Revista da Beija-Flor 2008

Page 1

N° 7 - Fevereiro de 2008

Uma escola de vida



,

SETE CARNAVAIS. com muita empolgação que novamente apresentamos a você, leitor, a nossa revista "Beija-Flor de Nilópolis- uma escola de vida'~ Uma empolgação que é o resultado do que temos colhido de frutos por termos iniciado esse desafio de levar para você mais um pouco da Beija-Flor de Nilópolis... Uma escola que é, inegavelmente, uma escola de vida.

E

Nesses sete anos de trabalho, tivemos nosso esforço reconhecido através de e-mails e mensagens de estímulo e agradecimento pelo trabalho de resgate e de divulgação que iniciamos com a produção da revista. Sabemos que há muito ainda a ser feito. Mas queremos neste momen to agradecer o seu interesse e prestígio, leitor. Foi para oferecer a você entretenimento e conhecimento que nos esforçamos esses anos todos. E recebemos nosso prêmio: a satisfação de ter conquistado seu interesse, seu carinho ... a satisfação de ter mostrado a você que a nossa agremiação é realmente especial; que nossos componentes é que fazem esse espetáculo mágico e emocionante, e que merecem, por isso, nosso carinho e admiração. Mas também tivemos a satisfação de poder fazer justiça em nossas páginas, seja através da criação do prêmio "Expressão do Samba", seja através da produção de matérias que mostraram para a sociedade quem é Anizio Abrão David- o Homem BeijaFlor- e qual o papel que ele exerce na sociedade, patrocinando cultura, saúde, educação, semeando esperança e alegria. Queremos agradecer a você leitor, pelo reconhecimento do nosso trabalho e por acreditar na sinceridade de nossos propósitos. Queremos também agradecer, em público, a confiança que o Anizio sempre nos deu. Confiança incondicional, mesmo nos momentos em que as críticas- muitas delas injustas e parciais- poderiam derrubar um trabalho sério que estava sendo estruturado em favor da Beija-Flor de Nilópolis. Afinal, não se constrói algo importante sem a confiança dos que nos cercam. E tivemos- e temos - essa confiança, do leitor, da comunidade e do Anizio. E vamos retribuir essa confiança mantendo o compromisso que há sete carnavais assumimos com você, leitor, com você, comunidade, com você, Anizio: o de, a cada ano, nos dedicarmos mais e mais para mostrar ao mundo quem é essa escola, que arrebata corações ... Quem é esse povo, que nos emociona e nos dá energia ... Quem é esse homem, que faz da sua vida um exemplo de humildade e solidariedade.

Ricardo Da Fonseca Hilton Abi-Rihan

SEVEN CARNIVALS. e are proud once again to present our magazine "Beija-Flor of Nilópolis - a school of life".

W

Over the past seven years, our if.forts have been recognized through many e-mails and messages of encouragement and thanks for the work of preservation and dissemination we peiform through the magazine. We know there's still much to do, but we want to take this opportunity to thank youforyourinterest. The aim to bring you entertainment and knowledge has guided our if.forts over all these years. And our reward is the satisfaction ofhaving captured your interest, your affection... the satisjaction of having shown that our carnival association, or "school" as we say in Brazil, is really something special. But it's our members who put on this magica/ and moving spectacle and who truly deserve our affection and admiration. We also have the satisfaction of doing justice in our pages, whether through the creation of the ''Expression of Samba" award or through the articles that have shown to the public who Anizio Abrão David - the Beija-Flor Man - is and the role he plays in society by sponsoring culture, health and education, sowing the seeds of hope and happiness. We want to thank you, dear reader,for recognizing our work and for believing in the sincerity of ou r if.forts. We also want to publicly thank Anizio for the confidence he has always placed in us. Unconditional trust, even at criticai moments- many ofthem caused by unjust and partia[ attacks - that could have undermined the work ofsomeone less dedicated to supporting ofBeija-Flor of Nilópolis. After all, we cannot build something worthwhile without the confidence of those _ around us. And we have - we've always had - this confidence, jrom our readers, the communityandAnizio. The way we can repay this confidence is by maintaining the commitment that for seven carnivals we have assumed to you, our readers, you in the community, and you, Anizio: the commitment every year to do more to tell the world about this school, which captures so many hearts....its people, who give us energy with their enthusiasm... and this man, whose life is an example of humility and solidarity.


Anizio Abrão David

carnaval de 2008 para a Beija-Flor de Nilópolis

Fluminense, repleta de exemplos de dedicação, amor à

marca um momento importante na história da

escola e força de vontade.

nossa agremiação: é o início do período em que comemoramos 60 anos de fundação do bloco Associação Carnavalesca Beija-Flor, ocorrido no dia 25 de dezembro de 1948.

Hoje, passados 60 anos de fundação do bloco, olhamos para trás e entendemos que cada um nós, componentes da agremiação, foi capaz de construir uma história de vitórias e conquistas. Soubemos vencer com digni dade

Poderia ser um dia igual a qualquer outro, onde Negão

nossos limites pessoais em favor da unidade da escola. E,

da Cuíca, Edinho Ferro-Velho, Helles Ferreira, Walter

quando perdemos, sempre fomos capazes de reconhecer

da Silva, Hamilton Floriano e José Fernandes - entre

o mérito de quem venceu.

outros sambistas da cidade- estavam reunidos em um dos tradicionais pontos de encontro dos sambistas de Nilópolis, o botequim na esquina da Rua Mirandela, para uma animada roda de samba. Mas aquele dia era para ser especial, afinal, era Natal. E se tornou um dia mais especial ainda, quando essa rapaziada, depois de muito samba e conversa fiada - e

A Beija-Flor é assim, e assim será em cada desfile, em cada resultado. Com orgulho, estamos construindo o nosso pape l na sociedade, contando a história do nosso país e do nosso povo, procurando construir na nossa memória um castelo de sonhos, onde os sonhos são reais.

afinada - resolveu fundar um bloco de carnaval para

Na Beija-Flor de Ni lópolis, as crianças estudam, praticam

substituir dois importantes blocos da região que haviam

esportes, crescem e se tornam cidadãos.

acabado: o lrineu Perna-de-Pau e o Bloco dos Teixeira. Surgia o bloco Associação Carnavalesca Beija-Flor, que, em 1953, seria elevado

à categoria de Escola de Samba,

por iniciativa do nosso querido Cabana. Desde a fundação do bloco até os dias de hoje, muitas

E o samba continua. A comunidade participa, vive as emoções das vitórias e é valorizada. Reconhecemos o va lor daqueles que jamais deveriam ser esquecidos. Aqu i, as rainhas e os destaques são a comunidade. Essa mesma comun idade

coisas aconteceram. São histórias que se misturam com a

que impõe respeito, bate no peito e diz com orgu lho:

história de vida do nosso povo nilopolitano e da Baixada

"Eu sou Beija-Flor".


rnival in 2008 for Beija-Flor of Nilópolis marks an

and the Baixada Fluminense region in general, replete with

mportantmomentfor our association: it's the start of

examples of dedication, lave for the school and willpower.

G

the year when we commemorate the 60th anniversary

ofthefounding ofAssociação Carnavalesca Beija-Flor, on December 25, 1948.

each of us, association members, have played our part in building a history ofvictories and conquests. We know how

It could have been a day just like any other, when Negão

to set aside ou r personal interests in favor of the unity of the

da Cuíca, Edinho Ferro-Velho, Helles Ferreira, Walter da

group, and how to win with dignity. And when we lose, we

Silva, Hamilton Floriano and José Fernandes - among

always acknowledge the merit of the winner.

other samba artists ofthe city- were gathered atone ofthe traditional meeting spots for sambistas in Nilópolis, the bar

I

Today, 60 years late r, we can look back and understand that

on the corner of Mirandela Street, for an animated round of samba music. But that was a special day, it was Christmas ajter all. And it became an even more special day when this group, ajter

Beija-Flor takes this attitude, and will continue to do so in every parade, in every result. We are proudly doing our part ·in society, telling the story of ou r country and our people, seeking to build our memory in a castle of dreams, where dreams come true.

lots of singing, playing and conversation - at jirst idle and

At Beija-Flor ofNilópolis, children ofthe community study,

then serious - decided to found a carnival club to replace

play sports, grow up and become good citizens.

two important clubs ofthe region that had recently folded:

And samba continues.

Irineu Perna-de-Pau and Bloco dos Teixeira. The whole community participates, lives the emotions ofthe This was the start of Associação Carnavalesca Beija-Flor, which in 1953 was elevated to the status ofa Samba School, at the initiative of our dearly remembered Cabana.

many victories, and is valued. We are honored to recognize the value of the people who must never be forgotten. Here the queens and the carnival stars are the community. This

Since its founding, much has happened. There are so many

sarne community that demands respect, that stands proudly

stories that are part of the history of the people ofNilópolis

and says: "We are Beija-Flor".


DA FONSECA www.dafonseca.com.br e-mail: editora@dafonseca.com.br Tel.: (2 1) 2557-6228 / (21) 9776-2554 Rua Pires de Almeida, 67/202 Rio de Janeiro - RJ

Produção . DA FONSECA COMUNICAÇAO E EDITORA www.dafonseca.com .br

A revista Beija-Flor de Nilópolis . uma escola de vida, ISSN 1678·361 1, é uma publicação do Grêmio Recreativo Escola deSamba Beija-Flor deNilópolis e produzido pela Da Fonseca Comunicação Integrada ltda. As opiniões emitidas nas entrevistas concedidas e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição dos editores. Épermitida areprodução parcial ou total das matérias, desde que crtada a fonte. Fevereiro de 2008 · Tiragem: 60 mil exemplares

Edição de Imagens Leonardo Legey

Editores Ricardo Da Fonseca Hilton Abi-Rihan

Ilustrações infantis Leonardo Legey e Mariana Da Fonseca

Jornalista Responsável Ricardo Da Fonseca, MTb RJ23267 JR

Agradecimentos Alexandre Louzada, Bianca Behrends, Bruna Bee, Carlos Carvalho, Henrique Alves, Ricardo Cardoso, Ubiratan Silva, Vic ente Dattoli e Wagner Amarai.

Redação , , Débora Zampier, Fátima Ribas, Flávia Cohen , lris Agatha, Miro Lopes , Renata Leal e Ricardo Da Fonseca.

Revisão de Texto Claudia Castanheira

Transcrição de áudio Macarena lranzo Projeto Gráfico Afranio Antunes I R. Gatto

Versão para o Inglês Guy Fulkerson Fotografia Augusto Pedoni, Henrique Matos, Robson Barreto e TK Helena.

Ingredientes do sucesso: liderança e amor. Anizio e o família Beijo-Flor rumooo título de 2008.

criação do capo: R. Gana fotos: Augusto Pedoni

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


COM AFORÇA DO SOL

E O BRILHO DO POVO BRASILEIRO WTTH THE FfJR(E OF THF SUN AND THE BRILLIANCE OF THE BRAZILIAN PEOPLE FARID ABRÃO, presidente administrativo s viagens mais marcantes podem ser justamente aquelas para dentro de nós mesmos. Acreditando nisso, a Beija-Flor inicia seu caminho rumo ao coração do Brasil, onde irá encontrar lendas, paisagens e povos. E em sua viagem será guiada pelo pássaro mais raro do mundo, encontrado somente no coração da Amazônia, no estado do Maca pá: o pequeno e belíssimo "beija-flor de fogo': Eé sob o brilho incandescente dessas pequenas asas que a Beija-Flor de Nilópolis irá pisar na Avenida Marquês de Sapucaí. Com a responsabilidade de ostentar o merecido título de atual campeã do Carnaval, mas, acima de tudo, mantendo seu compromisso de levar cultura e auto-conhecimento ao povo brasileiro: orgulho que nasce no coração do Brasil para ser visto por todo o mundo. Assim sempre foi nosso ideal e nossa meta. Sob a ded icada liderança de nosso presidente de honra, Anizio Abrão, já sofremos muitas injustiças: por diversas vezes, dedos em riste tentaram macular nosso histórico de contribuição á cultura nacional. Mas, acima de tudo, com fé em Deus, acreditamos que a verdade sempre irá prevalecer. Esempre será assi m que faremos nosso carnaval, com orgulho e honra de campeões; fibra e suor de trabalhadores; ritmo e ginga de bambas e com a história do povo da Ba ixada Fluminense, que se orgulha de representar também o coração deste país. Por isso, membros de nossa querida família azule-branco, vamos com a força do equinócio solar, com nosso belo samba, nossa simpatia e nossa garra. Temos um grande público à nossa espera, aguardando que a história e a cultura brasileiras mais uma vez desfilem soberanas sobre o asfalto da passarela do samba. Vamos, irmanados no mesmo sentimento, mostrar que a Beija-Flor é muito mais que uma escola de samba, é nosso referencial, é nossa vida, nosso amor.

e most memorable voyages are exactly those within ourselves. Believing this, Beija-Flor begins its trip into the heart of Brazil, to find legends, landscapes, peoples. This trip will be guided by one of the rarest birds in the world, found only in the heart of the Amazon Forest, in the state of Amapá: the small and beautiful crimson topaz hummingbird (Jopaza Pella). And under the incandescent brilliance of these tiny wings, Beija-Flor of Nilópolis will march down Avenida Marquês de Sapucaí. Jt will do so with the responsibility of being reigning carnival champion, but above all, with the duty of upholding its commitment to bringing culture and self-awareness to the Brazilian people: allowing the pride born in the heart of Brazil to be seen by the entire world. This has always been our ideal and goal. Under the dedicated leadership ofou r honorary president Anizio Abrão, we've su.ffered many injustices, finger-pointing trying to tarnish our history ofcontributing to the nation's culture. But above ali, with faith in the Almighty, we believe that the truth will always prevail. This is always how we will put on our carnival show, with the pride and honor ofa champion; the sinew and sweat ofhard work; the rhythm and sway ofbraggadocio, and the history ofthe people of the Baixada Fluminense, who also take pride in representing the heart qfthis country. For this, members of our dear blueand-white family, we go forth with the strength of the solar equinox, with our beautiful samba, our congeniality and our determination. We have a huge public waiting for us, waiting once again to see Brazilian culture and history on proud display on the asphalt ofthe samba para de grounds. Joined togetherwith the samefelling, we go forth to show that Beija-Flor is much more than just a samba school, it's our reference point, our life, our /ove. _,..,;:~i;~~


,

BEIJA-FLOR DE NILOPOLIS CUMPRE SEU DEVER NA AVENIDA Ricardo Da Fonseca

Preparar um desfile de carnaval não é uma tarefa simples. Construir, a partir de uma idéia subjeti va, um enredo, conceber alas, pesquisar e preparar descrições de alas, criar

importantes e tradicionais agremiações, muitas delas donas

carros alegóricos coerentes com o enredo, coreografias, dramatizações, samba-enredo ... Edepois pegar tudo isso e dar vida , com a alma do folião, dançando e cantando o samba sem atravessar, sem desafinar, sem erros e atropelos...

superar com muito trabalho e dedicação.

Sim. Fazer um carnaval com o nível de qualidade que

Mas será que trabalho e dedicação é a rece ita do sucesso que

o carnaval carioca atingiu não é, definitivamente, uma coisa fácil.

a agremiação vem obtendo nos últimos anos? Será que esses

São desafios diários que uma agremiação supera para apresen tar ao público na Marquês de Sapucai e nos lares do mundo um espetáculo inigualável.

6

Mas, se preparar um desfile é esse desafio, conquistar o titulo de campeão do carnaval carioca disputando com

Revista Beija-Flor de Nilópolis

de uma vitoriosa história, é um desafio maior ainda. Um desafio que a Beija-Flor de Nilópolis tem conseguido

ing redientes- trabalho e dedicação- são exclusividade da Beija-Flor de Nilópolis? Certamente que não. Basta visitar os barracões das demais coirmãs para conferir que todas trabalham com dedicação.

www.beija-flor.com.br


No entanto, parece que existe um "algo mais" que faz da ag rem iação de Nilópo lis a escola de samba que mais títulos conquisto u nas últim as décadas... algo especial que escapa aos olhares desatentos.

Épor essa razão que reso lvemos aprofundar o olhar e, ouvin do especialistas e pessoas do povo- especia lmente de Nilópolis -,tentar identificar esse "algo mais".

ODESEMPENHO DA BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS A agrem iação tem obtido um alto desempenho nos Desfiles das Esco las de Samba do Grupo Especial. Isso fica evidenciado se analisarmos o resultado dos Desfil es de Carnaval nos últimos anos: de 1978, quando conquistou seu primeiro título até 2007, a agremiação de Ni lópolis conqu istou 10 campeonatos, 15 vice-campeonatos, como pode ser conferido a seguir: 1954: 1° Lugar com "O caçado r de esmeraldas" 1955 : 6° Lugar com "Páginas de ouro da poesia brasileira ·: 1956: 10° Lugar com "O gaúcho" 1957 : 7° Lugar com "Ri quezas áureas do Brasil" 1958: 10° Lu gar com "Exaltação às forças armadas" 1959: 9° Lugar com "Copa do Mundo" 1960: 10° Lugar com "Regência Trina " 196 1: 8° Lugar com "H omenagem a Brasíl ia" 1962: 2° Lugar com "Dia do Fi co" 1963 : 10° Lugar com "O Guarani" 1964: 12° Lugar com "Café, riqueza do Brasil" 1965: 3° Lugar com "Lei do Ventre Livre" 1966: 4° Lugar com "Fatos que cu lminaram com a Independência do Brasil" 1967: 2°Luga r com"A queda da Monarquia" 1968 : 9°Lugar com "Exaltação a José de Alencar" 1969: 9°Lugar co m "Paquete do Exílio" 1970: 6°Lugar com "Ri o, quatro século de gloria " 197 1: 7°Lugar com "Carnaval, sublime ilusão" 1972: 6°Lugar com "Bahia dos meus amores" 1973 : 2°Lugar com "Educação para o desenvolvimento" 1974: 7°Lugar com "Brasil ano 2000" 1975: 7° Lugar com "O grande decênio" 1976: 1° Lugar com "Sonhar com o re i dá leão" 1977: 1° Lugar com "Vovó e o rei da Saturnália na corte Eg ipciana ". 1978: 1° Luga r com "A criação do mundo na tradição nagô': 1979: 2° Lugar com "O paraíso da loucura ". 1980: 1° Lugar com "O sol da meia-noite: uma viagem ao país das ma ravilhas': 198 1: 2° Lugar com "Carnaval do Brasil, a oitava das sete maravilhas do mundo': 1982: 2° Luga r com "O olho azul da serpente': 1983: 1° Lugar com "A grande conste lação das estrelas negras·:

1984: 3° Lugar com "Um gigante em berço esplend ido". 1985 : 2° Lugar com "A Lapa de Adão e Eva': 1986: 2° Lugar com "O mundo é uma bola': 1987: 4° Lugar com "As mágicas luzes da ribalta". 1988: 3° Lugar com "Sou negro, do Egito à liberdade': 1989: 2° Lugar com "Ratos e urubus, larguem minha fantasia". 1990: 2° Lugar com "Todo mundo nasceu nu·: 1991: 4° Lugar com "Alice no Brasil das Maravilhas". 1992: 7° Lugar com "Há um ponto de luz na imensidão': 1993: 3° Lugar com "Uni-Duni-Tê, a Beija-Flor escolheu você". 1994: 5° Lugar com "Margaret Mee, a dama das Bromélias': 1995: 3° Lugar com "Bidu Sayão e o canto Cristal". 1996 : 3° Lugar com "Aurora do povo brasileiro". 1997: 4° Lugar com "A Beija-Flor é Festa Na Sapucaí': 1998: 1° Lugar com "O Mundo místico dos caruanas nas águas do Patu Anu': 1999: 2° Lugar com"Araxá, lugar alto onde primeiro se avista o sol". 2000: 2° Lugar com "Brasil, um coração que pulsa forte. Pátria de todos ou terra de Ninguém?': 2001: 2° Lugar com"A saga de Agotime - Maria Mineira Naê': 2002: 2° Lugar com "O Brasil da o ar da sua graça - de Ícaro a Ruben Berta , o ímpeto de voar". 2003 : 2° Lugar com "O Povo conta a sua História; Saco vazio não para em pé- A mão que faz a guerra faz a paz" 2004: 1° Lugar com "Manôa, Manaus- Amazônia: Terra Santa -Alimenta o corpo ... Equilibra a Alma ... E transmite a paz': 2005: 1° Lugar com "O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor': 2006 : 5° Lugar com "Poços de Caldas derrama sobre a terra suas mi lagrosas: do caos inicial à explosão da vida- água , a nave-mãe da existência': 2007 : 1° Lugar com "Áfricas: do Berço Real à Corte Brasiliana".

ACREDIBILIDADE DO JULGAMENTO Se preparar um Desfile de Carnaval é um grande desafio para as escolas de samba, organizar um evento que recebe exigentes turistas nacionais e internacionais, oferecendo segurança, eficácia nos serviços e diversão, também não é fáci l. Apesar dos desafios, a equipe da Liesa tem realizado um trabalho competente e bem avaliado pe lo público presente no sambódromo. Mas tão importante quanto a organização do evento é a seriedade na avaliação e no ju lgamento da apresentação de cada agremiação na Sapucaí. Afina l, mesmo sendo um

Fevereiro 2008

7


espetáculo que reúne arte e beleza, o Desfile de Carnaval é uma competição entre as agrem iações.

julgamento tecnicamente competente, ainda que subordinado ao olh ar subjetivo de cada julgador.

Segundo o pesquisador e diretor cultura l da Li esa, Hiram

E a prova de que o método empregado pela Liesa deu e dá

Araújo, a subjetividade é uma característica de qua lquer julgamento. Por essa razão, desde que chamou para si a

certo é o crescente interesse dos organ izadores de Desfiles de Carnaval em outras cidades do país em adquirir o nosso know-

responsabi lidade da organ ização do espetácu lo, a Li esa vem traba lhando para oferecer regras e roteiros para que a subjetivid ade do julgador seja norteada , alcançando, assim, uma relativa harmonia entre os julgadores e os resultados.

how e contratar profissionais do Rio de Janeiro para com por o quadro de jurados. Segundo Ademar Bitencourt, diretor de carnava l da Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba, Santa Catarina, "O carnava l de Joaçaba já existe há

Hiram relemb ra alguns fatos importantes: "Corria o ano de 1987, o Sambód romo e a Li esa , recém-

bastante tempo. Tínhamos desfiles de ruas, ainda bem precário,

inaugu rados, iniciavam o cam inho da redenção econômica das Escolas de Samba, implantando o profissionalismo no maior espetácu lo da Terra. As obras do Sambódromo tinham acabado de ser pagas, principiando-se novas discussões para o estabelecimento do contrato entre a Ri otur e a Liesa. No auge dos acalorados debates sobre os percentuais a serem divididos da comercialização dos desfiles, o presidente da Ri otur ofereceu a organ ização do Júri à Liesa. A resposta, brusca e im ediata , do presidente da Liesa foi negativa. E de repente, para o espanto geral, o Anizio Abrão David disse: 'Está bem, aceitamos. Mas com a cond ição de a Riotur me cede r o coordenador de jurados de vocês, o dr. Hiram : A resposta , também imediata, da Riotur foi negativa. Passados alg uns momentos, Riotur e Liesa se entenderam, e eu vim para a Liesa. Na verdade, eu não escolhia os jurados, apenas executava com minha equipe a tarefa 'Operação - Avenida' , que era a de tomar conta dos jurados durante os desfiles. Entretanto, como estudioso do assunto, eu tinha um plano de trabalho nesse sentido, que co nstava do término do mistério e sigilo, revela nd o o jú ri com antecedência, preparando-os com o cu rso de jurados, estabelecendo os critérios de julgamento e j ustificativas de notas. Sabendo desse meu plano, o An ízio me chamou e disse: 'Vou moralizar o julgamento dos desfiles, dou ca rta branca para você empregar o seu método": O método foi empregado e hoje a Li esa promove, junto aos jurados, diversas ações de treinamento e capac itação que visam dar a eles subsídios e critérios para rea lizarem um

Revista Beija-Flor de Nilópolis

nos anos 50 e nos anos 60. Mas ainda não eram Escolas de Samba, eram blocos com charanga, com bateria. No final dos anos 70, foram fundadas três Escolas de Samba e por três ou quatro anos fizemos o desfile de Escola de Samba, quando o poder público perdeu o interesse em promover o Desfile. Então, em 1993, decidimos retomar a produção desse evento. "Em 1995, nós contatamos a Liesa e pedimos a pessoas com conhec imento que viessem até a nossa cidade para nos da r uma orientação melhor de como se faz carnaval. A nossa região, apesar de ter sid o colonizada por alemães e ita lianos, teve a forte presença do negro, uma vez que eram eles que pegavam pesado na construção das estradas de ferro nos

www.beija-flor.com.br


anos 20, 30. Com os negros veio o samba ... Então, como a cidade tem essa característica, pedimos uma orientação da Liga na época. E para cá veio o Dr. Hiran Araújo, que nós tratamos hoje como sendo nosso padrinho. Ele é uma pessoa amada em Joaçaba, e muito respeitada. Ele ficou conosco

Atua lmente são premiadas as seguintes categorias: melhor escola do Grupo Especial, samba-enredo, bateria, puxador, enredo, personalidade, reve lação, ala, ala de baianas, passista feminino, passista masculino, com issão-de-frente, portabandeira, mestre-sala, samba-enredo do Grupo de Acesso

e nos ministrou seminário de carnaval, onde nos falou a

A e escola do Grupo de Acesso A.

respeito da organização da Liga, do desfi le e da organização das Escolas. A partir daí, tudo que nós fizemos foi baseado sempre naqu il o que a Liesa do Rio de Janeiro faz. Inclusive, criamos nossa Liga Independente, que é a responsável por toda a organização do carnaval de Joaçaba. Enesse aspecto

Na sua edição 2007, a agremiação de Nilópolis conquistou

vale sa lientar a contribu ição que a Liesa tem nos dado na questão dos jurados. Em nossos desfiles de carnaval mon-

o prêmio para "Melhor Escola de Samba do Grupo Especial" e o "Melhor samba-enredo".

SAMBA, OUSADIA ECRIATIVIDADE

tamos uma equipe de jurados com muitos integrantes do

Uma vez que podemos confiar na competência dos julga-

Rio de Janeiro sugeridos pela Li esa, devido à experiência e

dores e na qua lidade do julgamento do Desfile das Escolas

conhec imento que possuem em termos de carnaval. Isso

de Samba do Grupo Especial, vo ltemos à questão inicial:

tem dado credibilidade ao nosso espetáculo", conclui Índio, como também é conhecido o diretor de carnaval.

que "algo mais" é esse que se manifesta nos desfi les da agremiação de Nilópol is e que faz dela a escola no 1 no Ranking da Liesa?

AJUSTIÇA NA ESCOLHA DO CAMPEÃO Por esse seu aspecto subjetivo, poderíamos imaginar que o termo justiça no resultado do Desfile das Escolas de Samba seria sempre relativo- afina l onde há ser humano e olhar próprio, há subjetividade. Por essa razão, dois outros indicadores podem nos dar uma visão mais próxima - respaldando ou não a decisão dos jurados- de uma justiça no desempenho das agremiações na Sapucaí: a manifestação do grande público e o prêmio Estandarte de Ouro.

OESTANDARTE DE OURO OEstandarte de Ouro é um troféu criado pelo jornal OGlobo, em 1972, para premiar os grandes destaques dos desfi les das escolas de samba do carnaval carioca. Nascido do esforço do jornalista Heitor Ouartim, que reuniu um grupo de ju rados independentes e sem víncu los com a Prefeitura da cidade, o Estandarte tornou-se referênc ia no mundo do samba, sendo considerada a mais respe itada premiação do carnaval carioca. O Estandarte de Ouro tem no seu corpo de jurados estudiosos da cultura popular, artistas, jornalistas e carnava lescos, e na sua edição 2007 contou com a colaboração de Argeu Affonso, Adelzon Alves, Aloy Jupiara, César Tartag lia, Dorina, Felipe Ferreira, Haroldo Costa, Helena Theodoro, João Pimentel, Lyg ia Santos, Marcelo Mello, Marceu Vieira e Maria Augusta Rodrigues.

Segundo Fernando Pa mplana, uma das mais respeitáveis figuras do carnaval, o pri nci paI responsável pelo desempenho da Beija-Flor de Nilópolis nesses anos é a sua capac idade de preparar sambas de qua li dade. Para Pamplona, "o samba é tudo. O samba age sobre diversos quesitos de ju lgamento. Se você tem um bom samba, você tem uma boa bateria. Quem tem um bom samba, tem uma boa bateria, e quem tem uma boa bateria e um bom samba, tem uma boa harmonia, e quem tem uma boa harmonia , boa bateria, tem um bom conjunto': Um pensamento muito próximo ao de Pam-


plana é o da pesquisadora e carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, que questiona: "o que acontece com a Beija-Flor? Primeiro, uma escola de samba, no meu entender, tem que ter um samba muito bom. A Beija- Flor sempre teve um padrão de samba-enredo altíssimo. Independentemente das pessoas que estão dirigindo a Escola, ela tem uma qual idade de sambaenredo , de letra e melod ia. Eharmonia para desfi I e.

vo

c ê

pode até m es mo não gostar do samba , mas se ele é O multimídia Ubiratan Silva, em uma de suas performances na Sapucaí abribom para lhantando ainda mais o espetáculo do carnaval carioca. levar a escola para o desfile, se tem uma boa harmonia para odesfile, isso é o que importa! Não é você gostar ou não gostar. Tem que ter qualidades técnicas para desfilar. Ea Beija-Flor tem isso. Se você anal isar os sambas-enredos da Beija-Flor, verá que estão cada vez melhores! Então, a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis tem, primeiro que tudo, sambas de excelente qualidade. Eu acho que isso é básico para uma escola de sa mba. Êo samba, no meu entender.... " Além da qualidade dos sambas-enredos que produz, e suas conseqüências na Avenida, a agrem iação de Nilópol is encontra em qualidades próprias de seus dirigentes, carnavalescos e componentes outra explicação para a sua força. Para o pesquisador Felipe Ferreira , a força da BeijaFlor de Nilópolis está ligada a sua própria trajetória, que mistura ousadia e espírito criativo e uma forte capac id ade de aprender com se u erros e acertos: "Em 1976, quando foi campeã pela primeira vez com o tema 'Sonhar com rei dá leão', a Beija-flor trouxe a força da espetacularid ade de seu enredo e alegorias, marcando um importante momento de transformação nos desfiles carnavalescos. As chamadas "qu atro grandes" (Porte la, Mangueira, Império Serra no e Salgueiro) haviam fixado seus espaços através do apoio da intelectualidade que via nelas as marcas mais trad iciona is da cu ltura popular. Com o impacto de suas apresentações, a Beija-Flor, juntamente com a Mocidade Independente de Padre Miguel, iria questionar esse pensamento estabelecido apresen tando desfiles impacta ntes, grandiosos, de fáci l leitura e capazes de responder às necessidades da transm issão

10

Revista Beija-Flor de Nilópolis

televisiva em cade ia nacional, redefinindo a popu laridade das escolas de samba . "Essa opção da Beija-Flor pela grandiosidade e imponência das alego rias imagi nadas por João Trinta e pela orig inal idade de formas e materiais das fantasia s criadas por Viriato Ferreira serviria, por muito tempo, de parâmetro para os novos carnava lescos que surgia m e de meta a ser superada pelos criadores tradicionais. "E, a partir do final da década de 90, a Beija-Flor começa a trilhar novos cam inh os, procurando associar a grandiosidade que a havia marcado até então a um projeto de 'desfile total', onde cada quesito é abord ado de forma detalhada. O resultado dessa ação se faria sentir nas apresentações cada vez mais consistentes da escola que, atua lmente, alia a imponência das enormes alegorias à impactante energia de seus componentes", conc lu i o especialista Felipe Ferreira.

ANIZIO Essa trajetória da agrem iação, que mistura empenho e capacidade criativa, conta ainda com um importante fator de equ ilíbrio: uma ad ministração competente e corajosa , capaz de gerenciar e supera r crises tanto financeiras quanto hum anas - afina l, no cotidi ano de uma escola de samba convivem ce ntenas de pessoas com pensa mentos e pontos de vista distintos.

Ê por isso que, desde que o presidente de honra da agremi ação, Anizio Abrão David, assumiu a escola, os resultados positivos foram cresce ndo. Segundo Farid Abrão, presidente ad ministrativo da Beija-Flor de Nilópolis, "a presença do Anizio tem se mostrado, a cada ano, essencial para o equi líbrio da escola. An izio é um líder nato. Além de uma enorme capacidade de organização, ele é muito inteligente, o que lhe permite anal isar uma situação e rapidamente identificar os pontos a favor e contra. Por isso, muitos dos problemas por que passa uma esco la de samba a Beija-Fl or não vive, pois o Anízio toma as decisões ce rtas na hora certa", revela . Decisões como as que sempre teve que tomar quando os carnavalescos da ag remiação tinham suas "crises e deva neios de criatividade': Anízio sempre se dispôs a acred itar e confiar na competência deles, investindo recursos na eq uipe que preparava o carnava l pa ra que pudessem ter o melhor em termos de informações para montar um excelente ca rna va l, incluindo aí viagens para os mais diversos lugares do Brasil e do exterior. Foi assim com João Trin ta , em "Sonhar com rei dá leão" e "Ratos e urubus, larguem a minha fantasia': Foi assim com "Bidu Sayão e o ca nto de cristal': Foi assim com outros inúmeros

www.beija-flor.com.br


"devaneios criativos" dos carnava lescos que vi raram carnaval. Milton Cunha, carnavalesco da agremiação de Nilópolis nos

vamos ter nossa criatividade respeitada e prestigiada. Sempre

anos de 1994 a 1997, destaca a importância do apoio de

que pode procu rar o An izio. Se ele puder resolver, ele resolve.

Anízio nos anos em que esteve à fre nte da agrem ia ção : "Eu

Se não puder, ele diz o que temos que fa zer, e a quem procu-

que a Comissão de Carnavalescos precisa de alguma coisa, sa be

levei até o Anizio algum as reportagens sobre uma grande

ra r para resolver. Ele é um executivo. Na mão dele, nada fi ca

canto ra brasi leira de ópera que estava com 93 anos e que ti-

estagnado. Éum realizador. E, para a Beija- Flor de Nilópolis, ter

nha triunfado no Metropolitan Opera de Nova York, na Opera Com ique de Paris, entre ta ntos outros feitos. Aí ele disse: 'Muito bacana. Vamos fazer contato com essa cantora ?Você vai , e pergunte, então, se ela quer ser enredo da BeijaFlor: Prepare i tudo, preparei os desenhos e lado de Laíla, diretor de carnaval da agremiação, a designer Bruna Bee, o carnavalesco Alexandre Louzada e os designers Canos Carvalho e Luciano tal , e peg uei Ao Marcolino: alguns dos talentos da nova geração da Beija-Flor de Nilópolis. um avião até Nova York, An izio me mandou até Nova York. De Nova York o sr. Anízio à frente é a certeza de um bom traba lho realizado. eu aluguei um carro, dirigi até Boston. De Boston fui até Aq ui podemos contar com ele': Camden, de Camden fui para as montanhas nevadas do norte, Laíla va i além. Para o di retor de carnaval da agremiação até chegar na casa da Diva. Então, o apoio moral e econômico de Nilópolis e um dos maiores entendidos na prática do que o Anizio me deu, colocando-me num empreendimento carnava l, "Ani zio não é importante so mente para a Beijaarriscado e caríssi mo- porque eu podia chegar lá e ela dizer Fl or. El e é um mito no carnaval , não é na Escol a. OCarnaval não-, foi fu ndamenta l para que conseguíssemos montar o do Rio de Janeiro, rea lmente, se transformou a partir do enredo "Bidu Sayão e o canto de cristal': En tão, ele possibilita momento em que ele e o irm ão assumi ram a Esco la de essas realizações. 'Milton, vá lá buscar a grande dama da Samba Beija-Flor de Nilópo lis. Efez com isso que as outras ópera: E aí a gente move mundos e fundos, co nsegu e cheEscolas tentassem acompanhá-la. Anízio teve peito de levar ga r lá. Depois Anízio manda buscá-la, com enfermei ro, com o João Trin ta , no primeiro ano, e a Beija Fl or foi campeã do secretário, com seg uran ça, uma equipe, em vôo de primeira carnava l. Eco m isso mudou a história do carnaval carioca. classe, lá dos Estados Un idos para abrilhantar o carnava l do E todo mundo teve que acom pan ha r a Beija-Flor. Hoje, o Rio. Émuito bacana, é muito im porta nte esse apoio do Anizio, carnaval espetáculo que está aí foi a Beija Fl or que implanpara a gente abri lhantar o carnaval carioca': tou. E é graças à confiança e à moral que o Anízio dá aos Alexandre Louzada, carnavalesco da Beija-Flor de Nilópolis e carnavalescos, à equipe que traba lha para a escola e aos atual bicampeão do carnava l carioca , faz coro com Cunha : com ponentes na Aven ida que a Beija-Flor de Nil ópol is é o "Traba lha r na Beija-Flor com o sr. Anizio é a certeza de que

que é", conclui.

Fevereiro 2008

11


PORTAS ABERTAS AOS NOVOS TALENTOS Se o apoio incondiciona l ao carnava lesco é uma importante marca da agremiação de Nilópolis, não podemos deixar de destacar outra força da azu l e branco: a coragem de investir em novos ta lentos. Segundo Ani zio, "a Beija- Flor é uma escola onde a arte e a cr iatividade devem estar acima de tudo. E no meu entender, não vem escrito na carte ira de identi dade ou no diploma da faculdade que alguém é cria tivo. Somente se dermos oportunida de e meios de trabalho é que vamos descobrir a capac idade de um artista . Aqu i na Beija- Fl or é isso que fazemos. Sempre que possível, abrimos oportun idades de trabalho para profissiona is que estão começando. Em razão dessa nossa forma de trabalhar, muitos talentos foram descobertos por nós".

