Revista Cartilha do Samba nº 7 (2016)

Page 1

Ano 9 - n. 6 - Fevereiro 2016

Arte, tradição e evolução: o bailado dos casais da avenida

É Festa! Corações Unidos do Ciep, 30 anos de cultura e educação

Chegou a nossa vez:

a Sapucaí é dos pequenos sambistas


Ai de quem não “reza da Cartilha”do Samba... Dizem por aí que “quem não gosta de samba bom sujeito não é”... Nós, que temos o frescor e a relevância de uma criança vamos além, e lançamos mão da vasta listagem dos Provérbios Portugueses para eleger um e decretar: Ai de quem não reza da Cartilha do Samba! Chegamos à nossa sétima edição de alma nova! Novos traços, novos horizontes... Mas sempre buscando trazer o que há de melhor no universo do Samba Mirim. Suas personalidades, suas novidades relevantes e seu tão vasto conteúdo histórico. Tudo isso com uma já tradicional linguagem simples e objetiva, comprometidos com a verdade e a isenção. Ah! E não é só da criançada que tratamos não! Afinal de contas, quem disse que para amar o carnaval se tem idade certa? Você leitor conferirá nas páginas a seguir que arte, cultura, educação e esportes, quando temperados com o nosso “bom e velho” samba, e, é lógico, também com o talento do carioca, podem sim transformar vidas e mudar os rumos da história!

Foto: Rodrigo Rigon

Editorial

Nossos astros são pimpolhos, petizes... Aliás, não só eles, mas também os guerreiros que trabalham o ano inteiro pelos sonhos de tantas crianças e pela realização do carnaval do Rio de Janeiro. Se na vida sempre é tempo de aprendizagem, no carnaval não poderia ser diferente! Tem coisa melhor do que “rezar da cartilha” do bom e velho samba? Praticamente uma receita de felicidade! Usar dos seus princípios, tradições e ensinamentos... O veículo impresso oficial da Aesm-Rio – Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro, que como honraria carrega a responsabilidade de se chamar “Cartilha do Samba”, tem a missão de informar, divertir e acima de tudo contribuir para o engrandecimento do maior Espetáculo da Terra. Queremos atingir principalmente a todo aquele que, como criança, nos dispensa sua especial atenção. Ai de quem não reza da Cartilha do Samba... Boa leitura e um feliz carnaval! Ricardo Dias | Editor

EXPEDIENTE Revista Cartilha do Samba Diretor Editorial: Arleson Rezende – MTB 34078/RJ Editor: Ricardo Dias Reportagens: Arleson Rezende, Ana Valéria Gonçalves e Ricardo Dias Textos: Edson Marinho, Jorge Castanheira, Pedro Paulo, Ricardo Dias e Bárbara Pereira Fotos: Bárbara Alejandra, Marcelo O’Reilly, Marcio Cassol, Rodrigo Rigon, Dayse King e Ana Valéria Gonçalves Projeto Gráfico e Diagramação: Diagrama Comunicação Capa: Casal da Aesm-Rio - Pablo Lima e Anna Clara - Foto: Márcio Cassol Agradecimentos: À diretoria da Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro, Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, RioTur, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria de Coordenação de Governo da Prefeitura do Rio, Tv Brasil, Jorge Castanheira, Vicente Datolli, Pedro Paulo, Célia Domingues e Bárbara Pereira. Agradecimentos Especiais: Marilene Monteiro, Érica Lobo, Bárbara Alejandra, Marcio Cassol, Marcelo O’Reilly, Laila, Machine, Fábio Fabato, Vinicius Ferraz, Levi Cintra, Selminha Sorriso, Carlinhos Brilhante, Bonifácio Junior, Viviane Martins, Waldyr Gallo, Polly Gomes, Jorge Edson, João Paulo Machado, Anna Clara, Pablo Lima, Edna Ramos, Luiz Antônio, Belenzinho, Mery Lug, Cremildes, Estelita Silva, Barbara Almeida, Pimpolhos da Grande Rio, Mestre Fafá, Mestre Hudson Luiz ( Taranta Neto) e Bar Baródromo. Tiragem: 10.000 exemplares distribuídos gratuitamente Circulação: Distribuição em todos os dias de desfiles na Passarela do Samba, instituições de ensino, centros culturais, agências de turismo, rede hoteleira e nas 16 comunidades das escolas de samba mirins.

2 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Diretoria Aesm-Rio Presidente: Edson Marinho Presidente de Honra: Paulo Cesar Alves Vice Presidente e Diretor Jurídico: Jorge Xavier Diretor Financeiro e Controle: Écio Bianchi Diretoria de Comunicação e Marketing: Arleson Rezende, Ana Valéria Gonçalves, Luis Pimenta e Ricardo Dias (Rick) Diretoria de Operações e Eventos: Alexandre Moraes e Carlos Eduardo Pinheiro de Menezes Diretor de Projetos e Relações Comunitárias: Ricardo Dias (Rick) Diretor de Políticas Públicas e Carnaval: Jefferson Rocha Diretoria de Patrimônio: Antônio Farias e Professor Sérgio Diretor de Planejamento e Desenvolvimento: Luiz Antônio Diretor Pedagógico: Érica Lobo Diretoria de Esportes e Lazer: Arthur Acácio e Ricardo Henrique Dias Diretor Musical: Hugo Bruno Diretora Sócio Cultural: Miriam Cervo de Barros Diretora Secretária: Maria das Graças de Carvalho Presidente do Conselho Deliberativo: Miriam Cervo de Barros Conselho Fiscal: Arcindo José e Patrícia Santos Locutores Oficiais: Marcelo Pacífico e Kayke Santos Aesm-Rio – Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro Rua Haddock Lobo, 72 – Sala 302 – Estácio Cep: 20211-270 – Rio de Janeiro Fone: (21) 3971 1922 Email: aesmrio@gmail.com Revista Cartilha do Samba | Veículo impresso oficial da Aesm-Rio Email: cartilhadosamba@gmail.com


Foto: Ana Valéria Gonçalves

MENSAGEM Edson Marinho, presidente da AESM-RIO

Cumprimento de uma missão P

ela trigésima sexta vez as escolas de samba mirins estarão desfilando e fechando com chave de ouro a grande festa na Passarela do Samba e levando nossos pequeninos foliões para mais um carnaval, contribuindo para manutenção da maior expressão da cultura deste país, o carnaval. Mas o processo ao qual passam agremiações, diretores, e até mesmo as crianças que fazem essa festa, em algumas vezes é cruel e, diria, até covarde, pela maneira com a qual o carnaval mirim é tratado. Descaso é um sentimento que não deve caber quando se trabalha durante todo um ano desempenhando um papel que muitas vezes é das autoridades legais. As escolas mirins não fazem somente carnaval, elas ensinam esses jovens a adquirir responsabilidade, respeito, disciplina e aplicação naquilo que desempenham. Isso os auxilia em suas formações morais, contribuindo assim para uma sociedade com espírito de cidadania no futuro. Temos a ciência que ensinar a tocar um instrumento, cantar e vestir uma fantasia, já é pouco, se tornou insuficiente. Temos como metas ensinar, mostrar origens, para que nossos jovens se portem melhor no futuro. Não ensinamos apenas a batucar ou sambar! Diante de alguns descasos e falta de reconhecimento, me questiono muitas vezes: será que um trabalho iniciado

há mais de três décadas não é benéfico? Faz tão mal assim? O porquê de tanto desleixo com projetos envolvendo 15 comunidades, ocupando mentes e em muitas oportunidades oferecendo um ofício, dando voz e espaço para que essa meninada possa desenvolver habilidades, os dando a chance de se tornarem referências em qual área do conhecimento for. E me respondo: Não! De forma alguma. Estamos no caminho certo e se continuamos fazendo, é porque, somos escolhidos por Deus. Temos uma meta, uma missão a ser cumprida. Por isso conclamo aos presidentes das escolas mirins e diretores da AESM-Rio para darmos continuidade ao nosso trabalho e seguir nosso legado, pois mesmo sem recursos e pouca estrutura oferecida por quem deveria prestar todo tipo de assistência – as autoridades governamentais realizamos um trabalho de sucesso. Se eles lá não fazem nada, faremos juntos por aqui! A todos um carnaval de muitas alegrias!

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 3


Foto: Divulgação

MENSAGEM Eduardo Paes, prefeito da Cidade do Rio de Janeiro

O carnaval do amanhã É

indescritível ver o poder de transformação social que o carnaval tem na vida das pessoas. Melhor ainda é saber que o futuro de nosso samba está em pequenas mãos que se dedicam e levam a sério a importância de manter essa tradição. Assistir a um desfile das escolas mirins é emocionante e motivador. Essa garotada entra na avenida com garra e muito samba no pé. É sensacional! Para incentivar esse trabalho, a Prefeitura do Rio mantém, há mais de 30 anos, o projeto “Escolas de Bamba”, do qual faz parte a agremiação Corações Unidos do CIEP. São dois mil alunos e 250 professores oriundos de escolas municipais da rede que, ao longo do ano, montam o desfile, aprendem os ofícios do carnaval e brilham na Marquês de Sapucaí na terça-feira de carnaval. Neste carnaval tão especial em que o Rio se prepara para receber os Jogos Olímpicos Rio 2016, a escola contará na Sapucaí a história da escrita com o samba-enredo “Riscos e rabiscos, construindo a nossa história”. Tenho a certeza que será um sucesso! Em outro projeto, o Ginásio do Samba, que funciona na escola Municipal Chile, em Ramos, a música é o destaque. Nesse, 350 alunos do 7º e 9º anos têm aulas de percussão,

4 | AESM-RIO | Carnaval 2016

cordas, teclas, sopro e canto, tendo o samba como fio condutor do trabalho. Nesses projetos, o objetivo é desenvolver talentos e manter viva a chama desse ritmo tão querido do carioca. Já revelamos muitos nomes no carnaval e queremos mais. Por isso, é muito importante prestigiar o trabalho dessas aguerridas agremiações. Esses meninos e meninas são o futuro! Eles são orgulho para a cidade! Um orgulho para o carnaval!


Foto: Ana Valéria Gonçalves

MENSAGEM Jorge Castanheira, presidente da Liesa

O crescimento do Carnaval Mirim A

primorar sua organização é a meta de toda entidade para poder crescer, superar desafios. Assim acontece com o Carnaval, com as Escolas de Samba. Quando, em julho de 1984, dez agremiações decidiram criar a Liga das Escolas de Samba, o grande objetivo era organizar a festa, organizar o desfile das Escolas de Samba. Desde então, felizmente, o espetáculo só fez crescer, evoluir, ocupar novos espaços e ganhar importância. Se antes não havia hora para acabar, hoje podese prever, salvo algum fato excepcional, claro, o horário de desfile de cada agremiação no Sambódromo. Com as Escolas de Samba Mirins acontece o mesmo. O trabalho desenvolvido pela AESM-Rio vem proporcionando, também para nossos jovens foliões, este crescimento. A organização que vem sendo implementada pela entidade só faz desenvolver as apresentações das crianças, lotando o Sambódromo e preparando os componentes para, no futuro, brilharem no desfile principal. O sentimento de organização vai sendo percebido desde cedo pelos pequenos foliões. E o espetáculo cresce, garantindo seu futuro e, principalmente, a preservação de nossas raízes e cultura popular. Bom Carnaval a todos!

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 5


Foto: Acervo pessoal

Nossa gente Lucas Donato

Foto: Ana Valéria Gonçalves

Começou sua carreira como compositor em 2011. Desde então, vem se destacando no seguimento sendo vitorioso nos concursos de sambas de enredo nas agremiações mirins Império do Futuro,Infantes do Lins, Pimpolhos da Grande Rio, Aprendizes do Salgueiro e Mangueira do Amanhã. O talentoso sambista também assina as parcerias vencedoras em grandes escolas como Império Serrano, Unidos de Bangu, Grande Rio e na agremiação paulistana Tom Maior em 2015.

Rafael Santos

Foto: Dayse King

O intérprete que integra o carro de som da Acadêmicos do Grande Rio desde 2004, defendeu os sambas de escolas mirins como Pimpolhos da Grande Rio, se tornando o principal cantor da Mel do Futuro. Rafael também pertenceu ao quadro de intérpretes das escolas da Série A Inocentes de Belford Roxo e Acadêmicos do Cubango.

Renato Santos

Edna Ramos A popular Fofinha, apesar da pouca idade já acumula um vasto currículo no Carnaval Carioca. Com passagem pelo GRCESM Golfinhos do Rio de Janeiro, foi na Estrelinha que ela ganhou Know-How de avenida, arrebatando diversos prêmios no Carnaval Mirim. Antes, Edna havia dançado como porta bandeira mirim na Santa Cruz, agremiação que em 2016 retorna assumindo a responsabilidade do segundo pavilhão. Ela também dançou com a bandeira da AESMRio por três carnavais, arrancando elogios encantados de ninguém menos que Jerônimo da Portela. Essa vai longe!

6 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Foto: Rodrigo Rigon

O mais jovem entre os presidentes de escolas de samba do carnaval carioca, iniciou sua trajetória como componente de ala na verde e rosa Infantes do Lins, aos cinco anos. Em 2008 passou a integrar o carro de som e assumiu o posto de principal cantor em 2011, permanecendo até 2014. Antes de assumir a presidência da agremiação, fez parte da equipe da direção de carnaval.


Foto: Ana Valéria Gonçalves

PANORAMA AESM-RIO

Aesm-Rio investindo no futuro Por Ricardo Dias

O ano de 2015 teve um sabor todo especial para a Associação das Escolas Mirins do Rio de Janeiro. Em vias de completar quinze anos de serviços prestados à nossa cultura e ao samba mirim no ano que vem, a instituição festeja muitas conquistas e grandes realizações, fruto do empenho de sua diretoria, parceiros e colaboradores, numa união de esforços visando sempre fomentar a educação e a arte da garotada amante do carnaval. Talvez a mais expressiva destas vitórias seja a alteração do horário de início dos desfiles, que antes era às cinco da tarde, e já a partir deste carnaval passará para as seis da tarde, uma iniciativa que visa o maior conforto dos pequenos componentes: ”Era extremamente triste uma escola se concentrar na Avenida Presidente Vargas debaixo do sol escaldante no verão carioca. A partir de agora pensamos que será mais confortável para eles, uma vez que estará bem mais fresco” – lembrou Edson Marinho, Presidente da Aesm-Rio. A mudança só foi possível por conta de acertos para uma maior tolerância no horário do término da festa. Outra mudança importante tange à dinâmica do espetáculo. Visando uma maior qualidade das apresentações e também a segurança dos desfilantes será usada uma quantidade maior de carros de som para atender às agremiações. Anteriormente o veículo da escola anterior tinha de passar pelo canto da pista durante a apresentação da co-

irmã seguinte por conta do tempo curto de intervalo entre elas. A partir de agora os carros que já cumpriram a sua atividade aguardam na dispersão e retornarão em um intervalo mais confortável programado pela Direção de Carnaval. O ano também foi de realizações que marcaram o calendário de eventos da Aesm-Rio e um exemplo disso foi o sorteio que definiu a ordem do desfile de 2016. A quadra do GRES Estácio de Sá serviu de palco para a grande festa que reuniu as agremiações e boa parte do Mundo do Samba. O Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira compôs a mesa junto do Presidente Edson Marinho que conduziu o processo. Já no ultimo mês de novembro foi a vez da Festa de Entrega dos Troféus Estandarte de Ouro Mirim e Olhômetro, que pela primeira vez foi realizada na segunda quinzena do ano. Os laureados receberam as honrarias na quadra do GRES Acadêmicos do Salgueiro com as presenças do Presidente da Lierj Déo Pessoa, do seu Vice Renato Martins o popular Thor e da presidente Regina Céli, que gentilmente cedeu a sua quadra para o evento. Na ocasião também foi lançado o CD com os sambas de enredo que as escolas cantarão neste carnaval. O brilho da festa ficou por conta da apresentação da Corte Mirim do carnaval 2016 junto do casal de mestre sala e porta bandeira da Aesm-Rio e também das agremiações que proporcionaram ao público presente um verdadeiro show de samba no pé. Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 7


Mestre Waldemiro Mestre Louro Mestre Marçal

Mestre André

Aos ‘pequenos grandes’ mestres com carinho Baterias de escolas mirins dão demonstração de evolução inspiradas nos pioneiros do segmento Por Arleson Rezende e Ana Valéria Gonçalves

