Jornal Amazonas em Tempo - Caderno Carnaval - 03/03/2014

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Especial

diadia@emtempo.com.br IONE MORENO

MANAUS, SEGUNDA-FEIRA, 3 DE MARÇO DE 2014

Entrada da Andança de Ciganos no sambódromo na noite do último sábado: homenagem a um dos logradouros mais movimentados da capital amazonense

Andanças abre

desfiles de 2014

Escola consegue desfilar antes do início da forte chuva, passando por alguns problemas que foram logo resolvidos para o começo de sua apresentação IVE RYLO Equipe EM TEMPO

M

o presidente de honra, a confecção das fantasias e alegorias foi prejudicada. O presidente Vilson Benayon explicou que oito alas foram cortadas na última hora, reduzindo o número de brincantes de 2,2 mil para 1,7 mil. “A Andanças de Ciganos foi uma escola pioneira, que trouxe os artistas de Parintins para ajudar na construção. Agora existe um cartel só para prejudicar”, disse Benayon. Ele disse que a verba de R$ 264 mil foi depositada apenas às 16h da última sexta-feira (28), fato que interferiu na composição do espetáculo. “As fantasias foram entregues hoje (sábado, 1º), em cima da hora. Das 20 fantasias que peguei, apenas cinco vieram terminadas, as outras 15 eu fui ajudar as costureiras a finalizar”, disse a dona de casa, Maura Sales, 39. A escola entrou na avenida no tempo previsto e encerrou a apresentação antes do término do horário. FOTOS: DIEGO JANATÃ

eia hora antes de a escola de samba Andanças de Ciganos ocupar a avenida, um susto: grande parte dos foliões não havia ainda conseguido chegar ao sambódromo. Na concentração, poucas pessoas agrupadas entre os carros, vestiam as fantasias. Nem mesmo o coração da escola, a bateria, “esquentava” a noite que já dava sinais da tempestade que se aproximava. A agremiação do bairro Cachoeirinha, Zona Sul, homenageou o tradicional comércio da rua Marechal Deodoro, com o enredo “Vou às compras, que legal, meu destino é a Marechal”. A curiosa calmaria foi justificada pelo vice-presidente da escola, Manoel Alencar. “Os ônibus que iriam pegar a comunidade, que aguardava em frente

à quadra da escola, não foram. O presidente esta lá para ver se consegue resolver. Os que estão aqui vieram por conta própria”, explicou. Minutos após desvendar o “mistério”, os brincantes foram surgindo e se organizado em suas alas. De repente, parte da área da concentração ficou repleta de simpáticas baianas. A pensionista Benedita Gomes, 61, que compunha a ala, relatou a aventura que viveu para chegar ao sambódromo. “Vim dentro de um baú com as fantasias. Estava na quadra esperando quando disseram que os ônibus não iriam mais nos buscar, mas não disseram o motivo. Fiquei com medo de não desfilar e vim logo no baú”, revelou. Contudo, o atraso da chegada dos foliões, não foi o único contratempo enfrentado pela escola que abriu o desfile do Grupo Especial. Após receber o repasse na véspera do desfile, segundo

Mestre-sala e porta-bandeira da Andanças de Ciganos evoluem na avenida: dificuldades superadas com muita alegria

Agremiação correu contra o tempo para deixar tudo preparado


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Emoção com homenagem à ‘prata da casa’ do UFC

FOTOS: DIEGO JANATÃ

Segunda escola a desfilar na noite de sábado, a Unidos do Alvorada conseguiu a participação do lutador José Aldo

José Aldo, lutador amazonense de UFC, foi o homenageado da escola, desfilando ao lado do prefeito Arthur Neto: felicidade com a homenagem e exemplo de superação na busca pelo sucesso FÁBIO MELO Equipe do AGORA

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em a forte e intensa chuva atrapalhou o desfile da Unidos do Alvorada, na noite de sábado (1º), no Sambódromo. A emoção e, principalmente, a vibração da torcida azul e branca tomaram conta do início ao fim na avenida. Todos que compareceram bateram palmas e exaltaram de pé o homenageado da agremiação, o campeão da categoria peso-pena do Ultimate Fighting Championship (UFC), José Aldo Júnior. Com o título “José Aldo: prata da casa, ouro do mundo”, a Unidos do Alvorada pretende conquistar seu primeiro título no Carnaval amazonense. A escola da Zona Centro-Oeste de Manaus desceu à avenida com quatro carros alegóricos e 26 alas, onde contou desde o início da carreira de José

Aldo até a ascensão ao pódio do UFC. A comissão de frente ilustrou o desejo de Aldo, quando almejava e sonhava desde pequeno em ser um grande campeão no esporte. O carro abre-alas, “O medo imaginário” demonstrou as dificuldades vividas pelo manauense antes de ser um grande campeão. O último carro alegórico, denominado “Revoada dos anjos – octógono de um campeão” configurou o momento “sensação” do desfile. José Aldo segurava seu cinturão acompanhado do prefeito de Manaus, Arthur Neto, e juntos, acenaram para a multidão. Segundo o presidente da escola, Heroldo Linhares, o sonho de ter o campeão do octógono internacional como tema da agremiação se tornou realidade durante o desfile. “Estou muito feliz. Foram três anos tentando trazer o filho da comunidade como tema da nossa escola para o povo do Al-

vorada, e hoje nós conseguimos. É só alegria”, disse. Para José Aldo, nascido e criado no bairro Alvorada 3, receber a homenagem foi gratificante, emocionante e única. “Fico muito feliz em receber essa homenagem. Poder contar a minha história de vida e ver todo mundo cantando, vibrando, passando aquela energia, é muito bom, não tem como descrever. Agradeço a escola, ao presidente e a toda comunidade que se empenharam para que isso acontecesse”, disse emocionado José Aldo, ao confirmar que se a agremiação for campeã, ele volta para o desfile das campeãs. Arthur Neto também soltou elogios para o campeão e torcida. “O nosso povo precisa de heróis e a homenagem foi tocante. Ele é um exemplo de superação. Do Alvorada para o mundo”, disse Neto, ao destacar a euforia da torcida.

Graciosidade feminina na passarela do samba: Unidos do Alvorada fez uma boa apresentação

Mesmo sob chuva, escola manteve o samba no pé na luta pelo título do carnaval manauense


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A Grande Família conta história de estrelato

FOTOS: DIEGO JANATÃ

Ednelza Sahdo foi homenageada pela agremiação da Zona Leste de Manaus, a terceira a desfilar

da Cachoeirinha, hoje extinta fez referência à agremiação folclórica Ciranda do Amor, A Grande Família, além de homenagear Ednelza Sahdo, também HENRIQUE XAVIER Equipe EM TEMPO ONLINE

À

s 22h30, foi a vez de a escola A Grande Família pisar na “Passarela do Samba”, com o enredo “Uma estrela em cena”, que contou um pouco da história da atriz, cantora, produtora e professora de teatro Ednelza Sahdo. Sob o comando do mestre Eduardo Andrade, a “Pesadelo” (como é carinhosamente chamada a bateria vermelha e branca) trouxe 350 ritmistas que na cadência 4x6 mostrou evolução e muita audácia, ao fazer paradinhas estratégicas de até 20 segundos em pleno sambódromo. A rainha da bateria, Luciana Santos, foi um dos destaques mais aplaudidos pelo público durante a apresentação. Apesar da forte chuva que prejudicou visivelmente as fantasias, a representante do bairro São José, na Zona Leste de Manaus, começou seu desfile com o bailado dos 14 arlequins da comissão de frente, que representaram o anúncio da chegada à Terra de uma estrela dos palcos. Os carnavalescos Luizinho Andrade, Kaleb Aguiar e Jorge Granjeiro mostraram em 26 alas e cinco carros alegóricos a atuação de Ednelza Sahdo desde seu nascimento à sua evolução nos palcos e no cinema, fazendo inclusive uma curiosa inferência à escolha da agremiação carnavalesca que a artista defende. “Trouxemos a imagem de Aparecida como forma de mostrar esse momento na vida da Ednel-

za, quando foi porta-bandeira da Mocidade Independente de Aparecida”, explicou Luizinho Andrade. A escola fez referência ainda à outra agremiação folclórica supercampeã: a extinta Ciranda do Amor, do bairro da Cachoeirinha, onde Ednelza atuou por vários anos como vocalista. A agremiação encerrou seu desfile faltando ainda seis minutos para estourar o tempo limite dado para cada escola de samba, sendo muito aplaudida pela sua torcida.

