Conceitos e temas O monstruoso sensível consiste em uma proposição autoral – iniciada junto ao curso de especialização em Artes – que investigou personagens “monstruosos” protagonistas de filmes de animação contemporâneos com o intuito de identificar características que fogem dos padrões tradicionais (apresentam um perfil especial baseado nas oscilações entre atração/repulsão, fragilidade/brutalidade e heroísmo/vilania). No estudo realizado, o conceito forjado identifica uma nova categoria de personagens que conjugam aparência assustadora com nobreza de caráter. Tomados isoladamente, os termos monstruoso, sensível e imaginação são de difícil definição em função das múltiplas facetas e mutações que adotam; a tentativa de conceituação atual busca delinear um campo significativo que dê conta desse universo fantasioso. A etimologia da palavra monstro vem do latim monstrum; entre os muitos significados que pode adquirir, destaca-se “objeto ou ser de caráter sobrenatural que anuncia a vontade dos deuses; ser, fenômeno ou objeto descomunal, disforme ou, por oposição grande, maravilhoso” (HOUAISS, 2012). Essa concepção aliada ao sobrenatural é seguida por Thomas Bulfinch (1998), que situa a origem desses seres na mitologia da Grécia Antiga, com base nos poemas épicos Ilíada e Odisseia, de Homero. Os deuses que viviam no Monte Olimpo possuíam uma série de características antropomórficas; as narrativas são plenas de criaturas terríveis e monstruosas como: Minotauro, Medusa, Kraken, Sereia, Ciclope, Quimera, Harpia, entre outros. No campo da medicina e da genética, o termo comparece associado às deformações. Gilberto de Lima Garcia (2002) verifica que essa era uma designação comum para aqueles que nasciam com características anormais – deficiências ou excessos anatômicos –, sejam fetos humanos, sejam de animais. Contudo, o monstruoso não se refere apenas a conformações e aparência, Tucherman (2012) alia o termo às criaturas e às pessoas capazes de praticar ações de um horror desmesurável; integram essa lista: Medeia, Dorian Grey, Hitler, Salazar, Unabomber, etc. Gonçalo Júnior (2008) alinha o monstruoso como derivado do 11