, estamos para o mesmo.

Trabalho desde os meus 14 anos (pois, ainda nem tinha idade legal para iniciar actividade laboral) mas sempre defendi/acreditei: “antes um emprego com salário mais baixo, do que com um péssimo ambiente de trabalho”. Tendo em conta a crise e o fraco poder de compra, esta opinião poderá chocar muitos de vocês, mas acredito que neste momento alguns devem estar a abanar a cabeça afirmativamente. É ou não é? O pior sentimento que se pode sentir ao dirigirmo-nos para o nosso local de trabalho é a frustração. Frustração com o nosso desempenho ou de não sermos reconhecidos, a ansiedade de não sabermos o dia de amanhã e ainda por cima para darmos de caras com aquele/aquela colega que é insuportável! Só de pensar nisso... Sem dúvida alguma que uma das causas da queda de eficiência e produtividade de uma empresa está na má administração dos conflitos existentes. Por acaso, o meu namorado tem uma filosofia muito simples e para mim genial: “Se eu não prestar um bom serviço, quem perde é o meu patrão, logo perco eu também”, por outro lado a entidade patronal onde está defende “Se os meus colaboradores não se sentirem bem, poderão prestar um mau serviço, logo perdemos”. E agora, o título faz sentido? Dirigentes e colaboradores, não vale a pena entrarmos a mal, animem-se malta (tirurititi…!)

(Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico)

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Alícia Teixeira

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36 – novos mundos Um dia de sol escaldante... e sombra no estádio...

Nuvem artificial

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um mês recheado de datas comemorativas, o Dia Internacional do Sol e o Dia Internacional da Energia levaram-me a escrever este artigo. Por gostar imenso de futebol, e por este desporto ser conhecido mundialmente, encontrei algo que conjuga estes dois temas… Imagina aqueles dias de sol, em pleno Verão, a bater num estádio de futebol… Agora imagina que estás a praticar algum desporto nesse recinto… Calor seria a palavra de ordem. Mas, já há solução à vista! Já para o Mundial de Futebol de 2022 a realizar-se no Catar, e após a FIFA mostrar grande preocupação em deixar os atletas neste tipo de clima (poderá chegar rapidamente aos 48˚), cientistas da Universidade do Catar apresentaram um projecto de um aparelho a que deram o nome de: Nuvem Artificial. Pois é, o mundo está em tamanha evolução que já é possível que um aparelho simule o “trabalho” de uma nuvem. Este dispositivo será construído a partir de uma liga de carbono leve e resistente e flutuará com a ajuda de gás hélio, sendo toda a sua energia proveniente do sol, através de painéis solares instalados no topo do aparelho e será movido a… Controlo remoto! Este aparelho também estará programado para mudar de posição de acordo com o movimento do sol. É claro que este tipo de engenharia é de elevado custo, mas ambientalistas prevêem que, caso se realize e tenha os resultados previstos, seja também uma forma de combater as típicas abrasaduras solares características do Verão. A ideia não é inédita, uma vez que num episódio sobre efeitos solares, na série de animação americana Simpsons, já o “Mr. Burns” tratou de fazer algo semelhante. Aproxima-se o Verão, tem atenção às “nuvens” que percorrem os céus… Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br

Aproxima-se o Verão, tem atenção às “nuvens” que percorrem os céus…

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André Teixeira

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do mundo

nuances musicais – 37 Muitas músicas são usadas fora dos contextos para que foram criadas

Ao Vivo ou em play-back?

