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Folha em Branco
Universidade Estácio de Sá - UNESA Caderno teórico apresentado à disciplina de Fundamentos para Trabalho Final de Graduação como requisito parcial para a obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista Autor: Marcelo Augusto Gonzales Felix Filho Professor da Disciplina: Paulo Aguiar Professora Orientadora: Gláucia Augusto Fonseca 1
FELIX FILHO, Marcelo Augusto Gonzales (R)Existir: um lugar para aprender a sobre(viver) - lar de aprendizado e vivências para jovens LGBTQ+ / Marcelo Augusto Gonzales Felix Filho - Universidade Estácio De Sá - UNESA, Niterói (RJ), 2020 Orientadora: Dra. Gláucia Augusto Fonseca Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em ARQUITETURA E URBANISMO) - Universidade Estácio de Sá - Campus Oscar Niemeyer - Niterói II - Rio de Janeiro, 2020. 1. Arquitetura 2.LGBTQ+ 3.Patrimônio 4.Ressignificação Urbana 5.Centro Comunitário
Agradecimentos Parece que foi ontem que eu estava discutindo sobre o desenho das casas dos sonhos com meus coleguinhas do ensino fundamental, e hoje estou aqui, apresentando a fundamentação do que é meu ultimo trabalho na graduação, e ao mesmo tempo que estou feliz em finalmente terminar a faculdade fico com um sentimento de nostalgia adiantada com a previsão do término. São incontáveis as pessoas que me ajudaram a chegar aqui onde estou, em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus, inteligência suprema causa primária de todas as coisas, agradecer por todas as oportunidades que ele colocou na minha vida e por todas as bênçãos que tenho só de agradecer. A minha família, que como uma amiga uma vez me disse é igual a uma família de comercial de margarina, todo mundo sempre está feliz, todo mundo sempre está junto, brincando, sorrindo, comendo as refeições a mesa. Meus pais, Kátia e Marcelo, que sempre souberam me orientar nas minhas escolhas, desde antes de ingressar a faculdade, me orientando a fazer o técnico em edificações, me ajudando nas maquetes e nos trabalhos, ficando acordados a noite comigo e até me ouvindo falar dos mesmos trabalhos infinitas vezes. Meus irmãos, Maria Eduarda e Paulo Roberto, que mesmo sendo tão diferentes um do outro sempre souberam demonstrar seu amo, afeto e carinho de todas as maneiras. A minha orientadora, Gláucia, que desde o primeiro momento em que vi na faculdade, em minha banca final de projeto em 2016.1 me impressionou com sua fala e elegância, me fez querer estudar com ela, o que só ocorreu em 2017.2. Gláucia, como professora me fazia querer dar meu melhor a cada aula e a cada orientação com ela eu percebo o quanto ela é generosa compartilhando seu conhecimento, e me faz mais e me espelhar nela como profissional. Se eu posso tirar algo de bom dessa situação incomum causada pelo COVID-19 foi transformar o mundo todo em um lugar muito mais próximo , mesmo a distancia estamos todos pertos e essa proximidade com ela me ajudou muito no desenvolvimento do meu trabalho.
A todos os professores que já passaram na minha vida, desde o ensino básico até a faculdade, Marilia, Carlos Eduardo, Soninha, Cleonice, Ésio, Maria de Fátima, Denise Vinhas, Flávia Lamin, Paulo Vidal, Gustavo Martins, André Fagundes, Fabrício Silveira, Diego Caetano, Miriam Lins, Alfredo Luz, Letícia Thurmann Prudente, Paulo Aguiar, Renata Paraguaçu, Mariana Vaz, Fernando Acylino e muitos outros , vocês me ajudaram a construir a pessoa que sou hoje, obrigado. A todos os meus amigos que conheci na faculdade que para não correr o risco de omitir alguém vou agradecer a Juliana Matos Pessoa, uma pessoa iluminada, de cabeça forte, que esteve do meu lado boa parte das faculdade, me animando nas madrugadas a noite quando nós dois pensávamos em desistir e que infelizmente teve seu tempo aqui na terra interrompido. A todas as pessoas que passaram por minha vida e me ajudaram a chegar onde estou hoje, muito obrigado!
Marcelo Gonzales Filho marcelogonzalesfilho@gmail.com
A meus amigos, em nome de Stefanie e Ryann, pessoas tão queridas que de certa forma marcam capítulos da minha vida. Amigos que mesmo a distancia se mantém unidos, sem cobranças exageradas e sem dramas, amigos reais, o tipo de pessoa que pode marcar de sair para andar sem plano definido, ou visitar um ao outro para ficar assistindo TV sem propósito.
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Folha em Branco
IMAGEM
Resumo O presente trabalho busca desenvolver um projeto para acolhimento e integração da comunidade LGBTQ+ na sociedade, partindo de um levantamento histórico da comunidade, permeando suas origens e influências internacionais e nacionais e sua relação com a sociedade, buscando entender também o papel das casas de acolhimento e o trabalho desenvolvido por elas. Desenvolvendo princípios e diretrizes baseados em arquétipos arquitetônicos já consolidados, para suprir a presente lacuna projetual, o trabalho pretende aplicar esses princípios a um contexto de ambiente cultural já consolidado em uma área central do Rio de Janeiro, articulando as necessidades de projeto as condicionantes do terreno e entorno.
Abstract This work aims to develop a project to welcome and integrate the LGBTQ + community into society, starting with a research on the history of the community, from its origins and international and national influences and its relationship with society, also understanding the importance of welcoming houses and the work they do. Developing principles and guidelines based on already consolidated architectural archetypes, to fill the present gap in architectural projects, the work intends to apply these principles to a context of cultural environment already consolidated in a central area of Rio de Janeiro, articulating the needs of the project. conditions of the land and surroundings.
Figura 01 - Existir, amar sem medo é direito à cidade! Fonte: Intituto Pólis
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Sumário Agradecimentos 3 Resumo 5 Lista de Figuras 7 Introdução 11 Motivador 12 Justificativa 13 Objetivo 14 Objetivos Específicos 14 Histórico da Comunidade LGBTQ+ 15 Casas de Acolhimento 19 Casa 1 19 Casa Nem 20 Los Angeles LGBT Center 21 The Center 21 Contexto Urbano e Localidade 23 Garagem Poula 28 Legislação e Zoneamento 30 Referências Projetuais 33 Praça das Artes 34 Escola NAVE 36 Boutique Hostel Forum 37 SESC Pompéia 38 Anita May Rosenstein Campus 39 Projeto 41
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Contexto Função Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento Fluxogramas Setor Coletivo Setor Alojamento Setor Educação Setor Serviço Setor Vivência Setor Administração Setor Saúde Composição Referências Bibliográficas
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Lista de Figuras Figura 01 - Existir, amar sem medo é direito à cidade! Fonte: Intituto Pólis 5 Foto 01 - 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Fonte: José Cordeiro/SPTurist 11 Figura 02 - Nuvem de Palavras do Motivador Fonte: Autor 12 Gráfico 01 - Pesquisas ao termo LGBT no Google relacionado as datas de maior relevância Fonte: Autor 13 Foto 02 - Sally Ride Fonte: NASA Foto 03 - Frida Kalo Fonte: Reprodução/Internet Foto 04 - Freddie Mercury Fonte: Reprodução/Internet Foto 05 - Marsha P. Johnson Fonte: Netflix 13 Foto 06 - Marielle Franco Fonte: Reprodução/Internet 13 Figura 03 - Casa Vogue Fonte: Reprodução/Internet 14 Figura 04 - ObservatórioG Fonte: Reprodução/Internet 14 Figura 05 - #Colabora Fonte: Reprodução/Internet 14 Figura 06 - ONU Fonte: Reprodução/Internet 14 Foto 07 - Second Christopher Street Liberation Day March, 1971 Fonte: Leonard Fink Photographs 15 Figura 07 - Boneco da identidade e expressão de gênero Fonte: Manual de Comunicação LGBTI+ 16 Foto 08 - Protesto em São Paulo, 1980 Fonte: Reprodução/Nexo Jornal 18 Foto 09 - Fundadores do Grupo SOMOS Fonte: Reprodução/A História Do Movimento LGBT Brasileiro/Huffpost 18 Foto 10 - Cabeçalho do Periódico Lampião da Esquina Fonte: Reprodução 18 Figura 08 - Logo Casa 1
