A Folha dos Valentes - outubro 2012

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Set./Outubro 2012 ANO XXXVI

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PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

O Ã S S I M – FÉ 04. Jornadas Missionárias 2012 06. Dia Mundial das MISSÕES 12. O P.e Ivo TONELLI 15. A Obra ABC -

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22. CARISMA empreendedor dos Dehonianos 24. Sínodo: Nova Evangelização e MISSÃO 26. Cristãos com féI 28. Carlo Maria MARTINI 37. Despertar J:D 41. Férias Missionárias em GANDRA 44. Valentíadas 2012 -

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Set./Outubro 2012 ANO XXXVI

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PUBLICAÇÃO MENSAL D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA

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da atualidade

FICHA TÉCNICA Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida Rocha Redacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira. Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa). Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Susana Teixeira. Colaboradores nesta Edição: Emília Diogo, António Couto, António Francsico Santos, Emanuel Pinto, Micaela Santos, Bruno Rocha, Nuno Rocha, Ricardo Pinto, Filipa Freire, Catarina Oliveira, Ana Margarida Santos, Jéssica Rocha, Diana Coelho, Alda Barros, Serafina Ribeiro Fotografia: Adérito Barbosa, António Silva, Paulo Vieira. Capa: Grupo nas Férias Missionárias em Gandra, Paredes. Grafismo e Composição: PFV. Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 28 4430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329 ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares

sumário: 03 > alerta! > Há novidades 04 > digo eu... > Jornadas Missionárias 2012 05 > recortes do Mundo > Sou mãe de escuteiros 06 > sal da terra > Dia Mundial das Missões 07 > cantinho poético > À família da família dehoniana

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ 09 > entre nós > Grças pela vida da Teresa 10 > entre nós > Projeto para Leigos Adultos Dehonianos 11 > com Dehon > ALVD em Moçambique 12 > memórias > Recordando o padre Ivo Tonelli 15 > comunidades > A Obra ABC dos conteúdos

18 > vinde e vereis > E agora? 19 > onde moras > Somos todos convidados 20 > doses de saber > Empreendedorismo dehoniano 22 > pedras vivas > Peregrinações como modo de viver a fé 24 > eclesialidade > Sínodo, Nova Evangelização e Missão 26 > leituras > Cristãos com fé 28 > sobre a bíblia > Carlo Maria Martini 30 > reflexo > Reflexão e redescoberta da fé 32 > sobre a fé > O Coração em Santo Agostinho (III)

Associação de Imprensa de I nspiração Cristã

Redacção e Administração: Centro Dehoniano Av. da Boavista, 2423 4100-135 PORTO – PORTUGAL Telefone: 226 174 765 - E-mail: valentes@dehonianos.org

do mundo

34 > outro ângulo > Como é a vida de casada? 35 > novos mundos > Tapete mágico

Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA Telefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218 da juventude

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36 > partilha > Campo de férias em Caíde de rei 37 > jd-Lisboa > Despertar JD 38 > jd-Açores > Festa em comunidade 39 > jd-Madeira > Oração e estrelas 38 > jd-Porto > Semana da Juventude em Sobrosa 39 > jd-Porto > Férias Missionárias em Gandra 44 > jd-Porto > Valentíadas 2012 46 > agenda-JD > Calendário de actividades 47 > tempo livre > Passatempos 48 > imagens > Nova imagem JD

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da atualidade

alerta! –

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HÁ NOVIDADES Depois de umas certamente merecidas e revigorantes férias, entrámos num novo ano escolar, pastoral e de trabalho. A crise continua a mesma, mas há muitas novidades:

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- estamos no mês missionário, - começamos o Ano da Fé, - vai realizar-se o Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, - a Juventude Dehoniana arrancou o ano Acreditar MAIS e tem uma nova imagem e durante o verão houve uma enorme variedade de atividades. Neste mês missionário ajuda-nos a consciencializamo-nos de que toda a Igreja é e deve ser missionária. Nele rezamos especialmente pelas missões e procuramos ajudá-las com meios… O Dia Mundial das Missões celebrado no dia 21, este ano tem como tema proposto pelo Papa: “fazer brilhar a Palavra da verdade”. O tema é abordado nos nossos artigos e apresentamos também as conclusões das Jornadas Missionárias realizadas em Fátima. Para comemorar os 50 anos do início do Concílio Vaticano II, o Papa Bento XVI propôs o Ano da Fé que começa no dia 11 de outubro de 2012 e terminará no dia 24 de novembro de 2013, festa de Cristo Rei. Sobre este assunto há vários artigos que nos poderão ajudar a enquadrar, aprofundar e viver a proposta de Bento XVI. De 7 a 28 de outubro, vai ter lugar a 13.ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”. Sobre o acontecimento apresentamos um artigo MissãoPress do Sr. D. António Couto. Seguindo a proposta feita a toda a Igreja, a Juventude Dehoniana inicia um itinerário de cinco anos, depois do dos 5 valores, precisamente focando-se na fé com o grande tema “Acreditar MAIS” – Jovens Dehonianos com fé”. A imagem da JD foi renovada com um novo logótipo que apresenta o Coração no qual todos temos lugar e a partir do qual somos convidados a viver para que os nossos rostos possam manifestar o sorriso (J;D) evangelizador.

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Paulo Vieira

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04 – digo eu... da atualidade

Jornadas Missionárias 2012 em Fátima de 14 a 16 de setembro

VATICANO II: 50 ANOS, MISSÃO MEMÓRIA E PROFECIA CONCLUSÕES

Nos dias 14 a 16 de setembro, reuniram-se no Centro Pastoral Paulo VI em Fátima, cerca de 300 pessoas nas Jornadas Missionárias Nacionais. O tema escolhido, “Vaticano II, 50 anos, Missão, Memória e Profecia”, pretendeu ajudar a viver o Ano da Fé numa perspetiva missionária. A alma da Missão é o dom total de si mesmo, ao estilo e plenamente configurado com a Missão de Jesus. Ao missionário e à Igreja pede-se contemplação, fidelidade e entrega total ao anúncio do evangelho a todos. O Concílio Vaticano II, convocado há 50 anos pelo beato João XXIII, foi uma lufada de ar fresco e apresentou à Igreja um documento ousado sobre a Missão. Um dos autores foi o jovem teólogo Ratzinger, atual papa Bento XVI. O Decreto Ad Gentes afirma que a Igreja é por natureza missionária (AG2) e, talvez por isso, todos os documentos do Concílio ganharam esta dimensão. Tal significou uma nova fundamentação teológica no amor fontal da Trindade que gerou uma mudança de paradigma da missão. O documento que melhor traduz a receção do Decreto Ad Gentes em Portugal é a Carta Pastoral dos Bispos de 2010, Como Eu vos fiz, fazei vós também. Nela se retomam as intuições essenciais do Vaticano II: a Igreja existe para evangelizar e deve dar testemunho do evangelho; a Igreja local é a protagonista da evangelização junto de todos, batizados e não batizados; o contributo dos leigos é fundamental nas áreas onde só eles podem intervir e no voluntariado; o testemunho, o diálogo, o anúncio e a profecia são o novo rosto da Igreja missionária num mundo multicultural, multi-religioso e fragmentado social e economicamente; há necessidade de uma espiritualidade missionária que alimente uma atitude de vida de quem está disponível para ser enviado e partir.

D. Henri Teissier

A Missão hoje ajuda a construir uma Igreja testemunha do Evangelho, despojada de poder, assente no diálogo e na opção pelos mais pobres. Iniciativas como as geminações, voluntariado missionário, missões populares devem envolver crianças, jovens, adultos e idosos. É dando que se recebe e abrindo-se ao outro que se impede a asfixia das nossas comunidades cristãs. D. Henri Teissier, bispo emérito da Argélia, testemunhou de viva voz e experiência feita a missão da Igreja num contexto 100% muçulmano. Falou da riqueza que é anunciar o Evangelho mesmo àqueles que não se querem converter. Partilhou experiências de testemunho radical como o dos monges trapistas de Tibhirine, martirizados em 1996, na Argélia. A Missão de presença e partilha de vida permite acolher o que os outros têm para nos dar da parte de Deus. O maior testemunho é dar a vida pelos não cristãos. Esperamos que o próximo Sínodo sobre a Nova Evangelização traga à Igreja um novo dinamismo missionário. Realizaram-se quatro workshop’s, em simultâneo, sobre Missão e infância, Missão e Juventude, Missão e voluntariado, Missão e Igreja Local. Foi dada a sugestão de que o domingo das Jornadas se torne progressivamente a Peregrinação Nacional da Missão. Solidarizamo-nos com o papa Bento XVI em visita pastoral ao Líbano. As próximas Jornadas Missionárias Nacionais decorrerão nos dias 20, 21 e 22 de setembro de 2013. Fátima, 15 de setembro de 2012.

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da atualidade

recortes do mundo – Ser Homem Novo é um mar de acordes

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SOU MÃE DE ESCUTEIROS

Tal como indica o título, sou Mãe de Escuteiros, o João Miguel, de 20 anos, e o Pedro Afonso, de 14. Os Escuteiros foram criados há mais de 100 anos pelo inglês Baden Powell, e praticamente estão espalhados por toda a Europa. O CNE – Corpo Nacional de Escutas – divide-se em quatro grandes grupos: os mais novos, que são a 1ª Secção, são os Lobitos; a 2ª designa-se por Exploradores; seguem-se os Pioneiros (3ª Secção) e, por último, a 4ª, os Caminheiros. Todos os elementos ficam quatro anos – desde os 6 aos 22 – em cada secção, até passar à seguinte, pela ordem em cima citada. Noutra oportunidade falarei mais sobre o Escutismo, sua história e suas actividades. Hoje, vou apenas referir uma das muitas actividades ligadas ao Escutismo, e que se chama FESCUT, que é o Festival da Canção Escutista e, por isso, só com participantes Escuteiros. Começou em 1999, por iniciativa de 6 Caminheiros de Clãs (grupo da 4ª Secção) de Esgueira e Santa Joana, agrupamentos pertencentes à região de Aveiro. O FESCUT 2011 (a 10ª edição) realizou-se no Funchal, Madeira sob o tema “Um Mar de Acordes”, participando Escuteiros das regiões de Aveiro, Braga, Porto, Viseu, Lisboa, Setúbal e a Madeira, naturalmente. O Clã 25 – Aristides de Sousa Mendes, que é o patrono deste Clã, do agrupamento 136 – Esgueira (da qual faz parte o meu filho mais velho) participou no referido Festival e foram vencedores de todos os cinco prémios a concurso: melhor letra, melhor vídeo de apresentação do Clã, melhor actuação, melhor música e melhor instrumental... Foi uma verdadeira explosão de alegria! Para terem uma ideia da canção, refiro-vos apenas o refrão, se bem que gostaria de vos dar a conhecer toda ela, quão bela é a letra. Começa assim: Ninguém te pode mudar à força Ninguém te pode dizer Que a vida é uma canção de ilusões, Que se acaba por perder… Ninguém te pode fazer gritar, só tu. Ninguém te pode prender Ser Homem Novo é um mar de acordes, Talvez, uma canção por escrever?

O vencedor de cada edição em cada ano que se realiza fica responsável pela organização do evento no ano seguinte, ou no máximo, no prazo de dois anos. Os nossos Escuteiros da 4ª Secção de Esgueira arregaçaram as mangas e estão a preparar o Festival, o FESCUT 2012 no próximo mês de Outubro, nos dias 26, 27 e 28 sob o tema “(En)contra a Maré”.

Esperemos que tudo corra da melhor maneira, como aconteceu aliás na Madeira, onde os nossos jovens foram bem recebidos e gostaram bastante da experiência e da estadia na ilha, tendo sido realizadas algumas agradáveis visitas guiadas por alguns bonitos e emblemáticos locais na zona do Funchal. Resta-me desejar-lhes bom trabalho e sorte, e já sabem que podem sempre contar com os respectivos Chefes… e nós, os Pais.

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Emília Diogo

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06 – sal da terra da atualidade

“Chamados a fazer brilhar a Palavra da verdade” (Porta Fidei, 6)

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES O Dia Mundial das Missões nasceu num clima muito favorável à causa missionária. No ano de 1922 foi eleito Papa o Cardeal-Arcebispo de Milão, Aquiles Ratti, que tomou o nome de Pio XI. O seu ardor missionário era de todos conhecido e, por isso mesmo, esperava-se dele um grande impulso à missão. Logo no início do seu pontificado fez um gesto surpreendente: na festa de Pentecostes interrompeu sua homilia e, no meio de um impressionante silêncio, tomou o seu solidéu e fê-lo passar entre a multidão de bispos, presbíteros e fiéis na Basílica de São Pedro, enquanto pedia a toda a Igreja ajuda para as missões. Pouco tempo depois nomeou o primeiro bispo indígena, Mons. Roche, inaugurando, assim, uma série de prelados nativos de rito latino. Nesse mesmo ano celebrava-se o primeiro centenário da fundação da Obra Missionária da Propagação da Fé. Pio XI declarou-a PONTIFÍCIA, junto com a Obra da Infância Missionária e a Obra de São Pedro Apóstolo, confirmando-as e recomendando-as como instrumentos principais e oficiais da cooperação missionária de toda a Igreja católica. No Ano Santo de 1925 abriu, no Vaticano, uma esplêndida exposição missionária mundial. No ano seguinte publicou uma Encíclica sobre as missões, Rerum Ecclesiae, na qual reafirma a importância e os objetivos missionários programados no início do seu pontificado. Nesse mesmo ano consagrou os seis primeiros bispos chineses. E, precisamente no dia 24 de abril de 1926, institui o DIA MUNDIAL DAS MISSÕES. Este dia deverá ser celebrado, em toda a Igreja, no penúltimo domingo do mês de outubro. Os objetivos do Dia Mundial das missões são: Abertura ao universalismo e formação da catolicidade do Povo de Deus. Oração fervorosa, sacrifícios e testemunho de vida. Ajuda material generosa e solidária. Organizar missionariamente as comunidades eclesiais a nível local, paroquial, diocesano, nacional e universal.

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Este Dia é celebrado no mundo inteiro, por determinação do Papa, que envia na ocasião uma mensagem a todos os fiéis. A Mensagem do Papa para este ano tem como tema: “fazer brilhar a Palavra da verdade”. À luz da Redemptris Missio e da Porta Fidei, neste ano do cinquentenário do início do Concílio Vaticano II, a abertura do Ano da Fé e o Sínodo dos Bispos cujo tema é a nova evangelização concorrem para reafirmar a vontade da Igreja se empenhar, com maior coragem e ardor, na missio ad gentes, para que o Evangelho chegue até aos últimos confins da terra. Bento XVI reafirma a prioridade da evangelização como fazendo parte da vocação e identidade da Igreja, nas suas instituições, e no agir de todos os cristãos batizados.

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da atualidade

poesia –

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À FAMÍLIA

Da família família falo falo agora, agora, Da De ligações ligações afetivas afetivas De Laços de de amizade amizade ou ou amor, amor, Laços De carinho, carinho, compromisso, compromisso, lealdade, lealdade, De Partilha ou ou comunhão… comunhão… Partilha São… São… O centro centro da da vida vida O O porto porto de de abrigo… abrigo… aa estação… estação… O O refúgio refúgio aa dedicação… dedicação… O O núcleo núcleo ee oo ventre ventre O De toda toda aa paixão… paixão… De O começo… começo… aa minha minha ee aa tua tua mão… mão… O O amor… amor… O O coração… coração… O O espelho espelho que que reflete reflete O O estado estado duma duma nação… nação… O

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Jorge Robalinho

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08 – recortes dehonianos da família dehoniana

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

25 ANOS DE SACERDÓCIO P.e

O João de Deus, nosso articulista, celebrou as bodas de prata sacerdotais. O auge das celebrações foi a 12 de julho, em Sobrosa, onde é pároco e contou com a presença e homenagem de muitos paroquianos, padres diocesanos e confrades. Damos graças ao Senhor pelo dom dos 25 anos e aguramos-lhe a continuação de muitos e bons anos de serviço ao Senho e aos irmãos.

