c e nt r odec apac i t aç ãogas t r onômi c a
trabalho final de graduação centro de capacitação gastronomica por Marcela de Souza Queiroz Du Plessis São Paulo, 2020
Orientador: Ivanir Reis Abreu Centro Universitário Belas Artes Arquitetura e Urbanismo 1
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agradecimentos
Este trabalho, é fruto da ajuda de pessoas incríveis que estiveram comigo todos esses anos, me dando suporte e apoio de inúmeras maneiras. Agradeço principalmente à minha família, que sempre me deu a oportunidade de ter a melhor educação, investiu em mim e me apoiou sempre. Camila, Carlos e Maria. À todos os professores que me acompanharam durante esses anos, principalmente ao Ivanir, que teve a paciência e a vontade de compartilhar todos os seus conhecimentos comigo e me acompanhar durante todo o processo. À toda equipe da Michaelis Arquitetos, principalmente Aline Nemer, Patricia Gutierrez e Thomas Michaelis, por terem me ensinado tanto. Ao Tiago Criscio que esteve ao meu lado, me apoiando em todos os momentos e aos meus amigos, Caroline, Giovanna, Leandro, Luna, Marilia, Marina, Julia, Juliana, Ornella, Tatiane, Victoria R. e Vitoria W., que conheci na faculdade e levo comigo pro resto da vida. obrigada! 3
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MENU
entrada 06 ingredientes 09 modo de preparo 23 prato principal 45 sobremesa 79 5
entrada
A proposta deste trabalho final de graduação é o desenvolvimento de um “edifício praça” no qual funcionará um centro de capacitação gastronômica dedicado principalmente aos moradores da comunidade Mario Cardim na Vila Mariana – São Paulo, mas que também estará aberta a toda a comunidade do entorno. O centro de capacitação tem como principais objetivos: a reinserção dos moradores da comunidade desempregados no mercado de trabalho por meio da gastronomia, no aprendizado das técnicas necessárias para trabalhar e gerenciar uma cozinha e a conscientização alimentar, nutricional e conhecimento sobre o reaproveitamento de alimentos, suas funções e seus restos.
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foto 01 disponível em https://bojongourmet.com/
A alimentação e a relação dos seres humanos com os alimentos movem um considerável mercado de trabalho que abrange várias áreas como: turismo, cultura, e impacta a qualidade de vida no o dia a dia e na a saúde da população. Diversos empregos são gerados, a partir do conhecimento das técnicas e dos conceitos que envolvem a área da gastronomia. Na cidade de São Paulo, segundo os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a taxa de desemprego atingiu 16,6% até o mês de junho de 2019 e mais de 40% dos desempregados possuem de 16 a 24 anos. De acordo com o Ipea (Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada), a principal dificuldade para voltar e se inserir no mercado de trabalho é a falta de qualificação apresentada por trabalhadores inativos e desempregados. Entre 16 e 24 anos, os jovens estão no auge do aprendizado no mercado de trabalho, passando por novas e diversas experiências profissionais e começam a projetar um futuro financeiro. Por sua vez, a falta de qualificação profissional, acessível a todos, ajuda a manter a taxa de desemprego alta. O principal objetivo da parte teórica deste trabalho final de graduação é compreender como a gastronomia e como um centro de capacitação nesta área, contribui na reinserção social de uma parcela vulnerável da população. Além disso, pretende-se avaliar como o centro poderá ser um espaço de conscientização alimentar, diminuindo problemas como insegurança alimentar, desperdício de alimentos e como a edificação a ser proposta poderá atender os princípios de uma construção sustentável. 7
conceitos
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01 foto 02 disponĂvel em https://adventuresincooking.com
ingredientes
conceituação
Para a conceituação do projeto proposto fez-se necessário refletir sobre 3 conceitos estruturadores do programa arquitetônico e das soluções projetuais em reposta às demandas da comunidade local: Gastronomia Social, Economia Circular e o que vem a ser um Centro de Capacitação e Construção Sustentável.