Fonte: Reprodução/Casa 1 19 Figura 09 - Ilustrações Casa 1 Fonte: Reprodução/Casa 1 19 Foto 11 - Casa 1 20 Fonte: Casa 1 20 Foto 12 - Casa Nem 20 Fonte: Casa Nem/Hypeness 20 Foto 13 - Fachada do LA LGBT Center Fonte:Reprodução/Internet 21 Foto 14 -Evento Social - LA LGBT Center Fonte:Reprodução/LGBT News Now 21 Foto 15 -Evento Social - LA LGBT Center Fonte:Reprodução/LGBT News Now 21 Foto 16 -Evento Social - The Center Fonte:Reprodução/Internet 21 Figura 10 - Área de Intervenção ao Terreno com marcação do limite do bairro do Centro do Rio e da APAC da Cruz Vermelha 23 Fonte: Google maps editado pelo autor 23 Figura 11 - Quantidade de Empregos por UMI no Município do Rio de Janeiro e cidades vizinhas 24 Fonte: Consórcio Quanta – Lerner editado pelo autor 24 Foto 17 - Corpo de Bombeiros Fonte: Wikimedia Commons/ Halley Pacheco de Oliveira 25 Foto 18 -Museu da Polícia Civil Fonte: Flickr/Cyro A. Silva 25 Foto 19 - Centro Empresarial do Senado Fonte: Acervo WTorre 25 Foto 20 - Igreja de Santo Antônio dos Pobres Fonte: Reprodução/Reficio 25 Figura 12 -Vista Aérea do Entorno com indicação de Edificações 25 Fonte: Google maps editado pelo autor 25 Figura 13 - Estudo de Insolação - Verão 09:00hs 26 Fonte: autor 26 Figura 14 - Estudo de Insolação - Verão 15:00hs 26 Fonte: autor 26 Figura 15 - Estudo de Insolação - Verão 09:00hs 26 Fonte: autor 26 Figura 16 - Estudo de Insolação - Verão 15:00hs 26
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Fonte: autor 26 Figura 17 - Uso e ocupação do Solo Fonte: As diferentes faces da Rua do Senado, editado pelo Autor 26 Figura 18 - Visão Serial Fonte: Google Maps editado pelo autor 27 Figura 19 - Planta baixa da fachada da Garagem Poula 28 Fonte: Levantamento de Miguel Saint-Yves editado pelo autor 28 Figura 20 - Fachada Garagem Poula - atual 28 Fonte: Fotomontagem feita pelo autor a partir de imagens do Google Maps 28 Figura 21 - Recortes de Jornais citando a Garagem Poula e Cocheira Recreio 28 Fonte: O Rio Nu (13 de maio de 1904); A Noite (26 de agosto de 1911); Tribuna Impressa (26 de fevereiro de 1959); Correio da Manhã (28 de junho de 1959); Correio da Manhã (02 de agosto de 1959); Correio da Manhã (13 de maio de 1964); editado pelo autor 28 Figura 22 - Fachada da Garagem Poula Fonte: Miguel Saint-Yves 29 Foto 21 - Fachada da Garagem Poula (séc XX) Fonte: Impressões do Brazil no Seculo Vinte/Novo Milênio 29 Foto 22 - Estado da Edificação da Garagem Poula Fonte: Reprodução/ O Globo Foto 23 - Garagem Poula vista da esquina entre R. do Senado e Av. Gomes Freire Fonte: Google Maps 29 Figura 22 - Fachada da Garagem Poula Fonte: Miguel Saint-Yves 30 Foto 24 - Vista interna do terreno em direção do Centro Empresarial do Senado Fonte: Reprodução/Internet 31 Foto 25 - Escada Caracol 33 Fonte: Pixabay 33 Foto 26 - Praça das Artes - Vista da Rua 34 Fonte: Brasil Arquitetura 34 Foto 27 - Praça das Artes - Vista interna da praça 34 Fonte: Brasil Arquitetura 34 Foto 28 - Praça das Artes - Vista da Rua 35 Fonte: Brasil Arquitetura 35 Foto 29 - Praça das Artes - Vista interna 35 Fonte: Brasil Arquitetura 35 Foto 30 - Praça das Artes - Vista interna da Praça 35
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Fonte: Brasil Arquitetura Figura 23 - Diagrama Praça das Artes Fonte: Brasil Arquitetura Figura 24 - Planta Térreno Praça das Artes Fonte: Brasil Arquitetura Foto 31 - Fachada Escola NAVE Fonte: Fran Parente/ em Archdaily Foto 32 - Letreiro Escola Nave Fonte: Fran Parente/ em Archdaily Foto 33 - Vista interna - Escola Nave Fonte: Fran Parente/ em Archdaily Foto 34 - Vista interna - Escola Nave Fonte: Fran Parente/ em Archdaily Figura 25 - Diagrama interno dos quartos Fonte: Resilient Coast Leisure Environments (Arck 7130 02 Master’s Research Studio Foto 35 - Vista interna do Espaço de Lazer Fonte: Instagram @boutiquehostelforum Foto 36 - Vista interna do Espaço de Lazer Fonte: Instagram @boutiquehostelforum Foto 37 - Vista interna do Espaço de Lazer Fonte: Tripadvisor Foto 38 - Sesc Pompéia - Passarelas Fonte: Acervo do autor Foto 39 - Vista interna do SESC Pompéia Fonte: Markus Lanz/Flickr Foto 40 - Vista interna do SESC Pompéia Fonte: Markus Lanz/Flickr Foto 41 - Vista interna do SESC Pompéia Fonte: Markus Lanz/Flickr Figura 26 - Croqui de Vista interna do SESC Pompéia Fonte: Lina Bo Bardi/Cidadela da Liberdade (Edições SESC) Figura 27 - Diagrama de setores do Los Angeles LGBT Center Fonte: Reprodução/Archdaily Foto 42 - Hall do Orgulho Fonte: Reprodução/Archdaily Foto 43 - Los Angeles LGBT Center Anita May Rosenstein Campus Fonte: Reprodução/Archdaily
35 35 35 35 35 36 36 36 36 36 37 37 37 37 37 38 38 38 38 38 39 39 39
Foto 44 - Estrutura de Madeira Fonte: Pixabay Figura 28 - Nuvem de Palavras Fonte: autor Figura 29 - Diagrama Explicativo do Título Fonte: autor Figura 30 - Arquétipo Arquitetônico de Casa Fonte: autor Figura 31 - Arquétipo Arquitetônico de Hostel Fonte: autor Figura 32 - Arquétipo Arquitetônico de Escola Fonte: autor Figura 33 - Arquétipo Arquitetônico de Centro Cultural Fonte: autor Figura 34 - Setorização Esquemática Fonte: autor Figura 35 - Diagrama de Interação Público-Íntimo Fonte: autor Tabela 01 - Pré-dimensionamento Setor Coletivo Fonte: autor Tabela 02 - Pré-dimensionamento Setor Alojamento Fonte: autor Tabela 03 - Pré-dimensionamento Setor Educação Fonte: autor Tabela 04 - Pré-dimensionamento Setor Serviço Fonte: autor Tabela 05 - Pré-dimensionamento Setor Vivência Fonte: autor Tabela 06 - Pré-dimensionamento Setor Administrativo Fonte: autor Tabela 07 - Pré-dimensionamento Setor Saúde Fonte: autor Figura 36 - Fluxograma Setor Coletivo Fonte: autor Figura 37 - Fluxograma Setor Alojamento Fonte: autor Figura 38 - Fluxograma Setor Educação Fonte: autor
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Figura 39 - Fluxograma Setor Serviço Fonte: autor Figura 40 - Fluxograma Setor Vivência Fonte: autor Figura 41 - Fluxograma Setor Administrativo Fonte: autor Figura 42 - Fluxograma Setor Saúde Fonte: autor Figura 43 - Grafico de proporção das áreas Fonte: Autor Figura 47 - Grafico de proporção das áreas aplicado ao Terreno Fonte: Autor Figura 48 - Grafico de proporção das áreas aplicado ao Terreno - Alteração Fonte: Autor Foto 37 - Estudo de Volumetria em Maquete Fonte: Autor Foto 38 - Estudo de Volumetria em maquete Fonte: Autor Figura 49 - Maquete Eletrônica com indicação de Setores Fonte: Autor Foto 39 - Estudo de Fluxos sobre foto da maquete Fonte: Autor Foto 45 - Painel de livros Fonte: Pixabay
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INTRODUÇÃO
“A tarefa mental essencial da arquitetura é acomodar e integrar ” Juhani Pallasmaa
Foto 01 - 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Fonte: José Cordeiro/SPTurist *Cores alteradas digitalmente pelo autor
Introdução Desde o inicio da humanidade o ser humano já lida com as questões de gênero e de sexualidade, e, apesar de nos dias atuais já se debater mais acerca desse tema, ele ainda é pouco explorado em ambiente acadêmico. O presente trabalho busca dar visibilidade ao tema, partindo de um levantamento histórico da comunidade LGBTQ+ desde suas origens até os dias atuais, permeando suas origens e influências internacionais e nacionais e sua relação com a sociedade. Apresentaremos instituições que realizam o trabalho de acolhimento a jovens e que mesmo com problemas financeiros e estruturais conseguem dar dignidade ao indivíduo. Desenvolveremos com base em arquétipos arquitetônicos já consolidados uma arquétipo próprio para desenvolvermos nosso programa de necessidades, pré-dimensionamento e fluxogramas.
de resistência da comunidade LGBT dos tempos atuais, trabalhando com ações educacionais e voltadas para políticas públicas - anunciou que poderia encerrar suas atividades em decorrência da falta de apoio a instituição. Em nossa pesquisa se tornou notória a necessidade latente da existência de um ambiente adequado para acomodar pessoas distintas do padrão social, por vezes oriundas de periferias, ocupando o mesmo espaço para abordar as vivências e compartilhar as suas experiências, da mesma maneira que a pesquisa indicou a escassez de uma produção científica, que trate do assunto, assim como a ausência de projetos específicos para o acolhimento edificado. Observamos que as edificações que sediavam os projetos eram adaptadas e em alguns casos se tratavam até mesmo de ocupações.