O samba é contagiante pela emoção, espontaneidade e a alegria que transmite - e muitos desses sentimentos, vêm da audição de uma boa e cadenciada batucada. No carnaval, o chamado “coração da escola”, na realidade é o cérebro, pois é ele quem dita o ritmo e andamento de toda e qualquer agremiação durante um desfile. O que dita o malandreado do passista, a ginga da mulata e até o girar da baiana é a bateria pulsando forte. Desde as origens de nossa folia, as baterias quando ainda tinham seus instrumentos feitos a partir do aproveitamento de barricas, já imprimiam a emoção dos sambistas. Comprovadamente sem elas nossa maior expressão de cultura seria deficiente, pois é ela quem nos faz sentir algo que somente o admirador do gênero sabe explicar. No carnaval mirim não é diferente, pois nossos “pequenos mestres” transmitem esses ensinamentos a toda garotada com interesse em pulsar o coração da escola, sendo esses inspirados nos “grandes mestres” do passado - pioneiros por vocação e que deixaram para o sambista esse legado. A essa busca da perfeição devemos ao grandes nomes que trilharam o caminho das descobertas, ajudando a tornar o nosso show a cada ano melhor. E como não lembrarmos de Mestre André, inventor das paradinhas; Mestre Marçal, um dos responsáveis por tornar a bateria da Portela admirável; Mestre Louro, que deu à bateria do Salgueiro a característica de Furiosa e Mestre Waldomiro, que durante décadas deu o tom na batida sem resposta da Estação Primeira. Notoriamente respeitado por ritmistas da Mangueira e de outras agremiações, Waldemiro Tomé Pimenta, tinha como forte característica os “melhores ouvidos”, sendo o primeiro a utilizar o couro de gato no tamborim. Mestre Waldomiro que foi um dos precursores na bateria da verde rosa, assumindo o posto de mestre sete anos após a fundação da escola, através de um concurso no qual se sagrou vencedor. Por 50 anos esteve à frente dos ritmistas, ajudando na conquista de nove títulos. Nilton Delfino Marçal iniciou sua militância aos nove anos, tocando tamborim na escola de samba Recreio de 8 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Ramos. Percussionista por vocação aprendeu praticamente a tocar todos os instrumentos, se tornando assim, mestre. Marçal comandou a bateria da Portela por mais de 20 anos, deixando a azul e branco em 1985, tendo seus relevantes serviços prestados a Unidos da Tijuca e Unidos do Viradouro. Considerado por muitos com um dos maiores diretores de bateria do carnaval carioca e filho de um dos fundadores do Acadêmicos do Salgueiro - Lourival de Souza Serra (Mestre Louro), comandou a Bateria Furiosa de 1972 a 2003. Durante sua estada na vermelha e branca, além da nota máxima no quesito, ajudou a academia a conquistar títulos e importantes prêmios como o Estandarte de Ouro de melhor bateria em 1984, 1993,1998, 2000 e 2003, além de alcançar o mesmo prêmio como Personalidade em 1992 e 2007. O conceituado mestre também comandou as baterias da Caprichosos de Pilares e Unidos do Porto da Pedra. José Pereira da Silva, Mestre André - um dos fundadores da Mocidade Independente foi o inventor das paradinhas que tanto sucesso fazem durante a apresentação de qualquer bateria. Antecessor de grandes nomes na verde e branca de Padre Miguel com os mestres Jorjão e Jonas, o carnaval deve a ele uma parcela significativa do grande espetáculo que se tornaram as baterias das escolas. O percussionista José Belmiro Lima (Mestre Trambique) durante anos deu aulas para a criançada no Morro dos Macacos e na quadra da Escola Municipal Equador (antigo local de ensaios da Vila), sendo responsável pela formação de centenas de ritmistas. Trambique, na década de 1980 foi o responsável pela bateria mirim da Unidos de Vila Isabel e um dos fundadores dos Herdeiros da Vila. Seu trabalho é tido como referência entre sambistas e a prova foi o lançamento em 2015 da primeira mestre de bateria na história do carnaval Érika Santos. O samba mirim já deu provas que se tiver estrutura e vontade de trabalhar com crianças e jovens pode render excelentes frutos e tornar realidade promessas como foi o caso de mestres que na atualidade comandam tradicionais baterias


Mestre Trambique

Bateria Pimpolhos da Grande Rio Mestre Taranta Neto

como Chuvisco na Estácio de Sá, começando sua trajetória na Corações Unidos do Ciep; Tiago Diogo que aprendeu a batucar na Aprendizes do Salgueiro se tornando um dos discípulos de Mestre Louro no Salgueiro e atualmente comanda a bateria da Grande Rio; o saudoso Mestre Russo - da Estação Primeira de Mangueira e Mestre Marrom, que durante anos liderou os ritmistas da escola. Ambos começaram suas trajetórias na Mangueira do Amanhã. A verde e rosa mirim prepara outra revelação, Hudson Luiz (Mestre Taranta Neto), que traz no nome uma das referências da bateria da Mangueira, Mestre Taranta. “Realizamos escolinha de percussão e ensaiamos todas as segundas-feiras, com o objetivo de formar novos ritmistas. Atendemos garotos a partir dos seis anos. Para tocar na bateria da Mangueira do Amanhã, a criança tem que estudar, tirar boas notas e ser aplicado durante as aulas e ensaios” – declarou. O jovem que chegou na Estação Primeira ainda menino, com nove anos, já compõe a diretoria da bateria da agremiação. Outras escolas desenvolvem o trabalho de aprendizagem e aperfeiçoamento dos pequeninos ritmistas, como a Pimpolhos da Grande Rio, vencedora em 2015 do Troféu Estandarte do Samba Mirim de melhor bateria – premiação de maior destaque ofertada pela AESM-Rio através de uma avaliação feita por profissionais e entendedores em diversos segmentos do carnaval. O responsável pelas revelações na tricolor mirim é também uma promessa que desponta ser um dos grandes mestres no futuro. Fabrício Machado de Lima (Mestre Fafá) teve sua breve militância iniciada através de seu pai que por mais de uma década foi um dos diretores de bateria que auxiliaram mestre Odilon na tricolor de Duque de Caxias. “Meu envolvimento com o carnaval vem de berço, pois meu pai foi diretor de bateria e minha mãe tocou durante anos tamborim na Grande Rio. Está no sangue!” – ressaltou. Mestre Fafá realiza na quadra da escola mãe, os treinos da bateria da Pimpolhos e opina sobre o trabalho envolvendo crianças e jovens: “É muito importante o trabalho da oficina porque ela gera ritmistas para a escola mãe e outras agremiações também. Carnaval é um ciclo. Se não houver renovação, termina”. O jovem mestre há cinco anos é o responsável pelos ensinamentos prestados aos mais novos, contando com a estrutura oferecida pela diretoria da Pimpolhos. O encontro para a o aprendizado acontece aos sábados das 14h às 17h. O desfile de 2016 será o último de Mestre Fafá à frente dos ritmistas da Pimpolhos e revela não ter pensado muito no momento da despedida: “Confesso que não pensei muito sobre isso. Toda vez que entro na Sapucaí, acho que é meu primeiro ano”. O sambista formado nas bases da Grande Rio destaca o

Mestre Fafá

prazer de fazer parte da escola e ser grato à presidente Camila Soares pela oportunidade de se tornar um autêntico músico, não apenas um ritmista. “Sinto um prazer enorme em ter nascido pro carnaval na Pimpolhos. Pelas oportunidades oferecidas pela presidente, pela formação que ela me ajudou a adquirir. Graças a ela (Camila Soares) tive aulas de partitura, conseguiu bolsa de estudos onde aprendi a tocar violão. O que faço é na realidade um retorno de quem mais me deu do que eu estou dando”. O talentoso mestre se diz orgulhoso por formar uma bateria, não fazer uma bateria de catas ou sobras. Exalta o trabalho de formação dos ritmistas. A exemplo da Pimpolhos da Grande Rio e Mangueira do Amanhã as demais agremiações filiadas a entidade responsável por representar as escolas mirins também realizam as escolinhas ou oficinas de percussão. Seguindo esse modelo temos uma das baterias que mais revelam talentos, a Nova Geração do Estácio de Sá. Há mais de 20 anos fornecendo ritmistas para a Estácio de Sá e outras grandes escolas. “Os ensaios de bateria se iniciam em junho. Primeiro dando orientações às crianças de cada instrumento e sua importância dentro de uma bateria e depois ensinando a criançada a tocar. Nesses 20 anos de serviços prestados ao samba, já fornecemos centenas de ritmistas não só para a Estácio de Sá, mas para outras escolas como Salgueiro e Unidos da Tijuca” – revelou Jorge Piu-Piu, diretor da Nova Geração. A bateria da vermelha e branca mirim do Morro de São Carlos ensaia para a formação de novos talentos e possíveis conquistas de prêmios. Comandada por Mestre Rodrigo, de 19 anos - a Nova Geração levará um contingente de 100 ritmistas para o desfile. Outra agremiação que não se rende às adversidades é a Infantes do Lins. Apesar das inúmeras dificuldades, inclusive o fechamento da quadra da Lins Imperial, onde tradicionalmente a agremiação mirim realiza seus treinos, os ensaios da bateria aconteceram desde maio do ano passado, visando o carnaval de 2016. “Atravessamos constantes crises com enormes dificuldades, pela falta de um espaço para ensaiarmos nossas crianças. Fomos ensaiar nossa bateria num campo dentro da comunidade do Complexo do Lins, mas não deixamos de cumprir com nossa obrigação” – afirmou Renatinho, presidente da Infantes. Assim como as co-irmãs a Infantes do Lins cede aos blocos carnavalescos do grande Méier, Lins Imperial e até ao Arranco do Engenho de Dentro ritmistas, devido ao trabalho desenvolvido há 25 anos. A última grande revelação da bateria foi Mestre Laion, com passagens pela Acadêmicos da Abolição. Em 2016 mestre Renan comandará a bateria Verdadeira Furiosinha com 120 componentes. Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 9

Fotos: Internet, Rodrigo Rigon e Ana Valéria Gonçalves

Érica Santos


Foto: Divulgação

MENSAGEM Pedro Paulo, secretário de coordenação de Governo da Prefeitura do Rio

O que será do amanhã? U

m instrumento de transformação social é toda atividade que cria oportunidades de crescimento. Que combate desigualdades descobrindo e estimulando talentos. Assim é o esporte. E assim é o carnaval. Mas, se o Rio de Janeiro olímpico ainda deseja ampliar o investimento nos futuros atletas, no samba ele já fez escola e tem craques aos montes. Em todas as idades. Neste 2016 cheio de expectativas e esperança no amanhã, o esporte e o samba se fundem e confundem na tarefa de formar um futuro melhor, mais leve, criativo e talentoso, oferecendo a chance de uma formação pra lá de séria, mas nem por isso menos divertida. As 16 escolas que veremos cruzando a avenida nesta terça-feira representam, tanto quanto qualquer outra, o exercício de uma paixão e, por que não?, de uma vocação. Afinal, com crianças como ritmistas, compositores e puxadores de samba, além de todos os componentes, dá pra dizer que estamos diante de uma brincadeira levada a sério. A complexa e grandiosa cadeia produtiva voltada para a festa, a enorme tradição, o Sambódromo e a Cidade do Samba apenas reforçam: carnaval no Rio é profissão de fé. Aprendemos ainda crianças.

10 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Venham participar desta incrível festa. A entrada é franca e esta será uma das melhores oportunidades de ter contato com a verdadeira dimensão do amor pela nossa mais forte manifestação da cultura popular.


Foto: Márcio Cassol

Arte, tradição e evolução: o bailado dos casais da Avenida “O mundo para naquele breve instante em que eles se apresentam” Fabato, Fábio (Janeiro de 2016) Por Ricardo Dias

Quem nunca se pegou inebriado pelos encantos de uma porta bandeira, seu sorriso, graça e elegância? Ou igualmente hipnotizado pelo riscado, garbo e altivez de um mestre sala intrépido? Personagens fundamentais, nobreza personificada, guardiões do que há de mais precioso nas escolas de samba: o pavilhão oficial. Talvez os mais importantes do carnaval... Eles são os detentores da representatividade maior das instituições carnavalescas traduzida em tão precioso símbolo. Talvez isso explique tanta mística em torno deles. Seus trajes nos remetem ao distante século XVIII e a história nos conta que tais funções tiveram origem no período da colonização quando a corte portuguesa promovia o entrudo nas casas grandes. Durante as brincadeiras realizadas do entrudo, um casal de escravos passou a acompanhar o movimento andando atrás do festejo, admirados com os

casais que bailavam com roupas de gala. Com o tempo os negros adotaram o entrudo como festa e eles imitavam os senhores por gozação, uma brincadeira que agradou tanto que acabou se tornando uma tradição da festa. No entanto fontes diversas apresentam outras versões. Alguns estudos apontam que a dança remonta um ritual de moças africanas em preparação para o casamento, e de guerreiros que as cortejavam dançando; outros apontam até para os sepultamentos de negros importantes. Em ocasiões especiais, tribos africanas procuravam se identificar através de panos coloridos presos na ponta de estacas, o que nos remete a uma bandeira. É muito fundamento. As atuais escolas de samba receberam esta tradição dos extintos ranchos, onde existiam o baliza e a porta estandarte. O baliza tinha a função de defender o estandarte das instituições. Com movimentos inspirados na capoeira eles se valiam até de navalhas escondidas em seus leques,

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 11


Fotos: Márcio Cassol

numa época que era comum alguns grupos rivais furtarem os pavilhões concorrentes, já a porta estandarte era só graciosidade e imponência. Mas foi no samba que a dança ganhou suas características próprias, sempre se fazendo valer de majestade tão peculiar. Nas primeiras agremiações, a formatação maior do bailado ímpar cultuado por tantos até hoje. Os casais se tornaram parte do regulamento a partir de 1938, no entanto somente em 1958 é que passaram a fazer parte do julgamento. No início da década de 80 houve uma tentativa de que eles deixassem de ser quesito, mas logo voltaram atrás na ideia, e hoje os casais carregam a responsabilidade de serem dos mais importantes e valorizados postos de uma agremiação. Quantas “damas do dia a dia”, e quantos trabalhadores anônimos desciam dos morros para se tornarem verdadeiros reis e rainhas da folia marcando época em suas agremiações. A Cartilha do Samba nem se atreverá em citar nomes, já que seria bastante injusto esquecer algum. À eles toda nossa

gratidão pelos momentos inesquecíveis protagonizados em nossa “Ópera Popular”. Verdadeiros apaixonados em um tempo que se dançava por amor à agremiação. Os tempos são de fato outros, no entanto a magia permanecerá eternamente. O quesito evoluiu, virou negócio, profissão e o carnaval também ganhou novos contornos... Mas “o show terá que continuar”, e disso não se resta dúvida. De olho nestas transformações, a Aesm-Rio em parceria com o Bar Baródromo, numa iniciativa pioneira no sentido de proporcionar aos talentos do amanhã uma forma de “beberem” de verdadeiras fontes da sabedoria, promoveu o encontro que batiza esta matéria, o seminário “Arte, Tradição e Evolução: o Bailado dos Casais da Avenida’, um encontro inesquecível que contou com toda a experiência do jornalista e escritor Fábio Fabato no papel de mediador. O intrépido sambista já promoveu diversos eventos deste cunho, além de ter no currículo a curadoria e a idealização da série “Família do Carnaval” pela Editora Nova Terra, entre outros títulos.

