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Março 2013 ANO XXXVII
PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
06. Renunciou ou ANUNCIOU? 07. PAPA essencial 15. Dehonianos no ALGARVE 20. O poder do PAPA 30. BENTO XVI: a beleza de acreditar 45. Querido DEUS -------
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Março 2013 ANO XXXVII
PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
FICHA TÉCNICA Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida Rocha Redacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira. Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa). Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, Francisco Costa, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Victor Vieira. Colaboradores nesta Edição: António Carlos Ferreira, Eduardo Maia, Octávio Carmo, Serafina Ribeiro, Zeferino Policarpo, Marisa Noite, Octávia Medeiros, Madalena Rodrigues, Margarida Fonseca, Filipa Freire, Margarida Alves. Fotografia: AFV, Rita Resende, Inês Pinto, Zeferino Policarpo. Capa: Papa Bento XVI, foto de Zeferino Policarpo. Grafismo e Composição: PFV. Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 28 4430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329 ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82
sumário: da atualidade
03 > alerta! > “Eu estava lá”. 04 > FD-Europa > Mensagem à Família Dehoniana 06 > sal da terra > Renunciou ou anunciou? 07 > atualidade > Papa essencial da família dehoniana
08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ 09 > entre nós > Companhia Missionária no Porto 10 > com Dehon > Viagens e peregrinações de Leão Dehon 12 > memórias > Missionários de passagem 15 > comunidades > A presença dehoniana no Algarve dos conteúdos
18 > vinde e vereis > Fé e Caridade 19 > onde moras > A semente 20 > doses de saber > O poder do Papa 22 > pedras vivas > Padras Vivas numa igreja renovada 24 > eclesialidade > Fórum Social Mundial 25 > palavra de vida > Quaresma, caminho de vida 26 > leituras > Os De’Hon 28 > sobre a bíblia > Bento XVI e a missão de Pedro 30 > sobre a fé > Bento XVI: a beleza de acreditar em Cristo 32 > reflexo > Por amor à Igreja
Associação de Imprensa de I nspiração Cristã
ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares
Redacção e Administração: Centro Dehoniano Av. da Boavista, 2423 4100-135 PORTO – PORTUGAL Telefone: 226 174 765 - E-mail: valentes@dehonianos.org Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA Telefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218
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do mundo
34 > outro ângulo > Assembleia de párocos dehonianos 35 > outro ângulo II > Provas de agregação 36 > novos mundos > Triboeletricidade 37 > minha rede > Apresentações na rede do bem-estar
da juventude
38 > ALVD > Almoço solidário 40 > jd-Madeira > Caminhadas de Fé 41 > jd-Açores > Reflexão sobre o You Cat 42 > jd-Lisboa> Cinzas e Crossover + 43 > jd-Lisboa> Vaticano II faz 50 anos 44 > jd-Porto > Pro-fun: Carnaval JD-Porto 45 > jd-Porto > Querido Deus 46 > agenda-JD > Calendário de atividades 47 > tempo livre > Passatempos
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da atualidade
alerta! –
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“Eu estava lá” “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino” (Bento XVI, 11-02-2013). Estas palavras vão ficar gravadas na nossa memória e no nosso coração durante muito tempo. Como ficarão certamente ficarão a sua sabedoria, a sua autenticidade e coragem, o seu amor a Deus, à verdade, à Igreja, à arte e o seu impulso à Nova Evangelização. Tirou “da gaveta” a Caridade, pô-la a brilhar, explicou-a e exortou-nos a praticá-la com Fé viva e Esperança renovada. Eu estava lá quando partiu João Paulo II, quando Bento XVI foi eleito e durante todo o 1.º ano do seu pontificado. Foram momento especiais, que as palavras não conseguem descrever!... O “estar lá” é a possibilidade de viver mais profundamente os acontecimentos e, nesse sentido, todos podemos “estar lá”. Acompanhar, conhecer, viver intensamente, participar da melhor forma, ainda que seja apenas orar e ser solidário, o que já não é pouco, pode ser o nosso “estar lá” neste momento especial e sempre! A nossa revista, nesta edição, traz pelo menos 8 artigos – de muita qualidade, creio –, que nos poderão ajudar a “estar lá”. Acabo de ouvir na Renascença que Bento Capa do jornal italiano Il Messaggero, do dia 26 de abril de 2005, XVI será conhecido como “Papa Emérito” e sobre a missa de início do pontificado de Bento XVI, “estava lá” o Zé manterá, como já tinha sido noticiado, a deNobre (jovem da JD e nosso articulista) que aparece à esquerda do signação Sua Santidade e o nome Bento XVI. Papa, em grande plano. Ele, que anunciou que vai viver em reclusão numa casa dentro do Vaticano, dedicando-se à oração, tem agradecido a oração e as inúmeras manifestações de afeto, de gratidão e de oração e tem insistido que rezemos por ele, pela Igreja e pelo novo Papa. Neste mês celebramos, a 14, o 170.º aniversário de nascimento do Padre Dehon, mais um evento que nos convida a “estar lá”, com várias propostas entre as quais destaco o início da publicação de reflexões sobre “as viagens e peregrinações do Padre Dehon, como experiência estruturante de vida”, pelo P.e Francisco Costa. Entretanto continuamos a viver a Quaresma e, no último dia deste mês, celebraremos a Páscoa. Porque “Crer na Caridade suscita Caridade”, disponhamonos a “estar lá”!
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Paulo Vieira
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04– sal da terra da atualidade
Convém fixar a atenção nas palavras do Papa
Renunciou ou anunciou?
Bento XVI marcou hora para o fim do seu pontificado. Uma surpresa vinda do Vaticano onde, durante muitos séculos, a despedida não acontecia por “convite”, mas pela homenagem e gratidão manifestada por milhares de pessoas em cerimónia fúnebres. Neste caso, a Igreja Católica pode participar nos últimos atos pontifícios, ouvir as últimas mensagens e desafios apresentados pelo Papa alemão antes de se fechar, em conclave, para eleger o novo sucessor de Pedro.
Mais do que fazer análises a esta decisão de Bento XVI, creio que convém fixar atenções nas palavras que ele mesmo disse, quando comunicou a decisão de renúncia. Três ideias afirmadas pelo Papa: 1. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. 2. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. 3. No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito.
Três ideias que correspondem a outras tantas atitudes de pacificação e integração pessoal, social e na história recente da Igreja: Bento XVI determina esta decisão pelo primado da sua consciência (como tinha já assumido em declarações anteriores), assumindo-se como pessoa que foi chamada a exercer um ministério de ordem espiritual mas que é um ser humano com características únicas, com um perfil físico e psíquico que não desapareceu no momento da eleição. O Papa assume também a história recente, o sofrimento de João Paulo II nos últimos anos do seu pontificado, afirmando que essa é igualmente uma forma viver o ministério de sucessor de Pedro. Acrescenta, no entanto, o que de novo vai acontecendo nas sociedades, nas relações entre os povos e no que se exige a quem tem por missão liderar, motivar, denunciar atitudes e comportamentos que se distanciam de objectivos milenares: é preciso “vigor”. A decisão de Bento XVI constitui assim um anúncio. A sua atitude traduz-se numa mensagem: ser cristão implica concretizar uma missão com “vigor”, assumindo condicionalismos físicos e exigências de cada ministério. Mas sempre com determinação!
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Paulo Rocha
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da atualidade
igreja-sociedade – Abrem-se portas à eleição de um Papa de fora da Europa?
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Papa essencial
Bento XVI surpreendeu meio mundo ao anunciar a sua decisão de renunciar ao cargo, um gesto raro que o distancia das opções tomadas por vários dos seus predecessores. O anúncio foi acolhido sem grande contestação e muitos elogios por parte dos mais diretos colaboradores do Papa, numa questão particularmente sensível na história da Igreja Católica ao longo das últimas décadas. O tempo é agora para balanços e muitos comentários se irão publicar por estes dias, pelo que neste momento fica o registo para o que mais me marcou neste pontificado: a essencialidade. Bento XVI convidou, sem cessar, ao encontro com Jesus Cristo, à centralidade da fé na vida de todos os dias, ao regresso às origens para enfrentar os desafios do mundo de hoje. O Papa alemão escolheu como um dos temas centrais do seu pontificado o combate ao relativismo e mostrou-se sempre muito atento à descristianização do Velho Continente, necessitado de uma “nova evangelização”, como tinha vindo a defender, mas talvez não seja na própria Europa que se encontre a força necessária para essa renovação. A sua batalha contra o relativismo não é apenas uma questão que diga respeito aos católicos, é uma questão de civilização, sobretudo para nós europeus. Esse legado, venha quem vier, não pode ser perdido.
Após quase 500 anos de Papas italianos, o polaco João Paulo II (eleito em 1978) e o alemão Bento XVI (escolhido em 2005) introduziram um elemento de novidade na escolha do bispo de Roma e é agora de admitir que se abram portas à eleição de um Papa vindo de fora da Europa. A América Latina alberga metade dos católicos de todo o mundo e a Igreja tem vindo a crescer sustentadamente na África e na Ásia, ao contrário do que acontece na Europa. Pessoalmente, a minha convicção é, no entanto, que os cardeais responsáveis pela eleição do novo Papa – maioritariamente europeus – vão manter uma visão eurocêntrica e confiar num homem mais próximo do centro de decisões do Governo eclesial, com a justificação que desde aqui (leia-se Europa) se vê e se compreende melhor o mundo no seu todo.
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Octávio Carmo
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06– sal da terra da atualidade
Do I Encontro Europeu da Família Dehoniana
Mensagem d0 Grupo Coordenador à Família Dehoniana 1. PARTICIPANTES O primeiro encontro alargado da coordenação europeia da Família Dehoniana decorreu em Foligno (Itália) de 18 a 20 janeiro de 2013, com os representantes da Família Dehoniana da Europa. Estiveram presentes – os Conselheiros Gerais da Congregação scj, P.e Cláudio Weber (responsável pela Familia Dehoniana), P.e John den Hengel (responsável pela Europa). O P.e Fernando Fonseca esteve como secretário e coordenador da animação litúrgica do encontro e membro do grupo coordenador do iter formativo. – pelas Províncias SCJ, como religiosos delegados: P.e Adérito Barbosa (Portugal), P.e Ramón Dominguez (Espanha), P.e André Perroux (EUF), P.e Bruno Pilati (Itália do Norte), P.e Vincenzo Martino (Itália do Sul), P.e Józef Gawel (Polónia) e P.e Frans Voss (Finlândia). Não puderam estar presentes os delegados da Inglaterra, da Alemanha e da Holanda. – pelas consagradas: A Anna Maria representou o Instituto Secular da Companhia Missionária. Estiveram presentes ainda duas consagradas da Itália do Sul (Paola e Franca). Não pôde estar presente a delegada do Instituto das Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus, existente só em Portugal. – pelos leigos: Emília Meireles (Portugal) e Mari Carmen (Espanha). Não pode estar presente Donatella Martelli (Itália do Norte). 2. OS DEHON HOJE O P.e Perroux apresentou-nos o tema sobre a família dos Dehon hoje, numa perspetiva genealógica dos Dehon desde a Idade Média até hoje. Não esqueceu de sublinhar a importância da família, nomeadamente, os pais e a avó paterna no desenvolvimento humano e espiritual do Padre Dehon. Em 2005, reuniram em Roma 105 descendentes dos Dehon. Ainda hoje, os Dehon em França, sentem-se orgulhosos do seu Padre Dehon.
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3. PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS DE CADA PAÍS Cada grupo apresentou o que se faz de concreto a partir da espiritualidade dehoniana: os leigos, as consagradas e os religiosos dehonianos. Fez-se referência à Carta de Comunhão e à proposta de vida dos leigos dehonianos. A Família Dehoniana, entendida como o conjunto dos diversos componentes (SCJ, Consagrados e Leigos) que se inspiram no projeto espiritual do Padre Dehon, como resposta à vocação pessoal e missão na Igreja, é hoje uma realidade. (Carta de Comunhão, nº 1). O Fundador tem o dom particular de perceber a dimensão do carisma, de vivê-lo em primeiro lugar, de propô-lo à Igreja como “projeto de vida evangélica” que vai além das fronteiras do Instituto que ele funda. Neste sentido, o Fundador é um verdadeiro “pai espiritual”, mesmo quando o carisma, prolongando-se no tempo, se transmite e se exprime em novas formas, que não foram percetíveis até ao presente; formas que depois foram reconhecidas como autênticas e aprovadas pela Igreja. (Carta de Comunhão, nº 5). 4. ITINERÁRIO FORMATIVO PARA LEIGOS ADULTOS Antes de mais, a Espiritualidade Dehoniana caracterizase por alguns elementos fundamentais: a. a centralidade do mistério do Coração de Cristo, como amor que atinge os homens e que revela o amor do Pai, amor esse rejeitado pelo pecado; b. a participação na oblação de Cristo na Eucaristia celebrada e adorada, partilhando os sentimentos pelo Pai e pelos homens, cooperando na construção da civilização do amor; c. a aceitação da Virgem Maria como modelo de disponibilidade na fé; d. o “sentir com a Igreja”, o partilhar a paixão pelo anúncio do Evangelho, o empenho pela justiça, pela verdade, pela solidariedade, pela cultura... e. o ser profetas do amor e servidores da reconciliação, atentos aos apelos da humanidade (promoção da dignidade humana, da paz, da fraternidade universal). Tudo isto se concretiza num estilo de vida pessoal, caracterizado pela união com Cristo e pelo atento e cordial acolhimento das pessoas, por uma plena inserção na realidade do próprio contexto em que estamos
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inseridos e na história humana. Orienta a missão da Igreja com acentuação privilegiada no anúncio do amor de um Deus misericordioso e compassivo e no testemunho do amor e da ternura de Deus, que se manifestam no coração humano de Cristo. Recorre a sinais visíveis, como a adoração eucarística e a oblação reparadora, o culto ao Coração de Jesus, a memória do Padre Dehon... por meio dos quais manifesta a sua identidade. (Carta de Comunhão, nº 11). Neste sentido do projeto, o P.e Claudio Weber, conselheiro geral, responsável pela Família Dehoniana, apresentou aos delegados da Europa a proposta do Itinerário formativo para os Leigos Dehonianos Adultos: Fase inicial: criar “Familiaridade com a vida dehoniana”, pode ir de alguns meses a um ano. Fase de aprofundamento, dividida em três anos: . Primeiro ano: “Encontrar Jesus Cristo com o Padre Dehon”; tem como conteúdo a relação do P. Dehon com Jesus Cristo; . Segundo ano: “O caminho do Padre Dehon”; tem como conteúdo a vocação e a comunhão do P. Dehon na Igreja; . Terceiro ano: “Para a vida do mundo”; tem como conteúdo o apostolado e a dimensão social do Padre Dehon. Fase da Formação Permanente, quer proporcionar conteúdos para a perseverança no compromisso assumido como Leigo Dehoniano. Alguns destes conteúdos poderão ser propostos novamente com ulteriores aprofundamentos. (Cf. Itinerário Formativo). Os grupos de trabalho e a partilha ajudaram a encontrar uma orientação comum e a sintonizar melhor no modo como elaborar o itinerário formativo.