GARRA

Apesar da forte chuva que prejudicou visivelmente as fantasias, a escola representante do bairro São José começou seu desfile com o bailado dos 14 arlequins da comissão de frente “Todo esse reconhecimento pelo nosso trabalho, essa homenagem pelo que fizemos ao longo de nossa trajetória, é uma página das mais gloriosas que qualquer artista pode receber. Deus abençoe A Grande Família por ter me escolhido para fazer parte dessa história de enredo. Não achei que teria todo esse fôlego para desfilar. Eu, mais uma vez, estive no palco das emoções. Só que desta vez, eu vivi o melhor personagem de toda a minha vida”, afirmou Ednelza, logo após o desfile.

nte da esrte da comissão de fre artista Arlequins fizeram pa da a ad eg ch a resentaram cola de samba e rep

Luciana Santos, rainh a da bateria d’A Gran de Família, foi um dos destaques mais aplaudidos pelo público


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Mitologia indígena leva brilho à Balaku Blaku FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

Com alguns problemas que empataram a evolução da harmonia, escola ainda está confiante na conquista do título

Alegoria da Balaku Blaku: resgate da mitologia indígena

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o comando do Mestre Major, os 200 ritmistas da bateria “Águia de Ouro”, deram início ao batuque da escola Balaku Blaku, quarta escola a passar pelo sambódromo e já abrindo o Domingo Gordo do Carnaval de Manaus. Com o enredo “Marapatá – Ilha Encantada dos Mitos, Portal de Manaus, Passarela dos Ritos” e sem nenhum problema técnico que atrapalhasse a apresentação, a agremiação deixou a desejar na harmonia. Os carros alegóricos, quatro ao todo, ficaram distantes um do outro, tirando o brilho da evolução da agremiação que levou 2,2 mil brincantes à avenida do samba, divididos em 30 alas. O destaque maior durante todo o desfile da Balaku Blaku foi sua comissão de frente. Quinze dançarinos representaram os guerreiros da ilha

de Marapatá, localizada na entrada de Manaus, conhecida também como “Ilha Consciência”, e deram um show comandado pelos guerreiros de Marapatá, que travaram uma luta contra o poderoso e maligno pajé Anhangá. A agremiação terminou seu desfile em 1h3min. Os mitos, mistérios e magias da ilha de Marapatá estiveram representados em todos os carros alegóricos. A chuva, mesmo fraca, comprometeu um pouco o desfile da “Águia de Ouro”. No meio da apresentação, uma integrante de uma das alas passou mal e precisou ser socorrida pela equipe médica do Sambódromo. Para o presidente da escola, Roberto Simonetti, a falta de recursos, as críticas e o pouco tempo de preparação atrapalharam, mas não tiraram o brilho da apresentação. “Essa é a minha resposta para quem duvidou que eu não fazia Carnaval. A escola foi para a avenida

para ser campeã”, comentou. A costureira Tereza Ramos, 53, ficou encantada com a apresentação. “Venho há mais de 20 anos prestigiar e me divertir nos desfiles. Gostei de cada detalhe. Foi tudo lindo, do início até o fim”, disse. A carnavalesca da agremiação, Liduína Moura, destacou a superação da “Águia de Ouro, que agradou o público com seu enredo. “Vamos brigar pelo título. Foi um período cansativo, mas valioso. Fizemos uma bela apresentação, e agrademos a família Balaku Blaku, que proporcionou essa festa”, comentou.

Durante a apresentação da escola, uma das brincantes passou mal e foi socorrida por uma equipe médica

Escola terminou o desfile dentro do limite de tempo estipulado e fez uma bela apresentação na avenida DIEGO JANATÃ

JUCÉLIO PAIVA Equipe do AGORA


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Aparecida tenta o bicampeonato este ano

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

Agremiação quis alertar e relembrar as pessoas sobre a importância do Centro para a população

popularidade na capital amazonense Mocidade Independente de Aparecida, uma das escolas de maior Nas arquibancadas, os torcedores vibram com a entrada da

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ram exatamente 0h50 de domingo (2) quando a “Soberana que mora no Centro da alegria” começou o seu desfile no Sambódromo. “É hora do show. Já vai começar”, anunciava um dos refrões do samba de enredo da Mocidade Independente de Aparecida, quinta escola a desfilar no Grupo Especial. “O frio na barriga é natural nesse momento”, dizia o presidente da escola, Luis Pacheco, um pouco antes de entrar na avenida. “Mas a Aparecida é força e vamos rumo a mais um título no Carnaval”, completou. Para continuar soberana não só no apelido, mas também no Carnaval de Manaus e conquistar o bicampeonato, a Aparecida veio para a avenida do Sambódromo com o tema “Centro de Amor, Centro de vida: história e alma de um povo” . Mesmo a agremiação sendo do bairro Nossa Senhora Aparecida, a escolha por mostrar o Centro não chega a ser tão absurda, dada a proximidade das duas regiões. Além disso, o carnavalesco da Aparecida, Saulo Borges, fala que o tema teve não só o objetivo de levar algo para o meio da avenida, mas também há um fator social e de responsabilidade com a região mais importante de Manaus. “A escola de samba tem como objetivo alertar e relembrar as pessoas sobre a importância histórica do Centro para o desenvolvimento cultural da população”, falou ele em um texto publicado na página oficial da agremiação no Facebook. Essa importância do Centro Histórico foi representado nos carros alegóricos da escola, ora relembrando locais do passado, como o cine Guarany, ora mostrando eventos recentes como as manifestações ocorridas no

ano passado na Praça da Matriz. Assim, a agremiação não poupou esforços para realizar um desfile tecnicamente perfeito. O perfeccionismo e qualidade da Aparecida estavam nas fantasias, no ritmo bem coordenado e também em pequenos detalhes, que podiam passar despercebidos no público, como um dos carros mostrando pichações, algo tão comum da paisagem do Centro ou um dos brincantes segurando uma faixa “Vem pra rua”, no carro alegórico da Praça da Matriz. A Aparecida levou para a avenida do samba mais de 3,8 mil brincantes, que pularam e cantaram durante as 1h10min de apresentação da escola. A empolgação, porém, não podia ser vista nas arquibancadas do Sambódromo. Alguns poucos espectadores se juntaram ao ritmo do samba da escola, mas a grande maioria só observava, enquanto tentavam se proteger da não tão forte, mas constante chuva da madrugada. A chuva, por sinal, foi um fator negativo visto pelo presidente Luis Pacheco. “Nós estávamos preparados para uma eventual chuva, já que essa época elas acontecem com frequência, mas ela sempre atrapalha, de alguma forma”, falou ele ao final do desfile. Com um desfile que não teve nenhum problema com alegorias, carros alegóricos ou tempo, o presidente da Aparecida avaliou positivamente a apresentação. “Fomos maravilhosos e estamos fortes para ganhar mais uma vez o Carnaval”, afirmou. Na final, foram esquecidos os problemas com repasse de verba do governo dos meses anteriores, a chuva foi ignorada pelos brincantes e o que restou foi a diversão de realizar mais um Carnaval.

a escola de a no pé: receita que Beleza, luxo e samb a avenida ra pa nte me va no levou samba da Zona Sul

DIEGO JANATÃ

BRUNO IZIDRO Equipe EM TEMPO ONLINE

Uma das alas da Ap arecida em evolução: carro ricos relembravam mo mentos da história do s alegóCentro


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Reino Unido relembra

sua trajetória no Carnaval RICARDO OLIVEIRA

Um dos carros alegóricos relembrou a homenagem a Mãe Zulmira, tema do enredo que levou a escola à vitória em 1989

A alegria dos participantes do desfile foi a marca da apresentação da escola na madrugada de domingo

dos presentes. Ao longo da apresentação, outros enredos históricos ganharam espaço. O de 2010, por exemplo, em homenagem a Gilberto Mestrinho - quando a escola foi vice-campeã - e o de 2012, quando a história de dom Bosco rendeu ao Reino Unido o título daquele ano. O resultado da apresentação empolgou o presidente da agremiação. “Viemos para ganhar o Carnaval, o único problema foi a chuva, mas contornamos tudo isso”, afirmou Ney Rodrigues, que elogiou ainda o apoio da comunidade. “O Morro é um local que trabalha para o Carnaval o ano inteiro”.