“Os tempos são de fato outros, no entanto a magia permanecerá eternamente. O quesito evoluiu, virou negócio, profissão e o carnaval também ganhou novos contornos... Mas “o show terá que continuar”, e disso não se resta dúvida”

12 | AESM-RIO | Carnaval 2016


Fotos: Márcio Cassol

Na roda de discussão nomes como Selminha Sorriso, primeira porta bandeira do GRES Beija-Flor de Nilópolis; Carlinhos Brilhante, mestre sala ganhador do Troféu Estandarte de Ouro pela Unidos de Vila Isabel em 1988; Bonifácio Júnior, coreógrafo e mestre de cerimônia dos primeiros casais da Mocidade Independente e da Unidos de Padre Miguel; Poly Gomes, porta bandeira e produtora de shows; Jorge Edson, mestre sala e coreógrafo de balé afro; João Paulo Machado, coreógrafo de casais e produtor cultural; Viviane Martins, porta bandeira e coordenadora do Projeto Minueto do Samba; Waldyr Gallo coordenador do Projeto Madureira Toca Canta e Dança; Belenzinho mestre sala e coordenador do Projeto Fundarte; Mery Lug, porta bandeira e instrutora do projeto Fundarte; Estelita Silva, presidente Projeto Madureira Toca Canta e Dança; Luiz Antônio diretor de harmonia e responsável pelo casal da Aesm-Rio e Dona Cremildes da Federação dos Blocos. Foram abordados assuntos como comportamento, caráter, profissionalismo além das muitas histórias vividas por todos os bambas presentes no Bar Baródromo durante as três horas de seminário. Participaram da roda também os motivos principais do evento: as crianças. Pablo Lima e Anna Clara, casal da Aesm-Rio; Bárbara Almeida, primeira porta bandeira dos Aprendizes do Salgueiro e Edna Ramos, que este ano se despede dos desfiles mirins. A jovem desfilará pelo último ano como primeira porta bandeira da Estrelinha da Mocidade e também já brilhará com o segundo pavilhão dos Acadêmicos de Santa Cruz. Cada um dos participantes teve seu momento de fala levantando questões que mereciam atenção como

o excesso de coreografias no quesito, o “troca-troca” de agremiações e a importância e permanência dos mestres de cerimônia no período de preparação. Outro destaque foi o trabalho realizado nos diversos projetos que treinam as crianças que almejam bailar na Avenida, e o apoio recebido por estas instituições. Em quase todas as agremiações cariocas dançam hoje alunos ou ex-alunos deste tipo de iniciativa. As crianças presentes puderam aprender com quem sabe, principalmente a amar tão nobre caminho, e também que persistência, treino e disciplina são indispensáveis para o sucesso. Unindo estes ingredientes ao talento deles temos a certeza da perpetuação de tão importante cultura. No canal Aesmrio Comunicação do Youtube você encontra o registro do seminário na íntegra.

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 13


Por Ana Valéria Gonçalves

Olhar atento, preocupado com os movimentos e a postura adequada de uma princesa. Mas sempre com um sorriso no rosto e bastante samba no pé. Essa é Poliana Lourença Cipriano Francisco de 10 anos, estudante do quinto ano do Colégio Maria Imaculada Conceição, da Mangueira do Amanhã e Primeira Princesa da Corte do Mirim. Bastante confiante daquilo que quer, ela conta para Cartilha do Samba o que gosta de fazer nos momentos de lazer e quem foi sua inspiração quando descobriu que gostava tanto de sambar. Como você descobrir que gosta tanto de sambar? Eu descobri quando fui à primeira vez no samba com os meus pais, tinha cinco anos de idade. Fui indo para os ensaios e gostei. Quando fiz seis anos me chamaram para a ala de passistas como destaque. Você se inspirou em alguém? Eu me inspiro em minhas irmãs, que já estão no samba há muito tempo. Todas são passistas em diferentes agremiações. O que gosta de fazer nas horas de lazer? Ando de patins, na piscina com meus amigos, ando de bicicleta, brinco no meu tablete, faço dança de Salão. E gosto de estudar. Como foi para você estar na corte Mirim? Foi maravilhoso e emocionante ver minha família ali gritando Poliana, Poliana com bandeirinhas, etc. Fiquei sem reação quando eles me anunciaram como 1ª Princesa da Corte. Minha mãe chorando, minha irmã gritando. Meu pai ficou muito feliz e todos me dando parabéns. Essa recordação vou guardar. Já ganhou algum convite para desfilar em outra escola? Sim. Primeiro convite que recebi foi da Unidos do Jacarezinho. Depois desse ano fui convidada para desfilar em outras escolas: Mirim, Acesso e Especial, e também em blocos. Recebi o convite do Renato Thor e do Alex Coutinho para desfilar como destaque na frente da Ala de passistas da Paraiso do Tuiutí. Estou há dois anos na Agremiação e anciosa para este carnaval.

14 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Fotos: Arquivo pessoal

Poliana Lourença Cipriano Francisco

Foto: Ana Valéria Gonçalves

Arquivo do Samba Mirim


O show tem que continuar!


G.R.C.E.S.M.

FILHOS DA ÁGUIA Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 31/07/2001 Cores da bandeira: Azul e Branco Presidente: Celso Andrade Intérprete: João Pedro Carnavalesco: Luciano Moreira

Do canto do sabiá se eu for falar da Portela hoje não vou terminar Compositores: Beto Fininho e Wanderley Monteiro SOU FILHO DA ÁGUIA E DEIXO O MEU NINHO QUERO VOAR E CANTAR, SOU UM PASSARINHO ILUMINADO PELA LUZ DE UM SABIÁ E PELA NOBREZA DE UM POETA SINGULAR

BEBEU NA FONTE DE GRANDES POETAS PORTELENSES DE OUTRORA HOJE É A NOSSA GLÓRIA LENDA VIVA DA NOSSA HISTÓRIA MEU CORAÇÃO EM DESALINHO, FOI TRISTE DESVENTURA POR ISSO VOU VADIAR QUITANDEIRO MEU PARCEIRO OLHA O PEIXE SE EU FOR FALAR DA PORTELA OS CARNAVAIS NÃO CANSO DE LEMBRAR DO FEIJÃO DA VICENTINA A VELHA GUARDA A MAIS BELA NÃO VOU TERMINAR QUERO CRESCER E APRENDER PARA ENSINAR

Sinopse

GRES Portela, berço de grandes nomes do nossa cultura musical do samba será reverenciado pela passagem de nossos homenageados Monarco e Clara Nunes, com a importância da agremiação em suas vidas, paixão pela azul e branca que ensinaremos as crianças partindo de Oswaldo Cruz e chegando a grande festa no nosso Templo do samba. A quadra com sua feijoada tão aclamada e reverenciada por todos nós portelenses e amantes do samba em geral. A grande força da musicalidade, dos nossos artistas e enredos notáveis que estiveram presentes, bem como suas paixões e respeito que é o marco de ensinamento as nossas crianças. Fotos: Bárbara Alejandra

VAMOS FALAR DE UM SER DE LUZ QUE NASCEU PARA BRILHAR BRILHAR, BRILHAR, BRILHAR COM A MORENA DE ANGOLA O CANTO DAS TRÊS RAÇAS O GALO CANTOU E ELA DEU MAIS VIDA O SOL HÁ DE BRILHAR MAIS UMA VEZ COM A GUERREIRA E A PORTELA NA AVENIDA CLAREOU, CLAREAR SOU CRIANÇA, MAS QUERO LHE EXALTAR

ÉS A RAINHA DESSA MONARQUIA HILDEMAR VEM CONFIRMAR

16 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

GOLFINHOS DO RIO DE JANEIRO Foto: Rodrigo Rigon

Fazer O Bem Sem Olhar A Quem Compositores: Fernando Magarça e Gilson Bernine É HORA DE AGRADECER RECONHECER QUEM FAZ O BEM QUEM ABRE O CORAÇÃO PRA AJUDAR MESMO SEM OLHAR A QUEM ENXUGANDO LÁGRIMAS EM TROCA DE UM SORRISO É A VIRTUDE DESSE PARAIBANO QUE O DESTINO ESCOLHEU UM BOM EXEMPLO DE SER HUMANO QUE AS CRIANÇAS SEMPRE ACOLHEU FOI GUIADO PELA FÉ QUE ELE SE FORMOU DA IGUALDADE SEMPRE FOI UM DEFENSOR (BIS) UM SACERDOTE DA JUSTIÇA AGINDO PRA NOS DEFENDER

NÃO MATAR, NÃO PRENDER O ECA É PRA SE RESPEITAR NA BASE DA LEI E DOA A QUEM DOER ELE É JULGADO POR ACREDITAR QUE TODOS TÊM O DIREITO DE MUDAR E DESSE JEITO VAI LEVANDO A VIDA CANTAROLANDO OS VERSOS DA CANÇÃO E NA MAGIA DO CARNAVAL A VERDE ROSA É SUA PAIXÃO EM CADA OLHAR DE UMA CRIANÇA A ESPERANÇA NO AMANHÃ HOJE A GOLFINHOS NUMA PROVA DE CARINHO VEM ABRAÇAR O DR. SIRO DARLAN (BIS)

Sinopse

O bem acima de tudo! As crianças pedem para que seja cumprido o Estatuto da Criança e do Adolescente. Dr. Siro Darlan sendo homenageado por este grande feito , dentre outros. Fotos: Rodrigo Rigon

Fundada em: 06/06/1996 Cores da bandeira: Azul e Amarelo Presidente: Edil Dias da Silva Intérprete: Nego Wesley Carnavalesca: Valéria Pires

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 17


G.R.C.E.S.M.

MIÚDA DO CABUÇU Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 14/06/1991 Cores da bandeira: Azul e Branco Presidente: Paulo Cesar Alves Intérprete: Maykon Rodrigues Carnavalesco: Paulo Cesar Alves

Rio De Janeiro, Gosto De Você Compositor: Maykon Rodrigues RIO DE JANEIRO CIDADE DE BELEZAS NATURAIS ENCANTADO COM SEU ESPLENDOR ABENÇOADA PELO CRISTO REDENTOR COPACABANA É A NOSSA PRINCESINHA DO MAR E NO MARACA VEJO O MEU TIME JOGAR LAPA DAS BOEMIAS E CANÇÕES NOSSA CULTURA ALEGRANDO MULTIDÕES NOS SALÕES VEM VEM BRINCAR EU QUERO VER VOCÊ NO SAMBA SE ALEGRAR COM ESSE ENREDO QUE É DE ARREPIAR NOSSAS CRIANÇAS VÃO TE EMOCIONAR (BIS)

CARIOCA EU SOU DA GEMA A MIÚDA VEM CANTAR ESSE POEMA ME ORGULHO EM DIZER RIO EU AMO VOCÊ (BIS)

Sinopse

A cidade do Rio de Janeiro é uma das mais bonitas do mundo . No litoral destaca – se a praia de Copacabana - a princesinha do mar , como é conhecida, além do Cristo Redentor , a Floresta da Tijuca, Maracanã ,Quinta da Boa Vista, Pão de Açúcar e Lapa. O carnaval é a maior festa popular do planeta que terá como ponto alto o desfile das escolas de samba. Falamos ainda neste enredo das músicas, poemas que falam de nossa cidade sem esquecer das Olímpiadas que o Rio sediará neste ano . Fotos: Bárbara Alejandra

ADMIRADO O MEU CARNAVAL É REFERÊNCIA INTERNACIONAL

FOI EXALTADA PELOS GRANDES POETAS ALÔ ALÔ AQUELE ABRAÇO GAROTA DE IPANEMA 40 GRAUS DO LEME AO PONTAL RIO POVO HOSPITALEIRO TRABALHA O ANO INTEIRO E SE TORNA CAMPEÃO RIO CIDADE OLÍMPICA MOSTRE O SEU VALOR

18 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

HERDEIROS DA VILA Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 23/07/1988 Cores da bandeira: Azul e Branco Presidente: Luciano Ferreira Intérpretes: Yanick Mazzoni e Artur Schiavo Carnavalesco: Comissão de Carnaval

Protetores Da Natureza, Não Jogue Lixo No Meu Rio Compositores: Mestre Trambique, Godô e Moacyr Luz

NÃO JOGUE LIXO NO RIO NÃO JOGUE LIXO NO CHÃO A CONSCIÊNCIA É A SOLUÇÃO (BIS)

Sinopse

Os Herdeiros da Vila têm a missão de preservar a natureza de nossa cidade e aproveitando suas belezas naturais, anuncia a grande festa do carioca, que é o carnaval, porém com consciência, pois caso contrário, as forças da natureza atuarão no combate ao desmatamento, poluição e degradação dessa natureza que tanto orgulha o povo do Rio de Janeiro e encanta o turista que aqui chega. Não polua o meu Rio! Esse é o grito de alerta da garotada de Vila Isabel. Fotos: Bárbara Alejandra

O RIO ABRE AS PORTAS PRA FOLIA A CRIANÇADA ANUNCIA A FESTA VAI COMEÇAR (OBA) HOJE SOMOS FISCAIS DA NATUREZA PRA PRESERVAR A BELEZA E UM SONHO REALIZAR AS FORÇAS DA NATUREZA SÃO COMO AS QUATRO ESTAÇÕES O FOGO, O AR, A TERRA E O MAR BANHANDO NOSSOS CORAÇÕES É BOM LEMBRAR SE RESGUARDAR PARA AS FUTURAS GERAÇÕES

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 19


G.R.C.E.S.M.

IMPÉRIO DO FUTURO Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 05/08/1983 Cores da bandeira: Verde, Branco, Ouro e Prata Presidente: Arandi Cardoso dos Santos (Careca) Intérprete: Jade Sandyrah Passos Moreira Carnavalesco: Joselito Lázaro dos Santos

ILUMINANDO-NOS COM MUITA LUZ VAMOS DAR AS MÃOS PARAOLÍMPICO É SUPERAÇÃO OS ELOS SE ENTRELAÇAM É FORÇA E UNIÃO

É bronze, é prata e o Rio é ouro

O IMPÉRIO DO FUTURO VEM COMEMORAR TOCAR, CANTAR, SAMBAR (BIS)

Compositores: Ala dos Compositores Participação Vocal: Bia, Isadora e Nathuane SEJAM BEM-VINDOS ESPORTISTAS E TURISTAS TODOS VOCÊS É BRONZE, É PRATA E O RIO É OURO EM 2016 O ATLETA QUE AQUI CHEGAR JÁ É UM VENCENDOR RECEBA NOSSO ABRAÇO E A BENÇÃO DO CRISTO REDENTOR (BIS)

É um enredo encantador, demonstrando o orgulho do carioca em sediar a Olimpíada 2016 e a importância da premiação (Bronze, Prata e Ouro). O carioca por ser um povo acolhedor, faz com que todo o turista, todo atleta tanto nos Jogos Olímpicos como nos Jogos Paralímpicos, sintam-se vencedores pela oportunidade de competir. E que a Tocha Olímpica mantenha acesa a chama do espírito de amizade e respeito entre todos os competidores. Fotos: Bárbara Alejandra

O BRONZE DA NOSSA PELE HERANÇA CULTURAL QUE HERDAMOS É A MISCIGENAÇÃO QUE TANTO NOS ORGULHAMOS CÉU MONTANHA CHÃO E MAR BELEZAS NATURAIS QUE A TODOS SEDUZ PRESENTE NA TOCHA OLÍMPICA

Sinopse

20 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

MANGUEIRA DO AMANHÃ Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 12/08/1987 Cores da bandeira: Verde e Rosa Presidente: Arcindo José (Soca) Intérprete: Dowglas Diniz Carnavalesco: Clebson Prates

Era Uma Vez... A Mangueira Do Amanhã Vai Contar Para Vocês Compositores: Franco Cava, Rute Labre, Régis Santos, Thayan Mina, Flavio Sant’anna e Claudio Suoza Jr

A TURMA DO MICKEY CHEGOU ANIMANDO A PASSARELA DANÇANDO COM A BELA E A FERA EU VOU NESSE SONHO SINGELO CURTIR O SÍTIO DO PICA PAU AMARELO CRESCER É APRENDER, É SEGUIR A MORAL DESSA HISTÓRIA SEM PONTO FINAL VEM BRINCAR E CANTAR COM MUITO AFÃ EMBARQUE NA AVENTURA DA MANGUEIRA DO AMANHÃ (BIS)

ERA UMA VEZ A HISTÓRIA JÁ VAI COMEÇAR VOU CANTAR EM VERSO E PROSA COLORINDO EM VERDE E ROSA ESSE FAZ-DE-CONTA DE AMOR ÔÔÔÔ A FANTASIA ME LEVOU NESSE MUNDO DE EMOÇÃO ONDE SER CRIANÇA É MUITO BOM

Sinopse

Tudo se inicia em: “Era uma vez”. Volta-se aos tempos de ser criança e no mundo da imaginação, onde muitas histórias e contos da nossa infância serão decantados. Assim será a viagem da Mangueira do Amanhã que vem contar para vocês. Fotos: Bárbara Alejandra

ALICE VAI ATRÁS DA LEBRE E CAI NO SAMBA COM A BRANCA DE NEVE O LOBO MAU E A VOVÓ QUEM DIRIA COM A CINDERELA SE ACABANDO NA FOLIA (BIS) NESSE REINO ENCANTADO

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 21


G.R.C.E.S.M.

