njr.cai cai!
MARCELO DOLA
njr.cai, cai!
Fanzine que homenageia o “futebol arte” do brasil. Contato: Marcelo Dola/Peba Edições Caixa Postal: 605 BH/MG – Brasil CEP:30161-970 https://www.flickr.com/photos/fotosdodola https://issuu.com/marcelodola https://khneira.blogspot.com khneira@gmail.com @hqsdola
Belo Horizonte, setembro de 2020.
Era uma vez...
Um rapaz que sonhava em ser jogar de futebol. Mas, na verdade, o que ele gostava mesmo era de holofotes, grana e show business. E atrás deste holofote, ele faz qualquer coisa.... até cair, cair, cair, cair, cair, cair, cair, cair, cair, cair..... Cair eternamente se assim for necessário.
! G N BA ! G N BA ! G N BA
Ele caiu com tanta veemência que rompeu a barreira do espaço tempo, e foi cair na história, em outros momentos. Rolou e quicou pelo tecido do tempo.
Caiu pelo tempo das primeiras copas, caiu junto com craques, caiu com pernas de pau, caiu com fartura, determinação e confiança, caiu pelo gramado, rolou sem pesar, caiu em comunhão, caiu sem compaixão, caiu, caiu, caiu!
Caiu pelo soco do pugilista, caiu pelo golpe de judĂ´, caiu no tatame, no arame, caiu sem razĂŁo, caiu tocado pelo vento, caiu mais rĂĄpido que um peido de jumento.
Caiu quando havia guerra, caiu quando se fazia a paz, caiu de tiro, de pedra, de fome, de cachaça, caiu quando ouviu o ratátátátátátátátátátátátátátátátátátátátá...
Á! T Á T TÁ A R
Á! T TÁ Á T RA
Á! T Á T TÁ A R
Á! T TÁ Á T RA
Caiu no golpe do capital, que ilude, confunde e embriaga, foi levado assim para longe de casa, virou astro, estrela e playboy queridinho do esporte mundial.
Foi viver uma vida de estrelato, abandonou a bola, a chuteira, a grama... vive atrĂĄs, para, e pelo holofote, estĂĄ sempre na mĂdia nunca mais veremos o drible, sua marca, aquilo que era seu forte.
Tentou enveredar por outras mídias, filmes, novelas e propagandas, sua atuação nestes lugares era de cair o queixo, não pela qualidade, e sim pela falta de eixo. Mas a ele isso pouco importava, crítica, ironias e desdem, se estava aparecendo na tela, não ligava para gozação, pois, para seus patrocinadores, holofote não se escolhe, e para ele, dinheiro nunca é demais e seu ego sempre pedi luzes, câmera e ação.
Trocou de clube para brilhar sozinho, nunca mais jogou nada, só se faz cair ao ver o zagueiro vindo, logo pensa que será presenteado com um lindo carrinho. É mais uma oportunidade de cair pelo gramado, rolando para todos os lados, mas, quando abri os olhos, percebe que ninguém mais liga para suas firulas, nota que de tanto amarrar a bola, armar confusão e ser mestre da enrolação, adversários, companheiros de clube e árbitros, estão cagando para sua pífia atuação.
Como todo astro de meia tijela também tira onda de garanhão, aparece com modelos manjadas, mulheres que assim como ele, nada mais almejam do que holofote, câmera, grana, uma união perfeita, de bobo da corte e cortesã.
Com essa vida de artista atribulada, agora não mais muleque se machuca quando recebe qualquer breque, joga uma partida em trinta, virou jogador chinelinho, que diariamente vai para o DM fazer gelo, fisioterapia e massagem, ao Sheik que pagou milhões para tê-lo em seu clube, só resta botá-lo em evidência, para vender camisas, cerveja e outras bujigangas, porque Sheik de verdade não leva volta nem vai a falência.
E assim ele vai caindo, não só no gramado mais também na vida, desperdiçando seu talento, frustrando torcedores e criando gerações de jogadores cai, cai, que por ignorância se espelham nesse espertalhão. Porém o mundo é cruel e sinistro, se não fizer o certo dentro e fora de campo, logo seu troco é previsto, essa história de jogador malandro é velha, quem não se garante hoje, amanhã leva na testa. Levante-se enquanto é tempo, ou cai de vez, absorto em seu próprio veneno.
M.DOLA