A Folha dos Valentes - Dezembro 2012

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04. Semana SOCIAL 2012 – Porto 06. ÁTRIO dos Gentios 09. XIV FEJ – Porto 2012 15. Dehonianos em AVEIRO 26. AS MULHERES e o desenvolvimento 30. Que OFERECER no Natal? 35. Adeus FIOS! 37. Pedra BASILAR 38. JMJ 2012 – tema e oração 40. FÉ a três dimensões 42. Enc. Nac. SECRETARIADOS JD 44. SINTONIZA-te4 -

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Novembro 2012 ANO XXXVI

da atualidade

PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

FICHA TÉCNICA Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida Rocha Redacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira. Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa). Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Susana Teixeira. Colaboradores nesta Edição: Bruno Rocha, Filipa Silva, Filipa Freire, Inês Santos, Jéssica Rocha, Grupo de Jovens de Rio de Mouro, Zeferino Policarpo. Fotografia: AFV, Patrícia Góis, Vanessa Nunes, Pedro Sousa, Inês Pinto. Capa: Presépio de Pedro Sousa. Grafismo e Composição: PFV. Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 28 4430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329 ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239

03 > alerta! > Uma vez... 04 > digo eu... > Semana Social 2012 05 > recortes mundo > Comunicado Semana Social 2012 06 > sal da terra > Átrio dos Gentios 07 > cantinho poético > Praparar o Presépio da família dehoniana

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ 09 > entre nós > FEJ - Porto 2012 10 > entre nós > Família Dehoniana quase total 11 > com Dehon > Reparação hoje? Sim, é Natal! 12 > memórias > Recordando o padre António Cattaneo 15 > comunidades > Pastoral dehoniana em Aveiro dos conteúdos

18 > vinde e vereis > Ele spera-nos 19 > onde moras > Olhar para dentro 20 > doses de saber > Macau, a porta da China (II) 22 > pedras vivas > Sabe o que pensei esta noite? 24 > eclesialidade > Sínodo dos Bispos aos jovens 24 > palavra de vida > Viver o Advento para preparar o Natal 26 > leituras > As mulheres e o desenvolvimento humano 28 > sobre a bíblia > Batismo: vida de Jesus nos homens 30 > reflexo > O que oferecer no Natal? 32 > sobre a fé > O Batismo cristão

Associação de Imprensa de I nspiração Cristã

Tiragem – 3500 exemplares Redacção e Administração: Centro Dehoniano Av. da Boavista, 2423 4100-135 PORTO – PORTUGAL Telefone: 226 174 765 - E-mail: valentes@dehonianos.org Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA Telefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

do mundo

34 > outro ângulo > CIRP em Assembleia Geral 35 > novos mundos > Adeus Fios! 36 > nuances musicais > Boys Band do bem-estar

37 > dentro de ti > Pedra basilar Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para: Ce nt ro D e h o n i a n o Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTO Tel.: 226 174 765 — E-mail: valentes@dehonianos.org

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da juventude

38 > JMJ > Tema e oração das JMJ 40 > jd-Porto > A Fé a três dimensões 42 > jd-Nacional > X Encontro Nacional de Secretariados JD 43 > jd-Lisboa > Compromisso JD 44 > jd-europa > Sintoniza-te4 46 > agenda-JD > Calendário de actividades 47 > tempo livre > Passatempos 48 > imagens > Janeiras JD-AFV

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alerta! –

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UMA VEZ... Em tempos que já lá vão… aconteceu, de uma forma inesperada, de uma vez por todas e hoje vivemos desse acontecimento e dessa Pessoa. Desta vez, escrevo-vos estas linhas no início do Advento e está aí já o Natal do Ano da Fé. No caminho, como discípulos, vendo, ouvindo e lendo os mistérios da vida de Jesus somos convidados a encontrar-nos com Ele e a acertarmos os nossos passos pelos seus. Uma vez…, como muitas vezes, muitos acontecimentos e temas marcaram a nossa vida pessoal, comunitária e social e eles encontram, de alguma maneira, eco nos artigos desta edição. Desta vez, ainda com ecos do Sínodo da Nova Evangelização no horizonte, em Portugal a Igreja fez acontecer a Semana Social; realizou-se o XIV Fórum Ecuménico Jovem, no Porto; o Papa apresentou a mensagem temática para a Jornada Mundiais da Juventude; reuniram-se os Secretariados da Juventude Dehoniana a nível nacional e continuamos a querer Acreditar MAIS. Uma vez mais, apresentamos a nossa gratidão aos inúmeros articulistas e colaboradores que nos ajudam a chegar com uma mensagem fresca de formação e de informação a vós, nossos estimados leitores. Também mais uma vez agradecemos a todos vós a atenção que nos dedicais e a colaboração que nos enviais para ajudar aos custos de gráfica e correio que a nossa missão acarreta. Os tempos são difíceis para todos, mas da partilha brota a esperança de dias melhores… Que a celebração presente da vez definitiva do Natal se faça com a Paz e a Alegria do Menino-Deus para todos vós! Feliz Natal!

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Paulo Vieira

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04 – testemunhos da atualidade

A Igreja em Portugal reflete sobre o Estado Social, em tempo de crise

Decorreu na Casa de Vilar, no Porto, de 23 a 25 de Novembro de 2012, a Semana Social, sob o tema: Estado Social e Sociedade Solidária. As Semanas Sociais são uma boa tradição da Igreja Católica e tiveram início em França. A primeira Semana Social realizou-se em Lille de 1 a 8 de Agosto de 1904 e nela participou o Padre Dehon, fundador da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos). Para além do estudo e do debate temático, as Semanas Sociais pretendem ser um modo de sensibilizar a sociedade e particularmente os cristãos para o compromisso na construção de mundo mais justo e fraterno. A organização das Semanas Sociais, compete à Conferência Episcopal, através da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana. O Prof. Guilherme d’Oliveira Martins é o Coordenador Nacional das Semanas Sociais. A Semana Social Porto 2012 contou com a presença de cerca de 400 pessoas provenientes de diversos pontos do país. Vários oradores deram o seu valioso contributo á reflexão: o Pe. Lino Maia que reforçou a importância do papel dos cristãos na construção de uma sociedade solidária, o Prof. Guilherme d’Oliveira Martins que sublinhou o lugar da Doutrina Social da Igreja na reforma do Estado Social e D. Jorge Ortiga que acentuou a responsabilidade e o dever da Igreja se envolver profundamente na transformação da sociedade. Luciano Manicardi, monge italiano, foi o orador que melhor enquadrou a problemática da sociedade solidária ao abordar o tema da caridade como essência do ser Igreja. Segundo Manicardi, não existe outro lugar da caridade se não a história, o corpo, o hoje. Este hoje vive envolto na realidade da “crise” que se expressa em tempos difíceis, também para a caridade. É nestes tempos de dificuldade que o cristão deve manifestar a diferença, ir contra a corrente, lutar, resistir com esperança, procurar a justiça que é o rosto da caridade. O cristão, movido pela caridade, deve fazer-se próximo, reconhecendo o outro em si mesmo e tornando-se próximo da dor do outro, dando-lhe voz. O próximo é aquele que aceito ver e escutar.

A Semana Social contou ainda com dois painéis temáticos onde intervieram várias pessoas conhecidas da nossa praça: Isabel Jonet, Tolentino Mendonça, Manuela Silva, Francisco Sarsfield Cabral, Alfredo Bruto da Costa, João Proença, Carvalho da Silva, etc... Dois eventos marcaram ainda a Semana Social: um de caráter cultural com o concerto de órgão, no sábado à noite, na Igreja da Lapa a cargo do famoso organista Filipe Veríssimo e outro de carácter religioso com a missa de encerramento, no domingo de manhã, na catedral do Porto, presidida por D. Manuel Clemente.

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Zeferino Policarpo

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da atualidade

igreja-sociedade –

SEMANA SOCIAL 2012 – COMUNICADO FINAL

A Semana Social do Porto, em 2012, procedeu a uma reflexão sobre os desafios atuais ao Estado Social e à Sociedade Solidária. A Igreja assume a necessidade de encontrar sinais e iniciativas de esperança que se contraponham à crise, propondo uma mais eficiente partilha de recursos, uma justiça fiscal equitativa e uma avaliação rigorosa dos serviços públicos. O Estado Social deve ser discutido e pensado não por urgências financeiras, mas de modo a corresponder às exigências da coesão económica e social, da justiça e da dignidade humana. Como disse o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente: “Foram sociedades solidárias que se constituíram em Estados sociais. (...) Antes, logicamente antes, do Estado social está a sociedade solidária, que o precede, alimenta e extravasa.” Nascido na revolução industrial e depois dos trágicos conflitos mundiais do Séc. XX, o Estado Social tem de ser visto nas sociedades desenvolvidas contemporâneas sob a influência da questão demográfica, da quebra de taxas de natalidade e do envelhecimento da população. Neste sentido, o Estado Social reportase à sociedade toda, uma vez que tem a ver com a criação e consolidação de condições de coesão e de confiança entre todos. A Doutrina Social da Igreja tem alertado para a necessidade de encontrar respostas que permitam uma articulação efetiva entre o Estado e as iniciativas solidárias. A reforma do Estado Social tem, assim, de se basear: na proteção de todos os cidadãos, no equilíbrio entre a livre iniciativa e a igual consideração de todos, no entendimento do destino universal dos bens da Terra, na dignidade do trabalho e na promoção do emprego, na justiça distributiva entre grupos sociais e gerações, na complementaridade entre igualdade e diferença, na subsidiariedade e na participação de todos. Como afirma S.S. o Papa Bento XVI, na Encíclica Caritas in Veritate: “ O binómio exclusivo mercadoEstado corrói a sociabilidade, enquanto as formas económicas solidárias, que encontram o seu melhor terreno na sociedade civil, sem no entanto se reduzir a ela, criam sociabilidade” (nº39). Assim, não podemos deixar na penumbra o tema do desemprego estrutural e da preservação do trabalho humano. A economia para as pessoas exige a dignificação do trabalho e a promoção do emprego em condições de igualdade e justiça, devendo romper-se o ciclo vicioso que considera a pobreza como inevitável e a desigualdade como uma fatalidade. Deste modo, impõem-se assegurar a solidariedade entre pessoas e gerações e nesse sentido houve a apresentação de iniciativas assen-

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tes em redes de proximidade, na criatividade e na inovação social, na responsabilidade das famílias e das comunidades, designadamente perante os desafios do envelhecimento e da solidão. Importa encontrar novos estilos de vida, capazes de articular sobriedade e desenvolvimento. A reforma do Estado Social não pode esquecer a assunção concreta dos riscos sociais e a compatibilização da sustentabilidade financeira e da justiça distributiva, importando romper o descontrolo do endividamento e pôr cobro à escalada do desperdício e da destruição do meio ambiente. Do que se trata é de considerar princípios de ética pública que ponham a dignidade da pessoa humana no centro da vida política, social e económica. Como afirmou Luciano Manicardi “longe de representarem duas dimensões opostas, justiça e caridade podem e devem encontrar-se: a justiça é o rosto social da caridade”. A segurança social, a educação, o serviço nacional de saúde são responsabilidades inerentes à defesa do bem comum e à salvaguarda da proteção de todos. A noção de serviço público não é confundível com a ação do Estado, pelo que o Estado de direito deve fortalecer-se e consolidar-se através de iniciativas sociais autónomas. A justiça distributiva tem de se ligar à ideia de diferenciação positiva, que não pode confundirse com assistencialismo, uma vez que os mais carenciados são os que necessitam de mais apoios. O valor da poupança e do trabalho têm de ser incentivados, por contraponto ao endividamento e em defesa da equidade. As desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão devem ser contrariadas através de instrumentos públicos e de iniciativas solidárias, através do sistema fiscal, da subsidiariedade e da cidadania ativa. Nestes termos, os cristãos são chamados a viver a caridade na verdade, o que reclama uma prática verdadeiramente humana, uma ação de proximidade e o compromisso com a justiça. Para tal, importa que os cristãos se interessem, estudem e aprofundem a Doutrina Social da Igreja, nas famílias e comunidades, para que possam fazer a leitura das realidades de cada momento à luz dessa doutrina, que tem o mérito de ser transversal e aplicável a todas as famílias políticas. Neste Ano da Fé, a Semana Social Porto 2012 afirma que há uma esperança cristã que tem de ser princípio e critério que, sobretudo em tempo de crise, cabe aos cristãos inscrever na organização social e na participação política.

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06 – sal da terra da atualidade

Espaço de diálogo à semelhança do que existiva no templo de Jerusalém

Está a fazer anos que o Papa B ento X VI suge r iu que a Igreja Católica cr iasse uma espécie de Átr io dos G entios, um espaço de diálogo que, à semelhança do que existia no Templo de Jerusalém (separado por átr ios para os sacerdotes, para os homens, as mulheres e para os “gentios”, os não judeus). Foi num encontro na talício com os vár ios organismos do Vaticano, em 2009, e um deles, o Conselho Pontifício da Cultura, deu seguimento à proposta do Papa.

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Em março de 2011, decorreu em Paris o primeiro “Átrio dos Gentios”. Seguiram-se outros, em várias cidades e, nos dias 16 e 17, aconteceu em Guimarães em Braga. Em todos repetiu-se a proposta de diálogo sobre Deus, mesmo com aqueles que não só não acreditam n’Ele como nem sequer colocam essa questão. Conferências, exposições, literatura, teatros, música… Foram muitas as oportunidades para dialogar sobre o “valor da vida”, o tema em torno do qual todos se cruzaram no mesmo átrio. E esse terá sido essa a principal conquista desta iniciativa: cardeais vindos de Roma, cientistas saídos dos laboratórios, académicos fora dos percursos universitários e crentes longe dos templos, todos se congregaram no mesmo espaço, em atitude de diálogo, de atenção à verdade que cada um quis e tinha para partilhar. A Igreja Católica, ao dinamizar este projeto a partir do “miolo”, a partir o Vaticano, terá atingido os seus objetivos com a realização do Átrio dos Gentios se ultrapassar definitivamente o confronto com outras perspetivas sobre a vida e a sociedade e optar pelo diálogo com todas as partes. Esta será hoje a aconselhada metodologia para procurar a verdade, depois de habituada a comunicar a Verdade durante séculos. Não que se abdique dela. Antes que se afirme convictamente pelo diálogo recíproco e pelo testemunho pessoal No debate sobre valor da vida, que aconteceu no Átrio dos Gentios de Guimarães e Braga, a mensagem do Papa Bento XVI não deixa de ser desafiante: “… o valor da vida só se torna evidente, se Deus existe. Por isso, seria bom se os não crentes quisessem viver «como se Deus existisse». Ainda que não tenham a força para acreditar, deviam viver na base desta hipótese; caso contrário, o mundo não funciona”. Está a chegar o Natal... Uma oportunidade – outra – para mostrar que Deus existe, que nasceu e vive na História, dando-lhe sentido.

