A Folha dos Valentes - Maio 2012

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MAIO 2012 ANO XXXVI

PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

03. IMPULSO renovado 06. SILÊNCIO e palavra 10. Novo POSTULANTE -

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12. O P.e Eugénio BORGONOVO 14. De ALFRAGIDE a Carnaxide 16. Resposta cristâ à CRISE 22. Acampanha do FRANCISCO -

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32. Espírito Santo, o DOM de Deus 34. Como é bom SERVIR a Deus 37. A formação de uma BANDA 42. XV Enc. Nacional JD 48. Logótipo JD -

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sumário: da actualidade

FICHA TÉCNICA Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida Rocha Redacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira. Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa). Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Susana Teixeira. Colaboradores nesta Edição: Emanuel Pinto; Domingo Gomes, Manuela Silva, Manuela Santos, Mário Rocha, Mariana Almeida, Octávia Medeiros, Cristina Costa, Teresa Machado, Grupos de Jovens de Altura, de Outorela e de Lordelo. Fotografia: Nélio Gouveia, Adérito Barbosa, António Silva. Capa: XV Enc. Nac. JD Grafismo e Composição: PFV. Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 28 4430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329 ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares

Associação de Imprensa de I nspiração Cristã

Redacção e Administração: Centro Dehoniano Av. da Boavista, 2423 4100-135 PORTO – PORTUGAL Telefone: 226 174 765 - E-mail: valentes@dehonianos.org Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA Telefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

03 > alerta! > Impulso renovado! 04 > digo eu... > Dos nossos leitores 05 > recortes do Mundo > Páscoa em Taizé 06 > sal da terra > Silêncio e palavra 07 > cantinho poético > O nascimento da família dehoniana

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ 09 > missões dehonianas > ALVD em ação 10 > entre nós > Um novo postulante dehoniano 11 > com Dehon > Maria: contemplação e serviço 12 > memórias > Recordando o padre Eugénio Borgonovo 14 > comunidades > De Alfragide a Carnaxide dos conteúdos

16 > MissãoPress > Resposta cristã à crise 17 > palavra de vida > Partiram a pregar por toda a parte 18 > vinde e vereis > Faça-se em mim 19 > onde moras > Também Eu vos envio 20 > doses de saber > S. Teotónio e a origem de Portugal (II) 22 > pedras vivas > A campanha do Francisco 24 > espaço escola > Aprender a aprender 26 > leituras > Mês da espiritualidade na Holanda 28 > sobre a bíblia > Longanimidade 30 > reflexo > Um impulso renovado 32 > sobre a fé > Espírito Santo, o Dom de Deus do mundo

34 > planeta jovem > Como é bom servir a Deus 35 > outro ângulo > Casamento como esperança 36 > novos mundos > Óculos revolucionários 37 > nuances musicais > A formação de uma banda do bem-estar

38 > homenagem > Ainda há jardins com flores Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para: Ce nt ro D e h o n i a n o Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTO Tel.: 226 174 765 — E-mail: valentes@dehonianos.org

ou faça transferência bancária para:

NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI) ou (transferências internacionais):

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da juventude

40 > jd-Açores > Oração de Taizé em S. Miguel 41 > jd-Porto > Confirma-me, Senhor! 42 > jd-Nacional > XV Enc. Nac. JD: Mensagem e testemunhos 46 > agenda-JD > Calendário de actividades 47 > tempo livre > Passatempos 48 > imagens > Campanha logótipo JD

SWIFT/BIC: BBPIPTPL http://www.dehonianos.org/valentes/index.html . http://www.dehonianos.org/juventude/ http://www.facebook.com . http://valentes.hi5.com valentes_2012_05.indd 2

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da actualidade

alerta! –

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IMPULSO RENOVADO! Depois do “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo” vem sempre o “Como era no princípio, agora e sempre, ámen”. Assim se ilustra a passagem de um momento de entusiasmo à rotina e até à letargia em que, de facto, muitas vezes caímos. Se é certo que não se pode viver permanentemente em paixão, sob pena de termos um enfarte, também é certo que, se não houver um novo impulso de vez em quando, a monotonia toma conta de nós nos mais variados âmbitos da vida. A expressão “um impulso renovado”, usada pelo Pe. Feliciano no seu artigo, serve de mote à leitura desta edição de A Folha dos Valentes. Na verdade, praticamente todos os artigos deste mês apresentam um impulso renovado que aconteceu ou que pode surgir a partir do que é apresentado. É só procurar que esse renovado impulso está, direta ou indiretamente, numa das presentes 48 páginas. Então vejamos: – A oração de Taizé não é um impulso renovado? – A ação da ALVD não é um impulso renovado? – Saber comunicar não é um impulso renovado? – A resposta cristã à crise não é um impulso renovado? – A campanha do Francisco não é impulso renovado? – Aprender a aprender não é um impulso renovado? – A interrogação vocacional não é um impulso renovado? – A espiritualidade não é um impulso renovado? – A longanimidade não é um impulso renovado? – Servir a Deus não é um impulso renovado? – O Casamento não é um impulso renovado? – O Crisma não é um impulso renovado? – O Encontro Nacional da JD não é um impulso renovado? – A espiritualidade não é um impulso renovado? – A criatividade não é um impulso renovado? Neste mês das mães e da Mãe, em que celebramos o Pentecostes, que seja a intercessão de Maria a ajuda que nos falta para deixarmos agir em nós aquele que é o impulsionador por excelência, sempre renovado e renovador: o Espírito Santo!

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Paulo Vieira

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04 – digo eu... da actualidade

Amigos e leitores escrevem-nos

É com alegria que o faço... Olá, P.e Paulo, Aí lhe mando algumas ajudas que recebi. Quando receber mais, mandarei também da minha parte. Vale mais um pouco para ajudar o que mais for preciso. É pouco, sim, é como uma gota no oceano, mas é com alegria que o faço! Que o Espírito Santo nos ilumine para continuar este trabalho que, para mim tem muito sentido. É uma alegria quando recebo A Folha dos Valentes. Está cada vez mais linda! Um abraço a todos os amigos e que Deus dê muita força a todos para continuar este trabalho. Uma santa e feliz Páscoa em Cristo Jesus e sua Mãe, Maria Santíssima. Matilde – Duas Igrejas

Desde 1078...

Amigos, Envio uma ajuda para A Folha dos Valentes de 2012 e vou continuar até que possa sair de casa para ir ao banco ou aos correios, porque as viagens estão cada vez mais caras. Está cada vez mais linda! Tenho pena de algum dia ter que deixar, porque a Folha vem com artigos muito interessantes e é uma revista totalmente diferente das primeiras que recebia desde 1978 e está a melhorar de ano para ano, com grande diferença! Portanto estão de parabéns pelo esforço que têm feito ao longo destes anos. Peço, por caridade que rezem por mim que eu também rezo por todos vós. Maria de Fátima Barros – Vilela

Ajuda a um leitor que não possa... Amigos Valentes, (...) Para alem da minha ajuda gostaria de substituir algum leitor que não possa colaborar com a vossa meritória obra. Que deus continue a abençoar-vos com vocações e com empenho na Missão, concretamente com esta bela revista. Obrigado! Um abraço fraterno! João Trimdade – Corregedoura

Aos nossos leitores: Obrigado! Agradecemos as ofertas que nos tendes enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente de que não devem enviar dinheiro “vivo” em correspondência normal (é proibido por lei!). Na página 2 (no fundo, à esquerda), vai sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque (em nome de Centro Dehoniano), ou transferência para o NIB indicado! O ano que vai na folha de rosto que acompanha a revista é referente à última oferta que nos chegou. Obrigado!

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Paulo Vieira

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da actualidade

recortes do mundo – Uma experiência que muitos deviam fazer

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PÁSCOA EM TAIZÉ

Este ano passei uma Semana Santa muito diferente do habitual. Consegui aceitar o desafio de muitos amigos para passar a Páscoa em Taizé, uma singela aldeia situada no cimo de uma verde colina mais ou menos no centro de França, onde se instalou há cerca de 75 anos uma simples comunidade de irmãos, chefiada pelo bem conhecido Ir. Roger, e ADOREI!

Agora é tempo de imitar o Padre Dehon, e escrever algumas linhas sobre esta experiência. Espero que sejam capazes de vos passar o bichinho que ganhei nestes dias. estávamos na colina de Taizé cerca de 4000 jovens. Era muita gente a sorrir, a cantar, a brincar, a partilhar experiências de fé e de cultura - tudo ao mesmo tempo e com a intensidade típica da juventude! Éramos portugueses às centenas, alemães, espanhóis, belgas, húngaros, finlandeses, mas também sul coreanos, filipinos, americanos, beninenses, etc. E, o que é muito próprio e especial em Taizé, éramos católicos, luteranos, anglicanos, ortodoxos, agnósticos e ateus... Só por isso de vê que, em Taizé, esta semana é riquíssima. Mas, o que é que fez tanta gente numa aldeia francesa com apenas cerca de 200 habitates, perdia entre os campos de pastos e de flores de mil cores? Uma coisa muito simples: rezar com os irmãos da comunidade de Taizé. REZAR! Se calhar alguns de vós pensarão: “que beatisse”. E outros ficarão céticos pensando que a oração é uma coisa menor no meio do convívio e da festa que, naturalmente acontece quando se junta toda esta gente. Eu próprio pensava assim antes de experimentar! – mas enganei-me redondamente. Em Taizé reza-se mesmo! E de uma maneira especial. Não sei bem como a descrever. Só posso desafiar-vos e experimentar. Todos os dias, 3 vezes por dia, 5 sinos tocam vigorosamente e, em pouco tempo, o magnífico espaço da “Igreja da Reconciliação” enche-se de gente jovem, alegre, viva. Sentamo-nos todos no chão, como fazem os irmãos de Taizé... E podemos tirar os sapatos!, tal como faríamos em nossa casa, no cantinho em que nos sentimos seguros,

confortáveis e podemos ser nos próprios, sem defesas. A oração começa logo ali, nestes gestos de humildade que convidam a estar com autenticidade e sinceridade diante de Deus. A oração é simples - como a de nossas casas - e ao mesmo tempo profunda - como convém às orações em comunidade. É composta de cânticos singelos, com poucas palavras, que se repetem até se confundirem com a própria respiração e pela leitura, em várias línguas, de breves passagens bíblicas, e ainda por um longo silêncio que impressiona, mais não seja pelo facto de ser possível sem dificuldades numa sala com 4000 jovens. Rezamos todos com a mesma música e com as mesmas palavras. Naquele espaço realmente nos sentimos verdadeiros irmãos do estrangeiro que se sente ao nosso lado. E, todavia, cada um no seu ritmo. Cada um com espaço e liberdade para fazer a sua “conversa” com Cristo... Muito mais há a dizer... Tenho muitas histórias maravilhosas que são impossíveis de descrever, mesmo que tivesse roda a revista por minha conta. Lanço-vos o desafio de consultar o sítio da comunidade de Taizé: taize.fr/pt. Procurem na vossa paróquia alguém que vos possa ajudar a fazer uma experiência assim... Há alguém, de certeza! E comecem já a juntar dinheiro para lá ir no próximo ano. Não é preciso muito, bastam cerca de 2 cêntimos por dia até lá, PARA TUDO, TODA A SEMANA!! [ Mais transportes.]

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Emanuel Pinto

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06 – sal da terra da actualidade

No silêncio escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos

SILÊNCIO E PALAVRA

Assinala-se neste mês de maio o Dia Mundial das Comunicações Sociais. É celebrado por toda a Igreja Católica no dia 20 e a partir da mensagem que Bento XVI escreveu para esta Jornada. “Silêncio e palavra: caminho de evangelização” é o tema que o Papa propõe, este ano. Um texto que parece cheio de paradoxos, de aparentes contradições. Sobretudo porque destinado a celebrar a comunicação, o uso dos meios de comunicação como “caminho de evangelização”. Nos anos anteriores, este Dia Mundial foi ocasião de debate sobre modelos de comunicação assentes nas ferramentas digitais e nas redes de comunicação. Recorrente era o propósito de colocar a missão evangelizadora nesses areópagos da comunicação. Não só pelo estudo das transformações constantes no mundo da comunicação, mas sobretudo pelo ensaio e desenvolvimento de projetos concretos de anúncio através da comunicação multimédia e interativa que as diversificadas redes de comunicação permitem. Este ano, o Papa surge com um desafio: “o silêncio é parte integrante da comunicação”.

A afirmação poderá parecer evidente, ambígua ou então contraditória. Antes de optar, é necessário atendermos à identidade e função que Bento XVI confere a esse “silêncio” no processo de comunicação. “No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos.” E o Papa dá um exemplo: “é no silêncio que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa”. O silêncio surge, assim, como etapa do diálogo: calando, escuto o outro e para depois falar de forma consistente. Assim o Papa desafia a “equilibrar, alternar e integrar” silêncio e palavra. Essa a metodologia perfeita para “obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas”.

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Paulo Rocha

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da actualidade

poesia –

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O NASCIMENTO! O nascimento do Amor, personificado na pessoa de Jesus... Maiores que as palavras sempre sábias que partilhou, deixou Seus actos, que perduram... É através deste amor, do acto de renascer, perante o amor que se deve olhar, e fazer viver o nosso coração. É esta a força que vence, venha o que vier, esteja onde estiver...

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Jorge Robalinho

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08 – recortes dehonianos da família dehoniana

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

ASSEMBLEIA PROVINCIAL Na semana a seguir à Páscoa, de 11 a 13 de Abril no Seminário de Alfragide, estiveram reunidos em Assembleia Provincial 70 Dehonianos, vindos das várias comunidades da Província e de Angola. O governo geral da Congregação marcou presença com dois conselheiros gerais, padres John van den Hengel e Cláudio dalla Zuanna. O tema foi sobre a missão na Igreja em Portugal. Além de constituir um tempo de avaliação dos vários sectores de atividades e da procura de respostas aos novos desafios que se colocam à missão dehoniana, é de realçar que este tempo de assembleia foi antecedido por um longo processo de reflexão sobre a temática em todas as comunidades.

P.e ZEFERINO CONTINUA PROVINCIAL

MINISTÉRIOS

Após sondagem e consulta à Província, o Superior Geral, Padre José Ornelas Carvalho, nomeou o Padre Zeferino Policarpo para um segundo mandato de três anos como Superior Provincial da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus. O ato de posse está marcado para 1 de Julho no Seminário de Alfragide, juntamente com o novo Conselho que será nomeado em breve.

Foi a 13 de Abril, na Eucaristia final da Assembleia presidida pelo Superior Provincial, que o Albino Eduardo e o Flávio Guido foram instituídos no Ministério dos Acólitos. Na mesma celebração, o David Mieiro foi instituído no Ministério dos Leitores. Trata-se de um passo importante na caminhada destes jovens religiosos para a Ordenação Sacerdotal.

ENCONTRO SUB-10 DEHONIANOS No dia 25 de Abril, os Religiosos Dehonianos com menos de 10 anos de Profissão Perpétua realizaram o seu 8º encontro no Centro Dehoniano, Porto. Tendo como tema geral «a Missão e a Nova Evangelização», os participantes acolheram a mensagem do Padre Almiro Mendes, Pároco de Ramalde e Diretor do Secretariado Diocesano das Missões, que refletiu sobe a «dimensão missionária do sacerdócio».

NOVOS SUPERIORES PROVINCIAIS

ECÓNOMOS REUNIDOS EM ROMA

Ao longo do mês de Abril, o Superior Geral nomeou novos Superiores Provinciais: Padre Carlos Alberto da Costa Silva no Brasil do Norte (recordese que já foi conselheiro geral da Congregação); Padre Donizeti Queiroz no Brasil do Sul; P. Zénon Sendeke Mouzho na República Democrática do Congo.

