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Figura 51: Foto do adereço de cabeça do mestre-sala da Acadêmicos Rocinha

reconhecido nas práticas de executar adereços de cabeças de mestre-sala e portabandeira.

2.3 Desenvolvimento dos adereços de cabeças do casal de mestre-sala e porta bandeira da Unidos da Tijuca do carnaval de 2020

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Na elaboração do desenho e construção dos figurinos de carnaval, a impressão pelas formas e entrosamento, bem como, a utilização, exploração e distribuição de materiais e cores também são levados em conta. A perfeição nos acabamentos, os cuidados com a ergonomia para possibilitar uma boa evolução do casal e a uniformidade de detalhes deixam as escolas mais próximas da nota máxima.

Entretanto, as roupas e adereços do casal de mestre-sala e porta-bandeira não são julgadas no quesito fantasia de acordo com o manual do julgador. O olhar que se tem do casal é voltado para o elemento visual envolto por rituais e tradições. Logo, cabe ao Carnavalesco experimentar, no plano estético-visual, a caracterização de uma indumentária e seu adereço de cabeça, que flerte com o impacto da forma, volumetria e cores, e com o privilégio dos movimentos característicos ao casal, como informa LIESA (2020).

O adereço de cabeça é composto por uma espécie de capacete estruturado com arame para permitir o acréscimo de elementos decorativos verticais. O arame é forrado com espuma para que não machuque o brincante e, depois, forrado com tecidos e decorações (ALMEIDA e OLIVEIRA, 2019).

O encaixe na cabeça deve ser de forma suave. Não pode, de forma nenhuma, causar algum incômodo ao par, e deve ter um tamanho adequado para não atrapalhar a evolução com a bandeira. “O casal deve ter o máximo conforto, acolchoada com tecido como revestimento da armação de arame e espuma, o adereço tem que ser invisível para eles, devem esquecer que estão com ele”, finaliza Leonardo Leonel. Os autores Almeida e Oliveira (2019), comentam que o processo de confecção dos adereços de cabeça precisa ser cuidadoso, a fim de haver conforto para quem as usa no cortejo dos súditos de Momo.

Nesse contexto, o casal da Unidos da Tijuca, no ano de 2020, desfilou com o enredo intitulado “Onde moram os sonhos”, uma abordagem que tratou a Arquitetura e o

Urbanismo e os adereços de cabeças do mestre-sala e da porta-bandeira foram destaques em parte do enredo. A narrativa do enredo abordou o cenário do carnaval carioca como sendo um dos maiores espetáculos a céu aberto do planeta, em um lugar que é conhecido como Patrimônio Cultural Mundial, na categoria paisagem urbana, desde 2012, o Rio de Janeiro.

O enredo contou que a cidade tinha recebido, recentemente, o título de primeira Capital Mundial da Arquitetura, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela União Internacional dos Arquitetos (UIA). No ano em que o Rio seria a sede de importantes eventos internacionais, como o 27º Congresso Mundial de Arquitetos e o Fórum Mundial de Cidades, a Tijuca projetou seu desfile para explorar o passado, entender o presente e arquitetar o futuro.

O enredo mostrou a incrível capacidade do homem de criar espaços que possam servir de abrigo para diferentes atividades. E disse que ao realizar o seu trabalho, os arquitetos deixam registros que nos ajudam a compreender a nossa história. Templos, monumentos, casas, prédios, conjuntos habitacionais, parques, praças, ruas e avenidas revelam a contribuição de uma das mais antigas profissões. Das edificações da Antiguidade às cidades modernas, cada espaço ensina a cultura de seu tempo. Mas muitos são os desafios. É preciso conservar o patrimônio cultural da humanidade, além de resolver os problemas gerados pelo crescimento injusto e desigual, que se agrava nos centros urbanos e afeta a existência de todo o planeta (LIESA, p. 208, 2020).

A Tijuca percorreu a Avenida da Capital Mundial da Arquitetura e apresentou algumas de suas grandes realizações do passado até chegar às modernas metrópoles da atualidade e seus problemas. E convidou o público a participar do projeto de um futuro em que haja qualidade de vida e justiça social para todos. “Que venham os arquitetos e urbanistas do mundo! Vamos planejar o amanhã... Porque os sonhos vivem dentro de nós e é possível torná-los realidade, se trabalharmos juntos” (LIESA, 2020).

Nessa conjuntura, os croquis do casal do GRES Unidos da Tijuca, figuras de número 52 (cinquenta e dois) a 55 (cinquenta e cinco), foram criadas por mim e a equipe de carnavalescos. Tais estudos vislumbraram que o casal apresentasse, plasticamente, com seus figurinos de carnaval e os adereços de cabeças, elementos que lembrassem o profissional de arquitetura.

Figura 52: Estudo para geração do desenho da porta-bandeira da Unidos da Tijuca para o carnaval de 2020. Marcus Paulo. Arquivo Pessoal. 2019.

Figura 53: Croqui para geração do desenho da porta-bandeira da Unidos da Tijuca para o carnaval de 2020. Marcus Paulo. Arquivo Pessoal. 2019.

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