www.gazetadopovo.com.br CURITIBA, TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
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CADERNO G
ANO 97 Nº 31.132
4 CADERNOS, 28 PÁGINAS 2 SUPLEMENTOS, 12 PÁGINAS
ESPORTIVA
R$2,00
Arquivo/ Gazeta do Povo
ADEUS, DIONGA
TOM JOBIM EM VERSÃO SERTANEJA Novo trabalho dos paranaenses Chitãozinho e Chororó, o Tom do Sertão traz uma releitura da obra de Antônio Carlos Jobim; repertório traz as canções do maestro mais ligadas ao universo interiorano.
ExjogadordeCoritiba,Atlético ePinheiroseumdos comentaristasmaisqueridosdo público,DionísioFilhomorreu ontemaos58anosem decorrênciadeinfecçãonasvias biliares.Bandeirasdostrêstimes acompanharamocortejoem carrodebombeirosatéovelório.
Emmenosde2meses,DilmaeBeto rasgamdiscursosdecampanha Menos de dois meses após terem assumido seus segundos mandatos, o governador Beto Richa (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) já adotaram medidas que contradizem totalmente o que dis-
seram durante suas campanhas eleitorais. Impostos, juros, políticas para o funcionalismo público e finanças públicas estão entre as principais controvérsias dos reeleitos. Página 11
+ O Paraná fechou 2014 como o segundo estado com maior déficit público. Em números absolutos, o desequilíbrio entre receitas e gastos nas contas coloca o estado atrás apenas do Rio de Janeiro. Página 11
O efeito perverso dos baixos preços do petróleo Subsídios dadosnoOrienteMédiobarateiamopetróleoeaenergiaeestimulamoconsumo. Masoimpactodamedidageraescassezecriseemoutrospaíses,comoRússiaeVenezuela.
Albari Rosa / Gazeta do Povo
Egito ataca bases do EI após morte de 21 egípcios As Forças Aéreas do Egito bombardearam ontem posições do Estado Islâmico (EI) na Líbia, no Norte da África, em retaliação ao assassinato de 21 cristãos sequestrados pelo EI. As mortes foram gravadas em vídeo e divulgadas pela internet no último domingo. Cairo defende uma intervenção internacional na Líbia. Página 19
Olimpíada cria oportunidades de negócios Página 15
Dinamarqueses vãoàsruascontra oterrorismo
Alegria e diversão no litoral – apesar da chuva As escolas de samba e blocos de Antonina ignoraram o mau tempo e fizeram uma bela festa no domingo, com a
ISSN 1516-4144
EDIÇÃO NACIONAL FECHADA ÀS 23 H
presença de idosos, crianças e adolescentes (foto). On tem, foi a vez do tradicional desfile das escandalosas. Em
Paranaguá, A União da Ilha foi eleita novamente a melhor escola do grupo especial. Páginas 6 e 9
NOSSA OPINIÃO
COLUNISTA
LEITORES
Leia O fim do “tratoraço”: “Não é salutar este procedimento, que apequena o Legislativo e desvaloriza as comissões temáticas”. Página 2
Rodrigo Apolloni: “As faveelas são irmãs das cidades medievais, hoje vistas como locais de socciabilidade e estímulo aos trajetos a pé ou de bicicleta.” Página 8
“Muito estranha a atitude do senhor ministro da Justiça ao receber em audiência os advogados de empreiteiras.” Ariel Ressetti. Página 3
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Opinião
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GAZETADOPOVO
EDITOR RESPONSÁVEL: MARCIO ANTONIO CAMPOS
TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
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O fim do “tratoraço” O presidente da Assembleia Legislativa promete acabar com o mecanismo de tramitação apressada de projetos de lei. Esta é uma iniciativa que deve ser encorajada
A
ação dos professores grevistas e servidores públicos que invadiram a Assembleia Legislativa e impediram a realização das sessões de votação do pacote de corte de gastos proposto pelo governador Beto Richa, na semana passada, levou o governo a retirar o projeto de lei e discutir o tema com os principais interessados (há uma reunião com representantes dos professores agendada para quinta-feira). E, em breve, a mobilização deve ter uma consequência prática de enorme relevância. O presidente da Assembleia, deputado estadual Ademar Traiano, disse à Gazeta do Povo que pretende acabar com o “tratoraço”, o mecanismo de tramitação-relâmpago de projetos de lei que não existe em nenhum outro Legislativo estadual a não ser o paranaense. Segundo o regimento da Assembleia Legislativa, é possível dispensar a tramitação normal de um projeto de lei, que normalmente passaria por comissões temáticas da Assembleia e, se aprovado por elas, iria a plenário. Se os deputados assim o entenderem, podem transformar todo o plenário em “comissão geral”, que analisa o projeto rapidamente e, se o texto for aprovado, o remete para votação final no mesmíssimo plenário. Assim, consegue-se a aprovação de forma muito célere. Acabar com o “tratoraço” é uma excelente iniciativa, por diversas razões. É da natureza das democracias que projetos de lei sejam conhecidos pela sociedade e debatidos, estudados, emendados e aperfeiçoados – processo que requer dar-se o tempo razoável e necessário para aqueles aos quais compete transformá-los em leis, isto é, os parlamentares. Este processo, no entanto, estava sendo abreviado com o uso do “tratoraço”. Nada mais antidemocrático e atentatório aos princípios da independência e da harmonia que a atual e todas as demais constituições brasileiras, desde a proclamação da República, consagram aos poderes republicanos. Não é salutar este procedimento, que apequena o Legislativo e desvaloriza as comissões temáticas. Numa democracia, é necessário que se “parlamente”, isto é, que se fale, que se debata, se explique e se convença a maioria de que algumas medidas, ainda que antipáticas, sejam compreendidas e aceitas pela maioria do parlamento, sem tramitações apressadas. Aliás, é sintomático que o estopim para a invasão do plenário, na terça-feira passada, tenha sido não tanto o conteúdo das medidas desejadas pelo Palácio Iguaçu, mas a aprovação do requerimento que transformava o plenário da Assembleia em comissão geral – isto é, o primeiro passo do “tratoraço”. É preciso lembrar, inclusive, que o pacote de medidas de corte de gastos do governo estadual constituiria apenas mais um de uma série de “tratoraços” recentes. Foi com o mesmo expediente que a Assembleia Legislativa aprovou o condenável auxílio-moradia para o Judiciário, fez a recomposição acionária da Sanepar e criou a Fundação Estatal de Atenção à Saúde no Paraná (Funeas), outros assuntos polêmicos e que mereciam discussão aprofundada entre os deputados estaduais. Claro, há projetos e situações que exigem urgência do Legislativo em sua análise, e o Executivo estadual não tem à disposição a possibilidade de editar medidas provisórias, como faz (muitas vezes indevidamente) o governo federal. Por isso, só o fim do “tratoraço” não basta – é preciso encontrar uma nova forma de dar celeridade a certos projetos, mas sempre respeitando o princípio básico da necessidade do debate entre os parlamentares e com a sociedade. Na mesma entrevista em que prometeu deixar de usar o “tratoraço”, Traiano afirmou que está buscando soluções como prazos pré-determinados para a tramitação de projetos urgentes pelas comissões temáticas. “Sempre é melhor aprender com os erros dos outros. Mas, neste caso, tivemos de aprender com os nossos próprios”, afirmou o deputado Luiz Claudio Romanelli, líder do governo na Assembleia e autor do requerimento que pediu a transformação do plenário em comissão geral na terça-feira passada. Apesar da constatação de que foi necessária uma atitude extrema, como a invasão do plenário pelos servidores, para que os deputados se dessem conta da inconveniência do “tratoraço”, é preciso elogiar e apoiar a iniciativa de mudar o regimento para eliminar de vez esse mecanismo.
Leia também
SÍNTESES – O TRANSPORTE COLETIVO EM CURITIBA O sistema de transporte precisa mudar Maurício Gulin
O
sistema de transporte de Curitiba e região metropolitana está em evidência na imprensa já há algum tempo. E as questões relacionadas a esse assunto são as mais variadas: repasses do poder público para as empresas, paralisações, Rede Integrada de Transporte (RIT), valor da tarifa, dissídio coletivo. Diante de tantos problemas em tantas frentes, todas as partes envolvidas nesse processo chegaram a uma conclusão: o sistema está entrando em colapso e precisa mudar. É normal que uma operação conduzida por tantas mãos tenha alguns desentendimentos; afinal, cada um defende o seu interesse. No entanto, não é normal que todos os envolvidos sejam lesados o tempo todo. A mudança precisa ser feita para beneficiar os passageiros, dar mais segurança aos colaboradores, aliviar o caixa do poder público para novos investimentos e tirar as empresas do prejuízo. Embora todos concordem com o diagnóstico, poucos se interessam em achar uma solução. Embora todos se disponham a dialogar, poucos buscam ouvir.
Fruet lucra com usuários do transporte coletivo Thiago Bagatin
O
início de 2015 foi marcado por uma intensa disputa entre a prefeitura de Curitiba e o governo estadual. O motivo foi o calote empreendido pelo governador no subsídio repassado ao município, que seria destinado ao transporte coletivo. O rombo chegou a R$ 16,5 milhões, causando caos na cidade, com direito a motoristas e cobradores sem salários e paralisação total do transporte urbano.
A briga foi longe e, como resultado, tivemos o aumento da tarifa de ônibus para R$ 3,30, corte na oferta do transporte metropolitano integrado, com redução de trajetos, e o fim do cartão-transporte para usuários da região metropolitana. Os problemas financeiros vivenciados pela prefeitura e pelo estado são de conhecimento público; também o é que o transporte coletivo não deveria gerar lucro para a prefeitura, pois a mobilidade urbana sustentável é essencial para a qualidade de vida nas grandes cidades. Em vez de gerar lucro, o transporte,
Os quatro suicídios
Por exemplo, quantas vezes o leitor já ouviu falar do “lucro milionário” das empresas? É uma mentira que já foi repetida mil vezes e, infelizmente, continua sendo alardeada em reportagens e nas colunas de alguns jornalistas. Mas quantas vezes o leitor já ouviu falar que as empresas colocam sua contabilidade à disposição dos órgãos públicos e são favoráveis a uma auditoria independente sobre o sistema de transporte? Quantas vezes já ouviu falar que as empresas pedem a mediação do Ministério Público para o cálculo do valor das tarifas de ônibus? Quantas vezes já ouviu falar que as empresas ganharam uma liminar que as desobriga de realizar investimentos porque não se verifica lucro em suas operações? Não são apenas as empresas dizendo que não têm lucro: a Justiça também reconhece isso. Poucos também ouviram o nosso repetido apelo, desde agosto do ano passado, de que o atraso nos repasses fragiliza o já delicado caixa das empresas. A situação se agravou em novembro, mês do pagamento da primeira parcela do 13.º salário, e chegou ao limite em 20 de dezembro, data do pagamento do adiantamento salarial e da segunda parcela do 13.º. As empresas, sem recursos diante de atraso nos repasses que chegou a ultrapassar R$ 15 milhões e sem nenhuma sinalização do poder público quanto à quitação da dívida, recorreram a instituições finan-
encarado como política pública, deveria, sim, exigir financiamento por parte do poder público. Mas não é o que vem acontecendo desde a publicação do Decreto 116/2015, que “reajustou” a tarifa de ônibus. Com a publicação desse decreto, a prefeitura passou a lucrar R$ 0,12 por embarque, visto que a tarifa técnica (valor repassado para as empresas de ônibus) está em R$ 3,18 e a tarifa paga pelo usuário, em R$ 3,30. Ou seja, se antes a prefeitura e o estado precisavam desembolsar um subsídio para complementar o valor pago às empresas, motivo inclusive da dívida que causou “desconforto” entre as partes no início do ano, agora o prefeito pode usufruir de uma boa gordura de caixa. A sabedoria popular diz que “a corda sempre arrebenta do lado mais fraco”. Poderíamos, neste caso, questionar se a corda simplesmente arrebentou, como obra do destino, ou se foram os “fortes” que a cortaram propositadamente, transferindo os problemas de caixa para os usuários de transporte. O aumento abusivo da tarifa transformou o sistema em uma ótima fonte de lucro para o município. Considerando que hoje temos cerca de 1,03 milhão de pagantes/dia (mais ou menos 30,9 milhões ao mês), o tarifaço deve gerar algo em torno de
Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga
ceiras para honrar o compromisso com seus colaboradores. Já no início de janeiro, a prefeitura de Curitiba teve de aportar R$ 3,8 milhões para evitar uma greve e cobrou que a Comec, do governo do estado, repassasse R$ 16 milhões que até então devia à Urbs. Entre o fim do mês passado, após a paralisação dos colaboradores, e o início de fevereiro, a Comec já aportou mais de R$ 10 milhões no sistema, após audiências no TRT. Cabe lembrar ainda que, desde 1.º de janeiro, quando se encerrou o convênio entre Urbs e Comec, as empresas metropolitanas não recebem regularmente pelo serviço já prestado. Todo esse cenário mostra que as empresas de ônibus estão sendo prejudicadas duas vezes: ao não receber pelo serviço e ao ter sua imagem desgastada entre a população por um problema alheio à sua vontade. Diante de tantos desafios, o sistema de transporte de Curitiba e região metropolitana, exemplo para o mundo e o mais bem avaliado entre as capitais brasileiras, segundo recente pesquisa da Proteste, precisa mudar. E as empresas estão comprometidas com uma mudança que trará benefícios a todos, principalmente aos passageiros. Maurício Gulin é presidente do Setransp, que representa empresas de ônibus de Curitiba e região metropolitana.
R$ 3,7 milhões por mês aos cofres da Urbs. Tudo bem que o cálculo não leva em conta o desconto concedido àqueles que utilizarem cartão-transporte (o que é impossível de ser feito neste momento), mas ainda assim o valor do lucro será alto. A crise financeira generalizada, que atinge todas as esferas de governo, não pode justificar um aumento abusivo. Os problemas de caixa da prefeitura não podem ser transferidos para os usuários do transporte público. Diante disso, o Sindicato dos Psicólogos do Paraná já tomou a devida providência: entrou na Justiça para tentar barrar o abuso cometido pelo prefeito Gustavo Fruet. Como se vê, a prefeitura transformou o transporte público em um grande negócio, dançando conforme as leis do mercado. Se para as empresas a alta rentabilidade sempre foi certa, agora o poder público resolveu entrar na onda e “tirar uma boquinha”. Em vez de tratar o transporte como política pública, como um investimento na qualidade de vida da população, Gustavo Fruet sucumbiu de vez à negociata entre poder público e empresas privadas, dando uma verdadeira demonstração de que não há nada de progressista nessa gestão. Thiago Bagatin é presidente do Sindicato dos Psicólogos do Paraná.
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GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
SEG. FRIEDMANN WENDPAP
TER. LUÍS HENRIQUE PELLANDA
QUA. ELIO GASPARI
QUI. LUIS FERNANDO VERISSIMO
SEX. JOSÉ CARLOS FERNANDES
Pontos de vista SAB. MARLETH SILVA
DOM. LUIS FERNANDO VERISSIMO
co me embalava, e creio que adormeci.
lhpellanda@gmail.com
Luís Henrique Pellanda
Minutos mais tarde, para minha surpresa, a sombra me chamou. Já recomposta, disse que abusaria ainda mais de minha gentileza, me filando um cigarro. Sem problemas, assenti, voltando ao jardim. Mas, ao aproximar o isqueiro de seu rosto, levei o susto final: eu conhecia aquela moça. Tínhamos feito o cursinho juntos e, de vez em quando, até nos cumprimentávamos na panificadora perto do colégio.
Despojos da folia
A
conteceu há mais de 20 anos, em Guaratuba, nas horas inaugurais de uma terça-feira de carnaval. Cansado de não pular, decidi voltar a pé do Centro da cidade, onde zumbia o trio elétrico, até minha velha casa na região da Praia Brava. Na metade do caminho, porém, tomei um susto, o primeiro da madrugada. Numa rua deserta, perto do trevo, uma caminhonete freou ao meu lado e, de cima dela, três caubóis mascarados me brindaram com uma baldada de água suja. Depois, gargalhando, viraram a esquina e sumiram.
Respirei fundo, paciência. Tirei da boca o cigarro perdido e, da bermuda, o maço encharcado. Despi a camiseta e a torci; depois, torci o cabelo e o prendi com um elástico. Sorte estar chovendo desde domingo. Aproveitei a garoa para lavar os olhos e, resignado, retomei a caminhada, mal suportando o meu próprio cheiro. Em casa, o segundo susto: abri o portão de madeira e dei com uma forma humana acocorada debaixo da corticeira, rente ao muro de concreto. Congelei, à espera de um ataque. Mas o que sobreveio não foi uma agressão, e sim um pedido de desculpas. Uma voz feminina, suavemente bêbada, me pedia perdão por ter invadido meu quintal. Por favor, dizia a sombra, me deixe quieta aqui, só um segundo. É claro que deixo, respondi, mas quem é você, e o que faz aí no chão? Chorosa, a sombra não me revelou seu nome, mas contou que pouco antes brincava na Praia Central, na companhia de amigos. Pena haver bebido demais e, pior, combinado comidas perigosas. Sentindo-se desarranjada, largou a festa com certa urgência, sem avisar ninguém. Tentava alcançar o camping onde erguera sua tenda, na Rua Apucarana, quando se
leitor@gazetadopovo.com.br
Coluna do leitor encontrou Ministro se os de três ad com advog da Lava Jato as empreiteir ÇÃO
DE CORRUP
euters Ueslei Marcelino/R
io do Desde o iníc zo já mês, Cardo m co eve est da defensores UTC e Odebrecht, rrêa Co rgo Cama BRASÍLIA Agência O Globo
da Justiça, José O ministro em ozo, recebeu Eduardo Card daemseugaaliza adaudiênciare imo dia5,três binete,noúlt Ode ira reite emp r vogados da pelo ex-direto brecht, citada nto da Petroime de Abastec erto Costa na rabras Paulo Rob iada da Ope prem ção nsdela Oencontroco isçãoLavaJato. oficial do min a. ta da agenda a no site da past tro, divulgad não no entanto, O ministério, advogados reos informa que nem ora trut cons presentam a tado evento. detalhaa pau revista Veja A edição da noticiou que desta semana uSérgio Rentro Cardozo enco do da empreinault, advoga bém investiga teira UTC, tam E no sábado, a . da na Lava Jato
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Piada pronta
da o ex-diretor da. Segundo strutora teria con Petrobras, a 31,5 milhões lhe pagado US$ 2012 a 2013 de reem propina emp A a. Suíç em contas na acusações coas sa classificou s”. mo “calúnia
viu, de repente, impedida de andar, tomada de cólicas mortais. Como minha casa, com seu muro baixo, era facílima de violar, a sombra resolveu arriscar-se. As lâmpadas apagadas, o silêncio atrás das cortinas, o mato alto, a falta de automóveis sob a coberta, tu-
obras para Petrobras? O mais grave é que o ministro nas pa lavras dos advogados tranqui lizouos dizendo que o Supremo vai acabar soltando seus clien tes e prometeu também que o governo usaria seu poder para ajudar as empresas no STJ, STF e na Procuradoria Geral da Re pública. Diante dessas atitudes de Cardoso fica fácil acreditar que o Brasil depois desses últi mos 12 anos não merece mais ter crédito. Leila Leitão, pedagoga, São Paulo–SP
Ministro da Justiça 3
ozo O que diz Card firmou à reCardozo con se reuniu com portagem que da Odebrecht es representant advogados foos e disse que eito sporteremf ica ram atendido al de audiêncena tragicôm aperta um pedido formele, a equipe chegando o Polícia cia. Segund s representachoque da dua ou vai m s apresent certamente iando suposta , unc g den ções Jato perder o timin des na Lava Paraná. Sem a, m irregularida não quis detauma van pret imagem de com mas o ministro PM, plotada choque da a co to ilhar o tema. direi tram Com tações Camburão”. o “As represen imentares aliad eforamencam to dos parla tam emsigilo onsáas de computa órgãos resp por program ídio nhadas aos cela de pres rmadas às aumulam uma iba. veis, sendo info petentes. Foi o, em Curit Cívic tro com Cen storidades areunião”,di feita uma atad . Aliás... ter recu se o ministro o governo mou ainda Apesar de Cardozo afir ca reunião o, os deputado a úni de tramitaçã sent que essa foi advogados de continuam austeridade se reuni no ) que teve com das (PSC r s envolvi bra Repórte por tadas pela empreiteiralene explicações gaquetenha teve de dar ões [apresen tam em taç escândalo.E e que en votar os proj Diss para res , . raço ault rep mi trato “As ] tra dido Ren enao ministro adas aos órgãos aten asse cumprim osdoisapen Odebrecht
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Ministro da Justiça 1
O
que podemos esperar de um país que tem como ministro da Justiça um indivíduo com o nível ético e moral de José Eduardo Cardozo? Sua excelência acabou de receber em seu gabinete oficial advogados dos acusados de corrupção na Petrobras (Gazeta, 16/2), e prometeu aos mesmos, tranquilizandoos, que o rumo das investi gações do Petrolão será outro depois do carnaval. O que entende mos por isso? Ele, como chefe da Polícia Federal, vai impedir que as podridões continuem vindo ao conhecimento da sociedade? Vai exercer pressão sobre o Ministério Público para beneficiar bandidos? Humberto de Luna Freire Filho, médico, São Paulo–SP
Ministro da Justiça 2 O Brasil é o país dos mil e um jeitinhos! O que explicaria as reuniões do nosso ministro da Justiça com advogados de defesa que traba lham para empresas que respondem pela Operação Lava Jato, em presas essas que pagavam vultosas propinas para angariarem
Muito séria e muito estranha a atitude do senhor ministro da Justiça ao receber em audiência os advogados de empreiteiras. Se o juiz Sérgio Moro vier a ser afastado da Operação Lava Ja to, ou se as empreiteiras vierem a ser beneficiadas de alguma forma, acabará de vez o já com balido crédito que o Governo tem com o povo. Será a com provação do envolvimento da alta cúpula do PT com a corrup ção. Reações populares não de sejadas poderão ocorrer. O ex ministro do STF, Joaquim Bar bosa agiu bem ao manifestar se, pedindo a demissão do ministro. Fez isso bem ao seu es tilo: firme, direto e objetivo. Ariel Ressetti
Partido dos Trabalhadores Para justificar qualquer proble ma, o PT sempre culpa governos do passado, desde a era Sarney. Lembro muito bem de que, quando era da oposição, foi res peitado, afinal, era nanico e
do lhe dava a certeza de estar invadindo uma propriedade abandonada. Lamentavelmente, errou. Disse a ela que se acalmasse: eu a deixaria à vontade. Entrei em casa e, para não expô-la ainda mais, não acendi as luzes. Da porta, perguntei à sombra se não estaria preci-
sando de papel higiênico. Ela gemeu que sim, constrangida, e arremessei o rolo de longe, na direção do gemido. Abri um novo maço de cigarros e fumei, jogado no sofá da sala, esperando que ela terminasse o que tinha de fazer e fosse logo embora. Misturada ao chiado do mar, a remota reverberação do trio elétri-
constitucionalmente protegido, mas nunca teve competência para obstruções ou criação de CPIs. Depois, o partido cresceu, menos por méritos pró prios e mais por erros de seus oponentes, mas a in competência continuou. Tenta imitar o que outros governos fizeram, mas erra sem limites. Até agora, o partido não fez nada de bom por aqueles que o levaram ao poder. Paulo Henrique Coimbra de Oliveira, Rio de Janeiro–RJ
Dilma e Beto A maioria dos eleitores brasileiros está arrependi do por ter votado em Dilma, e a maioria dos para naenses, com o mesmo sentimento, lamenta ter dado seu voto a Beto Richa. Dilma e Beto precisam parar de olhar para seus umbigos, achando que estão por cima da carne seca! Quando um país ou um estado se encontra em situação de emergên cia como nosso caso, urge que se comecem os cortes de despesas, na própria pele, ou seja, no Executivo, Legislativo e Judiciário. Wilson Oliveira Trindade, bacharel em Direito, Londrina–PR.
Governo Richa O governador Beto Richa deveria, por uma ques tão de coerência, reduzir o número de secretarias de seu governo, extinguindo aquelas sabidamente criadas para abrigar apaniguados de sua confian ça, parentes e egressos de derrotas em eleições. Justificar a manutenção de uma Assessoria de Ce rimonial e Relações Institucionais, por exemplo, apenas para livrar seu titular de processo judicial, é no mínimo desperdício de dinheiro público. Num momento como o que atualmente atravessamos, austeridade deveria ser a palavrachave. Hélio Azevedo de Castro
Carnaval Nestes tempos de carnaval, quando ligamos a televisão parece que vemos apenas mulheres se minuas. E pensávamos que o Big Brother Brasil era o lixo da tevê. As emissoras rivais daquela que é a grande mandona no Brasil também investi ram no carnaval e só conseguiram piorar as coi sas. Que triste fim é este que está tendo a televi são brasileira.
Rimos, quem diria? No carnaval, tudo pode acontecer, ela sugeriu. Concordei, mas fiquei calado, e o papo se esgotou. Restaram apenas as ondas e um frevo distante soando entre nós. Ela lembrou que precisava dormir, não estava bem, e pôs as mãos sobre a barriga nua de menina. Eu disse que estava exausto, e que precisava de um banho, e pus os olhos naquela barriga nua de menina. Mas ela partiu, eu entrei, e nunca mais nos vimos. De manhã, já não chovia, e os suiriris cantavam na corticeira florida. Apanhei uma pá e, rindo, me lancei ao trabalho pesado. Era preciso enterrar as reminiscências daquela noite. Se hoje tive de exumá-las, é porque nem tudo na vida de um cronista são flores e passarinhos.
Mídias Sociais Auxílio-moradia Auxíliomoradia dos parlamentares e dos magistrados gera um custo muito alto para a nação. É preciso que alguém faça alguma coisa urgente. O salário dessa gente é um abuso. Cada um deles deveria pagar o aluguel com o próprio salário e fim de papo. Nilson Camargo, via Facebook, sobre auxíliomoradia para deputados.
Transporte coletivo 1 Pagar R$3,30 por um serviço de R$1,50 é a mesma coisa que comer um prato feito e pagar R$50. Edson Bestwina, via Facebook, sobre o aumento na tarifa de ônibus.
Transporte coletivo 2 Não é possível ter um sistema autossustentável quando as empresas fazem os usuários pagarem o imposto de renda que é de obrigação delas. Clecyo de Sousa, via Facebook, sobre o aumento na tarifa de ônibus. Contribua você também com sua opinião para a Gazeta do Povo. www.facebook.com/gazetadopovo twitter.com/gazetadopovo google.com/+gazetadopovo
Manoel José Rodrigues, assistente administrativo, Alvorada do Sul–PR.
Pacotaço Enquanto algumas classes de servidores públi cos precisam defender seus direitos entre bom bas, gás lacrimogêneo e cassetetes, outras que rem receber benefícios, no mínimo, questioná veis, e de maneira retroativa. Paraná, você não merece isso. Acir João Cardozo, São José dos Pinhais–PR.
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TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
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Vida e Cidadania
>> SAÚDE
Adolescente batalha na Justiça por operação nos EUA Com apenas 5% do intestino, Antonio Gleiber Cassiano Junior, de 15 anos, não come há seis meses Bruna Komarchesqui
O drama do mineiro Antonio Gleiber Cassiano Junior, 15anos,internadoháseismeses no Hospital Pequeno Príncipe (HPP), em Curitiba, ganhou um novo capítulo no final da semana passada. Depois de ter 95% do intestino retirado em uma cirurgia de emergência, em agosto, ele havia conquistado na Justiça, há dois meses, o direito de fazer um transplante – que ainda está em fase experimental – em um hospital de Miami, nos Estados Unidos. Na quinta-feira passada, no entanto, a decisão foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, sob a alegação de que as possibilidades de tratamento ainda não foram esgotadas no Brasil. “O desembargador afirma isso embasado na ‘grande’ experiência do HC de São Paulo, que fez dois transplantes do tipo, e os dois pacientes morreram. Não existe protocolo de atendimento, conversei com um médico de lá, e ele disse que estão em uma fase boa de aprendizado”, alega o advogadodeAntonio,Claudinei Szymczak. Segundo ele, o procedimento nem mesmo consta na tabela do SUS. “Eles também sugerem mandá-lo para a Argentina, mas temos um material mostrando que o atendimento lá não é bom.” Responsável pelo atendi-
mento do jovem no HPP, o médico especialista em transplante de fígado e professor de cirurgia da UFPR Julio Cesar Wiederkehr confirma que o Brasil ainda não tevesucessonessetipodetransplantes de intestino. “A família está requerendo que o procedimento seja feito em um centro especializado, e o maior do mundo hoje é em Miami, cujo chefe do serviço é um curitibano.” Com um problema raro, a “síndrome do intestino curto”, Antonio não pode comer desde que passou pela cirurgia.Todaaalimentaçãoéfeita pormeiodelíquidosadministrados na veia, a chamada nutrição parenteral. “No Brasil não existe parenteral domiciliar. Ele está bem nutrido, recuperou peso. A cirurgia precisa ser feita com certa celeridade, porque os catéteres são entradas para bactéria, há risco de infecções e de complicações, como dano ao fígado”, explica Wiederkehr. A mãe de Antonio, a dona de casa Alessandra Marques Ribeiro, 34 anos, conta que os últimos seis meses têm sido difíceis. Para acompanhar o tratamento do filho mais velhonoParaná,eladeixouocaçula,de7anos,comomarido, em Campos Gerais, no Sul de Minas.“Ele[ofilhomaisnovo] choradesaudadedoAntonio, de mim. Passo os dias sentada em uma cadeira, moro no hospital. Para passar as horas, só tem televisão e Facebook.” Mesmo sem comer, Antonio sente dores no estômago e tem vômito. “Ele reclama de saudade de comer lasanha, frango. Temos muita pressa [do transplante]. A parenteral por muito tempo pode causar problema”, apela a mãe.
“A família está requerendo que o procedimento seja feito em um centro especializado.” Julio Cesar Wiederkehr, médico e professsor da UFPR.
Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Antonio Gleiber Cassiano Junior precisa de um catéter na veia para se alimentar: sistema é propenso a infecções.
PRECEDENTE Sofia conseguiu que SUS pague transplante no exterior Casos como o de Antonio Gleiber Cassiano Junior têm se tornado mais comuns de um ano para cá. No início de 2015, a família de Davi Miguel Ga ma, de dez meses, morador de Franca (SP), também conse guiu liminar que garantia a re alização de um transplante nos Estados Unidos cassada pelo Tribunal Regional Fede ral (TRF) de São Paulo. Ele nasceu com uma síndrome que impede a absorção dos alimentos e precisa de um transplante de intestino para sobreviver. As duas batalhas jurídicas têm um precedente: a família da menina Sofia Gonçalves de Lacerda, de Votorantim, região de Sorocaba, conseguiu na Justiça que o governo federal bancasse seu tratamento em Miami. A criança nasceu com a Síndrome de Berdon, doença rara que impede o funciona mento do intestino, e aguarda doador para ser submetida a um transplante de seis órgãos, incluindo o intestino. Hoje com 1 ano, Sofia, que está com os pais nos Estados Unidos desde julho de 2014, é a primeira na fila do transplante e a família se mantém no exterior com doações. (BK, com informa ções de Estadão Conteúdo)
Divulgação
Taxa de sucesso em transplantes supera 80% dos casos em Miami De acordo com o médico Rodrigo Vianna, professor de cirurgia da Universidade de Miami e diretor-geral do Miami Transplant Institute, a taxa de sucesso de um procedimento como o que Antonio necessita é superior a 80% na instituição norte-americana. Segundo ele, o transplante de intestino pode ser acompanhado do de outros órgãos internos (estômago, pâncreas, fígado, intestino delgado e grosso), dependendo do comprometimento. “Existe fila de espera, como para qualquer outro transplante. Mas, para entrar na fila, é preciso passar por uma bateria de exames aqui, que determine a gravidade. Só pode ser listado quem estiver fisicamente nos Estados Unidos”, detalha. Nascido em Curitiba, em 1971, Vianna formou-se em medicina pela Universidade Federal do Paraná em 1994. Fez residência em cirurgia geral e aparelho digestivo no Hospital Nossa Senhora das Graças, entre 1996 e 1999. “Me apaixonei pela área e, quando já esta-
Curitibano formado na UFPR chefia centro de referência nos Eua.
va perto de começar a residência, comecei a procurar programas de treinamento nos Estados Unidos, pois o Brasil ainda estava engatinhando na época”, recorda. Depois de se casar em 1999 com a advogada Adriana Canet Krause, com quem tem três filhos (os gêmeos Gabriel e Lucas, de 11 anos, e Rafael, 9 anos), o médico foi para Miami. De início, por ser estrangeiro, conseguiu apenas uma vaga no programa de pesquisa. Mesmo assim, começou a participar de muitos transplantes e, seis meses depois, foi convidado pelo chefe do serviço a ocupar uma vaga de treinamento clínico em cirurgia de transplantes abdominais, com duração de dois anos. “Ao terminar meu trei-
namento, fui convidado a ficar em Miami como cirurgião e professor assistente de cirurgia. Depois de alguns meses, surgiu a proposta de ir para Indianapolis, para me juntar a outros dois cirurgiões que começavam um serviço de transplantes”, lembra. Encarregado de transplantes de intestino e multiviscerais, Vianna transformou o centro numa referência mundial em operações do tipo. “Nos últimos 7 anos, fui o cirurgião a realizar o maior número deste tipo [multiviscerais] de transplantes no mundo.” Voltou para Miami em 2012, como convidado para chefiar o Instituto de Transplantes. Rodrigo Vianna fez 21 procedimentos do tipo apenas no ano passado. (BK)
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Fernando Frazão/Agência Brasil
Incêndio atinge shopping no Rio de Janeiro Um incêndio de grandes pro porções atingiu ontem o Shopping Nova América, em Del Castilho, na zona Norte do Rio de Janeiro e foi controlado por volta das 15h40, de acor do com informações do Corpo de Bombeiros. Não houve víti mas, mas parte da fachada
QUATRO BARRAS Secretário municipal é preso em posto por porte ilegal de arma O secretário municipal da Or dem Pública de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Cu ritiba, Cariovaldo de Andrade Ferreira Neto, de 57 anos, foi pre so na madrugada de segunda feira, durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele foi flagrado portanto ilegalmente uma arma de fogo em um veículo de propriedade da Prefeitura de Quatro Bar ras. Segundo a PRF, ele estaria em atitude suspeita no pátio de um posto de combustível em Campina Grande do Sul, na RMC, e alegou que estava pres tando serviços de segurança pa ra um caminhão estacionado no pátio do posto de combustíveis.
CHUVAS Sistema Cantareira tem maior alta desde o início da crise hídrica O Sistema Cantareira, princi pal manancial de São Paulo, registrou a maior alta desde o início da crise hídrica, segundo dados divulgados na manhã de ontem pela Sabesp, a Compa nhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Após as chuvas fortes dos últimos dias , os reservatórios que compõem o sistema subiram 0,5 ponto porcentual e operam com 7,8% da capacidade, diante dos 7,3% registrados no último domingo. O aumento desta segunda feira de carnaval é o 11º segui do do Cantareira e é atribuído a dois fatores: as chuvas au mentaram na região e a Sa besp vem reduzindo a vazão de água dos reservatórios. Nos primeiros 16 dias de feve reiro, já choveu mais do que esperado para o mês inteiro.
OSASCO Nove são presos por suspeita de estupro de jovem de 13 anos Nove pessoas, quatro adultos e cinco adolescentes, foram deti das às 5h de domingo por suspei ta de estuprarem uma jovem de 13 anos em uma residência e em uma escola situadas no bairro Ali ança, em Osasco, na Grande São Paulo. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, a polícia militar foi chamada para atender uma ocorrência e, ao chegar ao local, encontrou a víti ma sentada na rua, com a bermu da rasgada e escondendo suas partes íntimas com uma caixa de papelão. Durante buscas realiza das próxima aos locais, a polícia encontrou os suspeitos. Os adul tos, de 18 a 22 anos, foram leva dos a um Centro de Detenção Provisória, e os menores, de 14 a 17 foram levados a uma unidade da Fundação Casa e indiciados por estupro de vulnerável.
desmoronou. O fogo começou por volta de meiodia em uma das lojas. Somente alguns restaurantes da praça de ali mentação estavam funcio nando a partir das 11h, por causa do carnaval. Até 1991, o imóvel atingido pelo incêndio desta segundafeira abrigou uma das mais importantes in dústrias do setor têxtil do Rio. Era a Companhia Nacional de Tecidos Nova América, funda da em 1925. As instalações da velha Nova América ficaram fechadas até 1995, quando passou por reformas.
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Eleutherio Netto
Daniel Oliveira
rbessa@gazetadopovo.com.br
Reinaldo Bessa Realidade e fantasia
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ona da casa de empadas mais famosa da cidade e autora da página Realidade Curi tibana, em sua conta no Facebook, a em presária Sylvana Caruso posou para o ar tista visual Eleutherio Netto vestida de Cisne Negro. A foto não tem nada a ver com o Carnaval. Faz parte de uma série idealizada por ele para realizar o desejo das pessoas de se transformar em personagens que admiram. Netto escolheu Sylvana, sua amiga, para ser a primeira retratada em seu ateliê. Ele mesmo confeccionou o figurino.
Sylvana Caruso fantasiada como a personagem principal do filme Cisne Negro, no ensaio realizado pelo artista visual Eleutherio Netto.
Os DJs e sócios da Posh Club Pedro Freitas (esq.) e Edo Krause, que comandam as festas da badalada casa noturna de Floripa.
Cassiano de Souza
nnn A maquiagem foi feita por outro amigo dela e dele, o tarólogo Paulo Stradiotto.
Zapeando estão abertas as ins >> Jácrições para a Track&Fi
Make by Leite Quente Falando em maquiagem, a baiana Claudia Leitte, sensação deste Carnaval como rainha da bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel na Marquês de Sapucaí, foi maquiada com produtos da coleção Magnética e Palette Divina da marca Eudora, de O Boticário. A marca paranaense fechou uma parceria com a cantora para ser a responsável por todo o seu visual durante o Carnaval deste ano.
eld Run Series, que ocor re no dia 26 de abril, com largada às 7h30, na Ave nida Cândido de Abreu, em frente ao Shopping Mueller, anfitrião do evento. As inscrições po dem ser feitas pelo site www.tfrunseri es.com.br.
Tons em profusão A propósito do sucesso do filme Cinquenta tons de cinza, o fotógrafo Jader da Rocha saiuse com esta: “Em Curitiba, para ver Cinquenta tons de cinza basta olhar para o céu”.
Dirceu Borboleta vem aí Logo após o Carnaval, o ator Emiliano Queiroz se apresenta em Curitiba com a peça Na sobremesa da vida, em que contracena com sua mulher Ivone Hoff mann e sua neta Ana Queiroz. O texto conta a vida de Emiliano, hoje com 76 anos. A mini temporada vai de sexta a domingo que vem no Teatro da Caixa.
>> RIO DE JANEIRO
A curitibana Julia Malucelli e Luiz Felipe Bazzo no Baile de Máscaras da Posh Club, domingo, em Florianópolis, ao som de Be Biagi e Jetlag, que fizeram o público se divertir até o amanhecer de ontem.
Dhavid Normando/Futura Press/Folhapress
Luiz Eduardo Pérez / EFE
No primeiro dia, a Mocidade levou o tema do fim do mundo à avenida e encantou o público.
São Clemente abriu o segundo diade desfiles homenageando cenógrafo revolucionário.
Segunda noite de desfiles tem homenagem ao carnaval RIO DE JANEIRO Da Redação, com agências
Na noite de ontem teve início o segundo dia de desfile das escolas do Grupo Especi-
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al na Marquês de Sapucaí. Seis escolas começaram a desfilar a partir das 21h30: São Clemente, Portela, BeijaFlor, União da Ilha, Imperatriz e Unidos da Tijuca.
A São Clemente abriu o dia de desfiles com o samba enredo “A incrível história do homem que só tinha medo da Matinta Perera, da Tocandira e da Onça Pé de Boi”, que homenageia o cenógrafo Fernando Pamplona, responsável por uma revolução estética nos desfiles do carnaval carioca e conquistou quatro títulos nas décadas de 60 e 70. A Unidos da Tijuca, campeã de 2014, homenageou o carnavalesco Clóvis Bornay, idealizador dos bailes de gala do Theatro Municipal e de desfiles de luxo. Primeiro dia No primeiro dia dos desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca, Mocidade Independente e Salgueiro conquistaram o público, a primeira narrando 24 horas derradeiras da humanidade, asegundacontandosegredos da culinária de Minas Gerais.
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>> TRANSPORTE
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Entrelinhas
Teatro de bonecos também muda o mundo Arquivo pessoal/Abel Domingues
Mobilidademelhorengaja lídereslatino-americanos Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Resultadode encontrorealizado noanopassado, livrodáforçaà cooperaçãoentre ascidadeselista diretrizespara melhorarotrânsito Fernanda Trisotto
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ai e filho, Abel e Gabriel Domingues viajam pelas co munidades carentes do Paraná e do Brasil. Na ba gagem da velha bicicleta tem um palco, uma caixa de som, 200 bonecos e um semnúmero de sonhos. O projeto Cabeça de Coco Teatro de Bonecos ganhou o no me da fruta que faz a vez de cabeça para os fantoches, todos feitos à mão. Com um veículo sustentável e histórias diverti das, os dois buscam mostrar às crianças(muitas vezes oriun das de famílias com baixa renda) que os bens materiais não são prérequisito para a alegria. A própria plateia é a prova disso. As risadas animadas da garotada enchem o coração dos Domingues de alegria. “A partir do momento que chega um maluco sonhador com o seu filho mostrando lixo trans formado em arte, eles veem que também podem fazer a mesma coisa”, desabafa. Fundado há dez anos, quando Ga briel tinha apenas cinco anos, os bonecos Cabeça de Coco venceram, na última quartafeira (11), o 8.º Prêmio Ozires Silva de Sustentabilidade, na categoria Social.