De 23 a 38 de Abril, os Ecónomos de todas as Entidades da Congregação estiveram reunidos em Roma, para verificar o estado atual das finanças e projetar o futuro, tendo em vista os novos desafios à missão da Congregação. De Portugal participou o Padre António Tomás Correia.

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Manuel Barbosa

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da família dehoniana

missões dehonianas – E tu, que fazes?

A Associação dos Leigos Voluntários Dehonianos, designada por ALVD, pertencente à Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus, é uma associação privada voluntária, com reconhecimento eclesial e civil, sem fins lucrativos, que tem por finalidade principal o apoio humanitário e o desenvolvimento comunitário. A ALVD tem por objetivos mais específicos: intervir em situações de necessidade; cooperar, em regime de voluntariado, na formação humana, cultural e social nos países em desenvolvimento; contribuir para o aprofundamento do sentido da vida humana; implementar o espírito associativo. Todos os voluntários têm uma formação humana e espiritual, baseada na espiritualidade dehoniana.

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ALVD EM AÇÃO!

A ALVD está em “missão permanente”! – A 16 de abril partiram dois voluntários da Madeira em direção ao Molócuè (Moçambique) por um ano. – Partirá, da Madeira, em agosto, um grupo de 7 voluntários acompanhados do P.e Juan também para o Molócuè. – Partirá um grupo do Porto coordenado pelo P. Rosário para o Luau (Angola) durante o mês de agosto. – Partirão três grupos da paroquia de Carnaxide, sob a responsabilidade da ALVD, para Cobuè, Metangula e Guruè (Moçambique), coordenados pelo P. Luciano. – Estão a ser preparados dois grupos no Seminário de Alfragide pelo P. Adérito Barbosa, com apoio do P. José Manuel, para Lichinga: são educadores de infância e alfabetização. – Partirá um casal, no verão, para apoiar na paramentaria em Viana (Luanda), casal esse também preparado pela ALVD. – A ALVD está a também coordenar a publicação do livro do P. Elia Ciscato sobre a cultura Moçambicana. – Um grupo sob a coordenação da ALVD está a organizar a ida de um contentor de livros para a – Universidade Católica Moçambicana de Lichinga e para a mesma diocese. – A 31 de março foram enviadas 30 caixas de livros e computadores para Lichinga. E tu, que fazes?

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10 – entre nós

da família dehoniana

Postulante: o que pede para ser admitido numa Congregação Religiosa

UM NOVO POSTULANTE DEHONIANO

No dia 28 de Abril, a comunidade do Centro Dehoniano esteve em festa. Foi recebido Postulante, na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, o António, que iniciou a sua caminhada vocacional no Colégio Missionário (Madeira) e que é natural da Paróquia da Serra de Água (Ribeira Brava). Para o comum dos mortais foi um dia normal, contudo para os Dehonianos o dia foi muito especial. A vida é feita de etapas, de pequenos passos e o António realizou um desses passos decisivos, em vista da entrada na Congregação, em vista de uma vida consagrada a Deus e à Igreja, segundo o Pe Dehon. Trata-se de um primeiro passo, ao qual se seguirão outros, sendo o próximo a entrada no noviciado dehoniano e, depois, a primeira profissão.

António Jesus da Silva, novo postulante dehoniano.

Mas, o dia 28 de Abril não foi um dia especial, apenas para o António, foi-o também para nós, seus amigos, que o apoiamos. A celebração realizou-se ma Paróquia de Nossa Senhora da Boavista, às 19h e foi presidida pelo Superior Provincial, o P.e Zeferino Policarpo. A eucaristia foi simples e bela, tendo sido concelebrada pelos religiosos da comunidade e por alguns dehonianos doutras comunidades. Estiveram presente os noviços de Aveiro, os seminaristas de Coimbra, um pequeno grupo de seminaristas do Seminário Missionário Pe Dehon, alguns colegas da faculdade de Teologia do Porto, alguns jovens da juventude Dehoniana e muitos paroquianos que se ajuntaram a nós. O dia de festa terminou com o jantar, bolo e prendas. Parabéns ao António e bom postulantado!

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Domingo Gomes

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da família dehoniana

com Dehon –

Apaixonada por Deus, apaixona-se por quem dela precisa

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MARIA: CONTEMPLAÇÃO E SERVIÇO

O Padre Dehon, que era um homem de fé, comungou com os homens do seu tempo desta devoção particular à mulher que, pela vivência da Páscoa, se transformou de Senhora das Dores em Senhora da Alegria.

concretiza pela fé e pela esperança, mas sobretudo pela caridade (Padre Dehon – Notes Quotidiennes, 1868, 9 de Maio). Quanta sabedoria e, quanta actualidade! “A seu exemplo demo-nos aos homens sem deixar Deus”. Intensamente “invadida” por Deus que lhe envia o seu anjo e, sobretudo, que incarnou no seu seio, Maria é incapaz de ficar indiferente a quem dela precisa. Apaixonada por Deus apaixona-se por quem dela precisa: nesse momento era Isabel. A paixão por Deus e No contexto do Tempo Pascal pelos homens não é incompatível. são vários os personagens que Pelo contrário, uma provoca brilham intensamente para a outra. aqueles que procuram viver De olhos postos em Maria a sua fé no filho de Deus que o Padre Dehon aprende e deixaressuscitou. De entre eles des-nos o incentivo de fazer o mestaca-se, pela sua discrição, mo: “demo-nos aos homens importância e participação sem deixar Deus”. O humanisessa figura ímpar que dá pelo mo é fundamental nos tempos nome de Maria. Entre nós pordifíceis que vivemos. É importante tugueses esta figura pascal adque o homem se sinta solidário quire particular relevo neste e se dedique em voluntariado mês de Maio. Milhares de porao acolhimento, promoção e ditugueses juntam as suas vozes, gnificação do género humano. quer nos grandes santuários, O cristão é chamado a fazer isso quer nas pequenas igrejas ou ere ainda a mais: é chamado à caridade midas, ou mesmo nos lares simples fraterna. A fraternidade supera a solidae cheios de fé, para venerarem esta riedade. Não ajuda o outro porque ele mulher cujo sim foi início da nova é da sua espécie. Olha para ele e colabora criação. com ele promovendo-o, não por compaixão, Como não podia deixar de ser, também o Padre Dehon, que era um homem de fé, comun- mas por amor. Não porque ele é da sua natureza, mas porque ele é seu irmão. gou com os homens do seu tempo, esta devoção Quase me atrevo a pensar e a escrever: cada particular a esta mulher que pela vivência da cristão, assumindo a mesma maternidade e Páscoa, se transformou de Senhora das Dores em Senhora da Alegria. Sofredora com Jesus, ressusci- paternidade em Deus e em Maria, é chamado a ir ao todo o homem como o Pai que vai cuidar do ta da dor com Jesus, e vive a vida nova mergulhaseu filho. da na presença do ressuscitado e na alegria do Na sua Ressurreição o Senhor invadiu-nos com a Espírito, já depois de ter assumido, em João, a sua vida nova, a sua alegria, o seu Espírito. maternidade para com todo o género humano. Inquietos e impelidos por esta “invasão divina”, de Olhando para a incarnação e a visitação Leão olhos postos em Maria, a mãe que nos foi dada, e Dehon reflecte e escreve: “Maria deixa a contemcom vontade de dela aprendermos a vida nova, plação do seu Senhor para ir colocar-se ao serviço sigamos os caminhos da sua maternidade que de Isabel, ou melhor, ela une ao amor a Deus o amor ao seu próximo. Como a Arca da Aliança, ela é a leva e nos leva a todos os que mais precisam e em tudo o que precisam. revestida de ouro por dentro e por fora. Que a plenitude da Páscoa realize cada um de A seu exemplo demo-nos aos homens sem deixar nós. Deus. Mantenhamo-nos em união com Deus, união constante, intensa, sempre igual, união que se

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Armando Silva

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12 – memórias

da família dehoniana

Diligente e exigente, pastor e missionário...

RECORDANDO O PADRE EUGÉNIO BORGONOVO A Casa do Sagrado Coração, em Aveiro; o Colégio Camões e o Instituto Missionário, em Coimbra; o Colégio Infante D. Henrique e a paróquia dos Romeiros, no Funchal, ficaram marcados pela presença deste dehoniano diligente, artista no campo musical, de trato fácil mas exigente...

O primeiro Prefeito do primeiro seminário menor dehoniano no Continente, a Casa do Sagrado Coração em Aveiro – o Instituto Missionário de Coimbra era mais propriamente seminário médio – foi o P.e Eugénio Borgonovo. Aberta a 15 de outubro de 1953, a Casa do Sagrado Coração funcionaria, nesse primeiro ano, com poucos alunos, cuja assistência era garantida por dois seminaristas dehonianos de Coimbra, para ali transferidos com o reitor da nova Obra, o P.e Luís Celato. No ano seguinte (1954-1955), os seminaristas já seriam uma dezena e meia, impondo-se o envio de um Prefeito também para esse novo seminário menor. A escolha recaiu precisamente no jovem religioso Eugénio Borgonovo. Nascido em Aicurzio, Milão (Itália), a 9 de agosto de 1930, Eugénio entra, já com 13 anos de idade, no seminário diocesano da grande metrópole lombarda. Era sobrinho de um dos Missionários de Rho, dedicados à pregação das Missões Populares e dos Exercícios Espirituais, um tio de nomeada, muito apreciado inclusive na Casa Papal. Esse tio será motivo de compreensíveis orgulho e emulação para o jovem seminarista, e sê-lo-á certamente ao longo de toda a vida do futuro P.e Eugénio. De facto, nunca ele dissimulará um certo perfecionismo e desejo de distinção, para ele e para as tarefas a que se dedicará. Em 1945, tinha ele 15 anos, transferiu-se para a Escola Apostólica dos Dehonianos em Albino, Bergamo. Professa a 29 de setembro de 1950, passando a frequentar, até 1954, o curso de filosofia em Monza. Na altura de fazer o estágio de vida religiosa, o seu destino será Portugal, mais precisamente a Casa do Sagrado Coração de Aveiro. Segundo a crónica dessa casa, a chegada foi a 10 de outubro de 1954, na companhia do então Superior Regional, P.e Ângelo Colombo. Permanecerá em Aveiro apenas um ano, por os Superiores considerarem mais necessária a sua colaboração no Colégio Luís de Camões, em Coimbra, como assistente de disciplina; para lá se transferirá, de facto, em setembro de 1955. E eis o Superior Regional da altura, P.e Aimone Benetti, propor na reunião do Conselho de 17 de julho de 1956 que o estagiário Eugénio Borgonovo permaneça em Portugal e faça os seus estudos teológicos no Seminário Diocesano de Coimbra, “para continuar o seu conhecimento do

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Padre Eugénio Borgonovo 1930-1997

ambiente português e dar assistência, em caso de ausência do Reitor do Instituto Missionário, aos nossos seminaristas na vida de regularidade em Casa”. Eugénio irá ordenar-se sacerdote em Bolonha, com os colegas de curso, a 28 de junho de 1959, regressando, após as férias desse ano e Missa Nova, a Coimbra, para aí completar os estudos e continuar a dar a sua colaboração no Instituto Missionário, transferido nesse verão para o novo e definitivo edifício de Montes Claros. No verão seguinte, em 1960, o jovem sacerdote é transferido para o Colégio Infante, Madeira, onde trabalhará durante oito anos. Em 1968, pede para mudar de casa e de tarefa; foi então colocado no Seminário Missionário Padre Dehon como orientador disciplinar dos jovens seminaristas. A sua personalidade forte, “carácter difícil e insatisfeito”, como ele mesmo então se definia, levá-lo-á, em março de 1973, a pedir ao Superior Provincial que lhe permita realizar o seu ideal missionário. O seu pedido de ir trabalhar para a

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Missão de Moçambique chegou a ser seriamente considerado, mas a transferência acabaria por se fazer para a Igreja italiana de Nossa Senhora do Loreto, em Lisboa, de que por quatro anos, de 1973 a 1977, será superior e reitor. Ali trabalhará com entusiasmo, pondo a render as suas capacidades de organização e animação litúrgica, cuidando sobretudo da parte musical – como o P.e Azzola, foi um exímio diretor de canto – e ilustrativa, com cartazes e subsídios, que quem com ele colaborou nas Missas desse tempo ainda recorda com apreço. Uma outra sua mais-valia era a facilidade de estabelecer relações pessoais; nesse capítulo, a comunidade italiana, e não só, ficou bem servida com a reitoria do P.e Eugénio Borgonovo. Em 1977, nos difíceis anos do pós 25 de abril, nomeadamente para o ensino particular, os Superiores viram no Padre Eugénio uma solução para o Colégio Infante, opção apostólica da Província, assumida no III Capítulo Provincial (1975), e a que convinha dar particular atenção, dado o contexto sócio-político de então. O P.e Eugénio era uma pessoa diligente e exigente. Quando trabalhámos juntos no Colégio Infante, apercebime dessa sua faceta de carácter. Não se conformava com nivelamentos por baixo. Para manter um certo nível do Colégio, opôs-se ao contrato de associação com o Governo Regional, que libertava o Colégio de preocupações económicas, mas, por outro lado, privava-o da autonomia na selecção dos alunos. O P.e Eugénio, nessa altura, ainda sonhava com fardas e distintivos que caracterizassem o Colégio. Os tempos eram outros, mas a sua preocupação de perfeição acompanhava-o. Podia-se discordar, mas compreendia-se. E foi nesta sua segunda presença no Colégio Infante que o P.e Borgonovo se dedicou à assistência pastoral do vizinho Curral dos Romeiros, paróquia de Nossa Senhora Rainha do Mundo. O bispo de então, D. Francisco Santana, em atenção ao trabalho notável ali feito pelo P.e Eugénio, propôs em 1980 nomeá-lo pároco dessa jovem paróquia. Os Superiores concordaram que

fosse nomeado “pároco ecónomo”, para assegurar transitoriedade e a não vinculação da paróquia ao Instituto. “Efetivo” ou “ecónomo”, a figura jurídica não condicionará o trabalho do novo pároco, que se dedicará de alma e coração à comunidade, pequena e isolada, mas não menos merecedora do seu zelo, que chegará ao ponto de construir-lhe uma nova igreja. A animação do Curral dos Romeiros será abrangente, a ponto de a Junta de Freguesia, interpretando os sentimentos da população, dedicar ao benemérito pároco o caminho, já vereda, que liga o Curral dos Romeiros ao Largo das Babosas, na freguesia do Monte: “Caminho do Reverendo P.e Eugénio Borgonovo”, como se pode constatar nos portais da Internet. De 1983 a 1989 e, depois de 1995 até à morte em 1997, o P.e Eugénio acumulará a tarefa de orientador disciplinar com a de superior do Colégio; de 1986 até 1997 será também ecónomo, para além de “pároco ecónomo” do Curral dos Romeiros. Falecerá a 7 de outubro de 1997, vítima do mal de diabetes; aos 67 anos!