GO S: DIE

C

om 32 anos de história no Carnaval amazonense, a Reino Unido da Liberdade usou baianas, orixás, homensborboletas e figuras do misticismo indígena em uma retrospectiva de cinco de seus maiores carnavais. O enredo “No Reino do Carnaval, já sorri, chorei e sambei... E a liberdade conquistei!” foi levado com maestria pela escola, cuja torcida organizada ocupava uma arquibancada inteira do Sambródromo, tomado pela verde e branco. “As pessoas vão poder encontrar uma verdadeira memória viva da nossa escola. Nós vamos relembrar todos os nossos enredos que nos brindaram com títulos e cobrar pelos títulos que deveríamos ter ganhado”, afirmou Nélio Batista, diretor da agremiação, minutos antes da histórica

representante do Morro da Liberdade ser a sexta a decorar à pista. Junto com o carro abre-alas, “Mãe Zulmira – o amanhecer de uma raça”, foi feita uma homenagem ao homônimo enredo de 1989, que deu à escola o primeiro título. O segundo carro alegórico, “Floresta, festa, festança”, trazia homenagens a diversas festas populares do interior do Estado. O nome do carro foi o tema central de 1995, que rendeu a Reino Unido mais um título. A sempre fiel torcida da Reino Unido esteve presente em massa e acompanhou a bateria “Furiosa”, chamada de “Eu sou do Morro e do Carnaval sou rei”, parte do enredo campeão de 1995. O tradicional posicionamento da bateria no recuo foi marcado por uma ousada coreografia que chamou atenção

F O TO

RAPHAEL LOBATO Equipe EM TEMPO

à JANAT

Nas alegorias, escola lembrou seus 32 anos de história

Reino Unido da Liberdade, da Zona Sul, mostrou porque é uma das escolas preferidas do Carnaval de Manaus


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FOTOS: DIEGO JANATÃ

A história da motocicleta desde sua concepção marcou o desfile da escola Sem Compromisso

Sem Compromisso faz o samba sobre duas rodas

De Leonardo da Vinci ao Polo Industrial de Manaus, escola narrou a história da motocicleta, com homenagens às fábricas MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

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om o enredo “Máquinas da Liberdade, que incendeiam os corações: a história da motocicleta, desde Leonardo Da Vinci”, a motocicleta foi o tema da escola Sem Compromisso, que mesmo sob a chuva que não perdoou nenhuma agremiação, apresentou um desfile empolgante e bem distribuído, que teve início por volta das 3h30 de domingo. A escola do bairro Nova Cidade, no entanto, ultrapassou em um minuto o tempo de duração do desfile, que é de 70 minutos. A comissão de frente retratava a figura de Leonardo da Vinci, artista renascentista que esboçou os primeiros traços de um veículo de duas rodas. O tucano, símbolo da escola, veio estilizado em um abre-alas que mostrava uma grande máquina. O cantor Arlindo Júnior, puxador do samba, afirmou que a Sem Compromisso veio fazendo o que sabe de melhor. “As fantasias estão bonitas, bateria bacanas. Estamos nas cabeças para disputar o título. O enredo é bem distribuído, com o trabalho de nosso carnavalesco e nossos 2,5 mil brincantes vão fazer um Carnaval lindo!”, declarou. Mostrando momentos importantes da história, como os “Anos Dourados” e suas lambretas que encantaram gerações, passando pela Harley Davidson e momentos inusitados como o carro que trazia os super-heróis Motoqueiro Fantasma e Capitão América – que têm como transporte as

motos – a Sem Compromisso se mostrou animada, com uma bateria afinada. “A nossa bateria veio com muitas surpresas, ainda mais porque é uma bateria nova, formada por ritmistas mais novos lá do (bairro) Nova Cidade, que vieram para somar no nosso Carnaval. Agora que enraizamos, não tem mais quem segure a Sem Compromisso!”, afirmou o mestre Jimmy, responsável por reger a bateria. Fábricas do polo de duas rodas, como Honda, Yamaha, Suzuki, também ganharam homenagem. Outro que se mostrou contente por a escola ter encontrado uma comunidade foi o presidente da agremiação, Carlinhos Ramalhosa. “Nossa expectativa era mostrar um desfile bem mais bonito. Este ano, o Carnaval foi muito sofrido para todos, ainda mais com essa chuva, mas dentro da medida do possível vamos mostrar um Carnaval bonito, como fazemos todos os anos. E vamos começar a construir nossa quadra no bairro Nova Cidade ainda este mês – só estamos afinando alguns detalhes”, disse. Ao final do desfile, ao ver o tempo no cronômetro, Ramalhosa afirmou que irá tomar as devidas providências, visto que, no cronômetro da própria escola, o desfile aconteceu dentro do tempo previsto em regulamento.

Escola foi a penúltima do Grupo Especial a desfilar na madrugada de ontem no Sambódromo

Desfile ultrapassou em um minuto o tempo estabelecido pelo regulamento do Carnaval


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IONE MORENO

Quase perto do amanhecer de domingo, escola de samba entrou na avenida com atraso de dois minutos

Atraso provoca perda de pontos da Vitória Régia THAÍS GAMA Equipe do AGORA

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ltima escola a entrar na avenida do samba, na manhã de ontem, a Vitória Régia fez uma viagem ao continente africano e reviveu a fase da abolição da escravatura. Com mais de 4 mil foliões, o desfile resgatou a mistura do samba, maracatu, dos mitos e lendas e crenças e religiões, entoado ao som do enredo “Da África ao Amazonas, da escravidão à liberdade, 130 anos da abolição da escravatura”. A escola perdeu 0,2 décimos por conta de dois minutos de atraso. O primeiro carro alegórico apresentou um problema que logo foi solucionado. Antes de entrar na avenida, o vice-presidente da Vitória Régia, Rodrigo Novaes, afirmou com convicção que pelo luxo e amor da galera, a escola sairá a vencedora do Carnaval 2014. “Estamos nos preparando há quatro meses, e no último sábado tivemos uma surpresa porque a Justiça recolheu itens da nossa bateria. A dívida de R$ 4 mil foi paga e vamos fazer valer na passarela e receber o resultado na segunda-feira”, afirmou. Na comissão de frente, um grupo de pessoas, caracterizados como os povos Yorubás, exploravam a criação dos orixás, exus e Oxalá. O carro abre-alas teve problemas com a direção no início do desfile, saindo por alguns instantes da passarela, mas os integrantes da escola conseguiram resolver tudo e colocá-lo na pista, e mostrava

as riquezas da África, como recursos minerais, diamantes e petróleo. A rainha de bateria, Bianca Almeida, vestida de cor de rosa e com muito samba no pé, trouxe ao público os componentes da bateria vestidos de europeus e deram mais ritmo ao desfile da escola da Praça 14. “Fazer parte da escola e trazer um dos itens mais importantes ao desfile, o que nos dá ponto é uma responsabilidade, mas com certeza, a campeã está de volta”, disse a rainha de bateria. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rogério da Silva e Thaiana Oliveira, respectivamente, com uma fantasia luxuosa, representavam o rei Ramsés II e a rainha Nefertari, donos da maior história de amor da realeza. Com evolução e muitos sorrisos ao público, o casal reuniu aplausos dos poucos espectadores. Nas 17 alas posteriores, a escola discorreu com a explicação de como os povos africanos estão interligados com os povos do Amazonas. O quinto e último carro alegórico da escola, que exibia duas estátuas enormes de Nossa Senhora de Fátima e São Benedito, encerrou a apresentação da escola com dois minutos de atraso. Para o carnavalesco Marino Caldas, mesmo sem conseguir mostrar toda a beleza das fantasias por conta da chuva, o importante foi fazer bonito e não deixar a água estragar o samba dentro da avenida. “O nosso fim de Carnaval foi bonito”, relatou Marino.