Voluntariado Com uma série de prêmios no currículo, Abel Domingues não tem planos de expandir o “negócio” dos bonecos. Muito pelo contrário. “Não temos vínculo político, religioso, nem apoio comercial. É totalmente voluntário”, diz. Sobre os custos do projeto, ele nem se importa, pois acredita que está “indo lá para receber”. É o caso de um rapazinho de São José dos Pi nhais, que fervia em febre em meio à plateia de 200 garotos. Ao final da apresentação a professora chamou Abel para fa lar com o garoto; fez uma oração e animou o pequeno. “Quando cheguei em casa, percebi que minha missão no dia era ir lá, dar um abraço naquela criancinha e ver o sorriso de la”, emocionase.
Crime animal Uma denúncia levou a fiscalização ambiental de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, a uma égua desnutrida, abandonada no Jardim Guarituba, na última terçafeira (10). Sem condições para dar conta do bichinho, o município pe diu ajuda à Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (Spac). Mas era tarde, e o animal não resistiu. Agora, a Spac busca os responsáveis pelo caso. “Muita gente vê uma situa ção de crueldade animal e não denuncia os responsáveis, pois acha que não vai fazer diferença. Mas aquele é só um de muitos bichos que a pessoa pode ferir. Todo mundo tem que denunciar para encontrar e punir os responsáveis de alguma forma”, defende Soraya Simon, da sociedade protetora. O grupo chegou a protocolar um boletim de ocorrência na de legacia do Meio Ambiente, na quartafeira (11). Quem tiver informações pode denunciar pelo 197 (Polícia Civil) ou (41) 88025232 (Spac).
Banho de gato na academia Os alunos da Companhia Athletica, no Park Shopping Bari gui, irão precisar de consciência ambiental até na hora de to mar banho na academia. Está certo que ninguém merece fi car suado depois de se exercitar. Mas a crise hídrica é séria. Para mediar a situação, a academia distribuiu cartazes e panfletos, incentivando os associados a lavarse rapidinho, para não deixar “a água entrar em extinção”. Fica aí uma dica que todos nós podemos e precisamos seguir.
Malhação online E para quem tem um “siricutico” só de pensar em frequentar uma academia, a dica é do leitor Carlos Zanatta, que desco briu que uma versão online da malhação. A Home Fitness foi montada por um empresário curitibano que queria uma op ção para se exercitar entre uma reunião de trabalho e outra. O aluno paga uma mensalidade e têm acesso a 12 aulas diá rias, em horários distintos. A aula é ao vivo – o professor apa rece em um monitor e, pela webcam, observa e corrige a postura dos alunos. Para mais informações acesse www.ho mefitness.com.br.
Maringá tem pré-vestibular Mais uma chance para quem procura um prévestibular acessível, desta vez em Maringá. A Renovação Carismática Católica (RCC), da arquidiocese local, está com inscrições abertas até 17 de fevereiro. A mensalidade tem um custo de R$ 15 e a matrícula, de R$ 5. As aulas começam em 24 de fe vereiro e ocorrem de segunda a sextafeira no salão da Igreja São Francisco Xavier, na Rua Monsenhor Miguel Kimura, 36. Mais informações pelo telefone (44) 30268811. Colaborou: Naiady Piva, especial para a Gazeta do Povo.
A mobilidade urbana entrou com força na agenda política emdiversascidadesdomundo. Também pudera: deslocar-se pela cidade é uma necessidade de qualquer cidadão – e em muitaslocalidadesestavasetornando um grande problema. Emagostode2014,prefeitosde diversascidadesdaAméricaLatina reuniram-se em Lima, no Peru,ederamopontapéinicial paraumgrandeacordodecooperação entre os países. Curitiba esteve representada no encontro pelo prefeito Gustavo Fruet(PDT).Emdezembro,uma síntese dessa discussão foi publicada: “Declaração de Lima: LivroBrancodaMobilidadeUrbana Sustentável da América Latina”, organizado pela AssociaçãoLatino-AmericanadeSistemasIntegradoseBRT(SIBRT). Para André Jacobsen, especialista em benchmarking da SIBRT,oencontroeolivroresumemumproblemaenfrentado emváriospaíses:afaltadepolíticaspúblicascomdiretrizesnacionaisunificadasparaotransporteurbano.“Todacidadetêm osmesmosproblemasdemobilidade e tenta resolver individualmente.Temosdetrabalhar com os governos nacionais, colaborar, trocar experiências e continuarevoluindo”,afirma. Houveumconsensodeque a falta dessa diretriz nacional emrelaçãoaotransporteacaba prejudicando o acesso a outros direitos sociais, que qualquer cidadão deveria ter contato. Um exemplo é a saúde. Enquantonosetorháumministérioquedeterminacomoalguns procedimentosdevemserrealizados–desdeaassistênciamédicaatéadistribuiçãodemedicamentos – no transporte, ca-
Entre os pontos da agenda está proporcionar o deslocamento saudável, envolvendo exercícios.
PRINCÍPIOS Veja os destaques do Livro Branco da Mobilidade Urbana Sustentável. envolver poder/soci >> Clima: edade na redução da emis são de gases e em ações de mitigação. usar o transpor >> Progresso: te no desenvolvimento da cidade, com planejamento, uso misto do solo e recupe ração de espaços. garantir acessibi >> Equidade: lidade e inclusão social,
dacidadedefinesuasações. NaopiniãodeJacobsen,osetordetransportemobilizamuito dinheiro, mas gasta muito também, o que atrapalha a estruturação, planejamento e gestãodeaçõesqueresultemna melhoria da qualidade do transporte. “Se você fizer a discussãodotransporteenãopensar na qualidade de vida das cidades, está tudo errado. A discussãonãopodeseresumiralucrosegastosdecadaum,senão atendeaumobjetivofinal”,diz. OprefeitoGustavoFruetreconhecequeháumatendência
com um serviço diversifica do e de qualidade. garantir desloca >> Saúde: mentos saudáveis pelos baixos índices de poluição e pela possibilidade de reali zar exercícios. garantir ao ci >> Participação: dadão que discuta o tema e incorpore canais de troca de ideias. e competiti >> Financiamento vidade: equilíbrio entre os custos do sistema e investi mento de dinheiro público,
deascidadesbuscaremummodelo comum. “Todas buscam aumentaravelocidadedotransporte coletivo, reduzir ruídos e emissão de poluentes, desestimularousodeveículosdetransporteindividual,eampliareficiênciaenergéticaequalidadede vida.Esteéofuturo”,diz. Fruet conta que recentemente participou de eventos na área de mobilidade na Suécia e Inglaterra, onde notou que Curitiba acompanha as tendênciaseuropeiasdepolíticas de redução de emissão de gases poluentes. “Estamos in-
>> “PACOTAÇO”
Professores da rede estadual seguem acampados até quinta Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Katna Baran
Pelo menos 150 pessoas, a maioria professores da rede estadual de ensino, mantém acampamento em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), em Curitiba. Os docentes estão mobilizados desde a semana passada, quando deram início à greve, em meio a ameaça de votação do chamado “pacote de maldades” pelos deputados a pedido do governo. Com a mobilização, que culminou na ocupação do prédio da Alep pelos servidores, o governo resolveu retirarosprojetosdeleiqueeram alvo de polêmicas para que sejam melhor discutidos. DirigentesdaAPP-Sindicatodos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná dizem que
Acampamento vai pelo menos até a reunião com secretário.
agreveserámantidapelomenos até a quinta-feira, quando está marcada uma reunião com o secretário-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra.
Doação A todo momento, o acampamento montado pelos servidoresrecebedoaçõesdealimentos e utensílios básicos.
de olho em uma tarifa soci al justa à população. abrir a ges >> Transparência: tão e contas do transporte, facilitando a comunicação com o cidadão. trabalhar na for >> Pessoal: mação continuada de to dos que atuam na cadeia do transporte. investir em tec >> Inovação: nologia de planejamento, gestão, fiscalização e ope racionalização dos siste mas de transporte.
vestindoemnovastecnologias. Mas é importante lembrar que issotemaltocusto.Portanto,ao mesmo tempo em que nos deparamos com cobranças da sociedade em relação a tarifa, temos que investir em defesa do meioambiente”,diz. Além de Fruet, assinaram o documento representantes de Lima, Trujillo, Huancayo (Peru),governodoMéxico,Bogotá, Bucamaranga, Pereira (Colômbia), Quito, Cuenca (Equador), Santiago (Chile), La Paz (Bolívia), Buenos Aires (Argentina), SãoPauloeRiodeJaneiro.
Rui Valefe, professor no Colégio Estadual Deputado Arnaldo Busato, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, levou a família para prestar solidariedade aos colegas e fazer uma doação. “Participei dos protestos na Assembleia e também faço parte dessa luta”, disse. Conforme Valefe, os demais interessados em fazer doações devem entrar em contato com a APP para saber quais os materiais de maior necessidade. “Ontem doamos pães para uma entidade social porque senão estragariam”, diz. Atividades Para continuar com a mobilização mesmo no Carnaval, os professores, de Curitiba, da Região Metropolitana e do interior do estado, têm feito um revezamento para manter o acampamento. Os próprios manifestantes, em conjunto com a APP, organizaram oficinas e atividades durante todo o feriado.
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Vida e Cidadania
SEG. PAULO BRIGUET
GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
TER. RODRIGO WOLFF APOLLONI
QUA. FERNANDO MARTINS
QUI. MARCOS XAVIER VICENTE
única opção de vida de milhões de brasileiros.
rwapolloni@gmail.com
Rodrigo Wolff Apolloni Tem uma favela no seu futuro
C
om um título desses, seria de se esperar mais um artigo dando conta de que os anos vindouros serão uma desgraça. Para muita gente, afinal, a palavra “favela” evoca violência, promiscuidade e precariedade. Evoca pessoas e situações “indesejáveis”, chanceladas pelas caras cobertas de trapos com um fuzil na mão vistas nos jornais. A favela, segundo esse conceito, reúne tudo o que não presta – isso, a despeito de ser a
Eis porque chama a atenção a opinião do ambientalista britânico David King, um dos mais respeitados da atualidade, ao afirmar, em entrevista à BBC, que o mundo deve aproveitar mais e melhor o conceito de favela. “Ele que monte um barraco e vá morar lá!”, ouvi de uma pessoa quando falei a respeito. É o tipo da resposta – filha da frustração com nosso país – que sepulta a possibilidade de uma reflexão mais fria. É lógico que, ao defender a ideia, David King não está abrindo os braços para as mazelas que vemos nas
SEX. DANTE MENDONÇA
favelas. O crime, a insegurança e a insalubridade desses ambientes são indefensáveis, assim como me parece indefensável acreditar que tais problemas surjam porque seus moradores sejam “um bando de vagabundos” ou porque se organizem “livremente” no espaço geográfico. Os problemas surgem porque essas pessoas são vistas como cidadãos de segunda classe pelos governos e pela própria sociedade. Dito isso, podemos chegar às percepções do professor emérito de Cambridge: David King valoriza o caráter orgânico e localista das favelas, a forma como, na falta do poder público, os indivíduos se organi-
SAB. FRANCISCO BORBA
zam e dão respostas aos seus desafios urbanos. O que, segundo ele, evita o planejamento vertical cego e surdo que aterra nascentes, rasga avenidas, mata a identidade e as potencialidades locais. As favelas, na opinião do cientista, são irmãs das cidades medievais, hoje vistas como locais de sociabilidade, preservação do patrimônio histórico e estímulo aos trajetos a pé ou de bicicleta. Tudo, lá, está perto: os problemas, as soluções e, especialmente, as pessoas. Algo que deve ser valorizado pelos gestores. Em certa medida, as mesmas características aparecem em comunida-
des do Rio de Janeiro, que trocaram a precariedade do passado por uma realidade mais sustentável e solidária. Isso, sem a espera pelo poder público. Para mim, as palavras de David King fazem sentido porque evocam possibilidades dignas de observação e colocam em xeque o pensamento simples. Estamos felizes em nossas cidades? David King propõe uma boa reflexão. Isso, é claro, pode ser apavorante. P.S.: Pensadores como Boaventura de Sousa Santos e Michel Maffesoli seguem pelo mesmo caminho de David King. Sinal de que vale a pena ficar atento à questão.
APOSENTADOS A Associação dos Aposenta dos e Pensionistas do Paraná (Apospar) busca a garantia dos direitos de idosos, apo sentados e pensionistas. O atendimento é feito das 8h às 12h e das 13h às 17h30, na Rua XV de Novembro, 467 , 2.º an dar, conjunto.203, no Centro. Informações: (41) 32243997.
Reprodução/Instagram
ESCOTEIROS A União dos Escoteiros do Brasil Região do Paraná (UEB/PR), instituição oficial de prática escoteira e com grupos afiliados em todo o estado, localizase na Rua Er melino de Leão, 492, no Cen tro. Atende crianças e jovens de ambos os sexos, dos 7 aos 21 anos. Informações: (41) 33231031 e pelo email: atendimento@escotei rospr.org.br.
O PRAPS
Vista de Curitiba, em dia de arcoíris, por Lud Alfradique
Programa de Atendimento Psicossocial atua equipe composta por psicólogos, as sistentes sociais, massotera peutas. Os profissionais pres tam atendimentos individuais e semanais. O valor das ses sões é compatível com a ren da socioeconômica dos clien tes. Para agendar as consul tas, ligue para (41) 32333192. O atendimento é feito na Ala meda Princesa Isabel, 927, no Bigorrilho. Site: www.orgo ne.com.br.
Reprodução/Instagram
DEPENDÊNCIA QUÍMICA Casa de Recuperação Nova Vida (Crenvi), desde 1977, presta serviços de tratamen to para dependentes quími cos e familiares. Rua Amazo nas de Souza Azevedo, 508, no Bacacheri. Informações: (41) 32644075, www.cren vi.com.br ou www.face book.com/CrenviOficial.
Leonardo Sales mostra a Ponte Estaiada, no Uberaba
Instabilidade diminui e o sol volta a aparecer entre muitas nuvens O dia começa com poucas nuvens e temperaturas mais amenas no CentroLeste e se elevam ao longo do dia em todo o estado. No decorrer da tarde são previstas chuvas irregulares e rápidas, principalmente do Norte Pioneiro ao Litoral.
Maringá 19° 30°
Umuarama 19° 30°
CURITIBA
Guaíra 20° 32°
Hoje MÍN
ASSISTÊNCIA
MÁX
Jacarezinho 18° 28°
Campo Mourão 18° 29° Cascavel 18° 30°
15° 24°
Parcialmente nublado com pancadas de chuva
Londrina 19° 28°
Ponta Grossa 16° 25°
Guarapuava 15° 24°
Foz do Iguaçu 20° 32° Pato Branco 18° 26°
Quinta
Sexta
17° 25°
16° 27°
17° 27°
Parcialmente nublado com chuvas e trovoadas à tarde
Curitiba 15° 24°
Paranaguá 21° 26°
União da Vitória 15° 25°
Amanhã
Pancadas de chuva a partir da tarde
Associação Cristã de Assis tência Social abriga crianças e adolescentes e presta as sistência completa, incluindo creche. Informações: (41) 35235610.
Parcialmente nublado com chuvas e trovoadas à tarde
Fonte: Simepar.
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>> LITORAL
Antonina faz carnaval democrático Idosos, crianças e até animais de estimação entram no ritmo da folia durante os cinco dias da tradicional folia de rua ANTONINA Carolina Pompeo
Na Avenida do Samba em Antonina, até o cachorro é bamba. Entre centenas de foliões que foram às ruas para assistir ao desfile das escolas de samba na noite de domingo, Popó, 14 anos, destacavase do alto de uma pequena cadeira acoplada à bicicleta de seu dono, Celso do Carmo. Fantasiadodacabeçaàspatas, o cachorro vira-lata ostentava um vestido dourado de pae-
tês, óculos escuros e até um par de chifrinhos cor-de-rosa fluorescente. Mais fantasiado que muitos foliões. Do Carmo conta que o cachorro é seu parceiro de carnavaldesdeoprimeiroanode vida. “Ele é mais carnavalesco que eu. Ele gosta das fantasias. Fica bem comportado na cadeirinha, mas depois pula e vai brincar com as pessoas.” Incluir os moradores de quatro patas na folia não é hábito exclusivo dele: todos os anos,muitoscachorrosderua ganham abadás customizados e outros tantos acompanhamseusdonosdevidamente paramentados; sem contar aqueles que desfilam ao lado dos carros alegóricos das escolasdesamba,deumapontada avenida à outra. OsdiasdefesterêemAntoninasãoassim,democráticos. Muitas crianças pequenas, famílias e idosos vão às ruas pa-
ra curtir o carnaval. Sentado sobre uma almofada em um banquinho de plástico, seu Azonil Martins da Silva, 81 anos, apreciava a movimentação enquanto aguardava o início dos desfiles das escolas. Nascido em Antonina e integrante da escola Filhos da Capela,queesseanonãopode desfilar por falta de recursos, ele conta que participa dos carnavais antoninenses desde que se conhece por gente e minimiza as limitações naturais da idade. “Sempre desfilei. Só esse ano que não deu para a escola sair”, diz, levemente desdenhoso. Na contramão de seu Azonil, Natan Ribeiro Dias, 18 anos, preparava-se para o terceiro desfile da noite, pela Escola de Samba do Batel. Na noiteanterior,sábado(14),ele já havia desfilado com todos oscincoblocosfolclóricosque se apresentaram na avenida.
Albari Rosa/Gazeta do Povo
Albari Rosa/Gazeta do Povo
Batel cantou os Franciscos do Brasil, inclusive o diretorpresidente da Gazeta, Francisco Cunha Pereira.
ESCANDALOSAS O dia em que João vira Maria
Vestidos de mulher, foliões do Baile das Escandalosas brincaram com o público em Antonina.
Quem se lembra daquela fi gura típica dos carnavais, que de dia é Maria e de noite é Jo ão? Pois na noite de segunda feira (16) foi a vez dos Joões vi rarem Marias e invadirem a Avenida do Samba, em Antoni na, purpurinados da cabeça aos pés. Tratase do Baile das Escandalosas, evento carnava lesco tão tradicional quanto o desfile das Escolas de Samba, mas muito mais irreverente. De enfermeiras a coelhinhas da Playboy, de líderes de torcida a blogueira fitness, era possível
encontrar quase todos os tipos de mulheres escandalosas na Avenida do Samba. Nessa edi ção, cerca de sete mil pessoas estiveram em Antonina para brincar o carnaval, entre elas centenas de homens usando minissaias, vestidos e sutiãs. No Concurso das Escandalosas competiram cerca de 60 con correntes, com direito a super produções, como o grupo de cerca de 50 enfermeiras que se apresentou em duas pequenas ambulâncias. No meio de tanta produção, destacavase a famosa Noiva escandalosa. Há dez anos, buquê de rosas em mãos e coroa enfeitando a cabeleira
loura, Odorico Marquezine, 46 anos, vem “procurar marido” em Antonina, trajando um vestido de noiva vintage. Des sa vez, veio acompanhado de duas madrinhas. Mas noivo que é bom, nada. Marquezine é conhecido de longa data dos antoninenses. De Curitiba, ele vem brincar o carnaval em Antonina há cerca de 30 anos, sempre vestido de mulher. Decidiu tentar casar quando se deparou, por acaso, com o vestido dando sopa em um bazar de caridade. A ma quiagem e o cabelo ficam sob responsabilidade de uma afi lhada; a esposa, Jaqueline, faz as vezes de “mãe da noiva”
DESFILE União da Ilha vence disputa em Paranaguá PARANAGUÁ Débora Mariotto Alves,
Débora Alves/Gazeta do Povo
nentes e teve como samba enredo “Milênios de Cultura e Sabedoria, China um império ao centro do mundo”. Como premiação, a escola receberá R$ 15 mil.
especial para a Gazeta do Povo
Outras colocações A escola União da Ilha, que foi a última a desfilar, foi eleita pela segunda vez consecutiva a melhor entre as seis escolas que compõem o grupo especi al de Paranaguá. O desfile das campeãs está marcado para esta terçafeira, a partir das 20 horas, na Avenida do Samba. A escola tradicional da Ilha dos Valadares foi para a Avenida do Samba com 300 compo
Em segundo lugar ficou a Aca dêmicos do Litoral que teve como tema “A verde e rosa acredita em previsões”. A ter ceira colocada foi a escola Fi lhos da Gaviões que homena geou São Jorge. As duas esco las recebem R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente. Os desfiles atraíram milhares de pessoas. Com arquibanca das lotadas, o desfile das es
colas de samba em Parana guá foi marcado por uma chu va teimosa. A primeira escola deveria despontar na avenida as 20h30, mas, nesse horário, seus componentes ainda não haviam chegado à concentra ção. O atraso de mais de uma hora foi consequência da dú vida se haveria desfiles, já que um dia antes o mau tempo havia sido responsável pelo cancelamento das primeiras apresentações. Com 50 minutos para cruzar a avenida e convencer público e jurados, as seis escolas de samba do grupo especial de Paranaguá tiveram como prin cipal obstáculo o clima.
Clima atrasou o desfile em Paranaguá, que teve como campeã a União da Ilha.
Débora Mariotto Alves
Sandro Moser/Gazeta do Povo
CHUVA INSISTENTE
FOLIA INFANTIL
Os caminhos para a Avenida do Samba, em Paranaguá, refletem bem a recorrente presença das chuvas no litoral paranaense, que castigam a região desde sextafeira. Carros faziam cortinas d’água ao passar pelas principais avenidas de Paranaguá, como a Bento Munhoz da Rocha Neto e a Domingos Peneda. A Avenida do Samba, embora estivesse com água empoçada em alguns trechos, pode ser utilizada normalmente pelos blocos. Também em Matinhos algumas ruas continuam alagadas.
Onde antes havia o pierrot, agora quem manda é o HomemAranha – pelo menos para os meninos do Sítio Cercado e da região sul de Curitiba que vestiam as fantasias de seus primeiros carnavais no Baile Infantil da regional do Bairro Novo nesta segundafeira (16). “Ele queria ser o Homem Aranha. A família inteira veio ver ele brincar”, disse Silmara Xavier, moradora do bairro enquanto seu filho de 3 anos, Bruno Vinicius se transformava em superherói.
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Vida e Cidadania
Educação
SEG. SAÚDE E BEMESTAR
TER. EDUCAÇÃO
GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
educacao@gazetadopovo.com.br QUA. FINANÇAS PESSOAIS
QUI. EMPREENDER
SEX. CONSUMIDOR
SAB. HISTÓRIA
>> RESULTADOS
Avaliaçãonaeducaçãoinfantilé boladivididaentreespecialistas Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
A um ano da meta de universalização do acesso do ensino para crianças de 4 e 5 anos, “prova” bianual ainda gera dúvidas e críticas
Diagnóstico deve levaremcontaas peculiaridades dafaixaetária
Naiady Piva especial para a Gazeta do Povo
O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece como sua meta número 1 a universalização da educação infantilparatodasascriançasde4e 5 anos. O prazo é o início do ano letivo de 2016. As estratégias para efetivação da meta estão elaboradas no próprio plano,dentreelasacriaçãode uma avaliação desta etapa do ensino, a ser realizada a cada dois anos. Os profissionais da área concordam com a necessidade de parâmetros que guiem um ensino de qualidade. Mas na hora de definir como deve ser a avaliação é que começa a briga. “Nãobastareceberacriança na escola. É preciso que exista um programa, professores bem formados, uma estrutura de gestão da escola que esteja preparada para uma criança que precisa de espaços,conteúdosdiferenciadoseserentendidanasuafase de desenvolvimento como indivíduo”, resume a professora Edna Percegona, diretora geral do Colégio Opet. Para isso, os espaços escolares, o currículo e a proposta pedagógica devem ser monitorados. Uma boa avaliação, defende ela, é aquela que faz com que a instituição “olhe para si mesma e estabeleça padrões elevados de organização pedagógica, curricular e estrutura”. Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Educação (SME) criou parâmetros que levam em conta o processo de aprendizagem das crianças e o atendimentoofertadonosCentros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Os professores fazem registros coletivos dos alunos e elaboram portfólios individuais, que culminam
Em colégios particulares, como o Dom Bosco, a avaliação costuma ser feita em sala de aula pelos professores.
“Existe uma força política de olho em rankings, como quando um político mostra que o Ideb na sua gestão ficou melhor do que na de outro. Mas a educação não deve ser entendida para validar uma ou outra plataforma de governo.” Edna Percegona diretora do Colégio Opet, sobre um possível “rankeamento” em avaliação na Educação Infantil. estruturada em provas.
em um parecer. A partir daí é possívelindicaremqueponto a criança se encontra no processo de aprendizagem. O atendimento leva em conta o espaço (se é organizado, aconchegante), a alimentação saudável, se o direito à brincadeira é resguardado, entre outros. Não basta que todos os centros recebam livros, por exemplo, se em uma unidade eles estão disponíveis para as crianças, como forma de incentivo, e em outra, não. “O parâmetro leva em conta o respeito à equidade”, explica a secretária Roberlayne de Oliveira Borges Roballo.
GOVERNO Ministério da Educação não tem posição, mas sua representante, sim O Ministério da Educação ain da não tem uma posição con creta a respeito do tema, mas a coordenadorageral de educa ção infantil da Secretaria de Educação Básica, Rita Coelho, já se declarou contrária à provi nha. Em um evento sobre o te ma em São Paulo, em setembro do ano passado, ela declarou ser contrária a um teste com as
crianças “porque nesta etapa elas não se desenvolvem [to das] da mesma forma e mesmo ritmo”, segundo informações do portal G1. Em janeiro deste ano, à revista Escola Pública, Rita re forçou a opinião, e informou que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aní sio Teixeira (Inep) já está com uma equipe formada para mon tar uma “matriz de referência, com as dimensões de oferta, formação profissional, gestão da escola, gestão do sistema, materialidade e infraestrutura” do ensino infantil. (NP)
Estipular uma avaliação universal como o “Provinha Brasil”para aeducaçãoinfantil é uma ideia que gera controvérsias. Para o gerente de avaliação da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (que trabalha com políticas para a educação), Eduardo Marino, um teste, por si só, não temutilidade,masaetapadedesenvolvimento da criança pode ser levada em conta na hora de diagnosticar a situação de ensino de uma localidade. Em São Paulo, a fundação adotou o instrumento EDI (Early Development Instrument), que avalia o bem estar físico e emocional, a linguagem, maturidade e cognição da criança para medir sua prontidão para o Ensino Fundamental. “O EDI não é um teste. É um instrumento para construir um diagnóstico populacional”, diz Marino. O instrumento aponta necessidades de políticas públicas em outras áreas, como na saúde ou assistênciasocial,oque“pode ser útil ao gestor público”. Para Márcia Abicalaf, coordenadora de educação infantil do Colégio Dom Bosco, um teste não seria o ideal nestafaixaetária.“Acriançanem escreve, ela não pode passar por uma mensuração”, diz. No colégio, a avaliação faz parte do trabalho cotidiano do professor, que analisa o desenvolvimentodacriançasob a luz das teorias pedagógicas, apontando dificuldades psicomotoras ou de comportamento encontradas. (NP)
ANÁLISE COMPLEXA Bem estar físico e emocional, linguagem, maturidade e cognição são alguns critérios que medem se a criança está pronta para o Ensino Fundamental.
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Vida Pública
>> DISCURSO X REALIDADE
Naeleição,tudoeramflores.Mashoje... Paulo Galvez da Silva Especial para a Gazeta do Povo
N
ão é raro eleitores se surpreenderem com medidas de governantes recém-eleitos que contradizem o que era dito na campanha eleitoral. Nas eleições de outubro do ano passado, porém, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Beto
DILMA ROUSSEFF
Richa (PSDB), ambos reeleitos para o segundo mandato, não se constrangeram em “vender” ao eleitor um país e um estado bem diferentes da realidade. Hoje, quase quatro meses após terminadas as eleições, a artimanha de marketing político ficou evidente.
BETO RICHA Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
Dilma comemora a reeleição: ela afirmou para não acreditarem em quem dizia que o país estava mal.
Beto Richa comemora a reeleição em primeiro turno: “O melhor está por vir”.
Confira o que Dilma disse na campanha e o que ela fez logo após a reeleição:
Veja o que Richa dizia na campanha e compare com a realidade do governo:
IMPOSTOS Discurso na campanha Em encontro com taxistas em setembro de 2014, Dilma negou qualquer possibilidade de “tari faço” para reajustar o preço da gasolina.
Realidade no governo Em 19 de janeiro, o governo fe deral anunciou a volta da co brança da Cide (imposto so bre o comércio de combustí veis) e o aumento da alíquota do PIS/Cofins, que resultou em reajuste médio de R$ 0,22 para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel. O mesmo pacote trouxe au mento de IOF sobre operações de crédito para o consumidor de 1,5% para 3%, e do PIS/Cofins sobre importações de 9,25% para 11,75%.
JUROS E INFLAÇÃO Discurso na campanha Dilma acusou o partido de seu principal adversário, Aécio Ne ves (PSDB), de “plantar infla ção para colher juros”. Ao mes mo tempo, negou haver des controle inflacionário no país, bem como rechaçou a possibili dade de aumentar juros.
Realidade no governo Três dias após a vitória no se gundo turno, o Copom aumen tou a taxa Selic de 11% para 11,25% ao ano. Hoje, depois de mais duas altas, a taxa básica está em 12,25%. A justificativa: controlar a inflação. Especia listas, porém, preveem índice inflacionário de 3,26% só para o primeiro trimestre, ou seja: quase 50% da meta prevista pelo governo para todo ano de 2015.
DIREITOS TRABALHISTAS Discurso na campanha Em reunião com empresários, Dilma garantiu que não muda ria direitos trabalhistas.
Realidade no governo Em dezembro, duas medidas provisórias deixaram mais rígi das as regras para obter abono salarial, segurodesemprego, pensão por morte e auxíliodo ença. As medidas foram toma das em nome da “sustentabili dade da Previdência”.
“Vocês [tucanos] sempre plantaram inflação para colher juros. ” Dilma Rousseff, durante a campanha, negando que a inflação está alta e que aumentaria os juros.
POLÍTICA ECONÔMICA Discurso na campanha Dilma criticou duramente Mari na Silva (PSB) e Aécio Neves por suas propostas para a eco nomia. Dizia que Neca Setúbal, herdeira do Itaú e conselheira de Marina, e Armínio Fraga, anunci ado como ministro da Fazenda de Aécio, influenciariam políti cas em favor do mercado.
Realidade no governo Nomeou Joaquim Levy, econo mista tido como ortodoxo e ali nhado ao pensamento de Armí nio, como ministro da Fazenda de seu segundo governo.
ENERGIA ELÉTRICA Discurso na campanha Não só na campanha, mas du rante todo o primeiro governo, Dilma afirmava que a energia não subiria e que o país estava preparado para a demanda ne cessária ao crescimento.
Realidade no governo Em 19 de janeiro, um apagão atingiu metade do país: 11 esta dos e o Distrito Federal. No dia 20, o Brasil importou energia da Argentina. A partir do primeiro dia do ano já entrara em vigor o sistema de bandeiras tarifárias. Se o consumo de energia subir, o consumidor paga mais caro. A Aneel já aprovou também pedi do de reajuste extraordinário feito pelas distribuidoras. Fernando Bizerra Jr. / EFE
Dilma hoje: inflação e juros subindo, reajuste de impostos, corte de benefícios trabalhistas e apagão.
FINANÇAS DO ESTADO Discurso na campanha Durante a campanha, Richa insistiu que havia colocado a casa em ordem, após herdar uma dívida de “R$ 4,5 bilhões do governo anterior”. E que, no segundo mandato, pode ria investir mais.
Realidade no governo Pouco tempo depois de ser reeleito, em dezembro, envi ou um “tarifaço” à Assem bleia Legislativa, já aprovado e sancionado. O ICMS de uma extensa lista de produ tos foi reajustado de 12% pa ra 18%. Também houve au mento de um ponto porcen tual no ICMS da gasolina e de 40% na alíquota do IPVA.
INVESTIMENTOS Discurso na campanha Na campanha, o candidato à reeleição desafiou jornalistas a consultar qualquer prefeito do Paraná para saber se o governo anterior investia tan to em obras quanto o seu. In clusive em municípios admi nistrados por adversários po líticos do grupo que coman dava o Paraná.
Realidade no governo Após a derrota no “pacota ço” da semana passada, o governador admitiu que existem obras paradas no estado. O secretário da Fa zenda, Mauro Ricardo Cos ta, já reconheceu que o Pa raná está praticamente sem dinheiro para investi mentos.
FUNCIONALISMO Discurso na campanha Richa sinalizou com a manu tenção da política de valori zação dos servidores. No pri meiro mandato, concedeu reajustes acima da média para algumas categorias.
Realidade no governo Com o estado em crise fi nanceira, adiou o paga mento do terço de férias dos servidores já no final do ano passado. Também não pagou a rescisão de 29 mil professores temporários que trabalharam em 2014.
“O melhor está por vir. (...) Com a casa em ordem e a máquina azeitada, vamos avançar mais.” Beto Richa, logo após ter sido reeleito, negando a crise do estado.
ABERTURA AO DIÁLOGO Discurso na campanha Durante a campanha, Richa sempre ressaltou seu papel de conciliador. A capacidade de di álogo foi apontada como uma das principais qualidades do candidato.
Realidade no governo Na semana passada, enfrentou a maior polêmica de sua carrei ra política ao propor à Assem bleia a aprovação às pressas e sem discussão de um pacote de austeridade com várias pro postas que têm forte oposição da sociedade. O resultado fo ram defecções na base aliada no Legislativo, revolta de servi dores e retirada das propostas após três dias de ocupação da Assembleia e confronto entre manifestantes e a polícia.
PERSEGUIÇÃO Discurso na campanha Quando admitia dificuldades fi nanceiras, Richa as atribuía à “perseguição do governo fede ral” e cobrava a liberação de empréstimos. Também critica va a falta de repasses federais.
Realidade no governo Os empréstimos aguardados fo ram autorizados. Os repasses do Fundo de Participação dos Esta dos para o Paraná subiram aci ma da inflação. Mas as contas do estado ainda não fecham. Jonathan Campos / Gazeta do Povo
Richa após ter sido reeleito: finanças em frangalhos, aumento de impostos e crise na Assembleia.
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Vida Pública
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>> CONTAS PÚBLICAS
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Paraná tem o 2.º maior rombo entre os estados
Notas Políticas
Brunno Covello/Gazeta do Povo
Aproveitando a vida
Gisele Pimenta /Frame
Servidores na ocupação da Assembleia: pressão popular fez o governo do Paraná recuar na aprovação do pacotaço de austeridade.
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo mostra que 18 dos 27 governos estaduais fecharam 2014 no vermelho Sandro Moser
O Paraná fechou 2014 como o segundo estado que teve maior déficit no orçamento público. No ano passado, o rombo nas contas do governo paranaense foi de R$ 4,6 bilhões, segundo um levantamento divulgado nesta segunda-feira (16) pelo jornal Folha de S. Paulo. Em números absolutos, o desequilíbrio entre receitas e gastos nas contas estaduais coloca o Paraná atrás apenas do Rio de Janeiro. O governo fluminense teve saldo negativo de R$ 7,3 bilhões no ano passado. Se o critério de comparação do rombo nas finanças for a relação do déficit com o Produto Interno Bruto (PIB) estadual, o Paraná fica como oterceiroestadocompiordesempenho, atrás do Acre e do Tocantins (veja detalhes na tabela ao lado). Segundo o jornal, o estudo está baseado em números
divulgados pelos próprios estados, pelo Tesouro Nacional e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que os estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio GrandedoNorte,Sergipe,Pará, Rondônia e Roraima, nesta ordem, fecharam 2014 com contas superavitárias. Por outro lado, 18 dos 27 governos estaduais publicaram nas últimas semanas balanços financeiros deficitáriosrelativosa2014.Alistados estados “quebrados” é “democrática”: entes federativos com grande capacidade de arrecadação e outros considerados pobres integram a lista lado a lado. Do ponto de vista partidário, a quebradeira também é difusa: em números absolutos os três maiores rombos estão nas contas de estados comandados respectivamente por PMDB, PSDB e PSB e por governadores que se reelegeram ou fizeram o sucessor: Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco. No caso do déficit em proporção ao PIB estadual, o campeão Acre é comandado pelo quinto mandato consecutivo do PT. Pacotaços O desequilíbrio nas contas estaduais, foi a principal justificativa do governo do Paraná para tentar aprovar o
NO VERMELHO Rombodosgovernosestaduaisnoanopassadochega aR$13,2bilhões, segundooBancoCentral: em R$ milhões
% do PIB estadual
Rio de Janeiro Paraná
Estado
7.339 4.611
1,2 1,5
Pernambuco Amazonas Goiás Santa Catarina Maranhão Rio Grande do Sul Tocantins Distrito Federal Espírito Santo Acre Mato Grosso Alagoas Paraíba Piauí Ceará Matro Grosso do Sul
2.061 837 681 654 631 542 522 514 495 329 307 279 162 148 134 18
1,5 1,1 0,5 0,3 0,9 0,2 2,3 0,3 0,4 2,9 0,3 0,8 0,4 0,5 0,1 0,0
Fonte: Folha de S. Paulo.
“pacotaço” de corte de gastos –oconjuntodemedidasimpopulares ao funcionalismo público que o Executivo foi obrigado a retirar da pauta, após três dias de protestos e ocupação da Assembleia Legislativa por servidores, na semana passada. A situação do Paraná, porém, não é isolada. O saldo negativo registrado nas contas dos 18 estados em crise financeira tem colocado na agendadamaioriadosgovernos a adoção de medidas que incluem cortes orçamentári-
os e aumento de impostos. Os governadores eleitos buscam medidas de emergência para ajustar seus balanços financeiros e escapar das regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, criada em 2000 para impor medidas que evitem o descontrole das contas públicas. Além do Paraná, o Distrito Federal e os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás também estão tentando aprovar “pacotaços” de reajuste de impostos e cortes de gastos.
PETROBRAS PT diz que vai processar delator depois do carnaval O PT promete processar o ex gerente da Petrobras Pedro Ba rusco que acusa o partido de ter recebido propinas em contratos da estatal, de 2003 a 2013, num total entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. A ação será protocolada após o carnaval, se gundo o presidente do PT, Rui Falcão. Barusco confirmou, em depoimento da Operação Lava Jato, que ele e Renato Duque − exdiretor de Serviços da Petro bras − recebiam propina para fa cilitar que empresas assinassem contratos de grande porte com a estatal, como os da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. O PT disse tam bém que irá acionar a Polícia Fe deral, o Ministério da Justiça e o Ministério Público Federal pedin do que sindicâncias apurem “va zamentos seletivos” dos depoi mentos da Lava Jato, que impli cam apenas o partido.
C
om os professores da rede estadual em greve e acampa dos em frente ao Palácio Iguaçu há mais de uma sema na, o governador Beto Richa (PSDB, foto) tirou o feria dão de carnaval para descansar. Depois de ser acuado pelos servidores e ter de retirar os dois projetos de austeridade de tramitação da Assembleia Legislativa, o tucano foi visto passean do tranquilamente de bicicleta no último domingo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina. Enquanto isso, a pressão sobre os depu tados estaduais continua. Nas redes sociais, docentes não se cansam de postar mensagens e fotos contra os parlamentares que se posicionaram a favor das propostas do Executivo.
Aliás... Desde que os servidores invadiram um dos prédios da Assembleia Legislativa na terçafeira da semana passada, o site da Casa permanece fora do ar. A sede do Legislativo estadual será reaberta nesta quartafeira na parte da tarde, depois de um balanço dos prejuízos que eventualmente tenham sido provocados pela invasão.
Tempos difíceis 1 A falta de diálogo não é o único problema do governo federal. Além do batecabeça do Palácio do Planalto na defesa de suas ações e projetos, a presidente Dilma Rousseff enfrenta dificulda des com a bancada de seu partido, que não demonstra a mesma combatividade dos tempos em que era oposição. Dos 64 deputa dos petistas da atual legislatura, apenas três eram deputados − Arlindo Chinaglia (SP), Henrique Fontana (RS) e Luiz Sérgio (RJ) − antes da chegada de Lula ao poder, em 2002, e outros 21 − um terço da bancada − estão em primeiro mandato. Já no Senado, na bancada de 14 parlamentares, não há ninguém que tenha vivido os tempos de oposição na Casa.
Tempos difíceis 2 A ampla maioria dos parlamentares do PT é totalmente desco nhecida de Dilma, que nunca teve uma atuação partidária inten sa. A maior parte da bancada se dedica mais às questões paro quiais e temas sociais – como educação, reforma agrária e direi tos humanos – do que ao enfrentamento político propriamente dito. Poucos têm atuação partidária nacional. “O momento para o governo é muito difícil. Acredito que isso obrigará nossa banca da a amadurecer rapidamente”, disse um parlamentar do PT.
DNA de político Neto do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), Ren zo, de 7 anos, tem chamado a atenção por sua desenvoltura junto a políticos experientes. Num encontro recente do avô com a presi dente Dilma Rousseff, ele aproveitou para fazer suas cobranças. “Dilma, você tem que cuidar dos caranguejos em Barra de São Mi guel [refúgio praiano da família em Alagoas]. Senão eles vão aca bar”, alertou. Depois de a petista dizer que não podia fazer nada so bre o assunto, o garoto respondeu: “Mas você é presidente da Re pública. Pode tudo!”.