5. GRUPO COORDENADOR Foram escolhidas as pessoas do grupo coordenador: . - voz dos SCJ: P.e Adérito Gomes Barbosa (Portugal) e P.e Bruno Pilati (Itália) . - voz das consagradas: Anna Maria Berta (Com-panhia Missionária) e Paola (Itália), . - voz dos leigos: Cármen Portals Gòmez (Espanha) e Donatella Martelli (Itália). . - O P.e Adérito foi eleito coordenador do grupo. O grupo coordenador da Família Dehoniana da Europa: . - É um instrumento de coordenação ao serviço do caminho da Família Dehoniana na Europa; . - É formado por representantes das várias vozes; . - As vozes deveriam ter uma vida-organização própria e sentir-se ao mesmo nível na dignidade e na responsabilidade nos encontros de coordenação; Como um “diretor de coro”, o grupo coordenador europeu da Família Dehoniana escuta as várias presenças da Família Dehoniana, coordena, informa, relaciona, sustém, confirma ou ajuda a esclarecer; procura encorajar e rever o que for necessário. A internacionalidade pode ajudar a presença local. O grupo deverá promover a comunhão, a comunicação, e a partilha dos materiais formativos e subsídios. 6. PERSPETIVAS Em 2014, está previsto uma reflexão a partir da Administração Geral da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus sobre a partilha do carisma na família dehoniana; após a Páscoa de 2014, poderia fazer-se um encontro internacional no qual deveriam participar os convocados destes dias em Foligno (aos quais chamamos coordenamento europeu alargado da família dehoniana). Nessa ocasião, poderá aproveitar-se para realizar um encontro de coordenamento europeu alargado, segundo uma agenda de trabalho preparada pela equipa de coordenação da Família Dehoniana da Europa. 7. MISSÃO DEHONIANA Partilhamos o que diz a Carta de Comunhão da Família Dehoniana. A missão dehoniana exige: a. “instaurar o Reino do Coração de Jesus nas almas e na sociedade”, animados e estimulados pela nossa espiritualidade característica; b. colaborar na instauração desse Reino com a oração e com o empenho concreto em favor das pessoas, da Igreja, da sociedade, no âmbito da Igreja local; c. estar aberto a eventuais colaborações pastorais com os outros componentes da Família Dehoniana. A missão Dehoniana está aberta a ‘concretizações’ diversificadas e não se identifica exclusivamente com uma única atividade apostólica (Carta de Comunhão, nº 12). Assim, animada pelo Espírito, a Família Dehoniana é chamada a viver esta herança na vida quotidiana, segundo o próprio estado de vida, com empenhos concretos, pessoais e comunitários, espirituais e sociais. (Carta de Comunhão, nº 13). Roma, 25 de Janeiro de 2013
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Adérito Barbosa
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08– recortes dehonianos da família dehoniana
Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
ASSEMBLEIA DE PÁROCOS DEHONIANOS Realizou-se em Alfragide, de 4 a 6 de fevereiro de 2013, a XIV Assembleia de Párocos Dehonianos. Para ajudar a refletir sobre o Ano da Fé e a Nova Evangelização, esteve presente D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, que havia participado no Sínodo dos Bispos em Roma sobre esta temática. Na mensagem final, os participantes divulgaram seis constatações: 1. A evangelização, nova ou primeira, é um processo dialético de encontro com as mudanças epocais da cultura, exige experiências comunitárias autênticas de fé, que eduquem e transportem segundo o Deus Amor. 2. Na nossa Europa secularizada e globalizada, o anúncio do Evangelho, que se vê confrontado, mais do que com um ateísmo ou indiferentismo religioso, com uma religiosidade difusa, holística, sincrética e débil, torna-se urgente viver este tempo como uma oportunidade e não como um fracasso. 3. Num mundo secularizado, os lugares da fé são aqueles nos quais nos encontramos, pois o lugar por excelência da fé é o homem enquanto tal e será a partir dele que a fé há de ser vivida, proclamada e testemunhada. O nosso tempo é, neste sentido, o tempo providencial da coerência da fé, da comunidade viva crente, onde se aprende a crer e onde se celebra a fé, sendo que a nossa proteção deve concentrar-se, acima de tudo, no nome do Senhor. 4. É celebrando juntos que nos autocompreendemos como Igreja, que se reúne para celebrar o mistério pascal, o mandamento novo do “fazei isto em memória de mim”. O celebrar juntos cresce de mãos dadas com o crer juntos (relação entre as Constituições sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, e a Igreja, Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II). 5. O desafio da Nova Evangelização, muito para além dos símbolos da fé e dos catecismos, é o anúncio das insondáveis riquezas de Cristo ao homem de hoje, criando um diálogo entre a proposta de fé e a cultura que ele respira. 6. Do “Eu creio” ao “Nós cremos” – “não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé” (Catecismo da Igreja Católica, 166).
TEMPOS DE RETIRO Já em Quaresma, fevereiro foi aproveitado para tempos de retiro, nas paróquias e nos seminários, destinados a padres, religiosos, seminaristas e leigos. De destacar as propostas para leigos nas casas de Alfragide, de Coimbra, de Rio Tinto e do Funchal. A Fé e a Caridade, lema da mensagem do Papa para a peregrinação quaresmal deste ano, orientou estes preciosos tempos de oração, reflexão e celebração.
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Manuel Barbosa
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da família dehoniana
entre nós –
Formação, oração e convívio
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Companhia Missionária no Porto De 9 a 12 de fevereiro de 2012, a Companhia Missionária, grupo do Porto, reuniu-se na sua sede, Rua Miguel Bombarda, para em conjunto viver momentos fortes de partilha, convívio, oração, reflexão e estudo.
Refletimos sobre a pertinência do nosso ser e agir no mundo concreto onde estamos inseridas e onde somos chamadas a ser “sal” e “fermento”. Para aferir os nossos projetos de Instituto com a realidade do mundo hodierno procuramos salientar os valores emergentes e pontos de tensão/conflito que geram sofrimento e desorientação. São muitas as situações que fazem ecoar o “grito” do irmão e nos apelam a tornarmo-nos próximas, a ir ao encontro. Reconhecemos que a solidariedade, o voluntariado, a aproximação das pessoas através dos meios de comunicação social, a secularização como “libertação de tudo aquilo que é incrustação e formalismo”, o desenvolvimento científico/tecnológico, a bondade e a beleza presente nas pessoas e na criação são como uma brisa suave, voz de Deus, que só se escuta quando a nossa se cala e presta atenção. Como a mulher Samaritana sentimos a necessidade de ir à fonte, pousar a ânfora, sentarmonos aos pés do Mestre, acolher a água que Ele nos dá, deixar que Ele sacie a sede da alma, fortaleça as forças e nos reenvie com novo vigor a levar a Boa Notícia. A adoração em silêncio é sempre um tempo forte para descansar n’Ele “Todo vós que andais sobrecarregados, vinde a Mim e Eu vos aliviarei”; um momento privilegiado para “Olhar para Aquele que trespassaram” e para nos disponibilizarmos a acolher a graça que lhe pedimos: “Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”. Os trabalhos de preparação para a Assembleia, que decorrerá em Bolonha de 11 a 19 de julho de 2013, contribuíram para olhar a nossa história pessoal e CM, consciencializar os elementos/ características do nosso mundo – lugar teológico da nossa missão, identificar os obstáculos e os aspetos favoráveis presentes nas realidades a evangelizar e a re-situarmo-nos no núcleo central da nossa espiritualidade e missão.
Jesus afastava-se para o monte para rezar, passava a noite em oração, escutava o Pai. Nestes dias também quisemos afastar-nos dos nossos afazeres para, com e como Jesus, olhar a história dos homens e mulheres do nosso tempo e tentar descobrir os sinais da sua presença e ação salvífica. Que toda a família Dehoniana se una a nós, neste tempo de preparação para a Assembleia, para que, juntos, contemplemos o Coração de Jesus e aprendamos d’Ele a olhar com amor a Humanidade, a encontrar nova energia e vitalidade para viver a nossa identidade, a conformar, como Jesus, a nossa vontade com a do Pai para com “plena liberdade e total dedicação” dizermos “ecce venio” (eis-me aqui) e como Maria “ecce ancilla” (eis a escrava do Senhor). Um momento muito significativo para todas nós foi a visita à Odete e sua mãe, que se encontram doentes e vivem em Fafe.
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Serafina Ribeiro
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10– com Dehon
da família dehoniana
VIAGENS E PEREGRINAÇÕES DE LEÃO DEHON
Uma experiência estruturante da vida Caros amigos de A Folha dos Valentes, fui convidado a escrever algumas linhas sobre as muitas e variadas viagens e peregrinações realizadas pelo nosso Fundador, Padre Leão Dehon. Foi com muita alegria que aceitei fazê-lo, consciente dos limites que tal trabalho implica, mas na convicção de que conhecendo esta bela faceta de Dehon, podemos conhecê-lo mais profundamente como homem, sacerdote, religioso, fundador e santo. Façamos então uma introdução.
Leão Dehon nasceu a 14 de março de 1873, um tempo em que o mundo estava em plena transformação, sobretudo no Ocidente, por causa do desenvolvimento da técnica e do comércio, do estudo da história e da arqueologia, da curiosidade científica e da definição de novos paradigmas de sociedade. Por necessidade económica ou espiritual ou mero romantismo, as viagens e peregrinações foram uma característica fundamental do século XVIII. Também Leão Dehon foi um homem do seu tempo. Viajou muito e de muitos modos, nunca sozinho e com objetivos e roteiros bem delineados e preparados. Não desperdiçou uma oportunidade para o fazer e desde muito novo tomou a decisão de passar as suas férias em viagens e peregrinações, cultivando o hábito de anotar as suas impressões. Desenvolveu um verdadeiro «humeur voyageur» (paixão pelas viagens) ao ponto de terem um papel fundamental na formação da sua identidade e sensibilidade pastoral e espiritual. Tinha a curiosidade dos grandes aventureiros, a avidez de saber sempre mais dos que procuram a verdade, a devoção dos grandes peregrinos cristãos da história da Igreja e os meios humanos e financeiros para o fazer. Conhecemos o relato das suas viagens a partir dos seus escritos autobiográficos (Notes sur l’Histoire de ma Vie; Notes Quiotidiennes, Souvenirs), das cartas recebidas e enviadas e dos testemunhos da imprensa do tempo. A partir do estudo destas fontes, podemos estabelecer seis grandes períodos de viagens e peregrinações: 1. Durante a Infância, em La Capelle e Colégio de Hasebrouck (1846-1859) Estas viagens, empreendidas com a sua família num período importantíssimo de crescimento e formação tiveram um enorme influxo na mente e na sensibilidade do jovem Dehon e podem considerar-se o prelúdio da sua «paixão pelas viagens» e decisivas na formação da sua sensibilidade ao belo, ao mundo novo emergente, ao sagrado e
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ao sentido cristão da vida. Ele próprio o diz: «Tudo era novo para mim. Passava de maravilha em maravilha, observava tudo, e tomava notas de tudo. Estas recordações nunca mais desapareceram da minha memória. Anunciava-se assim a minha vida de viajante». 2. Durante os estudos em Paris (1859-1864) São viagens juvenis, empreendidas com o seu grande amigo Leão Palustre entre outros, com o objetivo de aprender sempre cada vez mais, mas cheias de aventura e de experiências religiosas, sociais, politicas, estéticas e arqueológicas que marcarão a vida do jovem Dehon para sempre. 3. Ao Oriente (agosto de 1864-julho de1865) Depois de concluir brilhantemente os estudos em Paris, o jovem Dehon manifestou a vontade de ser padre e entrar ime-
O jovem Dehon na viagem ao Oriente.
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diatamente para o seminário. O pai, Júlio Dehon, opôs-se com todas as suas forças. Criou-se um clima familiar desconfortável. Para desbloquear a situação, Leão Palustre propôs que se fizesse uma viagem ao Oriente. Na tentativa de ganhar um ano e esperando que uma grande distração (diversion) mudasse as ideias do jovem Dehon, o seu pai permitiu-lhe fazer a viagem e forneceu-lhe os meios necessários. Esta longa viagem, feita com o seu grande amigo Leão Palustre, revelar-se-ia uma grande peregrinação vocacional, de experiencia e descoberta da vontade de Deus. 4. Durante os Estudos em Roma (1865-1871) Sempre fiel à atração pela beleza e pelas belas artes, o jovem seminarista encontrou «uma fonte inexaurível de estudo» na visita aos grandes santuários e monumentos, na arqueologia clássica e cristã, na arte e na história milenar da Cidade Eterna e dos seus arredores. 5. Como Capelão de S. Quintino (1871-1878) Absorvido no trabalho paroquial e nas inúmeras iniciativas sociais e religiosas, Leão Dehon empreende muitas viagens e peregrinações, ligadas aos Congressos dos Círculos Católicos. Estas correspondem a um período de amadurecimento e intenso «trabalho interior» de discernimento e adesão à sua vocação sacerdotal e religiosa de carater social e contemplativo. 6. Como Religioso e Fundador dos Oblatos do Sagrado Coração (1878-1925) As muitas preocupações e ocupações de Leão Dehon como religioso e fundador não o impedem de viajar, pelo contrário, as viagens confirmam-no na convicção que «é necessário conhecer e confrontar-se com outras realidades para sabermos o caminho a percorrer». A partir deste momento a sua «paixão pelas viagens», sem perder as constantes artísticas e académicas que as caraterizam, têm como objetivo primordial o estabelecimento e a expansão da sua Obra, o desenvolvimento da doutrina social da Igreja e a procura de «terras de missão ad gentes». Com este objetivo, empreendeu viagens e peregrinações pela Europa, Canadá, América do Norte, América do Sul, Norte de África e Extremo Oriente (Japão e China). O ano de 1912 marcou uma reviravolta na «paixão pelas viagens» do Padre Dehon. Já com setenta anos, escreve aos seus religiosos uma longa carta, intitulada «Souvenirs» (Recordações) sobre as origens da Congregação, a história, o carisma, as suas obras e as suas viagens. A sua atividade exterior estava praticamente concluída. Viajou ainda muito, mas a maior parte só para as visitas canónicas às comunidades e obras da Congregação.
O Padre Dehon no Brasil
Quanto ao significado e alcance das suas viagens e peregrinações, encontramos no Diário do próprio Leão Dehon uma belíssima página que resume, em tom “apologético”, o sentido das suas viagens: «Viajei muito durante a minha vida, mas não creio ter errado em tê-lo feito. Eu não viajei, como fazem algumas pessoas por puro passeio ou pura curiosidade. As minhas viagens sempre foram um estudo e uma peregrinação. Tomei sempre notas, que usei em algumas publicações, para minha edificação e a dos outros. As viagens, bem compreendidas completam os estudos humanísticos. Aos vinte anos que eu quis ver a Itália, o Egito, a Grécia e a Palestina. Foi para mim um complemento da educação. Depois disso, continuei a procurar Deus na natureza, as artes, costumes, história... Queria uma fé iluminada, por isso, percorrer todos os caminhos da história, tem sido para mim um exercício de apologética. A peregrinação aos Lugares Santos confirmou minha vocação. As recordações que sempre guardei têm-me ajudado na minha meditação. Mas é na minha prisão de Saint-Quentin e eu faço as minhas maiores viagens. Com imaginação percorro o grande reino de Deus... Perco-me neste infinito! Os sábios e santos viajaram para aprender e educar-se. Eu tinha mais necessidade do que eles!». Podemos, pois, facilmente constatar que as viagens para ele foram peregrinações e não o desviaram da sua vocação humanista e cristã. Pelo contrário, a experiencia espiritual de união com o Senhor fortaleceu-se com o interesse pelo mundo exterior, explorado artística, turística ou arqueologicamente, e adquiriram um valor propedêutico, pedagógico, formativo, intelectual, espiritual, apostólico e missionário, à imagem do Sábio da Sagrada Escritura que «percorre terras de nações estranhas, conhece por experiência o que há de bom e de mau entre os homens» (Sir 39, 4). Nos próximos textos abordaremos em pormenor cada viagem em particular.
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Francisco Costa
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12– memórias
da família dehoniana
Residiram algum tempo entre nós e deixaram gratas recordações
Missionários de passagem Depois de ter recordado alguns Dehonianos italianos destinados à Obra em Portugal e que, depois de um breve período de colaboração, regressaram à Província de origem, é justo recordar também alguns missionários de passagem, que, enquanto se preparavam para a Missão de Moçambique, residiram algum tempo entre nós, levando e deixando gratas recordações.Trata--se de um quadro, certamente incompleto, mas bastante significativo na história da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus.