NOVO PADRE DEHONIANO

ANIVERSÁRIO DA MORTE DO PADRE DEHON 12 de Agosto. Como é tradição, vários Dehonianos juntaram-se em Aveiro para celebrar o 87º aniversário do falecimento do Padre Leão Dehon. Sendo domingo, o programa decorreu da parte da tarde: apresentação dos trabalhos dos Noviços sobre o tema «Eucaristia celebrada e adorada; oração de Vésperas, fazendo-se memória de todos os confrades, vivos e defuntos; jantar-convívio. Também no Funchal se congregaram os membros das três comunidades, assim como os confrades em férias, para celebrar, na oração e no convívio, esta importante efeméride da Congregação.

8 de Julho, Sé do Porto. Ordenação do Nuno Alexandre Rocha por D. Manuel Clemente, juntamente com outros sacerdotes e diáconos. O jantar-convívio decorreu no Seminário Missionário Padre Dehon. O Nuno Rocha celebrou a Missa Nova na igreja paroquial de S. Francisco de Assis, em Alfornelos (Lisboa). Na semana antecedente, a comunidade de Alfragide encarregou-se de dinamizar espiritualmente a preparação desta celebração. Atualmente, o Padre Nuno Rocha integra a comunidade dehoniana de Duas Igrejas, colaborando na missão pastoral confiada a essa comunidade.

DEHONIANOS EM CONFERÊNCIA GERAL 16 a 21 de Julho. Realizou-se em Neustadt, na Alemanha, a oitava Conferência Geral da Congregação sob o tema “Educar como Dehonianos as novas gerações”. Portugal esteve representado pelo Superior Provincial, pelo Padre Roberto Viana e por um leigo, o Professor Roberto Fernandes, do Colégio Infante D. Henrique. O Padre Amândio Rocha, missionário em Angola, também esteve presente nesta Conferência Geral, na qualidade de Superior da Comunidade de Angola. Seguiu-se a reunião de Superiores Maiores da Congregação, de 23 a 25 de Julho, onde esteve também o secretário e coordenador da Europa, Padre Manuel Barbosa.

PROFISSÃO RELIGIOSA 9 de Setembro em Aveiro. Primeira Profissão Religiosa do Joaquim Mendes e do Tiago Pereira, após um ano de Noviciado. Familiares, amigos e confrades estiveram presentes neste momento importante para as suas vidas e para os Dehonianos. Presidiu à celebração o Superior Provincial, Padre Zeferino Policarpo, ficando a animação dos cânticos a cargo da comunidade de Alfragide. Os dois novos membros da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus estão agora em Alfragide, para continuar a sua formação e frequentam a teologia na Universidade Católica.

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Os neo-professos com o Superior Provincial e o Mestre. Manuel Barbosa

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da família dehoniana

entre nós – O Senhor chamou a si a Teresa Carvalho, da Companhia Missionária, a 9 de Agosto

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GRAÇAS PELA VIDA DA TERESA

A Teresa foi uma das três primeiras missionárias portuguesas a aderir à Companhia Missionária quando esta ainda não estava presente em Portugal. Em 1960 deixou a família, o seu trabalho de farmacêutica, a sua linda Ilha da Madeira e partiu para Bolonha onde durante sete anos se dedicou à formação e ao trabalho no jovem Instituto fundado em 1957. Em 1967 regressa a Portugal e fixa-se no Porto dando início com outras missionária à presença do Instituto neste país. Como consagrada secular dedicou a sua vida no campo da educação, como professora em diversas escolas (Porto, Paços de Ferreira e Viana do Castelo); empenhou-se também na paróquia da Boavista como Ministro Extraordinário da Comunhão, Catequista, apoio aos campos de férias, Leitora e outros serviços de presença e de organização de pequenas coisas.

Damos-Te graças, Senhor, pela vida da Teresa. A sua pessoa é para mim e, certamente, para muitos dos que com ela partilharam a vida um apelo a servir, a servir bem. Quer cozinhasse, quer cuidasse do jardim, quer lavasse e passasse as toalhas do altar ou as da nossa mesa, tudo fazia de forma aprimorada e com muito amor. A Teresa sempre colocava, em devido tempo, as coisas no seu lugar e, ao fazê-lo, pensava em nós, tinha em conta o bem comum. Recordo-me, nos inícios, quando entrei na Companhia Missionária, de encontrá-la sempre atarefada a fazer-nos as camas e a preparar tudo para nos acolher com carinho. Recordo-a, não só como uma irmã de ideal, uma amiga, mas também como uma mãe que sabe dar colo quando se precisa. Admiro a simpatia e a humanidade para com os trabalhadores que prestavam serviços na casa da Companhia Missionária. Estabelecia com todos eles relações de empatia e amizade. O ano passado, quando a Teresa esteve doente, fui visitá-la com alguns elementos da minha família. Um sobrinho meu que tinha trabalhado na construção da nova cozinha, após a visita, segredou-me: “Esta mulher é uma santinha.” Obrigada, Senhor, pelo apelo que a Teresa nos deixa a servir com eficácia e amor e a cuidar da tua criação com ternura e bondade. Apela-nos também a sermos confidentes, autênticos e sinceros. Obrigada, Senhor, pela paróquia da Boavista, na pessoa do P.e Carrara e de todos os padres dehonianos que por aqui passaram, pelos jovens dos campos de férias para quem cozinhou tantas vezes – hoje, alguns já pais de família – e por toda a comunidade paroquial a quem se dedicou e com quem partilhou muito da sua vida, a quem se deu e de quem muito recebeu.

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Vivi com ela bastante tempo e posso testemunhar-vos que ela se sentiu feliz, muito feliz no meio de vós. Um obrigado muito especial ao Jorge que, em Março, na última vinda da Teresa ao Continente, se disponibilizou a levá-la, com os filhos, ao aeroporto. Depois de o Jorge ir embora, fiquei com ela à espera da hora do embarque, mal eu sabia que era a última vez que a veria. Falou-me dos campos de férias, dos jovens que por lá passaram e que fizeram dessa experiência uma escola de vida. Disse-me que tinha conversado com o Padre Feliciano e que estava muito contente pelo seu entusiasmo e dedicação. A sua partida fez emergir de dentro de mim a grandeza desta mulher consagrada com um amor incondicional à Companhia Missionária, à família, à Igreja e ao Mundo. Já de há muito que sentia como que a esculpir na rocha do meu ser os seus pontos fortes e a desaparecer, como que levados pelas ondas, os limites e debilidades. Confiemos a Teresa ao Coração de Jesus e de Maria, Mãe, Guia e Custódia da Companhia Missionária, para que, purificada pelo sangue que brota do lado aberto e acolhida nos braços da Mãe, possa contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos. “Cada um de nós é para ser sempre” e a Teresa está no Pai e sempre no coração daqueles que a amam e são herdeiros dos valores que nos transmitiu e ensinou.

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Serafina Ribeiro

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10 – entre nós

da família dehoniana

Equipa prepara formação para Leigos Dehonianos adultos

PROJETO DE FORMAÇÃO PARA LEIGOS ADULTOS DEHONIANOS

Cada vez mais na Igreja se tornou prática os leigos participarem no carisma dos fundadores das congregações, tendo as suas organizações e ritmos próprios. A Exortação Apostólica de João Paulo II, de 1996, Vita Consecrata refere que “se iniciou um novo capítulo, rico de experiências na história da relação entre as pessoas consagradas e os leigos” (nº 54). “Este fenómeno está marcado por novos caminhos de comunhão e de colaboração que devem ser estimulados” (nº 55). Não são caminhos em que há uma relação de “sacristão para prior”, de subserviência, mas de colaboração equilibrada e de consideração. João Paulo II refere que “os estados de vida estão interligados e ordenam-se uns para os outros… estão ao serviço do crescimento da Igreja” (ChL nº 55). Um instituto tem a possibilidade de associar a si outros fiéis (homens, mulheres, casados ou não), empenhados em tender à perfeição cristã, segundo o espírito do Instituto e participar na mesma missão (CDC, nº 725). De qualquer modo nas origens, está Cristo e a Igreja do Concílio Ecuménico Vaticano II, como referências do compromisso batismal.

É nesse sentido que a congregação dos dehonianos formou uma equipa de trabalho, onde se encontram dois portugueses: P.e Adérito Barbosa e P.e Fernando Fonseca, além de dois italianos, um espanhol, um polaco, um brasileiro e um canadense. Esta equipa depois de um ano de trabalho, onde foram feitos questionários em todo o mundo, elaborou um projeto com o nome: amados por Deus, em comunhão, pela vida do mundo. Este projeto, constituído por três fases, acentua a relação com Deus, com a Igreja e com a sociedade. É um projeto orientado sobretudo para adultos individualmente ou em grupos, embora não excluamos a possibilidade dos jovens o utilizarem. A primeira fase, chamada inicial, tem como título Familiaridade com a vida dehoniana e supõe ser desenvolvido durante um ano. A segunda fase, chamada de aprofundamento, divide-se em três anos: o primeiro ano – encontrar Jesus Cristo com Deus – tem como conteúdo a relação do Padre Dehon com Jesus Cristo; o segundo ano – o caminho do Padre Dehon – tem como conteúdo a vocação e a comunhão do Padre Dehon na Igreja; o terceiro ano – pela vida do mundo - tem como conteúdo o apostolado e a dimensão social do Padre Dehon. A terceira fase chamada de formação permanente quer oferecer conteúdos para a perseverança no empenho assumido como leigo dehoniano. Este itinerário formativo quer ser uma proposta pedagógico-pastoral, partindo de uma leitura mistagógica da vida e da obra do Padre Dehon.

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Adérito Barbosa

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da família dehoniana

com Dehon –

Apoio ao Centro Juvenil Padre Dehon, no Alto Molócuè

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ALVD EM MOÇAMBIQUE

A ALVD (Associação Leigos Voluntários Dehonianos), associação que se dedica ao voluntariado missionário, permitiu mais uma vez uma experiência de missão a 6 leigos, acompanhados pelo P.e Juan.

Depois de um ano de preparação e de formação, a realização de várias actividades em vários pontos da ilha, este grupo partiu para Moçambique, mais concretamente para o Alto Molócuè, onde está uma comunidade dehoniana e um centro juvenil. Este grupo de voluntários dedicou-se, ao longo do mês de Agosto, a uma variedade de actividades de apoio Centro Juvenil Padre Dehon. Os campos privilegiados da nossa missão foram sobretudo a informática (actualização dos computadores do centro e formação de formadores), a Escolinha (uma pré-escola que funciona no centro, acolhendo cerca de 40 crianças entre os 4 e os 6 anos), e o apoio à biblioteca do centro, que chega a receber por dia cerca de umas 100 visitas. Além disso, dedicamo-nos a outras actividades tal como a dança. Foi uma experiência muito importante para

estes voluntários, pois permitiu-lhes conhecer outra cultura diferente da nossa, como também os missionários dehonianos que trabalham em Moçambique e a sua dedicação em favor da evangelização e promoção humana. Mais do que levar e fazer coisas, viemos cheios da riqueza deste povo, das crianças e dos jovens, da alegria com que vivem e testemunham a sua fé. Era sempre um momento muito especial quando ao domingo acompanhávamos os missionários às comunidades, a forma como nos acolhiam e viviam a Eucaristia. Aqui percebemos plenamente o sentido de que a Eucaristia é verdadeiramente uma festa, com muita música e dança e grande disponibilidade para acolher a Palavra de Deus. Enfim… um mês passou a correr e parece que não foi nada. Porém foi muito para aqueles que tiveram o privilégio de fazer esta experiência. Muita coisa para processar à medida que vamos voltando ao quotidiano e rotina do nosso trabalho. Certamente que viemos diferentes… mais ricos de conhecimento, de cultura, mas sobretudo mais felizes por podermos participar, mesmo que de forma muito ténue, no trabalho que os missionários realizam nas missões ad gentes. Uma vez alguém me disse que quem vai à Africa volta diferente… não tanto exteriormente, mas sobretudo interiormente. Embora seja a terceira vez que volte a Africa, acompanhando grupos de voluntários, cada vez que lá volto é diferente, volto mais rico.

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Juan Noite

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12 – memórias

da família dehoniana

Um outsider que encarnou uma das opções preferenciais do carisma dehoniano.

RECORDANDO O PADRE IVO TONELLI

O Padre Ivo Tonelli, fundador da Obra ABC (Amigos do Bom Conselho), a que se dedicaria e com que praticamente se identificaria nos 24 anos de permanência em Portugal, nasceu na freguesia de Casteluccio Montese, que em português dir-se-ia Castelinho Montanhês, Província de Módena, centro-norte da Itália.

O Padre Ivo Tonelli nasceu a 25 de Janeiro de 1921, festa da Conversão de São Paulo. Em 1938, já com 17 anos de idade, entrou na Escola Apostólica de Albino (Bérgamo), nela permanecendo até 1942, para passar ao noviciado de Albissola (Savona, Ligúria), onde professará a 29 de Setembro de 1943, com o nome religioso de Eusébio. Frequentou o primeiro ano de filosofia (19431944) no Instituto Missionário de Folinho, arredores de Assis. O ano seguinte, por causa da guerra, teve de passá-lo na casa paterna, aliás como outros seus confrades estudantes, renovando os votos nas mãos do pároco, delegado para o efeito pelo Superior Provincial. Terminada a guerra, regressou à comunidade de Folinho, para completar, no ano 1946-1947, o curso filosófico. Fez estágio de vida religiosa – prefeito – na Escola Apostólica de Albino, no ano 1947-1948. Foi, depois estudar teologia em Bolonha, no seminário maior da Província Dehoniana italiana, chamado Studentato delle Missioni (Estudentado das Missões), onde permanecerá quatro anos, de 1948 a 1952. Ordenado sacerdote a 24 de Junho de 1951, concluirá no dito Studentato o ano de pastoral. O primeiro destino e tarefa pastoral do jovem sacerdote Ivo Tonelli foi a casa de Albissola, onde frequentara o Noviciado, dedicando-se aí à formação dos aspirantes a Irmãos Cooperadores. Em Abril de 1958, ei-lo em Portugal, colocado no Colégio Luís de Camões de Coimbra, onde, em 1954, os Dehonianos

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Padre Ivo Tonelli 1921-1982

haviam assumido a tarefa educadora, em parceria, administrativa e não só, com os proprietário do mesmo. Abandonando os Dehonianos dito Colégio em 1962 e abrindo, como alternativa, na mesma diocese e cidade de Coimbra, o Colégio São João, neste se integraria o Padre Ivo como orientador disciplinar. Foi nos anos da sua experiência pastoral e pedagógica em Coimbra, nomeadamente no Colégio São João, que o Padre Ivo procurou realizar um sonho que certamente vinha acalentando desde os anos de estudante de teologia em Bolonha: permitir a jovens inteletualmente dotados, mas sem possibilidades económicas, estudar e singrar na vida, tornando-se, já nos anos de estudo e, mais tarde, na vida profissional, um fermento de valores cívicos e cristãos na sociedade e na Igreja. Dará à sua Obra o

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sugestivo nome de ABC ou seja “Amigos do Bom Conselho”. Mas se a intuição era feliz e benemérita, o percurso da sua concretização revelar-se-á cheio de obstáculos e dificuldades, que, longe de desanimar o Padre Ivo, mais o determinarão na realização e consolidação da Obra. A então Região dos Sacerdotes do Coração de Jesus não se sentia em grado de apoiar a iniciativa do confrade, considerada boa, mas pessoal e avulsa do programa da Região. Faltou assim o poio institucional, passando o Padre Ivo por provas dolorosas, que chegarão a pô-lo na real eventualidade de vir a abandonar o Instituto para poder dar continuidade à sua Obra. Os superiores exigiam do Padre Ivo uma integração e dedicação na comunidade religiosa onde o colocavam e nas tarefas que lhe eram confiadas, exigência difícil de cumprir cabalmente, também pelas reservas que os confrades de comunidade punham à originalidade da nova obra e seu fundador. Em 1963, fecharia também o Colégio São João. A comunidade religiosa será transferida para Ermesinde, para um seminário menor que a Congregação acabava de abrir nessa localidade nor-

