1146 – “Tardhi”, álbum autoral mais pop do músico das montanhas, completa trilogia de Bernardo do Es

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1146 – “Tardhi”, álbum autoral mais pop do músico das montanhas, completa trilogia de Bernardo do Espinhaço (MG) Disco traz nove faixas com arranjos e composições apuradas que transitam entre a MPB, o indie e o folk, todas autorais, e está disponível para ser baixado juntamente com os dois primeiros no portal do cantor e compositor. A tradicional audição matinal dos sábados aqui na redação/cafofo do Barulho d’água Música começou neste dia 19 com Tardhi , nome do terceiro álbum do cantor e compositor mineiro Bernardo Puhler , que adotou o nome artístico Bernardo do Espinhaço. As nove faixas do disco, todas de autoria de

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A Viola Caipira como estandarte (Sidnei de Oliveira)* Contato Dia do Violeiro (18 de maio) Parceiros e colaboradores

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Bernardo, completam a trilogia que o caracteriza como autoridade da Música Popular da Montanha (MPM), conforme bem foi definido por um jornalista crítico musical . Os outros dois álbuns da trindade chamam-se Manhã Sã (2015) e O Alumbramento de um Guará Negro em uma Noite Escura (2014), temas da nossa atualização 981, e estão disponíveis para serem baixados, gratuitamente, junto com Tardhi , no portal do músico cujo endereço é http://www.bernardodoespinhaco.com.br. Há quase 100 anos, o alemão Hermann Hesse contou em seu livro mais clássico a vida de um deslocado que se denominava Lobo da Estepe . Bernardo do Espinhaço, igualmente, define-se como “alma rebelde”, mas não por desajuste, e sim pela liberdade, como comprova Tardhi . O autor declara que gosta da denominação Música Popular de Montanha, mas observa que os estilos que mais o agradam, inspiram e poderiam melhor definir a obra que assina transitam entre a MPB, o indie e o folk. Por Música da Montanha, ele observou, não imagine arranjo de sonoridades da natureza: a música de Bernardo do Espinhaço enaltece a vida de montanhista que leva – não à toa ganhou a alcunha de cantor dos montanhistas/mochileiros -, em odes à liberdade do vento sobre arranjos tão belos quanto intricados . Quem o ouve escuta muito de MPB (tradicional e contemporânea), indie rock, influências da igual liberdade que pregava o Clube da Esquina (ele possui parceria com Marcio Borges, do Clube, e já fez shows com Lô Borges). A versatilidade vem de sua capacidade de multiinstrumentista. Em Tardhi , ele toca violão, acordeon, piano e flauta, e o enriquece com viola caipira, ukelele e o que mais couber na

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canção. Seus dois discos anteriores ficaram em diversas votações especializadas entre os melhores trabalhos de seus respectivos anos de lançamento. Já Tardhi ele mesmo considera o mais pop, mas longe de ser meramente comercial: as canções continuam com o mesmo apuro em arranjos e composições. E em uma das faixas, a #8, De Repente Cabeça de Boi (versão curta) , ouve-se ao final, entremeado a um berrante, o som da gaita de foles de Nicolas Venâncio tocando Baião e Asa Branca , sucessos de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A mistura pop, indie rock com MPB e Clube da Esquina causa uma crocância especial logo de cara, em Boralá (#1): um ukelele dita o tom e uma guitarra em slide e acordeon ornam a melodia. Um inusitado clipe da música, aliás, foi lançado de maneira inovadora no stories do Instagram em colaboração coletiva de 100 pessoas espalhadas pelo globo. Na mesma linha vem Sobre os Montes , enquanto as duas