Enrolado na Justiça Relator da comissão da reforma política e um dos dez novos vice líderes do governo na Câmara Federal, o deputado Marcelo Cas tro (PMDBPI) é alvo de representação movida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por compra de votos nas eleições do ano passado. Além disso, o PMDB piauiense, sob a presidência dele, teve a prestação de contas de 2010 rejeitada. O MPE pede à Justi ça a cassação do mandato de Castro e a aplicação de uma multa. O peemedebista nega as acusações.
Pinga-fogo
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
“Não pode um único movimento querer prevalecer. Uma coisa é lutar por direitos, outra é buscar privilégios. Não pode uma minoria ditar regra para a maioria.” Anderson Ferreira (PRPE), deputado federal, autor do projeto do Estatuto da Família.
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>> VISÃO ECONÔMICA
DeputadosdoPRqueremo fimdadesigualdade,mas semaumentodeimpostos Pesquisa da Gazeta e do Observatório das Elites do Brasil revela que parlamentares federais e estaduais do Paraná têm visão contraditória entre o que querem e como pretendem atingir o objetivo Rogerio Waldrigues Galindo
Os deputados estaduais e federais paranaenses eleitos em outubro acreditam que o Estado deve ter um papel importante na redução das desigualdades sociais. Dos parlamentares, 96% afirmam que “concordam” ou “concordam fortemente” com a afirmação de que o Estado deve ser indutor da igualdade. O resultado consta de uma pesquisa inédita realizada pela Gazeta do Povo em parceria com o Observatório das Elites Sociais e Políticas do Brasil. Segundo os pesquisadores do Observatório, uma instituição que reúne pesquisadores de todo o país, os dados podem mostrar que os políticos perceberam, após quatro vitórias consecutivas do PT em campanhas presidenciais, que ser favorável a políticas de redução de desigualdade rende votos. Isso também pode ter motivado 37,3% dos entrevistados pelo levantamento a dizer que a redução das desigualdades sociais é o objetivo mais importante do Brasil para a próxima década – resposta que ficou em primeiro lugar na questão, empatada com a retomada do crescimento econômico. No entanto, a ideia de que a igualdade é importante e de que é preciso que o Estado interfira nisso não vem acompanhada de um convencimento de que é necessário ter uma carga tributária grande que permita maior distribuição de recursos à população mais pobre– medida que costuma ser adotada por países que pretendem reduzir a desigualdade. Quando questionados sobre os meios para retomar o crescimento econômico, 53,3% dos parlamentares paranaenses entrevistados afirmaram que a redução abrangente da carga tributária é o melhor método. O questionário do Observatório foi aplicado a 75 deputados eleitos em outubro (50 estaduais e 25 federais) durante dois meses. Participaram do estudo quatro pesquisadores do grupo: Adriano Codato, coordenador do Observatório e professor da UFPR; Bruno Bolognesi, da Unila; Luiz Domingos Costa, da Uninter; e Fábia Berlatto, da UFPR. Os pesquisadores também comentaram os
Vida Pública 13
>> DISPUTA PRESIDENCIAL
Pierre-Philippe Marcou/AFP
ECONOMIA Uma mistura de estatismo com liberalismo: entenda a posição dos deputados paranaenses eleitos em outubro sobre questões econômicas.
PA P E L D O ESTA D O
Concorda com a seguinte afirmação?
Que tipo de sistema econômico seria mais adequado para o Brasil?
“O Estado deve ser uma ferramenta de promoção da igualdade social.”
Concorda
25,4%
Partido conta com sucesso olímpico para cacifar Eduardo Paes.
Equilíbrio entre estatal x privado Uma economia onde as responsabilidades fossem partilhadas entre os setores privado e estatal de forma equilibrada
Concorda fortemente
22,6%
55,4%
Mais Estado
Discorda Nem concorda, fortemente nem discorda
RIO E BRASÍLIA Agência O Globo
10,8%
Uma economia em que as empresas estatais e o Estado fossem o setor principal, mas ainda preservando uma economia de mercado
0,7% 1,4% Chama a atenção o “estatismo” dos representantes do Paraná. Depois de mais de uma década em que se afirmou as vantagens do mercado, da livre competição, da superioridade da administração privada, 86% concordam ou concordam fortemente que o Estado deve funcionar como um meio de equilíbrio social.
Redução do Estado
Uma economia de mercado, com a participação reduzida do Estado
33,8%
Uma nova mostra do "estatismo" de nossos representantes.
Nesse caso, pode haver menos preocupação com uma abstrata “justiça social” e mais a percepção, consolidada durante os governos do PT, de que políticas públicas na área social rendem votos.
O Estado ainda tem um papel relevante a desempenhar na economia/sociedade brasileiras.
D ESA F IOS PARA O BRASIL
Qual o objetivo mais importante a ser atingido pelo Brasil na próxima década? Reduzir a carga tributária
Investir na infraestrutura
de forma abrangente
de logística rodoviária e portuária
53,3%
Desenvolver programas de crédito
e benefícios
5,3%
Fornecer maior incentivo para a
iniciativa privada
38,7%
2,7%
A redução da carga tributária aparece como a melhor opção, ao lado de melhoria da infraestrutura, para que o ciclo de crescimento econômico seja retomado. Contudo, esse é também um problema que não é resolvido por falta de consenso dentro do próprio Parlamento. Governos estaduais não admitem abrir mão das receitas com tributos. Parlamentares da base dos governos (a maioria) não votam nada que contrarie as orientações do Executivo. Os parlamentares identificam um obstáculo que, em última instância, estaria em suas mãos para resolver. Chama a atenção o baixo número de políticos (apenas 2) que concordam com a frase “Fornecer maior incentivo para a iniciativa privada” e com a frase “Desenvolver programas de crédito e benefícios” para empresários (apenas 4). Ao que parece, por essas respostas, o capitalismo cartorial estaria com os dias contados.
Qual a solução mais adequada para retomar o crescimento econômico?
Há um equilíbrio entre as respostas.
Redução ao máximo da desigualdade social
Crescimento econômico sustentado
37,3%
37,3%
Aumento da participação dos cidadãos nas decisões políticas
25,3% resultados, e a análise deles pode ser lida no infográfico ao lado. A série sobre a visão dos parlamentares paranaenses, que se encerra hoje, também mostrou as respostas dos deputados sobre valores sociais, no domingo, e sobre instituições políticas, ontem. Colaboraram: Vivian Faria, André Gonçalves, Taiana Bubniak, Amanda Audi, Kelli Kadanus e Katna Baran.
Contudo, vemos que questões sociais (desigualdade) e econômicas (crescimento) são, quando somadas, maiores do que as preocupações com uma política mais democrática (participação). A democracia participativa é um valor secundário. Fonte: Gazeta do Povo, Observatório das Elites Sociais e Políticas do Brasil. Infografia: Gazeta do Povo.
37,3% 53,3% dos entrevistados pelo levantamento dizem que a redução das desigualdades sociais é o objetivo mais importante do Brasil para a próxima década – resposta que ficou em primeiro lugar na questão, empatada com a retomada do crescimento econômico.
PMDBaposta emprefeitodo Riopara2018
dos parlamentares paranaenses entrevistados afirmaram que a redução abrangente da carga tributária é o melhor método para reduzir a desigualdade . Essa resposta é vista como contraditória, pois rotineiramente políticas redistributivas implicam em aumento de impostos.
As eleições de 2018 ainda estão distantes, mas os peemedebistas já ensaiam o lançamento da candidatura do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, à Presidência da República. O governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, por exemplo, deu mais um passo em defesa da candidaturaprópriadopartido, que defende há tempos, e disse apostar que a Olimpíada de 2016 credenciará Paes para a disputa. Durante a inauguração deumaescolinhadeTênisno Parque Ecológico da Rocinha, na última sexta-feira, Pezão enfatizou que o partido precisa passar a ter protagonismo na política nacional, e uma candidatura própria consolidaria esse projeto. “Acredito muito no nome do Eduardo Paes, principalmente com a projeção nacionaleinternacionalqueeleterá com as Olimpíadas de 2016. O legado e a visibilidade da cidade e do país serão muito grandes. Acho que o PMDB tem que ter um candidato próprio”, disse. Em clima de carnaval, entretanto, Eduardo Paes preferiu se esquivar da discussão política. “O governador disse isso porque é meu amigo e quis me agradar. Eu sou candidatoaseromelhorprefeito dessa cidade”, disse, durante acerimôniaquedeuinícioao carnaval do Rio. Candidatura própria No PMDB do Rio, a avaliação é de que o nome de Paes é o único com capital político para assumir a disputa. E Pezão avalia ainda que há um esforço para aparar as arestas e retomar a aliança entre PT e PMDBtantonoâmbitonacional como no estadual. Numa reuniãonaúltimaquarta-feira, ele, Paes, o ex-presidente Lula e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral teriam discuti-
CONGRESSO Peemedebistas articulam horizonte “sombrio” para Dilma Excluído do núcleo decisório da União, o PMDB pretende manter distância “regulamen tar” do Planalto e articular a aprovação de matérias à revelia do governo. Estão no horizonte a reforma política que mantém o
doumareaproximaçãoentre os partidos. “Temos feito essas conversas com o PT para que a gente possa manter a aliança. A gente viu o mal que o PT fez em ter rompido a aliança com o PMDB no governo do estado”, afirmou Pezão. De acordo com alguns peemedebistas, o presidente em exercício do partido, senador Valdir Raupp (RO), foi o primeiro a falar no nome do prefeito como pré-candidato em 2018. A discussão sobre candidatura própria na sigla não é nova. Em toda eleição, desde 1989, quando Ulysses Guimarães ficou apenas com 4,4% dos votos válidos, o assunto volta à tona. A última candidatura própria, porém, ocorreu em 1994, com Orestes Quércia obtendo os mesmos 4,4% de Ulysses. “Embora ainda seja um pouco cedo para tratar do assunto, não se prepara uma candidatura da noite para o dia. O Eduardo Paes é um nome interessante”, disse Raupp. O senador afirmou, noentanto,queparatornaro prefeito do Rio um nome com alguma chance em 2018 é preciso torná-lo uma expressão nacional. “Tem que torná-lo conhecido nacionalmente. Depois das Olimpíadas, ele precisa fazer um giro pelo Brasil”, declarou. Novo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) confirmou que boa parte do partido cita o nome de Paes como possível candidato. “Ele tem boas condições. Vem muito bem avaliado na administração que está fazendo e a expectativa é que termine o mandato ainda melhor. Há tempo para torná-lo conhecido”, avaliou.
“O legado e a visibilidade da cidade e do país [com a Olimpíada de 2016] serão muito grandes. Acho que o PMDB tem que ter um candidato próprio [a presidente].” LuizFernandoPezão,governadordoRJ.
financiamento privado das cam panhas, na contramão do que defende o PT; o projeto que freia a criação e fusão de novos parti dos, que seria usado para enfra quecer o PMDB; a PEC da Ben gala, que aumenta para 75 anos a idade de aposentadoria no STF e STJ, e pode impedir que Dilma indique cinco ministros; e a resistência às MPs que restrin gem benefícios sociais.
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Vida Pública
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celso@gazetadopovo.com.br
Celso Nascimento Somos os maiorais
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ados do Banco Central, divulgados pela Folha de S. Paulo de ontem, indicam que o Paraná fechou 2014 com um déficit orçamentário de R$ 4,6 bilhões – o segundo maior dentre as 18 unidades da federação que ficaram no vermelho. No ranking dos deficitários aparecem também nossos vizinhos sulistas – o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que, somados, fecharam o ano devendo R$ 1,1 bilhão. Isso quer dizer que o Paraná é quatro vezes “maior” do que eles. Déficit, como se sabe, é a diferença negativa entre o que se arrecada e o que se gasta – coisa proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e com rigor ainda maior quando as dívidas são jogadas para o período administrativo seguinte, ainda que o governador, por reeleição, seja o mesmo. A LRF prevê punições para quem assim age. Uma das penas é tornar o governante inelegível por oito anos. Mas há um detalhe: é o Tribunal de Contas que deve dizer se o déficit decorreu de negligência, imprudência ou imperícia do administrador – ou se a falência aconteceu por motivos fortuitos pelos quais o mandatário não deve ser responsabilizado.
Façamos um jogo de adivinhação com duas alternativas, sim ou não: quando julgar as contas de 2014, o Tribunal de Contas do Paraná vai desaproválas? Sim ou não? No máximo, talvez, só apareçam algumas “ressalvas”, não mais do que isso, como costuma acontecer naquela aparelhada corte de amigos. Embora não se deva esperar que medidas legais, punitivas, venham a ser tomadas, de uma coisa podese ter certeza: o Paraná nunca mais será exatamente o mesmo daqui pra frente. Vai mudar um pouco, não porque as instituições e seus líderes queiram, mas por causa da turba que – politicamente instrumentalizada ou não – tomou conta do Centro Cívico na semana passada para protestar contra o tratoraço do pacotaço. A Assembleia, por exemplo, já reconheceu que a partir de agora não mais funcionará em regime de comissão geral, não
LAVA JATO Barusco acusa Rolls-Royce de pagar propina na Petrobras O site do jornal Financial Times informou que o exgerente da Petrobras Pedro Barusco envol
pela vontade de seu presidente, mas porque já não há deputados que queiram se submeter, outra vez, a ser levados à Casa do Povo a bordo de um camburão – ou “veículo blindado para transporte de tropas”, como se, nesse caso, a vergonha passe a ser menor.
Olho Vivo
Os projetos serão examinados, discutidos, eventualmente emendados e votados nas comissões temáticas antes de chegarem ao plenário para aprovação final. Isso é mais democrático. Seria o caminho natural que deveria ter sido tomado desde a elaboração das propostas.
O candidato a ser apoiado por Beto será certamente o deputado Luciano Ducci (PSB), exprefeito que ficou em terceiro lugar na disputa de 2012, mas ressurgiria agora com força eleitoral redobrada em razão da fragilidade de resultados da administração de Gustavo. O desgaste de Richa, no entanto, tiralhe vitamina.
Agora, os deputados já sabem o que pensa a população sobre as propostas. Já conhecem, também, o poder de organização e mobilização de alguns segmentos de servidores e adjacências. A pergunta é: os senhores parlamentares aprovarão o projeto do jeito que vieram ou preferirão mudá-los ou rejeitálos? Sim ou não?
veu a gigante britânica Rolls Royce no escândalo de corrup ção da estatal. Segundo a publi cação, Barusco contou que a empresa − que fabrica turbinas usadas nas plataformas da Pe trobras − pagou propina para obter um contrato de US$ 100
Prefeitura 1 A crise política em que o governo estadual naufragou vai gerar consequências na disputa pela prefeitura de Curitiba no ano que vem. Embora dê demonstrações de que não está lá muito interessado em se manter no cargo, poucos duvidam que o prefeito Gustavo Fruet deixe de se candidatar à reeleição. Suas chances de vencer são inversamente proporcionais à queda de prestígio do governador Beto Richa.
Prefeitura 2
Prefeitura 3 Outro que, se quisesse, teria condições de enfrentar Fruet é Ratinho Jr., do PSC. Eleito deputado estadual com 300 mil votos, ajudou a formar a maior bancada da Assembleia, com 12 parlamentares. Na eleição municipal de 2012, fez 40% dos votos. Levado a compor o secretariado de Richa, acabou por se enredar na teia de confusões provocadas pelo chefe ao orientar seus deputados a votar de “acordo com a consciência de cada um”. Dez deles tiveram a “consciência” de votar a favor de Richa. Com isso, Ratinho Jr. também perdeu vitamina.
Prefeitura 4 Quem cresceu como provável futuro adversário de Fruet foi o deputado Ney Leprevost (PSD). Contrariou a orientação do chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, que preside o partido, votando contra o pacotaço. Tirou o tubo que o ligava a Richa e ingressou na oposição, levando com a ele bem mais do que os 50 mil votos que fez em Curitiba como candidato a deputado.
milhões com a estatal. De acor do com a reportagem, Barusco disse à polícia que, só ele, rece beu da RollsRoyce US$ 200 mil, e que isso era só uma peque na parte do acerto da propina. A informação consta das mais de 600 páginas que registram os
depoimentos prestados por ele como parte de sua delação pre miada. Em nota, a RollsRoyce disse que “queria deixar claro que não tolera condutas impró prias de nenhum tipo e que to mará todas as medidas neces sárias para garantir isso”.
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www.gazetadopovo.com.br/economia | www.facebook.com/gpeconomia EDITOR EXECUTIVO: GUIDO ORGIS EDITOR RESPONSÁVEL: SERGIO LUIS DE DEUS
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Economia
>> OLIMPÍADAS
Rio-2016criaoportunidadesdenegócio Roberto Custodio/Jornal de Londrina
Paranátem56 empresasaptasa fornecerprodutose serviçosaoComitê Organizadordos Jogos.Indústriade Apucaranafabrica bonésoficiais
CIFRAS OLÍMPICAS Maior evento esportivo do mundo deve custar R$ 7 bilhões, sendo R$ 3 bilhões apenas na compra de produtos e serviços.
BANCO HSBC França vai julgar escândalo das contas secretas na Suíça A investigação na França so bre um suposto esquema de sonegação de impostos para clientes de alta renda no HSBC na Suíça acabou no último dia 12, dando um passo em dire ção a um possível julgamento. O banco admitiu na semana passada falhas em sua unida de suíça e enfrenta investiga ções por autoridades norte
R$ 7 bilhões
Empresários interessados devem se cadastrar em site
Outros
R$ 3,7 bilhões
As empresas interessadas em fornecer produtos e ser viços para os Jogos Olímpi cos e Paralímpicos do Rio devem realizar um préca dastro no Portal de Supri mentos, site que interme deia os negócios. Quando o Comitê Organizador tem uma demanda, analisa os inscritos, homologa o cadas tro dos fornecedores aptos a atender ao pedido e faz uma cotação, entre as empresas interessadas, para escolher a vencedora. O Paraná tem 201 empresas précadastra das, 56 das quais já com o registro homologado: 21 se diadas em Curitiba e 35, nas cidades do interior. Um documento chamado Plano de Compras lista os produtos e serviços que o Co mitê demandará e o período em que a compra deve ser re alizada. Tratase de um guia que facilita a organização dos fornecedores. O cadas tro no site é gratuito, mas exige a apresentação de uma série de documentos, como certidões negativas e licen ças. A relação de documen tos e as informações sobre o funcionamento da seleção estão no portal.
Orçamento para compras
R$ 3 bilhões
Produtos e serviços de pequenas empresas
R$ 300 milhões
Renan Colombo
A cidade do Rio de Janeiro vai abrigar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, mas as oportunidades de negócio geradas pelos eventos esportivos estão sendo criadas em diferentespontosdopaís,inclusive no Paraná. O estado tem 56 empresas cadastradas junto ao Comitê Organizador para participar de processos seletivos que visam o fornecimento de produtos e serviços para os dois eventos. O Comitê estima que, até o próximo ano, sejam gastos R$ 3 bilhões para essa finalidade, sendo cerca de 10% – o equivalente a R$ 300 milhões – em produtos e serviços contratadosjuntoamicroepequenas empresas. A previsão é comprar30milhõesdeartigos,sendo 5 milhões apenas no setor mobiliário. Serão adquiridos, por exemplo, 26 mil sofás e poltronas, 30 mil colchões, 80 mil mesas e 481 mil toalhas. O cronograma da organização dosJogosprevêque95%desses gastossejamrealizadosatéofinaldesteano. Como o volume de mercadorias é alto, as oportunidadesseabrememtodoopaís– pouco mais da metade das 1.695 empresas cadastradas é de fora do estado do Rio de Janeiro. “O evento de revezamento da tocha olímpica, por exemplo, exigirá estrutura de palcoesegurançaemdiversas cidades”, diz Francisco Marins, coordenador do programa Sebrae no Pódio, iniciativa que orienta e auxilia empresas interessadas em se tornar fornecedoras dos Jogos. OSebraejáfezopré-cadastro de 3,3 mil empresas junto ao Comitê Organizador. Boa parte do trabalho de triagem foi herdado da Copa do Mundo,quandooSebraeexecutou programa semelhante. “Muitas empresas têm medo de participar, pensando que não tem condições de atuar em umeventoassim.Éjustamente o contrário: elas precisam aproveitar a oportunidade de acessar um novo mercado e faturar mais”, diz Marins. Em torno de 60 empresas auxiliadas pelo Sebrae participam, atualmente, de processos seletivos do evento. Entre as organizações que
PORTAL
Orçamento total
COMPRAS Valor em R$ Toalhas Cadeiras de plástico dobráveis Luminárias Mesas Colchões Sofás e poltronas Bolinhas de tênis Televisores
481 mil 87 mil 83 mil 80 mil 30 mil 26 mil 24 mil 19,3 mil
COMPRAS Setores (%) Construções temporárias Transporte (ônibus, táxi, van, carro) Eventos (materiais e serviços) Serviços terceirizados Alimentação Instalações, mobiliário, equipamentos e equipamentos não esportivos Equipamentos de TI/Informática Look of the Games Softwares Serviços de marketing Sistemas de gerenciamento de Jogos Serviços de limpeza e lavanderia Equipamentos de vídeo Aparelhos elétricos e eletrônicos Impressão, fotocópia, plotagem Outros (Equipamentos esportivos, passagens aéreas etc)
FORNECEDORES Brasil CADASTRADOS Rio de Janeiro Outros Estados Paraná Curitiba Interior do Paraná Da linha de produção da Boneleska sairão 300 mil bonés olímpicos .
Serviço
A lista de todos os produtos que se rão encomendados pelo Comitê Or ganizador da Rio2016, com o res pectivo trimestre da compra, está no site http://portaldesuprimen tos.rio2016.com.
foram bem sucedidas está uma de Bento Gonçalves (RS), que recentemente realizou uma venda aos organizadores dos Jogos. Exemplo No Paraná, o caso de maior sucesso é o da empresa Boneleska,deApucarana,quejáhavia produzido para a Copa do Mundoefoilicenciadaparafabricar bonés e chapéus dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A empresa espera comerciali-
americanas e um inquérito por parlamentares britânicos após relatos de que o banco ajudou clientes a esconder milhões de dólares em ativos em um perí odo que se estende até 2007. Magistrados franceses coloca ram o HSBC Private Bank sob investigação formal em no vembro. Agora, os promotores têm três meses para solicitar que o banco vá a julgamento para responder às acusações. A suposta fraude envolve cer ca de 3 mil contribuintes fran ceses.
zar 300 mil unidades – o dobro das vendas realizadas duranteoMundialdefutebol–e exportar aproximadamente 10%daprodução. A Boneleska prevê um investimentodeR$300milpara a compra de maquinário e umaexpansãodecercade20% do quadro funcional, que já havia sido ampliado na preparação para a Copa do Mundo, foi mantido e hoje é formado porcercade70pessoas. O gerente de produção Davi Feliz de Souza explica que a dinâmica de produção e de distribuição será diferente em relação ao torneio de futebol. “O evento é centralizado noRioeissofacilitaadistribuição. Mas é um evento curto, com volume intenso de vendas. Então, é preciso ter um bom planejamento.”
PROPAGANDA Para publicitários, anúncio de cerveja está menos sexista Quase oito anos após o Conar apertar o cerco contra a erotiza ção da mulher na publicidade de bebida, muita coisa mudou. Neste verão não tem Sandy nem Paris Hilton. Entre as loiras que estão à frente dos comerci ais está a improvável Ana Maria Braga, 65 anos, fazendo cam panha para a Proibida. “A pro paganda de cerveja hoje é mui
28 10 9 7 6 5 4 2 2 2 2 2 2 2 1 18
836 859 56 21 35
1.695
Fonte: Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e London Organising Committee of the Olympic Games (LOCOG). Infografia: Gazeta do Povo.
Mascotes devem puxar as vendas Sucesso de vendas na Copa doMundo,obonédopersonagem Fuleco faz a Boneleska acreditar que Tom e Vinícius, mascotes das Olimpíadas do Rio, serão o principal apelo de vendas para o evento. O produto que trazia as orelhas e o nariz do tatu-bola em evidência foi responsável por cerca de 60% das vendas da empresa no Mundial. E chegou a faltar em alguns estádios durante a Copa das Confederações, um ano antes, diante da grande procura dos torcedores. A empresa agora está criando um produto semelhante, com os traços das duas
to menos sexista e machista do que já foi. E aos poucos vamos amadurecendo”, diz o criativo Flavio Casarotti, hoje sócio da Menta e que durante anos este ve à frente dos comerciais de Kaiser e Heineken (na agência Fischer) e de Itaipava (Y&R). Porém, a velha associação en tre cerveja e mulher gostosa de biquíni, ainda que dentro das re gras do Conar, sobrevive: está, por exemplo, na série de comer ciais da Itaipava, com a bailari na do Faustão Aline Riscado no papel de Verão.
mascotes olímpicas – Tom é uma espécie de macaco, que representa a fauna brasileira; e Vinícius, uma mistura de plantas nacionais. “Dentro de 90 dias, já estaremos com os modelos prontos, para aprovação e início da produção”, estima o gerente de produção Davi Feliz de Souza. Segredo industrial Já estão sendo comercializados, em atacado, 23 modelosdebonésechapéusoficiais dos Jogos, oito deles com a estampa das mascotes. O desenvolvimento desses produtos exigiu uma operação especial daBoneleska,jáquecomeçou antes da apresentação dos personagens ao público, feita em novembro. Cinco funcionáriosforamselecionadospa-
FERTILIZAÇÃO Genus compra 51% da brasileira In Vitro por R$ 20 milhões A britânica Genus, voltada para genética animal, anunci ou ontem a assinatura de um acordo para aquisição de 51% do capital social da brasileira In Vitro Brasil (IVB), especiali zada na produção de embriões bovinos por meio de fertiliza ção in vitro, por R$ 20 milhões. A empresa espera ainda com prar os outros 49% no primei
Sebrae no Pódio O Sebrae informa que, por meio do programa Sebrae no Pódio, faz uma análise da em presa interessada e a auxilia no processo de cadastro. As informações sobre o serviço, que é gratuito, estão disponí veis no site www.sebraenopo dio.com.br.
ra trabalhar à noite e aos finais de semana, quando a fábrica estava fechada. “Nunca tínhamos trabalhado com um segredo industrial mundial. As pessoas que participaram desse projeto ficaram muito honradas”, conta Davi. O gerente diz que, até o momento, as compras se concentram em um boné branco que traz uma faixa verde simulando o calçadão de Copacabana. Todos os modelos são desenvolvidos pela equipe de criação da Boneleska, que encaminha as peças-piloto ao Comitê Organizador, responsável por avaliar a proposta e, em caso de aprovação, autorizar o início da produção. Cerca de 50 modelos de bonés e chapéus devem ser lançados.
ro semestre de 2018, ao exer cer uma opção de compra. Mas a aquisição da outra parte está condicionada, porém, a condições de desempenho. O valor da transação é limitado a R$ 49 milhões, segundo a Ge nus. No ano passado, a In Vitro Brasil teve faturamento global de cerca de R$ 17,5 milhões. Fundada em 2002, é fornece dora global de fertilização in vitro e serviços associados à indústria pecuária. A IVB, com sede em Mogi Mirim, produz 250 mil embriões anualmente.
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Economia
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>> TRABALHO
Protestosindicamquenegociação salarialserámaistensaem2015 Estagnação da economia e risco de racionamentos de água e luz ameaçam empregos e benefícios dos trabalhadores RIO DE JANEIRO Agência O Globo
O ano começou com os trabalhadores nas ruas, protestando contra salários atrasados, demissões em massa e corte de benefícios. Enfrentamento será a marca de 2015. A estagnação da economia que pode virar recessão, as obras paradas da Petrobras e a ameaça de racionamento de água e luz vão tornar mais difícil para o trabalhador brasileiro negociar com os patrões, e a rua será o campo de batalha. “Vamos sentir saudades de 2014”, afirmou José Silvestre, coordenador de Relações Sindicais do Dieese, citando o ano que deve ter fechado com a economia estagnada, segundo projeções
do mercado. A mobilização dos operários ficou evidente na última semana. Centenas de trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) fecharam a Ponte Rio-Niterói por duas horas na terça-feira passada. Dois dias depois, a milhares de quilômetros dali, em Rio Grande (RS), metalúrgicos de estaleiros da região também fecharam ruas e estradas para protestar contra a redução nas encomendas. A luta por salários melhores não vai cessar diante da situação do país, segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas. “Sempre que não há desenvolvimento do país, a argumentação dos patrões é de que não há como dar aumento. Vamos para o enfrentamento. Eles não contam o lucro que acumularam nos últimos anos. Vamos para greve, na busca de ganhos reais. A campanha salarial este ano vai exigir mais da categoria sindical”, afirmou ele, ressaltando que as manifestações devem continuar. “Os trabalhadores têm que defender seus direitos. Demitiu, parou. Tirou direito, parou.”
Tomaz Silva/Agência Brasil
Manifestação na Petrobras: operários do Comperj convivem com atrasos salariais e demissões.
Em São Paulo, são os metalúrgicos do ABC que se mobilizam para manter os empregos e ganhos reais de renda.Játiveramvitórias.Depois de pôr mais de 10 mil na Via Anchieta, fechando-a nos dois sentidos, em meados de janeiro, conseguiram suspender as 800 demissões em fábricas da Volks e da Mercedes-Benz. A data-base da categoria é no segundo semestre, oquedáfôlegoparaaguardar
que a economia reaja. “O governo só tem dado notícia ruim. Não há contrapartida às medidas restritivas, como uma política industrial de incentivo. Dessa maneira, não há como o empresário recuperar sua confiança. E se o patrão não tem confiança no futuro, vai dificultar a vida do trabalhador. O ano será difícil”, afirmou Miguel Torres, presidente da Força Sindical.
ANO DIFÍCIL O coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, diz que será um ano difícil para os trabalhadores conseguirem ganhos reais. A parcela de acordos com aumentos acima da inflação deve cair em relação a 2014, e o próprio reajuste deve diminuir. A inflação alta dificulta o cenário.
>> ZONA DO EURO
Grécia chama de “absurda” proposta para resolver dívida Da Redação
O governo grego rejeitou ontem, em Bruxelas, a primeira proposta de compromisso apresentada pelo Eurogrupo paraviabilizaropagamentode credoresdopaís.Umafontedo governo da Grécia considerou aproposta“absurda”e“inaceitável”,porexigirqueopaísprolongueoatualprogramadeassistência financeira. As informações são da Agência Brasil. Para o governo grego, “nessas circunstâncias, não é possível chegarhojeaumacordo”entre Atenaseosseusparceiroseuropeus em relação ao futuro da assistênciafinanceiraàGrécia. De acordo com o rascunho da declaração do Eurogrupo, o governo grego deveria comprometer-se a pedir a extensão do atual programa – que expira no final do mês –, e conclui-lo com sucesso. A Grécia está sob assistência financeira internacional desde 2010, com dois empréstimos concedidos em conjunto pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo FMI, em troca de duras medidas de austeridade. Em dezembro, terminaria o programa de resgate europeu, mas o pacote foi prorrogado até o fim de fevereiro.
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Serviço 17
Obituário Antônio Arlindo da Rocha: o filho exemplar Arquivo da família
Taiana Bubniak
Q
uinto filho de uma família de nove irmãos, Antônio Arlindo da Rocha se mudou com a família para o Jardim Cruzeiro, em São José dos Pinhais, na Região de Curitiba. Eles vieram de Campo Alegre, no Norte de Santa Catarina. Antônio tinha 18 anos. Desde a juventude foi muito apegado à família. A mudança de cidade foi uma das poucas que fez, afinal, era um cara pacato e tranquilo.
Morou a vida toda com os pais e acompanhou os anos de viuvez da mãe, Ingracia
Alessandro Czaika, 37 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Sílvio Czaika. Sepultamento ontem. Álvaro Adriano Vriesman, 31 anos. Profissão: empresário. Filiação: Leonardo Vriesman Filho e Reni Maria Vriesman. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo de Elim Igreja Reformada de Carambeí PR. Amélia Ferreira, 87 anos. Profissão: do lar. Filiação: Alberto Cardoso da Silva e Alice Pensky da Silva. Sepultamento às 15h, no Cemitério Municipal do Água Verde, saindo da Capela 04 Cemitério Municipal Água Verde Curitiba PR. Antônio Dionísio Filho, 58 anos. Filiação: Antônio Dionísio e Arlinda Marques Dionísio. Sepultamento às 9h, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo de Vertical. Arahyr Franco de Miranda di Lauro, 97 anos. Profissão: pedagogo(a). Filiação: Manoel Otilio de Miranda e Joana Rosa de Miranda. Sepultamento às 10h, no Cemitério Municipal do Água Verde, saindo da Capela da Unilutus. Arminda Gomes Colaco, 89 anos. Profissão: do lar. Filiação: Antônio Gomes dos Santos e Luíza Soares de Lima. Sepultamento ontem.
Bueno, a Dona Gracinha. Ele não quis casar ou ter filhos. Levou algumas namoradas para casa, mas abriu mão dos relacionamentos sérios para cuidar da mãe,
Arsenia Mirian Padilha, 70 anos. Profissão: do lar. Filiação: Arsenio Padilha e Maria Messias Padilha. Sepultamento às 10h, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, saindo da Capela Vaticano Rubi. Bernadete Silva Fortes, 56 anos. Profissão: professor(a). Filiação: Waldomiro Francisco da Silva e Idalvina C Silva. Sepultamento ontem. Charlotte Marianne Richert, 85 anos. Profissão: do lar. Filiação: Fritz Makiol e Thereza Makiol. Sepultamento às 10h, no Cemitério Parque Iguaçu. Cirlei Gonçalves Rosa, 43 anos. Profissão: diarista. Filiação: Nataniel de Paula Gonçalves e Nardina Moreira. Sepultamento ontem. Cristiane Aparecida Salvo, 34 anos. Profissão: do lar. Filiação: Benedito Salvo e Maria Aparecida Miguel Salvo. Sepultamento ontem. Daniel Pereira da Silva, 23 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Nivaldo Antônio da Silva e Luci Catarina Pereira da Silva. Sepultamento às 9h, Cemitério Jardim Independência (Araucária), saindo da Capela do Cemitério Independência, em AraucáriaPR.. Diego Magalhães de Carvalho, 16 anos. Profissão: estudante. Filiação: José Carlos Antunes de Carvalho e Cristiane Ribeiro
com quem construiu uma bela relação maternal.
zinhança cativa para ambos.
“Ele ajudava em casa, avisava a mãe quando chegaria mais tarde. Ela estava sempre preocupada com a alimentação dele, onde e com quem ele ia”, conta uma das sobrinhas, Débora Cristiane da Rocha. Dona Gracinha atualmente tem 89 anos e está fraquinha, mas, por várias vezes, esperava o filho voltar do serviço no portão de casa.
Antônio ou “Lindo”, como era conhecido pelos mais próximos, sempre foi uma pessoa que todos os familiares queriam bem. Morou sempre no mesmo lugar e, por mais de 40 anos, trabalhou na mesma empresa. “Ele dedicou a vida à família e ao trabalho”, diz a sobrinha.
A clássica dupla “mãe e filho” conviveu pacificamente e manteve-se no bairro Jardim Cruzeiro. A vida toda lá rendeu amizades e vi-
Magalhães. Sepultamento ontem. Dorvalina de Souza Cordeiro, 81 anos. Profissão: lavrador. Filiação: Manoelde Souza e Francisca de Souza. Sepultamento ontem. Elvira Cordeiro Macedo Andrade, 70 anos. Profissão: do lar. Filiação: Estácio Ribeiro Macedo e Joana de Cristo Cordeiro. Sepultamento ontem. Glaci Machado Leite, 74 anos. Profissão: funcionário público estadual. Filiação: José Franca Machdo e Margarida Machdo. Sepultamento às 11h, no Cemitério Paroquial Santa Cândida, saindo da Capela Municipal São Francisco de Paula Capela 01 do São Francisco de Paula. Izabel da Silva Alves, 90 anos. Profissão: do lar. Filiação: Júlio da Silva e Victória Ribeiro. Sepultamento às 17h, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo da Capela do Jardim Osasco, em ColomboPR. João Miguel Monteiro, 17 dias. Filiação: Rodolfo Evangelista Monteiro e Roselena da Luz de Lara. Sepultamento ontem. João Ribeiro de Lima, 82 anos. Filiação: Manoel Ribeiro de Lima e Davina Maria Paulista. Sepultamento às 16h, no Cemitério Municipal do Água Verde, saindo da Capela Vaticano Esmeralda.
Mesmo depois da aposentadoria, continuou trabalhando na mesma empresa de transportes, no Hauer, em Curitiba. Ele era responsável por todo o planejamento de entrega e distri-
Joaquim Paulino da Silva, 80 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Antonioda Silva Dias e Maria Paulina Vieira. Sepultamento ontem. José Aparecido dos Santos, 52 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Joaquim Guilherme dos Santos e Rosa Maria dos Santos. Sepultamento às 14h, em local a definir, saindo da Capela ,em Campo Magro, Jardim Cecília.. Josiane Aparecida Alves Portela, 34 anos. Profissão: do lar. Filiação: Valtivio Alves Portela e Izabel Jordão Pereira Portela. Sepultamento às 16h, em local a definir, saindo da Capela do Cemitério de MandiritubaPR.. Lourdes Aparecida Kartkofp, 52 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Mello e Ana Maria Pedroso de Mello. Sepultamento ontem. Lucas Gabriel dos Santos, 2 mes(es). Filiação: Luiz Antônio dos Santos e Josiane Aparecida Santos. Sepultamento às 17h, no Cemitério Parque Memorial Graciosa (Quatro Barras), saindo de Protestante. Lucy Ohlson, 87 anos. Profissão: do lar. Filiação: Alfredo Ohlson e Emma Ohlson. Sepultamento às 12h, no Cemitério Municipal do Água Verde, saindo da Capela 01 do Cemitério Municipal Água Verde Curitiba PR.
buição de cargas. Gostava do que fazia. Para cumprir a jornada, pegava diariamente o ônibus para ir ao serviço, mesmo estando há oito anos aposentado. Além da família e do trabalho, o maior passatempo de Lindo era a loteria. Jogava regularmente na mega sena, guardava os cartões e desenvolveu uma lógica própria para a escolha dos números nos quais apostava. Quando ganhava um prêmio, sempre pequenas quantias, revertia o valor em novas apostas. A família encontrou, entre as coisas dele, uma série de bilhetes preenchidos. Eles irão
Maria Bueno de Deus Timotio, 91 anos. Profissão: do lar. Filiação: Alexandre Bueno Ferreira e Juvita Rosalina Teixeira. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal do Água Verde, saindo da Capela Vaticano Jade. Maria Ivone da Rocha Gomes, 58 anos. Profissão: auxiliar produção. Filiação: João Soares da Rocha e Arminda Siqueira dos Santos. Sepultamento ontem. Maria de Lourdes Lenzi Evangelista de Almeida, 91 anos. Profissão: do lar. Filiação: Carlos Lenzi e Maria Lenzi. Sepultamento às 10h, no Cemitério Municipal do Água Verde, saindo da Capela 02 Cemitério Municipal Água Verde Curitiba PR. Maria do Socorro de Jesus, 69 anos. Profissão: do lar. Filiação: Raimunda Moreira Alves. Sepultamento às 10h, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo de Vertical. Nelson José Castellano, 83 anos. Profissão: advogado(a). Filiação: Pedro Castellano e Clementina Castellano. Sepultamento ontem. Olga Leocadia Pedroso Kupski, 84 anos. Profissão: do lar. Filiação: Felipe Pedroso e Ana Pedroso. Sepultamento ontem.
manter a tradição de Lindo e vão apostar por ele. Neste ano, Lindo planejava mudanças. Em dezembro havia feito um check up completo e estava bem de saúde. Ia parar de trabalhar, afinal, já tinha cumprido a missão e mostrava sinais de cansaço do cotidiano. Para março, quando faria aniversário, já anunciava uma grande festa, com todos os parentes. Um enfarte veio antes e ele não pode concretizar os sonhos. Deixa a mãe, irmãos e sobrinhos. Dia 2 de fevereiro, aos 62 anos, de enfarte fulminante, em Curitiba.
Rafael Stocchero Nunes, 3 dias. Filiação: Adair Nunes e Leliane Bize Stocchero. Sepultamento ontem. Sandra Carolina Nobre de Quadros, 5 anos. Filiação: Alex Antônio de Quadros e Pâmela Luciene Nobre. Sepultamento às 15h, no Cemitério Paroquial de Umbará, saindo da Capela da Igreja Assembleia de Deus, no Uberaba. Santina Amer de Moraes Jesus, 51 anos. Profissão: do lar. Filiação: Valdomiro Moraes e Olga Amer de Moraes. Sepultamento às 14h, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo de Vertical. Vanuza Ferreira da Silva, 47 anos. Profissão: doméstica. Filiação: José Peronilio Ferreira da Silva e Marinalva Félix dos Santos. Sepultamento hoje, Cemitério Paroquial N. Senhora. do Rosário (Colombo), saindo de Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Bairro Santa Tereza Colombo PR.
SERVIÇO As publicações neste espaço são gratuitas. Faça contato com a Cen tral de Redação, pelo fone (041) 33215832, ou por email obituario@gazetadopovo.com.br As informações constantes na relação de falecimentos são fornecidas pelo Serviço Fune rário Municipal. Fone: 3324 9313.
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Economia
GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
determinados a enfrentar poderosos interesses para dar novo impulso à Grécia e ganhar a confiança de nossos parceiros. Estamos determinados a não sermos tratados como uma colônia endividada, que merece sofrer o que tem que sofrer.”