Levantamos também a importância do patrimônio edificado, integrando o projeto ao ambiente edificado já consolidado e tombado como ambiente cultural e também requalificando uma edificação tombada integrando-a ao projeto e dando novos usos a ela.
Motivador
Entender as questões fundamentais abrangendo sexualidade e gênero pode ser desafiador em um orbe que ainda não deixou de ser preconceituoso. Perceber a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual é, hoje, um dos conceitos mais importantes para se discutir as causas LGBTQ+ no país e no mundo. A primeira aproximação com o tema se deu pela inquietude perpassante de uma questão social, a expulsão de casa motivada por orientação sexual e identidade de gênero, que é um fator ainda recorrente em diversas famílias brasileiras. A temática ficou evidente quando, em suas redes sociais, a Casa 1 - uma das primeiras casas de acolhidas voltadas para LGBTQ+ no Brasil. Funcionando como república de acolhida, centro cultural e clínica social, considerada um símbolo
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Figura 02 - Nuvem de Palavras do Motivador Fonte: Autor
01 - Sally Ride 01 02 - Frida Kalo 02 03 - Freddie Mercury 04 - Marsha P. Johnson 03 05 - Marielle Franco 04
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Justificativa
A constante demanda por aceitação, inclusão e sensibilidade, está com os dias contados. Não é de hoje que vivemos em um mundo diversificado, segundo Harari (2018, p. 155 1) “um número significativo de culturas humanas vê as relações homossexuais como algo não apenas legítimo como até mesmo socialmente construtivo, sendo a Grécia antiga o exemplo mais notável”, exemplos como o de Apolo e Jacinto bem como relações entre pessoas do mesmo gênero na Grécia não era considerado como algo anormal. Na história mundial apontamos diversos ícones LGBTQ+ os cantores Elton John, Ney Matogrosso, a astronauta Sally Ride (nave espacial ‘Challenger’, 1983); a escritora Virginia Woolf; a pintora Frida Kahloo. Não deixando de citar Alan Turing (matemático, pioneiro da computação), que se suicidou após ser submetido a um tratamento de castração química; Freddie Mercury (cantor), que morreu em complicações provenientes da AIDS; Marsha P. Johnson (mulher negra trans, trabalhadora do sexo e ativista) e Marielle Franco (vereadora do Rio de Janeiro) ambas assassinadas em crimes até hoje sem solução. Fato é que a parcela LGBTQ+ tem alcançando maior notoriedade social (SÁNCHEZ, 2009), como é possível percebe com o aumento da busca do termo nas pesquisas do Google. (Gráfico 01)
Gráfico 01 - Pesquisas ao termo LGBT no Google relacionado as datas de maior relevância Fonte: Autor
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01 - Casa Vogue 02 - Observatório G 03 - #Colabora 04 - ONU
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Esse aumento da notoriedade social é positivo e ajuda a criar um dialogo entre as famílias e grupos de amigos sobre assuntos relacionados a sexualidade, porém ainda é difícil para alguns jovens declararem sua orientação sexual para amigos e familiares próximos por conta do medo da reação que estes podem ter. Quando se trata de família temos exemplos que se diferem por completo como o grupo Mães pela Diversidade, que conscientiza mães e pais sobre LGBTfobia, e exemplos como várias famílias que abandonam ou até mesmo agridem seus filhos por conta da orientação sexual. Segundo Hunty (2018) quando nos sentimos mal inseridos em nossa família ou ambiente de trabalho a solução é buscar um lugar de conforto, e, para a população LGBTQ+, historicamente esse lugar de conforto acabase tornando um gueto, que atua como uma bolha social restringindo nosso local de fala e a nossa articulação social. Lugares como a Casa 1 (SP) ou a Casa Nem (RJ) servem como mediadores dessa bolha social para a sociedade pois serve como um refúgio dessa sociedade discriminatória, acolhendo e aceitando suas individualidades Essa demanda de um lugar de acolhimento e aceitação não é particular do Brasil, mas também se manifesta em outros espaços e países ao redor do mundo.
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Objetivo
A proposta tem como objetivo projetar um local capaz de acolher e qualificar o indivíduo para a vida social, servindo como mediador entre esse refúgio social e a sociedade em geral. Acolher mais do que apenas como uma edificação de abrigo como também acolher afetivamente para criar no indivíduo um sentimento de pertencimento. Qualificar se referindo à instrumentalização o individuo na vida profissional e social para que ele possa ter em sua vida uma vasta gama de escolhas e de oportunidades.
Objetivos Específicos
Criar um local de acolhimento que sirva de mediador entre a população LGBTQ+ e a população em geral, que permite a individualidade dessas pessoas distintas onde elas possam se sentir seguras, amparadas e com a possibilidade de troca de experiências e vivências, reestabelecendo vínculos pessoais e/ou familiares e criando novos vínculos entre as pessoas. Se tornar um projeto de referência, e pioneiro em seu gênero, criando uma interface de diálogo com a comunidade LGBTQ+ e a cidade do Rio de Janeiro participando ativamente da cidade de forma a expandir e agregar a cultura local.
HISTÓRICO
“[...] O cliente proporciona a ancoragem da obra na sociedade. É ele, seja uma pessoa ou uma instituição, que vai enraizar a obra na sociedade, que vai dar sentido a determinado lugar... [...]” Rafael Moneo
Foto 07 - Second Christopher Street Liberation Day March, 1971 Fonte: Leonard Fink Photographs
Nomenclaturas e Conceitos LGBTQ+ Nesse capítulo vamos delimitar algumas características do movimento LGBTQ+ no Brasil e no mundo e também algumas características acerca do acolhimento e das casas de acolhimento e do seu trabalho. Antes de criar um breve relato da história do movimento LGBTQ+ cabe fazer uma pequena distinção de alguns termos aqui utilizados, extraídos do Manual de Comunicação LGBTI+ (2ª ed., 2018). Expressão de gênero Forma como cada pessoa sente que ela é em relação ao gênero masculino e feminino, relembrando que nem todas as pessoas se enquadram, e nem desejam se enquadrar, na noção binária de homem/mulher, como no caso de pessoas agênero e queer, por exemplo.
Cabe ainda uma explicação acerca da sigla utilizada neste trabalho, apesar de estarmos cientes dos múltiplos desdobramentos da sigla, LGBTQQIAAACPPF2K (HUNTY, 2020), usaremos nesse trabalho, com exceção de quando se tratar de alguma citação, a sigla LGBTQ+ que entendemos como bastante inclusiva, abrangendo a sexualidade (LGB – Lésbica, Gays e Bissexuais) e abrangendo as questões de gênero (TQ – Trans, que por sua vez podem ser transgêneros, transexuais ou travestis, e queer termo que é usado como expressão do diferente, ser estranho, fora do convencional), não deixando de contemplar o restante da comunidade que não se sinta contemplado com alguma parte anterior as sigla representado pelo sinal de mais (+).