Tenha-se presente que os primeiros Dehonianos a fixar-se em Portugal foram missionários destinados à Missão de Moçambique, Missão essa que determinara a abertura de uma presença da Congregação em Portugal. Rezam as fontes que, a 29 de outubro de 1946, dois meses antes da chegada dos Padres Colombo e Canova, desembarcavam no aeroporto de Lisboa os Padres Pedro Comi, Celestino Pizzi e Luís Pezzota; a 17 de novembro chegaria também o Padre Joaquim De Ruschi, vindo de comboio com a bagagem do grupo. No tempo que permanecem em Lisboa para aprender a língua e superar o respectivo exame, dormem na igreja de São Domingos e tomam as refeições nas Oficinas de São José dos Salesianos, aos Prazeres. Embarcam para Moçambique, no navio Quanza, a 12 de fevereiro de 1947, desembarcando na Beira a 20 de março seguinte. Um novo grupo de seis missionários parte da Itália a 24 de Setembro do ano seguinte (1947). Da Madeira, onde já se encontrava desde janeiro desse ano, veio o Padre Colombo a Lisboa receber os confrades e sistemá-los enquanto aguardarão embarque para as Missões: os Padres António Losappio e Vicente Soldavini são colocados no Bairro da Liberdade, Alto da Serafina, em Campolide, onde iniciam um benemérito apostolado assumido mais tarde pelos Dehonianos destinados a Lisboa; o Padre Damião Bettoni e o Irmão Víctor Maiocchi seguem para a Madeira; o Padre Francisco De Ruschi, irmão do homónimo precedente, foi colocado em Linhó, como capelão das Irmãs Doroteias, e o Padre João Gadotti será hospedado no seminário dos Olivais. São estadias, mais ou menos breves, estas iniciais e outras que lhe seguirão, com os missionários a
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O padre Giovanni Bonalumi a bordo do Quanza.
colaborar, mais ou menos tempo, nas obras entretanto abertas pelos Dehonianos em Portugal. Uns acabariam por ficar, como os Padres António Colombi, Agostinho Azzola e Luís Sabini – até o Padre Ângelo Colombo, já velho, fará insistente pedido de ir para as Missões – e outros alcançariam a suspirada meta frente missionária. Padreda Ernesto Tonin 1930-2008 Merece realce a nota de crónica do Colégio Missionário do Funchal à partida do Padre Damião Bettoni e do Irmão Victor Maiocchi para Moçambique. Tinham chegado à Madeira a 8 de outubro de 1947 e partiram para Moçambique a 12 de fevereiro de 1948: “A bordo do Quanza estão de passagem pela Madeira alguns nossos Missionários, em viagem para Moçambique. Com eles partirão também o P.e Damião Bettoni e o Irmão Maiocchi que estiveram cá uns meses a nos ajudar… Os Missionários visitaram a Casa e depois… partem. Acompanhamo-los ao cais. Parece que ficou um grande vazio entre nós. A impressão é enorme. O P.e Bettoni partiu… Quantos projectos tínhamos feito se ele ficasse
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aqui. Revelou-se óptimo confessor de rapazes. Já tínhamos a assistência espiritual na Escola [do Padre Laurindo] e aqui resolvida. Dava-se bem também com o povo; pregava melhor do que qualquer um de nós e julgávamos que ele poderia fazer um bem imenso também aqui. O Ir. Maiocchi trabalhou muito bem no Colégio desde o dia da sua abertura até ao presente! Resumindo, a sua passagem entre nós serviu para dar uma ideia como pode e deve ser um Irmão Auxiliar. O seu exemplo, com certeza, dará muitos frutos. Metade dos rapazes deseja ser irmão para ajudar o Ir. Maiocchi. Se estes dois tivessem ficado cá, seria uma bênção. Mas Deus deu e Deus tirou. E nós fizemos o pecado esquecendo-nos de que estavam aqui provisoriamente”. O Padre Bettoni prestara assistência sobretudo nas capelanias do Bom Sucesso e do Faial. Menção especial merece também o Padre Pedro Minoia, que, no princípio de 1949, está em Linhó, na Quinta da Fonte, das Irmãs Doroteias, morando os Padres Luís Gasperetti e Miguel Corradini em Campolide, no Alto da Serafina. A 23 de março de 1949, embarca para a Madeira, onde, segundo a crónica do Colégio Missionário, deverá permanecer um ano. Na crónica de 2 de outubro desse ano figura como diretor espiritual e encarregado da propaganda; a 15 de setembro de 1951 partiu para Moçambique, acrescentando a crónica que muito ele trabalhou para o Colégio Missionário. Os Padres Ottorino Maffeis e Vitorino Biasioli chegaram a Lisboa a 10 de fevereiro de 1949; são hospedados também eles nas Oficinas de São José, aos Prazeres, seguindo depois para Linhó, para aprender português com o Padre Minoia, que ainda lá se encontrava a aguardar embarque para as Missões. Embarcarão os dois para Moçambique a 18 de maio seguinte. O Padre Giovanni Bonalumi che-
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gou a Lisboa a 20 de agosto de 1949, começando também ele por se instalar em Linhó. Na sua ingénua bonomia, logo se apercebe que Portugal também é terra de Missão: “os portugueses são tão diferentes dos católicos bergamascos!” – lê-se na crónica da igreja do Loreto, relativa a 1 de setembro desse ano – Só a 21 de julho de 1950 seguirá para Moçambique, com o Padre Ottorino Venturini, chegado a Portugal a 5 de maio desse ano. No desespero de obter o visto de ambos para Moçambique – o Padre Venturini esperava-o entretanto na Itália – alguém chegou a meter uma cunha a Salazar. A conclusão foi que era melhor esperar pelo documento em Portugal, e não na Itália. O Padre Tarcísio Finazzi chegou a Lisboa a 4 de julho de 1951, na companhia do leigo Adriano Campiglio, ambos destinados à Missão de Moçambique. Seguem a 8 para a Madeira a bordo do Lima. As memórias do Padre Canova afirmam (p. 51) que, nos poucos meses que passou na Madeira (de julho a dezembro), o Padre Finazzi deixou marca na formação dos alunos e da comunidade, especialmente no campo da música. Era muito apreciada a sua voz; os entendidos em música – havia-os na ilha – lamentavam que uma voz como a sua fosse destinada ao mato ou à floresta africana! O Padre Finazzi partirá para Moçambique a 29 de dezembro de 1951.
Quanza – navio português que transportou muitos missionários.
A 24 de novembro de 1952, chegam a Lisboa, na companhia dos Padres Antonio Becchetti, Tarcício Rota e o prefeito Vittorio Nardon, já referidos em números anteriores, os Padres Lourenço Pistelli e Luís Nava. Este último seguiu com o Prefeito Nardon para a Madeira, enquanto o primeiro foi fazer de capelão às Dominicanas do Ramalhão, em Sintra. A 2 de fevereiro de 1953, o Padre Pistelli embarca para Moçambique, juntando-se-lhe na Madeira o Padre Nava. O Padre José Carlessi chegou a Lisboa 21 de outubro de 1953, procedente de Coimbra, aonde terá chegado de comboio da Itália. A 10 de janeiro de 1955 recebe do Provincial ordem de avançar para Moçambique, partindo a 25 de fevereiro seguinte.
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da família dehoniana
Missionários de passagem (continuação)
De 9 de novembro de 1955 a 29 de fevereiro de 1956, estiveram entre nós os Padres Fortunato Pegolotti, João Colombo, apelidado de Colombaccio (Colombão) mais pelo seu rumoroso bomhumor e para o distinguir do asceta Padre Ângelo Colombo, do que pelo seu porte. Com eles, veio um padre diocesano, que optara pelo apostolado missionário da Zambézia com os Dehonianos, o Padre Dino Finazzi. Ainda em 1956, passa uma temporada em Portugal, nomeadamente em Aveiro, a preparar-se para as Missões, o Padre José Brambilla. Em outubro do ano seguinte (1957), é a vez do Padre Erminio Martelli chegar a Portugal, embarcando para a Madeira a 29 desse mês. A crónica do Colégio Missionário da altura regista a sua chegada, acrescentando que ficará algum tempo a aprender português. Seguirá para Moçambique já a 17 de novembro seguinte, no Pátria, vindo a falecer no campo missionário em 1963. Em 1958, estiveram entre nós os Padres Aldo Fortuna e Francisco Lusardi. A crónica da igreja do Loreto regista, a 19 de fevereiro de 1958, a presença de ambos, devendo eles passar três meses em Portugal a aprender a língua, um em Coimbra e o outro em Aveiro. O Irmão Giovanni Michelle Tapparo chegou Lisboa, a 25 de outubro de 1958, seguindo para a Madeira a 28. A crónica do Colégio Missionário assinala os seus trabalhos de pintura: a 24 de dezembro prepara o presépio da capela e a 8 de janeiro pinta, no pórtico, o fresco de Nossa Senhora de Fátima. Regressa a Lisboa, onde, a 27 de abril de 1959, embarca no Pátria para Moçambique, na companhia do Padre Francisco Donadoni, que passara algum tempo nas comunidades dehonianas do Norte, nomeadamente em Aveiro. A ata do Conselho Regional de 10 de maio de 1960 assinala a próxima vinda dos Padres Nunzio Leali e Emílio Bertuletti. Enquanto aguardam visto e embarque, um irá para o Colégio Luís de Camões e o outro ficará em Lisboa, no Loreto. A crónica da igreja do Loreto assinala a estadia deste último. Exerce ali as funções de pró-ecónomo, secretário do Superior Regional, mestre de coro e catequista das crianças italianas: “É um raio de sol aqui no Loreto – anota o cronista, P.e João Baptista Carrara – Trouxe consigo um pouco de vida e de alegria juvenil”. Parte para Moçambique, a 27 de janeiro
O padre José Brambilla
de 1961, com o Irmão Jorge Peterlini, também ele depois de uma breve estadia em Portugal. A 21 de março é a vez de o Padre Leali partir. Termino com uma especial menção ao Padre Lino Battistel, que deu uma valiosa colaboração em várias casas da então Região Portuguesa dehoniana. Trabalhou no Colégio Missionário do Funchal, de 8 de setembro de 1060 a 19 de agosto de 1961, quando é transferido para Coimbra, para o O padre Lino Battistel Colégio Luís de Camões e, sucessivamente para o Colégio São João. Daqui, passará à Igreja do Loreto de Lisboa, em fins de 1962, onde permanecerá até fins de setembro de 1964, regressando novamente ao Colégio Missionário, na qualidade de vice-reitor, cargo que desempenhará até fins de Junho de 1965, quando finalmente poderá partir para a missão de Moçambique. Dedicar-se-á a essa Missão, em Mualama, Guruè e Nauela, apenas cinco anos. Razões de saúde obrigá-lo-ão a regressar à Itália em 1970, vindo a falecer em Bolognano a 13 de novembro de 2001, com 71 anos de idade. Também a estes missionários de passagem a Província Portuguesa dehoniana muito deve, em termos de colaboração e de animação missionária. A maior parte já faleceu; Deus os tenha e assista!
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comunidades –
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Uma presença de que se esperam muitos frutos eclesiais
PRESENÇA DEHONIANA NO
ALGARVE
O primeiro dehoniano a residir e a trabalhar no Algarve foi o Padre Luís Celato, que de 1964 a 1967 foi Vigário Adjutor da paróquia de São Sebastião de Loulé (cf. nº 404). Para superar a anomalia da estadia desse confrade, a residir fora da comunidade religiosa, se bem que com autorização superior, chegou a ser ventilada a possibilidade de a Congregação assumir uma presença na diocese. Foto a toda a página da igreja paroquial de Castro Marim, onde é pároco o P.e Manuel Chícharo. valentes_2013_03-Marco.indd 15
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16– comunidades
da família dehoniana
Dehonianos no Algarve (continuação)
O primeiro dehoniano a residir e a trabalhar no Algarve foi o P.e Luís Celato, que de 1964 a 1967 foi Vigário Adjutor da paróquia de São Sebastião de Loulé (cf. nº A Folha dos Valentes, 404). Para superar a anomalia da estadia desse confrade, a residir fora da comunidade religiosa, se bem que com autorização superior, chegou a ser ventilada a possibilidade de a Congregação assumir uma presença na diocese. Assim se exprime, de facto, o P.e Bernardo Salandi, Conselheiro Geral, na conclusão da Visita Canónica que fez à então Região Dehoniana de Portugal, em Maio e Junho de 1960: Visitei também, com o P.e Luís, Sua Ex.cia o Bispo, que me suplicou que o ajudássemos, enviando ao menos outros dois padres, como párocos ou a juntarem-se ao P.e Celato, para dar uma ajuda ao reduzido e fraco clero diocesano. Dei-lhe a esperança que, talvez no futuro, fosse bom ter uma residência de três padres a residir numa casa de ministério, eventualmente junto do Santuário de Nossa Senhora [Mãe Soberana de Loulé], promovendo ali cursos de exercícios espirituais para o clero e fiéis. Foram porém pedido e possibilidade que não passaram daí.
A igreja paroquial de Monte Gordo, onde é pároco o P.e Manuel Chícharo
Na segunda metade dos anos sessenta, já com a saúde abalada, o P.e Celato deixou Loulé, para se integrar na comunidade dehoniana de Loures, vindo a falecer em Lisboa a 7 de Maio de 1968. Assim terminara, em 1967, essa primeira presença dehoniana no Algarve. Dez anos mais tarde, em outubro de 1978, o então bispo do Algarve, o franciscano D. Ernesto Gonçalves Costa, voltou a pedir aos Dehonianos uma colaboração, desta vez na direção do seminário e na promoção vocacional diocesana. A proposta chegou a ser considerada no Capítulo Provincial desse ano, mas a res-
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A residência da comunidade SCJ, em Vila Real de Santo António
posta foi pelo adiamento: o serviço pedido estava na linha do carisma dehoniano, mas a possibilidade de reconsiderá-lo ficaria adiada para a remodelação do pessoal de 1980. O Superior Provincial chegou mesmo a convidar o P.e Mário Fattore (A Folha dos Valentes, n. 408), já regressado à Itália, para vir integrar o grupo que eventualmente fosse trabalhar no seminário de Faro. O pedido de D. Ernesto não teve porém seguimento. Passou mais uma década, e eis D. Manuel Madureira, que em 1988 sucedera a D. Ernesto, voltar à carga e a sua persistência acabou por ter sucesso. Logo em janeiro de 1989, renova aos Dehonianos o pedido de colaboração. O Superior Provincial da altura, P.e Fernando Rodrigues Alves Gonçalves, tendo em conta o recente empenho da Província na missão de Madagáscar, voltou a reenviar a decisão. Um inquérito lançado à Província, em janeiro de 1990, sobre a opção de uma nova presença dehoniana nos Açores, em Bragança ou no Algarve, levou a optar pelos Açores, ficando o Algarve no último lugar das preferências. Passam-se outros quatro anos e o D. Manuel Madureira volta a insistir. Era então Superior Provincial o P.e Manuel Neto Quintas, que viria a suceder-lhe no governo da diocese. O pedido soava a um SOS: ajudem, “não me digam que não!”; enviem ou três sacerdotes ou dois sacerdotes e um irmão; até são sugeridas as possíveis zonas de trabalho: Olhão ou Vila Real de Santo António ou Vila do Bispo. A resposta do Superior Provincial foi possibilista: não diz não, mas ainda “não pode dizer sim”; promete porém sensibilizar a Província nesse sentido. D. Manuel Madureira, esperançado e tenaz, chegou a participar na reunião dos Dehonianos de janeiro de 1995 para os sensibilizar. Em maio desse ano, volta a recordar o pedido, que finalmente é aceite. A 7 de junho de 1995, o Superior Provincial faz uma visita in loco com os confrades destinados a essa presença, os padres José Rota e Carlos Manuel de Carvalho Correia da Silva. As possíveis áreas a assumir são ainda Olhão e Vila Real de Santo António, a que agora se junta, em vez de Vila do Bispo, a área de Ferreiras, Paderne e Boliqueime; a preferência
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vai para Vila Real de Santo António. A nova comunidade será constituída pelos ditos dois padres, a que se junta o Irmão Luís da Silva dos Santos. As nomeações do bispo são datadas de 15 de Agosto de 1995: o P.e Rota é pároco de Vila Real de Santo António, do Azinhal e de Odeleite; o P.e Carlos é pároco de Monte Gordo e Castro Marim; ambos vigários paroquiais um do outro. A comunidade é ereta a 14 de setembro seguinte e as tomadas de posse dão-se a 17 do mesmo mês e ano. E não há mãos a medir no campo pastoral e também da criação das necessárias estruturas. Em abril de 1997, o P.e Rota quer comprar a Rádio Guadiana e, no mês seguinte, pretende-se construir uma residência paroquial própria; em ambos os casos, o Governo Provincial recomenda calma e prudência. O mesmo não se verificou quanto a estruturas de culto. Em Altura, povoado e movimentada estância balnear, pertencente à paróquia de Castro Marim, precisa-se de um lugar de culto, e os planos começam a concretizar-se já em Junho desse ano 1997.
