CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL 50ª Assembleia Geral da CNBB Aparecida-SP, 18 a 26 de abril de 2012
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ASSUNTOS DE LITURGIA 50ª AG 1. Seminário Nacional de Liturgia: Aconteceu em Itaici, o Seminário Nacional de Liturgia em comemoração aos 50 anos da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, sobre a sagrada Liturgia,. O Seminário contou com a participação de 180 pessoas, entre bispos, liturgistas e representantes dos Regionais e Dioceses do Brasil. Os temas foram conduzidos pelo Prof. Andrea Grillo, pelos Bispos da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia: Dom Armando Bucciol e Dom Edmar Peron, pelo Monge Camaldolense, Dom Emanuele Bargellini, Pe. José Oscar Beozo e pelo Fr. José Ariovaldo da Silva. As palestras estão todas disponíveis no site da CNBB e serão publicadas com as produções dos liturgistas e participantes, numa parceria CNBB e ASLI (Associação dos Liturgistas do Brasil). Com essas publicações, a Comissão dará um segundo passo na programação de comemoração do ano jubilar da SC: encontros e seminários nos Regionais da CNBB, para que as reflexões do Seminário Nacional cheguem às bases de nossas paróquias e comunidades. 2. Cursos de formação litúrgica: A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia incentiva e apóia as diversas iniciativas de cursos de liturgia nos Regionais e Entidades que promovem a vida litúrgica no Brasil, com o objetivo de contribuir para a formação litúrgica de todos: seminaristas, clero, religiosos/as e leigos/as (cf. SC 14-20). Já temos cursos organizados: no Regional Nordeste 3 (Feira de Santana), Nordeste 1 (Crato); entidades como: Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard (São Paulo), Curso Ecumênico Litúrgico-Musical - CELMU (Agudos), Curso de Extensão em Música Ritual (Porto Alegre), Curso de Pós-graduação em música ritual (Faculdade de Campo Limpo Paulista - FACCAMP) e a Celebra Rede de Animação Litúrgica; além das escolas diocesanas. São louváveis as iniciativas de organização de cursos a nível diocesano, pois vários surgiram a partir da formação obtida nos cursos nacionais e têm promovido a vida litúrgica das comunidades. Constatam-se, porém, dois fenômenos: a redução do número de participantes nos vários cursos nacionais e a necessidade da formação litúrgica em dioceses e regionais. Solicitamos aos senhores bispos que, através dos seus coordenadores de pastoral, divulguem, incentivem e apóiem os cursos existentes, enviando agentes de pastoral, para que a vida litúrgica em nossas comunidades seja, cada vez mais, reavivada. Os cursos somente conseguem se manter com a participação de um número mínimo de inscritos. Contamos com o apoio e a colaboração dos senhores bispos para a animação da vida litúrgica no Brasil.
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3. Projetos para o Quadriênio: A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia em seus três setores (Pastoral, Música e Espaço Litúrgica), para o quadriênio 2011-2015, possui 27 projetos, distribuídos entre projetos de formação e capacitação, eventos, articulação e subsídios. Desses projetos, publicados pela CNBB, um queremos destacar, pois tem sido motivo de reflexão entre os membros da Comissão: trata-se do Projeto 1.2 – Liturgia nas tv´s. Constata-se uma realidade um tanto quanto complexa, pois envolve todas as áreas da liturgia (ritualidade, música, espaço litúrgico, homilética, compreensão de liturgia e eclesiologia, etc.) e são transmissões que atingem um grande número de assistentes e ouvintes. Essas transmissões têm influenciado pessoas e grupos em nossas comunidades, que procuram, muitas vezes, reproduzir o que assistiram. A figura do presidente da celebração, muitas vezes, é colocada em evidência em detrimento do mistério celebrado e da natureza da liturgia; as músicas usadas não seguem o ano litúrgico, nem condizem com o momento ritual. As homilias são transformadas em verdadeiros sermões, até mesmo com receitas para namoros e incentivo de uma fé puramente devocional, quando chega a esse nível. Um exemplo ilustrativo e mais recente pode ser verificado pelo site: http://www.youtube.com/watch?v=IBcIrgJ0bEg. O vídeo conta com considerável número de acessos e figura entre sites jocosos e de decoro duvidoso: http://qmerda.virgula.uol.com.br/que-merda-de-videos/2012/03/padre-da-10-dicas-praarrumar-namorada/. Questiona-se a partir