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presentar um espectáculo de qualidade ao vivo requer uma logística, que nem sempre está dentro dos orçamentos previstos na perspectiva do produtor. Então, a melhor forma é cortar em meios e ao mesmo tempo não arriscar na perda de qualidade auditiva. Certamente já nos apercebemos que noventa por cento dos programas, nomeadamente talk-shows e até festivais, apresentam os artistas a fingir que tocam, e muitas vezes também a fingir que cantam. Um dos motivos para tal acontecer é precisamente a redução de meios e consequentemente de despesas. Fazer testes de som para vários artistas num mesmo programa e enquadrá-los para que o som saia perfeito é tarefa complicada, que exige muito tempo e minúcia. A maneira mais simples e eficaz é colocar o instrumental (play-back) parcial ou total e, é claro, apelar a que o artista finja convenientemente, acompanhando a música. Por vezes essa situação pode encaixar num mau momento do artista, em que a voz esteja deteriorada, o que vai ser bastante benéfico, ou também quiçá, resguardá-lo da tarefa de cantar ao vivo. Relativamente a festivais, será que devemos dar o desconto pelos excessivos meios necessários e consequentes despesas? Talvez.... No entanto apraz-me referir, como músico, que por vezes é explorada a cenografia ao máximo, enaltecendo os aspectos visuais, em detrimento do aspecto musical. Este desabafo já foi proferido por vários músicos, que até tiveram a coragem de o fazer enquanto estavam na mesa de júri num conhecido festival. O play-back é sempre necessário, no entanto, deve ser usado só em casos extremos, em que haja a impossibilidade da montagem adequada de instrumentos, ou então para efectuar uma actividade paralela ou coreográfica em que o artista principal não seja o que finge tocar ou cantar. Há artistas, nomeadamente portugueses, que se recusam a ir a certos programas pela impossibilidade que lhe põem de cantar ou tocar ao vivo. Certamente não serão os que mais vendem, mas são sem dúvida os mais coerentes.

O play-back é sempre necessário, no entanto, deve ser usado só em casos extremos.

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Florentino Franco

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do bem-estar

38 – cuidar de si Enfarte Agudo do Miocárdio

O conhecimento salva vidas

Além do mês de Nossa Senhora, Maio é também o mês dedicado ao coração. Órgão nobre e primordial, é responsável pela circulação do sangue por todo o corpo. Por se tratar de um músculo em contínua actividade, as suas exigências metabólicas também são elevadas.

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or isso qualquer patologia que interfira na sua nutrição é lesiva. As consequências são diversas, podendo desde pouco interferir no funcionamento normal do corpo até a morte súbita da pessoa. De todas as doenças, é do Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) que mais se ouve falar, e é aquela que nos pode suscitar mais dúvidas ou receios. O EAM resulta da morte de parte do músculo cardíaco por falta de aporte adequado de nutrientes e oxigénio. É causado pela redução do fluxo sanguíneo coronário de magnitude e duração suficiente para não ser compensado pelas reservas orgânicas. A causa habitual da morte celular é uma isquemia (deficiência de oxigénio) no músculo cardíaco, por oclusão de uma artéria coronária, decorrente de um coágulo, trombo ou processo ateroesclerótico. O diagnóstico definitivo de um enfarte depende da demonstração da morte celular. Este diagnóstico é feito de maneira indirecta, por sintomas que a pessoa sente tais como a dor no peito (de início insidioso e gradual; de localização atrás do externo e com extensão ao braço esquerdo e mandíbula); sensação de falta de ar, suor frio, palidez e debilidade generalizada importante; por alterações num eletrocardiograma e por alterações de certas substâncias, marcadores de lesão miocárdica, tais como a Troponina e a CK-MB no sangue. O tratamento procura diminuir o tamanho do enfarte e reduzir as complicações pós-enfarte.