Identidade de gênero Forma como cada pessoa sente que ela é em relação ao gênero masculino e feminino, relembrando que nem todas as pessoas se enquadram, e nem desejam se enquadrar, na noção binária de homem/mulher, como no caso de pessoas agênero e queer, por exemplo. Orientação sexual Inclinação involuntária de cada pessoa em sentir atração sexual, afetiva e emocional por indivíduos de gênero diferente, de mais de um gênero ou do mesmo gênero. Relembrando: as três orientações sexuais preponderantes mencionadas acima não são as únicas. Existe uma gama de possibilidades. Sexo biológico É o que existe objetivamente: órgãos, hormônios e cromossomos. Feminino = vagina, ovários, cromossomos xx Masculino = pênis, testículos, cromossomos xy Intersexual = combinação dos dois
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Figura 07 - Boneco da identidade e expressão de gênero Fonte: Manual de Comunicação LGBTI+
História do Movimento LGBTQ+ A história LGBTQ+ é formada por uma sucessão de eventos tão antigos quanto a própria sociedade, temos relatos no antigo Egito e na Grécia, em povos nativos da América Latina, China antiga, entre diversos outros momentos da antiguidade. “Os elementos precursores de uma hostilidade contra lésbicas e gays emanam da tradição judaico-cristã. [...] Por sua vez, o cristianismo, ao acentuar a hostilidade da Lei judaica, começou por situar os atos homossexuais – e, em seguida, as pessoas que os cometem – não só fora da salvação mas também e, sobretudo, à margem da Natureza” (BORRILLO, 2010)
Essa hostilidade se acentua durante o período da idade média, onde qualquer ato sexual que não fosse de função reprodutora era caracterizado como pecado, durante esse período as relações homoafetivas eram tratadas como doença pela ciência e religião. Após a Primeira grande guerra a Alemanha se tornou um lugar me maior aceitação homossexual até o momento da tomada de poder por Hitler, onde indivíduos homossexuais foram enviados a campos de concentração onde foram mortos ou submetidos a experimentos de “tratamento” sendo alegado que a homossexualidade seria uma atitude contrária à perpetuação da raça ariana. “Em uma crônica terrificante, um sobrevivente de campo de concentração, Heinz Heger (1981), relata como ele próprio e os outros deportados homossexuais eram obrigados, pelos integrantes da SS (Schutztaffel - organização altamente disciplinada, encarregada da proteção pessoal de Hitler), a copular com prostitutas. Todavia, esses procedimentos terapêuticos não produziram os resultados pretendidos, e a consequência dessa constatação de fracasso foi tão brutal quanto à solução proposta: diante da impossibilidade de curar os homossexuais, foi necessário castrá-los para privá-los, dai em diante, de qualquer prazer.” (BORRILLO, 2010)
Nos Estados Unidos até o ano de 1969 a homossexualidade era proibida, segundo GORISGH (2014), “os anos 60 foram conhecidos como verdadeiros “anos de pavor” para a comunidade LGBT: os homossexuais eram tratados como psicopatas, promíscuos e doentes mentais”. A pauta dos diretos civis já era discutida desde o início da década vinda através de discursos como o de Martin Luther King, lutando pela igualdade racial, mas antes da revolução de Stonewall pouco se falava acerca da orientação e diversidade sexual.
Era comum ações policias onde eles abordavam de forma violenta pessoas que se vestiam de forma diversa do seu gênero e “no ano de 1968, em Nova York, ao menos 500 pessoas foram presas pelo crime “contra a natureza” (praticar sexo entre pessoas do mesmo sexo) e entre 3.000 e 5.000 pessoas foram presas por crimes ligados a orientação homossexual. (GORISH, 2014) No dia 28 de junho de 1969 nos Estados Unidos, ocorreu aquela que seria chamada de “Revolta de Stonewall”, ocorrida na cidade de Nova York no bar conhecido como Stonewall Inn. Uma ação policial “fechou todas as saídas e pediu para verificar os clientes e mostrar sua identificação. Todos aqueles que usavam roupas que não correspondiam ao sexo foram detidos.” (IGLESIA; TURIZO, 2010) Os frequentadores do bar reagiram contra a violência da ação policial, os policias foram acuados e a reação ganhou força em uma manifestação que durou duas noites, com grande numero de feridos dos dois lados da manifestação. Após o episódio da “Revolta de Stonewall” os direitos da comunidade LGBT começaram a ser discutidas e a ganhar maior visibilidade nas mídias. No Brasil, o movimento LGBT começou muito antes da definição do movimento em si, nos períodos pré-colonização já existiam relatos de pessoas Gays, Lésbicas e Travesti adaptadas as sociedades indígenas (DAWSON, 2015), depois da chegada dos colonizadores, com uma forte base Cristã o assunto se tornou tabu, através de leis que condenavam a “sodomia” a pena de morte. A partir do Código Penal Imperial de 1830 as referências a “sodomia” foram retiradas, mas ao mesmo tempo foram criados argumentos legais prezando proteger os bons costumes e evitar a vadiagem que [...] deram à polícia o poder de encarcerar arbitrariamente os homossexuais que expressassem publicamente sua feminilidade, usassem roupas ou maquiagem feminina, ganhassem a vida através de prostituição, ou que usassem um cantinho escuro de uma praça pública para um encontro sexual noturno. (GREEN, 2015)
As noticias da rebelião de Stonewall nos Estados Unidos chegaram na américa Latina no inicio dos anos 70, incentivando a criação de grupos em alguns países, por conta da ditadura militar no brasil o movimento só começou a tomar forma no final dos anos 70 quando em meio ao golpe militar e a censura surgem o periódico Lampião da Esquina e posteriormente o SOMOS: Grupo de Afirmação Homossexual, que fizeram parte de uma “primeira onda” desse movimento no Brasil. Formado majoritariamente por homems gays, o SOMOS e os demais grupos
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01 - Protesto em São Paulo, 1980 02 - Fundadores do Grupo SOMOS 03 - Cabeçalho do Periódico Lampião da Esquina
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que sugiram nessa primeira onda do movimento são caracterizados pela contrução de uma identidade homossexual (FACCHINI, 2010). O periódico Lampião da Esquina e o Grupo Somos foram responsável pela origem de muitos grupos e ativistas que vieram atuar nessa segunda onda do movimento, caracterizado por seus próprios participantes como um período mais politico do movimento que o anterior fora, tratando da homossexualidade não no aspecto das vivências individuais e sim das relações externas como políticas e leis. No auge do movimento, em 81, 20 grupos existiam no país. Em 84, somente sete sobrevieram, e apenas cinco participaram do Segundo Encontro de Homossexuais Organizados, que se realizou em Salvador. (GREEN, 2015)
Essa diminuição do movimento, entre outros fatores é associada ao surgimento da AIDS, chamada pela imprensa sensacionalista da época de “peste gay”. Alguns grupos dessa segunda onda que se mantiveram ativos nessa retração do movimento, conseguiram isso graças ao trabalho que realizaram na educação e no combate contra a AIDS. Nos anos 90 temos uma retomada desse movimento caracterizado principalmente pelos encontros onde foram discutidos assuntos relevantes ao movimento, como a “despatologização” e legislação antidiscriminatória, luta contra a AIDS, discriminação religiosa, entre diversos outros assuntos. Segundo Facchini “não somente o numero de grupos/organizações do movimento aumentou, como houve uma diversificação de formatos institucionais e propostas de atuação” contando com o apoio da mídia, de parlamentares que incluem os direitos homossexuais em suas pautas, mercado especializado, etc. Nos anos 2000, com um movimento brasileiro amadurecido com quase 40 anos sente-se a necessidade de não mais lidar como movimento de forma isolada, esse momento tem como característica a união de grupos distintos, seja por conta de sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero sempre dispostos a agregar mais pessoas, se caracterizando assim como o movimento LGBTQ+.
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01 - Logo Casa 1 02 - Imóveis que compõe a Casa 1
Quando uma pessoa assume sua orientação sexual ela muitas vezes entra em conflito com sua família, local de estudo e local de trabalho e a solução acaba por ser buscar um lugar de conforto, onde possam exercer suas individualidades sem a pressão da sociedade, mas as vezes os conflitos com a família podem ser de tal proporção que resultem em uma expulsão de casa e no rompimento dos vinculos com os demais famíliares. Essa expulsão se torna mais ou menos grave baseado na estabilidade financeira e no nivel de escolaridade do indivíduo, em muitos casos o indivíduo acaba tendo de recorrer a prostituição como forma se subsistência, e nessa situação é onde se inicia o trabalho social primordial da casa de acolhimento. A casa de acolhimento assume o papel mais basico de uma arquitetura, o papel de abrigar, proteger e controlar um espaço. “O sentido de um espaço não está nele ou em sua arquitetura, e sim nas pessoas que o acolhem, no grupo que se apropria dele como ‘casa’ e ali convive, solidificando afetos, nem que seja por um curto espaço de tempo. Este é o sentido de existência da arquitetura: transformar-se em lugar de acolhida, receptáculo de convivência”. (PAESE, 2016)
Vamos trazer como exemplo de casas de acolhimento três diferentes lugares, a Casa 1 em São Paulo, a Casa Nem no Rio de Janeiro e o Los Angeles LGBT Center que além do serviço de Acolhimento também realizam trabalhos sociais
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Casas de Acolhimento Segundo DAWSON (2015) “Por muito tempo, a homofobia e o medo de agressão verbal e fisica eram tão graves que as pessoas LGBT de fato precisavam de lugares especiais onde pudessem socializar sem sofrer intimidação. Isso ainda acontece em certo grau hoje.” Incluindo cenários como o próprio lar de uma pessoa.
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voltados para o Público LGBTQ+, e além desses lugares também falaremos brevemente do The Center que atua como centro comunitário voltado a população LGBTQ+
Casa 1
A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. A Casa 1 conta com três imóveis alugados na região central de São Paulo uma república de acolhida para pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsas de casa por suas orientações afetivas sexuais e identidades de gênero que comporta 20 jovens.