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tenha dos arredores do Porto. E eis também para lá transferido o Padre Ivo, com a sua criatura em gestação, mas que já era alvo de preocupação e discernimento por parte do Conselho Regional de então. No primeiro ano de permanência em Ermesinde, sendo ainda superior do novo seminário menor o Padre Canova, o Padre Ivo dá vida à sua Obra, num regime de convivência dos seus jovens com os seminaristas. Tal convivência manter-se-á, com maiores ou menores dificuldades, enquanto o seminário menor se mantiver em Ermesinde. Inicialmente, o maior problema foi de ordem jurídica: a legitimidade de um religioso, mantendo-se na Congregação, tomar autonomamente uma iniciativa do género. Dividido entre a atenção a dar à sua incipiente Obra e a colaboração na orientação disciplinar de dito seminário, e ainda por cima com os seus protegidos a residir no recinto do seminário, o Padre Ivo passaria momentos de grande tormento interior, devendo discernir entre o futuro a garantir à sua Obra e a obediência aos superiores religiosos. A tentação de abandonar o Instituto para dar continuidade ao ABC marcar-lhe-á os finais da década de sessenta e inícios da de setenta. É reveladora de muito sofrimento a troca de correspondência epistolar do Padre Ivo com os Superiores Regional e Provincial e com o confrade Padre Luís Celato, que, a trabalhar isoladamente no Algarve, se tornaria seu conselheiro e confidente, encorajando-o a manter-se na Congregação. O amor à Congregação acabaria por triunfar, graças também a uma melhor compreensão por parte dos superiores. O Padre Ivo comprometeu-se a manter-se integrado numa casa da Congregação, a colaborar com esta e a não expandir, por ora, a sua Obra. Nos finais dos anos 60, o seminário de Ermesinde é transferido para a nova sede em Gondomar, o atual Seminário Missionário Padre Dehon. O Padre Ivo passa a pertencer juridicamente ao novo seminário, onde figura como prefeito de estudos, continuando porém a dedicar-se à sua Obra ABC e a residir nela, que, a partir do encerramento do seminário em Ermesinde, de casa alugada em casa alugada, acabará por ter também a sua sede definitiva na atual de Rio Tinto, no nº 232 da Rua Ernesto Fonseca. Para assegurar a continuidade e desenvolvimento do ABC, o Padre Ivo criará uma rede de benfeitores, sobretudo estran-

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Paró


14 – memórias

da família dehoniana

P.e Ivo Tonelli (continuação)

geiros, com quem manterá um regular contacto epistolar. De 1975 a 1979, o Padre Ivo acumulará a direcção da Obra ABC com a do Padre Grillo, em Matosinhos, esta dedicada ao acolhimento e educação de crianças e jovens da rua, uma versão da Obra do Padre Américo. Implantada a sua Obra na nova sede de Rio Tinto, o Padre Ivo encontrará finalmente a necessária autonomia e condições de fazer crescer a sua criatura, à margem da já então Província Portuguesa Dehoniana, uma marginalidade porém que não significa desinteresse nem alheamento de ambas as partes. Se não há colaboração em termos de pessoal, colaboração essa que nem o Padre Ivo prevê ou solicita, esta dá-se todavia em termos financeiros, pois será à ajuda da Província religiosa, a que continua a pertencer, que o Padre Ivo recorrerá para a compra da nova sede, sua bonificação e ampliação. Para permitir-lhe uma dedicação total ao ABC, a Congregação substituirá, em 1979, o Padre Ivo com o Padre Miguel Corradini na direção da Obra do Padre Grilo. Mas quando tudo se conjugava para que a Obra do ABC tivesse um novo fôlego, eis uma nova, imprevista e grave dificuldade: a doença do seu fundador. Ao Padre Ivo é diagnosticado, em 1981, um cancro no esófago, que em pouco tempo o levará à morte. A 21 de Março de 1982, na idade de 61 anos, é chamado à Casa do Pai, deixando órfã a criatura que concebera e criara com tanta dificuldade e dedicação. Uma órfã, porém, que a Congregação adotará e passará a cuidar. Terminando esta breve referência à memória do Padre Ivo Tonelli, reproduzo o texto poético com que, nos fins de Junho de 1951, foi anunciada na sua terra natal de Castelluccio Montese a sua Missa Nova: Partisti gnorato piccino e nessuno s’accorse (Partiste ignorado, e ninguém se apercebeu que, fra i poveri che ne mancasse uno, entre os pobres, faltava um. Mas agora, depois ma ora che dopo anni e anni ritorni, de tantos anos, regressas e vemos-te maior que te vediamo più grande di tutti. os outros. Sabemos como te chamas: Padre Ivo Sappiamo il tuo nome Tonelli!) DON IVO TONELLI. Também muitos de nós, Dehonianos da Província Portuguesa, te vimos entre nós e nem procurámos conhecer-te; vivias por tua conta, dedicado à tua Obra, pobre entre os pobres. Mas agora não só recordamos o teu nome; reconhecemos o teu valor e queremos manter a tua memória, acarinhando a Obra que, ao partir, deixaste ao nosso cuidado.

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João Chaves

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da família dehoniana

comunidades – Obra de acolheimento e formação para crianças, adolescentes e jovens

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A OBRA ABC

Mais que uma intuição fulgurante, uma visão ou mensagem do Alto, que recebem alguns fundadores de Institutos religiosos ou de obras eclesiais de vulto, penso que a ideia de realizar o ABC surgiu aos poucos na mente do Padre Ivo Tonelli. O fato de o anúncio da sua Missa Nova, na terra natal, fazer aceno à sua origem humilde e condição pobre, e o ter entrado no seminário já com 17 anos, leva a insinuar a existência de dificuldades, nomeadamente económicas, para realizar o seu projeto de ser sacerdote. Terá depois sido influenciado, durante os estudos de teologia em Bolonha, pelo famoso Padre Marella, um sacerdote diocesano, que, nesses anos do imediato pós-guerra, se dedicava aos rapazes pobres da cidade de Bolonha, tornando-se uma figura mítica, a mendigar de batina e com o chapéu às portas dos cinemas e nas encruzilhadas das ruas, para manter os “seus rapazes”, nomeadamente os seus estudos. Consta que o jovem estudante Ivo Tonelli desse a sua colaboração ao dito Padre Marella.

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16 – comunidades

da família dehoniana

Obra ABC (continuação)

Na mesma altura, os Dehonianos procuravam abrir, também em Bologna, uma estrutura de acolhimento para rapazes pobres, o atual Villaggio del Fanciullo (Aldeia da Criança), imitação da que o Padre irlandês Joseph Flanagan criara em Omaha, nos Estados Unidos, a Boy’s Town (Cidade dos Rapazes), ideada no esquema de auto-governo, e que se tornaria célebre em livros e filmes. Também em Roma, nesse final dos anos 40, Mons. Tardini, Substituto de Pio XII na Secretaria de Estado, fundara a Villa Nazareth, destinada a acolher jovens pobres, mas inteletualmente dotados, e permitir-lhes estudar e ser alguém na vida, também em vista da evangelização da sociedade. Os anos que o jovem sacerdote Ivo Tonelli dedicará à formação de futuros Irmãos Cooperadores, em Albissola, no contato com esses jovens que, não conseguindo enveredar pelo caminho dos estudos e ser padres, se realizavam numa outra forma de consagração religiosa, a laical, devem ter contribuído para amadurecer o seu projeto. O que era afinal o ABC no projeto inicial do Padre Ivo Tonelli? Precisamente uma aplicação, no contexto português, desse ideal dos Padres Flanagan e Marella, do Villaggio del Fanciullo e da Villa Nazareth. São sintomáticos e sugestivos os primeiros estatutos ou ideário do ABC, apresentados, em 1963, ao Conselho da então Região dos Dehonianos em Portugal: “Amici Boni Consilii” – um movimento católico apolítico, cujos objectivos são: 1º - criar elos de amizade e colaboração entre os seus membros, numa base internacional; 2º - empenhar-se em exercer uma influência cristã sobre a sociedade; 3º - prestar assistência a rapazes, principalmente aos pobres, mas moral e intelectualmente mais bem dotados, e prepará-los de forma a poderem vir a exercer uma influência cristã sobre a sociedade.

Como é que se dará assistência e esses rapazes? a) rezando por eles; b) trocando correspondência com um ou outro grupo, a fim de exercer sobre eles uma influência cristã; c) fazendo o possível por criar elos de amizade entre eles e outros rapazes moral e intelectualmente bem dotados de outros países; d) providenciando férias a um ou a um grupo deles numa boa atmosfera católica; e) contribuindo para a manutenção deles num colégio. 4º - ter na dedicação à Santa Sé e na fidelidade à Hierarquia a virtude distintiva do movimento”. Não se tratava, portanto, de uma Obra exclusivamente para jovens; era um movimento que abrangia também adultos, se bem que em função da educação de

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jovens. O ABC tinha ainda uma chamada Secção Juniores, que, por sua vez, era: “Uma actividade católica juvenil, que tem por fim: 1º - pôr-se em contacto de amizade e colaboração com os melhores rapazes numa base internacional; 2º - travar conhecimento e tomar amizade com os óptimos católicos no País e no estrangeiro; 3º - conquistar, mediante a amizade, os rapazes mais bem dotados de inteligência e ajudá-los a tornarem-se fermento de bem na sociedade”. O Padre Ivo, uma vez em Portugal, fora colocado, no Colégio Luís de Camões, em Coimbra, um estabelecimento de ensino para jovens não seminaristas. Era a primeira experiência pastoral do género para os Dehonianos em Portugal, embora a Congregação tivesse longa experiência em matéria noutros países, inclusive na Itália. Quatro anos mais tarde, em 1962, os Dehonianos abandonarão esse colégio e fundarão um outro, sempre em Coimbra

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Vista do novo auditório no piso térreo do antigo edifício para o cláustro da parte nova.

– o Colégio São João – para permanecer nesse ramo do ensino. Tais experiências devem ter servido de catalizador ao Padre Ivo para concretizar o sonho certamente acalentado havia anos. O ato concreto de fundação da Obra ABC dar-se-á porém em 1964, com o encerramento do Colégio São João e a transferência da comunidade religiosa e de alguns alunos para o seminário menor acabado de abrir em Ermesinde. Foi aqui que o Padre Ivo se rodeou de um grupo de jovens, que, vivendo na área do seminário e com momentos de convivência comum com os seminaristas, iam à escola externa, procurando traduzir na vida os ideais do ABC, acima referidos. São comoventes dois testemunhos conservados no Arquivo Provincial sobre o empenho apostólico desses jovens, convidados a ser fermento de bem nas escolas que frequentam. As dificuldades por que passou o Padre Ivo para dar estabilidade e incrementar o ABC já foram referidas no artigo sobre a sua vida. Menciono aqui apenas a evolução que a Obra seguiu, em termos de ideário e estatutos, que é aliás a fisionomia que a Obra hoje apresenta. Os atuais estatutos refletem essa mudança: não já um movimento de adultos e jovens, consagrado ao apoio educativo de jovens pobres mas particularmente dotados, na linha da criação de uma elite que se torne fermento na sociedade e na Igreja, mas sim uma resposta à chaga social de crianças desprovidas do ambiente familiar, necessário para servir de base a um amadurecimento normal. Por necessidade de circunstâncias – dar resposta a esse problema social e obter os indispensáveis apoios financeiros do Estado –, a Obra ABC tornou-se uma congénere da Obra da Rua do Padre Américo, e é nessa linha que hoje opera. Estando a Obra para celebrar os 50 anos de existência (1963-2013), é provável que a recorrência jubilar seja comemorada com estudos e publicações sobre ela. Nessa altura, não faltará informação sobre a origem, história e importância da criatura, que o Padre Ivo Tonelli sonhou e pela qual tanto se sacrificou. Sirva este modesto artigo em A Folha dos Valentes como pontapé de saída nesse interesse comemorativo pela Obra de um confrade, de que a Congregação em Portugal inicialmente se alheou, mas que acabaria por adotar, em atitude de solidariedade num momento crítico da existência da Obra. Poderíamos dizer que a Obra ABC é o filho adotivo da Província Portuguesa dos Dehonianos, um filho adotivo que certamente se procurará integrar plenamente no conjunto das outras obras filhas da mesma Província. O Padre Ivo poderá figurar na história da Província Portuguesa como um offside, a jogar em fora de jogo, mas não há dúvida que encarnou uma das opções preferenciais do carisma dehoniano. As razões de uma certa reserva inicial por parte dos superiores e da Congregação são compreensíveis; talvez faltou ao Padre Ivo a noção de como envolver os confrades numa originalidade que sentia. Mas é de esperar que a Província reconheça, embora tardiamente, a validade da intuição e continue a acarinhar uma obra eminentemente social e, quem sabe, restituindo-lhe a intuição original.

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18 – vinde e vereis dos conteúdos

Com que disponibilidade voltamos ao habitual e nele respondemos ao “vinde e vereis”?

E AGORA?

Tive mais uma vez a oportunidade, que é uma verdadeira graça de Deus, de fazer o meu retiro anual. Não há dúvida de que se tratou de um verdadeiro e reiterado “vinde e vereis”. Curiosamente, o orientador colocou o grupo, logo de entrada, perante a passagem do Evangelho (Mc 6, 30-34) em que Jesus faz aos Apóstolos que regressavam de uma primeira experiência apostólica, que se revelara que se revelara particularmente entusiasmante, mas nem por isso menos exigente e desgastante, esta proposta: “Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”. O evangelista explica que “de facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir, que eles nem tinham tempo de comer”, e refere que “partiram então, de barco, para um lugar isolado, sem mais ninguém”. Tratava-se, à primeira vista, de uma proposta de merecidas férias que, no caso, não chegaram a sê-lo, porque, informa ainda S. Marcos, “vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram primeiro do que eles”. Pode parecer um episódio banal, mas é óbvio que não é bem assim. Além do alcance que o próprio evangelista lhe atribui, pode, sem forçar a nota, aplicar-se a nós e às circunstâncias em que decorre a nossa vida. De facto, muitos de nós, depois de um ano desgastante, pudemos, com certeza, usufruir de uma pausa. Agora que essa pausa chega ao fim e a vida volta ao seu ritmo normal, bom seria que se verificassem algumas circunstâncias, que passo a referir à laia de um exame de consciência que, ao mesmo tempo que revê o passado, perspetiva o futuro.

1. O tempo de férias é, sem dúvida, uma oportunidade que corresponde à vontade amorosa d’Aquele que Se compadece de toda a gente que, muitas vezes, anda “como rebanho sem pastor”, numa vida errática e sem sentido, muitas vezes absorvente mas também superficial e o mais que se poderia acrescentar. Compadeceu-Se também de cada um de nós, independentemente da nossa situação pessoal irrepetível. Tivemos consciência disso? Como aproveitámos a oportunidade? 2. Houve, no gozo do nosso tempo mais livre e despreocupado, espaço para Ele? A sua presença na nossa vida foi devidamente procurada, percebida e acolhida? 3. Afastando-nos das preocupações habituais, soubemos, de facto, tomar alguma distância em relação a elas, para verdadeiramente “repousarmos”, ou seja, para reencontrarmos novas energias, readquirirmos o sempre precário equilíbrio e reequacionarmos os nossos valores, nos nossos critérios e prioridades? 4. Houve, como de resto há sempre, “vindes” mais ou menos percebidos por uma consciência minimamente desperta e disponível. Que acolhimento lhes demos? 5. E agora? Como vamos voltar ao habitual? Com que disponibilidade para discernir e acolher os “vinde e vereis” que vão continuar a suceder-se, para que a vida se mantenha no rumo certo e a nossa barca não saia da rota para andar à deriva sem porto à vista? Uma coisa é certa: o timoneiro continuará presente e vigilante. Respeitador em extremo da nossa liberdade, não deixará de acudir-nos com aqueles “vinde e vereis” sempre discretos mas capazes, se forem atendidos, de nos manter ao abrigo das tempestades que nos esperam. Ele irá cumprir. O resto é connosco.

