A Folha dos Valentes

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04. Ambiente DIGITAL 05. JMJ com RUMO 12. Padre José Vieira ALVES 20. Vieira GLOBAL 32. Um PAPA “do outro mundo” 38. 16.º Encontro Nacional JD

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Maio 2013 ANO XXXVII

PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Maio 2013 ANO XXXVII

PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

FICHA TÉCNICA

sumário: da atualidade

03 > alerta! > Em maio 04 > sal da terra > Ambiente digital 05 > atualidade > JMJ com rumo

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida Rocha Redacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira. Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa). Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, Francisco Costa, J. Costa Jorge, João Chaves, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Victor Vieira. Colaboradores nesta Edição: Eduardo Novo, Joaquim Costa, Cláudia Moreira, Marcelo Ferreira, Maurília Araújo, Bruna Loh, Grupo de Jovens “Os Samaritanos” e grupo de Jovens “Guiados por Jesus. Fotografia: AFV, Rita Resende, Inês Pinto, Lusa. Capa: Rita Resende, no Encontro Nacional JD. Grafismo e Composição: PFV. Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 28 4430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329 ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 Tiragem – 3200 exemplares Redacção e Administração: Centro Dehoniano Associação de Imprensa Av. da Boavista, 2423 de I nspiração Cristã 4100-135 PORTO – PORTUGAL Telefone: 226 174 765 - E-mail: valentes@dehonianos.org Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA Telefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218 isenta de registo na ERC ao abrigo do decreto regulamentar 8/99 de 9/6, artigo 12º, nº 1 a

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da família dehoniana

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ 09 > entre nós > Tarde Dehoniana 2013 10 > com Dehon > Viagens de Dehon em Paris 12 > memórias > Padre Joaé Vieira Alves 15 > comunidades > A Casa Porvincial dos conteúdos

18 > vinde e vereis > Guardar no coração e meditar 19 > onde moras > “Eis a tua Mãe” 20 > doses de saber > Vieira global 22 > pedras vivas > A Ti Deolinda 24 > JMJ no Porto > Embarca neste Porto 25 > palavra de vida > Partiram a pregar por toda a parte 26 > leituras > Uma mochila para o universo 28 > sobre a bíblia > Da comunhão eucarística à eclesial 30 > sobre a fé > A unidade e a Eucaristia 32 > reflexo > Um Papa “do outro mundo” do mundo

34 > outro ângulo > Mensagem do 16.º Enc. Nacional JD 35 > nuances musicais > Braguinha da Madeira 36 > novos mundos > Escrever no ar 37 > minha rede > Placar virtual

do bem-estar

da juventude

38 > jd-Nacional > 16.º Encontro Nacional JD 40 > jd-Açores > Testemunhos 42 > jd-Lisboa> Testemunho 43 > jd-Madeira> Testemunho 44 > jd-Porto > Testemunhos 46 > agenda-JD > Calendário de atividades 47 > tempo livre > Passatempos

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da atualidade

alerta! –

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Em maio Maio começa praticamente com o Dia da Mãe e vai por aí adiante com a espiritualidade mariana destacada, em Tempo Pascal até ao Pentecostes. Já se veem peregrinos pelas estradas rumo a Fátima. Maria é, sem dúvida, o modelo do cristão e da Igreja, mas é como Mãe que a aclamamos e a Ela nos dirigimos nos encomendamos. Fala-se de “primavera da Igreja” e é bom que se sinta a alegria e o entusiasmo da nossa identidade e da nossa missão, mas é o Pentecostes e o dom constante do Espírito Santo que nos pode renovar e dar impulso verdadeiro à missão. Ainda ontem, no Encontro dos Antigos Alunos do Seminário Missionário Padre Dehon, do qual daremos conta na edição de junho, tive ecos da pertinência da nossa revista, como ligação da Família Dehoniana… No mês anterior chamámos a atenção para a dificuldade económica em que a nossa revista se encontra e para o facto de termos tido de cancelar o envio da mesma aos leitores que não colaboravam nem davam outra espécie de notícias há mais tempo. Já tivemos algumas respostas generosas as quais muito agradecemos. Na verdade o envio pelos correios encareceu as despesas de impressão continuam e precisamos de “equilibrar as contas”. Desta vez assinalamos nas folhas de rosto as datas daqueles leitores que “não estão em dia”, salientando sempre que não é por motivos económicos que deixareis de receber A Folha dos Valentes, se ela é útil e agradável e disso nos derdes sinal. E lembramos o que vai na página anterior, sobre o modo como nos ajudar. Transferência bancária para o NIB indicado. ou vale de correio, ou cheque em nome de Centro Dehoniano. Que o Espírito Santo nos inspire e a nossa Mãe nos abençoe a todos.

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Paulo Vieira

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04– sal da terra da atualidade

É importante que o nosso rasto digital seja católico

Ambiente digital O mês de maio inclui, numa agenda sempre muito preenchida, o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Acontece em cada ano no Domingo da Ascensão, este ano a 12 de maio, o dia em que se celebra o último momento da vida de Jesus na Terra: a Sua subida aos céus. O simbolismo dessa comunicação, entre o céu e a terra, é assumido na celebração deste Dia Mundial, que normalmente conta com mensagens estimulantes por parte do Papa, que olha para os media como um ambiente para o anúncio do Evangelho, como o é o adro ou o interior da igreja. Também na que é dirigida ao Dia Mundial deste ano, escrita ainda pelo Papa Bento XVI (foi divulgada no Vaticano no dia 24 de janeiro). Quando se refere ao tema dos meios de comunicação social, a Igreja Católica fá-lo com competência. E tem demonstrado saber utilizar e estar mos media, os clássicos e os novos; aqueles que promovem a comunicação de massas e os que ligam redes de pessoas em grupos com afinidades culturais, religiosas ou de entretenimento. E, este ano, propõe que se estudem e se concretizem boas práticas de presença nas redes sociais, tornando-as meios de “fé e de verdade”. O desafio é lançado a todos. Não apenas a quem fala na televisão ou escreve para os jornais. De facto, cada vez que se coloca um “gosto”, é possível estar a cumprir o desafio deixado pelo Papa. A partilha de mensagens ou o comentário a fotos ou vídeos fazem o rasto digital de cada perfil. E é fundamental que desse perfil faça parte o atributo “católico”. Em causa não está a concretização de qualquer projeto muito especial, a elaboração de um plano para que a utilização dos meios de comunicação seja coerente com opções de vida que motivam a participação em celebrações ou encontros católicos. Também neste âmbito, nada mais é necessário do que o testemunho, a capacidade de deixar transparecer para o ambiente digital convicções e opções de vida. Esse o desafio!

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Paulo Rocha

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da atualidade

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atualidade – Artigo MISSÃOPRESS

J M J 2 0 1 3m o

u r m o C

A próxima Jornada Mundial da Juventude é já de 23 a 28 de Julho, no Rio de Janeiro, no Brasil. O mundo inteiro está a mobilizar-se para viver as primeiras Jornadas com o Papa Francisco. O P.e Eduardo Novo, Diretor do DNPJ apresenta as jornadas e a preparação do lado português...

Uma experiência de Fé, uma experiencia cultural, uma experiência de solidariedade… “Mestre que hei-de eu fazer?” Há mais de 20 séculos, um jovem questionou Jesus desta forma. Tantas gerações passadas e Cristo continua a ser a grande questão a todo o coração juvenil. Na sua mensagem para a XXVIII JMJ, o Papa sai ao encontro das inquietações do tempo presente para atualizar a resposta se Cristo a partir das palavras do próprio Jesus “ Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28,19). Ao lançar à juventude dos cinco continentes este desafio, esta “urgente chamada” Bento XVI antecipa-se na resposta convidando-os a viver uma experiência radical: “Deixai-vos amar por Cristo e sereis as testemunhas de que o mundo precisa”. Vindos de Madrid “Firmes na Fé” vamos fazer discípulos a caminho do Rio, viajemos então pelas JMJ.

Como nasceram as JMJ? As Jornadas Mundiais da Juventude nasceram de um sonho, uma intuição profética do Beato João Paulo II, que operou uma revolução no campo da pastoral juvenil. Em 1984, Ano Santo da Redenção por celebrar os 1950 anos da morte e ressurreição de Jesus, o papa celebrou com os jovens em Roma, na véspera do Domingo de Ramos o chamado «Jubileu Internacional da Juventude» e entregou aos jovens uma grande cruz de madeira. Mas é em 1985, proclamado pela ONU ano Internacional da Juventude, que um novo encontro em Roma com os jovens, faz ganhar o nome de Jornada Mundial da Juventude, e desde aí, de três em três anos, milhões de jovens sentiram já a alegria de estar, de partilhar momentos de oração, de reflexão e união com outros jovens de todo o mundo e com o papa, olhando juntos o futuro e renovando o seu próprio compromisso, abrindo assim para uma nova maneira de ser cristão “um cristianismo sorridente”.

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O que é a participação? A participação na Jornada não é meramente turística ou cultural, é sobretudo uma caminhada de fé, uma peregrinação interior e por isso requer um corpo preparado para a peregrinação e um coração aberto para as maravilhas que Deus tem reservado para cada um. São catequeses, testemunhos, partilhas, exemplos de amor ao próximo e à Igreja, festivais de música e atividades culturais que possibilitam o Encontro com Deus, celebrando a Festa da Fé.

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06– atualidade da atualidade

Jornada Mundial da Juventude - Rio 2013 O que trouxemos de Madrid? As Jornadas de 2011 em Madrid, estão ainda muito presentes na memória dos jovens portugueses, os jovens que lá se encontraram com Bento XVI, afirmaram a sua fé e sentiram a renovação da fé. Tomaram consciência de todo o apoio da Igreja, no encontro com os bispos portugueses, sentiram o alento de estar entre outras culturas, falaram outras línguas, cantaram em castelhano e sentiram a alegria e o incentivo do Papa no encontro com Deus. Na Praça de Cibeles e em Quatro Vientos os jovens gritaram um decidido “sim”: a fé é possível também hoje, ou melhor, é a aventura mais bonita que possa ocorrer na vida! Foi uma verdadeira epifania de uma Igreja jovem, cheia de alegria e impulso missionário, “uma cascata de luz e de Esperança” Que marca deixa uma JMJ? Para o jovem que caminha para ser apóstolo confirmado na fé, e que a cada dia necessita ser cativado por Deus através de outros jovens e agentes de pastoral juvenil, a participação numa Jornada Mundial da Juventude torna-se um marco na vida de cada um, uma oportunidade única de alimentar o dom da fé. Afinal a educação, a formação e construção da personalidade de cada jovem passa também por este tipo de experiências de “tocar o desconhecido” para que, na alegria do encontro com Deus, se tornem mensageiros dessa Alegria e missionários da Nova Evangelização.

Artigo MISSÃOPRESS

JMJ Rio 2013 O Papa Bento XVI escolheu o país do samba e da praia para esta jornada. A Igreja do Brasil, com o seu Cristo Redentor de braços abertos acolherá jovens do mundo inteiro, dando testemunho da universalidade da Igreja em tempos de nova evangelização. “Ide e fazei discípulos de todos os povos” (Mt,28,19) é o verdadeiro convite à missão que cada jovem deve acolher na decisão de ir à JMJ Rio 2013. O tema do Rio insere-se muito bem no Ano da Fé, convocado pelo Papa emérito em Novembro passado. Aliás a correspondente nota pastoral da Congregação para a Doutrina da Fé menciona explicitamente que a jornada do rio oferecerá aos jovens uma ocasião privilegiada para experimentar o gosto que provem da fé em Jesus Cristo, em comunhão com o Santo Padre na grande família da Igreja. O Papa na sua mensagem remete também para a missão continental que se esta levar a cabo pelos países da América Latina e Caribe. Proveniente da 5ª conferência da Aparecida, o Documento de Aparecida reconhece a necessidade de todo o Continente se colocar em estado de missão. É pois providencial que a Jornada do Rio esteja em plena sintonia com estes 2 acontecimentos: o Ano da Fé vivido pela Igreja universal e com a missão continental das igrejas particulares latino americanas. O Papa, coloca assim a JMJ RIO 2013 numa perspetiva de uma igreja em estado permanente

Francisco

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de missão: uma nova cultura, uma cultura missionária. O tema da Jornada convida-nos a partilhar e a transmitir a nossa Fé aos outros. A Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 já começou, sobretudo com a peregrinação da cruz e do ícone: “Bote Fé”, mas não apenas no Brasil. Acontece já uma verdadeira peregrinação à Jornada, na medida em que é uma grande oportunidade para aprimorar a nossa opção preferencial pelos jovens, ao mesmo tempo que nos organizamos melhor como Igreja que também se faz jovem, nas suas diversas pastorais, nos movimentos, e em novas comunidades. A Jornada Mundial do Rio trará novidades pastorais, como a “Semana Missionária” (as Pré-Jornadas) que proporcionará aos jovens uma experiência de

missão através da fé, solidariedade e cultura. Acolheremos o Papa Francisco, com a Alegria própria da juventude, e que estará em Copacabana e Guaratiba para os Atos Centrais, que são cinco momentos: a Missa de abertura, Boas Vindas ao Santo padre, a Via-sacra, a Vigília e a Missa de Envio. Foram desde logo escolhidos os patronos da JMJ Rio 2013, entre eles, Nossa Senhora da Aparecida, protetora da Igreja e das famílias, Santa Teresinha, padroeira das missões e Beato João Paulo II, amigo dos jovens… O hino da JMJ é já um convite à missão e começa a ser reproduzido em várias línguas, mas será em português que “A Esperança do amanhecer “ ecoará cantada por todos os jovens.