AGÊNCIA O GLOBO miriamleitao@oglobo.com.br
Míriam Leitão Yanis, o grego
Seria mais fácil, para quem tenta isolar a Grécia ou prefira a sua saída da zona do euro, se o novo governo enviasse um ministro que vestisse o figurino radical. E ele tem seguidamente usado a filosofia e a história da Alemanha na mesa de negociação. Em vez de citar um pensador marxista, por exemplo, ele citou Kant no artigo do NYT, para garantir que não estava usando a fórmula de estratégia e blefe “motivada por uma agenda radical de esquerda”. E completou: “A maior influencia aqui é Immanuel Kant, que nos ensinou a opção livre e racional de fazer o que é certo para escapar da imposição dos expedientes.”
C
harmoso, firme, com respostas prontas para as autoridades europeias e os analistas, Yanis Varoufakis é osso duro de roer pelos alemães. Ele é o novo ministro das Finanças da Grécia e tem dito seguidos “nãos” ao ministro alemão Wolfgang Schäuble. Ontem, fracassou nova reunião de ministros europeus sobre a Grécia. O maior problema não é o país em si, mas o risco de contágio político. O pessimismo aumentou em relação à possibilidade de encontrar uma saída para o impasse. Mas as negociações continuam. O governo de Alexis Tsipras rejeita a proposta de mais um prazo para continuar seguindo o mesmo cardápio de medidas austeras; quer um empréstimo ponte para adotar novos estímulos de crescimento, com outros termos e condições. A Alemanha não aceita ceder. Quer a extensão do mesmo programa austero e ontem os jornais gregos publicaram a frase que Schäuble vem repetindo: “A Grécia não pode viver além das suas possibilidades e fazer propostas pelas quais os outros devem pagar.”
O que a Alemanha não parece entender é que o programa deu certo. A Grécia ainda não consegue pagar a sua dívida, mas ela reduziu drasticamente o défi-
O ministro Yanis Varoufakis publicou um artigo no The New York Times em que rebateu a crítica de analistas, de que ele estaria blefando ao endurecer na mesa de negociação. “Com certeza não estou blefando, a diferença entre nós e o governo que nos antecedeu é que estamos
Os pontos-chave não entendeu que o programa grego deu certo: >> Alemanha há superávit primário e baixo déficit nominal. no país é alto demais há tempo demais. Um >> Desemprego em cada dois jovens da Grécia está sem trabalho. passa por eleições internas na Alemanha. Direita >> Impasse está crescendo e é contra o socorro à Grécia.
A zona do euro teme ceder à Grécia e fortalecer os movimentos que surgem, como o Podemos, na Espanha. O grupo político nasceu dos movimentos populares e tem o mesmo discurso antiausteridade. cit público, conseguindo superávit primário, déficit nominal dentro do limite europeu e queda forte do rombo externo. A virada nos indicadores econômicos se deu após um programa que empobreceu a classe média, reduziu o número de funcionários, diminuiu os ganhos dos aposentados. A Grécia, antes, era um país com um número exorbitante de funcionários públicos e regras de aposentadoria generosas demais. Um grego se aposentava 13 anos mais
jovem do que um alemão. Excessos foram cortados. Mas hoje o país está com altíssimo desemprego. Um em cada dois jovens da Grécia está desempregado. “O princípio da maior austeridade para a economia mais deprimida é obsoleta, mas seria atraente se não causasse tanto sofrimento desnecessário”, disse o ministro grego. Yanis Varoufakis é desconfortável para quem quer endurecer o jogo com a Grécia porque ele é um professor
conceituado, culto, e tem argumentos racionais. A zona do euro teme ceder à Grécia e fortalecer os movimentos que surgem, como o Podemos, na Espanha. O grupo político nasceu dos movimentos populares e tem o mesmo discurso antiausteridade. A Espanha também fez um enorme esforço, mudou seu quadro econômico completamente e está começando a crescer. Precisa incentivar esse dinamismo para criar emprego para os jovens. As eleições serão em dezembro. Por outro lado, a própria Angela Merkel tem problemas em casa. Perdeu eleições regionais neste fim de semana, vendo fortalecer a direita, que é contra a ajuda aos outros países. A Alemanha pode estar pensando que o risco da saída da Grécia não abalou os mercados. Seria, portanto, uma opção mais barata do que o custo de concessões em série. No entanto, nunca se sabe o quanto o colapso grego pode afetar outros países através das pouco conhecidas conexões entre os mercados financeiros. Com Alvaro Gribel
agro@gazetadopovo.com.br
POUPANÇA
BOVESPA
Ant iga: depósit os at é 03/05/12 Nova: a part ir de 04/05/12 Di a 12/02 13/02 14/02 15/02 16/02 17/02 18/02 19/02 20/02 21/02 22/02 23/02 24/02 25/02 26/02 27/02 28/02 29/02 30/02 31/02 01/03 02/03 03/03 04/03 05/03 06/03 07/03 08/03 09/03 10/03 11/03 12/03
Ant i ga 0,6317% 0,6603% 0,6342% 0,6202% 0,5939% 0,5678% 0,5678% 0,6057% 0,5895% 0,5866% 0,5732% 0,5465% 0,5557% 0,5886% 0,6218% 0,5911% 0,6040% 0,0000% 0,0000% 0,0000% 0,5169% 0,5236% 0,5179% 0,5434% 0,5224% 0,5016% 0,5195% 0,5195% 0,5373% 0,5199% 0,5256% 0,5412%
No va 0,6317% 0,6603% 0,6342% 0,6202% 0,5939% 0,5678% 0,5678% 0,6057% 0,5895% 0,5866% 0,5732% 0,5465% 0,5557% 0,5886% 0,6218% 0,5911% 0,6040%
0,5169% 0,5236% 0,5179% 0,5434% 0,5224% 0,5016% 0,5195% 0,5195% 0,5373% 0,5199% 0,5256% 0,5412%
TR 0,1310% 0,1595% 0,1335% 0,1196% 0,0934% 0,0675% 0,0675% 0,1052% 0,0891% 0,0862% 0,0728% 0,0554% 0,0882% 0,1212% 0,0906% 0,1035% 0,0839% 0,0422% 0,0168% 0,0168% 0,0235% 0,0178% 0,0432% 0,0223% 0,0016% 0,0194% 0,0194% 0,0371% 0,0198%
Açõ e s
Mínima de -0,12% : 49.476 pont os Máxima de +2,41% : 50.726 pont os Volume: 6,58 bilhões Variação no mês: 7,95% Variação em 2015: 1,26% 49.382
09/02
48.510
48.239
10/02
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12/02
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T BF 0,9320% 0,9708% 0,9346% 0,9105% 0,8741% 0,8380% 0,8380% 0,8860% 0,8698% 0,8569% 0,8434% 0,8158% 0,8589% 0,9122% 0,8713% 0,8943% 0,8545% 0,8025% 0,7669% 0,7669% 0,7737% 0,7679% 0,8035% 0,7725% 0,7416% 0,7695% 0,7695% 0,7974% 0,7699%
Var i ação
R$
Itau Unibanco PN
+4,05% 35,75
Petrobras PN
+5,58% 10,03
Bradesco PN
+2,89% 36,68
Ambev ON
-0,55% 18,00
Petrobras ON
+5,44%
Vale PNA
+4,36% 19,39
BRF SA ON
+0,17% 64,16
9,88
Vale ON
+4,77% 22,61
Itausa PN
+4,41%
Banco do Brasil ON
+6,62% 24,64
Cielo ON
+0,95% 43,40
9,94
CÂMBIO DÓ L AR CO MERCIAL
DÓ L AR T URIS MO
DÓ L AR PARAL EL O
Variação na semana: +1,98%
Variação na semana: +2,06%
Variação na semana: +2,04%
R$ 13/02 12/02 11/02 10/02 09/02
R$ 13/02 12/02 11/02 10/02 09/02
R$ 13/02 12/02 11/02 10/02 09/02
co mp r a 2,834 2,830 2,869 2,830 2,779
ve nd a 2,835 2,831 2,870 2,831 2,780
co mp r a 2,823 2,760 2,840 2,807 2,787
ve nd a 2,977 2,980 2,980 2,967 2,917
co mp r a 2,87 2,86 2,87 2,84 2,84
ve nd a 3,00 3,03 3,01 2,97 2,94
PT AX (Banco Ce nt r al)
EURO
EURO T URIS MO
Variação na semana: +1,87%
Variação na semana: +2,38%
Variação na semana: +1,81%
R$ 13/02 12/02 11/02 10/02 09/02
R$ 13/02 12/02 11/02 10/02 09/02
R$ 13/02 12/02 11/02 10/02 09/02
co mp r a 2,838 2,861 2,857 2,806 2,786
ve nd a 2,839 2,862 2,857 2,807 2,787
co mp r a 3,226 3,217 3,241 3,200 3,151
ve nd a 3,228 3,219 3,243 3,202 3,153
IR
T R / T BF Di a 12/01 13/01 14/01 15/01 16/01 17/01 18/01 19/01 20/01 21/01 22/01 24/01 25/01 26/01 27/01 28/01 29/01 30/01 31/01 01/02 02/02 03/02 04/02 05/02 06/02 07/02 08/02 09/02 10/02
Ibove spa: +2,23%
ve nd a 3,377 3,407 3,353 3,397 3,317
OURO
B ase (R $) Até 1.787,77 De 1.787,78 a 2.679,29 De 2.679,30 até 3.572,43 De 3.572,44 até 4.463,81 Acima de 4.463,81
Alí q uo t a (% ) isento 7,5 15 22,5 27,5
A d e d uz i r 134,08 335,03 602,96 826,15
De duçõe s
a ) As s a la ria do s : 1. R$ 179,71 po r depen den t e; 2. pen s ã o a limen t ícia ; 3. co n t ribu içã o à Previdên cia So cia l; 4. R$ 1.787,77 po r a po s en t a do a pa rt ir de 65 a n o s ; 5. co n t ribu içõ es à previdên cia priva da e a o s Fa pi pa g a s pelo co n t ribu in t e; b) Ca rn ê Leã o : it en s de 1 a 3 ma is a s des pes a s es crit u ra da s n o livro - ca ixa .
De scr i ção Valo r (R $) Agricultura 948,20 Serviços (adm., domést., vendas...) 983,40 Produção de bens e serv. industriais 1.020,80 Técnicos de nível médio 1.095,60 Nacional 788,00
ÍNDICES DE INFLAÇÃO INPC (IBGE) IPCA (IBGE) IGP-M (FGV) IPC-DI (FGV) INCC-DI (FGV)
Nov. 0,53% 0,51% 0,98% 0,65% 0,44%
O ur o (a onça- t r oy*) Cotação Variação
1.229,55 +0,51%
* 1 o n ça - t ro y equ iva le a 31,1035 g ra ma s
O ur o BM&F (à vist a) Cotação Variação
110,500 -0,09%
INSS
SALÁRIO MÍNIMO G r up o PR 1 PR 2 PR 3 PR 4 BR
co mp r a 3,220 3,147 3,173 3,197 3,167
Dez. 0,62% 0,78% 0,62% 0,75% 0,08%
Jan. No ano 1,48% 1,48% 1,24% 1,24% 0,76% 0,76% 1,73% 1,73% 0,92% 0,92%
12 meses 7,13% 7,14% 3,98% 7,66% 6,99%
Assalar iados Até 1.399,12 8% 1.399,12 a 2.331,88 9% 2.223,88 a 4.663,75 11%
Individuais e f acult at ivos 788,00 5%* 788,00 11%** 788,00 a 4.663,75 20% * Micro empreen dedo r in dividu a l e s eg u ra do f a cu lt a t ivo qu e s e dediqu e a o t ra ba lh o do més t ico em s u a res idên cia . ** Pla n o s implif ica do .
Agronegócio Demanda em risco
O
provável aumento da mistura de etanol anidro à gasolina (de 25% para 27%) traz apreensão ao setor sucroalcooleiro. Apesar da mudança colaborar para reduzir os problemas do setor, a estiagem que atinge o país ameaça os planos de crescimento na safra de cana-de-açúcar em 2015 e, consequentemente, coloca em risco a oferta de etanol. De acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil deve registrar queda de 9,5 milhões de toneladas na produção de cana este ano, retração de 1,4% em relação a temporada passada, quando a safra também foi menor devido à seca. Em 2014, a estiagem prejudicou os canaviais em São Paulo e Minas Gerais, principais produtores nacionais. Além das dificuldades meteorológicas, o setor sucroalcooleiro vem registrando, ano pós ano, retração nos investimentos. Lavouras envelhecidas dificultam um aumento substancial na produção de cana mesmo que o clima coopere. Segundo os técnicos, cada plantio de cana aceita até cinco cortes, sendo três o número ideal para não comprometer a produtividade agrícola das lavouras. Boa parte dos canaviais brasileiros em produção hoje foi plantada em 2008. Investimento futuro
18,8% é o crescimento registrado na produção de amendoim de primeira safra em 2015, um indicativo de que os investimentos voltaram ao setor sucroalcooleiro, já que a cultura ajuda a recuperar o solo para o plantio da cana.
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GAZETADOPOVO
TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
www.gazetadopovo.com.br/mundo EDITOR EXECUTIVO: RHODRIGO DEDA EDITORA RESPONSÁVEL: JULIANA GIRARDI
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Mundo >> ESTADO ISLÂMICO
Egito responde ao assassinato de cristãos com bombardeios na Líbia Asmaa Waguih/Reuters
Governo egípcio pede intervenção internacional e lança ataques contra reduto extremista para vingar a morte de 21 fiéis coptas
INTERVENÇÃO ITALIANA Autoridades da Itália disseram que o país estudará uma intervenção militar para impedir que o Estado Islâmico avance na Líbia, se os esforços diplomáticos fracassarem.
CAIRO Das agências
Cairo realizou ontem dois ataques contra posições do Estado Islâmico (EI) na Líbia, enviando aviões que bombardearam Darna, um reduto extremista no leste do país. A ofensiva do Egito foi lançada em resposta ao assassinato de 21 cristãos coptas pelo EI, gravada em vídeo e divulgada pela internet no último domingo – algo se tornou uma marca do grupo. O fato pegou a comunidade internacional de surpresa ao mostrar a influência do EI numa região fora do Iraque e da Síria. Partidários do grupo dominaram diversas cidades líbias,atravessandooMarMediterrâneo a partir da Itália. Ainda é incerto se os bombardeios egípcios terão
ARGENTINA 1 ChuvasemCórdoba matamaomenossetee desabrigammilpessoas Sete pessoas morreram, uma segue desaparecida e outras mil estão desalojadas por cau sa do temporal que atingiu on
Familiares dos cristãos egípcios mortos pelo Estado Islâmico participam de missa ao sul do Cairo.
continuidade – Cairo havia pedido uma intervenção internacional na Líbia –, mas a ação militar acentua a crise política no território líbio. A chefia das Forças Ar-
madas detalhou que os bombardeios foram “contra quartéis, posições de concentração e de treinamento, e armazéns de armas” dos jihadistas.
tem a província argentina de Córdoba, no centro do país. As informações são da agência oficial Télam. As chuvas afeta ram principalmente a área da capital provincial e de Sierras Chicas e Punilla, onde foram registrados danos materiais, inundações, cortes de luz e vá
rios transbordamentos de rios. Fontes do governo da provín cia de Córdoba consultadas pela Télam confirmaram as sete mortes. Bombeiros, funci onários da Defesa Civil e polici ais continuam fazendo opera ções de busca em diferentes pontos da região.
Pelo menos cinco civis, três crianças e duas mulheres morreram nos ataques. Para o Exército egípcio, a resposta cumpriu seus objetivos“comexatidão”eosaviões
ARGENTINA 2 Cadáver é encontrado perto da residência do promotor Nisman Um corpo carbonizado foi encontrado na madrugada de ontem a poucos metros do edifício onde vivia o promotor
REPERCUSSÃO Papacriticaaaçãodos extremistasnaLíbiae crescetensãonaItália CIDADE DO VATICANO Agência Estado
das Forças Aéreas egípcias “voltaram sãos e salvos para suas bases”. As Forças Armadas advertiram que a ação se trata de “uma vingança em nome do sangue egípcio”. A força aérea líbia também participa da ação militar. Desde a queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011, vários grupos extremistas se fortaleceramnaLíbia.Alguns deles declararam ter ligações comoEIereivindicaramaautoria de ataques de grande porte, como o atentado contra o hotel Corinthia, em Tripolí, no mês passado, que deixou nove mortos. O governo do Egito pede que a coalizão liderada pelos EUA que combate o Estado IslâmiconaSíriaearredoresaumente seu escopo e passe a atuar na África.
O papa Francisco condenou o grupo Estado Islâmico (EI) pelo assassinato de egípcios na Lí bia “apenas por serem cristã os”. Francisco falou ontem de improviso durante uma audiên cia com a delegação ecumêni ca da Escócia. “Eles apenas disseram ‘Jesus, me ajude...’ O sangue de nossos irmãos cris tãos é o testemunho que grita, sejam eles católicos, ortodo xos, coptas, luteranos, não im porta. Eles são cristãos!” Mili tantes afiliados ao EI na Líbia divulgaram um vídeo na noite de domingo passado que mos tra a decapitação em massa de reféns cristãos coptas que eram mantidos pelo grupo ha via algumas semanas. Os as sassinatos elevaram o nível de ansiedade na Itália, tendo em vista a proximidade da Líbia com o país, que fica do outro lado o Mar Mediterrâneo, e por que um dos militantes no vídeo disse que o grupo tem planos de “conquistar Roma”, a sede do catolicismo no mundo.
Alberto Nisman, em Buenos Aires. Embora seja estranho, não se acredita que o fato te nha relação com o caso Nis man. O promotor, que prepa rava uma acusação contra a presidente Cristina Kirchner, foi encontrado morto em seu apartamento no dia 18 de ja
neiro, em circunstâncias ainda não esclarecidas. O promotor Nisman acusava a presidente e vários dirigentes governistas de terem orquestrado um pla no para encobrir os iranianos suspeitos de atacar uma as sociação judaica na Argenti na, em 1994.
>> MISSÃO MARS ONE
Nasa/Efe
Paisagem marciana fotografada pelo robô Curiosity numa imagem que a Nasa divulgou em fevereiro do ano passado: tripulação de quatro pessoas será conhecida em 2025. Missão custará R$ 17,5 bilhões.
Projeto anuncia candidatos para viagem só de ida a Marte LONDRES Agência O Globo
A Mars One, missão privada que espera levar os primeiros humanos a Marte, anunciou ontem os cem candidatos que passaram pela terceira fase do projeto. Pouco menos da metade desses remanescentes será treinada para uma missão a
Marte (só de ida) financiada por um reality show na tevê britânica. Os concorrentes restantes passarão agora por etapas de seleção que “irão se concentrar na composição de equipes que aguentem todas as dificuldades de um estabelecimento permanente em Marte”, afirma o projeto.
Eles serão treinados em uma cópia da colônia em Marte e terão sua capacidade de trabalhar em equipe avaliada. Ao fim, 40 candidatos serão escolhidos para treinar propriamente para a missão. Eles passarão por um longo processo de oito anos antes que a audiência do reality show vote pela
CENTENA
BRASILEIRA
Os cem concorrentes foram escolhidos entre os 202.586 candidatos originais. Agora, restam 39 pessoas das Américas, 31 da Europa, 16 da Ásia, 7 da África e 7 da Oceania.
Entre os candidatos finalistas, há somente um de origem brasileira: uma professora de 51 anos que leciona na Faculdade Porto Velho, em Rondônia, identificada apenas como Sandra.
tripulação final em 2025, que será composta por quatro pessoas. A missão então espera enviar tripulações de quatro pessoas a cada dois anos, até chegar ao número de 40
terráqueos habitando o planeta. Os recursos levantados pelo programa na tevê ajudarão a pagar pela missão, que tem um custo estimado em 4 bilhões de libras (cerca de R$ 17,5 bilhões).
A lista O projeto publicou uma lista completa dos cem concorrentes restantes em sua página na internet. Eles somam 50 homens e 50 mulheres que passaram pela terceira fase de testes, concluindo com sucesso entrevistas com o médico-chefe da missão. A lista inclui candidatos como Maggie Lieu, uma estudante britânica que já ganhou perfil no jornal The Guardian respondendo à pergunta: “Por que quero passar o resto da minha vida em Marte?”.
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Mundo
GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
>> ESCANDINÁVIA
Dinamarca investiga autor de ataques LEONHARD FOEGER/REUTERS
Imprensa dinamarquesa tenta montar o perfil do jovem responsável por ataques ocorridos no fim de semana em Copenhague
CONSEQUÊNCIAS Suspeitos de ajudarem Hussein têm prisão preventiva declarada COPENHAGUE Efe Um tribunal de Copenhague decretou ontem prisão pre ventiva de dez dias para dois suspeitos de ajudarem o autor dos atentados do último fim de semana na capital dina marquesa, que deixaram duas pessoas mortas e cinco agen tes feridos. Eles são acusados de cumplicidade em assassi
COPENHAGUE Folhapress
A imprensa dinamarquesa vem tentando entender quem era o misterioso Omar Abdel Hamid al-Hussein, 22 anos, o único suspeito de cometer dois ataques terroristas em Copenhague no sábado, morto pela polícia após perseguição. Até agora, as autoridades confirmam muito pouco sobre ele. Até seu nome só é confirmado extraoficialmente e dois homens foram presos por ajudá-lo. Todas as declarações oficiais são de que não há elementos de que Hussein tivesse ligação com grupos terroristas. Na imprensa, porém, os fragmentos de identidade que surgem montam um mosaico mais complexo. O jornal Ekstra Bladet informa que, às 15h01 de sábado, Hussein comparti-
Milhares vão às ruas de Copenhague
nato, tentativa de assassinato e violência grave, além de vio larem as leis de posse de ar mas, revelou o promotor Stig Fleischer depois de audiência realizada com portas fecha das. Fleischer admitiu que ain da é muito cedo para apre sentar acusações de parceria com terrorismo. A polícia acredita que dois homens, de 19 e 21 anos, forneceram a ar ma para o primeiro atentado e ocultaram o suposto autor, morto no domingo, no bairro de Nørrebro, na zona norte de Copenhague, após uma per seguição de várias horas.
Cerca de 30 mil pessoas par ticiparam de uma manifesta ção ontem em Copenhague em memória das duas vítimas dos ataques de fim de semana, em
vigílias que se repetiram em ou tros pontos do país. Os ataques foram realizados na noite de sábado e tiveram como alvo um debate sobre liberdade de expressão e uma sinagoga na capital dinamarquesa. Cantan do “Imagine”, de John Lennon,
dinamarqueses desafiaram o radicalismo e prometeram manter o país como uma socie dade livre. Eles manifestaram ainda apoio à minoria muçul mana, depois de ser divulgado que o atirador era um dinamar quês de família palestina.
“A comunidade judaica é uma parte importante da Dinamarca. Vamos fazer tudo para protegê-la.”
lhou no Facebook um vídeo onde lia trechos do Alcorão sobre Alá causar terror aos infiéis. Às 15h24, ele compartilhou no Facebook uma mensagem jurando lealdade a Abu Bakr, que pode significar tanto uma figura histórica, braço direito do pro-
feta Maomé, quanto o líder do grupo Estado Islâmico. A polícia recebeu o primeiro chamado sobre o ataque ao café Krudttønden às 15h33, meia hora depois do primeiro vídeo e nove minutos após o segundo. Suas opiniões extremas não eram estranhas a quem
o conhecia. Ex-colegas de Hussein na escola afirmaram ao jornal Ekstra Bladet que o jovem costumava fazer declarações antissemitas. Até a gangue Brothas, na qual ele fez a carreira que o levou a ser preso, divulgou comunicado rejeitando ligação com os ataques.
Em novembro de 2013, Hussein foi preso após um ataque a facadas no metrô esfaqueou por diversas vezes um rapaz de 19 anos. Em dezembro do ano passado, o jovem foi condenado a dois anos de prisão por agressão com agravantes. Foi libertado em janeiro
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EUROPA
Helle ThorningSchmidt, primeiraministra da Dinamarca.
deste ano, duas semanas após os ataques de Copenhague. Durante os meses na cadeia, segundo prisioneiros disseram ao jornal Berlingske, Omar se mostrava cada vez mais radical e dizia ter vontade de se unir ao Estado Islâmico na Síria.
Imagens do universo
Kiev acusa rebeldes de furar trégua
María Roldán/Efe
MOSCOU Estadão Conteúdo
O governo ucraniano rejeitou ontem uma proposta para retirar soldados cercados na cidade estratégica de Debaltseve, entre Donetsk e Luhansk. Apesar do cessar-fogo que entrou em vigor na madrugada de domingo, o comando militar ucraniano informou que os rebeldes pró-russos atacaram as suas forças 112 vezes desde o início da trégua. Os separatistas, por sua vez, acusaram as tropas leais a Kiev de atacar o aeroporto de Donetsk, sob controle rebelde. Os combates intensos ao redor da cidade estratégica, onde até 10 mil militares ucranianos estão cercados, levam o cessar-fogo à beira de um colapso. Com isso, a prometida retirada de armamento pesado pelos dois lados, que deveria ter começado ontem, ainda não saiu do papel. Kiev afirmou que não recolherá as armas enquanto suas tropas continuarem sendo alvo. “De acordo com os Acordos de Minsk, Debaltseve é nossa. Não vamos partir”, declarou o porta-voz do Exército, Vladislav Seleznyov, dizendo que os soldados não sairiam da cidade, deixando suas armas para trás, como exigem os rebeldes. Segundo o comando militar, cinco soldados ucranianos foram mortos e 25 ficaram feridos desde que a trégua teve início.
PICASSO NO JAPÃO Tóquio viu abrir ontem uma exposição com a maior coleção de cerâmicas feitas por Pablo Picasso (1881–1973), pertencente ao japonês Toshiyasu Fujinawa. A mostra permanecerá em cartaz até o dia 13 de março na Embaixada da Espanha e é formada por 30 peças das mais de 500 que fazem parte da coleção pessoal de Fujinawa.
Mario Guzmán/Efe
TOUREIROS NO MÉXICO A 18ª Corrida de La Plaza de Toros, no México, teve uma programação intensa no último domingo, quando toureiro mexicano Antonio García, conhecido como “El Chihuahua”, enfrentou diversos touros, a começar por Don Mariano , um espécime de 548 quilos. Apesar das manifestações de várias entidades de proteção aos animais, touradas ainda são realizadas em vários países – notadamente na Espanha e no México.
GAZETADOPOVO
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TERÇAFEIRA, 17DEFEVEREIRODE2015
EDITOR RESPONSÁVEL:RODRIGOFERNANDES/LEONARDO MENDES JÚNIOR
esportiva@gazetadopovo.com.br
Liga dos Campeões
LUTO
Futebolperdeaalegria doDionga‘SangueBom’ Eduardo Luiz Klisiewicz/Gazeta do Povo
Mortedoexjogador ecomentarista DionísioFilho,vítima deinfecçãonasvias biliares,promove comoçãono esporteparanaense
Quatro partidas abrem, nesta semana, as oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa. Hoje são dois duelos, com destaque para o embate entre os milionários Paris SaintGermain e Chelsea, na França. No mesmo horário, o Shakhtar Donetsk, do artilheiro Luiz Adriano, com nove gols, mede forças com o Bayern de Munique. O técnico Mircea Lucescu usou o 7 a 1 da Alemanha na Copa – e a chance de vingança – para motivar o elenco ucraniano. O Shakhtar tem 13 brasileiros; o Bayern tem seis campeões mundiais. Amanhã, a rodada tem mais dois jogos: Schalke 04 x Real Madrid; Basel x Porto. Outros quatro confrontos ficaram para a próxima semana: Manchester City x Barcelona; Juventus x B. Dortmund; B. Leverkusen x Atlético de Madrid; Arsenal x Monaco. PSG
CHELSEA
x PARIS SAINTGERMAIN Jogo em casa
Eduardo Luiz Klisiewicz e Ana Luzia Mikos
Tristeza e surpresa marcaram a despedida do ex-jogador e comentarista de rádio e tevê Dionísio Filho, que será enterrado às 9 horas desta terça-feira no Cemitério Vertical, em Curitiba. Internado desdeaúltimaterça-feira(10), morreu aos 58 anos em decorrência de infecção nas vias biliares. O avanço rápido e fulminante do problema aumentou a consternação de familiares, amigos e fãs do exlateral-esquerdo, que passou por Coritiba, Atlético e Pinheiros – um dos clubes originários do Paraná. Bandeiras dos três times da capital foram colocadas perto do caixão, levado em carro de bombeiros até o velórioparaaúltimahomenagem ao Sangue Bom, apelido que viroubordãoedefiniaapersonalidade descontraída e transparente do ex-atleta. Diongaforainternadoainda em dezembro para tratar do problema de saúde, mas a família pediu sigilo aos conhecidos a pedido do próprio Dionísio.Apósreceberaltano fim de janeiro, retornou ao hospitalVitória,naCidadeIndustrial, onde faleceu na madrugada de segunda-feira. Companheiro no Pinheiros e depois técnico dele no Cascavel, Sérgio Ramirez esteve com Dionísio no fim de semanaconfirmandoagravidade do quadro, que veio à tona na semana passada. “Apesar de tê-lo visto numa situação que nunca imaginaria ver, ele ainda era forte. Nunca pensei que ele seria atingido por essa doença. Era saúde pura, sinônimo de fortaleza”, lamentou. “Eu o trouxe para o Atlético em 78. Veio pra Curitiba e nunca mais saiu. Fez a vida aqui e se orgulhava disso. Essa doença cruel veio há um mês e levou aquele baita negão. Para a gente é um choque. Estávamos preparados quando soubemos da gravidade, mas é muito triste. Estive com ele ontem [domingo], conversamos muito”, contou Barcímio Sicupira, comentarista esportivo da Rádio Banda B ao lado de Dionísio. “Falei para ele que tinha Atletiba domingo e eu não ia no campo do Coritiba. Ele riu e disse que ia lá pra me dar uma força”, completou. Natural de Ribeirão Preto, começouacarreiranoBotafogo-SP. No Paraná, além de defender o Furacão, foi tetracampeão paranaense com dois títulos pelo Coritiba (1979 e 89) e Pinheiros (84 e 87). Se arriscou como treinador nas categorias de base do Paraná. Mas acabou migrando para o jornalismo esporti-
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CHELSEA Jogo em casa
Hoje, 17h45
Dia 11/3, 16h45
Campanha (2.º do grupo F)
Campanha (1.º do grupo G)
4 vitórias 1 empate 1 derrota 10 gols marcados 7 gols sofridos
4 vitórias 2 empates nenhuma derrota 17 gols marcados 3 gols contra
Artilheiro
Artilheiros
Cavani, 5 gols
Didier Drogba, Eden Hazard, John Terry, Fábregas e Matic, 2 gols
Como chega
Perdeu Lucas, Marquinhos, Au rier e Cabaye. Todos os quatro se lesionaram no empate de sábado (2 a 2) com o Caen, o segundo seguido no Francês – é o terceiro colocado. Em 11 jo gos em 2015, perdeu apenas uma vez.
Como chega
Vive grande momento, no topo da tabela do Inglês com sete pontos de vantagem para o City. Pode comemorar a volta do ho memgol, Diego Costa, que cumpriu suspensão.
BAYERN DE MUNIQUE
SHAKHTAR
x
Homenagem: corpo de Dionísio Filho é colocado no carro de bombeiros para ser levado ao velório.
Arquivo/GRPCom
Valquir Aureliano /Tribuna
SHAKHTAR Jogo em casa
BAYERN DE MUNIQUE Jogo em casa
Hoje, 17h45
Dia 11/3, 16h45
Campanha (2.º do grupo H)
Campanha (1.º do grupo E)
2 vitórias 3 empates 1 derrota 15 gols marcados 4 gols contra
5 vitórias nenhum empate 1 derrota 16 gols marcados 4 gols contra
Artilheiro
Artilheiros
Luiz Adriano, 9 gols
T. Müller e Götze, 3 gols
Como chega
Como chega
Após uma intertemporada no Brasil, com cinco amistosos em nove dias, equipe que tem 13 brasileiros segue invicta e em segundo no Nacional. Dionga, ainda jogador, defendendo o Cascavel,...
Começou 2015 sonolento, le vando uma surra do Wolfsburg (4 a 1) na Bundesliga, mas em balou. Vem de goleada por 8 a 0 sobre o Hamburgo.
E depois atuando como comentarista de rádio.
SCHALKE 04
PERFIL Paranaense por adoção, Dionga fez história no campo, rádio e na tevê Natural de Ribeirão Preto (SP), iniciou a carreira em 1970, no BotafogoSP, e ficou co nhecido quando atuou pelo AtléticoMG em 1976 e 1977. Mas foi no Paraná que Dionísio Filho jogou durante metade dos 18 anos de carreira. O lateralesquerdo desembar cou no Atlético em 1978. Dei xou o Furacão para atuar no ri val Coritiba. Passou ainda pelo Pinheiros e voltou para a Bai xada para uma breve tempora da em 1982, quando encerrou o primeiro período paranaense. Foi contratado outra vez pelo Pinheiros, onde conquistou os
vo.FoicolunistadaGazetado Povo e comentarista da RPC TV, Premiere e Band. “Após os jogos, quando as equipes estavam recolhendo seus equipamentos, ainda estávamos no ar no silêncio dos estádios, todo mundo ouvia o Dionga falar. Não pelo rádio,
estaduais de 1984 e 1987. Em 1989 vestiu novamente a ca misa do Coxa e, no ano seguin te, abandonou os gramados como atleta do Cascavel. Dionga migrou do campo para a área técnica. Foi trabalhar com as categorias de base do Paraná. Desiludido com a falta de oportunidades em times profissionais, decidiu ser co mentarista de rádio. Começou na Rádio Eldorado em 1992. Trabalhou ainda nas rádios Clube e Atalaia e ga nhou destaque na Rádio Ban da B, onde foi além do futebol com o programa “Sangue Bom”, no qual misturava músi ca ao esporte. Era fã incondicional das “pa lhetadas maravilhosas”, como dizia, do cantor e guitarrista Jorge Ben Jor. (ALM e ELK)
massimpelavozaltaeempolgante”, relembrou Michel Micheleto, coordenador da BandaB.Vozqueempolgavatambém ao violão, com os amigos. “Não conheço ninguém que não gostasse dele. Dificilmente existia. Se alguém não gostava, esse alguém estava
“Um coração enorme. Se emocionava, de repente pilhava de bravo, e depois sorria em seguida. Não escondia emoções. O defeito dele era ser muito apressado. Foi embora sem avisar.” Luiz Augusto Xavier, narrador e colunista da Gazeta do Povo.
“Onde ele estava, todo mundo estava rindo. Como jogador era dedicação pura. Era muito físico, brigava pelos colegas de time. Um cara do bem.” Marcelo Oliveira, técnico do Cruzeiro e companheiro de Dionísio no Galo.
errado”, disse, emocionado, o filho Márcio Eduardo. “Não tinha tempo ruim. Era uma explosão de emoções.Emcasa,eraomesmocara alegre que todos conheciam”, acrescentou. Dionísio deixatambémaesposaSuelie os filhos Cristiano e Bibiana.
REAL MADRID
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SCHALKE 04 Jogo em casa Amanhã, 17h45
REAL MADRID Jogo em casa Dia 10/3, 16h45
Campanha (2.º do grupo G)
Campanha (1.º do grupo B)
2 vitórias 2 empates 2 derrotas 9 gols marcados 14 gols contra
6 vitórias nenhum empate nenhuma derrota 16 gols marcados 2 gols contra
Huntelaar, 3 gols
Benzema e C. Ronaldo, 5 gols
Artilheiro
Artilheiros
Como chega
Como chega
A sétima derrota no Alemão ti rou a equipe do 3º lugar às vés peras do duelo com o melhor ti me da Champions.
Líder no Espanhol, é o único com 100% de aproveitamento na Liga dos Campeões. O vo lante Lucas Silva pode estrear.
BASEL
BASEL Jogo em casa Amanhã, 17h45
Campanha (2.º do grupo B)
2 vitórias 1 empate 3 derrotas 7 gols marcados 8 gols contra
Artilheiro
Derlis González, 2 gols
Como chega
Apesar de ter ficado à frente do Liverpool, admite ser coadju vante e confia no técnico luso Paulo Sousa.
PORTO
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PORTO Jogo em casa Dia 10/3, 16h45
Campanha (1.º do grupo H)
4 vitórias 2 empates nenhuma derrota 16 gols marcados 4 gols contra
Artilheiro
Jackson Martínez, 5 gols
Como chega
Com força máxima, encara a classificação para as quartas como obrigação.
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esportiva
GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
>> MMA
Comissão define futuro do Spider Lutador radicado em Curitiba corre o risco, hoje, de ser suspenso temporariamente por caso de doping. Defesa ainda não se manifestou Fernando Rudnick
Em um documento de quatro páginas e 42 pautas da Comissão Atlética do Estado de
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Nevada (NSAC, sigla em inglês), o nome de Anderson Silva aparece apenas uma vez e como o 38.º assunto na ordem do dia. Entre pedidos de boxeadores e lutadores de MMA para obter a licença necessária para competir e pedidos de promotores para realizar eventos, o maior campeão da história do UFC recebeu uma linha. “Requisição para suspensão temporária ao lutador Anderson da Silva, para possível ação”, diz o comunicado datado para esta terça-fei-
Jones Rossi Especial para a Gazeta do Povo
E se todas as reivindicações do Bom Senso Futebol Clube fossem colocadas em prática? Pois dois jovens programadores, Max Aveiro e Andrey Fonseca, levaram a ideia a sério e criaramumaatualizaçãopara o Football Manager – um simulador no qual o jogador faz o papel de técnico e manager aomesmotempo–,moldada segundo todas as propostas do movimento. Para jogar, é preciso ter o game e fazer o download da atualizaçãopelainternet.Desde que foi anunciada, no dia 26dedezembrode2014,aatualização foi baixada 1.100 vezes, de acordo com Andrey Fonseca,20anos,estudantede AnálisedeSistemas. EleeMaxtiveramaideiade adaptar as propostas do movimento depois que jogadores como Alex e Paulo André começaram a destacar o Bom SensoFC.Entrepesquisaeprogramação, tudo ficou pronto emumasemana. A atualização muda as regras dos estaduais, da Copa do Brasil, e dos Brasileiros das Séries C e D, que passam a ser regionalizados. Os estaduais são realizados no formato de co-
pa, com 32 times nas primeiras divisões, e apenas sete jogosparachegaraotítulo.ACopa do Brasil é disputada o ano todo, com todos os clubes profissionais. Já a Série C ganha mais clubes, ficando com 48; e a Série D, 148 times. Aqui existe uma divergênciacomoBomSenso, por dificuldade na programação. O movimento prevê a existênciadeumaSérieE,com 432times. Aprincipaldiferençaconstatada por Andrey jogando com a atualização foi que os “jogadores ficaram menos desgastados e houve um menornúmerodelesões”.Segundo Andrey, foram muitos os elogios, e as críticas recebidas foram“construtivas”. Andrey acha que o Bom Senso sozinho não é a solução para todos os problemas. “O futebol brasileiro precisa de uma reforma geral, hoje não somos bons em quase nada.” Mas, vascaíno, ele tem uma opinião sobre Eurico Miranda que deixaria os integrantes do movimento de cabelo em pé. “Tenho esperança de dias melhores, principalmente com a voltadoEuricoaoVasco.” RicardoMartins,diretorde estratégia e comunicação do Bom Senso FC, não conhece a atualização, mas aprovou a iniciativa. Andrey e Max, que torce para o Juventus-SP, não contataram o Bom Senso, mas acham “que seria legal todo mundo unido pelo bem do futebolbrasileiro”.
INDEFINIÇÃO
Uma bola na trave e dois gols anulados por impedimento – um de Dellatorre e outro de Douglas Coutinho. Foi tudo o que o time principal do Atlético conseguiu fazer em seu penúl timo trabalho de prétempo rada na Espanha. No jogotrei no com a Academia Puskás, da Hungria, disputado em dois tempos de 35 minutos, o técni co Claudinei Oliveira escalou uma equipe mista. A intenção do comandante era dar mais tempo de recuperação a al guns atletas nesse início de temporada. Hernani foi testa
presidente da Comissão Atlética Brasileira (CABMMA), Rafael Favetti. “Mas se houver confissão, a pena sai na horaeojulgamentoacontece ali mesmo”, emenda. Caso se julgue inocente, mas não convença a NSAC, Andersonserásuspensotemporariamente até o julgamento, que acontecerá provavelmente março. Defesa A posição da defesa do atleta de 39 anos ainda é um mistério. Em contato com a reportagemdaGazetadoPo-
vo, o advogado Claudio Dalledoneserecusouafalar.“No momentonãovamoscomentar nada”, disse. É provável, no entanto, que seja alegado falso positivoporcausadousodeumanti-inflamatório durante a recuperação da fratura na perna esquerda. Spider ficou 13 meses sem competir até voltar à ativa no mês passado. Além de Anderson, outros dois atletas do UFC estão convocados para a audiência por motivo de doping: Nick Diaz (maconha) e o cubano Hector Lombard (esteroide).