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Paulo Rocha

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da atualidade

poesia –

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PREPARAR O PRESÉPIO Vamos preparar o Presépio... nos nossos corações! De um lado... A coragem, disponibilidade, força... Juntamos a humildade, alegria... Um pouco de magia! A beleza e o cuidado, Simpatia e vida... De um lado, um boi malhado, do outro, o burro, muito escuro... Para aquecer a esperança, o amor, lealdade, perdão,

a alegria e felicidade, sobre tudo e todos... sobre todos os modos... seja branco ou preto, seja amarelo ou vermelho, seja limpo ou sujo, seja lindo ou feio, tudo isto eu creio! Para adorar, temos a bondade... dos quatro cantos do mundo... A estrela indica o caminho, que devemos seguir... É por aqui... pois doutra forma não teria sentido!

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Jorge Robalinho

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08 – recortes dehonianos da família dehoniana

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

DIA DA MEMÓRIA DEHONIANA 26 de Novembro. Esta celebração acontece em toda a Congregação, todos os anos desde 2004. Foi uma decisão tomada em Capítulo Geral, para que se comemore nesse dia o conhecimento, a divulgação e a celebração dos mártires dehonianos e das figuras significativas da nossa história. A data tem a ver com a morte de um desses mártires no Congo, o bispo dehoniano Wittebols. Neste Ano da Fé, na senda do convite do Papa Bento XVI a bem presentes os mártires como testemunhas da fé, é sempre bom lembrar aqueles que viveram em peregrinação terrena mais ligados à Província Portuguesa e que acreditamos estarem na eterna comunhão com Deus: padre Luigi Celato (1968); noviço José Mendonça Belim (1969); padre Paolo Bulgari (1979); padre Ivo Tonelli (1982); padre Gastão Canova (1985); padre António Cattaneo (1986); padre Adriano Pedrali (1987); padre Agostino Azzola (1988); padre Vittorio Nardon (1989); padre Tarcisio Contardo (1990); irmão Vitorino Cabral (1991); padres Luigi Ferrari e Ângelo Colombi (1995), padres José Moisés de Gouveia, Luciano Micheli e António Colombi (1996); padre Eugénio Borgonovo (1997); padre José Bairos Braga (1998); padres Constantino Sousa Mota e José Vieira Alves (2000); padres José Rota, Giambattista Carrara e Lino Battistel (2001); padre Mario Malagoli (2003); padres Tarcisio Rota e Mario Fattore (2004); padre Manuel de Gouveia (2006); padres Luigi Morello e Umberto Chiarello (2007); padres João Luís Gaspar e Ernesto Tonin (2008); padres Luigi Gasparetti, Mario Casagrande, Luigi Maino, António Becchetti, Mario Fogaroli, Ângelo Caminati e Miguel Corradini (2009); irmão Tarcisio Rota (2010), padre José Diomário (2011). São vidas que repousam na eterna fé em Deus, a interceder pelas nossas vidas de peregrinos da fé na terra.

DEHONIANOS PELA INTERNET Vida quotidiana levada no estudo e no convívio, na oração e na missão, é marca das comunidades dehonianas em Portugal e seus setores de atividade. Algumas notícias, escritas e fotografadas, poderão ser revisitadas no site www.dehonianos.org. Aqui, há também a proposta da Palavra de Deus meditada, para os domingos e dias da semana, que continua a ser motivo de frequente visita. Sempre em proposta de comunicação e renovação espirituais.

MISSÃO EM ANGOLA E DIÁCONOS Serão os próximos passos mais em destaque. A 2 de Dezembro, o Flávio e o Eduardo serão ordenados Diáconos no Mosteiro dos Jerónimos. A 8 de Dezembro, os missionários de Angola, quase todos portugueses, serão organizados em Distrito e ficarão a depender do Superior Geral, para bem da missão, oxalá!

Desejo-vos feliz Natal e fecundo novo ano, bem celebrados em Ano da Fé!

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Eduardo Flávio Manuel Barbosa

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da família dehoniana

entre nós –

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XIV FÓRUM ECUMÉNICO JOVEM Mais de 200 jovens, vindos de todo o país, responderam ao convite das Igrejas Católica, Lusitana, Metodista e Presbiteriana e participaram no XIV FEJ, realizado no Colégio Salesiano do Porto, a 10 de Novembro. O evento abriu com uma celebração ecuménica, a que se seguiram workshops sobre ‘retratos da realidade juvenil no mundo social, universitário e laboral’. Após almoço de confraternização, a tarde foi marcada por grupos de reflexão sobre ‘os caminhos da esperança’, havendo um espaço especial para os mais jovens. Na celebração de envio, foi lida e assinada a ‘Carta da Esperança’

carta da esperança

Os jovens cristãos reunidos no XIV Fórum Ecuménico (FEJ 2012), apoiados pelos seus hierarcas presentes, aceitam viver este tempo tão particular da sociedade portuguesa como um momento de esperança. Interpelados pela exortação bíblica “Valoriza a juventude que há em ti!” (1 Tim 4,12), os jovens presentes descobrem-se chamados a valorizar os seus dons, num mesmo compromisso e animados pela mesma esperança. Por isso… Somos chamados à comunhão, e queremos viver na esperança de um dia superarmos as divisões que ainda existem entre nós. Somos chamados à missão, pois temos a esperança de anunciar juntos, de forma credível, pela palavra e pela ação, a mensagem do Evangelho. Somos chamados a construir mais justiça, pois mantemos acesa a chama da esperança de vivermos num mundo onde todas as pessoas serão respeitadas na sua dignidade. Somos chamados ao compromisso por uma Europa mais humana e social, onde vençam os direitos humanos, a paz, a liberdade, a tolerância, a participação e a solidariedade entre todos. Somos chamados ao perdão, com a esperança de resolvermos pacificamente todos os conflitos. Somos chamados a uma cidadania responsável, com a esperança de combatermos o desemprego, a discriminação racial, a xenofobia, a exclusão. Somos chamados a uma consciência ecológica, com a esperança de que o nosso mundo será sustentável e a mãe natureza a casa comum de todos. Somos chamados a servir, vendo em cada pessoa uma irmã ou um irmão, com a esperança bíblica de que é dando que se recebe. Somos chamados a espalhar a alegria de sermos filhas e filhos amados de Deus, para encontrarmos um sentido para a vida mesmo nos dias mais cinzentos. Somos chamados a despertar e a procurar Deus com a esperança de que um dia encontraremos o Seu olhar de ternura. Somos chamados a ser sal e luz com a esperança de que Cristo dá sabor às nossas vidas e ilumina os nossos caminhos. Somos chamados a dar de graça porque de graça tudo recebemos das mãos de Deus. Somos chamados à simplicidade de vida, para que o essencial resplandeça nas nossas opções e no nosso jeito de ser. Somos chamados a gritar bem alto a nossa esperança porque, mesmo em tempo de crise profunda, quem a Deus tem nada lhe falta, pois só Ele basta.

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10 – entre nós

da família dehoniana

Nampula, 18 de novembro de 2012

FAMÍLIA DEHONIANA QUASE TOTAL

Depois de voar mais de 10 000 kms (11 horas para Maputo e mais duas horas para Nampula), finalmente, cheguei a Nampula num avião da LAM que fazia o seu voo de inauguração Maputo-Nampula, via Beira (aqui o arcebispo da diocese é Cláudio dalla Zuanna, dehoniano). Estou cá para mais uma sessão de acompanhamento de doutoramento dos alunos na UCM. Sim. A cultura de um povo é a raiz do seu desenvolvimento. Por isso, realizamos este esforço todo. Como fico sempre cá no bairro do pó em Napipine, tive o privilégio de concelebrar na missa dos crismas aqui na paróquia de S. Pedro, onde estavam presentes mais de 1 000 pessoas. Os crismas eram só 300. Como as pessoas não cabiam todas na igreja, foi necessário improvisar um alpendre, para assim todas participarem dignamente. Cerimónia que começou esta manhã às oito horas e terminou perto das treze. Cerimónia linda. Quem vem da Europa cronometrada, fica extasiado com este kairós (experiência de graça africana). Homilia linda, com português e macua ao mesmo tempo, em que o bispo tentava convencer que o crisma não é o fim da vida cristã, mas é preciso continuar a catequese como jovens e adultos. Cantos lindos, a lembrar as celebrações africanas nos Estados Unidos.Danças lindas no Kyrie, ofertório e ação de graças. Cores das roupas lindas com capulanas e lenços de todas as cores. Ofertas das pessoas lindas. Desde cabritos, galinhas, ovos (para matabicho), capulanas, perfumes, cebolas, ananás… Um grupo da comunidade ofereceu um envelope com algum dinheiro, dizendo que era para o bispo comprar gasolina para o carro. O pá-

roco, P.e Elia Ciscato, quando viu o cabrito a entrar na igreja perguntou: agora os cabritos também vão para a igreja? É que a igreja estava a fazer de sacristia, já que a celebração foi ao ar livre. Quando acabou a missa, os representantes das comunidades vieram almoçar com o bispo e os párocos. Aí durante o almoço um velho contou uma história: um régulo mandou matar todos os velhos, porque não serviam para nada. Então uma jovem escondeu a sua avó na montanha para não ser morta. Assim todos os idosos foram dizimados. No entanto, uma grande cobra atacou o régulo e enrolou-se nele, colocando a cabeça junto da cara do régulo. Que fazer? Os jovens não sabiam que fazer. Então a jovem foi consultar a avó. Esta disse: apanhai muitas rãs e colocai-as perto da cobra. Assim fizeram. Quando a cobra viu as rãs, desenrolou-se do régulo e foi comer as rãs. O régulo perguntou quem teve a ideia de o salvar. Responderam que tinha sido a única velha viva. Então o régulo percebeu que os velhos são a sabedoria e necessários para a sociedade. A partir daí, protegeu e defendeu sempre as pessoas idosas. Porque é que eu chamei a este título família dehoniana quase total? É que o arcebispo de Nampula, D. Tomé, que estava a presidir a esta celebração é dehoniano. O pároco e o superior da comunidade é dehoniano (P.e Elia e P.e Ricardo). Um Instituto Secular aqui na paróquia chamado Companhia Missionária é dehoniano. No mundo, temos leigos dehonianos, temos padres dehonianos, temos consagradas dehonianas, temos bispos dehonianos, temos cardeais dehonianos. Só falta um papa dehoniano.

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Adérito Barbosa

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da família dehoniana

com Dehon –

Deus fez-se homem para nos “fazer Deus”

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REPARAÇÃO HOJE? Sim, É NATAL Pessoas e acontecimentos não são, necessariamente, do passado. Hoje queria, neste espaço, fazer o passado presente e partilhar convosco aquilo que, me parece, é a mais linda história da humanidade. História profundamente vivida e proposta aos seus seguidores por um homem do passado que, também ele, teima em manter-se bem presente. Falo do mistério do Natal e do Padre Dehon. Não vou olhar o Natal com tantas referências que Leão Dehon lhe faz. Hoje vou olhar o Natal como a maior maravilha que Deus faz ao homem: a reparação. Nos escritos do Padre Dehon encontramos uma constante referência à reparação ou à oblação reparadora. Era uma espiritualidade assumida que queria viver e que propõe aos seus seguidores como algo fundamental e específico do seu carisma. Na compreensão que hoje se faz da reparação afirma-se nas Constituições dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos): “É assim que entendemos a reparação: como acolhimento do Espírito (cf. 1 Tess 4,8), como resposta ao amor de Cristo por nós, comunhão no seu amor pelo Pai e cooperação com a sua obra redentora no coração do mundo” (Cst, 23). Isto implica em nós várias atitudes que são, verdadeiramente, atitudes natalícias. Em primeiro lugar, aceitar Deus na nossa vida, fazer o acolhimento do Espírito. Deixar que o Ele nos faça sua morada. Invertermos o acontecido: “Veio para o que era seu,e os seus não o receberam” (Jo 1, 11). Queremos acolhê-l’O. Reparamos uma acção humana modificando-a e, sobretudo, deixamo-nos reparar e fazer morada de Deus. Deixar que o Espírito nos faça a gruta da humildade, do aconchego, da ternura, do acolhimento do Verbo. Por outro lado a reparação é também entendida como: “resposta ao amor de Cristo por nós, comunhão no seu amor pelo Pai e cooperação com a sua obra redentora no coração do mundo”. Isto implica, verdadeiramente, empenhar-se na vivência do projeto de amor que Cristo nos trouxe. Aliás, mais que emprenho pois é uma “comunhão” no amor de Cristo pelo Pai. Reparar, além de ser deixar-se moldar pelo Espírito que vem a nós, é amar como Jesus ama. Este amor comungado leva-nos a amar o Pai e a colaborar na obra Redentora de Jesus. No Natal de Belém, fazendo-se homem, Jesus reparou o ser humano, fazendo em si mesmo a comunhão perfeita do humano com o divino. De algum modo Deus fez-se homem para nos “fazer Deus”. N’Ele acontece a Nova Criação porque o homem Jesus reassume e vive a comunhão plena para que o homem fora criado. Hoje, no Natal de 2012, os homens reparam o Homem na medida em que, acolhendo o Espírito, se tornam morada de Deus. Poder dizer como Paulo: “ já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” é a reparação plena que o Natal é e nos pede que deixemos ser. Por outro lado, a solidariedade, a atenção, o carinho que esta quadra nos sugere e em nós realiza, é a colaboração no plano redentor do Senhor Jesus. Tornar-me morada de Deus. Fazer do coração e da vida de cada irmão meu habitação do Verbo. Eis, renovado, o mistério da reparação. Feliz Natal!