Envolve cuidados gerais como repouso, monitorização intensiva da evolução da doença, uso de medicações e procedimentos chamados invasivos, como angioplastia coronária e cirurgia cardíaca. O tratamento é diferente conforme o caso, pois a localização e magnitude do enfarte são variáveis, bem como a resposta do indivíduo. O prognóstico, será tanto mais favorável quanto menor a área de enfarte e mais precoce o seu tratamento. Desta forma urge conhecer as características da Prevenção e da Actuação face ao EAM. Existem dois grandes grupos de factores de risco, os major e minor, consoante a frequência com que se associam ao EAM e são eles respectivamente: 1. Major: Idade (aumento progressivo a partir dos 35 anos); sexo (6H:1M); hipercolesterolemia (Colesterol total acima 200mm/dl); hipertensão arterial (TA>15/9); tabagismo. 2. Minor: Obesidade: Diabetes mellitus; personalidade temperamental ou ansiosa; antecedentes familiares; uso de anticonceptivos orais; consumo excessivo de café. Perante a suspeita de um eventual EAM, os passos a tomar são: 1. Chamar o 112 descrevendo a situação e a localização o mais detalhadamente possível 2. Se tiver havido paragem cardíaca ou respiratória, iniciar reanimação cárdio-respiratória 3. Se a pessoa estiver consciente, tranquilizar, confortar e dar 500 mg de ácido acetilsalicilico pedindo-lhe que a mastigue O conhecimento salva vidas... E todos nós um dia podemos ser chamados a ser Heróis... Bastam 3 passos...

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João Moura

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do bem-estar

dentro de ti – 39 Será o perfeccionismo uma virtude?

Tens de ser é perfeito! A ideia de perfeição faz parte do nosso imaginário e corresponde a um desejo que nos deixa sempre insatisfeitos e nos move numa dinâmica do sempre mais. No entanto, a perfeição tem de ser entendida como uma energia motivadora e nunca como uma regra objectiva.

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Leonor queria um homem perfeito, um emprego perfeito e uma casa perfeita. Aos quarenta anos, continuava solteira, desempregada e a viver numa casa alugada. A sua busca de perfeição tornava praticamente impossível que ela se sentisse satisfeita com aquilo que o mundo real tinha para lhe oferecer. Os perfeccionistas são irrealistas. Poucas coisas e nenhuma pessoa são perfeitas. Esperar a perfeição em nós próprios ou nos outros serve apenas para criar padrões impossíveis e pode levar a um espiral descendente de pensamentos negativos, que conduz à auto-crítica, à insatisfação constante, ao ressentimento, ao stress, à ansiedade e ao esgotamento. Quando alguém afirma orgulhosamente que é um perfeccionista, recebe, com surpresa, uma resposta: “Lamentamos por isso. Os nossos sentimentos”. Se viver sempre preocupado por atingir a perfeição poderá chegar à conclusão de que os seus esforços são contraproducentes. As crianças perfeccionistas têm problemas de auto-estima. A sua inflexibilidade pode constituir um sinal relevante de baixa auto-estima. Ser-se perfeito nunca foi sinal de sanidade mental, antes pelo contrário. Ter a coragem de se ser imperfeito é mais um sinal de auto-estima do que fingir que se faz tudo bem. O perfeccionismo não raras vezes encoraja uma competição doentia, podendo promover comportamentos pouco éticos, como: copiar nos exames, receber louros pelo trabalho de outrem ou inventar falsas qualificações profissionais. Esforçar-se por ser competente, por executar tarefas de forma óptima mesmo que não seja perfeita, por perceber que existem dias em que

nos sentimos mais em baixo, em que estamos preocupados com um problema pessoal, é muito importante para o nosso equilíbrio mental. É importante perceber que se as nossas expectativas de perfeição forem demasiado altas, podemos não chegar à meta. E se não conseguir atingir um padrão ou objectivo perfeito não significa que tenha fracassado. Por último, o padrão que Jesus coloca para os seus seguidores “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5,48) pode trazer alguma perturbação. Mas é preciso notar que o perfeito significa também maduro. Embora saiba que nunca virei a ser perfeito, acredito que posso continuar a crescer. A maturidade não é a ausência de imperfeições, mas é ter consciência da força presente em nós que nos faz crescer e nos dá a capacidade de amar e receber amor, não tanto por aquilo que faço mas por aquilo que sou. É isto que as pessoas com uma auto-estima saudável sentem em relação a si próprias e aos outros.

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Costa Jorge

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antigos alunos

40 – smpd

Encontro anual de Antigos Alunos do Seminário Padre Dehon

Momento mágico de reencontro!