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gastronomia social
A comida tem um poder muito maior do que servir ao nosso sustento, segundo David Hertz (2015) ela tem o poder de conectar as essências das pessoas. Ao se fazer uma receita, além da aplicação de uma técnica ou a provocação de um sabor, reconectamos as pessoas com a natureza e desenvolvemos uma capacidade de expressão, um senso de compromisso, respeito e disciplina. A gastronomia social tem como objetivo usar todo o potencial da comida e da gastronomia para trabalhar com problemas complexos que a humanidade enfrenta nos dias de hoje, como a fome, a pobreza, a desigualdade social, o desemprego e a desnutrição. Ao proporcionar novos conhecimentos para pessoas em situações mais vulneráveis a gastronomia assume seu poder de criar pontes entre as diferentes realidades do Brasil. Esse movimento ajuda as pessoas a se aceitarem, reconhecerem suas essências e seus potenciais, um movimento que vai além da formação de um chef de cozinha.
As pessoas que vivem em comunidades, elas precisam mais do que uma técnica de trabalho para o mercado da recolocação, elas precisam de cuidado, de amor, de encorajamento. Algo que faça com que elas superem o passado que não lhes pertencem mais (HERTZ, 2017)
A gastronomia social, é uma das principais diretrizes do segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que tem como foco a Fome Zero e a Agricultura Sustentável, objetiva-se acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e promover a agricultura sustentável.
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foto 03 disponĂvel em https://gastromotiva.org
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gastromotiva
Um dos exemplos de gastronomia social posto em prática é o projeto Gastromotiva. Criada em 2006 pelo chef David Hertz, Ernani Gouvea e Uridéia Andrade, o projeto nasceu como a proposta de um buffet social que forneceria gratuitamente um Curso Profissionalizante em Cozinha para jovens que vivem em exclusão socioeconômica, oferecendo qualificação para as pessoas que trabalham em cozinha, mas são mal remunerados e desvalorizados, por não terem formação adequada. Em pouco tempo cresceu até se instalar na Universidade Anhembi Morumbi. Na medida em que se consolidavam, foram surgindo diversos eventos e projetos para a GASTROMOTIVA.
2006. criação do Gastromotiva
2013. evento Mesa ao Vivo Rio de Janeiro, que reuniu empreendedores e grandes nomes da gastronomia. 2016. três programas foram implementados: Empreenda – Faça e Venda (um programa focado na capacitação dos alunos, para abrirem seus próprios negócios no segmento da gastronomia); Trabalho de Ação em Comunidades e o Refeitório Gastromotiva, ambos tendo atendendo às demandas e aos os desafios locais.
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economia circular
foto 04
disponível em https:// ellenmacarthurfoundation.org
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Segundo Macarthur (2017) a produção de alimentos, atualmente, tem servido a uma significativa população em constante crescimento e tem impulsionado o desenvolvimento econômico e a urbanização. Mesmo assim, tal modelo empregado na produção de alimentos, a longo prazo, indica que não é adequado. Em resposta a esta problemática a economia circular se apresenta propiciando benefícios econômicos, ambientais e de saúde. O consumo de alimentos saudáveis vem crescendo, mas mesmo assim, a saúde das pessoas ainda está prejudicada, isso se da pelo modo como os produtos e alimentos são produzidos e pelo modo como os subprodutos dessa produção são descartados. Para ilustrar, temos que a cada 1 real gasto em alimentos, 2 reais são destinados à tratamentos de saúde, passando a ser também uma preocupante questão econômica. Uma