06.sal da terra-Geração MIMADA 09.missões dehonianas-Presença em MOÇAMBIQUE 20.doses de saber-O fascínio da UNIVERSIDADE 35.nuances musicais-A VOZ 37.cuidar de si-A DEPRESSÃO 39.dentro de ti-Benefícios de “DARMO-NOS” 40.da juventude-EEJD e JMJ: Madrid 2011 44.jd-Porto-Férias Missionárias em TERROSO
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PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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sumário: da actualidade
SEMPRE SEMPRE JOVEM35 anos no CORAÇÃO FICHA TÉCNICA
Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida Rocha Redacção: Carlos Oliveira, Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira. Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Alcindo Sousa (Madagáscar), Nuno Pacheco (Lisboa). Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Armando Baptista, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Moura, José Agostinho, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Madalena Rubalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Nélio Gouveia, Octávio Carmo, Olinda Silva, Paulo Alexandre, Paulo Rocha, Rui Moreira, Susana Teixeira. Colaboradores nesta Edição: João Chaves, José Manuel Fonseca, Lurdes, Vera Gonçalves, Isabel Verónica, Inês Pinto, Alberto Bisarro, Elisa Vasconcelos, Cristina Afonseca, Isabel Perestrelo, Francisco Machado. Fotografia: Nélio Gouveia, Paulo Vieira, Inês Pinto. Capa: Carina Santos, foto de Inês Pinto. Grafismo e Composição: PFV.
03 > alerta! > Embarcar na missão! 04 > digo eu... > Dos nossos leitores 05 > recortes do mundo> Encontra-te 06 > sal da terra > Geração mimada 07 > cantinho poético > Uma graça de Deus da família dehoniana
08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ 09 > missões dehonianas > Presença em Moçambique 12 > memórias > Recordando o padre António Colombii 14 > comunidades > Casa do Sagrado Coração de Jesus
dos conteúdos
16 > vinde e vereis > Vinde e vereis, sempre! 17 > nas mãos de Deus > Dom Marcelo Palentini 18 > jornadas misionárias > Conclusões 19 > família dehoniana > Conselho Nacional 20 > doses de saber > O fascínio da universidade 22 > pedras vivas > Dona Céu e Sr. Mota 24 > espaço escola > Quero ser feliz 26 > leituras > Espiritualidade num mundo globalizado 28 > sobre a bíblia > João: o evangelho do amigo de Jesus 30 > reflexo > JMJ e amor aos inimigos 32 > sobre a fé > A Igreja é apostólica
Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 28 4430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329 do mundo
ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares
Associação de Imprensa de I nspiração Cristã
Redacção e Administração: Centro Dehoniano Av. da Boavista, 2423 4100-135 PORTO – PORTUGAL Telefone: 226 174 765 - E-mail: valentes@dehonianos.org Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA Telefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218
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34 > planeta jovem > Missão no Sobral da Abelheira 35 > nuances musicais > A voz 36 > novos mundos > A Lua traz riqueza
do bem-estar
37 > cuidar de si > A depressão 39 > dentro de ti > Benefícios de “darmo-nos” da juventude
41 > jd-nacional > EEJD & JMJ: Salamanca e Madrid 2011 43 > escola > Uma caminhada para a felicidade 44 > jd-Porto > Férias Missionárias em Terroso 46 > jd-nacional > Agenda 47 > tempo livre > Passatempos 48 > imagens > A reter...
NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI) http://www.dehonianos.org/valentes/index.html.http://www.dehonianos.org/juventude/ http://www.facebook.com.http://valentes.hi5.com valentes_2011_08.indd 2
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alerta! – 03
Embarcar na missão! E
ncarada como uma missão, a vida tem outro sabor! Mais que isso, ela só faz sentido como missão! Depois de umas férias particularmente enriquecidas com Férias Missionárias, com o Encontro Europeu da Juventude Dehoniana e Jornadas Mundiais da Juventude, Jornadas Missionárias e, certamente, de outros acontecimentos pessoais ou de grupo, cá estamos lançados num novo ano! Nesta edição fazemos eco dos eventos referidos e acenamos aos estão aí “à porta” ou que vêm a caminho. Estamos no “mês missionário” e num ano em que a Juventude Dehoniana se centra sobre o valor “Sentido de Missão”, para reflectir e para agir. Este valor é, de facto, essencial na vida do cristão. A mensagem do papa Bento XVI para o Dia Mundial das Missões tem como tema e título a expressão de São João “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20, 21). Recordando que os destinatários do anúncio do Evangelho são todos os povos e que a Igreja, “é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo” (AG 2), o papa convida a todos para uma “evangelização global”, pois este dom-compromisso é confiado não apenas a alguns, mas sim a todos os baptizados. Vivamos este novo ano de trabalho, de pastoral e/ou de estudo com o sentido de missão e não tenhamos dúvidas de que será produtivo e feliz: um sucesso!
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Paulo Vieira
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04 – digo eu... Dos nossos leitores
Boa tarde, queridos Valentes. Sou a vossa leitora assídua Ana Maria Moreira Pinto, de Serzedo, Vila Nova de Gaia. Começo por desejar-vos um bom período de descanso, que espero seja regenerador e frutuoso. Sê-lo-á, certamente. Tenho a dizer-vos que a qualidade da vossa e nossa revista é excepcional. Os temas são sempre extremamente interessantes e apelam à mobilização interior e ao inconformismo. Eu, pelo menos, sinto que não sou uma mera leitora passiva e, como eu, estou segura que muitos outros. De facto, sinto-me tocada pelos testemunhos e reflexões que são regularmente apresentados e que demonstram que apesar de todas as maldades de que enferma este mundo, em resultado de comportamentos incompreensíveis e até irracionais por parte de alguns seres humanos face aos seus semelhantes e a tudo o que os rodeia, há outros que são verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo e com os quais podemos e devemos aprender a agir. Desejo-vos muita força e coragem para dardes continuidade a este trabalho tão valoroso de evangelização. Como diz o Reverendíssimo Sr. D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, é tão importante levar a Boa Nova àqueles que nunca dela ouviram falar como àqueles que já a esqueceram. Atrevo-me a pedir-vos o meu número de leitora, perguntando também se proceder ao donativo por transferência bancária como ficarão a saber de quem é. Obrigada pela vossa atenção. Votos de valentes sucessos. Ana Pinto – Serzedo
Caros amigos d’A Folha dos Valentes Tenho seguido com alguma regularidade as notícias do “mundo dehoniano”, e uma das vias que me permite esse acompanhamento é precisamente a leitura da vossa revista, constituída sempre por artigos enriquecedores, capazes de oferecerem sempre diferentes pontos de vista e incutirem mais à vida de quem os lê. Por essa razão envio (...) para ajuda nas despesas que têm de suportar cada vez que a revista é lançada. Parabéns pelo vosso trabalho e que assim continue por muito tempo. Um bem-haja para todos! João Paulo – Terroso
Obrigado! Agradecemos as ofertas que nos tendes enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente de que não devem enviar dinheiro “vivo” em correspondência normal (é proibido por lei!). Na página 2 (no fundo, à esquerda), vai sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque (em nome de Centro Dehoniano), ou transferência para o NIB indicado! O ano que vai na folha de rosto que acompanha a revista é referente à última oferta que nos chegou. Obrigado!
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Paulo Vieira
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recortes do mundo – 05 Professores de Cristelo, Paredes, em reflexão e convívio
“Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada.” (Fernado Pessoa)
Perco-me a todo o instante. Nas avenidas largas e ruas estreitas, nos campos abertos e nos caminhos reservados. Procuro-te nesta imensa agitação… a vida que confunde, a morte que atrapalha, o sono que desperta, o despertar que entorpece. De Ti, nada ou pouco me leva até quem és. Tantas são as viagens demoradas, os quilómetros percorridos, mar e rio, floresta e deserto despertam em mim e não Te consigo encontrar. Olho para a água e vejo os rastos desfocados da luz vaga que persigo. O reflexo na água traz à memória imagens distorcidas, presas em cadeias de sorrisos e abraços. Poucas as certezas do que creio ver, do que julgo procurar em vão, pois, de Ti nem sombra nem penumbra, parece que qualquer coisa te consegue afastar de mim. Tentei, uma e outra vez. Voltar ao rio e mar, ao deserto e floresta, mas sempre que olhava para trás, tudo desaparecia. Desisti a meio do caminho, perdido nos becos a que me conduzi. Vagueio pelas ruas, faço parte da multidão, confuso, inerte à vontade dos outros em que eu não me consigo encontrar. E no entanto, com tantas incertezas, provavelmente serias a coisa mais bela que já teria visto. Mas, primeiro preciso de descobrir quem és… Já sei o que vou fazer. Vou deixar que o meu corpo, o meu sangue, suor e lágrimas escorram naturalmente para chegar até Ti. Esquecer-me de mim para lembrar-me de Ti, rever-me nos outros,
perceber o outro, acolher-te para sempre, aconchegar-te na eterna partilha, na junção do eu e do outro, na comunhão com o outro, e assim entender que afinal, a razão da Vida está mesmo ali, mesmo à minha frente e eras… Tu. Sim, tu e eu somos a mesma coisa, feitas da mesma matéria do que é feita os sonhos. A descoberta de que o outro nada será sem mim, sem Ti, sem nós. Rever a bela pessoa que és, tu e eu, nós e os outros, todos. Juntos no sofrimento, próximos na alegria, e unidos no Amor, das coisas mais pequenas e ínfimas, dos momentos mais terrenos e etéreos, e então, não precisam de procurar mais. Deixo de reflectir no caminho e continuo a caminhar, a seguir-te e a amar-te, agora que me ensinaste que é no outro que eu me encontro. Hoje poderá ser esse dia… ENCONTRA-TE. Como tudo na vida, existe um momento para o ENCONTRO. Este “trecho escrito”, foi inspirado e motivado pela realização de uma manhã de reflexão e de escrutínio interior. Só foi possível pelo dinamismo dos professores de Educação Moral Religiosa e Católica da Escola EB 2,3 de Cristelo que, sabiamente, souberam prescrever as necessidades dos professores. Como uma dádiva para o início de mais um ano lectivo, ofereceram-se e presentearam-nos com um encontro no Monte…. para todos aqueles que, de uma forma ou de outra, ansiavam por um momento de transcendência, de reflexão interior e de encontro consigo e com o outro. O princípio é simples: parar um pouco o corpo e avançar o espírito – da solidariedade, do acolhimento, da fraternidade, da esperança, enfim, da amizade que sempre nos une. Agradeço-vos pelo que descobriram, rejúbilo pelo que deram e inclino-me perante vós, por tudo o que sois. Bem Hajam…
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Francisco Machado
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06– sal da terra Habituados a receber tudo, agora temos de fazer pela vida
Geração mimada A expressão aplica-se, neste caso, a quem tem hoje 20, 30 ou até 40 anos. Ouvi-a – esta expressão: “somos uma geração mimada” – durante um debate de dia inteiro sobre o momento social e económico que Portugal atravessa, promovido pela Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP). A páginas tantas, a vice-presidente da CNJP, também ela sub-40, desabafa: “somos uma geração mimada, habituada a receber tudo e que agora terá de fazer alguma coisa pela vida”. O diálogo já tem alguns meses. E confesso que, cada vez que o recordo, mais confirmo o seu realismo. As décadas posteriores à repressão provocada pelo Estado Novo, as consequências do colonialismo e dos conflitos em que terminou, as transformações sociais verificadas em Portugal e a crescente concentração populacional nos ambientes urbanos geraram um conjunto de reacções pessoais e sociais determinadas pelo “ter”. A anos de carência, sucederam-se os da conquista do necessário e do supérfluo, da posse disto e daquilo apenas porque “quero”, não porque “preciso”. A somar a estes comportamentos, as relações comerciais das últimas décadas foram vivendo mais de relações virtuais do que reais. E cresceram “bolhas”, imobiliárias ou económicas, todas especulativas, que ofereceram a possibilidade ter muitas “coisas”, baratas ou caras não importa, porque pagas com “dinheiro de plástico”. A soma daquelas tendências pessoais a este incentivo das instituições financeiras fez com que o “ter” fosse cada vez mais satisfeito, qual birra mimada de crianças com poucos anos. O contexto de crise já retirou muito “dinheiro de plástico”. Já não é possível ter tudo sem dinheiro. E está a mudar hábitos, a acrescentar valor ao que se tem por necessidade, não por mimo. Agora, para conseguir alguma coisa, é necessário lutar por ela. E deveria ter sido sempre assim?!
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Paulo Rocha
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cantinho poético – 07
Uma graça de Deus
Um anjo anjo bafejou bafejou minha minha vida vida Um Com uma uma dádiva dádiva maravilhosa maravilhosa Com Trouxe oo amor, amor, aa esperança, esperança, Trouxe Uma alegria, alegria, um um toque toque cor-de-rosa. cor-de-rosa. Uma Trazes em em ti ti mensagens mensagens de de Deus, Deus, Trazes Uma lição, lição, um um carinho carinho divino. divino. Uma Espera-te um um mundo mundo de de surpresas, surpresas, Espera-te Serás um um Homem Homem aa caminho. caminho. Serás Vens em em silêncio, silêncio, de de mansinho, mansinho, Vens Cá te te espero espero paciente. paciente. Cá Para tua tua protecção protecção ee amparo, amparo, Para Preparo oo coração coração ee aa mente. mente. Preparo
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Madalena Rubalinho
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da família dehoniana
08 – recortes dehonianos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) Com os votos de bom reinício de ano lectivo e pastoral, realço apenas alguns flashes de acontecimentos dehonianos nestes últimos tempos, para além daqueles que merecem destaque neste número: participação no Encontro Europeu dos Jovens Dehonianos em Salamanca e na Jornada Mundial da Juventude em Madrid.
4-8 de Julho: Semana Ibérica As Províncias de Portugal e de Espanha realizaram em conjunto mais uma semana de formação permanente. O tema central da reflexão foi “O testemunho dehoniano no nosso mundo de hoje”, em que o termo “nosso” pretendeu delimitar o nosso contexto espanhol e português, certamente muito influenciado pelo contexto cultural e religioso europeu. Decorreu em Alfragide, com a presença de várias dezenas de Dehonianos.
12 de Agosto: Aniversário da morte do Padre Dehon Foi o habitual encontro em Aveiro para celebrar este acontecimento significativo na vida dos Dehonianos. Em celebração presidida pelo Superior Provincial, os religiosos dos Camarões Daniel Kouobou e Mathias Ebodé, a estudar em Alfragide, fizeram a sua renovação de votos. O Irmão Agostinho Cruz foi também admitido ao Ministério dos Leitores. Este dia marcou igualmente o reinício do Noviciado Dehoniano, sob a orientação do Mestre de Noviços, Padre José Armando. Foram admitidos três noviços: José Joaquim, Rodrigo Daniel e Tiago Pereira.
9 de Setembro: Renovação de Votos 12 Dehonianos de votos temporários fizeram a sua renovação de votos a 9 de Setembro em Alfragide: Diogo Brito, Emanuel Pinto, José Gouveia, Nuno Pacheco, Rui Freitas, Delfino Pinto, Pedro Sousa, Andrés Catanho, Vítor Teixeira, Antonino Sousa, Jorge Magalhães e Andosoa Haja. A celebração foi antecedida por cinco dias de retiro, que decorreu na Casa das Irmãs de São José de Cluny em Torres Novas, sob a orientação do Padre Agostinho Pinto.
17 de Setembro: Profissão Perpétua Foi em Alfragide, em cerimónia presidida pelo Superior Geral. Os religiosos Albino Eduardo, David Mieiro, Gil Silva e Flávio Gouveia fizeram a sua entrada definitiva na Congregação, na presença de muitos confrades, familiares e amigos. O Gil mudou para a comunidade do Seminário do Porto, os outros continuam em Alfragide.