A igreja paroquial de Vila Real de santo António, onde é pároco o P.e Feliz Pires
Contemporaneamente, iniciam-se as obras de restauro da igreja paroquial do Azinhal, que terminarão e serão inauguradas, dois anos mais tarde, a 14 de março de 1999. A equipa ia-se, entretanto remodelando, com vários Dehonianos a prestar serviço na área. Em julho de 1998, a comunidade passa à categoria de Casa Principal, não já filial da Cúria Provincial. Em junho de 2000, o Superior Provincial, ao terminar o seu mandato, é nomeado bispo coadjutor do D. Manuel Madureira com direito de sucessão, sucessão que virá a dar-se a 22 de abril de 2004. Em outubro de 2002, D. Manuel Madureira voltaria a pedir aos Dehonianos que assumissem mais uma área pastoral, mas as possibilidades da Província em termos de pessoal não o permitiram. A 11 de Junho de 2005 é inaugurada a igreja de
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A igreja paroquial do Azinhal
Altura; já em 1995 se começara a celebrar a Eucaristia nessa populosa localidade do litoral, inicialmente numa estrutura privada, num cinema e, depois, num salão polivalente. A comunidade religiosa passaria a habitar na residência anexa a essa igreja, de setembro de 2007 até à Páscoa der 2011. No verão de 2005, assume-se também a paróquia de Cacela, com o novo pároco, P.e Leandro António Gomes Garcês, regressado da missão de Madagáscar, a lançar-se no projeto da construção de uma igreja também em Cacela a Nova, onde, entretanto, se passará a celebrar o culto num prefabricado. Na Páscoa de 2011, a comunidade religiosa regressa a Vila Real de Santo António, indo residir agora numa casa da Rua Dr. Manuel Arriaga, doada à paróquia. A 1 de novembro de 2011, o P.e Agostinho Pinto, que entretanto sucedera ao P.e Leandro, assume provisoriamente, autorizado pelos superiores religiosos e a pedido do bispo diocesano, também a paróquia da Conceição de Tavira. Por último, a 7 de junho próximo, solenidade do Coração de Jesus, Altura será elevada a paróquia, emancipando-se de Castro Marim. Foram as vicissitudes e etapas de uma presença, que é para continuar, e de que se esperam muitos frutos eclesiais, expressão do zelo e disponibilidade carismática dos Dehonianos que a ela dedicaram e dedicam parte da sua vida e ministério pastoral.
A igreja do Imaculado Coração de Maria de Altura, que está a cargo do P.e Agostinho Pinto, será elevada a paróquia, a 7 de junho próximo . 26-02-2013 13:26:21
18– vinde e vereis dos conteúdos
Prioridade da Fé e primazia da Caridade
Fé e Caridade
O “Vinde e vereis” tem múltiplas ressonâncias e aplicações. Temos vindo a verificá-lo, mês após mês. Este em que agora nos encontramos é certamente um mês especial, dada a circunstância de todo ele ser vivido, este ano, na perspetiva da celebração do “mistério pascal”.
Antes de chegarmos à Páscoa, que ocorre logo ao fechar do mês, somos mais uma vez convidados a percorrer o caminho da respetiva preparação, no tempo litúrgico da Quaresma. Trata-se de um tempo muito particular que, bem vistas as coisas, é todo ele um insistente “vinde e vereis”, que nos vem sobretudo da Palavra de Deus com os seus apelos muito fortes. Mas não só da Palavra proclamada nas celebrações. Considero merecedora de toda a nossa atenção a bela mensagem de Bento XVI, claramente inspirada pelo Ano da Fé, mas toda ela voltada para a maravilha do amor de Deus que se revela de modo absoluto no ‘mistério pascal’, amor de Deus que levou S. João a escrever: “Vede que admirável amor o Pai nos consagrou…”; amor de Deus que reclama o nosso amor para com Ele e para com os irmãos, segundo a doutrina cristã. Depois de ter afirmado que “a celebração da Quaresma no contexto do Ano da fé, nos proporciona uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros”, o Papa desenvolve o seu pensamento, dedicando um primeiro ponto à virtude da fé como resposta ao amor de Deus. Cita várias vezes a sua primeira encíclica em que aparece claramente afirmada “a ligação entre as duas virtudes teologais: a fé e a caridade”.
Refere expressamente: “A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor!” E isto, depois de ter afirmado que “dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro”. Num segundo ponto, detém-se a considerar, citando várias passagens de S. Paulo, que, se “a fé é conhecer a verdade e aderir a ela, a caridade é ‘caminhar’ na verdade”. Daqui passa a realçar o ‘entrelaçamento’ indissolúvel de fé e caridade, acentuando que “nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade”, uma vez que estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas. Reporta-se à Sagrada Escritura, para referir o exemplo dos Apóstolos, nos quais podemos verificar que “o anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estritamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres”. “Por vezes tende-se a circunscrever a palavra “caridade” à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; mas é importante recordar, ao contrário, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o “serviço da Palavra”. Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa para com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana”. Depois desta mais que oportuna chamada de atenção, Bento XVI desenvolve, já na parte final da sua mensagem, uma ideia lapidarmente condensada nestas palavras. “prioridade da fé, primazia da caridade”, onde a caridade tradicionalmente entendida como “obras de misericórdia”, aparece como o corolário indispensável da fé, quando autêntica: “A relação – diz – entre estas duas virtudes (fé e caridade) é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Batismo e a Eucaristia. O Batismo (sacramento da fé) precede a Eucaristia (sacramento da caridade), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, – conclui – a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela”. É a isso que a Quaresma nos convida.
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Fernando Ribeiro
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dos conteúdos
onde moras – Nós também somos esse grão de trigo
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A semente... Em pleno tempo quaresmal, sinto o desejo de partilhar convosco algo acerca do REINO de DEUS. Jesus diz-nos que “o Reino de Deus e como um homem que lançou a semente à terra. Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga.” (Mc 4, 26-30) Para quem percebe um pouco de terra e de sementes, pode imaginar um grão de trigo que lançamos á terra, passado algum tempo ele germina, cresce e transforma-se numa espiga com muitos grãos de trigo, que podem ser novas sementes, ou serem moídos e transformados em farinha, que por sua vez, pode ser amassada, cozida e dai feito o pão para nos alimentar. Também podem ser transformados em hóstias, que através da Consagração se transformam no Corpo de Jesus Cristo. Este Corpo que é alimento para a nossa vida espiritual. Os agricultores esforçam-se por preparar
bem a terra, e cuidar do grão de trigo para que esteja em boas condições. No entanto, depois de semeado já não podem fazer mais nada para que a semente germine, é tarefa do grão de trigo. Este tempo quaresmal é propício para que cuidemos da semente e da terra, A Palavra de Deus é a semente por excelência, é o grão de trigo que vai sofrendo transformações. O Senhor faz-nos um forte apelo à conversão, à mudança de vida. A semente da Palavra quer germinar em nós e dar fruto abundante. Nós também somos esse grão de trigo em relação à missão que o Senhor nos confiou. Que tipo de fruto? Que qualidade? Que sabor? O Reino de Deus vai crescendo e se vai desenvolvendo em cada um(a) de nós. Deus vai fazendo maravilhas, cada momento da nossa vida é marcado pela força do Espírito. Implica que façamos a nossa parte. Ele não falha! Temos de confiar no MESTRE! Somos frágeis como o pequeno grão de trigo. No entanto “é na nossa fraqueza que se manifesta a força de Deus”. Santo Tempo da Quaresma!
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Fátima Pires
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20– meias doses de saber dos conteúdos
A instituição papal, um fator de continuidade da Igreja no tempo
O poder do Papa
Ao lado de figuras políticas mundiais mais mediáticas como Barack Obama, o Sumo Pontífice da Igreja católica é, sem dúvida, no plano global o líder religioso mais conhecido e mais influente. O Bispo de Roma e Chefe da Igreja Católica é, em primeiro lugar, o símbolo, a coluna mestra da unidade da Igreja. A Igreja Católica, o mesmo é dizer universal, alberga no seu seio uma diversidade extraordinária e multicolor de dinamismos, tendências, movimentos, estruturas, carismas todos eles orientados para a Fé em Cristo e no seu Evangelho.
O Papado
Ao longo dos tempos
A Igreja é a maior macroestrutura religiosa do mundo presidida por um Pontífice que os católicos aceitam e seguem através do vínculo da fidelidade filial. Apesar de todas as vicissitudes e tempestades de vária ordem, a instituição papal tem sido um fator de continuidade da Igreja no tempo. Aquele Cristianismo que aceitou ficar e rever-se na autoridade eclesial máxima do Pontífice de Roma forma a Igreja Católica. O Sumo Pontífice partilha com os bispos de todo o mundo o poder de pastorear o povo de Deus transmitido através do longo fio da sucessão apostólica. O papado afirmou-se no contexto do Cristi-anismo antigo e assenta na célebre afirmação teológica atribuída a Cristo: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-lhe-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligardes na terra ficará ligado no céu e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu” (Mt 16, 17-19). Este fundamento teológico concedeu aos sucessores de Pedro um poder vicarial, de mediação entre o divino e o humano, exercido em nome de Jesus Cristo, fundador do Cristianismo.
O papado tem sido ao longo dos tempos uma das referências mais importantes em termos de garantia da afirmaMilagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890) ção e salvaguarda da doutrina considerada ortodoxa do Cristianismo, mas também é verdade que o seu estatuto de supremacia tem sido alvo de mais variadas críticas e cisões. Naturalmente, seria expectável que o trono pontifício tivesse sido sempre ocupado por um “Santo Padre”, sábio e bom. Sabemos que nem sempre assim aconteceu. Essa é uma das contradições da Igreja, corpo divino e humano. A humanidade da Igreja é sua cruz e o seu desafio permanente de questionar a sua fidelidade ao Evangelho. O papado, à medida que a Igreja foi crescendo e ganhando influência e poder não só espiritual mas também temporal, tornou-se alvo da cobiça humana, dos mais diversos interesses e até de conspirações. Não poucas vezes, a tentação pairou na cúpula da Igreja e esta revelou a sua humanidade frágil e pecadora. Houve, ao longo da história, muitos papas santos e sábios. Mas também os houve pecadores e pouco parecidos com Cristo. Geralmente, quando o trono de São Pedro foi ocupado por homens pouco vocacionados e pouco fiéis ao Evangelho foi precisamente o tempo em que os cismas e as divisões na Igreja preponderaram. A Baixa Idade Média e o período do Renascimento é exemplo desse contra-exemplo. Houve cismas, papas e antipapas, compras de cargos eclesiásticos (mal chamado de simonia), famílias poderosas que quiseram fazer do trono pontifício uma dinastia… Felizmente, a Igreja sobreviveu
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a si própria, ou seja, aos grandes pecadores que a lideraram, pois o Espírito que a guia é mais forte que a carne que fraqueja. Também foi nesses tempos de crise moral grave que afetou a hierarquia da Igreja que surgiram mulheres e homens santos animados pelo espírito de renovação da comunidade eclesial. São Francisco, Santa Catarina, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Jesus, entre outros, foram muito críticos da acomodação da Igreja e dos seus mais altos responsáveis e exigiram, com espírito profético, conversão interior e revolução evangélica da vida pessoal e social.
Nos últimos séculos Nos últimos dois séculos, especialmente a partir dos anos 70 do século XIX, altura em que a Igreja perde os Estados Pontifícios em favor do Estado Italiano que então se ergue e se expande, os Papas passam a focar-se fundamentalmente no exercício do poder espiritual, na sua missão genuína da pastoral universal da Igreja. Essa mudança profunda reforçou progressivamente a autoridade espiritual dos Papas e deu ao papado uma projeção cada vez mais global. As últimas décadas do século XX, acentuando uma tendência que se sentia já desde João XXIII e com a projeção que teve o Concílio Vaticano II (1962-1965), o Papa torna-se cada vez mais uma estrela mediática com projeção planetária inequívoca. Para este efeito muito contribuiu o carisma do Papa João Paulo II e as suas múltiplas viagens pastorais a vários pontos do mundo. Com João Paulo II podemos dizer que o Papa universaliza-se e torna-se uma figura cada vez mais ouvida dentro e fora da Igreja. Todos os passos do Papa passaram a ser ob-
jeto de atenção das televisões, das rádios e dos jornais de todo o mundo. Assim também as funções e o estatuto papal passaram a ser objeto de debate, de comentários por parte de católicos e de não católicos.
Bento XVI A Igreja ao manter até hoje, no seu direito canônico, a eleição papal como um serviço de autoridade máxima com carácter vitalício, naturalmente que a resignação recente do Papa não deixaria de ter um efeito de onde de choque. Representou uma pequena revolução, pois coloca em causa uma lei milenar da Igreja, que só tinha sido quebrada por papas medievais em contextos diversos dos de hoje. Bento XIV tentou continuar o esforço e o trabalho de pastor universal da Igreja, procurando visitar comunidades católicas de vários continentes. Labor quase sobrehumano para um homem octogenário e com problemas de saúde. Este Papa relançou, com grande inteligência
e saber revelado nas suas encíclicas, o diálogo, muitas vezes interrompido desde o Iluminismo, entre Razão e Fé. Alguns chamaram-lhe o último papa iluminista, pois apostou na Razão para esclarecer a Fé e quis reconciliar a racionalidade crítica com a verdade acreditada. A sua ponderação e exigência racional certamente o levou a considerar que seria mais sensato por em causa uma lei humana da Igreja que estendia até à morte um papa no trono pontifício. Vivemos num tempo em que os avanços da medicina podem manter um homem vivo, mas inoperante, durante muitos anos. Certamente, temeu que a suas faltas de forças e fragilidades físicas se tornassem um empecilho à renovação que a Igreja sempre carece em cada tempo. Esse é o segredo da perenidade da Igreja: a sua abertura à renovação que o Espírito Santo suscita nela em cada tempo dos homens. Bento XIV abriu a porta para que a Igreja possa mais uma vez repensar-se e refrescar-se nas fontes cristalinas do Evangelho.
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Eduardo Franco
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22– pedras vivas dos conteúdos
Era preciso “dar a volta ao texto”
Pedras Vivas numa igreja renovada Há precisamente um ano, terminava a assim o artigo destas páginas: “Esta comunidade de Santo António, na paróquia de Baguim do Monte, é um sinal de esperança, numa comunidade paroquial, dormitório do grande Porto, onde a presença é cada vez mais anónima e pouco motivadora. Ali, cada um tem o seu lugar. Ali, todos contam. Ali, a comunidade é família. É para este tipo de comunidades que a Igreja terá de caminhar.”