FOTOS: DIEGO JANATÃ

Escola da Praça 14 de Janeiro contou a história da escravidão partindo da África e chegando à abolição no Amazonas

Mesmo com o atraso e um problema no primeiro carro alegórico, escola fechou os desfiles de 2014 com “chave de ouro”

Apesar da chuva que afetou o desfile, Vitória Régia concluiu sua apresentação confiante na vitória


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Segurança reforçada na noite dos desfiles

Governador Omar Aziz destacou estrutura de segurança montada no desfile das escolas do Grupo Especial FOTOS: ALEX PAZUELLO/AGECOM

O prefeito Arthur Virgílio Neto, o lutador José Aldo, homenageado da Unidos do Alvorada, e o governador Omar Aziz mar

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estrutura de segurança montada pelo governo do Amazonas para os eventos de Carnaval no Estado, em especial para o desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial de Manaus, foi elogiada pelo governador Omar Aziz, que prestigiou o desfile no sambódromo, na noite de sábado, 1º, acompanhado da presidente de honra do Fundo de Promoção Social, primeiradama Nejmi Aziz, e dos filhos Omarzinho e Johara. A operação Carnaval, que é mais um teste para a Copa do Mundo, não registrou ocorrências graves no sambódromo. Omar chegou por volta das 20h20 ao sambódromo e ainda pode acompanhar o desfile da escola Andanças de Ciganos, a primeira agremiação a entrar na passarela do samba. Ele, que já presidiu a Mocidade Independente de Aparecida, se declarou um apaixonado pelo samba, elogiou o desfile das escolas que assistiu e ressaltou o aparato de segurança montado pelo governo para garantir um Carnaval seguro. “É um belíssimo espetáculo. A gente torce é por isso: um espetáculo bonito em que o povo possa se divertir com tranquilidade e segurança. Então, como governador, a gente fica assistindo, mas muito preocupado para que tudo ocorra bem e que nada aconteça a ninguém”, disse. Ao ressaltar que o desfile é um dos eventos-teste para a Copa, que terá quatro jogos da primeira fase em Manaus, o governador afirmou que os órgãos de segurança do Estado montaram todo um aparato tecnológico no sambódromo e entorno, por meio do Centro Integrado de Comando e Con-

trole Local (CCI-L), que vem sendo desenvolvido especialmente para grandes eventos. O CCI-L monitorou todo o movimento no sambódromo e entorno por meio de 19 câmeras e inovou com duas plataformas de observação elevada, contendo oito câmeras cada. Segundo o secretário de Segurança Pública, Paulo Roberto Vital, o aparato montado para Carnaval tem os mesmos moldes do que já vem sendo realizado nos outros eventos-testes, como o Festival Folclórico de Parintins e o Réveillon, de modo a aperfeiçoar, a cada evento, a estratégia de segurança a ser utilizada durante os jogos da

APARATO

O aparato montado para o Carnaval tem os mesmos moldes do que já vem sendo feito em outros eventos, como o Festival de Parintins e o Réveillon, com objetivo de aperfeiçoar a estratégia de segurança Copa em Manaus. Além do monitoramento por câmeras, foram montadas barreiras de triagem, onde todos que tinham acesso ao sambódromo eram revistados para coibir, por exemplo, a entrada de armas e outros objetos proibidos em locais com grande circulação de pessoas. Segundo o secretário, a Operação Carnaval, que inclui ainda bandas e blocos, o Carnaboi, entre outros eventos durante todo o período momesco, envolve mais de 6 mil pessoas trabalhando na segurança em todo o Estado.

60 mil curtem desfiles A operação Carnaval não registrou grandes ocorrências no sambódromo. Durante o desfile foram detidas 17 pessoas e três adolescentes foram apreendidos, todos por desordem. Nas revistas realizadas pela Polícia Militar na entrada do centro de convenções foram apreendidas 26 armas brancas. Cerca de 60 mil pessoas estiveram no sambódromo na noite de sábado. Ao longo de toda a noite os carnavalescos puderam usufruir de uma diversão sadia e segura, afirmou o delegado da Polícia Civil do Amazonas, George Gomes. “A polícia se estruturou para permanecer no Centro Integrado de Comando e Controle para atuar quando necessário em qualquer tipo de ocorrência que pudesse vir acontecer no sambódromo. Mas, felizmente, não houve nenhum crime e todo o trabalho preventivo foi realizado com bastante sucesso”, comentou. A sensação de segurança estimulou a empolgação de muitos foliões que compareceram mesmo debaixo de chuva. O corretor de imóveis, Lauro Texeira, 61, levou toda família para assistir ao desfile das escolas. “A segurança está de parabéns, tranquilidade total, já rodei todo o sambódromo e não vi nenhuma confusão, paz total”, disse o folião.

Local monitorou Comando e Controle de do ra eg Int o ntr Ce no sambódromo todo o movimento

Prefeito desfila ao lado de José Aldo Pelo segundo ano consecutivo, o prefeito Arthur Virgílio Neto prestigiou o desfile das escolas de samba do Grupo Especial. Ele desfilou na avenida ao lado do campeão amazonense peso pena do Ultimate Fighting Championship (UFC) José Aldo, homenageado pela Unidos do Alvorada. Foi sob forte chuva que a escola do bairro Alvorada desfilou com quatro carros alegóricos e 26 alas, levantando não só a sua torcida, como todo o público que compareceu ao sambódromo. “Estou emocionado com o calor vindo da população. O Aldo é realmente um herói, um herói do povo amazonense que ganhou o mundo, sendo motivo de muito orgulho para todos nós”, afirmou o prefeito. “Apesar de eu torcer abertamente pela Vitória Régia porque, além do berço do samba, também foi no bairro Praça 14 que comecei minha carreira política, este ano gostaria de ver a Alvorada ser campeã. O José Aldo merece esse

presente”, continuou Arthur, em tom descontraído. Para o lutador, a noite foi de alegria por estar em sua terra recebendo o carinho de milhares de pessoas. “Foi uma experiência inesquecível ver todo mundo gritando meu nome e o enredo da escola. Também foi um prazer ter o prefeito ao meu lado. Ele que sempre apoiou o esporte e me ajudou muito para chegar onde estou. Tenho muito orgulho de defender o Amazonas e agradeço de coração essa homenagem”, comentou Aldo, revelando que pretende prestigiar outras vezes o carnaval amazonense. Arthur ressaltou a beleza do Carnaval de Manaus e seu potencial turístico. “Diferentemente de outras cidades brasileiras, aqui em Manaus nós temos forte representação das escolas de samba e também do Carnaval de rua. A partir do próximo ano, vamos investir mais na divulgação desses nossos eventos carnavalescos”, declarou o prefeito.