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Fernando Ribeiro

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dos conteúdos

onde moras –

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O início de uma ano letivo é uma oportunidade para escutar e responder

Caros leitores de A Folha dos Valentes, mais um ano letivo começa, 2012/2013, para muitos de vós, é tempo de reiniciar a caminhada, é mais um marco na vida. O início do ano letivo para muitas pessoas é o marcar de uma nova etapa de vida, início das aulas e atividades; creche para os mais pequenos; escola; universidade; atividades apostólicas; trabalho etc. É um tempo importante na vida de cada um de nós, mas também na família, na sociedade e na Igreja, novos projetos e planos de atividades se iniciam em todo o lado. O humano e o espiritual caminham sempre juntos, pelo que é necessário estar atento, procurar perceber o que o Senhor nos está a pedir. Deus é “criativo”, Ele chama e convida, a nós pede uma resposta, para a qual nos deixa livres. Tu que és mais ou menos jovem, quantos convites já tens recebido do Senhor? Quantos apelos, quantas propostas. Tens feito silêncio? Tens escutado o Senhor? Ele fala no mais íntimo do teu ser! Que te está Ele a pedir? Que sentes que ele te está dizendo? Que quer Ele de ti neste novo ano letivo? “O Reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as núpcias de seu filho. Enviou seus servos para chamar os convidados às núpcias, mas estes não quiseram vir… as núpcias estão prontas, ide pois, as encruzilhadas e convidai para as núpcias todos os que encontrardes (Mt 22,1-9). Convido-te a parar um pouco, a encontrar-te contigo mesmo e a responder com verdade, só a verdade nos liberta, por favor não deixes passar em vão este momento. Na vida cada momento é único. O banquete está preparado! Somos todos convidados! A diferença está no tipo de resposta que cada um vai dando em cada momento, no seu dia-a-dia. Durante a sua vida terrena Jesus Cristo foi chamando algumas pessoas para andarem com Ele, para aprenderem a viver como Ele, para desempenharem uma determinada missão na vida da Igreja (Mc 3,13-15). Hoje é a nós que Ele vai convidando, formando e enviando em missão. Pede ao Senhor te conceda a graça, de estar atento à Sua voz e de teres a liberdade suficiente para ir respondendo afirmativamente ao Seu chamamento.

SOMOS TODOS

CONVIDADOS! V

Fátima Pires

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20 – meias doses de saber dos conteúdos

Empreendedorismo e Espiritualidade

O CARISMA EMPREENDEDOR DOS DEHONIANOS “A verdadeira fidalguia está na ação”. Padre António Vieira

O empreendedorismo tornou-se a palavra da moda em tempo de depressão. Para afrontar a vaga de crise que afeta o nosso país e a Europa, os nossos políticos decidiram apelar ao espírito de iniciativa, de criatividade e de inovação dos Portuguesas através de um conceito novo encerrado no termo “empreendedorismo”. É, na verdade, uma palavra nova para designar um valor de sempre: a capacidade de intervir na história humana que corre de forma positiva, construtiva, multiplicadora de possibilidades novas de realização, mobilizando meios e pessoas para atingir com eficiência um determinado fim com sucesso. Ora também no domínio das correntes de espiritualidade e de escolas de vida religiosa podem-se encontrar matrizes que limitam ou impulsionam a capacidade humana para a ação transformadora. Assim como há culturas e mentalidades empreendedoras também há carismas, espiritualidades, ideários de natureza religiosa que favorecem mais ou menos o desenvolvimento de atitudes empreendedoras.

Centremos a nossa atenção nos grandes e significativos tópicos do ideário dehoniano e nos lemas pastorais proclamados pelo Padre Dehon.

O conhecimento teórico e prático da espiritualidade modelada pelo Padre Leão Dehon que se convencionou designar de dehoniana levou-nos a considerar que esta favorece o desenvolvimento de uma cultura empreendedora. Observando os manuais de espiritualidade, as constituições e o percurso dos Dehonianos, plasmados na sua intervenção pastoral, educativa, social, missionária não desconsideraremos a exemplar dimensão empreendedora que faz jus, aliás, à grande tradição empreendedora das grandes ordens religiosas como os Cistercienses e os Jesuítas.

Desde logo, o apóstolo social que foi o Padre Dehon, no convulso século XIX em efervescência multi-ideológica, apela aos padres seus discípulos para mudarem a postura timorata de uma Igreja então adormecida, metida nas sacristias com medo de misturar-se com o mundo dos homens. O seu lema “deixei as sacristias e ide ao povo” é um poderoso slogan empreendedor, colocando a contemplação que privilegia ao serviço da ação, um antídoto contra a inércia e uma desafio para despertar o valor da cooperação entre a Igreja e a sociedade de modo a transformá-la por dentro.

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Milagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890)

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O lema do Padre Dehon – “deixei as sacristias e ide ao povo” –, é um poderoso slogan empreendedor, que coloca a contemplação ao serviço da ação Este desafio proclamado pelo Padre Dehon marcou a atitude pastoral dos dehonianos desde a formação de base, criando, em geral, pastores interventivos, criativos, que implantaram missões, paróquias, projetos pastorais e socio caritativos em meios difíceis, fazendo renascer esperança e igreja nova em campos agrestes. No entanto, a formação de homens empreendedores passa por alicerçar valores, atitudes, competências pessoais e sociais como o autoconhecimento, a autoestima, a empatia, o suporte social, a liderança e a resiliência. Podemos ver linhas de sustento humanizador destas competências nos vetores estruturantes da espiritualidade dehoniana. Desde logo, a importância que é dado ao autoconhecimento dos limites e das virtudes individuais para o crescimento interior muito fomentado na formação do religioso desde o noviciado. Através do hetero e autoexame, da observação de si em ordem a um equilibrado esforço de aperfeiçoamento, o dehoniano é chamado a coadunar a sua vida com o projeto de Deus, que é sempre um projeto empreendedor ao serviço da sociedade dos homens e do seu melhoramento em vista da construção do Reino do Coração de Jesus nas almas e na sociedade e, em linguagem mais atualizada, a edificação da Civilização do Amor fundada na contemplação do coração de Deus que é Amor. Outro tópico dominante da espiritualidade dehoniana assenta na afirmação de que Deus nos ama, nos quer bem, nos aprecia. A experiência do amor de Deus por cada ser humano é um dos aspetos da chamada espiritualidade do Coração de Jesus que favorece a autoestima, ou seja, a ideia da singularidade de cada ser humano amado divinamente. Ora com a

autoestima bem firmada e saboreada na oração cordial e frequente conduz aqueles que bebem das fontes cristalinas da fé a formação de uma vontade forte de agir, de reparar as feridas sociais e individuais dos homens e das mulheres de cada tempo. Daí brota a ideia de reparação que era cara ao Padre Dehon a que subjazia um ideário de aperfeiçoamento constante. Por isso, os dehonianos devem ser antes de mais servidores da reconciliação, construtores de pontes entre corações desavindos, promovendo sem cessar as condições para a paz interior, familiar e social. As constituições dehonianas idealizadas pelo Padre Dehon propõem como meta a construção do homem novo pelos que abraçam o ideal de serem a face do amor de Deus na terra. Ser profetas do amor, escolhendo os campos de missão mais difíceis e as tarefas que os outros geralmente rejeitam implica preparar os que dão a vida por este ideal com capacidade de liderança corajosa e de resiliência ativa na superação criativa dos obstáculos. Não é por acaso, que os dehonianos se têm implantado e têm feito crescer novas comunidades cristãs em países subdesenvolvidos como Madagáscar e nos subúrbios urbanos das metrópoles ocidentais marcados pelos mais complexos problemas sociais. De facto, o alto ideal de contribuir para a assunção de uma nova civilização global marcada pela ética do amor implica que homens corajosos movidos por um grande ideal ponham em marcha esta verdadeira revolução, começando pelas margens. O cristianismo precisa acima de tudo de empreendedorismo. Dehon deu o exemplo. Muitos dos seus discípulos têm seguido as suas luminosas pegadas.

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Eduardo Franco

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22 – pedras vivas dos conteúdos

Pedras Vivas em peregrinação a Roménia e Bulgária e a Lourdes

PEREGRINAÇÕES: UM MODO DE VIVER A FÉ Se começar é lindo, e é, recomeçar, porque começar de novo ou outra vez, ainda o é mais. outubro é sempre recomeço: de aulas, de trabalhos, de atividades e de políticas… E até de fervor religioso. Desta vez, outubro é início de um ano especial: Dia 11 inicia-se O ANO DA FÈ, proposto pelo Papa Bento XVI para celebrar os 50 anos do Concílio Vaticano II e os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica. 50 anos depois do Concílio e 20 anos depois da publicação do Catecismo, uma data a pedir-nos que se recomece, que se volte à origem, à fonte, para se recomeçar e beber de novo das águas puras que daí brotaram e continuam a brotar… Em Betânia, em preparação para o ANO DA FÉ, organizámos duas peregrinações especiais, uma em Agosto à Bulgária e á Roménia, sob o lema: “Outros modos de viver a fé no mesmo Cristo” e outra em setembro, a Lourdes, sob o lema: “A nossa fé, diante do mistério da dor”, À Bulgária e à Roménia fomos 27 peregrinos. A Lourdes fomos 55. Tanto um como outro grupo foram de gente boa, simpática, muito unida, aberta a Deus e ao próximo. Na Bulgária e na Roménia, experimentámos o que significa vivermos uma fé em minoria. A dificuldade de encontrar igrejas católicas até para a celebração da missa que celebramos todos os dias, e outras dificuldades de viver a fé católica onde a grande maioria não a pratica… Pobreza, simplicidade e pequenez dos templos católicos, em oposição à sumptuosidade dos ortodoxos. Mas também foi bom vermos as peregrinações e as celebrações dos nossos irmãos ortodoxos, lá em maioria absoluta… Coisas de que gostamos mais e outras de que gostamos menos, mas que são vivências do mesmo amor que nos une em Cristo, mesmo se a história, por razões que hoje achamos em sentido, nos dividiram e puseram a rezar ao mesmo Senhor, com modos e lingua-

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Santuário de Lourdes – França

gem diferentes, mas certamente com o nosso coração a deixar-se saciar na mesma fonte: O Coração misericordioso o nosso Deus. Em Lourdes, a beleza dos montes e a serenidade das águas pacificam-nos. Em poucas partes do mundo se consegue tão rapidamente essa pacificação interior e exterior. Já o tinha experimentado em peregrinações passadas, mas desta senti-o ainda mais. E, como sempre também, há ali algo de transcendente que nos inebria e faz desejar permanecer. O grupo era grande. Muitas das pessoas não se conheciam, porque vínhamos de diferentes proveniências… Mas a MÃE, que nesse dia fazia anos, uniu-nos com laços muito profundos. À mesa ficamos misturados e nem todos perto dos amigos e familiares ou colegas de quarto, mas que importava isso, se todos nos sentíamos irmãos muito felizes, a honrar a Mãe Imaculada, Nossa Senhora de Lourdes? E as Pedras Vivas, já estarão os meus habituais leitores a perguntar-se? Pois não vi ninguém que o não fosse. Havia-as por lá em todo o lado, na Bulgária e na Roménia, onde o preconceito, nos fazia pensar em gente violenta, ladra e pouco simpática e onde encontramos gente simpática, acolhedora e feliz por nos receberem. Em Lourdes, eram as pessoas do Hotel que nos acolheram tão bem como costumamos acolher os mais íntimos amigos em nossas casas… Atentas e prontas para fazerem com que todos se sentissem bem, capazes até de partilharem com carinho as poucas palavras que sabiam da nossa língua…

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Pois é, caros leitores, não há idade para se começar e é sempre tempo de se recomeçar. Por isso, não estranhem as minhas perguntas: – Já começou a ser amigo/a das missões?

ança

Mas as Pedras Vivas que mais apreciei foram as pessoas que me acompanharam. Algumas com bastante idade (alguém já muito perto dos 90 anos e várias na casa dos 80…), outras ainda muito jovens, mas todos com a mesma simpatia e atenção aos outros. À Bulgária e à Roménia foi alguém com alguma dificuldade de deslocação… A Lourdes algumas senhoras com dificuldade em andar, sobretudo acima, na casa dos 80. Por isso, fizemos a Via-sacra no espaço dos doentes: curta e plana. Mas depois, quem quis subiu à montanha da Via-sacra. E qual não foi o meu espanto ao ver algumas dessas pessoas com dificuldade a fazerem aquele íngreme percurso. E de uma a quem me dirigi manifestando o meu espanto, ouvi a explicação: – Então, não havia de vir?... Com a ajuda da minha amiga, mas cá vou. Esta maravilha merece o sacrifício. E se para o ano for viva, hei-de voltar para viver isto de novo e ver o que desta vez não consegui...

– Já visitou a exposição missionária “Alarga o espaço da tua tenda”, que está em Fátima até ao dia 31 de Outubro? – Já começou a pensar no ANO DA FÉ e no que fará para a fazer crescer e a comunicar a outros? – Como está a preparar o Dia Mundial das Missões (21 de outubro)? Bom recomeço. Bom ANO DA FÉ.

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António Augusto

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24 – eclesialidade dos conteúdos

De 7 a 28 de outubro, em Roma

ARTIGO MISSÃOPRESS

SÍNODO, NOVA EVANGELIZAÇÃO E MISSÃO Reune em Roma, de 7 a 28 de outubro próximo, a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, para estudar o tema candente que é «A Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã». Sínodo (sýnodos) significa fazer juntos o caminho. Mas não é «juntos», porque de algum modo nos juntamos ou somamos, e muito menos o «individualmente juntos», uma das expressões fortes usadas por Zygmunt Bauman para retratar a nossa sociedade de hoje. É um «juntos» novo, porque sabemos e sentimos que foi Deus que nos chamou, nos escolheu e nos reuniu. (…) Um sínodo é um tempo de graça, uma reunião de reunidos, não para em círculo fechado nos deleitarmos e, porventura, até nos envaidecermos e vangloriarmos por termos sido escolhidos, mas para percebermos bem que a nossa vocação de reunidos por graça, abre necessária e gozosamente para a nossa missão de irmos pelo mundo inteiro chamando todos os irmãos para esta reunião gozosa. Só quando estivermos todos reunidos, poderemos compreender o alcance desta reunião, e celebrar excessivamente esta Alegria. Salta à vista que viver «em sínodo» é a vocação e a missão da Igreja peregrina e paroquial (Ef 2,19).

A vocação e missão da Igreja não é coisa própria sua, mas radica, como exemplarmente deixou escrito o Concílio Vaticano II, no seu Decreto Ad Gentes, no amor fontal do Pai, que enviou em missão o Filho e o Espírito Santo (n.º 2). É nesta missão que se enxerta a missão da Igreja. É claro então que a missão precede os missionários e precede também a Igreja. Não compete ao missionário nem à Igreja inventar a missão ou decidir em que consista a missão. Na verdade, o rosto da missão já foi luminosamente manifestado no rosto de Jesus Cristo. Temos, pois, uma memória a fazer e a guardar todos os dias. Abrindo o Evangelho de Marcos, reparamos logo que o primeiro afazer de Jesus, não é pregar ou ensinar, mas ANUNCIAR, que traduz o verbo grego kêrýssô: anunciar o Evangelho (Mc 1,14) (…). A característica essencial da mensagem anunciada pelo arauto consiste em que a mensagem não provém do arauto, nem este a adorna com a sua opinião. Tudo no arauto, na mensagem que transmite e no estilo com que o faz, remete para o seu Senhor. A primeira nota de todo o ANUNCIADOR ou Arauto ou Mensageiro não consiste na autoridade deste e nas aptidões que ostenta, mas na sua

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FIDELIDADE Àquele que lhe confia a mensagem que deve anunciar. É em Seu Nome que diz o que diz (que tem a ver com o conteúdo); é em Seu Nome que diz como diz (que tem a ver com o estilo). No Enviado é o Rosto do Enviante que se deve ver em contraluz, em filigrana pura. (…) Jesus continua em missão. A nossa missão está no presente. O presente da nossa missão aparece, portanto, agrafado à missão de Jesus, e não faz sentido sem ela e sem Ele: «Como Me enviou o Pai, também Eu vos mando ir». Nós implicados e imbricados n’Ele e na missão d’Ele. E aquele «como» define o estilo da nossa missão de acordo com o estilo da missão de Jesus, que nos ama descendo ao nosso nível. O missionário tem autoridade na medida em que é obediente. (...)