E escrevi isto logo a seguir à Visita Pastoral do Bispo diocesano à Paróquia de Baguim do Monte, da cidade de Rio Tinto, Gondomar. Na altura, a Igreja de Santo António, estava degradada, chovia dentro, havia buracos nas paredes, a pintura estava suja, havia quadros colocados estrategicamente nas paredes não pela arte ou importância deles naquele lugar, mas apenas para tapar inestéticos buracos ou remendos… O Pároco, evidentemente, levou lá o Bispo. E a contrastar com esta pobreza do edifício, ele encontrou lá, à sua espera, sem que nem ele nem o Pároco o aguardassem, a beleza de uma comunidade não muito grande, como também escrevi então, mas feita de Pedras Vivas, dinâmicas, com sentido de missão e com vontade de dar a volta àquilo. Aquela parte da paróquia, mais afastada da igreja matriz, certamente que queria e lutava por um templo mais digno, mas antes disso estava preocupada em ser um Templo Santo do Senhor, feito de Pedras Vivas… O Bispo deixou-lhes uma palavra de carinho, de apreço e de estímulo…Quanto à Igreja de Santo António sugeriu que se estudasse o que se poderia fazer… Por isso, fizeram da celebração da Missa Dominical a grande festa da semana. O entusiasmo de cada um, a participação cada vez mais alargada, chamou para a celebração pessoas até de outras zonas da Paróquia e de paróquias vizinhas… A igreja começou a encher e com isso, o apelo à sua urgente reparação. Começava a ser muito desgastante, andar a apanhar a água da chuva antes de cada celebração, arrumar os bancos para onde não chovesse, limpar sempre mais que uma vez as mesmas coisas, consertar os micros, tentar não passar em certas zonas do presbitério, porque ameaçava ceder… E a comissão das obras foi ter o Pároco. Era preciso fazer obras.
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– Mas como? – perguntava ele. Os dinheiros são poucos e o orçamento que ele tinha pedido era proibitivo. Que fazer? Chamaram-se técnicos. Pediram-se pareceres… E veio o desalento. A comissão de obras da Diocese desaconselhava a mexer naquilo, porque o parecer que lhes tinha sido enviado era extremamente negativo…A ideia com que as pessoas da comunidade ficaram foi que aquela igreja pela qual tinham tanto carinho iria cair de podre. Mas uma comunidade de Pedras Vivas como aquela era, e queria continuar a ser, não podia ser vencida pelo desalento. E confesso, caro leitor desta revista, que nestes três anos de missa dominical lá, foi o tempo que mais me custou viver com essa comunidade, por sentir esse desalento, que nunca apadrinhei, antes pelo contrário. Era preciso dar a volta ao texto. A comunidade vivia com Deus no coração e era no Coração de Deus que tinham que conseguir uma solução. Por isso fui insistindo para que rezassem, que não desanimassem, que continuassem a trabalhar para
angariar fundos e consultassem outros técnicos e pedissem outros orçamentos. E o mais importante: Que continuassem a encher a igreja para demonstrarem que era necessária. A mensagem passou. E outros orçamentos foram pedidos e apresentados ao Pároco. Havia outras soluções, talvez menos perfeitas, mas possíveis, porque muito mais económicas. E um pouco antes do Natal, as obras começaram, e nove meses depois da Visita Pastoral do Bispo da Diocese as obras começaram e deram-se por terminadas no dia em que fazia um ano dessa visita. E como sempre, também desta vez, porque a Deus e a quem o ama e serve nada é impossível, as obras fizeram-se. E a Igreja de Pedras Vivas continua com todo o seu entusiasmo. Fez uma linda caminhada de Advento e uma boa Vivência do Natal do Senhor. Agora está a fazer uma purificadora caminhada de Quaresma e já tem planeada uma feliz e santa Vivência da Páscoa. A planear esta caminhada quaresmal uma das senhoras da comunidade foi a uma loja de tecidos no Porto. Disse para o que eram, escolheuos, e quando perguntou quanto era… – Não é nada. Já percebi que é para a Igreja de Santo António, de Baguim do Monte. Tenho ouvido falar muito bem dessa comunidade, onde há bastante tempo não vou à missa, e tenho muito gosto em oferecê-los. A senhora que foi comprar ficou admirada. Agradeceu e disse-lhe que quando pudesse que voltasse à nossa missa, que teríamos muito gosto em tê-la connosco a celebrar a Fé… E logo no domingo seguinte a senhora lá estava, feliz por ver a Igreja tão linda e tão cheia de gente feliz a celebrar a sua fé. E continuou a vir… O testemunho de alegria na vivência da fé, é o que mais cativa e o mais chama os irmãos para Cristo. Obrigado comunidade de Santo António, pelo que me tens animado na vivência da minha fé cristã.
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António Augusto
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24– eclesialidade dos conteúdos
Artigo MISSÃOPRESS
O que resta da primavera árabe?
Fórum Social Mundial O Fórum Social Mundial (FSM) deste ano vai realizar-se pela primeira vez num país árabe, a Tunísia. O encontro reunirá movimentos sociais e activistas cívicos que protagonizaram a primavera árabe de 2011. Sob o lema «outro mundo é possível», o FSM que, irá decorrer de 26 a 30 de Março em Tunes, quererá ser uma caixa de ressonância de todos os sucessos e falhanços alcançados em países do norte de África e Magrebe graças às profundas transformações sociais e políticas ai ocorridas há dois anos. «O mundo árabe é o novo centro dos movimentos sociais», disse Marwen Talbi, um jovem activista social tunisino, que está a dinamizar outras regiões da Tunísia para não ficarem à margem do evento, nomeadamente através da organização de caravanas de ciclistas, numa tentativa de divulgar notícias sobre o FSM por todo o país. «O FSM deve ser uma oportunidade para as pessoas mudarem suas vidas. Queremos estimular especialmente os jovens, que têm a revolução ainda fresca nas suas mentes, para que sejam activos e façam coisas positivas para as suas próprias comunidades», afirmou. Num espaço livre, de reflexão, debate e partilha de ideias e acções na procura de sistemas alternativos de vida, económicos e sociais aos actuais, o encontro internacional de Tunes reunirá activistas cívicos, membros de organizações cívicas e religiosas oriundos de todo o mundo. O seu propósito é
o de apoiar as reformas actualmente em curso nos países árabes, abrindo as suas sociedades a uma maior participação democrática, liberdade de expressão e justiça social. Passados dois anos do terramoto político e social que abalou os fundamentos de regimes ditatoriais no mundo árabe, levando inclusive à deposição de quatro governos, a instabilidade e incerteza persistem nesses países. Os jovens que foram os protagonistas da «primavera árabe», vieram de novo para as ruas do Cairo e Tunes para mostrar a sua insatisfação. Protestam contra a lentidão das reformas prometidas e por continuarem sem oportunidades de emprego. Há a possibilidade duma repetição das revoluções e levantamentos populares de 2011. Organizado pela primeira vez em 2001, em Porto Alegre, no Brasil, e depois em outros países, o FSM é o principal evento mundial que congrega as mais variadas forças sociais. Atrai uma média de 100 mil pessoas de todo o mundo. Os espaços de diálogo compartilhados no Fórum permitem a reflexão e a discussão sobre a possibilidade de um mundo diferente daquele preconizado pelos defensores da globalização e do neoliberalismo.
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António Carlos Ferreira
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dos conteúdos
palavra de vida – Misericórdia e perdão para preparar o coração para a alegria da Páscoa
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Quaresma, caminho de Vida
Uns mais, outros menos, todos transportamos na « bagagem » número considerável de Quaresmas. E é todos os anos mais ou menos a mesma coisa: vivemos a euforia natalícia, cantamos janeiras e reis, passamos fugazmente pelo Carnaval e… já é outra vez Quaresma! E a verdade é que a Quaresma também não varia muito de ano para ano: há sempre alguém que faz questão de nos recordar que se trata dum tempo forte de oração, de leitura e meditação da Palavra de Deus, de penitência, de conversão, de partilha e de solidariedade.
Este ano o mês de Março é uma verdadeira caminhada de preparação para a Páscoa, uma vez que todo ele preenchido com o tempo da Quaresma e culmina precisamente com o Domingo de Páscoa, dia 31. Deixemo-nos então guiar pela Palavra de Deus neste caminho que agora estamos a iniciar – escrevo precisamente na Quarta-feira de Cinzas… Entre os muitos textos do Evangelho que lemos e meditamos ao longo deste tempo, escolhi o do 5º Domingo, 17 (Jo 8, 1-11). É um texto que conhecemos bem, que talvez já tenhamos meditado muitas vezes… mas pode ser que mais uma vez tenha algo de novo para nos oferecer. Denunciar pecados e pecadores O texto de São João começa por apresentarnos uma cena pouco simpática: a mulher surpreendida em adultério é trazida à presença de Jesus por escribas e fariseus. Estes parecem estar simultaneamente interessados em apanhar Jesus em falso e ver a mulher sofrer o castigo previsto na Lei. Como é fácil julgar, condenar, querer o mal dos outros, querer “ver sangue”! Os pseudo-justos e santos encontram sempre motivo para julgar e condenar quem não tem força suficiente para resistir ao peso do pecado e da fragilidade.
Também eu não te condeno! Jesus não está na mesma onda de fariseus e escribas. A mulher agiu bem? Não! E Jesus faz-lhe ver isso, recomendando-lhe que não volte a pecar. Jesus sabe fazer bem a distinção entre o pecado e a pecadora; o primeiro é de condenar, a segunda é de salvar, merece nova oportunidade, é-lhe conferida a possibilidade do arrependimento e da conversão. Jesus não está ali para atirar pedras a ninguém e o seu gesto leva a que outros, eventualmente predispostos a apedrejar, desistam do intento e sigam a vida por outro rumo. De que lado da barricada nos encontramos? Fazemos coro com os profissionais do apedrejamento, dos de julgamento e de condenação fáceis, ou alinhamos com o Jesus bondoso, misericordioso, acolhedor, pronto a levantar quem está caído por terra? A Quaresma é um caminho de comunhão, de partilha e de fraternidade, que só pode ser percorrido por quem está disposto a acolher os gestos de misericórdia e de perdão que Jesus nos deixou em exemplo. E só assim chegaremos ao último do mês com o coração preparado para celebrar a manhã gloriosa do Cristo ressuscitado. Santa Quaresma e muito Santa e Feliz Páscoa!
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José Agostinho Sousa
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26– leituras
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Genealogia paterna do Padre Dehon
Os De’Hon
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exandre Deho
O pai, Júlio Al
João Leão Dehon A mãe, Estefânia Vandelet
O irmã
o, Hen ri
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No encontro de delegados europeus da Família Dehoniana, realizado em Foligno (a 20kms de Assis), na Itália, a meados de Janeiro de 2013, o religioso dehoniano francês P.e Perroux, especialista em espiritualidade dehoniana, presenteou-nos com o tema A Família dos Dehon hoje, numa perspetiva genealógica dos Dehon desde a Idade Média até hoje.
É evidente que se pode ver a partir da perspetiva materna ou paterna. Tentou mostrar a árvore genealógica paterna. Na Idade Média, os Dehon eram uma família de aristocratas rurais (não burgueses). Eram pequenos senhores. Estavam ao mesmo nível que os príncipes. No fundo, eram senhores feudais. As várias guerras na altura levam a perder o estatuto de aristocratas, passando a serem administradores de terrenos. No fundo, foi uma redução de prestígio social. Eram sempre herdeiros de terrenos rurais. Nunca deixaram de ser figuras destacadas na sociedade francesa. Hon era um pequeno rio que separava a França da Bélgica. Por isso, tinham o nome nobre De’Hon. O apóstrofo dava-lhes esse prestígio. A partir de 1750 os De’Hon vieram para Dorisse, sendo grandes proprietários. Em 1850 foram para La Capelle. A revolução francesa aparece e tenta eliminar todos estes títulos nobres. Assim, os De’Hon passaram a Dehon, sem apóstrofo. Os avós e pais de Dehon trabalharam sempre com cavalos. Preparavam os cavalos para as corridas que ainda hoje têm essa tradição e fama na região. La Capelle está a 50 kilómetros da fronteira com a Bélgica. Não esqueceu de sublinhar a importância da família, nomeadamente, os pais e a avó paterna no desenvolvimento humano e espiritual do Padre Dehon.
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Tinha muita estima pela avó paterna a quem chamava Mamã Dehon. Ela era muito carinhosa com o Dehon e dizia às vezes: deixem o rapaz tranquilo. Os Dehon foram figuras importantes em La Capelle, desde presidentes da Câmara a outros postos de realce na sociedade do estado de L’Aisne. O Padre João Leão Dehon viajou muito e gostava de viajar e a família tinha posses para viajar. Em 2005, reuniram em Roma 105 descendentes dos Dehon. Ainda hoje, os Dehon em França, sentem-se orgulhosos do seu Padre Dehon. Este grande homem, João Leão Dehon, nasceu a 14 de Março de 1843, em La Capelle ao norte do Departamento de L’Aisne (França) e partiu para Deus a 12 de Agosto de 1925, em Bruxelas (Bélgica). O seu pai Júlio Alexandre Dehon tinha um caráter forte e vincado. A sua mãe, Estefânia Adele Vandelet, tinha uma grande devoção ao Coração de Jesus. Tinha um irmão mais velho: Henrique. Tinha uma grande sensibilidade espiritual. Num retiro que fez quando tinha apenas treze anos, sentiu que Deus o chamava para o sacerdócio e iniciou uma longa luta com o seu pai, que não pretendia ter um filho padre. Em 1859, foi para a Universidade de Sorbonne, em Paris, onde se formou em Direito. Em 1865, aceitou a longa viagem que o seu pai lhe ofereceu, com a clara intenção de que não seguisse a carreira sacerdotal. Começou pela Suíça, Itália, Grécia, Egito e terminou na
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Palestina. No regresso, passou pela Síria, Constantinopla, Budapeste e Viena. Mas em vez de ir para casa, foi para Roma. Entrou para o Seminário de Santa Clara, mesmo contra a vontade paterna, uma vez que era Deus que o queria padre. A 19 de dezembro de 1868, foi ordenado sacerdote. Estava feliz, porque o seu pai se converteu e recebeu a eucaristia das suas mãos, quando celebrava a sua primeira missa. Apesar de ter concluído muitos cursos, o Padre Dehon foi designado para ser um simples vigário da pobre e problemática paróquia de São Quintino, da diocese de Soissons. Fundou a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Entretanto surgiu a grande provação. O governo maçónico da França decretou a expulsão das congregações religiosas. Para proteger os seus sacerdotes no caso de expulsão, O Padre Dehon, adquiriu uma casa na Holanda, para onde poderiam refugiar-se. Mais tarde, fundou novas casas por toda a Europa, assim como na América, na África e na Ásia. Sempre com a ideia de difundir o pensamento da justiça social da Igreja, o Padre Dehon proferiu muitas conferências, escreveu artigos em jornais e revistas e publicou vários livros, criou um jornal e uma revista. Deixou-nos um carisma, uma espiritualidade que pode ser vivida por todos: leigos, leigas, consagrados e consagradas: O Coração de Jesus, ou seja o amor cordial de Deus. Neste sentido, o Padre Dehon é um verdadeiro “pai espiritual”, mesmo quando o carisma, prolongando-se no tempo, se transmite e se exprime em novas formas, que não foram percetíveis até ao presente; formas que depois foram reconhecidas como autênticas e aprovadas pela Igreja. (Carta de Comunhão, nº 5).
Leão Dehon, de visita à Terra Santa
A casa onde nasceu e viveu João Leão Dehon
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Adérito Barbosa
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– recortes – sobre a bíbliadehonianos 2808 dos conteúdos
É necessário conduzir os homens para fora do mar salgado... rumo à luz de Deus
Bento XVI e a Quando já terminou o Pontificado de Bento XVI, o “intelectual, místico e artista” (na classificação certeira de D. José Policarpo), pretendemos com este contributo dar-lhe a merecida homenagem, ao mesmo tempo que refletimos sobre o papel do Sucessor de Pedro na Igreja, tal como passa dos textos bíblicos, numa “exegese espiritual”, diremos mesmo “poética”, feita pelo Papa Bento XVI, em dois momentos do seu pontificado.