De 12 de Setembro a 4 de Outubro: Visita do Superior Geral O Superior Geral, Padre José Ornelas Carvalho, esteve a visitar a Província Portuguesa, acompanhado pelo Conselheiro Geral Padre Cláudio Dalla Zuanna. Teve oportunidade de contactar todas as comunidades, sectores de actividade e membros da Família Dehoniana. É a chamada visita canónica que o Superior Geral efectua a cada entidade da Congregação de seis em seis anos.
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Manuel Barbosa
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missões dehonianas – 09 11 voluntários , em Agosto, cheios de entusiasmo em Moçambique
Sinais da presença dehoniana em Moçambique
Dos sonhos de infância ao contacto directo Falar sobre a presença dehoniana em Moçambique é recuar no tempo e ir aos meus tempos de menino e moço quando no Seminário Padre Dehon ouvia deliciado as histórias que os nossos missionários que estavam naquele país, contavam na sua passagem a caminho de umas merecidas férias. Nessa altura, pensava como devia ser bela essa vida cheia de aventuras, imprevistos e muita coragem e confiança em Deus à mistura. Os anos foram passando e fui acompanhando, por vezes preocupado, mas talvez sem o entusiasmo juvenil dos primeiros tempos, a actividade dos nossos missionários que passaram por momentos difíceis nos tempos da independência de vários países africanos, mas permaneceram corajosamente firmes junto das suas comunidades cristãs. Os anos foram passando e quando nada o fazia prever, nem estava nos meus planos mais imediatos, eis que me surgiu a oportunidade de acompanhar um grupo de jovens voluntários até à Diocese de Lichinga, situada na Província do Niassa, no Norte de Moçambique. Era a oportunidade de recordar vendo “ao vivo e a cores…” todas aquelas histórias contadas com tanto carinho nos primeiros tempos de seminário. Foi assim que partimos para uma experiência missionária de um mês (Agosto) 11 voluntários cheios de entusiasmo e vontade de oferecer um pouco das suas vidas àquele povo simples e humilde, acolhedor e feliz, alegre e sonhador. Na nossa bagagem levámos a vontade de ser próximos e amigos, úteis e solidários vivendo com entusiasmo o seu dia-a-dia. Tínhamos consciência que no dar e receber nós íamos sair beneficiados, mas isso faz parte da recompensa que é dada a todos aqueles que amam e se entregam sem reservas aos outros… Agora, já em Portugal, recordo o carinho, alegria e amizade que nos foram dispensados por todos os locais de missão por onde passámos. Isto sucedeu em todas as comunidades dehonianas que nos acolheram e em outras comunidades onde o sorriso acompanhado de um cafezinho ou chá nos davam as boas vindas… A comunidade dehoniana na Casa Padre Dehon em Maputo faz autênticos milagres para acolher os tantos voluntários e não só que lá pedem abrigo nem que seja por uma noite. Obrigado padres Mario, Ruffini e Abel!
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O primeiro dia em Maputo Apesar de o cansaço já se notar em muita gente ninguém se esquivou (sempre era o nosso primeiro dia em Maputo, capital de Moçambique…) à oferta de visitar o Escolasticado Filosófico Dehoniano em Matola. Aqui ouvimos a já conhecida odisseia do P.e Toller no tempo da guerrilha quando foi raptado e libertado pela RENAMO. Nesta altura o sono já ia fazendo estragos no grupo, mas indo buscar forças não sei onde houve ainda coragem para desafiar o P.e Lázaro a mostrar-nos um pouco de Maputo “by night”. Houve quem só viu com um olho, mas deu para ficar com uma ideia meio tremida e aos flashes… Em Lichinga À chegada a Lichinga tínhamos à nossa espera D. Elio Greselin que com a sua espontaneidade e alegria contagiante cativou logo toda a gente chamando-nos “vadios” bem-vindos… Não posso esquecer a presença discreta, serena, amiga e cordial do irmão Giuseppe Meoni que chegando das suas férias em família, na Itália, quando já nos encontrávamos em Lichinga nunca mais nos largou interessando-se por tudo e zelando para que nada faltasse para o êxito da nossa missão. A diocese de Lichinga para além de ser muito grande não é nada fácil de gerir e precisa de muito apoio a todos os níveis. É uma Diocese ainda muito desorganizada e que possui um clero que ainda não compreendeu ou não quer compreender o seu bispo que quer renovar mentalidades e
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10 – missões dehonianas Sinais da presença dehoniana em Moçambique... dotar a diocese de estruturas que garantam a sua sustentação e autonomia económica sem recorrer às sempre imprevisíveis ofertas que chegam do exterior. Outro sonho é o de atrair jovens estudantes com a construção de um pólo universitário na cidade. Devido à extensão territorial da diocese, D. Elio procura e convida congregações de irmãs que queiram constituir comunidades religiosas em algumas missões que estão abandonadas há muito tempo. Para além da presença espiritual tão necessária seriam também uma garantia de sucesso para as escolinhas que acolhem crianças e lhes dão formação humana e intelectual. Já lá estão várias congregações que fazem tanto e com muita dedicação (Teresianas, Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima, Religiosas do Amor de Deus; Irmãs S. José de Cluny, Irmãs Missionárias da Consolata…) mas são poucas para tantas necessidades. Permito-me destacar o trabalho de duas irmãs não por que façam mais do que as outras, mas porque colaborei mais com elas: a Irmã Olívia que é a “ponte de ligação” dos voluntários que partem de Portugal para Lichinga. Alguém lhe chamou a “Irmã Todo o Terreno” e a “SuperIrmã” pela capacidade que tem de chegar a todo o lugar sempre bem-disposta e com a solução adequada para qualquer problema e a Irmã Maria José que com a sua irreverência e alegria contagiante consegue motivar todos os que estão a sua volta. Um obrigado muito grande para todas vós pelo vosso testemunho e amizade.
Subgrupos nas várias missões Já o sabíamos à partida e, por isso, foi com a maior das naturalidades e com votos de bom trabalho que nos íamos despedindo dos subgrupos que iam sendo espalhados por várias missões da diocese: a Telma e a Isabel foram para Marrupa; a Joana, Milu e Gabriela para Mitande; a Patrícia e a Paula na primeira semana ficaram na cidade de Lichinga e depois rumaram até Massangulo; finalmente o Vítor e o Ricardo trabalharam na biblioteca do ESAM na catalogação e distribuição por várias bibliotecas das toneladas de livros que são recolhidos aqui em Portugal e enviados para lá e, na última semana, foram até Metangula dar um curso de informática. O trabalho das nossas meninas consistia em encontros de formação e partilha com as educadoras e auxiliares de educação das escolinhas confiadas à Igreja. Claro que o momento mais desejado e apetecido do dia era o contacto com aquelas crianças com uns olhos muito bonitos e um sorriso de orelha a orelha a pedirem uma foto… Houve quem tirasse 500 fotos só num dia… É obra!... Nampula e da Zambézia Diz-se que “cada um tem aquilo que merece…” e, por isso, tive o privilégio de visitar algumas das primeiras missões dehonianas que ficam nas Províncias de Nampula e da Zambézia. Na cidade de Nampula encontrei o Arcebispo D. Tomé (dehoniano) confiante e empreendedor com uma grande vontade de formar bem o clero da sua diocese, nem que para isso tenha de o enviar até à Europa por alguns anos. Está empenhadíssimo na criação de algumas infra estruturas que sejam respostas concretas para várias necessidades da Diocese de Nampula. Projectos e sonhos há muitos, mas será precisa a boa vontade de muitas pessoas para que eles se concretizem. Na Paróquia de S. Pedro, confiada aos dehonianos, os padres Ciscato, Augusto e Riccardo não tem mãos a medir para acompanhar os vários centros de culto espalhados à volta da paróquia (alguns a muitos quilómetros do centro) e tantos movimentos que fervilham na sede da paróquia como a catequese (infantil, jovens e adultos), acólitos e outros movimentos que necessitam da sua assistência contínua. Presença da Companhia Missionária A presença em Nampula da Companhia Missionária, mais conhecidas por “Mariolinas…”, devido à actividade e à genica da Mariolina, uma das consagradas, é muito importante no campo do ensino e no acompanhamento de várias jovens vocacionadas. Com a ajuda da ALVD e do P.e Adérito foi criada e montada uma biblioteca que é já um ponto de referência para os estudantes da cidade que encontram nela o que as bibliotecas do estado não conseguem dar.
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missões dehonianas – 11 Alto de Molócué, ALVD, Maria Arbona Uma das minhas curiosidades era o Alto de Molócué porque lá tinha estado durante um ano de voluntariado a minha paroquiana Vera. Testemunhei o belo trabalho que os elementos da ALVD lá foram fazendo ao longo dos últimos anos e continuam a fazer. Parabéns a todos os que contribuíram e continuam a contribuir para que esta missão possua as condições necessárias para o trabalho que lhe é pedido. Encontra-se lá neste momento o António que vai dando explicações sobre todas as matérias escolares e introduzindo os interessados no mundo da informática. Esta missão passou ainda há pouco tempo por um momento muito doloroso com o acidente que vitimou a Maria Arbona. Sabemos que a vida continua e senti que ela é recordada com muito carinho: rezam por ela pedindo que ela reze por eles junto do Pai da Vida.
Missão de Milevane Seguindo viagem, chegámos à grande missão de Milevane que ao longo dos anos já foi palco de muitas cenas… Imagine-se que a casa enorme que já foi um seminário, também já foi um quartel durante a guerra civil. Actualmente preparase para receber os noviços da Província SCJ de Moçambique. É uma casa linda com belos jardins mas que obriga a uma manutenção constante e dispendiosa já que os tempos de guerra deixaram feridas muito grandes no edifício. Espantoso e belo trabalho no Gurúè A última paragem desta visita relâmpago foi o Gurúè, terra do famoso chá e do Centro Polivalente Leão Dehon. É espantoso o belo trabalho que é desenvolvido por esta escola que para além da formação de novos profissionais realiza trabalhos de carpintaria e de arte que são requisitados de muitos lados de Moçambique. O P.e Hilário, ajudado pelos padres Claudino e Lázaro, está atento aos sinais dos tempos (as crises não aparecem só na Europa…) e vai orientando com prudência e sabedoria a autonomia económica da escola.
Penso não cair em exagero ao afirmar que este Centro Polivalente é a maior empresa daquela região dando emprego a muita gente e, por isso, garantindo melhores condições de vida a muitas famílias. O P.e Hilário não se cansa de agradecer à Província Portuguesa SCJ a ajuda e o apoio que sempre lhe prestou e que tornou possível que o sonho do Centro se tornasse uma realidade. Aprecia e admira muito o trabalho dos jovens voluntários mas sugere que no futuro se pense também em enviar gente mais avançada na idade: reformados ou pessoas que possam dispor do seu tempo e dedicá-lo a esta causa do voluntariado. Informa que no Centro existem pequenas casas que podem ser ocupadas e que favorecem a estes possíveis voluntários uma vida mais independente da comunidade religiosa. Aqui fica o desafio: haja vontade de trabalhar que trabalho não falta… Já em Lichinga, depois desta viagem, percebi a razão do entusiasmo e da alegria que os missionários, de passagem por Portugal, nos transmitiam quando eu era ainda uma criança no seminário. Só quem ama e se doa Só quem ama sem limites e se doa aos outros sem condições é capaz de construir as obras tão belas que eu tive a felicidade de ver e sentir. Obrigado a todos os meus confrades moçambicanos e a todos(as) aqueles(as) que tiveram a ousadia e a alegria de partilhar um pouco das suas vidas comigo.
CRONOLOGIA
DEHONIANA História da Província Portuguesa
1963 |Outubro Começa a funcionar, em Águas Santas, Ermesinde, um pequeno seminário com o nome de Seminário de Nossa Senhora de Fátima.
1963 08|Dezembro Fundação da Obra ABC (Amici Boni Consilii).
1968 15|Outubro Abertura do Seminário Missionário Padre Dehon, em Rio Tinto.
1968 29|Novembro Abertura do Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, casa de formação pós-noviciado.
1971 04|Julho Inauguração do Seminário Missionário Padre Dehon.
1973 31|Maio Início da presença na quase-paróquia de Nossa Senhora da Boavista (Porto).
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José Manuel Fonseca
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12 – memórias
Alegre, sincero, generoso, dedicado e trabalhador
Recordando o Padre António Colombi
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18 de Novembro de 1951 partiam de comboio da Itália e com destino a Portugal, mais concretamente ao Colégio Missionário do Funchal, o Padre Agostinho Azzola e dois religiosos clérigos, estes últimos na veste de estagiários assistentes, a que se dava o nome de prefeitos. Eram eles Humberto Chiarello e António Colombi, os primeiros de uma série de jovens religiosos, que viriam dar à Obra dehoniana em Portugal a sua colaboração, alguns deles regressando a ela depois de ordenados sacerdotes, como foi o caso de António Colombi, que viria a desempenhar um papel relevante na história e desenvolvimento da Obra: haveria de ser o seu primeiro Mestre de Noviços e o seu primeiro Superior Provincial. António Colombi nasceu a 11 de Fevereiro de 1929 em Bondo Petello, Albino (Bérgamo), onde a Província Italiana tinha um grande Seminário Menor, a Escola Apostólica de Albino, onde em 1940, com apenas 11 anos, entrou, vindo a professar em 1947 e a ordenar-se em 1956. Como referido, fez parte do primeiro grupo de prefeitos da Obra dehoniana em Portugal, no Colégio Missionário, de 1951 a 1953. Em Outubro de 1957, com um ano de sacerdócio, regressou a Portugal, indo fazer parte da comunidade da Casa do Sagrado Coração de Aveiro, como encarregado de disciplina do Seminário Menor da Congregação ali existente. Em Janeiro de 1959, irá desempenhar o mesmo cargo no congénere Seminário Missionário Padre Dehon do Porto, na Boavista, regressando em Setembro seguinte a Aveiro nas funções de Mestre de Noviços do Noviciado dehoniano então aberto em Portugal na Casa do Sagrado Coração. Em Julho de 1964, é nomeado Superior Regional, trocando Aveiro por Lisboa, o noviciado pela Igreja do Loreto, ao Chiado, então sede da Região Portuguesa dos Dehonianos. E, ao ser a Região elevada a Província, em 27 de Dezembro de 1966, o P.e António Colombi será nomeado seu primeiro Superior Provincial, cargo que desempenhará até Fevereiro de 1970, quando será novamente transferido para o Seminário Missionário Padre Dehon, no Porto (à Boavista), com funções de ecónomo local. Em Setembro do mesmo ano, regressará a Lisboa, desta vez como encarregado dos professos no Escolasticado, aberto dois anos antes em Alfragide.
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P.e António Colombi 1929-1996
Em 1972, foi nomeado Ecónomo Provincial, responsabilidade que assumirá até 1989. Nesse mesmo ano de 1972, fez parte da Comunidade religiosa do Colégio Infante da Madeira; de 1973 a 1977, foi Superior do Colégio Missionário do Funchal e, de 1977 a 1983, Superior do Seminário Missionário Padre Dehon de Gondomar, em Rio Tinto; de 1983 a 1986, foi Superior e ecónomo da Casa do Sagrado Coração de Jesus em Aveiro; no ano lectivo de 1986-1987, foi ecónomo local do Seminário Missionário de Gondomar e, de 1987 a 1992, Superior e ecónomo local do Instituto Missionário de Coimbra. Finalmente, em 1992, é nomeado Superior e ecónomo local do Centro Dehoniano do Porto, na Avenida da Boavista, onde virá a falecer a 22 de Novembro de 1996, com 67 anos de idade.