Conta também com um centro cultural, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativas, que tem como foco promover a diversidade cultural, fomentar a produção de conhecimento e cultura livre e constituir uma programação gratuita, inclusiva e de qualidade para seus diversos públicos. Em suas mais variadas propostas – oficinas, cursos, exposições, palestras, debates, exibições, etc. - o Centro Cultural se constitui como um espaço aberto e de diálogo, visando também a garantir um espaço seguro de criação e conhecimento para todas e todos gerando uma conexão com a vizinhança fazendo com o que os moradores do bairro e também quem transita o espaço tenha uma segurança por transitar nesse bairro em que eles vivem. Já o terceiro eixo é a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos pontuais e terapias complementares, sempre com uma perspectivas humanizadas e com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT. *Informações extraídas do site oficial.
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01 - Casa 1 02 - Casa Nem
Casa Nem
A Casa Nem é um espaço de acolhimento para pessoas LGBTIs em situação de vulnerabilidade social, com foco em transexuais e transgeneres. É um espaço autossustentável e festas são realizadas para ajudar nessa autosustentabilidade do local, que também recebe diversos tipos de doações. Na Casa Nem opressões são proibidas e o espaço abriga diversos projetos que se inclui o PreparaNem, CosturaNem, FotografaNem, YogaNem, Libras, voltado para as travestis, trans e a todes que se considerem Nem. Surgiu em 2016 para atender as necessidades de um cursinho pré-vestibular, o ‘PreparaNem’, voltado às pessoas trans. Muitas das alunas do curso tinham problemas de moradias vivendo em condições precárias e as vezes sofrendo violências domésticas. A Casa Nem já passou por ocupações na Lapa, Bonsucesso e Vila Isabel e atualmente reside em uma ocupação em Copacabana, onde os moradores ainda temem novo despejo. *Informações obtidas de matéria no jornal O Dia e no site Observatório G
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01 - Fachada do LA LGBT Center 02 - Evento Social - LA LGBT Center 03 - Evento Social - LA LGBT Center 04 04 - Evento Social - The Center
Los Angeles LGBT Center
O Centro LGBT de Los Angeles desde 1969 cuida, defende e celebra pessoas e famílias LGBT em Los Angeles e além, oferecendo programas, serviços e advocacia global que abrangem quatro grandes categorias: Saúde, Serviços Sociais e Habitação, Cultura e Educação, Liderança e Advocacia. Atualmente com quase 800 funcionários do Centro prestam serviços para mais pessoas LGBT do que qualquer outra organização do mundo, atuando na luta contra o fanatismo e na luta para construir um mundo melhor, um mundo em que as pessoas LGBT possam ser membros saudáveis, iguais e completos da sociedade.* *Informações extraídas do site oficial em tradução livre.
The Center
O Centro desde sua fundação em 1983 promove um ambiente acolhedor, onde todos são celebrados por quem eles são. O Centro é uma organização única que capacita os membros da comunidade a levar uma vida saudável e bem-sucedida. Uma importante organização da comunidade LGBT da cidade de Nova York, é um local onde as pessoas se encontram e fazem conexões, um sistema de suporte para os necessitados e um recurso inestimável. Oferece a comunidade LGBTQ+ dos programas de advocacia, saúde e bem-estar de Nova York; artes, entretenimento e eventos culturais; recuperação, paternidade e serviços de apoio à família. O Centro conta com um espaço de café, o Think Coffee, um jardim ao ar livre, o David Bohnett CyberCenter. Além de espaços de exposição, biblioteca, e um arquivo histórico sobre a comunidade LGBTQ+. *Informações extraídas do site oficial em tradução livre.
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Folha em Branco
CONTEXTO URBANO E LOCALIDADE
“... uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é um ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto.” Álvaro Siza
Figura 10 - Área de Intervenção ao Terreno com marcação do limite do bairro do Centro do Rio e da APAC da Cruz Vermelha Fonte: Google maps editado pelo autor
Contexto Urbano Para criar uma edificação que possa a atender ao objetivo central de acolher e qualificar o indivíduo é foi necessário buscar um lugar que atendessem a essas duas demandas e que pudesse acentuar as intenções projetuais. Dentre as características desejadas no terreno, a primeira, é a centralidade que atua em níveis distintos, em primeiro lugar no que diz respeito à centralidade metropolitana que o município do Rio de Janeiro exerce em comparação aos outros munícipios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, concentrando 72,3% dos empregos formais, 68,3% dos estabelecimentos formais e 64,66% do PIB da Região Metropolitana, dentro do próprio município essa distinção de empregos também se torna evidente, apontando uma concentração maior na área central do Rio, seguida por Botafogo, Zona Norte e Barra da Tijuca. A centralidade também reforça o Direito a Cidade do usuário da edificação a ser proposta “Direito à Cidade é o direito de todos os habitantes, presentes e futuros, permanentes e temporários, de habitar, usar, ocupar, produzir, transformar, governar e desfrutar de cidades, aldeias e assentamentos humanos justos, inclusivos, seguros e democráticos, defi idos como bens comuns essenciais para uma vida decente, que devem ser compartilhados e beneficiar todos os membros da comunidade”. (INSTITUTO PÓLIS, 2015)
O direito da cidade envolve todos os direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, como cidades livres de discriminação de todos os tipos de forma que a cidade integre as minorias e todo tipo de divercidade, incluindo a sexual; cidades com igualdade de gênero, onde a discriminação contra as mulheres seja combatida; cidades inclusivas, inde todos os habitantes possam ser considerados cidadãos e tratados com igualdade; cidades que cumpra plenamente suas funções sociais com acesso a casas, bens, servicos e oportunidades urbanas. O terreno de projeto se localiza no bairro do centro do Rio de Janeiro, próximo ao limite junto ao bairro de Santa Tereza, assumindo assim uma característica de transição entre o centro comercial e corporativo do rio de janeiro e a área predominantemente residencial do bairro de Santa Tereza.
Figura 11 - Quantidade de Empregos por UMI no Município do Rio de Janeiro e cidades vizinhas Fonte: Consórcio Quanta – Lerner editado pelo autor
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01 - Corpo de Bombeiros 02 - Museu da Polícia Civil 03 - Centro Empresarial do Senado 04 - Igreja de Santo Antônio dos Pobres 05 - Vista Aérea do Entorno com indicação de Edificações
Se localiza na Área de Preservação do Ambiente Cultural (APAC) da Cruz Vermelha, que “guarda muito da paisagem característica do início do século XX, marcadamente dominada por seus sobrados ecléticos.” (IRPH, 2012), o entorno imediato do terreno é marcado pela presença das edificações históricas, como o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, Museu da Polícia Civil do Estado do Rio De Janeiro, Igreja de Santo António dos Pobres e a Garagem Poula. O Centro Empresarial do Senado, concluído em 2012 e projetado por Edo Rocha Arquitetura, se encontra também no entorno imediato do terreno e cria um contraste com a ambiência histórica, tanto em suas proporções, com área construída de 18.835.144 m² e gabarito de 19 pavimentos na torre A e 15 na torre B, quanto em sua materialidade de uma estrutura metálica com grandes painéis de vidro, que segundo o arquiteto Edo Rocha serviria como um caleidoscópio para refletir as construções do entorno, “Por não ser paralelo aos edifícios existentes, o prédio torna-se um prisma, quase um elemento ótico, diferentemente das construções estáticas paralelas ou alinhadas à rua.” Diz Edo Rocha em texto para a Galeria da Arquitetura.
Quartel Central dos Bombeiros
Igreja de Santo Antônio dos pobres
Centro Empresarial Senado
Área de Intervenção
Museu da Polícia
O terreno se localiza na Rua do Senado 75, possuindo acessos também pela Rua dos Inválidos e Avenida Gomes Freire, com uma área total de 3.294,92 m². No terreno temos um vazio urbano entre as edificações do entorno e uma edificação tombada, a Garagem Poula.
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Por conta de seu posicionamento no interior das quadras o terreno de projeto fica sujeito a sombreamento por edificações ao retorno, como o prédio da Rua do Senado 65, que possui o maior gabbarito da quadra, e o Centro Empresarial do Senado.
Solstício de Verão - 9:00h
Podemos perceber pelo mapa abaixo a presença marcante da edificações de uso residêncial por quase toda região, em especial quando comparados a outros tipos de uso, como comercial e residencial. Na página ao lado podemos perceber através da visão serial o percurso que se dá no perímetro da área de projeto, no ponto 1, situado na Rua dos Inválidos e perpendicular a entrada ao terreno, podemos ver o contraste que é gerado entre as edificações ecléticas e a edificação do Centro Empresarial do Senado. Seguindo ao ponto número 2 chegamos ao cruzamento entre Rua dos Inválidos e Rua do Senado, a partir desse ponto e se seguindo para os pontos 3 e 4 podemos ver, cercado por tapumes, a área de projeto. No ponto 5 temos o cruzamento da Rua do Senado com a Avenida Gomes Freire, onde podemos ver uma unidade de tipologias arquitetônicas e também a presença de arborização urbana, que se mantém no ponto 6.