A preparação da JMJ em Portugal O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil acompanha toda esta dinâmica de preparação para a JMJ Rio 2013 com entusiasmo, colhendo os frutos de Madrid assim, o DNPJ publicou em parceria com a Editora Paulinas o livro que contem todas as mensagens proferidas por Bento XVI em Madrid. O DNPJ participou nas reuniões internacionais de preparação da JMJ Rio 2013 e mantem o contacto com o comité organizador local, também pela oração unindo-se à Vigília dos Jovens Adoradores, todas as segundas sextas-feiras do mês e incentivando os jovens portugueses à participação. O DNPJ aposta no diálogo interinstitucional e mantem-se em permanente diálogo e estreita colaboração com o Cônsul de Portugal no Brasil. Iniciou também o itinerário catequético que está a ser preparado de modo a ser utilizado por todos os jovens. Tem já disponível o site www.rio2013. dnpj.pt com informação e formação disponível (inscrição, semana missionária…). Evangelizando pela arte, o Festival Nacional Jovem da Canção Mensagem com o tema da JMJ Rio 2013 “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”(Mt 28,19) foi uma verdadeira FESTA DA MÚSICA, onde as vozes dos 80 jovens participantes se uniram no final, também para ser missionários, carregados da “ESPERANÇA DO AMANHECER”... O projeto YOUthTRAVEL é a peregrinação e visita a todas as dioceses e seus animadores juvenis, Dia na diocese; com vista à formação permanente e proximidade com todos os secretariados diocesanos, animadores juvenis, catequistas, religiosos e religiosas, professores de EMRC…

Rio In Douro e Festival Jota O DNPJ não pode não deixar de ter uma sensibilidade especial para com aqueles que não participam da JMJ no Rio, assim incentiva e irá colaborar na dinamização e promoção de atividades que “tragam a Jornada a Portugal”: Rio in Douro e Festival Jota dão já o mote. O Fátima Jovem está também impregnado de JMJ, olhando já o futuro, nesta Peregrinação Nacional de Jovens a Fátima, estará o Pe Omar Raposo que integra o COL Rio 2013 e é também Reitor do Santuário do Cristo Redentor que fará o convite de viva voz à participação na JMJ Rio 2013. Com uma aposta na formação nos workshops e a presença do musical “Alegria da Fé” que conta com a participação da Vânia Fernandes, e que será apresentado também no Rio, faremos uma antevisão da JMJ Rio 2013. E porque as JMJ não são apenas cinco dias no Rio, mas um antes e seguramente um depois, o DNPJ tentará fazer do caminho de preparação para o Rio 2013, uma verdadeira peregrinação. Peregrinar é a força da Igreja na Humanidade no caminho com os homens, o testemunho da nossa procura, o desejo de descobrir no caminho percorrido, na paisagem exterior que se modifica, o chamamento, o dom, o sinal de uma peregrinação interior que nos transforma e nos conduz, que faz de nós construtores de um novo futuro. Por isso aceitemos o desafio de nos “pormos a caminho”, com a diversidade das nossas vivências, na unidade da mesma fé em Cristo e animados no mesmo espírito, em permanente missão!

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Eduardo Novo

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08– recortes dehonianos da família dehoniana

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

SEMANA DA PROVÍNCIA EM ALFRAGIDE Logo a seguir à Páscoa, de 3 a 5 de abril, 60 Dehonianos portugueses, vindos das várias comunidades, reuniram-se em Semana da Província, que decorreu em Alfragide, no Seminário Nossa Senhora de Fátima. Foi um tempo de encontro, convívio, celebração e aprofundamento do tema “Firmes na Fé”, com o contributo das interpelações de vários convidados. A presença do Padre Domingos Pestana, Superior do Distrito de Angola, ajudou a aprofundar a comunhão com os missionários de Angola e Madagáscar.

REITORES DEHONIANOS EM ROMA De 8 a 13 de abril de 2013 decorreu em Roma o encontro dos Reitores dos Seminários Maiores Dehonianos (Escolasticados). Participaram 18 Reitores, o Conselho Geral da Congregação e alguns colaboradores da Cúria Geral. De Portugal participou o Padre Constantino Tiago, em representação do Padre Manuel Barbosa, Reitor de Alfragide. Objetivos do encontro: ajudar reciprocamente a encontrar modos de estimular os formandos a conhecer, aprofundar e interiorizar a espiritualidade dehoniana; encontrar linhas de ação comuns nas diversas dimensões da formação (espiritualidade, internacionalidade, economia, apostolado social); criar um espírito de comunidade cada vez mais forte entre os formadores da Congregação para que se sintam apoiados uns pelos outros, bem como a colaboração internacional dos vários Escolasticados. O encontro constou de conferências, momentos de partilha e confronto de experiências, de oração e de convívio. Particularmente importante foi a apresentação e estudo do principal documento sobre a formação na Congregação. Assim reza a parte final da mensagem final: «Olhando para o futuro, sentimos a urgência de dar passos concretos que nos ajudem a permanecer neste espírito de comunhão que encontra no sint unum a sua raiz e o seu vértice e, por isso, assumimos algumas propostas do Conselho Geral: constituição de uma equipa que se encarregue de apresentar de modo sistemático a espiritualidade dehoniana nos Escolasticados; periodicidade dos encontros de formadores a nível internacional; promoção de escolasticados internacionais e continentais».

SUB-10 DEHONIANOS EM AVEIRO No dia 25 de abril, reuniram-se na Casa do Sagrado Coração, em Aveiro, 9 Dehonianos com menos de dez anos de Profissão Perpétua. Foi um dia de encontro, partilha de vida, reflexão e oração. Além da presença constante do Superior Provincial, esteve também o Padre Joaquim Martins, Pároco de Esgueira, que apresentou o seu testemunho de como vive, constrói e conduz uma Comunidade de Fé.

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Manuel Barbosa

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da família dehoniana

entre nós –

Na vivência do Ano da Fé, que nos diz a experiência de Fé do Padre Dehon?

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Tarde Dehoniana 2o13 Na Carta Constitutiva da Família Dehoniana vem afirmado que “Conscientes que a espiritualidade do Padre Dehon não é apenas vivida pelos SCJ mas também por tantos homens e mulheres que vivem na dimensão de consagração ou laical, acolhemos com coração aberto a realidade da Família Dehoniana como uma graça que pode reforçar a nossa identidade e o sentido de pertença ao Instituto”.

Assim, na fidelidade a esse compromisso, o Seminário Nossa Senhora de Fátima acolheu, no passado dia 17 de Março, mais uma tarde Dehoniana organizada e orientada pelo Secretariado Regional da Família Dehoniana de Lisboa. Foi um encontro inter-geracional onde Consagrados e Consagradas, Leigos comprometidos, jovens e menos jovens, procuraram responder a uma questão tão simples mas ao mesmo tempo tão inquietante: na vivência do Ano da Fé, que nos diz a experiência de Fé do Padre Dehon? Foi uma tarde marcada pela Fé e pelo conhecimento ou reconhecimento da experiencia de Fé do Padre Dehon, tão rica e actual, tão estimulante e cuja linguagem ainda hoje é perceptível. O nosso fundador, formado no Séc. XIX, esteve na vanguarda do pensamento e, como salientou o Pe. Manuel Barbosa, foi sempre fiel à Igreja do seu tempo. Em família e como família, fomos desafiados a partilhar, em pequenos grupos, algumas características da experiencia de Fé do Fundador; fomos convidados a celebrar a Eucaristia, presidida pelo Superior Provincial, Pe. Zeferino Policarpo; fomos convocados à partilha fraterna num lanche oferecido pela comunidade religiosa. Foi bom sentirmos que a presença da Espiritualidade Dehoniana continua a fazer sentido e dar sentido a tantas vidas marcadas pela necessidade de conformarem a sua vida a vida de Cristo.

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Tiago Pereira

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10– com Dehon

da família dehoniana

VIAGENS E PEREGRINAÇÕES DE LEÃO DEHON

Estudante em Paris (1859-1864) Júlio Dehon estava radiante e feliz com o sucesso escolar do seu filho no colégio de Hazebrouck e sonhava para ele uma grande carreira a nível nacional. Pensava no Politecnico e numa carreira científica. Quando Leão Dehon lhe maifestou o desejo de entrar no seminário e ser padre, todos os seus sonhos foram por terra. Para o pai foi um verdadeiro «choque». Não podia aceitar para o seu brilhante filho a ideia do sacerdócio, porque era algo que na situação socio-política da França revolucionária do tempo era verdadeiramente problemático e depois porque essa vocação não correspondia em nada às suas ambições de sucesso social, prestígio e poder. Sem contemplações, o pai recusou e, esperando que com o tempo mudasse de opinião, enviou o filho para Paris, com o intuito de frequentar o Politecnico. Leão Dehon obedece. A estadia parisiense vai durar cinco anos (1859A estadia em Paris revelou-se importante e até fun1864). Este período veio a revelar-se um tempo damental no desenvolvimento humano e espiritumuito rico e fecundo de maturação e de crescial de Dehon. Do ponto de vista da vida quotidiana, mento pessoal a todos os níveis: humano, social, Paris é o oposto do Colégio de Hazebrouck. No encultural, intelectual e espiritual. Diz-nos ele nas tanto, o jovem Leão Dehon continuou um estilo de suas Memórias: «Em Paris recebi muitas graças. vida que favorecia sua sensibilidade cristã e a sua Recebi um grande desenvolvimento intelectual. vocação sacerdotal. Na paróquia de Saint-Sulpice, Aprendi a conhecer o mundo sem me “sujar”. frequentou assiduamente (diariamente) a missa Adquiri o gosto pela literatura, pela arte e pelas da manhã e o sacramento da confissão, tornou-se viagens». catequista, increveu-se na Conferência de São Vicente de Paulo da paróquia Na verdade, do ponto de Entusiasmado e empenhado, de Saint-Nicolas-du-Chardonet, na vista académico foram anos o estudante de Direito qual fez a experiência do ódio social, de sucesso: a 12 de Julho não perdia uma oportunidad do abandono e da pobreza que carade 1960 obtem com sucespara cultivar-se com viagens. terizava a classe operária, frequentou so a chamada Maturidade as conferências Quaresmais do jesuíta Ciêntífica (exame de admissão) que lhe permite entrar no Politecnico. Não padre Felix sobre o “Progresso do Cristianismo” e se sentido inclinado para as ciências, abandona o procurou a direção espiritual do Padre Prevel. Politecnico e inscreve-se no Curso de Direito. No Ao mesmo tempo, Leão Dehon aproveitou a sua terceiro ano (1861-1862), superados os exames longa estadia em Paris para abrir-se à vida social, consegue o Bacharelato (26 de julho de 1862) política e cultural. Admitido ao Circulo Católico de e a Licenciatura em Direito (18 de agosto 1862). Saint Sulpice (26 dicembre 1859) teve oportunidaAos 19 anos tinha terminado os seus estudos de de de conhecer profundamente a realidade social, jurisprudência e estava livre para preparar o seu política e religiosa francesa do XIX. Havia jornais doutoramento. Apesar do estudo de Direito lhe e revistas, palestras sobre vários assuntos e debadeixar boas recordações, considerava-o como tia-se os diversos movimentos culturais, políticos, uma passagem, para satisfazer as pretensões do literários, religiosos e artísticos. seu pai e obter a sua autorização para ir para o seminário de Santa Clara, desta vez em Roma». No quinto ano de universidade (1863-1864) participou de apenas alguns cursos e dedicouse a preparar o doutoramento que concluirá brilhantemente a 2 de Abril de 1864, com o tema “La Tutelle”. Tinha 21 anos. Era maior e como prometera ao seu pai, tinha estudado e atingido o objetivo. Agora esperava permissão para seguir École Polytechnique de Paris, criada em 1795. a sua vocação.

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Como complemento da sua educação, Dehon procurou aulas de piano e pintura. No Círculo Católico conheceu o Padre Poisson, um padre de Chartres, liberal, rico e galicano e, através dele, travou conhecimento com Leão Palustre, um jovem estudante de arqueologia, que o introduziu no mundo das artes plásticas, em particular, da pintura e de arquitetura. Esta entrada no mundo da arte e da literatura alargaram os horizontes de Dehon e marcaram uma abertura de espírito que Dehon conservará por toda a vida. Entre os dois estudantes estabeleceu-se uma amizade profunda com base num ideal compartilhado de consagração a Deus e os mesmos interesses pela arqueologia e pelas viagens. Neste período, Dehon realizou quatro viagens que tiveram um grande influxo na sua formação e na sua vida.

2. Inglaterra, Escócia, Irlanda (abril-junho 1862)

Londres, no século XIX.

1. Inglaterra (maio-junho 1861) O jovem, entusiasmado e empenhado estudante de Direito não perdia uma oportunidade para cultivar-se e alargar os seus conhecimentos e «experiências» com viagens. Visitava as Igrejas, Santuários, Museus, Castelos e Conventos em Paris e seus arredores como turista, estudioso e peregrino da fé. e seus arredores. Nos meses de abril a junho de 1861, com o intuito de aprender a língua inglesa, faz uma viagem a Inglaterra, na companhia de um primo, Leoncio Wateau e visitou Londres e arredores. Acolhido por uma família católica, visitou a Abadia de Westminster com suas relíquias, a Catedral de São Paulo, as pequenas e artísticas igrejas católicas, o Castelo de Windsor, que lhe lembrava a grandeza, riqueza, harmonia, arte e fé do passado, o Parlamento, a Torre e o Porto de Londres. Ficou impressionado com a grande biblioteca e a arte oriental do Museu Britânico e a tipografia do jornal “Times”. Apreciou muito os costumes do povo inglês, o seu pragmatismo, a sua seriedade e as corridas de cavalos. Do ponto de vista religioso, reconhece a seriedade religiosas do povo inglês embora lamente a apostasia e o cisma da fé e um certo puritanismo farisaico. Convento Trapista de Monts-des-Cats

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Durante os meses de abril a julho de 1862, Dehon voltou a Inglaterra, com seu primo Leonzio Wateau, para aperfeiçoar o inglês. Durante uma visita à Abadia de Westminste encontra-se com o padre Poisson que conhecia do Círculo Católico, que o apresentará a Leão Palustre. Este contou-lhes o seu desejo de visitar toda a Inglaterra, Escócia e Irlanda e fê-lo com tal entusiasmo que convenceu Leão Dehon. Os quatro companheiros empreenderam então esta longa viagem, da qual tiraram poucas notas. Dehon foi o cicerone e o ecónomo da viagem. De Inglaterra impressionaram-no as Universidades de Oxford e Cambridge, as grandes cidades industriais (Birmingham, Leeds, Birmingham, Manchester, Liverpool) e os castelos medievais (Chester, Lencaster, Carlslile e Warwick). Com a sensibilidade romântica da época, Dehon extasia-se com a pluralidade e o pitoresco da paisagem dos Lagos Cumberland e Windermere «o rei dos lagos ingleses». Já na Escócia visitam os grandes mosteiros em ruínas, algumas cidades de algum interesse histórico e cultural, incluindo Edimburgo «uma das capitais mais pitoresca, original e impressionante do mundo». A viagem segue pelas montanhas (Highland), o Lago Ness, as IIlhas Híbridas, a Gruta de Fingal, a Ilha de Jona, sagrado pela memória da presença de S. Columbano. Numa das travessias de barco são surpreendidos por ventos fortes, chuva, ondas fortes que ameaçaram afundar a barcaça. Todos ficaram enjoados menos Dehon que ajudou os barqueiros a remar para terra. Os últimos dias da viagem são dedicados à visita da Irlanda. Maravilhado com a beleza dos lagos, montanhas, desfiladeiros, cachoeiras, ruínas de castelos e abadias, o que mais o impressionou foi a miséria pungente dos irlandeses. A protestante Inglaterra desprezava de muitos modos os católicos, sobretudo tirando-lhes o direito à sua terra. Regressados a Londres obtiveram uma audiência do Arcebispo de Westminster, o Cardeal Wiseman, que lhes falou muito sobre Roma, onde ele tinha acabado de voltar, e de Pio IX. Esta audiência parece ter tido um enorme influxo na decisão vocacional do Jovem Dehon.