Nunca o víamos preocupado consigo mesmo, mas sempre atento e solícito às necessidades dos outros…
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memórias – 13
O P.e António Colombi mereceu bem os qualificativos, que lhe foram atribuídos por um confrade no Diário de Notícias do Funchal, a assinalar o seu falecimento: “alegre, sincero, generoso, dedicado e trabalhador”. Na homilia do seu funeral, o Superior Provincial da altura, o actual Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, assim o descreveu com muita justeza: “A sua acção e o seu estilo de vida consagrada contribuíram de modo determinante, para qualificar e caracterizar o nosso modo de ser ‘seguidores do Padre Dehon em Portugal’. O P.e António Colombi não era homem de grandes e eloquentes palavras, mas de uma acção profunda eficaz; nunca o víamos preocupado consigo mesmo, mas sempre atento e solícito às necessidades dos outros… Todo ele era simplicidade, desprendimento, grande disponibilidade, uma enorme capacidade de doação e de entrega, revelando um sentido constante da presença de Deus… Era considerado entre nós como aquele a quem os Superiores podiam recorrer, para as missões mais difíceis e em situações adversas. Nas nossas comunidades, a tudo se prestava, sempre com grande disponibilidade e simplicidade de vida, mesmo para realizar os trabalhos mais humildes, chegando algumas vezes a ser confundido pelos benfeitores que nos visitavam como um trabalhador assalariado, mesmo quando ocupava o cargo de Superior.
Recordo o Padre Colombi, meu Mestre de Noviciado, também como pessoa dotada de um grande e fino humor, avesso às formalidades; um verdadeiro bergamasco, de um entusiasmo e bonomia que bem condiziam com um seu conterrâneo que havia maravilhado o mundo com essas mesmas qualidades: o Papa João XXIII. O P.e António Colombi está sepultado na Capela da Província no cemitério de Esgueira, bem perto da Casa onde durante anos formou e moldou gerações de futuros religiosos dehonianos. Bem-haja, Padre Colombi e “lá no assento etéreo onde subiste” continua a instilar-nos disponibilidade, dedicação e optimismo, a nós que vamos nas sendas por onde nos ensinaste a caminhar.
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João Chaves
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14 – comunidades
O Noviciado dos dehonianos em Portugal
Casa do Sagrado Coração de Jesus – Aveiro A
tradição do apostolado do ensino foi, desde sempre, significativa na história da Congregação dos Dehonianos. Já o Padre Dehon, um sacerdote iluminado e culto, antes de fundar a Congregação, a ele se dedicara; e pode dizer-se que o Instituto por ele fundado nasceu à sombra de um colégio: o de São João, na cidade de São Quintino (Soissons, França).
Lê-se no Cor Unum, revista oficial da Província dehoniana da Itália do Norte, n.º 4, Dezembro de 1953: “A 15 de Outubro passado, festa de Santa Teresa, a nossa Congregação, por meio do Rev.do P.e Luís Celato, iniciou uma nova Casa de formação em Portugal, na cidade de Aveiro, situada na paróquia de Esgueira. A Casa foi-nos gentilmente cedida com um contrato de favor pelo casal SoaresMonteiro e tem à volta bastante terreno. Por ora, a pequena Comunidade é composta pelo P.e Celato, dois apostolinhos, um aspirante coadjutor e umas irmãs que fazem de empregadas. O Padre Celato, sempre dinâmico no que faz, adapta-se a tudo: ao ensino, a ir às compras, segue com diligência o cultivo da terra e do pomar, faz ministério para granjear simpatias e ajudas para a nova Casa, que carece de tudo, menos de uma grande confiança na Divina Providência, que continuará certamente a proteger a Obra, toda dedicada ao Coração de Jesus. Os Sacerdotes do Coração de Jesus são bem aceites pelo Bispo de Aveiro e pela população, que espera do seu zelo apostólico esperam uma ajuda preciosa.” O título oficial dessa nova Obra em Aveiro foi, desde o início, Casa do Sagrado Coração, a que mais tarde se acrescentou de Jesus. O coadjutor, a que se refere a notícia, era o seminarista de Coimbra, futuro padre e missionário Manuel de Gouveia, e as irmãs eram as da Divina Providência e Sagrada Família, instituto fundado pelo padre Adão de Braga. O nome de apostolinhos era influência da Província Francesa, Província Mãe da Italiana, onde também os seminários menores da Congregação se chamavam Escolas Apostólicas. Para distinguir o seminário menor da Congregação do diocesano, na Madeira optar-se-á pelo nome de Colégio Missionário, e no Porto, para eliminar a suspeição de pertença ao protestantismo, optar-se-á por Seminário Missionário.
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“O primeiro contacto escrito do Padre Canova, então Superior do Instituto Missionário de Coimbra, com o Bispo de Aveiro, na altura o D. João Evangelista da Lima Vidal, para este autorizar a abertura de uma Casa da Congregação na diocese de Aveiro, remonta a 5 de Março de 1953. Dos contactos entre ambos emerge a tentativa anterior de abrir o novo seminário dehoniano em Vagos, no conhecido Colégio Galvão, então pertencente à diocese de Coimbra. Gorada essa tentativa, pensar-se-á em Aveiro, com o Bispo local a autorizar a fundação a 8 de Junho desse mesmo ano. Numa viagem de perlustração feita de comboio, o Superior e Conselho da comunidade dehoniana de Coimbra, Padres Canova, Celato e Corradini, puseram logo os olhos numa casa rural, com sinais de senhorilidade, e muros acastelados, à beira da estrada, na periferia da cidade, com primeiro andar, já bastante deteriorada, cujos donos se tinham retirado para a cidade, alugando-a a um caseiro para o cultivo de uma quinta anexa de pouco mais de cinco hectares, com bastantes árvores de fruta” (Apontamentos do Padre Corradini do Livro das crónicas da Casa). Logo se passou ao sonho e aos projectos de compra, que surtiram o desejado efeito.
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comunidades – 15
A abertura oficial foi, pois, a 15 de Outubro, num clima de extrema pobreza, mas de muito entusiasmo. A 4 de Novembro, celebrou-se a primeira Missa na nova Casa, e nesse mesmo dia entrou o primeiro seminarista, “um certo António”. No dia seguinte começaram as aulas para esse único aluno, com o P.e Celato e o P.e Manuel de Gouveia a ensinarem todas as disciplinas! A 16 de Novembro entrará o segundo apostolinho, de nome Leonardo; a 18 de Dezembro, o Bispo da diocese visitará a nova Obra e na vigília do Natal desse ano de 1953, os apostolinhos passam para três; o quarto – um Fernando – chegará a 4 de Janeiro de 1954. E assim, a contagotas, foi crescendo o grupo de alunos. No início do ano lectivo 1954-1955, os alunos já são 15 e, no início do ano seguinte, 27. No último ano que a Casa funcionou como Escola Apostólica, no início do ano lectivo 1958-1959, os apostolinhos eram 29 em Aveiro e 35 na sua Casa filial do Porto, entretanto aberta na Rua Azevedo Coutinho, à Boavista. Em Setembro de 1959, a Escola Apostólica do Continente passará a funcionar exclusivamente na dita sede do Porto, para em Aveiro funcionar o Noviciado. Nesse ano, o primeiro do noviciado dehoniano em Portugal, os noviços eram 8 e o primeiro Mestre de Noviços foi o P.e António Colombi.
Pela Casa do Sagrado Coração de Jesus de Aveiro passaram, desde 1959, os sucessivos grupos de noviços da presença dehoniana em Portugal. Em 1983-1984, foi contruída uma casa nova, ficando na forma actual. Parte do terreno e a casa antiga foram vendidos para permitir a construção da nova. A Casa de Aveiro tornou-se assim o centro espiritual da Província Portuguesa dehoniana. Ali se prepararam para professar os candidatos a entrar nela; ali se celebram retiros e outras acções de formação permanente. Os religiosos da Comunidade colaboram na pastoral diocesana, nomeadamente na paróquia de Esgueira e, desde Outubro de 1989, têm a responsabilidade da paróquia de Eixo. No vizinho cemitério da paróquia de Esgueira encontra-se a Capela Funerária da Província portuguesa dos Dehonianos. Nela estão sepultados os pioneiros e demais Dehonianos falecidos no Continente, qual fonte de inspiração e garantia de protecção para as novas gerações que lhes dão continuidade na irradiação do carisma dehoniano em Portugal.
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João Chaves
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16 – vinde e vereis É cómoda a segurança de quem pensa que já viu e já sabe tudo
“Vinde e vereis” – sempre!
Depois deste lapso de tempo em que alguns, se não todos, pudemos fazer uma pausa nas nossas vidas, para refazer as forças e certamente também para reencontrar o equilíbrio, voltamos ao ritmo normal das coisas rotineiras que, apesar de tudo, bom seria que o não fossem. Sim. Porque é de nós que depende fazer daquilo que por natureza se repete com a cadência monótona das coisas sempre iguais, algo sempre novo e gerador de novos entusiasmos. Também o “Vinde e vereis” sistematicamente trazido à colação em cada mês que passa pode e deve conhecer a marca da novidade. É de nós que depende, repito. Daí o convite, a meu ver justificado, a passar os olhos por cima destas linhas numa atitude que vá para além da simples curiosidade (“deixa ver o que diz desta vez”). Atitude, espero eu, de disponibilidade verdadeiramente espiritual, mais do que meramente psicológica. Disponibilidade semelhante à de Francisco Xavier que, confrontado com as reiteradas (e, porventura “chatas”) invectivas de Inácio de Loiola, finalmente despertou para a realidade de um chamamento que persistia em ignorar. E tinha já as suas certezas, a sua orientação de vida, os seus objectivos e ambições bem definidos. E não lhe faltava capacidade mental para fundamentar racionalmente as mesmas certezas e os mesmos objectivos e ambições. Mas, um dia, algo mudou. E não foi certamente o repto sempre repetido e insistente: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” A mudança, a novidade, não se deu a esse nível. Penso não ser difícil intuir onde realmente aconteceu. Pois bem: é a essa novidade ao nível a que ela deve acontecer que convido cada um dos que nos confrontamos mais uma vez – e certamente continuaremos a confrontar-nos – com o “vinde e vereis” de cada um dos meses que se seguem e de sempre. Porque a verdade é esta: estamos todos tão seguros das nossas preferências e escolhas, que afastamos para longe como tentação perigosa qualquer hipótese de mudança, qualquer apelo que possa perturbar a cómoda segurança de quem pensa que já viu tudo, já sabe tudo. E fazemos finca-pé no que nos parece a maior certeza do mundo. Até porque não admitimos ser, nem sequer parecer, cata-ventos sujeitos ao capricho do momento que passa. Fomos encaminhando a vida conforme melhor nos parecia (ou nos convinha) alheios, sabe Deus se deliberadamente e por conveniência, ao sopro suave e discreto do Espírito que, em determinados momentos, terá soprado alternativas para as quais não estávamos virados. À primeira vista, o “Vinde e vereis” é o de sempre, mas vai requerendo, da parte de cada um dos seus destinatários, constante atenção e renovada abertura interior, na linha daquele apelo que é palavra revelada: “Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações”. “Hoje”, admitindo naturalmente que tenha havido um “ontem”, muitos “ontens”, aliás. Mas o que interessa, de facto, é o “hoje”, o “hoje” que nunca sabemos quando será.
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Fernando Ribeiro
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nas mãos de Deus – 17 Dehoniano, bispo de Jujuy, no noroeste da Argentina
D. Marcelo Palentini: um pastor segundo o Bom Pastor
A enfermidade que manifestou-se em Dezembro passado, um tumor cerebral. Faleceu na tarde de domingo, 18 de Setembro, o bispo de Jujuy, na Argentina, D. Marcelo Palentini. Os jornais da cidade falam de milhares de fiéis que acompanharam o funeral. As pessoas manifestaram grande estima pelo seu pastor, que abriu muitos canais de participação e teve um empenho activo nos quatro pontos cardiais da diocese. Era visto como bispo missionário, sempre atento às necessidades da evangelização e dos problemas sociais. Muitas vezes interveio nos conflitos sociais, tantas vezes desenvolvendo o papel de mediador, privilegiando atenção aos mais pobres e excluídos da sociedade. O governador da Província e o presidente da cidade declararam um dia de repouso administrativo e escolar, e três dias de luto oficial. O bispo, de facto, era muito estimado pela gente simples, pelos fiéis e pelo clero. Também as autoridades civis reconhecem o importante papel que desenvolveu nos 16 anos em que trabalho na diocese, como pastor no meio das pessoas e como defensor dos pobres. Alguns testemunhos dizem: “Agora está em paz, nos últimos meses sofreu muito”, “a sua alegria deve permanecer nesta igreja”, “guiou o seu rebanho e devemos continuar este caminho”, “todos sabemos da dedicação e do constante caminhar do ‘padre Marcelo’, que desde a chegada a Jujuy mostrou a sua profunda identificação com um povo que sempre qualificou como profundamente religioso”. O governador da Província disse: “Deixou uma marca em cada um de nós, difícil de esquecer”. Padre Marcelo – preferia ser chamado assim, deixando de parte mesmo depois de bispo os títulos eclesiásticos – nasceu em Caldogno (Vicenza), Italia, a 17 de Setembro de 1943. Fez os estudo na Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração na Província Italiana, a primeira profissão a 29 de Setembro de 1959, a ordenação sacerdotal a 27 de Junho de 1970. Enviado como missionário para a Argentina, desenvolveu o seu trabalho em diversas comunidades, e na paróquia de Gen. San Martín, diocese de Resistencia, mostrou todas as suas qualidades de pastor. Eleito bispo de Jujuy, dedicou os últimos 16 anos a esta igreja. Na Conferência Nacional dos bispos era membro da Comissão Missionária da Ajuda às Regiões mais necessitadas e delegado da Região Pastoral do Noroeste Argentino. No dia 29 de Setembro celebraria o 50.º aniversário de profissão religiosa com alguns colegas de profissão: Attilio Zorzetti (provincial), Virginio Bressanelli (bispo coadjutor de Neuquén), Rino Venturini (Superior da comunidade do Vietname), Francesco Bellini (ecónomo da província de Moçambique). Peçamos ao Senhor que conceda ao seu servo fiel a vida definitiva na comunhão eterna, e demos graças por ter dado à congregação e à Igreja este confrade sempre desejoso de ser pastor segundo o Coração do Bom Pastor.