economia circular dos alimentos emula de forma consciente os sistemas naturais de regeneração, para que resíduos deixem de existir, se tornando em vez disso, insumos para um novo ciclo. Em tal sistema os recursos orgânicos, como os coprodutos de alimentos, são livres de contaminantes e podem ser retornados ao solo em segurança como fertilizante orgânico. Alguns desses coprodutos podem oferecer valor adicional antes que isso aconteça através do seu uso em cascatas de outras finalidades, como novos produtos alimentícios, tecidos para a indústria da moda, ou como fontes de bioenergia. (MACARTHUR, 2017, p.21)
Segundo Rogers (2005), as cidades devem ser compreendidas como um sistema ecológico, apresentando um metabolismo circular através do qual minimizam novas entradas de energia e maximizam a reciclagem, não é a toa que as políticas de meio ambiente melhoram a condição social dos cidadãos. Para planejarmos uma cidade autossustentável, deve-se ter uma boa compreensão das relações entre cidadãos, serviços e geração de energia. As cidades compactas sustentáveis relocam a cidade como o habitat ideal para uma cidade baseada nos conceitos de comunidade, apresentam-se como uma estrutura urbana que pode vir em resposta a todas as culturas, ao manterem as cidades próximas aos habitantes e promoverem a expressão da cultura local. As próprias cidades devem ser vistas como sistemas ecológicos e esta atitude traduz nosso pensamento no planejamento das cidades e no gerenciamento do uso de seus recursos. Os recursos consumidos por uma cidade podem ser medidos em termos de ‘seus rastros ecológicos’ – uma área, espalhada por todo o mundo e muito maior do que suas fronteiras físicas, da qual a cidade depende. Estes rastros estão nas áreas que proporcionam os recursos da cidade e fornecem locais para o destino final do lixo e da poluição. As pegadas ecológicas das cidades existentes já cobrem virtualmente todo o globo. À medida que novas cidades consumidoras se expandem, também cresce a competição por esses recursos e crescem essas pegadas. (ROGERS, 2005, p.30)
horta shopping Eldorado A horta do shopping Eldorado (localizado na zona oeste de São Paulo), nasceu com o intuito de dar um destino melhor aos resíduos orgânicos que sobram na praça de alimentação. Foram criadas composteiras com estes resíduos, transformando-os em fertilizantes para uma horta completamente livre de pesticidas. Cerca de 25% dos dejetos mensais do shopping, são reaproveitados. Nas épocas de colheita, os alimentos são fornecidos principalmente para os funcionários do shopping gratuitamente, além de serem usados nas cozinhas dos restaurantes. Outro benefício da horta, foi também, a diminuição na temperatura do shopping, reduzindo o consumo de energia com ar-condicionado, alem de reaproveitar os 100mil litros de água usados pelos motores destes equipamentos.
foto 05 disponível em https://archdaily.com
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centro de capacitação Segundo Rogers (2005), desde a revolução industrial, novas oportunidades de emprego vem surgindo e com elas novos desafios e seus consequentes custos sociais, principalmente o desemprego. A robotização vem substituindo o trabalho e os trabalhadores, e a vida sem trabalho começa a perder seu sentido. A vida em uma sociedade de consumo, sem uma fonte de sustento vinda do trabalho, acaba por se tornar alienante. Em muitos países, os jovens já enfrentam o desemprego, mesmo quando finalizam seus ciclos de aprendizagem nas escolas, vivem quase o desespero, com momentos de ócio, que muitas vezes os levam a recorrer às drogas e um sentimento de raiva contra a sociedade que os excluiu, podendo levar, em casos extremos, a atos de vandalismo da cidade e de seus edifícios como modo de expressão.