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José Armando Silva

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12 – memórias

da família dehoniana

Formador, pároco e ecónomo, com simplicidade, competência e empenho

RECORDANDO O PADRE ANTÓNIO CATTANEO Reza a crónica do Colégio Missionário, relativa ao dia 4 de outubro de 1961, que cerca das nove horas, vindos no Santa Maria, chegavam ao Colégio Missionário o Rev. P.e Luís Sabini, novo Director Espiritual, e o Rev. P.e António Cattaneo, novo ecónomo. Ainda não sabiam o português, mas aprenderiam depois, tanto mais que a necessidade obrigava! – Observava o cronista.

O P.e Cattaneo era colega de teologia e de Ordenação do P.e Ernesto Tonin, recordado no precedente número de A Folha dos Valentes e, como ele, tivera Portugal como primeira destinação de religioso ordenado. O P.e Ernesto ficaria no Continente, indo servir de orientador disciplinar no novo seminário menor, aberto pelos Dehonianos em Loures – a Casa de Santa Maria –, enquanto o P.e Cattaneo seguiria para a Madeira, como ecónomo do Colégio Missionário. Como tantos outros Dehonianos italianos que deram vida à futura Província Portuguesa, o P.e Cattaneo era bergamasco. Nascera em Calusco d’Adda (Bérgamo), a 25 de maio de 1931, entrando na Escola Apostólica de Albino em 1943, com 12 anos de idade. Professaria a 29 de setembro de 1950 e seria ordenado sacerdote em Bolonha, com o P.e Ernesto Tonin, a 28 de junho de 1959. Nessa altura, a Ordenação sacerdotal tinha lugar no fim do terceiro ano de teologia, seguindo, depois do quarto, o ano pastoral. Daí que só em 1961 tivessem os dois a primeira colocação. Volta o cronista do Colégio Missionário a anotar, a 13 de julho de 1964, que, entre as novidades na composição das comunidades dehonianas da Madeira, contava-se a mudança do P.e António Cattaneo para o Colégio Infante, sempre como ecónomo. Além de na economia, distinguir-se-ia ele, em ambos os colégios, na docência do francês, para melhorar o qual, tantas vezes pedirá e obterá autorização para passar breves períodos em França durante as férias do verão. Aprender francês em Paris e, ao mesmo tempo, colaborar na assistência pastoral dos imigrantes ali residentes, parecia uma sua obsessão.

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Padre António Cattaneo 1931-1986

O P.e Cattaneo permanecerá no Colégio Infante, como ecónomo e professor, até ao verão de 1970, data em que será Padre transferido para o Porto, semErnesto Tonin 1930-2008 pre como ecónomo: de ambas as casas – Porto I (seminário da Boavista) e Porto II (seminário da Portelinha) – no primeiro ano (1970-1971) e, a partir de 1971, apenas deste último. De temperamento cordial, mas um tanto rigoroso e exigente, o P.e Cattaneo, como resulta aliás da abundante correspondência com os sucessivos Superiores Provinciais, não teve vida fácil no Colégio Infante. As vicissitudes do Colégio, nessa segunda metade da década de sessenta, também não eram serenas; andava-se à procura de uma sua definição – internato/externato, co-educação e localização definitiva – e de uma sua auto-suficiência económica, então não fácil de obter e assegurar.

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Também no Seminário Missionário Padre Dehon, onde em 1973 passou de Igreja de São Tiago em Trouxemil, Coimbra, onde o P.e Ernesto trabalhou de 1962 a 1974. ecónomo a supee rior, o P. Cattaneo teve vida difícil. A história desse seminário menor, a nível sobretudo de equipa formadora, conheceu, nesses Seminário Missionário Padre Dehon, anos, momentos onde o P.e Cattaneo trabalhou de 1970 a 1971. de tensão e de crise, acabando por saírem dois sacerdotes que a compunham – os padres Saturnino Quintal e Manuel Mesquita – e, poucos anos depois do regresso do P.e Cattaneo à Itália, também sairia o ecónomo, Irmão Sabino. Para o temperamento do P.e Cattaneo e seu método de governo e animação, as circunstâncias foram dolorosas, levando-o a desanimar; várias vezes, de facto, apresentará a renúncia ao cargo, por se considerar o pomo da discórdia; manteve-se nele por insistência superior, obediência e sentido do dever. Quando, porém terminará o triénio do superiorato, insiste numa pausa “sabática”, que lhe é concedida em Paris, onde tenta atualizar-se e aperfeiçoar-se na língua francesa. A sua insistência nesse aperfeiçoamento, bem patente na referida correspondência epistolar, com justificações e argumentações, bem revelam a sua personalidade obediente, mas franca e persistente. Na estadia em Paris, sofre com o seu futuro; o Superior Provincial insiste para que, uma vez terminada a reciclagem, regresse à Província, abrindo-lhe um leque de hipóteses, que porém não lhe agradam, por considerá-las limitadas. Talvez os dissabores por que passara no Colégio Infante e no Seminário Missionário Padre Dehon, pesassem negativamente na sua decisão. Regressará a Portugal no verão de 1978, sendo colocado na igreja italiana do Loreto, mas a monotonia sobretudo dos dias de semana, e a falta de entusiasmo levá-lo-ão a insistir no seu regresso definitivo à Itália, que tem lugar no verão seguinte. De 1979 a 1981 fará parte da comunidade do Escolasticado de Bolonha. Em 1982 será transferido para Bolognano, casa-enfermaria da Província, onde novamente exercerá o cargo de ecónomo; em 1984 é colocado na Casa Papa Giovanni [Papa João XXIII] de Palágano, sempre como ecónomo e pároco da vizinha paróquia de Savoniero. A 20 de janeiro de 1986, o P.e António Cattaneo, sentindo-se cansado e com momentos de amnésia, vai passar uns dias de descanso em família. A 24, é internado num hospital de Bérgamo, por problemas de pressão arterial e de diabetes; no dia seguinte, é transferido para o Hospital Maior da cidade; a 26, a situação pioraria, seguida de uma trombose e paralisia com entrada em coma irreversível. A 28 do mesmo mês, entregaria a sua alma ao Criador, terminando, assim, a sua carreira terrena. Foi sepultado no cemitério da sua freguesia natal, Calusco d’Adda. A imagem que o P.e António Cattaneo nos deixou foi de um misto de cordialidade e exigência, ideal e insatisfação. De carácter forte e persistente, tinha projetos arrojados. Como ecónomo, defendeu a necessidade de uma maior centralização económica da Província, e propugnou pela criação de uma tipografia, eventualmente em Aveiro, que desse aos Dehonianos em Portugal o sucesso editorial dos confrades da Itália do Norte em Bolonha. O projeto chegou a ser considerado a nível de Conselho Provincial, mas não teve concretização, pela conjuntura da Província.

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14 – memórias

da família dehoniana

P.e António Cattaneo (continuação)

Alguns dos que recordam o P.e Cattaneo podem ter dele uma imagem menos serena; o testemunho que dão os que o tiveram como superior no Seminário Missionário Padre Dehon é, porém, o de um homem bom; chamavam-no, na língua que lecionava, o bon père, precisamente pela maneira cordial e bondosa com que tratava os alunos. É também esse o testemunho que lhe deram os confrades da sua última comunidade, a de Palágano. O superior de então, P.e Romano Bendotti, enaltece o “rosto humano e simpático do P.e António Cattaneo”, observando que “o testemunho de quem viveu perto dele alguns anos é unânime: uma pessoa dedicada ao seu ministério sacerdotal, sem pretensões, com muita humildade e empenho”. E acrescenta que “era uma pessoa em quem se podia confiar”. Diz que preparava, também por escrito, as suas homilias; cuidava bem da liturgia; tinha uma predile ção pelos idosos e doentes da paróquia, que frequentemente visitava, e também sabia entreter-se com Studentato delle Missioni, em Bolonha, Itátlia, as crianças. No elogio fúnebre que lhe faz, o onde o P.e Cattaneo trabalhou de 1979 a 1981. e P. Bendotti narra um episódio sugestivo: “uma criança de seis anos, que uma vez por ano se hospedava na nossa casa [Palágano], ao ter conhecimento da morte do padre, pôs-se a chorar, dizendo entre lágrimas. ‘não quero que vá para o céu; quero vê-lo, quando voltar à Casa Papa Giovanni’ ”. Sirvam estes testemunhos de complemento à imagem que o P.e António Cattaneo possa ter-nos deixado, e de homenagem a um dos que contribuíram para reforçar a presença dehoniana em Portugal, embora cedendo ao desejo de regressar à terra e Província de origem, decisão certamente tomada com grande sofrimento, honestidade e desejo de melhor corresponder à própria vocação e missão.

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João Chaves

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da família dehoniana

comunidades – A abertura de uma casa em Aveiro levou à colaboração pastoral na diocese

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A PASTORAL PAROQUIAL DOS DEHONIANOS EM

AVEIRO

A abertura por parte dos Dehonianos de uma Casa em Aveiro, inicialmente como seminário menor e, depois, como noviciado, levou a que os membros da comunidade religiosa se disponibilizassem a colaborar na pastoral da Igreja local, como fora sempre sua tradição.

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16 – comunidades

da família dehoniana

Dehonianos em Aveiro (continuação)

A abertura por parte dos Dehonianos de uma Casa em Aveiro, inicialmente como seminário menor e, depois, como noviciado, levou a que os membros da comunidade Igreja de Santa Cruz – Coimbra religiosa se disponibilizassem a colaborar na pastoral da Igreja local, como fora sempre sua tradição. Diversamente da convenção com a diocese de Coimbra, a autorização do Bispo de Aveiro não estava condicionada a formas de colaboração na pastoral diocesana; a vontade porém de servir a Igreja local levou-os a assumir, primeiro capelanias de lugarejos e, depois, paróquias. Começou-se, assim, por dar colaboração nas vizinhas capelas do Paço e Mataduços, Capela da Azurva Azurva, Quinta do Gato e Taboeira, pertencentes à paróquia de Esgueira, e em Paços da Póvoa, pertencente à de Cacia, para além, obviamente, da ajuda pontual na vizinha igreja paroquial. Nos fins dos anos sessenta, propõe-se a assunção da paróquia de Eixo. O primeiro documento existente no arquivo da Cúria Provincial relativo a tal assunção, remonta ao mês de fevereiro de 1967. Trata-se de uma carta do Superior Provincial ao superior local (Aveiro), dizendo que não tem nada em contrário a que se aceite a paróquia de Eixo, mas sem vincular a Província e o futuro da comunidade; aceitá-la por uns meses, de maneira a poder sair sem ter de garantir substituições. Chegaram a ser apontados nomes de dois padres que poderiam assumir essa paróquia, mas depois, por já estarem empenhados noutros serviços da Província, acabou-se por deixar a hipótese de lado. Só 12 anos mais tarde, volta a pôr-se a proposta. É D. Marcelino, Bispo diocesano, que a faz ao Superior Provincial, em carta de 20 de outubro de 1989: os Carmelitas estão para deixar Eixo; o P.e Constantino, superior local, aceitara ir lá celebrar a missa dominical a partir de novembro desse ano; o Bispo agora pedia que a comunidade assumisse a paróquia, mesmo temporariamente e na figura jurídica do administrador paroquial. O Superior Provincial da altura, P.e Fernando Gonçalves, consultou em mérito a comunidade, que se mostrou disponível, em consideração de algumas circunstâncias: o novo pároco de Esgueira eliminara as capelanias, ficando a comunidade religiosa do Noviciado sem empenhos pastorais regulares; assim, concentrar-se-iam forças num serviço fixo, concreto e independente; dar-se-ia resposta a uma real necessidade da Diocese e abrir-se-ia caminho à pastoral vocacional dehoniana, integrada na diocesana, uma vez que se atuaria num território próprio. A 31 de outubro desse ano, D. Marcelino nomeava o P.e Constantino Administrador Paroquial da paróquia de Santo Isidoro de Eixo e, a 29 de novembro, o Superior Provincial informava a Província sobre a novidade: assunção a título excepcional, como Igreja de Eixo empenho apostólico da comunidade do Noviciado, e provisória – até ao verão de 1992 – e sem prejuízo da missão do Noviciado. A 15 de dezembro, o P.e Constantino era nomeado pelo Bispo diocesano pároco de Eixo e os padres Santos e Sérgio, membros da comunidade, vigários paroquiais. Na iminência de o P.e Constantino deixar de ser superior do Noviciado e, portanto, ser transferido de Aveiro, os paroquianos fazem um abaixo-assinado, em abril de 1992, a pedir ao Superior Provincial que tal Capela da Sr.ª da Graça – Eixo não aconteça. O P.e Constantino agradara à comunidade paroquial,

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sendo por esta considerado “o homem certo no momento certo”. Acabará por permanecer nos cargos de superior local e pároco por mais um triénio, vindo a ser sucessivamente substituído pelos padres João de Freitas Nóbrega (1995-2001), António Tomás Correia (2001-2007), José de Andrade Braga (2007-2010), José Armando Vieira da Silva (2010-2011) e Francisco Manuel Costa (a partir de 2011). A paróquia de Eixo, em termos de população catóCapela da Póvoa lica praticante e de dinamismo pastoral, não exigia muito. Num relatório de 2007, salienta-se que a celebração da Missa estava limitada aos domingos e dias festivos e às quintas e sábados; existia um conselho económico e pastoral “com pouca acção e compromisso”; o grupo de catequistas era “pouco numeroso e sem preparação específica”, o que sopunha uma catequese pouco expressiva; havia, na paróquia, um pequeno grupo de jovens; não era fácil reunir a comunidade para ações de formação; a preparação dos matrimónios era feita a nível arciprestal, estando em franca diminuição o número de batismos e casamentos; havia ministros extraordinários da Comunhão, que, com um grupo de fiéis, visitava periodicamente os enfermos; celebrava-se, também com Adoração, a primeira sexta-feira do mês. Na ação social e caritativa, o relatório fazia presente que algumas coletividades cívicas, de certo modo, dispensavam estruturas paroquiais nessa área; um jardim infantil e um lar de idosos, a funcionar no território da paróquia, também eram de iniciativa privada. A dimensão e atividade da paróquia, bem como a acumulação dos cargos de pároco e superior local, pareciam não permitir um maior dinamismo. No relatório de 2008 aparecem algumas novidades no sentido de uma maior intervenção pastoral: a abertura da igreja nas tardes de domingo, a criação de um boletim paroquial e de um grupo missionário e o propósito de alargar a Adoração a todas as quintas-feiras. No de 2009, reconhecia-se que eram fracas a assiduidade e a frequência sacramentais; sentia-se a necessidade de dinamizar e formar os agentes pastorais, inclusive as duas Irmandades da paróquia: a do Santíssimo e a das Almas; fora criada uma Conferência Vicentina e havia o projeto de restaurar a casa paroquial e criar um centro paroquial. Sendo o P.e José Armando, além de superior local também Mestre de Noviços, era compreensível que a pastoral paroquial se ressentisse dessa acumulação. Com a nomeação do P.e Francisco Costa, o cargo de pároco passava a ser desvinculado do de superior da comunidade religiosa do Noviciado e, portanto, dita pastoral viria a beneficiar. Em 2009, o Bispo da Diocese, D. António Francisco dos Santos, propôs que os Dehonianos assumissem a paróquia de Esgueira, uma das mais dinâmicas e pujantes da Diocese, para além de ser a paróquia a que pertence a Casa do Capela da Póvoa do Paço Noviciado; a proposta chegou a ser considerada, mas, também por razões internas à própria Diocese, não chegou a concretizar-se. Em vez de Esgueira, foi pedida a assunção da também modesta paróquia de Santa Eulália de Eirol, em termos de provisoriedade, assunção que foi aceite no verão de 2011, sendo nomeado seu administrador paroquial o P.e Agostinho Basílio Teixeira Mendes.