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Agora é CARNABOI Maior evento de Carnaval no ritmo de boi-bumbá terá dez desafios de toada

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Carnaboi chega à 14ª edição com a expectativa de reunir mais de cem mil pessoas por dia. O evento, é aberto ao público e ocorre hoje e amanhã, no sambódromo, a partir de 21h, em formato inovador. Promoção do governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, a festa vai acirrar ainda mais a rixa entre os bumbás Caprichoso e Garantido, de Parintins, e Brilhante, Garanhão e Corre-Campo, de Manaus. O método escolhido será o “Desafio de Toada”, no qual dois trios elétricos terão times de itens dos bois a cada hora de apresentação, sendo um saindo de locais opostos, um da concentração e outro da ferradura, ao mesmo tempo, se encontrando no meio da pista. Lá começa o desafio com os cabeças de chave, os artistas principais do Azul e Vermelho, com amos do boi, levantadores de toada, apresentadores e as respectivas Marujada de Guerra e a Batucada. O primeiro duelo do Carnaboi 2014, na segunda, dia 3, será entre a banda Garantido Show e Rafael Jr. (ferradura) e Boi-Bumbá Brilhante e Itamar Benarrós (concentração), às 21h. Na sequência, o segundo embate reunirá Carrapicho e Renato Freitas, num trio saindo da ferradura, para enfrentar Márcia Siqueira e P.A. Chaves (concentração), às 22h10. Os itens entram no Sambódromo na Segunda-Feira Gorda às 23h20, com o amo do Caprichoso, Júnior Paulain, desafiando o amo do Garantido, Tony Medeiros, tendo em seguida a Marujada de Guerra saindo da ferradura, à 0h30, para fazer o “Desafio de Toada” com a Batucada do Garantido, que sairá da concentração. A primeira noite do Carnaboi encerra com os trios de Carlinhos do Boi e Boi-Bumbá Corre Campo (ferradura) topando o duelo com Boi-Bumbá Garanhão e Fabiano Neves (concentração).

Última noite A segunda noite do Carnaboi promete ser explosiva para os torcedores. Os primeiros trios saem às 21h, com Klinger Araújo e Edmundo Oran (ferradura) para “pegar” os Vermelhos da Banda Kamaiura e Tuãn (concentração). O próximo desafio da Terça-Feira Gorda acontece a partir de 22h10, com Hamiraldo da Mata e Robson Jr. (ferradura) fazendo embate de toadas com o Canto da Mata e Prince do Boi (concentração). Mas será às 23h20 que os cabeças de chave dos bumbás entrarão em cena, com os desafios mais esperados da festa. O trio com o “Imperador” David Assayag sairá da ferradura para se encontrar com o trio do

SEGURANÇA

Neste ano, a festa terá uma megaestrutura à disposição da população para seu maior conforto e segurança. Serão 260 PMs fazendo a segurança no sambódromo

“Uirapuru” Sebastião Júnior, que sairá da concentração. No meio da pista eles prometem soltar os mais altos timbres e todo o poder das vozes dos levantadores dos bois. Em seguida, os apresentadores dos bumbás de Parintins, Israel Paulain e Arlindo Júnior, à 0h30, fazem mais uma rodada no sambódromo. O maior duelo de toadas encerrará com Edilson Santana e Márcio do Boi contra Gaspar Medeiros e Caetano Medei- ros, a partir de 1h40. Segundo o secretário de Estado da Cultura, Robério Braga, a ideia é movimentar ainda mais a festa. “Buscamos uma nova proposta que foi apresentada pelos bumbás e acreditamos

que, dessa forma, o Carnaboi 2014 voltará a ser sucesso de público. A mudança será para melhor”, declarou. Estrutura Neste ano, a festa que já é tradicional no calendário momesco, que reunirá 20 atrações em trios elétricos, terá uma megaestrutura à disposição da população para seu maior conforto e segurança. Serão 260 PMs fazendo a segurança no sambódromo. Estarão à disposição do público 60 banheiros químicos, instalados no espaço, e 120 pessoas ficarão responsáveis pela limpeza do centro de convenções. O lugar terá ainda toda a estrutura de barracas de bebidas, padronizadas e a operação logística e de coordenação da festa é conduzida pela empresa Ativa Eventos.

Trios elétricos terão times de itens dos bois a cada hora de apresentação

TEMPO FOTOS: ARQUIVO EM

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Pelo menos cem mil pessoas são aguardadas hoje e amanhã, no sambódromo, para prestigiar o maior evento de Carnaval no ritmo do ‘dois pra lá, dois pra cá’


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Show de glamour no desfile de fantasias

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Concurso Adulto de Fantasias, promovido pelo governo, ocorreu na noite de ontem e distribuiu mais de R$ 60 mil em prêmios

O palco do Teatro Amazonas recebeu o concurso de fantasias da Secretaria de Estado da Cultura

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epois do sucesso do Concurso Infantil, o Concurso Adulto de Fantasias, promovido pelo governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, foi destaque na noite de ontem, no palco do Teatro Amazonas. Os prêmios somam R$ 60,5 mil e foram distribuídos aos vencedores das categorias Melhor Idade, Originalidade

e Luxo (feminino e masculino), Melhor Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Melhor Máscara. A categoria principal, Luxo – cujas origens na cidade resgatam os primeiros Carnavais da Belle Époque no período áureo da borracha – pagou a maior premiação individual aos vencedores: R$ 5 mil, R$ 4 mil e R$ 3 mil para os três primeiros lugares

masculinos e femininos. A disputa pelo prêmio de melhor conjunto de Mestre-Sala e Porta-Bandeira também foi uma das mais acirradas, uma vez os representantes das escolas de samba contaram com a rivalidade e o apoio de suas torcidas. Os prêmios para as duplas foram de R$ 6 mil para o primeiro colocado, R$ 4 mil para o segundo lugar e R$ 3

mil para o terceiro. “Além das belíssimas fantasias e do reconhecimento público ao talento desses artistas, a participação direta das escolas de samba no concurso é mais um fator para fortalecer e enriquecer o desfile”, afirmou o secretário de Cultura, Robério Braga. Máscaras Na categoria Originalidade

(feminino e masculino), os critérios mais importantes a serem avaliados pelo júri popular serão a irreverência e a criatividade para explorar temas como o ano eleitoral e as críticas sociais. Os prêmios dessa categoria foram de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1,5 mil para os primeiros colocados feminino e masculino. O concurso da Melhor Idade, que a cada ano

vem ganhando a adesão de um número maior de participantes, teve temática livre e os prêmios para os três melhores colocados foram de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1,5 mil, respectivamente. Por fim, a categoria de Melhor Máscara teve apenas um vencedor, que levou para casa R$ 4 mil pelo melhor trabalho apresentado durante o concurso.

SAMBÓDROMO

Idosos também caem na folia Em clima de Copa do Mundo, aproximadamente 7 mil brincantes do projeto Vidativa promoveram o desfile da Escola de Samba da Terceira Idade no sábado, 1º, abrindo oficialmente os desfiles do Grupo Especial de Manaus no centro de convenções (Sambódromo). O desfile do projeto Vidativa foi promovido pelo governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da

MICHAEL DANTAS/SEJEL

Desfile da Escola de Samba da Terceira Idade aconteceu no sábado de Carnaval

Juventude, Desporto e Lazer (Sejel) e contou com a participação da titular da pasta, Alessandra Campêlo, que do início ao fim mostrou muito samba no pé, além do secretário executivo, Anderson Souza e da primeira dama do município, Goreth Garcia. Os idosos, com muita disposição e alegria, se divertiram nas 13 alas da escola de samba: “Amazonas, Alma Brasileira”, “Sonho de Menino”, “Seleção”, “Campo de Futebol”, “Arbitragem”, “Fuleco – Mascote da Copa”, “Em bus-

ca do Hexa”, “A Taça do Mundo é Nossa”, “Guardiões da Copa”, “Cartolas”, “Ala Show”, “Unidos da Mesma Emoção” e “Ala dos Amigos”, com direito a todos os itens entre os quais Rainha do Carnaval, Rainha da Bateria, Rei Momo, Mestre Sala e Porta-Bandeira e Comissão de Frente. Participaram da folia na “avenida do samba” os idosos que frequentam atividades sociais, esportivas e culturais oferecidas gratuitamente pela Rede de Proteção da Pessoa Idosa, incluindo o projeto Vidativa, os centros de convivências, Caimis, grupos e associações de idosos e as Organizações Não Governamentais (ONGs), além de entidades voltadas para a terceira idade de todas as zonas da cidade. Emocionada, a coordenadora do Vidativa, Lilia Albuquerque, enalteceu o empenho dos idosos. “Estou muito feliz, sem palavras. Todos os nossos idosos estão de parabéns, eles de dedicaram bastante para que este momento acontecesse”, disse. O evento contou, também, com a participação da Prefeitura de Manaus, do Conselho Estadual e Municipal do Idoso, Fórum Permanente do Idoso e 120 grupos da terceira idade de Manaus e do interior.