Luciano Leon/Estadão Conteúdo
Provocado, Inter abre a Libertadores Em busca do tricampeonato da Libertadores, o Internacio nal inicia sua caminhada no
Grupo 4 nesta terçafeira (17) em La Paz, onde, para derrotar o The Strongest, terá de supe rar um adversário em ascen são, a temida altitude de 3,6 mil metros e ainda o clima de provocação criado pela equipe boliviana. Para chegar a esse confronto, o Strongest se tor nou o primeiro time de seu país
leonardoj@gazetadopovo.com.br
No mundo real, as propostas do Bom Sendo FC ainda são apenas ideias, apesar do apoio verbal do governo. Não se sabe, por exemplo, se sua possível implantação seria por Medida Provisória ou emenda à Lei de Responsabilidade Fiscal. “Todo mundo sabe da nossa proposta. O governo agradeceu e reconheceu o Bom Senso como um interlocutor válido. Mas, como a lei vai ficar é algo que nos escapa”, diz Ricardo Martins, diretor de estratégia e comunicação do Bom Senso.
PRÉ-TEMPORADA Atléticoempatasem golscomtimehúngaro emjogo-treino
nolona e androsterona e podem render pena de oito meses a um ano de suspensão. Sua presença na sede da NSACnãoéobrigatória–ele pode, por exemplo, mandar um representante ou uma declaração por escrito – e existem alguns cenários possíveis para a sessão. Como há uma evidência contra o brasileiro, ele tem o direito de pedir a contraprova, o que ainda não foi feito. “Se isso acontecer, vão definirumadataparaabrirofrasco B com a presença dele, se quiser participar”, explica o
Click do dia
MUNDO VIRTUAL
Em game, Bom Senso FC já é realidade
ra, às 13 horas, no horário do Pacífico – 19 horas no fuso de Brasília. No primeiro andar do número 555 da East Washington Avenue, em Las Vegas (EUA), Spider pode ouvir a maior derrota da carreira. Flagrado no exame antidoping duas vezes, antes e depois da luta contra Nick Diaz, em 31 de janeiro, o paulista radicadoemCuritibatemaudiência marcada para esclarecer o caso. As substâncias encontradasemseuexamedeurinaforam os anabolizantes drosta-
do como zagueiro e o Furacão entrou em campo com apenas um volante de ofício. O RubroNegro jogou com Santos (Warleson); Daniel Borges, Rafael Zuchi, Hernani e Olaza; Otávio, Felipe e Bruno Mota; Dellatorre, Edigar e Dou glas Coutinho. Em oito parti das do outro lado do Atlântico, o Atlético venceu duas vezes, empatou quatro e perdeu ou tras duas. A última missão rubronegra será o amistoso com o Krasno dar, da Rússia, em Estepona, cidade próxima a Marbella. O embate está marcado para a próxima quartafeira, às 13 ho ras (de Brasília). No dia se guinte, o grupo embarca de volta a Curitiba.
Leonardo Mendes Júnior Arena Atletiba é uma boa ideia que morreu na casca
a passar pela fase preliminar, eliminando o Morelia, do Méxi co. Empolgado, publicou uma charge provocando o Inter, que abre a competição para os bra sileiros. Nela, D’Alessandro (foto) aparece acuado diante de um tigre e o texto promete máscaras de oxigênio aos bra sileiros, em referência às difi
culdades da altitude. Dos refor ços do Colorado para o ano, apenas Anderson e Nilton co meçam o duelo, às 22h30 (de Brasília) como titulares. Para diminuir os efeitos da altitude, a delegação gaúcha foi para Santa Cruz de la Sierra, ao nível do mar, e viajará para La Paz apenas horas antes do jogo.
por exemplo, é prometer times de ponta que, na verdade, só fazem estacionar no meio da tabela ou brigar contra o rebaixamento. A rica história de Coritiba e Atlético foi construída em outro cenário. Um tempo em que o calendário da dupla restringia-se ao próprio estado – ou era predominantemente construído por aqui. Ganhar o Estadual era o ápice e, para isso, não é necessário muito.
se quase permanente de remendos. Insiste em posar com o herdeiro de uma família quatrocentona que se recusa a abandonar o casarão em que os avós nasceram – mesmo sabendo que continuar vivendo ali não é a melhor opção.
G
Com o que têm hoje, Coritiba e Atlético no máximo conseguem dividir a hegemonia de um campeonato que o torcedor segue por falta de opção melhor. Para ir além, é preciso ter mais munição. Um poderio que passa necessariamente pelo estádio.
A resistência, como sempre, estaria no apego à tradição. Enquete feita pelo Arquibancada Virtual, blog da Gazeta do Povo, teve quase 80% de adesão à opção de que a Arena Atletiba é um desrespeito às torcidas e à história dos dois clubes. Essa rejeição que teria feito Petraglia dizer que não resgatou a ideia do estádio compartilhado no jantar com Rogério Bacellar.
O Atlético tem sua Arena pronta, mas claramente terá dificuldades para pagála. Hoje, parece o novo rico que comprou uma mansão, mas não sabe de onde tirar dinheiro para pagar as prestações. O Coritiba tem um estádio obsoleto, em fa-
osto da ideia da Arena Atletiba. Não de hoje, mas já desde 2009, quando Petraglia levantou a bola pela primeira vez. Como negócio, é irretocável. Um estádio novo, moderno, com o dobro de datas da casa de um dono só e sem risco de rejeição para uma empresa que decidisse associar sua marca à arena. Ainda ofereceria a marqueteiros um mote pronto para campanha: torcedores rivais, sócios dos dois times, dividindo a mesma cadeira.
Os dois argumentos são frágeis. Desrespeito à torcida,
Um argumento duro de derrubar é a cicatriz deixada pela turbulenta escolha da Arena da Baixada como sede da Copa – e todo o processo de financiamento do estádio. Desde o início, o processo todo foi conduzido dentro do pior clima de Atletiba, sem a menor boa vontade de analisar se a Arena era a melhor opção e como a Copa ali poderia catalisar algo de bom para o futebol local. Em nada ajudou o relaxo com que o poder público tratou a divisão do orçamento do estádio, uma questão que segue sendo uma caixa preta perdida no fundo do oceano. No fim, a Arena Atletiba fica sendo mais uma boa ideia para o futebol paranaense que morreu na casca.
GAZETADOPOVO
TERÇAFEIRA, 17DEFEVEREIRODE2015
CINEMA Cinquenta Tons de Cinza tem estreia recorde no país Lançado no dia 12 de fevereiro, o filme Cinquenta Tons de Cinza, baseado na trilogia bestseller da autora E.L. James, teve meio milhão de espectadores so mente na estreia brasileira, e ar recadação de mais de R$ 7 mi lhões. Por enquanto, é a melhor abertura do ano do Brasil, e o maior lançamento da Universal Pictures até hoje. No Brasil, o
EDITOR RESPONSÁVEL:IRINÊOBAPTISTA NETTO
montante de cinéfilos fez com que a estreia fosse a quarta maior de toda a história do cine ma – o filme ocupa 1.090 salas. Apesar dos bons números, o longametragem, dirigido por Sam TaylorJohnson e protago nizado por Dakota Johnson (no papel de Anastasia Steele), e Jamie Dornan (o famoso Chris tian Grey), é considerado frágil pela crítica. Durante exibição para jornalistas na Berlinale, on de fez préestreia mundial, o fil me chegou a provocar risos da plateia.
cadernog@gazetadopovo.com.br
www.gazetadopovo.com.br/cadernog
VISUAIS Henry Milléo/Gazeta do Povo
Museus funcionam em horários alternativos no Carnaval Nesta terçafeira (17), vários museus estaduais estarão abertos: o Museu Oscar Nie myer (MON) funciona normal mente, das 10h às 18 horas. Na programação, estão exposições como Genesis – Sebastião Sal gado, com obras do renomado fotógrafo brasileiro, Das Vozes da Cidade – Jaime Lerner, João Turin, Vida, Obra, Arte (últimos
dias da temporada), entre ou tras. Nos museus centrais, tam bém há opções: o Museu de Ar te Contemporânea (MAC), que funciona das 10h às 16 horas, exibe pinturas, gravuras, vídeos e instalações de brasileiros se lecionados na 65ª edição do Salão Paranaense. No Museu Alfredo Andersen, está em car taz Arte Cerâmica Hoje. O Mu seu Paranaense abriga diversas mostras históricas. Com exce ção do MON (cujos ingressos custam R$ 6 e R$ 3), os outros espaços têm entrada franca.
>> LANÇAMENTO
Chitãozinho & Xororó cantam Jobim Junior Lima/Divulgação
“O que estamos buscando é apresentar essa obra do Tom Jobim, tão maravilhosa, para o grande público do Brasil que consome música sertaneja” Xororó, cantor.
Mara e Cota, caipiras pioneiras
Entre as canções do ícone da música brasileira gravadas pela dupla paranaense estão “Estrada Branca”, “Chovendo na Roseira” e “Modinha”.
Em Tom do Sertão, dupla paranaense acerta ao regravar as canções de temática interiorana do maestro carioca Rafael Rodrigues Costa
Se na época do primeiro hit deChitãozinho&Xororó,“Fio de Cabelo” (1982), a música sertaneja e a MPB eram mundos separados, a dupla paranaense pode dizer que encolheu boa parte desta distância ao longo da carreira. Um atestado disso foi o projeto que comemorou as quatro décadas da trajetória dos cantores em 2011, o 40 anos – Sinfônico, que contou com participações de medalhõescomoDjavaneCaetanoVeloso,alémdaorquestra de João Carlos Martins. Curiosamente, o passo
mais ousado nesta direção é o que fez mais sentido: trata-se de Tom do Sertão, o mais novo trabalho da dupla, em que os irmãos de Astorga (PR) se lançam sobre a obra de Antônio Carlos Jobim (1927-1994). O encontro, que parece esteticamente incompatível à primeira vista, se sustenta na escolha do repertório, que selecionou as canções de Tom mais ligadas ao universo interiorano, como “Chovendo na Roseira”, “Correnteza” (com Luiz Bonfá), “Estrada Branca”, “Modinha” e “Caminho de Pedra” (as três últimos com Vinicius de Moraes). “Depois que montamos repertório é que fomos percebendo que esse disco foi o disco mais sertanejoquejáfizemosemtoda a nossa história”, diz Xororó, ementrevistaportelefonepara a Gazeta do Povo. O músico conta que as canções vieram depois da escolhadonomedoprojeto.Foi sugestão de Chitãozinho, depois que Xororó, influenciado principalmente por
Reprodução
CD Tom do Sertão
Chitãozinho & Xororó. Universal Music. R$ 21,90. Sertaneja/MPB
Sandy – que volta e meia era convidada para cantar Tom Jobim –, surgiu com a ideia de gravar a obra do maestro. “Quando decidimos que o nome seria Tom do Sertão, ficou mais fácil. Porque a ideia foi trazer o Tom para o nosso universoomáximoquepodíamos, sem perder a característica da harmonia riquíssima que as músicas do Jobim têm”, explica Xororó. Versões mais pop, como “Águas de Março” e “Eu Não Existo Sem Você” – um tanto sem sal – e algumas escolhas
questionáveis, como a roupagem country para “Chega de Saudade”, resvalam no artificialismo que costuma rodear releituras de obras por intérpretes esteticamente distantes das versões originais. Mas músicas como “Chovendo na Roseira”, “Caminho de Pedra”, “Se É Por Falta de Adeus” e “Se Todos Fossem Iguais A Você” se aproximam desta ideia. São interessantes em termos de sonoridade ao misturartradiçãoemodernidade, usam bem as referências regionais e soam naturais nas vo-
zes e no estilo da dupla. A música e a poesia de Tom ao lado de parceiros como Vinicius mostram sua universalidade ao se assentarem bem sobre uma linguagem menos sofisticada, o que é um achado mesmo para quem não se dá bemcomamúsicasertaneja. “O maestro João Carlos Martins falou que no Sinfônico, que fizemos juntos, nós estaríamos apresentando a música sertaneja para o público erudito, e a música erudita para o público sertanejo”, diz Xororó. “Sempre achamos que a música não tem fronteiras. Sabíamos que não agradaríamos a todos, e jamais teríamos essa pretensão. Com Tom do Sertão,queríamosagradarechamar a atenção de um público quenãoestavaacostumadoa ouvir a música sertaneja. Mas o que mais estamos buscando é apresentar essa obra do Tom Jobim, tão maravilhosa, para o grande público do Brasil que consome música sertaneja.”
O projeto de Chitãozinho & Xororónãoéoprimeiroalançar um olhar interiorano sobre a obra de Tom Jobim. Tudo indica que se tratou apenas de uma brincadeira, mas um disco de 78 RPM em 1959 trazia “Eu Sei Que Vou te Amar” e “Eu não Existo sem Você” com trajes caipiras. A interpretação era de “Mara e Cota”, dupla que o jornalista Ruy Castro revelou, em 2000, nunca ter existido de fato. Tratava-se de uma parceriaentreacantoracariocaSylvinha Telles, então com 25 anos, e a curitibana Stelinha Egg, que tinha 45 anos e já era uma conhecida cantora e compositora de musica sertaneja e folclórica. Conforme escreveu Castro no jornal O Estado de S. Paulo,tudonãopassoudeumajogada comercial. Sylvia e Stella, contratadas da Odeon, estavam entre os nomes do elencoquenãovendiammuitos discos, e que eram alvo de reclamaçãoporpartedosexecutivos ingleses da gravadora que os via como artistas que só agradavam a intelectuais. OartistagráficoCésarVillela, ao ouvir as queixas, sugeriu como solução formar uma dupla caipira com Sylvinha e outra cantora. Era piada, mas a ideia colou. A gravação não foi muito longe e acabou esquecida, tornando Mara e Cota um mistério até Ruy Castro ouvir a história de Villela. “Separadas” e com seus nomes verdadeiros, cada cantora deixou seu nome na história.Sylvinhasetornouuma das principais intérpretes da bossa nova, mas morreu ainda na década de 1960. Stelinha, que se fixou na capital paranaense nos anos 1980 ao lado do marido, Lindolfo Gaya, morreu em 1991. Ela não se apresentava desde a morte do companheiro, em 1987. (RRC)
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caderno G
GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
Leia o roteiro completo em gazetadopovo.com.br/guia
Blogs
PISTA 1: gazetadopovo.com.br/blogs/pista1 Cristiano Castilho, editorassistente do Caderno G CINEMA EM CASA: gazetadopovo.com.br/blogs/cinemaemcasa Rafael Waltrick, repórter da Gazeta do Povo SOBRETUDO ARTE: gazetadopovo.com.br/blog/sobretudo Luiz Claudio Oliveira, editor de homepage da Gazeta do Povo
Classificações: GGGGG Excelente. GGGG Muito bom. GGG Bom. GG Regular. G Fraco. 1/2 Intermediário. N/A Não avaliado.F Indicado. Informações a serem incluídas no roteiro devem ser enviadas para o email: cadernog@gazetadopovo.com.br Divulgação
IMAX
O Destino de Júpiter 3D
(Jupiter Ascending, Estados Unidos, 2015). Direção de Andy Wachowski, Lana Wa chowski. Com Mila Kunis, Channing Tatum e Sean Bean. Uma jovem empregada do méstica descobre que descende de uma li nhagem de reis extraterrestres. Ela começa a ser perseguida pela rainha do Universo, que teme perder o trono. Aventura. 127min.
Classificação indicativa: não informada. CINEPLEX BATEL 1 às 16h15, 20h45. GGG1/2
O Destino de Júpiter
(Jupiter Ascending, Estados Unidos, 2015). Direção de Andy Wachowski, Lana Wa chowski. Com Mila Kunis, Channing Tatum e Sean Bean. Uma jovem empregada domésti ca descobre que descende de uma linhagem de reis extraterrestres. Ela começa a ser per seguida pela rainha do Universo, que teme perder o trono. Aventura. 127min.
Classificação indicativa: 12 anos. IMAX THEATRE às 12h, 14h35 (dublado). IMAX THE ATRE às 17h10, 19h45. N/A
Sniper Americano
Classificação Indicativa: 12 anos. CINÉPOLIS 6 às 16h45. CINÉPOLIS 7 às 13h. UCI ESTA ÇÃO 2 às 13h15, 15h50, 18h30, 21h10 (dublado). N/A
(American Sniper. EUA, 2015). Direção de Clint Eastwood. Com Bradley Cooper, Sien na Miller e Luke Grimes. O filme conta a his tória real de Chris Kyle, um atirador de elite das forças especiais da marinha america na. Durante cerca de dez anos, ele matou mais de 150 pessoas, tendo recebido diver sas condecorações por sua atuação. Guer ra. 132min.
O Jogo da Imitação
(The Imitation Game. EUA/Reino Unido, 2014). Direção de Morten Tyldum. Com Bene dict Cumberbatch e Keira Knightley. O longa biográfico narra a história do especialista em computação Alan Turing, cujos conhecimen tos foram largamente usados durante a Se gunda Guerra. Também mostra seus confli tos internos com a própria sexualidade. Dra ma. 114min.
Classificação indicativa: 16 anos. IMAX THEATRE às 22h20. GG1/2
3D
Bob Esponja – Um Herói Fora D’água 3D
Classificação Indicativa: 12 anos. CINEMARK MUELLER 2 às 19h10, 21h45. CINEPLEX BA TEL 5 às 14h25, 16h40, 18h55, 21h05. CINÉPOLIS 6 às 22h. ESPACO ITAÚ VIP 5 às 16h30, 21h30. UCI ESTA ÇÃO 8 às 16h30, 21h20. UCI PALLADIUM 4 às 21h20. GGG
(Sponge Bob Square Pants 2. EUA, 2015). Direção Paul Tibbitt. O pirata Barba Burger elabora um plano maldoso e consegue rou bar a fórmula secreta do famoso hambúr guer de siri. Bob Esponja e seus amigos par tem em uma viagem no tempo e espaço para controlar superpoderes internos e derrotar o malfeitor. Animação. 85min. Classificação indicativa: Livre. CINEMARK BARIGUI 2 às 12h10, 14h30, 16h50, 19h20 (dublado). CINEMARK BARIGUI 7 às 13h50, 16h10, 18h30 (dublado). CINEMARK MUELLER 1 às 13h45, 16h10, 18h25 (dublado). CINEMARK MUELLER 5 às 12h50, 15h10, 17h20, 19h45 (dublado). CINEMARK SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 1 às 14h, 16h40 (dublado). CI NEMARK SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 4 às 12h50 ,15h, 17h50, 20h (dublado). CINÉPOLIS 1 às 12h, 14h30, 17h, 19h15 (dublado). CINÉPOLIS 3 às 13h15, 15h30 (du blado). CINÉPOLIS 4 às 13h45, 16h (dublado). CINES YSTEM CIDADE 3 às 13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (du blado). CINESYSTEM CURITIBA 6 às 13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (dublado). ESPAÇO ITAÚ 3 às 13h30, 15h20, 17h10 (dublado). UCI ESTÇÃO 6 às 13h25, 15h30, 17h35 (dublado). UCI PALLADIUM 4 às 13h, 15h05, 17h10, 19h15 (dublado). N/A
O Destino de Júpiter 3D
(Jupiter Ascending, Estados Unidos, 2015). Direção de Andy Wachowski, Lana Wa chowski. Com Mila Kunis, Channing Tatum e Sean Bean. Uma jovem empregada do méstica descobre que descende de uma li nhagem de reis extraterrestres. Ela começa a ser perseguida pela rainha do Universo, que teme perder o trono. Aventura. 127min.
O Imperador
(Outcast. EUA, 2015). Direção de Nick Po well. Com Nicolas Cage, Hayden Christensen e Yifei Liu. Após se tornar alvo de seu irmão mais velho, o herdeiro de um trono decide procurar a ajuda de sua irmã e de um cavalei ro desacreditado, Jacob. Juntos, eles buscam o apoio de Gallain, um lendário cavaleiro co nhecido como Fantasma Branco. Ação. 98min.
Burtonem cinebiografia competente
Último filme do diretor Tim Burton, Grandes Olhos, em car taz nos cinemas, está longe da grandiosidade de Alice no País das Maravilhas. Tampouco se tornará um clássico, a exemplo de Edward Mãos de Tesoura. Mas é pela história que o filme
massacre acontece numa casa abandonada deixando cinco estudantes mortos. Um poli cial e uma psicóloga vão investigar o caso, que ocorreu enquanto os jovens tentavam evocar fantasmas. Terror. 90min. Classificação indicativa: 12 anos. CINEMARK BARIGUI 4 às 17h20, 19h40, 22h10. CINES YSTEM CIDADE 1 às 16h15, 21h (dublado). UCI ESTA ÇÃO 4 às 19h30, 21h40 (dublado). UCI PALLADIUM 5 às 16h10, 21h30. N/A
Os Pinguins de Madagascar 3D
A Família Bélier
sical na Broadway, ao mesmo tempo em que resolve problemas familiares. Comédia. 119min. Classificação Indicativa: 16 anos CINEMARK MUELLER 5 às 22h. CINÉPOLIS 6 às 14h. ES PAÇO ITAÚ 1 às 15h20, 17h40, 21h30. GGGG
Bob Esponja –Um Herói Fora D’Água
(Sponge Bob Square Pants 2. EUA, 2015). Di reção Paul Tibbitt. O pirata Barba Burger ela bora um plano maldoso e consegue roubar a fórmula secreta do famoso hambúrguer de siri. Bob Esponja e seus amigos partem em uma viagem no tempo e espaço para contro lar superpoderes internos e derrotar o malfei tor. Animação. 85min.
Classificação indicativa: livre. CINEMARKBARIGUI1às12h20,14h40,17h10(dublado).GGG
(La Famille Bélier. França, 2014). Direção de Eric Lartigau. Com Louane Emera, Karin Viard e François Damiens. Toda a família Bélier é deficiente auditiva, exceto Paula, uma jovem de 16 anos que é a intérprete dos parentes. Ela é a figura fundamental na administração da renda familiar e vive em função disso até o dia em que descobre ter um dom para o canto, para desespero da família. Comédia dramáti ca. 105min.
ESPECIAL
Classificação indicativa: 12 anos. CINEPLEX BATEL 2 às 16h30, 21h. N/A
Classificação indicativa: Livre. CINÉPOLIS 5 às 12h45, 15h (dublado). CINESYSTEM CI DADE 2 às 13h30, 15h25, 17h25 (dublado). CINES YSTEM CURITIBA 4 às 13h30, 15h30, 17h30 (dublado). UCI ESTAÇÃO 7 às 13h05, 15h10, 17h15, 19h20, 21h25 (dublado). UCI PALLADIUM 6 às 13h40, 15h45, 17h50, 19h55, 22h (dublado). N/A
A Teoria de Tudo
Busca Implacável 3
Animações Para Crianças
O programa reúne sete animações para a cri ançada. Feitas em diversas técnicas e condi ções, formam um interessante panorama da produção no gênero. São eles: “Isabel e o Ca chorro Flautista”, de Chistian Saghaard, “O Tamanho Que Não Cai Bem”, de Tadao Mia qui, “Alma Carioca Um Choro de Menino”, de Willian Côgo, “Disfarce Explosivo”, de Má rio Galindo, “O Nordestino e o Toque de Sua Lamparina, de Ítalo Maia, “Mitos do Mondo Como Surgiu a Noite”, de Andrés Lieban e “Historietas Assombradas”, de VictorHugo Borges. O tempo total do programa é de 63min. Classificação indicativa: Livre. CINE GUARANI às 16h. N/A
PRÉESTREIA
Sniper Americano
(American Sniper. EUA, 2015). Direção de Clint Eastwood. Com Bradley Cooper, Sienna Miller e Luke Grimes. O filme conta a história real de Chris Kyle, um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Du rante cerca de dez anos, ele matou mais de 150 pessoas, tendo recebido diversas conde corações por sua atuação. Guerra. 132min. Classificação indicativa: 16 anos. CINEMARK MUELLER 1 às 21h. CINÉPOLIS 7 às 22h15. GG1/2
EM CARTAZ
A Casa dos Mortos
(Demonic. EUA/Reino Unido, 2015). Um
se vale: a trajetória da pintora Margaret Keane, fenômeno das artes visuais na década de 1950 que, por anos, ficou na sombra do marido Walter. Ao longo de décadas, se atribuiu a ele a autoria dos trabalhos da artista, conhecidos pelos olhos
grandes e perturbadores. Bur ton consegue contar esse em bate, e ainda discutir temas re levantes, como o feminismo e a necessidade de legitimação da arte pelo mercado. Ponto para a boa atuação de Amy Adams (foto)
(The Theory Of Everything, Reino Unido, 2014). Direção de James Marsh. Com Eddie Redmayne, Felicity Jones e Tom Prior. Cinebi ografia baseada na juventude do astrofísico Stephen Hawking, um dos maiores cientistas do mundo, que aos 21 anos descobriu uma doença degenerativa. Drama. 123min.
(Taken 3. EUA, 2014). Direção de Oliver Mega ton. Com Liam Neeson, Maggie Grace e Fam ke Janssen. Bryan Mills é um exagente do serviço secreto americano acusado de come ter um assassinato. Enquanto tenta se man ter longe do radar, vai atrás do verdadeiro cul pado. Ação. 109min.
Classificação indicativa: 10 anos. CINEMARK MUELLER 7 às 12h30, 15h30, 18h15, 21h15. CINÉPOLIS 7 às 16h15, 18h55. GG1/2
Classificação indicativa: 14 anos. CINEMARK BARIGUI 3 às 13h10, 18h15. UCI ESTAÇÃO 9 às 13h40, 18h05, 22h30 (dublado). UCI PALLADIUM 2 às 22h10. N/A
Annie
(Annie. EUA, 2015). Direção de Will Gluck. Com Quvenzhané Wallis, Jamie Foxx e Rose Byrne. Annie é uma jovem órfã que vive em um orfanato comandado pela durona se nhora Hannigan. Sua vida muda completa mente ao ser escolhida para passar alguns dias na mansão de um poderoso milionário. Musical. 117min. Classificação indicativa: livre. CINEMARK MUELLER 4 às 14h10, 16h50 (dublado). CI NÉPOLIS 8 às 12h15, 14h45. CINESYSTEM CIDADE 4 às 13h35, 16h05 (dublado). UCI ESTAÇÃO 4 às 13h50, 16h40 (dublado). UCI PALLADIUM 7 às 15h50, 21h (du blado). N/A
Birdman ou (A Inesperada Teoria da Ignorância)
(Birdman. EUA, 2014). Direção de Alejandro González Iñárritu. Com Michael Keaton, Em ma Stone, Edward Norton. Um ator consa grado pela atuação como superherói no pas sado, tenta reconstruir a carreira com um mu
Caminhos da Floresta
(Into The Woods, Estados Unidos, 2014). Di reção de Rob Marshall. Com Emily Blunt, Johnny Depp e Meryl Streep. Uma bruxa ar quiteta um plano para aplicar lições a perso nagens clássicos de contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e Rapun zel. Cabe a um padeiro e sua esposa a tarefa de enfrentála. Comédia. 125min. Classificação indicativa: 12 anos. CINEMARK BARIGUI 3 às 15h35, 20h50. CINESYSTEM CURITIBA 2 às 13h35, 16h10, 18h45, 21h20. ESPAÇO ITAÚ 5 VIP às 14h, 19h. UCI PALLADIUM 2 às 15h10. GG1/2
Cinquenta Tons de Cinza
(Fifty Shades of Grey. EUA, 2015). Direção de Sam TaylorJohnson. Com Jamie Dornan, Dakota Johnson e Jennifer Ehle. Uma recata da estudante de literatura envolvese com um poderoso magnata. Ambos conectamse por uma complexa descoberta sexual, onde
a jovem tornase um objeto de submissão. Erótico. 125min. Classificação indicativa: 16 anos. CINEMARK BARIGUI 1 às 19h30, 22h20. CINEMARK BA RIGUI 5 às 12h, 14h50, 17h40, 20h30. CINEMARK BARI GUI 6 às 13h, 15h50, 18h40, 21h30. CINEMARK MUEL LER 3 às 12h, 14h50, 17h40, 20h30. CINEMARK MUEL LER 4 às 19h30, 22h20. CINEMARK MUELLER 8 às 13h, 15h50, 18h40, 21h30. CINEMARK SÃO JOSÉ DOS PI NHAIS 3 às 12h, 14h50, 17h40, 20h30 (dublado). SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 5 às 13h, 15h50, 18h40, 21h30 (du blado). CINÉPOLIS 2 às 13h30, 16h30, 19h30, 22h30. CINÉPOLIS 3 às 18h, 21h. CINÉPOLIS 4 às 18h45, 21h45. CINÉPOLIS 5 às 17h30, 20h30. CINESYSTEM CIDADE 2 às 19h25, 22h (dublado). CINESYSTEM CIDADE 5 às 13h50, 16h25, 19h, 21h35 (dublado). CINESYSTEM CU RITIBA 1 às 13h50, 16h25, 19h, 21h35 (dublado). CINES YSTEM CURITIBA 5 às 14h15, 16h50, 19h25, 22h. ESPA ÇO ITAÚ 2 às 13h30, 16h, 18h30, 21h. UCI ESTAÇÃO 1 às 13h30, 16h05, 18h40, 21h15. UCI ESTAÇÃO 5 às 13h45, 16h20, 18h55, 21h30 (dublado). UCI ESTAÇÃO 10 às 13h, 15h35, 18h10, 20h45 (dublado). UCI PALLADIUM 1 às 13h, 15h35, 18h10, 20h45 (dublado). UCI PALLADI UM 3 às 13h30, 16h05, 18h40, 21h15. UCI PALLADIUM 7 às 13h15, 18h20 (dublado). GG
Corações de Ferro
(Fury. Estados Unidos, 2014). Direção de Da vid Ayer. Com Shia LaBeouf, Michael Pena e Brad Pitt. Em uma das últimas missões da Se gunda Guerra Mundial, uma equipe de solda dos avança sobre território alemão. Além do número reduzido de homens e armamento, o sargento ainda precisa ensinar um novato a cumprir sua função. Ação. 134min. Classificação indicativa: 16 anos. CINEMARK BARIGUI 7 às 21h. CINEMARK BARIGUI 8 às 19h, 22h. CINÉPOLIS 8 às 20h45. CINESYSTEM CIDADE 4 às 18h35, 21h20 (dublado). CINESYSTEM CURITIBA 3 às 18h20, 21h10 (dublado). UCI ESTAÇÃO 3 às 18h25, 20h40. UCI PALLADIUM 8 às 16h, 21h20. G
Dois Dias, Uma Noite
(Deux Jours, Une Nuit, França, Bélgica, 2014). Direção de JeanPierre Dardenne, Luc Dar denne. Com Marion Cotillard, Fabrizio Rongi one e Catherine Salée. Sandra pode perder o emprego se não convencer os colegas de tra balho a desistirem de um bônus salarial para mantêla no cargo. O prazo é de apenas um fim de semana. Drama. 95min. Classificação indicativa: 12 anos. ESPAÇO ITAÚ 1 às 13h30, 19h50. N/A
Êxodo: Deuses e Reis
(Exodus: Gods And Kings. EUA/Reino Unido/ Espanha, 2014). Direção de Ridley Scott. Com Christian Bale, Joel Edgerton e John Turturro. Moisés, um profeta nascido entre os hebreus
na época em que o faraó ordenou que todos os homens hebreus fossem mortos, é resga tado pela irmã do faraó e criado na família re al. Quando se torna adulto, recebe ordens de Deus para ir ao Egito, na intenção de liberar seu povo da opressão. Épico. 151min. Classificação indicativa: 12 anos. CINEPLEX BATEL 4 às 15h55, 20h35. N/A
Grandes Olhos
(Big Eyes. Estados Unidos, 2014). Direção de Tim Burton. Com Amy Adams, Christoph Waltz e Krysten Ritter. O filme acompanha a história da pintora Margaret Keane, que tinha como traço característico de sua arte o dese nho de crianças com olhos exagerados. Com o marido tentando atribuir para si a autoria de suas obras, Keane se vê obrigada a uma dis puta litigiosa. Drama. 106min. Classificação indicativa: 14 anos. CINEPLEX BATEL 3 às 14h20, 16h40, 18h50, 21h. GGG1/2
Ida
(Polônia/Dinamarca, 2013). Direção de Pa wel Pawlikowski. Com Agata Kulesza, Agata Trzebuchowska e Dawid Ogrodnik. Anna está prestes a prestar os votos como freira no con vento onde se criou. Porém conhece Wanda, sua tia, única parente viva. Através dela des cobre um passado ligado à dominação nazis ta da Polônia. Na busca por mais respostas, ela questiona seu futuro. Drama. 80min. Classificação Indicativa: 14 anos. ESPAÇO ITAÚ 4 às 13h30, 19h40. GGG
Loucas Pra Casar
(Brasil, 2015). Direção de Roberto Santucci. Com Ingrid Guimarães, Tatá Werneck e Már cio Garcia. Malu namora o homem da sua vida há três anos, sem sinal algum de um pedido de casamento. Desconfiada de estar sendo traída, descobre que há outras duas mulheres envolvidas com seu namorado. Agora, as três lutarão para se casarem com ele. Comédia. 105min. Classificação indicativa: 14 anos. CINEMARK BARIGUI 8 às 14h, 16h30. CINEMARK MUEL LER 2 às 14h, 16h40. CINEMARK SÃO JOSÉ DOS PI NHAIS 4 às 22h. CINEPLEX BATEL 1 às 14h05, 18h30. UCI ESTAÇÃO 8 às 14h, 19h. UCI PALLADIUM 8 às 13h40, 19h. GG1/2
Mil Vezes Boa Noite
(Tusen Ganger God Natt. Noruega/Irlanda/ Suécia, 2014). Direção de Erik Poppe. Com Ju liette Binoche, Nikolaj CosterWaldau e Chloe Annett. Rebecca é uma das melhores fotó grafas de guerra em atividade. Quando seu marido lhe dá um ultimato, dizendo que ele e
ENDEREÇOS | Água Verde: Shopping Água Verde, Av. República Argentina, 1.927, (41) 32445272. Site: www.cinesaguaverde.com.br. Cine Guarani: Portão Cultural, Av. República Argentina, 3.430. Cinemark Barigui: ParkShopping Barigui, R. Pe dro Viriato Parigot de Souza, 600, (41) 33176422. Cinemark Mueller: Shopping Mueller, Av. Cândido de Abreu, 127, (41) 33220296. Cinemark São José dos Pinhais: Shopping São José, R. Izabel A. Redentora, 1.434, (41) 30819138. Site: www.cinemark.com.br. Cinemateca: R. Carlos Cavalcanti, 1.174, (41) 33213252. Site: www.fccdigital.com.br. Cineplex Batel: Shopping Novo Batel, R. Cel. Dulcídio, 517, (41) 35386272. Site: www.shoppingnovobatel.com.br. Cineplus Campo Largo: Shopping XV, R. XV de Novembro, 2.295, (41) 30321956. Cineplus Jardim: Shopping Jardim das Américas, Av. Nossa Senhora de Lourdes, 63, (41) 30297099. Cineplus Xaxim:Shopping Sports Xaxim, R. Francisco Derosso, 3.488, (41) 30463838. Site: www.cinemacineplus.com.br. Cinépolis Pátio Batel: Av. do Batel, 1.868, (41) 32433755. Site: www.cinepolis.com.br. Cinesystem Cidade: Shopping Cidade, Av. Mal. Floriano Peixoto, 4.984, (41) 33150090. Cinesystem Cu ritiba: Shopping Curitiba, Pça. Oswaldo Cruz, 2.698, (41) 84010517. Cinesystem Total: Shopping Total, R. Itacolomi, 100, (41) 33150090. Site: www.cinesystem.com.br. Espaço Itaú de Cinema: Shopping Crystal Plaza, R. Comendador Araú jo, 731. Site: www.itaucinemas.com.br. UCI Estação: Shopping Estação, Av. 7 de Setembro, 2.775, (41) 35955599. UCI Palladium: Shopping Palladium, Av. Pres. Kennedy, 4.121, (41) 32083344. Site: www.ucicinemas.com.br.
As exposições sem detalhamento de preço têm entrada franca.
MUSEUS
MuseuOscar Niemeyer – MON
Acervo MON – Aquisições 2013/2014 – obras incorporadas ao acervo do museu nos últimos dois anos. Até março. Das Vozes da Cidade – Jaime Lerner – mostra sobre os 50 anos de carreira do arquiteto. Até 15 de março de 2015. Cadeiras – intervenção de obras em cerâmica, de vários artistas (no vão livre e gramado). Prazo indeterminado. Isol de Hötte – Sua Obra – Mostra sobre a traje tória da ceramista e pintora paranaense. Pra zo indeterminado. Genesis – Fotografias de Sebastião Salgado. Até 15 de março de 2015.
Classificação indicativa: 14 anos. CINEMARK SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 1 às 19h, 21h40 (dublado). CINESYSTEM CIDADE 1 às 14h, 18h50 (du blado). UCI ESTAÇÃO 6 às 19h40, 21h50. N/A
O Segredo das Águas
(Futatsume no mado. França/Japão/Es panha, 2015). Direção de Naomi Kawase. Com Nijirô Murakami, Jun Yoshinaga e Mi yuki Matsuda. Uma noite, Kaito descobre um cadáver flutuando no mar e sua namo rada Kyoko vai tentar ajudálo a entender essa misteriosa descoberta. Juntos, os jo vens procuram entender a natureza cíclica da vida. Drama. 119min. Classificação indicativa: 14 anos. ESPAÇO ITAÚ 4 VIP às 15h, 17h20, 21h20. N/A
Classificação indicativa: 12 anos. CINEMARK MUELLER 6 às 12h10, 15h, 18h, 20h45. CI NEMARK SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 2 às 13h50, 16h30, 19h10, 21h50 (dublado). CINÉPOLIS 1 às 21h30. CI NESYSTEM CIDADE 3 às 21h45 (dublado). CINES YSTEM CURITIBA 6 às 21h45 (dublado). ESPAÇO ITAÚ 3 às 19h, 21h30. UCI PALLADIUM 5 às 18h10. UCI PALLADIUM 5 às 13h30 (dublado). N/A
(The Penguins of ascar. EUA, 2015). Dire ção de Simon J. Smith e Eric Darnell. Com Tom McGrath, Chris Miller e Christopher Knights. Agora os famosos pinguins de Mada gascar ganham sua própria aventura. Capi tão, Kowalski, Rico e Recruta se unem com outros animais, formando uma tropa de elite. Animação. 93min.
a filha não suportam mais sua rotina arrisca da e exigem mudanças, ela terá que lidar com um turbilhão de emoções. Drama. 117min.
IDEA/Brasil 2014 – 100 projetos premiados de design. Até 1º de março de 2015. Histórias do Acervo do MON – Em Aberto – Obras sobre a formação da coleção do MON. Prazo indeterminado. João Turin – Vida, Obra e Arte – Mostra sobre a vida e obra do artista, com mais de 130 bronzes. Até 22 de fevereiro de 2015. Museu em Construção – Foto grafias de Nani Gois. Prazo indeterminado. Acervo MON Mobiliário – Mobiliários do acervo do museu. Prazo indeterminado. Mu lheres no Acervo MON – Obras do acervo com mulheres representadas. Prazo indeter minado. MAP: Início do Acervo do MON –
Obras do acervo do museu que deram origem ao MON. Prazo indeterminado. (R. Mal. Her mes, 999 – Centro Cívico), (41) 33504400. 3ª (14), das 10h às 18 horas. 3ª a dom. das 10h às 18h. 5ª (primeira do mês) até às 20h. R$6 (adultos), R$3 (estudantes) e gratuito para crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas préagendadas. Entrada franca no 1º domingo (10h às 18h) e na 1ª quintafeira do mês (das 18h às 20h).
MuseudeArte Contemporânea–MAC
65º Salão Paranaense – Obras de artistas brasileiros premiados pelo salão. (R. Des. West
phalen, 16 – Centro), (41) 33235328. 3ª (14) das 10hàs16h.3ªa6ªdas10hàs19h.Sáb.edom.das 10hàs16h.Prazoindeterminado.
Museu Paranaense
Memorial à Indústria da ErvaMate – Obras doadas pelo extinto acervo do Museu Matte Leão. Até março de 2015. Negros no Paraná – Um Lar de Família – Mobiliário e ob jetos do cotidiano de uma família paranaense. Exposição permanente. (R. Kellers, 289 – Alto São Francisco), (41) 33043300. 3ª (14) das 10h às 16h. 3ª a 6ª das 9h às 18h. Sáb. e dom. das 10h às 16h.
OUTROS ESPAÇOS
Projeto Mueller e Ecodesign Social
Shopping Mueller – Piso Cinemas (Av. Cândi do de Abreu, 127 – Centro Cívico), (41) 3074 1000. Fotografias de crianças assistidas de Fundação de Ação Social (FAS) e pelo proje to. 2ª a sáb. das 10h às 22h. Dom. e fer. das 14h às 20h. Até 1º de março.
Nas Entrelinhas
Hospital Vita Batel ( R. Alf. Ângelo Sampaio, 1.896 – Batel), (41) 38838482. Obras de Ale xandre de Paula. Diariamente, das 8h às 18h. Prazo indeterminado.