No dia 10 de Abril, realizouse o Encontro Anual dos Antigos Alunos do Seminário Missionário Padre Dehon. Foi, como de costume, um momento mágico de reencontro com um passado que marcou muitas vidas e que deixou memórias (boas e más) inesquecíveis.

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s mais apressados começaram a chegar pelas 10h30… Pelas 11h00 já se ouviam, por todos os cantos, gargalhadas, gritos de alegria, ruidosos abraços… e histórias de um tempo que se foi, mas que aqui parecia tão perto! Pelo meio dia, veio a Eucaristia, presidida pelo P.e Joaquim Garrido, Superior do Seminário. No início foram lidos os nomes daqueles que já partiram para junto do Pai, mas que deixaram memória nas nossas vidas. A partir do episódio da ressurreição de Lázaro (o Evangelho do dia), o presidente da celebração convidou-nos a “acreditar” (isto é, a aderir) a Jesus para ter vida… Na verdade, foi isto mesmo que, há muitos anos, nós aprendemos neste Seminário com esses padres que nos falaram de Jesus e da sua proposta de vida. No final, foi lida uma bonita oração, preparada pelo Hugo Freitas, agradecendo ao Coração de Jesus a oportunidade que nos deu ao trazer-nos até esta casa, e pedindo-lhe que nos ajudasse a sermos testemunhas fiéis de tudo o que aqui aprendemos e descobrimos. Depois da fotografia oficial do grupo, veio o almoço. No centro estava, naturalmente, a já mais que famosa feijoada do Armindo; mas não faltaram outros famosos petiscos, que acrescentaram alguns centímetros mais a algumas barrigas já suficientemente volumosas. À volta da mesa, fizemos uma bonita experiência de comunhão, de fraternidade e de estreitamento dos laços que unem esta nossa família do Seminário Padre Dehon.

À tarde houve a apresentação, na sala de teatro, dos antigos alunos presentes; e foi sugerido que, quem estivesse interessado, se ligasse a esta “família” através do Facebook (procurar, através do motor de busca, “ex-aluno dehoniano”). Depois, houve o tradicional jogo de futebol. Apesar do peso e da dimensão das barrigas, ainda se viram alguns interessantes malabarismos e golos artísticos – o que indica que, há muitos, muitos anos, esta gente era boa a jogar à bola. Antes de partir, alguns ainda tiveram tempo para acabar com as sobras do almoço. Até ao ano, se Deus quiser.

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Garrido Mendes

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da juventude

jd-Açores – 41 Quaresma na paróquia do Livramento

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Lausperene

os passados dias 19 e 20 de Março, foi celebrado o Lausperene no Livramento. Todos os grupos da paróquia tiveram o seu momento de Adoração e os grupos de jovens participaram com uma hora cada. Neste momento especial o grupo de Jovens Soldados de Cristo quer partilhar um pouco do que foi a sua experiência em grupo e em comunidade. No início da preparação o grupo sentiu-se um pouco inseguro sem saber como ocupar esta hora da melhor forma. Mas no decorrer da Adoração tudo começou a correr bem. Fizemos questão de integrar os membros da comunidade que estavam presentes. Foi um momento de partilha muito bonito. Sentimos que todos ficaram cheios da presença de Cristo no seu coração, o que nos dá alento e força para enfrentar as dificuldades diárias. Foi um momento não só nosso mas de todos… Após terminar a nossa hora de oração a Ele que nos é tudo, senti que o grupo cresceu mais um pouco na sua caminhada de Fé, que há muito ainda a caminhar para O conhecer e dar a conhecer.

Via-Sacra das crianças N

o dia 2 de Abril, os grupos de catequese da nossa paróquia (Livramento) prepararam uma estação da Via-Sacra a apresentar na igreja. A mesma encheu-se de crianças e pais para reflectirem o quanto o Senhor sofreu por nós e como devemos agradecer o quanto Ele nos ama. Com a azáfama da vida nem sempre paramos para estar um pouco na Sua presença amiga… De seguida foi a segunda parte da Liturgia Eucarística, dado que a primeira foi a da Palavra com a Via-Sacra encenada pelos catequizandos… Cristo vive para sempre em nós!