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Super-heróis tomam

conta de Pernambuco As ladeiras de Olinda foram “invadidas”, na manhã de ontem, por uma legião de super-heróis

DIVULGAÇÃO

Além do Galo da Madrugada, o Carnaval de Pernambuco tem atrações inusitadas

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uper-Homem, Homem Aranha e Mulher Maravilha juntam-se a “luchadores”, guerrilheiros iraquianos e até black blocs nas ladeiras de Olinda, em Pernambuco. Os cearenses Cristiano Braga, 40, e Thomaz Edson, 25, estão cobertos dos pés à cabeça como soldados. A alegria é tanta que o calor não importa.

“Já é a sexta vez que venho para o Carnaval aqui. Acho muito bacana. É o melhor Carnaval do Brasil”, disse o “guerrilheiro iraquiano” Cristiano Braga. A empresária recifense Natali Carvalho trouxe o marido e os filhos de 8 e 3 anos: uma família de superheróis. “Eles são fascinados pelo bloco. Todos os dias estamos em Olinda e, à tarde,

no Recife Antigo”. Para o agrônomo francês Jean François, que veio fantasiado de regador, o melhor do Carnaval de Olinda é a mistura da festa. “Acho que é o encontro de todas as classes sociais, não tem discriminação”, afirmou. Assim como no Galo da Madrugada, sábado, 1º, o programa “Mais Médicos” também foi satirizado em Olinda

ontem. Foliões vestidos de médicos traziam nas costas a palavra “cubana” com a foto de um ânus representando a primeira sílaba. A principal atração da manhã de ontem em Olinda foi o grupo “Mucha Lucha”, formado por “luchadores” fora de forma com máscara de lutadores de lutalivre mexicanos. Num ringue armado em pleno Alto da Sé, eles

desafiavam black blocs, heróis e até os jornalistas que fazem a cobertura do Carnaval. Dois repórteres foram “atacados”. Tudo de brincadeira, é claro. “Já é o sétimo ano que nosso grupo de amigos se reúne para brincar”, disse “Camondongo del Diablo”. Banheiro VIP O bloco do xixi tem uma

novidade no Carnaval de Olinda deste ano. Além dos tradicionais banheiros químicos, há banheiros VIP instalados nas ladeiras. O folião paga R$ 10 e ganha uma pulseirinha dessas de camarote para usar o banheiro por 24 horas. Os vasos sanitários e mictórios são de louça e o ambiente tem ar-condicionado.

RUMORES

SALVADOR

DIVULGAÇÃO

Cantor Saulo desfila sem cordas Uma das estrelas em ascensão da música baiana, o cantor Saulo Fernandes atraiu milhares de foliões ontem, na abertura do desfile no circuito no Campo Grande, na Bahia. Pelo terceiro ano consecutivo, Saulo desfila sem cordas, levando para a avenida uma multidão de foliões “pipoca” aqueles que não pagam pelo abadá para desfilar. O desfile deste domingo foi 100% bancado por patrocinadores, consagrando um modelo mais democrático da festa. No chão da

avenida, um grupo de cem bailarinos homenageiam “Omulu” orixá , também chamado “Obaluaê”, que, segundo a lenda, tem o sol dentro de si. Na sua passagem pelo Campo Grande, o cantor dividiu os vocais com as cantoras Gilmelândia, Mariene de Castro e a artista angolana Ary Gabriela. No repertório, clássicos da música baiana e samba-de-roda. Pipoca Na passagem pelos camarotes oficiais, Saulo cobrou

do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), mais iniciativas que democratizem a folia baiana. Mas elogiou ações implantadas pelo gestor na festa deste ano. Esse é primeiro Carnaval de Saulo em carreira solo, que no ano passado deixou os vocais da Banda Eva. Sua música de trabalho, “Raiz de Todo o Bem”, é uma das mais tocadas deste ano. Na sequência da passagem de Saulo, o cantor Tomate desfila com o bloco Inter, e Ivete Sangalo atrai uma multidão no seu bloco Coruja. DIVULGAÇÃO

Cantora Ivete Sangalo brincou com os foliões sobre os rumores de que estaria grávida

Ivete dá indireta sobre gravidez

Atração do domingo, na Bahia, o cantor Saulo Fernandes foi para o meio da galera

Ivete Sangalo voltou a arrasar no Carnaval de Salvador, na tarde de ontem. Dessa vez no comando do Bloco Coruja, a cantora empolgou o público com seus maiores sucessos – e também versões de clássicos de nomes como Tim Maia. Nesse fim de semana, voltaram os rumores que começaram em dezembro do ano passado, de que a cantora estaria grávida de

três meses. Em cima do trio elétrico, Ivete aproveitou o microfone para, nas entrelinhas, mandar seu recado. “O problema é que, quando a gente tem filho a barriga não volta mais pro lugar. Vou fazer o quê? Chorar? Não, vou cantar!”, disparou, antes de emendar com “Pra Frente”. Para este dia de folia, Ivete escolheu uma espécie de espartilho acinturado, des-

viando os rumores e dando forma ao corpo, escondendo qualquer evidência de barriga, se houver. Veveta então arrancou risadas dos fãs falando das imperfeições do corpo. “Vamos assumir as curvas, essas lombadas que aparecem no nosso corpo e não tem jeito”, disse. Ivete aproveitou o domingo para cantar a música do momento em Salvador, a tal “Lepo Lepo”, da banda Psirico.


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Chuva dá uma trégua no último dia em São Paulo

Gaviões da Fiel homenageou o ex-jogador Ronaldo Nazário e empolgou os paulistas

calor, já na dispersão. Outro motivo de apreensão foi quando uma porta-bandeira teve parte da fantasia desfeita na avenida. Apesar do susto todos passam bem. Foi nos primeiros toques dos tamborins da Gaviões da Fiel, que o público veio abaixo pela primeira vez no dia. Das arquibancadas o público acenava com bandeiras que haviam sido distribuídas pela agremiação. A escola, vertente carnavalesca da torcida do Corinthians, homenageou o maior artilheiro das Copas do Mundo, Ronaldo Nazário, o “Fenômeno”. A história da vida dele foi contada na avenida e literalmente emocionou o público presente que vibrava e cantava: “Quando a galera gritar é gol! A rede balança... é show!”. A apresentadora Sabrina Sato, madrinha de bateria, Tatiana Minerato e Thayla

Ayala foram as musas da escola que teve como cereja do bolo a presença do craque no último carro alegórico. Ronaldo estava acompanhado da família e se emocionou. Evolução Ainda empolgada pela passagem da Gaviões, a plateia viu a Mocidade Alegre entrar e exaltar a fé. Terceira escola a entrar no Anhembi no segundo dia do Carnaval paulista, a agremiação tenta bater uma marca histórica: o tricampeonato consecutivo da folia paulista. A façanha foi alcançada pela última vez em 1988, pela Vai-Vai. O desfile foi altamente técnico e escola foi bem em todos os quesitos. Como de praxe, a escola caprichou na maquiagem e na pintura de seus componentes. Pontos notáveis do desfile foram suas alas coreografadas. Ao menos no samba, a escola reuniu o budismo,

candomblé, islamismo durante a evolução na avenida. A presidente da escola, Solange Bichara, passou mal no recuo de bateria e teve que ser amparada por integrantes da escola. Quarta escola a desfilar em São Paulo, sábado, a Nenê de Vila Matilde trouxe o amor para a passarela. Mas não qualquer amor, amores proibidos. A escola da Zona Leste de São Paulo recorreu à história, literatura, ao cinema e à personagens famosos para desenvolver seu enredo no Anhembi, ao longo de suas 27 alas e cinco alegorias. Chamou a atenção no desfile o fato de a Nenê ter aberto mão de suas cores tradicionais, o azul e o branco. Dessa vez, a escola usou também tons mais vivos, como o verde, laranja, vermelho e o roxo. No único momento que a chuva ameaçou estragar a festa, a Águia de Ouro entrou na avenida. Terceira colocada no último Carnaval, a escola reproduziu no sambódromo a Bahia que serviu de inspiração para o compositor Dorival Caymmi.