PIMPOLHOS DA GRANDE RIO Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 10/08/2002 Cores da bandeira: Verde, Vermelho e Branco Presidente: Camila Soares Intérprete: Ruan Paiva Carnavalesco: Carnaval participativo dirigido pela presidente

Todo Mundo Junto E Misturado, Da Terra Das Palmeiras A Um Pais Multicultural Compositores: Camila Soares, Akiva Postasman, Fabrício Machado, Lucas Torres, Luna Leal, Júlio Brechó, Tuninho Meluci, Leonardo Nader, Francisca Pinto, Luciene Nader, Nathália Moratelli, Nathália Bruna, Thiago Castellen, Sarah Vianna, Dandara Vianna, Raphael Ribeiro, Ruan Paiva e Robson Moratelli OH OH MEU BRASIL DE BELEZA SEM FIM OH OH É UM CASO DE AMOR CURUMIM O CANTO DAS TRÊS RAÇAS RAÍZES DESSE CHÃO HISTÓRIAS QUE EMBALAM MEU POVÃO

OLHA QUEM VEM LÁ (TERRA À VISTA) TEM PORTUGA NO MAR O HOMEM ESQUECEU O SEU AMOR E A MÃE NATUREZA CHOROU VAMOS FESTEJAR, TUDO MUDOU POIS ESSA AVENIDA ME ENCANTOU NO CANTO NA DANÇA BATUQUE PERFEITO LEVAR ALEGRIA SEM PRECONCEITO BATE NO PEITO, CAXIAS CHEGOU LÁ VEM A PIMPOLHOS, COM ELA EU VOU FAZER DO MEU SAMBA UMA ORAÇÃO NUM PLANETA MELHOR MAIS EDUCAÇÃO (BIS)

Sinopse

A Escola de Samba Mirim Pimpolhos da Grande Rio apresenta, em seu 14º ano desfilando na Marques de Sapucaí, uma homenagem as diversas culturas e crenças existente no Brasil. Desde da chegada dos portugueses, toda a mudança que ocorreu em todo território e vida cotidiana, a influência de todos os imigrantes vindo de países vizinhos, trazendo inovações na culinária e cultura. O resultado de toda essa mistura é o Brasil, um país multicultural. Fotos: Bárbara Alejandra

CANTA, DANÇA E BALANÇA PEQUENA ÁFRICA TUDO JUNTO E MISTURADO PIMPOLHOS GRITA AXÉ

OLHA O JONGO IJEXÁ NO BATUQUE EU QUERO SAMBAR (BIS)

22 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

CORAÇÕES UNIDOS DO CIEP Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 15/08/1985 Cores da bandeira: Laranja, Amarelo e Branco Presidente: Marilene Monteiro Intérprete: Pablo Marques Carnavalesco: Comissão de Carnaval Mirim

PARA NO REINO ENCANTADO VIAJAR O LIVRO NOS FAZ FELIZ CONTO DE FADAS FAZ IMAGINAR O MESTRE É QUEM DÁ A DIRETRIZ COM ALEGRIA ALFABETIZAR

Riscos E Rabiscos Que Escrevem A Nossa História

A CRIANÇADA TÁ AÍ PARA ESCREVER A HISTÓRIA MEU SAMBA AGITA LETRAS QUE CORREM NA VEIA O CIEP INCENDEIA (BIS)

Compositores: Oficina de Compositores EU CONTEI, MAS PRECISAVA RABISCAR MUITOS TRAÇOS DESENHEI SOBRE O PAPIRO A ETERNIZAR DA CHINA O PAPEL CONTA DO INÍCIO DE ADÃO A NOÉ QUEM FAZ A TERRA E O CÉU PRIMEIRA OBRA O LIVRO DA FÉ

PEQUENINO O MENINO É LEVADO A ESTUDAR A ESCRITA É O SEU DESTINO

Escrever o que, escrever para que, para quem, são indagações que os pequenos fazem diversas vezes. A escrita surge de uma necessidade dos antigos povos em catalogar seus bens, pertences, produções. O rio Nilo propiciou a riqueza do trigo e está, precisava estar registrada de alguma forma. A escrita inicial se dava por símbolos, com o decorrer do tempo o ser humano instituiu novos códigos para expressar o pensamento. A escrita oriental até hoje é pictográfica, o ocidente criou um novo alfabeto onde símbolos chamados de letras representam determinados sons. A escrita possibilitou obras seculares como: a bíblia, romances e postulados forenses. Hoje a escrita foi ampliada de diversas maneiras, a mais recente é a escrita digital que utiliza uma forma muito particular de expressão. A forma ainda se constitui como nosso retrato falado. Fotos: Bárbara Alejandra

QUEM APRENDE O ABC NO PAPEL NA TELA DO COMPUTADOR PODE BRINCAR COM AS LETRINHAS FAZER POEMAS E CARTAS DE AMOR (BIS)

Sinopse

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 23


G.R.C.E.S.M.

NOVA GERAÇÃO DO ESTÁCIO DE SÁ Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 12/10/1990 Cores da bandeira: Vermelho e Branco Presidente: Joel Toledo de Araujo Filho Intérprete: Thatiane Carvalho Carnavalesco: Oziene Furtado

Pra Te Dizer Que Falei Das Flores Compositores: Claudemir da Lotação, Maicon Alves e Di Boi

UM PERFUME SE ESPALHA PELO AR DIZEM QUE AS ROSAS NÃO FALAM MAS TEM O DOM DE ENCANTAR MARCANDO LINDOS MOMENTOS E A POESIA NO MEU CANTAR MINHA JOIA RARA INSPIRAÇÃO VERMELHO E BRANCO NOVA GERAÇÃO TU ÉS MINHA ESCOLA, A MAIS QUERIDA A GRANDE FLOR NESSA AVENIDA (BIS)

BRILHOU O SOL ILUMINANDO A NOSSA TERRA O ARCO-ÍRIS ANUNCIA A ESTAÇÃO DA PRIMAVERA OS COLIBRIS COM SEU BAILADO VÃO COLORINDO A PASSARELA VEM BEIJA-FLOR TIRA O NÉCTAR COM AMOR PAIXÃO E ALEGRIA SIMBOLIZAM A FLOR VOA BORBOLETA E O BEM-TE-VI ESPELHO D’ÁGUA QUE FAZ REFLETIR (BIS)

Pra te dizer que falei das flores. Flores que enfeitam o ambiente. Exalam perfume e sensibilidade, cores num misto de carinho e paixão. Que enfeitam os mais belos jardins pelo mundo inteiro, que nos levam a viajar entre seres mágicos bailando entre plantas e o belo colorido das flores. Flores! Ah se as rosas falassem! Diriam que são o símbolo maior do amor e paixão. Flores que através dos tempos escreveram na história, lindas passagens em contos apaixonantes. Fotos: Bárbara Alejandra

GIRA GIRA CARROSSEL NUM JARDIM ENCANTADO DE AMORES CENÁRIOS MULTICORES VITORIA RÉGIA COM OS SEUS VALORES

Sinopse

24 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

AINDA EXISTEM CRIANÇAS DE VILA KENNEDY Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 21/04/1991 Cores da bandeira: Vermelho e Branco Presidente: Maria da Conceição Cardoso (Turquinha) Intérprete: Rodrigo Tinoco Carnavalesco: Sylvio Cunha

De Zeus Aos Braços Do Redentor, Olimpíada Do Rio Com Amor

SÃO SEBASTIÃO, OLHAI POR TODOS NÓS SÃO SEBASTIÃO ABENÇOE ESSA GRANDE UNIÃO É LINDO NOSSOS OLHOS VÊEM DA VILA KENNEDY PRO MUNDO INTEIRO O SORRISO DA CRIANÇA COM ESPERANÇA DE UM BRASIL MELHOR RIO CENÁRIO ENTRE A MONTANHA E O MAR PARAÍSO DE RIQUEZAS NATURAIS

Compositores: Lucio Mariano e Americo da Costa Borges O SHOW VAI COMEÇAR O SHOW VAI COMEÇAR VAMOS PULAR E CANTAR DE EMOÇÃO O AMOR PELO ESPORTE É SER CAMPEÃO É BRONZE, É PRATA, É OURO

A ILUMINAR CRISTO REDENTOR ABENÇOAI OS CINCO CONTINENTES SÃO SÃO SÃO

Sinopse

Os personagens da Grécia Antiga desembarcarão na Passarela do Samba para realizarem o maior espetáculo da Terra, por aqui permanecendo para a grande festa do esporte mundial, a ser realizada na cidade do Rio de Janeiro, fazendo assim, o grande encontro com o Redentor. Fotos: Bárbara Alejandra

ESTÁ NO AR, ESTÁ NO AR NO MOVIMENTO DA TERRA NA FORÇA DAS ÁGUAS NO FOGO SAGRADO

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 25


G.R.C.E.S.M.

PETIZES DA PENHA Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 26/06/2002 Cores da bandeira: Verde e Branco Presidente: Darcilia Lima Intérpretes: Nury Filho e Jean Oliveira Carnavalesco: Comissão de Carnaval

Um Canto de Amor Às Águas Compositores: Alan Luis, Roberto Albuquerque, Aline Gabriel e Anderson Luís ÁGUA INÍCIO DE TUDO ONDE A VIDA SE ORIGINOU QUERO BEBER DA FONTE DE ÁGUAS CRISTALINAS E NO POÇO DOS DESEJOS UMA MOEDA EU VOU JOGAR E VOU PEDIR PRA ESTE BEM NÃO ME FALTAR QUERO CONHECER DIVERSAS FONTES TERMAIS E PODER DESCOBRIR OS BENEFÍCIOS DE SEUS MINEIRAIS

DEIXA CHOVER PRA NOS PURIFICAR SALVE AS ÁGUAS DOS RIOS E A ÁGUA DO MAR SOU PETIZES DA PENHA E QUERO PRESERVAR (BIS)

Sinopse

“Hoje, porém, um novo valor se levanta com o despertar de uma nova consciência. São os os cinco “ERRES” de um novo tempo. “Recusar”, “Reutilizar”, “Reduzir”, “Reciclar” e “Repensar”. A petizada guerreira e consciente vem para a avenida com a missão de levantar a voz em defesa da conservação dos espaços, tradições e costumes de um bairro que é um dos cartões postais da cidade. É aqui onde somos mais felizes. Fotos: Bárbara Alejandra

A ÁGUA É FONTE DA VIDA PRA SER CONSUMIDA PRECISAMOS CONSERVAR PRA QUE NO FUTURO ELA NÃO VENHA NOS FALTAR (BIS)

ÔÔÔ IARA SEU CANTO NÃO PODE MORRER E Ô E NEM A LENDA DO AMOR CONVIDO O SER HUMANO A REFLETIR ASSIM COMO REFLETE O ESPELHO D’ÁGUA PARA QUE ESSE MAR DE ESPERANÇA NÃO SE REDUZA A GOTA DE UMA LÁGRIMA

26 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

ESTRELINHA DA MOCIDADE Foto: Bárbara Alejandra

Buuuuuuu!!!! Compositores: Thiago Acacio, Lucas Azevedo, Victor Oliveira Pires, Millena Wainer, Raphael Farias, Victor França Pires, Igor Souza, Matheus Grieco, Rafael Faustino, Vitor Jayme, Igor Rocha e Mateus Pranto NA FANTASIA VAMOS VIAJAR A MENTE PODE CRIAR TANTOS MISTÉRIOS O BICHO-PAPÃO SIMPLESMENTE SUMIU QUEM VAI ENFRENTAR A ASSOMBRAÇÃO? TÁ DO SEU LADO? JÁ SE ESCONDEU! O DESAFIO AGORA É SEU DIZ AÍ! É REAL OU NÃO É? A CRIANÇADA VAI DIZER NO PÉ OLHA A BRUXA MÁ NO BREQUE DA BATERIA LÁ VEM A MÚMIA CAIR NA FOLIA O CONDE DRÁCULA VAI DESFILAR E A NOIVA CADÁVER LEVANTOU PRA SAMBAR (BIS)

AS PORTAS DO CASTELO SE ABRIRAM OS MONSTROS SE UNIRAM ESTÃO CHEGANDO PRA SAMBAR DANDO O TOM PRA FESTA COMEÇAR E NO BRASIL É O SACI QUEM LEVA A FAMA E QUEM NÃO FAZ XIXI NA CAMA LEVANTA A MÃO QUE EU QUERO VER SE A CUCA ME PEGA VOU JUNTO BRINCAR BOI DA CARA PRETA NÃO ME LEVE A MAL EU QUERO É CURTIR MEU CARNAVAL CHEGOU ESTRELINHA O BAILE COMEÇOU OLHA O MONSTRO BUUUUU TÔ NEM AI QUERO MAIS É SAMBAR DEIXA O MEDO PRA LÁ O IMPORTANTE É SE DIVERTIR (BIS)

Sinopse

Nossa mente é capaz de criar coisas em que acreditamos e depois temos medo delas. Por exemplo: o bicho-papão. Alguém aqui já viu algum? Todo mundo sabe que ele existe. E tem medo dele. Ou não existe? Esse carnaval será diferente do que aquele que passou. Vamos lançar um desafio. Convidamos os personagens das profundezas das histórias de terror e você vai ter de adivinhar: é real ou não é? Afinal,os monstros também sambam! Fotos: Bárbara Alejandra

Fundada em: 02/06/1992 Cores da bandeira: Verde e Branco Presidente: Celia Andrade Intérprete: Millena Wainer Carnavalesco: Levi Cintra

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 27


G.R.C.E.S.M.

TIJUQUINHA DO BOREL Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 19/06/2002 Cores da bandeira: Amarelo Ouro e Azul Pavão Presidente: Francisco Peres Intérpretes: Guilherme Kauã e Ewerson Breno Carnavalesco: Pedro Beline

O Conto Da Vovó Compositores: Henrique, Dandan do Samba e Gabriel Machado ERA UMA VEZ UM SÍTIO RECHEADO DE MAGIA ERA UMA VEZ CONTAR HISTÓRIAS COM IMENSA ALEGRIA LENDAS QUE BRINCAM COM A IMAGINAÇÃO TRILHANDO O CAMINHO DA EMOÇÃO ESCREVENDO OS SONHOS NO PAPEL INCRÍVEIS CAÇADORES EM BUSCA DO TESOURO VOVÓ O SEU AMOR VALE OURO O CÉU ESTRELADO VAI BRILHAR DO CONTO DE FADAS À FANTASIA NO REINO ENCANTADO A BELA PRINCESA CUIDADO QUE A CUCA NÃO É BRINCADEIRA (BIS)

TIJUQUINHA EU SOU E VOU CANTAR VEM DO BOREL O MEU VALOR TANTAS HISTÓRIAS QUE VÃO TE ENCANTAR MEU SAMBA COMEÇOU (BIS)

Sinopse

Era uma vez um lugarzinho na imensidão... Tudo ganhava vida: saberes, personagens, aventuras recheadas de imaginação... A simplicidade das histórias de vovó provoca suspiros aos pequenos corações. Num toque sutil, suas palavras enredamse como uma “brisa” que vaga na poesia do tempo e transforma sentimentos em magia à beleza colorida dos “contos infantis”. Fotos: Bárbara Alejandra

NO BOSQUE OS TRÊS PORQUINHOS VÃO A LUTA COM O LOBO MAL NESSA DISPUTA

QUEM PODERÁ NOS AJUDAR ? SÃO CONTOS ETERNIZADOS NA INFÂNCIA REFLETE A IMAGEM DA CRIANÇA QUE O TEMPO NÃO CONSEGUE APAGAR NÃO TENHO MAIS MEDO MEU CORAÇÃO DIZ PRA SER FELIZ (BIS)

28 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

INFANTES DO LINS Foto: Bárbara Alejandra

As Aventuras De Oz No Reino Encantado Da Folia Compositores: Vinícius Silva, Raphael Gravino, Leonardo Medina e Joyce Oliveira VEM, VEM COMIGO VOAR VEM SE AVENTURAR NESSE BALÃO JUNTO COM A DOROTHY E O TOTÓ HOMEM DE LATA ESPANTALHO E LEÃO PELO CAMINHO A CORUJA ENCONTREI E PELO MUNDO DE MAGIA ME ENCANTEI A BRUXA BOA É QUEM VAI NOS GUIAR PELAS RUAS DE TIJOLOS VIAJAR TODO POVO DE OZ FOI CONVOCADO A LUTAR NA CIDADE DAS ESMERALDAS PRA DEFENDÊ-LAS DO BUFÃO E BRUXA MÁ (BIS)

NA FLORESTA ENCANTADA AS PLANTAS CONVERSAM COM AS FADAS TERRA DOCE CIDADE DE PORCELANA TUDO É CHIQUE, TUDO É MUITO BACANA TEM ENCANTOS E MAGIA OS PERSONAGENS DA FOLIA NA SAPUCAÍ CARMEM E CHACRINHA VÃO ESTAR COMANDANDO ESSA FESTA POPULAR DE VERDE E ROSA VOU CAIR NA FOLIA A CORTE DO SAMBA TRANSBORDA DE ALEGRIA INFANTES DO LINS CANTA EM UMA SÓ VOZ O MUNDO ENCANTADO DE OZ (BIS)

Sinopse

Nosso desfile se incia com incrível mágico de oz que vem trazendo todo povo do mundo magico de oz Dorothy e seus amigo para visitar nosso Reino encantado da Folia aqui serão recebidos por ícones do nosso Carnaval Chacrinha ,Carmen Miranda com seu balangandãs e terminando em um lindo baile da Folia com a nossa Corte do carnaval carioca Mirim. Fotos: Bárbara Alejandra

Fundada em: 01/05/1991 Cores da bandeira: Verde e Rosa Presidente: Renato Santos Intérprete: Bruno Rezende Carnavalesco: Wagner Sans

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 29


G.R.C.E.S.M.