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João Chaves

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Igreja de Eirol

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18 – vinde e vereis dos conteúdos

Ele espera-nos nas mais diversas circusntâncias da vida

ELE ESPERA-NOS

“Vinde e vereis”. Bem sabemos que estas palavras foram proferidas por Cristo num contexto determinado. Elas, porém, não estão reféns desse contexto, como não o está nenhuma das outras que alguma vez saíram da boca do Mestre. Podemos legitimamente considerá-las como mensagem permanente d’Aquele que, antes de nos convidar, veio Ele mesmo em pessoa ao nosso encontro. Neste tempo primeiro de Advento e, depois, de Natal, é oportuno e benéfico pensar que Aquele a Quem pedimos que venha, afinal, já veio de facto. Veio para estar sempre connosco, ao nosso alcance, pronto a acolher-nos e, por isso mesmo, repetindo sempre o convite: “Vem!”. Ele espera-nos no sacramento maior, que é sacrifício da nova e eterna aliança, que é presença real do Ressuscitado em corpo, sangue, alma e divindade, que é alimento que sustenta para a vida eterna. Estamos deveras atentos a este apelo, a este “vem”, cujo eco não se extingue nunca? Espera-nos na sua Palavra, mesa sempre posta ao nosso dispor, para saciar as nossas fomes, Palavra de vida eterna que dissipa as trevas da nossa ignorância e das nossas muitas confusões, que rasga horizontes e aponta caminhos a seguir; que alenta e anima a nossa esperança e nos dá razões para viver. Espera-nos na pessoa dos nossos irmãos, de todos, mas especialmente dos mais débeis e desprotegidos com os quais, como bem sabemos, Ele Se identifica. Nunca é demais recordá-lo, não só em tempo de Natal: “Tudo aquilo que fizerdes

a um dos meus irmãos mais pequeninos é a Mim que o fazeis”. E aquelas outras palavras em contexto de juízo final: “Eu tive fome e destes-Me de comer…”. Ou, então, o que Deus queira que não aconteça: “tive fome e não Me destes de comer…”. “Vinde!” “Vem!”. Ele espera-nos nas mais diversas circunstâncias da vida – da nossa, na dos nossos irmãos, na do mundo que é o nosso. Espera-nos atentos, livres, coerentes, solidários, disponíveis. Quantos apelos que parecendo à primeira vista não virem d’Ele, é d’Ele que vêm, afinal! Espera-nos, enfim, no mais íntimo de nós próprios, no reduto sagrado das nossas consciências, onde a sua presença e a sua voz se fazem sentir, sob a forma de remorso que incomoda e amargura a vida, ou de inspiração que sugere as melhores opções e decisões, as melhores atitudes; ou ainda sob a forma de propósitos que podem mudar o rumo da vida de maneira decisiva… Sim, Ele espera-nos. Se Lhe dermos atenção e soubermos de verdade corresponder aos seus “vinde!”, “vem!”, seremos recompensados, porque “veremos”. Garantidamente. É Ele que o assegura: “Vereis”. A experiência ensina-nos que bem precisamos de “ver”, como o cego de Jericó, porque nos caminhos que vamos trilhando são densas as trevas que nos envolvem. Ele – diz-nos S. João – é a luz que veio para dar testemunho da Luz. Neste Advento, neste Natal, Ele diz-nos: Tu que caminhas nas trevas, vem a Mim que sou a Luz e serás iluminado.

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Fernando Ribeiro

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dos conteúdos

onde moras – Cada passo, pessoa ou acontecimento do Advento e do Natal têm algo a dizer-nos

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OLHAR PARA DENTRO

Ao aproximar-se mais um fim de ano, é tempo de darmos graças a Deus pelo ano que termina, por tudo aquilo que aconteceu em nós e em toda a criação de bom. Mas, também pelo que aconteceu de menos bom e que nos ajudou a caminhar para Deus.

É tempo também para pedir perdão ao Senhor, houve coisas nas nossas vidas contrárias à nossa fé, que nos fizeram sentir culpados e tristes. Entreguemos tudo nas mãos do Senhor. Façamos como o Filho Pródigo da parábola (Lc. 15, 11-32), que depois de ter esbanjado tudo, decide regressar à casa paterna e recebe o abraço do Pai com grande festa. Mas, hoje quero também refletir um pouco convosco sobre o tempo de Natal. Época muito importante para nós. Este tempo é preparado pelo Advento, toda a liturgia nos convida a prepararmos os caminhos… olhemos para dentro de nós, que nos diz o nosso coração? Que me pede o Senhor? Acompanhemos Maria nestes dias. A Mulher do SIM, ela que teve a coragem e a graça de ser a mãe do Salvador, peçamos-lhe que nos ensine a responder sim aos apelos constantes que o Senhor nos vai fazendo. O Deus Menino encarnou, veio ao mundo, nasceu há dois mil e doze anos, porque nos ama, veio para nos salvar, entregou a sua vida por nós. Hoje Jesus quer nascer no meu e no teu coração. Preparemo-nos para isso. Corramos ao seu encontro. Façamos como os Pastores que deixaram os seus rebanhos para irem adorar o Menino que acabava de nascer. Perguntemos o que Ele quer de nós neste momento. Ele convida-nos a dar um passo em frente. Como queres viver este Natal? Num momento em que tudo nos fala de crise, que resposta temos a dar como cristãos? A nossa sociedade precisa de gente de esperança. Desejo para todos que este Natal 2012 seja repleto de bênçãos e graças do Céu, que deixemos que o Deus Menino venha habitar nos nossos corações e que a nossa vida seja repleta da vida de Deus. Que o Novo Ano 2013 traga, para todos, muita Paz e Alegria.

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Fátima Pires

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20 – meias doses de saber dos conteúdos

Foram os portugueses que vulgarizaram o nome: “China”

MACAU, A PORTA DA CHINA (II)

Nas diferentes épocas e contextos da história da humanidade sempre ganharam algum destaque pequenos territórios, quase insignificantes, que tiveram funções muito especiais e decisivas. Refiro-me ao que designo como territórios-porta e territórios rampa-de-lançamento. Recordo, entre muitos outros, dois territórios muito conhecidos de nós portugueses que assumiram estas Milagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890) características à luz da função que vieram a desempenhar na época charneira da Modernidade no quadro das viagens marítimas dos Portugueses. O primeiro território descoberto no Oceano Atlântico, o Arquipélago da Madeira no fim da segunda década do século XV veio a desempenhar a função de rampa de lançamento, de porto, de base estratégica para as viagens de descoberta do Novo Mundo. O segundo, situado do no Extremo Oriente, Macau, tornou-se uma espécie de porta de entrada na China e ponto nevrálgico para as transações comerciais que se potenciavam entre Portugal e os povos daquela região extremo-oriental do mundo. Shong Guo Ren, nome próprio do chamado Império do Meio, é o nome originário do país a que hoje chamamos China, nome este vulgarizado pelos portugueses que chegaram a estas paragens e começaram a chamar “chinos” a estes povos de feições diferenciadas dos povos ocidentais. A China, Império do Filho do Céu, título divino dado ao seu imperador, constituía uma civilização milenar muito aperfeiçoada social, técnica e cientificamente suscitando a admiração dos missionários católicos, nomeadamente jesuítas, franciscanos e dominicanos, que se surpreenderam com o desenvolvimento destes povos que tinham muito a ensinar aos ocidentais. Dado o estado de elaboração avançada das culturas chinesas e também da japonesa impôs-se uma barreira de resistência maior aos missionários para levaram a efeito o seu

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programa de evangelização daqueles povos embebidos na religião budista, xintoísta e pela corrente sapiencial envolvente do confucionismo. O confronto com a civilização chinesa e japonesa obrigou os missionários a reverem métodos de cristianização, desenvolvendo um processo de adaptação do Cristianismo que estaria na base da atual metodologia da inculturação missionária. Em particular, os Jesuítas compreenderam desde cedo, sofrendo a incompreensão de muitos dentro da Igreja, que era decisivo estudar bem as línguas e as expressões da cultura e da mentalidade estruturantes daqueles povos antes de anunciar o nome de Cristo. Perceberam que era preciso adaptar o vestuário eclesiástico e vestir-se à maneira dos mandarins

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para ganharem mais credibilidade, entenderam que seria decisivo adequar a arquitetura dos templos cristãos em função dos parâmetros arquitectónicos daqueles povos, que seria importante usar a língua chinesa e as suas categorias conceptuais na liturgia católica e na tradução de verdades teológicas fundamentais de modo a serem entendidos e minimamente aceites entre aqueles povos que tinham uma ideia de superioridade das suas civilizações em relação aos outros povos. Este processo de adaptação deu frutos no século XVII, tendo-se constituído um conjunto de comunidades que atingiram o patamar dos 300 mil fiéis. No entanto, a metodologia avançada na adaptação do Cristianismo gerou um conflito traduzido na famosa questão dos “Ritos Chineses” que veio a interromper o auspicioso processo de expansão cristã na China no final do século de seiscentos. Incompreendidos naquele tempo e sujeitando os cristãos convertidos a uma longa história de clandestinidade, os missionários que usaram a metodologia de adaptação do cristianismo inovadora iriam ajudar a Igreja, muito mais tarde, a reconhecer que este seria a melhor forma de evangelizar os povos desconhecedores da doutrina de Cristo. A metodologia da inculturação que respeitava e não anulava as culturais dos outros povos quando assimilavam a mensagem evangélica acabou por ser consagrada no século XX por Pio XII na encíclica Fidei Donum depois de, em 1939, ter dispensado os missionários jesuítas do juramento que lhe tinha sido imposto de não compaginar o cristianismo com os chamados ritos chineses, entendidos pelos missionários como sendo de natureza social e política. Neste caso como noutros, a Igreja precisou de fazer um longo caminho, muitas vezes dramático e doloroso, para estudar, nos diferentes tempos e contextos culturais, a melhor forma de levar a mensagem em fidelidade ao essencial da doutrina do Evangelho para além do agrilhoamento às roupagens culturais e civilizacionais que muitas vezes o envolvia e o impedia de desabrochar nos meios de povos diferentes com culturas diversas.

O confronto com a civilização chinesa e japonesa obrigou os missionários a reverem métodos de cristianização, desenvolvendo um processo que está na base da atual metodologia da inculturação missionária.

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Eduardo Franco

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22 – pedras vivas dos conteúdos

Felizmente há amor às missões e aos missionários

SABE O QUE PENSEI ESTA NOITE? Estou a começar a escrever estas “Pedras Vivas”, precisamente a um ano de acabar o Ano da Fé, que já começou há mais de um mês. É, portanto, um ano grande, melhor, um ano MAIOR. Verdade! Um Ano da Fé, maior que um ano normal!... Intrigou-me desde o princípio que houvesse um ano maior que um ano, mas logo me lembrei do décimo terceiro mês, para concluir que só poderia ser algo de apetecível. E, ainda por cima, é mais que um ano e mais que um ano e um mês… Só pode ser porque a fé é mesmo muito importante!...

A fé, que é um grande dom que se recebe de Deus, precisa de quem a acolha. Para ser acolhida precisa de ser anunciada. E para ser anunciada precisa de quem a viva, porque só quem a vive se dispõe a anunciá-la. Por isso, os nossos Bispos, em resposta ao apelo do Papa, escreveram uma carta aos católicos portugueses a que deram o título “Para um rosto missionária da Igreja em Portugal”, em que falam da necessidade de se viver a fé e também de a propor a outros. Nesse livro sugerem que cada Diocese tenha um Centro Missionário e cada paróquia um Grupo Missionário, que sirvam para despertar o fervor missionário de toda a Diocese e de toda a Paróquia. Felizmente, muitas paróquias já os têm, ligados quer aos Secretariados Diocesanos das Missões ou às Obras Missionárias Pontifícias, quer aos diversos Institutos Missionários. E há, felizmente, na raiz do povo português, um grande amor às missões e aos missionários, nascido sobretudo da nossa epopeia marítima, quando “por mares nunca dantes navegados” fomos capazes de dilatar a fé e o império… Agora, já não há nenhum império a dilatar e, portanto a fé já não pode ir atrelada. Que fazer, então? Dizer que a fé já não faz sentido? Deixar as coisas correrem até que se extingam por si próprias? Ou não será mais sensato, agora que está liberta de tudo isso, lançarmo-nos, em comunhão com toda a Igreja, a propô-la como algo de belo, de que a humanidade tanto precisa?