78 R. do Senado
Solstício de Verão - 15:00h
LEGENDA
Rio de Janeiro Google Street View
Solstício de Inverno - 09:00h
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Solstício de Inverno - 15:00h
1-A
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2-A
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3-A
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4-C
2014
5-A Captura da imagem: dez. 2014
Š 2020 Google
Figura 18 - VisĂŁo Serial Fonte: Google Maps editado pelo autor A C 2 D B
A 1 B
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3 B
A 4 B
C
A C 5 D B
A 6 B
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Garagem Poula
A Garagem Poula, inicialmente conhecida como Cocheira Recreio, fundada em 1895, em recorte histórico do livro Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd’s Greater Britain Publishing Company, Ltd. podemos ver o ambiente histórico de sua época ressaltando a importância da empresa dentre outras do seu segmento: “A Cocheira Recreio, propriedade dos srs. S. Mendes & Cia., foi fundada, em pequena escala, em 1895. Hoje é um das mais importantes empresas deste gênero e tem a sua sede principal em magnífico edifício próprio à Avenida Gomes Freire, 50, e Rua do Senado, 57, 59 e 61. Além da casa matriz, possui as seguintes sucursais: Rua do Catete, 269; Rua Haddock Lobo, 122; Rua Camerino, 82 e 84; Rua Senador Euzebio, 192; Praça Engenho Novo, 26 - todas estas em edifícios próprios; e mais à Rua Cristóvão Colombo, 82; Praça Tiradentes, 53; Rua Conde de Bomfim, 1.291; e Estrada Nova da Tijuca, 1.533. Possui a Cocheira Recreio mais de 300 carruagens diversas - cupês, berlindas, vitórias, vis-a-vis etc. etc. Para tração destes veículos, tem 200 cavalos, 1.000 bestas e um pessoal de 300 empregados. As suas oficinas são modernas e dispõem de maquinismo completo para toda a sorte de consertos.” (IMPRESSÕES DO BRAZIL NO SECULO VINTE, 1913) 01
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01 - Planta baixa da Garagem Poula 02 - Fotomontagem da Fachada (atual) 03 - Recortes de Jornais que mencionam a Garagem Poula e Cocheira Recreio 04 - Fachada da Garagem Poula
05 - Fachada da Garagem (Séc. XX) 06 - Estado atual da Edificação 07 - Foto da Esquina da Garagem
No dia 05 de maio de 1987 com o decreto 6.606 o imóvel tem seu tombamento determinado na esfera municipal, tendo dentre as demais condicionantes de tombamento a solicitação da Associação de Moradores e Amigos do Centro – AMAC expressa em documento com número expressivo de assinaturas. Por volta dos anos 1990 começou-se o processo de abandono no imóvel que veio se deteriorando com o passar dos anos, fazendo com que a edificação se encontre no estágio atual onde apenas se mantém a fachada e com sérios danos.
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Legislação e Zoneamento As leis e decretos aqui compilados contêm diretrizes e normas a serem seguidas na concepção do projeto, destacaremos neste trabalho como fundamentação para o mesmo, servindo de estudo do planejamento urbano da cidade e das áreas de interesse público, obedecendo as normas cabíveis no local em que a área de estudo se encontra. LEI COMPLEMENTAR N.º 111 DE 1º DE FEVEREIRO DE 2011 TÍTULO II DO ORDENAMENTO TERRITORIAL CAPÍTULO I DO USO E DA OCUPAÇÃO DO SOLO Seção I Da Estrutura Urbana Básica Art.10. A estruturação urbana do Município observará as seguintes diretrizes: I - valorização das centralidades e subcentralidades existentes e indução de novas centralidades na malha urbana; II- fortalecimento da ligação das novas centralidades com os centros funcionais existentes na cidade e com os Municípios da região metropolitana;
2.Promover a diversificação do uso e ocupação na Área Central, por meio de:
- Incentivo ao uso residencial, misto com residência e de hospedagem;
4. Estimular a reconversão de imóveis tombados e preservados, para o uso comercial e de serviços complementares ao uso residencial, atividades de hospedagem, apoio ao turismo, culturais, artísticas e de lazer. 6. Priorizar a requalificação em áreas urbanas com alto potencial para a reprodução dos investimentos. DECRETO Nº 322 DE 3 DE MARÇO DE 1976 Aprova o Regulamento de Zoneamento do Município do Rio de Janeiro. Art. 48 A atividade de ensino é: I - Adequada em CB (com exceção de CB-1 de ZT) e em AC:
V- valorização das vocações e potencialidades dos bairros, de forma a promover sua revitalização e qualificação urbano-ambiental;
5 - Em CB (menos em CB-1 de ZT) e em AC: ensino não seriado (curso livre) em loja e em sala comercial até o terceiro pavimento da edificação, com exceção das atividades de ensino de artes, corte e costura e trabalhos manuais, que poderão ser exercidas em loja e em sala comercial localizada em qualquer pavimento.
CAPÍTULO II DO MACROZONEAMENTO Seção I Das Macrozonas de Ocupação
Art. 57 As hospedarias são permitidas em CB, AC e em ZIC, obedecidas as seguintes condições: II - Em CB-1 e CB-2 de ZP, CB-3, AC e ZIC, em edificação de uso exclusivo ou sobre pavimentos destinados a lojas, com uma única numeração.
Art. 32. As Macrozonas de Ocupação são:
Art. 59 Hotel e hotel-residência são permitidos nas zonas e condições seguintes:
I . Macrozona de Ocupação Controlada, onde o adensamento populacional, a intensidade construtiva serão limitados, a renovação urbana se dará preferencialmente pela reconstrução ou pela reconversão de edificações existentes e o crescimento das atividades de comércio e serviços em locais onde a infraestrutura seja suficiente, respeitadas as áreas predominantemente residenciais;
I - Hotel é: 1 - adequado: b) em AC, CB e ZIC, em edificação de uso exclusivo ou em unidade autônoma de edificação mista que disponha de acesso independente do restante da edificação;
ANEXO III DIRETRIZES POR MACROZONA DE OCUPAÇÃO
Art. 60 As instituições filantrópicas, assistenciais, beneficentes e culturais têm a sua sede administrativa:
Figura 22 - Fachada da Garagem Poula Fonte: Miguel Saint-Yves
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MACROZONA DE OCUPAÇÃO CONTROLADA
I - Adequada em CB, AC e ZIC: 1 - Em edificação de uso exclusivo; 2 - Em loja; 3 - Em sala comercial. Art. 70 A atividade de restaurante é: I - Adequada em: 1 - CB, AC e ZIC: a) em edificação de uso exclusivo; b) em loja. II - Tolerada em: 2 - CB-2, CB-3, AC e ZIC, em sala comercial: LEI Nº 2.236 DE 14 DE OUTUBRO DE 1994 Define as condições de uso e ocupação do solo da Área de Especial Interesse Urbanístico da II Região Administrativa – Centro Seção II Das Condições de Uso e Ocupação do Solo na Área de Especial Interesse Urbanístico da II R.A. – Centro Art. 4.º - O uso residencial permanente e transitório é adequado em toda a Área de Especial Interesse Urbanístico da II R. A.
DECRETO Nº 11.883 DE 30 DE DEZEMBRO DE 1992 Cria e delimita a Área de Proteção do Ambiente Cultural da área conhecida como CRUZ VERMELHA e adjacências, situada no bairro do Centro, II R.A. Art. 2.º - Para efeito de proteção do patrimônio da Área de Proteção do Ambiente Cultural referida no artigo anterior, ficam preservadas e sob tutela do órgão executivo do patrimônio cultural as edificações relacionadas no Anexo II deste decreto. Art. 3.º - Nas edificações relacionadas no Anexo II deste decreto ficam mantidas a altura, a volumetria e os elementos construtivos, incluindo materiais de revestimento, elementos decorativos, estatuárias, luminárias, vitrais, portas, portões e escadarias. Art. 9.º - Para efeito de proteção da ambiência das edificações de interesse cultural, a altura máxima das edificações situadas na área definida no Anexo I será fixada conforme o Anexo III deste decreto. Art. 12 - Ficam revogados os limites de profundidade e as áreas coletivas estabelecidos pelos antigos projetos de alinhamento. Art. 17 - As edificações protegidas são passíveis de reforma e transformação de uso, atendidas as seguintes condições: 1)- sejam respeitados os elementos morfológicos originais das fachadas, os telhados e a volumetria, podendo ser exigida a retirada de elementos que porventura comprometam a integridade da edificação; a descaracterização desses elementos obrigará o infrator à sua recomposição, sem prejuízo da aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente; Art. 18 - Nas edificações protegidas o projeto para transformação de uso deverá ser aprovado pelo órgão executivo do patrimônio cultural. Parágrafo único - No caso dos imóveis tombados deverão ser consultados os órgãos responsáveis pela respectiva tutela, em nível federal, estadual ou municipal.