"na hora que uma escola é organizada, na hora que arruma a escola para desfilar, a escola se torna um corpo, um ser. É ali que a coisa pega, é ali que a coisa tem uma liga, gruda, constitui uma energia. É uma soma de energias que dá um desfile vitorioso. Agora, isso é basicamente componente." Maria Augusta Rodrigues

Éo caso do carnavalesco Milton Cunha que atribui ao Anízio um papel decisivo na sua vida co mo carnava lesco: "Minha estréia na Beija Flor, co mo carnavalesco, foi decisiva pra minha reputação como artista, porque sen do ela uma escola poderosa, sempre à frente de seu tempo na questão estética, eu pude, nos quatro anos, exercitar quatro estilos diferentes. 'Marga ret Mee, a dama das Bromélias' (1994), foi uma estréia bárbara , super elog iada pelo Fern ando Pamplona. E fa lo aqui no Pamplona porque ele era o termômetro. Se Pamplona 'descesse o pau ', o ca rn avalesco não continuava. Ele era definidor, era o maior comentarista da televisão. Eele

Revista Beija-Flor de Nilópolis

disse na transmissão : 'Parabéns, Anizio. Lançastes um bom , lançastes mais um . Parabéns !: Depois, ve io 'Bidu Sayão e o canto cristal' (1995), on de experim entei o barroco absurdo, o detalhe, o rococó. Foi o enredo que mais me tro uxe reputação, na medida em que eu trouxe de volta a grande diva da ópera. Mas no ano seguinte, em 'Auro ra do povo brasileiro' (1996). eu arrebentei em termos de um carnaval masculino, sem detalhe, du ro, pesado. Mais um terceiro lugar! Depois eu fiz 'A Beija- Flor é festa na Sapucaí' (1997), que era um estilo já misturado com outros. Assim, na grande ve rdade, o bacana para mim como profissional foi ter podido brincar, exercita r vários estilos na Beija Fl or. E nisso tudo o Anizio teve um papel fundamental. No carnaval, Aniz io tem uma importância gigantesca. Ele é um homem que tem ousadia. Um mecenas da arte, que contrata jovens artistas, que tira pessoas do abso luto anonimato e lança no poderoso carnava l! O que eu percebo nele é que ele não tem pudor nem preconceito em relação ao novo. 'Então, tem o Milton lá que pode fazer um bom trabalho, mas nunca fez nem um bloco de sujo, contrata o Mi lton e deixa o Milton fazer !' Aí venho eu pedindo para fazer um carnaval sobre os ossos, sobre os fósse is e Anizio diz : 'Faça: Eu acho que o papel do mecenas é justamente perm itir a loucura de nós, artistas. Foi exatamente isso que eu encon trei no An izio, a possibil idade de exercitar a minha ve ia artística com apoio econôm ico, fina nce iro, moral. A possibilidade de esta r em uma grande agremiação. OAn izio viabil iza o crescimento do espetáculo carnava l e, portanto, o crescimento do Brasil! Porque o carnava l é o reflexo, a melhor vitrin e do nosso povo. Qu ando o Anizio investe, coloca novos talentos, ele está dando um passo à frente, dando exemplo para os outros, pa ra que também acreditem e dêem oportunidade aos novos talentos. Então o Anizio mobiliza , move e empurra o carnaval para frente, quando não tem medo de aposta r na intuição dele. Eesse é o papel importan te dele. Acho fund amenta l que as autoridades do Brasil percebam a importância de um mecenas do quilate do An izio. Ele possibil ita, através da Beija Flor, uma visão melhor do Brasil para o mundo. O Anizio é um ca nal onde o Brasi l pode se mostrar melhor para o mundo e pa ra si próprio. Então, é preciso co mpreender a im portância decisiva do An izio pa ra a construção desse imaginário, dessa identidade brasileira", co nclui.

www.beija-flor.com.br


LÍDERES ECOMUNIDADE Seg undo Ri chard Bac h, autor do livro "Il usões", quando va lorizamos nossas li mitações, não co nsegu imos nos livra r delas. Seg uindo esse pe nsa mento, todo e qualquer ag ru pa mento que deseja alca nçar a vitória, precisa , antes de ma is nada, acreditar que é capaz de ve nce r. Foi assim tam bém com a agremi ação de Ni lópolis. Nessa mudança de pontos de vista, a liderança dos irm ãos David - Nelson e Anizio - e a participação dos "ca beças" dos desfiles da agrem iação

E o rom pimen to co m suas lim itações talvez ten ha sid o a pri nci pal rea lização promovida em sua co mu nid ade, uma vez que, a pa rti r da co nstrução dessa nova Beija- Flor de Nilópo lis, seus componentes descobriram que eram capazes de realizar uma grande apresentação ... Eque eram capazes de vence r as grandes escolas de sa mba ... Eque já eram uma das grandes escolas de samba da atualidade. Ao lado dessa crescente auto-afirmação, a ded icação constante do presidente de honra, confiando nos seus com ponentes, auto rizando o investimento na qualidade estética e de material das alegorias e fantasias, ce rtamente motiva o co mpo nente, que entende que rea lmente faz parte de uma

na época - João Trin ta, se ncial : "A Beij a- Flo r cresce u co m a chegada do Joãoz inh o Trint a, traz ido pelos irm ãos Anízio e Nelson. Qu em botou a Beija-Flor lá em cima fora m eles. Agora, a questão é ter co mpetê ncia para mantê- la lá, para se rei nve ntar e prepa rar desfil es de qua lidade. Ecomo Laíl a é co mpetente, a escola se mantém no ca minho certo. Apesa r de não ser car nava lesco, o Laíl a é, provavelme nte, o homem mais co mpetente e forte qu e existe no ca rn ava l carioca. Isso sem falar no Anízio. El e

Anizio Abrão David: A realização de diversas açoes em defesa do samba e do carnaval, o tornou uma das principais lideranças da nossa cultura.

é a liga, a alma que une todos os integ rantes da escola. E, no processo de cri ação artística e preparação do desfile, o Anízio demonstra a sua sabedoria: ele não se mete em nada, ele só segura as barras. Qu ando surgem os problemas é ele, com sua inteligência e experiência, quem resolve. Era assim na época do Joãosinho, e hoje ainda é assim. Falei uma vez e vou re petir: OAni zio é um presidente perfeito, co nfere atribu ições e dá li berd ade para os ca rnava lescos traba lha rem ... Mu itos outros presiden-

famíl ia: "Na hora que o com ponente chega na aveni da e vê os ca rros, aq ui lo joga a Escola para cima. Eu já vi escola entrar derro tada na avenida porque chegou e viu os seus ca rros e viu os ca rros de outra s escolas do lado, e ba ixou a crista porque os car ros da sua escola era visive lmente infe riores... Éo ce nári o. O povo de escola chama 'O carnaval ', 'Meu carnava l tá bom, meu ca rnaval não tá bom '. En tão, alegori a é mui to im portan te", di z Maria Aug usta.

tes de ag remi ações se metem dema is, impo ndo co ndições

Tudo isso dá fo rça ao compone nte, que orgu lh oso, entrega-

às suas escolas, alterando as propostas do ca rn ava lescos... O

se de corpo e alma ao Desfil e. Essa fo rça , esse org ulho, esse sentimento de "pertencimento" se mantém vivo até hoje no co ração de cada compo nente, influencia ndo decisiva mente nos resulta dos da ag remi ação.

Ani zio é um dos importantes fatores para essa escola esta r onde está. Ele motiva e orgulha seus co mponentes ... Éum mito na escola", reafi rm a, empolgado, Pam plona.

Fevereiro 2008

113


"O que a Beija Flor tem, no meu entender, que faz a diferença é a dedicação de algumas pessoas. Eaí eu vou falar de Anizio Abrão David, eu vou falar de Laíla, eu vou fa lar de Mareio, que é o chefe da comunidade. Eu acho que depois que a comun idade da Beija-Flor foi organizada ... aí você tem que ver que o Laíla também tava na primeira fase, em 1976. A direção de harmonia, a direção de carnaval e o chão. Esse chão que gera o empenho dos componentes e gera um canto, que é ímpar! E essa energia que os componentes

derramam na Aven ida é a sustentação moral, ideológica da escola. Por exemplo, alguns sambas da Beija-Flor são muito difíceis, são bonitos mas longos e difíceis. Mas a comunidade não discute, porque sabe que a escola vai levar bem para a Avenida. Quando a escola define o samba, passa-o para os componentes, e eles vão cantar aquele samba como se fosse a melhor coisa da vida deles. Isso ninguém tem dúvida. Além da qualidade musical do samba-enredo, tem um corpo que canta . Porque o samba pode ser lindo, mas se não for bem cantado ... ", conclui Maria Augusta. Nesse cenário, o trabalho realizado pelo Laíla e pelo Mareio é essencial. Quem acompanha a evolução do chão da BeijaFlor vê claramente que ele vem crescendo a cada carnava l. Isso porque está havendo uma formação, de geração a geração. "Fazemos um trabalho sério. Para as pessoas de fora, carnaval é fo lia , bri ncadeira e divertimento. Para

14

Revista Beija-Flor de Nilópolis

nós, não. Carnaval é traba lho sério, comp romisso e muito profissionalismo. Na minha função, de presidente da ala de comunidade, composta por aproximadamente 1.500 componentes, cobro de cada um as suas responsabi li dades. Checamos se eles estão freqüentando os ensa ios com regularidade, se estão cantando o samba e dançando direitinho. Não podemos vacilar. Para isso, temos uma planilha, cada diretor tem um diário de presença, onde o componente que tiver mais de três faltas é cortado. Sendo que, tem três faltas,

mas elas são justificadas pelo diretor, o componente chegou: 'Mareio, eu vou ter que me ausentar um pouquinho, eu estou doente, eu vou fazer uma operação, vou fazer um trabalho espiritual, eu vou viajar: Vamos juntos lá no diretor da ala para conversar. Eo diretor da ala nada ma is faz do que botar uma observação do lado do nome desse componente: 'Fulano tal va i se ausentar tantos dias por motivo ta l, isso e aqu ilo: Tentamos ser disciplinados, mas j ustos. Porque aqui na Beija-Flor de Nilópolis os componentes da ala de comunidade se apresentam espontaneamente. Ninguém recebe para estar aqui. Então, se é assim, quem se apresenta tem que segu ir rigorosamente as regras, para não prejudicar a escola na Avenida. Por isso, nos reunimos duas vezes na semana - na quarta para avaliarmos o desempenho de cada um de nós e do grupo e na quinta para os ensaios na quadra. Como trabalhamos com pessoas que vem de diversas partes,

www.beija-flor.com.br


e conseqüentemente com educação e hábitos próprios, muitas vezes surgem desentend imentos... mal entend idos... Por isso, a reunião da quarta-feira é importante. Nela, quem tem algo para reclamar, para ped ir, tem a oportunidade para isso. Vou te dar um exemplo : às vezes, a gente chega a ser tão ríg ido, que acaba machucando o componente. Mas tudo em prol de um bom se rviço I É tentar fazer o melhor para o desfile da Escola. Ai, quando a ficha da gente cai: 'Poxa, eu fu i rígido demais com um compo nen te, não era pra ser assim: Então, a gente usa a reunião da quarta-feira para acertar os ponteiros. Ai, a gente procura o componente e fa la: 'Poxa, foi mal. Não devia ter feito isso'. Outras vezes é o compo nente que vaci la... Mas gera lmente a gente acerta os ponteiros e faz a co isa funcionar bem." , conclui o presidente da ala de com uni dade, Márcio Santos, in tegrante da agrem i ação "Há muito tempo atrás, eu dei desde 1996. uma entrevista na Globo, onde Se a disciplina imposta pelo Mareio co ntribu i para que os componentes da comun idade dêem conta do recado na Avenida, é fato que ele ap rend eu com o melhor

eu usei esta expressão: 'Tudo por amor! Sem amor nada se constrói!' Esse é o segredo da Beija-Flor de Nilópolis. O amor que temos pela escola e pelo seu Anizio!" Mareio Santos

de todos os mestres: Laila. Segundo Márcio, "a gente tem um grande mestre que se chama Laila. A gente arma a Escola para ele. Ele começa a fazer o trabal ho dele de harmonia de canto. Não está perfeito, ele pára, solta a voz, solta o braço, solta o corpo, se solta, se entrega. Dá uma chamada gostosa na gente e a gente, 'puf', levanta ! E nisso que a gente levanta .... quero dizer, às vezes a gente faz um ensa io que para a gente não é bom, mas quem está indo lá sa i maravillhado: 'G ente que ensaio fantástico!' Épor isso que essa comunidade tem essa fo rça. Tudo é.... como eu posso colocar? A energ ia que o Laila põel Ele mexe com a paixão que a gente tem dentro de nós. No passado o Laila tinha o costume de trazer todos os componentes para visitar o barracão. Então, era um

somatório gostoso. Porque com um belo samba, fazendo um belo ensaio e vendo os carros alegóricos ficávamos ma is contag iados, e com isso a gente cantava muito mais, dançava muito mais. São co isas do Laíla ... " Mas se o papel disciplinador e motivador que o Mareio e o Laila exercem na comunidade é importante para o bom desempenho da agremiação, não podemos esquecer de que nada va leria a competência deles, dos compositores de samba, dos carnavalescos e dos próprios dirigentes da escola se não houvesse o principal: o componente, que ama, respe ita e se entrega incondicionalmente à Beija-Flor de Nil ópo lis: "O que eu tenho visto na Beija Flor é uma coisa mu ito importante em sociolog ia: o pertenc im ento dos componentes. O vestir a cam isa. Os componentes da Beija Fl or dão a vida pe l a esco la. Para eles estar ali, faze r o seu melhor e contribuir com o espetáculo que a escola vai dar para mi lhões de telespectadores e espectadores ta lvez seja a co isa mais importante do ano em suas vidas. Eeles têm a consciênc ia de que sem eles aqui lo não existe, porque são eles que constroem o espetáculo. Você pode ter Anizio, você pode ter Laila, você poder ter Mareio, mas se você não tiver a base da escola, decidida a ser a melhor, a dança r melhor, a evolui r melhor, a cantar melhor, você não tem a escola. Eles sabem disso. Eisso os enche de orgulho", conclui Maria Augusta.

Fevereiro 2008

15



No Conrad, luxo e alegria estão presentes o ano inteiro. Apartamentos com vista para o mar, SPA, restaurantes, shows internacionais, gente famosa e o melhor cassino da América Latina. Venha para o Conrad: aqui, diversão é sempre destaque.

CON RAD® PUNTA DEL ESTE RESORT &. CASINO

A VIDA PASSA POR AQl}I

55 11 3709-0000

WWW . CO N RAD . COM. UY


AVANTE BEIJA-FLOR, QUE SEUS COMPOSITORES GARANTEM SEU SUCESSO Flávia Cohen

Quando se fa la em escola de samba, a primeira imagem que

não concorda quando percebe que o aspirante a compositor

vem à mente do folião é a da ala das baianas. Trad icional ala de uma agremiação, ela é, sem dúvida nenhuma, uma

não tem ligação afetiva com o samba e com a escola: "Existe um aspecto benéfico na descoberta de novos talentos, mas o

das mais importantes alas de uma escola de samba. Com

que acontece é que, partindo do aspecto de que o Carnaval

seus rodopios e a cadência do seu passo, essas maravi lhosas "vovós" contagiam o púb lico da Sapucaí, que, com a beleza

hoje é um espetáculo, aquele que vier com uma estrutura de marketing, com apoio de caravana de torcida, fi lipeta, bandei rinhas, etc., tem grandes chances de impressionar e vencer a

do espetáculo que testemunha, vibra eufórico. Essas baianas dão a sua contribuição de arte e beleza à agremiação. Outra ala que contribu i com a sua arte, e que faz com que o espetáculo seja sempre inesquecível e de qualidade, é a ala de compositores. Tão importante quanto a ala das ba ianas, os integrantes da ala de compositores são considerados a nata da escola de Ni lópo lis. Composta por mais de trinta ilustres poetas, que fazem as arqu ibancadas da Sapucaí balançarem com suas requ intadas e criativas letras de samba, a dedicação e a un ião desta turma ajudam a transformar a escola em símbolo de excelência em termos de sambaenredo e harmon ia. Apesar da pa ixão incondiciona l pela escola, os compositores reconhecem o apoio integral da diretoria na formação da famí lia Beija-Flor, família esta que co leciona mu itas histórias nestes anos de carnavais, como por exemplo o re lato de que, no passado, era rea lizado um teste para escolher o compos itor nas escolas e que o povo ia aos ensaios para ouvir o samba de terre iro ou, como preferir, o trad icional samba de quadra. Desde 1954, o compositor mais antigo do grupo e de personalidade marcante, Wilson Bombeiro, 68 anos, tem posições firmes a respeito da abertura para novos compositores: é assumidamente contra para fins comerciais. Ele acredita que não há necessidade de abertura quando a prata da casa é va lorizada: "Como dirigente, você deve saber reconhecer o va lor daqueles que estão aqui dentro. Desde o momento em que se perm ite uma abertura, está se propiciando uma

disputa, ainda que não tenha o melhor samba", lamenta. Mas os argumentos do compositor contra a abertura não param por aqui e não poupam nenhum setor. Segundo ele, o constante troca-troca de componentes faz com que a escola perca a sua característica : "Antigamente quando você ouvia a bateria da Mangueira a um quilômetro de distância você sabia que era a Mangueira, e o mesmo ocorria com as outras grandes escolas. Acontece que hoje o cara que é o mestre de bateria aqu i, mês passado estava em outra agrem iação, é por isso que as pessoas não conseguem ma is reconhecer a escola pela bateria, pelo andamento, a menos que conheçam o samba e identifiquem a letra", esclarece o compositor. No entanto, enganam-se aqueles que achem que a un ião desses compositores alimenta qua lquer tipo de corporativismo durante a disputa de sambas-enredos. O compositor Claudinho trata logo de esclarecer: "Aqui ganha o melhor samba. Não há corporativismo. Não adianta ser do Veloso, do Wilson, do Claudinho, do Gi lson, do Picolé, do Pelé, se não for o melhor samba". A Beija-Flor é uma das ún icas escolas que abrem a disputa do samba-enredo para pessoas de fora da comun idade. Apesar de alguns serem declarada mente contra, como o Wilson, outro compositor de nome parecido, Gilson- o Doutor-, se diz favoráve l à abertura, contanto que os novatos também vistam a camisa: "Aquele que tem vontade rea lmente de participar vai participar. Nós temos compositores que chegaram aqui disputando sambas e ganharam. Mas é preciso

derrubada daqueles que estão aqu i te ajudando desde os primórdios. Você não está levando fé naqueles que te ajudaram a constru ir", ana lisa o poeta. Ainda que seja contra, reconhece que é válido o ingresso de talentos no time. Só

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Na página seguinte, parte dos componentes da Ala de Compositores da agremiação de Nilópolis. Da esquerda para a direita em pé: Ouintino, Ademir, Lompita, Pelé, Gryvaldo, Zezé, Gilson Doutor, J. Veloso e Mário Alves. Agachados, da esquerda para a direita: Kid, Wilson Bombeiro, J.C.Coelho, Walney Rocha e Carlinhos Detran.

www.beija-flor.com.br



que o sujeito te nha vo ntade de entrar em uma comunidade co mo a nossa, que já convive há longos anos", alerta.

quando um compositor queria disputar o samba, tinha que vir para cá muito bem prepa rado. A gente foi nivelando os sa mbas

Ass im co mo a ma ioria dos compos itores da escola que entraram pelas mãos do mestre Caba na, o poeta Claudinho,

compositores de prime iro esc aIão, fazendo o melhor sa mba do

por cima, pela qualidade. Eaí você tem o quetem hoje: poetas e planeta. Ecom isso sa be o que acontece? A escola já entra na Aven ida motivada, porque um samba de qua lidade motiva e alimenta de energia e empolgação o compo nente. Entende por que a escola vai ser campeã todos os anos? Temos uma boa ad ministração, uma ala de com positores

,Qualquer escola de samba hoje que tiver a comunidade como a Beija-Flor vai ser campeã. Nós temos uma comunidade que quando veste a camisa, veste com amor e garra.' picolé

excelente e uma comunidade que, modéstia à parte, não se igualaa nen huma outra. Qualquer escola de samba hoje que tiver uma com unidade como a da Beija- Flor va i ser ca mpeã. Nós temos uma comunidade que, quando veste a cam isa, veste co m amor e ga rra. É tipo a torcida do Flamengo", exa lta Picolé. Ve loso, integ rante da ala e vencedor do sa mba-enredo

L-----------~-----~----------~----' para o carnava l de 2008 da co m 52 anos, co nta que mesmo na década de 80 ainda havia testes de admissão pa ra compositores : "Entre i em 1984, através de um teste, a convite do próprio Cabana, e desde então nunca deixei de disputa r um samba-enredo. A minha vid a é o samba ", defi niu. Oteste era uma disputa, durante 15 minu tos, do sam ba que empolgasse ma is os j úris, explica Wi lson: "Não havia som nem bateria. O cara chegava lá e distribuía suas cópias na roda. Tinha apenas um surdo e um pandeiro, ás vezes um cava quinho. O diretor de harmonia apitava lá e o ma landro tinha 15 minu tos pa ra ca nta r o sam ba dele al i, para que as pessoas o co nhecessem . Se o sa mba fosse aquele de 'pegar', pegava ': Efoi justamente esse rigor na escolha da ala de compositores que fez a escola Beija-Flor de Nilópolis tornar-se um exem plo em sa mba de qualidade, comenta Picolé, compositor desde 1969: "Aqu i na Beija-Flor, a disputa dos sambas era sempre muito acirrada. Era um sa mba melhor que o outro. Por isso,

20

Revista Beija-Flor de Nilópolis

agrem iação, revela o seg redo do sucesso e da qual idade dessa equipe de artistas: "A gente está no mu ndo do sam ba, a gente co nvive co m outras escolas... e a gra nde verdade é que você não enco ntra em mu itas escolas a união que encontra aqui na ala dos co mposito res da Beija- Fl or. Aqu i você encontra vo nta de e un ião. Essa é a grande verdade. Não esta mos aq ui por dinheiro. Nós estamos aqu i por amor. Nós faze mos as co isas acontecerem com amor. Gostamos de nos encon trar aqui na escola durante a sema na e jogar conversa fora , ba ter papo e tomar umas cervejin has... Dividimos problemas, soluções, tristezas e alegrias... Eisso nos torna cada vez mais unidos, mais amig os. Eessa amizade faz co m que queira mos estar semprejuntos, canta ndo, sambando e, na tura lmente, co mpondo. Ac ho que é por isso que o nosso pessoal está sempre com pondo sa mbas de pri meira qualidade : por ca usa do amor que alimenta mos pela escola", conclui emociona do.

É... Como dizia Cabana, "Ava nte, Beija- Flor ! que seus co mpositores garantem o seu sucesso':

www.beija-flor.com.br


AO MESTRE COM CARINHO Não se pode falar da Ala de Compositores da Beija-Flor de Nilópolis sem falar do Cabana, nascido Silvestre David dos Santos. Figura marcante, Cabana ingressou na Beija-Flor de Nilópolis através do amigo Zairo Gogó de Ouro, considerado pelo compositor Ary Carabina, o melhor coooner que a Beija-Flor de Ni lópolis já teve. Além da enorme contribuição que deu à agremiação de Nilópolis como compositor de obras-primas, como "O caçador de Esmeraldas" e "Dia do Fico", Cabana foi um dedicado componente e colaborador da Beija-Flor de Nilópolis, tendo sido responsável pelo registro do Bloco Beija-Flor na Confederação das Escolas de Samba, que transformou o Bloco em Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. A partir dessa iniciativa, a agremiação se qualificou para disputa r o Desfile na cidade do Rio de Janeiro , no Grupo 11. Em uma época em que o Desfile de Carnaval não tinha o status de hoje; em uma época em que a pa lavra "marketing" sequer sonhava em se associar ao espetáculo do carnaval; em que não havia subsídios nem recursos como os de hoje em dia, Cabana dava sua contribuição trabalhando duro. Participava de todas as etapas da produção do Desfile- desde a organização dos ensaios até o preparo das fantasias e montagem dos carros alegóricos. Segundo relato de amigos da época, Cabana era uma pessoa muito popular, conhecida em todas as agremiações e rodas de samba e, por causa das boas re lações que tinha, foi o responsável pela chegada à escola de importantes compositores, como, por exemplo, Osório Lima, Walter Batuqueiro e Ary Lima.

Além das diversas contribuições dadas por Cabana para a escola, a que rendeu frutos até os dias de hoje foi a de ter levado Neguinho da Beija-Flor para a agremiação, quando ainda era um cantor desconhecido do público. É o próprio puxador da agremiação que relembra: "O Cabana já me conhecia . Na época eu cantava no bloco Leões do lguaçu e ele me indicou para o Anízio. O Cabana me deu muita moral com o Anízio, e hoje agradeço a ele também por essa força ." Com o passar do tempo, Cabana foi se tornando um grande amigo de Anízio, e sempre que o presidente de honra fala de Cabana é com carinho e respeito : "Cabana era uma figura especial. Além de um excelente compositor de samba -tinha um jeito especial de compor-, era uma pessoa simples, amiga, que gostava de ajudar as pessoas e a Beija-Flor de Nilópolis. Sempre tive muita admiração por ele e sempre o respeitei muito, por tudo o que ele era. Um dia Cabana me disse que quando morresse queria que fizéssemos um Gurufim para ele; que quando a morte viesse vis itá- lo não lamentássemos, mas que cantássemos alguns sambas e preparássemos uma festa no seu velório", declara Anízio, com um visível respeito. Vitimado por um enfarte, Cabana faleceu no dia 18 de dezembro, com 62 anos, e teve seu pedido atendido por An ízio: "Quando Cabana teve que partir, procurei a viúva e disse a ela o que o Cabana havia me pedido. Ela me autorizou , e, ao invés de um velório, fizemos o Gurifum do Cabana, na nossa quadra , cantando seus sambas durante a noite toda. Foi um momento especial para todos que tínhamos nele um grande amigo", conclui Anízio.

Fevereiro 2008

21


,

BEIJA-FLOR DE NILOPOLIS CUMPRE SEU DEVER

N~S

RUAS

ATUAÇÃO SOCIAL EINTEGRADORA DA BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS. BEIJA-FLOR OF NILÓPOLIS FULFILLS ITS DUTY lN THE COMMUNITY THE SOCIAL INITIATIVES OF BEIJA-FLOR. Fátima Ribas

O Beija-Flor é a menor ave da natureza. Seu tamanho nem de longe revela a sua energia. Elétrico e dinâmico, o Beija-Flor trabalha sozinho, e enquanto se alimenta vai fecundado o mundo ao seu redor, espalhando vida, be leza e alegria por onde passa. Não é nenhum exagero comparar a vida deste pássaro ao dia-a-dia de Anízio Abrão David, Presidente de Honra da Escola de Samba Beija-Flor de Ni lópolis. Num trabalho quase solitário, Anízio se divide entre o mundo fantástico das Escolas de Samba e a rea lidade de seus Projetas Sociais. Nesta reportagem, você vai conhecer o lado mais Beija-Flor de um homem que multiplica o bem que faz, enchendo de esperança a vida de milhares de pessoas.

necessidades básicas de educação, saúde e infra-estrutura

The hummingbird (beija-flor} is the smallest bird, but also perhaps the most energetic. Electric and dynamic, as the hummingbird feeds it also pollinates jlowers, spreading new life in its wake, besides the sheer joy of its stunning beauty.

não são atendidas pelo Poder Público não é uma tarefa fácil.

It's no exaggeration to compare the life of this bird with the daily activities ofAnízio Abrão David, honorary president of

TRABALHO Implantar e patrocin ar projetas sociais num pa ís onde as

São mães que precisam traba lhar e não têm onde deixar seus bebês, famí li as de baixa renda que desejam dar a seus filhos educação de qualidade, formação profissional e- por que não?- esporte e lazer. A todas essas carências, Anízio respondeu com trabalho. Foi à lu ta e mostrou como a iniciativa privada pode con-

22

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Bt!'!ftr-Pllff"fff.Nit6pvl~mbrrSchuoHmrvirtualiysoiitar-nr----­

effort, Anízio divides his time between thefantastical world of samba schools and the reality of his social projects. ln this article you'lllearn something about the social work of a man who tries to spread the hope of a better life to thousands ofpeople.

www.beija-flor.com. br


tribuir com o Poder Públ ico na construção de um Brasil

WORK

ma is justo. Emocionado, Ary José Rodrigues- quase 50 anos de BeijaFlor e há onze como Presidente do Conselho Deliberativo da Esco la - fala do amigo-irmão com uma adm iração contag iante: "Não existe um homem como o Anizio. Além de um am igo leal, ele banca sozinho há quase três décadas as obras socia is da Beija-Flor de Nilópolis, e são obras sociais de qual idade. Quem já visitou a Creche, o Educandário, o Centro de Atendimento Comunitário e o Projeto Esportivo sa iu de lá muito impressionado com a qua lidade do serviço oferecido, a higiene, o carinho e a dedicação dos profissiona is e com o progresso pessoa l que, segundo as próprias

z:

c::(

Cl:::

I

I

mães, seus fi lhos conquistaram desde que começaram a estudar nessas obras. Quem for lá, logo verá o resultado do trabalho deste homem especial que é o Anizio ... "

ENSINO DE QUALIDADE

> I I

Chegando ao bairro de Novo Horizonte, chama nossa atenção a enorme, mas organizada, fila de jovens uniformizados

(./')

que é hora da entrada do turno da tarde.

I

Cl:::

I

c::(

z:I

que se faz na porta do Educandário Abrão David, mostrando

Num pais com Ensino Público deficiente, insta lações precárias e professores pagando do próprio bolso para melhorar o dia-a-dia dos alunos, uma visita ao Educandário impressiona. O espaço físico mostra a preocupação com o bem-estar de alunos e funcionários. Paredes cobertas por azu lejos dão uma sensação de limpeza e frescor. Ambientes limpos e arejados, salas amplas, mostram que o responsável por tudo isso não ve io ao mundo a passeio. Veio para traba lhar e tomou gosto por ajudar ao próximo. Eas crianças agradecem. Alegres e educadas, cumprimentam os visitantes com seus sorrisos reveladores: adoram estar ali. E não é para menos. Além das aulas do currículo básico obrigatório, têm au las de arte, inglês e informática. E mais: crianças que freqüentam o turno da manhã, almoçam no Educandário. Aquelas que estudam à tarde, jantam por lá. Econtam com assistência odontológica.

I I I

Com o oferecimento de tantos benefícios ao alunos, ter seus

J----

filhos matriculados e estudando no Educandário é o sonho

1 I I

o

da maioria das mães que moram na Baixada Fluminense e que conhecem o traba lho rea lizado pela equipe de Maria de Lourdes Goulard, diretora do Educandário Abrão David.

Setting up and sponsoring social projects in a country where the basic needs of education, health and in.frastructure are not fully met by the government is no easy task. Mothers who have to work and don't have anyplace to leave their babies, low-income families who want a better education for their children, youths looking for job training - and why not? -for sports and leisure activities as well, all of these are glaring needs. To all these needs, Anízio has responded with work. He's rolled up his sleeves and showed how private initiative can help the government to build a more just Brazil. Ary José Rod 'gues - who's spent nearly 50 with Beija-Flor and 11 as chairman of its Deliberative Board - speaks of his dear.friend with contagious admiration: "There's no one like Anizio. Resides being a loyal.friend, he's supported the social works of Beija-Flor alone for nearly three decades. And they're quality works. Everyone who visits the daycare center, school, community center and sports project comes away impressed with the quality ofthe service offered, the cleanliness, care and dedication ofthe staffand the personal progress that, according to the mothers, their kids have achieved since they started to take part in these programs. Anyone who looks can see the result of this special man, Anizio."

QUALITY TEACHING Arriving in the Novo Horizonte neighborhood, one can see the long but orderly line ofuniformed kids at the doar of the Abrão David School, indicating it's time for the afternoon session to start. In a country with deficient public schools with precarious facilities and teachers who have to dig into their own pockets to improve the conditions in their classrooms, a visit to this school is impressive. The physical space shows the concern for the welfare of the students. The walls covered with tiles give a sensation ofcleanliness and.freshness. The rooms are spacious and airy. The person responsiblefor all this didn't just do it as a passing fancy. He carne to do a serious and lasting job because he likes helping others. And the kids are gratejul. Happy and courteous, they greet visitors with revealing smiles: they like being there. They have plenty to do. Resides the basic mandatory curriculum, there are classes in art, English and computers. And there's

Fevereiro 2008

I 23


É o caso de Sim one Magalhães, mãe de dois alu nos matriculados, que sonha com o dia em que a fi lha ma is velha também consiga uma vaga: "Durmo na fil a, se for preciso. Aq ui ten ho certeza de que meus filhos estão sendo bem tratados... E o que é principal : sei que eles estão sendo encam inhados para ter um futuro melhor e mais fel iz. Éessa a minha obrigação como mãe. Educar e preparar para que meus filhos tenham uma vida boa, feliz, e que consigam, por si próprios, constru ir o futuro deles com traba lho e honestidade. Eo Educandário me ajuda nessa missão. Com ca rinh o e disciplina': Ca rinh o e disciplina sim. Quem vê a maneira como as crianças são tratadas pelas funcionárias do Educa nd ário, identificam logo o carinho e a atenção que dispensam a esses jovens. Mas com muito respeito e disciplina. Alessandra de Castro, assistente da diretora e ex-aluna do Educa ndário, declara o segu inte: "Hoje em dia muitos valores mora is e de comportamento estão se tornando exagerada mente flexíveis. Alguns pais e mães perderam um pouco do contro le da educação de seus fi lhos. Eisso é muito perigoso, porque vivemos em uma sociedade que exige o respeito a regras, que exige disciplina, em favor do bem comum. Por isso, aqui no Educandário, nós oferecemos aos nossos alunos conteúdo escolar, carinh o, mas também muita discipli na. Se uma criança deixa de fazer o dever de casa ou apresenta dificuldades, cha mamos o responsável para conversar. Ejuntos -pais e educadoras - , vamos traba lhar para que essas crianças superem suas dificu ldades e avancem. Nossa preocupação é com a formação integral da criança."

UMA VISÃO INTEGRAL DO INDIVÍDUO Mas e as crianças do ensino básico? Estarão desassistid as da mão benevolente de Anízio? Certamente que não. Ao lado do prédio do Educandário Abrão David, funcio na a Creche Jú lia Abrão David, que para Maria de Lourdes represen ta o primeiro lar das crianças carentes de Nilópolis e adjacências. A Creche - que tem quase 30 anos de func ionamento - recebe cr ianças de 6 meses a 6 anos, que depois são encam in hadas ao Educandário. Novamente im pressiona o cuidado com que as cri anças são tratadas. As insta lações, limpas e alegremente decoradas, traduzem o carinho e o

Revista Beija-Flor de Nilópolis

more. The children in the morning session eat lunch at the school, and those studying in the afternoon session eat dinner there. They even receive dental care. With so many bene.fits to the students, to have their kids enrolled at the school is the dream of most parents in the Baixada Fluminense (the lowland region around the back part ofGuanabara Bay) who know ofthe work carried out by the team under Maria de Lourdes Goulard, principal of the Abrão David School. This is the case of Simone Magalhães, mother of two students enrolled, who dreams ofthe day her oldest daughter will also obtain a place: '1 sleep in the line ifnecessary. Here I know that my kids are well treated... And the main thing is that I know they're on the right track to a better and happier future. This is my duty as a mother; to raise and prepare my kids for a good life, so they can be happy and manage, by their own if.forts, to build their future with work and honesty. And the school helps me with this mission. With caring and discipline."

1

c::::(

Caring and discipline are the keys. Anyone who sees how the children are treated by the school's sta.ff will immediately identif.y the care and attention they give to these young people, with respect and discipline.

Z::

C) I

I

According to Alessandra de Castro, the vice-principal and (__) a former student of the school, "today moral values and ~ behavioral rules are becoming too flexible. Somefathers and ~ mothers kind oflose control over the education oftheir kids. And this is very dangerous because we live in a society that .:::::::::::: demands respect for the rules, that demands discipline in 1 1 1 favor ofthe common good. For this reason, here at the school we o.ffer our students learning and love, but also plenty of 1 1 1 discipline.lfchildren don 't do their homework orare having difficulties, we call their parents to talk things over. And together - educators and parents - we work with these kids ........,to overcome their difficulties and to move them ahead. We're '"-...&... concerned with the total formation of each child."

-=::::::::

O

O

I

I

AN TNTEGRAL VISION OF THE INDIVIDUAL What about the children who aren't old enough for elementary school? Are they lift out ofAnízio's programs? Of course not.

I

I cn c::::(

r

Next to the Abrão David School there's the Júlia Abrão David Daycare Center, which for Maria de Lourdes repre- ( . / ) ~ents t~e .first home for the needy children ofNilópolis and 1 1 1 zts envtrons.

www.beija-flor.com.br



respe ito de um traba lho desenvolvido com amor. Algumas crianças brincam, envolvidas em atividades lúd ico-pedagógicas orientadas por profissionais da área. Outras dormem, veladas por cuidadosas babás. As crianças passam o dia na Creche, recebendo al imentação e, quando necessário, cuidados médicos e odontológicos. O trabalho da Creche é essencial para o desenvolvimento sócio-econôm ico daquelas famí lias que ali deixam seus filhos. São mães que não poderiam exercer uma profissão e trabalhar, porque não têm com quem deixar seus filhos. Matricu lados na Creche, seus fi lhos, além de se relacionarem desde cedo com outras crianças- criando e fortalecendo vínculos de amizade e companheirismo-, estão sendo bem tratados e bem al imentados. Isso perm ite que essas mães saiam à procura de traba lho ou que simplesmente exerçam suas profissões com confiança e tranqüil idade. Essa li berdade que a mãe conqu ista, para poder ser economicamente ativa dentro da família, perm ite um crescimento no padrão social e econômico de todos, uma vez que, muitas vezes, a renda dessas mães não é apenas uma renda extra para a família, mas sim a renda principa l para a sobrevivência da fam íl ia. Além de faci li tar a administração da vida dessas mães, a Creche ainda distribui cestas básicas para a comunidade. Se tivesse parado por aqui, Anizio já teria interferido de forma suficientemente positiva na vida de centenas de famíl ias, suprindo as necessidades do presente e dando a chance de um futuro melhor para milhares de crianças. Mas ele não parou.