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www.dehonianos.org
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18 – jornadas missionárias Voluntariado e Missão
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Jornadas Missionárias
CONCLUSÕES “Voluntariado e Missão” foi o tema desenvolvido pelas Jornadas Missionárias 2011. Realizaram-se em Fátima de 16 a 18 de Setembro, no Convívio de S. Agostinho, com a participação de cerca de 400 pessoas. O tema foi motivado pelo Ano Europeu do Voluntariado e inspirado pela Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o voluntariado. As linhas de força do voluntariado social, pastoral e missionário foram aprofundadas por meio de conferências, experiências de vida e celebrações litúrgicas. Constatamos que, ao longo da história da Humanidade e da Igreja, a maioria dos serviços, associações e causas têm funcionado e ainda funcionam graças ao serviço dedicado, voluntário e anónimo dum número incontável de pessoas. Nos últimos 20 anos, em Portugal, começaram a surgir organizações cujo único objetivo é promover, formar e enviar voluntários, de curta ou longa duração, para uma Missão específica. Na Igreja, é a Fundação Fé e Cooperação (FEC) que coordena a plataforma do voluntariado missionário. Sintetizamos a partilha e a reflexão destas Jornadas num decálogo do voluntariado missionário. SER VOLUNTÁRIO É: 1. Encontrar na Fé e identidade com Cristo a verdadeira motivação para fazer voluntariado, perto ou longe, na Igreja ou na sociedade. 2. Continuar a Missão de Jesus, por meio do próprio testemunho e coerência de vida, contribuindo assim para a construção do Reino de Deus no mundo. 3. Exercer a cidadania, baseada na corresponsabilidade pelo bem comum e universal. 4. Fazer a diferença profética, num mundo centrado no bem pessoal, no lucro e na exploração do outro e da natureza. 5. Viver numa atitude de abertura aos desafios do mundo, mais do que procurar acções e experiências pontuais. 6. Ter uma nova consciência social, motivada pelo amor ao próximo e não pela necessidade de resolver os próprios problemas. 7. Viver em formação permanente e específica para melhor poder servir com qualidade e sustentabilidade. 8. Criar relações de vizinhança, fundadas no respeito e na solidariedade entre irmãos, iguais na dignidade, mas diferentes nas necessidades. 9. Aprender a trabalhar em equipa e em rede, criando comunhão e promovendo solidariedade local e global. 10. Acreditar que quem quer partilhar a vida e o seu tempo gratuitamente sempre arranja maneira, pois é dando que se recebe; mas quem vive para si mesmo sempre arranja desculpas. Os participantes pedem aos nossos governantes que promovam o voluntariado e lhe dêem um enquadramento jurídico que proteja o voluntário empresarial da exploração, apoie o voluntariado de longa duração no regresso ao trabalho remunerado e incentive os jovens à prática do voluntariado como raiz de mudança social. As próximas Jornadas Missionárias serão em Fátima, de 14 a 16 de Setembro de 2012. Fátima, 18 de Setembro de 2011
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Obras Missionárias Pontifícias – Portugal
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família dehoniana – 19 Conselho Nacional da Família Dehoniana
Família Dehoniana em Portugal (re)unida
1. Famílias religiosas As famílias religiosas são um fenómeno universal ao ponto de o papa João Paulo II se referir na Vita Consecrata que se iniciou um novo capítulo, rico de experiências na história da relação entre as pessoas consagradas e os leigos (n.º 54). Este fenómeno está marcado por novos caminhos de comunhão e de colaboração que devem ser estimulados (n.º 55). Não são caminhos em que há uma relação sacristão-prior, de subserviência, mas de colaboração equilibrada e de consideração. João Paulo II refere que os estados de vida estão interligados e ordenam-se uns para os outros… estão ao serviço do crescimento da Igreja (Cf. ChL n.º 55). 2. P. Dehon e a família dehoniana No Padre Dehon, encontramos já um embrião da Família Dehoniana. O Padre Dehon teve sempre a preocupação de associar ao seu projecto os leigos (Dehoniana, 1984, 64, 232-235). A Associação Reparadora começa ao mesmo tempo que a Congregação em 1878, incluindo associados e agregados, entre os quais a mãe do Padre Dehon. Desde o princípio da Congregação, o Padre Dehon fala sempre na presença de padres diocesanos e leigos associados (Dehoniana, 2001, 1,54). Em 1923, a Associação toma o nome de Adveniat Regnum Tuum, juntando mais de 50 000 pessoas para orar e sacrificar-se pela difusão do Reino de Deus, pelo triunfo da Igreja, e pelo aumento de vocações sacerdotais e missionárias. 3.Conselho Nacional da Família Dehoniana Realizou-se a 18 de Setembro no Seminário de Alfragide, da parte da manhã, antecedendo um encontro informal do Conselho alargado, à tarde, com o Superior Geral da Congregação, o P.e José Ornelas Carvalho. Entre outras coisas, o conselho aprovou o novo Secretariado Nacional da Família Dehoniana em Portugal: P.e Paulo Vieira, Emília Meireles, Serafina Ribeiro, casal Freire e um jovem. O Secretariado passa a reunir-se no Porto. Aprovou ainda oficialmente a seguinte oração para toda a família dehoniana: Agradecemos-Te, ó Pai por enriqueceres a Tua Igreja com a Família Dehoniana. Agradecemos-Te, também, a nossa vida e a nossa família. Com o Padre Dehon, torna-nos profetas e servidores da reconciliação no Coração de Teu Filho. Faz com que o seu caminho seja seguido, na vida consagrada e na vida laical, por discípulos que levem ao mundo a alegria do Teu Evangelho. Concede que a nossa vida seja uma oblação agradável a Ti pela salvação do mundo. Amém.
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Adérito Barbosa
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20 – meias-doses de saber O sucesso contemporâneo de uma ideia medieval
O fascínio da u
Hoje, a Universidade tornou-se uma das grandes metas da sociedade contemporânea. Centros de formação e desenvolvimento, quase todos os jovens sonham ir para a Universidade e todas as terras desejariam ter uma universidade. Hoje há um fascínio poderoso em torno da universidade, um modelo de ensino que tem as suas origens na Idade Média.
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a realidade, pouca gente tem consciência, mas há coisas extraordinárias que hoje existem e resistem ao tempo que têm a sua origem naqueles mil anos de história muito desvalorizados pela propaganda antimedieval que nos foi ensinada nas escolas. Stephan d’Irsay escrevia que a Universidade foi talvez o mais importante e extraordinário dos monumentos que a Idade Média nos legou, ao lado das catedrais e até das primeiras experiências de democracia no seio de certas instituições da Igreja, como foi o caso das Ordens Religiosas. A Ideia de Universidade encerra, na sua origem medieval, um projeto utópico de humanismo e conhecimento. O conceito de Universitas (Universidade) propugna a configuração de um espaço de liberdade para desenvolver as potencialidades da inteligência humana ao serviço da procura da verdade pelo estudo aprofundado e pela reflexão liberta de peias e preconceitos avassaladores. A Universidade foi concebida como um espaço ecuménico por natureza e por missão, considerando todos os homens e todos os caminhos, embora o fim fosse a constante procura do Sentido. Nenhuma teoria, nenhuma doutrina, nenhum filósofo ou teólogo lhe deveria ser estranho. Tinha a missão de dialogar com todos e admitir todos neste espaço de discussão, confronto de ideias e de procuras. A procura da verdade era o fim, por isso todas as verdades deveriam ser tidas em conta, embora depois se propusesse um caminho
O conceito de Universidade propugna a configuração de um espaço de liberdade para desenvolver as potencialidades.
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entre o emaranhado de vias que as doutrinas humanas sempre apontam. Entendia-se que esta liberdade para acolher e para debater era a condição de base em ordem a testar as possibilidades da inteligência humana e colocá-la ao serviço de um ideal de conhecimento universal, onde todos os saberes fossem testados numa relação dialógica e crítica. O princípio da Universidade é, pois, o princípio da interdisciplinaridade que não pretendia então formar em primeiro lugar um especialista, mas, no limite, um sábio, alguém que detivesse um conhecimento amplo e integrado. Sob patrocínio papal criaram-se, há oitocentos anos, os primeiros Estudos Gerais (Studium Generale) que estão na base das Universidades, com o intuito de realizar estudos das disciplinas-mestras primeiramente para servir a economia de sentido medieval (Teologia e Filosofia), em nome de uma pesquisa/gosto pelo saber que transvasava a outras áreas importantes. Garantia-se assim o desenvolvimento de conhecimentos e pre-
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meias-doses de saber – 21
a universidade parava-se quadros competentes para qualificar as estruturas da Igreja e do Estado (Direito Canónico e Civil), quer ainda para o bem do homem e da sociedade (Medicina, Astronomia…). No topo estava sempre a função sublime da Universidade que era o ofício de questionamento, reflexão/descoberta, no fundo de abrir caminho. Decorria daqui outras missões que implicavam o desenvolvimento de saberes e competências em áreas que teriam depois uma aplicação, diríamos hoje, mais prática. A formação nesta época medieval organizava-se em Escolas Menores (scholae minores) e Escolas Maiores (scholae majores). Nas primeiras, que corresponderiam hoje grosso modo ao nosso ensino universitário, ensinavam-se as 7 artes liberais, divididas em dois grupos: o trivium e o quadrivium. A tríada disciplinar visava ensinar a bem escrever, a bem falar e a bem pensar: Gramática, Retórica, Lógica. As outras quatro disciplinas orientavamse mais para o desenvolvimento de competência com aplicação ao serviço do homem e da sociedade: Aritmética, Geometria, Astronomia e Música. As universidades mais antigas conhecem o seu nascimento em Bolonha, em Paris, em Oxford, em Cambridge, mas também em Salamanca, em Alcalá de Henares, em Lisboa e Coimbra, prestigiando essas cidades e tornando-as centros de investigação, cultura e reflexão avançados. A criação na Baixa Idade Média das universidades é, entre outras criações medievais, um dos argumentos que mais fortemente permite desconstruir o mito negro que, desde o período do Iluminismo, se ergueu em torno da “longa noite medieval” como mil anos de obscurantismo e atraso à sombra da Igreja. Com efeito, o projeto medieval de Universidade não só perdurou no tempo da Europa Cristã, onde foi gerado à sombra das escolas catedralícias, canonicais e monásticas, como se globalizou a partir do dealbar na modernidade graças à expansão
A criação das universidades desconstrói o mito negro da “longa noite medieval” do obscurantismo e atraso à sombra da Igreja.
política, religiosa e educativa europeia, sendo hoje um dois mais prestigiados factores para medir o progresso dos povos: a existência de ensino universitário com dimensão e qualidade. A Universidade nasce no momento do regresso à cidade, no contexto do século XII, considerado uma espécie de renascimento dentro da Idade Média, com o revigoramento do comércio e o ressurgimento dos burgos, iniciando um movimento contrário ao do início da época medieval: deslocação de populações do campo para a cidade e formação dos primeiros aglomerados urbanos. Esse movimento lento então iniciado conhece nos nossos dias o seu momento de exorbitação nas megapolis dos países populosos do mundo. Desde os Estados Unidos à China, desde o Brasil à Austrália, desde a Europa à África, a Universidade tornou-se uma instituição global enquanto centro de produção de conhecimento, de creditação de competências, de preparação qualificada para a vida profissional ao mais alto nível. Um país que hoje em dia não tenha ensino universitário, ou que o tenha de forma muito limitada, é um país catalogado nos degraus mais baixos da escala dos países evoluídos. Realmente a ideia medieval de universidade transformou-se em grelha de creditação do progresso dos povos contraditando a tese, durante muitos anos ensinada nas nossas escolas e que ficou impressa na mentalidade vulgar, de que os Medievais em nada contribuiram para o progresso da Humanidade. Hoje espera-se que a Universidade não sejam mera escola de formação profissional, como muitos querem torná-la, para atender ao exigente mercado de trabalho marcado pela ditadura da finança, mas, em primeiro lugar, espera-se que corresponda ao seu ideal de fundação: formar o homem todo em todas as dimensões, esperando oferecendo-lhe um sentido profundo para vida.
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Eduardo Franco
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22 – pedras vivas Gente voluntária, jovem, bonita, simpática, sorridente...
Duas pedras vivas:
Dona Céu
Para quem só agora entra a fazer parte desta família, cuja marca de água é a valentia, esclareço que nestas minhas duas (às vezes uma) páginas falo de pessoas ou de grupos de pessoas que vão passando pela minha vida e que me causam admiração, me deixam vontade de as imitar.
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o iniciarmos mais um ano de actividades escolares, laborais e também espirituais, desejo a todos os nossos amáveis leitores, um ano coroado de êxitos: Com grande sucesso laboral, com bons resultados lectivos e com muita santidade. Para quem só agora entra a fazer parte desta família, cuja marca de água é a valentia, esclareço que nestas minhas duas (às vezes uma) páginas falo de pessoas ou de grupos de pessoas que vão passando pela minha vida e que me causam admiração, me deixam vontade de as imitar, ou são mesmo gente de quem a história deveria rezar, porque são fortes e é dos fracos de quem a história não reza. Infelizmente, também não fala de muita gente forte, porque não são dos notáveis que o mundo, a política, a arte e até a literatura credenciam… Infelizmente, disse, porque muita desta gente de que aqui vou falando, mereceria muito mais honra, glória e notoriedade. Mas tê-la-ão, no Reino da Justiça, que não é deste mundo, mas que também ajudam a construir. Desta vez falo-te de duas pessoas: A Maria do Céu, Presidente do Grupo Missionário Dehoniano de Carnaxide e o Joaquim Mota, cooperador do Grupo Missionário de Maureles. Começo pela Céu (que é doutora, mas que gosta apenas de ser a Céu). Já falei nela uma vez, pelo que não vou repetir o que então disse, mas resumo: Pessoa muito organizada, sensata, prudente (a lembrar a parábola evangélica das virgens insensatas, que levam lâmpadas acesas para a viagem, mas não levam azeite para recarregarem as lâmpadas e das prudentes que levam azeite para quando elas estiverem a apagar-se …), generosa e de uma dedicação ao próximo fora do comum (quase exagerado…). Desta vez falo-te dela a respeito da viagem que em Agosto passado fiz, com um excelente grupo de 50 “Amigos das Missões e de Betânia”, à Escandinávia (Dinamarca, Noruega e Suécia). Para um destino de eleição como este, não poderia ter conseguido melhor grupo. Vinte e nove juntaram-se no aeroporto de Lisboa (eram da Madeira, do Algarve, Alentejo, Lisboa e arredores, Guarda, Coimbra e Bragança e… de França). Os restantes, partimos
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do Porto e juntámo-nos a eles em Lisboa. A partir daí, os grupos e as terras acabaram e fomos o grupo Betânia. Também gosto de lembrar que não sou agente nem sequer um qualquer organizador de viagens. Não, senhor. Sou peregrino e organizo peregrinações, com a mesma finalidade com que faço tudo o resto na minha vida de Padre Dehoniano: Construir nas almas e nas sociedades o Reinado do Coração de Cristo. Neste momento, a minha actividade manifesta-se em dois sectores distintos, mas complementares: Dirigir Betânia, um Centro Dehoniano de Espiritualidade e fazer animação missionária. A Céu sabia disso. Ela sabia que, mesmo nestas viagens, celebro missa todos os dias e organizo
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pedras vivas – 23
Sr. Mota
diversos momentos de oração, que o lucro que resulta do trabalho de angariação do grupo e da gratuidade que a agência dá quando se atinge determinado número, é para as missões. Ela sabia. E por isso se empenhou tanto em falar da viagem aos seus amigos e conhecidos. Com a sua simpatia e amizade, conseguiu juntar a ela mais 15 pessoas (e só não foram mais porque, entretanto, o grupo ficou completo), para serem peregrinos connosco.
Para as missões, apesar do preço imbatível que conseguimos sem diminuir a qualidade do serviço, ficaram cerca de 6000 euros. Assim, a Céu, que foi a fundadora do grupo Missionário de Carnaxide e é sua presidente, mostrou quanto está ama a causa e de quanto é capaz pelas missões. Foi, mais uma vez, uma grande Pedra Viva. O Sr. Mota é a segunda Pedra Viva deste mês. Não por ser menos importante, porque foi um grande homem, um grande amigo pessoal e um grande amigo das missões. Aos 90 anos ainda subia aos telhados, andava pelos campos e ia fazendo isto e mais aquilo. Parado é que não estava “que a vida é para se viver”, como gostava de dizer. E à noite, porque ouvia menos bem e também porque raramente havia na televisão programa que lhe enchesse a alma, dedicava-se à leitura. E se gostava mesmo dum livro ou dum autor (O Pe Vaz Pinto, Jesuíta, era o seu preferido), lia e relia, sem se cansar. Sabiam disso os filhos e os amigos que, a terem que lhe dar alguma prenda, logo pensavam em livros. Faleceu em Agosto passado, durante a minha viagem à Escandinávia, pelo que não pude ir ao seu funeral. Mas onde estava, na missa desse dia, evoquei a sua memória e rezei pelo seu eterno descanso. E agora, ao pensar em Pedras Vivas, lembrei-me de que tinha prometido a mim mesmo que havia de falar dele, mas indo escutá-lo, porque dava gosto ouvi-lo, para partilhar com os leitores a sua sabedoria. Só Deus sabe quanto lamento ter chegado tarde, que ele era uma Pedra Viva de muito valor, lá isso era. E só por isso quis falar dele, porque a sua longa vida e o aproveitamento que dela sabia fazer em cada instante, é uma grande lição. Pelo menos para mim.