Operação Big Hero
(Big Hero 6. EUA, 2014). Direção de Don Hall. Com Ryan Potter, Scott Adsit e Jamie Chung. Hiro é um garoto prodígio que criou um pode roso robô para participar de lutas clandesti nas. Seu irmão, para atraílo para algo mais útil, resolve leválo até o laboratório onde trabalha, que está repleto de invenções. Para estudar ali, ele precisa fazer a apresentação de uma grande invenção, de forma a conven cer o professor Callahan. Animação. 108min. Classificação indicativa: livre. UCI ESTAÇÃO 3 às 13h20, 15h40 (dublado). GGG
Os Pinguins de Madagascar
(The Penguins of Madagascar. EUA, 2015). Direção de Simon J. Smith e Eric Darnell. Com Tom McGrath, Chris Miller e Christopher Knights. Agora os famosos pinguins de Mada gascar ganham sua própria aventura. Capi tão, Kowalski, Rico e Recruta unemse a ou tros animais, formando uma tropa de elite. Animação. 93min. Classificação indicativa: livre. CINEPLEX BATEL 3 às 14h, 18h40 (dublado). CINES YSTEM CURITIBA 3 às 14h10, 16h20 (dublado). UCI ES TAÇÃO 9 às 16h, 20h25 (dublado). UCI PALLADIUM 2 às 13h05, 17h45, 19h50 (dublado). GGG
Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes. Argentina/Espanha, 2014). Direção de Damián Szifron. Com Rita Cortese, Ricardo Darín e Nancy Dupláa. Dian te de uma realidade imprevisível, vidas cami nham entre a civilização e a barbárie. Uma traição amorosa, o retorno do passado, uma tragédia ou mesmo a violência são capazes de empurrar qualquer um para uma zona fora de controle. Comédia. 122min. Classificação indicativa: 14 anos. CINEPLEX BATEL 2 às 14h15, 18h45. GGGG
Selma – Uma Luta Pela Igualdade
(Selma, Reino Unido, EUA, 2014). Direção de Ava DuVernay. David Oyelowo, Carmen Ejo go, Tim Roth. O filme acompanha a atuação do ativista Martin Luther King pelos direitos do povo negro nos Estados Unidos, tendo co mo momento marcante a marchada cidade de Selma até Montogomery, Alabama, em 1965. Drama. 128min. Classificação indicativa: 14 anos. CINEMARK BARIGUI 4 às 14h20. CINÉPOLIS 8 às 17h50. GGG1/2
Um Santo Vizinho
(St. Vincent. Estados Unidos, 2014). Dire ção de Theodore Melfi. Com Bill Murray, Melissa McCarthy e Jaeden Lieberher. Após enfrentar uma separação dolorosa, Maggie se muda com seu filho para tentar recons truir a vida. Um vizinho se oferece para to mar conta do garoto enquanto a mãe tra balha como enfermeira. Uma bela amizade nasce entre os dois Comédia. 103min. Classificação indicativa: 12 anos. CINEMARK BARIGUI 2 às 21h40. CINÉPOLIS 6 às 19h45. CINESYSTEM CURITIBA 4 às 19h30, 21h55. GGG
ELETRÔNICA
DJ Diego Palladino
Taj Bar (R. Bispo D. José, 2.260), (41) 3343 4467. Dia 17 às 20h. Masc.:R$13. Fem.: R$5.
DJ Carol
VU Bar (Av. Manoel Ribas, 146), (41) 9933 1428. Dia 17 às 22h. R$16.
POP/ROCK
Capital Essencial, Legião Urbana Cover e O’Brown
Sheridan’s Irish Pub (R. Bispo D. José, 2.315), (41) 33437779. Dia 17 às 21h. Mac.: R$15. Fem.: R$8. Valores sujeitos a alterações sem aviso prévio.
GAZETADOPOVO
TERÇAFEIRA, 17 DEFEVEREIRODE2015
EDITOREXECUTIVO:GIOVANI FERREIRA
EDITORRESPONSÁVEL:JOSÉ ROCHER
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Albari Rosa / Gazeta do Povo
Em teste a partir desta semana, novo terminal de embarque do grupo Amaggi em Porto Velho (RO), no Rio Madeira, começa a operar em abril e promete remeter ao Arco Norte 1,5 milhão de t ao ano.
>> EXPEDIÇÃO SAFRA
Um passo à frente na logística Investimentos privadosem hidrovias,ferroviase naBR163 começam,enfim,a alargarcanaisde escoamentoda regiãoquemais produzgrãosnopaís
Albari Rosa / Gazeta do Povo
LOGÍSTICA EM TRANSIÇÃO A produção de grãos do Centro-Oeste, especialmente a de Mato Grosso, tradicionalmente segue para exportação pela BR-163 para o Sul e o Sudeste, mas volume embarcado de trem e por hidrovias cresce neste ano.
1 3 milhões de toneladas produziMIRITITUBA - PA
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A principal desvantagem logística da agricultura brasileira – o fato de o maior polo de produção de grãos ficar a 2 mil quilômetros dos principais portos marítimos e depender de um deficiente transporte rodoviário – tem remédio. Investimentos privados começam a aliviar a pressão que o cultivo cada vez maior de soja e milho no Centro-Oeste exerce sobre a infraestrutura. Numa viagem de 8 mil quilômetros por Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, a Expedição Safra Gazeta do Povo conferiu expectativas, problemas e avanços na logística de escoamento: 2015 se apresenta como um primeiro passo para um sistema menos concentrado em rodovias, com embarques melhor distribuídos entre portos do Sul-Sudeste e do Arco Norte. A safra é de obras em três pontos chave para a redução de custos: na região de embarque de grãos pelo Rio Madeira, em Rondônia; no complexo de carregamento ferroviário de Rondonópolis, no Sul de Mato Grosso; bem como na “rodovia da soja” (trecho da BR-163 que atravessa MT e MS). O novo terminal fluvial que o grupo Amaggi constrói em Porto Velho (RO) começa a ser testado nesta semana e tem capacidade para elevar em 1,5 milhão de toneladas o volume anual de soja remetido ao Arco Norte. O terminal ferroviário de Rondonópolis, inaugurado em outubro, deve atingir 9 milhões de toneladas em um ano. Em duplicação até 2019, a “rodovia da soja” está
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PORTO VELHO (RO) José Rocher, enviado especial
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Terminais em construção
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Porto de Rondônia
Exportação ganha ritmo em instalações antigas de Porto Velho.
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2 3,5 milhões de toneladas devem PORTO VELHO - RO
Albari Rosa / Gazeta do Povo
Rondônia
BR-364
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Mato Grosso CENTRO–OEST uiabá Rondonópolis
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Goiás
Mato Grosso do Sul Campo Grande
Barcaças viajam quatro dias pelo Madeira rumo ao Atlântico.
sendo restaurada e registra menos acidentes. O quadro não tranquiliza o agronegócio, até porque há outros problemas no caminho: o novo terminal de Porto Velho não tem acesso asfaltado e o governo federal está atrasado na licitação da obra; a concentração de cargas em Rondonópolis deixa terminais como o de Itiquira (MT) temporariamente ociosos e exige redistribuição dos carregamentos; as discussões em torno da duplicação da BR-163 põem em xeque e esperada redução no valor do frete. Embarque duplo Porto Velho espera embarcar 500 mil toneladas de sojaamaisjáapartirde2015. Entra em operação em abril o novo porto de R$ 400 milhões do grupo Amaggi, a 20 quilômetros do antigo Porto Organizado, numa curva do Rio Madeira.
Segundoogerentedasoperações do porto antigo (Hermasa), Hermenegildo Pereira, o terminal novo representa embarque adicional. “Vamos continuar com nossas atividades normalmente [no Porto Organizado].” A nova estruturaéestratégicaparaoAmaggi, que fatura US$ 5 bilhões ao anonoBrasilenoexterior. O grupo de Blairo Maggi embarca 2,8 milhões de toneladas de grãos ao ano e espera expansão de 50%. As novas instalaçõestêmduaslinhasde descarga de caminhões, quatrosiloseumaesteiraparacarregarbarcaças.Aestruturavai dar destino à produção de grãos do próprio grupo (Amaggi Agro), aos embarques originados pela Amaggi Commodities e atender outros exportadores como Bunge. A frota de 117 barcaças da Amaggi Navegação também deveserampliada. Leia mais até a página 4.
das nesta temporada devem deixar o Centro-Oeste a partir de Miritituba, em Itaituba (PA), pelo Rio Tapajós. Os grãos também seguem pelo Rio Amazonas, em barcaças e navios, em direção ao Atlântico.
Port o de Sant Po os Pa rto ran de ag uá
ser embarcadas em Porto Velho no Rio Madeira, ao menos 500 mil além do volume da temporada passada. As barcaças seguem até o Rio Amazonas e depois ao Atlântico via Pará.
milhões de toneladas de soja e 3 8milho por ano estão sendo TERMINAL INTERMODAL DE RONDONÓPOLIS
escoados pelo Terminal Intermodal de Rondônia, inaugurado em outubro de 2014. Parte desse volume é desviado dos terminais que já existiam na região.
Fonte: Redação. Infografia: Gazeta do Povo. Albari Rosa / Gazeta do Povo
Linha dupla O terminal Hermasa, em Por to Velho (RO), embarcava apenas soja convencional, mas, há duas safras, abriu es paço também à transgênica. São duas linhas de entrada (foto) e tombamento de cami nhões, que operam em ritmo similar. No terminal do grupo Amaggi, em construção, tam bém haverá segregação.
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agronegócio
GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
Editorial JOSÉ ROCHER
>> EXPEDIÇÃO SAFRA
Giovani Ferreira / Gazeta do Povo
Barcaças com soja em Rondônia chegam a Itacoatiara (AM) e Santarém (PA). A partir desses portos, seguem rumo ao Atlântico.
Um passo de cada vez
O
s gargalos logísticos que encarecem o escoamento da safra e tornam a agricultura brasileira menos competitiva se agravam há décadas. E o caminho das mudanças é tão longo quanto o trajeto de 2,5 mil quilômetros que os caminhões de soja de Mato Grosso percorrem para chegar a Santos ou Paranaguá. Porém, dimensionar os problemas a todo momento nem sempre ajuda. O agronegócio começa a perceber resultados pontuais, dando um passo de cada vez, mostra a edição de hoje do caderno Agronegócio, com reportagem sobre investimentos privados em infraestrutura que prometem fazer diferença para o Centro-Oeste. O setor chama para si parte da responsabilidade de estruturar a exportação. São projetos que se tornaram negócio lucrativo na região. Os terminais de embarque de grãos no Rio Madeira, por exemplo, faturam sobre a diferença de custo entre o transporte rodoviário e hidroviário. E esses novos elos do agronegócio abrem oportunidades. Em volta do complexo intermodal de Rondonópolis, instalam-se indústrias avaliadas em R$ 700 milhões. Essa movimentação permite que o setor não perca de vista seus objetivos. A expectativa é que um dia, com a BR163 duplicada, o transporte rodoviário seja mais rápido e barato. Que o embarque ferroviário alivie as rodovias e reduza custos. Que os terminais fluviais, em suas áreas de abrangência, anulem boa parte da desvantagem logística das zonas remotas de produção. Esse quadro pode estar distante. Mas, para se chegar lá, já se sabe o caminho.
EXPEDIENTE O caderno Agronegócio é uma publicação da Editora Gazeta do Povo. Diretora de Redação: Maria Sandra Gonçalves. Chefes de Redação: Audrey Possebom e Eduardo Aguiar. Editor Executivo: Giovani Ferreira. Editor: José Rocher. Editor Executivo de Imagem: Marcos Tavares. Projeto Gráfico: Acir Na dolny, Dino R. Pezzole e Marcos Tavares. Editores de arte: Alexandre L. De Mari, Carlos Bovo e Dino R. Pezzole.Diagramação: Edson Luiz Szalbot. Redação: (41) 33215439. Fax: (41) 33215472. Comercial: (41) 33215904. Fax: (41) 33215300. Email: agro@gazetadopovo.com.br. Site: www.agrogp.com.br. Endereço: R. Pedro Ivo, 459. CuritibaPR. CEP: 80.010020. Não pode ser vendido separadamente.
Escoamento ganha volume sobre as águas e as estradas de ferro PORTO VELHO (RO) José Rocher, enviado especial
O novo sistema logístico que atende o Centro-Oeste, o Norte e parte do Nordeste desvia umvolumecadavezmaiorde grãos das tradicionais rotas rodoviárias de exportação, que estabeleceram historicamenteasportasdesaídadasoja e do milho nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Neste ciclo,conformeestudodaExpedição Safra, que passou a percorrer a região na temporada 2013/14, será a primeira vez que o país embarca mais de 10 milhões de toneladas a partir de hidrovias (que deságuam no Rio Amazonas) e ferrovias(pontofortedoportode Itaqui, no Maranhão). O volu-
me tende a chegar a 12,5 milhões de toneladas, Se incluído o Porto Cotegipe–quetambémfazpartedo Arco Norte, mas depende de rodovias –, a expansão é ainda maior, consideram as entidades ligadas ao setor produtivo. Em 2014, houve movimentação de 10,1 milhões de toneladas de grãos no Arco Norte, conforme a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Em 2015, o volume será de 18,5 milhões de toneladas, prevê a Associação dos Produtores de Soja e Milho, a Aprosoja Brasil. A expansão deve ser de 500 mil toneladas no sistema Itacoatiara-Manaus, alimentado pelos terminais fluviais instalados no Rio Madeira em
Porto Velho (Rondônia). O novo terminal do grupo Amaggi terá capacidade três vezes maior, mas entrará em operação em abril, quando boa partedasafrajáterásidoescoada. Não está prevista expansão expressiva no sistema Santarém, abastecido pelos terminais de Miritituba, em Itaituba (Pará), que devem avançar em 2015/16. No sistema de exportação por Belém (Pará), a expectativa é que os carregamentos passem de 2 milhões para 4 milhões de toneladas, apurou a Expedição Safra. No Porto de Itaqui, em São Luís (MA), com as cargas adicionais, a movimentação pode sair da casade3,5milhõesparaade4 milhões de toneladas.
São 2,5 milhões a 3 milhões de toneladas extras nas linhas de escoamento que usam hidrovias e ferrovias. A expansão da rota rodoviária do Porto Cotegipe, em Salvador (BA), deve ser de 1,3 milhão para 4 milhões (t). Nãofariasentidoametade norte do país expandir a produção dependendo apenas dos portos da parte sul, analisaoconsultordelogísticaLuiz Antônio Fayet. “O desafogo dosportosdoSuleSudestedepende da velocidade de construção dos terminais de embarque do Arco Norte”, frisa. Ele afirma que o custo de transporte é “insustentável”. “Para escoar uma tonelada de sojaavaliadaemUS$450,gasta-se US$ 130 em Sinop (MT). Esse custo pode ser reduzido em US$ 60.” A exportação de soja de Sinop pelo norte atravessa ao menos 130 quilômetros de estrada sem asfalto na BR-163, no Pará, que devem ser pavimentados até 2016.
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Concessionárias aceleram obras na “rodovia da soja” Trechos que somam 80 quilômetros em Mato Grosso do Sul devem ser entregues com dois meses de antecedência CAMPO GRANDE (MS) José Rocher, enviado especial
As concessionárias encarregadasdasobrasdeduplicação da BR-163 em Mato Grosso (Rota do Oeste, da Odebrecht) e Mato Grosso do Sul (CCR MSVia) prometem alívio para o escoamento de grãos ainda neste ano. O primeiro trecho a ser liberado são os 22,7 quilômetros entre a zona urbana de Rondonópolis(MT)eocomplexointermodal da América Latina Logística (ALL), ao sul. Outros 80 quilômetros compostos por dez trechos em obras devem ficar prontos até agosto, dois meses antes do previsto, em território sulmato-grossense. As obras da Odebrecht, que venceu licitação no fim de 2013 e assinou contrato de 30 anos, começaram há seis meses justamente pela
Principal vantagem deve ser a segurança A duplicação da “rodovia da soja” não deve, no curto ou médio prazo, baratear o frete para o agronegócio. A avaliação parte do setor produtivo, que mostra-se cético em relação às previsões de reduçãonotempodeviagem e no desgaste dos caminhões que trafegam pela BR-163 entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O primeiro argumento dos transportadores será de que a cobrança de pedágio precisa ser repassada, aponta o coordenador do Movimento Pró-Logística em Mato Grosso, Edeon Vaz. “O que define o valor do frete é a lei do mercado. O caminhão terá menor desgaste e vai trafegar menos, mas o transportador terá de pagar o pedágio”, afirma. Serão 18 praças em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Hoje, os transportadores estão acostumados a pagar pedágio nesses dois estados apenas para atravessar reserva indígena, entre Campo Novo do Parecis e Sapezal. “Quem vai pagar o pedágio é aquele que produz a soja [com suposta redução na cotação]. A tarifa será um argumento a mais para reajuste no transporte”, opina Amarildo Mancini, gerente da cooperativa C.Vale em Nova Mutum, parte do maior reduto da soja no Brasil. As concessionárias avaliam, no entanto, que um caminhão poderá atravessar Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em tempo 20% a 30% menor, economia que pode
duplicação próxima ao perímetro urbano de Rondonópolis. Atualmente, há máquinas e grupos de trabalho concentrados ainda na região de Cuiabá e Nova Mutum, conferiu a Expedição Safra – canteiros que também devem ter trechos entregues neste ano. Em cinco anos, precisam ser duplicados 450,6 do total de 850,9 quilômetros da BR-163 em Mato Grosso – incluindo obras iniciadas com recursos públicos. Com 10% dessas obras concluídos, a Rota do Oeste começará a cobrar pedágio em nove praças. Até lá, será corrigida a tarifa de R$ 2,64 por eixo a cada 100 quilômetros – proposta que venceu a licitação. Os primeiros 80 quilômetros de duplicação da BR-163 em Mato Grosso do Sul estão em dez trechos onde houve liberação dos órgãos ambientais para as obras, afirma o gerente de Operações da CCR MSVia, Fausto Camilotti. Ele conta que, antes mesmo da liberação do pavimento novo, o fluxo vem melhorando. “A restauração do asfalto em uso e da sinalização reduziram em 10% os acidentes”, sustenta. A meta da empresa é que essa queda chegue a 40%.
Albari Rosa / Gazeta do Povo
Como em Mato Grosso, a cobrança de pedágio começará após entrega de 10% das obras. O contrato de concessão de 30 anos prevê que os 819 quilômetros da “rodovia da soja” que atravessam Mato Grosso do Sul estejam duplicados até 2019. O pedágio por eixo vem sendo corrigido e, se a cobrança começasse hoje, custaria em média R$ 4,50, informa a empresa. Monitoramento Aproduçãoeoescoamento de soja e milho cresce em meio a gargalos e as melhorias, principalmente por investimentos privados, ainda são insuficientes, avalia o coordenador do Movimento Pró-LogísticadeMatoGrosso, Edeon Vaz. Segundo ele, o setor produtivo vai continuar em busca de apoio público. Na última semana, uma caravana percorreu 700 quilômetros de rodovias no estado e identificou melhorias em três de cinco pontos críticos das BRs 163 e 364. Vaz atribui os avanços à mobilização do setor que, em sua avaliação, vem sendo bem aceita. “Hoje há setores no governo que inclusive nos convocam para saber como está o escoamento da safra. Abastecemos os ministérios de informação.”
Obras em conclusão vão liberar cobrança de pedágio.
Fausto Camilotti: ambulâncias com médicos na estrada.
de economia no tempo de percurso da BR163 entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são esperados após a duplicação de 1,27 mil do total de 1,67 mil quilômetros que compõem a “rodovia da soja”. Nos trechos mais longos, a vantagem pode chegar a um dia, com redução direta no custo do frete.
18 PRAÇAS de pedágio, nove em Mato Grosso e nove em Mato Grosso do Sul, devem entrar em operação a partir da entrega de 10% das obras previstas nas concessões da BR163. O valor da tarifa em Mato Grosso deve ser menor, uma vez que a concessionária não terá de duplicar toda a rodovia, como ocorre em Mato Grosso do Sul.
LANÇAMEMNTO Com a carne em alta, livro mostra como aproveitar cortes
Reprodução
FERROVIAS Complexo de Rondonópolis cria falsa ociosidade
20% A 30%
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Em época de preços recor des, o médico veterinário Cló vis Antonio Bassani, mestre em Sanidade pela Universida de Estadual de Londrina (UEL) e professor do curso de Medi cina Veterinária da Faculdade Integrado, de Campo Mourão, lançou livro que mostra como aproveitar a carne vermelha em cortes especiais. “Carne bovina e suas generalidades: curta essa ideia”, com 269 pá ginas, é resultado de duas dé cadas de experiência em higie ne e inspeção sanitária no abate e desossa. Traz informa ções sobre nomenclatura, identificação, localização e técnicas dos diferentes cortes respeitando a regionalidade de cada um. Cada corte indicado no livro apresenta, também, informações nutricionais e de rendimento. Ao final da obra, há cem receitas para que o co nhecimento seja colocado em prática. O livro custa R$ 50 e pode ser adquirido pelo email clovisbassani@yahoo.com.br, pelo telefone (44) 30164906 ou diretamente na sede do SindivetPR.
Albari Rosa / Gazeta do Povo
chegar a um dia, dependendo do trajeto. Essa avaliação está relacionada ao próprio fato de o transporte de cargas responder por mais da metade do tráfego. “Hoje a lentidão atinge a todos. Mesmo em trechos onde50% dos veículossãode passeio e 50% de carga, 85% do tráfego é lento, porque não há faixa para ultrapassagem. Em muitos pontos, o ganho será de quatro a cinco vezes a capacidade [de fluxo] atual”, afirma o gerente de Operações da CCR MSVia, Fauto Camilotti. Consenso entre as concessionárias e os usuários são as vantagens em relação àsegurança.Principalmente durante o escoamento da safra, quando há 20% mais veículos em circulação, conforme a Rota do Oeste. “Atendemos 26 mil ocorrências num período de três meses. Com 17 bases operacionais, levamos médicos, enfermeiros e guinchos para a rodovia”, afirma Camilotti. Ele conta que, em regiões onde o sistema público de saúde não conta com estrutura de atendimento emergencial, as ambulâncias com desfibriladores e aparelhos de tratamento intensivo se tornaram decisivas para salvar vidas. “O produtor vai ser beneficiado enquanto cidadão, com mais segurança na estrada”, afirma o produtor Jasiel Marques da Silva, de São Gabriel do Oeste (MS). O transporte terá risco reduzido e perdas menores nas estradas, acrescenta. Redução no preço do frente, porém, só deve ocorrer onde o transporte rodoviário competir com o ferroviário ou o hidroviário. (JR)
agronegócio
“O que define o valor do frete é a lei do mercado. O caminhão terá menor desgaste e vai trafegar menos, mas o transportador terá de pagar o pedágio.” Edeon Vaz, coordenador do Movimento PróLogística em Mato Grosso
“Hoje a lentidão atinge a todos. Mesmo em trechos onde 50% dos veículos são de passeio e 50% de carga, 85% do tráfego é lento, porque não há faixa para ultrapassagem.” Fausto Camilotti, gerente de Operações da CCR MSVia
Três anos atrás, o recém inaugurado terminal intermo dal de Itiquira (Sul de Mato Grosso), construído pela Sea ra Agronegócios, operava com força total. Interrupção de um ou dois dias na forma ção de comboios de vagões resultava em fila de até 500 caminhões de grãos na via de acesso ao transbordo. Agora, não há desembarque nem carregamento e os funcionári os aproveitam o tempo para reparos. O fato, porém, é ava liado como uma falsa ociosi dade. O passo lento na comerciali zação e a concentração de cargas em Rondonópolis (a 190 quilômetros de Itiquira), no complexo multimodal de R$ 880 milhões que a Améri ca Latina Logística (ALL) ope ra há um ano, deixa o terminal de três anos temporariamen te vazio, conforme Alberto Branco, responsável pela ope ração. Será necessária revisão na escala das cargas para cumprimento da meta local de embarque de 1,5 milhão de toneladas de grãos por ano em ferrovia, aponta. A ALL nega estar direcionan do cargas para seu terminal em Rondonópolis. A empresa informa que são os clientes que escolhem a nova estrutu ra, que carregou 9 milhões de toneladas no último ano e de ve passar a mais de 10 mi lhões de toneladas/ano daqui para a frente. Itiquira tem ca pacidade para formar um comboio a cada dois dias e Rondonópolis, um a a cada 3,5 horas. As cargas seguem para Santos (SP). (JR)
SAFRA DE INVERNO Paraná aumenta em 16% a área da safrinha de soja O vazio sanitário da soja no Paraná está confirmado para o período entre os dias 15 de junho e 15 de setembro. Des ta forma, a safrinha da tem porada 2014/15 ainda tem quatro meses. De acordo com projeções do Departa mento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadu al da Agricultura e do Abaste cimento (Seab), o estado irá dedicar 126 mil hectares para a cultura, área 16% maior em relação à temporada anteri or(109 mil hectares). Esse aumento promete gerar uma produção de 251 mil tonela das do grão, 28% a mais que na safra 2013/14.
DETERMINAÇÃO Antecipado, vazio sanitário começa em 2,5 meses em MT O maior produtor de soja do Brasil terá o período de vazio sanitário da soja 45 dias maior nesta temporada. De acordo com a nova normativa do Insti tuto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), os produ tores do estado estão proibidos de plantar a oleaginosa entre 1.º de maio (daqui dois meses e meio) a 15 de setembro. A me dida busca reforçar o controle da ferrugem asiática, provoca da por um fungo que se perpe tua nas plantações fora do ciclo de verão. Dessa forma, como o ciclo da soja dura mais de três meses, está proibido o cultivo da safra de inverno.
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agronegócio
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Seca reduz potencial das lavouras em Minas Gerais Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Decepcionados, produtores mineiros dão perdas como certas
DIÁRIO DE BORDO
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Expedição Safra 2014/15 Em roteiro pelo Sudeste e CentroOeste do Brasil nas últimas semanas, a Expedição Safra registrou o dia a dia do campo e da cidade em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Equipe segue agora para o Sul do país. Daniel Castellano / Gazeta do Povo
UBERLÂNDIA E PARACATU (MG) Igor Castanho, enviado especial
As consequências da estiagemqueatingeoSudestebrasileiro vão além do desabastecimento nos municípios e colocam em cheque o resultado da produçãonocampo.Comchuvas escassas no plantio e no desenvolvimento das lavouras, estadoscomoMinasGeraisconfirmam perdas na safra de verão e agora tentam dimensionar o tamanho do problema. Nos polos produtores de Uberlândia(TriânguloMineiro)eParacatu (Noroeste), a produtividade média de soja e milho devecairaproximadamente20% emrelaçãoaopotencialinicial, indicam produtores e especialistas ouvidos pela Expedição Safra em trajeto de 1,6 mil quilômetrospelaregião. O primeiro tropeço do estado ocorreu na fase do plantio, com um atraso de até um mês noiníciodaschuvas,adiandoa entrada das plantadeiras no campo.Odesajustenocalendáriointensificouosefeitosdoveranico ocorrido em janeiro, que impactou principalmente as lavouras de soja cultivadas com sementes superprecoces, explica o técnico do Instituto Emater de Uberlândia Carlos MiguelRodriguesCouto.Cerca de 70% da área do município é cultivada com essa variedade, quevisacriarcondiçõesfavoráveisparaoplantiodemilhosafrinha(segundasafra).“Mesmo se chover agora essas plantas não conseguem recuperar o quejáfoiperdido.” A entidade está refazendo
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Preços reduzem espaço aos grãos nos EUA Da Redação
Depois de duas temporadas de queda e diante da previsão de novos recuos nos preços dos grãos neste ano, os Estados Unidos serão obrigados a pisar no freio e diminuir tanto a área destinada ao plantio de milho quanto a extensão dedicadaàsojanesteano.Projeções preliminares anunciadas pelo Departamento de Agricultura do país (Usda) na semana passada, a safra norte-americana 2015/16, que começa a ser cultivada no mês que vem, terá a menor área plantada dos últimos quatro anos. Conforme o órgão, as oito principais culturas norte-americanas (soja, milho, trigo, sorgo, cevada, aveia, arroz e algodão) ocuparão 102,95 milhões de hectares no próximo ciclo, 1,54 milhão(ou1,5%)amenosdoque em 2014/15. A projeção integra o BaselineProjections,relatóriodeperspectivasdelongoprazodoUsda que serve como referência de orçamento e formulação de políticas para o governo
Soja ‘do cedo’ rende 20 sacas a menos por hectare, diz o produtor Thiago Fonseca.
oscálculosdotamanhodasperdas,masnaatualprojeçãoos50 milhectaresdedicadosàoleaginosanomunicípiorendempertodas36sacasporhectarecolhidas em 2013/14. Para o milho verão, que ocupa 18 mil hectares,haveráretraçãode150sc/ha para125sc/ha. Mesmo sem grande avanço na colheita, é possível encontrarcasosconcretosdelavouras com rendimento abaixo do esperado.Oagricultorepresidente do Sindicato Rural de Uberlândia, Thiago Soares Fonseca, dividiu os mil hectares cultivados com soja em três talhões iguaiscomciclosprecoce,semiprecoce e tardio. As áreas mais adiantadas deram 67 sacas por hectareem2013/14,masagora estãocom47sc/ha,diz. Oquadronãoémenosgrave em regiões que fazem uso intensivo de irrigação, como o município de Paracatu. “O calor foi extremo e acabou prejudicandotambémasplantações irrigadas”, relata o produtor Dalmi Veloso. Ele calcula que
norte-americano. Os números serão revisados no final desta semana durante o Agricultural Outlook Forum, quando o órgão divulga a sua primeira estimativa oficial da intensão de plantio nos EUA. Avaliações preliminares de consultorias privadas indicam que a soja deve, pelo segundo ano consecutivo, roubar área do milho e renovar o recorde de 2014/15, quando os norte-americanos dedicaram à oleaginosa 34,03 milhões de hectares. A Lanworth, por exemplo, aponta para 34,68 milhões (ha). E há apostas ainda mais altas, como a da Informa Economics, queindica35,57milhões(ha). Mas o Usda vai na contramão de todas essas estimativas. No Baseline Projections, trabalha com uma pequena redução no plantio, calculado em 33,95 milhões (ha). Expedição nos EUA Asprojeçõesserãopostasà prova durante o fórum, que ocorrer quinta e sexta-feira em Arlington, na Virgínia, e será acompanhando in loco por uma equipe da Expedição Safra, que desde 2009 participa do encontro. Promovido anualmente pelo Usda desde 1923, o Outlook é considerado o mais importante fórum sobre agricultura do mundo.
Em Santa Rita do Passa Quatro comerciante vende botas direto da camionete, sem precisar de endereço fixo. Cidade de pouco mais de 26 mil habitantes é um dos 12 municípios paulistas considerados estâncias climáticas no estado .
ROTEIRO RS e SC são os próximos destinos da Expedição Safra
No momento em que a colhei ta ganha força no Rio Grande de Sul e Santa Catarina, a Expedi ção Safra Gazeta do Povo irá percorrer os principais polos pro dutores dos dois estados. A equipe do projeto vai a campo durante uma semana para con ferir junto a líderes do setor, téc nicos e produtores como estão as lavouras de soja e milho. A maior atenção está voltada
para o Rio Grande do Sul, tercei ro maior produtor da oleaginosa no país e que nesta safra ampli ou a área em 7%. Segundo infor mações da Emater gaúcha, o desenvolvimento das lavouras apresenta bom potencial produ tivo. Se os dados se confirma rem, juntos, os dois estados de vem produzir 16,4 milhões de to neladas de soja, ante 14,5 mi lhões registrados há um ano. O roteiro ainda conta com visita ao Porto de Rio Grande, no Sudeste do Rio Grande do Sul , para verifi car operação e investimentos do segundo maior exportador da oleaginosa desde 2013, quando ultrapassou Paranaguá.
naparteirrigadaasojadeverenderentre3e5sacasporhectare a menos que o esperado, ficandopertode75sacasporhectare. No sequeiro, a meta inicial era de 50 a 55 sacas/hectare, mas agoraoresultadonãodevepas-
sarde40sc/ha.Conformeinformações do Emater local, o município deve registrar queda de 20%nacolheitadomilhodeverãoede10%nadasoja--osgrãos ocupam 10 mil hectares e 80 milhectares,respectivamente.
Carlos Guimarães Filho
LOJA MÓVEL
Daniel Castellano / Gazeta do Povo
CENTRO HISTÓRICO Localizada no Noroeste mineiro, Paracatu ainda mantém parte da arquitetura histórica. Fundado há mais de 200 anos, município tem na produção agropecuária e na extração de minérios a base de sua economia.
Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Christian Rizzi / Gazeta do Povo
SAFRA 2015/16 Após um ano de superprodução em 2014, mercado deve forçar o encolhimento não apenas das lavouras , mas da renda do setor. Estoques Reservas mundiais de soja são as maiores da histó ria. Estoques são suficientes pa ra suprir 115 dias de consumo global, contra 88 dias na média das última década s e 77 dias na média dos últimos 20 anos.
Soja: área em revisão.
US$ 8,50 por bushel deve ser o preço médio da soja na temporada 2015/16, segundo estimativa do Usda. Cotação registra terceiro ano consecutivo de queda depois do pico de 2012/13, quando chegou a US$ 14,40. Valores caíram a US$ 13 na temporada seguinte e a US$ 10 na safra passada.
“LAVOURA” DE REFLORESTAMENTO No trajeto entre Minas Gerais e Goiás, Expedição encontrou campos imensos com plantio de eucalipto. Negócio ganhou espaço na região.
Pressão Oferta ampliada colo cou preços em rota de queda e deve reduzir em um terço a ren da dos produtores norteameri canos na safra 2015/16, obrigan do o governo a gastar mais com pagamentos diretos aos agricul tores no ano que vem.
Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Subsídios O valor empenhado por Washington deve chegar a US$ 15,3 bilhões em 2016, ante US$ 11 bilhões em 2013, último ano de vigência da antiga Farm Bill. Legislação foi reformada no ano passado. Renda Faturamento liquido do setor agropecuário, que há dois anos alcançou US$ 129 bilhões, deve recuar a US$ 84,2 bilhões neste ano, o mais baixo desde 2010 e 13% abaixo de 2014.
TOCANDO A BOIADA Boiadeiro conduz gado para outra pastagem em fazenda na região de Uberlândia, em Minas Gerais. Com preços dos grãos em queda, produtores apostam no rebanho para diversificar renda.
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TERÇA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015 Copyright © 2015 The New York Times
CUSTOS DO PETRÓLEO BARATO
Petróleo cai e força fim dos subsídios Por CLIFFORD KRAUSS
Na Arábia Saudita, o motorista paga cerca de US$0,12 o litro do combustível; na Venezuela, menos ainda. A energia é tão barata no Kuwait e no Catar que os moradores podem se dar ao luxo de refrigerar a água das piscinas enormes no verão – e sair de férias deixando o ar condicionado ligado na potência máxima. Em quase todo o Oriente Médio e os países em desenvolvimento os subsídios do governo barateiam a energia e estimulam o consumo, mas as autoridades estão começando a tirar vantagem da queda nos preços do petróleo e do gás natural para reduzir essa ajuda. Os cortes são só uma fração do total anual, mas os especialistas dizem que já começam a fazer diferença. O preço do petróleo caiu quase 50 por cento em relação ao pico do ano passado, quando o barril bateu nos US$110. Em 1« de janeiro, o governo da Indonésia suspendeu uma medida de 40 anos de subsídio da gasolina, permitindo que os preços na bomba subam e desçam de acordo com a flutuação global – e contanto que continue barata, os indonésios não vão ver muita diferença. Desde outubro a Índia aumentou as taxas do combustível e deixou de subsidiar o diesel; a Malásia fez o mesmo, também para a gasolina, no fim do ano passado. Angola, uma das maiores produtoras africanas, aumentou em vinte por cento os preços de ambos em dezembro. Gana também retirou os subsídios e a Nigéria deve aderir à medida após as eleições nacionais. O Irã cortou os subsídios da gasolina no início de 2014. “Muitos dos grandes produtores não têm opção a não ser aumentar o preço interno da energia e isso inclui não só os
Os custos artificialmente baixos podem atrasar o desenvolvimento combustíveis, mas a energia e a água, que é dessalinizada com os lucros do petróleo. Com menos dinheiro entrando, os países exportadores vão ter um incentivo fiscal maior para elevar esses valores”, afirma Jim Krane, especialista da Universidade Rice, em Houston, no Texas. Esses subsídios representam mais de US$540 bilhões/ano no mundo todo e durante décadas foram usados como muleta dos governos para comprar apoio político e oferecer alguma segurança, apesar de mínima e problemática, aos mais pobres – só que representam um atraso no desenvolvimento da economia e causam danos ambientais ao estimular o uso de combustíveis fósseis e desencorajar a eficiência. Em 2011, uma pequena mudança começou a ser sentida em partes do Oriente Médio e África, com a Jordânia, Egito, Marrocos, Sudão, Mauritânia, Tunísia e Iêmen elevando os preços da energia. A turbulência na região, porém, diminui o ritmo dessas alterações. Arábia Saudita, Rússia e Venezuela, três dos países com maiores índices de subsídios, fizeram pouco ou quase nada em termos de reformas. Talvez porque os cortes quase sempre levem a algum tipo de retaliação – como no Kuwait, onde já deu força à oposição. Eles foram também o estopim de uma séria turbulência política na Venezuela,
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MERIDITH KOHUT PARA THE NEW YORK TIMES
Em Caracas, tropas patrulham as filas de pessoas que querem comprar produtos básicos a preços subsidiados. Petróleo representa mais de 95% da renda
Escassez e crise no sistema de saúde atingem a Venezuela Por WILLIAM NEUMAN
CARACAS, Venezuela — Mary Noriega ouviu dizer que haveria galinha. Ela disse que odiava ser tratada “como gado”, esperando por horas em uma fila de mais de 1.500 pessoas para comprar comida enquanto soldados armados verificavam cartões de identificação para se certificar de que ninguém tentava comprar itens básicos mais de uma ou duas vezes por semana. Mas Mary, assistente de laboratório com três filhos, disse não ter escolha. As coisas tinham piorado tanto, disse, que ela já havia começado um esquema de troca com os vizinhos para por comida na mesa.
“Sempre soubemos que esse ano iria começar mal, mas acho que está péssimo”, disse. Os venezuelanos aturam escassez e longas filas há anos. Mas como o preço do petróleo, principal exportação do país, caiu, a situação ficou tão terrível que o governo enviou tropas para patrulhar filas enormes que se estendem por vários quarteirões. Alguns estados proibiram as pessoas de passar a noite nas portas das lojas, e funcionários do governo ficam a postos, prontos para prender quem tenta burlar o sistema de racionamento. A Venezuela depende da venda de petróleo para importar alimentos, remédios e outros itens básicos, mas mesmo antes do preço do petróleo cair, o país já estava no meio de uma profunda reces-
são, com uma das taxas de inflação mais alta do mundo e a escassez crônica de itens básicos. A escassez e a inflação são mais um desafio político para o presidente Nicolás Maduro, que prometeu continuar a revolução de inspiração socialista iniciada por seu antecessor, o carismático esquerdista Hugo Chávez. Estima-se que a Venezuela tenha as maiores reservas de petróleo do mundo. Quando o preço estava alto, sua exportação perfazia mais de 95 por cento da renda em moeda forte. Chávez usou a riqueza do petróleo para financiar despesas sociais, como o aumento de pensões e subsídio a supermercados. Agora a renda foi cortada. “Sempre fui chavista”, disse Mary,
usando o termo que designa um leal partidário de Chávez, mas “outro dia, encontrei uma camiseta com a foto dele, joguei no chão e pisei em cima, e depois usei para limpar o chão. Estava muito irritada”. Os economistas preveem agora que a escassez vai se agudizar e a inflação, que já está em 64 por cento, vai subir ainda mais. O preço do petróleo venezuelano foi de US$96 o barril, em setembro, para US$38, no mês passado. Maduro passou duas semanas seguidas em janeiro viajando pelo mundo na tentativa de conseguir investimento e convencer outras nações produtoras de petróleo a reduzir a produção para forçar a alta do preço. Depois de meses brincando com o ta-
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A Rússia tenta superar o desânimo Por NEIL MacFARQUHAR
SERGEI KARPUKHIN/REUTERS
A queda drástica no preço do petróleo é uma das principais ameaças à economia russa. Operários em um poço em Bashkortostan
MOSCOU — Com o preço do petróleo 50 por cento mais barato que no ano passado, o rublo desvalorizado, a recessão iminente e o país já tendo que usar o fundo de reserva, a economia russa está correndo contra o relógio – embora seja difícil até entender o tamanho do buraco segundo as medidas tomadas pelo Kremlin. O “pacote anticrise” recentemente divulgado pelo Ministro das Finanças, Anton Siluanov, parecia mais uma lista de compras de meias-medidas e uma promessa vaga de dez por cento de corte no orçamento. “O plano é uma bobajada, muito falatório e pouca ação”, resumiu o oligarca Aleksandr Y. Lebedev. O presidente Vladimir V. Putin foi sucinto, repetindo que, além de manter um controle rígido sobre as finanças do governo, “é preciso mudar a estrutura da economia”.
Apesar disso, empresários, economistas e ex-membros do governo esperavam que a reação do Kremlin fosse semelhante a de 2008, última vez que os preços do petróleo despencaram, administrando o desastre, mas não fazendo mudanças fundamentais. “Eles estão tentando se aguentar, usando de estratégia na esperança que o preço do petróleo suba; a intenção é fazer só uns ajustes e torcer para que a crise desapareça. Não há apetite para reformas drásticas. O negócio é esperar”, afirma Kenneth S. Rogoff, professor de Economia de Harvard. A questão é: será que os US$385 bilhões do fundo do governo vão durar até o barril voltar a subir? Rogoff, que também trabalhou no FMI, observa que os governos geralmente subestimam a rapidez com que as reservas nacionais são utilizadas.