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Octávia Medeiros

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Maria Oliveira

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da juventude

42 – jd- Lisboa

JD-Lisboa em festa! Festival JD-Lisboa

Grupo de Rio de Mouro (Canção Vencedora do Festival)

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omo vem sendo habitual, desde há uns anos a esta parte, realizou-se no dia 10 de Abril, no salão da igreja paroquial de Carnaxide, o Festival Regional da Canção da Juventude Dehoniana do centro de Lisboa. Este encontro, que foi preparado com tanto entusiasmo e dedicação pelo secretariado desde o mês de Janeiro, contou com a participação de sete grupos de jovens – Rio de Mouro, Outurela, Carnaxide, Boavista, Póvoa de Santa Iria e Buraca – tendo no total nove músicas. Atendendo ao pedido do Superior Provincial, que nos exortou a que dinamizássemos a pastoral juvenil trazendo novas dinâmicas e actividades para os nossos encontros, a equipa do secretariado pôs mãos à obra e o resultado foi um festival jovem, divertido e bem executado por parte de todos os grupos. De salientar também a presença dos familiares dos membros dos grupos que participaram no festival; ao todo estiveram presentes perto de 300 pessoas. O encontro começou por volta das 15h00, e terminou, sensivelmente, cerca das 17h30. Foram 2 horas de autêntica partilha e vivência de comunhão eclesial – tema deste ano – entre todos os presentes, onde foi possível apreciar a arte de cada jovem que subiu ao palco. De facto, cada música, cada interpretação e cada presença em palco estiveram mesmo muito bem, e isso traduziu-se em alegria, que era visível nos rostos de quem cantava e de quem escutava, e nos inúmeros aplausos que vieram da plateia. Durante o intervalo, tempo em que o júri, formado por pessoas que andam no “mundo da música”, um grupo de dois religiosos paulistas apresentaram em primeira mão o novo Catecismo da Igreja Católica para os jovens chamado YouCat, que teve lançamento mundial no dia 13 de Abril. Durante este tempo de intervalo, foi também possível conviver à volta de uma fatia de bolo e de um sumo ou café.

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Grupo da Póvoa de Santa Iria (Canção apurada)

Grupo de Carnaxide (Canção apurada)

Após a entrega de um “passaporte” para o festival nacional, a realizar entre 6 e 8 de Maio, no seminário de Alfragide, deu-se um prémio de participação a todos os concorrentes e, depois, um outro às três canções que irão representar Lisboa nesse festival nacional. O grupo de jovens de Rio de Mouro recebeu o prémio

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da juventude

jd-Lisboa – 43 “Passaportes” para o Festival do Encontro Nacional

Grupo da Boavista

de canção vencedora e os jovens de Carnaxide e Póvoa de Santa Iria, o prémio de canções apuradas. Mas nesta verdadeira comunhão eclesial, os grandes vencedores foram mesmo todos aqueles que participaram, pois deram um bom testemunho do que é viver em comunhão e ser Igreja. Grupo de Outurela

Grupo de Carnaxide Júnior Grupo da Buraca – Piquenos

Via-Sacra Na paróquia de Carnaxide, no dia 16 de Abril de 2011, os jovens dessa paróquia organizaram uma Via-Sacra com encenação ao longo do jardim situado em frente à Igreja. Esta Via-Sacra foi destinada, essencialmente, para as crianças da catequese, embora tenham aparecido muitos pais e outros paroquianos. Foi um testemunho bonito e uma colaboração preciosa que estes jovens deram a toda a sua comunidade paroquial. Como não podia deixar de ser, repetiram o feito em dia de Sexta-Feira Santa.