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António Augusto
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24 – espaço escola O estudo exige um ambiente tranquilo
Quero ser feliz! A
s férias terminaram e a escola recomeçou. O mês de setembro marcou, uma vez mais, o reinício de uma etapa importante da tua formação! Em casa, em família, com os amigos, vizinhos, e todos os colegas da escola, a amizade não tem fronteiras nem obstáculos. Desde que uns e outros se respeitem mutuamente, a relação e atenção, o convívio e a educação tornarão sinceras as amizades, a entreajuda e a solidariedade entre todos. Querer ser feliz é dever de cada um individualmente, de todo o agregado familiar, e de todos os alunos na escola. Para ser um bom aluno terás de ser persistente, trabalhador, metódico e muito esforçado nos trabalhos letivos. Nunca deixes tarefas para cumprir “no dia seguinte” ou, apenas, na véspera dos testes. Na sala de aula, escuta com atenção o que te explicam os professores e, se ficares com dúvidas, não tenhas vergonha de pedir ao professor que te dê uma “ajudinha” até que tenhas compreendido a explicação. Sê educado e delicado com os professores, com os colegas e com os funcionários. Verás que terás êxito! Ouve com atenção, estuda, pesquisa, sê curioso sempre: pergunta, participa, interessa-te, faz por conhecer tudo o que tiveres oportunidade e tempo; não faças barulho e desordem; reserva, no mínimo, uma hora e meia diária de estudo; outra hora só para pesquisas na Internet sobre os trabalhos e outros assuntos escolares. Tenta estudar com um colega interessado, pois poderás partilhar ideias, esclarecer dúvidas e ajudá-lo bem como ele te ajudará. Nunca deixes de cumprir integralmente as obrigações, tais como ser pontual, não conversar na sala de aula, estar atento e não perguntar o que já sabes, cumprir os trabalhos de casa, estudar as lições. Estudar nada mais é do que fazer uma leitura contínua e repetida do mesmo assunto, sobre o qual poderás anotar as ideias mais importantes. Na escola, deverás apresentar-te sempre asseado e não dependeres do material alheio. Em casa, que o teu horário seja rigoroso e os deveres bem feitos. Durante o teu estudo, concentra-te, não recebas visitas nessa hora (não atendas o telefone nem o telemóvel, esses instrumentos úteis, mas facilmente tiranos!).
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Querer ser feliz é dever de cada um individualmente, de todo agregado familiar, e de todos os alunos na escola.
O estudo exige um ambiente sossegado, enquanto estudas, a fim de aproveitares ao máximo o estudo. Não queiras avolumar o grupo dos vencidos ou dos que não têm perspetivas de sucesso e não querem vencer a ignorância. Se puderes, ajuda os colegas com problemas, não ignores as suas dúvidas; oferece-lhes a tua ajuda. Na aula, presta atenção: aos conteúdos, e apenas a estes: a sala de aula não é o local indicado para a dispersão ou desatenção. Se queres saber das últimas novas modas e dar conta delas, estás no lugar errado ou, no mínimo, na hora errada, espera pelo intervalo! Quando não endenderes algum ponto da matéria, tem a coragem de pedir uma explicação sobre o que não entendeste. Faz os exercícios e partilha com os colegas dúvidas e certezas. Respeita os teus professores, eles estão ali para dar o seu melhor, só que também são gente e têm limites de paciência, acredita pode ser divertido! Tenta ser bom em casa: um filho obediente, amável, educado, pois a educação aprende-se primeiro em casa, depois na escola. Vai pensando no que desejas ser e fazer no teu futuro profissional.
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espaço escola – 25
O teu motor de ignição é o hoje e ele não mais votará.
É nos bancos da escola que se prepara o plano de vida.O estudo é para isso também, além, claro, de contribuir para o bom relacionamento social. Respeita os colegas, os professores e os funcionários da escola; sê pontual e participa da disciplina que está a ser administrada. Muitos jovens tornam-se péssimos alunos porque pegam nos livros, mas não os leem e, na hora de uma aula expositiva, não sabem dar a sua opinião. Não faltes às aulas a não ser por qualquer problema grave; ouve, fala, sê sempre um estudante ativo e intervemiente.
Não tenhas medo de não ser feliz! Sê-lo-ás sempre que cumprires os teus deveres, resistires com independência às solicitações de quem te quiser desviar por maus caminhos. O teu próprio motor de ignição será o dia de hoje e jamais voltará! Não desperdices esse tempo, pois todos nós o escolhemos para ser felizes! (Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico.)
PENSAR Querer ser feliz na escola é meio caminho •andado para o êxito
Se puderes, ajuda os colegas com problemas, não ignores as suas dúvidas; oferece-lhes a tua ajuda.
• Respeita colegas, professores e demais trabalhadores da Escola!
entusiasta e alegre, participando em todas •asSêatividades propostas
• Aprende a ser feliz na escola!
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Manuel Mendes
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26 – leituras
A reconstrução da espiritualidade humaniza
espiritualidade num mund O nosso mundo…
Acaba de sair um livro de Fernando Bermúdez López, intitulado: Espiritualidade num mundo globalizado. Um desafio ético profético.
Estamos a viver a nível mundial um fenómeno enorme de globalização e de complexidade: um mundo submetido à especulação financeira. É evidente que esta submissão vai obrigar que todas as instituições idolatrem a economia (competitividade, produção, consumo, compra e venda). Ainda mais grave é o facto de um sector minoritário dominar a economia, e a maior parte da humanidade acarreta com consequências nada agradáveis: pobreza, fome, mortalidade infantil, emigrações…Nunca houve tanta riqueza assim como nunca houve tanta fome. Os critérios do sistema são a ambição económica, a competitividade selvagem, a privatização dos serviços públicos, o livre mercado e a especulação. As expressões destes critérios são o consumismo descontrolado, o materialismo, o narcisismo, o hedonismo, a superficialidade e a crescente falta de sentido da vida. O individualismo opõe-se à solidariedade; a descriminação à fraternidade; a guerra ao diálogo e à paz; o desenvolvimento selvagem ao desenvolvimento humano; o desespero sobre a esperança. Espiritualidade… Entrámos numa espiral desumanizante, carente de ética e espiritualidade, que se manifesta num desequilíbrio dos diversos sectores. Neste contexto, surge a necessidade de reconstruir a espiritualidade para humanizar e transformar a realidade. É que, no mundo globalizado, é necessária uma sólida e profunda espiritualidade. Dizia Leonardo Boff que a espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma transformação interior. O homem e a mulher de espírito estão atentos à realidade concreta, vivem em permanente vigilância. Observam à luz da fé o que acontece à sua volta com um espírito contemplativo, dão sentido à vida, à história.
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undo globalizado Reconstruir a espiritualidade
Se vivermos mergulhados na sociedade do ter, poder e prazer, esquecendo o crescimento humano e espiritual, não passamos de uma superfície superficialmente superficial. Necessitamos de tomar consciência da nossa realidade concreta (o momento que vivemos, onde estamos, onde queremos ir, como queremos ir). Necessitamos de libertar-nos do sistema de destruição e de morte para recuperar o sentido da vida e viver com sinais de vida. Necessitamos de descobrir e traçar um sentido novo, mais limpo, mais feliz, mais esperançador e mais espiritual. Necessitamos de viver a vida sem ambição de lucro e de poder, reconstruir o espírito de justiça, de solidariedade, de ternura e de gratuitidade contemplativa. É que o homem não está feito para a produção e para o mercado, mas a produção e o mercado para o homem. Como refere a doutrina social da Igreja, o ser humano é o centro de toda a actividade social e económica. A espiritualidade é um espírito, uma força, um estilo que impregna toda a vida de uma pessoa, uma paixão que arrasta. Dizia o bispo Pedro Casaldáliga que a espiritualidade é a dimensão de mais profunda qualidade que tem o ser humano, sem a qual não seria pessoa humana. A espiritualidade exige que demos uma resposta ao que vivemos, a partir da nossa interioridade única e irrepetível que somos nós. É que não há ninguém igual física e interiormente. Cada um tem uma profunda riqueza interior que na maior parte das vezes, não se consegue descobrir em toda a sua profundidade.
É necessário reconstruir a espiritualidade no coração da História. É necessário que a espiritualidade esteja incarnada na realidade, no quotidiano. Não podemos dividir a História em sagrada e profana. Há só uma História e é a história dos povos. E é nesta História que se manifesta o espírito de Deus. O Deus da Revelação actuou na libertação do povo de Israel. O acontecimento do Êxodo é uma libertação da escravidão, da exploração, da descriminação, em que estava submetido o Povo de Israel no Egipto. O autor… O autor deste livro baseou-se na sua experiência missionária durante 30 anos na Guatemala. Viu muita gente morrer com tiros e com fome. Observou o sofrimento humano, a injustiça e a crueldade de determinados governos. No entanto, segundo ainda Fernando Bermúdez, o povo da América Latina deu-lhe o exemplo de uma fé simples, de capacidade de resistência, de luta e de esperança. Ensinou-lhe ainda a luta pela dignidade humana, pelos direitos humanos, pela justiça. Aprendeu ainda… Aprendeu a não perder a esperança e ter paciência histórica. Aprendeu que não é preciso muito para sermos felizes. Aprendeu que a felicidade não depende do ter, mas do ser. Aprendeu o que significa a vida comunitária em fraternidade, o espírito de acolhimento e a gratuitidade. Aprendeu a ser evangelizado pelos pobres. A espiritualidade é então a vivência do encontro com o Deus de Jesus Cristo
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Adérito Barbosa
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28 – sobre a bíblia O quarto evangelho situa-se na relação de João com Jesus
João: o evangelho d
Ao longo da história do Cristianismo, foram vários os teólogos, exegetas e santos que se deixaram marcar pelo quarto evangelho do cânone do Novo Testamento, ou seja, de São João. Destes destacaríamos os comentários de Santo Agostinho; mais perto de nós, salientaria – de acordo com a nossa tradição espiritual – o deleite do Padre Dehon por São João e pela sua obra, chegando mesmo a deixar o “discípulo amado” como modelo para os Dehonianos. Já mais recentemente, uma figura como o cardeal Carlo M. Martini haveria de denominar o autor do quarto evangelho como “o amigo”, ao lado de outros discípulos a quem classifica: “Pedro é a figura do guia, a rocha; Natanael é o estudante; Tomé, o crítico…”.
A diferença do quarto evangelho Inquieta-nos uma pergunta: donde vem a diferença deste evangelho que tanto fascínio suscita? Teremos bem presente que, num dos anteriores artigos, se disse que os outros três evangelhos – de Mateus, Marcos e Lucas – são os chamados sinópticos; o de João fica de fora dessa distinção. Estaremos, então, diante de um evangelho diferente que não condiz em nada com os anteriores? Novamente, me sirvo da ajuda do cardeal Martini que, nas suas “Conversas Nocturnas em Jerusalém” aventa esta resposta cheia de poesia: “Sabendo como outros evangelistas tinham escrito a vida de Jesus, ele escreveu um evangelho totalmente diferente. Com o seu amor via as coisas de uma maneira mais profunda. Ele, como nenhum outro, tinha perscrutado o coração de Jesus e, por isso, ofereceu-nos um relato do que motivava Jesus no seu mais íntimo. João elegeu com audácia uma forma literária artística para fazer ressaltar as inquietações do coração de Jesus”. A linha de pensamento de Martini – e de outros exegetas – vai no sentido de situar o quarto evangelho nas raízes da relação pessoal de João com Jesus. Na verdade, é o próprio João a mostrar as coisas dessa perspectiva: “Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu. E nós sabemos bem que o seu testemunho é verdadeiro” (Jo 21, 24).
O Padre Dehon deixou o “discípulo amado” como modelo para os Dehonianos.
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Uma lógica do permanecer Não sendo este o lugar para apresentar o curso narrativo e teológico do evangelho joanino, limito-me a dar apenas algumas linhas de força daquilo que me parece classificar o quarto evangelho, sempre nessa vertente da amizade com Jesus como ponto de partida para o texto que nos chegou às mãos. Partindo de três exemplos concretos do Evangelho de São João, podemos dizer que Jesus propõe algo que vai para além de uma amizade simples: propõe que se permaneça nele. Assim, concluímos que há uma lógica do “permanecer” que perpassa o Quarto Evangelho. Comecemos pelo último desses exemplos: a alegoria da videira e as consequências que Jesus propõe para a vida cristã (Jo 15, 1-17). Partindo do exemplo da videira e dos ramos que não podem dar fruto se não permanecerem na videira, Jesus mostra que é necessário que os discípulos permaneçam nele e ele nos discípulos (cf. Jo 15, 4-6). Não precisamos de ir mais longe para entender aquilo de que se trata, uma vez que a comparação que parte de uma realidade bem conhecida de todos nós, mostra bem que as varas secas – separadas da videira, assim como os discípulos separados de Cristo e do seu amor – não podem dar fruto, ou seja, não podem realizar o objectivo. Neste primeiro exemplo, Jesus vai para além de uma amizade neutra e mostra que a amizade que propõe – e que o autor do Quarto Evangelho nos passa – significa estar inseridos nele, numa comunhão de vida que, tal como a seiva das plantas, passa de Jesus, a videira verdadeira, para os discípulos. A mesma realidade passa no discurso do Pão da Vida (Jo 6). Em Jo 6, 56, Jesus mostra que o fruto de comer da sua carne e beber do seu sangue outra coisa não é senão permanecer nele. Se tivermos em conta aquilo que significa a comida e a bebida
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sobre a bíblia – 29
o do amigo de Jesus
“Eles foram e viram onde morava [permanecia] e ficaram [permaneceram] com ele naquele dia” .
(Jo 1, 39)
que nos alimentam – portanto a própria realidade vital que passa do alimento para quem é alimentado – e que essa comida e bebida são a carne e o sangue de Jesus, entendemos que “permanecer” significa “comunhão de vida” dos discípulos com Jesus e deste com eles. Uma vez mais, a comunhão de vida e o “permanecer” são essenciais e mesmo vitais para o discípulo de Cristo. O último exemplo vem do início deste evangelho: no encontro dos primeiros discípulos com Jesus, o narrador diz-nos que “eles foram e viram onde morava [permanecia] e ficaram [permaneceram] com ele naquele dia” (Jo 1, 39). Este exemplo serve de exemplo da aproximação a Jesus que faz de nós – como desses primeiros amigos de Jesus – discípulos dele. Tal como se dizia acima, vai-se para além da simples amizade, para viver como Jesus (para Jesus e para os seus amigos, usa-se o verbo “permanecer”) e ficar com ele.
Uma lógica do ver Se formos consequentes com este último exemplo, verificamos que tudo começa por “ver”. À pergunta dos primeiros discípulos por onde moras [permaneces], Jesus responde com um imperativo: “Vinde e vereis” (Jo 1, 39). O “permanecer” dos discípulos com Jesus é consequência temporal de terem ido ver. Sem “ver”, isto é, sem fazer experiência sensível de Jesus, sem uma aproximação, poderá tornar-se impossível uma amizade completa, ao nível do “permanecer”. Uma vez mais, esta será a experiência do discípulo amado. Para tal, recorro ao uso do verbo “ver” em mais duas ocasiões fundamentais da história de Jesus, a morte e a ressurreição. De facto, é o Quarto Evangelho o único a contar que Jesus fora trespassado pela lança do soldado e que do peito aberto de Jesus terá saído sangue e água, concluindo que “aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro”
(Jo 19, 35); mostra que o seu “ver” é fundamental para a veracidade do testemunho que dá. Já no outro passo, no reconhecimento do túmulo vazio depois do testemunho de Maria Madalena, é Pedro e um outro discípulo, em que reconhecemos o discípulo amado, que vão ao túmulo. Depois de um impasse, entra Pedro e depois o outro discípulo e, uma vez mais, “viu e acreditou” (Jo 20, 8). Assim, cria-se um percurso da fé que terá necessariamente de passar pela experiência visual – mesmo se Jesus declara “felizes os que acreditam sem terem visto” (Jo 20, 29) – e chegar, posteriormente a um momento de estabilidade, manifestado no uso do verbo “permanecer”, sendo que este último é aplicado também a relação de Jesus com o Pai (cf. Jo 15, 10), de modo que a relação do discípulo com Jesus é imagem da relação de Jesus com o seu Pai.