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Francisco Costa

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12– memórias

da família dehoniana

Homem corajoso que transmitia alegria e paz.

Padre José Vieira Alves

Depois do Padre Manuel de Gouveia – o primeiro aluno do Colégio Missionário a alcançar, se bem que como estagiário, o campo das Missões, para servir as quais os Dehonianos se haviam estabelecido em Portugal e fundado o primeiro seminário, o Colégio Missionário do Funchal – é a vez de falar de um outro pioneiro, o Padre José Vieira Alves, também ele do grupo dos primeiros alunos do dito seminário, e o primeiro que, ordenado sacerdote, seguiu para o mesmo campo de apostolado, a Missão de Moçambique.

José Vieira Alves era natural da freguesia da Ponta do Sol (Madeira), onde nasceu a 5 de dezembro de 1934, penúltimo de 14 irmãos e último dos que superaram a tenra idade. Duas suas irmãs também haveriam de consagrar-se à vida religiosa, na Congregação das Irmãs da Apresentação de Maria, uma delas também missionária, em Angola.

Ingressou no Colégio Missionário já com 13 anos, em 1948, fazendo parte do segundo grupo de alunos. Desse pequeno grupo acabou por ficar sozinho, pelo que os superiores da altura passaram-no para o primeiro grupo, de que fazia parte o já referido Manuel de Gouveia. Fez, portanto, parte também do primeiro grupo que, em 1952, rumou para Coimbra, para o estudo da filosofia, naquele que viria a chamar-se o Instituto Missionário Sagrado Coração. Após os três anos de Coimbra, o José Alves seguiu para a Itália, a fim de fazer o noviciado, em Albissola (Savona), professando a 29 de setembro de 1956. Regressou a Portugal para o estágio de vida religiosa – prefeito – no Colégio Missionário (1956-1958). Fez parte também do primeiro grupo de prefeitos portugueses. Findo o estágio, regressou à Itália para frequentar, em Bolonha, o curso de teologia. No final do terceiro ano desse curso, como então era habitual, foi ordenado sacerdote, realizando-se a Ordenação no Colégio Missionário do Funchal, a 18 de junho de 1961. Foram festas grandes a Ordenação no Colégio Missionário e, dias mais tarde, a 2 de julho, a Missa Nova, na Ponta do Sol.

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Padre José Vieira Alves (1934-2000)

Terminado, em 1962 em Bolonha, o 4º ano de teologia, o Padre José Alves regressa a Portugal, seguindo, em dezembro desse mesmo ano, para as Missões de Moçambique. O seu primeiro serviço em terras moçambicanas foi o de prefeito dos estudos, como então se dizia, no Seminário São Francisco Xavier de Milevane (Zambézia). Aí se manteve e trabalhou até à sua transferência, em Outubro de 1971, para o Guruè, então Vila Junqueiro. Em vista de um serviço missionário mais qualificado, passou um ano em Bruxelas, de julho de 1972 a outubro de 1973, frequentando o Instituto Lumen Vitae. Novamente em Moçambique, integrou-se no grupo de trabalho do catequistado de Nauela, até 1975, ano da independência de Moçambique.

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A partir daí e com a extinção de grande parte das estruturas missionárias e das casas de formação, o Padre José Alves trabalhou sucessivamente nas Missões do Ile e de Namarroi. Mas, com o agravar-se da situação de guerra civil, foi forçado a ir para Maputo, indo colaborar no serviço da formação dos jovens seminaristas dehonianos moçambicanos, um serviço não fácil pela complicada situação sócio-política do país. Em Julho de 1978, tendo sido possível a abertura e organização da Casa Coração de Jesus, sempre em Maputo, foi-lhe pedido para integrar a primeira equipa formadora dessa estrutura de formação para a vida religiosa e sacerdotal da Congregação.

O José Alves, com os pais, à partida para Coimbra.

Entretanto, com o progressivo, ainda que lento, regresso do país à normalidade, as estruturas formativas dehonianas foram-se definindo e estabilizando, de modo que se tornou possível a abertura da casa de formação do Fomento, nas redondezas da capital, e destinada a proporcionar aos professos a possibilidade de frequentar o Seminário Regional. O Padre José Alves foi chamado a trabalhar aí como formador, desde finais de 1993, até que, dois anos mais tarde, foi nomeado superior da Casa Padre Dehon de Maputo, passando também a assumir a responsabilidade da paróquia de Infulene, nos arredores da cidade.

José Alves, ao centro, junto ao Padre Colombo.

O José Alves, seminarista em Coimbra, na primeira fila, de gravata.

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A sua disponibilidade ao serviço do crescimento, primeiro, da Região e, finalmente, da Província dehoniana de Moçambique, voltou a manifestar-se uma vez mais, quando, em janeiro de 1998, lhe foi pedido que acompanhasse os estudantes moçambicanos de teologia nos Camarões. Foi então que aceitou transferir-se para esse país, onde porém veio a encontrar a realidade dura de uma doença que não lhe permitiu permanecer lá muito tempo. Dali seguiu para Portugal à procura de alívio para os seus males. Impossibilitado de regressar à amada terra moçambicana, acabou por solicitar a do Funchal transferência Foto paraantiga a Província Portuguesa.

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14– memórias

da família dehoniana

Padre José Alves (continuação)

Colocado na comunidade do Colégio Missionário, integrou a equipa educadora, prestando a sua colaboração como diretor espiritual, além de outros serviços frequentemente pedidos à comunidade pelas religiosas e párocos vizinhos, até ao momento em que a gravidade da doença o atirou para um leito do hospital, onde viria a escrever o último e edificante capítulo da sua oblação ao Coração de Jesus. Faleceu a 17 de Novembro do ano 2000. Por vontade expressa da família, ficou sepultado na sua terra natal.

O Superior Provincial de então, atual Superior Geral, Padre José Ornelas Carvalho, na homilia fúnebre, realçou os méritos do Padre José Alves, num agradecimento bem expressivo: fora um missionário que transmitia alegria e paz; fora corajoso, sem ser destemido, porque a sua coragem provinha de uma grande fé e sensibilidade pelos outros; tivera a coragem de deixar a sua ilha, a sua pátria, tornando-se irmão de gente de outras terras, de outras culturas e raças; ajudara – aludindo ao seu trabalho de formador – tantos jovens a descobrir, como ele, o caminho da consagração a Deus e ao serviço dos irmãos; fora generoso no socorrer os que sofriam, conduzindo-os ao hospital, matando a fome e agasalhando os pobres das Missões que servira…

Já regressado definitivamente à Madeira, a quem lhe perguntou se valia a pena voltar a Moçambique, respondeu: “Sim, e mais do que nunca. Após uma vida vivida em Moçambique, compreendi que aquele povo tem a própria cultura e baseia a própria vida sobre princípios tradicionais bastante válidos, mas Jesus Cristo continua a ser para aquela gente uma alegre notícia, uma grande novidade, pela qual vale a pena dar até a própria vida… Como não gostar de viver com aquele povo?”. Fora esse o sonho desde criança e a realização da inteira vida do Padre José Vieira Alves. (cf. Unânimes, 2000-8) No Colégio Missionário, pouco antes de falecer.

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João Chaves

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da família dehoniana

comunidades –

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Uma casa essecialmente de seriços e de hospitalidade

Casa Provincial

Relatadas as várias obras – seminários e casas de formação, colégios, paróquias, centros de diversa finalidade – em que se concretizou a presença dehoniana em Portugal, justifica-se uma referência também à sede da animação e coordenação dessa múltipla presença: a Casa ou Cúria Provincial, hoje na Rua Cidade de Tete, nº 10, Olivais Sul (Lisboa), última de outras sedes que a precederam de quando foi criada, em outubro de 1954, a Região Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus.

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16– comunidades

da família dehoniana

Casa Provincial (continuação)

Até à criação da Região, ou seja de 1946 a 1954, não se pode falar de uma casa coordenadora das várias até então criadas: o Colégio Missionário, fundado em 1947); a Igreja italiana do Loreto, ao Chiado (Lisboa), assumida pelos Dehonianos em 1951; o Instituto Missionário Sagrado Coração de Coimbra, A Casa Provincial, na Rua Cidade de Tete, em Lisboa. criado em 1952 e a Casa do Sagrado Coração de Jesus, em Aveiro, aberta em 1953; todas estas da Igreja do Loreto. O Conselheiro Geral, P.e Bernardo casas dependiam diretamente do Superior da Salandi, na Visita Canónica que fez à Região, em Província Italiana, com sede em Bolonha. 1961, realçará aliás a vantagem de manter essa sede Com a criação da Região, é nomeado primeiro em Lisboa, dada a sua situação geográfica, podendo Superior Regional o P.e Ângelo Colombo, que e devendo dar acolhimento e apoio a tantos conframeses antes terminara o mandato de Superior des da Congregação de passagem por Lisboa. Provincial da Itália. Colocado em Aveiro, como O novo Superior Regional, P.e João Batista Carrara superior da comunidade local, acumula com es- (16.7.1958 – 15.7.1964), dotado de um temperate cargo o de Superior Regional e também o de mento alegre e conciliador, ajudará a superar as difisuperior da comunidade da Igreja do Loreto. culdades de coabitação dos dois cargos e valências Das primeiras atas do Conselho Regional resulta da comunidade. Em 1961, o P.e Luís Gasperetti, até que praticamente a sede do Governo Regional então Reitor da Igreja Italiana do Loreto, regressa era a casa do Superior Regional, a de Aveiro, definitivamente à Itália, estabelecendo o Conselho mas já na reunião do Conselho de 4 de abril Regional, na sua reunião de 7 de junho desse ano, de 1955 transparece a anomalia de essa sede que a partir daí o Superior Regional, obviamente se não estar em Lisboa. A anomalia desaparecerá de nacionalidade italiana, passasse a ser também com a nomeação do P.e Aimone (José) Benetti Reitor da dita igreja. A 6 de Janeiro precedente, o para Superior Regional (16.7.1955 – 15.7.1958); P.e Eduardo Ferreira de Sousa, que, já sacerdote, vindo do Colégio Missionário do Funchal, é na professara a 29 de setembro de 1959, fora nomeado igreja do Loreto de Lisboa que vai residir. representante legal da Região junto do Estado para A coabitação porém de duas autoridades e os atos legais de efeito civil, uma formalidade exigiatividades – Superior Regional e Reitor da da pelo mesmo Estado, de todo inofensiva e pacífica Igreja Italiana – revelar-se-ia complicada e com aos efeitos práticos. momentos de tensão. Assim, já a meados de Também no mandato de Superior Regional do P.e 1956, se pensa seriamente na transferência do António Colombi (16.7.1964 – 27.12.1966), a perSuperior Regional para outra comunidade já manência da sede da Região na Igreja do Loreto foi instituída (Colégio Missionário, Casa do Sagrado serena e normal, nada se registando em particular. coração, Instituto Missionário e Colégio Luís de Com a passagem, a 27 de dezembro de 1966, da Camões). Para permitir a acumulação dos car- Região a Província, voltará obviamente a pôr-se a gos de Superior Regional e Superior da comu- questão da sede do Superior Provincial. No primeiro nidade, os superiores locais das referidas casas Capítulo Provincial de 1967, ventilaram-se algumas puseram, em maio desse ano, os seus cargos propostas nesse sentido; uma delas foi pedir ao à disposição do Superior Geral, gesto que o Cardeal Patriarca a concessão de uma capela da competente Conselho Provincial, o da Itália, capital com residência anexa, onde a comunidade não aceitou, ficando sem efeito as demissões e da Casa Provincial pudesse também desempenhar caindo a possibilidade de a sede da Região sair algum apostolado; outra foi o aluguer de um apar-

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tamento, possivelmente num condomínio que estava para ser construído junto da Igreja do Loreto. Transferido, nos finais de novembro de 1969, o Seminário Nossa Senhora de Fátima do Prior Velho para Alfragide, também para lá se transferiu o Superior Provincial, deixando de acumular o cargo de superior local, que desempenhara relativamente à comunidade do Prior Velho, embora residindo no Loreto. Sucedendo o P.e Gastão Canova (1.2.1970 – 1.5.1973), volta a pôr-se a questão da sede do Superior Provincial. Já na primeira reunião do novo Conselho, a 13 de fevereiro de 1970, a questão é debatida: reconhece-se a vantagem de o Superior Provincial não residir no Escolasticado, para uma maior liberdade de ambas as estruturas, mas a mudança ainda não é consensual. Na reunião de dezembro de 1971, volta-se a debater a questão: o Provincialado necessita de instalações funcionais e independentes e de suficiente liberdade para as relações pessoais; a decisão será deixada para o Capítulo Provincial do ano seguinte. E o Capítulo de 1972 debateu e pronunciou-se sobre a questão; as moções 25 e 26 estabelecem uma sede própria para o Superior Provincial, de modo a garantir-lhe maior liberdade e reserva no desempenho do cargo. Segue o Provincialado do P.e José Moisés de Gouveia (21.5.1973 – 30.6.1976), que procura atuar as moções capitulares relativas à sede da Casa Provincial. Na sua reunião de julho de 1973, o novo Conselho, entre a adaptação do edifício do escolasticado, com a criação de um espaço totalmente separado para o Provincialado, e a transferência deste, opta por esta última. Caberá aos padres Canova e Moisés procurar para o efeito um apartamento em Lisboa. Encontrou-se um de 12 assoalhadas, que satisfaria bem as exigências de uma Casa Provincial, e chegou-se também a pensar na compra do antigo seminário dos Inglesinhos, no Bairro Alto, então à venda. Nenhuma das duas propostas chegou porém a bom termo, e a procura continuou.