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Neste momento, temos sobre a mesa a Nova Evangelização. Na homilia da celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo, celebradas na Basílica de São Paulo Fora de Muros, na tarde de 28 de Junho de 2010, o Papa Bento XVI deu a conhecer o seu propósito de criar, sob a forma de Conselho Pontifício, um novo organismo com a missão especial de promover uma renovada evangelização nos países onde já ressoou o primeiro anúncio do Evangelho, mas que, entretanto, esmoreceram na dinâmica e na vivência da sua fé. Quase três meses depois, em 21 de Setembro de 2010 (Festa litúrgica de São Mateus), através da Carta Apostólica Ubicumque et semper, Bento XVI cria, para os efeitos já antes anunciados, o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, e nomeia seu Presidente Mons. Rino Fisichella. No seguimento dos grandes Documentos do Concílio II do Vaticano (Lumen Gentium, Gaudium et Spes, Sacrosanctum Concilium, Dei Verbum, Ad Gentes), e das grandes Encíclicas de Paulo VI e de João Paulo II (Evangelii Nuntiandi, Redemptoris Missio, e outras), Bento XVI vive com rara intensidade a questão premente da transmissão do Evangelho neste mundo em mudança. Tendo em conta a evidência de que a estrada que atravessa o Ocidente já foi uma estrada calcorreada quase na totalidade por Cristãos, e que hoje já o não é, e resvala para perigosos terrenos movediços que minam os cimentos da pessoa, da cultura, da fé, da família, da escola, da igreja, e praticamente de todas as instituições, Bento XVI não pode deixar de gritar a este mundo a pessoa de Cristo e o seu Evangelho. A criação

deste Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização é fruto desta preocupação de Bento XVI de imprimir à Igreja um novo impulso Missionário e Evangelizador. Recordemos que, em termos de vocabulário, o Concílio Vaticano I (1869-1870) usou uma única vez o termo «Evangelho», e nenhuma os termos «Evangelizar» e «Evangelização». O Concílio Vaticano II (1962-1965), por sua vez, empregou o termo «Evangelho» por 157 vezes, «Evangelizar» por 18 vezes, e «Evangelização» por 31 vezes. Por sua vez, a expressão «Nova Evangelização» começou por se ouvir nos anos 70 na América Latina, ficando consagrada no famoso Documento de Puebla, de 1979. No âmbito do magistério papal, é João Paulo II que a usa pela primeira vez em Nova Huta (Polónia), em 09 de Junho de 1979. Emprega-a depois em Porto Príncipe (Haiti), na V Conferência do Episcopado Latino-Americano (V CELAM), em 09 de Março de 1983. É neste contexto que João Paulo II articula, pela primeira vez, a expressão «Nova Evangelização» com as expressões «novo ardor», «novos métodos», «novas expressões». Usá-la-á ainda, com grande relevo, na Encíclica Redemptoris Missio (1990), n.º 33, onde distingue três situações diferentes no âmbito da missão da Igreja: a) a missão ad gentes, que se dirige àqueles que nunca ouviram o anúncio do Evangelho de Cristo; b) o cuidado pastoral da Igreja, que se dirige a comunidades cristãs vivas, testemunhais e dinâmicas, estabelecidas em bases sólidas; c) a nova evangelização, a levar a efeito em áreas de antiga tradição cristã, mas em que se perdeu o sentido vivo da fé, em que as pessoas não se reconhecem nem se querem ver como membros da Igreja, e vivem longe de Cristo e do seu Evangelho. Depois de tudo o que deixámos dito atrás, e numa altura em que está à porta a realização do Sínodo sobre a Nova Evangelização, impõe-se dizer, é mesmo necessário dizer, para concluir, que aquilo que me parece estar mais em causa na expressão «Nova Evangelização» não é tanto a novidade de métodos e expressões, mas a FIDELIDADE ao Senhor Jesus, ao seu estilo, ao seu modo de viver, de fazer e de dizer: Dom total de si mesmo num estilo pobre, despojado, apaixonado, feliz, ousado, próximo e dedicado. Passa por aqui sempre o caminho e o rosto da Igreja, que tem de fazer a memória do seu Senhor, configurando-se com o seu Senhor e transfigurando-se no seu Senhor. Passa por aqui o nosso verdadeiro exame.

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António Couto

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26 – leituras

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Um livro para viver o Ano da Fé

CRISTÃOS COM FÉ Ao celebrar 50 anos do início do Concílio Ecuménico Vaticano II, o Santo Padre Bento XVI convida-nos a viver um Ano da Fé. Sabemos que, para quem acredita, todos os dias, meses e anos são tempo para viver, celebrar, testemunhar e anunciar a fé que professamos. Compreendemos, porém, que o tempo que vivemos nem sempre se tem manifestado tempo fácil para darmos forma visível ao nosso testemunho de fé. Importa, por isso, abrirmos o coração e a inteligência ao apelo do Santo Padre expresso na Carta Apostólica Porta da Fé e tudo fazermos a nível pessoal, familiar e comunitário para vivermos intensamente este Ano da Fé, de 11 de outubro de 2012, dia aniversário do início do Concílio, a 24 de novembro de 2013, domingo de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. Quando se comemoram cinquenta anos do início do Concílio Vaticano II recordo e revivo a alegria e o entusiasmo com que, nesse tempo, acolhemos nesse tempo e vivemos momento a momento esse grande acontecimento eclesial, nascido do coração e do sonho profético de João XXIII. Faz-nos bem regressar ao Concílio, reler os seus textos, reviver os seus dinamismos renovadores e concretizar com desassombro as suas intuições pastorais. Urge, por isso com renovado vigor, continuar o Concílio presente e atuante na Igreja para que esta seja segundo a vontade de Jesus, seu Fundador, e sob a inspiração do Espírito Santo, verdadeiro sacramento de salvação da humanidade e necessária luz dos povos.

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Deste encanto sentido nos tempos conciliares guardo o fascínio aí encontrado pela Igreja de Jesus Cristo que via abrir as suas portas a um mundo imenso de gentes em procura e lhes manifestava vontade de partilhar as suas alegrias e esperanças, as suas ansiedades e inquietações. São a estas portas da fé que continuam a bater multidões de crentes e não crentes que têm direito a encontrar na Igreja a palavra e os sacramentos de uma vida em comunhão com Deus. Lembra-nos o Santo Padre Bento XVI, na Carta Apostólica sobre o Ano da Fé, que “a Porta da Fé” (cf At 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. Atravessar aquela porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início no baptismo” (Porta Fidei, n.º 1). Importa, assim, diz-nos o Santo Padre «redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (Porta Fidei, n.º 2). É este caminho que o P.e Adérito Gomes Barbosa tem procurado na sua vida, na sua vocação e na sua missão e nos ajuda agora, também, a percorrer. A sua aprofundada reflexão, transportada para uma vasta produção escrita, e a sua longa experiência pastoral, particularmente dedicada à formação dos jovens, oferecem-lhe autoridade para nos propor novos caminhos à vivência e ao testemunho da fé cristã. Cristãos com fé é um novo livro que agora nos coloca nas mãos, recorrendo a uma metodologia muito própria, ao jeito de um itinerário. Trata-se de um convite a seguir um percurso de reflexão e de vida, passo a passo,

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de etapa em etapa, momento a momento, com tempo demorado e sereno para ouvirmos a voz de Deus, entendermos os sinais dos tempos e percebermos as intuições profundas que na planície, nos átrios ou nas estradas da vida podemos encontrar e descobrir. O autor sabe que a fé é dom de Deus, que se recebe pelo batismo, se alimenta pela palavra e pelos sacramentos, que tem na experiência viva da comunidade cristã, que é a Igreja, a sua expressão mais bela e que, em permanência, desafia o crente ao dom da própria vida, a exemplo de Jesus de quem é seguidor e discípulo. Trata-se, por isso, de uma proposta pedagógica para abri portas a quem não crê e para ampliar horizontes de vida, de formação e de missão a quem já tem fé. E porque a fé a nada de quanto é humano pode ser insensível ou indiferente, compreende-se que Cristãos com fé aponte caminhos de exigência da verdade da profissão da fé da Igreja que nos alegramos de afirmar e de autenticidade na coerência da vida daqueles que testemunham a fé. Mais do que argumentos de fé hoje o mundo procura testemunhos de fé. Na grandeza dos factos vividos e na verdade dos testemunhos conhecidos radicam hoje as novas escolas da fé onde diariamente se aprende e apreende a fé através da beleza e da verdade daqueles que a tornam viva e eficaz através das suas obras. São as comunidades crentes e as pessoas em cujo rosto e coração se espelha a fé que são hoje as melhores portas da fé. Assim aconteceu com os discípulos de Jesus, no início dos tempos apostólicos. Assim se revelaram as primeiras comunidades cristãs, exemplares na autenticidade da fé, na beleza da vida fraterna e na assídua participação de todos os que acreditam em Jesus Cristo, vivo e ressuscitado. Assim se percebe hoje pela vida dos santos e sempre que de perto nos aproximamos dos que vivem de Deus e espalham à sua volta este doce fascínio da fé que dá sentido à vida e valor à missão. Cristãos com fé não ilude nem recusa perguntas necessárias, não propõe respostas imediatas nem fáceis e a ninguém dispensa do esforço da caminhada e do trabalho da procura. Cristãos com fé reconduz-nos à Palavra de Deus, aponta-nos referências oportunas de ampla bibliografia, convida-nos a relermos a vida e a entendermos sinais e símbolos mesmo que nos pareçam mudos e sobretudo aponta-nos como meta o Coração de Jesus. Compreendemos que o Coração de Jesus, de acordo com o Evangelho e com o carisma da espiritualidade dehoniana muito própria dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, a cuja Congregação o autor

P.e Adérito Gomes Barbosa é o autor do livro Cristãos com fé.

D. António Francisco Santos, escreveu o prefácio aqui reproduzido.

pertence, seja o lugar obrigatório aonde conduz o crescimento na fé e na vida daqueles que sabem que só ali repousa e descansa quem deseja viver a fé em todas as suas dimensões e exigências. Termina este livro com uma bela oração sobre a fé: a oração de Paulo VI, o mesmo Papa que nos ensinou um novo Credo, igualmente assente no Símbolo dos Apóstolos e na Profissão de Niceia e Constantinopla, agora feita Credo do Povo de Deus, um povo peregrino no tempo e testemunha da fé em todos os tempos. Com os apóstolos e com os discípulos de todos os tempos continuamos a viver e a professar a mesma fé e com João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI continuamos a sentir que o mundo precisa mais de testemunhas do que de mestres. Queremos ser Cristãos com fé conscientes e decididos a proclamar e a viver o evangelho das bem-aventuranças para que a Igreja seja “porta da fé e da bem-aventurança” para todos quantos procuram Deus e para todos quantos tendo-o encontrado mais necessidade sentem de O procurar. Aveiro, 15 de agosto de 2012, Solenidade da Assunção da Virgem Maria. António Francisco dos Santos Bispo de Aveiro, Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e da Doutrina da Fé.

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António Francisco Santos

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– recortes – sobre a bíbliadehonianos 28 08 dos conteúdos

Um Cardeal que viveu a Palavra de Deus

CARDEAL CARLO MARIA MARTINI No passado dia 31 de Agosto, o Senhor chamou a si o Cardeal Carlo Maria Martini. Homem reconhecido pela sua grande inteligência, demonstrada não apenas na ciência bíblica a que se dedicou, mas também no governo pastoral de uma das maiores dioceses do mundo, Milão.

Quando tive a dita de conhecer o Card. Martini, em Jerusalém, no ano letivo de 2007-2008, durante os meus estudos em Israel, pude apenas confirmar aquilo que ia percebendo nos seus escritos: Martini era um grande homem, príncipe da Igreja não apenas pelo cardinalato que lhe confere esse título, mas sobretudo pela extrema coerência de vida, uma existência cristã profunda, baseada nos seus grandes amores, a Palavra de Deus e a espiritualidade inaciana que abraçou como jesuíta. O leitor terá certamente podido encontrar testemunhos, através dos meios de comunicação social e, sobretudo, das redes sociais, sobre este grande homem de Igreja. A meu ver, acentuou-se demasiado a vertente social do seu ministério episcopal, o homem do diálogo, um “papabile” que não foi Papa, esquecendo-se, porém, a base que acima citei: o seu amor à Palavra de Deus, que ele viveu com espírito inaciano. Martini, enquanto estudioso, destacou-se como grande biblista, professor de uma das matérias mais áridas do estudo da Sagrada Escritura, a crítica textual, pela qual se estuda e se propõe o texto que, depois de traduzido, chega às nossas mãos nas línguas vernáculas. De facto, na edição crítica do Novo Testamento, em grego, Carlo M. Martini figura como o único católico a integrar o comité que preparou a dita edição. Este biblista poderia ter-se refugiado na vida académica, ficar retido numa biblioteca, atrás de papiros e manuscritos, esperando uma notoriedade extraordinária no mundo da exegese bíblica. Apesar de não ter descurado esta parte, Martini percebeu que o seu conhecimento da Sagrada Escritura não poderia ficar encriptado e era necessário dar a conhecer a Bíblia ao Povo de Deus, e acabou por fazê-lo ele mesmo. Entre retiros e propostas de lectio divina, que tinha começado já enquanto padre e continuara como bispo, o Card. Martini foi propondo um encontro com a Palavra de Deus, algo que viria a marcar a sua vida até ao derradeiro momento. De facto, a menos de um mês de morrer, este jesuíta deu uma entrevista em que recomenda novamente o acesso à Palavra

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Carlo Maria Martini 1927-2012

de Deus, a par da vivência dos Sacramentos e da conversão, como instrumentos de renovação da vida da Igreja. São estas palavras dele: “O Concílio Vaticano II restituiu a Bíblia aos católicos. Somente quem percebe no seu coração esta Palavra pode fazer parte dos que ajudarão à renovação da Igreja e que saberão responder às perguntas pessoais com uma escolha correta. A Palavra de Deus é simples e procura a companhia de um coração que escute”. Do meu ponto de vista, Martini foi vivendo isto na sua própria vida e no desempenho do seu ministério sacerdotal e episcopal, o que faz dele, uma vez mais, um homem coerente com aquilo que pregara. Em jeito de testemunho, numa das entrevistas compiladas nos Colóquios noturnos em Jerusalém, diz-nos

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o Card. Martini que uma das vantagens para a sua sabedoria de vida foi ter lidado com a Bíblia enquanto estudioso. Mas não se fica por ele e lança o repto aos cristãos: “Além da ocupação científica com a Bíblia, julgo que o Evangelho é a herança mais rica de pode lançar mão um homem que assume responsabilidade pelos outros”. Martini aplica isto aos dirigentes de grupos juvenis, mas também aos pais de família e a todos os que trabalham na pastoral, mas também a dirigentes do sector económico, acrescentando uma grande verdade: “Não é necessário que se tenha estudado teologia, para que se possam abrir os tesouros da Sagrada Escritura O que é preciso é vontade de começar a lê-la. O gosto de a ler virá depois”; deixa mesmo sugestões dos modos de leitura: “Será mais fácil se se fizer na companhia de outros e não individualmente. Eu recomendo vivamente que se faça uma pausa de silêncio depois de escutar a palavra. É no silêncio que surge uma resposta para aquele que escuta”. Poderia argumentar-se que Martini o propõe apenas para os outros. No entanto, ele responde ao desafio do seu interlocutor, deixando