O Brasil é um pa ís de jovens carentes. Nosso país ainda não voltou seus olhos aos problemas dos jovens como deveria. Fa ltam políticas públicas focadas, principalmente, para quem tem entre 17 e 24 anos. Com problemas que atingem o tamanho das suas dimensões geográficas, o Brasil não consegue amparar seus jovens, dar a eles aqui lo que os afastariam da miséria e da marginal idade: emprego. Essa era mais uma das preocupações de Anizio: ensinar um ofício. Surgia, assim, em 1991, na antiga quadra da Beija-Flor de Ni lópolis, o CAC - Centro de Atend imento

Revista Beija-Flor de Nilópolis

The center - which has been in operation for nearly 30 years - receives kids .from six months to six years old, who afterward are sent on to the school next door. Once again the caring atmosphere stands out. The facilities, clean and gaily decorated, show the care and respect of a work developed with love. Some kids play learning games under the guidance ofprofessional educators. Others sleep under the watchful eye ofbabysitters. The children spend the day at the center, receiving their meals and, when necessary, medical and dental care.

www.beija-flor.com.br


Comunitário Nelson Abrão David, formando mão-de-obra especializada para o mercado de trabalho.

The daycare center's work is essential to the socioeconomic development of the families who leave their kids there.

Aro ldo Carlos da Silva, coordenador do CAC desde a fundação, expl ica: "Nosso objetivo sempre foi tirar o jovem da rua. Aque le que estuda durante uma parte do dia, manhã ou tarde, faz cursos de 4 horas. Ganha transporte, material didático e lanche. Qu em faz os cursos de horário integral, das 8 às 17 horas, tem uma refeição a mais. Além de receberem essa oportun id ade de aprender um ofício, todos os matriculados recebem atend imento odontológ ico."

It allows mothers who have no other childcare options to work and pursue a profession. At the daycare center, their kids learn from a young age how to get along with other kids - creating and strengthening ties offriendship and camaraderie- while receiving caring treatment and nourishment. This freedom of mothers to participate economically within thejamily a/lows a higher social and economic standard ofliv-

Fevereiro 2008

j 27


São cursos de capacitação dos mais variados, para atender às mais distintas demandas do mercado: cursos de telemarketing, informática , vendas, cabeleireiro, entre outros cursos que, devido ao reconhecimento e respeito que conquistaram, puderam agregar novos parceiros. É o caso da parceria do CAC com o CEFETEC e a Prefeitura de Nilópolis, realizada no final de 2007, pela qual são preparadas mãode-obra qualificada para o mercado do carnaval, com os alunos tendo aulas no barracão da Beija-Flor de Nilópolis, na Cidade do Samba! Segundo Anízio, a importância das atividades de capacitação do CAC é evidente: "Aqui no CAC, estamos preparando esses jovens para uma vida produtiva e com responsabilidades. Sabemos que o sonho na vida de um homem é muito importante. São os sonhos que nos impulsionam para frente ... Mas sonhar sem disciplina, sem determinação e sem os instrumentos para trabalhar pela conquista desses sonhos não passa de engano próprio. Sonho irrealizável. O que o Aroldo e a sua equipe de trabalho fazem aqui é oferecer meios para que esses jovens- homens e mulheres com oportunidades reduzidas- possam ser donos dos seus destinos e realizar, assim, seus sonhos", conclui Anízio.

CORPO SÃO. MENTE SÃ. Oferecer Educação de Qualidade e ensinar um Ofício. Para muitos, isso já seria participação suficiente na vida da Comunidade. Para Anizio, não. Para ele, uma formação completa inclui socializar, criar espaços onde crianças e jovens aprendam a compartilhar. E é aí que entra o Esporte. Em parceria com o Instituto Canhotinha de Ouro, de Gerson de Oliveira Nunes, nosso tricampeão mundial de futebol, nasceu o Projeto Social Esportivo "O Sonho de Um Beija-Flor", que funciona no Parque Aquático Nelson Abrão David, em Nilópolis. Oferecendo às crianças ejovens da comunidade aulas regulares e diárias de futebol society, natação, futsal e jiu-jitsu, Anízio e a Beija-Flor de Nilópolis definitivamente dão a sua contribuição no Índice de Desenvolvimento Humano dos moradores de Nilópolis e regiões próximas. Para o vice-presidente de esportes da agremiação, professor de educação física Hera Ido Correia, o esporte é o mais forte instrumento de reversão do risco social: "Trabalhamos com crianças de 6 a 16 anos. Aqui ela não só aprende a desenvolver as suas capacidades esportivas, como trabalha - na

ingfor all. Jndeed, in many cases the incarne these mothers are able to earn is the sole ar main support of their families. Besides facilitating the lives of these mothers, the daycare center also distributes free boxes of staple foods to the community.

lf he had stopped here, Anizio would already have already helped hundreds ojfamilies to satisjy theirpresentneeds and given a chance for a better future to thousands ofkids. But he didn't stop here.

r


prática - importantes conce itos de coordenação motora, latera lidade, além de companhe irismo, espírito de equipe. Além disso, pa ra praticarem os esportes dentro do projeto da Beija-Flor de Nilópolis, todos os alunos têm que te r fre qüência escolar e ir bem nos estudos. Fiscalizamos boletins, exig imos bom comportamento, hig iene pessoal, respeito aos horários, bem como aos professores e colegas." Eo que também chama a atenção é o deta lhe de que muitos desses alunos não são alunos do Educandário Abrão David. Isso sign ifica que o projeto esportivo "O Son ho de Um Bei-

LABOR MARKET Brazil is a country ojneedy youths. Our country still has not focused its sights sufficiently on our young people. There's a lack of public policies jocused particularly on those between the age oj 17 and 24. With problems that reflect its huge geographic dimensions, Brazil is not able to support its youths with the main thing they need to avoid misery and marginality: employment.

Fevereiro 2008

29


ja-Fior" atende a jovens que estudam em outras unidades de ensino público ou privado, contribuindo, assim, para o desenvolvimento democrático desses jovens. Mário Gomes, professor-coo rd ena dor do Projeto, afirma: "Quem acompanha o projeto e a evo lu ção das cr ian ças entende como 'O Sonho de Um Beij a- Fl or' é essencial para o presente e o futuro deles. Écomum ouvirmos relatos de pais que, orgulh osos, nos informam que se us filhos melhoraram quanto ao desempenho escolar e ao compo rtamento por quererem se manter no projeto. Esse retorno dos pa is tira qualquer dúvida a respeito da importância do sr. Anízio e de suas in iciativas para Nilópolis. Graças a ele, esses jovens

têm a oportunid ade de praticar um esporte e até descobri r uma profissão."

É o sonho de lgor Sara iva , 14 anos, aluno de futebol de campo: "Quero ser profissional e jogar no Fl amengo I" Mas se os benefícios do projeto "O Sonho de Um Beija -Flor" são assim tão visíveis, é o faixa-preta dejiu-jítsu Elan Santiago, professor do projeto, que chama a atenção para a importância do projeto para jovens que adentram em um mundo exigente e competitivo: "Trabalho com turmas de 6 a 8 anos, de 9 a 12 e de 13 a 17 anos e, sempre que oportuno, faço questão de chamar a atenção dos meus alunos para as lições que podemos tirar e que ultrapassam os limites do esporte: o jiu-jítsu prepara para a vid a. Se vocês, numa luta no tata me, são ca pazes de vencer um adversário mais forte, podem também vencer as

3o

I

Revista Beija-Flor de Nilópolis

This is another ofAnizio's concerns: professional training. In response, in 1991 the Nelson Abrão David, Community Center (Centro de Atendimento Comunitário, or CAC, in Portuguese) was established at Beija-Flor's Jormer rehearsal grounds. Aroldo Carlos da Silva, coordinator of the CAC since its founding, explains: "Our goal has always been to take youths o.ffthe streets. Those who study in ha!f-day sessions, in the morning or afternoon, have four hours during the rest of the day to take professional courses. They receive transportation, learning material anda snack. Those who study at schools on .fu.ll-day sessions, .from 8:00 to 5:00 o'clock, get an extra meal, along with the opportunity to

learn a profession in the evening. And everyone enrolled receives dental care." The training courses cover a wide range of professions, to serve many market demands: telemarketing, iriformatics, safes and hairdressing arejust afew. And dueto the recognition and respect the CAC has won, it is able to o.ffer new courses through working arrangements with other entities. This is the case of the partnership with CEFETEC and the Nilópolis municipal government, started at the end of 2007, which trains students to work in the carnival market through classes given at Beija-Flor's staging area at Cidade do Samba ("Samba City", the new downtown warehouse park that serves as headquarters and staging area for Rio's main samba schools).

www.beija-flor.com.br


dificuldades que surg irem em suas vidas. Vocês simplesmente precisam estar preparados e tirar, de dentro de vocês, essa força que só vocês mesmos possuem'" Vencer dificuldades parece ser o objetivo de todos. Numa comunidade onde o verbo "fa ltar" deixou de ser tão conjugado, sobra gratidão por quem preenche tantos vazios: "Agradeço ao 'seu' Anizio por manter esse projeto e remunerar de forma digna os profissionais envolvidos", diz Elan. Vera Lúcia Silva, mãe da aluna de natação Mariana, de 10 anos, também agradece: "Mariana começou a natação porque tinha problemas respiratórios. Melhorou a saúde, o

According to Anízio, the importance of the CAC's training activities is evident: "Here at the CAC, we're preparing these young peoplefor a responsible and productive life. We know how important it is to have dreams in life. Dreams are what pus h us to achieve. But to dream without direction, without determination and without the instruments to be able to realize these dreams is only self-delusion, dreaming in vain. What Aroldo and his staff do here is offer the means for these young men and women with reduced opportunities to control their own destinies and realize their dreams," he concludes.

comportamento e as notas na escola."

AUTO-ESTIMA ECONFIANÇA SOUND BODY, SOUND MINO DANÇANDO Ninguém duvida de que a Arte e a Cultura também são fortes instrumentos de socialização. O homem que está à frente da Beija-Flor de Nilópolis acreditou que poderia encurtar o caminho que separa as crianças e os adolescentes carentes do mundo do balé. E assim criou o projeto "Aprendendo com o balé", dirigido por Ghislaine Cavalcanti.

Offering quality education and professional training. For many this would already be participation enough in community life. But not for Anizio. For him, completeformation includes socialization, creation ofplaces where children and youths can learn to share. And this is where sports enter the picture. In partnership with the Canhotinha de Ouro Institute, founded by former soe-

Fevereiro 2008

31


Forma da pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro e com vários cursos internacionais, Gh islaine é coreógrafa da Com issão de Frente da Beija- Flor de Nil ópolis há 12 anos e diretora há 7 do Projeto, no centro esportivo da Escola de Samba: "Temos turmas pela manhã e à tarde. São cerca de 120 alunas entre 4 e 17 anos. Aqu i, elas aprendem e praticam sob a mi nha supervisão todos os conceitos do balé. Com esse Projeto, queremos da r oportunidade de acesso à cu ltura e até desenvolver novos talentos." Eé isso que essas novas dançarinas estão fazendo: conhecendo outras formas de arte, de expressão, de música ... Estão sendo preparadas para o maior desafio: o de, com a sua dança, não da nçar na vida.

ENREDO DE UMA VIDA A atuação social e integ radora da Beija -Flor de Nil ópolis pode ser vista como o enredo de uma vida. Um enredo que fala de educação, traba lho, cu ltura , solidariedade e pa rticipação responsável no futu ro do pa ís. Um enredo defend ido com orgulho e paixão por Anízio Abrão David, o Homem-Beija-Flor. Alguém duvida?

cer star Gerson de Oliveira Nunes, winner of three World Cups with Brazil's national team, the "O Sonho de Um Beija-Flor" ("Hummingbird's Dream") sports project was born, which functions at the Nelson Abrão David Aquatic Park in Nilópolis. By offering children and teenagers from the community regular daily classes in soccer, swimming, futsal {indoor soccer) and jiu-jitsu, Anízio - and Beija-Flor of Nilópolis - difinitively make their contribution to the Human Development Index of residents ofNilópolis and nearby areas. For Beija-Flor's vice-presidentfor sports, physical education teacher Heraldo Correia, sports is the strongest instrument to deter young people.from following the wrong path in life: "We work with kids.from 6 to 16. Here they not only learn to develop their athletic abilities, they also work on and practice important concepts of motor coordination and lateral movement, along with unity and team spirit. Resides this, to practice sports in the Beija-Flor project, all the students have to prove they are attending school regularly and getting passing grades. We check their report cards, demand good behavior, personal hygiene and respect for schedules, teachers and schoolmates." Something else that calls attention is that many cif these young athletes are not students of the Abrão David School. This means that the "O Sonho de Um Beija-Flor" sports project serves youths who study at other schools, both public and private, thus contributing to the democratic development of the entire community. Mário Gomes, the teacher-coordinator ofthe project, says: 'i\nyone who follows the project and the development ofthe kids understands how important 'O Sonho de Um BeijaFlor' is to their present and future. We ojten hear .from parents who proudly tell us their kids have improved their school peiformance and behavior because they want to stay in the project. This feedback from parents removes any doubt about the respect for and importance of Anízio and his initiatives to Nilópolis. Thanks to him, these youths have an opportunity to practice a sport and even discover a profession."

Haroldo Costa, renomado pesquisador de carnaval e cunura popular, visita as obras sociais da Beija-Flor de Nilópolis e fica muito satisfeito com o que vê. Na foto, Haroldo ao lado de Elan Santiago.

32

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


This is exactly the dream ofigor Saraiva, 14, a soccer student: "I want to be a professional and play for Flamengo!" But the beneyits ofthe "O Sonho de Um Beija-Flor" project go deeper than this. Elan Santiago, ajiu-jitsu black-belt and instructor with the project, calls attention to its importance to youths infacing a demanding and competitive world: '1 work with groups of 6 to 8, 9 to 12 and 13 to 17 year-olds and whenever the opportunity presents itself, I stress to my students the lessons they can take from sports to other areas oflife: Jiu-jitsu prepares youfor life. Ifyou're able to beata stronger opponent on the mats, you can also overcome the dijficulties that arise in life. You just need to be prepared and .find that inner strength we all have!" Overcoming dijficulties appears to be the aim of all. In a community where the word "Jack" is no longer uttered so much, there is no Jack of gratitude for someone who helps .fill so many needs: '.:4. thank Anizio for maintaining this project and paying aJair salary to the professional sta.ff involved, says Elan. Vera Lúcia Silva, mother ofswimming student Mariana, 10, also is than/iful: "Mariana started swimming because she

had respiratory problems. Her health has improved, along with her school behavior and grades."

DANCING Nobody doubts that are and culture are also strong instruments for socialization. The leader ofBeija-Flor ofNilópolis believed it was possible to shorten the path that separates needy children and teens from the world of ballet. So he created the "Learning with Ballet" project, directed by Ghislaine Cavalcanti. Trained at the Rio de Janeiro Municipal Theater and in various international courses, Ghislaine has been the choreographer ofthe Comissão de Frente (front unit ofdancers) of Beija-Flor for the past twelve years, and director of the project for the past seven, at the Escola de Samba Sports Center: "We have morning and afternoon groups. There are around 120 students between the ages of 4 and 17. Here they learn and practice all the concepts ofballet under my supervision. With this project we want to give opportunities for access to culture and even to develop new talents."

Fevereiro 2008

33


And this is what the young dancers are doing: learning other forms of art, expression, music... and being prepared for the greater challenge, the challenge of life.

ALIFE SCRIPT The social initiatives ofBeija-Flor de Nilópolis can be seen as a script for life. A script that speaks of education, work, culture, solidarity and responsible participation in the country's future. It's a script that is difended proudly and passionately by Anízio Abrão David, the Man of Beija-Flor. Can there be any doubt? "O trabalho social que a Beija-Flor rallza, sob a di· reção do Anizio é um exemplo para todos nós. Na atitude do Anizio, ele deixa claro que é possível mudarmos a vida das pessoas que estão à nossa volta, sem ficar esperando que o poder público faça a sua obrigação. Enquanto se espera a ação do poder público, nossas crianças ficam sem escola, sem merenda e sem futuro. As crianças que o Anizio ajuda, ao contrário, estão tendo uma oportunidade de construirem um futuro invejável. Parabéns Anizio, parabéns Beija-Flor." Zico

Mário Gomes (foto à direita. agachado) . coordenador de futebol do projeto esporlivo da Beija-Flor de Nilópolis, junlo com seus alunos.

34

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


cu

ONDIÇO~S

ASSIM NUNCA MAIS

2x COM TROCO NA TROCA.

O .

l'ftaror!ll

La t lna.

Barra • Avrton senna. 9001 www.auo.com.br 2156-1500

UolN l'tli&I!Ot 206 H8 Prflm(e 1.4L FI~ l poftU, anolll'lOdelo 100112008. ~ 206 SW Pr~e L<tl Reli. S porw. anolmoddo 200112001.. UnN Ptt4«K l07 Pmenc:~ SedM1 1.61. 16V Fio, 5 porw. anol~ l007fl008. P~ l07HB Prtttnce 1.6l fluo 5 porua, drnblo mtdnlco, JIIO/mod!M) 100712008. Frete e plntvn mdtlla nlo lncluldos em llt'l\l'ull moddo. Pruo de ~ll da pr"'mmÇJo li/Oifl008ou tnq~anto dunlrM'i 01 OOUOI esto~,.. An1 Mustlatlvos. Nio cumWnM com outru promoç6n. Pn mais Wom\&ÇMJ e condlç6es es.p«lll~o consulte a Con1tsJlonirl.l AIO ~I!Ot. ll&ue jNn 21 5'-1500 ou Knd -.qo.cotn.br

ques, Fotos tnHVntntt

~

HELIPDNTD: caard•n•d••• ee • 15B • 1 B " e, 043 • e e • 1 e "

w

DIRIJA ESSE PRAZER


Ricardo Da Fonseca

O Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial rea lizado na cidade do Rio de Janeiro é, inegavelmente, um dos mais emocionantes espetáculos populares do planeta. Seja pela sua beleza e opulência, pela sua alegria e energia, pelo seu aspecto democrático - em que o povo desfila na avenida levando uma mensagem de arte para os povos do planeta -,assistir ao vivo o Desfile das Escolas de Samba é a certeza de um divertimento inigualável.

The parade of the Special Group of Samba Schools held in the city ofRio de Janeiro is unquestionably one ofthe most emotional popular spectacles in the world. Whether for its beauty and opulence, joy and energy, its democratic aspect - where the people march down the avenue taking an artistic message to all the peoples of the planet - watching the grand camival parade is certainly an experience without parallel.

dade, o conhecimento intelectual e artístico dos carnavalescos e muito trabalho, organização e planejamento.

But unlike many spectators may think, a great parade takes more than just inspiration. Assembling a spectacle like that presented at Rio's carnival, with beauty and harmony down to the smallest details, is the result of an exhaustive effort based on the creativity, artistry and intellect of the carnavalescos (carnival designers}, backed up by organization and planning.

Na Beija-Flor de Nilópolis não é diferente.

This is certainly the case of Beija-Flor ofNilópolis.

Mas ao contrário do que muitos espectadores acreditam, um desfile de qualidade não se faz apenas de inspiração. Montar um espetá cu lo como o apresentado no carnaval carioca, com qualidade, beleza e harmonia nos mínimos detalhes é resultado de um exaustivo esforço que tem como ingredientes a criativi-

Ofato de ser a atual campeã do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial só obriga a agremiação de Nilópolis a apresentar na avenida um desfile mais criativo, inovador, coerente, bonito e animado do que o do ano anterior. Isso significa mais trabalho, mais organização e mais planejamento. E para enfrentar esse desafio e preparar um desfile digno de uma escola campeã, o primeiro grande passo é a escolha de um enredo, ou melhor, é a capacidade de conceber temas e idéias e transformá-los em um enredo que possa dar em um belo carnaval. Segundo Alexandre Louzada, "a Beija-Flor de Nilópolis está sempre atenta aos detalhes- são eles que fazem

The fact ofbeing the reigning champion ofthe Special Group ofSamba Schools only puts more pressure on the crew.from Nilópolis to present a more creative, innovative, stunning and animated parade than last year. This means more work, more organization and more planning. And to face this challenge and prepare a parade worthy of a champion, the first big step is to choose a theme, or better put, to have the ability to transjorm concepts into a theme that can make for a beauti.ful carnival. According to Alexandre Louzada, "Beija-Flor always pays close attention to the details. They're what make the difference in a carnival where tenths of a point decide which association


a diferença em um carnaval em que décimos decidem com qual agremiação ficará o titulo de campeã. Quando nos colocamos receptivos e estamos atentos às mensagens que circulam à nossa volta, o próprio universo conspira em nosso favor." Efoi assim que a agremiação de Nilópolis chegou ao enredo para o carnaval desse ano: com a ajuda das "coincidências" arquitetadas pelo universo. "A idéia de fazer um carnaval falando de Maca pá veio por acaso. Depois de dois encontros ocasionais com o Secretário de Cultura de Macapá, Sérgio Lemos, fui convidado por ele para ministrar em Macapá um 'workshop' a respeito de carnaval. De brincadeira, disse ao Sérgio: 'Quem sabe, disso não vai surgir uma idéia de enredo?' Chegando em Macapá - talvez ele tenha levado a sério a minha brincadeira -, Sérgio me bombardeou com literaturas, informações à respeito da história e das coisas de Macapá. Enquanto lá fiquei, me deparei com tanta informação, tantas coisas curiosas, que eu achei que estava se descortinando à minha frente um enredo especial. Mas o que mais me chamou a atenção foram duas 'coincidências' que talvez possam ser mais do que coincidências: a primeira era a de Macapá estar completando 250 anos no dia que possivelmente a Beija-Flor de Nilópolis estaria desfilando, que é na segunda-feira de carnaval. A segunda coincidência, foi de ter nossa escola como símbolo um pássaro, o Beija-Flor, e o Estado do Amapá ser o habitat do Beija-Flor mais raro dentre todos, o Topaza Pella chamado vulgarmente Brilho-

will be champion. When we're receptive and aware of the messages that circulate around us, the universe itself conspires in our favor." This is how the crew from Nilópolis settled on its theme for carnival this year, with the help of the "coincidences" orchestrated by the universe. "The idea ofputting on a carnival talking about the city of Macapá carne by accident. Afterrunning into the Macapá municipal culture secretary. Sérgio Lemos, I was invited to give a carnival workshop in the city. Injest, I told Sérgio: 'Who knows, perhaps an idea for a carnival theme could come out ofthis?' When I arrived inMacapá- perhaps he'd taken me seriously- Sérgio bombarded me with iriformation and literature on the history and other aspects ofMacapá. While I was there, I carne across so much information, so many curious things, that I felt a special theme was being revealed before my eyes. But what most called my attention were two 'coincidences' that were possibly more than just coincidences. The first was the fact that Macapá will be completing its 250th anniversary on the day that Beija-Flor might be marching on the avenue, carnival Monday. The second was thefact that our association's symbol is the hummingbird, and the state ofAmapá is the habitat ofperhaps the rarest ofali hummingbirds, the Topaza Pella, popularly called the brilho-de-fogo [fire-bright]. These two 'coincidences' were important signs to be considered... Besides this, I carne across curious historical tidbits, for


de-fogo. Essas duas 'coincidências' já eram importantes sina is a ser considerado ... Além disso, me defrontei com histórias curiosas, indícios de que fenícios tinham estado lá. Muitas histórias e fatos interessantes: histórias que arqueólogos acharam provas de que o povoamento da Amazônia começou naquela região há 12 mil anos atrás... Que aquelas terras já pertenceram à Espanha ... que já pertenceram à França, mas que todas essas nações lutaram para conquistar a região e não conseguiram. Que existe uma cidade próxima a Maca pá, toda com descendência moura, e que foi uma cidade tota lmente transferida do Marrocos para as terras brasileiras, por ordem do Marquês de Pombal. Então, eu fui juntando essas coisas e pensei. 'Poxa! São viagens e muitas pessoas fizeram viagens fantásticas até essa região .. : Edaí surgiu a idéia que foi aprovada pela diretoria da agremiação e pela Comissão de Carnava lescos de fazer um enredo da Amazônia, sem ser Amazônia. Porque se você reparar, fora o momento em que a Beija-Flor de Nilópolis fa lará da floresta quando virgem, o restante do enredo 'Macapaba' não é um enredo amazônico, de lendas, boto cor de rosa, de jacarés, coisas assim ... Oenredo é sobre a chegada de pessoas à região. Até mesmo a própria chegada e formação do nosso povo. Que partiram lá da Mongólia e atravessaram o estreito de Behring quando ainda

38

Revista Beija-Flor de Nilópolis

example, indications that the Phoenicians had been there. Many interesting stories and facts. That archeologists had found evidence that the peopling of the Amazon started in that region some 12 thousand years ago...That those lands at one time belonged to Spain, and then to France, but that both these nations failed to conquer the region. That there's a city near Macapá made up completely ofMoorish descendants, a city transferred whole from Morocco to Brazilian soil by order of the Marquis of Pombal. So, I was mulling over all these things and thought: 'Wow, so many people have made fantastic voyages to this region ... ' And from there carne the idea, and the directors and the Carnival Committee approved the idea of having a theme on the Amazon, without being on the Amazon per se. Because ifyou think about it, except for the moment that Beija-Flor will speak about theforest when it was still pristine, the rest of the theme 'Macapaba' is not about the Amazon, of legends, Amazon porpoises, alligators, that sort ofthing... The theme is on the arrival of people in the region. The arrival andformation ofour people. Who started out in Mongolia, crossed over the Bering Land Bridge, when Asia was connected to North America, and peopled North America, Central America, until they reached South America and this region," narrates Louzada.

www.beija-flor.com.br


era unido c.om a América do Norte, e povoaram a América do Norte, América Central até chegarem na América do Sul, por essa região.", narra Louzada. Com um enredo gerado a partir de "coincidências", a agremiação de Nilópolis não poupou esforços para fazer do Desfile de 2008 um momento especial para o público presente e para a sua comunidade, com mudanças conceituais e estéticas, valorizando ainda mais as "viagens" da Comissão de Carnavalescos. Segundo Louzada, "Esse ano, a escola virá mais colorida, com mais cores, mais energia. Além isso, para que possamos apresentar um desfile mais solto, a Comissão de Carnavalescos decidiu diminuir o número de alas. Isso não significa redução no número de componentes. Não.

Eles são essenciais, e são a alma da Beija-Flor de Nilópolis. O que fizemos foi, através da redução do número de alas, enxugar o visual da escola, apresentando menos informação para o público. Mas tenho certeza de que essas mudanças vão ajudar a escola a desfilar mais solta, e mais vibrante. E facilitará, também, a absorção, por parte do público, as mensagens do Desfile. Outra modificação será em relação as fantasias: a grandiosidade permanece, algumas pessoas consideram que elas ficaram mais vaporosas, eu, porém, acho que elas são maiores que as do ano passado': Em relação à forma de abordar o enredo, as surpresas no visual realmente ficarão para a Avenida. Certo de que um carnaval vencedor deve permitir que os limites do imagi-

With a theme generated.from such "coincidences", the group .from Nilópolis spared no effort to make its 2008 parade a special momentfor the spectators and the community, with conceptual and esthetic changes, turning these epic traveis into a true "voyage ofimagination". According to Louzada, "This year, we'll be more colorful, more energetic. Resides this, so that we can present a .freer parade, the Carnival Committee decided to reduce the number of wings. This doesn't mean reducing the number ofpeople, no. They're essential, They're the heart and soul ofBeija-Flor ofNilópolis. What we decided was to reduce the number or wings, pare down the visuais to the essence, present less information clutter to the public. But I'm sure these changes will help us

march more.freely, more vibrantly. And they'll also facilitate the public's absorption of the parade's messages. Another modification will involve the costumes. Their grandiosity will be the sarne, but some people think they'll be more gossamer. For example, I think they're actually bigger than last year." Regarding the way ofaddressing the theme, the visual surprises will really have to wait for parade day. Certain that a winning parade must allow .free rein for the imagination, Louzada and the Carnival Committee members went all out in this aspect: ''Although we had to start, as in all past years,.from concrete iriformation, with documental evidence,

Fevereiro 2008

39


nário sejam rompidos, Louzada e a equipe da Comissão de Carnavalescos não economizaram na imaginação: "Apesar de termos partido, como em todos os últimos anos, de informações concretas, com comprovação documental, levantada e organ izada pela pesquisadora da escola - a Bianca Behrends -, o desenvolvimento do enredo é uma sucessão de imaginários. Fantasias que ficam por conta da visão que nós estamos dando a cada viagem dessas. Um exemplo é a abordagem dos fenícios. Quando a escola trata desse povo, ela faz uma mistura de fenícios com a cultura indígena. Partimos do pressuposto de que se os fenícios vieram explorar as nossas terras e se aculturaram os nossos índios, também foram influenciados por eles. Por isso, no Desfile, a agremiação fez uma mistura das cores vibrantes das tribos indígenas brasileiras com o dourado dos fenícios. Além disso, os fenícios eram exímios navegadores e em uma das cartas náuticas que escreveram em uma de suas aventuras, eles fa lavam de um navegador que tinha rompido a barreira das colunas de Hércules. Ora, as colunas de Hércules eram o que eles chamavam de limite do horizonte. Eles não achavam que existisse algo depois das colunas. E eles reve laram que entraram por um rio que mais parecia um mar. Um mar espesso como geléia. Na nossa interpretação, barrento como qualquer rio da Amazônia, como o próprio Rio Amazonas. Essas 'viagens' que fazemos, a partir de fatos

gathered and organized by our researcher- Bianca Behrends - the development ofthe theme is a succession of 'voyages of the imagination'. Costumes based on the vision we're giving to each ofthese voyages. An example is the approach to the Phoenicians. When we deal with them, it's a mixture of the Phoenicians and indigenous culture. We started from the assumption that the Phoenicians came to explore our lands and left elements of their culture in our Indians, but the infiuence worked the other way as well. For this reason, during the parade, we'll have a mixture ofthe vibrant colors of indigenous Brazilian tribes with the gold hues of the Phoenicians. Besides this, the Phoenicians were outstanding navigators and one oftheirnautical charts contains a reference to a navigator who crossed the barrier of the Columns ofHercules. Well, the Columns ofHercules were what they called the limit ofthe horizon. Before this they didn't think anything existed beyond the columns. But they tell that this navigator entered a river that looked more like a sea. A sea with water thick like pudding. ln our interpretation, this means muddy, like any river in the Amazon, like the Amazon River itself. These jlights offancy' we take, based

Alegria e confiança no bom trabalho que foi realizado para o carnaval de 2008. Esse é o espírito dos integrantes da Comissão de Carnavalescos da Beija·Fior de Nilópolis Alexandre Louzada, Ubiratan Silva (Bira), Laíla e Fran Sérgio.


A Velha Guarda da agremiação de Nilópolis não perde o pique, no Desfile de 2007. Se depender da empolgação dos nossos vovôs e vovós azul e branco, o troféu fica novamente em Nilópolis.

reais, é que nos permite um jogo de criatividade e beleza, mas energeticamente sustentado.", conclui Louzada.

on real facts, is what allows a voyage ofsueh creativity and beauty, vibrancy and energy," Louzada concludes.

Consciente da necessidade de a agremiação estar muito bem preparada para o Desfile, Louzada se mostra confiante, certo de que a agremiação de Nilópolis fará uma belíssima apresentação: "Acredito que a Beija-Ror de Nilópolis fará uma grande apresentação. Esse enredo foi pensado, pesquisado e desenhado de forma que não perca qualidade dos desfiles que a escola sempre apresenta. Eu acho que já começamos a marcaros nossos gols: a escolha do samba-enredo, eu considero como o primeiro gol marcado. Escolhemos novamente um grande samba. Um samba de preferência da comunidade. E é isso que move essa alegria, essa determinação da Beija-Flor de Nilópolis: é o respeito que temos e demonstramos pela nossa comunidade. A qualidade dos protótipos, que quem viu atestou foi o segundo gol marcado. Todos que entraram em contato conosco, seja aqui no barracão, na quadra, ou em outros locais, assim como os internautas, falam muito bem do material que foi apresentado. Então, tudo está se desenhando como aconteceu no ano passado. Agora é esperar que esse bolo fique pronto, que cresça, e que todo mundo goste muito, como gostou_. Eque a gente surpreenda mais uma vez!"

Aware of the need to be totally prepared for the parade, Louzada is con.fident that the crew from Nilópolis will put on a stunning show: '1 believe that Beija-Flor will give a great presentation. This theme was researched, thought about and designed so as not to lose any of the quality we are known for. I feel we've already started to score our goals. The choice of the theme samba I consider the .first goal scored. Once again we chose a great samba song, one that the community priferred. And it's this that drives our joy, this determination of Beija-Flor of Nilópolis: it's the respect we have and show for our community. The quality ofthe prototypes, which those who saw them can attestwas our second goal scored. Everyone who got in touch with us, whether here in the staging area, the practice grounds, or in other spots, not to mention over the Internet, were very positive about the material that was presented. So, everything is going like it did last year. Now we only have to hope that the cake comes out right, that it rises to the occasion, and that everyone is impressed, as Iam ... And that we surprise everyone pleasantly once again!"

Fevereiro 2008

41


VIAGENS SIM, COM OS PÉS NO CHÃO EAMENTE NO CÉU. Responsável pelo Departamento de Pesquisa da Beija-Flor de Nilópolis, a cientista social Bianca Behrends explica como funciona o departamento e qual a sua importância para o desfile da agremiação de Nilópolis.

Revista : Você está na Beij a-Flor a quantos anos? Qual a

Revista : Essa é uma preocupação somente da Beija- Fl or

função que você exerce na Beija-Fl or de Ni lópolis?

de Nilópolis?

Bianca: Comecei aqui em 2003 como pesquisadora e meu trabalho consiste no segu inte: depois que a Comissão de Carnaval e a presid ência escolhem o enredo, eu fico com a responsabilidade de levantar as informações históricas, de folclore, lendas, mitos, sejam elas culturais ou regionais, e que possam dar carnaval. Ou seja , tudo aqui lo que pode virar fantasia e que pode virar alegoria. A partir disso a gente começa a fazer a documentação das fantasias, as descrições das fantasias, das alegorias. Estrutura a Escola através do organograma, e paralelamente, documenta as referências gráficas pesquisadas na internet, livros, departamentos universitários, teses, para que possam servir de referência na confecção das roupas e dos carros.

Bianca: Não. Eu acho que é uma abordagem de todas as escolas, em geral. Umas mais, outras menos. É porque, na verdade, a Beija-Flor de Nilópolis construiu uma tradição em trabalhar temas históricos ou temas regionais. Eisso, de certa forma faci lita , porque a gente tem informação, é mais fácil. O leque de fontes de consulta é maior do que o enredo abstrato, por exemplo. Então isso facilita com que a documentação e a pesquisa sejam mais aprofundadas do que um tema abstrato.

--~--~- ·-

Revista: Você acha que a agremiação valoriza a área de pesquisa e documentação? Ou ela precisa investir ma is nessa área?

Revista: Então você disponi biliza elementos para a Comissão de Carnaval faze r as suas 'viagens" de criação? Bianca: Totalmente. A idéia é dos Carnavalescos, mas eles precisam trabalhar com uma base concreta. Do real ao imaginário ... Revista : Pode-se faze r um ca rnaval fa lando coisas erradas? Bianca: Pode-se, porque os carnavalescos tem o direito de criação. Mas, hoje em dia não é bem visto. É nossa cu ltura, ou uma cu ltura mund ial, enfim, é história! Na minha concepção, há um comp rometimento cada vez maior da escola em proporcionar entretenimento sim, mas transmitir cultura também. Então, normalmente, o direito de criação, a ficção, ela caminha , mas tem que ter um embasamento de fato nisso, não é só fictíc io.

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Bi anca: Sem dúvida nenhuma, a Beija-Flor de Ni lópolis é a escola que oferece a melhor infra-estrutura em pesquisa e documentação. Não tem nada que eu peça que não seja atend ida pela escola. Se eu precisar de um livro, enciclopéd ia, ou visitar bibliotecas e arqu ivos ... Se tiver que ir a algum lugar diferente, adquirir programas de computador, impressora, papel. Seja lá o que for. Se alg uma coisa der errado, eu nunca poderia colocar a cu lpa na falta de recurso e apoio, nem na falta de instrumentos de traba lh o porque com re lação a isso, a escola comparece. Nosso presidente de honra favorece muito que o trabalho seja desenvolvido da melhor forma possíve l. Então se não der certo, a culpa ou é do acaso, ou é da equipe.

Bianca Behrends acompanhada de seus livros e materiais de pesquisa.

Revista : Mas norma lmente tem dado certo? Bianca : Nos últimos 10 anos, são 5 vice-campeonatos, 1 quinto lugar e 4 campeonatos .. Isso deve significar alguma coisa , encerra com humor.

www. beija-flor.com .br




SETOR ABRE-ALAS "Brilho de Fogo - O Rastro Iluminado ao Paraíso do Fenômeno Solar" O Abre-Alas retrata a viagem do Beija-Flor à terra do beija-flor 'Brilho de Fogo'- o Amapá- que nos aquece e incendeia, faiscante de esplendor. Essa viagem se dá pela linha imaginária que nos permite o carnaval, e pela linha imaginária que corta a cidade de Macapá, a Linha do Equador; bem como pelo fenômeno do Equinócio. A palavra Equinócio vem do Latim, e significa "noites iguais". Os Equinócios acontecem em dois períodos do ano, no Outono e na Primavera (ou seja, em Março e Setembro). quando o Sol se posiciona à 90 o dessa linha divisória, iluminando por igual os dois hem isférios, fazendo com que os dias e as noites tenham a mesma duração de 12 horas. Em astronomia, Equinócio é definido como um dos dois momentos em que o Sol, em sua órbita aparente (como vista da Terra). cruza o plano do Equador Celeste (a Linha do Equador terrestre projetada na esfera celeste) .