APRENDIZES DO SALGUEIRO Foto: Bárbara Alejandra

Fundada em: 03/11/1989 Cores da bandeira: Vermelho e Branco Presidente: Marcelo Ferreira Luma Intérprete: Pablo Andrade Carnavalescos: José Leandro e Paulo Henrique Caetano

VIAGEM PITORESCA VALONGO E CHICO REI TU ÉS IMORTAL SABIÁ OS SEUS LEGADOS IRÃO FICAR NO ACERVO DE GLÓRIAS ANAIS DA HISTÓRIA TESOURO A PRESERVAR

Minha Terra É O Salgueiro Onde Canta O Sabiá

A HORA É AGORA QUE HONRA CANTAR SUAS MEMÓRIAS COMPARTILHAR NA AVENIDA AO MUNDO INTEIRO COM APRENDIZES DO SALGUEIRO (BIS)

Compositores: Niquinho Azevedo e Julio César UM REI FIRMOU O SEU REINADO LÁ NO MORRO XANGÔ PAI DESSE QUILOMBO TIJUCANO OH MÃE NATUREZA E SEU ESPLENDOR OYÓ ABENÇOADO PELO CRIADOR QUE NOMEOU GRIÔ MENINO ILUMINADO ELE DRIBLOU COM SABEDORIA OS ADVERSOS UM CRAQUE DA BOLA COM DONS DIVINAIS NOVENTA ANOS, SETENTA CARNAVAIS PODE APLAUDIR A POESIA DO FUNDADOR DA PRIMEIRA ACADEMIA VEM DESFILAR, BRINCAR, COMEMORAR DAR VIDA LONGA A DJALMA SABIÁ (BIS)

Um dia Xangô fez seu mítico reino de Oyó renascer em um morro, incrustado numa pedreira, em pleno da bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Tal qual seu magnífico império africano, essas terras abençoadas pelos deuses abrigaram súditos da linhagem direta do orixá do fogo, do trovão e da justiça. Eram descendentes de reis e rainhas que foram arrancados de suas terras para serem escravizados no Brasil.Em meio ao cenário de beleza e paz, o griô, ainda aprendiz, brincava solto por essas terras, cercadas pela natureza exuberante. Nas peladas aos pés do morro do Salgueiro, driblava os adversários com ginga e destreza, com pernas que lembravam um pássaro típico do lugar. Foi daí que ganhou o apelido incorporado para sempre ao seu nome. E o samba virou batucada para abrir alas ao nosso grande Djalma Sabiá. Fotos: Bárbara Alejandra

NA FONTE DAS ARTES NAVIO NEGREIRO DEBRET E O CORPO DE FUZILEIROS

Sinopse

30 | AESM-RIO | Carnaval 2016


G.R.C.E.S.M.

INOCENTES DA CAPRICHOSOS Foto: Bárbara Alejandra

No Meu Enredo Mais Bonito, Me Enfeitei Com 15 Tons De Azul Do Infinito! Compositores: César Fadel e Zé Paulo Sierra VOEI PRA DESVENDAR O INFINITO NO MEU SONHO MAIS BONITO O AZUL DO CÉU SE REVELOU PASSEI PELAS NUVENS DE ALGODÃO LÁ DO ALTO PUDE VER TODO AZUL DA IMENSIDÃO É TERRA, É ÁGUA UM CONTO DE FADAS NUM CINTILAR TOTAL ANJOS, BORBOLETAS, CARNAVAL PEGUEI CARONA NUMA CALDA DE COMETA E O TRENZINHO APITOU DE NORTE A SUL BRINQUEI DE ESCONDE-ESCONDE NUMA NEBULOSA E VIAJEI NUM LINDO BALÃO AZUL (BIS)

O PARAÍSO É AQUI TÁ TUDO AZUL QUANTA MAGIA AVES A CANTAR, PEIXINHOS A BAILAR QUE CONTO, QUE MARAVILHA RIQUEZA, NOBREZA, LENDAS, EMOÇÃO ME AJOELHEI DIANTE DA PADROEIRA AOS ORIXÁS FIZ A MINHA SAUDAÇÃO OS OLHOS BRILHAVAM, A NOITE CAÍA O AZUL CAPRICHOSO RELUZIA NESSE ASTRAL DE ALEGRIA AMANHECI NESSA FOLIA SOU CRIANÇA INOCENTE FAÇO SAMBA DE VERDADE EM QUINZE TONS DE AZUL SOU ASTRONAUTA LUNAR COLORINDO ESSA CIDADE (BIS)

Sinopse

A terra é azul! O astronauta disse e viu. E, a partir dessa visão, a Inocentes descobriu 15 tons de azul do infinito para alegrar as crianças nesse mundo mítico e místico e cheio de histórias de cor azul. Fotos: Bárbara Alejandra

Fundada em: 06/04/1991 Cores da bandeira: Azul e Branco Presidente: Jefferson Rocha Intérprete: Éric Esteves Carnavalescos: Paulo Cavalcanti & Pamela Priscila

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 31


Foto: Internet

Ciep: Corações Unidos há 30 anos, revelando talentos para a vida e para o samba através da educação Seguindo a iniciativa de projetos já desenvolvidos com crianças e jovens por Careca do Império Serrano com o Império do Futuro e Osmar Valença, fundador da Alegria da Passarela - em 15 de agosto de 1985, por sugestão de Leonel Brizola que acreditava que o ensino público não se limitava apenas à sala de aula e com apoio de Darcy Ribeiro e empenho de professores e sambistas como Olivério Ferreira, o saudoso Xangô da Mangueira, Jorge Paes Leme, Mestre Taranta, Hélio Alexandre e Machine, entre outros, foi fundado o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mirim Corações Unidos do Ciep, sendo esta uma das mais tradicionais agremiações do carnaval carioca em seu segmento. Atualmente a segunda escola mais antiga em atividade entre as filiadas à AESMRio. Em seus primeiros anos a Corações Unidos desenvolveu suas atividades com crianças residentes nas áreas próximas nos bairros do Catumbi, Estácio, Cidade Nova e Praça Onze, mas prioritariamente com alunos matriculados nas escolas que funcionavam dentro das dependências da Passarela do Samba. Os ensaios eram realizados no antigo Ginásio na

32 | AESM-RIO | Carnaval 2016

altura do Setor 2, assim como a base administrativa da escola. Tendo posteriormente o local para os treinos transferidos para debaixo das arquibancadas do antigo Setor 06 e 13, na Praça da Apoteose. Entre 1985 e 1989 a Corações Unidos contou com o apoio irrestrito de Brizola, que disponibilizou recursos para que a escola colocasse o carnaval na rua. Os rumos tomados pelo samba mirim tiveram a participação efetiva da agremiação como a fundação da primeira entidade que representou as escolas junto às autoridades, a LIESM (Liga Independente das Escolas Mirins) em 1988 e posteriormente a fundação da Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro no ano de 2002, sendo o Ciep uma das fundadoras das duas instituições. Após fundada e ter as cores amarelo, branco e laranja definidas, era a vez de escolher o nome, que se deu através de sorteio, após várias sugestões. “O nome Corações Unidos do Ciep foi definido por um sorteio. Houveram várias sugestões, mas o nome tirado foi esse”, conta Machine. Dando segmento ao trabalho foram dividas as tarefas entre


Foto: Acervo Corações Unidos do CIEP

Componentes do CIEP em atividades nas escolas da rede pública municipal Fotos: Internet

os diretores e responsáveis pelos setores e deram início ao desenvolvimento do desfile. “A partir daí começamos a projetar o primeiro desfile compondo o samba e formando as alas. Cada um dos fundadores iniciaram os trabalhos em um segmento. O Xangô da Mangueira foi o presidente e a mim coube cuidar da coreografia dos casais de mestre-sala e porta-bandeira e comissão de frente” – revelou o Síndico da Passarela. O primeiro desfile aconteceu no carnaval de 1986 e o Corações Unidos levou para a avenida um contingente de 800 componentes e como dado incomum, a escola até hoje é a única a ter tido um presidente mirim, Cristiano Pereira Bonfim com 12 anos na época, conhecido entre os sambistas como Xangozinho, por ser filho de Xangô do Estácio. A Corações Unidos do Ciep diferentemente da maioria das co-irmãs não possui a chamada escola mãe e representantes em segmentos como velha guarda, compositores, bateria e baianas, como as demais, para referenciar prestando ensinamentos aos pequeninos sambistas. “O Ciep não tinha uma escola de samba adulta para se espelhar. A solução foi buscar essas referências na sala de aula” – declarou a presidente Marilene Monteiro. A partir de então foi implementado o Projeto Escola de Bamba. Todo o trabalho desde a fundação é desenvolvido através de projetos com professores que são capacitados por profissionais ou militantes no carnaval para aplicarem os conhecimentos com os alunos. Antes apenas nas escolas existentes nas dependências do Sambódromo e a partir de 1992 atingindo toda a área da I CRE e posteriormente, sendo estendido para a toda rede municipal de educação. “Fomos utilizando os conteúdos de salas de aula para escolher enredo. Convidávamos sambistas para darem palestras para nossas crianças” – disse Marilene. A dirigente atesta: “Estamos sempre tentando melhorar o desempenho do professor para que ele melhore a performance da criança.” Os alunos participam intensamente de todo o processo de desenvolvimento do desfile, desde a escolha do tema, que se dá através de sugestões e concurso. Em seguida acontecem eliminatórias da sinopse do enredo e após definido, são realizados os concursos de figurinos, alegorias, sambas e coreografias, com os discentes atuando desde a sugestão de ideias, concepção e desenvolvimento, até o desfile, e sendo todo esse trabalho supervisionado por profissionais de educação liderados pela professora Marilene Monteiro. O resultado é o bom desempenho da Corações Unidos nos desfiles, sendo a escola de samba que mais leva componentes para a avenida, sempre premiada ao longo dos anos com o Estandarte do Samba Mirim e Troféu Olhômetro. E como prova do sucesso foi a inscrição do projeto na Universidade de Módena. Os dirigentes foram apresentar o bem sucedido projeto em 2015 na universidade italiana, mostrando como se atua na educação com crianças fora do espaço de sala de aula.

Machine Xangô da Mangueira

Superando as adversidades As dificuldades não são exclusividade somente das grandes escolas de samba, ao contrário do que se imagina, as agremiações mirins em sua maioria passam por diversos tipos de problemas, sendo a falta dos recursos financeiros a principal e mais grave motivadora das crises. Desde o surgimento na década de 1980 as pressões sobre os dirigentes são inúmeras. E não foi diferente com Marilene Monteiro, que passou por graves problemas ao assumir a presidência da Corações Unidos do Ciep. A professora recebeu ajuda de outros diretores, principalmente de sua filha Erica Lobo, que desde criança colabora na confecção do carnaval da escola, além da ajuda de Mirtez e Elizabeth, expresidentes do Aprendizes do Salgueiro e Miúda da Cabuçu, com dicas e direcionamentos. “Dona Mirtez me ensinou muito, Nos três primeiros anos à frente da escola, me vi doida. Porque no carnaval não valia só empenhar a palavra, você tinha que ter paciência e malandragem para lidar com a pessoa que trabalha para você”- ressaltou. Marilene destacou as “dicas” que a colega presidente lhe deu, como primordiais para seu aprendizado. “Eu não tinha recursos. A Mirtez foi quem me ensinou a fazer uma cruzeta, a comprar produtos de carnaval. Me mostrou como dar uma vista diferente numa fantasia para a criança não ficar muito pobre em sua vestimenta”. A professora também citou a importância de Elizabeth, que a direcionou no inicio de sua administração, a levando nas quadras e apresentando as pessoas com vivência de carnaval.

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 33


Corações Unidos fábrica de talentos

Em 30 anos desfiles que marcaram época Tendo a educação como foco e o carnaval como ferramenta de ensino a tricolor mirim apresentou temas que visavam colaborar na instrução tanto de seus componentes, como dos espectadores que acompanham os desfiles. O objetivo da agremiação é desenvolver enredos que possam acrescentar no aprendizado dos futuros sambistas. Tendo assim, apresentado carnavais que abordaram temas como a homenagem ao artista circense Benjamim de Oliveira em 1990; a importância histórica e cultural da Quinta da Boa Vista e Jardim Zoológico com o enredo “Quando o domingo cai na Quinta”, em 1993; no ano seguinte os 75 anos de fundação do Cordão da Bola Preta: “Quem não chora não mama”; a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro “A cidade de eterna realeza anuncia: O Rei chegou!”, em 2008; em 2011 a reedição do samba “É Hoje” e 2012 “Me conta quantas contas que eu te conto quantos contos”, o desfile que mais rendeu prêmios para a escola em três décadas de existência.

Alguns dos profissionais do carnaval com grande destaque na atualidade começaram sua militância na Corações Unidos do Ciep. Reveladora de talentos em vários segmentos podemos destacar os consagrados mestre-salas Julinho, Sidclei, Philipe Lemos e Emerson, defendendo as cores de escolas como Unidos da Tijuca, Salgueiro, Unidos de Vila Isabel e Tradição, além de Thainá Teixeira, atual 1ª portabandeira do Acadêmicos da Rocinha e Joana, que impunha as cores da Tradição. Todos esses artistas deram seus primeiros bailados defendendo as cores amarelo, laranja e branco. Teve em seu quadro de ritmistas aprendendo a batucar, nomes como Chuvisco - mestre de bateria da Estácio de Sá e Marquinhos, diretor de bateria da União da Ilha, além dos intérpretes Marcelo Lanes, que atualmente integra o carro de som da Estácio e Daniel Silva, que defende o samba na Paraíso do Tuiuti. Daniel teve passagem pela escola entre 1991 e 1993. A revelação de maior destaque da tricolor em três décadas de serviços prestados ao samba foi Érica Lobo - primeira intérprete mirim feminina na história do carnaval carioca e que influenciou outras garotas a cantar abrindo espaço para as meninas atuarem em segmentos do carnaval historicamente dominado por homens. Ainda podemos considerar os carnavalescos Amarildo de Melo, com passagens por escolas do quilate da BeijaFlor de Nilópolis, integrando a comissão de carnaval em 1998 e Caprichosos de Pilares, além de trabalhar em algumas escolas de samba no carnaval paulistano e o saudoso Barthô, que teve carnavais assinados no Ciep na década de Thaina Teixeira, porta-bandeira 1990. (cabe arte com fotos dos citados)

Philipe Lemos

34 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Julinho, mestre-sala

Marcelo Lanes, intérprete Fotos: Internet

Outro fator considerado como sendo problema é a tricolor mirim não ter vínculos com outra agremiação, a chamada ‘escola mãe’, pelo fato de não ter ajuda e influência direta de pessoas pertencentes a segmentos existentes nas escolas. A solução encontrada pela presidente foi buscar essas referências na sala de aula. “É muito fácil ajudar uma escola como o Aprendizes do Salgueiro ou Mangueira do Amanhã. Eu serei olhada pelo presidente da escola do Grupo Especial. E o Ciep? Eu iria ser olhada por quem?” – exemplificou. Por isso todas as bases de trabalho são voltadas para a sala de aula.