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A liberdade individual reduziu nossa interdependência e, como consequência, nosso senso de interesse comum. Para contrabalancear estas forças, precisamos incentivar e premiar a participação em tarefas que servem de base à sociedade. Poderíamos aproveitar o potencial de ‘tempo livre’ concedido pela nova era tecnológica, e aumentar o conceito de ‘trabalho’ para incluir uma gama mais ampla de atividades culturais – trabalho em família, grupos de aconselhamento dos cidadãos, direitos civis, grupos de jovens, assistência médica, atividade para o meio ambiente, arte e educação integral. Este “trabalho” – uma forma de cidadania criativa – atingiria as necessidades sociais menosprezadas pelo sistema de mercado e estimularia qualidades que humanizam e inspiram a vida. A ‘cidadania criativa’ traduz-se por participação em atividades comunitárias essencialmente criativas. Ela pode animar e movimentar as comunidades, poderia preencher um vácuo em suas vidas, agora sem objetivos, poderia forneces status, satisfação, identidade e ainda começar a lidar com as causas de alienação e desarmonia da sociedade. Poderia ainda gerar as bases para uma força de trabalho mais criativa e motivada.(ROGERS, 2005, p.150)
Ações que buscam desenvolver as habilidades subutilizadas da juventude e a experiência dos mais velhos, podem trazer grandes melhorias em cada comunidade, resultando na substituição da pobreza, da dependência e da alienação por conhecimento, iniciativa e participação. A cidadania criativa gera riqueza social. É assim que o Projeto Viver do escritório FGMF, colocou em prática os conceitos de um centro de capacitação para o público alvo de uma favela.
projeto viver/ FGMF O projeto Viver do escritório FGMF, surgiu a partir da necessidade de se criar um espaço de convívio para a população da comunidade local. Ele se encontra na Comunidade Jardim Colombo, dentro do Complexo Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Essa premissa foi determinada a partir de um estudo sobre o tecido da favela, que não contem espaços coletivos de qualidade, principalmente pelo seu alto adensamento e um terreno livre de 1500m² que era utilizado pelos moradores apenas como um acesso à favela e depósito para lixo. O programa do edifício consiste em salas para oficinas interdisciplinares, salas de reciclagem de lixo, salas para atendimentos diversos (médico, odontológico, jurídico) e salas de informática, além de manter uma parte do terreno, para o uso pré existente de acesso à comunidade. A nova disponibilidade de um espaço coletivo para a comunidade, trouxe a noção de que tratava-se de um bem comum aos moradores.
foto 06
disponível em https://archdaily.com
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escada de acesso Ă rua
escada de acesso Ă rua
terreno antes do projeto 19 foto 07
disponiveis em https://archdaily.com
construção sustentável
Segundo Araújo (2008), a construção sustentável é um sistema construtivo que promove alterações conscientes no seu entorno, de forma que atenda às necessidades da edificação, habitação e o uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais e garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras. A construção sustentável vem mostrando ser ,cada vez mais, uma necessidade de preservação do homem e de seu planeta, sobretudo no mundo atual. De acordo com o Conselho Internacional da Construção (CIB), estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados por atividades humanas, venham da construção civil. É o setor que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais.
O que surgiu como um conceito para resolver apenas questões pontuais que eram trazidas à tona, como melhorar a eficiência energética, diminuir a geração de entulhos, redução do consumo indiscriminado da agua, descarte do lixo e produção de CO2, passou a ser uma necessidade multidisciplinar, atendendo a diversas demandas atuais e ao mesmo tempo. Muitos estudos evidenciam o aumento de produtividade dos trabalhadores e a redução do absentismo derivado das práticas sustentáveis adotadas nos edifícios (PINHEIRO, 2003), além de assegurarem grande satisfação aos ocupantes e serem mais eficientes e mais saudáveis de utilizar.