Pedro: entre o pescador e o pastor Quando iniciava o seu ministério petrino, em 2005, partindo texto de Jo 21,1-17, Bento XVI detinha-se sobre a missão do apóstolo Pedro em duas vertentes: o pescador, por referência ao passo da pesca milagrosa de 153 grandes peixes; o pastor, vertente bem vincada na tríplice ordem do Ressuscitado a Pedro (“Apascenta os meus cordeiros/as minhas ovelhas”, nos vv. 15-17). O Santo Padre colocava, então, uma questão: a pesca não constituiria a morte do peixe, se o tirava fora da água? Valendo-se dos Padres da Igreja, o Bento XVI concluía, antes, pela passagem da morte à vida, pela passagem da alienação das “águas salgadas do sofrimento e da morte” para “o esplendor da luz de Deus, a verdadeira vida”. E assim referia a missão do pescador: “É precisamente assim na missão de pescador de homens, no seguimento de Cristo, é necessário conduzir os homens para fora do mar salgado de todas as alienações rumo à terra da vida, rumo à luz de Deus. É precisamente assim: nós existimos para mostrar Deus aos homens”. Dando-se conta da bela imagem da rede que pescara os 153 grandes peixes sem se ter rompido, Bento XVI via nela a imagem da Igreja que no ensinamento de Jesus seria “um só rebanho e um só Pastor” (Jo 10,16); e colhia daí a ocasião para rezar ao mesmo Jesus: “Faz com que sejam um só pastor e um só rebanho! Não permitas que a tua rede se rompa e ajuda-nos a ser servos da unidade!”. Já por quanto se refere à missão de pastor, Bento XVI evocava a imagem do pálio papal, tecido de lã de cordeiro, que, daí a pouco, lhe seria colocado aos ombros: “O Pálio torna-se o símbolo da missão do pastor”. Valendo-se da bucólica imagem evangélica do pastor que deixa as noventa e nove ovelhas para ir à procura da que se tresmalhou no deserto, refletia o Santo Padre: “A santa preocupação de Cristo deve animar o pastor: para ele não é indiferente que tantas pessoas vivam no deserto. E existem tantas formas de deserto!”. E passava a elencá-las como a pobreza, a fome e a sede, chegando à escuridão na procura de Deus, para concluir: “A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo, devem pôr-se a caminho, para conduzir os homens para fora do deserto, para lugares de vida, de amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude”. E terminava com um quadripartido apelo à oração por ele e pela Igreja, para que todos aprendamos do modo de Jesus de ser Pastor; desses quatro apelos ressoa como comovente um que aqui deixamos: “Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos”.
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e a missão de Pedro
Pedro: da tríplice confissão de amor aos cordeiros que são de Jesus Ao escrever o seu livro, “Jesus de Nazaré”, em 2007, Bento XVI ligava este mesmo texto de Jo 21 com o texto da afirmação de Jesus como Porta e como Bom Pastor (cf. Jo 10). Comentava, então: “Pedro é claramente nomeado pastor das ovelhas de Jesus, é investido do próprio múnus pastoral de Jesus. Para o poder realizar, contudo, deve entrar pela «porta»” que é o próprio Jesus. Pedro “é interrogado sobre o seu amor [a Jesus], que lhe permite tornar-se uma coisa só com Jesus. Deste modo, chega às ovelhas «através de Jesus», não as considerando suas – de Simão Pedro – mas como o «rebanho» de Jesus”. O Papa e teólogo alemão ia mais longe ainda, ao notar o modo como esse encargo pastoral fora confiado a este que, antes, fora pescador: relacionando o imperativo de Jo 21,19 (“Segue-me”) com Mc 8,34 (“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”), este posterior à chamada “confissão de Pedro”, comenta Bento XVI: “Também o discípulo que, agora, precede os outros como pastor deve «seguir» Jesus. Isto comporta – conclui o Papa – a aceitação da cruz, a disponibilidade para dar a própria vida”. Nesta mesma linha, ainda antes, o comentário tinha deixado claro que o «rebanho» continua a pertencer a Jesus: “Se alguém é um pastor verdadeiro, isso é demonstrado quando entra através de Jesus, entendido como porta, porque Jesus continua assim, substancialmente, a ser o Pastor – somente a Ele «pertence» o rebanho”. E mais à frente: “O verdadeiro pastor não possui as ovelhas como um objeto qualquer. […] Do mesmo modo também as «ovelhas» que são pessoas criadas por Deus não pertencem ao pastor como coisas. Seria mesmo essa a diferença entre o pastor e o ladrão: para o ladrão, para os ideólogos e para os ditadores, as pessoas são somente coisas; para o pastor, contudo, são seres livres em vista da verdade e do amor”.
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Ricardo Freire
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30– sobre a fé dos conteúdos
Do papa Bento XVI, numa palavra, bem se poderia dizer: “amou a Igreja”
Bento XVI: a beleza d Ocorrendo, por estes dias, acontecimentos históricos tão importantes para a vida da Igreja, quero aqui, de uma forma simples e reconhecida, manifestar a minha admiração e gratidão ao Papa Bento XVI, pelo seu testemunho de fé e de amor a Cristo e à sua Igreja. Já muito se escreveu sobre esta figura incontornável e ímpar da Igreja contemporânea e sobre o seu pensamento doutrinal. Quero, também eu, a jeito de testemunho pessoal, fazer realçar alguns dos traços do seu pensamento teológico e espiritual, que mais me apelaram e que considero marcantes para uma vivência cristã cada vez mais autêntica, em Igreja, no mundo. Da gigantesca constelação do património cultural e religioso que nos deixa, destaco três aspetos doutrinais que, a meu ver, refletem bem a influência de Santo Agostinho no seu “corpo doutrinal”.
O amor a Cristo O primeiro é sem dúvida o amor a Cristo. À semelhança do Bispo de Hipona, Bento XVI apelou-nos para a essencialidade da fé cristã, para a surpreendente beleza do mistério do Filho de Deus feito homem, para a sua obediente e doce humildade que vem para curar-nos do grande pecado da soberba, essa grande doença mortal que nos faz recusar Deus, que nos desumaniza e fragiliza o coração, limitando-o a ambições mesquinhas, deixando-nos curvados sobre nós mesmos, fechados, assim, à luz de Deus, à vida da graça e ao amor aos outros. É este Jesus que precisa de ser anunciado, re-proposto, “re-presentado” ao mundo, não apenas aos de fora, mas sobretudo (nestes tempos de “analfabetismo religioso”) aos de dentro, acomodados a um cristianismo amorfo e, talvez, desligado da vida. É, pois, essencial encontrar-se pessoalmente com Cristo, na Igreja, para que possa haver renovação e projeção pessoal e eclesial. Sim, porque o cristianismo não é uma política nem uma filosofia, mas uma pessoa, um encontro pessoal com Cristo, um encontro transfigurante. Este Jesus, Filho de Deus, de coração humilde e obediente é revelado pelas Sagradas Escrituras, das quais se deve partir sempre, porque nos revelam Deus. Na linha dos Padres da Igreja, Bento XVI recordou, vezes sem conta, que as Escrituras só podem ser compreendidas, em toda a plenitude e amplitude, quando lidas com o olhar da Igreja, na Igreja e com a Igreja, porque ela é continuamente assistida pelo mesmo Espírito que as inspirou. Mas este doce e humilde Jesus, agora glorificado, não está apenas vivo e atuante como Palavra viva e eficaz na Escritura, lida e rezada com fé e na fé da Igreja. Ele está real e pessoalmente presente e atuante na Eucaristia, sacramento por excelência da sua vida, totalmente entregue por amor e para nossa salvação. Na Eucaristia o Senhor nos chama a formar com Ele um só Corpo, vivificado pelo seu Espírito e a sermos seus amigos, não estranhos, mas amigos de coração, cujos diálogos são sempre de “coração a coração” (cor ad cor loquitor). Mas neste tratar de amizade, admiravelmente conseguida na oração pessoal e comunitária, é fundamental o silêncio, pois Deus fala no silêncio e ele é tão ou mais eloquente que as ardentes palavras.
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a de acreditar em Cristo e na Igreja O amor à Igreja O segundo é o amor à Igreja. Desde cedo, vê e sente a Igreja como Povo e Casa de Deus. A Igreja é Povo de Deus, orientado para o seu Senhor, cuja proximidade e amor a liturgia celebra de modo consciente e recolhido e na qual se faz a experiência adorante e comovente das maravilhas de Deus, em nosso favor. Como Povo de Deus, que peregrina nos desertos de mundo, a Igreja é o sinal concreto e visível do empenho de Deus em salvar esta humanidade e este mundo sedento de redenção. Para além de Povo, a Igreja é também Casa de Deus, espaço amplo de acolhimento, lugar de destino de todos os povos, lugar de busca da verdade em cujos pátios se dialoga sobre o porquê das coisas, qual o sentido deste e do outro mundo, numa conversão sincera, onde todos têm algo a dizer e a contribuir para que o homem seja mais homem e se possa edificar finalmente na paz a Casa e o mundo. Numa palavra, do papa Bento XVI bem se poderia dizer: “amou a Igreja!” – Dilexit ecclesiam.
O amor à beleza e à verdade Por fim, o amor à beleza e à verdade. Ao homem contemporâneo muitas vezes desalentado, marcado pelo relativismo, capaz do melhor e do pior, o Papa recordou a beleza da dignidade e da vocação humana, a beleza das coisas simples da vida e da beleza em si, como caminho de ascensão humana e espiritual, lugar onde Deus se dá a conhecer e em cuja expressividade plástica o Céu se contempla e nos fala. Deste Céu que todos procuram conhecer, talvez por caminhos diversos, mas não opostos! É necessário, pois, cooperarmos todos, no sentido de encontrarmos, a partir das parcelas de verdade de que todos possuímos algo, alcançarmos, assim, a Verdade, praticando e seguindo todos pelos seus caminhos da justiça e do amor. Por tudo isto, obrigado Santo Padre!
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Nélio Gouveia
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32– reflexo
dos conteúdos
Obrigado pela sua simplicidade, profundidade de pensar, clareza de ideias
Por amor à Igreja... Sabias que: O Papa Bento XVI renunciou ao cargo de Sumo Pontífice. Em dezembro de 2010, escrevia neste espaço sobre o acontecimento do ano, tinha escolhido a visita de Bento XVI a Portugal. Permiti que recorde algumas das frases de então: “Chega ao fim o ano de 2010, estamos às portas de 2011. (…) Para mim se tivesse que escolher o acontecimento do ano, escolheria a visita do Papa Bento XVI ao nosso país. Porque escolhi assim? Por muitas razões. Apresento algumas delas. Em primeiro lugar pela resposta que o Papa deu a todos os prognósticos, comentários e fracassos anunciados dessa visita. Ele deu-nos um exemplo de coragem, simplicidade, frontalidade como encarou cada momento da visita. Depois, a forma como reagiram todos os que antes da visita diziam mal. Antes da sua chegada disseram “cobras e lagartos” do Papa, como o decorrer da visita foram dizendo que afinal o que tinham dito não tinha sido bem assim, e depois da visita disseram, os que deram a cara, que o Papa tinha estado muito bem. Em terceiro lugar, o Papa Bento XVI, mal amado e desconhecido pela maioria de nós, deu-nos um testemunho de fé, serenidade, paz, alegria e felicidade, que sentimos saudade ao vê-lo partir. Ficou a sua mensagem, simples e intelectualmente muito rica. Não teve medo de enfrentar fosse quem fosse e a tudo respondeu com sentido, serenidade, humildade e simplicidade. De tudo o que nos disse, em todas as intervenções que teve, serias bom que recordássemos os seus apelos, porque só assim ajudaremos a construir uma sociedade mais responsável.” Quis recordar estas impressões com mais de dois anos para poder dizer o que me vai na alma diante da renúncia de Bento XVI. Não vou dizer que depois da morte do Papa João Paulo II não tinha receio com o seu sucessor, de facto era unânime que não seria fácil ser sucessor de tão grande homem. Mas, se por um lado, tinha receio, por outro confiava incondicionalmente na ação do Espírito Santo. Quando surgiu o grito de “habemus papam” e vimos que o Papa eleito era o Cardeal Ratzinger, devo reconhecer que junto à alegria ficou alguma apreensão. A verdade é que eu, e penso que muitos cristãos, tiveram a oportunidade de fazer uma caminhada espiritual, conduzidos por este homem, que passo a passo me foi surpreendendo. Olhávamos para ele como um homem frio, distante, intelectual, doutrinal. Mas pouco a pouco vimos que afinal não era bem assim e a sua fé, intensidade de vida cristã, profundidade foi-se mani-
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festando. Quis recordar o que tinha escrito porque já na altura estava plenamente rendido ao Papa Bento XVI. Hoje sinto uma admiração ainda maior. Tive o privilégio de estar na Praça de S. Pedro, em Roma, no encontro europeu da comunidade ecuménica de Taizé, em fins de dezembro e inícios de janeiro deste
ano. Tivemos um momento de oração com o Papa, estava previsto para a Basílica de S. Pedro, mas devido ao grande número de peregrinos foi na Praça. Foi impressionante a presença do Papa Bento XVI. Toda a Praça em silêncio quando ele ajoelhou diante da cruz, a forma
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como nos falou, a simpatia com que saudou todos os jovens. A sua presença marca. Notava-se a sua fragilidade física, movimentava-se sempre com ajuda, mas mantinha um sorriso impressionante. Por sorte passou mesmo junto a nós, recordo o seu sorriso, só ao alcance de alguém feliz pela sua missão. O silêncio que fizemos quando ele se ajoelhou diante da cruz, foi o mesmo que fiz quando naquela segunda-feira – no dia 11 de fevereiro estava junto à estação do Pocinho com jovens da paróquia que iam regressar do campo de férias de carnaval – me disse um jovem que o Papa Bento XVI tinha renunciado ao cargo. Afinal ainda havia mais um acontecimento para nos surpreender. Parei, acho que o mundo todo parou. Depois pensei o que o levaria a ter esta decisão, e ouvido a rádio foi dada a resposta: “por amor à Igreja, porque quero o seu bem e não sinto forças para este ministério”. Como disse a Conferência Episcopal Portuguesa: “Mas esta surpresa depressa
se tornou em admiração agradecida pela sua corajosa lucidez em reconhecer as limitações de saúde e forças para exercer adequadamente o ministério ao serviço da Igreja e para bem de toda a humanidade.” Tomou esta decisão plenamente consciente e em liberdade. Mais uma vez incomodou muitos, porque hoje todas, ou quase todas, as decisões são tomadas por interesses. Como é possível alguém com o seu poder renunciar ao seu lugar e ainda para mais em liberdade e consciente? Muito obrigado Papa Bento XVI pelo amor manifestado a toda a Igreja. Obrigado pela sua simplicidade, profundidade de pensar, clareza de ideias. Que muitos “pastores e ministros da Igreja” tenham a sua coragem de enfrentar todas as situações.
A Palavra de Deus diz: Jo 10, 11-18. Jesus apresenta-se como o Bom Pastor. Ele é o verdadeiro, o autêntico, o corajoso pastor, Aquele que ama as suas ovelhas ao ponto de estar disposto a dar a vida por elas. O seu rebanho é composto por todos os homens e mulheres que ouvem a sua voz. O amor que Ele tem pelo seu rebanho é verdadeiro e livre, não há amor verdadeiro sem liberdade, “ninguém me tira a vida, sou eu que a dou”.
Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Lê com calma as passagens do evangelhos. Recorda o que mais te marcou em Bento XVI. O que pensas do gesto de Bento XVI? Jesus é o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Faz uma oração a Deus.