Sidclei, mestre-sala

Joana, portabandeira

Mestre Chuvisco

Daniel Silva, intérprete

Emerson


Foto: Arquivo pessoal

Entrevista Erica Lobo

Atividades nas escolas Fotos: Acervo Corações Unidos do CIEP

Preparando o 31º desfile da agremiação, a diretoria garante que a garotada está ensaiando com afinco, a fim de realizar uma grandiosa apresentação no sambódromo no dia 9 de fevereiro, cantando com garra o samba “Riscos e rabiscos que escrevem a nossa história”, quando o Ciep será a oitava a pisar forte na avenida. A expectativa da presidente Marilene é a melhor possível, pois o trabalho vem sendo desenvolvido desde o fim do carnaval passado e declara estar com a sensação do dever cumprido: “Quando toca aquela sirene e a comissão de frente começa a se apresentar, tenho a sensação do dever cumprido. Enquanto eu tiver forças, pretendo passar com o Ciep de forma digna”. A dirigente deixa a mensagem para os componentes da agremiação: “O Ciep é um espaço de energia e de fé! Nosso coração tem lugar para quem vier. Nós faremos de tudo para sempre dar certo”.

Desfile do CIEP no Carnaval de 1999

Cartilha do Samba - Como aconteceu a aproximação com a escola mirim Corações Unidos Ciep? Meu contato com o Ciep se deu desde muito pequena, minha mãe já participava como colaboradora da escola, eu já acompanhava o processo de confecção de fantasias no próprio sambódromo. Cartilha do Samba - Antes de intérprete, quais funções desempenhou e que segmentos participou? Comecei a desfilar em ala com seis anos de idade em ala. Participei da comissão de frente e depois vim a ser a intérprete. Cartilha do Samba - Como encarou o desafio de ser a intérprete oficial da agremiação?

Amor, trabalho, dedicação e perseverança em prol de um ideal À Erica Lobo cabem esses atributos por sua ligação quando ainda pequena chegou à escola de samba mirim através de sua mãe e participou do desenvolvendo das atividades em diferentes segmentos. A menina sambista que desde os seis anos dedica-se ao ideal de manter a tradição de escola formadora de valores para o samba e para a vida, tendo a educação como principal ferramenta, militou como integrante da comissão de frente, foi cantora, diretora e até mesmo vice-presidente, relata a emoção de ser personagem marcante nessa história que se iniciou em 1985 e a cada ano, escreve através de sua dedicação nessa trajetória em cada desfile realizado, um capítulo dessa saga e consolida a Corações Unidos como uma das mais importantes agremiações do carnaval carioca.

Aconteceu de forma repentina. Como já cantava em coral na escola e minha mãe sabia desse gosto pela música, um dia me ofereci para ajudar um menino que teria que cantar, mas que não tinha contato com carnaval, já que o interprete completou idade e seguido carreira. Um dia surgiu a pergunta: porque você não faz isso? E eu meio espantada calei, mas disse que sim e aí começou essa caminhada. Cartilha do Samba - Qual o ano e que idade você tinha? Comecei a cantar na escola em 1999 com 10 anos Cartilha do Samba - Você foi a primeira menina cantora de sambas de enredo. Como era a relação com os demais intérpretes, sendo a maioria deles meninos? Passou por algum constrangimento ou preconceito? É! Naquela época eu era a única e todos estranhavam, pois uma menina num meio tão masculino e com voz tão de menina ainda causou muita resistência sim. O contato não era fácil, pois os meninos gostavam de se agrupar para trocar até mesmo porque tinham timbres parecidos e aparentemente eu era uma estranha ali que talvez não Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 35


Foto: Acervo Corações Unidos do CIEP

fosse dar conta porque era menina e não teria potencia vocal para segurar o canto por toda avenida.

preocupam em como devem agir ao pegar o microfone, nas chamadas e com o tempo de canto.

Cartilha do Samba - Por parte dos adultos, houve algum tipo de preconceito?

Cartilha do Samba - Que lição ou dica você daria para meninas que almejam serem cantoras de sambas de enredo na avenida?

Sim! Teve preconceito porque eu estava num meio muito fechado pelos meninos, eu tinha um jeito muito particular de lidar com o samba não gostando muito de fazer exatamente igual ao que os meninos faziam, me preocupava com minha afinação, muito mais do que com as chamadas, os cacos e etc. Por algum tempo ainda esse preconceito permaneceu e foi se dissolvente à medida que minha voz foi se firmando e as pessoas se habituando aquela nova realidade que era de ter sim uma menina capaz de estar a frente do microfone. Cartilha do Samba - Você foi precursora em um segmento no carnaval mirim. Atualmente outras meninas têm a responsabilidade de ser a voz principal de escolas mirins. Qual a sensação em ver as meninas na avenida defendendo os sambas de enredo? Lá atrás não imaginava que eu seria o pontapé desse segmento, mas hoje isso me deixa muito feliz em lembrar de todo o percurso dos esforços e perceber que atualmente é tão natural como ter um menino cantando. Quando vejo elas cantando me sinto representada, é como se aquela menina estivesse de novo ali um pouco. Cartilha do Samba - Você tem contato com as meninas que cantam nas escolas mirins atualmente? Caso haja, quais as dúvidas mais frequentes elas tiram com você? Tenho pouco contato com as meninas que cantam nas escolas hoje. As vejo geralmente nos eventos e no desfile, talvez porque toda essa historia também não seja de conhecimento da maioria delas. Mas no CIEP temos essa tradição e elas se 36 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Geralmente passo para elas aquilo que sempre valeu pra mim. Que elas sejam meninas sem se preocupar em imitar ninguém, que se dediquem e ensaiem, gostando do que estão ouvindo e fazendo. Tentando deixar o medo, a timidez e a insegurança de lado, percebendo que são capazes. Cartilha do Samba - Além da oportunidade de cantar na avenida, o que você destacaria de bom em sua passagem pela Corações Unidos? Eu cresci junto com a escola e o trabalho desenvolvido com o projeto me acrescentou muito como pessoa e profissional, sendo hoje formada em belas artes muito por conta dessa influência. Gerencio ensaios de canto para o desfile, mas também a parte plástica do carnaval da escola como fantasias e alegorias. Cartilha do Samba - Uma palavra que defina sua relação com a agremiação? Afeto Cartilha do Samba - Nesses trinta anos, qual a mensagem você deixa para os sambistas que tiveram passagem ou ainda desfilam pela escola? Os trinta anos de CIEP que hoje podem ser comemorados por uma escola mais fortalecida e autentica é um pouco de cada um que contribuiu com sua arte e dedicação assim como aqueles que permanecem junto a nós na construção desta historia que não tem ponto final, mas sim uma vírgula para lhes dar agora agradecimento!


Fotos: Bárbara Alejandra

PANORAMAS LIESA E LIERJ

Lançamento do CD Liesa

Lançamento do CD Lierj

Ligas O ano é de mudanças e novidades na parte musical Por Ana Valéria Gonçalves

Parceiras de todas as horas da AESMRIO, a Liga Independente das Escolas de Samba – LIESA e a Liga das Escolas de Rio de Janeiro – LIERJ trabalharam bastante no ano de 2015 para que em 2016 a festa mais esperada do ano aconteça de forma impecável. E chegam à Passarela do Samba com novidades, principalmente na parte musical.

LIESA A LIESA começou os trabalhos para o carnaval anunciando que Jorge Castanheira continuará na presidência da entidade por mais um triênio (2015 – 2018). Após a realização do sorteio para definir a ordem de desfile e o encerramento nas quadras das Agremiações para a escolha de samba enredo, chegou-se a seguinte conclusão no mundo do samba carioca: essa é a melhor safra de samba dos últimos tempos. Para o repórter e comentarista do Programa Vai Dar Samba da Rádio Roquete Pinto, Marcelo Pacífico a escolha dos enredos contribuiu e muito para este ótimo resultado: “É uma ótima safra, ela foi muito favorecida principalmente pelos belos enredos, que facilitou muito as obra. Por exemplo: você tem uma Beija Flor que fala sobre o Marques de Sapucaí, um belo samba, Estácio de Sá, que também, não ficou tão atrás, com essa obra assinada pelo Edson Marinho, Claudio Russo, Jorge Barroso que estreia assinando samba enredo no grupo especial. A Imperatriz que teve o enredo mais criticado no carnaval e está com um belíssimo samba”, diz o comentarista. Laía, diretor de Carnaval da Beija Flor de Nilópolis e responsável pela produção do CD destaca a importância da participação da comunidade nas gravações: “Tive várias experiências na produção desse disco ao longo desses anos, inclusive no Teatro de Lona na gravação ao vivo. Mas o formato de gravação que estamos adotando nos últimos anos, com a participação dos ritmistas e integrantes das comunidades é o

que mais me agrada. Isso barateia a gravação e reduz o tempo de produção”, relata. Confira a ordem de desfile do Grupo Especial: Domingo Segunda Estácio de Sá Vila Isabel União da Ilha do Governador Salgueiro Beija-Flor de Nilópolis. São Clemente Grande Rio Portela Mocidade Independente Imperatriz Leopoldinense de Padre Miguel Unidos da Tijuca Mangueira

LIERJ A LIERJ, presidida por Déo Pessoa, iniciou suas atividades para o carnaval 2016 com plenária que decidiu o fim do quesito Conjunto. Por isso a campeã da série A será decidida através de nove quesitos, são eles: Bateria, Alegorias e adereços, Comissão de frente, Enredo, Evolução, Fantasias, Harmonia, Mestre-sala e Porta-bandeira e Samba-enredo. Dando continuidade, foi definida através do sorteio, que aconteceu na quadra da São Clemente, a ordem do desfile deste ano e anunciado o horário oficial de início, as 21h45minh. Assim como no Grupo Especial a grande novidade está no meio musical, com o retorno de Ivo Meireles ao comando da produção do CD, após alguns anos afastado. Ele assume o lugar de Leonardo Bessa que em 2015 ganhou o Disco de Ouro. Veja a ordem de desfile: Sexta Feira Sábado Acadêmicos da Rocinha União do Parque Curicica Alegria da Zona Sul Paraíso do Tuiutí Porto da Pedra Inocentes de Belford Roxo Acadêmicos de Santa Cruz Império Serrano Viradouro Caprichosos de Pilares Renascer de Jacarepaguá Unidos de Padre Miguel Império da Tijuca Acadêmicos do Cubango Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 37


Foto: Ana Valéria Gonçalves

Salgueiro (1975)

Fotos: Internet

Laíla, diretor de carnaval da Beija-Flor

Joãozinho Trinta

Nelson de Andrade

Laíla, retrato autêntico de um sambista

Diretor de carnaval da Beija-Flor revela suas origens, passagens por outras agremiações, opina sobre ‘bicões’ no samba e os rumos do Carnaval Carioca Por Arleson Rezende

Nascido no Morro do Salgueiro em 1943, Luiz Fernando do Carmo começou sua trajetória no carnaval ainda criança, mais precisamente aos sete anos de idade, quando após a polícia especial ter demolido a quadra da escola de samba Depois Eu Digo, trabalhou arduamente durante todo o dia carregando material para a construção de um novo espaço para os ensaios da verde e branca salgueirense. Ao final, recebeu do então presidente Pedro Ceciliano (Peru), cinco cruzeiros e um par de tamancos, que para o menino de origem humilde, foi a glória. A partir de então o garoto passou a ter envolvimento com o carnaval, resultando na fundação de uma escola de samba mirim, sendo este o pontapé inicial de Laíla para se tornar uma referência, tendo trajetória vencedora no Acadêmicos do Salgueiro, com passagens por outras Agremiações e se tornando uma das lideranças da Beija-Flor de Nilópolis. Em seu envolvimento com a folia, Laíla criou uma escola de samba mirim, batizada de Independentes da Ladeira. A agremiação carnavalesca formada somente por crianças se tornou sucesso, tendo a bateria formada com latas e alegorias feitas com carrinhos de feira. “Nossa bateria era de lata! Na época formada por tambores e taróis de latas” – afirmou. Com o passar do tempo, os desfiles da Independentes da Ladeira contou com alegorias e fantasias, como revelou o diretor: “Adquirimos alegorias, que eram feitas com carrinhos de feira e fantasias confeccionadas com papel crepom”. A escola chegou a ter um contingente de 40 componentes durante quatro anos aproximadamente, fazendo muito sucesso entre a garotada do morro, sendo extinta após intervenção dos adultos. “Só terminou quando os adultos se meteram, por causa de uma quantia em dinheiro doada por Nelson de Andrade. A partir de então acabou a escola de samba, pois eu não me interessei

38 | AESM-RIO | Carnaval 2016

mais”. O fim da Independentes da Ladeira seria apenas o início da trajetória de vitórias do habilidoso sambista. Com a junção da Depois Eu Digo e Azul e Branco, surge o Acadêmicos do Salgueiro. Laila pelo fato de compor e cantar na escola Pinga na Miséria - extinta após o carnaval de 1954, foi convidado a integrar a ala de compositores da vermelha e branca em 1958, através do convite de Duduca e Bala, dupla a qual o jovem compositor passou a defender os sambas: “Quem defendia os sambas de Duduca e Bala era eu. Em seguida passei a compor com eles” – enfatizou. Como demonstrara ser mero conhecedor na harmonia entre ritmo, canto e dança, assumiu ainda bem jovem a responsabilidade do segmento tendo participação efetiva nas conquistas salgueirenses em 1960, 1963, 1965, 1969, 1971 e no campeonato em 1974 “O Rei de França na Ilha da Assombração”, foi primordial, atuando juntamente com Joãozinho Trinta, fazendo modificações na obra composta por Zé Di e Malandro. Em 1975 Laíla também deu voz à obra da vermelha e branca tijucana, sendo desta vez pelo fato de ter sido o responsável por uma inovação no carnaval carioca - a primeira junção de sambas de enredo. O samba que deu voz ao tema “O Segredo das Minas do Rei Salomão”, teve duas obras que compuseram o hino, rendendo ao Salgueiro o bicampeonato. “Havia dois sambas, cuja primeira parte de um era muito boa e a segunda parte do outro, excelente. Modéstia à parte eu juntei e a obra ficou muito boa. Por isso gravei a faixa da escola para o disco” – ressaltou o polivalente sambista. Mesmo com a conquista seguida de dois carnavais consagrando a academia, não foram suficientes para a permanência do diretor, pois as pressões eram enormes, o que resultou em seu afastamento do Acadêmicos do Salgueiro. O renomado