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Ricardo Freire
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30 – reflexo
Vivemos num mundo cada vez mais hostil à Igreja
JMJ e amor aos inimigos Sabias que:
A Jornada Mundial da Juventude é a maior iniciativa juvenil organizada pela Igreja. De 16 a 21 de Agosto podemos acompanhar, ou até mesmo participar neste grande evento que junta actividades religiosas e culturais. Ainda temos na memória tantos testemunhos que manifestam a grandeza desta JMJ. De facto em Madrid viveram-se momentos muito significativos para todos os jovens que estavam lá, assim como para todos os que pelos meios de comunicação e redes sociais acompanharam à distância. Esta JMJ ficará na história pelos números que a envolveram. Maior número de inscrições, presença nas redes sociais, delegações enormes de alguns países. O padre espanhol José María Gil Tamayo, consultor do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (Santa Sé), escreveu que este evento transformou Madrid “no centro juvenil de toda a Igreja Católica”. “Os números deste encontro são tão excepcionais, na sua dimensão, que mesmo do ponto de vista humano fazem com que este acontecimento seja ‘magno’, por si só, e situam-no na primeira linha de todos os eventos mundiais”. Todos os que lá estiveram puderam ouvir as palavras de Bento XVI. Uma vez mais ele nos surpreendeu a todos, se é que podemos dizer que ainda nos surpreende, com os seus discursos, presença e simpatia. É realmente um homem de Deus. A mensagem para os jovens que estavam em Madrid, como para os cristãos do mundo inteiro, foi de assumirem o compromisso de ser verdadeiros cristãos num mundo cheio de adversidades. Ser cristão com coragem, arrojados na vivência da fé. O Papa Bento XVI pediu aos jovens, com insistência que não tivessem medo de enfrentar os perigos de hoje. Com firmeza, união e fé pode-se ajudar a criar um mundo melhor. Vivemos num mundo cada vez mais hostil à Igreja, onde facilmente se valoriza os erros e se esconde o bem. Fica para sempre no nosso co-
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ração as palavras de Bento XVI na vigília de sábado, quando caiu uma intensa chuva e ventos fortes: “Que nenhuma dificuldade vos paralise. Não tinhais medo do mundo, nem do futuro.” Todos as intervenções apontam para um caminho de vivência da fé sem desanimar, apesar das contrariedades e da indiferença da sociedade de hoje. Os jovens devem dar um testemunho de contra corrente, vivendo intensamente o que acreditam, só assim podem responder à cultura de rejeição e de indiferença. Tudo isto será possível se estivermos convencidos que teremos de unir na nossa vida o que acreditamos, o que professamos e o que fazemos. “Face ao relativismo e à mediocridade, surge a necessidade desta radicalidade que testemunha a consagração como uma pertença a Deus” foi o apelo de Bento XVI a todos os religiosos e religiosas. Foram dias intensos, e como disse Bento XVI “vivemos uma aventura juntos”, e deixou-nos um convite e um desafio: “Peço-vos, queridos amigos, que ameis a Igreja, que vos gerou na fé, que vos ajudou a conhecer melhor Cristo, que vos fez descobrir a beleza do Seu amor. Para o crescimento da vossa amizade com Cristo é fundamental reconhecer a importância da vossa feliz inserção nas paróquias, comunidades e movimentos, bem como a participação na Eucaristia de cada domingo, a recepção frequente do sacramento do perdão e o cultivo da oração e a meditação da Palavra de Deus. E, desta amizade com Jesus, nascerá também o impulso que leva a dar testemunho da fé nos mais diversos ambientes, incluindo nos lugares onde prevalece a rejeição ou a indiferença. É impossível encontrar Cristo, e não O dar a conhecer aos outros. Por isso, não guardeis Cristo para vós mesmos. Comunicai aos outros a alegria da vossa fé. O mundo necessita do testemunho da vossa fé; necessita, sem dúvida, de Deus”. Esta é a missão da Igreja e não esqueçamos neste mês que “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós”.
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reflexo – 31
A Palavra de Deus diz: Lc 6, 27-38. Depois de ter anunciado as bem-aventuranças, Jesus dirige-se à multidão que estava com Ele e anuncia um princípio que é uma autêntica provocação: “amai os vossos inimigos…”. Amai, fazei bem, abençoai e orai é o que tem que fazer um que queira ser seu discípulo. O que Jesus nos pede é que deixemos de olhar para os nossos direitos e passar a dar atenção às necessidades dos outros. Bento XVI exorta para que não tenhamos medo. Que às provocações respondamos com amor.
Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Acabaram as férias. A vida volta ao seu ritmo normal. Continua-se a falar de crise. Que propósitos têm para esta nova etapa da tua vida? Que ritmo tens neste momento? Lê o texto de S. Lucas. Jesus diz-nos que não basta não responder ao mal com o mal, à injúria com a injúria, mas é preciso manter a vontade de fazer o bem a todos. Mas isto não é nada fácil. Por isso Jesus recomenda a oração. A oração pelo inimigo é umas das maiores provas de amor. Faz uma oração a Deus.
Tenho de: Jesus convida-nos a partilhar, a amar, a dar e a ir ao encontro dos outros, de modo particular aqueles de quem não gostamos tanto. Quanto mais partilhamos mais sentimos a força do amor de Deus. Ser missionário é amar o outro de todo o coração. Procura neste mês ir ao encontro dos outros, procura alguém que sabes de quem não gostas tanto. Sê testemunha do amor de Deus, não tenhas medo.
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Feliciano Garcês
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32 – sobre a fé A apostolicidade é uma característica essencial e distitiva da verdadeira Igreja
A Igreja é Apostólica
T
erminado o período de férias de Verão, relançam-se as actividades pastorais da Igreja e das suas comunidades. É como que um começar de novo, um reanimar da vida e do testemunho cristão. Neste reacender do empenho cristão, o mês de Outubro surge como um ponto de partida, por ser também o mês dedicado à consciencialização da nossa vocação missionária e à obra de evangelização da Igreja. O Concílio Vaticano II (1962-1965), referindo-se à natureza da Igreja, define-a como “Apostólica”. O mesmo é professado no Credo: “creio na Igreja (…) apostólica”. Neste sentido, referem os documentos da Igreja, a apostolicidade é uma das características essenciais e distintivas da verdadeira Igreja. Portanto, trata-se não só duma nota que diz a sua identidade, mas também indica a sua missão, isto é, a Igreja é apostólica porque as suas origens estão (também) nos apóstolos e no seu testemunho e que, por isso mesmo, ela tem uma missão apostólica, ou seja, é enviada ao mundo para ser sinal e instrumento de salvação e, também por mandato do Senhor, ser luz dos povos.
A Igreja e os Apóstolos Os evangelhos testemunham-nos que Jesus chamou os apóstolos como seus colaboradores mais próximos. Eles eram as suas testemunhas oculares. Após a sua ressurreição, apareceu-lhes repetidas vezes, deu-lhes o Espírito Santo e enviou-os ao mundo como seus mensageiros, entregandolhes os seus mesmos poderes. Nos inícios da Igreja, eles eram a garantia da unidade da fé e da ortodoxia dos costumes. Segundo o evangelho de S. João, é o testemunho do Espírito Santo e dos apóstolos que constituirá a Igreja. Depois da Ascensão, Jesus realiza a Igreja mediante o envio do Paráclito, o Espírito da Verdade, e dos apóstolos. O Espírito como que age no interior e os apóstolos no exterior. Em profunda comunhão, o Espírito Santo e os apóstolos realizam a mesma obra, constituindo a Igreja como Corpo de Cristo e novo Povo de Deus. Em suma, interiormente a Igreja não é mais do que o desenvolvimento no espaço e no tempo do dom do Pentecostes e exteriormente é o desenvolvimento
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visível dos “Doze” apóstolos. Assim como Israel não é povo de Deus senão no desenvolvimento visível das doze tribos de Israel, assim a Igreja não é povo de Deus senão no desenvolvimento dos “Doze” (Cf. Mt 19, 28; Lc 22, 30).
É o testemunho do Espírito Santo e dos apóstolos que constitui a Igreja
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sobre a fé – 33 a Igreja não deve ser pensada em termos de organização; a organização é que deve ser entendida em função da Igreja A sucessão apostólica
A apostolicidade da Igreja
Pelo que foi dito, os apóstolos são como que o fundamento da Igreja e a apostolicidade da Igreja aparece como uma nota que manifesta a unidade da mesma Igreja. Esta unidade, na comunhão do mesmo Espírito do Senhor, desenvolve-se no tempo e realiza-se através duma sequência de testemunhos, de homens concretos, que personificam em cada tempo a missão e o mandato do Senhor. A esta unidade no testemunho damos o nome de sucessão apostólica. Esta expressão significa, a série ininterrupta dos bispos desde os apóstolos e a sua sucessão no ministério episcopal. Tal como Jesus deu aos apóstolos os seus plenos poderes (de santificar, governar e ensinar), também estes são transmitidos, desde os inícios da Igreja, de bispo para bispo, pelo gesto da imposição das mãos (Cf. Rito de Ordenação), até que o Senhor regresse. Este aspecto recorda-nos um outro, ou seja, o princípio hierárquico da Igreja. A hierarquia diz respeito à constituição escalonada da Igreja a partir de Cristo, de quem provém todo o poder e toda a autoridade. Como refere o “Catecismo Jovem”, na Igreja, há leigos e clérigos (ministros ordenados) que, como filhos de Deus, têm a mesma dignidade. Têm tarefas de igual valor, mas distintas. A missão dos leigos é construir e reconstruir o mundo – segundo o modelo do Reino de Deus – numa família e com uma profissão; para isso lhes concede, no baptismo e na confirmação, todos os dons do Espírito Santo necessários para o desempenho dessa missão. Para eles estão ordenados ministros, com o serviço do governo eclesial, do ensino doutrinal e da santificação sacramental. Ninguém pode reclamar para si esta missão, pois é o próprio Senhor que os envia e dá, através do sacramento da ordem, a sua força divina para o caminho, para, no lugar de Cristo, actuar e celebrar os sacramentos. (Cf. YouCat 137-138). Neste sentido, é importante recordar que a Igreja não deve ser pensada em termos de organização; a organização é que deve ser entendida em função da Igreja (Cf. J. Ratzinger, Introdução ao cristianismo, 253). Portanto, a Igreja não é uma organização democrática, porque todo o poder vem de Cristo e não do povo, tal como acontece em democracia.
A Igreja diz-se, pois, apostólica enquanto está em relação com os apóstolos, logo é missionária. Ela é por sua natureza missionária, visto que tem a sua origem no desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo. Esta é “a graça e a vocação própria da Igreja”. Ela existe para evangelizar. Por conseguinte, recorda o Papa Bento XVI na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2011, a Igreja não se pode retirar comodamente nos limites do seu ambiente. Ele tem a responsabilidade da solicitude universal; deve preocupar-se por todos e com todos. A sua obra, em adesão à palavra de Cristo e sob o influxo da sua graça e da sua caridade, faz-se plena e actualmente presente a todos os homens e a todos os povos, para os conduzir rumo à fé em Cristo. Portanto, o envio e o consequente anúncio do evangelho empenha todos, tudo e sempre. O evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a compartilhar, uma boa notícia a comunicar. E este dom-compromisso é confiado não apenas a alguns, mas sim a todos os baptizados, que são “raça escolhida, nação santa, povo adquirido por Deus” (1Pd 2, 9), para que proclame as suas obras maravilhosas. Assim, continua o Papa, através da participação co-responsável na missão da Igreja, o cristão torna-se construtor da comunhão, da paz, da solidariedade que Cristo nos concedeu, e colabora para a realização do plano salvífico de Deus para toda a humanidade.
O evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a compartilhar, uma boa notícia a comunicar.
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Nélio Gouveia
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do mundo
34 – planeta jovem Missionárias do Amor Misericordioso em Férias Missionárias
Missão no Sobral da Abelheira
As Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus (MAMCJ) realizaram Férias Missionárias no Sobral da Abelheira – Mafra –, de 3 a 11 de Setembro. Foram dias de oração, de encontro com as crianças, jovens e com toda a comunidade. Todos foram estimulados para viver uma confiança cada vez maior em Jesus Misericordioso! A visita às pessoas, nas suas casas, sobretudo aos idosos e doentes, foram também momentos marcantes desta semana. No final da semana, as participantes, apesar do cansaço, sentiam grande vontade de repetir a experiência! Agradecemos a toda a comunidade e, em especial, ao senhor padre José Alcobia, por nos ter acolhido nesta sua paróquia.
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Vera Gonçalves e Lurdes
Testemunho:
Experiência fantástica!
De 3 a 11 de Setembro, fui convidada a participar numas Férias Missionárias, pela primeira vez no Sobral da Abelheira, em Mafra. Nos vários dias, percorremos as diversas regiões vizinhas, com o fim de visitar as famílias e os mais doentes fisicamente e espiritualmente. E gostei bastante, foi uma experiência muito rica. Foi de especial importância a oração da manhã, feita nas diversas paróquias vizinhas, o encontro com as crianças, bem como o encontro com a comunidade, anunciando a Misericórdia do Senhor, por meio dos nossos vídeos. Encontrámos também muitas pessoas afastadas do Senhor e muitos doentes, e o nosso grupo tentou deixar-lhes uma mensagem de confiança e de paz, entregando-os à Misericórdia do Senhor. Também no penúltimo dia tivemos um encontro de jovens e adolescentes, lá no Sobral e foi uma experiência muito boa, pois reflectimos sobre a Parábola do Filho Pródigo, vendo que em nossas vidas também nos afastamos da casa do Pai, mas o Pai espera-nos sempre com amor e dedicação. Dou graças a Jesus por esta oportunidade que Ele me deu, de anunciar a Sua misericórdia, e de ser sua “apóstola”. Que pelas minhas palavras Ele toque o coração dos mais afastados.
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Isabel Verónica
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nuances musicais – 35 Ao longo da História, houve e há vozes que marcam a música
A voz
A abordagem à voz no contexto musical abrange várias temáticas, entre as quais a caça ao talento já aqui referida. Para ser imparcial em relação à definição de voz ideal há que primeiramente definir o estilo em que se insere. Ao longo da história, e vamos fazer uma retrospectiva apenas à mais recente, temos vozes que marcaram a música, muitas pelo impressionante timbre, outras pela flexibilidade de tessitura. Apenas vou referir os dois géneros em que se destaca a excelência da voz e que é mais corrente no nosso dia-a-dia ouvirmos, sem de modo algum esquecer os nichos étnicos em que se revelam vozes extraordinárias, mas que não têm a devida divulgação. Para cada género há características particulares, umas que nascem com a pessoa e outra que têm de ser arduamente trabalhadas. Os dois exemplos de referência são a ópera e o pop agregando também o rock. Para cada um destes géneros há um público específico havendo por vezes umas fusões de gosto duvidoso no sentido de uma possível globalização entre géneros. Esse esforço esteve bem patente nos concertos e álbuns realizados na tournée Pavaroti and Friends. Nesses podíamos assistir à fusão com uma orquestração variada adequada a cada música e a cada género, mas, quanto à voz, em primeira análise podemos observar: a voz de ópera no registo oficial mantendo aquela limpidez celestial independentemente ao género a que estava agregada no momento, e as vozes pop e rock variando os timbres e as sonoridades entre roucas e características próprias. Superficialmente podemos concluir que a ópera segue regras restritas e quem canta ópera não canta outro género, sendo mais específico para exemplificar, um cantor de ópera não faz voz rouca. Isso não é bem verdade, e a negá-lo podemos ouvir umas excelentes interpretações de Andrea bucelli em que a rouquidão pop rock está bem presente. Não deve ser feita uma norma apologética para apenas dois tipos de voz, rouca e designada limpa. Mesmo no pop e no rock existiram e existem vozes que se destacam sem terem a característica rouca, por exemplo Freddy Mercury, apesar de fazer de vez em quanto o registo rouco a sua voz natural era limpa. Aqui em Portugal temos a excelente voz do Rui Veloso que apesar de ter um timbre de blues não tem aquela rouquidão característica do género. Há ainda que fazer jus aos intermédios vocais, que apesar de não serem roucos destacam-se pela “sujidade” vocal que os caracteriza, sendo muito marcantes na história recente da música. Presto então aqui a minha homenagem à grande cantora Amy Whinehouse, apesar do triste desfecho deste grande talento.