Paróquia de Nossa Senhora Rainha do Mundo. Curral dos Romeiros – Funchal

Onde o P.e Eugénio certamente teve as maiores consolações pastorais foi no pastoreio do Curral dos Romeiros. Daí que o seu melhor epitáfio sejam as palavras do D. Teodoro Faria, bispo do Funchal, na Missa do seu funeral: “O P.e Eugénio foi muito querido na comunidade do Curral dos Romeiros, à qual ele se consagrou de alma e coração. Uma povoação pobre e afastada que, não tendo a possibilidade de sustentar um padre, nem a consolação de ser uma grande comunidade – é uma comunidade pobre e pequena – proporcionou ao P.e Eugénio a grande alegria de ele próprio dar a catequese. Quando várias vezes estive com ele naquela pequena igreja que ele levantou, ele sentia muita tristeza pelos homens que ficavam fora da igreja. Só vinham as crianças e as idosas. E eu dizia-lhe: ‘esses homens não entram na igreja, mas sabem que o senhor está cá dentro. Se o senhor não estivesse, eles ficariam mais tristes’. Era ele quem preparava para a primeira comunhão e para o crisma. Era um homem da pastoral e da direção espiritual. Obrigado, P.e Eugénio, por esta imagem de pastor, de missionário, que mostrava o seu amor a Cristo, sem esperar muitos frutos, mas empenhado em semear a Palavra, com espírito de fé. Obrigado, P.e Eugénio, pela comunidade que tens acompanhado para Jesus. Obrigado também pela forma como tu procuraste viver a tua vida sacerdotal e religiosa no meio deste povo tão afastado, quase esquecendo a tua mãe-pátria, a bela Itália”.

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14 – comunidades

da família dehoniana

Uma presença que se prolonga na história

DE ALFRAGIDE A CARNAXIDE

Quando, em 1967, o Cardeal Patriarca de Lisboa autorizou os Dehonianos a abrir o seu Seminário Maior em Alfragide, pôs três condições: a capela do Seminário não seria aberta ao público, salvo determinação posterior; a Congregação aceitava encarregar-se da futura paróquia de Alfragide, quando e pelo tempo que a autoridade diocesana o solicitasse, e enviaria alunos seus a estudar na Universidade Católica a erigir em Lisboa. A preocupação de evitar concorrências e pastorais paralelas, presente na primeira condição, deixava aberta a assunção da futura paróquia local por parte dos Dehonianos; Alfragide, na altura, pertencia à paróquia da Damaia. A reserva foi logo superada. Inaugurado o Seminário em 1969, no ano seguinte e a pedido do mesmo Patriarca, a sua capela era aberta ao público; no final desse ano, Alfragide já se tornava vicariato paroquial, sendo primeiro vigário o P.e Manuel Martins, recémchegado da capelania militar em Moçambique e já com experiência pastoral na zona de Loures. E logo de Alfragide se passou a Carnaxide. Em 1971, o Cardeal Patriarca pedia aos Dehonianos do Seminário Nossa Senhora de Fátima para estenderem a cura pastoral à paróquia de Carnaxide, confinante a Oeste. Caberá ainda ao P.e Manuel Martins a missão de inaugurar, também aí, a presença dehoniana. Carnaxide então abrangia Linda-a-Pastora e Queijas, Linda-a-Velha e os bairros populares de Barronhos e Outurela. Como no Vale de Loures, também nesses antigos povoados do Vale do Jamor, nomeadamente em Carnaxide-Centro e Linda-a-Pastora, persistiam vestígios do anticlericalismo republicano, exigindo uma pastoral de fronteira. Havia uma certa desconfiança em relação ao clero, com pais a impedir as crianças de se avizinharem e contactarem o padre, e havia filarmónicas locais que, por norma dos estatutos, não podiam tocar em celebrações religiosas! O forte fluxo migratório do Norte e das Beiras estava, porém, a mudar a fisionomia urbanística e populacional da área, surgindo novos bairros em Queijas, Linda-a-Velha e Carnaxide, abertos à ação da Igreja e correspondendo ao zelo pastoral dos novos párocos e colaboradores. Em 1975, o Seminário ocupar-se-ia de Alfragide, ficando o P.e Manuel Martins apenas com a paróquia de Carnaxide, que já lhe dava bastante trabalho. Dois anos mais tarde, em 1977, e sempre a pedido da autoridade diocesana, o vizinho bairro do Zambujal, continuando a pertencer à paróquia da Buraca, é confiado à cura pastoral do vicariato paroquial de Alfragide. Era o tempo da fundação de centros sociais paroquiais, a funcionar como creches e animação dos tempos livres (ATL); foram fundados um no Zambujal e outro em Alfragide, no terreno do Seminário. A

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Igreja de Carnaxide

construção da igreja paroquial de Alfragide foi todavia tardando, até por a capela do Seminário e as estruturas do Centro Social assegurarem os elementares serviços paroquiais. A 13 de agosto de 1986, o vicariato passaria à categoria de paróquia. Dado o grande surto habitacional de Alfragide, a Norte, na chamada Quinta Grande, seria lá, no único terreno cedido pela autarquia, que se construiria a estrutura que tanta falta fazia: a igreja paroquial, ideada e realizada pelo esforço do atual pároco, P.e Carlos Manuel Carvalho Correia da Silva, que a dedicaria à Divina Misericórdia. Seria inaugurada a 5 de outubro de 2010. Em 1989, com a delimitação geográfica das paróquias confinantes, o Zambujal passaria para a cura pastoral da Buraca, continuando o Seminário a assegurá-la ao Bairro da Boavista, um bairro popular, aos pés do Monsanto, na área geográfica da paróquia de São Domingos de Benfica, a que, desde 1973, uma série de Dehonianos se dedicará com zelo, numa pastoral também aí de fronteira, dadas as características socioeconómicas do bairro, caracterizado pela precariedade e pouco afeito à prática religiosa. Em 2003, também o Bairro da Boavista seria elevado a paróquia. Voltando a Carnaxide, é de assinalar a grande obra ali realizada pelo zelo e criatividade pastorais dos Dehonianos, que se sucederam no pastoreio da vasta área. Já em 1971, com o pároco e colaboradores ainda a residir no Seminário de Alfragide, o P.e Manuel Martins escrevia ao Cardeal Patriarca, observando-lhe que as missas dominicais na vasta paróquia já eram nove, donde a conveniência de o mesmo Patriarca solicitar dos superiores dehonianos mais colaboradores para o serviço da área. Foram dados

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os colaboradores e, em 1978, é criada uma comunidade religiosa dehoniana com sede no território da paróquia: a residência do Santuário da Rocha. Vão-se multiplicando as atividades pastorais, sucedendose os párocos e colaboradores e também a criação de estruturas. Já vem desde o início – assim se lê na referida carta – o projeto da construção das igrejas de Linda-a-Velha e Queijas, projeto que a autarquia municipal ajudará a concretizar. Em Linda-a-Velha, a crescer em ritmo acelerado, a bicentenária capela de Nossa Senhora do Cabo depressa se tornou pequena para o movimento de prática religiosa; criar-se-á um Centro Paroquial, com igreja polivalente, no rés-do-chão de um alto prédio da Praça D. Pedro V. A vitalidade pastoral de Linda-aVelha levaria à sua elevação a paróquia em janeiro de 1984, desmembrada da paróquia de Carnaxide. Será sobretudo nesta paróquia, onde o P.e Manuel Martins revelará a sua capacidade e iniciativa, beneficiando de um grupo de colaboradores leigos igualmente capazes e empreendedores. A solução da Praça D. Pedro V não era definitiva, e eis a dinâmica paróquia construir uma nova e ampla igreja na Rua dos Lusíadas, com um conjunto de anexos para atividades de vário género, que a tornarão emblemática do que deve ser uma paróquia urbana da atualidade. Além das estruturas de culto, catequese e vários serviços pastorais, a paróquia de Linda-a-Velha passará a dispor também de lar de terceira idade, Centro de Dia para idosos, creche e jardins de Infância e, o que lhe acrescerá celebridade, uma Escola de Música e Bailado, que, em junho de 1997, já tinha 540 alunos e 54 professores. Em Setembro de 2005 a Congregação entregará a paróquia de Linda-a-Velha ao Patriarcado, mantendo-se, sempre a pedido deste, nas restantes paróquias da área.

Igreja de Queijas

Também em Queijas foi realizado um notável esforço pastoral e de construção de estruturas. Suplantada rapidamente Linda-a-Pastora em termos populacionais e de vitalidade por Queijas, começar-se-ia, já em 1971, a celebrar nesta última o culto numa garagem cedida por um morador. Em 1975, quando a população já rondava os 5 000 habitantes, iniciase a construção de um salão provisório, destinado ao culto e a outras atividades paroquiais. Em 1984, começa-se a construir a atual igreja, ideada e leva-

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João Chaves

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da a cabo pelo dinâmico P.e José Gonçalves, com a generosa colaboração da população. Em setembro de 1986, é inaugurada a igreja, a que se anexariam diversas estruturas, desde a residência paroquial ao Centro Social, a assegurarem diversos serviços. Em dezembro de 1987, também Queijas será elevada a paróquia, desmembrada da de Carnaxide. Também o centro de Carnaxide conheceria uma expansão urbanística e populacional, que tornariam inaptas a antiga igreja e seus modestos anexos. Graças sobretudo ao dinamismo do P.e Jorge Alves, foi construída no pólo do centro cívico uma moderna igreja, que viria a ser inaugurada a 15 de outubro de 1995. À nova igreja e seus anexos destinados aos serviços eminentemente paroquiais também se associarão estruturas de cariz social, nomeadamente um lar da terceira idade e um Centro Social Paroquial, com ATL e Centro de Dia. Uma outra localidade assumida pastoralmente em 1971 pelos Dehonianos de Alfragide e pertencente à área pastoral de Carnaxide, foram os bairros pobres de Barronhos e Outurela, onde, em dezembro de 1970, se abrira um centro social, orientado pelas Escravas do Coração de Jesus. Também aqui, ao culto e à catequese se associaria a ação social, como aliás convinha às condições socioeconómicas da população. E existe o projeto de uma igreja com respetivas estruturas, que porém tarda a concretizar-se pelas poucas possibilidades financeiras dos bairros em questão, agravadas pela recente crise económica do país, que se reflete obviamente na disponibilidade de outras comparticipações. A comunidade tem uma forte componente cabo-verdiana, que se exprime na vivacidade do culto e demais formas de participação. Para terminar, uma breve referência ao Santuário de Nossa Senhora da Rocha, em cuja Reitoria reside, desde 1978, a comunidade dehoniana que presta assistência pastoral à área adjacente. Na margem direita do rio Jamor, num sítio isolado, convidativo à oração, o culto no Santuário limita-se, por ora, a uma Missa dominical e à administração de alguns sacramentos, nomeadamente batismos e matrimónios. Da gestão do Santuário é responsável, desde o tempo da fundação, uma Irmandade, que, na observância dos estatutos próprios, está aberta e colabora com a ação pastoral do Reitor e comunidade presbiteral sediada na Reitoria do Santuário.

Santuário de Nossa Senhora da Rocha

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16 – MissãoPress dos conteúdos

Tópicos– pararecortes reflexão sobredehonianos a crise 08

RESPOSTA CRISTÃ À CRISE

Quando, há 50 anos, o concílio Vaticano II quis sintetizar o pensamento da Igreja católica acerca da sua relação com o mundo, começou por escrever esta frase lapidar e luminosa: As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. (Constituição Pastoral Gaudium et Spes, nº 1)

Perante a actual crise, que envolve múltiplas facetas, porque ela é, simultaneamente, económica, financeira, social, cultural e ética, os discípulos de Cristo não são meros espectadores, mas sim actores, e, tal como os demais homens e mulheres, estão entre os culpados e estão entre as vítimas. Neste caso, temos de reconhecer que todos somos culpados e todos somos vítimas. O que se nos pede como cristãos é que não nos isolemos, não nos coloquemos de fora da cena, ao abrigo de qualquer incómodo; tão pouco que não nos refugiemos num eventual estatuto de vítima, de impotência, de fatalismo. A resposta dos cristãos à crise é, em primeiro lugar, uma resposta de fé, o que implica: - um olhar amoroso sobre o mundo e o reconhecimento de que a vida, em todas as suas manifestações, materiais e imateriais, é dádiva de Deus, uma dádiva que merece ser respeitada e cuidada e, porque assim é, a nossa relação pessoal com o mundo não deve ser de avidez e ganância destrutiva, em proveito próprio, mas de empenho no desenvolvimento e serviço ao bem comum; - uma atitude de solidariedade e fraternidade, que extravasa as fronteiras dos nossos relacionamentos mais próximos e é, tendencialmente, universal, com consequências no âmbito da família, do trabalho, da gestão das empresas, dos serviços públicos, das leis, da governação, da justiça ou da política; - uma predisposição interior que se converterá em gestos e iniciativas concretas em favor dos mais severamente afectados pela crise, os desfavorecidos e marginalizados pela sociedade (os empobrecidos, os desempregados, os idosos isolados e sem meios de subsistência, as crianças mal cuidadas, os doentes, as pessoas traficadas e exploradas, as vítimas da violência doméstica, os imigrantes desenraizados, …) e para eles procura que tenham vez e voz nas nossas sociedades; - um empenhamento activo em transformar a presente crise numa real oportunidade para fazer emergir novos modelos de funcionamento da economia e novas formas de organização social e dos territórios, menos expostas à dominação dos interesses dos poderosos, como presentemente sucede, e mais respeitadoras da dignidade humana e do bem comum.

A doutrina social da Igreja continua a ser um tesouro a aprofundar e a pôr em prática e o seu maior e mais generalizado conhecimento deveria ao menos servir de travão à tentação de importar modelos de gestão empresarial de cariz capitalista. Ao invés, as instituições da responsabilidade da Igreja deveriam ser, em si mesmas, testemunho evangélico, tanto no acolhimento de quem a elas recorre, bem como nos relacionamentos com os que nelas trabalham e nos demais relacionamentos. Não perdeu actualidade o testemunho das primeiras comunidades cristãs, que levava os pagãos a exclamarem admirados: Vede como eles se amam. A evangelização presentemente assumida como uma missão prioritária na Igreja do Ocidente passará, creio, por uma presença profética das comunidades eclesiais, que re-

Dr.ª Manuela Silva

conhece a crise, a reflecte e aprofunda e ousa pôr em causa os seus alicerces geradores, denunciando abusos e formas de exploração, quaisquer que estas sejam, e aponta, sem ambiguidade e sem transigência, a urgência de novos rumos assentes em valores universais de dignidade humana, liberdade e fraternidade.

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Manuela Silva

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palavra de vida – A Boa-Nova anunciada aos longos dos séculos contunua hoje e mobilizar

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PARTIRAM A PREGAR POR TODA A PARTE O mês de Maio é tão rico em celebrações e efemérides que até cansa só de ler a lista… Para nós, cristãos, é sobretudo um mês marcadamente pascal e é o mês de Maria. Ao longo deste mês celebramos as grandes solenidades com que encerramos as festas pascais… e é bom fazê-lo sob a proteção, a bênção e o exemplo de Maria. Dos muitos textos do Evangelho que poderíamos escolher, sugiro-vos o da Solenidade da Ascensão do Senhor (Mc 16, 15-20).

Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. (Mc 16, 15) Jesus ressuscitado parte para o seu Pai e nosso Pai, como Ele mesmo tinha anunciado a Maria Madalena e aos discípulos. Chegava ao fim a sua missão terrena, mas não terminava a sua história de amor e de salvação. Jesus tinha de antemão tranquilizado os discípulos: vou, mas não vos deixarei órfãos; enviar-vos-ei o Espírito Santo, que vos fortalecerá e estarei convosco até ao fim dos tempos. Todas estas promessas, Jesus cumpre-as, como temos visto ao longo deste tempo pascal. Nas suas aparições após a ressurreição, o dom da paz e do Espírito Santo são uma constante. E sabemos como esses dons transformaram a vida dos discípulos, que passaram de homens medrosos, trancados em casa, a testemunhas entusiastas da Boa Nova do Reino. Aos discípulos Jesus deixa o mandato do anúncio do Evangelho, juntamente com a ordem de batizar, de celebrar a Eucaristia em sua memória e de levar a todos o dom do perdão e da misericórdia. Os discípulos são enviados pelo mundo a distribuir estes dons, estas graças do amor de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte… (Mc 16, 20) Os discípulos cumprem o que o Senhor lhes manda e partem a pregar o Evangelho por toda a parte, levando a todos a Boa Notícia da salvação operada pela paixão, morte e ressurreição de Jesus. E Marcos diz-nos que o Senhor colaborava com eles, confirmando a Palavra com os milagres que a acompanhavam. Esta é a Boa Nova que tem sido anunciada ao longo dos séculos e que continua hoje a mobilizar tantos discípulos que aceitam o desafio da primeira hora. A experiência que vivo presentemente no Equador é disso exemplo. Eu sou um missionário de passagem, que tento integrar-me na dinâmica pastoral dos que por aqui vão estando anos a fio. Dá para perceber que o entusiasmo dos primeiros discípulos continua bem vivo nestes missionários que se dedicam por inteiro ao anúncio do mesmo Evangelho, ao testemunho do Cristo ressuscitado. Não há dúvida que o Senhor continua presente na vida e na ação destes missionários, tal como Ele prometeu. E o anúncio de hoje, como o de ontem, é acompanhado pelos “milagres” que confirmam a Palavra. Não se tratará de curas miraculosas nem da expulsão de espíritos, mas do milagre que faz multiplicar o pão na mesa dos famintos, que faz aumentar o respeito pela dignidade de cada um, que faz com que as pessoas consigam alcançar melhores condições de vida. Mas, acima de tudo, é uma ação evangelizadora que faz com que as pessoas encontrem consolação e esperança na contemplação do rosto libertador de Cristo e na comunhão fraterna e solidariedade com todos os irmãos na fé. Apetece deixar a cada um de vós o mesmo desafio do Senhor Jesus: na vossa comunidade, na vossa vida de todos os dias, pregai o Evangelho, testemunhai Cristo ressuscitado!

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José Agostinho Sousa

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18 – vinde e vereis dos conteúdos

O que Maria representa da vida da Igreja

FAÇA-SE EM MIM É natural que neste mês a nossa atenção se volte para Maria. É o seu mês. Os cristãos dedicam-Lhe múltiplas formas de veneração. E compreende-se. O que Ela representa “na vida da Igreja que está a caminho” recorda-o João Paulo II: “a sua excecional peregrinação de fé representa um ponto de referência constante para a Igreja, para as pessoas singulares e para as comunidades, para os povos e para as nações e, em certo modo, para toda a humanidade. É verdadeiramente difícil abarcar o seu alcance” (Redemptoris Mater). Importa considerar que Ela, envolvida no mistério que A transcendia, verdadeiramente peregrinou na Fé. Quis-Lhe parecer que o Senhor A reclamava exclusivamente para Si. Ser toda do Senhor foi, de facto, a orientação de toda a sua vida. Para o conseguir, a opção pela virgindade perpétua, mesmo dentro de um matrimónio acordado com José, como era próprio da mentalidade, da cultura religiosa e das exigências sociais do seu tempo e do seu povo, terá parecido a mais óbvia. Mas implicava a renúncia, por Deus, ao que de mais nobre constitui a alma e a missão feminina – a maternidade. E, para José, paralelamente, a renúncia deliberada à paternidade. Parecia tudo muito natural e muito lógico, como projeto humano, ainda que ditado por motivações sobrenaturais. Mas seria mesmo a vontade de Deus? No caso particular de Maria, no entanto, esta questão nem se colocava. A natureza das motivações parecia não deixar margem para dúvidas. Parecia, até que… O Evangelista S. Lucas narra com suficiente pormenor a descoberta do elemento insuspeitado e desconcertante que faltava. Vale a pena recordar: “Foi o Anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré a uma Virgem desposada com um homem chamado José. O nome da

Virgem era Maria. Tendo entrada onde Ela estava, disse o Anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-Lhe o Anjo: “Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David: reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim”. Maria disse ao Anjo: “Como será isto, se Eu não conheço homem?”. O Anjo respondeu-Lhe: “O Espírito Santo virá sobre Ti e a força do Altíssimo Te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível”. Maria disse então: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em Mim segundo a tua palavra”. (Lc 1, 26-38)

“Maria ficou perturbada”. Não era para menos. Tinha a sua decisão tomada, na convicção de que era o melhor, o mais perfeito. E, se era o melhor, era também, sem margem para dúvidas, a vontade de Deus. Assim Lhe parecia. Daí a perturbação. Entram em conflito aquilo que Lhe parecia ser a vontade de Deus e a vontade de Deus revelada pelo mensageiro divino. A perturbação dissipou-se, quando as breves informações do Anjo tornaram claro ao seu espírito o alcance da proposta que Lhe trazia da parte de Deus. Haveria lugar para a reflexão prévia, para a consulta aparentemente indispensável a José, para a avaliação das implicações e consequências? A nós, parece-nos que sim. A Ela pareceu que não. Era a proposta de Deus? Prevaleceu a fé e a disponibilidade: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em Mim segundo a tua palavra”. De Maria de Nazaré, neste mês que Lhe é particularmente dedicado, a lição que nos vem é exatamente a da disponibilidade sem hesitações e sem condições para as propostas de Deus. Foi preciso discernir e Maria fê-lo. Mas não o fez por sua conta e risco. Acreditou e, porque acreditou, abriu-se por completo à intervenção divina. Fê-lo com aquela disponibilidade quase temerária que a muitos de nós falta, infelizmente, para que as nossas vidas possam, de facto, ter o sucesso que, desde sempre, está na mente e no coração de Deus.

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Fernando Ribeiro

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onde moras – Felizes os que não viram mas acreditaram

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TAMBÉM EU VOS ENVIO Jesus Ressuscitou! Ele vive em nós e no meio de nós. Vejamos o que aconteceu com os discípulos: Eles tinham vivido com Jesus, durante a sua vida nesta terra. Tinham partilhado muito da sua vida com Ele. E agora, tanto sofrimento, tanta desilusão, Jesus morreu numa cruz! Que acontecerá com estes homens que andaram com Ele? Sentem-se perdidos, sem saber o que fazer, possivelmente, com medo que lhes aconteça o mesmo! Estavam reunidos, fechados em casa. No e meio do sofrimento, acontece algo de inesperado!

“Estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: “ A paz esteja convosco!” Tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Dizendo isto, soprou sobre eles” e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20, 19-23).

A partir deste momento os discípulos ficaram cheios de esperança e de força para avançarem, é a força do Espírito Santo, que renova todas as coisas, torna possível o que antes era impossível. Estes homens que estavam fechados com medo dos Judeus, agora são capazes de sair de casa, de anunciar o Evangelho de dizer a todos que afinal não se tinham enganado. Que Jesus cristo vive, está com eles e está também com todos aqueles que acreditam. Ele está connosco!

“Um dos discípulos, Tomé não estava no grupo quando veio Jesus, quando chegou contaram o sucedido mas ele respondeu “ se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meus dedos no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei “ oito dias depois , achavam-se os discípulos, de novo, dentro de casa, e Tomé com eles. Jesus veio, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco!” Depois desse a Tomé: “Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende a tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê” Respondeu-lhe Tomé: “ Meu Senhor e meu Deus!” Jesus disse: “Porque viste, acreditaste. Felizes os que não viram e acreditaram” (Jo 20, 24-29).

Nós não vimos Jesus com os nossos olhos, não lhe tocamos com as nossas mãos. Mas cremos e temos razões para isso. A fé é um Dom, nós cremos pela fé, vemos Jesus Ressuscitado com os olhos do nosso coração, recebemos o Senhor Jesus na Eucaristia. Alimentamo-nos com o Seu Corpo. Que o Senhor Ressuscitado seja sempre a nossa força. Que o Pentecostes se torne uma realidade na tua e na minha vida.

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Fátima Pires

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20 – meias doses de saber dos conteúdos

Contemporâneo de D. Afonso Henriques, ganhou fama popular e eclesiástica de santidade

SÃO TEOTÓNIO E AS ORIGENS DE PORTUGAL (II)

A afirmação do estatuto de santidade e o seu reconhecimento pela autoridade eclesiástica assumem contornos, funcionalidades simbólicas, sociais e mesmo políticas que ultrapassam a estrita esfera espiritual e o critério da legitimação de um dado modelo de exemplaridade cristã creditada por critérios evangélicos canonicamente estabelecidos.

Teotónio novamente cede ao apelo de regressar à Terra Santa e à procura de uma vida mais contemplativa. Nesta segunda peregrinação contacta de perto com os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho que teriam ganhado grande apreço pelas qualidades deste sacerdote lusitano, querendo mesmo fazê-lo seu superior. Não teria anuído a esta intimação, antes teria regressado a Portugal, mas já imbuído do ideal monástico vivido pelo Cónegos seguidores da Regra do Bispo de Hipona. Nas viagens de Teotónio à Terra Santa e ao contacto com esta experiência monástica canonical que se pode entrever as origens daquela que pode ser considerada a instituição religiosa e cultural também fundadora da nacionalidade portuguesa: O Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra assente na Regra e no modelo de vida dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Com efeito, no regresso da sua segunda viagem de peregrina, São Teotónio é convidado pelo arcediago D. Telo e pelo bispo de Coimbra a instalar em Coimbra uma nova congregação/comunidade de Cónegos Regulares de Santo Agostinho que marcará decisivamente a cultura portuguesa e o apoio espiritual à monarquia tão decisivo para a sua estruturação como poder organizado e reconhecido como para a afirmação de uma identidade nacional distinta dos reinos vizinhos de Leão e Castela. O Mosteiro é instalado com o patrocínio de Afonso Henriques sob a direcção de São Teotónio nos arredores da cidade coimbrã em 28 de Junho de 1131. A comunidade monástica, fundada sob a invocação de Santa Cruz (Ordo Canonicorum Regularium Sanctae Crucis), começou a funcionar com vida religiosa regular a 25 de Fevereiro do ano seguinte com 72 religiosos sob a direcção do primeiro prior eleito Teotónio. É destacada na espiritualidade de São Teotónio e na dos seus Cónegos de Santa Cruz, uma atenção espiritual à

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Milagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890)

devoção a Nossa Senhora, o que tornará este mosteiro um centro importante para compreender a história da irradiação da espiritualidade mariana em Portugal. A primeira dinastia portuguesa, a começar pelo seu fundador Afonso I, cumularam este mosteiro de abundantes privilégios e bens, por ter, desde logo percebido, a importância que representaria garantir apoio a uma instituição que ofereceria um suporte espiritual, cultural e até mesmo no plano da formação de quadros para o reino que se queria estruturar com uma autonomia que perdurasse. Importa acentuar que esta fundação monástica deve inscrever-se no ideário de renovação espiritual da Cristandade que tanto Telo como Teotónio incarnavam. Este desejo de reforma que marcou a transição da Alta para a Baixa Idade Média resultou da consciência gritante da corrupção e afrouxamento espiritual que tinham afectado largas camadas da hierarquia eclesiástica que geraram movimentos críticos de descontentamento por vezes derivando em correntes heréticas e em propostas utópicas de transformação social e eclesial.

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São estabelecidas ligações íntimas entre o primeiro Prior de Santa Cruz e as ações políticas e militares bem sucedidas de D. Afonso Henriques, a quem este pedia conselho e apoio espiritual.

As suas viagens à Terra Santa passando pelo Sul de França permitiram conhecer de perto os ventos de renovação promovidos pela reforma de Cluny e pela reforma gregoriana da Igreja. Esta reforma eclesial inspirada no modelo monástico de que o Papa Gregório VII, antigo monge da regra beneditina, era herdeiro gerou uma corrente em toda a cristandade que levou por um lado à procura de reforma da vida do clero e dos cabidos canonicais adscritos às sés procurando imprimir-lhe ritmos de vida mais exigentes à luz dos modelos de vida monástica e, por outro lado, mobilizava para uma dedicação pastoral mais intensa guiada pelo escopo de conversão da vida secular a uma vida cristã mais santa. São Teotónio é descrito pelos textos hagiográficos e pelas crónicas de Santa Cruz como um homem espiritual por excelência: homem de oração intensa, amigo dos pobres e humildes, austero na vida, conciliador na sociedade e operador de ações prodigiosas. A sua vida evoca bem a tensão entre dois apelos que as reformas do clero em concurso implicavam e, por vezes, também impunham, muitas vezes, dificuldades da gestão de opções, ou seja, o apelo da vida contemplativa e a exigência ou obrigação de uma vida ativa de pregação e serviço aos mais pobres, interrompendo um recolhimento de natureza monástica. Se a reforma gregoriana valorizava uma gestão equilibrada do atendimento a estes dos apelos que repartisse a vida do clero entre a contemplação, o cuidado da liturgia e a ação evangelizadora, o modelo de Cluny acabava por sobrevalorizar a contemplação em detrimento da ação, em que se investia mais nos ritos litúrgicos com solenidade e os ritmos de oração e menos numa vida de trabalho pastoral. Do ponto de vista político são estabelecidas ligações íntimas entre o primeiro Prior de Santa Cruz e as ações políticas e militares bem sucedidas de D. Afonso Henriques, a quem este pedia conselho e apoio espiritual. Ao poder do seu apoio espiritual através da oração e do conselho conveniente foram atribuídas importantes vitórias da reconquista cristã dos territórios de Mouros operadas por Afonso Henriques, nomeadamente a estratégica de conquista de Santarém.

É atribuído também a São Teotónio um papel no aconselhamento em favor de uma política de tolerância e integração dos cristãos moçárabes nas povoações conquistadas aos mouros. Relatados são os casos das incursões militares de Afonso Henriques à região de Andaluzia, onde fez cativos muitos mouros e moçárabes à mistura. A experiência internacional de Teotónio advinda das suas viagens de peregrinação permitia-lhe distinguir facilmente fiéis islâmicos de fiéis cristãos inculturados sob domínio muçulmano. A distinção foi tornada patente junto do rei que por conselho deste cónego monge libertou-os e deu-lhes cidadania cristã. A morte de São Teotónio em 18 de Fevereiro de 1162 é descrita de forma prodigiosa e mística. Como acontece com descrições semelhantes de homens eminentes pela sua santidade e outras qualidades excepcionais, no momento da morte de Teotónio vê-se um globo luminoso a descer e subir sob o claustro do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, abundando narrações de milagres e prodígios atribuídos depois ao poder intercessor deste santo que o povo rapidamente considerou santo. A fama de santidade foi tal que sua canonização pela autoridade eclesiástica aconteceu logo no ano seguinte. Pela iniciativa do arcebispo de Braga, D. João Peculiar, reuniram-se os bispos do reino e, usando do poder que tinham então os metropolitas, reconheceram o grau de santidade em Teotónio, canonização que veio a ser reconhecida através da autoridade da Igreja Universal pela mão de Alexandre III. A vida de São Teotónio foi revisitada por várias crónicas e histórias muitas delas produzidas no percurso de feitura da história e da valorização da importância do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. O prestígio da sua figura e da sua santidade é-lhe dado também pela sua eleição para patrono de importantes cidades portuguesas. Este santo fundador do Reino de Portugal tornouse padroeiro de Viana do Castelo, de Viseu e de Coimbra.

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Eduardo Franco

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22 – pedras vivas dos conteúdos

Os mais velhos podem aprender com os mais novos

A CAMPANHA “DO FRANCISCO” Há pedras e pedras! Algumas bem preciosas como todas as que te tenho apresentado nestas páginas. E há pedra velha e pedra nova, com sabem todos os que nasceram em terras de pedra como eu, que sou de um concelho que faz da pedra uma das suas riquezas e até riqueza do país pelas exportações. Sou do Marco, terra de granitos. E há o granito velho, mais amarelado e o novo, mais azulado…

O Francisco com os avós e a irmã.