Acesso à Palavra de Deus, vivência dos Sacramentos e conversão como instrumentos de renovação da vida da Igreja os seus modelos bíblicos: antes de mais, o rei David; por fim, o evangelista João, o discípulo amado. Em jeito de homenagem a este gigante da vivência em Igreja, transcrevo algumas das suas palavras sobre estes seus modelos e a referência que deles faz à sua vida. Sobre David, Martini toma-o como modelo nas horas de medo: “David experimentou tudo o que a vida humana comporta. Teve alegrias; caiu no pecado; foi um homem de oração; era humilde; cultivava o respeito e a fidelidade; era ousado”. E termina a sua longa exposição sobre o rei David, dizendo: “O que mais me atrai neste homem é que não foi nos seus êxitos que demonstrou a maior coragem, mas na maneira como encarou as dificuldades da vida, as inimizades, os insultos. Lutou sem prestar atenção às suas feridas, e deu a sua vida pela tarefa que Deus lhe tinha confiado”. Já sobre João, o evangelista do amor e da amizade, este cardeal jesuíta retoma um seu escrito sobre o Quarto Evangelho, cujo tema era justamente a amizade: “O meu livro abordava o tema da amizade. A minha pergunta fundamental era esta: Como podemos chegar a ser amigos de Jesus? Na resposta a esta pergunta, vejo o único motivo que pode levar o jovem cristão a colocar toda a sua vida à disposição de Deus. Nem a obrigação nem a pressão, nem sequer uma situação de emergência ou de necessidade podem conduzir a uma decisão desse género, mas unicamente o amor, um amor como aquele que o discípulo João recebeu de Jesus. João respondeu ao chamamento de Jesus com a sua amizade, com a sua palavra, com o seu Evangelho. É desse testemunho que vive hoje a Igreja”. Estes são os pontos de vista de Carlo Maria Martini, o jesuíta que conduziu a Igreja em Milão por mais de 22 anos. O Card. Martini aceitou o desafio de viver em diálogo orante com a Palavra de Deus. Agora, é a nossa vez de não apenas o admirarmos e falarmos sobre ele, mas de lhe seguirmos o exemplo e, sobretudo, o seu amor à Sagrada Escritura e à pessoa de Jesus.

O P.e Ricardo Freire com o Carddeal Carlo Maria Martini.

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Ricardo Freire

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30 – reflexo

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Não há outro caminho senão o de Jesus Cristo

REFLEXÃO E

Sabias que: O Papa Bento XVI anunciou o Ano da Fé, com início a 11 de Outubro e terminará a 24 de novembro de 2013. Para além de procurar celebrar os 50 anos do início do Concílio Vaticano II, procura recuperar o verdadeiro sentido da fé, porque como escreve o Papa Bento XVI na carta apostólica que anuncia o ano da fé: “Sucede, não poucas vezes, que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerada esta como um pressuposto óbvio da vida diária. Ora esse pressuposto não só deixou de existir como, frequentemente, acaba até negado” (Porta Fidei, nº 2). Não é fácil definir a fé na sua totalidade, podemos facilmente encontrar na Bíblia diversas passagens que falam sobre a fé. A fé é algo muito particular e que está dentro de cada um, é a manifestação de esperança e confiança em algo ou em alguém, no nosso caso especificamente é a nossa convicção, a certeza da existência de Deus, Criador do céu e da terra e de tudo que neles existem. Crer em Jesus Cristo, Filho de Deus, no Espírito Santo e na Igreja. Mais que acreditar trata-se de uma adesão ao projeto de Deus anunciado por Jesus Cristo. Por isso diz ainda o Papa: “Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só nele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro” (Porta Fidei, nº 15). Podemos dizer que ter fé, no sentido comum da palavra, trata-se de confiar nalguma coisa ou em alguém. Assim a fé implica a capacidade de confiar em alguém que nos transcende, em nós próprios e nos outros. Esta confiança leva a uma abertura para acolher o que os outros, ou o “Outro” tem para nos dar e conceder. Para crescer na fé a nossa vida está centrada em Cristo. Da nossa união a Cristo nasce a nossa missão e anunciar no meio de todos os povos o Reino de Deus, anunciado por Jesus Cristo. Todos nós, os batizados, temos

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a tarefa de, na família, na escola, no trabalho e na sociedade, levar a Boa Nova de Deus. A fé cresce e desenvolve-se nos meios onde estamos, mas é em comunidade que se vive. É fundamental rezar juntos para alimentar a fé e a vivência cristã. Jesus com frequência retirava-se para um local isolado e aí estava em oração, em diálogo com o Pai. Aprender a rezar com Jesus é um itinerário imprescindível para qualquer cristão – ungido pelo Espírito de Cristo: “Jesus, segundo o seu coração de homem, foi ensinado a rezar por sua Mãe e pela tradição judaica. Mas a sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na sua humanidade, dirige ao Pai a oração filial perfeita” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 541). É importante a oração ao Pai, é fonte de comunhão, “a nossa oração é eficaz porque está unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração cristã torna-se comunhão de amor com o Pai. Podemos, neste caso, apresentar os nossos pedidos a Deus e ser atendidos: ‘Pedi e recebereis, assim a vossa alegria será completa’ (Jo 16, 24)” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 545). Ao longo deste ano da fé muitas iniciativas, nas paróquias, nas dioceses, na Igreja universal surgirão. Que ao participar nelas cada um de nós cristãos possa crescer na fé, descobrindo o seu verdadeiro sentido. Este ano, como referimos, nasce para celebrar os 50 anos de início do Concílio Vaticano II. Apesar de já terem passados estes anos o Concílio ainda é pouco conhecido, e muitas das suas orientações são desconhecidas para uma grande parte dos cristãos. Este ano da fé é também uma aproximação aos textos do Concílio. “Será uma ocasião propícia para introduzir a totalidade da estrutura eclesial num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé” – afirma o Papa Bento XVI na Carta apostólica Porta Fidei, e “é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo”.

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REDESCOBERTA D A F É A Palavra de Deus diz: Mc 9, 2 – 10. O texto do relato da transfiguração do Senhor não é de fácil compreensão. Este relato encontra-se no centro do evangelho de S. Marcos. Os discípulos perguntavam-se quem seria Jesus. Sabiam que era uma pessoa diferente, e começaram a creditar que Ele era o Messias. Mas estavam confusos, não sabiam em que acreditar, em Jesus ou no que aprenderam. Para instaurar o Reino de Deus todos devem seguir o caminho de Jesus Cristo.

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Lê com calma a passagem do evangelho. O que vai fazer a tua paróquia no ano da fé? E a diocese? Que documento do Vaticano II conheces? E qual devias conhecer melhor? Como vais viver o ano da fé? Faz uma oração a Deus

Tenho de: Como nos diz o evangelho é necessário acreditar firmemente em Cristo para aceitar seguir o caminho que Ele propõe. Como aconteceu com os discípulos, também nós podemos ceder às falsas expectativas, iludirmo-nos e escolher o caminho mais fácil. Mas não há outro caminho senão o de Jesus Cristo. Escolhe uma atividade concreta para testemunhar a tua fé.

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Feliciano Garcês

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32 – sobre a fé dos conteúdos

O coração humano não pode encontrar-se a si mesmo sem encontrar Deus. Nas nossas reflexões anteriores, procurámos sintetizar a temática do “coração” no pensamento de Santo Agostinho. O exercício não é simples e tem alguma complexidade. Dando, assim, continuidade àquilo que se começou, concluímos, agora neste pequeno apontamento, essas breves considerações. Para o Santo Bispo, o coração humano é, antes de mais, o lugar onde Deus se encontra e reside. Deus é o seu Autor, é o seu Doutor e é a sua Doçura, isto é, amor que lhe dá paz e repouso e que o torna capaz de escolher sempre o bem.

O CORAÇÃO E

Um coração dilatado pelo Espírito Santo O coração, criado pela mão criadora e iluminado por Cristo, é ainda dilatado pelo Espírito. Na controvérsia pelagiana, Santo Agostinho ao comentar as afirmações da Escritura (concretamente, 2Cor 3,3), explora várias vezes nos seus escritos a oposição entre a Lei escrita sobre as tábuas de pedra e a Lei que o Espírito inscreve no coração dos crentes. (spir. et litt. 17,29 - 25,42). O contraste permite-nos evidenciar aquilo que caracteriza ou define a ação do Espírito Santo no coração que se deixa inspirar e conduzir docilmente por Ele. Tendo como pano de fundo os textos do Antigo Testamento, no seu comentário ao Salmo 57,1 encontramos uma das suas explicações sobre o papel das “tábuas da Lei”, que, conjuntamente com outros textos, parafraseamos de seguida. Ao criar-nos, Deus inscreveu em nós a “lei natural”, ou seja, a luz da inteligência que nos capacita para conhecermos o que se deve cumprir e o que se deve evitar, em ordem à felicidade. A estas disposições o Santo Bispo dá o nome de normas, de leis positivas, de preceitos concedidos ao homem e que, devido à dureza e soberba do seu coração, por vezes, “eles não os queriam ler”; então Deus coloca-os debaixo dos seus olhos para os “obrigar” a ver/ler na sua consciência. Portanto, foi necessário que a Lei ressoa-se no exterior e que fosse escrita em “tábuas de pedra”, porque pela sua inconstância e pecado o homem se exilou do coração, endurecendo-o. (Cf. en. Ps. 103; s. 3,12). Assim sendo, uma tal Lei não podia produzir senão o medo (spir. et litt. 17,29 e 25,42) e fazer do homem um transgressor: “obedecer por temor não é, de facto, verdadeiramente obedecer, porque a conformidade à Lei diz respeito somente aos atos e não ao coração”. O resultado da Lei escrita em tábuas de pedra só podia ser a condenação e a morte. Pelo contrário, àqueles

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que ouviram a Palavra da Salvação e aceitaram o ensino do Doutor interior e aderiram à fé, o Espírito escreveu a sua Lei no seu próprio coração. Tratase duma Lei interior, inscrita no coração rendido ao amor, que é sempre maior e que docilmente se impõe, não pela coação, mas pelo facto de ser amor. Portanto, a sua ação é totalmente interior e em vez de suscitar medo atraí ao bem, enchendo o coração de amor, inundando-o com a sua doçura. A citação bíblica utilizada por Santo Agostinho e que serve de base para estas reflexões, é Rm 5,5 que diz: “o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Esta afirmação paulina surge desde muito cedo nos escritos agostinianos, contudo é retomada constantemente depois do ano 412. Nas suas considerações surgem dois conceitos importantes, são eles: delectatio (prazer) e dilectio (amor). Santo Agostinho joga com a semelhança dos dois termos latinos

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O EM SANTO AGOSTINHO (III) para dar a entender, na Homilia 26 sobre o Evangelho de João (paráf. 4), que a ação do Espírito, longe de obrigar o coração a acreditar e a aceitar os preceitos da nova Lei, é antes fonte de liberdade. Isto é, quando, de facto, o coração é habitado pelo amor de Deus, o homem não age contrariado (invitus), mas voluntariamente (voluntate) e com prazer (voluptate). Um tal amor que é dom do Espírito, dilata o coração, porque o coloca na segurança: com efeito, o homem recebe de Deus a graça de fazer o bem (en. Ps. 118; s. 10,6 e s. 11,1) e ninguém lhe pode tirar aquilo que ama. De facto, ele não ama bens passageiros terrenos que possam suscitar nele o desejo de outros bens semelhantes, mas ama o próprio Deus. Um tal amor dilata ainda o coração porque o abre a todos os homens, inclusive aos inimigos (ep. Io. tr. 6-7). Portanto, o Espírito é o “peso” que impele o coração do homem para o lugar do seu repouso (conf. 13,9,10).

Na perspetiva agostiniana, coração define-se pela sua relação com Deus. Se o coração é o lugar da nossa identidade mais profunda, isso deve-se ao facto de, nas origens, ter sido formado por Deus de um modo único, através dos acontecimentos que fazem a nossa história. Se o coração é um princípio de discernimento que permite sentir interiormente as realidades espirituais, isso deve-se ao facto de ser constantemente iluminado pela verdade, isto é, pelo Mestre interior. Finalmente, se o coração é princípio da vontade livre e do amor, isso deve-se ao facto de ter sido feito para acolher o dom do Espírito de amor, que é o único que o pode conduzir à sua realização plena. Esta diversidade das atitudes do coração revela e confirma que coração humano não é capaz de se encontrar a si mesmo sem encontrar, ao mesmo tempo, Deus. Efetivamente se o coração humano se separa de Deus, também foge de si mesmo, enevoa-se e endurece-se. Pelo contrário, se se converte, o coração dispõese, consente e faz experiência de Deus, que o habita, que o ilumina e o enche de alegria. Efetivamente, como escreve o Papa: o conhecimento da fé introduz o coração crente “na totalidade do mistério salvífico revelado por Deus. Por isso, o assentimento prestado implica que, quando se acredita, se aceita livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o próprio Deus, que se revela e permite conhecer o seu mistério de amor”. (Porta da Fé, 10)

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Nélio Gouveia

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34 – outro ângulo do mundo

A Verdade é que surgem pequenas arestas a limar...

COMO É A VIDA DE CASADA?

Ironicamente (acreditava eu) esta observação de “E então como é a vida de casada?” surge de pessoas que estão ou estiveram casadas. Na minha cabeça pensava: “que maldade!” Mas a minha resposta é: “a minha recomenda-se. E a tua?” Então haverá mesmo alguma alteração pré e pós casamentos? Antes de eu casar, diria que não (mais uma vez na minha humilde arrogância)! Se estamos certos do passo que vamos dar, falamos constantemente sobre o assunto, continuamos as mesmas pessoas e já nos conhecemos e vivíamos juntos? Que mudanças poderão interferir? A verdade é que surgem pequenas arestas a limar que possivelmente no namoro ou noivada não consideramos fundamentais, mas que se tornam fundamentais a continuar uma caminha juntos. “Mas ao princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher. Por causa disso, deixará o homem seu pai e a sua mãe; Deste modo já não são dois, mas uma só carne.” (Mc 10, 6-8). A interpretação que eu faço não é a de que: “ouviste? Cometeremos adultério se no envolvermos com outras pessoas!” “Por isso és só meu e eu só tua!”, mas sim: a partir de agora somos uma equipa. Avançaremos e decidiremos juntos (tu e eu) o presente e o futuro desta nossa

nova família que ambos queremos construir. Bonito este discurso não é? A verdade é que para uns é mais fácil, para outros nem por isso. Para uns é óbvio, desde logo, outros precisam de tempo para compreender a importância e as implicações que poderá ter no matrimónio, na nova família de cristo e em cristo. Deixar pai e mãe, não se refere a abandoná-los. Contudo, após a união de duas pessoas em um só corpo, marido e esposa deverão deixar o domínio dos pais, mesmo apesar de terem sido os pais a cuidarem antes de ambos. Ainda que doa aos filhos e haja uma certa resistência por parte dos pais, é fundamental agir de forma desvinculada do cuidado dos mesmos e unir-se um ao outro criando uma nova família com direção e estilo de vida singular. Realço que não deverá ser é fácil “libertar” definitavamente um filho para constituir nova família, do mesmo modo que é veradeiramente desafiante construirmos, somente os dois, um modelo do mundo que acreditamos e é verdadeiro…mas é de facto o comportamento ideal para a harmonia e felicidade em casal. Quem sabe se quem me perguntava “e então como é a vida de casada”, não sabe mesmo os desafios que nos esperam? Obviamente somos novos e ainda não sabemos o que é a vida quando tivermos mas deixemnos errar e crescer juntos nesta nossa família! Sim?