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Florentino Franco
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36 – novos mundos Trinta milhões de dólares para quem pousar na Lua...
A Lua traz riqueza
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iva! Espero que tenham recuperado as forças durante estas férias! Agora é tempo de voltar ao trabalho… Este mês trago-vos algo de outro mundo ligado à Astrologia. De facto já existe há algum tempo mas creio que muitos de vós irão achar interessante… Sabiam que existe um concurso com um prémio de 30 milhões de dólares para quem pousar na Lua? Foi lançado pela conhecida empresa Google que há 4 anos lançou o Google Lunar X Prize a equipas privadas capazes de criar robôs não tripulados, sem financiamento público. Já anteriormente a empresa havia criado um concurso semelhante para o primeiro grupo não--governamental a levar um homem ao espaço e trazê-lo de volta em segurança – que foi vencido em 2004. O objetivo é estimular o avanço tecnológico e a solução criativa de problemas técnicos recorrendo à competição. Existem atualmente 28 equipas inscritas no concurso, de 33 que iniciaram o desafio. 5 dessas equipas já se retiraram. Entretanto a tarefa de conquistar a Lua sem a ajuda de nenhum governo está a tornar-se mais complexa do que os criadores da competição esperavam… Para ganhar o concurso os participantes teriam de conseguir pousar o referido robô na superfície Lunar, fazê-lo percorrer 500 metros e enviar fotos e dados para a Terra, conseguindo assim recolher informações importantes sobre este planeta. Prevê-se que em 2013 um grupo consiga alcançar os objetivos estipulados. Foram criados vários prémios significativos (entre 1 e 5 milhões) para alguns “segundos prémios”, onde se encontra o prémio para o robô que conseguir percorrer 5 quilómetros na Lua, etc. Aproveitando também o concurso, já algumas jovens companhias criadas por empresários, esperam usar a tecnologia desenvolvida para extrair recursos minerais da Lua para universidades e instituições que se mostrem interessadas no desafio em si e no seu potencial educativo. De notar que, nenhuma grande empresa do setor aeroespacial se inscreveu na competição, mas existem parcerias de algumas equipas norte-americanas, europeias e de grupos dispersos por várias partes do globo. E entretanto… Vamos criar um Robô Dehoniano para ganhar alguns trocos para as JMJ no Brasil? Era algo de Outro Mundo. Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br (Texto redigido segundo o novo A.O.)
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André Teixeira
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cuidar de si – 37 Uma em cada quatro pessoas sofreu, sofre ou vai sofrer desta doença. No dia 10 de Outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental. Como tal, decidi trazer-vos um tema de que frequentemente ouvimos falar, mas que muitas vezes está associado a ideias e conceitos incorrectos. A depressão é a principal causa de incapacidades e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis entre as 107 doenças e problemas de saúde mais relevantes. Os custos pessoais e sociais da doença são muito elevados.
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ma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários portugueses encontra-se deprimido no momento da consulta. A depressão encontra-se reconhecida no Plano Nacional de Saúde para 2000-2010 como um problema primordial de saúde pública.
Mas, o que é a depressão? A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil. Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda. A depressão pode afectar pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão. Estima-se que esta doença esteja associada à perda de 850 mil vidas por ano, mais de 1200 mortes em Portugal. A depressão pode ser episódica, recorrente ou crónica, e conduz à diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia. A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado. A depressão é mais comum nas mulheres do que nos homens: um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde, em 2000, mostrou que a prevalência de episódios de depressão unipolar é de 1,9 por cento nos homens e de 3,2 por cento nas mulheres.
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Quais são os fctores de risco?
Pessoas com episódios de depressão no •passado; Pessoas do género feminino – a depressão •é mais frequente nas mulheres, ao longo de
toda a vida, mas em especial durante a adolescência, no primeiro ano após o parto, menopausa e pós-menopausa; Pessoas que sofrem um qualquer tipo de perda significativa, mais habitualmente a perda de alguém próximo; Pessoas com doenças crónicas – sofrendo do coração, com hipertensão, com asma, com diabetes, com história de tromboses, com artroses e outras doenças reumáticas, SIDA, fibromialgia, cancro e outras doenças; Pessoas que coabitam com um familiar portador de doença grave e crónica (por exemplo, pessoas que cuidam de doentes com Alzheimer); Pessoas com tendência para ansiedade e pânico; Pessoas com profissões geradoras de stress ou em circunstâncias de vida que causem stress; Pessoas com dependência de substâncias químicas (drogas) e álcool; Pessoas idosas.
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38 – cuidar de si A depressão... É possível prevenir a depressão?
Como se diagnostica a depressão?
Como em todas as doenças, a prevenção é sempre a melhor abordagem, designadamente para as pessoas em situação de risco, pois permite a intervenção precoce de profissionais de saúde e impede o agravamento dos sintomas.
Pela avaliação clínica do doente, designadamente pela identificação, enumeração e curso dos sintomas bem como pela presença de doenças de que padeça e de medicação que possa estar a tomar. Não existem meios complementares de diagnóstico específicos para a depressão, e a bem da verdade, tão pouco são necessários: o diagnóstico clínico é fácil e bastante preciso.
Quais são os sintomas da depressão? A depressão diferencia-se das normais mudanças de humor pela gravidade e permanência dos sintomas. Está associada, muitas vezes, a ansiedade e/ou pânico.
Os sintomas mais comuns são:
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Modificação do apetite (falta ou excesso de apetite); Perturbações do sono (sonolência ou insónia); Fadiga, cansaço e perda de energia; Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade; Falta ou alterações da concentração; Preocupação com o sentido da vida e com a morte; Desinteresse, apatia e tristeza; Alterações do desejo sexual; Irritabilidade; Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, enjoo.
Quais são as causas da depressão? As causas diferem muito de pessoa para pessoa. Porém, é possível afirmar-se que há factores que influenciam o aparecimento e a permanência de episódios depressivos. Por exemplo, condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos, etc. Determinar qual o factor ou os factores que desencadearam a crise depressiva pode ser importante, pois para o doente poderá ser vantajoso aprender a evitar ou a lidar com esse factor durante o tratamento. Algumas doenças podem provocar ou facilitar a ocorrência de episódios depressivos ou a evolução para depressão crónica. São exemplo as doenças infecciosas, a doença de Parkinson, o cancro, outras doenças mentais, doenças hormonais, a dependência de substâncias como o álcool, entre outras. O mesmo pode suceder com certos medicamentos, como os corticóides, alguns anti-hipertensivos, alguns imunossupressores, alguns citostáticos, medicamentos de terapêutica hormonal de substituição, e neurolépticos clássicos, entre outros.
Como se trata a depressão? Normalmente, através do uso de medicamentos, de intervenções psicoterapêuticas, ou da conjugação de ambas. As intervenções psicoterapêuticas são particularmente úteis nas situações ligeiras e reactivas às adversidades da vida bem como em associação com medicamentos nas situações moderadas e graves. A decisão de iniciar uma psicoterapia deve ser sempre debatida com o médico assistente: a oferta de serviços é grande, não é auto-regulada, e é difícil a pessoa deprimida conseguir escolher o que mais lhe convém sem ajuda médica. Os medicamentos usados no tratamento das depressões são designados por antidepressivos. Estes medicamentos são a pedra basilar do tratamento das depressões moderadas e graves e das depressões crónicas, podendo ser úteis nas depressões ligeiras e não criam habituação nem alteram a personalidade da pessoa. Com a evolução da ciência e da farmacologia, estes medicamentos são cada vez mais eficazes no controlo e tratamento da depressão, nomeadamente por interferência com a acção de neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, no hipotálamo, a zona do cérebro responsável pelo humor (emoções). Estes medicamentos não têm efeito imediato: pode demorar algumas semanas, 4 a 6, até começar a sentir-se o efeito, pelo que as indicações médicas devem ser escrupulosamente seguidas. O tratamento dura no mínimo quatro a seis meses.
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João Moura
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do bem-estar
dentro de ti – 39 “Ajudar os outros” e “sentido de missão” são alguns exemplos de motivação para o voluntariado
Benefícios de “darmo-nos”!
Um voluntário é um indivíduo que oferece o seu serviço a uma dada organização, sem esperar uma compensação monetária, acto este que resulta em benefícios, quer para o indivíduo, quer para terceiros.
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uma análise das motivações que movem um sujeito a tornar-se voluntário podem dividir-se de acordo com as suas funções: função de valores, ou seja, oportunidades para o voluntário expressar os seus valores, altruísmo e humanismo; função de compreensão, isto é, a oportunidade para aprender e aplicar os seus conhecimentos e capacidades; função social que está associada ao poder estar com amigos ou fazer novos amigos; função de benefícios, relacionada com a carreira profissional que pode ser obtida através do trabalho voluntário; e, finalmente, função de oportunidades de aumentar a auto-estima e o ego (Clary, Snyder, Ridge, Copeland, Stukas, Haugen e Miene, 1998).
Motivos relacionados com “ajudar os outros”, o “sentido de missão” ou a vontade de “fazer algo que valha a pena”, são alguns exemplos das motivações que incluímos na categoria altruísmo. “Ajudar a instituição” pode ser motivado por altruísmo ou por busca de contacto social, pelo que também pode ser incluída na categoria de pertença. A categoria pertença inclui elementos como o fazer novos amigos, conhecer pessoas ou ser bem aceite na comunidade. Os sujeitos esperam que o voluntariado os compense e que isso seja uma fonte de confiança e satisfação, uma fonte de respeito e reconhecimento, uma fonte impulsionadora de estatuto. Também relacionada com esta categoria motivacional parece estar a procura crescente de contactos institucionais. As recompensas relacionadas com o voluntariado podem estar associadas também com necessidades de reconhecimento social. Vitner, Shalom e Yodfat (2005) mostram que os indivíduos esperam que o voluntariado os compense e que isso seja uma fonte de confiança e satisfação, uma fonte de respeito e reconhecimento, uma fonte impulsionadora de estatuto. Também integrada nesta categoria motivacional parece estar a procura de contactos institucionais. Por exemplo, “ser útil à comunidade” pode ser qualificado como pertença se o voluntário tiver como objectivo ser bem aceite por essa comunidade, como pode igualmente ser associado à categoria de reconhecimento social, se desta actividade o voluntário percepciona a atribuição de valor pela comunidade. Finalmente, muitos indivíduos consideram que o voluntariado poderá ter impacto positivo na sua aprendizagem e enriquecimento pessoal. Estes indivíduos consideram que estas são as razões mais importantes que justificam a doação do seu tempo, e que agrupamos na categoria aprendizagem e desenvolvimento.
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Olinda Silva
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40 – jd-Nacional A raiz de tudo no coração!
EEJD: Encontro Europeu da Juventude Dehoniana & JMJ: Jornadas Mundiais da Juventude A melhor experiência da minha vida!
Grande graça! De 14 a 21 de Agosto tive a oportunidade de participar no encontro europeu da JD e JMJ pela primeira vez na minha vida. E dou graças ao Senhor, por esta tão bela experiência que passei. São oportunidades únicas, que nunca devem ser desperdiçadas, porque são momentos de encontro com Jesus e com a comunidade eclesial, tão diversa nas suas línguas e culturas. Queria partilhar aquilo que mais me tocou em que Jesus me falou ao coração: foi o momento da adoração eucarística em Alba de Tormes, no encontro da JD, aí eu senti uma grande gratidão e uma grande alegria, por Jesus estar presente entre nós. Tive também a oportunidade de Lhe escrever a minha oração, pedindo força e coragem para mais um ano lectivo. Mas também não podia deixar de falar da Via-sacra com o Papa. Confesso que foi a Viasacra que mais me tocou até agora, pois, em primeiro lugar, estávamos com a presença do santo padre, por outro lado, eu estava a viver aquele acontecimento da paixão de Jesus, como se estivesse presente fisicamente. Agradeço mais uma vez a Jesus, por esta tão grande graça, pedindo-lhe que me ajude a continuar no meio onde estou a levá-Lo àqueles jovens que ainda não O conhecem.
Éramos centenas de pessoas de países, culturas e línguas diferentes, mas no fundo, todas cheias dos mesmos valores, das mesmas crenças, do mesmo Amor. Sair da vida quotidiana onde remo contra a corrente e encontrar estas pessoas que remam na mesma direcção que eu, com o mesmo objectivo e a mesma meta, foi sem dúvida a melhor experiência da minha vida. Cantamos, rezamos e louvamos ao Senhor em línguas que não percebíamos mas cuja mensagem era facilmente captada, através dos gestos e sorrisos traçados em quem orgulhosamente partilhava a sua cultura. Não se explica as emoções sentidas, os valores, a partilha, a inter-ajuda, o carinho, a amizade, a alegria, a fé… Movidos pelo Amor de Deus, transformamos aquela semana numa verdadeira comunhão fraterna. Sem dúvida que deixou muitas sementes que iremos cultivar ao longo da nossa vida. Como dizem os nossos irmãos espanhóis “Gracias por hacerlo posible. Gracias a Dios, porque somos família… família dehoniana”.
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Inês Pinto
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Sara Filipe
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da juventude
jd-Nacional – 41
EEJD & JMJ Foi como sentir uma chama ardente!
O Encontro Europeu da Juventude Dehoniana em Salamanca e Alba de Tormes, e a participação nas Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid, no passado mês de Agosto, foi uma experiência única e singular da presença de Deus nas nossas vidas. Jesus Cristo precisa de nós jovens para sermos suas testemunhas e seus discípulos fiéis. Os Jovens Dehonianos de vários países europeus e de alguns países da América do Sul, reuniramse para partilhar o modo como vivem a fé nos seus locais de origem e nas suas respectivas paróquias. Todos tentaram mostrar aos outros jovens um pouco das raízes da sua fé. Foi muito bom partilhar com os outros jovens, mais ou menos da nossa idade, as peculiaridades e as especificidades do modo como vivemos e expressamos a nossa fé. Também foi enriquecedor percebermos como os outros vivem e sentem a sua fé. Todos sentimos e expressamos a nossa fé de um modo diferente, mas todos fazemos parte do Corpo de Cristo que é a Igreja. No fundo, apesar das diferenças, todos fazemos parte desta igreja universal, sustentada pelo Espírito Santo que a anima. O encontro em Salamanca e Alba de Tormes ficou marcado pela “grande” espiritualidade dehoniana, pela partilha e pelo são convívio. Estabeleceram-se grandes laços de amizade entre os jovens dos diferentes países e entre os jovens do mesmo país, mas que se encontram separados pela geografia do Globo. A dificuldade das diferentes línguas, não vingou como na Torre de Babel. Os jovens deram um exemplo claro, ao mundo e à Igreja, de que a amizade é uma linda forma de amor. A espiritualidade dehoniana esteve bem presente na noite de adoração. O silêncio, a oração, a contemplação e a oblação foram palavras-chave. O ambiente da igreja em ruínas a céu aberto convidou-nos a fixarmos o nosso olhar em Jesus sacramentado, e a entregar-Lhe toda a nossa vida de jovens cristãos. Os momentos da oração da manhã foram sempre a melhor forma de iniciarmos cada dia que passava. Embora o corpo se sentisse exausto e cansado, era ali que encontrávamos as forças necessárias para mais um dia de partilha e de festa. Os workshops dehonianos, em formato de “oficinas” com actividades criativas e ricas de espiritualidade, fizeram-nos entrar no mais íntimo de nós mesmos e reflectir sobre o que em nós
é realmente necessário mudar, para que sejamos jovens alegres e disponíveis para sermos mensageiros de Jesus no mundo de hoje. Nestes momentos de exame interior e de confronto, pudemos descobrir o quão grande é o amor de Deus que brota do Coração de Jesus. A vigília de oração com Teresa de Ávila foi outro momento em que sentimos a presença de Deus tão perto de nós. O gesto de tocar no círio pascal, como sinal de estarmos a tocar no próprio Jesus, foi algo que suscitou em nós a vontade de sermos cada vez mais de Deus. A participação nas Jornadas Mundiais da Juventu-de em Madrid também marcou este nosso encontro com os jovens de todo o Mundo. Ver o Santo Padre, nosso pastor, ao vivo e a cores foi como sentir uma chama ardente dentro de nós. Poder celebrar com ele o sacramento da Eucaristia foi um privilégio. Ser enviado por ele a ser testemunho vivo e fiel de Cristo tornou-se um desafio no qual não podemos falhar. Sim, Santo Padre Bento XVI, nós jovens temos orgulho em sermos cristãos católicos no mundo de hoje e queremos ser testemunhas de Cristo no nosso dia-a-dia, onde quer que nos encontremos. Quero aqui, neste testemunho, dar os parabéns a toda a equipa dos dehonianos que organizou todo o encontro. Parabéns pelo excelente trabalho realizado, pela entrega, disponibilidade e generosidade. Todos fomos bem recebidos e acolhidos. Que o Coração de Jesus lhes dê a recompensa merecida. Obrigado a todos os jovens cristãos dehonianos, pelo bom exemplo que demos nestas jornadas. Obrigado a todos os Jovens Dehonianos portugueses, pelo companheirismo e pela alegria que mostrastes em seres cristãos. Obrigado ao grupo de jovens “Soldados de Cristo” pela magnífica oportunidade que me deste em poder viver convosco um dos momentos mais bonitos da minha juventude.