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INTELIGÊNCIA
TENDÊNCIAS MUNDIAIS
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ARTES & DESIGN
A verdade sobre negociar com a Rússia Pág. 2
Quando Cupido é um velho fazendeiro irlandês Pág. 3
Estudos lançam dúvidas sobre o biocombustível
A desilusão de Björk vira álbum Pág. 8
O aeroporto de Newark em Nova Jersey tenta tornar mais tolerável a pior parte das viagens aéreas: esperar pelo voo no aeroporto de Newark. Os esforços são apenas um LENTE exemplo de como os aeroportos estão reconhecendo que o processo de voar, desde o check-in até o desembarque, parece projetado para torturar até o mais paciente dos passageiros. “Tudo o que acontece antes de pegar o avião tem o potencial de me enlouquecer”, contou ao The Times Robert Gogel, experiente viajante de negócios que vive em Envie comentários para nytweekly@nytimes.com
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Alívio para viajantes rabugentos Paris, mas diz que seu endereço é o assento 11D. Em Newark, a salvação pode vir através de um bando de iPads — 1.500 no total — que aguarda os viajantes no Terminal C, nas áreas de descanso e alimentação. O objetivo é tornar a espera suportável, permitindo que os passageiros naveguem na internet, peçam um hambúrguer com queijo, confiram voos e, em um futuro comercial mais utópico, comprem confortos como almofadas de pescoço, relatou o jornal. Aeroportos de vários locais estão instalando iPads em terminais, portões e restaurantes para acalmar os passageiros cansados, e estes parecem gostar da conveniência.
Em uma escala a caminho de Barcelona em meados do ano passado, Carmen Vega desistiu de usar seu próprio tablet por um oferecido no aeroporto de Toronto. “A gente carrega tanta coisa quando viaja”, ela disse ao Times, descrevendo a batalha para tentar encontrar o seu tablet. “Acabei usando o deles só porque era mais confortável.” No entanto, é preciso mais do que travesseiros de pescoço e redes wi-fi para contentar os passageiros, e por isso as mudanças chegam também à cabine do avião. O maior espaço para as pernas pode ser um sonho, mas há um novo tratado na guerra do compartimento de bagagem de mão que auxilia os passageiros
com inclinações musicais. Zachary De Pue, que toca na Orquestra Sinfônica de Indianápolis, tinha um post on-line que se tornou viral no ano passado, depois que foi proibido de embarcar com seu valioso violino. “Bach ficaria muito chateado”, disse De Pue em um vídeo feito na pista do aeroporto em Charlotte, Carolina do Norte. Porém, a partir de março, quando uma nova regra entra em vigor, as companhias aéreas americanas serão obrigadas a tratar instrumentos como qualquer outra bagagem, relatou Joe Sharkey ao The Times. Em outras palavras: quem chegar primeiro, leva, mesmo que o violão seja difícil de manejar.
Comissários de bordo não podem remover o instrumento depois que ele se instalou no compartimento e precisam pedir que você o verifique, “mesmo que o espaço ocupado pelo instrumento musical possa acomodar uma ou mais bagagens de mão”, diz a regra federal. E quem não estiver transportando um Stradivarius também irá se beneficiar. A medida deve reduzir discussões no corredor, disse Alfonso Pollard, diretor legislativo da Federação Americana de Músicos. Entretanto, se mesmo assim você padece nas mãos das companhias aéreas, a melhor solução pode ser sofrer em silêncio. Essa é a lição que Gogel aprendeu
durante seus muitos anos como viajante guerreiro. “Todas as minhas viagens me transformaram em um grande fã dos produtos de higiene pessoal gratuito que muitas vezes são distribuídos em voos internacionais”, disse ele se referindo aos pacotes que trazem protetor labial, creme para as mãos e outros itens básicos. “Lembro-me de uma vez ter comentado com um passageiro ao meu lado que hoje essas coisas são baratas e mal feitas se comparadas com o que costumavam ser”, continuou. “Depois de alguns minutos de conversa, descobri que o cara com que estava falando fabricava a maioria delas”. Qual é a lição? “Às vezes é melhor não falar nada”, ele disse. Ou então você pode se tornar o pesadelo de viagem de outra pessoa. NICOLE HILL
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TENDÊNCIAS MUNDIAIS Munique A coisa mais difícil para um comunista, como já foi observado, é prever o passado. Lembrei-me disso na Conferência de Segurança de Munique ao ouvir o ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, de um modo completamente soviético, sugerindo que, após a Segunda Guerra Mundial, “a União Soviética foi contra a divisão da Alemanha”. Todos riram; gargalharam. Os alemães se lembram do controle soviético no leste do país e no muro de Berlim. Porém, de certa forma, Lavrov estava certo: a União Soviética teria ficado bem feliz se controlasse toda a Alemanha, caso tivesse a oportunidade. Hoje, do mesmo modo, a Rússia do presidente Vladimir Putin ficaria feliz se controlasse toda a Ucrânia, que considera uma extensão de sua pátria, mas que foi iludida pelo Ocidente a se ver como um Estado independente. O desempenho do Lavrov aqui reflete o universo alternativo em que a nave espacial russa está Envie comentários para intelligence@nytimes.com
INTELIGÊNCIA/ROGER COHEN
Ilusões Ocidentais sobre a Ucrânia ancorada, quase um quarto de século após o colapso da União Soviética. A anexação da Crimeia pela Rússia foi, ele insistiu, uma revolta popular, o povo que “exigiu o direito à autodeterminação” conforme a Carta das Nações Unidas. Os ucranianos se envolveram em uma orgia de “violência nacionalista” caracterizada por limpezas étnicas contra judeus e russos. Os Estados Unidos foram guiados por um desejo insaciável de domínio global e, na Ucrânia, haviam orquestrado um “coup d’état” no ano passado que levou à deposição do Presidente Viktor Yanukovych. A Europa pós-1989 havia virado as costas à construção da “casa comum europeia”, diminuído a perspectiva de uma “zona econômica livre”, desde Lisboa até Vladivostok, em favor da expansão da OTAN rumo ao leste até os portões da
mãe Rússia. Vai sonhando, Sergei. Na verdade, a anexação russa da Crimeia acabou na marra com o significado de “integridade territorial” e “independência política” da Ucrânia, em uma clara violação do artigo 2 da Carta das Nações Unidas. Também acabou com o compromisso formal da Rússia no Memorando de Budapeste, de 1994, de respeitar as fronteiras internacionais da Ucrânia. A “violência nacionalista” que mais uma vez levantou questões de guerra e paz na Europa não vem de Kiev, mas de Moscou, onde Putin tem cultivado uma fábula absurda de cerco, humilhação e depredação ocidental para gerar histeria e justificar a agressão russa no Leste da Ucrânia. Da mesma forma, o fascismo que Lavrov tenta localizar na Ucrânia, através de alusões aos
ataques contra judeus e outros grupos étnicos, na verdade pode ser muito mais facilmente identificado em casa. Putin lembrou à humanidade que a frase “o fascismo precisa ser respeitado” é na verdade tão grotesca que beira a irracionalidade. O líder russo foi quem melhor invocou a história para transformá-la em farsa. E persiste no absurdo de que todas as forças russas e seu arsenal no Leste da Ucrânia são fruto da imaginação mundial. O “golpe” na Ucrânia de Lavrov não foi assim: foi uma revolta popular contra um fantoche russo corrupto coagido a afastar seu país de uma associação mais estreita com o Ocidente. Os ucranianos achavam que o fascínio de Varsóvia ou Berlim era maior que o da ensolarada Minsk. Quando ouvem “casa comum europeia” traduzem por “império soviético”.
Dois mais dois são cinco era um slogan soviético. Foi adotado em 1931 para apoiar a noção de que o plano de cinco anos de Stálin poderia ser concluído em quatro. Dois mais dois são cinco ainda é a “verdade” que emana de Moscou. Vale a pena recordar desse detalhe em todas as negociações sobre a Ucrânia. Muito se falou aqui sobre um possível cessar-fogo engendrado pela dupla França e Alemanha; sobre não haver uma “solução militar” para o conflito ucraniano; sobre se seria prudente o Ocidente enviar armas para apoiar o governo ucraniano (a chanceler Angela Merkel se opôs); e sobre a necessidade de ser firme, pelo menos em discurso. Está na hora de cair na real com relação a Putin. Ele não instalou tanques e sistemas de lançamento de foguetes na fronteira ucraniana porque não vai
se contentar com nada menos do que uma Ucrânia enfraquecida, minada pelo conflito na região de Donetsk, um país com seu próprio enclave pró-Rússia, à la Abkhazia ou Transnístria, firmemente sob a influência russa: o símbolo de sua estratégica definitiva se afasta do Ocidente e se volta para o confronto que o sustenta agora que o preço do petróleo e a moeda despencaram. Ele não vai deixar a Ucrânia em paz. Há uma linguagem que Moscou entende: mísseis antitanque, radares, drones de reconhecimento. Reforçar o exército ucraniano com essas e outras armas. Alterar a análise de custo-benefício de Putin. Há riscos, mas nenhuma política é isenta de riscos. Lembrar que a Ucrânia abriu mão de mais de 1.800 ogivas nucleares em 1994 em troca desse compromisso falso da Rússia de respeitar sua soberania e suas fronteiras. Certamente ela conquistou o direito a algo além de óculos de visão noturna. A atual diplomacia ocidental com relação à Ucrânia tem ilusão demais e realismo de menos. Dois mais dois são quatro, na guerra e na paz.
Os baixos preços estão levando a cortes Continuação da pág.1 em 1993, na Indonésia, em 1998, e mais recentemente, na Nigéria, Jordânia e Equador. Agora, apesar da tensão política a toda na região, Kuwait, Omã e Abu Dhabi começaram a reduzir subsídios da energia, diesel e gás natural. Países como Índia, Egito e Indonésia, que importam grande parte do petróleo que consomem, esperam não só economizar com os subsídios, mas diminuir o consumo de energia para melhorar a balança comercial. Já para os países produtores como Omã e Kuwait, a redução representa economia quando o ganho com as exportações é muito menor. E tanto nas nações produtoras como consumidoras, os fundos que os financiam podem ser usados em programas sociais e outros investimentos. “Graças a estudos realizados no México, África e Ásia, descobrimos que esses subsídios não acabam nas mãos dos mais pobres. Na verdade, eles oneram o orçamento federal necessário para assistir os mais carentes e, em vez disso, acabam beneficiando a classe média e os mais abastados”, explica Amy Myers Jaffe, especialista em energia da Universidade da Califórnia em Davis. Sultan Ahmed al-Jaber, ministro de Estado dos Emirados Árabes Unidos e presidente da Masdar, empresa especializada em tecnologia de energia limpa, disse em uma conferência regional em janeiro que o excedente da redução de subsídios pode ser redirecionado para a melhoria dos sistemas energéticos e a transformação da economia, criando empregos, estimulando o crescimen-
to e educando as gerações futuras. Os EUA, como a maioria dos países desenvolvidos, não subsidiam o consumo de energia nem controlam os preços dos combustíveis, embora os ambientalistas denunciem o fato de as empresas petrolíferas receberem incentivos fiscais pela exploração – e já começou o debate sobre um aumento da gasolina para permitir melhorias na infraestrutra, além de diminuir a demanda. Com o preço do petróleo pela metade, cortar subsídios é reduzir ao meio as despesas do governo em tempos de estresse financeiro. A Arábia Saudita, por exemplo, hoje consome 25 por cento de sua produção; nos anos 70 eram apenas três por cento; a mudança se deve a uma população maior e mais próspera, além da dependência do petróleo para produção de energia. Ao mesmo tempo, significa lucros menores para as companhias exploradoras da região, impedindo avanços tecnológicos e de exploração. O aumento do consumo de petróleo no Oriente Médio e no mundo em desenvolvimento alija as reservas globais em milhões de barris/ dia, forçando assim os aumentos da última década. Há anos o FMI e o Banco Mundial vêm pedindo que os produtores e os governos desses países cortem os subsídios. “O excesso de consumo gera impacto negativo no trânsito, na saúde e no meio ambiente. Os subsídios também desencorajam investimentos no setor energético, ao mesmo tempo em que estimulam o contrabando, que pode levar à escassez dos produtos subsidiados”, diz o relatório do Fundo Monetário Internacional divulgado em outubro.
DEDI SAHPUTRA/EUROPEAN PRESSPHOTO AGENCY
Os governos dos países que importam muito petróleo pretendem economizar e reduzir o consumo de energia cortando subsídios. Indonésios aguardam para abastecer suas Vespas
FOTOGRAFIAS DE MERIDITH KOHUT PARA THE NEW YORK TIMES
Escassez e crise atingem a Venezuela Continuação da pág.1 bu político de aumentar o preço da gasolina vendida aqui, a mais barata do mundo, ele disse que finalmente tinha chegado o momento de fazê-lo. No dia 6 de fevereiro, Maduro ordenou a apropriação de uma rede de supermercados acusada de esconder produtos como parte de uma “guerra econômica” contra seu governo. Embora ele não tenha dado o nome da empresa, referia-se à cadeia Día a Día, que possui lojas em bairros mais pobres. Nesse mesmo dia, acusações criminais foram arquivadas contra um gerente de uma cadeia de supermercados acusado de desestabilizar a economia. Acusações semelhantes já tinham sido arquivadas contra dois executivos da maior rede de farmácias do país, a Farmatodo. Muitos economistas argumentam que as políticas do governo são uma grande parte do problema, incluindo a moeda supervalorizada, o controle de preços que desestimula fabricantes e agricultores e restrições governamentais no acesso aos dólares que levaram a uma grande queda Catalina Lobo-Guerrero e Patricia Torres contribuiram com a reportagem
A Rússia pretende superar o desânimo Continuação da pág.1 Para os especialistas em energia, pode levar um bom tempo até que o valor atual, que é de menos de US$50, ganhe fôlego para voltar à média dos US$100 dos últimos anos. Há a possibilidade, porém, de a Arábia Saudita ajudar. Há tempos os sauditas vêm pressionando Putin para desistir do apoio ao presidente sírio, Bashar
al-Assad – e reafirmam sua influência, resultado da capacidade de redução da produção, o que faria subir os preços. Não se sabe até que ponto seus representantes foram explícitos ao definir a relação da situação do petróleo com a questão síria nas negociações em Moscou, mas qualquer demonstração de enfraquecimento do suporte russo a Assad pode ser um dos primeiros
INTERNATIONAL WEEKLY NANCY LEE Executive editor TOM BRADY Editor ALAN MATTINGLY Managing editor The New York Times International Weekly 620 Eighth Avenue, New York, NY 10018
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sinais de que o tumulto no mercado petrolífero está causando um impacto no estadismo global. Enquanto isso, as medidas russas para proteger a economia incluem uma injeção de mais de US$22 bilhões para os bancos e principais estatais. O plano blinda dois tesouros eleitoreiros de Putin: a população idosa e os membros da segurança – e vai usar mais de US$2,7 bilhões para equiparar a aposentadoria, castigada pela inflação que chegou a 11,4 por cento no ano passado. Não foram anunciados cortes nos gastos militares. O governo vai destinar US$700 milhões para a agricultura. O objetivo é ajudar os agricultores a aumentar a produção e frear a disparada de preços ocorrida com a proibição de exportação de
das importações. Em entrevistas, consumidores disseram que a crise econômica significava comer sardinha em lata em vez de galinha, ou alimentos cozidos em vez de fritos, porque está difícil encontrar óleo vegetal. Muitos disseram que comem carne com menos frequência porque não a encontram ou está muito cara. Peixe fresco pode ser mais difícil de encontrar, em parte porque, segundo os pescadores, é mais rentável usar seus barcos para vender diesel venezuelano subsidiado no mercado negro em vez de propriamente pescar. A mídia social aqui está cheia de apelos urgentes de pacientes que tentam encontrar medicamentos de prescrição. Gastón Silva, chefe da cirurgia cardiovascular do Hospital da Universidade de Caracas, disse que, por causa da escassez de produtos médicos, apenas cerca de 100 operações cardíacas foram realizadas no ano passado, que somavam 300 ou mais em anos anteriores. Alguns pacientes que tinham sido hospitalizados aguardando cirurgia durante um mês ou mais foram mandados para casa em novembro porque não havia suprimentos suficientes, e as salas de cirurgia permaneceram fechadas
por mais de oito semanas, disse Silva. Ele afirmou que a escassez se deve ao controle cambial do governo, que impediu que importadores tivessem acesso ao dinheiro que precisam para fazer compras no exterior. “Estamos em um momento difícil”, ele disse. “Se uma coisa está em falta, tudo bem. Se não houver peças para carros, damos um jeito. Comida é problemática. Mas a saúde é extremamente problemática.” Em uma manhã recente, centenas de pessoas faziam fila na frente de um supermercado atacadista. Lá dentro, muitas prateleiras estavam vazias. A grande seção de eletrodomésticos e eletrônicos estava vazia. Não havia carne fresca; um freezer estava cheio de pés de porco congelados. A maioria das pessoas veio comprar apenas três itens vendidos por preços controlados pelo governo: sabão em pó, óleo vegetal e farinha de milho. Cada compra entrava em um banco de dados, garantindo que os compradores não tentariam comprar os mesmos artigos controlados por pelo menos sete dias. Soldados patrulhavam a fila do lado de fora, policiais estavam do lado de dentro e funcionários do governo checavam cartões de identificação, verificando se
O presidente russo Vladimir V. Putin e o rei Salman da Arábia Saudita, em novembro. Na época, ele era o príncipe herdeiro leo vai se recuperar logo e na bravata de que os russos FOTO DE ROB GRIFFITH suportam qualquer alimentos do Ocidente, retaliacoisa, inclusive comer menos, pela pátria. ção pelas sanções impostas pela Recentemente no Fórum GaiUnião Europeia e EUA pela anexação da Crimeia e as ações no dar, principal conferência ecoleste da Ucrânia. nômica realizada no país, três Os aumentos chegaram a supeanalistas ofereceram visões bem diferentes da economia nacional. rar os quinze por cento em 2014 O primeiro-ministro Dmitri A. – e alguns itens básicos, como o Medvedev definiu a dependência açúcar, chegaram a subir 40 por nas exportações de matérias-pricento. A reação do Kremlin se fia na mas “coisa do passado”, sem dizer confiança de que o preço do petrócom o que as substituirá.
Medicamentos e mantimentos escasseiam em Caracas; lojas têm poucos alimentos básicos algum deles era falsificado para ser usado para burlar o sistema de racionamento — ou para encontrar imigrantes com vistos expirados. Um funcionário da Imigração disse que criminosos seriam presos. “É patético”, disse Yenerly Niño, de 18 anos, acrescentando que esperava há mais de cinco horas para comprar os três produtos subsidiados. “Você faz o que precisa ser feito. Se não fizer, não come”, disse ela.
Alexei Ulyukayev, ministro do Desenvolvimento Econômico, afirmou que a Rússia tem dinheiro suficiente para superar as dificuldades até retomar o crescimento, daqui a um ano ou dois. Só Siluanov, o ministro das Finanças, mostrou preocupação ao dizer: “Não há paz no Ministério, só tensão”. Lebedev propôs medidas imediatas para estimular o crescimento econômico, incluindo a desregulamentação do setor madeireiro, subsídio dos financiamentos agrícolas e a expansão do setor da construção com a liberação de terras públicas. Os analistas garantem que, por enquanto, não há pânico no Kremlin. Igor Yurgens, presidente do Instituto de Desenvolvimento Contemporâneo, organização de pesquisa liberal, disse: “É tolerável. Ainda temos vodca, comida na mesa e pepino em conserva. Daremos um jeito”.
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THE NEW YORK TIMES INTERNATIONAL WEEKLY
TERÇA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
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TENDÊNCIAS MUNDIAIS
Cultura faz cidade esquecer a guerra Por RICK LYMAN
DONETSK, Ucrânia — Mal dava para ouvir o bombardeio graças às grossas paredes de pedra do Teatro da Academia Nacional de Ópera e Balé de Donetsk. Poderia ser um bonde passando pela Rua Artem. Mas houve um momento, quando Sylva fez sua entrada triunfal em uma recente apresentação de “Gypsy Princess”, de Emmerich Kalman, que uma forte explosão fez o resistente piso tremer. “No teatro, há uma regra que diz que, mesmo na guerra, o show deve continuar”, diz Andrey Kornienko, diretor de publicidade da Ópera. “É nosso dever fazer nosso trabalho, para apoiar as pessoas emocionalmente e trazer arte a elas.” Em um fevereiro excepcionalmente quente, a neve desapareceu das avenidas de Donetsk, mas os combates entre os rebeldes pró-Rússia, que controlam a região, e o exército ucraniano continuam nos arredores da cidade. Recentemente, pelo menos cinco pessoas morreram sob uma barragem de artilharia que também danificou um hospital, seis escolas e cinco jardins de infância, disseram as autoridades locais. Pessoas morrem quase que diariamente. De noite, a maioria dos postes de luz está quase sempre apagada ou piscando. A pressão da água é instável. “Todo mundo presta muita atenção ao que está acontecendo na linha de frente”, disse Vitaly Kobrik, diretor-adjunto de um complexo de esportes para jovens que está lutando para permanecer aberto. “O que é isso? Apenas pessoas se matando. Ninguém presta muita atenção ao que acontece com o
povo que está tentando viver aqui nessas circunstâncias.” A conceituada ópera continua com sua programação regular, assim como o teatro vizinho. O planetário fica aberto todo fim de semana. Muitos cinemas estão funcionando. Vários shoppings mantiveram suas portas abertas, embora a maioria das lojas esteja escura. No centro de exposições Art Donbass, obras do Sindicato de Jovens Artistas foram exibidas recentemente ao som de uma versão de “I Will Survive”. O tema da mostra foi “Esperança, Fé e Amor”. Kseniya Shevchenko, líder do grupo, disse que apenas sete dos 10 membros permaneceram em Donetsk. “Eu tento não deixar a guerra influenciar meu trabalho. É tudo muito triste, muito cinza”, diz ela. No Complexo Circense Estadual de Donetsk, o diretor Juriy N. Kukuzenko caminhava pelo picadeiro vazio. Em tempos normais, o circo poderia atrair sua plateia de uma população regional de cinco milhões, mas como várias cidades estão vazias, o público encolheu. Artistas itinerantes pararam de vir para a região. “Acabamos percebendo que estamos cansados de sentir medo o tempo todo”, diz Kukuzenko. Em dezembro, o circo organizou um festival para jovens artistas. Mais de 120 pessoas participaram, e a audiência foi grande. Em janeiro, houve uma série de 10 apresentações. A experiência convenceu o circo de que as pessoas queriam entretenimento. Mais shows irão estrear assim que os bombardeios diminuírem. O Palácio de Esportes Dínamo
Residentes de Donetsk, na Ucrânia, dizem que atividades culturais são um alívio no meio de bombardeios e mortes da guerra. Yuri Dulumbaji no Teatro da Academia Nacional de Ópera e Balé de Donetsk; cobrindo um corpo em uma área residencial
BRENDAN HOFFMAN PARA O JORNAL THE NEW YORK TIMES; ABAIXO, DOMINIQUE FAGET/AGENCE FRANCE-PRESSE — GETTY IMAGES
fica perto do centro da cidade, em frente a um café atingido por um bombardeio que também destruiu muitas janelas do ginásio. A instalação é famosa na Ucrânia por ter formado estrelas da ginástica como Liliya Podkopayeva, que ganhou o ouro olímpico em 1996. Em tempos normais, a instalação oferece aulas de arco e flecha, boxe, natação, artes marciais e outras atividades, mas agora apenas as jovens ginastas aparecem. “Muitos não conseguem dormir a noite toda por causa dos bombardeios, mas mesmo assim comparecemos”, disse Liliya Pugachyova, que ajudou a treinar Podkopayeva. “Mantemos as crianças em forma e suas mentes em um lugar diferente, longe da guerra.” Antes do conflito, cerca de 60 meninas compareciam para o treinamento diário, disse Kobrik, o diretor-adjunto. Agora são apenas 20.
Na Grécia, procuram se ‘enfermeiras’ sem diploma
Usar o serviço de enfermeiras ilegais se tornou comum na Grécia. Até Fotini Katsigianni, que é enfermeira chefe, recebeu uma proposta quando foi visitar o marido internado
Por DANNY HAKIM
ATENAS — Fotini Katsigianni usa um chapéu branco que se destaca no topo de sua cabeça. Ela é a enfermeira chefe do Hospital Evangelismos, um dos mais importantes da capital. E ficou muito surpresa quando, no mês passado, foi abordada por um homem em um dos corredores da instituição. Na época, seu marido estava internado ali. O estranho lhe entregou um cartão e virou o rosto para que ela não pudesse identificá-lo. E lhe ofereceu uma enfermeira a um preço reduzido. “Ele disse que, por trinta euros, eu poderia ter o que quisesse!”, ri Fotini da ideia de tentarem vender os serviços de uma profissional ilegal a uma enfermeira chefe. Primeiro, os homens apareciam nos hospitais da Grécia durante o horário de visita e deixavam o cartão de visita; aí as mulheres chegaram à noite, geralmente vindas de países como Geórgia, Romênia e Bulgária – as enfermeiras que não são enfermeiras de verdade. Com a situação calamitosa das finanças, a Grécia praticamente implodiu seu sistema de saúde pública. A cobertura universal acabou sob as medidas de austeContribuiu Aggelos Petropoulos
Trina Bugayova punha as roupas de inverno em sua neta de seis anos, Asya, depois do treino. “Quando sei que o bombardeio não está tão ruim, a gente vem para o treinamento. Não dá para
ridade impostas pelos termos do resgate do país. Os cortes de orçamento também reduziram o número de enfermeiras disponíveis nos hospitais. Embora há tempos a opção da profissional particular faça parte do sistema de saúde grego, a crise econômica deixou muitos pacientes sem condições financeiras ou cobertura de plano para contratá-la. Em vez disso, a procura é pelas enfermeiras ilegais, geralmente imigrantes com pouco ou nenhum treinamento. Segundo um membro do alto escalão do governo, metade da mão de obra do setor é fornecida por esses meios, e o número pode chegar a 18 mil. A frustração entre os gregos em relação à deterioração do padrão de vida ajudou a impulsionar o partido esquerdista Syriza, que subiu ao poder em janeiro prometendo rejeitar a política de austeridade. As enfermeiras ilegais geralmente fingem ser da família ou empregada de longa data do paciente, mas, na verdade, as agências que as empregam é que mandam os homens aos hospitais para distribuir cartões oferecendo doze horas de trabalho por menos de US$60. Só
em todas as clínicas e hospitais”, conta Dimitrios Papachristou, do Instituto de SeguEIRINI VOURLOUMIS PARA THE NEW YORK TIMES rança Social, agência para comparar, uma contratada de estatal que fornece seguro e penoutro hospital, o Sotiria, custa quasão para 2,2 milhões de trabalhase US$70 por 6 horas e 40 minutos, dores gregos. embora aqueles que tenham plano Porém, algumas enfermeiras de saúde recebem o reembolso de categorizadas que estão tendo um terço desse valor. problema para encontrar empreE isso é só o começo. Quase tudo go são imigrantes – como Eleni pode ser alugado. “O mesmo vale Souli, albanesa de 41anos que se para aparelhos de TV, ambulâncasou com um grego e recentecias, leitos”, comenta Anastasios mente teve que disputar uma vaga Grigoropoulos, do Evangelismos. com outras oito candidatas. Todas Estranhos chegam carregando estudaram de dois a quatro anos cadeiras para alugá-las aos papara obter o diploma e demonstrarentes em visita. ram sua frustração. A administração diz que lhe fal“Elas não são enfermeiras”, reclamou Eleni, referindo-se às ta jurisdição legal para agir sem ilegais. intervenção policial. “Por causa O Dr. Miltiadis Papastamatiou, da crise, nos últimos três anos só diretor do Hospital Sotiria, explicresceu o número de enfermeiras ilegais. Não podemos fazer nada”, ca que as enfermeiras que se apolamenta Grigoropoulos. sentam raramente são substituíAlguns dias antes, o Evangelisdas e a consequência é que nem as necessidades dos pacientes, nem mos tinha passado por uma batia do quadro de funcionários são da. Várias profissionais ilegais foatendidas, embora tentem miniram detidas, mas esse é um evento raro porque a polícia também mizar o problema no Sotiria. sofreu muitos cortes. Todas as Uma funcionária de lá, porém, agências públicas estão no limite. que se manteve anônima por meA onda de imigrantes que comedo de perder o emprego, reconheçou a chegar nos anos 90, criou ce a gravidade do caso. uma rede de mão de obra barata. “Nós sabemos o que está acon“Elas são usadas no preenchitecendo. Todo mundo sabe”, resumento das vagas, ou seja, estão me, dando de ombros.
DIÁRIO DE LISDOONVARNA
Casamenteiro tenta acompanhar as mudanças Por SALLY McGRANE
LISDOONVARNA, Irlanda — Depois de 50 e poucos anos trabalhando com combinações amorosas, Willie Daly vê suas prioridades mudarem. Criador de cavalos por profissão, ele é também um dos últimos casamenteiros tradicionais da Irlanda, mais conhecido por presidir o festival anual romântico em Lisdoonvarna, um evento realizado durante uma semana, no outono, famoso pelas danças que duram o dia inteiro e os pedidos de casamento espontâneos, geralmente feitos tarde da noite. O livro que ele herdou do pai, agora inclui “preferências pessoais”, por exemplo, como viagens. Já em uma resposta dada na época do seu pai se lê: “Doze vacas”. Daly – que acha que está com 70 e poucos anos, mas não tem certeza porque conta que o padre que mantinha os registros bebia demais – conduz os negócios no pub durante a realização do evento.
Por uma pequena taxa (de US$10 a US$15), ele anota os detalhes de quem está procurando namorado(a) no tal volume, tão recheado que tem que ser fechado com um cadarço e fita adesiva. E Daly garante que o livro tem poderes românticos sobrenaturais. A seguir, ele pode apresentar uma pessoa a outra, comprar uma bebida para a mulher, incentivar o homem a ir dançar. “É muito uma questão de mágica. Não acredito em muito falatório”, afirma. Durante o resto do ano, continua na missão de encontrar o par ideal para as pessoas por correspondência e telefone, embora tenha recebido visitas até de Nova York na sede da fazenda, no condado de Clare. “Eu sei que muita gente está apelando para a Internet agora, mas é um lance frio; é só uma máquina”, constata. Daly calcula que tenha “dado um empurrãozinho” em cerca de três mil casamentos — mas nessa
A vida na fazenda, criando cavalos e arranjando parceiros região da Irlanda, ainda há muito trabalho a fazer. “São homens bons, decentes mesmo, que não se casaram e hoje, com 60, 70 anos, sabem que não tem ninguém que vá cuidar da fazenda. Quando morrerem, a propriedade será vendida e é uma personalidade tranquila, meiga, um estilo de vida que se acaba”, divaga. Segundo ele, os desejos das mulheres foram os que mais mudaram. “Antigamente, elas só precisavam de um teto sobre a cabeça, uma casinha que fosse delas. Hoje também fazem questão de gostar do cidadão”. Daly, que por acaso está se di-
vorciando, também ajuda aqueles que só querem namorar. De uns tempos para cá cresceu o número de forasteiros. E embora a química entre mulheres norte-americanas e homens irlandeses seja instantânea, explica que outras combinações são mais difíceis. Os italianos simplesmente não bebem o suficiente para serem considerados românticos. “Os pedidos são mais frequentes se a pessoa já estava bebendo”, ensina. Os norte-americanos às vezes têm umas exigências estranhas. “Um sujeito escreveu dizendo que a futura noiva tinha que ser ‘intocada pelo bisturi’”, conta Daly, que também confessa que a filha teve que explicar o que aquilo significava. “Por aqui cirurgia cosmética é colocar dentadura nova”. Rory O’Neill, ativista dos direitos gays, disse que ficou confuso ao ver a sigla “MT” ao lado dos nomes. O que significa? “Muita terra”, Daly respondeu.
manter as crianças sentadas em casa”, diz ela. Lydya Kachalova foi cantora da ópera por 30 anos, e 25 mais como gerente de palco. Ela comemorou seu oitenta anos no mês passado e
sentou-se no seu posto ao lado do palco trajando um blazer vermelho engomado. “Isso é o que me ajuda a enfrentar a situação”, diz ela tocando um sino para orientar os artistas a tomarem seus lugares. “Para mim, isso não é um emprego. É o único lugar onde consigo relaxar”. Antes da guerra, o coro tinha 75 artistas. Agora tem menos de 30. Todos os quatro regentes também fugiram. Um dos violinistas estava conduzindo “Gypsy Princess” naquela tarde. Nos bastidores, Roman Belgorodsky, um dos bailarinos, trajando cartola e casaca, se preparava para entrar no palco. “É difícil manter sua mente no trabalho por causa do conflito”, diz Belgorodsky, de 23 anos. “Mas o barulho das explosões não é tão alto aqui, então isso me ajuda a esquecer. Mas depois, tenho que sair e voltar para a dura realidade.”
Heroína volta a ser vendida em Mianmar Por THOMAS FULLER
BANG LAEM, Mianmar — Dez anos atrás, parecia que Mianmar ia conseguir acabar com os “campos de ópio” e os laboratórios de fabricação de heroína na floresta ao longo da fronteira oriental, no chamado Triângulo Dourado. Hoje, todos os vales da região estão cobertos de papoulas. Segundo a ONU, a área do cultivo no país praticamente triplicou desde 2006, chegando perto de 61 mil hectares. Há agricultores que fazem duas colheitas por ano. Plantar papoula é ilegal em Mianmar, mas os produtores dessa região remota e desesperadamente pobre alegam não ter muitas opções. “Não queremos cultivar papoula para o resto da vida. Sabemos que não é bom para a sociedade e que outros países não gostam, mas por enquanto não tem outro jeito para a gente”, afirma Sang Phae, 36 anos. Mianmar continua em segundo lugar, perdendo de longe para o Afeganistão, na produção global de ópio, principal ingrediente da heroína, mas a que é feita no Triângulo Dourado é famosa pela alta qualidade – e consegue preços muito mais altos, principalmente na China, que parece ser seu principal mercado. Embora o governo controle as cidades maiores da região, as terras altas são terreno das milícias e exércitos étnicos, o que as torna o novo centro da comercialização da substância. A volta de Mianmar ao tráfico de drogas coincide com a tentativa do país de se recuperar das cinco décadas de isolamento perpetradas pela ditadura. “O Exército birmanês, que enfrenta vários grupos étnicos armados – mesmo que o governo garanta que está em paz – usa de cautela na repressão às drogas porque teme que a medida ponha em risco as alianças frágeis que conquistou com outras milícias. Há vários grupos paramilitares que continuam a existir porque o governo precisa deles”, revela John M. Whalen, diretor da Agência de Combate às Drogas dos EUA em Mianmar, que deve se aposentar em junho. Aqui em Bang Laem, a papoula é plantada na região montanhosa controlada pelos adversários de longa data do governo, a facção do Exército do estado de Shan. Conhecida como “zona negra”, a região está praticamente inacessível aos estrangeiros. Para os produtores acostumados ao conflito – quase todo mundo tem uma história de fuga durante os confrontos entre facções/milícias rivais – a papoula Contribuiu Wai Moe
é uma cultura rentável e de baixo risco. O cultivo dura apenas quatro meses e é bem prática: a safra média de um ano cabe inteira dentro de uma fronha. “Para muita gente nesse país o ópio não é problema, é solução – é a opção do pequeno produtor de aumentar a renda e comprar sal, arroz, remédio e outros itens básicos”, diz Tom Kramer, pesquisador do Instituto Transnacional, que rastreia as drogas ilícitas. Os negociantes compram o ópio in natura, assim que a papoula é colhida, mas os moradores também reconhecem os aspectos violentos do setor, que incluem as exigências de pagamento de propina, quase sempre sob a mira do fuzil. “Você pode ganhar duas, até três vezes o que investe, mas acaba tendo que pagar ‘taxas’ para muita gente”, explica Ba 480 Quilômetros
ÍNDIA
CHINA Triângulo Dourado
Bang Laem MIANMAR Golfo de Bengala
Mar de Andaman
VIETNÃ LAOS
TAILÂNDIA CAMBOJA
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A heroína do Triângulo Dourado é vendida a preços altos na China
Sang Jyan, de 73 anos, que tem uma plantação em seu quintal. E a lista daqueles que lhe extorquem dinheiro é longa: a polícia, o Exército Nacional, o Exército do estado de Shan e os oficiais da inteligência. A ONU conseguiu convencer algumas famílias daqui a dedicar parte de seus campos ao café como parte do projeto-piloto liderado por Jochen Wiese, funcionário da agência antidrogas da organização que passou três décadas no Peru e implantou uma iniciativa semelhante de substituição para os produtores de coca. Os agricultores se dizem dispostos a investir no café, mesmo levando três anos para o início da produção de grãos, mas não estão prontos para abandonar a papoula. “A gente adoraria parar de produzir ópio o mais rápido possível, mas se plantar só café, não vai ter nada para comer”, resume Nang Wan, de 23 anos que, com o filho no colo, observa o marido na lavoura.
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TERÇA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
TENDÊNCIAS MUNDIAIS
Traficantes se aproveitam de sírios Por CEYLAN YEGINSU
SIDA, Turquia — Ele saiu de casa, na Síria, há mais de um ano e, segundo conta, participou de mais de uma dezena de viagens malfadadas para as terras prometidas da Europa Ocidental. Nunca conseguiu chegar lá. Na última tentativa, o pesqueiro em que estava afundou, matando 44 pessoas, inclusive um de seus amigos. “Fiquei na água umas onze horas antes de ser resgatado pelos turcos. Foi aí que percebi que nunca ia conseguir chegar a Europa – e decidi ficar para ajudar os outros a irem para lá”. E a decisão provou ser bem rentável para homem conhecido apenas pelo pseudônimo, Abu Mohammed. Ele é uma das peças-chave em uma vasta operação de contrabando de imigrantes com base na Turquia que continua a crescer, já que a guerra civil na Síria parece longe de acabar – e fatura US$500/ passageiro organizando cargueiros enormes, fornecidos por empresários sírios, para levar seus conterrâneos para a Europa. Trabalha com três “sócios” e afirma ter transferido milhares de pessoas nos últimos quatro meses. Apesar da natureza lucrativa de seu negócio, ele insiste que o grupo é motivado pelo desejo
Mais pessoas tentam a viagem arriscada para Europa de ajudar os compatriotas. Abu Mohammed diz que faz questão de garantir que todas as embarcações sejam navegáveis. “Muitos dos traficantes aqui são sírios e somos todos tementes a Deus. Em cada navio tem um membro da família, um conhecido, mãe, filho. Não queremos mandar ninguém para a morte.” Mais de três milhões de sírios fugiram da guerra civil que aflige o país há mais de quatro anos, a maioria para a Turquia, Jordânia e Líbano, que enfrentam dificuldades em receber tanta gente — mas vem crescendo o número de pessoas que apelam para os contrabandistas para poderem chegar à Europa. No ano passado, 200 mil imigrantes – sendo mais da metade da Síria e Eritreia – chegaram ao continente; em 2013, foram 63 mil, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Milhares morreram tentando atravessar o Mediterrâneo em barcos decrépitos. Abu Mohammed jura que nenhum dos que gerenciou sofreu danos. Não foi possível verificar a informação, mas antigos passageiros afirmam tê-lo escolhido pela fama que tem de levar os refugiados em segurança. De uns meses para cá, o tráfico
começou a “jogar” os fugitivos na rota que percorre o litoral oriental da Turquia, simplesmente colocando a embarcação rumo à Europa e abandonando-a, certos de que as Guardas Costeiras europeias se sentirão na obrigação moral e legal de resgatá-la. Os navios são um pouco menos perigosos que os pequenos barcos usados antigamente, mas ainda assim não são seguros. Em janeiro, dois cargueiros caindo aos pedaços que levavam quase mil pessoas foram abandonados durante uma tempestade e resgatados por barcos europeus. Abu Mohammed despacha seus “clientes” nas enseadas próximas ao pequeno balneário de Sida. Há pouco tempo, usando pesqueiros, ele conseguiu mandar 200 refugiados sírios para um cargueiro que aguardava em águas internacionais, a cerca de 56 km da costa. Ali, eles aguardaram outro grupo para seguirem para a Itália. Um deles, Mohammed al-Nasir, de 24 anos, passou o último ano em Istambul, trabalhando em limpeza, mas conseguiu economizar o suficiente para a viagem. A maioria dos sírios de classe média tem que vender a casa para comprar as passagens. “Com tudo o que vimos e passamos, estamos preparados para sacrificar tudo só para ficar num lugar melhor. Não temos medo de enfrentar o mar porque deixamos um risco muito maior para trás. Só queremos ir embora”, desabafa. O fluxo de refugiados na Turquia aumentou na mesma proporção em que os esforços europeus para pegar os traficantes e resgatar os imigrantes caiu. Em outubro, uma iniciativa de busca e resgate italiana chamada Mare Nostrum foi substituída pela missão Triton, liderada pela União Europeia, como poderes bem mais limitados. Assim, o país se transformou em um novo centro de contrabando, com muitos agentes operando na cidade portuária de Mersin. Eles empregam “olheiros” para encontrar clientes nas cidades em que há um número maior de refugiados. As redes sociais são usadas para anunciar os “serviços” e os imigrantes também utilizam grupos do Facebook para eleger os melhores traficantes e comparar preços, que variam entre US$4 mil e US$6 mil. A atividade nos portos turcos, cada vez mais intensa, chamou a atenção das autoridades – tanto que, nas últimas semanas, Mohammed e seus colegas têm visto patrulhas da Guarda Costeira turca com muito mais frequência. O governo já admitiu que acabar com o fluxo de imigrantes é impossível. “Nós já recebemos quase dois milhões de sírios, enquanto a Europa assumiu o mínimo possível. É natural que os refugiados procurem formas de chegar até lá”, diz um funcionário do governo que não quis se identificar.