A Águia de Ouro reproduziu a Bahia que serviu de inspiração para Dorival Caymmi

RODRIGO DIONIS IO/FRAME

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om trégua da chuva, o segundo e último dia de desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo foi marcado pela empolgação do público presente no sambódromo. A plateia, visivelmente superior ao primeiro dia e mais empolgada, vibrou com a passagem das escolas Pérola Negra, Gaviões da Fiel, Mocidade Alegre, Nenê de Vila Matilde, Águia de Ouro, Império da Casa Verde e Acadêmicos do Tatuapé. Homenagens e temas abstratos, como fé e paixão, foram os enredos escolhidos pelas agremiações. “A Felicidade” abriu o segundo dia de desfiles de Carnaval em São Paulo. Foi esse o enredo escolhido pela Pérola Negra, primeira escola a entrar no sambódromo do Anhembi, com seus 3 mil componentes, 21 alas e cinco alegorias. Uma pitada de preocupação, porém, deu o tom no final do desfile, quando duas integrantes da escola passaram mal de

Encerramento em grande estilo

RO DR IG O DI ON IS IO /F RA M E

Madrinha da bateria da Gaviões da Fiel, Sabrina Sato “causou” na avenida

Penúltima a entrar na avenida no segundo dia do Carnaval paulista, a Império da Casa Verde levou para o Anhembi enredo sobre sustentabilidade. Fiéis à causa defendida no enredo “Sustentabilidade, construindo um mundo novo”, diretores da Império desfilaram com roupas semelhantes às de garis. Já os ritmistas alternaram quatro fantasias diferentes, representando cada um dos elementos da natureza. Além de grandiosos, os carros da escola se destacaram por abusarem da iluminação. Para fazer jus ao enredo, a escola também teve o cuidado usar material reciclável em grande parte de suas alegorias

e fantasias, incluindo o tigre, símbolo da escola, que é normalmente feito em pelúcia. O encerramento do des-

TRANQUILO

Nos dois dias de desfile das escolas de samba do Grupo Especial no sambódromo do Anhembi nenhuma escola estourou o tempo regulamentar ou teve um de seus carros alegóricos quebrados file das escolas de samba de São Paulo foi feito pela Acadêmicos do Tatuapé que cantou uma homenagem a São Jorge. A escola

DIVULGAÇÃO

Pérola Negra, Gaviões, Mocidade Alegre, Nenê de Vila Matilde, Águia de Ouro, Império da Casa Verde e Acadêmicos do Tatuapé fecharam os desfiles

conseguiu o feito de manter empolgado o público do Anhembi, que ainda pulava nas arquibancadas mesmo depois de sete horas de desfiles e com os primeiros raios de sol invadindo o sambódromo. Antes de desfilar, componentes oraram para o santo guerreiro. A cantora Leci Brandão, empunhando uma espada, puxou o samba-enredo da escola. Chamou a atenção a evolução da escola, que teve a maioria de seus integrantes com o samba na ponta da língua. Ao longo das alas da Tatuapé, o azul e branco, as cores tradicionais da escola, deram também espaço ao vermelho, presente na vestimenta do santo.


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MANAUS, SEGUNDA-FEIRA, 3 DE MARÇO DE 2014 MANAUS

Rio empolga até no grupo de acesso ADRIANO ISHIBASHI/FRAME

Viradouro, Acadêmicos de Santa Cruz e Unidos de Padre Miguel são destaques no Grupo A do Rio de Janeiro

A Unidos de Padre Miguel foi uma das mais aplaudidas pelo público na Marquês de Sapucaí

DISPUTA

Somente uma escola de samba da Série A poderá subir para o Grupo Especial, no Rio de Janeiro, enquanto três agremiações cairão para a Série B neste ano. Por isso, a disputa é acirrada do entorno do Porto do Rio e as perspectivas de modernização do local, que passa por obras de revitalização. A escola fez uma boa apresentação e animou as arquibancadas. A próxima foi a Acadêmicos de

Santa Cruz que também empolgou o público com um desfile animado da agremiação da Zona Oeste. O enredo “Do Toque do Criador à Cidade Mais Saudável do Brasil: Jundiaí, uma Referência Nacional” cantou a cidade paulista. O último carro, que representava o desenvolvimento cultural e tecnológico de Jundiaí, teve um problema mecânico que foi resolvido e não comprometeu o desfile. Outra escola que se apresentou no último dia foi a Unidos de Padre Miguel. A escola da Zona Oeste do Rio, que foi a oitava a se apresentar, trouxe o mistério para o sambódromo. O enredo “Decifra-me ou Te Devoro: Enigmas – Chaves da Vida” mostrou logo no abrealas os mistérios cifrados de civilizações passadas. Também chamou a atenção do público o carro com uma figura metade humana e metade máquina, que representava a pergunta “Quem sou eu, de onde vim, para onde vou?”. BRASIL

la a se apresentar, com o grito de “É campeã!”. Na sequência, entrou a Estácio de Sá que, como a Viradouro, também já foi campeã do Grupo Especial. O enredo “Um Rio à Beira-Mar: Ventos do Passado em Direção ao Futuro!” mostrou a história cultural

Homenagem à Beija-Flor de Nilópolis A Tradição, escola da Zona Norte do Rio, abriu o desfile do segundo dia do Grupo da Série A com o enredo “Sonhar com rei dá leão”, que em 1976 deu o título de campeã para a Beija-Flor. Com a reedição deste enredo, a agremiação homenageou a escola de Nilópolis, um dos destaques do grupo especial. Mas a Tradição, que nasceu de uma dissidência de um grupo da Portela, não deixou de homenagear Natalino José do Nascimento, o Natal da Portela, que veio simbolizado na quarta alegoria, fechando o desfile. A Alegria da Zona Sul foi a segunda a passar pela avenida e apresentou o enredo Sacopenapã. A única escola da zona sul no grupo da série A, cantou o bairro mais famoso do Rio, Copacabana. E foi justamente no carro

que representava o bairro e homenageava também Yemanjá, a rainha do mar, que a escola teve uma perda significativa de pontos. A barra de direção do carro quebrou na virada da concentração para a passarela de desfile e apesar do empenho dos integrantes, não houve jeito e o carro, que era a quarta e última alegoria da escola, ficou fora do desfile. A terceira a entrar no sambódromo foi a União do Parque Curicica. A escola da Zona Oeste cantou a história da tradicional bebida brasileira: a cachaça. O enredo “Na garrafa, no Brasil, Salve a Cachaça Patrimônio Cultural do Brasil” falou do lucros dos engenhos, da festa da colheita e incluiu toques de religiosidade com santos e entidades da umbanda. A Caprichosos de Pilares

entrou no sambódromo com força para tentar mais uma vez voltar para o grupo especial. O ex-jogador da seleção de Portugal e do Fluminense, Deco, desfilou pela primeira vez e disse que se emocionou. “A visão, quando você está aqui na avenida, é diferente. É muito bacana”, contou.A Caprichosos escolheu como tema do desfile deste ano a Lapa, tradicional bairro da boemia carioca. Alguns componentes, no entanto, ficaram decepcionados. A fantasia deles não chegou à avenida em tempo do desfile. Já com o céu claro, a Acadêmicos de Cubango encerrou o desfile da Série A, com o enredo “Continente Negro – Uma Epopeia Africana”. A torcida da escola resistiu aos chuviscos para ver a evolução dos componentes da comunidade.