ALINHA JMA61NARJA EABELEZA DO fENOMENO SOLAR ALA: COMISSÃO DE FRENTE NÚMERO DE COMPONENTES: 15 Descrição: Adoradores do Sol, os radiantes Indígenas da Nação Waiãpi guiam o beija-flor de Nilópolis à região mágica conhecida como 'Meio do Mundo' para contemplar o Equinócio, termo derivado do Latim e que significa 'noites iguais~ O fenômeno é um dos dois momentos em que o Sol, em sua órbita aparente, cruza o plano do equador celeste. Do Monumento do Marco Zero é possível observar perfeitamente o fenômeno do Equinócio, quando em duas ocasiões no ano, em março e setembro, ao entrar a luz do Sol, uma esfera de luz é projetada, numa espécie de visualização da Linha do Equador através de um fascinante efeito de luz e sombra.

ODesfile das Escolas de Samba do Grupo Especial é um evento que atrai o interesse de milhares de pessoas ao redor do mundo, pela sua beleza, ritmo e harmonia. Para o público presente, no entanto, é um espetáculo que carrega uma alta dose de emoção. Uma emoção que contagia e arrepia. Uma emoção muito parecida com a que se experimenta ao entrar no Maracanã e ver aquele público vibrando, cantando e torcendo. Mas o espetáculo do carnaval está dividido em diversos momentos de forte emoção. Um deles é quando a escola ainda está na concentração. A bateria começa a tocar e um frenesi contagia o Setor 1 das arquibancadas. A escola entra, e a Comissão de Frente dá boas vindas ao público, recebendo os aplausos pela sua sempre criativa e belíssima apresentação. Segundo a Coreógrafa da Comissão de Frente da Beija-Flor de Nilópolis, Ghislayne Ca va lcanti, "entrar na avenida com a Comissão de Frente apresentando a agremiação é realmente um momento mágico. Acontece uma coisa mu ito interessan te na Sapucaí: a gente sente que existe uma energia

que está bloqueada em cada um que nos assiste. Apesar de o público estar se divertindo na Sapucaí, dá a impressão de que existe uma energia estagnada, aguardando o soltar dos fogos de artifício -que anuncia o início do desfile de uma nova agremiação-, para ser derramada na avenida. Ou ando a Beija -Flor entra, parece que o público libera uma energia positiva que contagia cada um de nós, componentes da escola. Acontece que a Comissão de Frente é a primeira a desfilar, por isso recebemos essa carga de energia com maior intensidade. Talvez seja uma das coisas mais gratificantes e especiais que o desfile proporciona ao seu componente e a nós, da Comissão de Frente, em especial'~ Mas essa carga de energia a que a coreógrafa da Beija-Flor se refere está muito ligada ao que a escola vem oferecendo ao longo dos desfiles de carnaval. Uma escola radiante, com um carnaval bonito, animado, organizado, só pode suscitar no público presente beleza, animação e energia. Segundo Gislayne, "essa energia é realmente seletiva. Se a escola não entra bem, não colhe essa energia do público. E como a Comissão de Frente é a primeira impressão para o público, temos que fazer um trabalho especial. Para isso, não poupamos esforços em preparar uma apresentação de qualidade. Este ano, preparamos uma coreografia onde aproveitei movimentos específicos dos Índios e dos negros do Amapá. Eles têm ritmos e cadências próprias que buscamos inserir na nossa apresentação. Além disso, estamos aproveitando importantes elementos da fauna e da flora da região. Mas a grande força que vamos trabalhar é a relacionada ao Equinócio. Estamos pesquisando e buscando efeitos para que o Equinócio possa ser bem representado na avenida pelos nossos meninos e meninas, sete casais ao todo, além do Cássio", conclui


LIGUE 0800 25 5522

VocĂŞ ainda tem muitos carnavais pela frente. Cuide-se bem.


AS mRES DO ESPECIRO SOLAR ALA: 1° CASAL MESTRE-SALA EPORTA-BANDEIRA NÚMERO DE COMPONENTES: 2 Descrição: O formoso casal de beija-flores de Nilópolis voa até a região conhecida como 'Meio do Mundo' para se alimentar, absorvendo o néctar da cultura local. Retornando ao Rio de Janeiro, baila a cintilar a Marquês de

Sapucaí com as cores do arco-íris; fenômeno luminoso que se observa quando a luz do Sol incide na atmosfera, produzindo o aparecimento de um arco de círculo com as cores do espectro solar.

WlW[D)JIOO MESTRE-SALA ESTANDARTES DE OURO: 5

48

adereços, quando faz o teste da fantasia experim enta, com ela, a coreografia. Se a exibição não puder ser elegante, leve e adequada, a roupa é modificada: "Porque existe respeito", afirma: "Eles (os figurinistas) sempre pedem a minha opin ião. Eu sou humilde. Só vou ao barracão quando sou chamado, mas quero que o meu trabalho apa reça bem pa ra soma ( Claudinho é devoto de São Jorge e umbandista, fi lho de Ogum. Identifica-se com o orixá "porque é guerreiro", diz ele. Da mesma forma que utiliza a coragem na profissão de cabo do Corpo de Bombeiros, o mestre-sa la faz uso dela também na quadra e na passarela. Foi chamado de louco quando criou o vôo do beija-flor nos ensaios, em Nilópolis, em 2002. Levou a ousadia ao desfi le na Sapucaí bem em frente à cabine de julgamento do quesito mestre-sa la e porta-bandeira . Resultado: elogios dos jurados e Estandarte de Ouro (O Globo) e Tamborim de Ouro (O Dia) para o casa l. Claudinho é a Escola o ano todo, e tem também seus projetas. Compositor e percussionista, toca pandeiro no grupo de pagode

Ele tem samba na veia. O DNA desse rapaz balança, requebra, sacode. A família é swing puro. Com o pai, Maurício de Souza, na bateria, e a mãe, Maria Mirani, chefe de ala da Escola de Samba Estácio de Sá, Claudinho estreou aos seis anos na ala de crianças. Cresceu como passista . E, quando houve um concurso para terceiro mestre-sala, nem precisou concorrer. Foi escolhido pelo próprio presidente da Estácio, Claudinho, Mestre-sala. Antônio Gentil Uá falecido), para assum ir o cargo. Não demorou mu ito, chegou a primeiro mestre-sala, em 1991. No ano seguinte, formou par com Sei minha e estão juntos até hoje. Na Beija-Flor, são 16 anos.

que reúne outros três mestres-salas- Ju linho, da Vi la Isabel, Robson, da Porto da Pedra, e Rogerinho, da União da Ilha.

Charme, seriedade e evolução são ingred ientes fundamenta is para um 9om mestre-sala. Claud inho tem tudo isso. E mais. Leva o carpo tão a sério que toma para si a responsabilidade Uunto com os figurin istas) na confecção da roupa de desfile. Além de opinar sobre o tecido, bordado, chapéu e

Nascido carioca, Claudinho se apaixonou pela comunidade de Nilópolis, cidade-sede da Beija-Flor: "A comu nidade é 100% a Escola. Sem ela, a Beija- Flor não existiria. Trabalh amos em conjunto e An ízio é o pai dessa grande família, em que um ajuda o outro e, j untos, chega mos à v i tó ri a'~

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www. beija-flor. com.br


~~

força nas au las de postura, comportamento e bailado aos

PORTA-BANDEIRA

"Nunca mais a Beija- Flor de Ni lópolis vai precisar chamar

ESTANDARTES DE OURO: 5

alguém de fora da esdcola para ser porta-bandeira ou mes-

"príncipes e princesas", como são chamados os pequenos.

tre-sa la. Aqui teremos os melhores, que já são cobiçados por outras escolas".

Dez. Dez. Dez. Dez. Aplausos do públ ico, unanimidade entre os jurados em 2007. Este é o melhor casal de mestre-sala e

Selm inha reve la que sempre sonhou em ser porta-bandeira

porta-bandeira de todos os tempos: Claudinho e Selmi nha

e artista . Fez escola de teatro, trabalhou em cinema e em

Sorriso. "J amais um casa l recebeu 40 pontos no Carnaval

filmes publicitários. Ela afirma que é muito grata ao Car-

carioca ", ela diz.

nava l e à Beija-Flor e que o que mais a encanta na Escola

Mesmo com esta consagração, dedicação, humildade e,

é a infra -estrutura e a união que há entre os in tegrantes e

sobretudo, amor à Beija-Flor são os quesitos que mais uma

a comunidade, sob a liderança do presidente de honra, a

vez Claudinho e Selma vão acrescentar ao desfile deste ano

quem chama de Tio Anizio. "Costumo dizer que um castelo

para outro bi da escola.

construído de areia - com inveja e ganância - é fáci l de ser derrubado. A Beija-Flor não é assim. El a é um castelo de

Os dois estão juntos há 16 anos e na Beija-Flo r, desde 1996. Laíla bateu o olho na dupla que era da Está cio de Sá em 1992 e levou para Nilópolis o harmonioso balé que eles apresentavam: "Ciaudinho é fera. Tenho ma ior orgulho de dançar

pedra, forte- porque foi construída co m amor- e nunca se rá abalado. Épor amor ao 'manto azul ' - a nossa bandeira -que todos traba lh am e desfilam".

com ele", diz, não poupando elogios ao parceiro de aven id a. Eles também são companheiros de farda. Como Claudinho, Selm inha é mi litar do Corpo de Bombeiros. Formada em Direito e do signo de Gêmeos, a moça é bem falante, mas quanto à id ade ... Tem "30 e pouquin hos anos", diz, e se cuida "para man -

Selminha, Porta-bandeira.

ter a saúde e a boa forma a fim de conti nuar dançando por muito tempo': Selm inha Sorriso cri ou e coorde na junto com Claudinho, a escolin ha de mestres-sa las e porta-bandeiras, que tem cerca de 50 crianças, atualmente, com idades entre três e 10 anos. Al i elas aprendem o "lema da escola: atenção, dedicação e disciplina': lvson Gusmão, o Ti o lvson , dá uma grande

Por Íris Ágatha

Feverei ro 2008

I 49


HlKK.O) M ~c (Q) ~ ~~~ ALA: COMUNIDADE TEATRAL NÚMERO DE COMPONENTES: 160 Descrição: O beija-flor brilho de fogo, conhecido também como topázio-vermelho, é o maior e um dos mais bonitos beija-flores do Brasil; sendo encontrado em Roraima, Pará, Amapá e Maranhão. Habita a copa de florestas de galeria, capões de florestas altas e capoeiras, vivendo à pouca altura e disputando com outros indivíduos as flores de sua preferência.

É raro e briguento, vocalizando ativamente e expulsando quem quer que se aproxime de seu território. Os machos, maiores que as fêmeas, têm duas penas da cauda muito alongadas e cruzadas, garganta dourada ou verde-metálica e barriga vermelho-metálica; a fêmea é de coloração verdeamarronzada e garganta vermelho-metálica. A Beija-Flor é uma agremiação comprometida com a inovação da arte. A cada ano, novos desafios são criados para oferecer ao público um espetáculo mais criativo e empolgante. Um desses líderes - e revelação na Avenida -, o diretor teatral Hilton Castro, declara que uma das principais motivações que ele encontra em trabalhar na Beija-Flor é exatamente esse espírito desafiador que a escola incentiva: "Fui convidado pelo

Laíla para compor o quadro da escola, para criar. Laíla me dá essa liberdade, que é muito importante para mim. Ele sempre me entendeu e me deu o apoio que eu precisava. Sei que meu trabalho é reconhecido pela comunidade, basta o fato de que aumenta a cada ano o número de integrantes de outras alas querendo entrar para as alas teatrais. Isso é fruto do meu trabalho, dos meus componentes e do Laíla, que confia no que faço. Além disso, é essencial o comprometimento da escola, cedendo todas as fantasias aos meus componentes': Tendo sob o seu comando 660 componentes, Hilton diz que o principal desafio para este carnaval será a direção de duas alas teatrais compostas por mais de 190 pessoas: "Uma ousadia; afinal, geralmente as alas têm 70 pessoas, e vamos ter uma ala com 198 e outra com 210 componentes': Se quantidade não significa qualidade, Hilton não foge da raia: 'Vamos dar um show de beleza e criatividade. Vamos dar vida aos Beija-Flores com uma linda revoada, onde o Beija-Flor de Nilópolis encontra o Beija-Flor de fogo de Maca pá, para juntos realizarem a grande busca, que é encontrar o néctar da vida ... Para representar esse enredo, chamei a Kayca Sabatela, que será a bromélia de ouro- o néctar maior da vida. "Os beija-flores farão uma revoada e partirão em direção à bromélia de ouro para sugarem seu néctar... Para guiá-los até a bromélia, vamos ter mais um momento especial: a Jaqueline, que foi rainha do carnaval e sempre saiu de destaque na escola, será os raios de sol. Ela representará o último raio de sol na frente dos beija-flores de fogo, desfilando ao lado dos beija-flores de fogo mirins, formado por 21 crianças, que representam o futuro da natureza .. Será lindo ... A Jaqueline é maravilhosa, um diferencial entre tantos na escola. Equando os beija-flores finalmente chegarem na bromélia, surgirá o Ivan, um negro de 1,95 m de altura e ex-integrante da escola 20 anos atrás, representando o Beija-Flor de ouro': Esse é, inegavelmente, um dos pontos fortes da escola. Outros pontos fortes do desfile, segundo Hilton, é a ala da pororoca -com 44 homens-peixes de um lado e 44 de outro. "Uma ala invade a outra de forma magistral e artística. Fazer essa mistura sem deixar buraco foi um grande desafio para todos- e o carro 4, da ambição, onde trinta pessoas farão um mar de olhos.... O Ricardo Denis está preparando um lindo carro."

Alegoria Abre-Alas "Brilho de Fogo- O Rastro Iluminado ao Paraíso do Fenômeno Solar" Destaque principal: Fabíola David A criatividade e a dedicação de Hilton Castro tem feito da Ala Teatral uma das mais esperadas do desfile da Beija·Fior de Nilópolis.

www.beija-flor.com.br


Macapaba Deslumbrante- As Belezas que Emanam do Coração da Amazônia Na língua indígena, Macapaba significa concentração de bacabas ou bacabeiras, uma palmeira nativa da Amazônia, de onde deriva o nome Macapá, a capital do Estado do Amapá. O Espírito da bacabeira revela essa terra encantada, 'Macapaba' enraizada por seu nome de palmeira; verde selva, "verde" aos olhos desconhecidos, "madura", ao mostrar-se por inteira. Terra que foi por muitos cobiçada, é porta de entrada para a exuberância, encanto e riqueza da Amazônia; um verdadeiro paraíso preservado, que abriga em suas matas, uma grande diversidade ecológica. A rica fauna apresenta espécies belas, raras e incomuns, incluindo uma grande variedade de peixes e aves diversas, típicas da região, como o papagaio. Na composição da flora, destacam -se palmeiras e Vitórias-Régias.

~~~ ~ ~ WlKOllmii~ [D)~

~~~~

Descrição : Do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, nasce o rio Amazonas. Ao se encontrarem, as águas dos dois rios não se misturam de imediato, correndo paralelamente por alguns quilómetros. A explicação para o fenômeno que gera esse belo espetáculo pode estar em fatores como densidade, temperatura, velocidade e correntes bastante diferenciadas. O rio Negro tem a água mais escura devido à decomposição das folhas e matéria orgânica, e é bastante calmo, com temperatura mais elevada que a do Solimões, que em função da correnteza, tem as águas mais barrentas, amareladas. Tal fenômeno pode ser visto mesmo do espaço.

~c@mll!~ ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: 105 Descrição: O imponente Rio Amazonas, o mais longo e caudaloso do mundo, lança uma gigantesca quantidade de água doce no Oceano Atlântico, cerca de um quinto de toda a água fluvial do planeta. Na verdade, o Amazonas é responsável por um quinto do volume total de água doce que deságua em oceanos em todo o mundo. Diz-se ainda, que a água permanece doce mesmo a quilómetros de distância da costa . Peixes diversos, tartarugas e víboras, dentre outros animais, compõem a fauna do grande titã Amazonas.

ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: 105 O encontro das águas do rio Amazonas com o Oceano Atlântico, o segundo do mundo em superfície e detentor das águas mais salgadas de todos os oceanos, resulta no fenômeno natura l da Pororoca (do Tupi 'poro'roka', de 'poro'rog', estrondar). O extraordinário que conjuga beleza e violência é produzido pelo encontro das correntes fluviais com as águas oceânicas; ou seja, no encontro das águas do mar com as águas do rio, formando grandes e impetuosas ondas. Emelhor percebido quando da mudança das fases da Lua, particularmente nos equinócios em cada hemisfério.

~c(Õ)~~~(Õ)

~ ALA: COMUNIDADE TEATRAL

~-c@~WM~

~-~~~~~~ ALA: COMUNIDADE

NÚMERO DE COMPONENTES: 105 Descrição : Planta aquática típica da região amazónica, cuja folha é grande e de formato circular, sendo a borda dobrada. Localizada sobre a superfície da água, pode chegar a 2,5 m de diâmetro e suportar até 40 Kg. Suas flores podem ser brancas ou rosadas, normalmente misturadas ao amarelo, e só se abrem à noite. A Vitória-Régia expele uma divina fragrância noturna, e o nome Vitória foi uma homenagem à rainha britânica, embora a planta também seja chamada de irupé, aguapé, uapé, jaçanã, rainha dos lagos e milhod'água, dentre outras denominações.

NÚMERO DE COMPONENTES: 208

Fevereiro 2008

51


~~ c fA~U~W~

MmOO r~llltJI~ ALA: SAM BANDO NA BEIJA-FLOR &AMIZADE NÚMERODECOMPONENTES: 80 Desc rição: Pa lme ira denom inada 'bacaba' (do Gênero Oenocarpus), muito abundante na reg ião Amazôn ica, florescendo em matas altas e terras firmes, de onde deriva o nome Maca pá, capita l do Estado do Amapá; e/ou seu fruto, oleaginoso ou comestíve l. Botan icamente, a bacaba é uma palmeira classificada no mesmo grupo do 'pataua ' e do 'bacabão', e de onde se extra i um vinho de cor acinzentada, típica e mu ito saboroso.

Alegoria 01 "Macapaba Deslumbrante - As Belezas que Emanam do Coração da Amazônia"


w•g~~mw~g [D)~W]~ Cunanis, Maracás, Aristés e Aruãs - A Cerâmica das Civilizações Perdidas A composição da identidade cultural do Amapá abrange mundos e povos surpreendentes. São habitantes de tempos passados, que aqui deixaram suas marcas e seus ensinamen tos, incluindo a essência das qualidades espirituais, modos de vida, sistemas de valores, tradições e crenças; as quais romperam a barreira do tempo e ainda se fazem presente. A herança cultural identificada nos sítios arqueológicos que contam a Pré- História amazônica, reflete a diversidade e a habilidade artística desses povos. Alguns achados arqueológicos comprovam a existência desses povos, que tinham uma refinada habilidade na produção de peças cerâmicas. Cada peça era enfeitada com riquíssimos grafismos, que representavam suas relações com a natureza, com o próprio homem e o sobrenatural. As primeiras peças foram encontra das no final do século XIX. Dentre elas, urnas funerárias nas quais os Cunani guardavam os restos mortais dos seus entes. Acredita-se que, desta forma, os Cunani buscavam a imortalidade e a perpetuação de suas manifestações culturais. O registro do legado das civilizações Cunani, Maracá, Aristés e Aruãs apresenta a riqueza dessas culturas através de suas artes e de sua simbologia, propiciando a redescoberta das ra izes loca is. Tais tribos do tronco Tu pi modelaram em barro a sua História, e nos deixaram rebuscado trabalho em cerâm ica, utilizado inclusive, em rituais fúnebres e sepu ltamentos. I

l

~~g~m~ [D)~W.U ALA: VAMOS NESSA &1001 NOITES NÚMERO DE COMPONENTES: 80 Descrição : Tribo do tronco Tupi que habitou a região do Amapá e deixou como legado a cerâmica. Além dos diversos utensílios fabricados, a cerâmica era utilizada ainda em rituais fúnebres e sepultamentos. Os Maracás eram adeptos da pajelança, rituais religiosos onde se entrava em contato com entidades espirituais com a finalidade de resolver problemas. Costumeiramente, as cerimônias eram acompanhadas por cantos e danças, e muitas vezes eram realizadas com a utilização de máscaras. Cabe informar ainda, que o uso de formas triangulares nas tangas dos Maracás deu origem aos biquínis atuais.

ALA: DOS CEM &AMAR ÉVIVER NÚMERO DE COMPONENTES: 80 Descrição: Tribo do tronco Tupi que habitou a região do Amapá e deixou como legado a cerâmica. Além dos diversos utensílios fabricados, a cerâmica era utilizada ainda em rituais fúnebres e sepultamentos.Os Cunani são uma das quatro tradições principais ou fases de povoamento do Amapá, que corresponde a uma seqüência de desenvolvimento cultural e cronológico. Muitas urnas foram encontradas contendo fragmentos de ossos, as quais eram fechadas por finos cordões enfiados através de orifícios. Alguns cuidados evidenciavam a preservação dos ossos de vestígios de ar e umidade.

~w-~rc! g~~W~iJlUJML ALA: BAIANAS NÚMERO DE COMPONENTES: 110 Descrição: A herança cultural identificada nos sítios arqueológicos, especialmente nas regiões de Cunani e Maracá, reflete a diversidade e a habilidade artística desses povos, destacando-se a cerâmica (utilizada ainda em rituais fúnebres e sepultamentos). O registro do legado dessas civilizações apresenta a riqueza dessas culturas, observável através de suas artes e de sua simbologia, propiciando a redescoberta das raízes locais.

M~~g~~mDBJA\

~~ ALA: KARISMA NÚMERO DE COMPONENTES: 70 Descrição: Tribo do tronco Tupi que habitou a região do Amapá e deixou como legado a cerâmica. Além dos diversos utensílios fabricados, a cerâmica era utilizada ainda em rituais fúnebres e sepultamentos. Os pacíficos Aruãs são uma das quatro tradições principais ou fases de povoamento do Amapá, que corresponde a uma seqüência

Fevereiro 2008

I 53


de desenvolvimento cultural e cronológico. À este povo, provavelmente pertenceram as urnas de Pacajá, repre-

tradições principais ou fases de povoamento do Amapá, que corresponde a uma seqüência de desenvolvimento

sentando um período mais recente de decadência da arte

cultural e cronológico. A tradição Aristé foi a mais antiga e duradoura.

oleira, com forte influência européia; e talvez também as urnas de Reborde- lo.

Alegoria 02

~a~~~m

OOOOlr. (Õ) ~miDXO) ALA: COMIGO NINGUÉM PODE NÚMERO DE COMPONENTES: 90 Descrição: Tribo do tronco Tupi que habitou a região do Amapá e deixou como legado a cerâmica. Além dos diversos utensílios fabricados, a cerâmica era utilizada ainda em rituais fúnebres e sepultamentos. Uma das quatro

"Cunanis, Maracás, Aristés e Aruãs- A Cerâmica das Civilizações Perdidas"


"O Mistério Fenício e os Tesouros Perdidos no Ventre da Mata" Dispostos a encontrar um local que acreditava-se ser um depósito de ouro, prata e pedras preciosas, os Fenícios, exímios navegadores, realizaram uma expedição rumo ao Eldorado, uma cidade onde acreditava-se que as construções eram todas feitas de ouro maciço. Relatos de épocas distantes, a respeito da terra do sol à pino

miD)m w~am c©~ R 00 ~ ~TJM1lr ALA: TOM EJERRY NÚMERO DE COMPONENTES: 80 Descrição: Mistérios que circundam as narrativas sobre a possível navegação dos fenícios sobre Mata pi, rio brasileiro que banha o estado do Amapá, afluente do rio Amazonas que, imponente, impressiona por sua beleza.

e brilhante, escondem segredos lendários e mistérios sobre tesouros escondidos no ventre da mata. Dentre tantas viagens fantásticas que se deram até a região Amazônica, diversos indícios apontam para a presença de Fenícios em terras situadas no Meio do Mundo, alimentando contos de se encontrarem, no Amapá, as famosas Minas do Rei Salomão. Desenhos e esculturas com asas abertas, de grande porte e com plumagem dourada, são presença constante em

~mtíam ALA: 08 OU 80 NÚMERO DE COMPONENTES: 60 Descrição : A posição que o sol ocupa na linha do horizonte tinha uma grande importância para os Fenícios, a ponto deste povo marcar a data como o início do ano em seus

referências Fenícias.

!A~~mtí~ ALA: JOVEM FLU NÚMERO DE COMPONENTES: 80

a cidade mais

calendários. Dentre as viagens fantásticas realizadas ao Meio do Mundo, há relatos de épocas distantes da terra do sol à pino e brilhante, guardiã de tesouros escondidos. Escribas Fenícios acreditavam que o Sol caminhava sob a linha do horizonte e, ao percorrer o rio Amazonas, afirmavam navegar em 'mar espesso feito geléia:

~mmtíoo

antiga do mundo, lo-

RAINHA DE BATERIA

calizada próxi-

Raissa Oliveira

ma à Be i rut e, que criaram

{A~~(U~c

o

alfabeto que deu origem ao abecedário moderno. A área, povoada há cerca de 7.000 anos, é riquíssima

e~

vestígios arqueológicos, e dentre as atrações, encontram-se castelos dos cruzados, templos egípcios, a Necrópole Fenícia e o Anfiteatro Romano.


(Õ)~IDXOJW~ INTÉRPRETE OFICIAL Neguinho da Beija-Flor: Embaixador do samba e da Beija-Flor de Nilópolis Em um momento em que a música brasileira virou produto de consumo mundial onde gêneros musicais indefinidos são rotulados como "samba", simplesmente para vender com mais facilidade para consumidores de cultura desatentos, conhecer o trabalho desenvolvido pelo intérprete e sambista -daquele tipo que toca e canta samba -é muito recompensador. Neguinho, considerado por especialistas um dos principais intérpretes e compositores de samba da nova geração, vem promovendo através de suas turnês mundiais o resgate e a divulgação do samba brasileiro. Além disso, ele tem levado para os quatro cantos do planeta a marca Beija-Flor de Nilópolis, promovendo o nome da agremiação de Nilópolis e de toda a família Beija-Flor. Por uma questão de justiça, a revista Beija - Flor de Nilópolis - uma escola de vida, entrevistou o nosso Neguinho- da Beija-Flor e do Mundo. Participaram da entrevista Hilton Abi-Rihan, Miro Lopes e Ricardo Da Fonseca. Ricardo- Neguinho, hoje vemos diversos gêneros ou estilos musicais executados no exterior e indevidamente chamados de samba. Você acredita que essa deturpação vinda dos nossos próprios profissionais não cria uma confusão e uma promoção errada do que é samba? Neguinho - Eu tenho visto coisa por esse mundo a fora que vocês nem imaginam. .. (risos) Não há duvida que, como artistas, temos uma responsabilidade com nosso público. Se levarmos a verdade que está em nós, damos uma importante contribuição para o crescimento cultural dele, além de levar lazer e entretenimento. Mas como qualquer profissão, existem aqueles que buscam principalmente ganhar dinheiro, sem se preocupar em prestar um serviço aarte e acultura. Élógico que can-

nossa profissão e que devemos ser remunerados por isso. Estou falando, no entanto, daqueles que se utilizam dos nomes que são criados para organizar a música -samba, trevo, baião, rock, jazz, entre outros gêneros -somente para ganhar dinheiro e não se preocupam com a fidelidade dos gêneros esuas características musicais. Enquanto samba der dinheiro, tocam samba - ou o que pensam ser samba. Quando o samba está em baixa, passeiam, sem nenhuma base musical, por outros gêneros, e vão assim, caminhando sem se preocuparem com a fidelidade aos gêneros musicais. No caso do samba, isso fica muito eVIdenciado no exterior. E constdero, em termos de promoção da nossa cultura, um desserviço. Naturalmente, respeito as decisões de cada um, pois são livres para fazerem o que bem entendem. Mas considero que criam um equívoco na cabeça do seu público, que fica conhecendo um tipo de música que não é o samba carioca.

Miro- Em relação à sua carreira de intérprete e compositor, como tudo começou?


Neguinho- Canto desde garoto, mas comecei minha vida de cantor profissional em 1972 no Bola Preta, com Laíla, que era o mestre de bateria da apresentações. Em 1973 eu cantava no Renascença, que tinha aquelas grandes rodas de samba. Quando eu fui para a Beija-Fior,já tinha experiência, porque nessas duas rodas de samba que concentravam os maiores sambistas da época. No carnaval, comecei antes, com 19 anos no Leão de lguaçu, em 1971, ficando até 1975, quando disputei um samba enredo na Beija-Flor para o carnaval de 1976. Era o "Sonhar com Rei dá Leão': Estava na escola somente como vencedor do samba enredo, até o dia em que o intérprete Abílio Martins ia gravar no estúdio Havaí o meu samba. Pedi ao Anizio a oportunidade para gravar, e ele disse: 'Aparece lá no estúdio. Você vai ter mesmo que ensinar o samba ao cantor!: Na hora do ensaio, o Abílio não se deu muito bem com a melodia, aí, o Anizio chegou e disse: "Vem cá, você não é o garoto que canta? Então, vai lá. Experimenta lá!': Fui e soltei a voz. O Anízio disse então, ao Abílio: "Toma aqui o que nós combinamos. Quem vai gravar é o garoto mesmo, que é dono do samba!': De lá para cá, é essa história de amor entre a Beija-Flor e eu, que vocês sabem. Abi-Rihan- Nessa época você era conhecido como Neguinho da Vala. Quem te disse que: 'a partir de agora você não é mais o Neguinho da Vala, é o Neguinho da Beija Flor'? Neguinho - Foi o Meirinho Boca de Bucha, lá de Belford Roxo. Um aposentado que era fiscal de rendas, chegou para o Anizio e disse: "O Anizio, isso é sacanagem fazer isso como garoto, Neguinho da Vala! O cara com um talento desse, com uma voz dessa! Neguinho da Beija Flor": E o Anizio: "então tá bom, de hoje em diante ninguém mais chama ele de Neguinho da Vala, é Neguinho da Beija Flor!" Miro - Antes de entrar para a Beija-Flor como era a sua vida? Neguinho- Neguinho da Beija Flor antes de ser Beija-Flor. .. quando era Neguinho da Vala, não tinha onde comer, não tinha onde dormir, morava mal, comia mal, vestia mal! Então, a partir do Neguinho da Beija Flor que as coisas, financeiramente, melhoraram. Tive minha casa própria, meu primeiro carro, prestígio .... Miro - E a sua carreira profissional, quando é que você começou gravando LP? Neguinho- Meu primeiro LP foi gravado em 1980, com a produção do Laíla. Os três primeiros LPs na minha carreira, foram produzidos pelo Laíla. Além disso, para vencer como meu primeiro samba de enredo a disputa na Beija Flor, o Laíla me ajudou muito, mostrando ao Joãozinho Trinta que o meu samba era o melhor e mais adequado aos projetas daquele carnaval. Apesar de não falarem na participação

do Laíla na Beija-Flor nesse ano, a verdade é que ele estava lá, e me ajudou muito. Ricardo- Quando começou a fazer show internacional? Neguinho- Em 7979, com a Beija-Flor. Fui a Portugal, Paris e Alemanha. E nessas apresentações eu senti que a minha aceitação, devido ao fato da Beija-Flor ter sido premiada várias vezes no carnaval como campeã e do grito de 'Olha a Beija Flor aí, gente: Nesses países as pessoas ficavam me apontando e me entrevistavam. Senti que eu tinha um caminho a ser explorado, trabalhando com o público internacional. Aí comecei a investir nisso. Depois passei a ir com a minha banda. Fomos a Itália, Portugal, Suíça, Alemanha, Áustria e hoje eu viajo o mundo todo. Hoje eu faço mais show fora do Brasil do que aqui. Atualmente, talvez eu seja, de intérprete de avenida, o que tenha um relacionamento melhor com o público internacional! Ricardo - E qual é a análise que você faz de sua carreira internacional? Neguinho- Acho que o Neguinho da Beija-Flor está fazendo um bom trabalho! Constatei isso no Japão. Olha, não existe país nenhum no mundo, que admire mais a nossa cultura do que o povo japonês. Fiz agora uma turnê lá e disse: 'Os caras estão me confundindo com Pelé, Ronaldinho Gaúcho: Eu fiz um show lá para 30.000 pessoas. Eu meço minha carreira nas visitas que eu faço em outras Escolas, andando na rua, na Europa, em lugares... para te dar um exemplo, na Copa do Mundo da Alemanha, e fiquei em Munique.. Até chegar ao restaurante de comida brasileira eu levei quase duas horas, porque era parado toda hora para tirar foto. Abi-Rihan -Hoje, além de ter o seu lado profissional, você divulga e promove a mensagem do samba e da Beija-Flor, porque na verdade, Neguinho é da Beija-Flor. Como é pra você isso, considerando que a sua carreira deslanchou, graças ao seu talento, mas também, graças à Beija-Flor e ao Anízio que te deram o suporte que você precisava? Neguinho - E continua dando. Eu tenho certeza que se não fosse a Beija-Flor, só o nome Neguinho não atingiria o mercado internacional com tanta força! Se não tivesse a Beija-Flor inserido. Abi-Rihan - Existe alguém que você não pode deixar de agradecer por tudo que vem acontecendo na sua vida? Neguinho- Sim. Éalguém muito especial: Anizio .... Quando eu precisei, ele tava lá. Se não fosse o ele, nada disso estaria acontecendo. Tenho plena convicção. Se não fosse o ele, eu não chegaria a lugar nenhum. Eu ta lvez teria ficado perdido em Nova lguaçú, como o Neguinho da Vala, desacreditado, como fui no começo de tudo. Um beijo, Anizio!

Fevereiro 2008

57


Ricardo Da Fonseca

A arte não tem fronteira s. Essa máxima pode ser faci lmente aplicada quando fa lamos dos nossos irmãos japoneses. Herd eiros de uma cu ltu ra milenar, que mistura contemp lação e sabedoria, é na terra do sol nascente que a música brasileira - especialmente o samba - tem estado em alta cotação. Artistas de renome e artistas em início de carre ira têm encontrado no Japão a oportunidade de real iza r um trabalho sério e ve r reco nhecido seu traba lho e talento. A prova disso são os diversos CDs autora is gravados por músicos brasil eiros no Japão e distribuídos principalmente nas cidades da região. Neguinho, que inclui u na sua turnê 2007 diversas cid ades do Japão, afirma que nunca encontrou tanta hospita lidade e ca rinho como o do povo do japonês pelos brasileiros e por sua música: "R ecebi do púb lico mu ito carinho e manifestações de reconhecimento pelo traba lho que faço. Os ja poneses adoram samba. Mas samba mesmo, não essas co isas que um ou outro malandro apresenta lá", declara em tom de brincadei ra. Além da inclusão de cidades japonesas na sua turnê, Negu inho identifica outras iniciativas de va lorização da arte e cu ltura brasileiras sendo promovidas por brasileiros e nipôn icos. Dentre essas iniciativas eles destaca o "Beija-Flor Japão", um instituto que tem por finalidade promover a cu Itu ra brasi leira no Oriente, fundado pelos japoneses Kato Takahisa, Yasutomo Tanaka e sua esposa Vanusa Santiago, também proprietários do restaurante "Copacabana': Di z Tanaka: "Quando pensamos em fundar o 'Beija - Flor Japão'

'T'U:n v· o~~r·11n ~m ~-AII.!.Ju . ,rl]iL · J \.íl:t UJT wa&tt,Jm

tínhamos co mo objetivo promover a verdadeira cu ltura brasil ei ra. Através da organ ização de shows e eventos, queremos levar o que há de melhor na cultura brasileira para os países do Oriente, como China, Coré ia, Taiwan, entre outros. Queremos mostrar o verdade iro samba do Brasil." "Samba do Brasil"? O que Tanaka quer dizer com isso? Se samba é um gênero criado no Brasil, falar em "samba do Brasil" não é redundância? Segundo Vanusa, esposa de Tanaka, não: "Aqui no Japão, é muito comum os promotores de eventos divulgarem para o públi co shows que não tem nada de samba como sendo sa mba. Um exemplo disso foi quando o compositor Gilberto Gil ve io ao Japão para fazer alguns shows. O organizador do evento anunciou: "Gilberto Gil, o rei do samba ! Natura lm ente, o ministro Gil é um dos principais representantes da música brasileira, mas rei do samba é um títu lo que não lhe cabe. Rei do sa mba é Monarca, Nelson Sargento, Gera ldo Pereira, Candeia, Cartola, Neguinho da Beija -Flor, Arli ndo Cruz, en tre tantos outros. Eo que queremos é isso, criar um referencial para que os japoneses e os orienta is entendam realmente o que é o sa mba." Mas a iniciativa dos Tanaka não se restringe a levar para o Oriente os principa is representantes do samba brasileiro: "Qu eremos resgatar um papel histórico que Kobe construiu: há mais de 40 anos atrás o samba entrou no Japão pela cidade de Kobe, através dos navios com brasileiros. O povo de Kobe aprendeu o samba com a ajuda dos brasileiros. Foi aqu i, em Kobe, que su rgiu o primeiro grupo de sa mba japonês. Somos referência histórica. Além disso, em 1969, a cidade de Kobe e a cidade do Rio de Janeiro firmaram um acordo de cidades irmãs. Hoje, o carnaval e o samba são sucessos. Acontece que nós, que con hecemos o samba de raiz, o samba brasileiro, e que conhecemos o ca rn ava l indo na raiz dele, o Rio de Janeiro, sabemos que o samba de Kobe não está fiel ao samba original. Ea cidade está perdendo público por isso. Uma das propostas do Beija-Flor Japão é resgatar essa importância históri ca de Kobe, promovendo encontros de capacítação entre brasileiros e japoneses, com transfe rência de tecno log ia na arte da in te rpretação musical e da dança. Vamos trazer a Beija-Flor de Nilópolis pa ra o Japão e para o Oriente, e levar japoneses para o Brasil, pa ra conh ecer o carnava l carioca e o samba em suas raízes. Vamos abrir uma academ ia de samba para ensinar os japoneses e asiá ticos o samba ve rdadeiro", declara Tanaka. Boa sorte, Beija-Flor Japão! Beija-Flor Japão: Neguinho prestigiaa criação do lnstitulo Beija-Flor Japão. Na foto, Tanaka, Neguinho, Takahisa e Vanusa.