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Porque estou convencido que é por aí que se vai bem, há muito que o tento fazer, na alegria da fé que me comunicaram e em que cresci, até que a assumi como o cerne da minha vida. E cerne, com o sentido que lhe deu Torga, de ser o que a árvore é no centro, por dentro, mesmo quando a árvore só se vê por fora. Porque a fé é intimidade e interioridade, também porque “só por dentro das coisas é que as coisas são”, como lembra Antoine de Saint Exupéry.

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Também por isso nas Pedras Vivas de Novembro falei de uma Paróquia, a de Tabuado, no Marco de Canaveses, e de uma nova animadora do grupo missionário que lá existe. E terminava dizendo: “Outras animadoras virão, confio, porque Santa Teresinha já meteu mão nisto!”. Confio, disse, e tinha fé para isso. Com efeito, uns dias depois já uma outra senhora, a Maria da Conceição, colega da Emília Rosa no grupo coral, se ofereceu para a mesma missão. Só faltavam animadoras missionárias em Tabuado? Antes fosse! Há falta delas em todos os grupos, mas, como eu dizia, Santa Teresinha já meteu mãos nisto pelo que irão aparecendo também noutras terras e noutros grupos…

Em Vilela, de Paredes, existe um dos mais antigos grupos missionários ligados aos dehonianos. Também lá é preciso um VIGOROSO RECOMEÇO. Já falei nisso a Santa Teresinha. E ela? Já está também a fazer lá, o que sempre fez com mais vontade: AJUDAR AS MISSÕES. Senão, repare: A Rosalina é a animadora número um. Idosa e doente, há muito que me vinha a dizer que teria que deixar. Aqui há dias chamou-me lá a casa e frente a frente, porque ela já ouve mais com os olhos que com os ouvidos, disse-me, muito triste: A minha missão acabou. NÃO POSSO MAIS. Queria tanto poder continuar a trabalhar pelas missões!... Peço desculpa, mas NÃO POSSO MAIS! E como que ainda a convencer-se a si mesma, repetiu mais duas ou três vezes: NÃO POSSO MAIS, NÃO POSSO MAIS… E ficou a chorar. Dei-lhe um abraço, que quisera fosse tão grande como o amor que ela tem pelas missões, e disse-lhe: Deixa de fazer algum serviço de animação missionária, mas tem que me prometer que continua a ser MISSIONÁRIA, como Santa Teresinha. Por isso lhe vai pedir, em seu nome e em meu nome também, mas sobretudo em nome das pessoas que até agora ajudava com a sua ação missionária, que arranje alguém que a substitua. Prometeu e eu vim descansado. Teresinha mandaria alguém substituí-la… No dia seguinte, atendi uma chamada. – Sou a Cidália, de Vilela. Este ano não pude fazer muito nas festas das missões, mas continuo a ser amiga das missões. E sabe o que pensei esta noite? – Sei! – respondi, prontamente. – Que se vai oferecer para ser Animadora Missionária! – Ui! Mas como é que soube, se eu ainda não disse a ninguém?!... – Sei, porque sei. Também sonhei… E logo lhe disse para ir ter com a Rosalina, que ela lhe diria porque é que eu sabia. E que lhe agradecesse em meu nome, por ter cumprido o que me prometeu…

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António Augusto

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24 – eclesialidade dos conteúdos

Jovens, mundo promissor da Nova Evangelização

SÍNODO DOS BISPOS, AOS JOVENS Os Bispos do Sínodo sobre a Evangelização, que decorreu em Roma, em outubro, na sua Mensagem ao Povo de Deus, à qual já demos destaque na edição do mês passado, dirigiramse diretamente aos jovens no número 9 dessa mesma Mensagem. Transcrevemos aqui esse número para os que ainda não tiveram oportunidade de ler.

9. Para que os jovens possam encontrar-se com Cristo Os jovens são particularmente queridos para nós, porque eles, que são uma parte significativa da humanidade e da Igreja de hoje, são também o seu futuro. Com relação a eles, os bispos estão longe de ser pessimistas. Questionadores sim, mas não pessimistas. Estamos preocupados porque os ataques mais agressivos do nosso tempo acontecer a convergem precisamente sobre eles. Não somos, no entanto, pessimistas, acima de tudo, porque o que se move nas profundezas da história é o amor de Cristo, mas também porque sentimos nos jovens aspirações profundas de autenticidade, de verdade, de liberdade, de generosidade, e porque estamos convencidos de que a resposta adequada é Cristo. Queremos apoiá-los na sua busca e nós encorajamos as nossas comunidades para ouvir, dialogar e responder com audácia e sem reservas à difícil situação da juventude. Queremos aproveitar as nossas comunidades, não para reprimir o poder do seu entusiasmo, mas para lutar por eles contra as falácias e empreendimentos egoístas dos poderes do mundo que, para sua própria vantagem, procuram dissipar as energias e perder a paixão dos jovens, tirando-lhes a grata memória do passado e toda a visão profunda do futuro. O mundo dos jovens é um campo exigente, mas também particularmente promissor da Nova Evangelização. Isto é demonstrado por muitas experiências, daquelas que atraem muitos deles como as Jornadas Mundiais da Juventude, como as mais escondidas – mas, no entanto poderosas – como as diferentes experiências de serviço, espiritualidade e missão. Tem que ser reconhecido o papel ativo dos jovens em primeiro lugar na evangelização do seu próprio mundo.

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palavra de vida – Abrir-se à novidade do Deus encarnado

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VIVER O ADVENTO PARA PREPARAR O NATAL Envolvidos pelo ambiente que nos rodeia, podemos ser tentados a “queimar etapas”. As luzes já penduradas e os efeitos cintilantes por tudo quanto é sítio podem levar-nos a crer que já é Natal. Felizmente que a Palavra de Deus está aí para nos recordar que é tempo de preparar caminhos e corações para acolher o Deus que vem visitar-nos. O evangelho do 3º Domingo de Advento (Lc 3, 10-18) pode servir-nos de mote à preparação para acolher o mistério da Encarnação de Deus.

Que devemos fazer? João Batista andava a anunciar a vinda do Messias e a fazer passar as gentes por um batismo de penitência e de conversão. As multidões vêm ao seu encontro, tentam responder aos apelos de João e desejam saber o que devem fazer para estar prontos a acolher esse Messias anunciado. Mais do que convidar o povo a submeter-se a um simples ritual de purificação, igual a tantos outros, João apela a uma verdadeira conversão, a uma mudança de vida, a uma transformação profunda do coração. Os apelos de João vão no sentido da caridade, da partilha, da justiça e da paz: esses são os únicos caminhos que podem levar ao acolhimento da Boa Nova da redenção que está próxima. Batizados no Espírito Santo e no fogo João anuncia a chegada de um Messias que não vem apenas cumprir rituais exteriores de pertença a este ou aquele grupo, mas que vem para renovar, transformar, tornar novas todas as coisas. Ser batizados no Espírito Santo e no fogo é receber a vida nova de Deus e deixarse transformar pelo fogo que tudo purifica e renova. Celebrar o Natal é abrir-se a esta novidade do Deus encarnado que nos concede o dom do Espírito e nos purifica de tudo o que possa impedir de viver a comunhão e o amor a Deus e aos irmãos. Possam as luzes e luzinhas de mil e uma cores e feitios significar este fogo que arde e esta Luz que brilha desde o Presépio de Belém, num abraço de Amor e Paz a toda a Humanidade. Um Santo e Feliz Natal a todos, especialmente às famílias que passam por maiores dificuldades e carências, devido ao desemprego e à crise instalada. Que o Deus Menino a todos ilumine e conceda dias de renovada esperança.

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José Agostinho Sousa

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26 – leituras

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Muitas vezes sem recursos legais para a defender...

AS MULHERES E O DESENVOLVIMENTO HUMANO Este livro de Martha Nussbaum recebeu o Prémio Príncipe das Asturias (Espanha) de Ciências Sociais em 2012.

Martha Nussbaum é uma pensadora americana que tem publicado reflexões atuais sobre a ética, a justiça, a mulher, lecionando em Harvard e Chicago. Entre os seus livros fundamentais, destacam-se: as fronteiras da justiça (2007), Sem fins de lucro (2010), liberdade de consciência (2011) e criar capacidades (2012) É verdade que posso ter sido influenciado por vários alunos de doutoramento que estão a trabalhar a temática da mulher em vários domínios. No entanto, o mês de Dezembro é um mês do sentimento, do choro, das lágrimas… Porque não dizer que é o mês da mulher? Não há filho sem mãe. Se é p mês de Jesus Cristo, também é o mês da mãe de Jesus Cristo. É o mês da mulher… Há ainda uma outra autora americana que tem versado muito sobre esta temática da mulher (Carol Gilligan). Este livro intitula-se as mulheres e o desenvolvimento humano. Centra-se nas capacidades humanas como base para os princípios políticos fundamentais. Em 1997 deslocou-se à India para verificar as condições da mulher, de modo que o seu livro não fosse abstrato, mas concreto. Por isso, escutou o testemunho de muitas mulheres. Queria entender melhor os projetos de desenvolvimento da mulher. Então, lá foi tirando algumas conclusões em que a mulher carece de apoio em funções fundamentais da vida humana na maior parte dos países do mundo. É mais prejudicada na alimentação do que os homens, tem um nível inferior de saúde, é mais vulnerável à violência física e aos abusos sexuais. Tem um índice de analfabetismo maior do que o dos homens. Não possuem como os homens tanta educação profissional e técnica. Se ingressam no mundo do trabalho, enfrentam obstáculos maiores, incluindo intimidação por parte da família do esposo, discriminação por ser mulher e assédio sexual no lugar do trabalho. Muitas vezes, não têm recursos legais para se defender. Muitas vezes não podem participar na vida política ativa. Em muitos países, as mulheres não têm os mesmos direitos que os homens (associação, mobilidade e liberdade religiosa).

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Muitas vezes, estão sobrecarregadas com jornada dupla: exigências do emprego e responsabilidades da casa, assim como falta de jogos par as crianças o que impede o cultivo das faculdades imaginativas e cognitivas. Assim, há muitas desigualdades sociais e políticas em relação às mulheres. Estas não são consideradas como um fim em si mesmas, como pessoas com uma dignidade que merece respeito por parte da lei e da instituição. São consideradas como meros instrumentos para o fim de outros: reprodutoras, encarregadas de cuidados, pontos de descarga sexual, agentes da propriedade geral das famílias. Neste sentido, a mulher é vista como um mero valor instrumental. Os sogros vêem nela uma mera ajudante de um filho querido, um meio para ter netos, sobretudo homens. É uma trabalhadora para se obter mais dinheiro. Um dia no num aeroporto de um país lusófono, um senhor de uma loja de roupas dizia-me: – Não quer comprar nada para levar para as suas esposas? Eu reagi: – Esposas? – Sim. Esposas. Porque com esta loja de panos e de indumentária, não posso ter só uma mulher. Tenho que ter três mulheres a trabalhar para ter aqui na loja produtos suficientes para os clientes. Se o esposo morre primeiro que a mulher, é um problema, já que a viuvez é considerada por alguns como uma maldição. Em síntese as mulheres carecem de apoio essencial para levarem uma vida plenamente humana. Este livro apresenta quatro excelentes capítulos. Numa introdução situa este trabalho na Índia e aponta a sua colaboração com o nobel da Economia Amartya Sen. O primeiro capítulo apresenta as capacidades e os direitos humanos num enquadramento dos valores universais. O segundo capítulo descreve preferências adaptativas e as opções das mulheres. O terceiro capítulo aponta o papel da religião em todo este processo de desenvolvimento. O quarto e último capítulo intitulado amor, cuidados e dignidade, enquadra a mulher na família.

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Adérito Barbosa

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– recortes – sobre a bíbliadehonianos 28 08 dos conteúdos

A fé é uma abertura de novas perspetivas sobre a vida

BATISMO na vida de Jesus, a vida dos homens Na noite de Natal, proclama-se um texto de Isaías: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar” (Is 9,1). É clara a interpretação cristológica deste texto: é Jesus Cristo, nascido no coração da noite escura, a luz que brilha para aqueles que, tocados pela bondade de Deus, o querem receber. Assim lerá o prólogo do Quarto Evangelho: “O Verbo era a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todos ilumina” (Jo 1,9). No contexto do Ano da Fé, pode ler-se, ainda em perspetiva cristológica, esta mesma luz; no entanto, a luz é, agora, mais abrangente ainda, é Jesus Cristo e a fé, qual relação nova, instituída por Jesus, entre os crentes e o Pai – que nunca ninguém viu, mas que Ele, Jesus, veio revelar (cf. Jo 1,18).

Vê-se claramente que a fé é uma abertura de novas perspetivas sobre a vida; mais ainda se voltarmos ao binómio donde partíramos, das trevas – em que o povo de Isaías andava – para a luz – como perspetiva de vida. Poderíamos falar desta passagem como passagem para a novidade, instaurada em Jesus Cristo. O motivo desta reflexão, em contexto de Ano da Fé, é o tratamento da realidade batismal, no pensamento paulino. No epistolário do Apóstolo Paulo, o batismo é tratado precisamente nesta ótica de um novo nascimento, se quisermos, de uma passagem para a vida nova, instaurada em Jesus Cristo. Paulo não o fará, contudo, a partir do mistério do Natal, mas a partir da realidade pascal de Jesus, donde deriva toda a mensagem teológica cristã e, portanto, também a reflexão natalícia. Se lermos os textos de Paulo, em que se emprega o vocabulário do campo semântico do batismo, facilmente nos daremos conta que Paulo é um enamorado desta mesma passagem: da morte para a vida, do pecado (qual perspetiva de escuridão e de morte) para a graça e para a vida nova (como grande manifestação da luz). Haverá que deixar claro que, na liturgia antiga, o batismo é feito normalmente por imersão, constituído por um atravessar da piscina batismal, a indicar precisamente que, com o lugar que se deixa para se dirigir para a outra margem da piscina, se deixa para trás a vida passada, a vida sem Cristo, sem a fé, e portanto sem a luz, de quem habitava nas sombras da morte, como referia o texto de Isaías. A este respeito, é bem lúcido o texto paulino: “O homem velho que havia em nós foi crucificado com Ele, para que fosse destruído o corpo pertencente ao pecado” (Rm 6,6). A este ponto, Paulo introduz outra questão, a da liberdade. Se aquele que é batizado estava nas sombras da morte, porque no pecado (cf. Rm 6,23, para compreender a relação entre morte e pecado), ao receber o batismo, é resgatado da escravidão desse mesmo pecado, o que levará Paulo a afirmar, em Rm 8,2: “A lei do Espírito que dá a vida libertou-te, em Cristo Jesus, da lei do pecado e da morte”.