Os princípios de sustentabilidade podem ser enquadrados em praticamente toda a atividade humana, principalmente naquelas que têm impacto direto no ambiente, como é o caso do setor da construção (KWAI, 2013, p.8)
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casa expansível/ Urban Rural Systems Foi a partir deste conceito, que o projeto Casa Expansível surgiu. Localizado na Indonésia, ele começou primeiramente com uma leitura dos elementos da vizinhança e do municipio, seus partidos arquitetônicos e como se davam a retenção de água e os sistemas de compartilhamento de energia. Baseado nos princípios de construção sustentável, a habitação social foi projetada para se adaptar aos padrões flutuantes de consumo e despesas de recursos, ou metabolismo, de seus residentes. O sistema construtivo dos pisos e dos telhados, fornece uma flexibilização para o crescimento, podendo suportar até mais 2 pavimentos, com elementos de geração de renda como lojas, cafés, garagens ou uma indústria caseira junto com habitação. O projeto incentiva a densificação doméstica vertical, de modo que apóia os benefícios da co-localização de residências e emprego, reduzindo a demanda por infraestruturas caras, como estradas, redes de água, elétrica e de água potável. Possui tecnologias de captação de chuva, retenção de energia solar, sistemas de esgoto e princípios de resfriamento passivo, alem de uma produção de alimentos e materiais de construção (a partir de uma plantação de bambu e hortas).
21 foto 08 disponível em https://archdaily.com
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02 foto 09 disponĂvel em https://pinkladyfoodphotographeroftheyear. com
modo de preparo
A Vila Mariana é um distrito localizado na região Centro-sul de São Paulo. Caracterizado principalmente por ser um bairro residêncial, com um gabarito predominantemente baixo, possui uma grande quantidade de comércios e instituições de ensino distribuidas por todo o bairro. A região possui uma característica central e de fácil acesso. É um dos distritos com mais estações de metro da cidade, possui facil e rápido acesso à avenidas como Avenida Paulista, 23 de maio e Ricardo Jafet e um acesso rápido ao Parque Ibirapuera.
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A Comunidade Mario Cardim se estabeleceu na decada de 1960 em um terreno que antes pertencia a uma fabrica de velas, mas que foi abandonado após um incendio. Até hoje, no meio das casas, existem resquícios da antiga construção. Somente a partir de 1970, começou uma grande ocupação do terreno com moradias irregulares. Hoje em dia moram cerca de 500 famílias, de acordo com a Secretaria de Habitação do Municipio de São Paulo. O terreno da comunidade, faz divisa com a fabrida da Palmolive/ Colgate, um grande estacionamento e diversas residências de gabarito baixo. foto 10
disponível em https://geosampa.prefeitura.sp.gov.br
comunidade mario cardim terreno do projeto
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caminho ao metro
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belas artes
metro vila mariana
1. belas artes 2. metro vila mariana
3. espm 4. comunidade mario cardim
5. terreno
espm
comunidade mario cardim
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principais vias e equipamentos
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metro - metro vila mariana instituiçþes de ensino - fapcom; belas artes; espm; senai; unipaulista; fmu vias destacadas equipamentos culturais - cinemateca; biblioteca comunidade mario caridm terreno do projeto
cinemateca
biblioteca 29
hidrografia, topografia e vegetação
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corrego do sapateiro áreas verdes comunidade mario cardim curvas de nível terreno do projeto
O córrego do sapateiro, também ja foi chamado de córrego do Curtume ou do Matadouro, tem sua nascente na Vila Mariana e faz parte da paisagem dos rios que foram canalizados e esquecidos na cidade. O rio tem sua nascente entres as quadras da Domingos de Morais, Carlos Vitor Coccozza, Lutfala Salim Achoa e Rua Capitão Cavalcante e vai fazendo seu percurso durante um relevo particularmente acidentado, chegando na Rua Mario Cardim e continuando até se encontrar com outro afluente para desembocar no lago do Parque Ibirapuera. Como pode se ver no mapa, não existem grandes vestígios de coberturas verdes ao longo do percurso do rio.