desse exemplo, o modelo ministerial que se veicula irresponsavelmente pelos meios de comunicação. O conteúdo extrapola qualquer sentido religioso, sem nenhuma menção a Deus e ao Evangelho. Desaparece a nomenclatura religiosa, beirando o paganismo. Sobressai a desconsideração pelo ambiente litúrgico-celebrativo e sua sacralidade, a veiculação das coisas sagradas sob o pretexto de evangelização, o proselitismo, a busca de fama e prestígio pessoal mascarados pelos artifícios da comunicação. Pergunta-se, até onde e quando vamos assistir impassivelmente os “padres pop star” que se reproduzem e penetram nas dioceses, interferindo nas pastorais organizadas e comunidades que com dificuldade tentam implantar a reforma litúrgica e seguir as orientações e normas da CNBB e do Magistério? Alguns espaços, em forma de estúdios, desconsideram a dignidade do espaço litúrgico, ferindo o princípio maior da SC n. 124, quando convoca os bispos cuidarem para que, “promovendo e incentivando a arte verdadeiramente sacra, visem antes a nobre beleza que a mera suntuosidade. O que se há de entender também das vestes litúrgicas e dos ornamentos”. Tudo isso tem gerado desconforto para os agentes de PL que receberam embasada formação litúrgica conforme as normativas e diretrizes da Igreja, conflitando seus conhecimentos e práticas com celebrações de gostos e opções pessoais e grupais não condizentes com as orientações da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia. O Projeto “Liturgia nas tv´s” visa qualificar as celebrações transmitidas pelas tv´s católicas, pois as celebrações transmitidas pelas TVs tornam-se referência e influenciam a vida litúrgica de nossas comunidades; a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos solicitou que se dê início a um estudo na Conferência Episcopal, para estabelecer uma regulamentação que assegure a devota e reverente celebração da Eucaristia transmitida em programas televisivos. Ciente desse valor é urgente continuar o diálogo entre a CNBB e os responsáveis pelas celebrações litúrgicas nos canais católicos, iniciado no ano de 2010, com encontros de estudo e formação dos agentes das tv´s, em parceria com a Comissão de Comunicação. 2
4. Comissões Regionais e Diocesanas de Liturgia: A CNBB deu um grande e importante passo quando criou os três setores da Comissão de Liturgia: Pastoral Litúrgica, Música Litúrgica e Espaço Litúrgico. Com isso, a CNBB cumpriu o que fora determinado pelo Concílio Vaticano II em sua Constituição Sacrosanctum Concilium nn. 43 e 44, denominando-as Comissões. A Constituição (nn. 45 e 46) determinou que também as Dioceses instituíssem as três comissões, com a finalidade de promover a participação ativa dos fiéis e a vida litúrgica de nossas comunidades. Às vésperas do jubileu de ouro da Constituição Conciliar, constatamos que são poucas as dioceses brasileiras que possuem a sua Comissão Litúrgica. É importante que as nossas Dioceses se empenhem e invistam na criação da sua Comissão Litúrgica com seus três setores. 5. A Pastoral Litúrgica: É preocupante a realidade da Pastoral Litúrgica (PL) em várias paróquias e comunidades brasileiras. Após longos períodos de formação, preparação e constituição de uma PL nas paróquias e comunidades, tem sido frequente a atuação de padres que, ao chegarem, destituem equipes de Liturgia, quiçá outras pastorais ou instâncias que “ameaçam” seu poder (conselhos), implantando formas e estilos litúrgicos pessoais. Cada novo mandato corresponde a uma considerável diminuição de equipes de liturgia nas paróquias. Aquelas que continuam resistindo, o fazem por heroísmo e valentia. Aumenta o contingente de agentes da pastoral litúrgica que são praticamente expulsos de suas comunidades por não se encaixarem “nos moldes” dos novos párocos e administradores paroquiais. Já se incutiu a mentalidade de que a comunidade deve celebrar conforme o estilo do padre que a visita. Cresce o desânimo e as queixas entre os agentes da PL quanto ao perfil personalista dos ministérios ordenados, o desrespeito pelas comunidades que desejam assegurar suas conquistas em termos de liturgia. Nas formações, a pergunta de fundo é sempre: “que adianta aprender essas coisas se não podemos implantá-las?”. O tema merece uma análise profunda e uma atenção dos bispos. As atividades da PL reclamam maior incentivo, proteção e acompanhamento em nível diocesano, regional e nacional.
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