58

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com .br


AS MINAS DE ESTILO FENÍCIO DO REI SALOMlO

o título de campeã, não podemos deixar de pensar e agir

ALA: BATERIA

inventar. Cada um faça da sua forma, mas, como se trata de

NÚMERO DE COMPONENTES: 255

uma competição, o que me interessa é a escola estar bem. Para mim, não existe escola de samba Mestre Paulinho, nem

Descrição: Há indícios de que as lendárias e fabulosas minas do Rei Salomão possam ter existido em plena floresta amazônica, ocultas pela exuberante vegetação. As minas do rei Salomão seriam construções bastante semelhantes ao estilo Fenício, visto que suas ruas, muralhas, depósitos e galerias apresentavam uma técnica de construção característica daquele povo, sem a ligadura de cimento.

pautado nessa realidade. Algumas invenções podem trazer mídia e repercussão na imprensa, mas não contribuem para o resultado da escola. Minha obrigação na escola não é

Bateria Mestre Paulinho. O que existe é Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. Estou há 12 anos aqui para fazer a minha parte. Sei fazer 'paradinha', 'quebrar o andamento e o ritmo, 'cadenciar'... Invenção eu também sei fazer, mas a Avenida não é lugar para a Bateria fazer invenção. Respeito quem faz, mas o resultado final é que define quem está certo. Não sendo bom para a escola, você não serve para a escola. Eeu quero servir- e tenho orgulho disso- a Beija-

Estar à frente da Bateria da principal escola de samba do mundo- escola de samba número 1, segundo o ranking da Liesa - não é um privilégio reservado a muitos. Épreciso capacidade técnica e, principalmente, espírito público, uma vez que o Mestre de Bateria e o que a Bateria deverá apresentar na Avenida devem estar subordinados aos interesses da agremiação que defendem. Com esse espírito Mestre Paulinho é pragmático: "É uma grande responsabilidade, nossa e dos componentes da Bateria: não estamos na Avenida para inventar- não somos inventores- sou Mestre de Bateria e meus componentes, ritmistas. Tenho que oferecer aos componentes da escola o ambiente rítmico para que desenvolvam seu trabalho na Avenida, seja Comissão de Frente, puxadores, alas teatrais, alas de comunidade, mestres-salas e porta-bandeiras, enfim, toda a escola depende de nossa competência para fazer o que esperam de nós. E, nesse aspecto, meus componentes estão de parabéns. Se dedicam para manter a alegria do espetáculo com abnegação e responsabilidade, para nunca fazermos algo que entre em conflito com os interesses da escola na Sapucaí." Apesar de o carnaval ser uma vitrine mundial, onde muitos buscam a visibilidade pessoal com suas invenções, Mestre Paulinho fica muito à vontade em dizer que, na Avenida, o foco dele é outro: "Na Sapucaí, a escola está disputando

Mestre Paulinho: competência e a serviço do samba e da Beija-Flor de Nilópolis.

Flor com todas as minhas forças. No entanto, se quiserem ver o Mestre Paulinho e a Bateria da Beija-Flor fazendo show, basta contratar nossos serviços. Fazemos apresentações em festas, casamentos, batizados... Nessas ocasiões, sim, podemos e devemos fazer um show, com invenções, 'paradinhas' e tudo o que um show particular espera de nós. É só ligar para o Miro Lopes, assessor de imprensa da Beija-Flor de Nilópolis, e iremos aonde formos contratados para isso", conclui. Para Shows, contato com Miro Lopes (21) 2233-5889 - Barracão da Beija-Flor de Nilópolis, ou www.icultbras.org.br.




VESif6IO F&ÍCIO ALA: PASSISTA Edson Bittencourt (Edinho)

ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: lOS Descrição: Os Fenícios, navegadores ousados e engenhosos, foram os primeiros que se aventuraram para além das Colunas de Hércules, penetrando no perigoso Mar Exterior,

AEXPB>IçlO FENfaA NAS MATAS DO B.DORADO ALA: PASSISTAS NÚMERO DE COMPONENTES: 90 Descrição: Dispostos a encontrar um local que acreditavase ser um depósito de ouro, prata e pedras preciosas, os fenícios, exímios navegadores, realizaram uma expedição rumo ao Eldorado, tendo chegado às matas da imensidão amazônica; Floresta Tropical que também é chamada Floresta Equatorial da Amazônia ou Hiléia Amazônica, a maior floresta tropical pluvial do mundo, auto-suficiente na manutenção de seu equilíbrio.

o Oceano Atlântico. Fizeram circular histórias sobre mares em ebulição e outros perigos imaginários, como forma de desencorajar possíveis rivais. Há indicias de que navegantes Fenícios estiveram na região amazônica em busca de madeira-de-lei e riquezas minerais, local onde foram encontradas moedas fenícias do tempo do rei Salomão, o que fez com que ficassem conhecidos como guardiões dos tesouros escondidos.

Alegoria 03 "O Mistério Fenício e os Tesouros Perdidos no Ventre da Mata"

F@NJx ·O P&Aito DOURADO

F&«cro ALA: MACAPÁ NA BEIJA-FLOR NÚMERO DE COMPONENTES: 70 Descrição : O desenho de um pássaro semelhante à uma águia, com enormes asas abertas, de grande porte e com plumagem dourada, é presença constante em referências fenicias. Muitos correlacionam a imagem do pássaro à lenda de Fênix, sim bolo da ressurreição, e atribuem sua origem aos Fenícios, de onde o nome teria se originado. Dando asas à imaginação, os Fenícios partiram rumo ao Eldorado, uma cidade onde acreditava-se que as construções eram todas feitas de ouro maciço e existiam tesouros em quantidades inimagináveis.

NAVE6AN1E F&ÍCIO ·SUARDilO DOS TESOUROS ESOONDJDOS Revista Beija-Flor de Nilópolis

Edson Bittencourt, primeiro passista da Beija-Flor de Nilópolis "'


(ó)-~~DO A Era das Navegações - A Ambição Cruza as Águas de Tupã Os 'grandes olhos de cobiça' de além impulsionaram a expansão marítima, quando desbravadores, navegadores e piratas lançaram-se ao mar, superando o temor imposto pelas lendas e mistérios que rodeavam a travessia dos mares. Em busca de mitológicos 'Eidorados', diversos navegantes se despiram do medo que tinham das crenças que afirmavam que a linha do horizonte era um abismo e que os oceanos eram repletos de monstros marinhos e participaram de expedições à região amazônica. Américo Vespúcio, Francisco de Orellana, Vicente Yanez Pinzón, Luis de Melo e Silva e Duarte Pacheco Pereira, são alguns nomes dignos de destaque.

~1r~ ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: 110 Descrição : Pirata é um marginal que, de forma autônoma ou organizado em grupos, cruza os mares com o intuito de promover saques e pilhagens a navios e a cidades, a fim de obter riquezas e poder. Os tipos de benefícios pilhados variavam consoante os navios encontrados, e as principais riquezas obtidas pelos piratas eram metais preciosos- ouro e prata, dinheiro, jóias e pedras preciosas; seguidos de bens como linhos, roupas, comida, âncoras, cordas, medicamentos e especiarias. Famosos por seus atos de crueldade, os piratas possuíam um código de conduta próprio, e eram indenizados em caso de mutilação.

~~[Dm ~ii~ ~~c

~~[Dm~

[Mg

JM§lllm

ALA: UNI-RIO &CAMALEÃO DOURADO

ALA: COMUNIDADE

NÚMERO DE COMPONENTES: 80

NÚMERO DE COMPONENTES: 105

Descrição : Diversas foram as investidas estrangeiras em território brasileiro. Expedições freqüentes foram realizadas pelos espanhóis, e há registras de que o navegador espanhol Vicente Yánez Pinzón esteve na região Norte em 1500, cruzando a Linha do Equador na região das Américas. Antes de chamar-se Macapá, o primeiro nome dado oficialmente a essa terra foi Adelantado de Nueva Andaluzia, em 1544, por Carlos V, então rei da Espanha, numa concessão ao também navegador espanhol Francisco Orellana.

Descrição: Com o nome de capitania da Costa do Cabo Norte, o território brasileiro sofreu diversos ataques ingleses, os quais, após a União Ibérica, intensificaram as incursões pelo litoral, chegando ao vale amazônico; onde passaram a construir fortificações. Na região do Amapá, fundaram várias, tais como: Tilletite, Uarimuacá, Torrego, Felipe e Cumaú. Em nossas terras, procuravam por madeiras, resinas, frutos corantes, óleos vegetais etc. Foram expulsos pelos portugueses.

~~c~

~llil~(ó)

ALA: CASARÃO DAS ARTES

ALA: COMUNIDADE

Descrição: OAmapá tem uma história de disputa e litígios, que envolve, dentre diversos povos, os holandeses, especialmente os corsos; que fizeram várias incursões para conquistar o Brasil, uma vez que não tinham autorização para praticarem o comércio em território brasileiro. Navegações em comboio e a comunicação entre os navios, através de sinais sonoros e visuais, procuravam combater a ação dos corsos holandeses, até que foram finalmente expulsos pelos portugueses.

NÚMERO DE COMPONENTES: 80 Descrição: Os franceses, assim como os ingleses e holandeses, passaram a reivindicar a posse das terras situadas na região do Amapá no século XVIII. Em 11 de abril de 1713, foi assinado o Tratado de Utrecht, que estabeleceu o rio Oiapoque como limite entre o Brasil e a Guiana Francesa; porém, este limite não foi respeitado pelos corsários franceses, que persistiam com seus ataques, na busca de matéria-prima e índios para aprisionar. A realização de expedições militares e a construção da Fortaleza de São José do Maca pá, foram instrumentos mais eficazes na proteção das fronteiras.

NÚMERO DE COMPONENTES: 80

Alegoria 04 "A Era das Navegações - A Ambição Cruza as Águas de Tupã"

Fevereiro 2008

63


menção ao pesqueiro ribeirinho e aos peixeiros que vivem às margens dos rios amapaenses.

Na Estrela Mairi, Fortaleza de São José de Macapá Realidade e a fantasia se fundem na ocasião da construção da Fortaleza de São José de Maca pá, protegida pelo Santo José, cuja imagem situa-se bem à frente do forte. Construída

[M~~c~~mw~~

às margens do Rio Amazonas, a partir de uma grande mu-

(G)lUJ~ ~ ~lUJ~ M

ralha de pedra, a obra teve início em 1764, e só terminou em 1782, dezoito anos mais tarde.

~

O mito Waiãpi da recriação do mundo, após os cataclismos

ALA: BORBOLETAS &TRAVESSIA NÚMERO DE COMPONENTES: 80

enviados porTupã, e a chegada dos portugueses para a construção do Forte, se mesclam ao promoverem o surgimento da cidade de Macapá ou o ressurgimento da vida; sendo

Descrição: Os negros escravos foram essenciais na construção da Fortaleza de São José de Macapá, obra que

que o Índio Mairi, uma estrela descida do céu de Tupã, veio

começou em 1764 e só ficou pronta em 1782, dezoito

a se tornar, muito provavelmente, a própria Fortaleza de São José de Maca pá.

anos mais tarde. A história da utilização da mão-de-obra compulsória dos negros africanos está ligada à Vila de

~lUJmciAJI]~~ aJA\ w~@mm~~!

Curiaú, sítio histórico e ecológico localizado em Macapá, cuja população é constituída de negros remanescentes de escravos, os quais formaram um quilombo, fugindo dos maus tratos a que foram submetidos durante a construção da fortificação. Em Curiaú, os negros conservam a cultura e a tradição de seus ancestrais.

ALA: ÉLUXO SÓ NÚMERO DE COMPONENTES: 70 Descrição: Os portugueses viram crescer os 'grandes olhos da cobiça' de além e, cansados das investidas estrangeiras à região amazônica, ocorridas desde o início do século XVI, optaram por uma medida mais enérgica, visando assegurar a posse definitiva da região, e construíram diversas fortificações. A maior delas, a Fortaleza de São José de Maca pá, como o próprio nome sugere, foi construída em Maca pá, a partir de uma grande muralha de pedra.

~~ciA\YIIDIA M~~IDXOO)moo ALA: DÁ MAIS VIDA

IA DIA ~ IDXOO) lFlDlJHK01S) [DlE1J1UJ[p)! ALA: AMIGOS DO REI NÚMERO DE COMPONENTES: 120 Descrição: O encontro de dois mitos - o culto indígena e o cristianismo, retratado consoante as narrativas Waiãpi, que contam que "um finado que esteve preso na Fortaleza entendeu que ali, ou Tupã ou lanejar deixou sua pele para ir viver alhures ao ser morto ou pelos brasileiros ou pelos Waiãpi; e que viu, na imagem de Cristo preso à cruz, na própria pele de Tupã, os resíduos do sangue, que serviu de tinta para a escrita primordial, inventada por lanejar, recusada pelos Waiãpi e apropriada pelos brasileiros':

NÚMERO DE COMPONENTES: 90 Descrição: Por definição, o termo caboclo deriva do Tupi caá-boc, e é usado para designar o mestiço de branco com índio. Também chamado caboco, mameluco, cariboca ou curiboca, a antiga designação do indígena brasileiro comumente é utilizada enquanto referência para aquele que tem a cor acobreada; acobreado. O caboclo pescador faz

64

Revista Beija-Flor de Nilópolis

(Õ) ~ lDlE M'A\R[ c IA\~

~ ALA: COMUNIDADE www.beija-flor.com.br


NÚMERO DE COMPONENTES: 105 Descrição: Segundo um mito Waiãpi, Mairi é uma panela de barro gigantesca, de fundo pontiagudo e boca virada para baixo, que os humanos ergueram de maneira im-

rA ~(Q) lDlE ~~m

c

(Q) rFJWÕ)JI

~

provisada, com a finalidade se proteger, primeiro de um

ALA: COMUNIDADE

incêndio, e depois de um di lúvio, ambos provocados por lanejar, o (re)criador Waiãpi desse mundo onde vivemos e agimos como ramos inconciliáveis da humanidade. O Índio Ma iri, uma estrela descida do céu de Tupã, veio a se tornar, muito provavelmente, a Fortaleza de São José de Macapá, consoante testemunho ocular.

NÚMERO DE COMPONENTES: 105 Descrição : Acredita-se que, no tempo mítico, todos os povos viviam juntos e teriam sido separados pela intervenção do herói criador, lanejar ('nosso dono'), que provocou primeiro um incêndio depois um dilúvio. lanejar, que inventou a escrita primordial, sempre ameaça destruir a humanidade. A grandiosa nação Waiãpi, um dia viu, na pele branca portuguesa, a reencarnação de lanejar.

Alegoria 05 "Na Estrela Ma iri, A Fortaleza de São José de Maca pá "

Janailce Adjani e Carlos Augusto, segundo casal de Mestrei i i I I


6 Mazagão de Além-Mar - Semente de Origem Africana No século XVIII, Marquês de Pombal, estrategista durante o reinado de D. José, decidiu que toda a cidade africana de Mazagão, localizada ao norte da África, no atual Marrocos, seria transferida para a região Amazônica, no Brasil, outra região sob o controle de Portugal, que precisava assegurar sua soberania. Desse modo, a fortificação africana foi abandonada e destruída, tendo os seus habitantes migrado para o Brasil, onde fundaram a Vila de Nova Mazagão, atualmente apenas Mazagão, no Amapá . Um povoado remanescente chamado Mazagão Velho cultivava o hábito de celebrar a festa de São Tiago, onde é revivida a luta contra os mouros.