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Alícia Teixeira

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do mundo

novos mundos – Identifica problemas no caminhar e previne quedas

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TAPETE MÁGICO

Caros leitores, espero que as vossas férias tenham corrido da melhor forma! Nada melhor que voltar ao trabalho com uma notícia de um “novo mundo”… Conheces o Aladin? Da tua infância provavelmente, o rapaz do tapete voador. Bem, este tapete ainda não voa, mas faz algo de maravilhoso. Investigadores da Universidade de Manchester, Inglaterra, tinham como objetivo criar um aparelho que ajudasse a avaliar a condição de saúde de pacientes no consultório e que fosse também prático o suficiente para evitar quedas em casa. Conseguiram tudo isto unindo diferentes tecnologias já existentes. Para criar o que eles chama de “tapete mágico”, teceram fibras semelhantes às usadas já nos cabos de computador por baixo de um tapete comum. Quando alguém pisa o tapete as fibras dobram-se pela pressão, e através de fibras especiais conseguem detetar as coordenadas exatas exercidas. É através desta pressão que se conseguem obter dados que são enviados para um computador para análise. Depois, é usada uma tecnologia semelhante a uma tomografia que mapeia o local e a pressão com enorme precisão em tempo real, permitindo monitorizar o padrão do caminhar de uma pessoa com uma velocidade suficiente para detetar um desequilíbrio que possa levar a uma queda iminente, uma ferramenta muito interessante para o cuidado de idoso. Assim, consegue-se também detetar problemas de postura e deterioração da capacidade de caminhar, ajudando a prevenir diversas doenças. Já imaginaste que num futuro bem próximo, o próprio caminhar dentro de casa, pode prevenir que caias e alerta-te imediatamente para qualquer problema que tenhas ou venhas a ter no teu caminhar? É realmente, de “Outro Mundo”. Fonte: Revista hight3ch

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André Teixeira

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36 – partilha do mundo

Campo de Férias dos jovens da paróquia de N.ª Sr.ª da Boavista em Caíde de Rei

AVENTURA, AMIZADE E FÉ

Foi no dia 21 de julho que partimos para a aventura de criarmos muitos amigos, mas também de conhecermos melhor Deus! Neste campo de férias, como nos outros da nossa paróquia, não podíamos levar telemóveis, mp3, computadores, relógios, etc. Depois de descarregarmos a camioneta e de pormos as nossas coisas no quintal onde íamos acampar, ouvimos a música do campo e fizemos o jogo das apresentações que foi bom para nos conhecermos todos. Como estávamos um bocado cansados da viagem, a seguir ao jantar e à oração da noite fomos dormir. Após cada noite bem dormida, acordávamos com os animadores a cantar ou a bater com as panelas, o que era um despertador pouco familiar. De seguida, vestíamo-nos, arranjávamo-nos e íamos tomar o pequeno-almoço. A seguir, juntávamo-nos ao nosso grupo, pois tínhamos de ir para a reflexão. A reflexão era um espaço de tempo onde tirávamos conclusões de um texto bíblico que nos ajudava a tornarmo-nos pessoas melhores. Ao sairmos da reflexão íamos para o tanque para nos refrescarmos. Passávamos depois para a refeição. A comida no campo era maravilhosa e tudo graças as nossas cozinheiras, as tias. Claro que como católicos não podíamos esquecer de abençoar e de agradecer as refeições. Chegava depois a hora de arrumarmos as tendas e fazer as tarefas. As tarefas eram distribuídas pelos oito grupos existentes no campo, para que todos contribuíssemos para o bem-estar geral. À tarde, tínhamos a gincana, que era um conjunto de jogos que jogávamos com o nosso grupo, o que nos tornou mais unidos. Já bastante cansados e, às vezes um bocado sujos, tomávamos um banho relaxante e lanchávamos. Lá pelas 19h, tínhamos a Missa com o Senhor Padre Feliciano e onde cantávamos canções bastante alegres. Durante a Missa tínhamos o plenário onde relatávamos as conclusões tiradas na reflexão e onde também esclarecíamos as dúvidas que nos tinham surgido. O jantar de campo era igualmente bom e era onde mais conversávamos.

Todas as noites eram iguais, terminando sempre com a nossa oração da noite, onde pedíamos a Deus e ao nosso Anjo da Guarda que cuidasse de nós e nos protegesse. No entanto, houve uma noite em que começou a chover e a trovejar. Eram 5:30 da manhã, chovia e trovejava bastante. O campo acordou quase todo no momento em que os animadores nos mandaram sair da tenda e, um por um, fomos encaminhados para uma sala dentro de casa onde esperámos que a chuva passasse. Quando a chuva acabou regressámos às tendas e dormimos até um pouco mais tarde. Esta noite não afetou em nada as nossas atividades o que foi bom. No dia 27 de julho, os pais foram visitar-nos e nós preparámos um pequeno serão para eles. Depois de os pais partirem, fizemos as noites da praxe, brincadeiras inofensivas que se fazem as caloiros e não só. O dia da despedida foi um bocado triste, pois todos gostávamos de ter continuado no campo… Acabámos o nosso campo de 2012 com um abraço de grupo, que me fez sentir que conhecia aqueles amigos há muito tempo… Aconselho a todos experimentarem o campo de férias da Paróquia de Nossa Senhora da Boavista porque é diversão garantida e nele aprendemos a professar a Fé Cristã.

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Inês Carvalho

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da juventude

jd-Lisboa – O arranque do ano para a JD Lisboa, na Praia Grande

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“DESPERTAR J:D”

Praia, calor, mar, alegria, jovialidade, divertimento, oração… este foi o cenário do início das atividades da JD Lisboa. Num espírito muito descontraído, sob os últimos ares das férias o secretariado organizou a iniciativa “Despertar”. Tendo como pano de fundo a “Praia Grande” (Sintra), os jovens dehonianos juntaramse no passado dia 15 de Setembro para principiar mais um ano de intensa atividade animada pelo espírito dehoniano. Uma tarde simpática onde se conheceram novas caras, se reviveram momentos de alegria e onde todos se dispuseram a abraçar o ano pastoral que aí vem.

Depois dos habituais banhos de mar, dos jogos e das brincadeiras, o secretariado (na figura do Emanuel Vítor) apresentou o “Pá”, que para além de ser uma interjeição sobejamente conhecida, é também o nosso “Plano de Atividades”, no qual vêm calendarizados os eventos propostos à JD e demais simpatizantes. Para consagrar esta tarde, nada melhor do que uma missa ao pôr-do-sol, fonte da fé que nos anima e que procuramos cultivar especialmente neste ano. Alimentados espiritualmente encerramos a nossa tarde fortalecidos pelo Espírito. Foi desta forma, que diante do crepúsculo do pôrdo-sol nos preparámos para o “Despertar J:D”.

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Emanuel Pinto

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38 – jd-Açores do mundo

Jovens Dehonianos dos Açores em festa com a comunidade do Livramento

FESTA EM COMUNIDADE

No passado dia 15 de Julho o sol sorriu nas furnas para a comunidade do Livramento que, uma vez mais, foi festejar este grande dia com muita alegria, partilha e convívio. Já no dia anterior foi uma grande equipa (comissão de festas e seus colaboradores) a preparar o espaço que sempre nos dá um ambiente muito acolhedor para termos um dia bem festivo. Lá fomos nós de partida na camioneta entre cantigas e gargalhadas a apreciar as lindas paisagens que nos abrilhantavam pela manha as nossas estradas muito floridas. Chegados ao local já se encontravam algumas pessoas vindas nos seus carros acompanhadas pela sua família. De seguida deu-se inicio à Eucaristia de Acção de Graças por todos quanto trabalham em prol da nossa paróquia e aqui vai o nosso agradecimento e continuação do bom trabalho que desempenham, sem esquecer a nossa comunidade que sempre possivel que participa nas celebraçoes e eventos da freguesia. A Eucaristia foi animada pelo coro juvenil eos Soldados de Cristo que nos ajudaram a celebrar a celebração com a sua alegria e juventude contagiante. É chegada a hora do almoço que a fome já aperta. Grelhados aqui, assados por lá, bebidas a ajudar a empurrar… a partilha ao rubro! Ninguém fica de fora… Depois, eis a hora de gastar as calorias. Os nossos escuteiros abrilhantaram-nos com jogos dinâmicos e bem participativos em que muitos deram o seu trambolhão pela relvinha macia das furnas, mas lá chegaram à meta cansados de pular e, melhor, da alegria do convívio! Foi um momento de diversão bem animado por todos, até o Pe. Andrade participou nalguns jogos e foi uma boa surpresa para nós!

Houve momento de arremataçoes com ofertas muito generosas e mini bar para venda de bebidas bem fresquinhas para refrescar a garganta. Tivemos uma dança bem animada pelos jovens “Veritas” em que envolveu a todos os presentes que tiveram oportunidade de dar uns passinhos “Russos”. Tivemos um bom reportório de vozes infantis, juvenis e adultos que cantaram e encantaram com suas canções simples, espontâneas mas com muito sentimento. Foi lindo ver os rostos de quem estava lá a apreciar as celebraçoes e brincadeiras que se fez, rever amigos e familiares e, mais importante, o convivio e partilha entre todos e possibilidade de relembrar alguns jogos de infância que recordamos com muita saudade… Tempo de regressar ao nosso recanto e continuar o bom trabalho que há muito para fazer e realizar, com a ajuda de todos chegamos lá. Fica a sugestão de se fazer mais convívios como este! Bem-haja a todos!

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Maria Espírito Santo

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do mundo

jd-Madeira – A JD-Madeira em ação

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ESTRELAS E ORAÇÃO CONTEMPLAR AS ESTRELAS

Foi do dia 8 para o dia 9 deste mês, que vivi uma experiência mesmo importante. Para não falar do convívio que tornou a atividade muito fantástica, senti-me muito bem rodeada por aquelas pessoas que fizeram com que aqueles momentos fossem únicos. Nunca tinha tido a oportunidade de estar numa atividade deste tipo nem de Contemplação das Estrelas, e foi enriquecedor o facto da grande reflexão que Deus criou para nós coisas tão simples como a noite, as estrelas, a lua para iluminar a noite, e nós com a correria do nosso dia-a-dia nem damos o verdadeiro valor. E isto tudo feito para nós, sem muitas vezes pararmos, olhar e refletir que temos tempo, e por vezes o tempo que temos desperdiçamos noutras coisas, e esta reflecção fez buscar no meu interior um crescimento maior da minha fé, e dar mais valor a todo o que Deus nos deu. Para além de fazer com que a relação com as pessoas cresce-se, fez com que conhece-se mais pessoas. A atividade terminou de uma maneira que também jamais esquecerei, pois foi celebrada uma Eucaristia ao ar livre, e nunca tinha vivido um experiencia assim, para além dos olhares de lado das pessoas que passavam, foi uma coisa diferente mas adequada ao momento em que estávamos. Os momentos na praia foram também muito divertidos. Só tenho a agradecer por tudo, pois fui muito bem recebida, e até estava com um certo receio, mas tudo correu bem e foi bom. E disso nunca me vou esquecer. Obrigada!

h’ORAR COM O FILHO

A JD Madeira preparou mais um momento de Oração aberto a toda a comunidade diocesana, juntamente com a Juventude Hospitaleira da Madeira. Seguindo a proposta da nossa Diocese de meditar sobre o Filho, pusemos mãos à obra e debruçámo-nos sobre o batismo de Jesus e sobre o nosso próprio batismo. S. Lucas deu o mote a todo este momento com o “Este é o meu Filho muito Amado”. Participaram cerca de 70 pessoas, de diversas paróquias e até do Centro das Irmãs Hospitaleiras onde se realizou o momento. Com cânticos, momentos de silêncio, e até um momento de Adoração ao Santíssimo. Deixámos 1h do nosso dia para dedicar a Quem durante esse mesmo dia Olha e Vela por nós.

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40 – jd-Porto da juventude

Semana da Juventude em Sobrosa – Paredes

REFLETIR E CELEBRAR A FAMÍLIA E A JUVENTUDE

Durante esta semana, baseámo-nos no tema anual da nossa diocese: “Família e juventude”. Os subtemas debatidos ao longo da semana foram: A família de Jesus como modelo A Igreja e a família formada na Igreja Vocação; todos somos chamados através de sinais As famílias reais (momento especial de encontro com as nossas famílias) Tudo isto ajudou-nos a perceber um pouco mais sobre o nosso papel na Igreja e na família. Todos os jovens tiveram a oportunidade para participar, respondendo aos desafios e propostas do Padre Paulo Vieira. Com bastante animação, alegria e boa disposição partilhamos os nossos sentimentos e ideias que, por vezes, um pouco disparatadas, mas que acabaram por nos marcar.

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De 2 a 7 de Julho de 2012 realizou-se na paróquia de Sobrosa, a semana da Juventude. A semana iniciou-se lembrando as respostas aos inquéritos a que os jovens tinham respondido. E foram estas respostas que inferiram um pouco os temas a abordar na semana. As questões colocadas nos inquéritos foram várias como “Quem é Jesus Cristo para mim? Ou “Qual a minha definição de família?” e as respostas foram interessantes. No último dia da semana (sábado) estivemos reunidos pelas 21h para celebrar o mistério da eucaristia. Que por mais pequena que seja, floresce em cada cristão a vontade e força para estarmos em comunhão com Deus e com a comunidade e escutar a sua palavra. É extremamente necessário ter fé e um espírito forte para deixarmos tudo e virmos demonstrar-lhe o nosso amor. Esperamos que tudo o que vivemos nesta semana seja um estímulo positivo na construção do nosso projecto de felicidade na nossa família atual e nas famílias e/ou comunidades a que poderemos pertencer. Esperamos que esta experiência se repita no próximo ano, porque são momentos importantes de partilha, aprofundamento e crescimento. Já que além da diversão, foi explorada ao máximo a nossa criatividade e mostrou-nos também perspetivas completamente diferentes sobre os temas abordados. E deixamos já um desafio para um novo tema: “O diálogo entre gerações”, os jovens de ontem e os jovens de hoje.

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Micaela Santos

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do mundo

jd-Porto – A sensação de missão cumprida preencheu o coração de todos os participantes

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FÉRIAS MISSIONÁRIAS EM GANDRA De 21 a 29 de julho ocorreram as Férias Missionárias de 2012. Este ano foi a vez da cidade de Gandra receber os 28 jovens que participaram nesta atividade organizada pela Juventude Dehoniana. Os jovens participantes vinham de Beire, Besteiros, Canidelo, Gaia, Gandra, Louredo, Oliveira do Douro, Porto e Torreira.