ÊNCIA FOTOS: AG

O

último dia de desfiles do Grupo da Série A esquentou com a passagem da Viradouro. Com o enredo “Sou a Terra de Ismael, Guanabaran Eu Vou Cruzar... Pra Você Tiro o Chapéu, Rio Eu Vim Te Abraçar”, a escola cantou a cidade de Niterói, chamada de Cidade Sorriso e onde a Viradouro foi fundada. O enredo de 2014 também falou da ligação de Niterói com o Rio de Janeiro, separadas apenas pela Baía de Guanabara. Embora um dos refrões do samba fizesse referência ao Cristo Redentor, um dos principais cartões postais do Rio, a imagem veio atrás da última alegoria em uma estrutura de plástico preta com uma faixa inscrita: “Mesmo proibido olhai pela Viradouro”. Era uma lembrança do carnaval da BeijaFlor de 1989, quando, proibida pela Igreja de desfilar com uma imagem do Cristo, a Beija-Flor trouxe uma alegoria semelhante. Ao final do desfile, o público presente em todas as arquibancadas saudou a Viradouro, a quinta esco-

Mestre-Sala e Porta-Bandeira da escola de samba Tradição

Escolas do Rio de Janeiro exibem a boa forma de suas passistas


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Briga de ‘gente grande’ na Marquês de Sapucaí C

om o refrão “Vai tremer, o chão vai tremer”, a Império da Tijuca abriu o desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, que contou ainda com Grande Rio, São Clemente, Mangueira, Salgueiro e BeijaFlor. A verde e branco do Morro da Formiga, que conquistou em 2013 o título do Grupo de Acesso A e o direito de desfilar entre as agremiações do Especial, levou para a Marquês de Sapucaí o enredo “Batuk”, de autoria de Júnior Pernambucano. Na sequência do desfile, quem entrou na avenida foi a Acadêmicos da Grande Rio com enredo sobre Maricá, vista sob os olhos da cantora Maysa. “Verdes olhos de Maysa sobre o mar, no caminho: Maricá” comemorou os 200 anos da cidade e contou a história da produção agrícola de cana, banana e laranja e da experiência inédita dos moradores que levaram um trem para o município poder escoar a produção. O desfile terminou nos anos 1970 com a chegada de Maysa à Maricá. A terceira escola a passar pelo sambódromo, ontem, foi a São Clemente, que falou sobre a origem e o cotidiano das favelas cariocas. A história foi contada a partir da Guerra de Canudos. Um carro alegórico representando um baile funk e um churrasco na laje fizeram parte do desfile. A Estação Primeira de Mangueira foi a quarta escola a entrar na Sapucaí e falou sobre as festas brasileiras que transformam qualquer espaço aberto num grande palco. En-

tre as manifestações culturais que são feitas país afora, a verde-e-rosa apresentou a festa junina, a folia de reis, a festa da uva, o boi de Parintins, o congado, o Réveillon de Copacabana e a Parada Gay. A Acadêmicos do Salgueiro foi a penúltima escola a passar pela Marquês de Sapucaí, no domingo , contando a história da criação da Terra contada a partir da energia dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar. O enredo “Gaia, a vida em nossas mãos” falou sobre a criação do mundo desde os primórdios da humanidade, a partir dos povos de língua iorubá, por exemplo, que acreditam em um deus supremo a quem chamam Olorum. A vermelho e branco termina com uma alerta sobre a importância da preservação do planeta e contra o caos, a ganância e o poder da destruição. A última escola a entrar na passarela do samba, na madrugada de hoje, foi a Beija-Flor, vicecampeã do carnaval em 2013. A escola de Nilópolis fez uma homenagem a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, uma das figuras mais importantes da comunicação do Brasil. Apesar do enredo “O astro iluminado da comunicação brasileira” preste uma homenagem a Boni “ boninho”, a escola mostrou a evolução da comunicação desde a Mesopotâmia, onde se deu a invenção da primeira escrita que se tem conhecimento, passando pela China, onde foi inventado o papel e chegando à Grécia, terra onde a oratório e os discursos ganharam notoriedade.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Império da Tijuca, Grande Rio, São Clemente, Mangueira, Salgueiro e Beija-Flor abriram o Grupo Especial do Rio

A Império da Tijuca levou a beleza da Zona Norte do Rio para a Sapucaí

JÉSSICA MARA

A nova musa do Carnaval

A nova musa da Sapucaí diz que tem samba no pé desde pequena

O estereótipo das atuais musas do sambódromo foi ofuscado na madrugada de domingo, 2, na Marquês Sapucaí, no Rio. Uma mulher alta, magra, de cabeça raspada e com corpo de modelo era destaque no carro abre-alas da Caprichosos de Pilares. Era Jéssica Mara. Vestida só com uma calcinha de renda preta embaixo do fino vestido azul, transparente ao ser molhado na alegoria que representava a “Construção do Aqueduto”, no enredo sobre a boêmia Lapa carioca, ela exibiu sensualidade e roubou a cena no sambódromo. “Nossa, eu não consigo acreditar. Está demorando um pouquinho para cair a ficha. Não imaginava que iria dar esse tipo de repercussão. Fiz o meu papel, dei toda minha energia e

positividade. Quando saí, as pessoas falando na avenida, na rua, fiquei realmente surpresa. Adorei. Nunca vou esquecer. A primeira vez a gente nunca esquece”, comemorou. Os 56 quilos distribuídos

PODEROSA

Os 56 quilos distribuídos em 1,82 m de altura são mantidos apenas com dieta a base de proteína, salada e legumes, além de caminhadas e poucos abdominais, segundo a modelo em 1,82 m de altura são mantidos apenas com dieta a base de proteína, salada e legumes, além de caminhadas e poucos abdominais, segundo a modelo, que já foi capa de revistas como a “Vogue”. Natural de Volta

Redonda, ela mora há 6 anos em Bonsucesso, no subúrbio do Rio, com o pai e a irmã, que trabalham na capital e voltam nos fins de semana para o interior, onde vive a mãe. “Ela assistiu ao desfile, adorou. Amigos de longe já falaram comigo, meu pai, minha mãe. Está sendo muito gostoso”, contou. O nome artístico Mara Jay foi abandonado este ano, após a troca de agência de modelos. O objetivo de Jéssica Mara da Silva, agora só Jéssica Mara, é seguir vivendo da carreira e conhecer o mundo. “Revistas dão visibidade, mas não dão dinheiro. Não me considero financeiramente realizada, por ser um meio complicado. Até trabalho bem, mas não me sinto realizada por completo. Quero modelar muito fora do Brasil”, diz a jovem de 22 anos que largou a faculdade de design para se dedicar ao sonho.

EXPEDIENTE EDIÇÃO CÉSAR AUGUSTO OLIVEIRA TRICIA CABRAL REPORTAGENS BRUNO IZIDRO

FÁBIO OLIVEIRA HENRIQUE XAVIER IVE RYLO JUCÉLIO PAIVA MELLANIE HASIMOTO RAPHAEL LOBATO

THAÍS GAMA FOTOS DIEGO JANATÃ IONE MORENO RICARDO OLIVEIRA

REVISÃO AURÉLIO NETO SAARAMAR LAHAN DIAGRAMAÇÃO LEONARDO CRUZ

MARCELO ROBERT TRATAMENTO DE FOTOS PABLO FILARD


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