Beija-Flor, um novo desafio e uso da fé Ao contrário do que se imagina o renomado diretor apesar de ter participado de todo planejamento e montagem do carnaval de 1976 da Beija-Flor, não desfilou por ainda ter fortes laços com o Salgueiro. Laíla disse ter ajudado Joãozinho Trinta no que pôde, mas não quis assumir oficialmente nenhuma função. O sambista relatou que o carnavalesco tinha com ele um trato: se a azul e branca vencesse o carnaval, João iria declarar que Laíla o ajudara. E com a confirmação do título, Joãozinho cumpriu a promessa declarando: “Para ser campeão eu preciso do Laíla”. Mesmo com o auxílio de luxo ao carnavalesco e o cumprimento da promessa, além do convite recusado por ser salgueirense, foi preponderante para a transferência uma declaração de Osmar Valença durante o carnaval em 1976 que Laíla nunca havia feito falta ao Salgueiro e dava graças a Deus por seu desligamento. “Osmar foi infeliz. No desfile do Salgueiro ele disse que eu nunca havia feito falta e dava graças a Deus pela minha saída”. Para assumir função de maneira oficial na Beija-Flor o diretor consultou seus guias espirituais e somente depois de receber a mensagem para ir, pois obteria sucesso, ele acertou com os dirigentes da escola. A agremiação sagrou-se tricampeã da folia, entrando assim para o hall das grandes no carnaval carioca. Permaneceu na azul e branca até 1980, se afastando segundo ele quando as vaidades começaram a aflorar. Teve passagens pela Unidos da Tijuca, sendo um dos responsáveis pela vitória no Grupo 1B (atual Série A) quando a escola apresentou o enredo “Delmiro Gouveia”, permanecendo na agremiação do Morro do Borel até o ano seguinte. A década de 1980 também marcou sua passagem pela Unidos de Vila Isabel. Em 1992 e 1993 prestou serviços como diretor de carnaval do Acadêmicos do Grande Rio, contribuindo para a transferência do barracão de Duque de Caxias para o Centro do Rio, pela contratação do carnavalesco Alexandre Louzada pois a escola necessitava de um profissional de ponta para

desenvolver o enredo “No Mundo da Lua” e a junção de obras, resultando num dos sambas marcantes da história da escola. “O Jaider Soares era contra a junção dos samba porque tinha problemas com um determinado compositor, não queria de modo algum trechos do samba dele na junção. Só conseguimos convencê-lo na casa do Alexandre Louzada” – revelou. O resultado foi a permanência da escola no Grupo Especial. Laíla relata que as vaidades e ciúmes foram determinantes para sua saída: “Era uma ciumada, uma conversa fiada. Eu querendo trabalhar a comunidade e a política errada permanecia. Eles queriam colocar o Perácio que estava afastado. Numa certa reunião da Liga, eu coloquei uma proposta, porém o representante da Grande Rio foi contra. Ora! Se estou brigando pelos interesses da escola e o dirigente vota contra, é sinal de que não quer minha permanência. No dia seguinte, liguei para o Jaider relatando o acontecido e ele me disse: eu não vou tirar ele”! Laíla foi direto em sua resposta: “Mas não estou pedindo para tirar ele. Eu não preciso da sua escola”! – exclamou. Concluindo assim o vínculo com a agremiação. Após o carnaval de 1994 Laíla retornou para a BeijaFlor, onde permanece até os dias de hoje. Mas o trabalho foi árduo, para alinhar os pensamentos. O resultado além das excelentes colocações é a renovação nos quadros da escola. O diretor foi responsável também pela criação da comissão de carnaval e garante ter ingerência sobre os departamentos. Aliado ao trabalho que desenvolve na escola, há mais de 48 anos Laíla é um dos responsáveis pela produção do disco dos sambas de enredo, tendo participação em todas as etapas da produção do álbum. “Tive várias experiências na produção desse disco ao longo desses anos, inclusive no Teatro de Lona na gravação ao vivo. Mas o formato de gravação que estamos adotando nos últimos anos, com a participação dos ritmistas e integrantes das comunidades é o que mais me agrada. Isso barateia a gravação e reduz o tempo de produção” – contou.

Fotos: Internet

diretor conta que algumas pessoas que atuavam na escola junto ao então presidente Osmar Valença só pensavam em dinheiro e que na escola haviam facções: “Tinham pessoas que trabalhavam com o Osmar (Valença) que só pensavam em dinheiro. O Osmar abria as pernas! Eu brigava contra aquilo. Laíla trabalhou com Osmar Valença entre 1963 e 1975 e disse ter se cansado pelo fato de existir facções e a finalidade não era o bem comum da coletividade e a comunidade não tirar proveito das coisas boas que a escola rendia, resolveu se afastar: “Saí primeiro que o João (Trinta). Passamos muito sufoco para colocar aquele carnaval na rua! Dormíamos no Pavilhão de São Cristóvão. Nós fizemos aquele carnaval de 1975, assim como preparamos o do ano anterior”. Relatou que sofria ameaças e disse: “Ia ter que matar ou morrer. Como eu não tenho índole de matar e não queria morrer, preferi sair”!

Osmar Valença

Laíla cultuando seus guias espirituais

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 39


CURTAS

Foto: Dayse King

Foto: Dayse King

Por Ricardo Dias

Sucesso da Aesm-rio em suas apresentações, a Corte Real Mirim foi mantida para mais uma folia. Victor Hugo, Kaylane de Lima, Poliana Francisco, Heloísa Bittar, Walacy da Silva e Gabriela Pereira permaneceram em seus cargos oficiais, fruto da dedicação e desempenho dos pequenos em suas funções. Vida longa aos “Reis da Folia”!

É festa!

Foto: Dayse King

O carnaval do ano que vem será muito especial para a Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro. É que em junho de 2017 a Aesm-Rio completará 15 anos de serviços prestados ao samba mirim e à nossa cultura. A ideia é promover diversos eventos comemorativos até lá para celebrar tanto sucesso e crescimento do espetáculo, e, por consequência, das escolas filiadas.

O Axé da Molecada Cerca de 200 integrantes mirins das escolas filiadas à AesmRio participaram da lavagem simbólica do Sambódromo Carioca no último dia 31 de janeiro encerrando a temporada dos ensaios técnicos para o carnaval 2016. O desfile contou com a Corte Real Mirim e com o casal Pablo Lima e Anna Clara que defenderam com graça e leveza o pavilhão da instituição. O Presidente Edson Marinho acompanhou de perto as crianças na cerimônia. A lavagem simbólica já se tornou tradicional no calendário oficial da cidade, onde as “Mães Baianas” de todas as escolas enchem a pista de axé. Representantes de diversos segmentos religiosos se unem em um verdadeiro show de tolerância, um grande exemplo para nossos pequenos. Logo depois foi a vez da escola campeã de 2015, a BeijaFlor de Nilópolis, ensaiar testando o sistema de som paras os dias de folia. Foto: Carlo Wrede - Agência O Dia

Realeza renovada!

Tempero que vem do Berço do Samba Pouca gente sabe, mas os frequentadores das feijoadas nas quadras cariocas podem já ter provado um “Tempero Presidencial”... Responsável pela mais brasileira das iguarias em escolas como Estácio, Vila Isabel e Unidos da Tijuca, o Presidente da Aesm-Rio Edson Marinho é um “Cheff” de mão cheia! Além de cozinhar, o “Comandante Maior” também é compositor de sambas de enredo e assina a obra da Estácio de Sá para este carnaval juntamente de Jorge Xavier, Júlio Alves, Adilson Alves, André Félix, Jorge Babu e Salviano.

Trocou de nome O GRCESM Golfinhos da Guanabara já a partir desta folia passou a se chamar Golfinhos do Rio de Janeiro. A agremiação de Copacabana presidida por Valéria Pires aprovou a iniciativa e apoiou em massa a mudança do nome. Sorte aos Golfinhos do Rio de Janeiro em sua nova fase no Carnaval Mirim. 40 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Pela segurança e pelo bem estar Para garantir a segurança das crianças que desfilam e assistem os desfiles na Marquês de Sapucaí durante o carnaval, o Juiz Titular da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, senhor Pedro Henrique Alves estabeleceu novas e importantes regras. Só poderão participar dos desfiles adultos crianças a partir de 8 anos e, na bateria e carros alegóricos, a partir dos 12 anos. Para as crianças que vão assistir, a classificação etária será 5 anos e elas deverão estar acompanhadas dos pais. Nos desfiles mirins, a entrada está liberada. Neste dia os desfilantes deverão estar identificados com crachá, ou preferencialmente, com pulseiras. Isso se aplica a crianças e adolescentes até 14 anos incompletos. Nos carros alegóricos é proibida a condução e permanência de menores de 10 anos. Outra importante mudança foi no horário. Os desfiles das escolas mirins começarão às 18h e terminarão às 2h.


Foto: Rodrigo Rigon

EM TEMPO por Ricardo Dias

Seria a luz vermelha? Muito se fala sobre os rumos de nossa festa maior. Seu desenvolvimento, profissionalização... Há também uma grande mobilização em divulgar a festa, torná-la rentável e até sustentável... Mas será que estamos preservando o futuro desta manifestação que tanto amamos da melhor forma, de modo que fomentemos sua vitalidade e continuidade? Nasci no distante Padre Miguel, bairro inserido no “mapa cultural” da cidade e porque não dizer do mundo, através de uma agremiação que ficou famosa por conta de sua bateria. Uma época de ouro dos desfiles carnavalescos! Arlindo, João, Fernando, Viriato, Pamplona... Zica, Neuma, Clara Nunes... Ney Vianna, Silvinho da Portela, Mestre Marçal entre tantos outros! Até arrisco dizer que foi na década de 80 que os desfiles tiveram seu auge (que fique claro que não falo em declínio), e se existe algo de bom em ter idade “avançada” é o fato de se colecionar boas histórias para contar. Neto de admiradores da festa, eu bem molequinho já freqüentava as quadras e a Sapucaí. Comecei aos sete anos e fiquei vidrado! Queria saber de tudo em uma época que não tínhamos a internet e ficávamos ansiosamente aguardando a época em que as televisões abertas colocariam sua programação de folia no ar. Era um sonho, e como eu, vários de minha geração se apaixonariam assim. Em tempos de globalização e da informação fácil, a sociedade se vê agora diante de uma enxurrada de possibilidades de entretenimento e acesso à cultura. O jovem de hoje não vê mais o mundo por “uma janela com um Ponto

de Luz na Imensidão” como decretou João 30 na Beija-Flor em 1992. Ele hoje tem o mundo em suas mãos! Um portal para novos mundos através da conectividade, vivendo sem fronteiras. Novos ritmos, novas seduções. Em 1984 (Olha a década de ouro aí gente!) surge a primeira escola de samba mirim, fruto da ousadia de uma turma de bambas lá da Serrinha. Eles apontavam que para o futuro seria necessário preservar essa raiz, investir nos talentos, apoiar novas iniciativas... Visionários! Mas será que estamos de fato fazendo isso de forma plena? Será que estamos fazendo o bastante? O poder público, as agremiações e seus dirigentes, a mídia especializada... Estamos de fato no caminho certo? O espetáculo hoje é pautado por inovações, tecnologias e celebridades, não mais por um bom samba enredo, pelos baluartes, pela cadência de uma bateria... E nossas quadras estão cheias como outrora? Nosso ritmo está nas paradas de sucesso? Nossos ensaios técnicos (estes com entrada franca) com lotação máxima num domingo de verão? E o Samba Mirim? Tem recebido o investimento devido por parte dos que tem o peso da caneta? Este mesmo Samba Mirim que tem o poder de tirar a criança do ócio levando cultura, entretenimento e inclusão social para diversas comunidades da cidade? O já não tão jovem Careca do Império Serrano apontou a direção... A luz vermelha está acesa...

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 41


Fotos: Ana Valéria Gonçalves

Cristiano Clemente (Nicole)

Construção de Enredo

Pimpolhos da Grande Rio aposta numa construção de enredo através do carnaval participativo Por Ana Valéria Gonçalves

No universo do Carnaval Mirim não é diferente. Pensar e construir um enredo ao contrário do que muitos pensam não é nada fácil principalmente quando se fala em crianças e adolescentes. Isso se dá pela própria temática e essência do seguimento mirim, pois a preocupação vai além do fazer um belo desfile. Os dirigentes preocupam-se com o futuro, a cidadania, educação, bem estar dos meninos e meninas envolvidos neste processo, ou seja, existe todo um apelo social. E para falar um pouco do processo de construção de enredo e seus desafios a revista Cartilha do Samba conversou com Camila Soares, uma jovem de 33 anos, presidente da Pimpolhos da Grande Rio e alguns componentes de sua equipe. A Agremiação traz para o Carnaval Mirim uma proposta de enredo participativo. Olhar atento a tudo o acontece ao seu redor, na tentativa de não deixar escapar nada, sempre em alerta. Conversando com os componentes de sua Escola para saber se eles estão bem, com os presidentes de ala e demais diretores. Assim começou a nossa conversa. E como a Pimpolhos constrói seu enredo? A Pimpolhos desde o início da criação sempre teve uma forma coletiva de criação. Nós nunca tivemos um carnavalesco, sempre houve uma direção ou comissão de carnaval. É um carnaval participativo. Temos, também, os projetos educacionais onde sempre buscamos o feedback das crianças, para a gente se inspirar e criar o enredo. Esse ano devido a crise econômica, a gente sabe que muitos setores do país sofreram problemas com a redução de custos, por exemplo, perda de patrocínio. Eu tive que olhar um pouco para dentro e repensar o carnaval, diz a presidente. Pensar e construir o enredo no contexto mirim requer, também, um olhar pedagógico. Pois a proposta é: que o tema apresentado na Marquês de Sapucaí tenha desdobramentos durante o ano nos diversos trabalhos desenvolvido com as crianças. Enganam-se os pensam que ao encerrar o desfile

42 | AESM-RIO | Carnaval 2016

o compromisso acaba. “No processo de criação do enredo a gente já vem pensando nas questões que quer trabalhar na Escola. E esse ano a gente pensou em falar desse enredo Todo Mundo Junto e Misturado, recontar essa história do Brasil de forma lúdica, divertida e ao mesmo tempo falar de respeito de intolerância, fala de um país multicultural, de preconceito. Penso que tudo deu muito certo, as meninas da coordenação pedagógica e as crianças do projeto Pimpolhos nas Escolas foram coautoras junto comigo”, conta Camila. Colocando em prática Partindo para prática, após pensar o Carnaval no papel, é a hora de calcular custos de material e trabalho humano. E ai está um grande diferencial deste universo infanto-juvenil, pois o investimento maior é direcionado as crianças e adolescentes. Contudo e ideia de um carnaval participativo continua e no barracão não é diferente, como explica a presidente: Ano passado eu fiz mestrado em Engenharia de Produção, exatamente por fazer carnaval há anos e perceber a necessidade de otimizar desperdícios no processo produtivo, tanto de tempo, quanto de custos. E já que escolhi o carnaval para minha vida, pude contribuir para a melhoria do planejamento em setores onde isso não existe. Por conta disso eu aprendi muita coisa, e este ano estou aplicando ferramentas. Estou tendo muitos resultados mesmo, consegui reduzir os custos pela metade. Um exemplo foi à questão de corte para costura: usei um programa que você consegue exatamente a quantidade de material que você precisa, com isso tivemos zero prejuízo de tecido. Carnaval este ano continua sendo participativo, principalmente na criação, todos contribuem com ideias no barracão. A participação do Pimpolhos e ex-pimpolhos Camila entende que o carnaval é, também, um grande legado. E ninguém melhor para dar continuidade a


Com a palavra os pimpolhos Para Sarah Viana de 17 anos e Paula Lima (Paulinha) estarem do outro lado e poder contribuir ainda mais no processo de construção de enredo da Agremiação que desfilaram desde bem pequenas é um grande privilégio, uma oportunidade única. Pois muito do conhecimento adquirido no ramo profissional foi através da própria Pimpolhos, como explicam: Sarah Viana: Eu entrei na Pimpolhos tinha apenas 7 anos de idade, hoje estou com 17. Minha aproximação maior aconteceu através dos projetos. Fui para a harmonia e comecei a fazer os cursos de música, dança afro, maquiagem - tenho como profissão atualmente - e produção cultural, onde passei a ser estagiária. Minha tarefa neste processo de construção de enredo começou acompanhado a elaboração dos protótipos, vendo material para saber que o tínhamos e o que não tínhamos em caixa. Quando começou a reprodução, entrei de férias do Colégio e passei a ir todos os dias para o barracão acompanhar costura, montagem de fantasias, empacotamento. Hoje a pimpolhos é o meu trabalho, mesmo sendo estágio, e colocar o carnaval na avenida junto com o produtor. Esse ano vai ser muito gratificante para mim. Entrarei na Avenida com um olhar mais amplo, pois ver todas aquelas crianças e o quanto contribuir para tudo aquilo acontecer. Vais ser demais. Paula Santos (Paulinha): Comecei na Pimpolhos como passista, tive um processo de rainha de bateria, desfilei em carro, comissão de frente, destaque e hoje produzo algumas das fantasias. Estar do outro lado é um processo bem interessante, pois é uma oportunidade de crescer. Mas nem todo mundo agarra essa oportunidade, pois é uma questão de muita responsabilidade. Eu fiz curso de maquiagem, cabelereira, moda, de inglês, era bailarina, participei de tour com a Escola e como eu venho estudando, agarrando as oportunidades estou aqui do outro lado.