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Alberto Bisarro
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42 – jd-Nacional
EEJD & JMJ
13 de Agosto – 5 camacheiras, 5 seminaristas do Colégio Missionário e 3 religiosos dehonianos: P.e Juan, P.e António Pedro e o prefeito Antonino compuseram o grupo de jovens dehonianos madeirenses que participariam nestas jornadas. De mochila às costas – mais ou menos equilibrada – estávamos prontos para partir. O destino era o próprio caminho – é sempre esse o destino de quem peregrina. Na bagagem muita expectativa, o desejo de partilha e alegria da fé e a cumplicidade de um compromisso comum: abusar da cordialidade para com todos os que cruzassem no nosso caminho (Ah!... e uma garrafinha de poncha…). Em Aveiro, o encontro com os restantes elementos do grupo dos dehonianos portugueses vindos do Porto, de Coimbra, de Lisboa e dos Açores – perto de 50 no total – celebrou-se a missa de envio, presidida pelo superior provincial dos SCJ, o P.e Zeferino. Os primeiros 5 dias foram passados em Salamanca e Alba onde participámos no encontro Europeu de Jovens Dehonianos… Éramos cerca de 400 jovens de vários países: Portugal, Espanha, Itália, Polónia, Reino Unido, Alemanha, Moldávia, Albânia, Chile, Venezuela, Brasil entre outros… Sob o tema “A raiz de tudo no coração”, tive o privilégio de viver dias de intensa comunhão, partilha e alegria, de conhecer de perto grandes testemunhos de fé… de ir à raiz de onde brota toda a beleza da vida, o Coração de Jesus. Ainda que tão diferentes, de culturas diversas,
os sorrisos eram de cumplicidade… e no fim, sentíamo-nos já como uma grande família – a Família Dehoniana. As actividades foram muitas. Entre elas destacaria os testemunhos de dois missionários: Dom Virgínio Bressanelli, e P.e Beppe Pierantoni, bem como a visita ao túmulo e às relíquias de Santa Teresa de Ávila, os momentos de meditação, os vários workshops, a fabulosa Festa Medieval e por fim a belíssima vigília com adoração eucarística, cujo pano de fundo era um belo céu estrelado. Feliz e de coração, cheio rumei a Madrid no dia 18 de Agosto. Aqui começou o verdadeiro exercício de resistência, paciência e tolerância… Muita gente, muita confusão e muito calor. Um “pavilhão-quarto” dividido entre cerca de 400 pessoas. Felizmente tudo correu bem, sem sobressaltos.. apenas umas dores de pés e muitos litros de água suados… mas isso eram pormenores. Verdadeiros encontros de assombro e surpresa marcaram o meu peregrinar em Madrid. Fomos traçando trajectos pelos mapas, descobrindo lugares, encontrando gente… o fim de cada percurso oferecia sempre uma surpresa: os museus de arte – em cada obra um hino de louvor… na sua contemplação, a oração; os encontros de alegria com grupos de portugueses entre as multidões, a Via-Sacra com o Papa, um intenso momento de fé e meditação, a bela eucaristia dominical em Cuatro Vientos depois de uma noite tempestuosa entre um mar gente que ia até onde a vista podia alcançar, os encontros com a música dos artistas de rua, nos concertos, as nossas cantorias para afugentar o cansaço, os magníficos cânticos das celebrações… se cantar é rezar duas vezes, então estes dias foram uma oração permanente… lembro ainda o acolhimento e a hospitalidade dos locais, sempre disponíveis para ajudar. Enfim… Foram muitos momentos memoráveis, que serviram sem dúvida para fortalecer as raízes em Cristo e firmar a nossa fé. O Rio de Janeiro espera por nós em 2013, mas por agora a nossa jornada continua aqui, na nossa comunidade.
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Elisa Vasconcelos
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regresso à escola – 43 Recepção aos alunos do 5.º ano da Escola de Cristelo, Paredes
Uma caminhada para a felicidade N
o dia 15 de Setembro, na Escola E.B. 2, 3, realizou-se a atividade de receção aos alunos, “A caminho de um projeto: ser feliz”, organizada pelo grupo de E.M.R.C. e dirigida às turmas de 5.º e 9.º anos, com o objetivo de os alunos recém-chegados se sentirem acolhidos pela comunidade e neste processo implicar ativamente os alunos mais velhos. A atividade envolveu alunos e professores numa caminhada até os espaços exteriores do Centro de Espiritualidade Betânia, em Duas Igrejas, percurso em que os alunos de 9º ano colaboraram com os professores na segurança e proteção dos mais novos, no sentido de
mais feliz se percorrido em conjunto, porque, como os músicos numa orquestra, cada um com a sua diferença, contribui para a existência harmoniosa do todo, “Juntos é melhor”! A atividade acabou em festa com professores e alunos a dançar e a cantar, formando um comboio que envolveu os presentes no sentimento da alegria de se fazer parte de um projeto comum: ser feliz! promover nos alunos o sentimento de pertença e de participação responsável. Nos acolhedores jardins do Centro, num ambiente de alegria, todos participaram na apresentação cantada da história “Aldeia da Música”, pelo Senhor Padre Paulo Vieira, e a cantar louvaram-se os valores transmitidos de união, de colaboração, de pertença ao grupo, reforçando-se o papel do indivíduo na vida em grupo, visto como uma parte essencial de um todo. Celebrou-se a possibilidade do sonho e da realização pessoal ao alcance de qualquer um, caminho
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Isabel Perestrelo
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da juventude
44 – jd-Porto Uma bela experiência, numa comunidade fantástica
Interioridade, Comunidade e Missão e
A
Juventude Dehoniana do Porto proporcionou uma experiência de interioridade, de comunidade e de missão a cerca de 40 jovens de Terroso, de Navais, do Porto, de Paredes, de Gaia, de Amarante, de Lisboa e da Madeira. Foi de 16 a 26 de Julho, em Terroso, Póvoa de Varzim. O fantástico acolhimento do P.e Pedro Amorim (pároco) e de toda a comunidade, o lugar excepcional onde ficámos alojados, e o empenho de todos os participantes em ser e fazer sempre mais e melhor fizeram destas FM um sucesso! Tivemos muitos momentos de oração: manhã, noite, refeições, terço em cinco lugares, missa, adoração, vigília… Sempre criativos e dinâmicos! Reunimos grupos e movimentos da comunidade: famílias, catequistas, leitores, acólitos, confrarias, ministros da comunhão, cantores, escuteiros… e com eles partilhámos a comunhão eclesial. Realizámos actividades para crianças e idosos que nos brindaram com sorrisos de felicidade. Visitámos os doentes e idosos nas suas casas e nos lares da paróquia e da Casa Maior e ainda as crianças do Regaço e os deficientes do MAPADI.
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Dedicámos algum tempo à formação sobretudo acerca da adoração e da comunhão eclesial. Fizemos visitas culturais superiormente guiados pelo Dr. Flores ao Museu da Póvoa de Varzim e à Cividade de Terroso. Fomos à praia apanhar um banho de vento e frio embora estivesse sol… Na quinta-feira à noite fomos visitar a comunidade de Navais. Caminhámos até S. Félix, em Laúndos, com animados pelo episódio da Samaritana excelentemente preparado pelos jovens de Navais. No domingo, nas três eucaristias, demos graças a Deus por esta graça que nos deu e à tarde agradecemos à comunidade com uma festa final muito animada, antes dos abraços de despedida! As FM são e foram feitas de interioridade, de comunidade e de missão, como aliás é e deve ser feita a vida do cristão! A semente foi lançada. Resta esperar que ela cresça e dê frutos na vida pessoal de cada um e das respectivas comunidades!
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ão em Terroso
Testemunho
Experiência fantástica! Foi a primeira vez que participei numas FM e confesso que ia com um pouco de receio do que poderiam ser… Mas, quando lá cheguei vi que o que eu pensava que podiam ser estava errado, pois foi uma experiência fantástica e algo que nunca esquecerei, tanto as experiências vividas, com as atividades realizadas dos encontros de dia, de noite e dos convívios feitos para a comunidade, assim como de todos os participantes. Adorei conhecê-los a todos e nunca saírão do meu coração. Na minha vida as FM serviram para reforçar o que eu tenho de fazer pelos outros e sobretudo saber que não é necessário fazer muito pelos outros, bastando apenas um sorriso para que a outra pessoa já fique feliz.
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Cristina Afonseca
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da juventude
46 – agenda
» JD — Nacional Outubro
05-10 − Encontro de Delegados Europeus da Pastoral Juvenil e Vocacional em Cosenza, Itália. 28-30 − IX Encontro Nacional de Secretariados da Juventude Dehoniana no Centro Dehoniano.
» JD — Porto Outubro
02 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 20 − AdOração no CD – Centro Dehoniano 21h-22h. 28-30 − IX Encontro Nacional de Secretariados da Juventude Dehoniana no Centro Dehoniano.
Novembro
06 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 17 − AdOração no CD – Centro Dehoniano 21h-22h. 26-27 − CFA “Embarcar na Missão” em Gatão, Amarante.
Juventude Dehoniana 2011-2012
A ALVD (Associação dos Leigos Voluntários Dehonianos)
Segundo o carisma do padre João Leão Dehon, é uma associação privada voluntária, autónoma, sem fins lucrativos, para o apoio humanitário e desenvolvimento comunitário em espírito de missão, numa dimensão eclesial e vinculada à Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos). A ALVD tem estatutos próprios aprovados pela autoridade civil e pela conferência Episcopal Portuguesa. Objectivos: Intervir em situações de necessidade; Cooperar, em regime de voluntariado, na formação humana, social e cristã nos países em desenvolvimento; Aprofundar a vocação missionária e laical; Actuar de acordo com o espírito dos leigos dehonianos. Projectos no desenvolvimento humanitário e comunitário Área da Educação escolas: envio de professores; apoio de material didáctico. Área da Saúde: apoio sanitário e prevenção. Área da Promoção Humana: pessoal, familiar, social e de grupo. Área da Evangelização: apoio das comunidades cristãs; formação; material didáctico.
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INFORMAÇÕES:
Associação dos Leigos Voluntários Dehonianos Rua Cidade Tete, 10 1800-129 LISBOA PORTUGAL Tel. 218 540 900 / 214 707 300 valentes@dehonianos.org
DEHUMOR
“É no mar alto que faremos a pesca milagrosa.”
(Padre Dehon) (Padre Dehon)
A JD embarcou na missão... Esperemos que ninguém tenha enjoos!...
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Paulo Vieira
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tempo livre
passatempos – 47
tem piada anão no metro
Numa carruagem do metro, um anão começou a escorregar pelo banco e um outro passageiro, solidário, sentou-o de novo no banco. Pouco depois, lá ia o anão a escorregar novamente e o passageiro lá fez o jeito e voltou a sentar o homem. Quando a situação se repetiu pela quinta vez, o homem, já irritado, esbracejou: – Será que você não consegue ficar sentadinho direito? Ao que o anão respondeu: – Meu amigo, eu já estou a tentar desembarcar há cinco estações e o senhor não deixa, haja paciência!
respostas inteligentes
Professor: O que devo fazer para repartir 11 batatas para 7 pessoas? Aluno: Puré de batata, senhor professor! Professor: Joaquim, diga o presente do indicativo do verbo caminhar. Aluno: Eu caminho… tu caminhas… ele caminha… Professor: Mais depressa! Aluno: Nós corremos, vós correis, eles correm! Professor: “Chovia” que tempo é? Aluno: É mau tempo, professor. Professor: Quantos corações nós temos? Aluno: Dois! Professor: Dois!? Aluno: Sim, o meu e o seu! Professor: Diga o nome de cinco coisas que contenham leite… Aluno: Um queijo e quatro vacas. Professor: Maria, aponte no mapa onde fica a América do Norte. MARIA: Aqui está. Professor: Correcto. Agora uma questão para a turma, quem descobriu a América? TURMA: A Maria. Professor: Joãozinho, diga-me sinceramente, você reza antes de cada refeição? Joãozinho: Não professor, não preciso… A minha mãe é uma boa cozinheira. Professor: Artur, a sua redacção “O Meu Cão” é exactamente igual à do seu irmão. O menino copiou? ARTUR: Não, professor. O cão é que é o mesmo. Dois alunos chegam tarde e justificam-se: O 1.º Aluno diz: Acordei tarde! Sonhei que fui à Polinésia e a viagem demorou muito. O 2.º Aluno diz: E eu fui esperá-lo no aeroporto! Um aluno de Direito foi fazer exame oral: “O que é uma fraude?” Resposta do aluno: “É o que o Professor está a fazer.” O professor indignado: “Ora essa, explique-se...” O aluno responde: “Segundo o Código Penal comete fraude todo aquele que se aproveita da ignorância do outro para o prejudicar!”
curiosidades erro crasso Significado: Erro grosseiro.
Origem: Na RomaAntiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os Partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os Romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso “.
do tempo da Maria Cachucha Significado: Muito antigo. Origem: A cachucha era uma dança espanhola a três tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta dança teve uma certa voga na França, quando uma célebre dançarina, Fanny Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga Maria Cachucha (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem) era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora, zombeteira.
quebra-cabeças provérbio escondido O provérbio escondido começa por Q e lê-se de seguida de cima para baixo, de baixo para cima, da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita.
Soluções de Julho/Agosto De noite todos os gatos são pardos.
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Paulo Cruz
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É claro que estamos na Internet! Alguns leitores perguntam... Já falámos disso na revista e qualquer “motor de busca” pode levar-vos até os nossos sites e páginas. Para os mais “distraídos”, cá ficam os dados:
A Folha dos Valentes na Internet http://www.dehonianos.org/valentes/index.html A Folha dos Valentes no Faceboock Procura: Valentes Dehonianos
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O Site da Pastoral Juvenil e Vocacional dos Dehonianos em Portugal http://www.dehonianos.org/juventude/ O Site dos Dehonianos em Portugal http://www.dehonianos.org/
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