A Igreja de N.ª Sr.ª do Loreto, em Lisboa, onde funcionou a sede da Região e, depois, da Província.

Na reunião do Conselho de abril de 1974, já se pensa em criar a comunidade da Casa Provincial, e consulta-se em propósito o Governo Geral, que aconselha a encontrar primeiro a sede. E esta foi finalmente encontrada: a atual, em Olivais Sul, na Rua Cidade de Tete, nº 10, bem perto do aeroporto. Cria-se, em julho, a primeira comunidade da Casa Provincial, constituída pelo Superior Provincial (P.e Moisés), pelo P.e Júlio Gritti, secretário da atividade missionária, e pelo P.e Sérgio Filippi, na qualidade de ecónomo local. Na reunião de setembro, o Conselho aprova a transferência da Cúria Provincial. Obtidas as devidas autorizações do Governo Geral e do Patriarcado, e mobilada e preparada a casa, a comunidade para lá se transfere a 1 de Maio de 1975. O acontecimento foi registado na crónica da casa, na primeira página do respetivo livro: “Foi já à tardinha escuro quando cá chegámos. Juntara-se as quatro comunidades scj da zona de Lisboa (Cúria, Alfragide, Loures e Loreto)… A entrada na nova casa deu-se no regresso de um passeio que as referidas comunidades fizeram a Mafra, Peniche, Cabo Carvoeiro, Óbidos e Caldas da Rainha numa camioneta emprestada do Externato João XXIII”. A cerimónia constou de concelebração eucarística, seguida de “saboroso e alegre jantar”, preparado pelas empregadas de Alfragide… No Provincialado do P.e António Tomás Correia (1.7.1982 – 30.6.1988), precisamente a meados de 1984, foi posta à venda a contígua vivenda do nº 8 da referida Rua. A oportunidade era aliciante, dando a possibilidade de fazer das duas vivendas uma só. Obtidas das devidas autorizações superiores, fez-se a compra. Foram logo feitas as necessárias ligações, mas as grandes obras de reestruturação seriam iniciadas no Provincialado do P.e José Ornelas Carvalho (1.7.2000 – 27.5.2003), precisamente em de 2002. Na Casa Provincial residem o Superior, o Ecónomo e o Secretário Provinciais, com os respetivos ofícios, e um ou outro confrade. Ali também residiram provisoriamente os párocos da Vialonga, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, e alguns religiosos estudantes durante as obras de reestruturação do Seminário Nossa Senhora de Fátima de Alfragide. É também a casa onde geralmente se hospedam os confrades de passagem por Lisboa. Uma Casa, portanto, eminentemente de serviço e hospitalidade.

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João Chaves

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18– vinde e vereis dos conteúdos

Maria ensina-nos a cultivar a interioridade e a disponibilidade

“Guardar no coração e meditar”

“Vinde”. A vida cristã, nas suas mais diversas manifestações, corresponde a um “vinde”, ou, por outra, a sucessivos “vinde” que são apelo, convite, chamamento. É o Senhor que o pronuncia. A iniciativa é d’Ele. A nós competem-nos duas atitudes. Por um lado, a devida atenção ao chamamento, procurando de alma aberta e coração generoso percebê-lo nas muitas formas como se manifesta; por outro a disponibilidade. Lamentavelmente, a nossa tendência vai no sentido de nos deixarmos distrair. São tantas as vozes e os ruídos, são tantas as luzes e as sombras que dificultam o discernimento. Mesmo quando nos consideramos sérios, honestos e disponíveis sentimos grande dificuldade em nos concentrarmos naquilo que é verdadeiramente essencial. E facilmente tomamos as aparências por realidades consistentes. Não se pode dizer que seja questão de má vontade, nem sequer de leviandade. Somos assim por natureza e nem sempre nos apercebemos da necessidade de sermos diferentes. Deixamo-nos levar com demasiada facilidade. Somos vítimas das nossas limitações. E tudo se complica, quando intervêm questões de idade e de influências exteriores. No entanto, como dizia, é-nos indispensável uma atitude de atenção, sem a qual os múltiplos e sucessivos “vinde” correm o risco de ecoar no deserto das nossas vidas. O mês de Maio propõe-nos a figura de Maria, a Virgem de Nazaré, que, como refere, o Evangelho, cultivava uma atitude de recolhimento e interioridade que lhe permitia “guardar tudo no coração e meditar”. Faz-nos falta considerar o seu exemplo e obter a sua intercessão. O exemplo de Maria inspira-nos a segunda atitude – a da disponibilidade. Ela é, como sabemos aquela criatura de eleição com quem Deus verdadeiramente pôde contar. É exemplar a sua posição no momento certamente dramático em que, abordada pelo Anjo da Anunciação, toma conhecimento com surpresa e desconcerto da proposta de Deus e a aceita sem reservas nem condições. Declara-se “escrava”, quer dizer, completamente destituída de vontade própria. E tinha, como sabemos, os seus projetos! E, como escrava, coloca-se por inteiro à disposição de Deus: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Deus fez depender da sua aceitação livre a realização do seu projeto de amor e de salvação N.ª Sr.ª dos índios Sioux no Dakota do Sul, no s EUA. para toda a humanidade.

Estava Ela consciente do alcance da sua atitude e das respetivas consequências? Tudo leva a crer que não. Ela precisou de acreditar, de correr o risco da fé. Contou, com certeza, com a iluminação e a força do Espírito que ampara a fraqueza humana, quando ela não oferece resistência. Mas precisou de acreditar. E porque acreditou e porque aceitou, Deus fez as maravilhar que sabemos. Ela pôde “ver”. E tal como para Ela, também para nós se cumprirá, no tempo e no modo que só Deus conhece, a garantia do “vereis”, de que bem precisamos. “Veremos” os passos a dar, as escolhas a fazer, as decisões a tomar, a orientação a dar à nossa vida e a cada um dos nossos dias. Quem quer que sejamos. Não deixemos de cultivar as duas atitudes que, em suma, se resumem na atenção e na disponibilidade, uma e outra indispensáveis para o sucesso da nossa vida. A atenção permitirnos-á reconhecer os “vinde” com que o bom Deus não deixa de nos solicitar. A disponibilidade fará com que a nossa vida seja conduzida pelo Espírito que nos foi dado e em nós quer realizar as sua maravilhas. Recorramos a Maria: ao seu exemplo e à sua intercessão.

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Fernando Ribeiro

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dos conteúdos

onde moras –

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Maria, verdadeiro modelo da vida cristã

“Eis a tua Mãe” Nas palavras do Mestre do alto da cruz para sua mãe “Mulher eis o teu filho” e para João “eis a tua Mãe” Jesus entrega-nos Maria com o doce nome de Mãe. Maria é para nós Mãe, mas também Modelo! Neste mês de Maio que lhe é dedicado, mês em que iniciaram as aparições em Fátima, lugar de verdadeiras conversões, convidovos a olharmos para Maria de Nazaré. Gosto de Imaginar Maria vivendo em Nazaré, na casa dos seus pais, aprendendo a viver determinados valores, a rezar e a escutar Deus que falava no mais íntimo do seu ser. Ela era a escolhida por Deus para ser Mãe de Seu Filho. O seu amor, a sua profunda fé, humildade e confiança, a extrema disponibilidade, o seu ser de mulher totalmente livre para aceitar e responder afirmativamente aos apelos de Deus, permitiram que Deus descesse até ela, que viesse habitar no meio de nós. Não foi certamente fácil para Maria desempenhar tal missão, ela vivia, para Jesus, no mais íntimo do seu ser, ia meditando as palavras de Jesus, e aceitava os desafios da missão. Maria vivia a profunda alegria, fruto da resposta contínua à vontade de Deus. Nela o Filho de Deus assume a natureza humana, encarna e nasce por obra do Espirito Santo. Ela torna-se a Mãe de Deus, Mãe da Igreja, Mãe de todos os crentes, nossa Mãe. A devoção a Maria é fonte de profunda vida cristã. Ao dizer “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38), ao pronunciar o sim e acolhendo o convite de Deus, ela cooperou livre e activamente na História da Salvação. Maria estava totalmente voltada para seu Filho, escutava-O atentamente, não apenas com os ouvidos, mas especialmente com o coração. Ela acompanhou todos os passos de Jesus desde o nascimento à morte na cruz. Maria é o verdadeiro modelo de vida cristã. Como me relaciono com Maria? O que aprendo com ela? Também para mim e para ti, Deus tem um projecto! Que nos deixemos contagiar pelo coração desta Mãe! Que ela nos ensine o seu modo de viver, que criemos espaço no mais íntimo do nosso ser para escutar o Mestre. Ele fala-nos continuamente!

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Fátima Pires

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20– meias doses de saber dos conteúdos

Fernando Pessoa chamou-lhe “Imperador da Língua Portuguesa”

Vieira global O Padre António Vieira tem sido, nas últimas décadas, alvo de um renovado interesse da parte de estudiosos de várias áreas disciplinares, que vêm engrossando, em Portugal, no Brasil e em universidades de outros países onde se ensina e investiga a língua portuguesa, aquilo que podemos designar o pequeno exército de especialistas vieirinos.

A realização, no espaço de uma década, de dois centenários de Vieira muito comemorados, os 300 anos da morte em 1997 e os 400 anos do nascimento em 2008, tiraram definitivamente este autor de uma certa secundarização de que tinha sido objeto durante os últimos séculos da sua receção, vítima de polémicas e leituras ideologicamente condicionadas. Também o facto de nunca se ter publicado a obra de Vieira na sua totalidade e a falta de oferta editorial da grande parte dos seus escritos têm dificultado os estudos vieirinos em perspetiva mais abrangente e de modo a motivar análises de conjunto fundadas no seu legado escrito. Apesar desta limitação que projetos recentes estão a tentar colmatar, diversos estudos inovadores entretanto realizados têm sido de grande importância para a recuperação e valorização do património imaterial que constitui a obra de Viera para além da muito revisitada e estudada parenética. Na verdade, Vieira ficou mais conhecido e foi acima de tudo celebrado pela sua oratória, tanto nas retumbantes pregações que fez nas tribunas barrocas do seu tempo, como no legado escrito que deixou através dos seus sermões escritos. Tendo elevado através do verbo falado e escrito a língua portuguesa a um aperfeiçoamento nunca visto no plano da prosa, de tal modo que muitos escritores modernos e contemporâneos lhe reconheceram mérito inigualável de afinamento

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da língua e de inspiração para a escrita em português, não são menos relevantes as suas preocupações e intervenções em favor da reforma da sociedade, da política e da economia portuguesa, começando pela mentalidade vigente obstrutiva de progressos novos, necessários e urgentes. Os diagnósticos críticos que operou e as propostas reformistas que apresentou, apesar de não terem encontrado no seu tempo grande aceitação nem resultados, mantiveram-se válidas nos séculos seguintes, vindo a ser lembradas por figuras como D. Luís da Cunha no século XVIII e concretizadas por políticos como o Marquês de Pombal, apesar de não lhe reconhecer a paternidade devido ao preconceito antijesuítico que passou a guiar toda a política pombalina desde o Terramoto de Lisboa de 1755. Vieira afrontou criticamente a sociedade do tempo com uma ousadia pouco vulgar. Pôs em causa uma sociedade de privilégios e de regalias hereditárias, defendendo que a “verdadeira fidalguia está na ação”; considerou pouco cristã uma

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O historiador José Eduardo Franco, nosso ilustre articulista de longa data nestas páginas, a quem prestamos a nossa homenagem, é o coordenador da edição das Obras Completas de António Vieira, edição essa lançada no passado mês de abril.

sociedade que segregava e diferenciava os cristãosnovos dos cristãos-velhos e apoiava um tribunal religioso, ou seja, a Inquisição que perseguia e matava; advogou o regresso dos hebreus expulsos, elite que tinha contribuído para erguer o Portugal universal dos descobrimentos; imaginou e anunciou um mundo novo a que chamou Quinto Império, onde caberiam judeus, índios e outros povos, raças e culturas com uma visão integradora que antecipa ideários do ecumenismo religioso contemporâneo; criticou os excessos dos colonos brancos no uso da mão-de-obra esclavagista no Brasil e apresentou propostas de legislação que minorasse esta chaga do projeto colonial português, defendendo a dignidade os escravos como seres humanos de pleno direito. Vieira foi um missionário, um crítico social, um homem de diálogo enquanto diplomata, um reformista político e um anunciador de uma utopia de um mundo melhor como solução global para os problemas graves do mundo do seu tempo. No entanto, como profeta de um mundo melhor, projetando transformações importantes na humanidade futura, não deixou de ter os pés assentes na terra e revelar-se um grande estratega político e social. Os seus aparentes delírios utópicos, em nome dos quais acusado e incompreendido, como bem aponto Eduardo Lourenço tinham mais um sentido de reforço, de “sobrecompensação psicológica” do ânimo coletivo do povo português do que seriam sonhos distraídos da realidade.

No terreno movediço da militância política onde se quis empenhar ao serviço do seu rei e do seu reino revelou visão, mérito e posições corajosas, mas também aí experimentou o drama das contradições e multiplicou os inimigos que lhe seriam implacáveis. Vieira revelou-se, ao longo da sua dedicação ao serviço de Portugal e do Rei Restaurador D. João IV, um homem com grande sentido de realismo político. Um das suas grandes preocupações abundantemente expressas nos seus escritos era precisamente a angariação e multiplicação de recursos materiais para garantir o sucesso do independência de Portugal reconquistada a Espanha, assim como a recuperação e afirmação do seu império colonial contra as ambições imperialistas das novas potências europeias emergentes, particularmente a holandesa. As intervenções, as propostas, os projetos e pareceres do Pregador de D. João IV, o mais famoso jesuíta português do século XVII a quem Fernando Pessoa chamou de “Imperador da Língua Portuguesa”, têm implicações e conteúdo políticos e económicos que merecem estudo no contexto do Portugal, do Brasil e do mundo do seu tempo. Este ano, o leitor amante da cultura, da criação literária, da ciência e da beleza começará a dispor, finalmente, da obra toda de um dos maiores e mais proficientes oradores e escritores da Língua Portuguesa de todos os tempos. O Círculo de Leitores e a Universidade de Lisboa estão a disponibilizar para o grande púbico os escritos totais daquele que inspirou Fernando Pessoa a considerar que “a minha pátria é a língua portuguesa”.

