Capitulo "Barakibeel" do livro "Nephilim" de Caio Fabio

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Barakibeel Ele está... Acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo de Seus pés. São Paulo, aos Efésios A noite estava calma. Aqui e ali ouvia­se o movimento de caravanas que chegavam do deserto, enquanto outras saíam. Por fim, Abellardo e Ayal adormeceram. Algum tempo depois, Ayal despertou de seu sono e olhou ao redor, por achar que tinha ouvido vozes em tom mais elevado. Em volta, tudo estava quieto. Apenas aquelas vozes interrompiam o silêncio, especialmente porque o timbre de uma delas era extremamente grave. Ela despertou Abellardo e pediu­lhe que prestasse atenção. Mas impetuoso do jeito que era, ele pulou e saiu na direção daquela conversa na madrugada. Ayal chegou correndo logo atrás dele, apenas para, aturdida, se deixar fascinar pela cena que já impactara Abellardo profundamente. Sentado num dos pátios do templo estava um imenso Nephilim, com as pernas sobre os degraus da escada de pedras lisas, maciças e monolíticas que passava ao lado desse pátio. Em frente ao gigante estava Enoque, pregando­lhe a mensagem para a qual não havia resposta que a tornasse menos final e grave em seus resultados. Basicamente, ele recitava os juízos de Deus sobre os Vigilantes e os Nephilims. O gigante era lindo e assustador. Quase cinco metros de altura. Cabelos enormes, amarrados em centenas de tranças. Do queixo lhe saía uma barba pontiaguda, longa, que lhe chegava ao peito. A pele era morena, mas os olhos carregavam a luz de uma fogueira. E a voz era poderosa, fazendo pensar que aquele ser estava em permanente estado de guerra, pois falava como que atormentado pela força de um conflito eterno. ­ Quem é você, bela jovem que se escondes nas sombras? ­ indagou o gigante, olhando na direção de Ayal. Ayal perdeu o fôlego. Tentou responder, mas não achou voz. ­ Ela é Ayal, e me acompanha ­ respondeu Enoque com a voz dos que estendem um manto de proteção a favor de quem falam. Abellardo havia esquecido que sem certas incidências de luz, seu corpo não tinha qualquer visibilidade para os Nephilims. Então andou e chegou bem perco do guerreiro. ­ Sinto cheiro dos que como eu comem carne de animal e bebem sangue. Sinto o cheiro, mas a ninguém vejo. ­ Você não pode me ver. O gigante ouviu aquela voz vinda de lugar nenhum e perguntou a Enoque que mágica era aquela. E acrescentou que seus pais podiam ficar invisíveis aos olhos humanos, mas não havia na voz que ouvira a força das angústias da eternidade que os Vigilantes expressavam quando falavam. ­ Diga­me, quem é você? ­ pediu o gigante, voltando­se para o lado de onde a voz se fizera ouvir. ­ Sou Abellardo Ramez e venho do futuro. Venho de onde já se sabe o que aconteceu com vocês e onde sua condenação aguarda a punição final. ­ E o que faz aqui?


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