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usos e gabaritos
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residencias com gabarito baixo residencias com gabarito alto comercio e serviços comunidade mario cardim terreno do projeto
O bairro da Vila Mariana é caracterizado principalmente por ser um bairro majoritariamente residencial, em sua maioria de baixo gabarito. Um bairro com uma grande quantidade de comercios pequenos, instituições de ensino e, como diz o nome, muitas vilas. É um bairro que vem atraindo cada vez mais os interesses do setor imobiliário. A Vila Mariana é um dos distritos com mais estações de metro da cidade, há o Ana Rosa, Vila Mariana, Vergueiro, Chacara Klabim e Santos Imigrantes, possui fácil acesso à grandes avenidas, como a Avenida Paulista, 23 de maio, Ricardo Jafet e possui diversas linhas de onibus de facilitam a entrada e saída do bairro.
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rua mario cardim
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1
foto 11
Comunidade Mario Cardim
disponĂvel em https://medium. com/a-conta-da-agua/aqui-ainda-passa-um-rio-bcac2ed7eff7
foto 12 disponĂvel em https://medium. com/a-conta-da-agua/aqui-ainda-passa-um-rio-bcac2ed7eff7
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rua mario cardim
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foto 13
Espaço para convívio útilizado pelos moradores
disponível em Google Earth
foto 14 disponível em Google Earth
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rua mario cardim
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Residências de baixo gabarito
foto 15
disponível em Google Earth
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foto 17
Residências de baixo gabarito
disponível em Google Earth
Residências de baixo gabarito
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foto 16 disponível em Google Earth Residências de alto gabarito
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foto 18 disponível em Google Earth
rua mario cardim
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foto 19
Fábrica de móveis planejados
disponível em Google Earth
Residências de baixo gabarito
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foto 20 disponível em Google Earth
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ZPR zona predominantemente residencial
CA
máx 1
utilizado 1
TO
50%
50%
Gabarito
10m
5,5m
Recuo Frontal
5m
9m
O terreno se encontra em uma pequena parcela do bairro predominantemente residencial, por isso apresenta caractéristicas como coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação e gabarito baixos, diferentemente do seu entorno, que tem uma característica de gabaritos altos por estarem em uma Zona Mista e no Eixo de estruturação e transformação urbana.
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ZEU - zona eixo de estruturação e transformação urbana ZM - zona mista ZPR - zona predominantemente residencial ZC - zona de centralidade
foto 21 disponível em https://gestaourbana.prefeitura. sp.gov.br
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03 foto 22 disponĂvel em https://gourmetdemexico.com.mx
prato principal
Implantação rua mario cardim Para se pensar no projeto, foi essencial pensar sobre a rua Mario Cardim, como ela atua no dia a dia dos moradores da comunidade e quais suas principais problemáticas. Foi proposto, primeiramente, a criação de duas lombofaixas na rua, nos picos identificados por ter maior concentração de pessoas, facilitando tambem, a acessibilidade na hora de atravessar a rua. Foi proposto uma nova iluminação urbana, de modo que tivessem postes de luz a cada 5m, garantindo uma iluminação em todo o percurso da calçada e da rua. Mais vegetação e mobiliário urbano principalmente nos picos de concentração.
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mobiliário público
iluminação pública
Corte rua mario cardim
referência para iluminação pública na altura do carro e do pedestre distribuida pela rua referência para mobiliário público (SP Urbanismo) 48
vegetação
mobiliário público
referência para vegetação referência para mobiliário público (SP Urbanismo)
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i. programa
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O programa foi divido em três pavimentos. O pavimento superior, que da acesso à Rua Gandavo , contem áreas educativas como as salas de aula (tanto prática, quanto teórica), uma área de recebimento de mantimentos e alimentos e os vestiários (permitindo higienização logo na entrada). O pavimento intermediário contém áreas como cozinha, despensas, câmras frias e uma grande área de convívio que atua como restaurante, bar e sala de aula. O pavimento inferior, que da acesso à Rua Mario Cardim é a praça, que atua como mais uma área pública de convívio para os moradores da comunidade e do bairro e serve como uma grande sala de aula aberta, podendo fornecer palestras, oficinas e workshops.