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Da realidade pascal de Jesus deriva toda a mensagem teológica cristã e também a reflexão natalícia.

Se muito poderia ainda ser dito sobre esta passagem da morte à vida, a verdade é que uma outra realidade bem cristológica ilumina o batismo e faz-nos compreender melhor o que ele significa. O capítulo 6, da Carta aos Romanos, que nos serve de base a esta reflexão, é todo ele construído numa analogia entre a sorte de Cristo e a sorte do crente que recebe o batismo: se Cristo, por esta ordem, morreu, foi sepultado e ressuscitou, também o crente faz este mesmo percurso ao ser batizado – em Rm 6, se os vers. 5 e 8 falam claramente da identificação com Cristo na morte (que já vimos ser morte para o pecado) e na esperança da ressurreição, o v. 4 tinha afirmado a correspondência entre a sepultura de Cristo e o momento do batismo para o crente. Com efeito, aquilo que professamos fielmente acerca de Jesus Cristo, isto é, que “na morte que teve, morreu para o pecado de uma vez para sempre, e, na vida que tem, vive para Deus”, é também realidade para o crente, na exortação de Paulo: “Assim vós também: considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6,10-11).

Tudo isto traz consequências: “O pecado não reine mais no vosso corpo mortal, de tal modo que obedeçais às suas paixões”, e “entregai-vos a Deus, como vivos de entre os mortos, e entregai os vossos membros, como armas da justiça, ao serviço de Deus” (Rm 6,12.14). A consequência é a concretização do que havia significado esta identificação com Jesus Cristo, na sua existência: também o cristão, na sua existência concreta, deve viver de acordo com a vida e a mensagem de Jesus Cristo, pelas quais – na morte do mesmo Cristo – o crente, pelo batismo foi trazido para a salvação, que se diz aqui pela palavra liberdade. Aproveitemos, então, da celebração do nascimento de Jesus Cristo para dar lugar também ao nosso novo nascimento, para deixar que a vida de Cristo seja vida em nós e, sobretudo, para um compromisso renovado de viver livres do pecado e ao serviço de Deus.

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Ricardo Freire

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30 – reflexo

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Natal deve ser uma busca constante do verdadeiro Jesus

O QUE OFERECER Sabias que:

Estamos a chegar ao Natal. Apesar da crise já vemos iluminações, se bem que muito menos que noutros tempos não tão longínquos, assim como montras preparadas para nos motivar à correria das compras para as prendas. Acredito que com a consciencialização das dificuldades que todos vamos sentindo, as compras de Natal serão menos, o que pode colocar um problema para viver o Natal. Isto, porque se fizermos uma sondagem de opinião, basta àqueles com quem convivemos mais, iremos ter como resultado que o que hoje mais se “nota” no Natal é o pai-natal e as prendas. Mas como poderá haver Natal sem pai-natal e prendas? Por mais que nos inquiete a verdade é que o natal, como celebração do nascimento de Jesus, vai caindo no esquecimento e em paralelo cresce a influência consumista desta quadra, de tal modo que o natal, para muitos quase se resume a uma reunião de família para a troca de prendas. O Natal é Natal porque celebra o nascimento de Jesus. As luzes, os enfeites de Natal, a azáfama das compras, são importantes mas não podem esconder o verdadeiro sentido do Natal. É Natal porque Jesus nasceu. É Natal porque num ato maravilhoso de amor Deus assumiu a condição humana. Olhando para os evangelhos vemos que nos relatam o acontecimento do nascimento de Jesus. Jesus surge como o Messias, o Filho de Deus, o Emanuel Deus connosco. Jesus é Filho de Deus, veio ao mundo assumindo a forma humana, sendo perfeito Deus e perfeito homem. Em Jesus cumprem-se as promessas do antigo testamento. É por tudo isto que celebramos o Natal. As tradições vão-se perdendo com o tempo. É importante contemplar o presépio, é aí que somos convidados a uma constante adoração ao verdadeiro Jesus, que vive e reina para todo o sempre. Ao ir à igreja na noite, ou dia de Natal não o fazer por um hábito, ou por mero costume, ou para ver alguém, mas para adorar a Jesus Menino. O Natal é, portanto, exatamente isso: uma busca constante do verdadeiro Jesus.

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Por um lado o mundo leva-nos a olhar o lado festivo “pagão”, por outro somos convidados a contemplar este Menino que veio para nos trazer a mensagem de Deus. Não podemos cair na tentação de pensar que uma forma destas é boa e outra má. É possível viver o Natal em sentido cristão, sem deixar as prendas, as iluminações e os enfeites. Não é difícil, basta para isso que alguns elementos não sejam esquecidos e que mostrem a verdadeira razão do Natal, que é, como já se disse o nascimento de Jesus. Prepara um lugar para o Presépio, não um canto lá de casa mas um lugar de reunião, bem visível e presente da vida de casa. Dar destaque ao nascimento de Jesus, usando aquilo que nos fala de Jesus. As nossas prendas mais do que seguir modas, serem se possível elaboradas por nós e de acordo com os gostos e necessidades daqueles a quem queremos oferecer. Promover a partilha em sentido cristão. Dar expressão à unidade familiar, fazer que as festividades do natal sejam mesmo uma festa de família, que se reúne para celebrar o nascimento de Jesus. Assim, não se esqueçam que o Natal não se resume a bonitas decorações e a presentes, pois a sua essência é o festejo do nascimento d’Aquele que deu a Sua vida por nós, Jesus Cristo. Que no Natal possamos celebrar com grande alegria a promessa do Emanuel, o Deus connosco, Jesus Cristo, e recordar toda a sua obra de salvação. Que nesses momentos de festa os nossos pensamentos dirijam-se para a mensagem de Jesus, com sentimentos de paz, harmonia, alegria e comunhão. Este é o convite para celebrarmos o verdadeiro sentido do Natal. Há um ano atrás o Papa Bento XVI dizia na missa da noite de Natal que: “hoje, o Natal tornou-se uma festa dos negócios”, convidando a “olhar para além das fachadas lampejantes deste tempo, a fim de podermos encontrar o menino no estábulo de Belém e, assim, descobrimos a autêntica alegria e a verdadeira luz”. Que seja este o nosso propósito.

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NESTE NATAL? A Palavra de Deus diz: Lc 2, 1-14. Como o refere Bento XVI, no seu recente livro sobre a vida de Jesus, S. Lucas pretende mostrar que este nascimento não é um mito, uma fábula a juntar a tantas outras que conhecemos, mas um acontecimento real e concreto. No nascimento de Jesus aparece a lógica de Deus. Este trecho do evangelho mostra um Deus que escolhe a pobreza e a fraqueza, ensina-nos a não acreditar na lógica do poder, da força e da riqueza.

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Lê com calma a passagem do evangelho. Porque Deus quis que assim fosse? O que é o Natal para ti? O que pensas oferecer neste Natal? Faz uma oração a Deus

Tenho de: Jesus é a Luz que veio ao mundo para nos iluminar e conduzir pelos caminhos da vida. Com Ele teve inicio uma nova era para a humanidade, crentes e não crentes estão marcados pela sua passagem pelo mundo. Ao contemplar o Presépio ninguém pode ficar indiferente. Será que já compreendemos a mensagem daquele menino deitado na manjedoura? Procura viver este Natal com Jesus. Faz uma prenda para Jesus.

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Feliciano Garcês

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32 – sobre a fé dos conteúdos

Somos incorporados à Igreja, Corpo de Cristo

O BATISMO CRISTÃO

Na Carta Apostólica com a qual convoca a Igreja para o Ano da Fé, o Papa Bento XVI, recorda que a fé celebrada, alcança a sua expressão máxima na celebração dos sacramentos, de modo particular, do batismo, sacramento da fé. Na verdade, o sinal batismal é antecedido pela fé: por um lado, como adesão, acolhimento, resposta livre e obediência instruída e esclarecida, por outro, como sinal que exige a fé, entendida como disposição necessária para que se realize o sacramento e seja concedida, assim, a graça.

Na perspetiva de S. Paulo, o batismo, esse banho purificador, é um acontecimento salvífico que nos une a Cristo, tornando-nos participantes do seu mistério pascal: morte, sepultura e ressurreição, que se atualiza em nós mesmos. Além disso, o batismo acontece no Espírito Santo, Espírito que nos santifica, tornando-nos espirituais, em homens que vivem e caminham segundo o Espírito de Deus. Numa palavra, chamamo-nos “cristãos”, porque vivemos em Cristo e reconhecemos que Cristo vive em nós (Cf. Gl 2,20). Por fim, na sua ótica, o batismo incorporanos à Igreja, Corpo de Cristo, que nos empenha na sua edificação e na extensão do reino de Cristo, como testemunhas e ministros do Evangelho. Nesta ordem de ideias, é importante olharmos também para o testemunho do quarto evangelho. O evangelista S. João ao catequizar-nos sobre este sacramento, comparanos a ramos na videira, sendo esta o próprio Cristo, que o Pai “plantou” no mundo; e haurimos o seu Espírito, como seiva que não nos deixa secar (Cf. Jo 15). Por isso mesmo a nossa existência é sacramental e eclesial, ou seja vive da graça de Cristo nos momentos que se sucedem, dentro do “sacramento” básico que é a Igreja, como Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo. Na verdade, como defende S. Tomás de Aquino, os sacramentos tocam todas as etapas e momentos da vida cristã. (Cf. Compêndio, 250).

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O Batismo como iluminação Nos primeiros séculos do2 cristianismo, os Padres da Igreja, refletem e explicam abundantemente o sacramento do batismo, servindo-se das imagens e sugestões da Sagrada Escritura. Por exemplo, ao batismo chamam de banho da regeneração, da renovação no Espírito Santo e de ‘iluminação’, porque o batizado torna-se ‘filho da luz’. Consideremos, por agora, esta tipologia, a do batismo como iluminação.

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Na Escritura a luz é um conceito muito importante e, assemelha-se ao conceito e ao significado de vida. E é neste sentido que as primeiras comunidades cristãs entendiam o batismo. É o sacramento que dá vida, que dá sentido, luz,… anulando com a sua claridade e intensidade as trevas, aclarando as consciências e esclarecendo as mentes sobre a vontade de Deus e sobre o sentido da vida, como atualmente se diz. É por isso que a primitiva catequese batismal e litúrgica apresenta o exemplo do episódio da cura do cego de nascença para explicar, precisamente, os efeitos do sinal batismal (Cf. Jo 9,1-40): obedecendo à ordem de Jesus, o cego banha-se na piscina de Siloé, abre-se à luz e começa a ser ele mesmo, a reconhecer-se tal como é, a dar um salto e a projetar-se para a frente, para um caminhar renovado, iluminado pela presença de Cristo, que é Caminho, Verdade e Vida. É neste sentido que, a nosso ver, deve ser entendida a afirmação paulina (que pode ser considerada como um fragmento de um hino batismal): “desperta tu que dormes, levanta-te da morte e Cristo te iluminará” (Ef 5,14). O tema do batismo como iluminação é uma das caracterizações batismais mais importantes e constantes em quase todos os escritores da Igreja antiga, sobretudo dos Padres orientais. Para a sensibilidade teológica oriental e na sua ótica a designação de batismo como iluminação é fundamental. A seu entender, com o batismo o espírito e a mente são iluminados pela fé e pela luz vitoriosa de Cristo, que com o seu Espírito (que é não apenas fogo, mas também luz) toma conta de todo ser criado, que foi agora resgatado, dignificado e deificado pela redenção de Cristo. Com o Batismo - onde o Espírito Santo tem um “papel” essencial - o crente atinge aquela compreensão profunda, inteligente e esclarecida da verdade

sobre si mesmo e mais ainda da revelação de Deus, que o dispõe a compreender e a aceitar a nova e suave lei de Jesus (a nova doutrina, o evangelho) como caminho de sabedoria e de felicidade. Um dos autores que mais valoriza esta dimensão batismal é Clemente de Alexandria. Diz-nos ele: “batizados, nós somos iluminados; iluminados tornámo-nos filhos; filhos tornámo-nos perfeitos; perfeitos, recebemos a imortalidade. O batismo é iluminação, na qual nós contemplamos a bela e santa luz da salvação, isto é, pela qual nós penetramos com o olhar o divino” (Cf. Pedagogo I,6,26,3). Em suma, o batismo é chamado “iluminação” e os recém-batizados, de “neófitos”, isto é, iluminados. São iluminados porque foram introduzidos na vida (cujo símbolo é a luz) e no conhecimento das verdades eternas, só acessível aos humildes e aos que anseiam por crescer e progredir no conhecimento destas e doutras verdades. Neste sentido, não deixa de ser surpreendente a felicitação dirigida àqueles que acabavam de receber o batismo: “que a iluminação batismal inunde os vossos olhos, o vosso olfato e todo o vosso corpo” (S. Gregório Nazianzeno, Cf. Oratio 40, 33). Um outro testemunho eloquente é o de S. Gregório de Nazianzeno (séc. IV). Segundo este autor, o dia do batismo é denominado de “festa das luzes” e o termo iluminação parece resumir todas as outras designações e toda a doutrina batismal. Na verdade, para este Padre da Igreja, o termo luz permite-lhe afirmar que o batismo é fonte, é porta,… ponto de partida da fé, entendida como caminho ascensional, como ascensão espiritual que culminará na contemplação de Deus. Por fim, é de notar que, para estes autores cristãos, esta iluminação não tem um carácter puramente intelectual ou doutrinal: a fé, isto é, o batismo é um compromisso que transforma todos os estados da vida, quer o estado de virgindade quer o de casamento, quer a vida interior como a vida cívica e política. Sendo toda a existência um progredir na fé, a iluminação batismal reclama e implica também uma progressiva “purificação” que deve perpassar toda a vida, cujo fim último é Deus e a nossa divinização.