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Eduardo Franco

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22– pedras vivas dos conteúdos

Andava duas horas a pé para “botar” o terço a participar na missa...

A Ti Deolinda Era maio e estava em Trás-os-Montes, numa freguesia dos arredores de Bragança, a pregar numa festa de Nossa Senhora. Quem conhece a região sabe que está semeada de Santuários Marianos, alguns de grande envergadura e beleza… Já organizei várias peregrinações para aqueles e muitos ainda não foram visitados…

A freguesia tinha pouca gente e era pobre, mas era composta por ruma série de aldeia, perdidas na serra, como a maior parte das freguesias do nordeste transmontano. Mas era gente de uma invejável fé e generosidade. A missa da novena era às 06h30, mas às 06h00 rezavam o terço… Às 05h00 despertava-me o bamboar do sino, que o velho sacristão puxava com tanta gana como se em cada puxão quisesse arrancar alguém da cama, para trazer toda a gente para a Igrejinha paroquial… A mim, que dormia ali mesmo ao lado da torre, fazia-me saltar da cama logo à segunda ou à terceira badalada… No primeiro foi um sobressalto tão grande, que até me pareceu um pesadelo! Aquilo era de madrugada!… E pensava eu que acordar àquela hora da “madrugada”, como eu achava que era, deveria ser um crime e que iria ter a Igreja às moscas… E quando o sino tocou segunda vez, às 05h30, já o adro estava cheio de gente conversadora e bem disposta, como se todos fossem de uma mesma família e aquilo fosse a conversa depois do almoço. O único ensonado era mesmo eu, que apesar do banho, não despertara ainda… Dei

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umas voltas à Igreja e aquela aragem fresca da manhã ajudou-me a despertar, para que às 06h00 estivesse no terço. No fim da missa dessa manhã meti conversa com a Ti Deolinda… Tinha sido ela a “botar” o terço como por lá diziam de quem o iniciava. Disselhe que tinha estranhado vê-la chegar tão cedo, que me pareceu que tinha grande dificuldade a andar, tão curvada vinha agarrada a um pau que a amparava: – Olá, bom dia. Então como se chama esta Senhora, que hoje veio tão cedo e que “botou” tão bem o terço?...

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– Sou a Deolinda. Dizia a minha mãe, que o Senhor já chamou para Ele há uma porrada de anos, que o meu nome quer dizer que sou “Linda para Deus!” E olhe, que sinto isso mesmo… Não é que me ache mais bonita que as outras, mas o meu nome é que é!... É por isso que nunca me custou vir para a Igreja, nem me custa agora. E olhe que os anos já pesam um bocadito, que já passam oito de dois carros (um carro são 40 alqueires, eram, portanto 88…). O Senhor Padre acha que eu vim cedo? Cedo era quando eu saí de casa, que moro muito longe, a mais de duas horas de caminho… E como não há luz, andase sempre aos trambolhões. Por isso é que me agarro ao pau, para me amparar. Olhe que eu saí de casa ainda não eram três e meia, mas perder a missinha e a pregação é que não perco. Era só o que me faltava!... E depois que é que o meu nome começava a querer dizer? Que eu era mentirosa, porque o nome dizia que eu sou “Linda para Deus” e eu não era… Está boa, está! Se o meu nome diz que sou “Linda para Deus” (acho que é na língua que o papa fala), é isso mesmo que eu tenho que ser! Fiquei espantado com tanta alegria pelo significado do próprio nome. Mas voltei a referir e a elogiar a forma como “botou” o terço. – Ah, senhor! Já o “boto” desde os meus 6 anos. Lá em casa éramos nove filhos e “botaba-se” à vez…

Genuína esta velha senhora, que aos 88 anos de idade ainda era capaz de andar a pé mais de duas horas, para vir “botar” o terço e participar na missa das 06h00 da manhã… – A minha pena é morar numa aldeia muito longe da Igreja, que se morasse aqui à beira, não me escapava nada! De certeza que não. Quem aos 88 anos é capaz de se levanta da cama àquelas horas da madrugada, para andar mais de duas horas pelos montes abaixo até chegar à Igreja Paroquial, imagino o que não faria se estivesse ali ao pé… Acho que nesse dia comecei a gostar muito do nome Deolinda e a pensar que levantar cedo não era bem aquilo que eu pensava (uma chatice!), mas algo de extraordinário! Já se passaram uns sete ou oito anos, e lembro-me da Deolinda tantas vezes! Se estiver viva já passa dos 94 anos, mas bem os merece, que pessoas daquela têmpera não deveriam envelhecer nunca (a não ser por fora!...). Só sei uma coisa: Morta ou viva, sempre que me lembro da Ti Deolinda, como todos lá na aldeia lhe chamavam, louvo a Deus pelo seu exemplo e rezo por ela. Oxalá que neste mês de Maio despertem muitas pessoas como a Ti Deolinda!

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António Augusto

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24– JMJ no Porto dos conteúdos

Não podendo ir ao Rio de Janeiro, teremos R i o i n D o u r o

Gostavas de participar nas Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro? Mas na realidade não consegues… “Embarca neste Porto” e entra no Rio in Douro! Rio in Douro acontece nos dias 27 e 28 de Julho no Cabedelo (Canidelo-Gaia, bem junto ao rio... Douro e ao mar... Atlântico). Propõe uma forma alternativa de “viver” e “celebrar” essas mesmas Jornadas na nossa cidade e no “nosso” Rio. Será um “mega encontro” dos jovens, da diocese do Porto e não só, que queiram viver e experimentar, em clima de festa, de alegria, de oração e de partilha, o mesmo “espírito” das Jornadas Mundiais da Juventude. Para te inscreveres, podes fazê-lo em grupo ou individualmente, só tens que aceder ao site www.rioindouro.org e lá encontrarás todas as informações necessárias. Contamos contigo!

Prevê-se a chegada dos jovens, no dia 27 de manhã, a 4 pontos circundantes, de onde partirão em caminhada para o recinto do encontro. Aí, na tarde e noite de sábado e na manhã de domingo, haverá espaço e tempo para workshops, oração, festa, alimentação, vigília, eucaristia, ligações em direto ao Rio de Janeiro…

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dos conteúdos

palavra de vida – A missão de anunciar faz parte da identidade do cristão

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Eles partiram a pregar por toda a parte No mês de maio, a dificuldade é sempre a escolha: com tantos e tão ricos motivos de celebração, quase se lamenta ter de optar por um e deixar os outros. Maio é um mês pascal e este ano nele celebramos as grandes solenidades da Ascensão, do Pentecostes e da Santíssima Trindade, além, claro, da celebração contínua do mês de Maria. Optámos pelo texto do Evangelho da solenidade da Ascensão (Mc 16, 15-20), que nos fala da missão deixada perpetuamente por Jesus à sua Igreja de ir pelo mundo anunciar a Boa Nova do Reino, batizar em nome de Deus Trindade Santíssima e a todos levar a misericórdia e o perdão dos pecados.

Ide por todo o mundo… A missão terrena de Jesus estava terminada: tinha anunciado a Boa Nova do Reino, tinha deixado o seu testamento em forma de doutrina, dera a sua vida como prova maior de amor, abrira as portas da vida para sempre pela sua ressurreição. Agora ia para junto do Pai. Mas a missão, essa ainda não terminara: o Reino de Deus era para todos os povos e a todos deveria chegar. Jesus deixa aos discípulos a responsabilidade de continuar o que Ele havia começado. Não os deixa sós nem desamparados nessa árdua tarefa, promete acompanhá-los com a força do Espírito. O importante é que a dinâmica começada nos caminhos da Galileia e da Judeia não pare: o Reino é de eternidade e deve por isso ser perpétuo o seu anúncio.

Eles partiram a pregar… A prova de que não caiu no vazio o mandato de Jesus é o facto de estarmos agora a escrever e a refletir sobre ele! Os discípulos partiram de facto e a Boa Nova tem sido transmitida de geração em geração. Tantas vezes contra ventos e marés, o Reino é anunciado e vai chegando a todos os povos. Sinal da universalidade dessa dinâmica do Reino é o facto de escrever estas linhas nos Estados Unidos da América, no Estado de Dakota do Sul. Também aqui se cumpre esse mandato de Jesus. Dei por mim a pensar como é que foi possível, como é que a Congregação chegou aqui, a esta terra que parece de ninguém. Foi certamente guiada pelo Espírito, nessa vontade de corresponder fielmente ao desafio deixado por Jesus. É que também aqui há gente disponível para acolher a novidade do Reino, também aqui o Espírito quer falar aos corações e abri-los ao dom gratuito do pão partido, do sangue derramado e do túmulo vazio da manhã de Páscoa. No primeiro domingo – e até agora único – passado em Chamberlain, Dakota do Sul, tive a alegria de participar na celebração eucarística em que 17 crianças da nossa escola celebraram os sacramentos da Iniciação Cristã! Foi mais um sinal deste mandato do Senhor que tem perdurado no tempo e que assim continuará enquanto Deus queira. Que cada um de nós se sinta parte deste mandato do Senhor e que sejamos testemunhas entusiastas desta Boa Nova do Reino, em todo o tempo e em todo o lugar, pela ação do Espírito, com a interceção da Virgem Maria e em comunhão com toda a Igreja.

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José Agostinho Sousa

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26– leituras

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De que preciso?

Uma mochila para o Há dias folheando uma revista, encontrei um artigo sobre a filha do divulgador científico espanhol Eduardo Punset e levou-me a comprar e a ler o livro. Elsa Punset, formada em humanidades, educação, jornalismo, filosofia, nascida em Londres e a viver em Espanha acaba de lançar um livro saído em Portugal intitulado Uma mochila para o universo. Em Espanha, já vendeu mais de 150.000 exemplares.

Este livro está em dividido em 21 roteiros para conhecer e gerir emoções. Por exemplo, diz que um abraço deve durar pelo menos seis segundos e que um pensamento negativo debilita o sistema imunitário pelo menos durante seis horas. Apela a alargarmos os círculos de empatia, de pensamento positivo e de otimismo. Como outros escritos a circular no mercado, ela quer apresentar algumas noções básicas e universais de emoções. Também quer dar-nos a entender que temos um cérebro moldável e que podemos moldá-las e assim ganhamos liberdade. O livro está cheio de exemplos como podereis ver. Entrevistou um monge tibetano que propunha um exercício de autoaceitação. Pediu aos transeuntes para se verem ao espelho e dizerem alguma coisa amável. Eles aceitaram o desafio: consegues Joaquim, força. Ou mulher acredita. É que temos um cérebro primitivo programado para sobreviver. Por exemplo, a inveja torna-nos mais competitivos, menos resignados. Quando vivíamos em tribos, não havia problema nenhum. Na sociedade atual, a comparação social é muita, sentimo-nos insignificantes e a inveja que aumenta na proporção inversa da autoestima, pode fazer grandes estragos. E faz mesmo. Estar de costas para o mundo faz mal à saúde e contagia. A neurociência trouxe-nos um novo paradigma: mostrou que é possível mudar a química cerebral pelos comportamentos e emoções. É que educar para o otimismo confere mais hipóteses de sobrevivência. Para vivermos bem, não precisamos de muitas coisas.

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Escrevo-vos apenas o título dos capítulos do livro, comentando alguns roteiros. Capítulo 1: – Gosto de ti, mas não estou apaixonado Capítulo 2: – Ser escravo sem saber Capítulo 3: – As emoções propagam-se como um vírus Capítulo 4: – A linguagem secreta das pessoas Capítulo 5: – A balança da felicidade Capítulo 6: – A escola da sorte Capítulo 7 – Uma mochila para o universo

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a o universo No roteiro 1 (De quanto amor carecemos?), a autora apresenta-nos alguns elementos curiosos. O amor guia-nos, dá-nos esperança, entristece-nos e motiva-nos. Além de apontar a empatia como alicerce do amor, lança algumas questões: de quantos amigos precisamos para nos sentirmos bem? Como tornar-me amigo de alguém? Como podemos alargar o nosso círculo de amigos? Por que gosto de estar dependente dos contatos e dos amigos da internet? O ato de ver as mensagens do Twitter ou do Facebook ou de responder a um email poderá provocar mais dependência do que o consumo álcool ou de tabaco. Este vício não tem custos, nem efeitos secundários evidentes e, alivia a nossa necessidade premente de pertencer a um grupo e de ter acesso à informação. Como aprendemos a falar? Por que nos interessa tanto estar ao corrente do que sabem e pensam os outros? Faz parte do nosso ADN. Acreditamos precisar dos outros para nos protegerem, nos estimarem, alertar dos perigos e das oportunidades que apareçam. As conversas ajudam-nos a sentirmonos integrados e informados. No entanto, num grupo, há o fenómeno de excluirmos alguém o que torna muito doloroso para o prejudicado. A bisbilhotice tem uma parte sombria no sentido de denegrir alguém, prejudicar ou mesmo assassinar a sua imagem pública. Não são raras as vezes que o feitiço se vira contra o feiticeiro. As pessoas que gostam de engendrar intrigas têm grandes níveis de ansiedade. A maldade tem um preço alto, porque os humanos estão programados para amar, partilhar e compreender. É melhor substituir a necessidade de bisbilhotar por uma atitude amável e carinhosa. Já no roteiro 2 (Gestos que expressam e consolidam o amor), coloca-nos algumas questões. Que ideia te transmitiram do amor? Para que serve apaixonar-se? Qual é a primeira etapa da paixão? E quando é que a paixão acaba? Como manter viva uma relação de amor? Qual é o meu estilo amoroso? Erótico? Carinhoso? Brincalhão? Há pontos muito interessantes que encontramos ao longo do livro os atalhos para vencer o stress. Assim como a mudança de opiniões. Diz que custa mais aos humanos mudar de opinião do que os chimpanzés. Porque temos tanta relutância e mudar de opinião? Como podemos mudar de opinião? Porque temos tanta preguiça de deitar mãos à obra? Continua a autora a referir que o cérebro opõe-se a começar qualquer atividade, procura desculpas, adia o momento de começar. É o que se chama tecnicamente procrastinar. Cerca de 24% das pessoas assumem-se como preguiçosas, ou seja, uma em cada quatro pessoas não arregaça as mangas por preguiça… E mais? Só lendo o livro.