Art. 5.º - Na Área de Especial Interesse Urbanístico da II R.A. são permitidos quaisquer tipos de edificação, sem limitações no que concerne:
ANEXO II. LISTAGEM DE IMÓVEIS A PRESERVAR
I - a projeção horizontal em lotes não sujeitos à limites de profundidade ou a áreas coletivas; II - ao número de edificações no lote.
ANEXO III ALTURA MÁXIMA DAS EDIFICAÇÕES
Av. Gomes Freire [...] 306/306-A (BTM), [...]
ALTURA MÁXIMA 12,50m
NÚMERO DAS QUADRAS Q.1 [...] Foto 24 - Vista interna do terreno em direção do Centro Empresarial do Senado Fonte: Reprodução/Internet
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Folha em Branco
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Praça das Artes Local: Av. São João, 281 Centro São Paulo - SP, Brasil Autor:
Ano: 2012 Área: 28.500m²
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01 - Vista da Rua 02 - Vista interna da praça 03 - Diagrama explicativo 04 - Planta do Térreo
o espaço físico é composto por uma série de lotes que se interligam no miolo da quadra, voltados para três frentes de ruas, no coração da cidade. o lugar contém marcas e memórias de diferentes épocas, retratadas nas arquiteturas do conservatório dramático e musical, na fachada do cine cairo e, também, nos edifícios que o cercam. resultado dos desacertos de um urbanismo que sempre se submeteu à ideia do lote, à lógica da propriedade privada da terra, contém um ‘estoque’ de espaços vazios, subutilizados ou ociosos, abandonados, esquecidos, esperando que a cidade volte a ter interesse por eles. assim como em quase toda a região central da cidade, tal lugar tem uma vizinhança predial caótica do ponto de vista volumétrico, das normas de insolação e ventilação saudáveis. entretanto, possui uma situação privilegiada de humanidade ao seu redor, pleno de diversidade, vitalidade, mistura de classes sociais, de usos, de conflitos e tensões característicos da grande cidade – espaço da convivência e da busca de tolerância. enfim, o lugar é rico em urbanidade.
05 - Vista da Rua 06 - Sala de Dança 07 - Vista interna da Praça
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o rico e complexo programa de uso da praça das artes está focado no estudo e na prática ligados à musica e à dança, com um intenso caráter público de convivência, que permeia todo o conjunto. as atividades musicais são representadas pelas orquestras sinfônica municipal e experimental de repertório, pelos corais lírico e paulistano, pelo quarteto municipal de cordas, pela escola municipal de música e pela sala de concertos do antigo conservatório dramático e musical. as atividades de dança são representadas pelo balé da cidade e pela escola de bailado. além destes organismos, o conjunto abriga um centro de documentação, a discoteca oneyda alvarenga, galeria de exposições, áreas administrativas, de convivência, restaurantes, cafés e estacionamento em dois níveis de subsolo. *Informações extraídas do site do Brasil Arquitetura
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Escola NAVE Local: Rua Uruguai 204, Tijuca, Rio de Janeiro Brasil Autor: Oficina de Arquitetos Ano: 2009 Área: 8.600m²
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O projeto para o Colégio Estadual José Leite Lopes e NAVE (Núcleo Avançado em Educação) tomou corpo na parceria entre o Instituto OI Futuro e o Governo do Estado do Rio de Janeiro. O local de implantação da escolar consiste em um bloco de dois edifícios onde, atualmente, funciona o Centro de Distribuição de Linhas Telefônicas da OI. O desafio inicial do projeto foi adequar os dois usos de forma simultânea, mantendo o isolamento das áreas técnicas do centro de distribuição e ao mesmo tempo criando uma circulação independente para o restante da escola. Os andares mantem sua estrutura original, com janelas e o sistema de ar condicionado já existente, entretanto foram inseridas as salas de aulas e outros espaços como volumes independentes dentro do andar.
Boutique Hostel Forum Local: Široka ul. 20, 23000, Zadar, Croácia
O projeto foi feito em um hotel padrão dos anos 60, essa renovação do Boutique Hostel Forum aumentou a capacidade de ocupação.
Autor: STUDIO UP
O edifício é visto como uma versão privatizada de um hostel típico, pois cada quarto e a configuração de cama no interior contêm uma configuração mais isolada em comparação com a maioria dos outros albergues, com apenas quatro cabines de dormir por quarto. Criando nichos individuais para cada cama O edifício também contém unidades de tipo de hotel.
Ano: 2012
O 1º e o 2º andares contêm quartos privatizados do tipo albergue, enquanto o piso superior contém quartos estritamente do tipo hotel. *Informações extraídas do trabalho: Resilient Coast Leisure Environments (Arck 7130 02 Master’s Research Studio)
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SESC Pompéia Local: R. Clélia, 93 - Barra Funda, São Paulo - SP
“A reabilitação de uma antiga fábrica, local de trabalho duro, sofrimento de muitos, testemunho do trabalho humano, e sua transformação em centro de lazer, sem o apagamento dessa história pregressa, fazem do Sesc Pompeia um espaço especial.
Autora: Lina bo Bardi
O cuidado da recuperação em deixar todos os vestigios da antiga fábrica evidentes aos olhos dos frequentadores - seja nas paredes, nos pisos, telhados e estruturas, seja na linguagem das novas instalações - fez que o espaço iniciasse sua nova vida já pleno de calor e animação. Com alma e personalidade.” (FERRAZ, 2013)
Ano: 1986 Área: 23.571 m²
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O projeto do SESC Pompéia toma partido da antiga estrutura da fábrica pré-existe e usa para criar diferentes espaços de convívio. No bloco edificado, divido por um corrego, Lina se apropria do gesto do abraço, criando duas edificações que se complementam e se ligam atráves de um conjunto de passarelas, a Fabrica passa a ter sua ideia subvertida e o trabalho se transforma em aliado do lazer.
Los Angeles LGBT Center Anita May Rosenstein Campus Local: 1118 N McCadden Pl, Los Angeles, CA 90038 Autor: Killefer Flammang Architects
Ano: 2019 Área: 185560 ft² (17239,09 m²)
Como já citado anteriormente, Los Angeles LGBT Center é uma das maiores organizações voltada para pessoas LGBT do mundo e em 2019 inaugurou seu novo campus, Anita May Rosenstein Campus. São duas alas. Uma delas tem 100 camas e 25 microapartamentos para jovens em situação de risco; a outra terá 98 unidades de baixo custo para idosos. Elas são ligadas pelo “Hall do Orgulho”, uma área comum em que dois dos segmentos mais vulneráveis da comunidade LGBT+ podem se encontrar, se conectar, cozinhar e comer juntos. “Quando você pensa em um centro LGBT, pensa: ‘ah, um espaço alugado com banquinhos para você sentar e falar como as coisas são horríveis e como é difícil’”, diz Darrel Cummings, diretor de funcionários, em uma entrevista ao HuffPost . “Aqui temos luz natural por toda parte. E para quem é este espaço? Para pessoas de baixa renda ou sem-tetos. Criamos uma estrutura como essa porque acreditamos que essas pessoas a merecem.”
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Folha em Branco
PROJETO
Metodologia de Projeto Um projeto arquitetônico surge de diversas formas diferentes, desde composições que seguem regras mais rígidas com parâmetros e procedimentos já estabelecidos, até composições em que a obra é formada sem predefinições, dispondo de maior liberdade para o arquiteto em sua composição. Paulo Mendes da Rocha como relatado no livro Maquetes de Papel, em uma oficina que expõe a gênese de alguns de seus projetos, ressalta as questões que precisam ser resolvidas em um projeto. “Nós resolvemos problemas” (ROCHA, 2007) fala Paulo Mendes da Rocha ao se referir das especificidades de um projeto de arquitetura, onde, a partir dos problemas apresentados surgem soluções que ajudam a conduzir o rumo do projeto. Alberto Campos Baeza também vai falar sobre o projeto da arquitetura em seu livro La Idea Construida em fala sobre a complexidade das ideias na arquitetura: As ideias que dão origem à arquitetura são conceitos complexos. A COMPLEXIDADE na arquitetura é típica da IDEIA. IDEIA que aparece como uma síntese dos fatores concretos que coincidem no fato arquitetônico complexo: CONTEXTO, FUNÇÃO, COMPOSIÇÃO E CONSTRUÇÃO. CONTEXTO que diz relação ao Lugar, à Geografia, à História. FUNÇÃO que a arquitetura gera com seus “para que?”. COMPOSIÇÃO que ordena o espaço com seu como geométrico. Com dimensão e proporção. Com a ESCALA. CONSTRUÇÃO que torna esse espaço realidade com sua aparência física. Com a estrutura, os materiais, a tecnologia. Dirigindo GRAVIDADE. Com MATÉRIA. (BAEZA, 1996)
Contexto O contexto atua como uma herança do tempo para nosso projeto, ele atua de forma imutável, trazendo a necessidade de nos adequarmos e de entendê-lo para que possamos ancorar nossa obra na sociedade. Nos capítulos anteriores analisamos o Histórico da Comunidade LGBTQ+, que aqui compõe nosso contexto social, e o Contexto Urbano, onde lidamos com as relações da cidade, ao histórico do entorno e parâmetros legais. Esses dois contextos são responsáveis por, juntos, criarem nossos problemas a serem resolvidos.