vestiรกrios aulas teรณricas aulas prรกticas depรณsito recebimento cozinhas
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ii. sustentabilidade
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Sendo uma construçao sustentável o edifío possui placas solares, ventilação cruzada, cisterna para captação de águas pluviais e fechamentos com brises para filtrar a luz natural, garantindo a eficiência energetica do edificio.
placas solares ventilação cruzada cisterna sol fechamentos
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iii. fruição pública
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A fruição pública do edifício tem grande importância pois ele conecta duas ruas do bairro, a Rua Mario Carim (cota mais baixa), com a rua Gandavo (cota mais alta) e é a partir de duas escadas públicas que esse encontro entre ruas e desníveis é feito. Para as pessoas com deficiência ou redução de mobilidade, encontra-se um elevador acessível, conectando os dois níveis.
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iv. áreas de produção
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A produção de alimentos no edifício tem grande importância. Os alimentos produzidos são fornecidos ao restaurante do edifício, mas principalmente aos moradores da comunidade e do bairro, levando alimentos mais saudáveis às casas. A produção do edifício atua também como destino para os resíduos orgânicos derivados da produção de comidas no restaurante e nas aulas. Tal produção consiste em: teto verde; árvores frutíferas, horta para hortaliças, horta para vegetais e leguminosas.
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1
detalhes construtivos fechamentos
2
3
4
5 3
1
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placa gesso montantes lã de pet como isolante térmico placa gesso porcelanato 3
placa gesso 1
4
placa gesso
montantes vidro ripado de madeira vertical
2
placa de gesso com montantes de madeira para suporte da placa cimentícia lã de pet como isolante térmico placa cimentícia com montantes metálicos suportando a fórmica fórmica que imita madeira
placa cimentícia pintada de preto montante de madeira horizontal, suportando os ripados 5
ripado de madeira - vertical
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1
detalhes construtivos lajes, fundação, encontro vigaxpilar 2 3
4
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vegetação 1
substrato camada drenante manta anti-raiz impermeabilização capa de concreto 6cm armadura de aço
3
pilar cantoneira metálica
viga
forma de madeira vigotas de madeira 6x16cm
2
4 porcelanato
pilar
contrapiso 3cm capa de concreto 6cm armadura de aço forma de madeira
argamassa (graute) nicho de chumbamento pescoço de concreto
vigotas de madeira 6x16cm
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viga treliรงa suportando o deck de madeira os cabos de aรงo da viga treliรงa, suportam o deck de madeira que fica sob a praรงa permitindo assim, que nao haja pilares na praรงa. 62
escadas sendo suportadas por cabos de aรงo os cabos de aรงo presos nas vigas dos mรณdulos sustentam as escadas
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1 vestiário feminino = 19m² 2 vestiário masculino = 15m² 3 sala de aula teórica = 19m²
4 sala de aula prática = 40m² 5 recebimento = 14m² 65
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6 cozinha = 60m² 7 administração = 09m² 8 depósito e câmara fria = 14m²
9 sanitários = 05m² 10 restaurante = 280m² 67
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11 praça = 275m² 12 sanitário público = 04m² 69
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cortes trasnversais
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04 foto 0X disponĂvel em https://thepolkadotter.com/
sobremesa
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Concluo este trabalho, percebendo a importância em ter um olhar crítico para a cidade. A importância, também, de se criar arquitetura para as pessoas, e o poder transformativo que ela pode ter. As necessidades das cidades e das pessoas estão em constantes mudanças e é o papel do arquiteto conciliá-las.
É muito importante buscar alternativas criativas para solucionar os problemas atuais. O modo de produção e distribuição de alimentos nas cidades ja não se mostra mais tão efetivo, as taxas de desemprego vem subindo e principalmente o setor construtivo, vem gastando os recursos naturais e gerando uma quantidade gigante de resíduos. É assim, que a arquitetura tem o poder de lidar com problemas sociais e ajudar a enfrentá-los de modo criativo.
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