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Adérito Barbosa

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– recortes – sobre a bíbliadehonianos 2808 dos conteúdos

“Vós sois Corpo de Cristo” (1Cor 12, 27)

Da comunhão eucarística à À narração da instituição da Eucaristia e a algumas considerações sobre o que se realiza quando se celebra a mesma Eucaristia (por exemplo, “Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha”, em 11,26), os capítulos 12-14 serão dedicados à unidade da comunidade, apesar da diversidade de dons.

De um modo geral, pode dizer que a Primeira Carta de Paulo “à igreja de Deus que está em Corinto” (1Cor 1,2) será motivada pela resposta a questões concretas do andamento daquela comunidade cristã. No entanto, parece que a diversidade destas questões converge para a grande questão: uma comunidade dividida que terá de encontrar motivos para se sentir unida. A questão, porém, do ponto de vista paulino resolve-se apenas pelo fundamento de tal unidade, que tem origem na própria divindade. Disso é bem testemunha este passo que agora trazemos à discussão: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, eu, como sábio arquiteto, assentei o alicerce, mas outro edifica sobre ele. Mas veja cada um como edifica, pois ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo” (3,10-11). Entre as causas para a divisão da comunidade, Paulo enuncia também a má qualidade da celebração da Ceia do Senhor, a Eucaristia (cf. 11,18-22). Há divisões, sobretudo porque se distinguem as pessoas: entre pressas para tomar cada um a sua própria ceia, uns ficam sem comer e outros ficam embriagados. Paulo aproveita deste caso caricato desta comunidade (note-se que não é caso isolado: Tiago chama a atenção para um caso semelhante de parcialidade e distinção de pessoas em Tg 2,2-4) para propor a tradição (em latim, traditio, tal como o verbo tradere, que significa “receber”) tal como a recebera do Senhor, por meio dos apóstolos que tomaram parte na Última Ceia do Senhor (1Cor 11,23-25). Na estruturação da mesma Carta, à narração da instituição da Eucaristia e a algumas considerações sobre o que se realiza quando se celebra a mesma Eucaristia (por exemplo, “Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha”, em 11,26), os capítulos 12-14 serão dedicados à unidade da comunidade, apesar da diversidade de dons. O hino do amor (1Cor 13) permeia dois capítulos mais reflexivos sobre a unidade da comunidade. Até que, a certa altura, soa bem forte a afirmação perentória e, por isso mesmo, válida para toda a Igreja ainda hoje: “Vós sois Corpo de Cristo” (12,27).

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à comunhão eclesial

Há duas reflexões que se impõem. A primeira tem a ver com o modo como Paulo, no contexto desta Carta, usa a expressão “Corpo” para se referir ao “Corpo de Cristo”. Umas vezes, usa-a como conceito para “pão da Eucaristia” que é Corpo de Cristo (tal como em 10,16 ou 11,24, onde “meu Corpo” é o “Corpo de Cristo”, porque palavras colocadas na boca de Jesus); outras vezes, porém, Paulo usará a expressão “Corpo de Cristo” para se referir à Igreja, baseado na imagem do Corpo que, tendo muitos membros”, não deixa de ser um só Corpo (como em 12,27, em conclusão de toda a reflexão sobre a dimensão corpórea da Igreja). O próprio magistério da Igreja haveria de continuar nesta linha, a ponto de distinguir, por meio de adjetivos estas duas realidades que são “Corpo de Cristo”: o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, e o Corpo Eucarístico de Cristo, que é a Eucaristia. Mesmo assim, podemos dizer que as duas realidades dependem uma da outra. Disso dá testemunho esta mesma Carta aos Coríntios. De facto, a própria reflexão sobre a Eucaristia/ Ceia do Senhor, propriamente dita tinha sido introduzida a propósito de uma outra questão com uma pergunta retórica de afirmação “sim”: “O cálice de bênção, que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, somos um só corpo, porque todos participamos desse único pão” (10,1617). Nesta frase, a expressão “Corpo de Cristo”, que aparece em primeiro lugar refere-se a Cristo presente na Eucaristia conforme a sua afirmação: “Isto é o meu Corpo”, ao passo que a última referência, “somos um só corpo” – que depende da comunhão com o “único pão” – se refere à própria Igreja.

Poderemos, porém, tirar conclusões que vão para além das próprias afirmações de Paulo. Na verdade, se Cristo é visível por ter Corpo, tal como nós temos corpo (na filosofia, o Corpo assume exatamente esta dimensão relacional), Ele queria perpetuar a sua presença no meio de nós, para além da sua vida física, até à morte. Dizemos, e bem, que a Eucaristia realiza em cada dia os acontecimentos de salvação da Páscoa de Jesus: à entrega de Jesus no Corpo da Eucaristia corresponde a entrega do seu Corpo na cruz. Se levarmos este raciocínio ao seu extremo, diremos que a Igreja, ao ser Corpo de Cristo – partindo da realidade sacramental da Eucaristia – é a presença do mesmo Cristo no meio do mundo de hoje. E assim, nas pegadas dos Padres da Igreja, e mais recentemente do Beato Papa João Paulo II (2003), podemos afirmar com toda a certeza: por um lado, é a Igreja que, com o poder que lhe foi dado por Jesus, realiza, faz a Eucaristia. Por outro lado, tendo em conta que a comunhão eclesial (o facto de sermos comunidade) parte da comunhão com o Corpo de Cristo (comunhão, no sentido de estarmos unidos a Ele pela participação no sacramento da Eucaristia), então é também verdade que é a Eucaristia que faz, realiza plenamente a Igreja.

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Ricardo Freire

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30– sobre a fé dos conteúdos

Amamos a Igreja se nos mantivermos na sua unidade e caridade

A un i d a d e e a E uc a r i s t i a ( I ) Na Eucaristia, nos sinais sacramentais do pão do vinho, está presente e celebra-se aquela união íntima e espiritual, aquela unidade entre Cristo Cabeça e os seus membros e a unidade dos fiéis entre si.

No seu Comentário ao Evangelho de S. João (Tract. 26), Santo Agostinho define o sacramento da Eucaristia como “sinal de unidade”. Isto é, na Eucaristia, nos sinais sacramentais do pão do vinho, está presente e celebra-se aquela união íntima e espiritual, aquela unidade entre Cristo Cabeça e os seus membros e a unidade dos fiéis entre si. Esta unidade é fruto do Espírito Santo, dom de Cristo à sua Igreja. Numa palavra, e segundo o Quarto Evangelho, este Espírito oferecido no alto da Cruz e derramado no coração daqueles que acreditam em Cristo é a própria vida do Filho de Deus, é o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, gerador de vida, de uma vida nova. Assim sendo, é o Espírito que faz a Igreja, que a congrega e que sustém o Corpo de Cristo. Este Corpo unido e presente neste mundo é constituído por muitos e diversos povos, por homens e mulheres, por santos e pecadores. Neste sentido, o Santo Bispo insiste constantemente nesta ideia: a Igreja de Cristo, presente e peregrina neste mundo, é terrestre e celeste; é uma Igreja mista, com bons e maus cristãos. Este modo de ver a Igreja coloca de lado a existência apenas de uma Igreja de puros ou de santos, tal como sustentavam alguns grupos heréticos, por exemplo, os donatistas. Na verdade, ao falarmos da eucaristia e da unidade da Igreja em Santo Agostinho, mais concretamente no seu comentário ao quarto evangelho, temos que ter sempre como pano de fundo a luta anti-donatista. Neste contexto, o Bispo de Hipona utiliza, para se referir à unidade eclesial, duas imagens bíblicas do Espírito Santo: manifesta-se sob a forma de pomba e, no Pentecostes, sob a forma de línguas de fogo.

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Para o Santo Doutor, a pomba é a “ave da paz”; é simples, inocente, “sem fel, pacífica nos ósculos e sem garras cruéis”. O seu gemido é um “gemido de amor” (Cf. Tract. 6). O Espírito Santo manifestou-Se assim, sob a figura de pomba, porque a pomba simboliza a unidade e a catolicidade da Igreja. Diz-nos o Santo Bispo: “És tu a pomba, ó Católica! De ti foi dito: uma só é a minha pomba, ela é única para a sua mãe (Ct 6,8). Sim, esta palavra foi dita a teu respeito” (Tract. 6,11). Assim sendo, para o cristão só há um caminho: aderir à sua unidade e manter com os irmãos uma paz verdadeira. Esta unidade constrói-se na multiplicidade dos povos, cuja reunião constitui a Igreja Católica.

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No Pentecostes o Espírito Santo manifesta-Se “dividido em línguas e unido numa pomba”. Esta divisão não tem nada a ver com a ruptura ou o cisma, mas, diz-nos que a Igreja não é uma seita de horizontes limitados e particulares, mas é una e católica (Cf. Tract 6,3). O Bispo de Hipona insiste muito neste aspecto para se distanciar dos donatistas. Diz-nos ele: “Foi às nações que os Apóstolos foram enviados. E, se foram enviados às nações, foram-no a todas as línguas. Repartido nas línguas, um só na pomba, foi isto que o Espírito Santo revelou (...). Na pomba a unidade, nas línguas a reunião das nações” (Tract. 6,10). Em síntese, a Igreja Católica, difundida entre as nações, fala, sob o impulso do Espírito Santo, as línguas de todos os povos e o cristão fala-as também. Por isso se pode dizer: “toda a língua é minha, isto é, daquele Corpo a que pertenço (...). A Igreja é o Corpo de Cristo, e neste tu és membro. Sendo tu membro do Corpo que fala todas as línguas, podes estar certo de que falas todas as línguas. A unidade dos membros realiza-se na caridade; e a mesma unidade fala, como falava outrora um único homem” (Tract. 32,7).

A unidade, dom do Espírito, congrega os cristãos e torna-os membros de Cristo e é a caridade que realiza a unidade. O pecado fundamental dos donatistas e dos demais cismáticos é a quebra da unidade, a rejeição da caridade (Cf. Tract. 12,9). Portanto, estão contra Cristo e dividem a sua Igreja, agem como abutres e desprezam o ensinamento da pomba (Cf. Tract. 5,12-13). Mas, a pomba nada mais deseja do que trazê-los de novo à arca e espera vê-los produzir frutos de caridade. Por isso a Igreja, a Unidade de Cristo, não se cansa de apelar a esses que a abandonaram: “Vem reconhece a paz, regressa às entranhas da pomba!” (Tract. 6,21). Esta atitude do Bispo de Hipona é profundamente eclesial, é de alguém que está verdadeiramente possuído pelo Espírito Santo, pelo amor de Deus. Na verdade, como ele próprio não se cansa de afirmar: nada deve temer mais o cristão do que a possibilidade de se separar do Corpo de Cristo, do qual é membro por graça (Cf. Tract. 27,6). Separar-se do Corpo de Cristo, alimentar a discórdia, constitui, para Santo Agostinho, uma recusa, é como negar a obra redentora de Cristo que veio libertar os homens do poder demoníaco, de toda a espécie de divisão causada pelo pecado, e oferecer a pacificação, o seu Espírito santificador; veio entregar a sua própria vida (Cf. Tract. 26,13). Com esta atitude de zelo pastoral, Santo Agostinho parece-nos indicar algo muito importante: frente aos cismáticos, que se separam da Igreja, mutilando-a, rasgando o que é inconsútil, os que permanecem no seio da Igreja Católica devem ter uma atitude de acolhimento dinâmico e trabalhar, cada vez mais, com fidelidade e responsabilidade pela unidade eclesial, correspondendo, assim, aos apelos do Espírito. Para que isto seja possível é necessário amar a Igreja, pois quanto maior for este amor, tanto mais jorrará no coração do fiel a abundância do Espírito Santo. Diz-nos o Santo Doutor: “Também nós recebemos o Espírito Santo, se amarmos a Igreja, se estivermos unidos pela caridade, se a nossa alegria estiver no nome e na fé de católicos. Acreditemo-lo, irmãos, é de acordo com a medida do seu amor à Igreja que cada um possui o Espírito Santo (...) Sim, temos o Espírito Santo, se amarmos a Igreja. E amamo-la, se nos mantivermos na sua unidade e caridade. (...) Tende a caridade, e tereis tudo. Sem ela, nada te aproveitará, sejam quais forem os bens que possuas” (Tract. 32,8).

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Nélio Gouveia

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32– reflexo

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Deixa falar o coração para chegar ao coração de todos

Um Papa “do outro mundo” Sabias que: Tem sido com fé, esperança e alegria que acompanho os primeiros tempos do pontificado do Papa Francisco. No dia 13 de março, pelas 18h, o mundo estava com o olhar atento à chaminé na Capela Sistina. E eis que saiu fumo branco, um grito ecoou logo na Praça de S. Pedro: “Habemmus Papam”. Mais tarde pela voz do cardeal Jean-Louis Tauran ficamos a saber que o novo Papa eleito era o cardeal Jorge Mario Bergoglio, e que escolhera o nome de Francisco. Entre aplausos, o som dos sinos da Basílica de S. Pedro, a surpresa era geral. Depois de alguma espera surge o Papa Francisco à varanda. Começa por parecer nervoso, apesar dos seus 76 anos, mostra uma frescura física. E começam as surpresas. Dirige-se à multidão que o aclama com simplicidade e pedindo que rezem por ele, de repente faz-se um silêncio em toda a Praça. Os mais distraídos não percebem o que se está a passar, estavam todos a rezar pelo Papa. Os dias que se seguiram foram revelando um Papa diferente. Como ele próprio disse: “os cardeais foram buscar um papa ao fim do mundo”. Mas quase que apetece dizer que ele é de outro mundo. Na verdade surpreendeu tudo e todos a sua eleição. Falava-se de que seria mais novo, teria que ter um conjunto de características. A verdade é que foi ele o eleito, e uma vez mais se prova que a vontade dos homens e diferente da de Deus. Hoje estamos todos, crentes e não crentes, de olhos nele, à espera não tanto do que ele vai dizer, mas do que vai fazer. Realmente cada dia que passa ele tem atitudes e gestos que não se viam antes. Podemos lembrar alguns desses momentos que até agora deixaram tantos de boca aberta, de tal forma que ele, Papa Francisco, já é referido por muitos que não pertencem à Igreja. As suas atitudes e gestos são como os de Jesus, marcados pela simplicidade, disponibilidade, proximidade e facilidade como contacta com o seu próximo. Revela em tudo um profundo humanismo. Apresenta-se sempre sorridente, alegre e bem-disposto. Desde a sua primeira saída para a Basílica de Santa Maria Maior, até à saudação espontânea dos fiéis no fim da missa dominical, são muitos os momentos em que o Papa Francisco revela aquilo que quer e espera da Igreja: anunciadores e testemunhas do amor de Deus.