WNNlJJJ~/!@ c~~~~ ~ffMJJIJ~ ALA: BEIJERÊ &MUVUCA NÚMERO DE COMPONENTES: 115 Descrição: Mazagão é um município ao Sul do Estado do Amapá e também nome dado à uma cidade localizada no norte da África, atual Marrocos. Cerca de 340 famílias foram transferidas da África para o Brasil, chegando à cidade de Belém em 1770 e partindo para Nova Mazagão em 1773. Uma década depois uma grande epidemia assolou a região, e os sobreviventes conseguiram permissão para migrar para onde quisessem, levando consigo algumas lembranças da terra natal, como o gosto por tecidos, jarros e pedrarias.

~~~(O)aa fPaO)~ ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: 70 Descrição : Em 1769, o Marquês de Pombal, estrategista durante o reinado de D. José, decidiu que toda a cidade africana seria transferida para a Amazônia, no Brasil. Com isso, a fortificação na África foi abandonada e destruída, tendo os seus habitantes partido para o Brasil, onde fundaram a Vila de Nova Mazagão. Da África, trouxeram, dentre outras coisas, a aptidão para o comércio.

~Q~~~mc~ ~llD-~~ ALA: COMUNIDADE- ENERGIA

NÚMERO DE COMPONENTES: 120 Descrição : Guerra Santa é um fenômeno sóciopolítico de caráter religioso que tem nas Cruzadas e na Jihad islâmica as suas maiores expressões. Nos tempos do Brasil colônia, a história das Cru zadas, com lutas entre cristãos e mouros, teve largo uso na catequese dos gentios como fábula da conversão ao cristianismo. Disseminou-se, por todo Brasil, uma versão de defensores da Lei de Cristo que vencem os infiéis e os fazem aceitar a "água do batismo·~


(O)~ ~~[R{O) M ~c

ID)~hi~~~~

d(O)

ALA: COMUNIDADE

ALA: COMUNIDADE

Descrição: Uma área situada às margens do rio Mutuacá, no atu ai Estado do Amapá, foi escolhida para abrigar os negros - alguns ainda escravos -vindos da África, pois a Vila de Nova Mazagão, na região Amazônica, Brasil, assim como a Mazagão africana, era submetida ao controle português, que necessitava de garantias de soberania. O plano urbanístico da região ficou a cargo de um arquiteto italiano.

NÚMERO DE COMPONENTES: 70 Descrição: Opovoado da Vila de Nova Mazagão (atualmente apenas Mazagão) serviu de apoio militar à Vila de Maca pá, que surgiu ao redor da Fortaleza de São José de Macapá. Sobre o povoado de Mazagão, cabe informar ainda que celebravam a Festa de São Tiago, onde se revivia a luta contra os mouros.

NÚMERO DE COMPONENTES: 70

Alegoria 06 "Mazagão de Além Mar- Semente de Origem Africana"


Marco Zero do Brasil - Equinócio em Poesia no Meio do Mundo O Monumento do Marco Zero localiza -se num amplo complexo turístico-cultural, o Parque Meio do Mundo, em Maca pá, capital do Amapá e única capital do Brasil'cortada' pela Linha do Equador; a linha imaginária que divide a superfície da Terra em dois hemisférios: o Hemisfério Norte ou Setentrional, e o Hemisfério Sul ou Meridional. O Marco Zero é um obelisco de 30 metros de altura, que tem uma abertura no alto. De lá, é possível observar o fenômeno do Equinócio, quando em duas ocasiões no ano, em março e setembro, ao entrar a luz do Sol, uma bola de luz é projetada, a qual cai na Linha do Equador. Tal qual uma grande ciranda, Macapá abraçará todas as localidades 'atravessadas' pela Linha do Equador.

ALA:CABULOSOS NÚMERO DE COMPONENTES70: Descrição: Sumatra ou Samatra (a grafia e a pronúncia são discutidas) é a maior ilha inteiramente na Indonésia, eé dividida em oito províncias. Formada entre os séculos VIl e XIV, a ilha tropical é detentora de fauna e flora vastas e exuberantes, sendo habitada por diferentes grupos étnicos, consoante a região e zonas da ilha; sendo cada qual com a sua cultura, costumes, tradições, arquitetura e forma de vida. Pode-se dizer que a ilha de Sumatra está dividida em duas zonas climáticas, uma vez que é cortada a meio pela Linha do Equador.

ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: 105 Descrição: A República da Indonésia é o maior arquipélago do mundo, e também o quarto país mais populoso. Tipicamente tropical, faz fronteira com o mar da China, com o Oceano Índico e com Oceano Pacífico. As formas de arte na Indonésia foram influenciadas por várias culturas, destacando-se as famosas dançasjavanesas e balinesas, os espetá cu los de teatro

68

de sombras e o vestuário, sendo que as diversas cerimônias e festividades incluem coloridas danças e dramas. A maior parte da população é mulçumana, e a localização entre dois continentes (Ásia e Oceania), faz da Indonésia uma nação transcontinental, cuja capital é Jacarta.

ALA: SIGNOS NÚMERO DE COMPONENTES: 80 Descrição: OQuênia (ou Quénia) é um país da África Oriental, que tem uma cultura predominantemente popular e multifacetada, em virtude de um número extraordinário de tribos diferentes, como os altivos e temidos guerreiros Massai; os poderosos Kikuius; os exóticos Samburus, com seus braceletes e colares de contas e os simpáticos Lu os, dentre várias tribos. Éum país onde tudo respira vida; tudo lateja com uma força interior que vaza por todos os locais, tanto nas cidades quanto nas paisagens, bem como na fauna e na flora

~ü~ a~- WA\~(0) IHI

D

o

ALA: COLIBRI DE OURO &TUDO POR AMOR NÚMERO DE COMPONENTES: 80 Descrição: O Equador, oficialmente República do Equador, é um país da América do Sul que, além do território con tinental, possui também as ilhas Galápagos. O país, que é cortado ao meio pela Linha do Equador (que o nomeia e divide a Terra em dois hemisférios), atrai pela diversidade natural. Há paisagens extremamente distintas no Equador, sendo válido conhecer suas quatro regiões principais - selva, serra, costa e Galápagos. Sua capital é Quito.

a

OOWÁ\ [p)~mrJA\ fiO)

11\'lllln\n\\JUI\'111\10

~~ ~

ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: 100

Revista Beija-Flor de Nilópolis www.beija-flor.com.br


Descrição: Colômbia, que significa 'terra de Cristóvão Colombo', é um dos países da América do Sul 'atravessados' pela Linha do Equador. Administrativamente, é dividido em 32 departamentos e 10 distritos. A bandeira da Colômbia possui três listras: uma amarela, uma azul e uma vermelha; sendo a República a forma de governo. A língua oficial é o castelhano, herdado dos colonizadores espanhóis que foram metrópole do país até o início do século XIX. Colômbia, cuja capital é Bogotá, possui o Bambuco e a Cumbia como músicas típicas.

Uganda, Quênia, Somália, Maldivas, Indonésia, Kiribati, Equador, Colômbia e Brasil.

/A~MW~OO

mR\Yibl ALA: VELHA GUARDA NÚMERO DE COMPONENTES: 42 Alegoria 07

(O) M~~ ID)~ B~

00~(0)

"Marco Zero do Brasil Meio do Mundo"

ALA: COMUNIDADE NÚMERO DE COMPONENTES: 150 Descrição: O Ma rabaixo, assim como o Batuque, são ritmos criados pelos negros escravos, nos porões dos navios, há 500 anos. Tradição da cultura amapaense, a Festa do Marabaixo é uma ce lebração em homenagem ao Divino Espírito Santo. A manifestação folclórica onde as pessoas dançam em círculo, ao ritmo dos tambores, acontece sempre depois da quaresma. O momento mais importante da festa é o Encontro dos Tambores, quando cada grupo exibe seu mastro enfeitado com flores e uma imensa bandeira do Espírito Santo. Para garantir energia, os dançarinos bebem gengibira.

~MIA~ ~~(O) ID)lf/A\ ALA: BAIANINHA NÚMERO DE COMPONENTES: 150 Descrição: A Linha do Equador é uma linha imaginária que resulta da intersecção da superfície da Terra com o plano que contém o seu centro, e é perpendicular ao eixo de rotação. Divide a superfície da Terra em dois hemisférios: o Hemisfério Norte ou Setentrional; e o Hemisfério Sul, ou Meridional. No Brasil, a única capital que é cortada pela Linha do Equador é Maca pá, no Amapá, onde há o Marco Zero. A Linha do Equador cruza os Oceanos Atlântico, índico e Pacífico, bem como os territórios de: São Tomé e Príncipe, Gabão, República do Congo, Repúbl ica Democrática do Congo,

Edson Celulari na bateria da agremiação.

Equinócio em Poesia no



DESTAQUES PRINCIPAIS FLOAT RIDERS: Débora Zampier

Muita coisa mudou desde a fundação do Bloco Associação Carnavalesca Beija Flor, que completa 60 anos em 2008. Com o apoio maciço da comunidade, a agremiação saiu do anonimato para ocupar o cargo de atua I campeã do carnaval carioca. Só que nesse trajeto, a escola também arrebatou corações de pessoas que, mesmo longe de Nilópolis, não vêem limites físicos ou financeiros para se dizerem BeijaFlor de corpo e alma. São os destaques principais. Nos carros alegóricos, eles ostentam a beleza, o glamour e muitos quilos de roupa durante os 80 minutos de desfile. Cantam o samba, dançam, mostram ao público e aos jurados a fantasia adquirida a peso de ouro ou confeccionada de próprio punho meses a fio. Afinal, a massagem no ego vai ao encontro de um objetivo coletivo: o sonho de dar mais um título à Beija Flor. Mesmo sem contarem pontos exclusivos, como acontece com a comissão de frente ou o casal de mestre-sala e porta -ban deira, os destaques principais ajudam a impulsionar pontos nos quesitos "alegorias e adereços" e "fantasia': Não importa a posição do queijo: eles podem vir no alto, meio e lateral do carro alegórico ou até mesmo no chão, mas nunca deixam de ser as atrações no carnaval. Muitos destaques usam suas fantasias em concursos ou até alugam para exposições e eventos, afinal, uma roupa pode chegar ao preço de um carro popular, e o investimento vem do próprio bolso. Ao longo de sua existência, a Beija-Flor atravessou a Sapucaí apresentando destaques memoráveis, como Pina h Ayoub e Jésus Henrique, entre tantos outros. Em breve, já autorizado pelo presidente de honra da agremiação, todos os destaques terão seu devido reconhecimento em um livro- tributo sobre o assunto que está sendo produzido pelo Instituto Cultura Brasileira, pela Beija-Flor de Nilópolis e pela Da Fonseca Comunicação Integrada, que produz a revista Beija-Flor de Nilópolis - uma escola de vida desde 2002. Entretanto, a matéria a seguir adianta uma homenagem aos aluais destaques principais da escola, além da reverência àquela que é a rainha dos destaques, lsabela Dan tas.

A lot lws c/uiJlged si11ce thejàwulillg qf Bloco Associaçào Camal'({/esca Beija-Flor 60 ycars ago. With lhe strong su pport c!{ til e com111U 11ity, til e associai io11 lws rise11 ji·om rc/atil•c mwnymity to lhe positio11 as rcigning c/wmpion of Rio:s camil'({/. During this tmjectory, lhe schoo/ has won o1•er the il<'arts qfpcop/e 11'110, cuellllwuqh they may lillcfar from Nilôpo/is, do11't /ct physica/ or.fillliJlcia/ limits inteljére illtheirdedication to Beija-Flor. Wc'rc Ia/king abollltll<'j7oat ridcrs. Alwanlthej7oats, thcy shml' q[{thc bcauty, glamour mui ki/os of e/olhes duri11g lhe 80-mimtle para de. They siii[J lhe samba, da11cc, slww lhe public {//1(//he jury mem/Jers lhe cosi umes acquiredjbr ti/C ir weigllt in gold or ma de by their own/1(/Jlds o11cr long months. A.fier ali, massaging thcircgos gocs hmul inlwnd with a collcclillegoal: thedrcam q{bringi11g al/othcr title to Beija-Flor. IIWIIY

EJ•entlwugh tlwre are 110 points awarded specijicallyjbr thcm, as lwppcns with thefnmt com1nission (til c lead uni/ qfdallcers) or thc slllndard bcarer and 11/l/S/er qfccremonies couple, thej7oat riders hclp gai11 points in lhe categories }Jo[lfS and adomme11ts" mui "costumes". Tlwir position docsn't ma/ter. 'i11<'y ca11 /Je a/ lhe top ce11ter of the j7oa/, 011 the sides, or CI'CII a/lhe lwllom, /Jutthcy IICI'Crfai/ lo be biy attmctio11s at camimltime. Many qflhclll use Jlwircos/umes in compelitiolls oreJ•e11 re111 them outjàre.rpositions mui e/lcnls.ln lhe .final mwlysis, a cosi wne can costas much as a compact car multhc oullay comcsjivm thcir O//J/1 pockcts. J1mmglwut its history, Beija-Flor lws pasçcd down Sapucai AI'CIIIIC pn·scl/1 i11y mcmorablc j7oal ridcrs, such as Pina h Ayou/J mui Jésus HCIIriquc, among so nw11y others. Slwrtly, as authorizcd by Bc[ja-Flor:'> lunwrary prcsident, ali thcj7oat ridcrs will rcccil'c thcir duc rccoqllilioll in a tribute /Jook produccd Íll a joint (jJort by til~ Bra:âlian Cultural Insti~ tufe, Bc[ja-Fior qf Nilópolis and Da Fonseca Comunicaçâo liltcyrada, lhe /a/ler ofwilich lws published this magazine "Beija-Flor ofNilôpo/is - A sc/wol ofl[/('" sincc 2002. Tile projiles be/ow gil'e a s11cak prePiCUJ ofthe book's contcnt, witil !hum/mail sketcilcs ofBcija-F/or 's float ridcrs, pay iny special re1 1crcnce to lhe "quccn of lhe j7oat ridcrs ", lsa/Jc/a Dantas.


,

FABIOLA [Q)~\YJ~[Q) ligação da jornalista e advogada Fabíola David com a Beija Flor se confunde com outra grande história de amor: pelo marido Anizio Abrão David, presidente de honra da escola. A primeira participação como destaque principal na escola foi em 1989, um ano depois de conhecer Anizio. A posição no carro abre-alas só veio em 1992, com o enredo "Há um ponto de luz na imensidão':

A

Amante de um bom livro- atualmente ela está envolvida na leitura do "Conversando com Deus", de Neale Donald Wa lsch - , Fabíola recebe com natura lidade e orgu lho o posto de Destaque Principal do carro Abre Alas: "Cada componente tem o seu papel na Beija-Flor. O papel do Destaque Principal do carro Abre Alas é, antes de mais nada, o de receber com alegria e empolgação o púb lico que assiste à escola desfilando na Avenida. Se entramos na Avenida vibrantes, passamos isso para o púb lico, despertando o interesse dele em ver a nossa ag remiação desfilar':

e connection ofjournalist and lawyer Fabíola David with Beija Flor goes hand-in-hand with another great ove story: that for her husband Anizio Abrão David, the school's honorary president. Her .first participation as a main destaque (fioat rider} for Beija-Flor was in 1989, a year after she met Anizio. My position on the opening jloat only came in 1992, with the theme ''There's a Point ofLight in the Immensity". A lover of good books - she's currently reading Conversations with God by Neale Donald Walsch - Fabíola is naturally proud ofher position as the main rider on the openingjloat: "Every member has their role with Beija-Flor. The role of the principal character aboard the lead jloat is, above ali, to set the tone ofjoy and emotion for the public watching us parade down the avenue. If we start offvibrant, we pass this to the public, triggering their interest in seeing us."

Sua dedicação na Sapucaí já rendeu elog ios de gente consagrada no carnaval, como a destaque Hermínia Paiva: "Hoje, tenho certeza de que a Fabíola David é a principal representante das Destaques. Sua alegria, sua empolgação, sua capacidade de acolher o público com sua dança e beleza a tornam realmente única. Além disso, ela é querida pela comunidade de Nilópolis por estar sempre ao lado do seu marido Anízio", comenta.

Her dedication on SapucaíAvenue has won praisefrom otherfamous carnival personalities, such as HermíniaPaiva. ''Today I'm certain that Fabíola David is the main representative of the jloat riders. Her happiness, excitement, ability to attract the public with her dancing and beauty really make her unique. Besides this, she's loved in the Nilópolis community for always being by the side ofher husbandAnízio," she comments.

"Nessas quase duas décadas de Beija-Flor, conheci e aprendi a respeitar a comun idade de Nilópolis, reconhecendo o amor que essas pessoas tem pelo Anízio e buscando, de minha parte, devolver o carinho com que me recebem, ao Anízio e aos meus filhos. Acho muito bonita a história de auto-superação deles: "Quando a escolacomeçou ase projetar, aauto-estimadas pessoas aumentou muito, começaram a bata lhar para fazer uma cidade melhor. E, hoje, Nilópolisé uma cidade especia l. Rco feliz por eles epor minha família também poissabemosqueoAnízio émuito bom para esse povo, dando a ele oportunidade de uma vida mel hor':

ln these nearly two decades with Beija-Flor, I've come to know and respect the Nilópolis community, recognizing the lave they havefor Anízio. I try to do my part, returning the lave I receive, to Anízio and my children. A think the community's story ofrising to the occasion is wondeiful: "When Beija-Flor .first started to really stand out, people's self-esteem increased a lot, they started to.fight to make their city better. And today, Nilópolis is a special city. I'm happy for them, and for my family too, because we know that Anízio's been very good to these people, giving them a chance to change their lives."

Mãe coruja de Gabriel, 10 anos, e Micaela, 4, Fabíola tem orgulho de manter os filhos próximos da escola. "Sempre que possível os levo para participar dos eventos na comun idade. Eu falo para o Gabriel que é importante dar continuidade ao traba lho do pai. Ele pode ter a profissão que quiser, mas aquele é um traba lho social que deve ser mantido':

MotherofGabriel, 10, andMicaela, 4, Fabíola makes a point of keeping her kids involved in local activities. "Whenever possible I take them to participate in community events. I tell Gabriel thatit's importantto carry on hisfather's work. He can be anything he wants in life, but the social work must be maintained."

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


cearense José Nogueira Ribeiro faz parte do

O

seleto grupo de destaques principa is da Beija Flor. Entretanto, muitos só saber iam de quem se trata ao revelarmos que esse é o nome de batismo do estilista Zezito Ávila. Aos 46 anos, o atual representante dos destaques da Beija-Flor confessa uma curiosid ade: o azu l e branco nem sempre foram as cores do coração. "Fui me adaptando à escola, como uma família . Atualmente a Beija-Flor é tudo para mim, aliás, tudo o que tenho é graças a ela'~ Se hoje Zezito faz shows e exporta suas fantasias para Ásia, América e Europa, o passado mostra que nem tudo veio fácil. Há 12 anos, ele perdeu seu ateliê em um incêndio e o carro em um acidente. Quando decidiu se mudar para uma casa no Leblon, ela precisou ser demolida. "la sa ir de vez do Brasil. Foi quando conheci um pai-de-santo em Nilópolis que fez uma aposta com igo. Ele disse: 'Não vá embora, pois tudo o que você perdeu, vai recuperar"~ Hoje, Zezito é um workaholic realizado. "Não tive filhos, não me casei, meu trabalho representa o que eu sou. Não faço só por dinheiro, mas por emoção'~ O estilista conta que era destaque de chão até o dia em que a veia artística - e a va idade -falaram mais alto. "Em 2001, achei que tinha capacidade de fazer uma roupa melhor. Cheguei com ela no barracão e disseram que estava muito bonita, que eu precisava vir como destaque'~ A partir de então, ele se agarrou à chance e nunca mais desceu dos carros. Embora apaixonado por seu papel na aven ida, o estilista acredita que os destaques andam menosprezados. "N ão estou falando de Beija-Flor, mas em escolas de samba em geral e, principalmente, em termos de míd ia. Gastamos uma fortuna em roupa, carrega mos peso, embelezamos o Desfile e não temos o nosso va lor reconhecido. Queremos respeito, porque no fundo nós valorizamos a alegoria da escola e levamos luxo e beleza à Avenida'~

e Ceará native osé Nogueira Ribeiro is part of the select group of Beija-Flor float riders. However, many only would know who this is when revealing that this is the given name of the stylist Zezito Ávila. At the age of 46, the current Beija-Flor float rider confesses a curious fact: blue and white weren't always the colors of his heart. "I adapted to the school, like a family. Now Beija-Flor is everything to me, all I have I owe to it." Nowadays Zezito may put on shows and export his costumes to Asia, the United States and Europe, but things weren't so easy in the past. Twelve years ago he lost his atelier in a .fire and his car in an accident. When he decided to move to a house in Leblon, it had to be demolished. "I was going to leave Brazil for good. It was when I met a pai-de-santo (Candomblé holy man) in Nilópolis who made a bet with me. He said: 'Don't leave, because everything you lostyou'll get back"'. Today, Zezito is a satis.fied workaholic. "I don't have any children, I'm not married, my work represents who I am. I don't do it just for money, I do it for emotion." The stylist recounts that he was one of the personalities on the ground until the day that his artistic ability - and vanity- spoke louder. "ln 2001, Ifelt I had the ability to make a better costume. I arrived with it at the staging area and everyone said it was really beautiful, that I needed to wear it as a float rider." From that point on he's never gotten down from the floats. Although in love with his role on the avenue, he believes that thefloatriders are sometimes not appreciated enough. 'Tm not speaking about Beija-Flor, but about samba schools in general, and particularly the media. We spend afortune on our costumes, which are really heavy to wear, we beautify the parade and aren't recognized enough for this. We want respect because in the final analysis, we add value to the floats and bring luxury and beauty to the avenue."

Fevereiro 2008

73


riginally from Denmark and living for many years in the city of São Paulo, she's a photographer, and typically light-skinned. For 25 years, Linda Conde was cons idered w rong to be a.fioat rider in Rio 's carnival. "I was ali wrong for the standards, which when I started generated somejealousy. There were lots ofproblems at the start, but no longer."

O

Her first participation on Sapucaí Avenue was for União da flha in 1982. At the time that school was small and she paraded on the ground. "They always promised to arrange a spot on one of the .fioats, but nothing ever happened. Nobody wanted me to be up there, but I was determined anyway." Linda recalls that the fact the carnival desig ner at that time didn't know her meant that this was her first and last appearance for that school. "But I really wanted to continue somewhere else," she reveals. It didn't take long for her desire to materialize with BeijaFlor. "Ajter that carnival, someone said that Joãosinho (Trinta) had seen my photo with União da flha taking up egr, a

inamarquesa radicada na capital paulista, branca e fotógrafa, há 25 anos, Li nda Conde passava longe do perfil dos destaques principais que desfilavam no carnaval carioca : "Eu era toda errada para os padrões, o que acabava gerando ciúmes. Houve muito problema no início, hoje não mais".

O

Sua primeira participação na Sapucaí fo i pela União da Ilha, em 1982. À época, a escola era pequena e ela acabou desfilando no chão. "Sempre prometiam que me arrumariam um lugar no carro, e nada . Ninguém queria que eu fosse, mas eu ia de qualquer jeito, não estava nem aí". Linda lembra que o fato de a carnavalesca não a conhecer colaborou para que essa fosse sua primeira e última aparição na escola. "Mas eu queria muito começar de novo", conta. Não demorou muito para que o desejo de Linda se concretizasse e ela caísse nas graças da Beija-Flor. "Depois do carnaval, algu ém disse que Joãosinho (Trinta) viu minha foto na União da Ilha ocupando uma pág ina inteira como manchete. Fui conversar com ele e acabamos mu ito amigos·: Sua estréia na Beija Flor como destaque principal aconteceu no ano seguinte, com o enredo "A Grande Constelação das Estrelas Negras·: Mesmo distante de Nilópolis- são cerca de 417 km entre a cidade da Baixada Flum inense e a cap ital paulista -, Linda faz questão de se manter próxima á comun idade e aos eventos pré e pós Sapucaí. "Eu sempre me dei bem com todo

Revista Beija-Flor de Nilópolis

t

âs:'"Herdeõutwttlí:Beya-

Flor as a .fioat rider occurred the following year, with the theme "The Great Constellation of Black Stars". Even living far from Nilópolis - it's 417 km from there to São Paulo - Linda has made a point of keeping elos e to the community and the pre-carnival events. 'Tve always gotten along great with everyone; there are many events in Rio that I attend. When I arrive at the staging area, everyone greets me with a kiss. " .lftoday Linda enjoys goodfriendships even with the school's president, she stresses that her determination is what guaranteed her position as a .fioat rider in the first few years with Beija-Flor. "When I started I didn't have the backing ofanyone big, but I wanted to be a.fioat rider. Today Anizio is someone I really like, and is really on my side. I give my all for Beija-Flor."

mundo, existem muitos eventos a que vou , no Rio. Até hoje quando chego no barracão todos vêm me be ij ar". Se hoje Linda desfruta de uma boa amizade até com o presidente de honra da escola, também faz questão de frisar que a determinação garantiu sua posição de destaque nos primeiros anos de Beija-Flor. "Quando comecei não tinha costas quentes, mas queria porque queria aquele lugar. Hoje o Anizio é uma pessoa por quem eu tenho muito carinho."

www.beija-flor.com.br


m cabe leireiro cujo maior hobby é confeccionar fantasias e participar da grande festa que é o carnaval do Rio. Essa é __,...,.....,.....,.,....,'"'"""...,....~...,....,..,

U

uma boa defin ição para quem procura saber mais sobre a vida do destaque Paulo Robert, 46 anos: "Mesmo como cabeleire iro, sempre t ive uma responsabilidade muito grande com o carnaval. Mas nunca precisei dele para sobrevivência': A trajetória até o posto de destaque começou quando Robert saiu de Silva Jardim (RJ) e se mudou para Niterói, aos 18 anos. Durante o curso de Belas Artes, conheceu pessoas ligadas à Unidos da Ponte: "A vida era compl icada, não tinha grana para sair no carro. Mas quando se gosta de carnaval isso independe, se precisasse ir empurrando carro, eu ia também", lembra. Segundo ele, o carinho já era enorme pela Beija-Flor: "Tinha como uma meta , parecia uma super escola ': A segunda agrem iação do cabeleireiro foi a Portela, seguida pela Viradouro. A amizade com o presidente José Carlos Monassa rendeu 18 anos como primeiro destaque da escola de Niterói: "O Monassa era amigo do Anizio, e eu sempre pedia autorização para sair na Beija-Flor", conta. Oprimeiro ano como destaque em Ni lópol is foi em 1995, com o enredo "Bidu Sayão e o Canto de Cristal': Depois da morte de Monassa, em 2005, Robert adotou de vez a Beija-Flor como escola do coração. Campeão absoluto em concursos de fantasias, Robert credita seu sucesso à in terpretação que dá a cada personagem: "Na avenida não adianta só cantar o samba, ali é um palco, uma ópera". Por fim, argumenta que o destaque ajuda na pontuação e é decisivo na apresentação da escola: "Odestaque devia passar a contar pontos e ter mais apoio, porque o nosso papel hoje é investir do nosso bolso para ajudar a escola. E eu ainda fa lo de uma posição muito confortáve l, nunca fui mal receb ido ou desmerecido, mas vejo isso por todos os destaques".

hairdresser whose main obby is to make costumes and take part in the huge party that is Rio's carnival: this is a good description of Paulo Robert, 46. "Even as a hairdresser, I've always had a big responsibility with carnival. But I don't rely on it to survive."

His path to the position as float rider started when Robert left the city of Silva Jardim in Rio and moved across the bay to Niterói when he was 18. While studyingfine arts, he met people associated with Unidos da Ponte. "My life was complicated. I didn't have enough money to put gas in my car to go out at night. But when carnival was involved, this didn't stop me. I'd have pushed the car if I had to," he remembers. According to him, he's always had a soft spot for Beija-Flor. "By goal was to appear with a super school." His second samba school was Portela,followed by Viradouro. His friendship with its president José Carlos Monassa guaranteed him 18 years as a float rider with the school.from Niterói (Viradouro). "Monassa was a jriend of Anizio's, and I always asked for permission to parade with BeijaFlor," he says. His first year as a float rider for Beija-Flor was in 1995, with the theme "Bidu Sayão and the Voice of Crystal". After Monassa died in 2005, Robert switched permanently to Beija-Flor. A true champion in costume creation competitions, Robert credits his success to the interpretation he gives to each character. "On the avenue, it's not enough just to sing the samba. It's a stage out there, an opera." The float riders help gain points .from the judges and are decisive in the school's presentation. 'The float riders should count even more points and have more support, because our role today is to invest.from our own pockets to help the school. And I'm speaking.from a comfortable position. I've never been poorly received or belittled, but I've seen this happen to many otherfloat riders."

Fevereiro 2008

75


N

a vida de Zeza Mendonça, 51 anos, é carnaval o ano

todo. Quando não está na avenida como destaque

principal da Beija-Flor, a produtora de eventos realiza shows, participa de concursos, aluga e expõe suas fantasias e se apresenta dentro e fora do Brasil com o figurino que acumulou ao longo de décadas. "Quando eu era mais nova, via as fantasias dos concursos e ficava doida. Botei na minha cabeça: um dia eu ainda vou usar uma roupa dessas': O começo da carreira foi em Recife, quando Zeza se elegeu rainha do carnaval, em 1974. O primeiro contato com a Beija-Flor foi através do destaque Jésus Henrique: "Conheci-o em um concurso do Recife, na época ele era do Salgueiro. Eu já estava com idéia de voltar a morar no Rio, aí o Jésus me deu seu telefone e pediu que o procurasse quando chegasse". Uma vez no Rio, Zeza participava de desfiles e shows, mas ainda não tinha contato com uma escola de samba: "Eu fui a reuniões na Ilha, na Mangueira, mas eu queria mesmo era sair na Beija-Flor':

E

the life of Zeza Mendonça, 51, carnivallasts the entire ear. When she's not on the avenue as a float rider for eija-Flor, the eventproducer arranges shows, participates in competitions, rents and shows her costumes and makes personal appearances in and outside Brazil. "When I was younger, I saw the carnival costumes and went crazy. I got it into my head: one day I'm going to wear clothes like that." Her career started in the city of Recife, when Zeza was elected carnival queen in 1974. Her first contact with BeijaFlorwas throughfloatrider Jésus Henrique. "I met him in a competition in Recife, at the time he was with Salgueiro. I already had the idea of coming to live in Rio, and Jésus gave me his phone number and asked me to call him up when I arrived." Once in Rio, Zeza participated in fashion shows, but didn't have any contact with a samba school. "I went to some meetings at flha, at Mangueira, but what I really wanted was to parade with Beija-Flor."

Engana-se quem pensa que o conta to com Jésus, já na Beija-Flor, facilitou alguma coisa: "Apesar de trabalhar com ele nos shows, Jésus não me chamava, fui a Nilópolis com as minhas próprias pernas. Cheguei ao barracão e disse para o João (Trinta) que queria desfilar e ser destaque, olha que pretensão", ri. Os primeiros desfiles foram no chão, ea primeira participação como destaque aconteceu em 1978, com o enredo "A criação do mundo na tradição nagô': "Quando eu me vi no carro, você não tem noção a emoção que foi", recorda.

But it's not correct that the contact with Jésus, by this time with Beija-Flor, facilitated anything. ''Although I worked with him on some fashion shows, Jésus didn't call me to come to Beija-Flor. I went to Nilópolis on my own initiative. I arrived at the staging area and told João (Trinta) that I wanted to parade and be afloat rider. What gall," she laughs. Herfirst parades were on the ground, and her first participation as a float rider carne in 1978, with the theme "The Creation ofthe World in the Nagô Tradition". When I saw myself up on the float, you don't know how happy I was," she recalls.

Apesar do amor pela posição que ocupa há 30 anos na Beija-Flor, Zeza reconhece que os tempos estão difíceis, e que já não basta vontade para ser destaque principal: "Você não tem idéia do custo da roupa, chega a 10, 15 mil reais. Eu acho que esse pode ser meu último ano, o problema do turismo está muito forte, e eu dependo disso. Não é como antes, dois, três shows ao dia': Em 2008, o responsável pela roupa de Zeza é o também destaque Zezito Ávila.

Despite her lave for the position she's occupied for the past 30 years with Beija-Flor, Zeza recognizes that it's getting harder, and that it's not enough just to have the desire to be one of the main float riders. "You have no idea of how much the clothes cost. It can be as much as R$ 10, 15 thousand. I think this may be my last year, the travei problems affecting tourism are really strong, and I depend on this. It's not like it was bifore, when I could do two, three shows a day."

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


P

restes a completar 12 anos de Beija-Flor, o destaque principal Maurízio Médici explica porque, mesmo paul istano, é Ni lópolis no carnava l: "Eu acho que

escolhi a Beija-Flor porque é o coração que manda. Ela é grandiosa, luxuosa, tem também as cores, azul é minha predileta': Ele se diz emocionado por desfi lar em uma escola campeã, representando a comunidade: "É muito gratificante quando vou a Nilópolis, o povo me cumprimenta na rua 'Olha o paulista"'. Odesigne r de moda conta que sua relação com a avenida começou cedo, ainda no carnaval paulista. "Tinha uns dois, três anos e lembro que ficava impressionado com a grandiosidade daquilo': Sua estréia como destaque foi em 1992, pela Rosas de Ouro: "Uma amiga me incentivou e eu fiz a fantasia . Até então, achava que destaques eram só pessoas convidadas, especiais, nunca achei que poderia ser eu lá':

bout to complete 12 years with Beija-Flor, the float rider Maurízio Médici explains why, even though e's from São Paulo, he's with Nilópolis for carnival. "I guess I chose Beija-Flor because the heart speaks loudest. It's grandiose, luxurious, it's got the colors - blue's my favorite." He says he's proud to parade with a champion school, representing the community. "It's really gratifying when I go to Nilópolis, the people compliment me in the street, 'Here comes the Paulista'." The fashion designer recounts that his relationship with carnival began when he very little. "I was two, maybe three years old and I remember I was impressed with ali the grandiosity." His debutas a float rider was in 1992,for Rosas de Ouro. ':4. friend encouraged me and I created the costume. Up to then, I thought the float riders were invited people, special invitees. I never thought I'd have the chance to be up there."

Não demorou muito para Maurízio perceber que ain da faltava alguma coisa. Depois de desistir do carnaval paulista, começou o namoro com a Beija-Flor, em 1995, através do então carnavalesco Milton Cunha: "Ele pediu para eu mostrar meu trabalho, algumas partes de fantasia , naquela época eu ainda desenhava minhas roupas·: Dois anos depois, Médici saía como destaque principal de Nilópolis, com o enredo "A Beija Flor é festa na Sapucaí': "Eu vim no último carro representando Dezembro, Arauto dos novos tempos. Para mim, representou uma nova fase no meu carnaval".

It didn't take long for Maurizio to note that there was still more to do. After leaving São Paulo, he began his relationship with Beija-Flor in 1995, through then carnival designer Milton Cunha. "He asked me to show him my work, some parts of a costume. At that time I still designed my own clothes." Two years later, Médici paraded as a float rider with Beija-Flor, with the theme "Beija Flor is a Party on Sapucaí". "I was on the last float, representing December, harbinger of new times. For me it represented a new phase of my carnival."

Quanto ao reconhecimento, o designer acha que as coisas estão evoluindo, mas ainda há muito a melhorar: "Claro que tenho menos contato, por ser de São Paulo, mas sempre apareço nos eventos, mesmo quando não sou convidado (risos). Costumo brincar que se quiséssemos ser tratados como todo mundo, viríamos em ala. Acho que, se investimos na escola , o retorno é importante':

Regarding recognition, the designer feels that things are evolving, but there are still many improvements that can be made. "Obviously I have less contact because I live in São Paulo, but I always appear at the events, even when I'm not invited (chuckles). I like to joke that ifI wanted to be treated like everyone else, I'd be in one ofthe ground units. Ifeel if we invest in the school, the return is important."

Fevereiro 2008

I 77


78

afirmação de que cada destaque principal é único nunca foi tão ve rdadeira quanto no caso de Herminia Pa1va. Basta reparar em seu d1scu rso sobre a emoção de ocupa r o posto mais cobiçado do carro alegórico. "É uma co isa normal , eu enca ro como um show. Dizem por aí que existe êxtase, orgasmo, eu acho tudo uma bobagem. Muitas vezes o desfi le não é tão divertido quanto à concentração, ao relacionamento com as pessoas durante o ano·:

A

e statement that every float rider is unique was never so true as when applied to Hermínia Paiva. One only need hear her tell ofher emotion in occupying the most sought after position on thefloat. '1t's a normal thing, !face it like a show. They say it gives ecstasy, even orgasm, but I think this is justnonsense. Often the parade itse!fisn't even as much.fun as the concentration biforehand, getting everything in arder, and the relationship with people during the whole year."

De temperame nto forte, Hermín ia é polêmica desde sempre. Em São Paulo, foi a primeira mulher a desfi lar de peito nu, assim co mo a primeira branca a parti cipar de show de mulatas. Mas o objetivo era chegar a Sapucaí: "Até me criticaram ; na época , paulista não tinha vez no carnava l ca rioca . Acabei indo em 89 para ver como era e fiz a inscrição no concurso de fantasia do Hotel Glória': Hermínia ia sai r pela Un ião da Ilha, mas o carro não parecia segu ro : "Quando fui reclamar, me disseram: Você pode se r muito con hecida em São Paulo, mas no Rio você não é ninguém: Peguei minhas co isas e fui embora':

With a strong temperament, Hermínia is always controversial. ln São Paulo, she was thefirstwoman to parade topless, and the first white woman to participa te in mulatta shows. But her aim was to appear in Rio 's carnival. ''They criticized me, saying someone from São Paulo didn't have the chops for carnival in Rio. I wound up going in 89 to see how it was and signed up for the carnival costume show at the Hotel Glória." Hermínia was going to parade with União da Ilha, but the float didn't look safe to her. "When I complained, they told me: 'You may be very well known in São Paulo, but you're nobody in Rio. I picked up my things and left."

Por iro nia, Hermínia ficou com o vice-ca mpeonato do Hote l Glória: "No ano segu inte, em que todo mundo disse que eu ia ser queimada, convite foi o que não faltou': Foi assim que a designer de moda desfilou por quase todas as escolas do grupo especia l, entre elas a Beija-Flor: "Tive um desen tendimento co m o Milton Cunha e fiqu ei um tem pão sem desfi lar. Quando eu estou em uma escola, eu me ded ico, mas quando acontece um imprevisto, eu me desligo. O que me importa não é a escola, mas as pessoas co m que eu lido lá dentro':

Ironically, Hermínia carne in second place at the Hotel Glória show. "The nextyear, when everyone said I'd burned my bridges, there was no lack ofinvitations. "ln this way, the fashion designer paradedfornearly ali the schools ofthe special group, including Beija-Flor. "But then I had a misunderstanding with Milton Cunha and spent some time not participating. When I'm with a school, Iam totally dedicated, but when something unforeseen happens, I disconnect. What's important to me isn't the school, it's the people who form it."

Depois de dez anos afastada, Hermín ia voltou a representar Nilópolis em 2007: "A Beij a-Flor se projetou para ser uma grande escola. Passou por vá rias modificações, mas não perdeu aqui lo que é o principa l: a com unidade':

After ten years away, Hermínia once again represented Nilópolis in 2007. "Beija-Flor stands out from the other schools. It's gone through various modifications, but hasn't lost its special connection with the community."

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


coração do babalorixá carioca Evanil Mendes Teixeira Júnior, mais conhecido como Nil Ti Yemonjá, é definitivamente azul e branco. Portelense assumido, o destaque de 36 anos já saiu em seis escolas do grupo especial. Entretanto, desde 2001 a Beija-Flor conqu istou um espaço definitivo em sua vida: "Entrei através do Zezito (Ávila) e da Zeza (Mendonça). Desde então parece que eu estou preso, impregnado':

O

Em 2001 e 2002, Nil saiu como destaque latera l: "Acho que conquistei a posição de central devido à minha roupa e ao meu proceder, sou pessoa muito tranqüila': Entre os motivos que chamaram a atenção na Beija-Flor, está a preocupação com as figuras principais da alegor ia: "Infelizmente, algumas agrem iações estão esquecendo o papel do destaque. E uma das coisas que me prendem a Beija-Flor é que lá fazem questão de te levar no carro para ver o que está legal e o que não está; se não estiver, o pessoal muda. No desfile conduzem as pessoas sem pressa, procuram saber se você está se sentindo bem': Outro ponto que Nil admira na escola de Nilópolis é a união da comunidade: "No dia do desfile, parece que as pessoas estão sem comer há 15 dias. Aí vem o Laíla e põe um frango bem assado na Apoteose e as pessoas vão com fome, com garra, isso é muito difícil você ver nos outros lugares", filosofa. Evale a pena ser destaque nos dias de hoje? Para o babalorixá, o retorno financeiro vem dosshows de que participa na Cidade do Samba e do marketing de sua profissão quando aparece na mídia: "Gostamos de ser onipotentes, demonstrar não só que podemos financeiramente, mas que dentro da nossa vaidade fazemos algo pela escola': Questionado sobre o que acha que ainda poderia mudar, ele pede às pessoas que não vejam o destaque como algo pejorativo: "Queria que não ligassem quando demoramos um minutinho para descer, que aplaudam ao invés de gritarem. Quem não precisa de aplauso?"

e heart ofbabalorixá (Candomblé holy man) and Rio native Evanil Mendes Teixeira Júnior, better known as Nil Ti Yemonjá, is dtjinitely blue and white. Starting with Portela, the 36-year-old has already paraded with six schools, but in 2001 Beija-Flor definitively won a spot in his life. "I entered through Zezito (Ávila) and Zeza (Mendonça). Since then it seems like I'm tied up here, with no way out." ln 2001 and 2002, Nil was a lateral float rider. "I think I won a central spot because of my clothes and my bearing; I'm a very dignijied person. "Among the motives that called his attention to Beija-Flor is its concem for the main float figures. "Unfortunately, some camival associations are forgetting the role ofthefloat riders. One to the things that keeps me at Beija-Flor is that here they make a point of putting you up on the float to see what's alright and what's not alright. During the parade they don't go in a hurry, they make sure your OK." Another point that Nil admires about the crewfrom Nilópolis is the unity of the community. "On parade day, it appears that people haven't eaten for 15 days. Then Laíla comes along and with his creations and Jeeds' everybody" he says. Is it worth the effort being a float rider today? For the babalorixá, the financial return comes from the shows in which he participates at the Cidade do Samba and the marketing of his profession when he appears in the media. "We like to be omnipotent, to demonstrate not only that we can do it financially, but that with our vanity we do somethingfor the school." Asked ifhe thinks he might ever change, he asks people not to look askance at float riders. "I'd like people not to get so worked up when it takes a minute to get down, to applaud instead of yell. Who doesn't need applause?"

Fevereiro 2008

79


AI ESSANDRA lPlil!R{©ír~aJLD

Q

uem não conhece a fundo a vida da destaque Alessandra Pirote lli deve-se perguntar por que ama ta nto o carnaval do Ri o de Janei ro. Sua formação profissional não deixa qualquer vestígio de ligação co m

ose who don't know Alesandra Pirotelii might ask why she laves Rio's carnival so much. Her projessional training has nothing to do with parading on the avenue - she has a bachelor's degree in computer science, a master's in data communication networks, and has held important positions in the area.

T:

a avenida: ela é graduada em informática , com mestrado em rede de com unicação de dados, e já ocupou importantes cargos na área. Para início de conversa , Alessandra conta que na in fância em Minas Gerais desfilava co mo destaque em uma escola da cidade : "Aos sete anos eu já participava de concursos de ba ile. Aí tinha os cortejos na rua, era muito legal esse lado lúdico e cultural do carnaval': Também va le destacar que Alessa ndra tem uma forte veia artística: é atriz e já participou de mu itas peças de teatro. O primeiro cantata com o carnava l do Rio fo i em 1989, através da Beija - Flor: "Fui de penetra naquele carro do Cristo no desfile das campeãs. Inclusive quem fez o tra balho cenográfico e dramatúrgico com os mendigos foi o Ricardo Pavão, que hoje é meu marido e que, na época, eu não conhec ia': A posição de destaq ue apareceu no ano seg uinte, e, desde então, é no topo do carro alegórico que Alessandra se real iza: "É uma emoção tão forte, tão única, que não tem como explica r. Você está vive ndo um espetá cu lo no ali agora, sem repetição, é o nascimento e a morte no mesmo período. Saio co m a sensação de que vale u a pena, pensando 'que bom que eu participei dessa festa, dessa maneira": Se ainda resta m dúvidas de que Alessandra é uma típ ica filha do carnaval, basta citar que ela é a fundadora doCa sarão das Artes Carnavalescas, que transforma pessoas que residem em áreas de risco social em artesãos do carnaval.

80

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Alessandra says that when she was a little girl in Minas Gerais she paraded with a smali carnival group in her city. ':4.t the age oj seven I'd already participated in dance competitions. There they had smali processions in the street, and I thought carnival was ali very grand, very cultured." It's also worth noting that Alessandra has a strong artistic side: she's appeared in severa[ plays as an actress. Her .first contact with carnival in Rio was in 1989, through Beija-Flor. "I went as a substitute on thatfioat with Christ in the parade ojchampions. The person who created the scenery and dramaturgy ojthe mendicants was Ricardo Pavão, who's my husband now, but who I didn't know at the time." A position as fioat rider carne the next year, and since then she's been happily atop one ofthefioats. "It's such a strong emotion, so unique, I can't explain it. You're up there living a spectacle in the here and now, without repetition, it's birth and death at the sarne time. I go out there with the sensation that it's worth it, thinking 'how great it is that I'm participating in this party in this way'." Ijthere are any doubts thatAlessandra is a typical daughter ofcarnival, it's enough to mention that she's the jounder oj the Casarão das Artes Carnavalescas, which trains needy people to be carnival artisans. Besides this, she has a company jocused on spreading Brazilian culture. "Nowadays I put on shows ali over the world, focusing on the culture of samba. I think my involvement with carnival goes beyond emotion. I even have a scientijic vision ojthe importance of samba schools in making Brazil a stronger country."

www.beija-flor.com.br


o que é poder viver o amor de verdade".

or Marquinhos Oliveira, 50, it's not enough to live his lovefor Beija-Flor only on SapucaíAvenue. The connection of the Ceará native with the school is so strong that after the 2004 carnival, with the theme "Manôa - Manaus - Amazonas", he tattooed a hummingbird on his chest with a pennant containing the word "Lave". ''It was raining when we entered the avenue. Neguinho was singing :Água, que lava minha alma' ('Water, thatwashes my heart'}, andi started to cry. At that moment I understood what reallove is."

O caminho do cabeleireiro até Ni lópolis contou com a ajuda do amigo e cenógrafo carioca Nilson Penna: "Estava passando férias no Rio e disse a ele que tudo o que queria era desfilar na Beija-Flor. Rapidamente ele fez contato com o Joãosinho (Trinta), que gostou de mim de cara". O ano era 1982, e o enredo, "O olho azu l da serpente": "Saí como destaque de chão, coisa que não tem mais hoje". Foi preciso mais oito anos para conquistar uma posição no carro, com o enredo "Todo mundo nasceu nu".

The hairdresser's path to Nilópolis was assisted by his friend, the scene designer and Rio native Nilson Penna. '1 was vacationing inRio and told him thatmy biggest dream was to parade with Beija-Flor. Right away he got in touch with Joãosinho (Trinta}, who liked me.from the start." It was 1982 and the theme was ''The Blue Eye ofthe Serpent". '1 paraded as one of the standouts on the ground, something that no longer e.rists." I had to wait eight more years to win a position on one of the floats, with the theme ''Everyone Was Born Nude".

Para Marquinhos, o destaque é de tota l importância para a escola : "Eu te nto me enca ixa r dentro do enredo, fazer a roupa como eles mandam, a maquiagem co rreta, me posiciono bem, sei cantar o samba e transmito alegr ia, porque acho que a minha performance reflete em todo o carro que estou ". Ele conta que, uma vez definido o enredo, sempre estuda do que se trata: "De que adianta vir com uma roupa caríssima e ficar que nem uma estátua, sem entender o meu papel?"

For Marquinhos, the float riders are really important to the school. "I try to really get into the theme, make the costume like they say, get the makeup just right, position myself well, know how to sing the samba and transmit happiness, because I feel my peiformance njlects the entirefloat I'm on." He says that once the theme is de.fined, he always studies what it's about. "What's the good of coming with a really expensive costume, and then just looking like a statue, not even knowing my role?"

ara o destaque Marquinhos Oliveira, 50 anos, não

P

basta vive r o amor pela Beija-Flor só na Sapuca í. A

ligação do cearense com a escola é tão grande que, depois do desfile de 2004, com o enredo "Manôa- Ma naus -Amazonas", ele tatuou no peito um beija-flor com uma flâmu la escrita "Amor": "Estava chovendo quando entramos na aven ida. O Negu inho cantava 'Água, que lava minha alma', e eu co mecei a chorar. Nesse momento eu compreendi

O destaque ainda revela que, toda vez que va i para o carnaval, protagoniza uma cena trag icômica nos aeroportos: "Vou pesar a bagagem e a roupa dá 80kg , aí começo a chorar. Falo que o pessoal precisa contribuir com a cu ltura brasileira, e tem dias que eu nem pago nada", diverte-se. Outra curiosidade é que, por motivos financeiros ou pessoais, Marquinhos já deixou de desfi lar na Beija-Flor por alguns anos. Mas ele sempre volta.

F

He also reveals that every time he comes to carnival, he puts on a tragicomic show at the airport. ''I go to weigh my baggage and there's 80 kg of clothes, and then I begin to cry. I say I need to contribute to Brazilian culture, and shouldn't have to pay anything extra," he jokes. Another curiosity is that for financial or personal reasons, Marquinhos has occasionally stopped paradingfor Beija-Flor. But he always comes back.

Fevereiro 2008

81


E

ntre o carnaval da Bahia e o do Rio, Charles Henri não hesita. Há 23 anos, o jornalista e empresário de lta bun a (BA) esco lh eu a Beija-Flor como destino certo no mês de feve reiro: "Eu largo tudo o que faço para ir lá, nunca me acostumei ao ca rnaval da Bahia. Fala de Rio de Janeiro e BeijaFlor, eu esqueço que sou ba iano. Écomo uma cachaça': Charles revela que na infância e adolescência viveu oito anos no Ri o, e que era Império Serrano de fam íl ia "Eu era menino e ia para ve r o desfile na Avenida Rio Branco, antes do Sambód romo. Não tinha essa apoteose toda ". Ocontato mais direto com o carnaval veio quando Hen ri passou a trazer artistas do Rio e São Paulo para apresentações na Bahia: "Nesse período me lig uei a Be ija- Fl or, porque eu t inh a uma festa chamada 'Rainha das Mulatas: Trouxe a Pina h Ayoub vá rias vezes, o Neguinho, sem pre fiz uma divulgação muito grande da Beija-Flor por aqui. Assim fiz muitos contatos e amizades': Charles lembra que só deixou de desfilar por dois anos, e que a ún ica fantasia que não tem é a que foi perdida durante um aluguel: 'Tenho quatro fantasias que são muito grandes e ficam no Rio, não co nsigo trazer para cá': Para Henri, a ma ior sa ia j usta no carnaval aconteceu quando seu queijo veio muito alto e a fa ntasia quase bateu na haste de suporte para as câ meras de N: "Qu ando fu i chega ndo perto me aba ixei mais do que pude, aí só raspou. Mas nunca tive tanto medo': O destaque diz ainda qu e é uma pessoa simples e que seu melhor momento na Beija-Flor é o que passa com a comunidade. Mesmo assim, não abre mão da emoção da aven id a: "Me sinto um pouco rei, um pouco palhaço, um pouco arlequim, um pou co artista , um pouco tudo': Ele acredita que o ca rnava l é um dos poucos pa trimónios ainda respei tados pelo brasil ei ro: "Minh a emo·ção é participar de um momento em que o Brasil mostra que é capaz de competir com espetácu los do mundo inteiro':

82

Revista Beija-Flor de Nilópolis

B

etween carnival in Bahia and in Rio, Charles Henri doesn't hesita te. For the past 23 years thejournalist and impresario from Itabuna, Bahia has chosen Beija-Flor as his destination every February. '1 put down everything I'm doing and go to Rio. I've never gotten used to carnival in Bahia. When someone speaks ofRio de Janeiro and BeijaFlor, I forget I'm from Bahia. lt's like a shot of cachaça." He reveals that when he was a child and teen he lived for eight years in Rio, and rooted for Império Serrano because of his family and tradition in his neighborhood. "I was just a boy and went to see the parade on Avenida Rio Branco, before the Sambadrome was built. It wasn't as spectacular as it is now." Clo ser contact with carnival carne when Henri started to bring perjormers from Rio and São Paulo to give shows in Bahia. '1n this period I connected with Beija-Flor because it put on a regular party called 'Queen of the Mulatas'. I brought Pinah (Ayoub) severa[ times, Neguinho, I always made a big point ofpublicizing performers from Beija-Flor here. ln this way I made many contacts and friendships." Charles remembers that since he started paradi:ng at carnival, he's only missed two years, and that the only costume he doesn't still have he lost when renting it out. 'Tve got four costumes that are really big and stay in Rio, there's no way I can bring them here. "For Henri, the tightest spot at carnival happened when his headpiece was really tall and almost hit the support armfor the TV cameras. "When I was getting near it, I ducked as low as I could and only scraped it. But I was never so afraid." He also says he's a simple person, and that his best moments with Beija-Flor are when he's with the community. Still, he refuses to forgo the emotion on the avenue. "Ifeel a bit like a king, a bit like a clown, a bit like ajester, a bit like an artist, a little ojeverything. "He believes that carnival is one of the few national assets still respected by Brazilians. "My best feeling is to participate ata moment when Brazil shows it's able to compete with the entire world in spectacles."

www.beija-flor.com.br


ão importa se é preciso atravessar um oceano para estar na Sapucaí. Pelo menos uma vez por ano, ad istância entre Noruega e Rio de Janeiro é muito curta para a destaque Jussara Ca lmon . Principalmente em 2008, ano em que a cap ixaba comp leta três décadas de BeijaFlor: "Não consigo mais ir aos ensaios desde que me casei e mudei para a Noruega. Tem ano que chego bem perto do carnaval, mas sempre fico em contato com os meninos da Comissão de Carnaval".

N

Jussara é atriz e participou de inúmeros filmes, novelas e peças de teatro: "Aqui na Noruega dou aula de dança, mas estou contando os dias para voltar ao Brasil. Sou de famí lia de circo, por isso acho que vivo pelo mundo". Em sua passagem pelo Rio durante o carnaval, ela não abre mão de estar na Beija Flor. Além de, é óbvio, participar do Concurso Oficial de Fantasias do Rio de Janeiro, que este ano completa sua 34' edição no Hotel Glória. A estréia de Jussara na Beija-Flor foi em 1978, com o enredo "A criação do mundo na tradição nagô". "Fui levada à casa do Viriato Ferreira por uma amiga, e aí ele começou a desenha r meus figurinos. Quando Viriato foi para a Portela, passei a sair lá também': Jussara lembra que nessa época fazia parte de um grupo de dez mulatas chamado Ás de Ouro: "Éramos capa de todas as revistas. Eu sempre atraí atenções no carnaval, sa ía no chão com roupas pequenas': Seu primeiro destaque foi confeccionado por ninguém menos que Jésus Henrique, figura trad icional da escola de Nilópolis: Não lembro bem o ano, mas sei que foi uma fantasia de índia. Nessa época eu já saía pela Beija-Flor': Desde o falecimento de Jésus, a responsáve l por suas fantasias é a destaque Hermínia Paiva. Já a função de apoio é exercida por seu próprio marido: "Os apoios do carro gostam mu ito dele, porque meu marido vai lá em cima e monta tudo. Eles dizem: 'Este gringo está roubando nosso trabalho"', diverte-se.

doesn't matter if it's necessary to cross an ocean to be on apucaí Avenue. At least once a year the distance between onvay andRio de Janeiro is very shortfor Jussara Calmon. This is certainly the case in 2008, when the Espírito Santo native is completing her third decade with Beija-Flor. "I can't go to the rehearsals any more since I got married and moved to Nonvay. Some years I arrive very near carnival time, but I'm always in contact with the bays of the Carnival Committee."

E

Jussara is an actress who has appeared in numerous films, soap operas and plays. "Here in Nonvay I give dance classes, but I'm counting the days bifore I return to Brazil. I'm .from a circus family, and for this reason I guess traveling the world comes naturally to me." While she's in Rio during carnival, she never misses another commitment besides Beija-Flor: to participate in the Official Costume Competition at the Hotel Glória (this year in its 34th version). Jussara's debut with Beija-Flor was in 1978, with the theme "The Creation of the World in the Nagô Tradition". '.11.friend took me to work with Viriato Ferreira and I started to design my carnival figures. When Viriato went to Portela, I started to parade there also." Jussara recalls that at that time she was part of a group of ten mulattas called Ás de Ouro (The Golden Ones). "We were on the cover of all the magazines. I always attracted attention at carnival, up in the air with scanty clothes." Her first costume as afloat rider was created by none other than Jésus Henrique, a traditional figure with the Nilópolis association. "I don't remember exactly what year it was, but I know the costume was ofan Indian maiden. At that time I was already parading exclusively for Beija-Flor". Since Jésus passed away, the person responsible for her costumes has been Hermínia Paiva. And her main support comes from her husband. "The guys who assemble the float like him a lot, because my husband goes up there and makes sure everything is put together right. They say: 'This Gringo is stealing our work'," shejokes.

Fevereiro 2008

I 83


A Rainha dos Destaques la foi o primeiro destaque feminino da Beija-Flor. Somente por isso, lsabela Dantas já merece o respeito de qualquer um que se interesse por carnaval, dentro ou fora de Nilópolis. Não fosse por um infarto em 2005, talvez a rainha dos destaques estivesse até hoje desfilando suas fantasias exuberantes nos carros alegóricos da escola: "Fico com medo de sentir alguma coisa lá em cima, porque é uma emoção que eu não posso nem descrever. Quando chego no carro me transformo, não sinto sede, não vejo ninguém, é uma magia':

E

Do alto de seus 62 anos, 38 deles dedicados ao carnaval e 32 à Beija-Flor, a pernambucana analisa as principais mudanças atravessadas pelos destaques: "Quando eu saía na escola, éramossuperva/orizados. Tinha legenda, '/sabe/a Dantas, destaque tal', o repórter narrava. Hoje a mídia só dá valor para mulheres nuas. Para quem carrega no mínimo 30 kg nas costas, nada': /sabe/a ainda acrescenta que a situação dos concursos pelo Brasil está decadente, impulsionada pela falta de interesse dos patrocinadores.

THE QUEEN OF THE FLOAT RIDERS

S

he was the.firstwoman jloat rider ofBeija-Flor. For this alone, Isabela Dantas already deserves the respect of anyone interested in carnival, in Nilópolis ar anywhere else. Were it not for a heart attack in 2005, perhaps the queen ofjloat riders would still be up there parading today with her exuberant costumes. "''m ajraid something might happen to me up there, because it's an indescribably strong emotion. When I arrive at the jloat I'm transjormed, I don't feel thirsty, I don't see anyone, it's like magic."

Looking back over her 62 years, 38 of them dedicated to carnival and 32 with Beija-Flor, the Pernambuco native analyzes the main changes affecting jloat riders. "When I first paraded with the school, we were really highlighted. There was a legend, 'Isabela Dantas, jloat rider', the announcer narrated it. Today the media only gives attention to naked women. For those wearing costumes weighing at least 30 kg, nothing." Isabela adds that the situation ofthe costume competitions in Brazil is eroding, due to the lack ofinterest of sponsors.

Enquanto muitos destaques do carnaval carioca clamam por mais reconhecimento, /sabe/a acredita que na Beija-Flor a coisa é diferente: "O presidente de honra da escola dá muita força, eu mesma tenho um exemplo. Minhas fantasias eram feitas pelo Jésus Henrique, e quando ele morreu, em 1994, eu falei para o Anizio que não tinha mais condições de fazê-las. Aí ele pegou o figurino e minha fantasia e começou a produzi-la no ateliê do barracão':

While many jloat riders in Rio's carnival clamor for more recognition, Isabela believes it's different at Beija-Flor. "The school's honorary presidentgives a lot ofsupport. I can giveyou a personal example. My costumes weremade byJésusHenrique and when he died in 1994, I told Anizio that I no longer could make them. He took the designformy costume and had itmade right here in the atelier ofthe staging warehouse."

Epor que o título de rainha dos destaques? "Eu sempre dei tudo de mim no carnaval. Acho que esse é um retorno das pessoas pelo meu desempenho, pela preocupação com o público, você tem que vestir uma fantasia e viver aquilo. Eu estudava os personagens e dava uma interpretação a cada um deles':

And why the title "queen ofthejloatriders"? ''I always gave my ali to carnival. I feel this is a reward from people for my per:formance, my concern for the public. You have to put on a costume and live it. I studied the characters and gave a different interpretation to each of them."

Há dois anos /sabe/a aprendeu a participar do carnaval de um novo jeito: "Minha amizade com o Anizio é uma coisa muito especial. Aí, quando fiquei doente, ele falou que eu jamais poderia sair da escola, que eu era da família beija-flor. Desde então tenho saído na diretoria': Homenagem mais que merecida à destaque que leva consigo a alma de Nilópolis.

Two years ago Isabela learned how to take part in carnival in another way. "My jriendship with Anizio is really special. When I got sick he told me I could never leave the school, that I was part ofthe Beija-Florfamily. Since then I've been part ofthe executive board." It's well-earned recognitionfor the jloat rider who carries the heart ofNilópolis with her.

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


AESCOLA DE SAMBA DA MINHA VIDA. Simão Sessim

Mais um ano, e outra enorme expectativa em torno da nossa querida Beija-Flor, que não perde nem a beleza nem a pompa, voando cada vez mais alto ao longo da passarela da Marquês de Sapucaí. Depois da exibição esplendorosa que culminou com o campeonato do ano passado, embalada que foi pela África, no berço real da humanidade, a azul e branco de Nilópolis promete agora fazer uma deslumbrante viagem de sonhos, realidade e fantasia , misturando ilusão e magia ao ritmo do enredo "Macapaba Equinócio solar, viagens fantásticas ao meio do mundo", exatamente para acender a luz do conhecimento sobre uma região fascinante, onde, conforme garante o carnavalesco Alexandre Louzada, se desenrola a nossa própria história. Eu não tenho dúvidas de que a Beija-Flor vai, mais uma vez, sacudir as asas do delírio que contagia o Brasil e o mundo, principalmente no momento em que ela estiver transformando a passarela do samba no paraíso da Amazônia, com sua flora, fauna, seu encanto e sua riqueza, formando assim a grande diversidade ecológica para dizer que é preciso preservar a natureza em defesa da própria vida. Lembro-me ter dito neste mesmo espaço, na edição desta revista, ano passado, que é nesta linha de fi losofia da preservação da dignidade humana que a Beija-Flor norteia também suas atividades sociais, defendendo na passarela da vida a esperança de um mundo melhor para os seus componentes e os mais necessitados da cidade de Nilópolis. A família Abrão David ampara centenas de crianças e adolescentes, ajudando-os a construir um enredo de vida com justiça social. São

creches, educandário, centro profissionalizante e outras atividades. Por isso mesmo, todo o glamour desta memorável agremiação vai ecoar mais uma vez do grito de uma nação azul e branca que aposta sua performance na garra, na disposição e no suor do desempenho para lavar a alma de quem acredita nela. Até porque, a Beija-Flor é observada com grande respeito por muitos analistas da cultura brasileira, por ter se tornado, segundo eles, uma agremiação que em muito contribuiu para a revolução da parte estética do Carnaval carioca. Tanto assim que, de lá para cá, a escola vem pavimentando um caminho de incontestáveis sucessos, com seus carnavais inesquecíveis. Afinal, são dez títulos incontestáveis, com dois inesquecíveis tricampeonatos- 1976, 1977 e 1978 e depois 2000, 2001 e 2002. Quem não se lembra do enredo "Ratos e urubus, larguem a minha fantasia"? Foi, é verdade, um desfile apoteótico e surpreendente. Este ano não vai ser diferente. A Beija-Flor vai dar de presente de aniversário a Macapá, pelos seus 250 anos, comemorados exatamente neste dia 4 de fevereiro, dia de Carnaval e do desfile da Escola, mais um campeonato. É este o propósito do Presidente de Honra da Escola, Aniz Abrão David; do Presidente Administrativo, Farid Abrão; da Comissão de Carnaval ; do intérprete, Neguinho ; do casa l de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selmynha Sorriso; dos mestres-de-bateria, Paulinho e Plínio; da passista Rayssa de Oliveira; de Laíla, da Comissão de Carnaval, e de todos nós que estaremos torcendo e vibrando, já na madrugada de terça-feira de Carnaval. Mais uma vez, até a vitória!

Fevereiro 2008

I 85


LI ESA ECARNAVAL DESAFIOS DE UMA NOVA GESTAO! Após anos de uma gestão sob o comando de Ailton Guimarães Jorge, o capitão Gu im arães, que teve o mérito de conqu istar inúmeros benefícios para as escolas de samba e para o carnaval car ioca, a Li ga Independente das Esco las de Samba está com novo presidente: o mineiro de Além Paraíba, Jorge Castanheira. Economista, 44 anos, e um antigo colaborador da Li esa, Castanheira promete dar continu idade à competente gestão do seu antecessor, que considera "uma das mais importantes gestões para o sambista, para o carnaval car ioca e para o nosso turismo". Em entrevista à revista Beija-Flor de Nilópolis- uma escola de vida, o presidente da Liesa fa la um pouco da situação atual da institu ição e do carnaval carioca. Participaram da entrevista o jornalista Vicente Dattoli e os editores da revista Ricardo Da Fonseca e Hilton Ab i-R ih an.

Revista -Jorge, como você, exercendo a presidência da Li esa , gerencia a atenção que deve dar a cada agremiação? É possíve l a igualdade no tratamento? Jorge Castanheira -A gente administra com dia-a-dia. De alguma forma, a gente atende a todas as Escolas, cada uma na sua necessidade. Às vezes, a caracteristica da necessidade momentânea é diferente uma da outra ... Mas estamos aqui para atender a todas as Escolas de Samba do Grupo Especial. O que a gente tenta fazer é exatamente isso, suprir as necessidades das Escolas em tudo que precisam. Tudo isso a gente faz de uma forma bastante clara e transparente, de maneira a atender a todo mundo de forma igual. Esse é o objetivo da Liga, por isso é que dá certo, porque a gente tenta justamente atender a todos de maneira idêntica, visando sempre ao engrandecimento do espetáculo, buscando sempre a solução para o espetáculo. Essa é a forma de gestão da Liga, mas é um modelo que já vem dando certo há muito tempo. Eu não estou fazendo nada além de seguir aquele gerenciamento que já vinha sendo feito nos mandatos anteriores.

Revista- Éa segunda vez que você assume a presidência da Liesa, uma em 199 7 e agora, em 2007. Oue diferenças você encontrou na Li esa e no carnava l? Jorge Castanheira- Bom, na realidade, em 1997 o carnaval tinha um formato, um tamanho e uma fórmula de execução pelas Escolas. Quero dizer, era um carnaval em que você tinha a figura do presidente de ala como sendo um forte elemento de ligação com as Escolas. Hoje, com o trabalho que vem sendo feito pelas Escolas, de investir na sua comunidade, essas alas estão crescendo, e as alas comerciais diminuindo. Isso foi um processo de evolução, de mudança percebido por algumas Escolas. Éum caminho adotado por algumas agremiações, que vem se estendendo a todas as

Revista Beija-Flor de Nilópolis

outras. Isso fez com que o carnaval crescesse, em termos de participação popular, das pessoas das comun idades, ou seja, não era aquela pessoa que vinha de fora e chegava no dia do carnaval e participava do desfile. Não. Com isso, surgiu a necessidade de se fazer os ensaios na avenida, porque os ensaios na comunidade ficaram restritos, já não havia espaço para tanta gente. Eaí se adotou o critério de abrir a oportunidade de se fazer esse ensaio na passarela. Além de fazer o ensaio de comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira, e de outros setores, até da bateria, fez-se também um ensaio maior, que a gente passou a chamar de ensaio técnico. Isso mostrou a força da espontaneidade do desfi/ante, a força da comunidade de cada Escola. Então o carnaval se tornou mais caro, se tornou mais participativo, e as Escolas tiveram que buscar patrocínios, tiveram que buscar outras soluções para cobrir seus custos. Eai vieram os projetas, que o governo do Municipio, do Estado e o governo Federal se propuseram a apoiar. E vamos dar continuidade ao modelo que ele vem implantando nesses últimos 6 anos, que é o trabalho focado em dar sustentação a cada uma das Escolas. Ecriando também uma espécie de competição maior. Ele fez isso na medida em que aprovou, em plenário com as Escolas, a descida de duas Escolas e a subida de apenas uma, a cada dois anos, agora nos últimos dois carnavais. Então ele forçou uma competição maior. O nivel de qualidade cresceu e o padrão do carnaval também. Éum exponencial que vem acontecendo, e as Escolas estão sabendo aproveitar esse espaço; muitas estão investindo em suas comunidades, e esse investimento está dando retorno na avenida. Hoje não sobra ingresso, e a televisão tem feito um importante trabalho, transmitindo as imagens do carnaval para centenas de paises no mundo. Isso ai vem fortalecer, cada vez mais, a imagem do carnaval e o espetáculo que as Escolas fazem no Rio de Janeiro, difundindo também toda

www.beija-flor.com.br


nossa cultura para o mundo inteiro. Então é um cartão de visitas do Brasil e do Rio de Janeiro no exterior.

Revista: Na verdade, você falou que a Liga, de uma certa maneira, surgiu para defender e organizar os interesses das Escolas de Samba . Mas como ela se mantém? Jorge Castanheira- Éimportante que fique claro que a Liesa só detém 5% do que cada Escola recebe. A Liesa hoje tem 20 funcionários diretos, em folha de pagamento. Nesses anos todos nunca houve excesso ou exagero na gestão da entidade. Por isso a gente consegue bons resultados. Algumas pessoas pensam que a Liesa tem recursos de alta soma. O que fazemos é administrar bem os recursos que temos, que é, simplesmente, 5% do que cada Escola recebe. Éa nossa taxa de administração, e com isso mantemos toda nossa estrutura.

nos obrigaram a começar do zero. A história de 23 anos da Liesa foi levada pela Polícia Federal, e mesmo com todos esses embaraços, demonstramos serenidade, capacidade de auto-gestão e, mais do que tudo, pudemos ver o nível de credibilidade que o espetáculo tem junto ao público que gosta do carnaval. Isso ficou demonstrado na velocidade da venda dos ingressos, no interesse das pessoas em participarem da próxima edição do carnaval, em 2008. Outro fator adverso é que o carnaval será no início de fevereiro, e por isso as escolas e a Liesa perderam no mínimo 20 dias de preparação, planejamento e execução dos seus planos.

Revista : A Liesa recebe recursos da prefeitura da cidade e das transmissões de televisão? Jorge Castanheira - Não. Ela recebe, por exemplo, dos ingressos vendidos. Da parte que as Escolas recebem, 5% vai para a Liesa. Em relação à transmissão, também. Das receitas vindas do governo do Município, do Estado e do governo Federal também é assim. A Liga tem então uma taxa de administração, que é usada para reinvestimento no próprio espetáculo. E, da parte dos ingressos, ela fica com 30% para poder montar a avenida, montar a estrutura do custeio de toda a estruturação do carnaval. Estão incluídos aí todos os setores: som, montagem do espetá cu lo, das frisas, da concentração, além de toda a estrutura de limpeza na avenida, nos camarotes, frisas e arquibancadas, incluindo ainda a parte de controle de acesso, as roletas eletrônicas, a confecção dos ingressos, os uniformes de todas as equipes, a parte de julgadores, alimentação. Tudo isso, tanto do Grupo Especial quanto do Grupo de Acesso e Mirim, quem custeia é a Liesa, por meio desses 5% e 30% dos ingressos.

Revista: É famosa a frase que 'chegar ao topo é mais fácil do que se manter'. Você assume a Liga, como você mesmo disse, no momento em que está tudo dando certo, o espetáculo foi considerado o melhor espetáculo da Terra. A administração anterior, da qual você fazia parte, é elogiada, levou o espetáculo, a entidade, a esse ponto. Como é esse desafio de manter pelo menos o topo e como é que você se preparou para isso, você está gerencia ndo essa tarefa? Jorge Castanheira - Bom, em primeiro lugar, nós temos uma grande equipe, de amigos, de colaboradores, de parceiros e empresas que nos ajudam a fazer o carnaval. Segundo, nós passamos por alguns revezes, do último carnaval para cá, tivemos muitas dificuldades. Passamos por dificuldades gerenciais - levaram todos os arquivos da Liesa, que estavam armazenados em nossos computadores - que

A bem da verdade, nós vamos para esse desafio cientes do nível de responsabilidade, cientes do grau de dificuldade que a gente vem enfrentando, mas com o apoio, a união e a demonstração de esforço de cada um daqueles que ajudam a fazer o carnaval, certamente nós seremos vitoriosos e teremos um grande espetáculo, não só por parte das Escolas como também da área de gestão e administração da Liesa junto aos órgãos públicos envolvidos no carnaval.

Revista- A Liesa promove e administra um dos eventos mais importantes do mundo, com uma credibilidade atestada pelo público. Independente disso, problemas surgiram no carnaval desse ano passado, com declarações baseadas em indícios. Apesar do que acontece hoje, a credibilidade é grande, da Liga e do desfile, já que os ingressos estão literalmente esgotados muito antes do carnaval . Você não considera isso uma propaganda

Fevereiro 2008

I 87


contra essas declarações de supostos indícios, já que o povo aplaudiu o resultado, ratificando o resultado oficial? Além disso, os jornais, principalmente O Globo, através do Estandarte de Ouro, deram à Beija-Flor de Nilópolis o prêmio de "A Melhor Escola". O público acredita na Liesa, no desfile, nos seus participantes! Mas então no que essas declarações levianas prejudicaram a Liesa, as Escolas de Samba e o carnaval?

Jorge Castanheira- Oque aconteceu foi fruto, no mínimo, de uma precipitação muito grande de uma autoridade da Polícia Federal. Porém, não cabe a nós julgar por que foi feito isso' Eu acho que a Liga tem todo o direito de, no futuro, analisar que atitude deve ser tomada para resguardar esses prejuízos que foram causados, e que foram enormes, em termos de imagem, em termos de desgaste da instituição, em termos de processo interno de gerenciamento, que tem nos causado até hoje um sacrifício muito grande. Mas, com toda essa maldade, com toda essa pretensão de desmoralizar o carnaval, ficou evidenciado que o carnaval é maior que isso tudo! Porque ele tem um fator que as pessoas desconsideraram quando tentaram difamá- lo, que é a seriedade com que é realizado. Essa seriedade, ao longo desses anos todos, permitiu que o público pudesse separar e identificar, claramente, o que era notícia e o que era realidade. Então, tentaram fazer notícia, tentaram criar notícia, tentaram fazer fatos, com que interesse eu não sei, para desviar qual tipo de foco eu também não sei, mas que atingiu de forma muito forte a entidade. Mas as pessoas puderam, com serenidade, observar e ver o traba lho sério que tinha sido realizado até então. E a gente tem fé em Deus que tudo isso será, futuramente, página virada. E as Escolas, acima de tudo, reconhecem o talento daqueles que venceram o carnaval de 2007. Ecertamente irão buscar, cada uma, em 2008, se superar para buscar o campeonato. Eu tenho certeza de que tudo isso vai ser até uma forma de

Revista Beija-Flor de Nilópolis

estímulo para que as Escolas, em 2008, se apresentem ainda melhor. Énisso em que nós acreditamos e confiamos, e, acima de tudo, o que nos levou a superar esses momentos difíceis foi a fé em Deus e a certeza da dignidade do trabalho que vem sendo realizado até aqui.

Revista -Você está tendo menos de 10 meses pra criar, planejar e concluir o carnaval. Nesse período, qual foi o problema, ou o que te deu mais preocupação, te tirou algum momento de sono e de tranquilidade? Ou aI foi o maior desafio para montar o carnaval? Jorge Castanheira - Ah, foram vários ! Não dá nem para dizer um. Foram vários, e os desafios foram grandes. Mas o processo interno, de gerenciamento da Liesa, está muito conturbado, em função da falta de histórico, de memória. A gente está tendo que refazer tudo, do zero. Cada um dos contratos, a estrutura ... Até para fazer conta to com os julgadores e fornecedores... tivemos que buscar com colaboradores os telefones, pois a gente ficou sem a nossa agenda. Então eu não gostaria nem de comentar o nível e o grau de desconforto e de intranquilidade que foram gerados em função de toda essa leviandade que se criou em torno das noticias divulgadas sobre o carnaval.

Revista - Mas essas dificuldades que a Liesa está enfrentando irão gerar alguma repercussão para o público que for à Sapucai? Jorge Castanheira - A gen te está fazendo um esforço hercúlio para não deixar nada fora do lugar Certamente a gente vai estar, como todo desafio, encarando vários fatores adversos. Mas nada nos irá tirar do enfoque e do trilho da seriedade e da conduta de lisura na condução dos trabalhos da Liga juntamente com as Escolas de Samba. Tenho certeza de que organizaremos, mais uma vez, um espetáculo digno de elogio dos mais exigentes turistas e foliões.

Revista -Você gostaria de deixar alguma mensagem final para os leitores? Jorge Castanheira - Sim. Na verdade, gostaria de deixar duas mensagens. A primeira, direcionada principalmente aos editores de publicações de carnaval. Quero ressaltar que estamos recebendo vocês aqui na sede da Liga para essa entrevista com a maior satisfação, pois sabemos que o leitor

www.beija-flor.com.br


quer estar informado a respeito dos fatos relacionados ao universo do carnaval carioca. E vejo essa entrevista como uma parceria de trabalho com as Escolas, que a gente tem de longas datas. Nós não temos, as vezes, tempo suficiente para atender a demanda de todas as Escolas, as vezes isso acontece até em função do prazo de fechamento, prazo de colocação do material em gráfica. Mas a gente conseguiu uma brechinha hoje para fazer essa entrevista, e eu queria que você deixasse registrado isso, até porque várias outras agremiações me pediram entrevistas ou mensagens, mas eu não tinha tempo para atendê-/as. No momento, não tenho tempo nem oportunidade para redigir um material para todas elas, e cada uma com um enfoque particular. Então eu quero deixar claro que é uma entrevista que eu estou concedendo através da Liesa a revista da Beija-Flor. a pedido do Abi-Rihan, que é um dos editores da revista. A outra mensagem que gostaria de passar é para todos os leitores da revista : podem acreditar na capacidade de

superação do brasileiro, de fazer o melhor. mesmo com as adversidades que nós temos em nosso país. Isso fica evidente não só no carnaval como nos talentos dos executivos que estão dando sua contribuição em outros países. Somos um povo disciplinado, comprometido com o fator realização. E acho que é isso que a comunidade da Beija-Flor tem feito: buscado superar desafios, buscado superar-se a cada ano, melhorando não só a vida na sua comunidade como também no espetáculo que ela apresenta. Ela é uma Escola de Samba, não só no aspecto da Escola, como formadora de novos talentos do mundo do samba, mas também como ensinamento em volta de toda sua comunidade, como elemento de formação da característica e do caráter do ser humano. Nosso povo é um povo que sempre merece o crédito de confiança. E. se bem encaminhado e com as condições básicas de educação, saúde, cultura e oportunidades, ele tem condições de desenvolver um papel de relevância muito grande dentro da conjuntura mundial.

UM SAMBISTA NO CONSELHO DA LIESA Com a nova administração da Liesa, o advogado Ubiratan Guedes assume a presidência do Conselho Deliberativo. Com a junção de fiscalizar as contas e as movimentações financeiras da Liesa, aprovar os projetas que são apresentados e o planejamento financeiro da Instituição. Dr. Ubiratan conta que está tranqüilo com a junção que exercerá, pois "como advogado tenho trabalhado com diversas empresas privadas e, ao meu ver, uma das empresas mais organizadas que conheço é a Liesa. Se as empresas brasileiras administrassem seus recursos como ela jaz, o Brasil seria o maior país do mundo. Por isso, estou tranqüilo com o desafio", afirma. Essa segurança que dr. Ubiratan expressa é o resultado de uma longa experiência no mundo do samba, e do convívio com os principais líderes do carnaval carioca. "Estou ligado à Liesa desde a sua fundação, pois era tesoureiro da Associação das Escolas de Samba e quando a Liesa foi fundada, fui colaborar com a Instituição que surgia. Além disso, já fui diretor de relações publicas da Vila Isabel, diretor de carnaval da Vila Isabel, assessor Arlindo Rodrigues e advogado do conselho da Liesa. Em 1972/3 eu e o Djalma Cachimbo, presidente da Vila Isabel na época, fizemos um enredo para a escola com o título "onde o Brasil aprendeu a liberdade". Esse enredo foi desenvolvido pelo Martinho da Vila e pelo Braga e fez que a Vila chegasse em 6• lugar. Outra participação importante que tive no carnaval carioca, foi quando assessorei o presidente da Liesa Luiz Drumond." Experiente, dr. Ubiratan esclarece que pelo que tem observado, a Liesa é uma instituição transparente: ·~s pessoas não conhecem o funcionamento da Liesa porque não querem. Ela está aberta ao públicp para que conheçam como funciona, como os recursos são gerados e qual a destinação que damos a ele. Para você ter uma idéia, poucas pessoas sabem que a Liesa trabalhou muito para que as escolas de samba conquistassem o respeito que mereciam - como berço que são de cultura e carnaval. Hoje, as escolas não precisam ir de pires na mão pedir dinheiro ao poder público para realizar um espetáculo como o carnaval. Isso foi conquista da Liesa. Naturalmente, além de lutar pelos interesses das escolas e samba, aLies a investe recursos na festa do carnaval. E todos esses investimentos estratégicos e de pessoal, obrigam aLiesa a gastar dinheiro. Por essa razão, nada mais natural que a entidade receba um percentual sobre os recursos que conquistou para as escolas de samba. Assim, a Liesafica com 5% do valor que chega para as escolas. O restante dos recursos é repassado para as escolas de samba, para que faça esse espetáculo de repercussão internacional. Um espetáculo lindíssimo e, que terá nesse ano a melhor apresentação de todos os tempos ... ", conclui o advogado.

Fevereiro 2008

89


ACIDADE DA MINHA VIDA. Entrevista concedida aos jornalistas Ricardo Da Fonseca e Miro Lopes

Casado com Sôn ia Sessim e pa i de Sérgio Simão (15 anos) e Sau lo (13 anos), há sete anos Sergio Sessim vem emprestando a sua co mpetência como engenheiro civil à Cidade de Nilópolis. Cand itado à Prefeitura Municipal de Nilópolis, Sergio declara: "Ni lópolis é a cidade da minha vida, e continuarei me empenhando para fazer a diferença, levando a ela ma is progresso, justiça social e qualidade de vida, com saúde, educação, lazer, esporte e cultura para todos" .

Revista: O que motivo u você a se candidatar à Prefeitura de Nilópolis? Sergio Sessim: Amo Ni!ópolis e quero dar a ela e aos seus moradores uma qualidade de vida condizente com a importância que temos. Venho de uma família que tem uma história respeitável e uma participação efetiva na vida política da cidade, com a implantação de melhorias sociais e administrativas. Quero dar continuidade ao projeto que o Simão, meu pai, implantou quando foi prefeito da cidade, em 7973. Quero dar continuidade ao trabalho que toda a família tem realizado na região. Não quero que a cidade caia nas mãos de pessoas que não têm amor por ela e que não se dedicam a torná-la cada vez melhor. como aconteceu no passado. Gerir uma cidade é um complexo desafio. Eu sei disso e me sinto preparado para esse desafio. Além das minhas experiências anteriores, inclusive como secretário de obras do governo Farid, desde 2001, posso contar com o apoio e a experiência de homens públicos, como o Simão e o Farid, que sempre trabalharam em favor de Ni!ópolis. Tenho certeza de que o primeiro passo para uma gestão eficiente do Estado é planejar ações com base em um projeto de cidade. Éo projeto que o Simão desenvolveu, voltado para o crescimento e o progresso, com conseqüências sociais importantes. Norteado por esse projeto, vamos enfrentar os problemas por ordens de prioridade, mas vendo a cidade como um organismo vivo que precisa de uma ação integrada e planejada. Quero dar a minha contribuição à cidade. É uma obrigação moral.

90

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Sergio Sessim: Candidatura por amor a Nilópolis.

Revista: Evocê tem conquistas para a cid ade que falam em seu favor? Sergio Sessim : Muitas. Não há mais, por exemplo, vala negra na cidade' Minha secretaria acabou com a última vala negra de Nilópolis. Mas esse crescimento tem vários indicadores: a população em 1970 era de 80 mil habitantes. Hoje são 160 mil habitantes. Nilópolis já ficou atrativa t Teve uma perda de população, exatamente nas más gestões municipais. Nessas gestões, a cidade perdeu população porque a qualidade de serviço caiu! Eu sou uma pessoa pragmática ! São indicadores que você vai analisando! Não é conversa fiada, são fatos. Hoje Ni!ópolis tem fixo recolhido em todas as ruas. A cidade tem seis postos de saúde, dois postos de saúde 24 horas, 14 escolas, além de outros indicadores. A cidade evoluiu muito e ficou mais atrativa. "Antes de o Farid assumir. a cidade estava completamente destruída. Nilópolis tem uma rede de 780 km de ruas, sendo 50% de infra-estrutura urbana, mas que estavam destruídas. Então, eu assumo como Secretário que entra para conceber um plano de reconstrução da cidade. Entro na Prefeitura para resgatar aquele projeto de progresso e reconstru ir a cidade. Eu participei da reconstrução. Eu posso afirmar que para cada ação da prefeitura eu participei com um projeto, com uma idéia, com uma ação concreta ! No início do governo do

www.beija-flor.com.br


Farid, pegamos a cidade destruída, sem iluminação, hospital fechado, as escolas todas quebradas, postos de saúde todos quebrados. Reconstruímos, tudo! Iluminação, a gente trocou as lâmpadas todas da cidade, no primeiro ano do Farid! Eu fiz 30 km de rejuvenescimento asfáltico, numa malha de 780! Eu fiz 70 km de recapeamento, construí 45 travessas, pavimentei. Fizemos. Nos lugares mais pobres, a gente qualificou. Eu fiz praça em lugar que você olhava e não acreditava que ia ter praça! Em toda a cidade a gente mexeu! Eu tenho uma bandeira : 'eu fiz até aqui, mas que quero fazer mais' Eu quero mexer, cada vez mais, na qualidade de vida do cidadão. Então, com a experiência que eu tenho e o investimento que foi feito em infra-estrutura e requalificação da área urbana, vamos dar um salto no nosso desenvolvimento." Revista: E você acha que o morador de Nilópolis está vendo isso, está conseguindo identificar o que você fez na cidade e o seu potencial como Prefeito? Sergio Sessim: Sim. O morador de Nilópolis está atento. Ele também progrediu - todos nós progredimos. Hoje o morador da cidade quer manter o padrão de qualidade que implantamos na gestão do Farid. Por essa razão, ele está acompanhando tudo o que o poder público tem feito em sua cidade. Ele não quer perder o que já ganhou. Não quer uma administração que caminhe para trás. Nesse período em que tenho ido às ruas como candidato para ouvir o eleitor, tenho tido a oportunidade de ouvir muitas coisas boas a respeito do que fizemos em favor da cidade e do nilopolitano. O cidadão reconhece, sim. E vai dar esse voto de confiança