Para alguns não era surpresa pois já tinham participado em anos anteriores, mas para a maioria seria a primeira vez que teriam a oportunidade de viver uma semana intensa em momentos e emoções, a qual não seria igual sem a presença e orientação do Pe. Paulo Vieira e da Maria Amélia, missionária da companhia missionária do coração de jesus. Durante a semana esperavam-nos diferentes atividades com, vários grupos específicos (famílias, catequistas e um dedicado a todos os grupos da paróquia), crianças, idosos e também doentes da cidade de Gandra. Cada um deles tocou-nos de forma diferente e especial ensinando-nos belas lições de vida e às quais procuramos dar toda a nossa atenção, dedicação, tempo e carinho. A energia das crianças que nos completou, requerendo de nós tanta ou mais imaginação para podermos ser tão grandes como elas perante Deus. A sabedoria dos mais velhos que nos interpelou para a necessidade de estarmos atentos

uns aos outros, pois a vida é breve e Deus chama-nos a servir o amor e a caridade. Os jovens mostraram-nos que, como dizia o padre Dehon, devemos reunir as competências que servem as grandes empresas, a força, o entusiasmo e a generosidade. Os doentes abriram-nos os olhos para a importância da oração, vendo nela um meio de contribuir para a comunidade cristã. Neste sentido, durante esta semana tivemos diversos momentos de encontro com Deus desde, as orações da manhã e da noite, a eucaristia, o terço e a adoração, o que, aparentemente, seria uma “seca”, tornou-se numa necessidade, ir beber à fonte que nos reuniu a todos, Jesus Cristo. Colocando Cristo como centro das nossas actividades, tudo foi mais fácil. A empatia que criamos desde o primeiro momento também foi um factor que contribui para o bom funcionamento do programa e das relações entre todos os participantes. Das experiências mais marcantes para o grupo destaca-se o encontro, na quinta-feira, com a comunidade de Sobrado. Foi um momento de grande partilha, diversão e oração! A música não podia deixar de ser mencionada, pois acompanhou-nos durante toda a semana. Esta esteve tão presente e foi tão intensa que contribuiu para a rouquidão de alguns elementos. Foi uma semana bem conseguida, onde a sensação de missão cumprida preencheu o coração de todos os participantes, aliados também aos laços fraternos que se criaram em todo o grupo. Agradecemos muito à comunidade de Gandra o caloroso acolhimento e generosidade, pois sem a sua ajuda nada teria sido igual. Ficou provado através do empenho e vontade manifestados pela comunidade no geral que esta é muito bonita e pode fazer coisas muito belas. Deste modo, as Férias Missionárias serviram de incentivo à continuação deste espírito fraterno que nos leva a concluir que Cristo espera mais e sempre mais de todos nós.

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Bruno, Nuno Rocha e Ricardo Pinto

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42 – jd-Porto do mundo

FÉRIAS MISSIONÁRIAS EM GANDRA

TESTEMUNHOS (...) Posso dizer que até hoje foi a semana em que mais aprendi, tanto na minha relação com Deus como na minha relação com os problemas da sociedade e até mesmo com os que me rodeiam. Reunimo-nos em nome de Deus e espero que daqui em diante, Ele ilumine ainda mais o caminho de todos nós, jovens que participámos de todo o coração nas FM’12. Um bem-haja a todos. Abraços.

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Ana Margarida Santos

(...) Pela experiência que tenho é inevitável estabelecer a comparação com os anos anteriores. Creio que, das três em que participei, foi aquela em que mais senti o verdadeiro “sentido de missão” de ajudar o próximo e o conceito e a criação de uma verdadeira família cristã. Um enorme abraço e um grande beijinho para todos.

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Catarina Oliveira

(...) Na mala coloquei o indispensável para uma semana de férias e caminhei rumo a Gandra. Durante a semana aprendemos a viver em comunidade (interagindo com as pessoas que conhecemos), vivemos experiências de interioridade (nas orações da manhã e noite e na adoração) e vivemos, também experiências de missão. O que mais gostei foi o dia com os idosos e doentes. Estes só precisam de um pouco de carinho e de um bom ouvinte e oferecem muito mais. No final do dia chegámos a casa com o coração recheado de amor. Sem ter noção do tempo, já é domingo e é tempo de voltar a fazer a mala. Desta vez, na mala levo amor, carinho, amizade, união e uma vontade de continuar a missão.

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Flipa Freire

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da juventude

jd-Porto –

Bem… Foi a primeira vez que participei numas férias missionárias e não me arrependo de tê-lo feito. Confesso que quando me propuseram participar nestas férias, passaram por mim um turbilhão de sentimentos e pensamentos e, até mesmo, a hipótese de não o fazer. Não sabia para o que ia e estava receosa. Neste momento, dou graças a Deus por ter tomado a decisão correta e ter participado. Não podia ter sido melhor recebida por toda a gente ali presente e arredores, já para não falar de tudo o que aprendi ao longo daquela semana e das experiências que nos foram proporcionadas. Um obrigada a todos!

(...) Creio que tudo o que conseguimos deveu-se ao grande espírito de família que se criou entre o grupo, formaram-se amizades, fortaleceram-se as antigas e sem isso não seria possível a maneira como nos entregávamos a cada tarefa. A alegria notória foi um grande marco nosso e espalhamos essa energia em cada canto e em cada pessoa que convivesse connosco e isso é levar Deus aos outros também, assim como Deus nos levou ao encontro uns dos outros. Acho que como jovens conseguimos erguer o nosso lema e levar Deus ao próximo!

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Diana Coelho

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Jessica Rocha

(...) Só tenho a agradecer a Deus, por esta grande semana e que me dê força para continuar a segui-lo, porque só com Ele na minha vida é que consigo ser completamente feliz. Tenho pena que esta experiência tenha acabado, mas penso que isto foi um grande incentivo. E como já me foi dito: “A semente foi lançada e agora compete-vos fazê-la dar fruto”! E realmente no que depender de nós, a “semente” vai germinar e dar muito fruto. Muito obrigada a todos!

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Alda Barros

Um obrigado sincero! …ao Sr. Mota, presidente da Junta de Freguesia de Gandra pelo incansável apoio à nossa atividade. …aos responsáveis o Agrupamento das Escolas de Baltar, à Coordenadora da Escola, Dr.ª Lucinda, aos professores e demais funcionários pela disponibilidade e acolhimento naquela que foi a “nossa casa”. …à Câmara Municipal de Paredes que ofereceu uma visita aos pontos de maior interesse histórico e cultural do concelho guiando-nos superiormente com uma arqueóloga e uma geóloga. …ao Grupo de Bombos Zés Pereiras e ao Rancho Folclórico de Gandra que animaram a festa de despedida. …às famílias que acompanharam os jovens e proveram à alimentação e a toda a comunidade paroquial pela participação em tudo o que propusemos. Um abraço fraterno e grato ao P.e Vicente Nunes que acalentou a realização da Férias Missionárias e que, entretanto deixou paroquialidade desta comunidade.

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Paulo Vieira

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44 – jd-Porto da juventude

No Porto, foi o arranque do ano Acreditar MAIS

VALENTÍADAS 2012 No passado dia 23 de Setembro, realizou-se mais um encontro de jovens Dehonianos em Betânia: as Valentíadas.

Este encontro começou, apesar de alguns atrasados, por voltas das 10h00 e prolongouse durante o resto do dia. Inicialmente, apesar de maior parte das pessoas já se conhecerem, foi proposto para criar ambiente, um jogo que consistia em que cada pessoa que se ia apresentar colocava um chapéu e de seguida escolhia outra pessoa e assim sucessivamente. Um facto notório foi que muitas das pessoas ali presentes eram de Gandra. Decerto deveu-se ao espírito que ficou plantado nos corações e à vontade de continuar a seguir e a juntar-se em nome do Senhor na experiência das Férias Missionárias (realizadas em Gandra no fim de julho). Terminado o jogo e a “pedido de muitas famílias” dois jovens que participaram nas Férias Missionárias fizeram um breve testemunho e relembraram a experiência intensa vivida naquela semana, sempre trabalhando em nome do Senhor, seguindo os ensinamentos d’Ele, e onde o espírito de oração esteve sempre presente, com grande fervor.

Rapidamente se distribuiu todos os presentes em pequenos grupos, para assim poderem preparar algo especial para a Eucaristia. Começou azáfama, as ideias eram muitas, mas o material e o tempo que possuíam era pouco. Com simplicidade e criatividade, fez-se algo bonito que transformou aquela Eucaristia numa Eucaristia especial, porque cada um deu o melhor de si para servir o Senhor e para que tudo corresse da melhor forma.

A fome já apertava e, depois da bênção e oração, realizámos o almoço de partilha. A alegria e a boa disposição reinaram durante todo o almoço, aliás durou durante todo o dia! Com todo já arrumado e com a chuva a não permitir a saída para os jardins, realizámos dentro do salão as atividades da tarde e correu tudo da melhor forma. Cada grupo, formado já de manhã, teve que escolher um nome, uma canção e uma frase que complementasse o tema para este ano: “Acreditar MAIS”! Originalidade não faltou, houve mesmo grupos que inventaram uma pequena música para mostrarem como estavam todos ligados em nome e a favor do mesmo objetivo. Devidamente organizados, cada grupo fez pequenas

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da juventude

jd-Porto –

provas para ver quem ganharia. O primeiro jogo foi o de comer uma pequena bolacha, um de cada vez. A primeira pessoa mastigava a bolacha e só depois de a ter engolido teria que assobiar e assim passava ao elemento seguinte. Foi um jogo com muita batota, afinal metade deles não assobiaram como deviam. Outro jogo simples consistia em que apenas um elemento de cada grupo enchesse um balão até este rebentar, e aí foi o “berreiro” total. Cada grupo torcia e gritava para dar força ao seu companheiro para este conseguir ganhar. Os balões já tinham todos rebentado, então foi anunciado um novo jogo que consistia em, com ajuda de uma palhinha, acertar dentro de um balde o maior número de fósforos possíveis num tempo limite. Tenho-vos a dizer que a pontaria dos nossos concorrentes era um pouco fraca, mas lá conseguiram realizar o jogo com sucesso. Como último jogo e o mais divertido. Uma pessoa, transformada em zombie, tinha que apanhar outra. Essa outra, para não ser apanhada senão era posta fora, teria que gritar o nome de outra ali presente para essa se transformar em zombie e assim dar continuidade ao jogo. Foi bastante divertido porque acho que as pessoas riam-se mais e criavam ainda mais ambiente do que aquele simples jogo pedira. Em jeito de acalmar e descontrair, chegou a hora do lanche novamente partilhado e de seguida foram anunciados os vencedores e distribuídos simbólicos prémios para adoçar a boca.

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O dia estava, assim, a terminar, no meio da alegria do reencontro de muitos e do dia bem passado. Não poderíamos terminar de melhor forma do que relembrando e agradecendo Quem nos tinha juntado ali, porque afinal de contas estávamos todos reunidos em nome de Jesus Cristo. Cantámos, orámos, recebemos o Calendário da JD-Porto para este ano 2012-2013, e, num pequeno gesto simbólico, o P.e Paulo Vieira fez, com tinta, uma pequena cruz na testa de cada um, uma cruz visível para que todos pudéssemos lembrar o nosso batismo, tomar consciência que a cruz é o nosso “sinal MAIS” e perceber, ao olhar uns nos outros, que Cristo está no outro, está no irmão.

O balanço do dia não poderia ter sido mais positivo! Acho que continuou a incentivar todos os presentes a participarem cada vez mais neste tipo de atividades, o que só faz bem, porque nos torna melhores cristãos, para que possamos ainda “Acreditar MAIS”! Valentíadas, até para o ano!

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Diana Coelho

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46 – agenda

da juventude

ano da fé 2012-2013 JD-Lisboa Outubro

07 − caFé: Conversas sem censura. Missa + mata-bicho 20 − PAC MISSÕES: “voluntários” por uma tarde...

Novembro

09-11 − Encontro Mensal: Tema do ano. 16-18 − Encontro Nac. Secretariados JD em Alfragide.

JD-Porto Outubro

04 − AdOração no Centro Dehoniano. 07 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 19-20 − I Jorn. Nac. Pastoral Juvenil em Fátima. 21 − Dia Mundial das Missões.

Novembro

01 − AdOração no Centro Dehoniano. 04 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 16-18 − Encontro Nac. Secretariados JD em Alfragide. 27 − CFA “Acreditar MAIS” em Gandra + magusto.

Acreditar MAIS – Jovens Dehonianos com fé

AdOração no Centro Dehoniano Um tempo com espaço para a interioridade com a oração tipicamente dehoniana aberto à Juventude Dehoniana, à Família dehoniana e a todos os amigos, jovens e menos jovens. Depois da adoração despedimo-nos com um chá.

04 de outubro – das 21h às 22h00

DEHUMOR

“A fé é ainda a luz e a chave da História”.

(Padre Dehon)

Há quem diga: “c’afé é que nos salva”...

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Paulo Vieira

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tempo livre

passatempos –

TEM PIADA

idade das mentiras

O pai, zangado: — Não sei como te hei-de corrigir desse péssimo costume de dizer mentiras. Eu, quando tinha a tua idade, nunca mentia. O petiz: — Então, que idade tinha quando começou, paizinho?

água gelada

Próximos de um lago de água geladíssima, estavam um português, um americano e um francês. Na outra margem, dois amigos conversavam: — Dou-te cem euros se conseguires fazer com que aqueles três tipos saltem para a água gelada. O outro, sem perder tempo, foi falar com os três turistas e, após uns segundos, os três pularam para a água. O outro perguntou: — Tudo bem, eu pago-te os cem euros, mas, diz-me, como fizeste para eles saltarem? — Fácil! Para o americano, disse que era obrigatório por lei, para o francês, que era moda e, para português, disse que era proibido!

a pontaria

Um português, um espanhol e um francês apostam qual será o melhor atirador. O francês põe uma rolha no ponto mais alto da Torre Eifel, desce, faz pontaria, dispara, e a rolha voou, perdeu-se no espaço. O espanhol sobe ao pico mais alto das montanhas das Astúrias, deixa em cima duma rocha uma cereja e desce. Cá de baixo aponta a espingarda, faz o tiro e o caroço da cereja é levado pela bala. — Formidável! — gritam os outros dois. O português não sabe o que há-de fazer. Vai para a ponte sobre o Tejo, olha e torna a olhar em roda, mas não vê nada que lhe interesse para alvo. De repente, passa uma nuvem de mosquitos. O homem faz pontaria ao que ia atrás, dispara, o bicho dá duas ou três cambalhotas e segue atrás do bando. — Continua vivo — grita o espanhol —. Não o mataste! — Pois — diz o português — mas aquele nunca mais terá filhos!

Solução de julho/agosto Se raparar bem, que estes elementos não são mais do que os algarismos 1, 2, 3, 4 e a sua “imagem espelhada”. Portanto o seguinte será o 5: 55

CURIOSIDADES

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30 minutos de exercícios

Segundo um estudo dinamarquês, trinta minutos de exercícios diários são tão efetivos na redução de peso e de massa corporal quanto 60 minutos. A pesquisa, feita por especialistas acaba de ser publicada na revista científica American Journal of Physiology. Durante 13 semanas, a equipa da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (Universidade de Copenhaga) monitorou 60 homens obesos, porém saudáveis, que tentavam melhorar sua condição física. Enquanto se exercitavam, os dois grupos usavam um medidor de batimentos cardíacos e um contador de calorias onde metade dos participantes seguiu um programa de uma hora de exercícios diários e a outra metade fez apenas meia hora de exercícios. Os resultados da experiência surpreenderam a equipa dinamarquesa: em média, os participantes que fizeram 30 minutos de exercícios diários perderam 3,6 quilos em três meses. Os que fizeram uma hora de exercícios, no entanto, perderam apenas 2,7 quilos. Os participantes queriam mudar seu estilo de vida com a ajuda dos exercícios, e durante o período de duração do estudo, foram acompanhados de perto por especialistas em saúde interessados em questões como o equilíbrio energético, resistência à insulina e presença de hormonas no sangue. Noutro estudo britânico, pesquisadores da University College de Londres concluíram que fazer duas horas e meia de exercícios moderados por semana, mesmo quando a pessoa adopta a prática na meia idade (entre os 40 e os 50 anos de idade) é suficiente para proteger a saúde do seu coração.

quebra-cabeças o cavalo O Sr. Manuel compra um belo cavalo. Paga 600€ por ele ficando muito satisfeito com o animal. Depois de um ano ele vende o cavalo por 700€, mas arrepende-se alguns dias depois, e compra-o de novo, só que agora por 800€, perdendo então 100€ com a brincadeira. Depois de mais um ano decide vender definitivamente o cavalo, agora por 900€. Qual é o lucro do Sr. Manuel?

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Paulo Cruz

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A nova imagem da Juventude Dehoniana

Um novo logótipo que apresenta o Coração, no qual cabe todo o Universo, no qual todos temos lugar e a partir do qual somos convidados a viver, para que os nossos rostos possam manifestar o sorriso (J;D) evangelizador.

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