Desta vez, nesta coluna, também se fala de muitas Pedras Vivas, outra pedreira, se quiseres, mas vou falar sobretudo do Francisco, a Pedra Viva que me deu a conhecer as outras de que, por arrasto, também se fala aqui. O Francisco é um jovem de Baguim do Monte, que fez a 23 de Março 12 anos, muito jovem, portanto. Mas já capaz de se entusiasmar, e de entusiasmar outros, por causas de carácter social. O Francisco frequenta o Colégio Nossa Senhora da Paz, no Porto, escola particular e bem paga, porque, infelizmente, a diferenciação (negativa) entre o ensino público e o privado, no apoio dado pelo estado, a isso obriga. É uma escola frequentada, portanto, por jovens cujos pais podem pagar. Mas não é por isso (ou será por isso mesmo?) que o Colégio deixa de pensar em crianças mais pobres, promovendo iniciativas de caráter social. Na última quaresma a campanha foi a favor do projeto “RABO DE PEIXE SABE SONHAR”, iniciado há uns anos por um grupo de jovens padres Jesuítas, que com os jovens das suas estruturas de pastoral juvenil, assumiu esse projeto, procurando para ele, todas as parcerias possíveis. Foi assim que uma antiga aluna do Colégio, Inês Osório, se lembrou de promover essa campanha no “seu” Colégio.

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E em boa hora o fez. Na promoção do projeto lembrou a realidade social da Vila de Rabo de Peixe, na ilha de S. Miguel, nos Açores. É uma das terras mais pobres de Portugal. Dos cerca de 8 000 habitantes, grande parte vive em situação de grande pobreza. O desemprego é grande, há muitas situações de alcoolismo, de violência doméstica e de outras chagas de caráter social, como droga e prostituição… A campanha foi acarinhada pela direção do Colégio e pelos professores que se encarregaram de a promover junto dos alunos. A avaliar pelo entusiasmo com que o Francisco falou deste projeto à mãe e, mais tarde, também a mim e à comunidade que frequenta a Eucaristia das 19h, na capela de santo António, da paróquia de Baguim do Monte, foi muito bem promovida. Ele empenhou-se muito, como se empenharam os seus colegas. Na sua turma juntaram 150 euros. Nos tempos que correm, não é nada pouco. No conjunto do Colégio, conseguiram um total de 1 604,74 €. Pouco? Muito?... É o que foi possível, no mês que durou a campanha. E nestas coisas, bem mais importante que a frieza da matemática é o calor do coração, capaz de gerar solidariedade, partilha, amor pelos mais carenciados. Por isso disse que a Pedra Viva se chamava Francisco, mas que, por arrasto falaria também de outras: Os jovens Padres Jesuítas que se aperceberam da situação. Os jovens das estruturas de pastoral juvenil e universitária dos jesuítas, a Inês Osório, a direção do Colégio e seus professores, os alunos do Colégio Nossa Senhora da Paz e as suas famílias… Muita gente mesmo, outra grande pedreira.

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Missionários somos nós todos porque somos cristãos Há ou não Pedras Vivas ainda tão jovens? Não são só os mais novos que teem que aprender com os mais velhos. Os mais velhos também podem aprender com os mais novos, com o Francisco e outros jovens como ele, que O Francisco explica a campanha à comunidade, na capela de Santo António, sabe entusiasmar-se em Baguim do Monte. pelo que vale a pena! A Inês Osório acha que os objetivos foram alSe continuarmos a falar do jejum e da abstinêncançados e, numa carta que escreveu aos pais, cia da Quaresma, como sendo, apenas, não codizia: mer carne às sextas-feiras e em comer cerca de “É com grande alegria que venho agradecer-vos metade numa das refeições de quarta-feira de a vossa incrível participação nesta campanha, cinzas e em sexta-feira santa, isso nada mudará que, com muito empenho e carinho, promovi em nas nossas vidas, será puro legalismo. Temos que nome do projeto “Rabo de Peixe sabe sonhar”. mudar de mentalidade e entender o que entenFoi notório um profundo entusiasmo das deram o Francisco e os seus colegas. É preciso crianças em saber que estavam a ajudar outras ser capazes de sair de nós mesmos, de olhar para crianças iguais a elas, mas que não tiveram tanta o lado e de ver outros irmãos a quem temos de sorte, facto que foi certamente estimulado por estender as mãos e de abrir o coração! Esse sim, todos vós, nas vossas casas.” é verdadeiro jejum, o que agrada a Deus. Obrigado, Francisco, pela alegria com que me ligaste a dar a notícia do resultado da campanha. Que coisas como essa te entusiasmem a vida toda!

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António Augusto

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24 – espaço escola dos conteúdos

Permanece no fundo mais recônditodo mistério do homem uma réstia de esperança

APRENDER A APRENDER (II) É reconhecido que, para ter sucesso na educação, devemos estar atentos nas aulas e fora do horário escolar, para rever as anotações e ler o material do curso. No entanto, com algumas estratégias de estudo, poderás reduzir a fadiga da escola e até mesmo o número de horas que passas na sala para teres sucesso.

.o -teuAntestempo. de abrir um livro tenta gerir Organiza um calendá-

rio com o horário e lista todas as tuas aulas e outros compromissos. - Usa uma cor por matéria. Escolha uma maneira de incluir os prazos para a lição de casa e para destacar datas importantes. Por exemplo, usa vermelho para os prazos e verde para compromissos pessoais. Para uma referência rápida dos teus prazos, também podes aproveitar um calendário grande pendurado à tua frente. - Organiza-te! Cria um sistema para organizar as tuas notas e folhetos. Manter um perfurador de furo na tua bolsa, a fim de classificar os materiais do curso à medida que os vais recebendo. Encontrarás o escritório de Apoio ao Estudante na tua escola ou Universidade, e não te inibas de pedir ajuda quando tiveres necessidade dela. - O convívio com os colegas é sempre útil desde que não percas tempo. Trabalhar em grupo e organizar o seu tempo surte sempre um efeito benéfico, se e quando, cada um cumpra a sua parte. - Muitas vezes há palestras sobre métodos de investigação e orientação superior, pelo que é sempre bom aproveitar os ensinamentos dos mais doutos e informados.

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.que- Aproveita os novos equipamentos e, mais do esperar milagres, recorre conscientemente à

pesquisa adequada à matéria e troca ideias com os teus colegas para obteres informações sobre o seu próprio estilo de aprendizagem e adaptar, podendo, assim enriquecer as tuas habilidades de estudo para se adequar ao seu estilo. Evita distrações! - Cria um lugar em casa, onde possas estudar sem interrupções. Se isso não for possível, visita a biblioteca da escola antes do início do ano letivo para encontrares uma mesa em um canto quieto. Tira proveito dos recursos! - Na biblioteca, aprende a usar o software para procurares livros, jornais e outros documentos. Vais perder informações valiosas, se fazes a pesquisa na Internet. Além disso, familiariza-te com o software com antecedência, não terás que tentar fazer quando estivers preocupado com o trabalho que deves preencher para cumprir um prazo apertado. - Exercício! Oferecer atividades físicas que se encaixam bem na tua agenda lotada e estabelecer uma rotina agora. Estarás mais desperto durante as suas aulas e vai beneficiar de uma melhor concentração ao estudar em casa. Também podes gerir melhor o stress durante um exame ou preparando-te para um exame. - Relaxa! Encontrar estratégias de relaxamento para usar quando experimentares o stress ou a ansiedade. - Tomar notas. Cada professor tem seu próprio estilo de ensino. Podes precisar de mudar a maneira de tomar notas para cada um dos cursos. Aqui estão algumas estratégias que irão ajudar-te a tomar notas em quase todos os sentidos: Frequentar as aulas. As notas que os alunos dão uns aos outros raramente são úteis. Usa abreviaturas! Aprende a usar abreviações de palavras usadas com frequência para tomar notas mais rapidamente. Compõe as tuas próprias abreviações.

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.onde - Escolhe um bom lugar! Senta-te num lugar possas ouvir e ver o que acontece, mes-

mo se os teus amigos se sentam noutro lugar. Anota as ideias principais em vez de qualquer coisa que o professor diga. Escreve de forma estratégica! - Desenha uma linha vertical de dois centímetros do lado direito ou esquerdo da página. Regista as tuas notas de aula na parte mais larga da página. Ao rever as anotações, anota as palavras e frases-chave na parte mais estreita da página. Isso ajudar-te-á a concentrar as ideias principais como se preparar para os exames. Escreve de forma legível! Escreve rápida, mas claramente. É difícil estudar utilizando notas difíceis de ler. Deixar espaços em branco favorecerão e identificarão mais facilmente as ideias principais. - Organiza as tuas notas de aula em forma de esboço, o que não é muito difícil de fazer, embora isto dependa do professor.

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PENSAR

• Aprender sempre com ânimo! • Rever sempre a matéria!

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Manuel Mendes

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26 – leituras

dos conteúdos

O tempo é seu. Troque o relógio pela bússola, para manter o Norte

MÊS DE ESPIRITUALIDADE Anselm Grün (2012). Espiritualidad. Para tener un éxito en mi vida: Madrid: San Pablo

Acaba de sair um livro de Anselmo Gün em versão espanhola que pode ter todo o seu interesse, já que versa a temática da espiritualidade, tão procurada, mas tão pouco aprofundada hoje em dia, já para não dizer, não muito vivida. Começa por relatar um acontecimento interessante, que é um encontro que se realiza, todos os anos, na Holanda sobre a espiritualidade durante um mês. A televisão, a rádio, os jornais durante esse mês dirigem a atenção para esse acontecimento. Anselm Grun foi convidado para ir a este encontro e apresentar o tema sobre a espiritualidade e a paixão. Os organizadores achavam que a espiritualidade não é algo soft, mas que é para o mundo e ajuda a melhorar a sociedade. Este mês de espiritualidade na Holanda lança um tema com interesse enorme em todo o mundo. A espiritualidade não está confinada à religião, mas desperta interesse em figuras da economia e da política. Então o autor quis combinar este binómio espiritualidade e paixão. Segundo ele, a espiritualidade não é algo estranho e desligado do mundo, mas actua de forma concreta na sociedade e na nossa vida. Mais. A própria vida só será plena se aprofundar a espiritualidade e esta proporcionar uma paixão para a vida quotidiana, para a animar vivamente. A espiritualidade consiste neste caminho que nos abre a uma realidade maior, ajudanos a ampliar os canais da nossa consciência e a unir-nos a Deus. Embora alguns estudiosos falem de uma espiritualidade sem Deus, todas as formas de espiritualidade estão abertas à transcendência para Deus, para um Poder superior.

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É verdade e um pouco triste que muitas pessoas procuram a espiritualidade fora das igrejas, porque, muitas vezes, estas limitam-se aos ritos, às heranças dogmáticas e culturais. Desta maneira, não esperam das igrejas nenhuma ajuda para iluminar e ajudar a vida do dia a dia. Preferem círculos espirituais, meditação ou técnicas orientais de relax. Não querem saber nada das igrejas. Também podemos arriscar a dizer que terão traumas da infância, uma imagem severa e castigadora de Deus e a obrigação de falar constantemente de culpa e de pecado. Muitos procuram a religião no exoterismo, outros nas religiões orientais e a maior parte em nenhuma. Espiritualidade e paixão Este binómio pretende exprimir a busca apaixonante da espiritualidade que movimenta muita gente. O que procura apaixonadamente caminhos de espiritualidade será possuidor de uma grande energia. Esta energia deverá incidir na sociedade para que a nossa vida seja plena. Os profetas pronunciavam discursos ardentes. Elias, o maior profeta do Antigo Testamento era um apaixonado por Deus. Lutava com todas as suas forças contra os falsos profetas, contra o culto a Baal que desfocava a verdadeira imagem de Deus. Amós lutou apaixonadamente a favor da justiça. Os profetas tiveram sempre uma atitude vigorosa e apaixonada.

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NA HOLANDA Richard Egenter, um teólogo alemão, escreve sobre os cristãos que se caracterizam pelo aborrecimento. Não dão nada. Não possuem fogo. Gastam excessiva energia em serem correctos e perfeitos. Elegeram a espiritualidade não para procurar a vida (vitalidade, energia e paixão), mas para fugir dela. É que se integramos na espiritualidade as nossas paixões humanas, a nossa paixão de amor, na luta por um mundo mais justo, nesta imensidão de pobreza, essa espiritualidade será bênção para todos. Uma espiritualidade narcisista que gira em volta de si mesma, não possuirá força para invadir as nossas vidas. O nosso mundo precisa de pessoas que percorram um caminho espiritual e que ao mesmo tempo conservem a paixão pela vida e pelo amor entre os seres humanos. A espiritualidade e a nossa missão A espiritualidade cristã torna-nos conscientes da nossa singularidade. O famoso filósofo e teólogo Romano Guardini referiu numa ocasião que Deus pronuncia sobre cada pessoa uma palavra originalíssima, um código que só se aplica aquela pessoa. A missão da espiritualidade é transmitir claridade, dar paz, amor, esperança, serenidade, suscitar vida, tornar presente a amizade e a beleza. A espiritualidade atual do wellness (bem estar) tem o seu sentido. Antes havia cristãos que se sentiam esgotados por dar-se demais aos outros. Há que amar o próximo e amar-nos a nós mesmos; entregarmo-nos aos outros e vivermos em harmonia connosco mesmos, existir para os outros e para nós mesmos, Figuras públicas e espiritualidade Que pensas da espiritualidade nas figuras públicas, como Guilherme Oliveira Martins, João Cesar das Neves, Bragão Felix, Marcelo Rebelo de Sousa, Bruto da Costa? Que outras figuras públicas te impressionam pela sua espiritualidade?

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Adérito Barbosa

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28 – sobre a bíblia dos conteúdos

O Reino de Deus é PAZ e ALEGRIA no Espírito Santo

LONGANIMIDADE: VIVER COM O

O quarto fruto do Espírito Santo é a longanimidade. Trata-se de uma palavra pouco usual no nosso vocabulário. Trataremos de a conhecer melhor no âmbito da Sagrada Escritura e, sobretudo, passar a escrevê-la no âmbito da nossa vida cristã: dizendo-o de uma forma poética, trataremos de ser dicionários onde se compreenda o significado desta longanimidade.

Antes de mais, a palavra portuguesa, que segue a latina, longanimitas, demonstra a largueza de ânimo daquele que caracteriza. No nosso caso, tratando-se dos frutos do Espírito Santo, diremos que quem é por Ele habitado deverá ser uma pessoa grande de ânimo, com uma alma grande. Uma vez mais, na Sagrada Escritura é o próprio Deus a ser exemplo disso. Na tradução grega do Antigo Testamento, esta palavra aplica-se várias vezes a Deus: é Ele que é o Deus longânime, o mesmo é dizer, o Deus paciente (cf. Sl 103,8; 144,8). Habitualmente, a par desta caracterização de Deus, encontramos outras. Em vista de alargarmos o leque das referências da Sagrada Escritura, tomamos a de Ex 34,6-7, que regista a forma como Moisés fala de Deus, quando o vê passar na nuvem: “Senhor! Senhor! Deus paciente [longânime] e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e de fidelidade, que mantém a sua graça até à milésima geração, que perdoa a iniquidade, a rebeldia e o pecado, mas não declara inocente o culpado e pune o crime dos pais nos filhos, e nos filhos dos seus filhos até à terceira e à quarta geração”. Neste pequeno texto, cheio de sentido, encontramos as características dessa longanimidade de Deus, antes de mais a clemência, a bondade e a fidelidade, a lentidão para aplicar o castigo, porque é lesto na misericórdia.