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Nuno Pacheco

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da juventude

44 – jd-Porto Retiro de Quaresma e compromisso

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A raiz de tudo no coração

oi no dia 10 de Abril que a Juventude Dehoniana do Porto se reuniu, novamente em Betânia, desta vez para um retiro de Quaresma e ainda para a celebração do compromisso. O acolhimento foi-se dando por volta das 09h30, seguido das habituais apresentações e a posterior oração da manhã. O retiro prolongou-se pela parte matinal do dia entre momentos de reflexão e oração pessoal que eram motivados pelas belas e profundas palavras do P.e Gouveia que nos guiou numa introspectiva através do tema: “A raiz de tudo no coração”. Fomos confrontados com questões pessoais que nos interrogavam se sabíamos donde vinha a vontade de fazermos o que fazíamos, o que valorizava essa vontade: se era o fazer ou o espírito com que se fazia. Se valia a pena fazer muito mas não fazer bem, ou se estaríamos suficientemente presentes em nós mesmos para reflectir um pouco todos os dias no nosso espírito. Perguntas cujas respostas cada um procurou dentro de si, por entre as suas reflexões.

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da juventude

jd-Porto – 45

Já ao romper da tarde, procedeu-se à adoração e em seguida ao tradicional almoço partilhado. Depois, dividimo-nos em grupos, preparámos a missa, e deu-se início à celebração dos compromissos, onde a jovem Olinda Silva, membro do secretariado JD – Porto, se comprometeu a assumir as atitudes dehonianas. Seguiram-se momentos finais de convívio, e chegou-se à meta de mais um retiro, desta vez relembrando o lema das JMJ – Madrid 2011: “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”.

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Rita Resende

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da juventude

46 – agenda Este ano há

» JD — Nacional Maio

06-08 − XIV Encontro Nacional - Alfragide.

» JD — Lisboa Maio

15 − Encontro de preparação para as JMJ.

Junho

15 − Encontro de preparação para as JMJ.

» JD — Madeira Junho

05 − 2.º Dia Diocesano da Juventude.

» JD — Porto Maio

01 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso. 21-22 − CFA - BÍBLIA − Gatão (Amarante).

Junho

05 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso. 10 − Caminhada para as FM.

Funchal

SEMPRE -3.ª quarta-feira do mês! 21h00 - Colégio Missionário

FESTIVAL da CANÇÃO

S UITA S M e ADE D I NOV

PRO GRA MA Sexta-feira - 6 Maio

19h00 – Chegada 19h30 – Jantar (até às 21h00) 22h00 – Animação 23h00 – Surpresa! 00h00 – Oração Noite (c/ luz/fogo-de-artifício...) > Apresentação Centros > Apresentação do Hino > Cristoteca - Convívio 01h30 – Deitar

Sábado - 7 Maio

-1.ª quinta-feira do mês! Porto SEMPRE 21h00 - Seminário P. Dehon

!

08h00 – Pequeno-almoço 09h00 – Oração da manhã 10h00 às 13h30: 15 Workshops

13h30 – Almoço 15h30 – “A Igreja somos nós!” 16h00 – Flashtables 17h30 – Com o Bispo 20h00 – Jantar 22h00 – Saída para… 00h00 – Deitar

Domingo - 8 Maio

08h00 – Pequeno-almoço 09h00 – Introdução à oração pessoal > Oração pessoal 10h45 – Saída para as 5 paróquias 13h30 – Almoço 14h30 – Festival da canção 17h00 – Despedida

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DEHUMOR

“O amor faz suportar tudo com alegria.”