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Transmite uma imagem que conforta, fala sem papéis, deixa falar o coração para chegar ao coração de todos. Não está para muitas formalidades, mas com uma linguagem que todos compreendem transmite a profundidade da fé e o essencial da vida cristã. Fala e percebemos o que nos quer dizer. Mais importante, as suas palavras são acompanhadas por gestos que exprimem uma liberdade total, age com amor e em liberdade. Pretende ser um pastor próximo do seu rebanho, procura estar com as pessoas. Esta atitude é um sinal para a Igreja e ao mesmo tempo um desafio neste momento difícil para a história da humanidade. Dá ao mundo uma mensagem e um sinal de amor e esperança. Fazem parte dos seus discursos os pobres, os pequeninos, e ao mesmo tempo a bondade, ternura e a caridade.

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A Palavra de Deus diz: Jo 15, 9-17. Jesus considerava os mandamentos e prescrições um peso demasiado para os crentes, de tal forma que começou por os reduzir, até ficarem, no fim da sua vida, só um, o mandamento novo. Apresenta-o também como sendo o seu mandamento. A medida do amor deixa de ser como a ti mesmo, mas “como Eu vos amei”. Pelo seu amor Ele continua a atuar em nós. A vivência do amor unenos ao Pai do céu. Jesus antes de apelar ao amor e à caridade aos outros, desafia a viver esses sentimentos entre nós, os crentes.

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Lê com calma as passagens do evangelhos. Daquilo que acompanhas do papa Francisco, o que te chamou mais à atenção? A Igreja, à imagem do Papa Francisco, é convidada a seguir um caminho de serviço. Das suas palavras podemos retirar um apelo a identificarmo-nos com o evangelho de Jesus Cristo na realidade da vida, nas alegrias e nos sofrimentos. Pede-nos que como cristão não tenhamos medo da ternura e da bondade, laços que unem todas as criaturas. A Igreja tem a missão de evangelizar todos os meios e ambientes, o Papa Francisco pede a consciência do poder da missão, que é serviço, numa total disponibilidade para levar Jesus Cristo ao mundo. Deus faz novas todas as coisas, por isso mais surpresas nos esperam por parte do Papa Francisco. Uma coisa é certa, pelo sorriso, bondade e afeto já converteu muitos e fez outros regressar à Igreja.

Sentes algo de novo nos apelos e gestos do Papa Francisco? ra?

Como viver na bondade e na ternuFaz uma oração a Deus.

Tenho de:

O texto do evangelho diz-nos que Deus é amor e que quem ama está unido ao Pai. Lemos no evangelho que o único mandamento deixado por Jesus é o seu mandamento, que consiste no amor que nos torna irmãos e amigos entre nós e com Deus. Que poderei fazer para viver em bondade e ternura?

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Feliciano Garcês

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34– outro ângulo do mundo

16º Encontro nacional da Juventude Dehoniana

MENSAGEM De 12 a 14 de Abril de 2013, uma centena e meia de jovens reuniu-se em Alfragide, para o XVI Encontro Nacional da Juventude Dehoniana. Foi a celebração da caminhada do Ano da Fé, com o tema: “Acreditar mais: Jovens Dehonianos com Fé”. A Fé moveu-nos dos vários centros – Açores, Algarve, Coimbra, Lisboa, Madeira e Porto – e vivemos refletimos e celebrámos a mesma Fé no convívio, na amizade, na oração, nas atividades criativas e no Festival de Canções. Eis o nosso credo em Jesus Cristo, a quem entregamos o nosso coração: – Cremos na fé da Igreja, a nossa família, onde vemos o nosso futuro e compromisso de servirmos a humanidade sempre mais e melhor; – Cremos na espiritualidade dehoniana, na força do amor feito coração aberto numa cruz. Esse amor de relação belo e profundo é vivido de uma maneira diferente e celebrado na eucaristia. – Cremos na vida em comunidade, lugar de partilha de festa e comunhão. Ela gera o amor fiel, fonte de felicidade e de paz que faz seu ninho na família e que se realiza sempre mais em dar do que em receber; – Cremos nas nossas possibilidades de jovens feitos para amar e ser amados, disponíveis e generosos, movidos pela fé, capazes de olhar o futuro com otimismo e alegria; – Cremos no voluntariado, a forma mais elevada de amar sendo feliz fazendo os outros felizes; – Cremos na criatividade como forma de viver o amor que é o nosso um sinal mais. – Cremos na vocação, aceitamos que a nossa vida se orienta para um objetivo belo e sublime que queremos descobrir na relação com Aquele que desde sempre pensou em nós e nos chama. Apaixonados por Jesus Cristo e pela sua maneira diferente de viver, somos enviados para as nossas comunidades, para dar testemunho e viver de uma maneira diferente e comprometida. No próximo ano, faremos memória dos 100 anos do início da Primeira Grande Guerra refletindo sobre a nossa dimensão de “profetas do amor e servidores da reconciliação”. Faremos os nossos encontros apenas a nível regional em cada Centro e, de 3 a 10 de agosto de 2014, teremos o Encontro Europeu da Juventude Dehoniana, com o tema “A Paz é contigo!”. Alfragide, 14 de abril de 2013.

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Os participantes no ENJD

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do mundo

nuances musicais – Uma espécie de miniatura da viola

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Instrumentos tradicionais: Braguinha da Madeira A cultura é um atributo importante na definição étnica de um povo. A música é por vezes a corrente cultural mais abrangente. Nela podemos identificar vivencias diárias, influências e nomenclaturas específicas. Neste âmbito, faço neste artigo uma pequena apresentação de um instrumento tradicional madeirense. O Braguinha. O Braguinha é um instrumento de cordas peculiar que se distingue pela sua pequenez comparativamente ao de uma viola, visto os dois terem semelhanças anatómicas. As suas origens, apesar de não estarem totalmente comprovadas, remontam ao séc. XVII, sendo então denominado Machete ou pequena viola. Determinados autores fazem referência como oriundo da cidade de Braga, outros porém relacionam a sua origem à dos antigos trajes denominados por bragas utilizados por camponeses madeirenses. Este instrumento de cariz solista estava associado a chamada música tradicional, folclore ou mais sucintamente ao bailinho. Hoje é frequente a sua presença em grupos de folclore, em grupos de música tradicional, em festas e romarias, nomeadamente nesta altura das visitas do Espírito Santo. Sendo um instrumento pequeno e tocado da mesma postura do que a viola tende-se a minimizar as suas qualidades eruditas por se mais simples de tocar. No entanto, o Braguinha como instrumento solista é também usado na composição de música chamada erudita, como podemos apreciar nas peças do autor do séc. XIX, Candido Drummond de Vasconcelos, revistas pelo professor Manuel Morais. Aí podemos apreciar as Marchas, waltz, Quadrilhas, Polkas e vários outros temas de elevando grau de dificuldade de execução. O braguinha é um instrumento com quatro cordas afinadas Ré, Si, Sol, Ré, que apresenta uma sonoridade aguda. Com o toque de todas as cordas soltas obtêm-se o acorde de Sol maior. A sua expansão além fronteiras pode ser observada em escritos acerca da diáspora madeirense do séc XIX, nomeadamente para o Hawai e para o Brasil. Sem haver a exatidão científica há grandes possibilidades do famoso Ukelele havaiano ser uma evolução do Braguinha levado da madeira por emigrantes. Segundo escritos da época, um emigrante chamado João Fernandes tocava de forma peculiar o braguinha que os havaianos lhe chamavam Ukelele que queria dizer “pulga saltitante”.

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Florentino Franco

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36– novos mundos do mundo

Substituir o teclado pela escrita “no ar”...

Escrever no ar Caro leitor… Estou, neste momento, do outro lado do mundo, em Timor, em Missão. E digo-te isto porquê? Porque estou a dar aulas de informática. Parece tudo normal, não é? Mas não. Tive de ensinar o que é um teclado, como se carregam nas teclas, para que servem, etc. E depois lembrei-me: “porque raio estou a ensinar isto, se já existe forma de escrever sem teclado?”. Aqui vai a explicação:

Christoph Amma, um alemão do Instituto de Tecnologia Karlsruhe, criou um equipamento que permite substituir o teclado pela escrita direita, feita em pleno ar. Ele nem tinha como objetivo criar este aparelho, até porque o projeto era noutra diretriz. Mas, o resultado ficou à vista! Agora trata-se de usar somente uma luva. “A luva de escrever no ar é usada para escrever letras com a ponta do dedo, como se estivéssemos a usar um quadro invisível; [assim] a interação é incorporada de forma transparente no dia-a-dia,” diz ele. A luva possui sensores de aceleração e giroscópios para detetar os movimentos da mão com muita precisão. “Ao contrário dos sistemas baseados em câmaras, estes são muito pequenos, portáteis e robustos.” O maior trabalho, contudo, é feito pelo software que recebe e interpreta os movimentos. Baseia-se num algoritmo desenvolvido pelo Engenheiro, que descarta qualquer movimento que não se pareça com escrever num quadro invisível à frente do utilizador. Possui uma “taxa de erro de 3%,”, diz Amma. A meu ver, a desvantagem será utilizar este sistema na rua… Imagina só o que as pessoas não vão pensar de ti se te virem a escrever no ar? “Tá maluquinho aquele!” Deixa lá, nós JD’s somos parte de um Novo Mundo!

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André Teixeira

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do mundo

minha rede – Um utensílio que poderá servir quem comunica muito através da Internet

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Placar virtual go res! Desta feita tra e, Olá amigos leito qu só , ro de placar até vós um géne ou outro material iça rt co rem vez da el, é totalmente vi fisicamente acessív , basta visitarem o et tual. Falo do Padl http://padlet.com/, , ço re ta seguinte ende e uma ferramen nt ra pe e estarão do to te para publicar muito interessan de ões, seja em jeito aç . o tipo de inform rio sé s ai m num tom brincadeira, seja

Dei com esta ferramenta por acaso, como muitas das minhas incursões pela Internet. Por vezes, dou por mim a indagar por novidades e deparo-me, em certas ocasiões, com instrumentos cibernéticos interessantes. Este é um deles. Certamente, este utensílio servirá mais a uns do que a outros. Mas não custa experimentar, com o único senão a ser a utilização em língua inglesa, que hoje em dia se espera já não seja uma dificuldade. Uma das utilizações mais frequentes do “Padlet”, que anteriormente se chamava de “Wallwisher”, acontece com professores que optam por criar uma “parede” (wall) – é assim mesmo que se chama a página criada por cada placar virtual – para partilharem informações ou pedirem comentários a um tema/tópico em particular. Eu próprio tenho utilizado com os meus alunos com, posso dizer, relativo sucesso, pois “obrigo-os” a responder a algumas tarefas através deste software online.

Ao criarmos uma parede placar, podemos atribuir-lhe um nome, elaborar uma curta descrição, modificar a imagem que serve de fundo ou as cores associadas e estaremos aptos a colocar comentários como se se tratasse de afixar post-its num qualquer placar de cortiça numa sala de aula, num escritório ou mesmo lá em casa. Interessante é que podemos limitar o acesso deste placar criado por nós ou torná-lo público. A opção será sempre em função do objetivo em mente. Ao iniciarmos um placar, é gerado um endereço curto automaticamente, mas podemos personalizá-lo a nosso gosto. Para já, podem visitar o seguinte endereço criado a propósito d’A Folha dos Valentes, http://padlet.com/wall/folhadosvalentes, e deixar o vosso primeiro post-it. Para isso basta clicar duas vezes no ecrã e escrever a vossa mensagem. Falta apenas referir que podem também partilhar imagens ou vídeos (através da indicação do link), enviar ficheiros ou carregar uma imagem a partir da vossa webcam. Podem, além disso, partilhar nas redes sociais ou embeber nalgum blogue ou site da vossa autoria.

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Victor Vieira

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38– jd-Nacional da juventude

s i a m r a n a i a n o t h e i D e d d u t n e e d u J r a d l c a A 16º Encontro Nacion Celebração de mais um ano de caminhada

Unidos pelo lema “Acreditar mais” foi com muita alegria e entusiasmo que no passado fim-de-semana de 12 a 14 de Abril os jovens dehonianos se reuniram no 16º Encontro Nacional da Juventude Dehoniana.