Quem serão os usuários da edificação?
Os jovens LGBTQ+ a serem acolhidos; Membros da comunidade LGBTQ+ em busca de um local em que possam expressar suas identidades livremente; E Familiares dispostos a reestabelecerem vínculos e/ou criarem vínculos.
Para quê esses usuários vão buscar a edificação?
Logo podemos dizer que adequar à função de que Baeza fala nada mais é que uma resposta ao problema que foi levantado anteriormente, como explicita Paulo Mendes da Rocha. Apesar de sabermos que “o ato de projetar não é uma atividade que se manipula por meio de uma sequência de procedimentos logicamente encadeados ou dedutíveis, como numa experiência supermetódica ou científica” (PERRONE, 2014) buscamos aqui apresentar toda a conceituação da ideia a ser projetada de forma mais clara possível, tomando como metodologia os conceitos aqui abordados. Figura 28 - Nuvem de Palavras Fonte: autor
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Existir
ter existência real, ter presença viva; viver, ser.
Quais relações são desejáveis que essa edificação possa gerar com o entorno imediato? No que tange a materialidade busca-se um respeito com a ambiência histórica preservada com o local, tanto no que diz respeito à edificação tombada da Garagem Poula, quanto no que diz respeito à nova volumetria que será projeta; No que se refere às relações urbanas, espera-se que a edificação possa se integrar ao meio urbano e vir a somar na vitalidade urbana da região, espera-se também que sejam exploradas as relações dos espaços semi-públicos gerados pela edificação. Com alguns dos problemas gerados pelo contexto postos em pauta devemos avançar para a Função que como dito por Baeza gera os “para o quê?”
Resistir
conservar-se firme; não sucumbir, não ceder.
Função
Sobreviver
permanecer vivo depois de (algo); continuar a viver ou a existir.
Esses objetivos se somam aos problemas levantados anteriormente e geram uma demanda de soluções que devemos almejar nesse projeto de arquitetura. Tomemos como ponto de partida da conceituação da função do projeto o título deste trabalho:
ter vida, estar com vida; continuar a existir; perdurar, permanecer; morar, habitar.
Um lugar para aprender a (sobre) viver
Trabalhar com a função de um projeto não é apenas lidar com a solução dos problemas criados pelo contexto como também é atender aos objetivos propostos no principio deste trabalho, que de forma sintetizada são: Acolher e qualificar o indivíduo para a vida social; Criar um ponto de propagação da cultura LGBTQ+; Criar um local para a difusão de individualidades; E Reestabelecer vínculos pessoais e familiares.
Viver
Figura 29 - Diagrama Explicativo do Título Fonte: autor
Aprendizado
ato, processo ou efeito de aprender; prática, experiência, aprendizagem.
Lar de Aprendizado e Vivências para Jovens LGBTQ+ Lar
a casa de habitação; grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto; família.
Vivências
o fato de ter vida; o processo de viver; Conhecimento adquirido no processo de viver ou vivenciar uma situação ou de realizar alguma coisa; experiência, prática.
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01 02 03 04 -
01 02 03 04
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Quando caracterizamos a edificação como um LAR de APRENDIZADO e VIVÊNCIAS nos apropriamos mais que do sentido literal da palavra como também nos apropriamos do arquétipo arquitetônico que essas palavras carregam. Lar remete a casa, habitação, grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto, faz analogia a função primeira da arquitetura atendendo os desejos mais essenciais dos seres humanos: abrigo proteção e controle sobre seu ambiente (CHING, 2014); Aprendizado é o ato ou efeito de aprender, remete a escola, local de transmissão de conhecimentos e atitudes necessárias para que o indivíduo possa se integrar a sociedade (KOWALTOWSKI, 2011); E por fim vivências são definidas como o processo de viver, coisas se se experimentou vivendo, ou ainda o conhecimento adquirido no processo de viver, ação que aqui faremos uma analogia ao arquétipo de um centro comunitário, onde as relações entre as pessoas assumem um papel importante de articulador do espaço. Através da sobreposição e justaposição dos arquétipos arquitetônicos que levantamos vemos soluções para os problemas apresentados anteriormente, definindo a setorização e delineando algumas características do programa de necessidades.
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Essas definições não só estabelecem à relação dos ambientes como deixam evidentes algumas decisões formais de áreas mais ou menos restritivas, criando diferentes camadas para a interação com a edificação.
A partir desses setores e tendo em mente sua relação e interação com os espaços públicos vamos gerar um programa de necessidades, pré-dimensionamento dos espaços e fluxogramas para que possamos ordenar a forma depois.
Temos na primeira camada do edifício o setor coletivo, que busca funcionar como um articulador entre o espaço público e a edificação, gerando espaços de permanência, como um café e uma biblioteca, salões para eventos e exposições, jardins e outros espaços ao ar livre.
Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento
No setor de educação temos salas para reforço escolar ou pré-vestibulares, salas adaptadas para o ensino de artes, dança, informática, além de espaços para uma qualificação profissionalizante, como a cozinha escola, que visa dar um oficio ao usuário da edificação. No setor de serviços temos um acesso independente e espaços restritos, está categorizados na primeira camada da edificação pela sua ligação direta com o espaço público para recebimento de insumos e despacho de resíduos. Na segunda camada do edifício temos espaços que não mais estão articulados diretamente com o espaço público, sendo acessiveis através do setor coletivo.
Figura 35 - Diagrama de Interação Público-Íntimo Fonte: autor
O setor de saúde é caracterizado, de forma geral, no tratamento de questões de ordem psicológica com salas para atendimentos em família ou grupo e salas individuais, no setor de administração temos os espaços para os funcionários e demais espaços para gestão da edificação como salas de reunião, arquivo e escritório. No setor de vivência ocorre uma articulação entre espaços informais de convivência entre os indivíduos acolhidos na edificação e a terceira camada da edificação, o setor de alojamento, com unidades individuais ou coletivas.
Tabela 01 - Pré-dimensionamento Setor Coletivo Fonte: autor
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Setor Coletivo
Setor Educação
Setor Serviço
Setor Alojamento
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Setor Vivência
Setor Administração
Setor Saúde
046 m² 100 m²
394 m²
125 m²
130 m² Figura 47 - Grafico de proporção das áreas aplicado ao Terreno Fonte: Autor
155 m²
372 m²
Figura 43 - Grafico de proporção das áreas Fonte: Autor
Composição
A partir deste momento já definimos os setores, programa de necessidades, pré-dimensionamento e fluxogramas e já temos material para iniciar nossa ordenação no espaço físico. Em primeiro lugar aplicamos diretamente as camadas de interação publica ao nosso terreno, através da morfologia do terreno já temos um ponto inicial para fazermos interações. Na imagem ao lado a camada intermediária gera um bloqueio nos fluxos dos três possíveis acessos, segmentando os setores coletivo, de serviço e de educação. Criando uma ligação entre os acessos da Rua do Senado e da Avenida Gomes Freire é formado um espaço contínuo e facilitando o fluxo no projeto.
Figura 48 - Grafico de proporção das áreas aplicado ao Terreno - Alteração Fonte: Autor
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01 - Maquete de Estudo 02 - Maquete de Estudo 01 02 03 - Volumetria 04 - Estudo de Fluxos sobre a Maquete
03 04
Usando da “Maquete como instrumento de desenho” (ROCHA, 2007) é feito uma análise volumétrica da área de projeto, pensando na divisão dos setores e fluxos do projeto. Gerando uma circulação que articula a Rua do Senado e a Avenida Gomes Freire, e gerando uma proposta de volumétrica aplicada ao terreno, demonstrando intenções projetuais de gabarito, áreas livres e composição volumétrica. A área coletiva permeia o edificio da antiga Garagem Poula e do novo bloco com acesso a Rua do Senado, ao mesmo tempo em que cria uma grande área livre no centro da quadra. As atividades de educação ficam no segundo pavimento e a área de alojamento se projeta no final do terreno mantendo o usuário a ser acolhido integrado na edificação mas ao mesmo tempo mantendo sua privacidade.
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