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M O CORAÇÃO GRANDE DE DEUS

Caracteriza esta longanimidade de Deus a sua inclinação para o perdão. De facto, o adjetivo “longânime” é colocado na boca de Jesus, por duas vezes, na narração de uma história de perdão que pretende incutir na comunidade cristã o sentido do perdão a partir da atitude de Deus Pai que perdoa (cf. Mt 18,26.29). Analisando o texto, verificamos que, num curto espaço de tempo, como passa da parábola de Jesus, uma mesma pessoa pede a clemência do seu superior e recebe esse mesmo pedido de um seu semelhante. O desfecho da história não podia ser pior: tendo recebido o perdão da dívida da parte do seu senhor, não foi capaz de perdoar igual dívida ao seu semelhante, recebendo assim o veredicto de ser entregue aos verdugos até pagar a dívida por inteiro. A conclusão de Jesus transporta-nos para o domínio da relação do crente com o divino: “Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração” (Mt 18,35). A mesma conclusão tinha ressaltado ao encerrar o discurso sobre a oração, quando Jesus ensinou a oração do Pai Nosso, de acordo com a ordem de Mateus: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas” (Mt 6,14-15). O cristão é chamado a assumir uma atitude que era própria de Deus. Diremos então que a longanimidade faz parte do cristão por vocação: a ela somos chamados, dando cumprimento ao mandato do Senhor – “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36; cf. Mt 5,48, onde a misericórdia lucana é entendida a modos de perfeição própria de Deus). Como se pôde verificar destes textos que citámos por último, a longanimidade é uma atitude que deve reinar na vida da comunidade cristã. Não se trata, então, de um puro ascetismo voluntarista do indivíduo, mas de uma atitude a cultivar nas relações humanas dos cristãos com todos os irmãos. Exortando os

Efésios, Paulo parece dar conta da importância desta característica vital da comunidade cristã; em Ef 4,1-3, podemos notar que a longanimidade, aí traduzida normalmente como paciência, a par da mansidão e da humildade, é uma atitude própria do “modo digno do chamamento” para o qual Paulo apela. Além disso, o objetivo destas atitudes da exortação paulina parece ser a vida de apoio mútuo na caridade, que se traduz na unidade onde o Espírito – autor também desta obra em nós – é uma pedra fundamental. Mais, Ef 4,17-24, no seguimento desta exortação, introduzirá a temática do “homem novo”, servindo-se da metáfora da indumentária: o “homem velho” está revestido de desejos enganadores, ao passo que o “homem novo”, cujas características pela ação de Cristo e do Espírito são a justiça e a santidade, é o homem da nova criação onde o Espírito tem uma palavra a dizer na renovação da sua mente. No fundo, o apelo de Paulo a viver de acordo com o Espírito cujas obras elenca é um apelo a viver os sentimentos do próprio Jesus Cristo e do amor que pregou e viveu. É a vida nova no Espírito que é inaugurada. É a hora de colocar em prática o hino do amor, qual ação contínua do ser longânime (1Cor 13,4). É esta a lógica da vivência carismática dentro da Igreja; é esta a forma que o Senhor nos propõe para viver a vida renovada no Espírito; é esta uma das atitudes chave do ser e do agir cristão.

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Ricardo Freire

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30 – reflexo

dos conteúdos

Ouvimos falar de NOVA EVANGELIZAÇÃO, mas tudo continua como antes...

UM IMPULSO RENOVADO Sabias que: O mês de maio está repleto de “festas”. É o mês em que quase todas as paróquias, por isso a tua também, celebram as festas da catequese, primeiras comunhões, profissões de fé e crismas. A juntar a tudo isto é o mês de Maria e as Igrejas enchem para rezar o terço. Todo este movimento se justifica porque aproxima-se o fim do ano pastoral. Estas celebrações ajudam a fazer uma síntese daquilo que foi aprendido e vivido ao longo do ano. É um momento muito importante para todos os membros de uma comunidade e não só para os meninos e meninas que diretamente estão envolvidos na catequese com os seus catequistas. Nestes dias vemos na igreja tantos que ao longo do ano não vemos. Há dias, durante a reunião da Conferência Episcopal, ficámos a conhecer os resultados de uma sondagem realizada pela Universidade Católica que documenta o que constatamos no dia-a-dia das nossas comunidades paroquiais: o número de católicos, apesar de continuar elevado, está a cair, ainda são muitos (79,5%), mas são cada vez menos, basta ver que há doze anos, eram 86,9%. Outro dado que me parece significativo diz que os portugueses não estão a ficar descrentes, estes não chegam a 10%. Estão a optar por outras confissões cristãs, por outras religiões ou a alimentar a fé longe de qualquer enquadramento institucional. Estes estudos não dizem tudo, até porque a fé é uma vivência que não se pode medir. Mas pensar que estes dias de festa são a imagem da vivência cristã não é ter a visão correta das comunidades. A relação com Deus e com as pessoas a partir de Deus não se pode medir. Quer a sondagem, quer o que vemos acontecer nestes dias nas nossas comunidades deve ser motivo de reflexão para todos nós. Mais do que “chorar o leite derramado”, temos que olhar para a frente. Há alguns passos a dar que podem inverter esta situação.

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O primeiro está dado, conhecemos a realidade, não se pode esconder. Esta realidade não pode ser motivo de desilusão ou desânimo, mas de inquietação, procura e interpelação. Depois perceber que estamos sempre em conversão, atitude fundamental na Igreja, mas que tantas vezes é pregada, mas esquecida. E converter-se é procurar os caminhos de Deus neste hoje histórico. Ouvimos falar de nova evangelização, mas olhamos e vemos que tudo continua como antes, e como é difícil mudar! Continuamos agarrados aos esquemas do passado. É preciso um novo método, nova linguagem, mas sobretudo na Igreja Deus tem de ser a prioridade e o Homem o caminho para chegar até Ele. É necessário uma nova atitude, mais consciente e consequente. Não se pode pactuar com o deixa andar, fazer por fazer, ou mesmo aceitar a resposta de que sempre foi assim ou, então, sempre se fez. Não teremos que um dia justificar porque, por exemplo, uma criança fez a primeira comunhão quando tudo apontava para que ao mesmo tempo fosse a última? Não será bem melhor que recebamos os sacramentos quando estamos preparados? Quando se sabe o que se está a fazer? Não deveríamos ser mais exigentes na formação cristã? Às vezes pergunto-me o que aconteceria se uma criança não fizesse, por exemplo a primeira comunhão, porque a catequista e os responsáveis pela catequese sabem que não está preparada? Recentemente o Papa declarou, “precisamente para dar um impulso renovado à missão de toda a Igreja de conduzir o homem do deserto, onde frequentemente se encontra, para o lugar da vida, para a amizade com Cristo, que nos dá esta vida em plenitude, gostaria de anunciar que decidi decretar um ano da fé. Será um momento de graça e de compromisso para uma conversão sempre mais integral a Deus, para reforçar a nossa fé e anunciar com alegria aos homens dos nossos tempos”.

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A Palavra de Deus diz: Lc 14, 25-33. Uma grande multidão segue Jesus. Ele sempre dissera que os seus discípulos seriam como “um pequeno rebanho”, como o sal, o fermento e como o grão de mostarda. Ele admira-se que uma grande multidão O siga. Para evitar que eles estejam enganados diz-lhes o que significa ser seu discípulo. Será que os que participam com entusiasmo nas nossas celebrações, nas procissões e peregrinações estarão realmente conscientes dos compromissos da fé cristã? Jesus apresenta as exigências para ser seu discípulo.

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. lho.

Lê com calma a passagem do evange-

Sou capaz de cortar com tudo o que me impede de viver como Deus quer? Como vivo o amor aos irmãos? Este amor exige renúncias, sacrifícios. Será justo a um cristão acumular riquezas sem se preocupar com os outros? Faz uma oração a Deus

Tenho de: Jesus apresenta três exigências muito duras. No nosso tempo são muito difíceis de compreender. Quem quiser ser cristão deve desprender-se da família, dos bens e até da própria vida. Se nos guiarmos por critérios humanos, não conseguimos perceber e viver deste modo, mas com a ajuda da sabedoria de Deus elas podem ser compreendidas e acolhidas. Procura viver sempre mais de acordo com o que Jesus indica no evangelho.

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Feliciano Garcês

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32 – sobre a fé dos conteúdos

O sacramento da comunicação do Espírito

ESPÍRITO SANTO, O DOM DE DEUS Como celebração decorrente da Páscoa, a Igreja celebra o Pentecostes, que é vivido como um evento salvífico (isto é, intervenção de Deus nossa história), que, não só assinala o cumprimento do acontecimento da morte e ressurreição do Senhor Jesus, mas também atualiza em cada tempo e para nós hoje, os “prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho”, com a efusão do Espírito Santo (Cf. Coleta do Pentecostes). Celebra-se, portanto, os inícios do tempo da Igreja e da sua missão. No septenário dos sacramentos da Igreja, existe um a que normalmente se denomina de sacramento do Espírito Santo. Trata-se do sacramento da confirmação ou crisma, que possui um grande significado, ou seja, é o sacramento da comunicação do Espírito, d’Aquele que aperfeiçoa aquilo que de bom existe, d’Aquele que complementa a obra já iniciada, levando-a à plenitude. Desde os inícios da Igreja, o crisma fez e faz parte dos sacramentos da Iniciação Cristã. Os fiéis renascidos no santo batismo, são confirmados e fortalecidos pelo crisma e alimentados com a eucaristia, de modo que, por meio desses sacramentos de Iniciação, os fiéis se tornem aptos a experimentar cada vez mais e melhor os tesouros da vida divina e a progredir na perfeição da caridade. Isto mesmo é afirmado por Tertuliano ao escrever sobre estas realidades sacramentais: “a carne é lavada, para que a alma seja liberta de toda a mancha; a carne é ungida, para que a alma seja consagrada; a carne é assinalada, para que a alma seja revigorada; a carne acolhe a imposição das mãos, para que também a alma seja iluminada pelo Espírito; a carne sacia-se do corpo e do sangue de Cristo, para que a alma seja nutrida abundantemente de Deus” (De resurrectione mortuorum, VIII,3).

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Sacramento da maturidade e responsabilidade na missão Portanto, o ensino da Igreja recorda-nos que o sacramento do crisma completa o batismo e nele se recebe o dom do Espírito Santo. Não um dom qualquer, mas o próprio Espírito Santo, porque naquele momento acontece, de novo, o Pentecostes. E isto dá-se, não para continuar tudo na mesma, mas para que aconteça vida, renovação, dinamismo, audácia e compromisso. Neste sentido, refere a doutrina da Igreja: “quem se decide livremente por uma vida como filho de Deus e pede o Espírito de Deus, sob o sinal da imposição das mãos e da unção com o óleo do crisma, obtém a força para testemunhar o amor e o poder de Deus com palavras e atos. Ele é agora membro legítimo e responsável da Igreja Católica” (Youcat 203). Desta referência podemos depreender duas ideias fundamentais, que são evidentes: o crisma é o sacramento da maioridade cristã e, simultaneamente, da missão. São duas notas que manifestam não só uma valorização, mas também um despertar de interesse por este sacramento. De facto, verifica-se, em alguns âmbitos eclesiais, um crescente interesse, quer teológico quer pastoral pela confirmação. E a razão para tal, devese, fundamentalmente, a dois fatores. O primeiro diz respeito à designada “consciência laical”, que se procura incentivar, orientar e que tende a “ganhar” algum destaque na vida da Igreja, mas sem desligar-se dos centros de decisão eclesial. Ou seja, é cada vez mais evidente o envolvimento consciente e a presença responsável dos leigos, não só dentro da Igreja, mas também fora dela, tanto na obra da evangelização como na da promoção humana, através dum apostolado laical, que se deseja cada mais encarnado nas diversas realidades humanas, a jeito “de fermento no meio da massa”. No fundo, trata-se de um

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“Quem se decide livremente por uma vida como filho de Deus e pede o Espírito de Deus, sob o sinal da imposição das mãos e da unção com o óleo do crisma, obtém a força para testemunhar o amor e o poder de Deus com palavras e atos. Ele é agora membro legítimo e responsável da Igreja Católica” (Youcat 203).

apelo constante à responsabilidade e à maturidade cristã que implica uma adesão efetiva a Cristo, que molda não só a consciência, mas toda a vida. O segundo fator deve-se a um crescente interesse, da parte daqueles que refletem sobre as realidades da fé (traduzindo-as em linguagens sempre cada mais atuais), pela acão do Espírito Santo, pelos seus dons e carismas na Igreja e em cada um dos crentes. Nesta perspetiva, recorda-nos o Papa: “desde o primeiro instante o Espírito Santo crioua como a Igreja de todos os povos; ela abraça o mundo inteiro, supera todas as fronteiras de raça, classe e nação; abate todas as barreiras e une os homens na profissão do Deus uno e trino. Desde o início a Igreja é una, católica e apostólica: esta é a sua verdadeira natureza e, como tal, deve ser reconhecida. Ela é santa, não graças à capacidade dos seus membros, mas porque é o próprio Deus, com o seu Espírito, que a cria, purifica e santifica sempre” (Homilia de Pentecostes 2011).

Pelo que foi dito, o dom de Deus, o Espírito Santo, concedido neste sacramento, capacita e investe o cristão para uma missão peculiar, que se atualiza de acordo com a vocação abraçada, entendida como resposta ao chamamento de Deus. A esta capacitação, que distingue e convoca, a teologia sacramental dá o nome de “carácter”, isto é, “selo, marca espiritual, sinal indelével, que permanecendo, impele o cristão a ser e viver segundo Cristo. Em síntese, este sacramento realiza aquilo que significa, ou seja, realiza, naqueles que o recebem, determinados efeitos espirituais. E o primeiro desses efeitos é uma efusão especial do Espírito Santo, tal como outrora foi concedida aos apóstolos, no dia de Pentecostes, em ordem ao crescimento e aprofundamento da graça batismal. E isto concretiza-se do seguinte modo: enraíza-nos mais profundamente na filiação divina, que nos leva a dizer “abba! Pai!” (Rm 8,15); une-nos mais firmemente a Cristo; aumenta em nós os dons do Espírito Santo; torna mais perfeito o vínculo que nos une à Igreja e dá-nos uma força especial do Espírito Santo para propagarmos e defendermos a fé, como verdeiros discípulos e amigos de Cristo, confessando, assim, com palavras e obras, o nome de Cristo, não nos envergonhando da sua cruz. E é este, precisamente, um dos significados do sinal da cruz, que é assinalada na fronte com o óleo do crisma, no momento da confirmação. Somos ungidos aí, porque a fronte é o “lugar” onde reside a vergonha, a timidez. O sinal sacramental é realizado na “fonte”, na origem da vergonha, para curar, fortalecer, capacitar e tornar-nos capazes de “dar a cara”, por Cristo, pelo evangelho e pela sua Igreja.

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Nélio Gouveia

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34 – planeta jovem do mundo

Leitora, catequista, visitadora, ministra da comunhão...