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Nélio Gouveia

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34 – outro ângulo do mundo

Os Institutos Relkigiosos e as Sociedades de Vida Apostólica avaliam e programam De 19 a 21 de novembro de 2012, em Fátima, reuniu-se em 15.ª Assembleia Geral, com a participação dos Superiores e Superioras Maiores de quase todos os Institutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólica, e dos Secretariados Regionais e Comissões Nacionais. Foram ainda convidados a participar no dia de formação outros membros dos Institutos.

CIRP EM ASSEMBLEIA GERAL A Assembleia acolheu a partilha dos relatórios das seis Comissões Nacionais (Pastoral Vocacional, Formação Inicial, Justiça e Paz, Apoio às Vítimas de Tráfico de Pessoas, Revista “Vida Consagrada”, Semanas de Estudo) e dos Secretariados Regionais. Avaliou-se o caminho percorrido em conjunto e apresentaram-se as atividades do próximo ano. De salientar a vitalidade, a diversidade e a criatividade das ações, a maior parte em sentido formativo, e a participação na vida das dioceses. D. Manuel Clemente lançou alguns desafios do Sínodo à Vida Consagrada, sobretudo no que se afirma no nº 7 da Mensagem que dirigiu ao Povo de Deus. A nova evangelização, na senda dos grandes marcos evangelizadores ao longo da história, procura anunciar o Evangelho de sempre na indesmentível novidade das atuais circunstâncias. Os consagrados e consagradas são chamados a testemunhar com qualidade a novidade cristã na radicalidade do encontro total das suas vidas com Cristo, iluminando as realidades concretas da sociedade com o sentido definitivo da vida. O Prof. Alfredo Teixeira, da Universidade Católica, ao apresentar os resultados do Inquérito promovido pela CEP em 2011-2012, sobre “Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas”, desenvolveu algumas incidências pastorais: o movimento crescente de não pertença a uma religião; as significativas diferenças regionais dos católicos, que implicam ações pastorais diversificadas.

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A Assembleia abordou ainda outros assuntos relacionados com a vida da CIRP: aprovação da ata da assembleia anterior; apresentação dos novos Superiores e Superioras Maiores e acontecimentos significativos da vida dos Institutos; proposta da Semana do Consagrado, de 27 de janeiro a 3 de fevereiro de 2013, sobre o tema “Peregrinos na fé, apóstolos na evangelização do mundo”; programa da Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada, de 9 a 12 de fevereiro, sobre o tema “Fé e Vida Consagrada – Renovação para a nova evangelização”; apoios a propostas e causas dos Institutos; aprovação da mudança de sede e do orçamento para 2013. Foram ainda recordadas as datas das próximas Assembleias Gerais em 2013: 29-30 de abril e 18-20 de novembro. Os Superiores e Superioras Maiores tomaram ainda nota das prioridades da CIRP até 2014, segundo sondagem realizada na última assembleia de maio, e partilharam iniciativas para celebrar e viver o Ano da Fé e o Cinquentenário do Concílio Vaticano II. Finalmente, a Assembleia acolheu com muito agrado o concretizado início da página oficial da CIRP na Internet (www.cirp.pt), onde se podem encontrar temas e notícias da vida dos Institutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólica em Portugal.

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do mundo

novos mundos – Navegar no Facebook apenas olhando para o iPad?

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! S O I US F

ADE

Amigo leitor, esta vai certamente deixar-te boquiaberto. Bem, se fores como eu, odeias tudo o que são fios. Essencialmente se fores ligado à informática, certamente por diversas vezes desejaste que não existissem cabos… Bem, não desejes mais, alguém já está a concretizar a ideia! Rooter’s, impressoras e telemóvels que trocam dados sem fios, foram um avanço enorme há algum tempo atrás. Além do conforto, serviam para mostrar o quão apetecível seria um mundo totalmente sem fios. Foi no Reino Unido, na Universidade de Oxford, que Chris Stevens mostra que isto é cada vez mais possível. Ele mostrou uma nota tecnologia que troca informação sem fios e também que recarreguem baterias sem contato físico. Como? Simples: “Podes ter uma mesa totalmente ativa, sem cabos ou baterias, que pode alimentar e interligar telemóveis, computadores, iPad’s, teclados, ratos, cameras, etc etc. Por exemplo, colocando a tecnologia atrás de um monitor de computador, arquivos como fotos ou musicas podem ir diretamente para uma pendrive”, explicou.

A superfície deste tipo de material é esculpida em padrões precisos e funciona como um guia de ondas magnéticas-indutivas, algo similar ao que recente apareceu na transferência de eletricidade sem fios. Portanto, está na altura de começar a deixar cabos para trás, pois em pouco tempo “cheira-me” que haverá um Novo Mundo onde nada disto existirá! Será já em 2013? Não sei, sei que vos desejo um Santo e Feliz Natal e umas excelentes entradas no NOVO MUNDO! Até para o ano.

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André Teixeira

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36 – nuances musicais do mundo

Exploração da comercialidade musical, apenas?

BOYS BAND O início dos anos noventa foi definitivamente marcado pela consumação da enorme riqueza musical dos anos oitenta. A exploração da comercialidade musical muito deve a esta década que se manifestou em vários estilos musicais e que ainda hoje é considerada a era de ouro da indústria musical. A maior parte da música comercial é direcionada para público mais jovem. Assim sendo foi-se moldando os artistas às tendências, não só musicais mas também visuais. Então, uma corrente de estilo que esteve sempre presente ao longo das décadas foi as Boys Band. Como o nome indica pressupõe-se uma Banda de rapazes. No entanto sugiram versões femininas de enorme sucesso mas não em tão larga escala como as masculinas. Se recuarmos no tempo podemos identificar o início dos anos noventa como o boom das Boys Band representadas por nomes como Take That, New Kids on The Block e Backstreet Boys na vertente Pop bem como All-4-One e Boyz II Men na vertente R&B, sem esquecer a Girl Band Spice Girls. Aparentemente formadas por comando de editoras fariam as delícias da juventude da altura. É claro que esta aparição “noventista” deste tipo de bandas não era coisa original. Já nos anos 70 os Temptation aufeririam esse estatuto se assim já fosse denominado. Muitos outros nomes poderiam ser aqui colocados, no entanto, apresentei estes exemplos de banda cujo o único instrumento que utilizam é a voz. Mais simples? Mais eficaz? O certo é que tinham sempre músicos instrumentistas a acompanhá-los. Geralmente, a parte física era explorada até a exaustão com inúmeras coreografias, muita sedução, corpos esculturais e caracterizações estratégicas. E até resultava para esconder uma

certa deficiência de algumas partes vocais, principalmente porque cantar a quatro vozes e continuar a fazer brilhantes coreografias é obra. Em Portugal, esta corrente chegou depois alguns anos depois dos maiores sucessos já consolidados de bandas estrangeiras. Assim, e por casting de uma editora surgem os Excesso. Tinham todas as características físicas para o sucesso e até o tiveram, dando o mote para outros lhes seguissem. No entanto, a parca qualidade vocal indisfarçável nos consertos ao vivo fizeram com que a fama fosse descaindo, acontecendo a o mesmo outras Boys Band por diversos outros motivos. Na década de 2000, apesar da luta pela sobrevivência, houve um quase desaparecimento das Boys Band, apesar das insistências de D’zrt e Nonstop criadas pelas editoras. Na atualidade apraz-me referir uns focos renascentes que me leva a questionar se já não estarão ultrapassados, se são um capricho comercial e depois são abandonados ou então vamos assistir a um novo boom. A ver vamos. Falo naturalmente da febre dos One Direction que esbanjam sucesso rodeado de todo aquele histerismo bem ao estilo adolescente.

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Florentino Franco

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do bem-estar

dentro de ti – O bem-estar da família é um processo de construção ao longo do tempo

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PEDRA BASILAR Neste tempo de preparação para o Natal, somos muitas vezes confrontados nos spots publicitários com imagens variadas de famílias. A quadra apela assim a uma pequena reflexão sobre a família. A família desenvolve-se a partir de um par, homem e mulher que, sendo diferentes, se unem num projecto, numa aliança, num compromisso. Todos aqueles que nela nascem, crescem e envelhecem originam uma complexa rede de relações e laços. Estas relações de convívio e estes laços de parentesco consolidam o conjunto de funções essenciais do acolhimento e da socialização, da entreajuda e da solidariedade. Para além da função reprodutiva dos seres humanos, assegurando a perpetuação da sua espécie, a família também assegura ainda a reprodução/transmissão dos saberes, dos comportamentos, dos valores indispensáveis à nossa vida. O bem-estar familiar é um processo de construção ao longo do tempo, que exige ajustamentos face às mudanças com que cada família se vai confrontando. Os elementos da família encontram-se satisfeitos quando conseguem experienciar as mudanças de modo positivo. A família deve então, responder às mudanças externas e internas de forma a atender aos novos desafios da sociedade sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema de referência para os seus membros. Existe consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades, quer dos seus membros, quer da sociedade. Enumeram-se algumas das funções familiares: a geradora de afecto, entre os membros da família; a que proporciona um sentimento de segurança e aceitação pessoal, promovendo um desenvolvimento pessoal natural; a função de satisfação e sentimento de utilidade, através das atividades que satisfazem os membros da família; a que proporciona estabilidade e socialização, permitindo a continuidade da cultura da sociedade correspondente; bem como a impositora da autoridade e do sentimento do que é correcto, relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações caraterísticas das sociedades humanas. Em suma, umas das funções principais e, portanto, umas das suas principais responsabilidades são a educação e a formação das pessoas. É no seio familiar que decorrem múltiplas e exclusivas aprendizagens estruturantes da personalidade, as quais são fundamentais para aquisição de outros saberes de ordem mais formal.

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Olinda Silva

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38 – nacional & mundial da juventude

«IDE E FAZEI DISCÍPULOS ENTRE AS NAÇÕES!»

(cf. Mt 28,19)

Num tempo de preparação para a JMJ, o Papa Bento XVI envia-nos um presente, a mensagem para o dia Mundial da Juventude. Este importante guia pastoral para o nosso trabalho com os jovens, está disponível no site do DNPJ e no site do Vaticano. Apresentamos aqui umas frases e convidamos a ler o resto nesses sites. http://portal.ecclesia.pt/pjuvenil/site/index http://www.vatican.va/phome_po.htm Queridos jovens, Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa da Jornada Mundial da Juventude em Madrid mais «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de 2013. (...) 1. Uma chamada urgente A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. (...)

2. Tornai-vos discípulos de Cristo Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio, 2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos maduros. (...)

3. Ide! Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. (...) 4. Alcançai todos os povos Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. (...)

5. Fazei discípulos! Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados e incapazes. (...)

6. Firmes na fé Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé, não tenhais medo. (...) 7. Com toda a Igreja Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode ser testemunha do Evangelho sozinho. (...)

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8. «Aqui estou, Senhor!» Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja. (...)

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O R A Ç Ã O pela Jornada Mundial da Juventude Ó PAI, enviaste o Teu Filho Eterno para salvar o mundo e escolheste homens e mulheres para que, por Ele, com Ele e n’Ele, proclamassem a Boa-Nova a todas as nações. Concede as graças necessárias para que brilhe no rosto de todos os jovens a alegria de serem, pela força do Espírito, os evangelizadores de que a Igreja precisa no Terceiro Milénio. Ó CRISTO, Redentor da humanidade, Tua imagem de braços abertos no alto do Corcovado acolhe todos os povos. Em Tua oferta pascal, nos conduziste pelo Espírito Santo ao encontro filial com o Pai. Os jovens, que se alimentam da Eucaristia, Te ouvem na Palavra e Te encontram no irmão, necessitam de Tua infinita misericórdia para percorrer os caminhos do mundo como discípulos-missionários da nova evangelização. Ó ESPÍRITO SANTO, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da Tua Verdade e com o fogo do Teu Amor, envia Tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo. Amén.

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40 – jd-Porto da juventude

Fé quotidiana, religiosa e cristã

S E Õ S N E M I D S E R T A A FÉ No dia 25 de Novembro a Juventude Dehoniana realizou um novo encontro, que tinha como tema, viver “a Fé a 3 dimensões”. O acolhimento deu-se no Centro Social de Gandra, pelas 9h30, ao qual foram recebidas pessoas de várias localidades e, até mesmo de outros países.