Otoclínica Dr. Marcelo Sessim

em alguém que nunca os decepcionou. Estou muito confiante e satisfeito. Revista: Mesmo seguindo um plano que foi iniciado com o seu pai, você deve ter os seus próprios diferenciais. Quais são? Sergio Sessim: Quero dar ênfase à questão social. Vou colocar a Prefeitura na casa das pessoas. Porque é a forma que eu trabalho! Eu trabalho lá na rua, entrando na casa do morador, perguntando qual é o seu problema? Vou na rua para tomar as decisões. Da mesma forma que eu faço, a Prefeitura tem que ir na casa do cidadão. Através do serviço de saúde, através do serviço .... Na Secretaria de Obras eu mostrei que a minha gestão funcionou. Eu quero pegar essa gestão, em nível de convênio, de arrecadação de recursos para o município e levar essa minha experiência para todas as Secretarias. Então eu vou captar muito recurso na ação social, vou captar muito recurso na educação, vou captar muito recurso na saúde! Segundo: Mudando um pouco de assunto, e a Beija-Flor de Nilópolis? Como ela entra nessa sua história? Sergio Sessim: A Beija-Flor é o maior patrimônio cultural e social de Nilópolis! É o símbolo da beleza, da criatividade, da garra, da força de um povo! Sou apaixonado por essa agremiação, além de fazer parte do Conselho Deliberativo da escola. Queremos aproveitar essa nossa união, esse amor em comum para unirmos a cidade e torná-la melhor para todos. Serei um prefeito trabalhador e dedicado, comprometido com o desenvolvimento da cidade. Com o progresso dela!

Clínica e Cirurgia Audiometria Vídeo-Endoscopia Ipedânciometria Vecto Elehonistagmografia Emissões Oto-Acústicas (teste da orelinha) Particular e Convênios

Direção: Dr. Marcelo Sessim e Dra. Alessandra Sessim NILÓPOLIS:

NOVA IGUAÇU:

Av. Mirandela, 22/101

R. Cel. Francisco Soares,

..,

.,


,

REVISTA BEIJA-FLOR DE NILOPOLIS SETE CARNAVAIS Renata Leal

Além de ser um espetácu lo de rara beleza , que combina a força e a criatividade, o Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial é, sem dúvida alguma, um canal de comun icação das agremiações com o púb lico que assiste ao Desfile - em qua lquer lugar do planeta. Através desse canal, muitas escolas de samba deixam o seu recado de va lorização da cultura e das coisas do Brasil. Despertando para a importância dessa relação público- escola de samba, a Beija-Flor de Nilópolis vem investindo cada vez mais na criação e manutenção de canais de comunicação de qua lidade com o seu público. O início desse movimento tem data: junho de 200 1. Foi quando, há sete carnava is, a agremiação de Nilópolis, sob o comando o seu presidente de honra, resolveu que era o momento certo para investir em um projeto mais profissional de comunicação, com a produção de uma publicação com a mesma qualidade dos seus desfiles. A idéia era lançar uma revista com qualidade editorial e gráfica que va lorizasse o componente e a história da sua comunidade, apresentando o Desfile e valorizando a agremiação. Mas que não estagnasse nesses limites. Deveria ser uma revista que levasse ao leitor informações relativas ao samba e ao carnava l, mescladas com assuntos de cultura ecomportamento. Hilton Abi-Rihan, jornalista e radialista, conta que a idéia da revista começou quando, "na casa do Anizio, eu lhe falava da importância de a Beija-Flor de Nilópolis ter uma publicação de alta qualidade ed itoria l e gráfica. Para mim, era inadmissível que uma agremiação 'top de linha' como a Beija-Flor de Nilópolis

92

Revista Beija-Flor de Nilópolis

tivesse uma revista também 'top de linha'. O Anizio gostou da idéia, me desafiando a fazer uma pub licação realmente superior. Foi então que procurei meu amigo Ricardo Da Fonseca, um experiente editor de revistas, para desenvolvermos juntos esse projeto': Após semanas de estudo e planejamento, Abi-R ih an e Ricardo Da Fonseca apresentaram ao Anízio todo o projeto da revista, que foi imediatamente aprovado para ser lançado no carnaval de 2002. Duas semanas antes do carnaval daquele ano, em uma cerimônia no Clube Monte Líbano, na cidade do Rio de Janeiro, foi lançada então a primeira edição da revista "Beija-Flor de Nilópolis - uma escola de vida':

DESVENDANDO HISTÓRIAS DE VIDA Nesses sete carnavais, a revista tem mostrado detalhes dos desfiles da azul e branco de Nilópolis, inclui ndo histórias da Comunidade e da própria agremiação, além de reportagens importantes para a consolidação do carnaval na cultura carioca e nacional. O patrono da agremiação, Anízio Abrão David, aponta algumas matérias marcantes da revista: "Em 2002 fizemos uma retrospectiva dos desfiles da agremiação desde a sua transformação de bloco para escola de samba,

www.beija-flor.com.br


em 1954. Apresentamos o enredo, a colocação, os autores do enredo e do samba-enredo, o local do desfi le e quem era o presidente naquele ano. Com essa matéria, fizemos uma 'radiografia' dos desfiles da Beija-Flor de Nilópolis e, pelo que ela apresenta, tem servido de fonte de consulta para estudiosos do carnaval. Outra matéria que achei muito boa e importante saiu na edição de 2006, sob o título de 'O palpite certo é Beija-Fio( Foi uma ótima matéria, que falou sobre o nosso primeiro grande título no carnaval carioca com o enredo 'Sonhar com rei dá leão~ Nela, foram resgatadas histórias que lembro como se tivessem ocorrido ontem." Outras matérias que An ízio destaca são as entrevistas, em edições anteriores, com o Zico, o Boni e o Aloysio Legey. A revista é a oportunidade para mostrar mais do que os ensaios na quadra e o Desfile oficial. A agremiação ultrapassa a arte; é uma comunidade repleta de histórias e fatos interessantes que encontram na revista o seu único cana l de divulgação. Para Fabíola David, a publicação funciona como uma vitrine do que é a Beija-Flor de Nilópolis. "É através da revista que mostramos detalhes e fatos do cotidiano da escola, que não é possível ser conhecido através do Desfile. O componente da escola fica muito orgulhoso com a publicação e recebe a revista com respeito e empolgação. Na revista, assim como na Avenida, o componente é a notícia", afirma Fabíola David.

UMA REVISTA PARA OMUNDO Com a tiragem de 60 mil exemplares, a distribu ição da revista acompanhou o processo de evolução da publicação. Inicialmente distribuída no dia do Desfile das Escolas de Samba nos camarotes, frisas e arquibancadas, a revista Beija-Flor de Nilópolis passou a ser distribuída na recepção dos principais hotéis na Orla da cidade do Rio de Janeiro, onde o turista estava hospedado, no Resort e Casino Bellagio, em Las Vegas, no Resort e Casino Conrado, em Punta dei Leste, e em vôos da Varig. Isso obrigou a que a revista fosse elaborada em um segundo idioma: o inglês. Eo sucesso com a iniciativa foi imediato, pois se tornou a primeira revista de escolas de samba a ter uma distribuição tão ampla. Atua lmente, existem propostas para que exemplares da revista sejam distribuídos no Japão, por meio da empresária Vanusa Tanaka, e na Noruega, por meio dos contatos de Jussara Ca lmon, Destaque da agrem iação. Ricardo Da Fonseca, editor da revista, comemora mais uma conquista de público da revista: "Este ano, inclusive, produzimos uma edição especial no formato digital, toda em japonês, e uma toda em francês. Éuma maneira de reconhecer o carinho que nossos irmãos do Oriente e os europeus manifestam pela Beija-Flor de Nilópolis e, principalmente, uma forma de divulgarmos a escola e a nossa cultura no exterior."

DESAFIOS Mas produzir uma pub licação co mo essa tem seus desafios. Segundo o editor da revista, um dos principais desafios da sua equipe de produção fo i resgatar e documentar a história da agrem iação contada pelos seus integrantes, até então, de forma oral. "Não foram poucas as vezes que o integrante contava uma história que não batia com a versão dada por outro integrante- mais uma vez a subjetividade do olhar humano dando diretrizes diferentes para fatos iguais. Por isso, as informações sempre foram checadas, para que não disponibi lizássemos dados imprecisos ou incorretos para o leitor. Minha equipe ia, inclusive, nos arqu ivos públicos fazer consultas a documentos e jornais da época, a cada vez que as dúvidas apareciam", conclui Ricardo Da Fonseca .

MODELO SEGUIDO Segundo Abi-Rihan, "a revista é tão excelente que vem sendo copiada pelas demais escolas. Eisso só nos envaidece, porque foi assim com os desfiles da Beija-Flor. Desde a época de João Trinta até os dias da Comissão de Carnavalescos, somos vang uarda. Mas quem ganhou com isso foram as escolas, sua comunidade e, principalmente, o público que prestigia esse espetáculo. Com relação à nossa revista, o mesmo se deu. Lançamos a revista com muito sucesso no carnaval de 2002 e, já no carnava l de 2003, outras escolas iniciaram a produção de suas revistas. Eas escolas que tinham alguma pequena publicação mudaram seu enfoque e começaram a fazer como a nossa revista, va lorizando a informação e a comunidade que constrói a escola de samba. Novamente, a Beija-Flor deu - e permanece dando -o tom da conversa. E isso é motivo de orgulho e satisfação minha, do Ricardo e do Anizio", conclui o rad ialista.

CRÉDITOS Mas essa conquista, segundo Ricardo Da Fonseca, é o resu ltado do esforço de muitas pessoas: "Não há dúvida de que a qualidade da revista é superior. Mas não podemos deixar de enfatizar que estamos fa lando de um traba lho profissional, produzido por uma equipe de jornalistas, redatores, designers, revisores, tradutores e fotógrafos profissionais, além de termos contado com a colaboração de importantes pesquisadores e estudiosos da cultura e do carnava l, que emprestaram seu prestígio econhecimento à revista. Destacam-se aq ui os nomes de Hiram Araújo, Felipe Ferreira, Haroldo Costa, Sergio Cabra l e Marília Trindade Barbosa. Eles dividem conosco os créditos pelo sucesso da revista. Além disso, tivemos o apoio de pessoas e empresas que confiaram na capacidade de discern imento do Anizio, que nos apoiou desde o início", conclui.

Fevereiro 2008

93


EXPRESSAO

oo SAMBA

Miro Lopes

Samba abre as portas do sucesso para

LU/Z AYRÃO

gravou Nossa canção). De autoria do pai, Luiz Ayrão gravou Meu anjo, dedicada a sua mãe, Sylvia (19 19-1977).

É com um samba em homenagem à Portela que Ayrão grava seu primeiro elepê. O títu lo é Porta Aberta. Com esse samba ele em placa seu primeiro sucesso como intérprete e abre cam inho para uma carreira vitoriosa : são 32 anos de profissional ismo, marcados por 30 discos e 5.000 apresentações (contabilizadas somente as remuneradas e rea lizadas até meados de 2007). A marca foi um justo motivo para o programa Raul Gil (BandRio) exaltar a carreira do jurado do seu Show de Novos Talentos, no quadro Homenagem ao Compositor. Ao se r informado que fora escolhido como Express ão do Samba, Luiz Ayrão di sse: "Ser agraciado com um prêmio dessa natureza , além de todas as alegrias, é uma confortável massagem no ego. É a felic idade de sentir-se reconhecido pelo traba lho para o qual se nasceu, se vive e se há de morrer': Em 1963, estréia em disco, como compositor, com Só por amor, gravada por Robe rto Ca rlos. Depois, RC grava Nossa canção (1966), o primeiro sucesso romântico do re i da Jovem Guarda, e Ciúm es de você (reg ravada por Zizi Possi, e, mais recentemente, por Jota Ouest. Ali ás, a nova geração está afinada com o repertó ri o de Ayrão: Vanessa da Mata

94

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Em 1968, participou do festival O Brasil Canta no Rio (N Exce lsior), com Liberdade! Liberdade! ... lançada a convite de Rildo Hora e Romeu Nunes, em compacto simples, juntamente com Canta menina. Em 1970, no disco Alô, Jovens, limoCyro Monteiro Canta Sambas dos Sobrinhos, o Formigão gravou de Ayrão Por isso eu canto assim . O repertório dele é variado em gênero- do samba de raiz ao samba romântico - e riqueza de temas, destacando-se ainda Conto até dez, Quero que vo lte, Reencontro, O Lobo da madrugada, Mulher à brasile ira , Amor dividido, A saudade que ficou (O Lencinho), Bonequinha, Meu ca narinho (para a Copa de 82), Águia na cabeça , entre outros. Os anos de chumbo impuseram restrições que ameaçaram o trabalho, mas não a criatividade do com positor. Ayrão adotou nomes artísticos, como Joãozinho da Rocinha, Paulinho da Bioquím ica e João de Deus e trocou títulos de canções, reagindo assim às intimidações da censura. Como excelente sambista, Ayrão deu a volta por cima e agora está aí, cantando a festa que a vida é!

EVALDO GOUVEIA, o conde do samba Neto de cangaceiro, Eva ldo Gouveia certamente herdou do avô a vida incerta que todo artista segue para alcança r seu sonho. Com vocação e talento aflorando na infância, quando já era atração do sistema de altos falantes de lguatu, interior do Ceará, Eva Ido acertou na mosca ! Tocar violão era parte desse sonho. Aprendizado e instrumento indispensáveis para se fazer acompanhar nas apresentações, pelos

www.beija-flor.com.br


bares vida, nos programas de calo uros da Rádio Clube, em Forta leza, até formar, co m Mário Alves e Epa mi nondas de

JOÃO ROBERTO KELL Y, pé no samba enas marchinhas

Souza, um dos ma is admi ráveis grupos musica is da história

O bem-nasci do João Roberto Ke lly é uma das maiores refe-

áu rea do rád io: o Tri o Nagô.

rê ncias do Carnava l brasileiro, ao lado de Lamartine Babo e OTrio Nagô estréia na Rád io Naciona l como atração do Progra ma César de Alencar, pa dri nho do gru po. Osucesso gara nte o primeiro contrato do grupo com a Rádio Jorna l do Brasi l. A partir de 1950, co mo cantor/v iolonista do Nagô, Evaldo Gouve ia pontifica nas pa radas de sucesso,

Brag ui nha. Através do sucesso de marchinhas memoráveis, o trio até hoje faz a alegria dos verdadeiros fo liões. A mesma inspiração que faz de Kelly um dos ca mpeões em arreca dação com Cabeleira do Zezé (c/ Roberto Faissal e reg ravada recentemente pelo bloco carnava lesco Monobloco) e Mulata bossa-nova, faz dele ta mbém um sa mbista dos mais interpretados. Boato, gravada em 1961 por Elza Soa res, foi incl uída em vários LPs, Gamação (1974), De pandei ro na mão (1976), Sa mba do te leco-teco, Mormaço e Zé da Conce ição são alg uns sambas que leva m sua assinatura.

interpretando Antonio Maria,

Na década de 70, estreou na TV- Ri o o progra ma Ri o dá

Luis de França, Ma rino Pinto,

Samba, que ficou 12 anos no ar e originou o show Rio dá samba - Ke ll y e Mulatas - , apresentado em mais de 100

Alme ida Rego, que vieram a ser parceiros, co nsagrando-o como compositor nas décadas que se segu iram . Écom Pedro Caetano que Eva l-

cidades só no Estado do Rio, - emba lado por um grande sucesso do programa, a Dança do bole-bole, grava da pelo próprio autor e pelos conjuntos Sambrasil e Vem Que Tem. Portanto, se o assunto é sa mba e Carnava l, Kelly é uma expressão inquestionáve l.

do compõe seu primeiro samba, Eu e Deus, gravado por Nora Ney; depoisvieram Pior pra você, gravado pelo Nagô,Vou fazer um sa mba, na interpretação de Dalva de Andrade, Maldade, na voz de Rosa na Toledo, Falso, com o inconfund ível Mi ltinho, Nosso cantinho e Faz de conta, gravados por Dircin ha Batista, Samba sem pim -pom, por Vera Lúcia, Garota moderna, uma homenagem à filha caçula de Jair Amorim, seu parceiro mais constante, gravada por Wi lson SimonaI, e Oconde, um grande sucesso de Jair Rod rigues. Em 1973, compôs com Amori m o samba-enredo da Portela, em homenagem ao maestro Alfredo Viana, OMundo Melhor de Pixi ngu inha. Uma dos sambas mais executados, du rante e depois daquele Carnava l. Em 2002, com 50 anos de carre ira, fez seu primei ro espetácu lo solo, Romântico e Sentimen tal, gravado ao vivo, em Conservatória, cidade flum inense que abriga ta lentos vivos e gu arda a memóri a dos grandes ídolos do ca ncionei ro popular, num museu único do País. Aliás, esse sent imento romântico é a marca de tudo que Eva ldo Gouve ia canta e compõe. Aos 77 anos, o ceare nse e portelense Eva ldo Gouveia continua fazendo apresentações pelo Brasil afora, sem pre reverenc iado po r seu talento como composi tor e intérprete. Além do ma is, sam bista p'ra valer Eva ldo é, aonde sua escola for, ele va i, co mo diz em prosa e verso: "Bem melhor (. .. ) é sai r na Portela e um sa mba- enredo no asfa Ito canta r '~

Aos 11 anos, João Roberto Kelly começou a estu dar piano com a avó e a mãe, dona Luiza. Mais ta rde, por conta desse dom, o pai e professor, Celso Octavio do Prado Ke lly, aprese ntou o filho aos am igos Leon Eliachar e Geysa Bôsco li , qu e o conv idaram a musica r a revista Sputinik no morro. E a bordo do seu piano, Kel ly escreve seu sucesso em disco, shows e televisão. Em 1963, o pianista Luis Reis levou Kelly para a TV Excelsior. Um ano depois, ele foi convidado por Chico Anísio e Carlos Manga para musica r os quadros humorísticos do prog rama Times Square. Fez também My Fai r Show, Praça Onze e o Musikelly. Em 1987, em sua homenagem, o pesquisa dor e produto r musical Rica rdo Cravo Albi n montou o espetáculo Quero Kelly, para a Série Carnavalesca da Sa la Fun arte/Sidney Mil-

Fevereiro 2008

1

95


ler, reun in do músicas do compositor, que atuou tocando seu inseparável piano e cantando, junto com Emilinha Borba. Sempre em atividade, nos seus programas nas rádios Haroldo de Andrade e Roquete Pinto, João Roberto Kelly relembra os melhores momentos da MPB, com destaque para o samba e o Carnaval.

ARLINDO CRUZ, osambista perfeito Arlindo Domingos da Cruz Filho, ou mais popu larmente Arlindo Cruz, aos 25 anos de carreira e às vésperas de 2008, chegou a marca de quinhentas composições. Sam bas, naturalmente! O samba está em suas veias, sua alma e seu DNA. Talento supe rl ativo, como disse Túlio Feliciano, Arlindo Cruz é uma verdadeira Expressão do Samba . Um Sa mbista Perfeito, como anuncia seu novo cedê, com 80Dfo de composições inéditas. "Se o sambista perfeito é fe ito à im agem do samba, é possível dizer que a música de Arlindo Cru z reúne os in gred ientes indispensáveis", como ratifica a fa ixa-títu lo de seu novo álbum. O sambista reve lou-se, inicia lmente, como cavaquin ista, tocando no disco Roda de Samba, de Candeia. O cavaco ele ganhou do pa i, Arlindão, aos 7 anos, e já aos 12 tirava melodias de ouvir. Oirmão Acyr Marques ensinou- lhe violão, mas Arlindo aprendeu mais: teoria, solfejo e violão clássico, na escola Flor do Méier; e fo i ele quem anexou o banjo ao samba, dando um co lorid o in ovador ao gênero. Junto com seus parceiros do Fundo de Quintal (Sombri nha, Zeca Pagodinho, Almir Guineto e Beto sem Braço), foi inúmeras vezes vencedor do prêmio Sharp, o mais importante lauréu concedi do aos melhores autores e intérpretes da nossa música popular. É nessa fase gloriosa que o inspirado compositor faz Castelo e cera, Canto maior, Não valeu, entre outros. Seu nome e seus sambas estão sempre presentes ao repertório dos ma is autênticos sambistas: Meu negócio é pagodea r está no LP Explosão do Pagode, de Carlos Sapato; Luz do repente, titulou o disco de Jovelina Pérola Negra; Termina aqui, parceria com Zeca Pagod inho

Revista Beija-Flor de Nilópolis

e Ratinho, no CD Samba.com, de Dorina; Pura semente, Mar de carinho e Negritude Axé, no disco de Marquinho Santana, Nosso Show; Já é ou já era, no disco Daqui, Dali e de Lá, do Toque de prima e por aí vai. Logo depois, Arli ndo Cruz formou a dupla com Sombrinha, gravando discos de sucesso. Oprimeiro foi Da música, lançado em 1996. Naquele ano, a dupla participou do disco Viva Noel, de Ivan Lins. No ano seguinte, lançaram O samba é a nossa cara. Eainda participaram, com Martinália, da coletânea Casa de Samba 4, com Falange do Erê. Depois veio o disco Arli ndo Cruz & Sombrinha ao Vivo. Neste CD, gravado no Consulado da Cerveja (SP). a dupla canta Só pra contrariar, Ainda é tempo de ser feliz, Saudade que não se desfaz- com a participação de Beth Carvalho, O show tem que continuar, e Bagaço da laranja. O disco ainda contou com a participação de Zeca e Guineto, num partido alto, e do cantor Péricles, em Não tem veneno. O último disco da dupla foi Hoje tem samba, que teve participações de Beth Carvalho, Jamelão, Velha Guarda da Portela e Velha Guarda do Império Serrano. Em 1987, Arl indo Cruz entrou para a Ala dos Compositores do Império Serrano, ganhando disputas de samba-enredo nos carnavais de 1989, 1995 e 1996. Em 2003, em parceria com Maurição, Elmo Caetano, Aluizio Machado e Carlos Senna, compôs o samba-enredo Eonde houver trevas... Que se faça a luz!, com o qual o Império Serrano desfilou no carnaval. Em 2006, voltaram à Passarela do Samba Prof. Darcy Ribeiro, com o enredo OImpério do Divino, e, em 2007,juntando-se ao grupo João Bosco, a escola imperial desfilou o tema Ser Diferente é Normal. O Império Serrano faz a diferença no Carnaval. Anfitrião da melhor qua li dade, Arlindo Cruz reúne, com a maior facilidade, a nata do mundo do samba para animadas e disputad íssimas rodas de samba, que promove pelas noites cariocas.

AGNALDO TIMÓTEO é o homenageado especial Com 41 discos (do vin il ao digital) e uma carreira vibrante, o cantor e político Agnaldo Timóteo se im pôs por sua autenticidade como cidadão e por seu talento e voz como artista. Mesmo não sendo sambista, é nos redutos do samba, morros e nas classes menos favorecidas que se concentram seus inúmeros fãs e eleitores. Mas essa admiração nada tem a ver com sua origem humilde, e sim com suas qua lidades artísticas e políticas. Atividades que exerce com independência e discernimento. Por essas e outras razões, Agnaldo Ti móteo recebe o troféu Expressão do samba 2008, numa homenagem muito especial da comun idade Azul-e-Branco nilopolitana.

www.beija-flor.com.br


Em 1964 Timóteo gravou seu primeiro disco, com o samba-canção Sábado no morro e o rock-balada Cruel solidão. Dezoito anos depois, entrou para a política, pela Câmara Federal, escudado na maior votação de toda a história. Como deputado produz o maior número de projetas que o Congresso já registrou até hoje. Apesar do caráter nacional, especialmente de interesse para a Educação, classe musical e questões sociais, as aprovações de muitos desses projetas encontraram a resistência e a inveja dos seus pares. Em seu recente disco, Feitiço do Rio (2006). Timóteo exalta o Rio de Janeiro, com clássicos, composições de todos os tempos, identificadas com o Carnaval brasileiro. Enquanto isso, novamente aclamado pelo resultado das urnas, ocupa lugar na Câmara dos Vereadores de São Paulo.

com um entusiasmado Alô, mamãe !, que repercutiu como uma homenagem a todas as mães do Brasi l.

Timóteo reconhece três pessoas que foram definitivas em sua carreira: Anísio Silva, que o descobriu, Ângela Maria, que o apoiou incondicionalmente, e Jair de Taumaturgo, que lhe deu a primeira oportunidade. Etrês momentos marcantes: com o sucesso de A casa do sol nascente (Aian Price/Fred Jorge). consagrou-se cantor popular romântico; Meu grito, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, faixa do elepê Obrigado, Querida (1968). resu ltou em 600 mil cópias vend idas. E, sempre ressa ltando a im portância daquelas que dão à luz, gravou Mamãe, um sucesso permanente. No seu primeiro discurso na Câmara Federa l, o cantor saudou d. Catarina

Agnaldo Timóteo nasceu em Caratinga, MG. Começou a trabalhar aos 9 anos. Foi carregador de malas, engraxate e vendedor de mangas, bolinhos e pastéis fe itos pela mã e. A partir dos 12 anos, traba lhou com o pai no DNER, em serviços gerais e como mecân ico. Por essa época, já cantava e vencia concursos promovidos pelos circos que chegavam à cidade. Mudou-se para Governador Va ladares, onde participou dos programas da Rádio Difusora, especialmente o Domingo é Di a de Folga, coma nd ado por João Dornelas, que acreditava no futuro do Curió de Caratinga- como ele anunciava Agna ldo.

Fevereiro 2008

97


-

RICARDO EABRAAOZINHO UNIDOS PELA PAIXÃO POR NILÓPOLIS EPELA BEIJA-FLOR Miro Lopes

Os Abrão David são uma grande fam íl ia. Desde que chegou à Nilópolis, em 1915, e con heceu o bloco Beija-Flor, nos anos 50, a família passou a integrar, de corpo e alm a, essas duas instituições. A população nilopo li tana , certamente, é uma grande famíli a. A Beija-Flor também o é. Mas é através da família Abrão David que essas institu ições se fund iram e, até hoje, se confundem, satisfatoriamente. As famí lias Ab raão David, Beija-Flor e Nilópolis unem-se no propósito de buscar o melhor para todos. Unidas e coesas, uma é o elo da outra. Estão irmanadas pelo sangue, identificado na árvore genealógica dos Abrao David, e pela admiração e garra da popu lação nilopolitana, mais especialmente as pessoas que trabalham na escola (na quadra e nos barracões) , as que participam dos seus projetas sociais internos e externos, as que in teg ram as alas da co munidade que todos os anos desfilam e defendem a "deusa da passarela" no Sambódromo, e que levaram a escola a ganhar dive rsos carnavais. Ao longo desses anos todos, Nilópolis e a escola encontraram nos Ab rão David seus grandes mantenedores e adm inistradores. Seja através de ações efetivas pessoais, seja através de ações políticas, a famí lia Ab rão David deu à cidade as cond ições de qualidade de vida e urbanidade, reco nh ecidas nacionalmente.

longo dos anos. "Graças a Deus, fomos sempre mu ito bem reconhecidos. A melhor co isa que tem é você anda r na rua e escutar muito obrigado. Mui tas vezes você nem lembra o que fez para aquela pessoa. Eaí a pessoa vem te agradecer, te dar um abraço, isso é que é lega l", diz Abraãozinho, que concretizou dois desejos do pai: ter um título superior e dar co ntinuidade ao seu projeto político. É formado em Odontolog ia pela Universidade Federa l do Rio de Janeiro: "Estou no primeiro mandato. Este ano agora venho cand idato novamente, junto com Sergin ho Sessim, que é filho do Simão, que vem candidato a prefeito': Ricardo Martins David é filho de Farid Ab rão. O pai é o atua l prefeito de Nilópolis, em seu segundo mandato. Ao ingressar

Há uma geração contínua na adm inistração executiva e leg islativa do mun icípio, ga rantindo- lhe uma constante ascensão, assim como na direção da escola de samba. A atual geração está representada por Abraão David Neto, 27 anos, vereador em Nilópolis e diretor socia l e recreativo do Centro de Atend imento Comunitário Nelson Abrão David, e Ricardo Martins David, 35, também político e vice-presid ente social da "princesinha nilopolitana':

PAIS EFILHOS Abraãozinho é filho de Miguel Ab raão David, prefeito de Nilópolis por dois mand atos. Durante toda sua in fâ ncia, Miguel -que tin ha o hábito de ir a pé de casa para a prefe itura -o levava para todo lugar. Abraãozi nh o percebeu, desde cedo, a responsabilidade e a importâ ncia política da família para a cid ade e o respeito que co nquistou ao

98

Revista Beija-Flor de Nilópolis

www.beija-flor.com.br


na vida pública , adotou o nome de Ricardo Abrão: "a gente é feliz em ter nascid o nessa família. Uma família que busca sempre ajudar, busca sempre o melh or para a cidade de Nilópolis", afirma. Ricardo também se prepara para enfrentar as urnas em busca do seu segundo mandato.

BEIJA-FLOR Qual o sentimento de ser Beija-Flor? "É um sentimento vitorioso. Eu particularmente vivi uma época que dificilmente a Beija-Flor ganhava alguma coisa. E vi a evolução da Beija-Flor, e fazer parte disso também dá um orgulho muito grande. A Beija-Flor se profissional izou de tal forma que quem quiser ganhar o Carnaval tem que ganhar da Beija-Flor. Você vê ali pessoas que dão a vida, dão a alma pela Beija- Flor. Elas saem do traba lho às qu in tas-feiras, vão para a quadra e ensaiam como se tivessem acordando naquele momento. Foi isso tudo, e logicamente o pessoa l do barracão que fina li za o Carnaval de tal forma, que levou a escola a ser quase im batíve l.

Ri cardo se regozija com a trajetória da escola: "A Beijaflor era um bloco, e essa família abraçou. Hoje a escola repercute no mundo todo. Então a gente fica muito feliz de participar desse trabalho. Aprendemos isso com nossos pais, quando falo, falo da nossa geração, da minha pessoa, dos meus primos, e a gente teve essa felicidade de ter dentro de casa ensinamentos muito fortes. Uma conduta séria, de transpa rência, e, principalmente, de desafios. A Beija-Flor hoje é uma grande escola através da visão que tem essa família, de ter hoje grandes profissiona is. Como é o caso do Ab i-Rhian, que dirige a revista, e toda a equipe. Da com issão de Carnaval, que também não é diferente. São pessoas de alta capac idade; cada uma, com sua qualidade e humildade, ve m somando em prol desses carnavais maravi lhosos que a nossa esco la tem feito. Cada vez mais também passa o forta lecimento da co mun idade. Este é meu ponto de vista: uma comun idade forte, uma comunidade que ama essa esco la, que vem dando realmen te demonstrações de superação a cada Carnava l. Tivemos carnava is em que choveu, a Beija- Fl or entrou na aven ida sete horas da manhã e a comunidade foi lá, fez seu papel, cantando, da entrada até o último minuto do desfile.

, B•ll•lio I• hll• • 8•Qtl-lltJI'.

u••

,.IC'B,.

f•• t/6 ••••.


AS FERAS DA AVENIDA Ricardo Da Fonseca e Miro Lopes

Em diversas outras oportunidades, temos deixado claro para o leitor que produzir um Desfile de Carnaval não é uma tarefa simples. E o desafio de coordenar e comandar na avenida mais de 3.000 componentes é uma tarefa que somente poucos conseguem rea lizar. Em mais essa questão, a Beija - Flor de Ni lópolis se mostra uma das mais bem preparadas agrem iações de carnaval. Contando com a experiência do Laíla, a escola se reestruturou e hoje é uma potencia no carnaval mundial. Para dar andamento a esse desafio, Laíla conta com o apoio e a cumplicidade de Valber Frutuoso, fi lho Valter Bimbinha -um dos fundadores do Cacique de Ramos e Mestre-Sala da Mangueira. Casado com Teima e pai de Nívia,- Válber é sem sombra de dúvida o principal escudeiro do diretor de carnaval da agremiação de Nilópolis.

Revista- Laíla, você é um homem que não manda reca do. Quando tem que falar, você mesmo vai e diz o que tem que ser dito. Isso é uma característica importante para quem planeja dirigir um grande grupo de pessoas, como é na Beija Flor. Me fa la um pouco sobre isso. Como é para você essa relação de comunidade? Laíla - Primeiro, é o seguinte : esse grupo que hoje se encontra na Beija Flor foi montado por mim. Fui eu que botei as peças nos seus devidos lugares. Porque quando eu saí da Grande Rio e voltei para a Beija Flor, as coisas eram muito confusas. Todo mundo mandava, era uma desorganização terrível!!! Eis a razão de a Escola ficar durante anos sem ganhar um título. E eu fui buscando as pecinhas. Fui eu quem trouxe o Mestre Paulinho, a Se/minha e o C/audinho, entre tantos outros... Montei um time campeão, com os melhores. Agora o resultado aparece.

Revista : Na prática, o que é a atividade do Vá lber dentro da Escola, dentro dessa sua proposta de trabalho Laíla : O Valber é uma pessoa entendida em harmonia, entendida em bateria. Sabe! Ele é professor de biologia. Éum rapaz instruído. Até certo ponto, ele me acalma em certas horas. Eu era muito afoito! Hoje eu estou mais tranqüilo, em função exatamente de termos uma grande equipe, e um alicerce, que é o Válber. Eu falo pouco em relação a isso, mas eu dou muito valor a ele. Eu não deixo ninguém mexer com ele. Me perguntaram, na ocasião: 'Quem é o seu sucessor?', posso dizer que é Vá/ber Furtuoso. Pelo seu conhecimento, pela sua maneira de ser, pelo seu caráter. Me dou muito bem com sua família, os familiares todos. São pessoas que freqüentam a minha casa, eu freqüento a casa dele. Isso criou uma grande amizade. Revista- Vocês estão há quanto tempo juntos?

Revista- E de onde surgiu o Válber no seu t raba lh o? Laíla - O Valber surgiu quando eu trabalhava na Grande Rio. Ele era assessor do diretor de harmonia, mas, no meu olhar clínico, observei que o Válber era quem decidia e fazia as coisas. Ea gente começou a se dar bem, e quando eu retornei para a Beija Flor fiz o convite e ele aceitou. E estamos aí até hoje trabalhando juntos. Porque quando eu não estou na parte de harmonia, nos ensaios, a coordenação é dele. Ele tem total liberdade para agir, até porque sabe o que faz, porque se não soubesse eu não daria essa liberdade. E trabalhar em grupo não é difícil. Difícil era quando eu trabalhava sozinho, era muita coisa! Eu trabalhava demais, e às vezes não surtia o efeito necessário. Trabalhar em grupo é muito bom! Formamos a Comissão, eu formei a Comissão! Todo mundo pensou que não ia dar certo, eu sabia que ia dar. Porque existiam vários talentos, cada qual participando de uma maneira do carnaval. E a gente tentou unir essas pessoas. E conseguimos. Com isso a Escola ganhou muita força. Fomos vice-campeões 4 vezes, fomos campeões 4 vezes, se não me engano. Eeu acho que isso demonstra que em conjunto é melhor do que trabalhar sozinho.

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Válber - O primeiro carnaval que a gente fez juntos na Grande Rio foi .Águas Claras para o Rei Negro. Grupo de Acesso, e a Grande Rio subiu, foi quando a gente se conheceu. Fizemos então No Mundo da Lua, junto com o Alexandre Louzada, no ano seguinte. A Grande Rio ficou em gado Grupo Especial. Fui para a Beija-Flor com Bidu Sayão. Revista: O Mil ton Cunha diz que a Beija Flor é para o carnavalesco uma alavanca para se promover, no sentido positivo da palavra. Como é o trabalho de vocês, cons iderando-se que o Laíl a montou a estrutura da Beija Flor vencedora , com o apo io do seu An izio, porque ele confia no que o Laíla faz? Como você se relaciona com esse grau de confiança que o Laíla lhe dá? Válber - Pra mim, na verdade, é um grande prazer. Um grande prazer e uma grande responsabilidade. Porque, com certeza, o Laíla é um ícone do carnaval e do samba. Não só pela questão de harmonia. Mas porque ele tem um conhecimento de todo o ciclo do carnaval. Quero dizer, desde a concepção do enredo, da estruturação do enredo, a

www.beija-flor.com.br


execução, a parte harmônica de escolha de samba-enredo, estruturação de bateria. Então é óbvio que, para mim, tanto é uma honra muito grande ter esse reconhecimento da parte dele, poder trabalhar junto, como é uma responsabilidade muito grande, por saber que ele me considera um possível sucessor dele. Porque não é trivial! Éuma responsabilidade muito grande! Ea gente sabe que as pessoas normalmente criam expectativas quando você é um possível sucessor. Então isso para mim é uma grande responsabilidade. Faz com que eu tenha, cada vez mais, dedicação e comprometimento no que faço, porque é muita adrenalina colocar essa Escola na avenida! Não quero desmerecer nenhuma outra Escola. Éuma responsabilidade para qualquer diretor de harmonia em qualquer agremiação, mas a Beija-Flor de Nilópolis é a grande atração do público. Todo o público espera por ela. Podem passar todas as Escolas, mas enquanto a Beija Flor não passar ninguém tem um palpite seguro sobre quem será a campeã! Eisso por conta dessa estrutura, desse trabalho de comunidade, desse trabalho organizado. Então, o Laíla vai, ele puxa a Escola e vai lá na frente. Eu só entro na avenida depois que o último componente da Escola tiver entrado. Mas ele está lá se comunicando o tempo todo -seja pelo rádio ou mandando alguém falar comigo. Então é muita responsabilidade! Porque o Laíla está lá na frente e ele não está vendo o que está acontecendo aqui. Eeu vou te dizer,

é um tipo de trabalho que só pode ser executado se existir, realmente, muita confiança entre as pessoas. La íla- Eu fazia isso tudo sozinho! Eu tinha que ir na frente da Escola, voltar para tirar a bateria, voltar para botar bateria no box, voltar para apresentar mestre-sala e porta-bandeira. Eu fazia isso tudo sozinho! Hoje, a gente já achou o caminho da porta-bandeira no início, isso beneficiou bastante a harmonia. Eo restante fica por conta do Válber. Quem tira bateria do box é ele, quem bota o andamento da bateria para andar mais um pouco é ele. Essa responsabilidade é dele! Revista - Quando o Laíla te chamou para integrar a equipe, ele já tinha te avaliado, sabia das tuas qualidades e virtudes. Quais são as maiores dificuldades que você encontrou nessa nova etapa ou quais são as vantagens que você considera importantes para você estar junto até hoje? Válber - No início foi muito difícil! Inclusive, no primeiro ano, eu peguei uma pedreira, porque nós tínhamos 42 casais de mestres-salas e porta-bandeiras, e eu vim trazendo esses 42 casais. Na verdade, a gente não tinha equipe de harmonia. A nossa equipe era eu e ele. A harmonia era enorme! A gente não conhecia as pessoas, então a gente


rrLAÍLA: QUERO TE AGRADECER PUBLICAMENTE ACONFIANÇA QUE TEM DEPOSITADO EM MIM EAMORAL QUE TEM ME DADO. ESPERO PODER FAZER JUS AELA EPARA ISSO, REFORÇO MEU COMPROMISSO DE LEALDADE EAMIZADE COM VOCÊ. ESTAR AO TEU LADO ÉSEMPRE GRATIFICANTE, PORQUE VOCÊ TEM REALMENTE UMA VISÃO ÚNICA DO CARNAVAL. MAS OMAIS IMPORTANTE PARA MIM NISSO TUDO ÉCARINHO, RESPEITO EAMIZADE QUE CONSTRUÍMOS JUNTOS NESSES 15 ANOS. ISSO ÉA COISA MAIS IMPORTANTE PARA MIM. NOSSA AMIZADE ÉUMA COISA MUITO BONITA E TEM UM SIGNIFICADO MUITO GRANDE PARA MIM. POR ISSO, NÃO SE ENGANE: VAMOS FAZER AINDA MUITOS CARNAVAIS JUNTOS, LAÍLA. E VAMOS GANHAR MUITOS TÍTULOS PELA BEIJA -FLOR PORQUE VOCÊ ÉO MESTRE. EOS MESTRES SÃO INSUBSTITUÍVEIS. E COMO TEU APRENDIZ, MEU PRÊMIO NÃO ÉSUBSTITUIR VOCÊ, AO CONTRÁRIO, É TÊ-LO AO MEU LADO, COMO MESTRE, AMIGO EIRMÃO. " VALBER FRUTUOSO também não tinha como ... a gente não tinha nada contra ninguém, mas a gente não tinha como confiar, a gente não sabia o que podia acontecer. Assim como a gente também não tinha um conhecimento tota l do contingente da Escola naquele primeiro ano! Nós recebemos muitas críticas, o Laíla foi extremamente criticado no "Bidu Sayão ", inclusive o acusaram de ter corrido demais com o samba, que o samba era melodioso, que tinha corrido demais. Só que, quando a gente chegou na avenida, a gente imaginava ter 4 mil, 4 mil e quinhentos componentes, e havia ma is de 6 mil. E o tempo para desfilar! E a gente está lá, vamos pra briga! E fomos, conseguimos fazer um grande desfile, tanto é que a Beija Flor naquele ano não ganhou o título mas conseguiu o terceiro lugar, com toda a dificuldade!

102 1

Revista Beija-Flor de Nilópolis

Revista -Laíla, você está vivendo uma fase de divisão de atribuições e responsabilidades. Fale um pouco sobre essa sua forma de trabalhar com equipe e dividir as tarefas? Laíla - Eu sempre trabalhei dessa maneira. Eu vim do Salgueiro! OSalgueiro tinha uma grande equipe ! OSalgueiro foi uma das Escolas que teve a maior equipe de Carnaval do Rio de Janeiro, que era Pamplona, Augusta, João Trinta, Rosa, Alícia, Arlindo Rodrigues, uma senhora equipe de carnaval, e eu vim desse time. Eu tenho conhecimento de todas as artimanhas do carnaval! E o Válber tem muito a ver comigo! Éda maneira como eu sou! Ele é caladão, mas na hora da decisão ele sabe como decidir. Articulador? É, eu também sou. Quero dizer, a grande realidade é que a gente

www. beija-flor.com.br


se complementa. Há um complemento de pensamentos, de troca de idéias. A gente fala pouco! Para discutir qualquer assunto, às vezes em dois segundos a gente resolve o que tem que resolver, o que outros levariam um ano para resolver. A gente resolve em dois segundos! Válber- A afinidade é muito grande! Eum enorme aprendizado. A gente que é professor está sempre ávido de conhecimento. Etrabalhar na Beija Flor, para mim, é um grande prazer, com aprendizado, A forma como o trabalho é conduzido, a visão de trabalhar em grupo que o Laíla sempre colocava para gente.. São muitas oportunidades de aprender mais. Esse trabalho de grupo é muito bom. Eu considero como sendo fundamental para o progresso da Beija Flor, nesses últimos anos. E essa coisa de família, esse tempero que a Beija Flor tem com esse tratamento familiar. .. Seu Anizio, o Farid. Mas principalmente seu Anizio, com o seu jeito muito fraterno com que cuida e trata de tudo e de todos na Escola. Isso é algo que cativa, e te deixa tranquilo para trabalhar. .. E com uma comunidade que é fantástica! Fantástica! Revista: Quando você come çou no carnaval? Válber - Com 15 anos, saindo na Unidos da Ponte como passista. Mas não era bem o que eu queria. De lá, fui dirigir uma ala comercial na Grande Rio, que era do marido da minha irmã de criação. Saí então diretor de ala na Grande Rio. Um ano depois, a Grande Rio subiu para o Grupo Especial, e os diretores de harmonia, na época do Cesar Morcego e Arizinho, me fizeram um teste para harmonia. Botaram a ala das baianas da Grande Rio toda no meio da quadra e me mandaram ensaiar a ala. Eu passei no teste e entrei para o quadro de harmonia da agremiação. No ano do "Aguas Claras para um Rei Negro", o Laíla chegou. Lá eu fazia todo um trabalho de preparação do carnaval, e que fizemos aqui na Beija Flor: montava todo o organograma da Escola, o esquema de barracão, em termos de estrutura de carros, etc. Hoje a Beija Flor tem toda uma equipe, a gente não tem mais essa ne(~essid.adc~. -, Mas eu me lembro que, quando a veio para cá, trouxemos isso. Eu m o organograma da Escola, a sequência carro. Na época do desenvolvimento enredo, ferragem, emadeiramento, tu isso. A gente montava aqueles quadros repassava para o Candimba, que repassava para o Laíla. E foi quando o Laíla me conheceu, fazendo

Revista - Você falou em desafio. Cada desfile, cada carnaval, é um novo desafio? Laila - Lógico que é. Lógico que é! Tudo muda! O sentido do enredo muda a estruturação do desfile da Escola. Tudo muda!!! Preparar o desfile para competir. Esse é o grande desafio! Por exemplo, a gente tem a felicidade de poder ensair a Escola, toda quinta feira. A gente ensaia a comunidade. Eali você tem uma noção do que pode atingir o canto da Escola, que a gente trata de harmonia. Tem uma noção do que pode atingir a bateria, que é a parte rítimica. Então, se você tiver as duas coisas unificadas, unidas com o mesmo propósito, a tendência normal é você fazer um grande desfile! Válber - Um ponto fundamental para a Escola ter chegado onde chegou hoje é o trabalho em equipe! É o fato de que tá todo mundo imbuído do mesmo objetivo. Não tem necessidade de eu falar nada em relação a mim, especificamente! Acho que é o trabalho de equipe. É o grupo de líderes de comunidade, que é coordenado pelo Márcio. São os di retores de harmonia, os compositores. Porque na hora que a gente chega e fala: 'Olha, vamos fazer assim, vamos trabalhar assim', todo mundo aceita, topa, segue. Enfim, é o trabalho de equipe. Ea comunidade! Porque essa comunidade da Beija Flor é, para mim, única é ímpar! Laila- Quem criou a comunidade fomos nós, né? Porque não existia comunidade na Beija Flor! O número de comunidade que eu encontrei na Beija Flor era de 15 pessoas. De 15 pessoas nós chegamos a 150. Edali começou a surgir a comunidade. A Beija Flor vai existir, vai brigar sempre por título enquanto o Anízio estiver liderando nossa escola. OAnizio ama esse negócio de carnaval, o Anizio ama a Beija Flor! Ele não mede esforços para dar condição de trabalho a nenhum de nós. Revista- Você queria deixar alguma mensagem ra o leitor da revista? Valber - Eu queria dizer que é muito bom, estou muito gratificado pela oportuque estou tendo de estar aqui na Flor. Eu queria mandar um grande ço para a comunidade da Beija pelo carinho que eles têm por nós, tanto pelo Laíla quanto por mim, pelo trabalho que a gente faz. Etambém um agradecimento especial ao seu Anizio, pela oportunidade de poder estar aqui, trabalhando. Acho que essas seriam as palavras. E como a gente está começando o ano, um 2008 reple to de sucesso para todo mundo, e que a gente fazer um grande



BARDNI UM CAFÉ COM HISTÓRIA

WWW.CAFEBARONI.COM.BR CENTRO

BOTA FOGO

RUA DO OUVIDOR

SHOPPING RIO SUL

(21) 2507- 2878

(2 1 ) 2543-6886

BARRA DA TIJUCA

TIJUCA

NEW YORK CITY CENTER

SHOPPING TIJUCA

~2. \) 2.43\-6483

PILARES

NORTE SHOPPING I~.\ ?~Q

1-9899

(.2. \) 2.2.54-8\94

( \ , . Livrari~ ~ Saraava



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.