COMO É BOM SERVIR A DEUS! Há uns anos, nasci no seio de uma família cristã, e cresci seguindo a Cristo, mas fazia-o apenas semanalmente indo à missa e pouco mais. Um dia, a minha vida mudou complementamente ao ser convidada para o primeiro serviço, ser leitora. Comecei a participar mais activamente, e a sentir um bichinho dentro de mim a chamar-me para fazer mais. Então passei para a catequese e depois para a visita a doentes e idosos. Fui convidada pelo pároco a fazer a formação para ministra extraordinária da comunhão, fui nomeada em outubro de 2011, foi um dos dias mais felizes da minha vida, depois dos dois acontecimentos que já a tinham marcado: o nascimento das minhas filhas. O tempo, esse somos nós que o controlamos! Como tenho tempo para todos esses serviços? É fácil… basta pôr um pouco desse amor imenso que recebemos d’Ele, diariamente. A delícia e a sensação de podermos interagir com aqueles que estão mais sós, de lhes levarmos muitas vezes, apenas o nosso sorriso e o nosso abraço, é tão grande que quando saímos, sentimos que trazemos muito mais do que deixámos. Já lá vão uns anos servindo-O, e continuo a sentir que tenho que continuar, porque o que recebo d’Ele, o amor, a alegria, a esperança, a compaixão, sei que não devo ficar com tudo isso para mim, mas sim espalhar pelos outros. Muitas vezes, não o devo fazer da maneira certa, mas esforço-me diariamente por mudar, por crescer com Ele e para Ele. Parece que quanto mais sei d’Ele, mais quero saber, mais quero conhecer, neste momento, estou a fazer mais uma formação para a catequese, porque acredito que para chegarmos aos outros membros da comunidade,

neste caso os catequizandos, tenho que alargar mais os horizontes, e acreditem que a sede de O descobrir nunca é saciada. Tenho conseguido todo esse tempo, com a ajuda da minha família, as minhas filhas principalmente, e apesar de muitas vezes ter que abdicar de certas coisas, estes serviços ajudam-me a conhecer-me melhor e enriquecem-me como ser humano. Nesta luta diária que vivemos todos nós, no meu caso, é a Ele que vou buscar toda a força! Não quero parar, nem posso parar, porque, para quem O segue, o único Caminho é Ele.

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Manuela Santos

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do mundo

outro ângulo –

Um grupo de um Curso de Preparação para o Matrimónio (CPM), da Madeira, dá o seu testemunho

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CASAMENTO COMO ESPERANÇA!

O sacramento do matrimónio cristão é uma opção de vida em que o casal consagra o seu amor diante de si, de Deus, da Igreja, da família e amigos e de toda a comunidade cristã. É um chamamento de Deus em que o homem e mulher, mesmo sendo diferentes, se doam um ao outro e constroem uma relação de amor, em que as diferenças não os afastam, mas complementam. Através dos testemunhos dos 6 casais que nos acompanharam e nos enriqueceram com as suas histórias de vida, e também das palavras sempre sábias do Sr. Padre Rui Pontes, concluímos este CPM, compreendendo e aceitando que o “SIM” que daremos no dia do nosso matrimónio é um “SIM” em que nos comprometemos a renovar, a investir e a acreditar todos os dias da nossa vida, nos bons e nos maus momentos. Para ser feliz no casamento não implica ter alguém perfeito ao nosso lado, mas sim alguém com quem a sintonia não acabe ao longo do tempo. Casar-se implica relacionar-se. Todos os dias nos casamos ou devemos nos casar com o parceiro, com as novidades, mudanças, novos desafios e caminhos. É uma descoberta individual e conjunta. De Deus, o autor e fonte do matrimónio, adquirimos os pilares essenciais à vitalidade e veracidade do compromisso que assumimos: o diálogo, o perdão, o elogio, a capacidade de escutar, a compreensão, a fidelidade e a fecundidade biológica e espiritual. A convivência social e eclesial é importante na vida do Homem. Como tal, temos

consciência de que nos devemos comprometer em atividades culturais, sociais e eclesiais. Como casal cristão, advém a responsabilidade de participação assídua da eucaristia, o culto da espiritualidade em Cristo na nossa oração individual, oração a dois e no futuro, oração com os nossos filhos que educaremos nesta mesma Fé. Somos jovens conscientes da graça divina que é o casamento. Vemos o casamento como uma nova esperança e o futuro com uma nova fé. Que Deus nos ajude a compreender, em todas as etapas da nossa vida, como é possível e fácil ser feliz e fazer o outro feliz.

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Cátia e Dinarte; Sóni a e Sinésio

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36 – novos mundos do mundo

Óculos capazes de interagir com o que está à nossa volta

ÓCULOS REVOLUCIONÁRIOS

Sabias que… A Google está a desenvolver uns óculos que podem revolucionar a tua vida. Imagina por exemplo veres os caminhos do Google Maps a aparecerem marcados no chão, ou o nome das pessoas aparecer escrito por cima da sua cabeça, ou falares com um estrangeiro e veres legendas. As possibilidades são infinitas…! Agora que terminado está o Encontro Nacional da JD, imagina lá que te eram dados uns óculos destes para fazeres a Caminhada, ou simplesmente para conheceres os muitos jovens que por lá estiveram só olhando para eles… Era realmente algo de Outro Mundo!! Mas vamos lá conhecer melhor estes ditos óculos: A famosa empresa Google quer aumentar a realidade através de uns óculos que, especula o jornal New York Times, poderão ser lançados no final deste ano. O gigante da tecnologia quer mudar a forma como percecionamos o mundo, estando a investigar uns óculos capazes de interagir com o que está à nossa volta. Esta tecnologia deve vir equipada com ligações à internet 3G ou mesmo 4G (para permitir a interação com bases de dados virtuais), câmara (para visualizar a ‘realidade’), um pequeno ecrã (para disponibilizar os conteúdos da realidade ‘aumentada’) , detetores de movimento e GPS (para integrar os diversos elementos da ‘realidade’). Quando conjugadas todas estas valências – situação que ainda estará a ser investigada nos ‘Google X Labs’, os laboratórios da empresa vocacionados para antecipar as tecnologias do futuro –, será possível ter ‘respostas’ à realidade captada, aumentando-a. Por exemplo, os óculos detetarão pelo movimento e pelo GPS a entrada num restaurante e o utilizador terá acesso ao menu, disponibilizado no ecrã. Outros exemplos antecipados pelo mesmo jornal são a possibilidade de, ao ser visualizado um filme falado em mandarim, aparecerem no ecrã as legendas na língua escolhida pelo utilizador, bem como o facto de num simples passeio pelo parque aparecerem no visor as informações meteorológicas. Para além disso, a Google estará ainda a interligar os óculos de realidade aumentada com os ‘smartphones’, que têm sido uma das apostas mais recentes da empresa. Quanto ao preço, as estimativas apontam para um custo entre os 250 e os 600 dólares. Fonte: PT Jornal Aproxima-se a passos largos o Verão, e com ele, “Novos Mundos”…

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André Teixeira

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do mundo

nuances musicais – O entrosamento e a amizade entre os elementos de uma banda contam mais do que a perfeição técnica

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A FORMAÇÃO DE UMA O percurso de uma banda até ao estrelato enfrenta vários atenuantes aos quais apenas algumas conseguem resistir. A composição formada por excelentes músicos, o markting em torno de toda a produção, e a qualidade do produtos final são fatores decisivos. No entanto, o mote para a longevidade de certas bandas não é de todo baseado essencialmente nos fatores atrás referidos. Existem exemplos que destoam um pouco do fator comum de qualidade ideal, em que os músicos reconhecem a sua parca qualidade técnica mas que conseguem aguentar todos os contratempos a que uma banda está sujeita ao longo dos tempos. Como será isso possível? Para ser mais específico, vou referir um exemplo pleno que internacionalização e longevidade: Os U2, são uma banda com uma enorme projeção mundial, com milhões de discos vendidos, com um estilo próprio, mas que apresentam uma qualidade técnica muito inferior a bandas do mesmo género, ou de géneros diferentes, que tentam sobressair mas têm dificuldade em manter-se. Sem ser este artigo um estudo sociológico exato, existe um fator que posso enunciar, que favorece e esclarece um pouco da justificação para tal acontecer. Michel Teló É extremamente importante a química musical entre os elementos da banda, mesmo que existam gostos diferentes, mesmo que uns tenham melhor capacidade musical do que outros. A importância disso é porque no decorrer de espetáculos, gravações em estúdio, aparecem sempre músicos melhores do que os da nossa banda, e se houver alguma fragilidade no relacionamento interno isso é uma das fontes problemáticas. Isto está bem patente em documentários acerca de bandas. Aí podemos apreciar como uns lidam de

BANDA

uma maneira ou de outra com isso. A amizade entre os músicos é precisa, no entanto pode ser relativa. Existem exemplos como o de Mick Jagger e Keith Richards que toda a vida discutiram mas continuam a ser o pilar forte dos Rollig Stones, reconhecendo publicamente que a nível musical não poderiam se dar melhor. De certeza aparecem milhares de guitarristas a fazer muito melhor trabalho que Keith Richards, melhores baixistas do que Adam Charles Clayton dos U2, que já reconheceu ser um músico com alguns handicaps, e muitos mais exemplos haveriam para enunciar. Neste artigo apenas quis referir um dos principais motivos para o sucesso e longevidade de uma banda. Está na sua formação e no entrosamento entre os músicos, mais do que a sua enorme qualidade técnica e da sua expansão a solo.

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Florentino Franco

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38 – homenagem saber estar

A Escola de Crsitelo – Paredes, fez uma atividade de Páscoa e homenageou a Serafina

AINDA HÁ JA

A escola é promoção de valores e a atividade de Páscoa, desenvolvida pelo grupo de EMRC, com a colaboração de vários docentes do Agrupamento de Cristelo é prova disso mesmo. Aconteceu no dia 21 de Março a Eucaristia presidida pelo Sr. Bispo Auxiliar D. António Taipa, concelebrada pelos Padres João de Deus e Paulo Vieira e foi calorosamente recebida por toda a comunidade, onde os nossos alunos tiveram, mais uma vez, um papel relevante nesta celebração. Para todos os que não se resignam, seja qual for a candeia que os ilumina, aqui fica um retrato deste nosso jardim… Talvez porque há uma imagem equívoca em nós de que tudo é eterno, deixamo-nos seduzir pela corrente traiçoeira da rotina, que nos conduz, inevitavelmente, à dimensão comezinha, mas necessariamente egocêntrica e paralisante do sentido da vida. Não que acreditar, crer, não sejam verbos que devamos preservar, olhando o próximo e os valores, como elos fundamentais a qualquer comunidade! Verbos esses, imprescindíveis eternizar… Mas sim, pois que, com eles, e por esses valores, tenhamos que ser muito para além daquilo que fomos ontem. Melhores hoje, melhores amanhã! E esta ambição de não abdicar da perfeição não é pura demagogia! É antes não se deixar entardecer na manhã de nevoeiro, nem se permitir encharcar no romper de um dia soalheiro! É valorizar no próximo o que de melhor tem! É deixar-se imbuir do mesmo espírito! É deixar que a chegada da noite ondule nos ouvi-

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dos e, como dizia Miguel Torga, “… devagar se sonhe, sem sonhar…”. Nunca a penumbra nos tolha a ambição de sonhar! Olho, agora, em volta e encontro jardins com flores… Não porque os procurei, mas porque eles me encontraram! O seu aroma, simplicidade e sedução, convive com o espirito de dessuetude que imponho no meu quotidiano. Não que tal não revele inquietude, algum dessossego e até desconforto. Mas eu não quero estar confortável! Quero ser farol, quero ser semente e adubo! Cada flor do meu jardim poderá contar sempre com o dia seguinte! Tenho poucas certezas, muitas dúvidas e muitas mais questões sobre tudo o que nos rodeia, mas sei bem que flores podem florescer no meu jardim! Sabê-las-ei regar com a fonte da minha atenção ao próximo… Sei bem, ainda, que tais flores são alimentadas por dentro, atentando à seiva e não à aparência, alimentando a alma e não apenas o corpo! Não somos jardins de pedra, somos jardins de sangue, alimentamonos da nossa convivência, procuramos o nosso espaço, nesta existência, quase inexistente, pois tão efémera… Enalteça-se, não raramente, aqueles que das amarras do preconceito se foram libertando! Para um desses, porque sedento de singularidade, uma frase: Se o coração tivesse um nome, chamar-se-ia “Serafina”. A ti, obrigado por seres quem és e por cuidares tão bem do meu jardim… Jardim, que é nosso, de flores que são todos, onde as nossas crianças e alunos ocupam um lugar de destaque… Entre muitos, dentre os que não se pretende olvidar, refiro-me a todos vós, alunas do 8ºC e Mariana Almeida do 6ºH… as flores que devemos continuar a regar…

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Mário Rocha

(Diretor do Agrupamento de Cristelo)

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Á JARDINS COM FLORES

Ação de graças da Eucaristia O Senhor é cheio de fidelidade e ama o Filho incondicionalmente. Tem carinho e bondade nas suas obras e quem O ouve com o coração e acredita n’Ele terá vida eterna a Seu lado. O Senhor é solidário e misericordioso e connosco partilha todo o Seu amor. Deus enviou o Seu Filho único para nos salvar da condenação da morte eterna. Ele ensina-nos a não desistir da busca da felicidade, do seu encontro. Quem viver segundo a Sua vontade e cumprir o seu projeto terá a vida em abundância. Mas quem não viver segundo Ele e a Sua vontade, terá uma ressurreição para a condenação no sofrimento, longe de Deus. E o sofrimento é poder ver Deus e não conseguir tocar-Lhe e glorificá-Lo. No entanto, quem n’Ele acredita nunca chegará verdadeiramente a morrer. Deus ama, ajuda, liberta, ouve e conduz às nascentes de água viva. Mesmo que alguns dos Seus Filhos se esqueçam Dele e O abandonem, peçam e não dêem, Deus nunca pára de auxiliar. Deus sempre nos reconforta. Partilhar este amor divino é acolhe-lo na família. A família é o local de união, onde uma chama viva brilha e ilumina o es-

curo do pecado. A família é um nó constante que nunca se separa; são risos e abraços, são ombros para chorar, mãos para amparar o que segue para o abismo. Família são boas recordações e mãos dadas; é uma comunidade onde, sem contar o número de pessoas que há, se uma não estiver presente, todas reparam. A família é uma estrela muito brilhante que, sendo a única no céu numa noite de nevoeiro, consegue iluminar a noite e trazer o dia. A família é, assim, o nosso porto de abrigo, onde temos a oportunidade de dar graças pelo amor divino, sem nunca nos esquecermos que cada um é único, original e irrepetível.

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Mariana Almeida - 6.º H

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João Moura

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40 – jd-Açores da juventude

O grupo Soldados de Cristo reza como em Taizé

ORAÇÃO DE TAIZÉ EM SÃO MIGUEL Já faz algum tempo que o nosso grupo “ Soldados de Cristo” tem vindo a participar neste tipo de oração, organizadas sempre por outros grupos que nos têm convidado.

A ultima oração a que fomos foi especial, não digo isso por ter sido melhor ou pior que as anteriores mas porque foi preparada por nós, consistindo assim uma novidade para o grupo. Como podem imaginar foi necessário reunirmonos com algum antecedência para debater algumas ideias. Decidimos que o ambiente deveria ser iluminado apenas com algumas velas, e decorado com objectos que tivessem alguma simbologia. Pensamos também em colocar musicas de fundo para ajudar na reflexão. E assim foi, chegado o dia o grupo chegou um pouco mais cedo para que quando todos chegassem estivesse tudo perfeito. Os grupos que vieram participar foram recebidos no adro da igreja, depois seguimos em procissão em direcção aos lugares mais próximos do altar. Toda a oração decorreu num ambiente de paz e armonia, animada com a intervenção do nosso grupo, de um grupo de catequese, por nós convidado. Em suma posso dizer que a oração correu muito melhor do que aquilo que esperávamos, o ambiente convidava as pessoas permanecerem em espirito de reflexão. Todos

nós fomos convidados a tocar no Sírio Pascal, para recebermos nas nossas vidas a energia e o calor da luz de Cristo, foi sem duvida um momento muito bonito que trouxe ao grupo a lembrança de uma experiência semelhante, num momento marcante da nossa caminhada. Depois despedimo- nos em volta do altar de mãos dadas com a oração do pai nosso, recebendo de seguida a benção. Foi uma boa experiência, que mais uma vez serviu para enriquecer o nosso percurso como Grupo de Jovens, ficamos muito satisfeitos com o nosso contributo, pois foi notório no rosto das pessoas o espirito vivido por todos os que tiveram a oportunidade de participar naquele momento.