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anteriores, Que é Para Você Saber e Rasgue o Céu , flertam com o pop rock orgânico de guitarra, baixo e bateria. Como o próprio Bernardo explicou: a música que produz é um processo de cura, tanto para ele quanto tem a expectativa de que seja para o ouvinte, com textos belamente arranjados como em A Trilheira (esta, no final, torna-se quase um rap, com a participação de Miss Garandi). Belas baladas também compõem o cardápio, como Benjamim , que narra a história do casal amigo Guilherme e Juliana, do Montanha para Todos, pelo filho pequeno desses, ou na que fecha o disco, Os Senhores , com a participação especial do músico Marcus Viana, ícone da canção progressiva brasileira, da banda Sagrado Coração da Terra e compositor de trilhas de novelas como Pantanal . Tardhi traz muito arranjo vocal na linha do Clube da Esquina, como em O Homem que Curva , e sons mais entre world music e regionais, caso de Cabeça de Boi . O que sobra é uma mensagem bonita de apologia à liberdade como é a filosofia do trabalho depositada nos versos da canção de abertura , Viver não tem manual/É movimento autoral. Isso vindo de quem se define não como músico, exatamente, mas como “um lobo guará que escreve livros musicais sobre sua vivência na montanha”, diz muito sobre o autor (autorretratado como um guará no desenho da capa deste terceiro álbum) e sua obra. Por fim, vale a pena, ainda, destacar o encarte de Tardhi . Emoldurando as letras das canções, há fotos de tirar o fôlego que do plano geral ao close revelam a beleza do ambiente que inspira Bernardo do Espinhaço. Captadas por Robson de Oliveira, as imagens comprovam a comunhão entre Bernardo e seu violão com a natureza exuberante que se revela aos olhos felizes de quem pode desfrutar de cenários majestosos e apaziguadores, seja uma cadeia de montanhas ao fundo — na qual, no topo de um conjunto de pedras, tanto ele parece render graças, quanto estar em contemplação –, como nas pequenas flores que pelas trilhas vão descortinando as alturas e comprovam os versos dele: “[é] mais alto [é] o homem que [se] curva” .


A poesia dos raros cenários Nascido num alto de serra entre as águas mansas da Cordilheira do Espinhaço, em Santana do Riacho (MG) –– cidade situada entre as serras do Cipó e a do Espinhaço , esta segunda cadeia montanhosa localizada no Planalto Atlântico que se estende por Minas Gerais e Bahia e é formada por terrenos proterozóicos ricos em jazidas de ferro, manganês, bauxita e ouro — Bernardo Puhler assina o nome das montanhas que permeiam suas canções. Paisagens de pedras, flores, rios e os povos isolados do sertão ocupam a linguagem do músico também apelidado de “cantor dos montanhistas” ou “músico dos mochileiros”. Bernardo é um homem interessado pelas lonjuras [algo bem apropriado para quem tem nome de uma personagem do poeta matogrossense Manoel de Barros], desde novo se dedica a caminhos e travessias, redescobrindo cenários raros . De lá ele traz a poesia, o violão, o piano, a viola caipira, o acordeão e a flauta transversal. Mas sua linguagem musical converge pra contemporaneidade, e o músico soma sem temor programações eletrônicas, guitarras e toda parafernália capaz de distorcerem e modificar o som, tornando-lhe visceral e próprio . Entre 2003 e 2013 foi o criador e principal compositor do Músicas do Espinhaço , banda que lançou três discos e teve o maior número de apoiadores e recursos recolhidos por um projeto de música na história das vaquinhas eletrônicas (crowdfunding) em Minas Gerais. Bernardo é parceiro de artistas como o fundador e letrista do Clube da Esquina , Marcio Borges, seu irmão Lô Borges e o cantautor cearense Joaquim Izidro . Está também muito relacionado às causas ambientais, participando ativamente de diversos movimentos pela criação de parques e projetos de sustentabilidade nas montanhas brasileiras . Leia também no Barulho d’água Música:


981 – Clareza, despretensão e singularidade são marcas de Bernardo do Espinhaço (MG), compositor das montanhas e dos sertões

850 – Joaci Ornelas (MG) lança álbum que evoca tradições e hábitos do lugar onde o dia chega mais cedo e o céu quase nunca escurece


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1147 – Carreira de Marciano, um dos quatro ases do sertanejo romântico, registra 10 discos de ouro 1146 – “Tardhi”, álbum autoral mais pop do músico das montanhas, completa trilogia de Bernardo do Espinhaço (MG) 1145 – Colabore com “Além da expansão dos desertos”, primeiro álbum solo de Anabel Andrés (SP) 1144 – Morre o cantor e compositor Pedro Bento (SP), parceiro de Zé da Estrada, autor de “Galopeira” 1143 – Vânia Bastos, Túlio Mourão e Rafa Castro estreiam “Tons de Minas” no SESC Santo André (SP)

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