O encontro teve início com uma pequena apresentação dos participantes, mas esta feita de forma especial. Com base em algumas informações, cada um teria que apresentar uma outra pessoa. Estava na hora de distribuir tarefas. Organizaram-se três grupos de trabalho: o “Lenço colorido”, “Entrevistar +” e “Óculos 3D” cujo objetivo era a reflexão. O primeiro grupo, tal como o nome indica, teve como objeto principal, “o lenço”, através de uma atividade que consistia em vendar os olhos de um elemento, de modo a este ser conduzido por outro de olhos não vendados. O grupo teria que partilhar a sua experência e as sensações vividas. “A actividade pode ser equiparada ao nosso quotidiano. Muitas das vezes não conhecemos os caminhos que percorremos nem o que está à nossa volta e, precisamos de ter ao nosso lado, alguém em quem possamos confiar e que nos oriente pela longa estrada, que é a vida”. O segundo grupo trabalhou com base em três questões e partiu rumo à estrada à procura de testemunhos. “No seu dia-a-dia confia nas pessoas?”,

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“Quem é Jesus Cristo?” e “O que é a Fé?”, interrogavam… Diferentes faixas etárias foram abordadas e as respostas assemelhavam-se. Sobre a primeira pergunta, tirouse como conclusão que as pessoas apenas confiam num pequeno nicho de pessoas, aquelas que estão em maior contacto durante o seu dia-a-dia. Todos diziam conhecer Jesus Cristo e como Ele é tão importante em suas vidas. Contudo, poucos souberam dizer sobre o que era a “Fé”. Há uma grande tendência para apenas se

acreditar nos momentos de maior aflição. Por último e, não menos importante, o grupo dos “Óculos 3D” que analisou uma curta-metragem sobre a vida do Papa João Paulo II. O objectivo era vivenciar a fé de Karol Wojtyla e mostrar que, apesar de todas as adversidades experienciadas pelo mesmo, a Fé em Cristo era vivida sempre com a mesma intensidade. O tempo não parava… Era altura de caminharmos para a casa de Deus, a nossa Casa. Seguia-se a Eucaristia Dominical. O local encontrava-se cheio, mas sempre pronto para acolher quem mais lá quisesse entrar. No final, regressamos ao local dos trabalhos para apresentarmos as conclusões anteriormente mencionadas. Seguiu-se o tão esperado almoço de partilha e um momento de convívio, com muita música à mistura. É tempo de retomar as tarefas. Visualizamos sobre alguns exemplos de Fé, como os de Francisco de Assis, João Paulo II e Chiara Badano. Quase a terminar o dia, tivemos a oportunidade de ouvir o testemunho de três pessoas, a Amélia, que pertence à Companhia Missionária do Coração de Jesus; a Sr.ª Albina, que pratica voluntariado junto dos mais necessitados; e a Sr.ª Cândida, que nos contou a sua história de entrega e amor a Cristo. Antes do magusto, houve também tempo para o Envio, onde concluimos que, “A Fé é como um vitral, só se vê bem quando vista por dentro”

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Bruno Rocha, Filipa Freire e Jéssica Rocha

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42 – jd-Nacional do mundo

Crescer na Fé ao estilo Dehoniano

ENCONTRO NACIONAL DE SECRETARIADOS JD mensagem final

Os Secretariados da Juventude Dehoniana estiveram reunidos no seminário Nossa Senhora de Fátima em Alfragide entre os dias 16 e 18 de Novembro de 2012. Este encontro teve como principais objetivos: preparar o XVI Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, o Encontro Europeu da Juventude Dehoniana de 2014 e analisar a revisão do Plano da Pastoral Juvenil Dehoniana. Um outro objetivo foi a partilha do andamento dos diversos Centros. Durante esta partilha foram referidos alguns problemas com que os Centros se debatem na sua vivência diária, nomeadamente a necessidade de reestruturação dos Secretariados e de formação. O Plano referido deu-nos pistas sobre os objetivos concretos da pastoral juvenil dehoniana e recursos para os atingir adaptando-nos às necessidades diárias dos vários grupos onde estamos inseridos. Relativamente ao Encontro Europeu a realizar de 3 a 10 de Agosto de 2014,sugeriu-se que fosse subordinado ao tema da “paz” em memória do centenário da Primeira Guerra Mundial, à luz da nossa espiritualidade na dimensão da reconciliação. Lançou-se uma chuva de ideias, onde se propôs a visita a alguns locais emblemáticos do nosso país como Sintra, Lisboa, Porto, Coimbra e Fátima. Para além da parte de partilha, formação e celebração, queremos também presentear os participantes com o nosso fado e as nossas belas praias. Mas o céu abriu rapidamente e a chuva foi breve! No atinente ao XVI Encontro Nacional ficou delineada a programação com atribuição das respetivas tarefas aos vários Centros e o regulamento que estará por detrás do Festival da Canção. Fomentou-se a unidade dos Secretariados dos vários Centros, com algumas iniciativas concretas, nomeadamente como a próxima caminhada de Advento, “#re.para”, e a elaboração de uma plataforma de endereços eletrónicos e um pacote gráfico. Contagiados pelo espírito de “Acreditar mais” que vive em cada um de nós, fazemos votos que todos os Centros (Açores, Algarve, Coimbra, Madeira, Lisboa e Porto) se sintam parte deste desafio que é crescer na Fé ao estilo Dehoniano. Alfragide, 18 de novembro de 2012. Os participantes.

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da juventude

jd-Lisboa – Inspirados a viver segundo os ensinamentos do Padre Dehon

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COMPROMISSO JD O “Sintoniza-te 4” foi também um momento dos elementos do secretariado fazerem o compromisso na JD. Este compromisso efectuou-se na Eucaristia e teve como testemunhas um grupo alargado de jovens com quem temos tido a sorte de trabalhar, bem como o restante secretariado da JD de Lisboa. Este compromisso é um assumir perante todos a nossa vontade de caminhar com eles e inspirá-los a seguir os nossos passos, tal como nós somos todos os dias inspirados a viver os ensinamentos deixados pelo Padre Dehon. Deixo o testemunho da Inês e da Filipa, duas dos jovens que fizeram o compromisso:

“O compromisso JD foi algo surpreendente, criou-se um ambiente de grande ligação entre todos gerando um momento sentido e vivido. O momento encaminha-nos a refletir em tudo de bom que iremos receber assim como oferecer para atingirmos os ideais a que nos comprometemos. Considerei bastante gratificante o carinho de cada um deles depois de um compromisso bonito, podemos dizer que só acrescentou ainda mais sentimento ao que já tínhamos vivido.” (Filipa Silva) “Ao fazer este compromisso tive que pensar sobre o percurso que tenho tido na JD. Ao ler o que propusemos neste compromisso apercebi-me que realmente muitas das coisas já faço/fazia antes de “assumir” publicamente o compromisso dehoniano. Os valores dehonianos que temos como referência são de facto estruturantes para a nossa vida diária e apesar de parecerem utópicos, na realidade são mais fácies de atingir do que parece. Senão pensemos…. (por os valores…) Incentivo os jovens a implicarem-se nas suas comunidades, a serem evangelizadores, a darem testemunho e exemplo de como é ser Dehoniano e viver em Cristo!” (Inês Santos)

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Tiago Esteves

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44 – jd-Lisboa da juventude

Criatividade, descobertas e aprendizagem

SINTONIZA-TE 4 Fomos chamados a sintonizarmo-nos mais cedo. Já não dava para esperar mais e ainda bem porque nós também não queríamos esperar mais. E assim foi, de 2 a 4 de Novembro o quarto encontro do Sintoniza-te, mais uma vez na Casa da Praia Grande, onde um grupo considerável de jovens se lançou a descobrir e a viver o tema deste ano: Acreditar MAIS. Sintonizar é algo difícil porque não temos todos a mesma frequência. Daí, o Sintoniza-te ser uma boa experiência para nos interligarmos com os outros e fazermos um percurso no caminho que nos mostra Jesus. Durante este fim-de-semana somos desafiados a pôr a render os nossos dons, a descobri-los e a partilhá-los. Para isso tivemos a ajuda de cinco workshops que cada um livremente escolheu de acordo com as suas motivações. Desde os acordes invertidos à criação artística podíamos ainda optar pela escrita criativa, pela expressão corporal ou pela técnica vocal. Foram cerca de 2 horas de muita criatividade, descobertas e de uma aprendizagem que poderá ser aplicada não só no próximo Festival de Canções como também em muitas situações da nossa caminhada.

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O Sintoniza-te é uma actividade marcante, o que podemos sentir nos testemunhos de alguns dos jovens que viveram esta experiência e que aqui deixam o seu testemunho: “É um óptimo convívio que para além de ser divertido é uma oportunidade para crescermos na Fé como pessoas e em grupo.” “São memórias que nos fazem querer voltar atrás e revivê-las.” “Os momentos de oração e de reflexão pessoal são de uma grande riqueza e ajudamme a crescer.” “Mentaliza-te que vais passar um bom fimde-semana no Sintoniza-te!” Foi assim mais um Sintoniza-te, cheio de cor

e alegria, na simplicidade mas também na exigência de sermos nós mesmos e de nos darmos aos outros. Fica a certeza e a esperança de que para o ano há mais. Perdeste o Sintoniza-te4? Não percas o próximo!

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Grupo de Jovens de Rio de Mouro

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46 – agenda

da juventude

JD-Lisboa Dezembro

01 − Encontro Mensal. 16− Retiro de Advento.

Janeiro

12− Filme com Pipocas. 25 − Encontro Mensal.

JD-Madeira Dezembro

08-09− Retiro de Advento - São Paulo - Porque acreditar? 19 − Oração de Taizé no Colégio Missionário. 19 − Jantar JD.

Janeiro

05 − Cantar dos Reis. Instituições e casas de amigos. 06 − Encontro da Paz SDPJ.

JD-Porto Dezembro

02 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 06 − AdOração no Centro Dehoniano. 09 − Retiro de Advento - Centro Dehoniano. 21 − Presépio e ceia de natal no CD.

Janeiro

Sextas, sábados e domingos − Cantar Janeiras.

DEHUMOR

O que é a pobreza?

2013 é ano de Festival de Música!

Prepara já, com o teu grupo, uma canção, sobre a Fé: “Acreditar MAIS”. Informa-te no teu Centro: (Açores, Algarve, Lisboa, Madeira e Porto)

AdOração no Centro Dehoniano No Porto, um tempo com espaço para a interioridade com a oração tipicamente dehoniana aberto à Juventude Dehoniana, à Família Dehoniana e a todos os amigos, jovens e menos jovens. Depois da adoração despedimo-nos com um chá.

1.ª quinta-feira – das 21h às 22h00

“A pobreza da Sagrada Família é uma reparação pelos abusos da riqueza”.

(Padre Dehon)

Cala-Te que ainda não sabes falar...

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Paulo Vieira

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tempo livre

passatempos –

TEM PIADA

bom negócio

—Um presidente de câmara do interior queria construir uma ponte e chamou três empreiteiros: um alemão, um americano e um português. — Faço por três milhões de dólares — disse o alemão. — Um pela mão-deobra, um pelo material e um para o meu lucro. — Faço por seis milhões — propôs o americano. — Dois pela mão-de-obra, dois pelo material e dois para mim. Mas o serviço é de primeira. — Faço por nove milhões — disse o português. — Nove? — espantou-se o presidente — É de mais! Porquê? — Três para mim, três para si e três para o alemão fazer a obra!

o tacho

Um sujeito vai visitar um amigo deputado e aproveita para lhe pedir um emprego para o filho, que tinha acabado de completar o décimo segundo ano. — Eu tenho uma vaga de assessor, só que o ordenado não é muito bom... — Quanto é, doutor? — Pouco mais de dez mil euros. — Dez mil? Mas é muito dinheiro para o garoto! Ele não vai saber o que fazer com tudo isso. Não tem vaga mais modesta? — Só se for para trabalhar na Assembleia. Meio período. Estão a pagar cinco mil! — Ainda é muito, doutor! Isso vai acabar por estragar o rapaz. O senhor não tem um emprego que pague uns mil ou até mil e duzentos euros? — Ter, tenho. Mas aí é só por concurso e é para quem tem curso superior em Engenharia, Administração, Medicina, Economia, Direito ou Contabilidade, etc. E ainda tem de possuir bons conhecimentos em informática, além de inglês, francês e espanhol fluentes...

o discurso

Depois de discursar, o político queixa-se à secretária: — Caramba... Tinhas que me escrever um discurso tão longo? Já estava toda a gente a bocejar, e estava tudo de boca aberta, como se não estivessem a perceber nada... — Eu até escrevi um discurso razoável... Cometi foi o erro de lhe entregar as três cópias...

CURIOSIDADES

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o dia da criança

Com a proximidade do Natal, muitos consumidores correm aos supermercados para comprar bacalhau. O que poucos sabem é que o bacalhau não é o peixe e sim o “processo” em que ele é feito. O ato de salgar e secar o peixe, conservando assim todas as propriedades de um peixe fresco, é o que denomina a palavra bacalhau. A origem do vocábulo não é certa, mas acredita-se que provem do basco “bakailao”. Em geral são utilizados 5 tipos de peixes na confecção do bacalhau: Cod Gadus Morhua – pescado no Atlântico Norte; Cod Gadus Macrocephalus – pescado no Pacífico Norte; Saithe – carna mais escura, especial para desfiar; Ling – carne clara, ideal para grelhar; Zarbo – menor, mas com boa rentabilidade culinária. O primeiro passo é passar os pescados por uma limpeza e retirada das vísceras, que serão usadas na fabricação de patês, óleos e outros produtos. Após esse processo é que ocorre o salgamento e a secagem das partes em câmaras especiais com o controle de temperatura e umidade relativa do ar.

quebra-cabeças bolo para oito Estão 8 esganados convivas para comer um bolo... Todos querem comer a mesma quantidade e fatias exatamente iguais!!... Só pode fazer três cortes no bolo. Como fazer para ter as 8 partes exatamente iguais?

Solução de setembro/outubro

Está tudo bem, o € não evaporou... O raciocínio é que está distorcido, o correto seria: Cada comerciante pagou 9€ pela noite no hotel. O empregado “abarbatou” 2 €. Ora 3 x 9 =27€ ... (-) os 2€ do empregado = 25€ ..... que foi de facto o que o gerente do hotel recebeu !!!

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Paulo Cruz

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AJaneiras nova imagem da Juventude Dehoniana 2013

Um novo logótipo que apresenta o Coração, no qual cabe todo o Universo, no qual todos temos lugar e a partir do qual somos convidados a viver, para que os nossos rostos possam manifestar o sorriso (J;D) evangelizador.

JUVENTUDE DEHONIANA A FOLHA DOS VALENTES

Sex. 04 - Centro Dehoniano - 21h00 Sáb. 05 - Sandim - 20h00 Dom. 06 - Lar Pinheiro Manso - 18h00 Sex. 11 - Vilarinho - 21h00 Sáb. 12 - Rebordosa - 20h00 Dom. 13 – Melres - 17h00

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Sex. 18 - Sobrosa - 21h00 Sáb. 19 - Sobrado - 20h00 Dom. 20 - Canidelo - 17h30 Sex. 25 - Duas Igrejas - 20h30 Sáb. 26 - Fontainhas - 20h30 Dom. 27 - Boavista - 17h30

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