(Padre Dehon)

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Paulo Vieira

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tempo livre

passatempos – 47

tem piada elas têm sempre razão

A minha namorada acabou tudo comigo. Diz que foi porque eu estou sempre a corrigi-la. Ela foi a minha casa e disse: – João, precisamos de falar. – O meu nome é Luís – respondi. – Estás a ver? Para ti eu nunca digo nada certo – afirmou ela.

más notícias

Telefonando a um paciente, o médico diz: – Tenho más e péssimas notícias. Tem vinte e quatro horas de vida. – Isso é que são más notícias – responde o paciente. – O que poderá ser pior? – Estou a tentar ligar-lhe desde ontem – responde o médico.

respostas directas

– Jovem, onde é que trabalha? – perguntou o juiz ao réu. – Aqui e ali – disse o homem. – O que é que faz? – Isto e aquilo. – Levem-no – disse o juiz. – Espere aí! Quando é que saio? – perguntou o homem. – Mais cedo ou mais tarde – respondeu o juiz.

cliente deprimido

O cliente do alfaiate parecia deprimido. – Anime-se. Conheci uma pessoa que devia 5000 euros e não podia pagar. Levou o seu veículo para a borda de um precipício e ficou sentada mais de uma hora. Um grupo de cidadãos preocupados ouviram falar do problema e pediram o dinheiro entre eles. Aliviado, o homem recuou do precipício – disse o alfaiate. – Quem foram essas pessoas generosas? – interrogou o cliente. – Os passageiros do autocarro – respondeu o alfaiate.

a missa e os relógios

– Se alguém olha para o relógio durante o sermão, não me importo – disse o padre. – O que me aborrece é quando o tiram e abanam para ver se está a funcionar.

Soluções de Abril Figuras dos séculos XV-XVI: 1a, 2c, 3c, 4a, 5b, 6c, 7c.

curiosidades dia da mãe

A mais antiga celebração do Dia das Mães é mitológica. Na Grécia Antiga, a entrada da Primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses. O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de “Mothering Day”, fato que deu origem ao “mothering cake”, um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo. No Brasil, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de Maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica. Em Portugal, o Dia da Mãe é celebrado no primeiro domingo de Maio.

quebra-cabeças figuras dos Séculos XVII-XIX 1. Padre jesuíta, morreu na Baía (Brasil) em 1697, com 89 anos. Autor do “Sermão de Santo António aos Peixes”. a) Padre António Vieira b) Frei Amador Arrais c) Frei Manuel das Chagas 2. Mulher de letras de rara erudição, foi uma figura marcante da cultura portuguesa do século XVIII e dos princípios do século XIX. a) Natália Correia b) Marquesa de Alorna c) D. Luísa de Gusmão 3. Escritor oitocentista, é o autor do Amor de Perdição. a) Júlio Dinis b) Eça de Queirós c) Camilo Castelo Branco 4. Cantora lírica, grande figura da história da música em Portugal, nasceu em Setúbal em 1753. Trata-se de: a) Luísa Todi b) Guilhermina Suggia c) Helena Sá e Costa 5. Escritor oitocentista, é autor do romance O Crime do Padre Amaro. a) Camilo Castelo Branco b) Fialho de Almeida c) Eça de Queirós 6. Com o título Verdadeiro Método de Estudar, fez publicar anonimamente no século XVIII uma obra de pensamento arrojado. a) Luís António Verney b) António Ribeiro Sanches c) Manuel Álvares 7. Compositor, nasceu em Lisboa em 1762. Lo Spazzacamino é o título de uma das suas óperas. a) Marcos Portugal b) João de Sousa Carvalho c) André da Silva Gomes 8. Médico e escritor, deixou-nos A Morgadinha dos Canaviais e As Pupilas do Senhor Reitor. O seu pseudónimo literário é: a) Fradique Mendes b) Miguel Torga c) Júlio Dinis 9. Filóloga de origem alemã, deu grandes contributos ao estudo da cultura e da língua portuguesas. a) Luciana Stegagno Picchio b) Cleonice Berardinelli c) Carolina Michaëlis de Vasconcelos

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Paulo Cruz

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O Site da Pastoral Juvenil e Vocacional dos Dehonianos em Portugal http://www.dehonianos.org/juventude/

A Folha dos Valentes na Internet http://www.dehonianos.org/valentes/index. html

PrĂŠmio do XIV Enc. Nacional JD Foto AFV

A Folha dos Valentes no Faceboock http://www.facebook.com/reqs.php#!/profile. php?id=1740476493

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