O Encontro teve início na sexta-feira, pelas 23 horas, no Seminário Nossa Senhora de Fátima (Alfragide), com a presença do Superior Provincial dos Dehonianos. A casa encheu-se de inúmeras vozes dos mais variados sotaques e pronúncias, oriundas de todo o país, que juntas cantavam a fé que unia os jovens dehonianos. Do Porto ao Algarve, da Madeira aos Açores, de Lisboa a Coimbra todos fizeram questão de marcar presença. Feitas as apresentações de cada centro num clima bem-disposto e descontraído, os jovens dehonianos iniciaram mais um encontro repleto de fé, de convívio e de vida. No sábado, os jovens foram interpelados a compreenderem a sua fé nos ambientes em que se inserem. Através de pequenos diálogos, a que chamamos “À conversa com…”, a fé foi apresentada como um dom presente no quotidiano das nossas vidas desde o seio da família à vivência da sociedade, partindo da experiência do mundo à luz da proposta da Igreja. A parte da tarde, os jovens tiveram a oportunidade de adquirir ou aperfeiçoar um conjunto no âmbito da formação humana quer em vista da preparação de futuras atividades dos vários centros, quer considerando o interesse e o desenvolvimento humano de cada um. Assim, durante a tarde de sábado realizaram vários workshops culturais que abrangeram artes marciais, teatro, música e artes plásticas. O final da tarde foi marcado pelo momento exclusivamente dehoniano onde se

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procurou transmitir os elementos mais importantes do carisma dehoniano e se visualizou a mensagem do Superior Geral dos Dehonianos, o Pe. José Ornelas, preparada para o Encontro. A noite de sábado, para além dos necessários ensaios para o Festival de Domingo, foi marcada por um intenso momento de oração. Num clima de profunda intimidade os jovens celebraram intensamente a vigília de sábado expressão da fé como dimensão de grupo e como vivência de comunidade. Este momento juntamente com a Eucaristia de domingo foi um dos momentos mais significativos da fé celebrada e vivida. O último dia, o Domingo, foi marcado como disse, pela Eucaristia preparada em conjunto por todos os centros e presidida pelo Superior Provincial. Na parte da tarde, por volta das 15 horas teve lugar o Festival JD no qual pela música todos os centros procuraram expressar o lema “Acreditar mais”. Num clima simpático e alegre saiu vencedora a música “Fé, força que nos une”, trazida pela Madeira. Terminado o Encontro, com a fé renovada, os jovens foram partiram para suas casas como sinais vivos da fé que continua hoje a iluminar o mundo.

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Joaquim Costa

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40– jd-Açores da juventude

Te s

o h n u tem

“Acreditamos mais”, graças à experiência inesquecível, inigualável...

s e r o ç s JD-A

Pela primeira vez, o Grupo do Jovens “Guiados Por Jesus”, da Paróquia de Nossa Senhora da Misericórdia, Cabouco, Ilha de São Miguel (Açores), participou, com muito entusiasmo, no Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, que conta já com 16 edições. Desde o início da criação do grupo, a 16 de Outubro de 2011, um dos seus objectivos passou por participar neste encontro nacional. Com a graça de Deus e muito trabalho árduo, conseguimos amealhar o dinheiro necessário para a nossa participação neste XVI Encontro Nacional. O nosso envolvimento nesta iniciativa proporcionou o crescimento do grupo, em termos de Fé, união e amizade. Hoje, sentimo-nos um grupo mais coeso e com uma Fé mais amadurecida. Na verdade, “acreditamos mais”, graças à experiência inesquecível, memorável, inigualável, excelente, porreira e linda. Como alguém confidenciou, foi um “sonho”.

Deste encontro, trouxemos uma vontade maior em espalhar mais a Fé em Jesus Cristo, de incentivar os jovens a encontrar os caminhos do amor e da Fé Cristã. Partimos para este encontro, com muita ansiedade e regressámos a casa com um sorriso na cara e um aperto no coração. Trouxemos amigos que ficarão para a nossa vida, os quais esperamos reencontrar brevemente. Um abraço e o nosso muito obrigado a todos os que tornaram possível essa nossa aventura, que deveras nos fez “acreditar mais”.

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Grupo de jovens “Guiados Por Jesus”

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do mundo

jd-Algarve – Somos nós, cristãos, as mãos, os pés, a boca e o coração de Jesus

Neste Ano da Fé, o Grupo de jovens “Os Samaritanos” participou, uma vez mais, no Encontro Nacional de Juventude Dehoniana, que se realizou em Alfragide, sendo o tema “Acreditar mais”. Nós como grupo de jovens unidos na fé e na esperança, levámos toda a nossa alegria e vontade de servir, contagiando novos elementos para a nossa missão. Neste fim-de-semana partilhámos sorrisos, abraços e experiências, guardando tudo no nosso coração. “Deus está em nós, está em mim e em ti. Só tens de deixar-te levar.” Agora, firmes na fé pretendemos, com o exemplo do nosso testemunho de vivência comprometida, partilhar na nossa paróquia, a alegria para assim nos assumirmos fortes, alegres na esperança e ativos no amor.

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Grupo de jovens “Os Samaritanos”

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42– jd-Lisboa do mundo

Um encontro muito completo

n u m e t s Te

a o b s i L ho JD

Para o meu primeiro Encontro Nacional da Juventude Dehoniana penso que ter começado com o XVI Encontro foi sem dúvida uma ótima escolha. Para mim este encontro foi um encontro muito completo, pois para além de nos proporcionar conversas sobre temas que muitas vezes nos causam dúvidas, como por exemplo em que consistem os Novos Movimentos Religiosos, foi nos dado nas Missas às Dúzias também a conhecer um pouco mais sobre o porque da Eucaristia ser como é. Para além de todo este conhecimento que nos foi transmitido, se me perguntarem sem dúvida que para além do Festival onde tínhamos músicas com letras fantásticas, algo de que gostei imenso foi das “After Party Lounge”. Um encontro que para o qual vieram vários centros, mas onde lá, só se encontrava um, a Juventude Dehoniana, esta família que vindos de todos os sítios do país que partilham a mesma fé.

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Bruna Loh

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da juventude

jd-Madeira – Acabou por acontecer o inesperável... Ficámos em 1.º lugar!

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Testemunho JD-Madeira Este 16º ENJD foi inesquecível! Foram três dias de muita alegria, diversão, união e partilha. Um encontro que superou todas as expectativas. Começando com o reencontro de caras conhecidas e amigos, com a alegria e a diversão vivida com as apresentações e o “stand up comedy”, passando por todos os momentos de oração e união com Deus e acabando da melhor maneira possível com o festival da canção. Um dos momentos que mais marcou-me foi as “à conversa com…”, em que ouvimos o testemunho de pessoas extraordinárias de como vivem a sua fé na família e no seu diaa-dia Mas sem dúvida os momentos mais altos do encontro foram a Vigília e a Eucaristia, foram os dois momentos em que senti que estávamos ali todos unidos dispostos a levar algo mais… a “Acreditar mais”. O festival de canções foi bastante divertido, as canções eram muito bonitas e apesar dos nervos correu tudo bem e acabou por acontecer o inesperável… Ficámos em 1º lugar! Foi um encontro muito emocionante, acho que um dos melhores que já participei… Obrigada JD!

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Maurília Araújo

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44– jd-Porto da juventude

Importante para a minha vida daqui em diante...

Te s

o h n u tem

t r o P s JD

o

Aqui estou eu, fazendo uma pequena reflexão do maravilhoso fim-de-semana vivido em Alfragide no ENJD, em que não tenho grandes dúvidas que até hoje este foi um dos fins-de-semana mais enriquecedores que tive a nível de aprendizagem. Vivi momentos incríveis de oração, partilha, comunhão, união e amizade proporcionados por todos os participantes, que me permitiu aumentar/renovar a minha fé e “Acreditar mais”. Foram realmente dias muito proveitosos uma vez que na bagagem trago o espírito de Ser Fermento mais aprimorado, através da partilha de ideias, que me vai ser bastante útil a nível pessoal, profissional e como elemento do grupo, que permite assim desenvolvermos mais atividades na nossa paróquia, onde tentamos sempre que as pessoas “sejam alguém, sejam felizes, porque alguém assim o quis”, e penso que foi o que aconteceu nesse fimde-semana a todos nos que nos reunimos em Alfragide fomos todos alguém e todos muito felizes porque a nossa fé e o nosso “Acreditar mais” em Deus assim o quis... Do fundo do coração: Muito obrigado JD.

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Marcelo Ferreira

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Confesso que quando me convidaram a participar no 16.º Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, aceitei sem saber o que ia fazer, pensei: “bem, nada me impede de participar e de aprender novas coisas, sejam elas quais forem”. Pois bem, no dia da viagem estava ansiosa pela hora da partida, alias, estávamos todos. Chegámos atrasados à apresentação, mas dizem que o melhor vem sempre no fim, não é? Estavam todos os grupos reunidos, ainda conseguimos assistir a uma ou outra apresentação, até que o padre Paulo apresenta o nosso grupo, e aí começamos a sentir algo de especial naquele encontro. Todos os dias havia a oração da manha e da noite, naqueles dias era bom levantar cedo, para aproveitar o máximo, e a verdade é que naquele encontro renovei a minha alma e o meu coração, conheci pessoas maravilhosas, aprendi tanto, que só tenho vontade de voltar para lá. No ultimo dia, estávamos todos mais tristes não só por deixarmos aquele seminário mas também por sabermos iríamos voltar à rotina, daqueles dias tirei o máximo proveito, desde os workshops, “à conversa com...”, as orações, a nossa importante participação na eucaristia. Comprometo-me a participar naqueles encontros todos os anos, até que força maior me impeça de fazê-lo. Aqueles dias são gratificantes para toda a gente, principalmente para jovens que ainda não sabem bem que rumo seguir na sua vida, que não têm consciência que Deus está connosco em todos os momentos, como ouvimos na canção do grupo dos Açores “Deus está em nos, em mim, em ti...”, só temos de acreditar. “Vem daí, junta-te a nós, em Deus acreditar, vem daí, junta-te a nós e deixa-te levar...”, foi esta a mensagem que transmitiu a canção do nosso grupo. É completamente impossível dizer o que senti, o quão aquilo é importante para a minha vida dali em diante. Confesso que agora penso em muita coisa de maneira diferente, aqueles dias... Não há palavras para descrever o que aquilo significa. Apenas se sente. É bom também conhecer todas aquelas pessoas que vêm dos Açores, da Madeira, Algarve, Porto e Lisboa, todos os dos Secretariados, padres, pessoas magníficas. Penso que tudo o que disse aqui, falei por todos aqueles jovens que estiveram presentes no encontro nacional, e acredito que isto não vá acabar, porque cada vez mais as pessoas sentem-se mais confiantes com estas participações. “Eu venho do Sul e do Norte, Do Oeste e do Leste, de todo o lugar...” Muito obrigada a todos, do fundo do coração!

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Cláudia Moreira

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46– agenda

da juventude

Innsbruck

JD-Açores Junho

09 − Compromisso da JD Açores.

JD-Lisboa

Munique

Maio

04-05 − Fátima Jovem 18 − Mulheres de Fé.

Outros modos de viver a Fé em Cristo. Divulgue o programa entre os seus familiares, conhecidos e amigos

Junho

02 − Peregrinação Dehoniana a Fátima.

JD-Madeira Junho

02 − Peregrinação Dehoniana a Fátima.

JD-Porto Viena

Maio

Salzburg

02 − AdOração no Centro Dehoniano. 05 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 19 − CFA - em Besteiros.

Junho

02 − Peregrinação Dehoniana a Fátima. 02 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 10 − Caminhada para as FM - Besteiros. 23-24 − S. João no CD e na cidade.

DEHUMOR

Informações e reservas pelo 914 122 384 / 255 871 800 ou peantonioaugusto@hotmail.com P.e António Augusto, scj - Betânia - Duas Igrejas - Paredes

“Carregar a cruz é a essência da vida cristã.”

(Padre Dehon)

NÃO TEM ISSO EM FORMATO DIGITAL?

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Paulo Vieira

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tempo livre

passatempos –

tem piada

bem visto O homem diz ao farmacêutico: – Há algo de errado com a minha vista. É que ando sempre a ver manchas. – Sim, mas… Já viu um oftalmologista? – Não, só vejo manchas.

bom negócio Disseram a um alentejano que a água do mar fazia bem às varizes. O homem foi à praia e encheu um garrafão. Ao passar pelo nadadorsalvador, perguntou-lhe: – Quanto é? O nadador-salvador, na brincadeira, decidiu responder-lhe: – Cinquenta cêntimos! O alentejano paga e vai-se embora. Passados uns dias o alentejano passa novamente pela praia quando a maré estava baixa e exclama: – Eh, lá... Isto é que é negócio!

bêbado bom observador Um homem muito bêbado chega a um bar e sentase ao lado de outro que estava descansado numa outra mesa. Diz o bêbado: – Ó amigo, desculpe-me lá, mas eu não pude resistir. É que o senhor é a cara chapada da minha mulher! E responde o homem: – Ouça lá! Você quer gozar com a minha cara, é? E continua o bêbado: – Não… a sério! Tirando o bigode a semelhança é incrível! Admirado o homem: – Bigode? Mas que bigode?! Eu não uso bigode! E responde o bêbado: – Pois não, mas usa a minha mulher!

curiosidades ciência

1. As marés são provocadas pela força de atração solar e lunar. Quando o Sol e a Lua formam um ângulo reto em relação à Terra, essas forças de atração tendem a anular-se, produzindo marés de amplitude mínima ou marés baixas. Quando os dois astros estão na mesma linha, a atração torna-se máxima e provoca as marés de grande violência. 2. O céu da Terra é azul porque as moléculas de azoto e de oxigénio, que formam a maior parte da atmosfera, filtram a componente azul da luz solar. Já em Marte, o céu é cor-de-rosa, em Urano é verde, em Vénus é amarelo-laranja, em Júpiter é preto e não se veem estrelas, e em Plutão é negro, mas estrelado. 3. A Lua que vemos é a de há poucos segundos atrás – tempo que a luz demora a percorrer a distância entre a Lua e nós. 4. Da Terra vê-se sempre a mesma face da Lua. A face oculta nunca está visível porque o seu movimento de rotação (rotação em torno do seu eixo) tem exatamente a mesma duração do seu movimento de translação (em torno da Terra), que é de vinte e sete dias e oito horas. 5. A distância entre a Terra e o Sol pode variar entre 147 000 000 km e 152 000 000 km, pois a trajetória que a Terra descreve em torno do Sol é elíptica.

quebra-cabeças mover um palito Tem 6 palitos dispostos como mostra a figura. Podendo mover apenas 1 e 1 só palito torne esta igualdade verdadeira (claro que não vale pôr um palito por cima do sinal de igual transformando-o em diferente).

Solução de abril Os soldados são dispostos como mostrado na figura ao lado, em forma de estrela. Dessa maneira existirão 5 filas, e cada fila possuirá 4 soldados.

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Paulo Cruz

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PROGRAMA 10h00 – Terço 11h00 – Eucaristia 14h00 – Sessão no Centro Paulo VI – Testemunho de um missionário – Representação de quadros ligados às aparições de Fátima – Fado com Nuno da Câmara Pereira 17h30 – Procissão do Santíssimo

INFORME-SE e vá: com o seu Grupo Missionário; com a sua paróquia; com as nossas casas (Colégios, Seminários, ABC...).

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