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Octávia Medeiros

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da juventude

jd-Porto – Retiro de praparação para Crismas em Terroso

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CONFIRMA-ME, SENHOR! Nos passados dias 14 e 15 de abril, em Terroso, com jovens de Terroso e Navais, realizou-se um retiro com o nome “Confirma-me Senhor”, organizado pelos catequistas, retiro este que foi uma preparação, mesmo ainda longe, para o crisma. E tudo começa com a chegada por volta das 15 horas com o acolhimento em que logo nos foi entregue um livro de cânticos, livro este que nos acompanhou durante todo o fim-de-semana e uma mola de madeira que continha uma cor quando a abríssemos, essa cor era correspondente ao nosso grupo. Depois foi feito um pequeno acolhimento aos participantes com alguns cânticos, ao ar livre e, depois em espaço fechado fizemos uma dinâmica que consistia em escrevermos o nosso nome na mola e a personalizarmos a nosso gosto enquanto tínhamos que escolher alguém que não conhecêssemos e saber tudo sobre essa pessoa para depois a apresentarmo-la ao restante grupo, e vice-versa. Após esta dinâmica tivemos a ouvir o P.e Paulo Viera a abordar dois temas: Jesus Cristo – A História ao contrário e Espírito Santo – Jesus cheio do Espírito revela e dá o Espírito, com um intervalo curto entre, para depois realizarmos trabalhos relacionados com os temas e apresentámo-los. Depois preparámos a vigília para fazermos à noite e fomos jantar. No fim fomos fazer a vigília, onde se deu testemunho que era para nós o crisma e ouvimos outros crismados a falar da sua experiência após o receber do crisma. Por volta das 23 horas convivemos um pouco uns com os outros enquanto ensaiávamos para a Eucaristia do dia seguinte e, por volta das 2 horas da manhã fomos dormir. No segundo dia a alvorada foi às 7.30, às 8 estávamos a tomar o pequeno-almoço e fizemos a oração da manhã. Depois, pelas 9 horas tivemos o terceiro tema: Igreja – A Igreja do futuro e a do princípio. Um curto intervalo e a Eucaristia Dominical às 10 horas com a Comunidade Paroquial de Terroso que, antes da bênção final cada grupo fez uma atividade para o envio. No fim da Eucaristia tivemos o quarto tema: Crisma – Confirmação e compromisso, fizemos o trabalho referente a cada tema e fomos almoçar. No fim do almoço apresentámos os trabalhos e fizemos duas dinâmicas de grupo: a primeira, a construção de uma igreja; a segunda, uma teia com fio com o qual criámos uma teia que nos unia e avaliámos o nosso retiro. E assim, termina o nosso retiro com a entrega de um canudo com uma mensagem para cada um.

Foi bom porque os participantes de Terroso não conheciam os de Navais e vice-versa e com a junção dos grupos deu além de trabalharmos deu também para nos conhecermos melhor uns aos outros. Este retiro serviu principalmente para esclarecer algumas das dúvidas que por vezes temos sobre o que é o crisma e que, por vezes temos até vergonha de perguntar aos catequistas com medo de sermos repreendidos e assim mesmo sem questionarmos sobre o que é e o que faz em nós, o P.e Paulo, com as suas explicações sobre os vários temas, respondeu a muitas das nossas dúvidas. É sem dúvida uma experiência para repetir novamente. Agora há que por a render os dons do Espírito!

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Cristina Costa

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42 – jd-Nacional da juventude

Celebração da caminhada anual em Fátima

XV ENCONTRO NACIONAL mensagem final De 20 a 22 de Abril de 2012, uma centena e meia de jovens reuniu-se em Fátima, no renovado Centro Paulo VI, para o XV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana. Chegava, assim, a bom porto a caminhada deste ano de actividades sob lema: “Na senda de Dehon, embarcar na missão”. Embarcámos dos vários centros – Açores, Algarve, Coimbra, Lisboa, Madeira e Porto – mas todos com o mesmo destino, aos pés da Virgem de Fátima, com a bússola de Leão Dehon, dispostos à missão. Sem medo do mar, do vento ou da chuva viemos à procura da ilha do tesouro, das actividades, da alegria do encontro, da colaboração, da oração, da caminhada, do Festival de Encenações... Ao fim de um caminho, navegando pelos valores dehonianos, não pudemos esquecer de onde partimos: desde a disponibilidade, na sua abertura a Deus e aos outros; passando pela interioridade, sabendo que o essencial é invisível aos olhos; em contemplação do amor de Deus na solidariedade pelos nossos companheiros de viagem; querendo andar em comunhão, pois no mar não se navega sozinho; lançámo-nos em missão para testemunhar, na alegria de um sorriso, na criatividade, na coerência, a nossa própria fé. Na celebração da Eucaristia, alegres por participar na missão de Jesus Cristo, fomos enviados a testemunhar através da nossa própria vida. No Festival de Encenações, traduzimos de forma artística, a alegria, a festa, o convívio, e o sentido de missão em Igreja, mostrando-a jovem porque evangelizada pelos jovens. No próximo ano, celebrando com a Igreja o ANO DA FÉ, seremos conduzidos ao XVI Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, de 12 a 14 de Abril de 2013, em Alfragide com o Festival de Canções, a luz do tema “Com Dehon, celebramos a fé”. Fátima, 22 de Abril de 2012. Os Participantes

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Testemunhos de participantes no XV Encontro Nacional JD

DA JUVENTUDE DEHONIANA

EXPER

CA I N Ú ÊI NCIA

LIGHT UP! Foi este o mote que nos marcou, que nos levou a montar bagagem, a embarcar até Fátima, e que continuará a fazer parte de nós. Foi com este lema, que pudemos vivenciar mais profundamente e remar para um novo horizonte - o tema que caracterizou mais uma etapa - ‘Na senda de Dehon, embarcar na missão’. O XV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, tornou-se uma experiência única nas nossas vidas. Já em alto mar desfrutámos de momentos muito marcantes e “fofinhos”: desde o convívio com todos os jovens dos vários cantinhos do continente e das ilhas, passando pela oração, como momentos de interioridade, pela caminhada que nos levou aonde nunca pensámos vir a chegar, e pelo festival que mais uma vez nos fez fervilhar e encher de alegrias, de esperanças e de motivações para continuar a nossa missão. Percorrendo toda a nossa embarcação desde a proa até à popa, podemos dizer que todas as nossas expetativas (que eram bem altas) foram concluídas com grande agrado. Pensamos que o objetivo essencial deste encontro foi comprido - chegámos a bom porto! - e que todos os jovens puderam partilhar a sua maneira de ‘embarcar na missão’. Mais uma vez, um encontro a pensar em nós. Muito Obrigado! J:D nós Adorámos!

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Grupo de Jovens de Outurela

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44 – jd-Nacional da juventude

“GRAVADO NO CORAÇÃO!”

Testemunhos do XV Enc. Nac. JD

O grupo de Jovens “Véritas “ embarcou com Dehon na missão. Foi um fim de semana muito bem vivido em comunhão com a nossa família dehoniana. Um dos momentos preferidos pelo grupo foi a caminhada, que embora fosse um plano B, foi muito bem conseguida e deu-nos a oportunidade de fazermos novas amizades. A nossa seta apontou-nos e nós seguimos o seu rumo, o rumo da alegria, da partilha. Foi sem dúvida um fim-de-semana de crescimento na fé (não estivéssemos nós em Fátima). Em relação ao Festival de Encenações, este foi muito rico e com muitas mensagens lindas a retirar delas sempre algo, e embora tenhamos ganho um lugar no pódio, foi só para acrescentar algo mais a tudo o que já tínhamos ganho, amizades, alegria, interioridade… O que nós ganhámos aí nunca poderá ser transformado em taça pois fica-nos gravado dentro do nosso coração! A nossa última mensagem é: “Nesse caminho serão certamente muitas as barreiras que terás de deitar ao chão, mas não as contes. Aproveita essa força e começa a construir pontes!”

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Teresa Machado - Açores

Grupo de Outurela – Lisboa, vencedor do Festival de Encenações.

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Olinda e Tiago – os apresentadores do Festival de Encenações.

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“TRÊS DIAS ESPETACULARES!”

Foram três dias espetaculares! Começando pela noite de apresentação dos grupos e passando por todos os momentos de oração, reflexão, interação e comunhão com Deus. Adoramos a experiência e queremos certamente repeti-la; para não falar do companheirismo e do sentido de união que pairava sobre todos nós neste fim de semana. Foi definitivamente dos melhores encontros de jovens em que alguma vez participamos! Obrigado por mais uma experiência tão fantástica quanto esta!

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Grupo de Jovens de Altura - Algarve

“VONTADE DE SERMOS FERMENTO!”

00h00: Finalmente chegámos a Fátima após 5h30 de viagem e algumas peripécias que aconteceram no decorrer desta. Chegada e logo a apresentação do Centro do Porto ao ritmo da música “é sexta-feira”. Foram três dias vividos com o ânimo de olhar a Deus, onde esteve presente sempre a alegria e a boa disposição dos participantes e sempre com a nossa fé presente em todos os momentos do encontro. Uma palavra de apreço para o acolhimento nestes dias em que estivemos em família e sentimos sempre como se estivéssemos em casa. São estes encontros que nos dão cada vez mais vontade de sermos fermento e crescer em comunhão.

A Eucaristia de domingo.

V

Grupo de Jovens Fermento - Lordelo

Animação antes do almoço de sábado.

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46 – agenda

da juventude

» JD — Açores

AdOração no Centro Dehoniano

Maio

11 − Oração de Taizé no Centro Missionário. 26 − Vigília de Pentecostes. s/d − Voluntariado - Droga.

Junho

08 − Oração de Taizé no Centro Missionário. 17 − Caminhada.

» JD — Porto Maio

06 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 17 − AdOração no Centro Dehoniano. 19-20 − CFA em Gatão – Amarante. 21-27 − Semana da Juventude em Sobrosa.

Junho

en

çã

o!

03 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 10 − Caminhada para as FM - Gandra. 15 − Sagrado Coração de Jesus. Enc. Familia Dehoniana. 21 − AdOração no Centro Dehoniano. 23-24 − S. João no CD e na cidade. 25-01 − Semana da Juventude em Besteiros.

at

Um tempo com espaço para a interioridade com a oração tipicamente dehoniana aberto à Juventude Dehoniana, à Família dehoniana e a todos os amigos, jovens e menos jovens. Depois da adoração despedimo-nos com um chá.

17 de maio – das 21h às 22h00

vêm aí: Semanas da Juventude! Caminhada de preparação das FM 2012! Férias Missionárias 2012 em Gandra! São todos bem-vindos! ... e para as FM damos prioridade aos mais assíduos.

DEHUMOR

Educar um cristão é formar um homem de coração.

(Padre Dehon)

Pai, o que é que usavas na escola? A cabeça, filha, A CABEÇA! PC, telemóvel, iPhone, iPad, USB-pen, calculadora...

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Paulo Vieira

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tempo livre

passatempos –

TEM PIADA

a prova

Dia de prova na faculdade, 100 alunos na sala, professor chato, impaciente e louco para ir embora. “Dez em ponto a prova termina, e quem não entregar até esta hora não entrega mais!” – diz o professor. Às 10h10, um aluno corre com a prova na mão até à mesa do professor que arrumava as coisas pra ir embora: – Eu avisei que não aceitaria provas fora do horário. Esqueça!!! O aluno, com ar de autoritarismo, perguntou: – Você sabe com quem está falando??? A resposta do professor tinha um certo sarcasmo: – Não, não faço a menor ideia. Empinando mais o nariz, o aluno tornou a repetir: – Tem certeza disso? – Absolutíssima!!! – respondeu o professor. O aluno levantou a imensa pilha de provas, enfiou a dele no meio, baralhou e disse: – Então veja se descobre agora...

operação-stop

No outro dia fui a uma despedida de solteiro de um grande amigo meu. Quando voltava para casa, fui mandado parar pela BT à entrada da cidade... Ora eu estava num estado lastimável, quase caí ao sair de dentro do carro, e via três policias a pediremme para soprar o balão... Só que, felizmente, do outro lado da estrada há um camião que sobe a divisória e capota espalhando um carregamento de tijolos pela estrada toda. Vendo isto os policias começam a correr em direcção ao sinistro e mandam-me embora. E lá fui eu todo contente (grande sorte!!!). No dia seguinte a minha mãe acorda-me e diz: – Escuta lá o que faz um carro da brigada de trânsito na nossa garagem?

empréstimo

– Empresta-me 50 euros. – E quando é que mos pagas? – Se me emprestares 100, pago-tos já.

Solução de maio De noite todos os gatos são pardos.

CURIOSIDADES

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a nossa voz aos nossos ouvidos Porque é que a nossa voz soa diferente aos nossos ouvidos? Talvez já tenha experimentado ouvir a sua voz gravada e tenha observado que soa diferente daquela que escuta quando fala. Há quem se espante com a diferença. Quando ouvimos outra pessoa a falar, os nossos ouvidos captam a alteração na pressão do ar – provocada pelas ondas sonoras da voz – através dos tímpanos, que, por sua vez, fazem vibrar os ossos do nosso ouvido médio (estribo, bigorna e martelo). Isso faz com que os fluidos da cóclea (parte do ouvido interno que contém os terminais nervosos responsáveis pela audição) movam as células capilares, no fundo do ouvido, e enviem um sinal eléctrico para o nosso cérebro. As nossas cordas vocais fazem com que o crânio vibre e as cavidades da cabeça (como os seios nasais) amplifiquem essa vibração, sem que ela passe pelo ouvido médio, indo directamente à cóclea. As frequências baixas (sons graves) preferem esse modo de contacto directo, o que faz com que achemos que nossa voz é mais grave do que realmente é. mara num helicóptero. Já em segurança o alpinista foi detido e só seguiu viagem após pagar 120 euros.

quebra-cabeças o caracol

Um caracol quer subir muro de 20 metros de altura. Durante o dia sobe 5 metros mas à noite volta a escorregar 4 metros. Ao fim de Quantos dias atinge o topo do muro?

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Paulo Cruz

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um novo logótipo para a Juventude Dehoniana

DECISÃO ADIADA A campanha “um novo logótipo para a JD” obteve uma participação significativa de “artistas”. A expressão de preferências no Facebook e no XV Encontro Nacional JD, no entanto, não foram conclusivas quanto a um que se destacasse. Houve alguns que sugeriram que algumas imagens “concorrentes” fossem retocadas e que se consultassem especialistas na matéria… Por esses motivos e porque o que está em causa é a imagem da JD, a organização do evento achou por bem adiar a decisão. Provavelmente em julho teremos a nova imagem da JD. Será uma destas aqui apresentadas, retocada ou não, ou outra com base nas ideias aqui sugeridas, mas com o toque final de um especialista, para que possa ser uma apresentação que nos represente a todos, em que todos se revejam e que todos usem. Obrigado a todos pela participação e pela manifestação da preferência: A organização.

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