Tenho de:
O texto do evangelho mostra a coragem do Bom Pastor, que ama gratuitamente as suas ovelhas e por elas sacrifica a sua vida. O Papa Bento XVI é um exemplo de despojamento, de amor à Igreja, não abandonou a sua Igreja, mas vai continuar a estar ao seu serviço, como disse: “a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação, mas isto não significa abandonar a Igreja: se Deus me pede isto é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com que o fiz até agora”. Que podes fazer para aumentar a tua dedicação à Igreja e ao povo de Deus?
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Feliciano Garcês
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34– outro ângulo do mundo
Vive, proclama e testemunha a fé em Cristo
Assembleia de párocos dehonianos De 4 a 6 de Fevereiro de 2013, realizou-se no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, a XIV Assembleia de Párocos Dehonianos. Participaram 42 religiosos SCJ, na sua maioria empenhados pastoralmente em paróquias, reitorias, capelanias. Vindos das mais variadas proveniências – das dioceses do Algarve, Angra do Heroísmo, Aveiro, Coimbra, Funchal, Lisboa e Porto – foram convidados a refletir sob o tema “Vive, proclama e testemunha a fé em Cristo: «Eu sei em quem pus a minha fé» (2 Tim 1, 12)”. No ano em que o Papa Bento XVI congregou toda a reflexão e acção pastoral da Igreja à volta da virtude teologal da Fé (Cf. Porta Fidei, 4), quisemos abrir os trabalhos com a comunicação de D. Manuel Clemente: “O Ano da Fé e a Nova Evangelização”. Apoiados em outras conferências e painéis, tomámos maior consciência dos grandes desafios colocados à nossa acção pastoral pelas grandes mudanças a acontecer no nosso tempo e cultura, que, não sendo simplesmente mudanças circunstanciais, atingem a estatura de verdadeiras mudanças epocais e estruturais que exigem uma compreensão para se dar uma resposta pastoral adequada, e sendo acolhidas com esperança, ensaiando o futuro no presente, com perspetiva e prospetiva. A partir
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deste mote inicial identificámos algumas constatações: 1. A evangelização, nova ou primeira, é um processo dialético de encontro com as mudanças epocais da cultura, exige experiências comunitárias autênticas de fé, que eduquem e transportem segundo o Deus Amor. 2. Na nossa Europa secularizada e globalizada, o anúncio do Evangelho, que se vê confrontado, mais do que com um ateísmo ou indiferentismo religioso, com uma religiosidade difusa, holística, sincrética e débil, torna-se urgente viver este tempo como uma oportunidade e não como um fracasso. 3. Num mundo secularizado, os lugares da fé são aqueles nos quais nos encontramos, pois o lugar por excelência da fé é o homem enquanto tal e será a partir dele que a fé há-de ser vivida, proclamada e testemunhada. O nosso tempo é, neste sentido, o tempo providencial da coerência da fé, da comunidade viva crente, onde se aprende a crer e onde se celebra a fé, sendo que a nossa proteção deve concentrar-se, acima de tudo, no nome do Senhor. 4. É celebrando juntos que nos autocompreendemos como Igreja, que se reúne para celebrar o mistério pascal, o mandamento novo do “fazei isto em memória de mim”. O celebrar juntos (Sacrosanctum Concilium) cresce de mãos dadas com o crer juntos (Lumen Gentium). 5. O desafio da Nova Evangelização, muito para além dos símbolos da fé e dos catecismos, é o anúncio das insondáveis riquezas de Cristo ao homem de hoje, criando um diálogo entre a proposta de fé e a cultura que ele respira. 6. Do “Eu creio” ao “Nós cremos” – “não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé.” (CIC 166). Celebrámos juntos a fé e a vida, partilhámos e discernimos o que nos leva a anunciar esta certeza “sei em quem pus a minha esperança” (Tim 1, 12); agradecendo a Deus, que nos convocou a todos, para o aqui e o agora, numa fidelidade sempre criativa e dinâmica ao primeiro anúncio da fé. Alfragide, 6 de Fevereiro de 2013. Os Participantes na Assembleia de Párocos Dehonianos.
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do mundo
outro ângulo II – Da incerteza à esperança. Uma releitura teológica do motivo da Incarnação
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Pe. Jacinto Farias – Provas de Agregação Nos passados dias 7 e 8 de Fevereiro, realizaram-se na Sala da Expansão Missionária da Universidade Católica de Lisboa, as Provas de Agregação do Prof. Doutor José Jacinto Ferreira de Farias, padre dehoniano, Professor Associado da Faculdade de Teologia. O solene acto académico foi presidido pela Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Professora Doutora Maria da Glória Garcia. O júri era constituído pelos Professores Doutores Manuel José do Carmo Ferreira e João Duarte Lourenço que fizeram a apreciação do “curriculum” e o Professor Doutor Paolo Gamberini, vindo da Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional, que fez a apreciação do relatório da disciplina. A arguição da lição de síntese estiveram a cargo do Professor Doutor Santiago del Cura Elena, da Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (Burgos). O Professor Doutor João Manuel Duque fez também parte do júri das Provas. Vários confrades, amigos, alunos e colegas do Pe. Jacinto Farias assistiram às Provas e à lição de síntese que proferiu: “Da incerteza à esperança – Ensaio de uma soteriologia narrativa. Uma releitura teológica do motivo da Incarnação”. Após as provas foi servido um lanche e um Porto de Honra a todos os participantes. Depois, novamente na Sala da Expansão Missionária, ouvimos o veredicto do júri anunciado pela Reitora da UCP: APROVADO POR UNANIMIDADE. Seguiram-se os cumprimentos e as felicitações... Alguns amigos mais chegados e a comunidade reuniram-se na Casa Provincial para o almoço festivo. Parabéns ao P.e Jacinto Farias por mais esta etapa do seu percurso académico que é também o culminar de tantos anos dedicados ao ensino e à investigação teológica.
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Zeferino Policarpo
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36– novos mundos do mundo
E se pudesses carregar o telemóvel simplesmente caminhando?
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t e el
Se na tua infância, nunca esfregaste um balão na cabeça para depois ver o teu cabelo agarrar-se ao dito do balão, então não foste uma criança feliz! Como eu aposto que fizeste isto, vais gostar do que lerás neste pequeno artigo. Também deves saber que este “fenómeno” que faz o cabelo ficar no ar, se chama eletricidade estática… Até aqui, nada de novo. Mas… e se… pudesses carregar o teu telemóvel ou portátil com a energia gerada pelo teu próprio caminhar? Investigadores chineses (eh pá, eles outra vez!) e norte-americanos descobriram uma forma inédita de converter eletricidade estática em energia suficiente, não apenas para recarregar baterias de aparelhos portáteis, como para usos bem mais potentes. Qualquer criança sabe que eletricidade estática se dá ao esfregar dois materiais, mas até hoje os cientistas não sabem explicar as raízes da eletricidade estática, o chamado efeito triboelétrico. Os investigadores construíram um gerador de eletricidade capaz de capturar a eletricidade, com um rendimento altíssimo. Revestiram uma superfície de polímero – um plástico – com uma fina camada de outro, com poucos átomos de espessura, e adicionaram mais ouro, mas em forma de nano partículas. Em cima desta superfície foram inseridas pe-
d i c ri
e d a
quenas molas, com cerca de um milímetro cada. Finalmente foi colocada mais uma placa de polímetro semelhante à primeira, mas sem nano partículas. Confuso, não é? Em suma, “quando duas superfícies são pressionadas, através de molas, as cargas permanecem separadas e podem ser conduzidas pelos eletródios para realizar um trabalho útil, por exemplo, para carregar uma bateria. Será algo MUITO caro, pois envolve folhas de ouro de entre outros materiais caros. Mas, é uma realidade, já ao alcance de um NOVO MUNDO.
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André Teixeira
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do mundo
minha rede –
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Hoje podemos elaborar apresentações multimédia com recurso a variadíssimos programas online
Apresentações na rede Nos dias que passam, quer nas escolas, quer nos nossos locais de faina, poderemos ser evocados a ostentar apresentações de conteúdos para avaliação, formação ou, simplesmente justificada pela inerência dos nossos cargos.
das ação o da c i l p ã , a a imaç et, bém e aprox Intern m m a a e co, t ma d ão d es, t verifi omo for utilizaç rsos sit ioceses , s i a c ais dive s e d ue a z m itais a ve tas dig sto porq ciais ou aróquia r dos mões d a C que s so is. I men as p s raz ferra a aos fié das rede em, pel is perto díssima car com Igrej através tada, e b gar ma or varia comuni seja aprovei de che es que p ais para sido o forma daquel tas digit mundo. com ns, quer rramen hecer o jove am as fe ara con utiliz ndo e p o mu
Usualmente, estamos afeitos com os programas de software habitualmente instalados à priori nos nossos computadores, mas a familiarização com o desenvolvimento de alternativas têm-nos levado a novas aventuras. Hoje, podemos elaborar interessantes apresentações multimédia com o recurso a variadíssimos programas online com a vantagem de não ocuparmos “espaço” no nosso computador. Tal como tinha referido num artigo anterior, acredito que, cada vez mais, com o acesso à Internet generalizado, o futuro passa inevitavelmente pela alocação de materiais e conteúdos em espaços destinados a esse efeito. Por essa razão, admito que a elaboração e arquivo de apresentações passarão a ter o mesmo destino. No entanto, não podemos esquecer que muitos dos serviços online gratuitos são limitados e não possibilitam guardar as informações no nosso computador. Assim, para os aventureiros e para aqueles que ainda irão experimentar, vejamos alguns exemplos.
O Prezi (http://prezi.com/) é muito fácil de utilizar e a sua versão online gratuita apenas permite gravar as apresentações no seu próprio site e com uma marca d’água. A apresentação feita com o Prezi tem um aspeto original e muito interessante dependendo da criatividade do utilizador. O Sliderocket (http://www.sliderocket.com/) é outro serviço que exige a criação de uma conta online e a sua versão gratuita apenas permite gravação no domínio próprio, com a possibilidade de partilha com quem quer que seja. É muito intuitivo e possibilita configurações variadas. O Zoho (http://www.zoho.com/) é uma ferramenta de trabalho que nos permite através do Zoho Show (http://www.zoho.com/docs/) produzir as nossas próprias apresentações, nalguns casos muito próximas do estilo Powerpoint, noutros casos bem diferentes. Por vezes, pode tornar-se confuso, dada a diversidade de opções. Caros amigos, mais uma vez haveria muito para escrever sobre o assunto, todavia a nossa intenção não é publicitar o muito ou pouco que há, mas sim gerar a curiosidade suficiente para experimentarem um pouco daquilo que nos é disponibilizado na rede. Ficam as sugestões, utilizem-nas, se assim o entenderem.
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Victor Vieira
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da juventude
Associação de Leigos Voluntários Dehonianos e Vila Nova de Famalicão
o ç o m Al dário i l o s
O padre Adérito Barbosa, presidente da ALVD, desafiou o grupo do Porto a colaborar na campanha do contentor de livros para o Niassa, sugerindo a organização de um mega almoço onde estivessem presentes o maior número possível de voluntários e aberto ao maior número de pessoas dispostas a contribuírem para esta campanha. Foi um sucesso!
O grupo Missão da ALVD em Lichinga continua ativo na realização da campanha para enviar um contentor de livros para o Niassa em Moçambique. Como é do conhecimento dos que nos têm lido e acompanhado nas nossas atividades o livro tem sido o alvo principal da nossa atenção, pois estamos convictos que é dos meios mais importantes para o desenvolvimento dos povos. A recolha de livros de uma maneira geral tem decorrido positivamente apesar de surgirem dificuldades acrescidas quando se trata de livros de áreas mais específicas mas muito úteis para o novo passo que queremos dar no norte de Moçambique, ou seja, a criação de bibliotecas que possam ajudar os estudantes da recém-criada universidade católica. Mais do que angariar e recolher livros, o envio dos mesmos tem sido uma tarefa difícil pois as empresas que com boa vontade nos têm ajudado a transportar os livros para Moçambique têm tido algumas dificuldades em fazê-lo com regularidade devido ao contexto económico que atravessamos.
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Ângela Carneir o
Perante estas dificuldades, um grupo de voluntários teve a ideia de propor uma campanha de recolha de livros específicos nomeadamente nas áreas de direito, economia, psicologia sociologia e outras áreas de ciências sociais e a angariação de fundos para o envio dos mesmos para o Niassa. Assim criou-se uma conta contentor que seria alimentada através do resultado de várias atividades idealizadas e concretizadas por todos os voluntários e amigos desses voluntários que desejassem colaborar, dando corpo a esta ideia e assim contribuir para a realização deste sonho. Foi neste contexto que o padre Adérito Barbosa, presidente da ALVD, desafiou o grupo do Porto a colaborar nesta campanha sugerindo a organização de um mega almoço onde estivessem presentes o maior número possível de voluntários e aberto ao maior número de pessoas dispostas a contribuírem para o sucesso desta campanha. Aceitado o desafio, colocou-se uma questão que consideramos fundamental para o sucesso do almoço, qual o local que à partida nos ofereceria mais possibilidades de reunirmos o maior número de pessoas. Depois de várias conversas exploratórias com voluntários e amigos ajustamos a data de 2 de Fevereiro e o restaurante Casa do Lavrador em Esmeriz, Vila Nova de Famalicão e porquê? A data teve a ver com questões de agenda do P.e Adérito pois seria indispensável a sua presença como presidente da ALVD e o local
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sidente
O Sr. Pre
uesia da freg da Junta
anfitriã
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- Esmeri
O P.e Adérito e o Sr. Eduardo Maia
levou em consideração não só o preço conseguido mas também a facilidade de acesso e finalmente a ajuda preciosa de uma amiga que me entusiasmou e me deu uma força enorme para enfrentar este desafio. Essa amiga, Ângela Carneiro, sugeriu uma série de contactos desde a imprensa local (notícias nos jornais e entrevistas nas rádios em que além de publicitarmos o almoço tivemos a oportunidade de divulgar os objetivos da ALVD) até às instituições públicas e municipais que entusiasticamente fomos desbravando e que nos conduziram a um almoço de sucesso onde a presença de 109 pessoas
várias sobremesas (salada de frutas e bolos). O almoço correu lindamente, houve um salutar convívio e acima de tudo creio que conseguimos transmitir o essencial da nossa campanha, os objetivos das nossas missões e sensibilizar os presentes para os nossos anseios enquanto organização voluntária, privada e sem fins lucrativos. Gostaria ainda de agradecer a presença do Cônsul de Moçambique no Porto, do vice-presidente e outros vereadores da Câmara Municipal de Famalicão, do presidente da Junta de Freguesia de Esmeriz, do presidente da ACIF, do padre das paróquias de Esmeriz e de Cabeçudos, do presidente da Associação de Moradores de Lameiras e uma palavra especial a todos os anónimos que nos confortaram com a sua presença. Finalmente uma palavra muito especial a todos os verdadeiros voluntários que trabalharam empenhadamente na operacionalização do almoço: decoração da sala, receção das pessoas, venda de pequenas recordações de Moçambique, multimédia e a atenção e simpatia dedicada a todos os convidados. Depois deste almoço gostaria de lançar um desafio a cada um dos O Sr. Cônsul de Moçambique no Porto, no uso da palavra. meus queridos amigos voluntários, multipliquem este evento, organizando um almoço foram o corolário de um trabalho persistente e nas vossa terras, onde tenham amigos e conhecibem-sucedido. dos que nos possam ajudar na campanha que Além do número de pessoas presentes, contemos em mãos, eu estou disponível para ajudar… tribuíram também para o êxito desta iniciativa um abraço solidário a todos. várias entidades que com a sua ajuda preciosa deram maior expressão ao resultado final deste evento e estou a falar de entidades como o restaurante (um preço simpático), a Famidoce (oferta de 2 sobremesas), a Delta cafés (oferta do café e do açúcar), a distribuidora de bebidas Costas e Oliveira (preço simbólico das bebidas), a Louropel, cujo proprietário nos ofereceu o vinho verde, a vários donativos de pessoas que não puderam estar presentes e das minhas queridas amigas que ofereceram
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Eduardo Maia
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40– jd-Madeira da juventude
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Atividades criativas e testemunhos de Fé
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é F e as d
Quando chegámos ao Colégio Missionário estava um pouco na dúvida pois só sabia que iríamos falar de fé e então pensei que fossemos ter formações ao longo do dia, mas a atividade foi bem diferente do que esperava… Logo no início quando fizemos a nossa apresentação com a partilha dos nossos modelos de fé, foi um momento de que gostei imenso pois feznos conhecer de uma forma especial, além das coisas físicas, como o nome e a localidade, feznos conhecer um pouco de nós mesmos. Os trabalhos de grupo com os faithbook’s e as cronologias, foram espetaculares! Primeiro porque me fez descobrir muito mais sobre essas personagens bíblicas que se falaram, essencialmente a minha, e depois porque também nos fez refletir imenso sobre a vida dos mesmos. Um dos momentos que gostei muito também foi sem dúvida os testemunhos vivos de fé que tivemos ao longo da tarde com a presença de um Padre (Alcindo, scj), uma Consagrada (Ir. Ana Coimbra, Verbum Dei) e um Leigo (Gerardo) que marcaram imenso com a sua experiência de
missão, compromisso e entrega ao seu amor, à sua fé. Estes testemunhos fizeram com que eu própria refletisse na minha caminhada ao longo destes anos, e do caminho a seguir que acho que estou mais perto de encontrar. E a atividade terminou, sem dúvida, da melhor forma, não só pela Eucaristia em si, em volta do altar, mas pela forma como foi celebrada, que tornou este momento único e especial de tantas formas. Gostei imenso também do momento da homília em que refletimos e partilhamos a palavra do Senhor, sendo assim “profetas do amor”, tal como dizia o meu pin! Foi sem dúvida um dia diferente e parece-me que verão mais vezes a minha cara por lá.