Novas experiências E para aqueles que estavam acostumados a fazer carnaval nas grandes Agremiações com todo brilho e glamour? A Pimpolhos da Grande renovou o seu quadro de colaboradores trazendo pessoas que tem a experiência do carnaval adulto, mas que nunca obtiveram uma experiência no âmbito mirim. E eles contam como está sendo essa experiência, no que tange a composição de fantasias e a produção do carnaval. Cristiano Clemente (Nicole): Eu trabalho há muitos anos no carnaval, mas esse é o meu primeiro ano com uma Escola Mirim, está sendo uma experiência muito boa, porque essa questão da reciclagem e do aproveitamento. Aqui sou responsável por toda a parte de protótipo da Escola, tirei do papel o que foi desenhado. No início confesso ter tido dificuldade, porque estava acostumado a fazer fantasias para o Grupo Especial, Série A e por que estava acostumado com outro tipo de material, aí chego aqui e minha base é galão e pastilha! Confesso que tinha certa aversão, contudo fui usando a criatividade e consegui um bom resultado. Aos poucos me adaptei a essa nova forma de trabalho. Fabio França: Venho de uma experiência de 12 anos com trabalho de produção no carnaval adulto. Passei pelo Império Serrano, Mangueira, Grande Rio e Porto da Pedra. É uma proposta nova e encantadora, porém não se mensura a responsabilidade. A gente começa a trabalhar com um novo pensar em fazer carnaval, uma nova proposta de gestão, através do reaproveitamento de materiais, de novas tecnologias. Não é fácil, mas é você transformar a adversidade em obra de arte. A proposta de construir um enredo de forma participativa passa por todos os setores da Escola, inclusive na musical. O samba enredo é composto através da Roda de Composição, onde todos podem a partir da leitura e estudo da sinopse contribuir para esta obra tão importante na Agremiação. Para o próximo ano a presidente pretende continuar inovando, porém não como carnavalesca: Ano que vem nós vamos transformar de novo porque Foto: Ana Valéria Gonçalves eu não pretendo estar nessa função de carnavalesca, direção artística da Escola, fiquei esse ano por uma questão financeira mesmo, conclui. Foto: Arleson Rezende

Agremiação senão os próprios componentes. Por isso investe muito dos recursos em cursos onde seus pimpolhos no futuro possam assumir funções e tarefas: A gente passou a investir mais nosso recurso financeiro nas crianças mesmo e não na fantasia mais luxuosa ou carro alegórico maior. Fazer com que o nosso dinheiro possa render mais durante o ano para que haja um investimento na educação deles. Realizar cursos de violão, música, percussão, por exemplo. Na capacidade técnica de cada um. É aquela velha história o que vale mais: O carro alegórico bonito ou o sorrido de criança? Com isso estou trazendo alguns Pimpolhos, como por exemplo, a Sarah que fez curso de produção cultural e maquiagem. Tem a Paulinha que foi nossa rainha de bateria e atualmente produz fantasia de mestre sala e porta bandeira e comissão de frente. Então fazer esse resgate mesmo dos pimpolhos para que eles possam assumir esses cargos dentro da própria Agremiação. Lógico tem que acompanha-los até criarem experiência, ficarem adultos, mas a minha ideia é essa. Para que haja continuidade, diz.

Camila Soares

Revista Cartilha doSantos Samba | AESM-RIO | (Dir.) 43 Paula (Esq.) e Sarah Viana


Vila Olímpica da Mangueira

Samba e Esporte, a parceria que garante nota 10 Por Arleson Rezende

A cidade do Rio de Janeiro conhecida como o berço do samba, por difundi-lo e o caracterizar como escola é também reconhecida como capital do esporte, sendo responsável por revelar talentos nessas duas vertentes. Historicamente os habitantes da cidade maravilhosa conseguem aliar essas duas práticas, realizando assim grandes festas, como os Jogos Pan-Americanos, a Copa do Mundo e a maior festa do esporte mundial, os Jogos Olímpicos de 2016. Mas essa festa se inicia bem antes, mais precisamente em fevereiro, durante o carnaval, onde são realizados os desfiles das escolas de samba. E muitos se perguntam: o que uma prática tem haver com a outra? Coincidentemente o surgimento de algumas das maiores agremiações de nosso carnaval originaram-se de times de futebol. Como exemplo a Mocidade Independente de Padre Miguel, fundada em 1955, a partir de uma equipe de futebol, o Independente Futebol Clube. Outra importante escola de samba do nosso carnaval, a Unidos de Vila Isabel, bem antes de sua fundação é também parte integrante de uma equipe de futebol. Em 1945 atletas desse time que tinha as cores do uniforme azul e branco, fundaram um bloco. No ano seguinte, Antônio Fernandes da Silva, seu China, registrou na União Geral das Escolas de Samba, a Unidos de Vila Isabel. A Estação Primeira de Mangueira ao longo de sua história sempre valorizou as práticas esportivas de crianças e jovens residentes em localidades que formam a comunidade da escola. Graças ao pioneirismo de Agrinaldo Santana – primeiro diretor de departamento de esportes da verde e rosa e Ariquerman Benedito Ferreira de Souza, que iniciaram as escolinhas de futebol debaixo do Viaduto de Mangueira e se juntaram a Alice de Jesus Gomes Coelho, a Tia Alice, que ministrava aulas de atletismo. Essas práticas passaram a ser difundidas dentro do Palácio do Samba, nos dias em que não eram realizados os ensaios. 44 | AESM-RIO | Carnaval 2016

Em 1987 durante a gestão de Carlos Dória, com o apoio de personalidades da verde e rosa e membros da diretoria e tendo à frente a cantora Alcione e o professor de educação física Francisco de Carvalho, foi fundado o projeto esportivo da Mangueira, num terreno ao lado da linha férrea cedido pela Rede Ferroviária Federal, surgindo assim a Vila Olímpica da Mangueira. “A convite do então presidente da Estação Primeira de Mangueira, Carlos Dória, sem qualquer infraestrutura e equipamentos, abracei seu ideal em transformar vidas oferecendo cidadania, conquistando a admiração de voluntários imprescindíveis para a execução desse projeto”, disse Francisco de Carvalho – presidente da Estação Primeira da Mangueira. Chiquinho afirmou que mangueirenses ilustres ajudaram a mudar para melhor muitas de vidas. “A ajuda de Tia Alice, Agrinaldo, Dona Zica, Dona Neuma, dos expresidentes da agremiação Álvaro Luiz Caetano e Elmo José dos Santos, da cantora Alcione, entre outros, foi fundamental para a implantação e crescimento do projeto que trouxe vida e esperança para milhares de pessoas”. Fundada há 28 anos a Vila Olímpica da Mangueira teve seu trabalho reconhecido e se tornou referência entre os projetos sociais existentes não só no Brasil, mas em todo o mundo, recebendo visitas de grandes personalidades e atletas, destacando-se o encontro do exministro dos esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé e do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, em 1994. A Vila Olímpica oferece a crianças e jovens as práticas de modalidades como basquete, futsal, atletismo, futebol, ginástica rítmica e natação. Desenvolve projetos específicos com pessoas portadores de necessidades especiais e da terceira idade, além de atuar na áreas da cultura, capacitação profissional, saúde, educação e cultura. Com o sucesso do projeto desenvolvido pela madrinha verde e rosa e prova que a junção da prática esportiva e o samba caminham juntos para beneficio dos jovens, o Acadêmicos do Salgueiro criou ao lado de sua quadra de ensaios sua vila


Fotos: Internet

Pelé e Bill Clinton na Mangueira em 1994

olímpica, sendo fundada em 30 de março de 1996. A área batizada de Vila Olímpica Felinto Epitácio Maia conta com quatro mil metros quadrados. Nesse espaço desenvolvem-se práticas esportivas como atletismo, basquete, capoeira, futebol masculino e feminino, futsal, caratê, jiu-jítsu, natação, hidroginástica e voleibol. Além dos esportes, as crianças tem acesso a reforço escolar, cursos de aperfeiçoamento como informática, inglês, espanhol, corte e escova, maquiagem, modelo e manequim, teatro, manicure, percussão, cavaquinho, customização e oficinas do Carnaval. A Vila Olímpica que passou por reformas em 2007, atualmente é administrada por Renata Duran e gerenciada por Raoni Ventapani que declarou ter satisfação quando um jovem no esporte se torna realidade e desponta no mundo esportivo. “Quando vemos um talento surgido aqui onde trabalhamos, surge para o esporte e se consagra, não tem preço”. A Vila Olímpica do Salgueiro também desenvolve diversos projetos de cidadania e inclusão social. Em abril de 2015 foi inaugurada uma unidade da Faetec Digital, com sala de informática e uso gratuito de internet banda larga. O projeto atende pessoas que residem nas comunidades como Morro do Salgueiro, Andaraí, Turano, Macacos, Formiga e Borel. E quem supõe que nas agremiações mirins o esporte não tem alguma relação com o samba, enganase redondamente. Boa parte das escolas filiadas à AESMRio, desenvolvem práticas esportivas como futebol, futsal e capoeira, para ambos os sexos, abrangendo crianças e jovens direta ou indiretamente envolvidos com as entidades. Bom exemplo disso é o trabalho desenvolvido pela Pimpolhos da Grande Rio, que há seis anos, atende cerca de 70 meninos no município de Duque de Caxias. A incumbência por colocar em prática o trabalho com a garotada que possui idade entre 10 e 15 anos é de Walber Carvalho e Fábio Fernandes. Entre os principais obstáculos encontrados no inicio de implantação do projeto, Walber Carvalho destacou a dificuldade em captar recursos e o local considerado ideal para as práticas. “No começo as dificuldades foram captar os recursos para colocar em prática o projeto e conseguir o local perfeito para atendermos os garotos”. De inicio as aulas de futebol socyeti e futsal aconteciam no Clube Boleiros, no Centro de Duque de Caxias, posteriormente as atividades passaram a acontecer todas as quartas e sextas-feiras no horário entre 15h e 17h no Complexo Esportivo Arnão, no bairro Duque.

E o ziriguidum não é somente no carnaval, a diretoria do Acadêmicos do Grande Rio apoia e incentiva o projeto esportivo atendendo aos meninos durante todo o ano, cedendo recursos para a compra de materiais esportivos, lanches e logística para o transporte dos atletas para jogos em locais mais distantes. “É imprescindível a ajuda da diretoria da Grande Rio. Eles dão provas de apoio à comunidade cedendo materiais e condições para que os atletas possam desenvolver uma excelente prática. Isso resulta em bons resultados”, destacou o professor Fábio Fernandes, um dos responsáveis pelas escolinhas. Como todo bom trabalho quem que ter como ingredientes a perseverança, estrutura e muita dedicação, o resultado dessa mistura são os talentos revelados pelas escolinhas de futebol da Pimpolhos. Segundo os coordenadores podem ser destacados os atletas Luis Felipe Silva de Oliveira e Phellipe dos Santos Fernandes, além de Anderson que desponta como jogador de futebol e atua como intérprete da tricolor mirim de Duque de Caxias. E os interessados em se inscreverem, basta entrar em contato com a secretaria da Pimpolhos acompanhados por algum responsável para o preenchimento da ficha cadastral. A relação comum das escolas de samba com o esporte é a inserção social que ambos promovem para os envolvidos e como resultado os talentos como sambista ou desportistas surgidos em nosso país. Na opinião dos coordenadores ver o sorriso de uma criança desfilando no carnaval ou participando de uma competição, é algo que nenhuma grande quantia em dinheiro paga e encaram como missão divina o trabalho desenvolvidos, seja em qual segmento ou esfera for. “Não há quantia que supere você ver o sorriso de uma criança. A satisfação é ímpar”, ressaltaram.

Tia Alice

Independente Futebol Clube

Revista Cartilha do Samba | AESM-RIO | 45


Escola de samba é brincadeira de criança sim senhor!

Bárbara Pereira, jornalista e pesquisadora de carnaval. É autora do livro Estrela que me faz sonhar-Histórias da Mocidade (editora Verso Brasil)

Q

uando recorro à minha memória para lembrar da infância logo vêm imagens do carnaval. Ah, como eu já amava essa época do ano. As fantasias costuradas pela mãe, os coretos do subúrbio, os bailinhos nos poucos clubes da Zona Oeste. Sobre as escolas de samba só ouvia falar por intermédio dos adultos e também pelas reprises compactadas exibidas pela tevê no dia seguinte aos desfiles. Sair na escola de coração se tornou um sonho a ser realizado quando chegasse à maioridade . Era um tempo em que as escolas de samba mirins ainda não tinham surgido, porque se existissem, ah meu caro leitor, sem dúvida nenhuma eu estaria lá. E lá estaria porque é o lugar mais do que privilegiado para aprender a cultura do carnaval das agremiações, essa expressão que ano após ano recebe críticas dos que não compreendem que escola de samba é uma manifestação cultural genuinamente brasileira. E que por trás de um desfile há muito o que descobrir. A começar pelo convívio com os mais velhos, uma aproximação que resulta na chamada transmissão de saberes. Uma das mais prazerosas formas de aprendizagem, porque é a partir do que se ouve, do que se vê e das experiências ao longo dessa troca que está a riqueza desse encontro, que ultrapassa elementos técnicos e envolve respeito à ancestralidade, às tradições e, ainda, a valorização da convivência comunitária. Tem arte, tem história, tem valores de coletividade e muitos outros que se formos falar agora esse texto não vai terminar. 46 | AESM-RIO | Carnaval 2016

As escolas formais (as da sala de aula) vivem falando que precisam incorporar os conhecimentos das comunidades no seu dia-a-dia e, na maioria das vezes, esquecem de olhar ao redor e perceber o potencial que uma escola de samba fincada bem pertinho pode oferecer. As diferentes expressões artísticas que compõem uma escola de samba podem, por exemplo, ser contadas pelos próprios artistas, como o rodopiar das baianas por Tia Nilda da Mocidade , o bailar da portabandeira por Vilma Nascimento da Portela (conhecida como o Cisne da Passarela), a organização da orquestra por um herdeiro de Mestre André, ou, ainda, a arte de imaginar um desfile por uma carnavalesca premiada como Rosa Magalhães. Os mestres estão ali, ao alcance dos olhos e dos ouvidos. E é nesse quesito que as escolas de samba mirins estão à frente. São, em sua maioria, crias das casas e, portanto, responsáveis por dar continuidade aos seus pavilhões e também a essa festa, com tantas culturas envolvidas. E mais: a história mostra que os documentos podem guardar a trajetória de uma escola, um exemplo são as agremiações que morreram, mas que são lembradas por meio do que sobrou do seu acervo. Mas nem tudo fica registrado no papel. Quando uma escola mirim enrola a bandeira – ou seja, deixa de existir - não é só o futuro que fica comprometido, o passado também. A história muito provavelmente será contada somente por objetos, e aí que algo se perde. A alma do samba é a gente que faz. Que a criançada possa sempre receber esse patrimônio imaterial brasileiro de herançae, assim, não deixar o samba morrer.

Foto: Arquivo pessoal

ARTIGO por Bárbara Pereira


Vem aí

publicidade os 15 anos da

Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro


RELÓGIOS JOGOS AMERICANOS

BLOCO VASCO

BLUSA

BISCUIT

ORIXÁ ADEREÇO DE CABEÇA

BOLSA DUPLA FACE E BOLSÃO (FLAMENGO)

CAPAS PARA CELULAR

TORCIDA BABY

PONTOS DE VENDA BOUTIQUE DO CARNAVAL SHOPPING NOVA AMÉRICA - 1° PISO ACESSO A LOJA 525-B | QUIOSQUE CIDADE DO SAMBA RUA RIVADÁVIA CORREA 60, GAMBOA - ZONA PORTUÁRIA - DE 9H ÀS 17H | QUIOSQUE SAMBÓDROMO SETOR 3 - SAMBÓDROMO - DE SEGUNDA A SÁBADO DE 9H ÀS 17H - DOMINGO, PRAÇA DA ALIMENTAÇÃO DE 16H ÀS 22H (PERÍODO DOS ENSAIOS TÉCNICOS) | AEROPORTO SANTOS DUMONT PRAÇA VER. MIGUEL ÂNGELO, S/N - CENTRO - SETOR DE DESEMBARQUE www.amebras.org.br amebras.rj@gmail.com www.facebook.com/amebras

Tels: (21) 2516 7707 e (21) 3149 8500

APOIO CULTURAL:


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.