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Marisa Noite
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do mundo
jd-Açores – Tarde dinâmica sobre os sacramentos
Reflexão sobre o YOU CAT No dia 17 de Fevereiro, tarde de domingo, reuniram-se vários dos grupos de jovens de S. Miguel para realizar diferentes trabalhos, inspirando um aumento na compreensão de diferentes aspetos da igreja, sendo dos temas mais debatidos os sete sacramentos. Houve também tempo para breves momentos de interação dos jovens com cânticos e as apresentações dos respetivos trabalhos por cada grupo. Esta apresentação, como todo o encontro foi auxiliada pelo padre Pedro e por uma das irmãs da casa de saúde de S. Miguel que incessantemente e com enorme contágio de energia puxaram por todos os participantes introduzindo questões e reflexões ao longo da tarde. Todo o encontro foi marcado por uma excelência de empenho por todos os presentes culminando numa oração guiada pelo grupo de jovens Veritas e Soldados de Cristo. Criou-se um grande ambiente espiritual e de introspeção fechando assim com chave de ouro o encontro.
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Octávia Medeiros
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s a z n i C s a Missa d o CROSSOVER + d o t n e m a lanç
Dever de conversão
13 de Fevereiro. Céu limpo. Não muito frio. Definitivamente não muito quente. Chegamos à igreja da Boavista às 21 horas. Missão: lançamento do Crossover. Recepção definitivamente calorosa. Colecionamos mais um pin “KEEP CALM be prophet of love”. I will! A comunidade paroquial recebe neste dia tao simbólico, quartafeira de cinzas, primeiro dia da Quaresma, a visita da Juventude Dehoniana. As cinzas que nós católicos recebemos são um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, recordando a fragilidade da vida humana, sujeita à morte, como tão bem nos introduziu o padre Loureiro. Num primeiro momento estabelecemos contacto com a terra, de onde vimos e onde um dia retomaremos. Da melhor forma: descalços, como cristo. Prossegue-se uma linda celebração eucarística repleta de momentos de reflexão, como não podia deixar de ser, e uma elucidadora homilia feita pelo padre António Pedro. Jesus pede-nos claramente que rezemos para e só com Deus na certeza de que Ele nos escuta e atende. Por volta das 22h30 somos introduzidos ao dito Crossover – um guia indispensável para a Quaresma! Podes e deves partilhar as mensagens que diariamente te são sinteticamente apresentadas. De catch-up em dia e estomago acalentado foi hora de regressar a casa. Resta-me desejar-vos um ótimo CROSSOVER!
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Madalena Rodrigues
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jd-Porto – Retiro de Advento da JD- Madeira na Eira do Mourão Impulso de aggiornamento da Igreja
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O Vaticano II faz 50 anos!
A 11 de outubro de 2012 a Igreja comemorou os 50 anos do início do Concílio do Vaticano II. Muitos cristãos, principalmente os jovens – que tanto ouviram falar, mas que pouco sabem dele –, perguntamse: eeee? No passado dia 25 de Janeiro a JD promoveu um encontro para que pudéssemos encontrar resposta a esta e outras perguntas. Connosco esteve o Prof. Doutor António Matos Ferreira, da Universidade Católica Portuguesa. O Professor trouxe um documentário a partir do qual foi possível, entre outras coisas, compreender qual a influência que o acompanhamento que os media fizeram do Concílio teve na sua divulgação a nível mundial. Este seguimento permitiu que os crentes estivessem a par dos temas debatidos e das conclusões a que os cerca de 2600 padres conciliares chegaram, à medida que se foi desenvolvendo. O Concílio do Vaticano II surgiu com a necessidade que a Igreja sentiu de se aproximar dos seus crentes, tendo como orientação fundamental a procura de um papel mais participativo para a fé católica na sociedade, com atenção para os problemas sociais e económicos da época. O ecumenismo foi, também, impulsionado a partir deste encontro, com a Igreja a renovar a sua abertura para com os não-cristãos. De quanto jovem pude perceber que, sem este Concílio, a Igreja como a conhecemos hoje – próxima dos seus, humana, virada para a comunhão entre a comunidade, onde cada um tem o seu espaço próprio – não existiria. Meio século depois o início deste Concílio, será que a Igreja está à altura dos desafios que hoje atravessa?
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Margarida Fonseca
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n u f o pr to
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Carn
Destino incerto, certificado pelas condições climatéricas
r o P D J l a av
No dia 10 de fevereiro fomos todos ao “Pro-Fun”! Só era necessário levar comida para partilhar e boa disposição. O programado era chegarmos ao Centro Dehoniano do Porto pelas 12h30 para almoçarmos e depois partirmos para “Lá”. Quando vimos tal anúncio pensamos: «Partirmos para “Lá”? Mas onde era para “Lá”?». Destino enigmático, despertando mais interesse e lá fomos preparados para uma nova aventura. Como combinado chegamos às horas previstas e foi feito o acolhimento. Neste momento foi desvendado o símbolo “Pro-Fun 2013”, que estava bem guardado numa caixa. Não aguentando mais a curiosidade, abrimos a caixa e saíram de lá vários “mega óculos”, cada um tirou os seus e desta forma estávamos preparados para o grande dia que nos esperava. Depois de almoço foi-nos desvendado o segredo de “Lá”. Iríamos fazer um passeio à descoberta da grande cidade, que é o Porto, e teríamos que fazer um vídeo sobre o tema deste ano pastoral a “Fé”. Mas devido às más condições climatéricas não pudemos sair do Centro. Como S. Pedro deu-nos chuva é porque queria que nos divertíssemos ali mesmo e assim fizemos.
Após uma breve discussão, chegamos ao consenso de que veríamos um filme, foi escolhido o “O Ilusionista”. No final fizemos uma breve análise deste filme em que tudo não era o que parecia e foi de opinião geral que apesar de todas as adversidades na vida, no fim de tudo o que prevalece é o amor. Nada corrompe um verdadeiro amor, como o amor que Deus tem por nós, pois Deus é amor e sabemos que podemos contar sempre com Ele. A seguir ao filme as nossas barrigas começaram a reclamar e tivemos que nos alimentar. Depois do lanche dividimo-nos em dois grupos para darmos uso à nossa veia artística e escrevemos a letra da música para o festival da canção. E que belas letras saíram da nossa inspiração, tudo fruto do Espírito Santo que está sempre connosco, basta deixá-lo estar presente. No final do dia já era tempo de voltarmos para “Cá” e assim fizemos, mas o dia não terminou quando saímos do centro. Levamos os nossos óculos “Pro-Fun” e espalhamos alegria pelas pessoas que interagiram connosco.
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Filipa Freire
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Formação em passadeira vermelha na JD-Porto
Querido Deus
Querido Deus, tenho montes de coisas para te contar. No dia 24 de Fevereiro, a grande tarde dos Óscares teve lugar no Centro Dehoniano, onde eu e todos os jovens que quiseram pisar a red carpet, vestidos a rigor, pois a ocasião assim o exigia, conhecemos o pequeno Tyler, protagonista do filme “Cartas para Deus”, a que todos assistimos. O Tyler conseguiu convencer-nos a escrever-Te uma carta. Segundo ele, basta escrevê-la e pô-la na caixa do correio, como ele fazia, que chegará às Tuas mãos, portanto aqui está ela. Todos vimos no Tyler um herói, um exemplo para cada um de nós, que se estivéssemos na corrida aos óscares com ele, com a sua força e sobretudo a sua fé, de certeza não alcançaríamos a vitória. Com a pureza de uma criança, o Tyler ensinou-nos que “orar é simplesmente falar com Deus e pedir para Ele te ajudar”. Um ato tão simples, que gostamos de complicar, e muitas vezes não paramos para falar um pouquinho contigo. Desculpa, querido Deus. O Tyler encarava os seus problemas com um sorriso, e dizia que era Teu guerreiro. Vou confidenciar-Te uma coisa: acho que todos naquela sala ficamos com um bocadinho de inveja saudável do Tyler, afinal ele tinha um lugar muito especial junto de Ti. No entanto, rapidamente percebemos que temos tudo ao nosso alcance, e que todos podemos, e devemos, ocupar também esse lugar de guerreiros de Deus. Durante aquela tarde de domingo, e depois de nos termos recomposto de toda a emoção (sim, porque alguns não conseguiram conter as lágrimas), houve ainda tempo para refletirmos sobre o filme, tendo sempre em mente que estamos no ano da fé, e que é ela que nos move e que dava força ao nosso herói Tyler. Seguiu-se o momento tão esperado: a entrega dos troféus! Devo dizer-te que todos fomos congratulados, não só com o prémio material, que adoramos, mas também, e sobretudo, com a sensação de coração cheio e de felicidade, por sabermos que há meninos como o Tyler, que nos fazem repensar a forma como vivemos a nossa fé. Inspirados por este pensamento, terminamos com um bonito momento de conversa conTigo, fazendo a nossa oração do Credo, e não esquecendo de orar pela Igreja e pelo Santo Padre, para que seja feita a Tua vontade. Todos tivemos ainda oportunidade de nos comprometer a Acreditar + , como nos convida o lema deste ano da JD. Querido Deus foi uma tarde excelente, obrigada por teres estado tão presente! Despeço-me, com um pedido muito especial, que já Te foi feito pelo Tyler: “Querido Deus, só quero que todos acreditem!” Com amor, Margarida.
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Margarida Alves
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46– agenda
da juventude
JD-Açores
JD-Porto
17 − You Cat. Parte III - A oração.
03 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 07 − AdOração no Centro Dehoniano. 09 − Festival JD-Porto. 10 − Retiro de Compromissos JD. 25-30 − Caminho de Santiago.
Março Abril
12-14 − XVI Encontro Nacional JD.
JD-Lisboa Março
06/13/20− CROSSOVER +. 10 − Festival JD-Lisboa.
Abril
12-14 − XVI Encontro Nacional JD.
Março
Abril
04 − AdOração no Centro Dehoniano. 07 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 12-14 − XVI Encontro Nacional JD. 27-28 − Caminho de Santa Rita.
JD-Madeira Março
05 − Retiro JD. “Ser + Dehoniano”.
Abril
12-14 − XVI Encontro Nacional JD.
2013 é ano de Festival de Música! atenção às INSCRIÇÕES Informa-te no teu Centro: (Açores, Algarve, Lisboa, Madeira e Porto)
DEHUMOR
...DE PARTIDA PARA ROMA, ACHA QUE TEM HIPÓTESE?
“O Papa é Jesus que nos dirige e nos ensina.”
(Padre Dehon)
VEJO CLARAMENTE DUAS HIPÓTESES: OU EU, OU OUTRO.
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Paulo Vieira
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tempo livre
passatempos –
tem piada
fabricante de loiças Durante uma entrevista: – Nome? – Joana. – Casada? – Sim. – Que faz o seu marido? – Fabricante. – Crianças? – Não. Loiças.
lindas meias O freguês, à empregada: – Quero comprar um presente para uma pequena. – Tenho umas lindas meias de nylon. Quer vê-las? – Sim, é claro... Mas primeiro vamos tratar do presente...
1.º dia de escola
A miúda sai da escola, entra no carro toda chateada e a mãe pergunta-lhe: – Então? Que tal o teu primeiro dia de escola? – Primeiro dia? Isso quer dizer que amanhã vou ter que vir outra vez?
de 4 em 4 anos
A menina pergunta ao pai: – Papá, todos os contos de fadas começam com “Era uma vez”? – Não, querida. Alguns começam com “Se eu for eleito…”
o Santos está? Um tipo liga para um número de telefone e, quando do outro lado alguém atendeu, pergunta: – O Santos está? Do outro lado da linha: – Qual deles? Diz o tipo: – Qual deles? Então, de onde é que fala?! Resposta imediata: – Fala da Igreja Paroquial… Solução de fevereiro
Sendo N o número de páginas do livro, temos:
O livro possui 120 páginas!
N/5 = (N/3)-16 (N/5)-(N/3) = -16 (3N-5N)/15 = -16 3N-5N = -16*15 -2N = -240 N = 120
curiosidades cor e humor
Já está mais do que provado que a cor dos ambientes nos afeta diretamente influenciando o nosso humor (para o bem ou para o mal…). Testes realizados nos EUA concluíram que algumas cores, por exemplo, auxiliam na memória e na criatividade, como é o caso do vermelho e do azul respectivamente. Aliás, os americanos levam isso tão a sério que celas de algumas penitenciárias são pintadas de rosa por ser uma cor que acalma o indivíduo. No estudo das cores, o amarelo é uma das cores calmante. Suas tonalidades lembram o sol e por isso o otimismo está relacionado ao ambiente onde há predominância desses tons. O branco simboliza paz, limpeza e organização. Porém, ambientes predominantemente brancos tendem a ser monótonos e entediantes. Já o azul representa harmonia e tranquilidade. Essa é outra cor com efeitos relaxantes e calmantes e por isso, muitas vezes apreciadas em hospitais e centros cirúrgicos quando empregadas em tons claros da cor. Geralmente relacionado à natureza o verde representa saúde em abundância e fica muito bem quando usados em ambientes de convivência como salas e quartos. Com certeza as cores mais energéticas são o vermelho e o laranja. O Vermelho é indicado para escritórios, pois aumentam a capacidade de foco e memória das pessoas. São cores vibrantes como o laranja ficam excelentes em áreas de lazer e cozinhas, pois trazem sensação de energia imediata ao usuário da casa. Já o roxo que é a cor ligada à sabedoria nos remete a espiritualidade. Utilizado em tons suaves são gostosos até no quarto de dormir. O preto é uma cor (ou ausência dela) que sempre fica elegante e nos traz a sensação de glamour quando usado com moderação. Combina bem com brancos e marrons tornando o ambiente requintado passando a sensação de requinte.
quebra-cabeças qual a idade? Joãozinho, numa reunião social, sempre indiscreto, perguntou a idade a uma senhora. A senhora respondeu: – Tenho o dobro da idade que tu tinhas, quando eu tinha a idade que tu tens, menos quatro anos. Daqui a cinco anos a soma das nossas idades será 82 anos. Que idade tem a senhora?
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Paulo Cruz
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