Mais de três milhões de pessoas já fugiram da guerra civil na Síria. Um migrante na Turquia pagou para ser levado por um grupo de traficantes para a Europa AYMAN OGHANNA PARA THE NEW YORK TIMES
ACIMA, À ESQUERDA: AL YOUM AL SAABI/REUTERS; ABAIXO, À ESQUERDA: MAHMOUD TAHA/EUROPEAN PRESSPHOTO AGENCY; DIREITA, ACIMA E ABAIXO: EMAD EL-GEBALY/AGENCE FRANCE-PRESSE — GETTY IMAGES
A morte de Shaimaa el-Sabbagh no dia 24 de janeiro foi capturada em fotos e vídeos; esquerda, seu funeral no dia seguinte
Egito lamenta a morte de poetisa Por DAVID D. KIRKPATRICK
CAIRO — Seus amigos queriam colocar uma coroa de flores na Praça Tahrir, como um memorial, mas Shaimaa el-Sabbagh os fez reconsiderar. Ela temia que a polícia atacasse, confundindo-os com apoiantes do proscrito grupo Irmandade Muçulmana , disse seu primo, Sami Mohamed Ibrahim. Seus amigos perguntaram como a polícia poderia atacar civis que estavam armados apenas com flores. Então, ela se despediu de seu filho de cinco anos, Bilal; deixou-o sob os cuidados de um amigo perto de sua casa em Alexandria e embarcou em um trem para o Cairo. Na tarde de 24 de Janeiro, Shaimaa, de 31 anos, estava morta em uma rua no centro da cidade, um símbolo potente da força letal que autoridades egípcias adotaram para silenciar a dissidência que se iniciou há quatro anos. Fortes imagens de sua morte se espalharam por todos os lados aqui, tanto que, em uma aparição na televisão no dia primeiro de fevereiro, até mesmo o presidente Abdel Fattah el-Sisi ofereceu suas condolências. A polícia tenta se
esquivar da culpa dizendo que sua morte se deve à seu perfil: mãe, poetisa e ativista política de esquerda que apoiou o atentado militar contra o presidente islâmico. Fotógrafos e cinegrafistas capturaram sua morte. Quando a procissão começou, a polícia de choque atacou a multidão com gás lacrimogêneo e tiros de chumbinho. Uma arma foi disparada. Um amigo segurou Shaimaa na tentativa de mantê-la em pé, com o sangue escorrendo pelo rosto. Outro amigo carregou-a através do gás na vã tentativa de salvá-la. “Uma mulher que saiu para colocar uma coroa de flores na Praça Tahrir — nós a vemos dando seu último suspiro”, diz Ghada Shahbandar, egípcia defensora dos direitos humanos. “Nenhuma imagem pode ser mais explícita.” “É uma vergonha”, diz ela, lamentando as surreais tentativas dos apoiantes do governo de culpar uma conspiração sombria. Shaimaa é apenas um nome em uma lista de milhares mortos pela polícia desde que a Primavera Árabe começou em 2011. Mais de 800 foram mortos durante a revolta de 18 dias contra o Presi-
dente Hosni Mubarak. Quase mil foram mortos no dia 14 de agosto de 2013, quando soldados e policiais atacaram um protesto de partidários do presidente deposto Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana. Centenas mais morreram naquele verão. Mas em “um momento de colapso de liberdades”, Shaimaa se tornou “um símbolo da revolução”, disse Sayed Abu Elela, de 31 anos, o amigo que a segurou depois que foi baleada. Shaimaa cresceu em um lar muçulmano conservador, mas se rebelou contra as tradições, dizem seus amigos, e seu pai, um pregador muçulmano que morreu há alguns anos, acabou aceitando sua independência. Ela fazia parte de um pequeno grupo de poetas egípcios que usava o estilo vanguardista do verso livre, escrito no coloquial árabe popular. Ela se casou com o artista plástico Osama el-Sehely, fez mestrado em Folclore na Academia de Artes do Cairo e apaixonou-se por documentar o enfraquecimento das tradições na vida diária. Depois da revolta em 2011, Shaimaa se juntou ao Partido da
Letras muito fortes para Mumbai: ‘Bombay’ Por ELLEN BARRY
NOVA DELI — Quando lançou seu primeiro videoclipe, o músico de Mumbai Mihir Joshi sabia que ele seria analisado pela Comissão Central de Certificação Cinematográfica da Índia, para verificar se as letras eram obscenas ou ofensivas. Quando a Comissão se opôs a uma única palavra, ele rapidamente concordou em retirá-la. Porém, ficou surpreso ao saber que a palavra era “Bombay” (Bombaim em inglês). “Eu comecei a rir e disse, ‘Ao que você está se referindo?’”, diz Joshi, de 33 anos. O vídeo da música foi transmitido no canal a cabo MTV Indies em um fim de semana recente com o nome incorreto do lugar substituído por um sinal sonoro e um borrão no subtítulo. “Não tenho nada contra a palavra ‘Mumbai’. Não a chamei de ‘Constantinopla’ ou ‘Atlântida’ ou coisa do tipo.”
Ele escolheu “Bombay” porque precisava de uma palavra que rimasse com determinada outra. Mas com essa escolha, Joshi acabou entrando em um cabo de guerra não resolvido sobre história e identidade da Índia. Mumbai, palavra que vem da língua marata, é o nome oficial da cidade de Joshi desde 1995, quando o partido político nativista no poder escolheu-o para substituir o anglofônico Bombay, usado desde os tempos coloniais. Alguns continuam usando Bombaim por hábito ou inércia — a bolsa de valores da cidade ainda carrega esse nome, por exemplo. Outros o utilizam como uma declaração política, rejeitando o que consideraram uma política xenófoba por trás da mudança. Embora essa divisão gere desentendimentos regulares em talk shows, o caso de Joshi era incomum porque envolveu um
artista que tomou uma bronca por usar Bombay. “Se o nome da cidade foi alterado, é justo que usemos o nome novo”, disse Meenal Baghel, editor do jornal The Mumbai Mirror. “Mas ele precisava ter sido censurado como se fosse um palavrão? Isso é ridículo.” A decisão do censor atraiu críticas consideráveis e escárnio, mas um alto funcionário da Comissão, Pahlaj Nihalani, disse que apoiou a decisão que foi tomada por seu antecessor. (Nihalani tornou-se presidente da Comissão em janeiro.) “Dada a controvérsia passada sobre o uso de Bombay em filmes, isso poderia ter sido evitado”, disse Nihalani ao jornal The Hindu. “Existem alguns indivíduos que tentam deliberadamente criar controvérsia ao usar Bombay, só pensando nas perspectivas futuras.” Joshi, por sua vez, estava se
Caça a pássaro no Paquistão gera indignação Por DECLAN WALSH
Por décadas, expedições de caça da realeza árabe seguiam para os confins do Paquistão em busca da Chlamydotis undulata — ave migratória cuja carne, eles acreditam, contém poderes afrodisíacos. Aviões de carga transportam tendas e jipes de luxo e pousam em pistas construidas no deserto, seguidos de jatos particulares carregando reis e príncipes dos países do Golfo Pérsico, junto com suas preciosas cargas: caros falcões de caça que são usados para capturar o Chlamydotis de plumas brancas. A caça deste ano, no entanto, enfrentou dificuldades. Tudo começou em novembro, quando o Supremo Tribunal de Baluquistão cancelou licenças de caça estrangeiras devido a queixas de ambientalistas. Esses especialistas dizem que o habitat do Chlamydotis, e talvez a Contribuiu Salman Masood
sobrevivência em longo prazo da espécie, tem sido ameaçado pelo ritmo feroz da caça. Essa ordem judicial transformou-se em uma pequena crise política quando um príncipe saudita e sua comitiva desembarcaram no Baluquistão recentemente, atraindo a atenção da mídia surpreendentemente crítica e uma batalha legal. Os ambientalistas estavam loucos da vida com o príncipe — Fahd bin Sultan bin Abdul Aziz, governador da província de Tabuk — que havia matado 2.100 pássaros durante os 21 dias de caça no ano passado, ou 20 vezes mais do que sua quota permitida. “Isso é uma clara confissão de subserviência aos árabes ricos”, diz Pervez Hoodbhoy, professor de Física. “Eles vêm para cá, caçam com impunidade e recebem proteção da polícia apesar de estarem violando as leis locais.” Na década de 70, a caça intensiva no Golfo Pérsico quase extin-
Aliança Popular Socialista. Era sempre vista em manifestações, e seus amigos a chamavam de “a voz da revolução” por causa de seu talento para o canto. Quando um entrevistador de televisão em 2012 lhe pediu que fizesse uma retrospectiva do período “pós- revolução”, ela disse: “Ainda estamos vivendo a ‘pós-revolução’.” Autoridades egípcias rapidamente prometeram uma investigação completa sobre sua morte. Mas um porta-voz do Ministério do Interior deixou claro que eximia a polícia de culpa. A história de Shaimaa, porém, dificultou a explicação das autoridades que tentavam acusá-la de traição ou violência. Até mesmo o emblemático jornal estatal, o Al Ahram, publicou um editorial expressando uma rara crítica oficial dirigida à polícia egípcia. “A pacífica Shaimaa apenas sonhava com um país livre”, escreveu Ahmed el-Sayed al-Naggar, presidente da organização estatal de notícias, mas “foi morta a sangue frio pelas mesmas pessoas que mataram os mártires a quem ela estava prestando homenagem”.
guiu o Chlamydotis por lá. Quando o pássaro migrava de seus locais de procriação na Sibéria, a recém-enriquecida realeza do Golfo Pérsico se reunia nos desertos e campos de Paquistão. Para os paquistaneses, a caça se tornou uma oportunidade de ganhar dinheiro e participar de uma forma fácil de diplomacia. Os 29 estrangeiros que receberam licenças para caçar o Chlamydotis este ano incluem os reis do Bahrein e da Arábia Saudita, o Emir do Kuwait e o governante de Dubai. Para obter favores com as comunidades locais, os caçadores árabes construíram estradas, escolas, madrassas e mesquitas, assim como várias pistas de pouso de padrão internacional em lugares improváveis. O Príncipe Fahd enfrentava pouca censura quando aterrissava em Dalbandin, poeirenta cidade perto da fronteira afegã, para ser recebido por uma delegação chefiada por um ministro de ga-
KARIM SAHIB/AGENCE FRANCE-PRESSE — GETTY IMAGES
Um falcão, à esquerda, tentando apanhar um Chlamydotis undulata durante um evento de falcoaria nos Emirados Árabes binete e que incluía altos funcionários provinciais. Segundo os críticos, sua recepção era a prova do magnetismo monetário da influência saudita no Paquistão. Nos últimos tempos, a caça também desempenhou um papel, embora involuntário, na guerra dos Estados Unidos contra a Al Qaeda. Durante vários anos, desde 2004, a CIA usou uma pista construída pelos árabes em Shamsi, um vale desértico no Baluquistão
central, para lançar ataques de drones contra militantes islâmicos na região tribal do Paquistão. Os desertos ao redor de Dalbandin foram o local do primeiro teste nuclear do Paquistão em 1998 e são um ponto de passagem para traficantes de heroína e insurgentes do Talibã. A crescente influência dos países do Golfo Árabe não é universalmente apreciada. Paquistaneses progressistas lamentam sua
adaptando ao seu novo status como um caso de estudo. Ele alterna o uso dos dois nomes — seu álbum se chama “Mumbai Blues” — e se descreve como um ser tão apolítico que lê apenas as seções de esporte e entretenimento do jornal. A música em questão, “Sorry”, foi escrita como um lamento imaginário de um pai para sua filha, escrita no aniversário de um estupro brutal em Nova Deli. Joshi questionou as prioridades da Comissão de censura. Comentando que não bebe nem fuma e que raramente usa palavras de baixo calão, ele diz: “Olhe para as músicas que estão saindo em Bollywood, uma canção que diz ‘Eu sou um alcoólico’ e outra que fala ‘a erva deste lugar é a melhor que há’. Se tudo isso é aceitável e pode ser usado, e as pessoas ouvem e dançam, por que usar a palavra ‘Bombay’ pode ser um problema?”
influência conservadora na sociedade e o envio de petrodólares para grupos jihadistas. A caça também foi atacada. No Baluquistão, onde o Chlamydotis é o símbolo provincial, alguns caçadores reais tiveram que ser protegidos após rebeldes separatistas baluques abrirem fogo contra seus grupos. O primeiro ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, mantém relações estreitas com os governantes da Arábia Saudita, que acredita-se tenham injetado 1,5 bilhão de dólares em seu governo no ano passado. Os defensores da caça dizem que a população de Chlamydotis nunca foi pesquisada cientificamente e se queixam de que as visitas reais estão sendo desnecessariamente politizadas. “Os estrangeiros são uma bênção, não um problema”, disse Ernest Shams de Fundação Internacional de Houbara do Paquistão, que trabalha com o governo dos Emirados Árabes Unidos para aumentar o número de Chlamydotis. “Eles trazem muito dinheiro para o país.”
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DINHEIRO & NEGÓCIOS
Líderes empresariais alarmados com custo do aquecimento Por BURT HELM
O grupo incomum de líderes empresariais e políticos do Risky Business Project (Projeto Negócio Arriscado) não concorda com muita coisa, mas estão de acordo em uma questão: as mudanças climáticas nas próximas décadas provavelmente vão custar centenas de bilhões de dólares às empresas, e a única escolha é se adaptar. Alguns defendem o projeto de um imposto de carbono, outros querem que as empresas divulguem seus riscos de alterações climáticas. Um deles sugeriu que o mundo pode ser capaz de viver sem nenhuma regra obrigatória. O Projeto começou em junho como forma de promover um estudo que havia encomendado, “Risky Business: The Economic Risks of Climate Change in the United States” (Negócio Arriscado: os riscos econômicos da mudança climática nos Estados Unidos). Desde então, o que se viu foi um tíbio grupo de missionários divulgando esparsamente dados de relatórios. O grupo é liderado por três homens: Tom Steyer, bilionário de
fundos hedge, cujo comitê de ação política gastou 73 milhões de dólares no ano passado atacando republicanos que negavam a mudança climática; Henry M. Paulson Jr., ex-diretor executivo do Goldman Sachs e secretário do Tesouro do presidente George W. Bush, e Michael R. Bloomberg, ex-prefeito da cidade de Nova York e fundador bilionário da empresa de informação financeira Bloomberg L.P. Paulson quer que as empresas de capital aberto adotem, com a supervisão de reguladores, regras de divulgação sobre emissões de carbono e risco climático. Bloomberg encara o trabalho como uma forma de estimular prefeituras e empresas locais a trabalharem juntas em questões climáticas. Steyer vê a pesquisa como uma forma de neutralizar os argumentos dos conservadores, que afirmam que a regulamentação ambiental sempre prejudica os negócios. “Um lado defende a moralidade
tos de não se fazer nada. Em maio de 2014, membros do Risky Business se reuniram nos escritórios da Bloomberg Philanthropies em Manhattan para ouvir as conclusões do estudo que haviam encomendado. Descobriram que, se essa situação persistir, as mudanças climáticas aumentariam a demanda de energia no Texas entre 3,4 e 9,2 por cento até meados deste século. A produção agrícola em Missouri e Illinois enfrentaria um declínio de 15 por cento nos próximos 25 anos. THOMAS FUCHS E na região Nordeste amee os ursos polares, o outro lado dericana, danos anuais às propriefende os empregos”, disse Steyer. dades causados por tempestades “Os ursos polares nunca vão venseveras podem aumentar 11,1 bicer.” lhões de dólares, chegando a um A inspiração do projeto veio total de 15,8 bilhões até o final do de um relatório chamado Stern século. Review, de 2006. Essa análise Quando Paulson fala a grupos econômica, patrocinada pelo golocais, faz questão de trazer daverno britânico, examinou todos dos do relatório. “Não é uma conos custos da mudança climática e versa abstrata sobre o clima ser acabou concluindo que o preço de um grande risco. Eu digo: ‘Vou te limitar o aquecimento global era falar uma coisa’. Isso é o que vai pequeno em comparação aos cusacontecer com você, sua indústria
e sua família. De repente, as pessoas se interessam.” Outro membro do projeto, Henry G. Cisneros, atual incorporador imobiliário e ex-secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano do presidente Bill Clinton, adverte sua audiência que é preciso se programar para os aumentos de prêmios de seguro nos estados costeiros como a Flórida, e para ficar ciente de que, em regiões propensas a seca como o Vale Central da Califórnia, autorizações de água podem ser difíceis de adquirir. Greg Page, da Cargill, o conglomerado alimentício, é mais sutil quando se dirige a grupos de agricultores. Ele diz que todos foram condicionados a pensar no aquecimento global como um eufemismo liberal para mais regulamentação. “Faço perguntas simples: ‘Vocês gostariam que as universidades suspendessem pesquisas sobre sementes resistentes a temperaturas mais altas? Claro que não! É só isso que estou dizendo’. Quero que as pessoas reconheçam que também estão ansiosas.”
Através desse tipo de educação, o grupo espera recrutar líderes empresariais para a luta contra a mudança climática. “O objetivo disso tudo é que ela pode ser atenuada”, disse Paulson. “Os inimigos do que estamos tentando fazer são a visão de curto prazo e a sensação de desesperança, mas se agirmos logo poderemos evitar os piores resultados e nos adaptar.” Jon Doggett, da Associação Nacional de Produtores de Milho, não acreditava que o relatório influenciaria muito os agricultores. Os membros da associação precisam de incentivos de curto prazo para cortar gases do efeito estufa — corte imediato de custos, incentivos do governo e assim por diante, ele disse. Porém, pouco a pouco, o Risky Business Project pretende virar a maré. “Fizemos progressos em coisas como direitos civis, tabagismo, casamento gay e outras que pareciam impossíveis quando os empresários se uniram à maioria silenciosa”, disse Cisneros. “O Congresso tende a não agir até que opiniões converjam, incluindo as das empresas.”
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Se a África prosperar, a dieta vai melhorar? Por DAVID LEONHARDT
Durante décadas, os países africanos foram os retardatários da economia mundial, mas, ao longo dos últimos dez anos, a renda per capita do continente cresceu a um nível quase idêntico ao do resto do mundo. O que nos leva a imaginar que o continente está nos estágios iniciais de uma trajetória que pode se assemelhar a da América Latina ou, mais ambiciosamente, algumas partes da Ásia. Com o mundo vivendo uma das maiores reduções estendidas de pobreza já registrada, a África finalmente faz parte da história. Uma classe média começa a surgir na África Ocidental, de Gana e Nigéria a Angola. Países extremamente pobres, como Etiópia e Libéria, estão progredindo rapidamente. Com as mudanças no continente surgem as mesmas questões que confrontam o resto do mundo em desenvolvimento, principalmente em relação aos alimentos: será o crescimento econômico duradouro e inclusivo a ponto de acabar com o efeito trágico da fome? Os africanos que hoje vivem praticamente só de amido, como o da mandioca, poderão ter uma alimentação mais variada e nutritiva? No continente que deve sofrer as piores consequências das mudanças climáticas, como os produtores vão sobreviver? A Fundação Bill & Melinda Gates, que doou mais de US$3 bilhões para a agricultura africana, há pouco anunciou seus planos para os próximos quinze anos, entre eles programas para ajudar a África a se alimentar. Atualmente, os agricultores ali são bem menos produtivos que os de outras regiões do mundo, obtendo menos de vinte por cento da colheita de milho de um norte-americano, por exemplo. A fundação pretende financiar mais pesquisas científicas, novos programas para disseminá-las, melhores condições de armazenamento e mais celulares. Em sua carta anual, os Gates escreveram: “Um setor agrícola mais eficiente pode levar à redução maciça da pobreza e melhorar a qualidade de vida em todo o continente”. A preocupação com a disponibilidade de alimentos vem de longe, e não só na África. O ponto-chave que tornou o artigo de Thomas Malthus famoso, em 1798, dizia que a produção alimentar crescia aritmeticamente enquanto a população aumentava geometricamente, condenando assim a espécie humana a um futuro tenebroso. Acontece que os frutos da engenhosidade humana também se desenvolveram geometrica-
mente, com rapidez suficiente para manter o ritmo do crescimento populacional, pelo menos. A fatia do ganho que as sociedades dedicam à comida caiu drasticamente, mesmo com a população mundial já batendo em 7,3 bilhões. Bill e Melinda Gates estão bem otimistas. “A vida das pessoas nos países pobres vai melhorar mais rapidamente nos próximos quinze anos do que em qualquer outro período da história”, eles escreveram. Quando falei com eles, há pouco tempo, perguntei por que a produção de alimentos estava entre seus novos objetivos – afinal, em geral, as economias de mercado conseguem produzir o suficiente, pelo menos nos países em crescimento. Mencionei também Paul Ehrlich e sua famosa aposta de US$10 mil com o economista Julian Simon, em 1980, sobre o preço da cesta básica. Ehrlich achava que os custos subiriam até 1990, sinal de que os recursos não conseguiriam manter o ritmo do crescimento populacional; Simon pensava o contrário – e ganhou. “Ele achava que o ser humano tinha que mudar para inovar”, disse Bill Gates. Na verdade, a mudança não é predeterminada; de fato, ela acontece muito mais em algumas sociedades que em outras – devido, segundo ele, a pessoas e instituições que romperam as barreiras ao progresso. Em termos da agricultura africana, elas incluem estradas estreitas demais para o transporte rápido dos grãos, falta de conhecimento sobre o desenvolvimento das plantações em relação ao local e escassez de informações básicas – de preços de mercado, por exemplo – que prejudicam os produtores. “Eles viram reféns do intermediário; se tiverem um celular, conseguem se manter informados”, explicou Bill. É muito cedo para saber se os esforços da Fundação Gates na África darão frutos. As mudanças climáticas, se ignoradas, representam graves perigos para todos, mas grande parte do planeta está aproveitando um dos aumentos mais rápidos na prosperidade global de todos os tempos: desde 1990, a expectativa de vida subiu mais de seis anos. Como Bill Gates diz: “O fato é que o mundo está melhorando muito; o que estamos fazendo é tentar facilitar o progresso e a possibilidade de fazer mais”. Ela, sem dúvida, existe, mas em várias questões, fazer mais e melhor vai exigir mudanças. O avanço não é inevitável só porque já aconteceu antes.
BEN CURTIS/ASSOCIATED PRESS
A maioria dos africanos depende basicamente do amido para sobreviver. Produtores ruandeses cultivam produtos básicos, como arroz, que alimentam doze milhões de pessoas
MARLENE AWAAD PARA THE NEW YORK TIMES
Um elevador submarino e um guindaste enorme tem ajudado La Ciotat a atrair iates de luxo que necessitam de reforma
Reparos de superiates revivem um porto francês Por CHRISTOPHER F. SCHUETZE
LA CIOTAT, França — Depois que mergulhadores verificaram os apoios, um enorme elevador submerso lentamente içou o iate M/Y Sky, de 600 toneladas e 51 metros de comprimento, das águas do Mediterrâneo, gradualmente revelando seu casco preto fosco. Quando toda a embarcação, que contém um heliporto e cinco cabines, chegou na altura do cais, um carrinho motorizado a levou para trilhos de metal. Ela então seguiu para o gigantesco galpão onde ficará até março para limpeza, conserto e pintura em uma reforma cujo custo chega a dois milhões de euros. O inverno é movimentado nesta pitoresca cidade no sudeste da França que, com base em sua receita, é o maior porto europeu de manutenção e reparos de iates. Muitos dos maiores e mais caros iates particulares do mundo podem ser construídos em outros lugares: Alemanha e a Holanda são os líderes nesse ramo. Outros portos — incluindo Barcelona, na
Espanha, e Gênova, na Itália — vivem da manutenção de iates. E alguns dos maiores exemplares nunca vão para Mônaco, Côte d’Azur, ou outros playgrounds dos ricos marítimos. Mas por causa de sua geografia e história, La Ciotat é especial. O M/Y Sky pertence a uma categoria conhecida como superiate — geralmente definidos como barcos cujo casco na linha de água mede mais que 24 metros. O maior deles pode custar 100 milhões de dólares ou mais e medir quase 140 metros de proa a popa. Especialistas estimam que 5 mil superiates estejam em operação no mundo, e que mais de um quinto deles foi adquirido nos últimos cinco anos. Ser a líder global em manutenção de iates representa uma recuperação econômica notável para esta cidade de 34 mil habitantes. Desde o início do século 19, a construção naval comercial foi a força econômica vital do porto. Quando um navio descia as rampas de madeira e entrava na água,
criava ondas tão grandes que muitas vezes inundaram os cafés dos arredores, às vezes até virando carros estacionados de cabeça para baixo. Mas após a Segunda Guerra Mundial, outras partes do mundo, particularmente o Japão e a Coreia do Sul, foram capazes de minar os armadores europeus. O principal estaleiro comercial daqui, o Chantiers Navals de La Ciotat, fechou em 1986, deixando seis mil pessoas desempregadas. Mas na década de 90, La Ciotat começou a voltar à vida marítima, quando construtores navais, construtores de mastros e outros artesãos especializados em veleiros customizados e barcos de lazer começaram a chegar. Agora, a maioria dos iates que chegam a La Ciotat vem para inspeções necessárias para a verificação de seguro. Trabalhos maiores, que podem custar dezenas de milhões de euros ao proprietário, envolvem uma grande revisão, atualização ou reconstrução. Autoridades locais dizem que
os estaleiros ajudaram a salvar La Ciotat. “Não dá para desenvolver uma cidade ignorando sua história”, diz o prefeito de longa data, Patrick Boré. No total, os estaleiros empregam cerca de 700 pessoas em tempo integral e subcontrata outras 700. Um importante diferencial é o elevador submarino, instalado em 2007, que é capaz de levantar barcos que pesam até 1.800 toneladas. Um novo guindaste, capaz de levantamento barcos de até 300 toneladas, foi instalado em 2009. A modernização está compensando. Em 2007, 44 barcos foram levados para a terra para remontagem, conversão ou reparo. No ano passado, quase 220 iates foram içados para as docas. Perguntaram a Michel Chatail, que foi técnico projetista no antigo estaleiro, se ele sentia falta dos velhos tempos em La Ciotat. “Estamos realmente felizes agora. Os jovens têm empregos, e nós estamos aposentados.”
Indústria de sex toys conta com ‘50 Tons’ Por RACHEL ABRAMS
Quando objetos são feitos para filmes, eles geralmente se destinam às crianças. Mas com a estreia mundial neste mês de “Cinquenta Tons de Cinza”, muitas das coisas usadas no filme são apenas para adultos. A indústria de sex toys está animada, com esperança de que o filme da Universal Pictures irá gerar vendas crescentes, do mesmo modo que o best-seller erótico criou milhares de novos clientes. Lojistas estão estocando produtos da indústria do prazer como vendas, chicotes, algemas e máscaras. Fabricantes criaram novas embalagens e produtos que se encaixam no tema picante do filme, que é baseado na história de E. L. James sobre a iniciação de uma jovem ingênua nos jogos de servidão sexual. Até mesmo a cadeia Target recentemente começou a vender um anel-vibrador “Cinquenta Tons de Cinza”, item que se destina ao público masculino, mas não
para usar no dedo. “É o maior momento para a nossa indústria na cultura popular”, disse Claire Cavanah, cofundadora da Babeland, que vende novidades para adultos. Mais de 100 milhões de cópias da trilogia de E.L. James — dois outros títulos vieram depois — foram vendidas. James, uma mãe britânica de meia-idade e ex-produtora de televisão, tem a fama de ter introduzido o conceito de BDSM (que pode ser vagamente traduzido por: servidão/disciplina, dominação/ submissão, sadismo/masoquismo) para o vernáculo corrente. Executivos da indústria cinematográfica disputaram a chance de contar a história de Anastasia Steele, uma pura estudante de 21 anos que se torna a parceira sexual submissa de Christian Grey, um empresário bem sucedido de 27 anos de idade. A Universal e a Focus Features ganharam, pagando cinco milhões de dólares. O estúdio queria lucrar com os
mesmos leitores que aumentaram as vendas de produtos adultos depois que a obra estreou como e-book em 2011. O romance estimulou um salto de 7,5 por cento nas vendas de produtos ligados ao sexo, incluindo brinquedos e vídeos em 2013, de acordo com um relatório da empresa de pesquisa IBISWorld. Só nos Estados Unidos, os consumidores compraram entre 600 milhões e dois bilhões de dólares em produtos desse tipo por ano, segundo especialistas. Como apenas a Lovehoney pode usar oficialmente o nome “Cinqüenta Tons de Cinza”, outros tiveram que ser criativos. A Pipedream Products, que faz sex toys, redesenhou algumas de suas embalagens com um esquema das cores cinza e preto. A California Exotic Novelties ampliou sua linha “Scandal” quando o trailer do filme saiu em julho. A Jimmyjane, conhecida por seus vibradores, fez sua primeira incursão nos “itens macios”
DEVIN YALKIN PARA THE NEW YORK TIMES
Lojas para adultos acreditam que “Cinquenta Tons de Cinza” vai ajudar a vender mais artigos como esses
com um novo conjunto de kits de fetiche inspirados no filme, que incluem vendas e gravatas de seda. “Muitas das descrições do uso dos brinquedos e dos produtos no livro não são muito corretas”, disse Susan Colvin da California Exotic Novelties. “Usar as bolas de pompoarismo não é muito divertido; é realmente difícil fazer direito.”
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TERÇA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Estudo espera manter veados-mula em movimento Por JAMES GORMAN
DE SE R T O V E R M E L HO, Wyoming — Os cientistas e voluntários aguardam na beira da estrada de cascalho enquanto um helicóptero trazendo dois veados de olhos vendados, em sacas, se aproxima. Para por um momento, os rotores cuspindo neve, para que a carga delicada seja retirada. Membros da equipe levam os animais em macas de lona para outro local, onde serão pesados e passarão por exames. De cada um coletam sangue, retiram amostras de pelo, checam a coleira com GPS ou colocam uma nova, medem a temperatura e recolhem amostras de fezes, fazem ultrassom na região dos quadris, aplicam anestesia na boca e lhe arrancam um dente. Dez minutos depois, é liberado e sai a galope. Com isso, os cientistas fazem um acompanhamento da saúde do bicho e rastreiam seus movimentos baixando os dados de suas coleiras como parte de uma iniciativa para acompanhar seus movimentos e preservar sua rota migratória. Recentemente descobriram o caminho que tomam, tão longo quanto qualquer via terrestre conhecida em 48 estados norte-americanos, uma jornada de 240 km feita duas vezes por ano que motivou vários grupos a protegê-la do desenvolvimento. As migrações sazonais por alimento são essenciais à sobrevivência de muitos animais: os bandos do Serengeti saem em busca de chuva; no oeste norte-americano, alces, veados, antílopes e outros animais de grande porte se mudam para as encostas das montanhas na primavera e verão e aguardam o inverno em elevações menores e mais quentes. “A migração é o mecanismo básico que permite à área receber e manter as populações de veados”, explica Hall Sawyer, biólogo da firma de consultoria Western EcoSystems Technology, que descobriu a rota.
FOTOGRAFIAS DE MICHAEL KIRBY SMITH PARA THE NEW YORK TIMES
Uma vez que as casas e estradas, cercas e poços de petróleo, rotas para picapes e veículos de neve podem representar obstáculos para os animais, há muitos os conservacionistas sabem que cuidar das rotas de migração é essencial para a preservação das espécies selvagens. Cerca de 500 veados viajam do reduto invernal no Deserto Vermelho para a base de primavera/verão na bacia do rio Hoback, perto de Jackson, no Wyoming. Cerca de cinco mil espécimes usam parte dessa trilha. A iniciativa começou em 2011. Funcionário da Agência de Gerenciamento de Terras dos EUA, o Dr. Sawyer colocou coleiras com GPS em 40 animais no Deserto Vermelho. Ninguém sabe o que eles fazem
na primavera e no verão, embora uma parte seja vista ali o ano todo. A maioria dos veados-mula migra, mas alguns permanecem por motivos ainda não bem compreendidos. Capturar e pôr as coleiras parece mais um verdadeiro rodeio. Os neozelandeses desenvolveram uma técnica para jogar as redes do helicóptero: o piloto isola o animal, voando baixo o bastante para o atirador lançar a rede que o envolverá. A seguir desce a aeronave para que o membro da equipe possa pular no chão, correr até onde está o bicho, rendê-lo em uma posição em que pode ter os olhos vendados e envolvê-lo na saca. O helicóptero então volta para que o voluntário prenda o acessório à parte externa antes de
pular a bordo. O processo é estressante para o veado. Kevin Monteith, biólogo de vida selvagem que trabalha com o Dr. Sawyer, conta que de um a três por cento dos animais morrem ou se ferem e têm que ser sacrificados. Uma vez que ganha a coleira, os pesquisadores o liberam e o recapturam a cada primavera e outono para baixar as informações ali contidas, que atualizam a localização do veado a cada três horas. “Esses dados criam oportunidades para se fazer coisas que antes não eram possíveis”, afirma Steve Sharkey, diretor da Knobloch Family Foundation, que apoia a pesquisa. Todos os exames fornecem dados importantes: os dentes, pa-
Famílias não-vacinadas enfrentam retaliações Por JACK HEALY e MICHAEL PAULSON
HUNTINGTON BEACH, Califórnia — Enquanto as autoridades de várias partes dos EUA lidam para conter o surto de sarampo que começou na Disneylândia, os pais que fazem parte do movimento anti-vacinação estão sendo responsabilizados pelo ressurgimento de uma doença facilmente prevenível que gerou uma crise de saúde pública. O sarampo, apesar de altamente contagioso, foi erradicado no país há quinze anos, bem antes que um número significativo de pais começasse a se recusar a vacinar os filhos. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, os casos de sarampo subiram para 644 no ano passado, batendo o recorde da última década. Em janeiro já foram registradas 102 ocorrências em 14 estados. Apesar disso — e de verem seus filhos mandados de volta para casa, impedidos de participarem de festinhas e/ou excursões, além de serem chamados de negligentes e criminosos — muitos não mudaram de ideia. “Não há absolutamente nenhuma razão para vaciná-los”, afirma Crystal McDonald, cuja filha de 16 anos estava entre os 66 alunos que foram obrigados a ficar em casa pela Palm Desert High School durante duas semanas
por não terem sido imunizados. Sua filha ficou tão preocupada em perder as aulas de Advanced Placement (curso preparatório para as seleções das universidades) que se ofereceu para tomar a vacina. “De jeito nenhum! Prefiro que ela perca o semestre inteiro a ter que ser imunizada”, disse a mãe. O movimento anti-vacinação surgiu por causa de um relatório em um jornal médico de 1998 que sugeria a ligação entre as vacinas e o autismo, mas que depois foi comprovado como fraudulento. “É muito frustrante — e difícil ver uma criança sofrendo por algo que poderia ser facilmente prevenível”, diz o Dr. Eric Ball, pediatra do Condado de Orange, onde algumas pré-escolas chegam a registrar de 50 a 60 por cento de alunos não-vacinados. Com a preocupação e a revolta causadas pelo surto, muitas famílias dizem que não querem nem ficar na mesma sala de espera que a garotada que não foi inoculada. “Os pacientes estão morrendo de medo”, afirma o médico. O sarampo é viral e facilmente transmitido pela tosse e/ou espirro. Segundo o CDC, antes de a imunização se tornar comum, em 1963, cerca de três a quatro milhões de norte-americanos eram infectados pela doença todos os
O Dr. Eric Ball, do Condado de Orange, na Califórnia, tenta convencer os pais a vacinarem os filhos MONICA ALMEIDA/THE NEW YORK TIMES
anos – e de 400 a 500 morriam em consequência dela. Na comunidade rural de Kearny, Arizona, uma família não vacinada que visitou a Disneylândia em dezembro voltou para casa com quatro casos da enfermidade; uma quinta pessoa também contraiu a doença. Agora, muitas lojas da cidade já têm alertas nas vitrines. Missy Foster, de 43 anos, disse que não vacinou a filha, Tully, que hoje tem um ano e meio, por medo de a tríplice viral — que protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola — estar associada ao autismo, mas assim que ouviu falar do surto, agendou a imunização. “Não achei que fosse explodir dessa forma novamente, mas é o que está acontecendo. Então resolvi protegê-la”. Norm Warren, gerente do supermercado Kearny, mudou de opinião a respeito de quem não vacina os filhos. “Antes eu achava que se a pessoa tinha medo de o filho ficar autista, tudo bem, mas agora vejo que isso mexe com a vida de muita gente. Quantas vi-
das já foram salvas por causa das vacinas?”. Em San Geronimo, na Califórnia, uma comunidade rural ao norte de San Francisco, 40 por cento dos alunos da Escola Primária Lagunitas não foram vacinados contra o sarampo, de acordo com os registros escolares. Kelly McMenimen disse que “pensou muito sobre o caso” antes de se decidir a não vacinar o filho de oito anos, Tobias, mesmo contra “doenças mortais ou deformantes” porque não queria “muitas toxinas” no corpo do garoto de olhos brilhantes que adora Matemática e Geografia. E conta que o menino já teve catapora e coqueluche. Pensou até em protegê-lo contra o tétano depois de ter se cortado em uma cerca de arame farpado, mas acabou desistindo. “O sistema imunológico dele é bem resistente” Ciel Lorenzen disse: “É melhor explorar as alternativas em vez de ir na onda do pânico à sua volta. Nem eu, nem minha família concordamos com as vacinas”.
Pergaminhos podem ser a chave para uma biblioteca Por NICHOLAS WADE
Um grupo de pesquisadores descobriu a chave que pode revelar a única biblioteca da antiguidade clássica a sobreviver, bem como seus documentos, aumentando as chances de recuperação de trabalhos desaparecidos de autores gregos e romanos – como a História de Roma, de Tito Lívio, por exemplo. Ela fica em uma mansão em Herculano, destruída em 79 d.C. pela erupção do Vesúvio que também soterrou a vizinha Pompeia. A cidadezinha foi engolfada pela mistura de gases e cinzas superquentes que preservaram os documentos na casa que provavelmente pertencia à família de Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino, sogro de Júlio César. Embora os vapores não tenham queimado os rolos, acabou os transformando em cilindros de material carbonizado. Várias tentativas foram feitas de desenrolá-los desde que foram descobertos, em 1752, mas todas se mostraram
SALVATORE L a PORTA/ASSOCIATED PRESS
Os pergaminhos de Herculano foram carbonizados por uma erupção vulcânica
altamente destrutivas; por isso, os estudiosos preferiram deixá-los em paz, na esperança de que um método mais eficaz fosse inventado. Mais de 300 pergaminhos sobreviveram na íntegra, além de muitos outros fragmentos. O líder da equipe, Vito Mocella, do Instituto de Microeletrônica e Microssistemas de Nápoles, na Itália, explica que agora é possí-
vel ler o conteúdo dos rolos sem tentar abri-los. Usando o facho de raios-X semelhante ao laser do European Synchrotron de Grenoble, na França, eles puderam diferenciar o levíssimo contraste entre as fibras torradas de papiro e a tinta antiga, feita à base de fuligem, cuja base também é carbono. Isso permitiu que reconhecessem letras gregas individuais, como registrou o grupo no jornal Nature Communications. “Pelo menos sabemos que há técnicas que finalmente nos permite ler o que há dentro do papiro”, comemorou o Dr. Mocella. “Se a tecnologia puder ser aperfeiçoada, representará um progresso e tanto”, informa Richard Janko, estudioso clássico da Universidade de Michigan, que traduziu parte dos pergaminhos que podem ser lidos. Esse é o segundo avanço pela leitura dos rolos em tempos recentes: em 2009, Brent Seales, da Universidade de Kentucky, conseguiu delinear a estrutura física
de um pergaminho de Herculano por tomografia computadorizada a raio-X, semelhante à usada para fins médicos. As camadas do papiro estão praticamente desmanchando, com as bordas irregulares, porque os gases, além de carbonizá-las, liberaram a água das fibras. O método da equipe de Mocella visualiza as letras aleatoriamente, mas cada uma terá que ter seu lugar determinado na superfície do Dr. Seales antes de poderem formar palavras. Os acadêmicos estão particularmente interessados no progresso do estudioso por causa da chance de revelar os trabalhos perdidos da literatura latina e grega. Acredita-se que a casa de Pisão contava com uma biblioteca variada. David Sider, da Universidade de Nova York, disse: “Para um estudioso seria maravilhoso ter o manuscrito original de Virgílio porque o que temos são versões que sofreram muitas mudanças nas mãos dos copistas”.
Veados-mula são pegos no Wyoming com a ajuda de um helicóptero, passam por exames, acima, e são liberados graças a um esforço para rastrear e proteger a rota migratória
ra definir a idade; os pelos são a chave para o DNA; sangue e fezes revelam detalhes sobre a dieta e o metabolismo, e o ultrassom informa as porcentagens de gordura corporal. As migrações no Oeste seguem o que os biólogos chamam de “onda verde” na primavera – a florada da vegetação que começa em elevações baixas e vai subindo a cada dia. O veado que tiver melhores condições pode “surfá-la” melhor, usufruindo da vegetação da área no auge do frescor e das benesses nutricionais. Quando os cientistas publicaram a rota Deserto Vermelho-a-Hoback, listaram também os dez maiores desafios que os animais enfrentam. Vários grupos de conservação do Wyoming então
se reuniram para anular a maior ameaça à rota, ou seja, um estreitamento perto do Lago Fremont. O Fundo de Conservação está em meio ao processo de aquisição da área por cerca de US$2 milhões, para protegê-la das construtoras. A Fundação Knobloch colabora com metade do valor. Os dados mais precisos fornecidos pela nova tecnologia e pelos veados estão facilitando as ações políticas e regulatórias, principalmente porque definem o terreno crucial para a preservação da rota. “Não é nem a vastidão da área; ela é comparativamente pequena, mas extremamente importante”, diz Peter Aengst, diretor da seção do Norte das Rochosas da Wilderness Society.
ANÁLISE DE NOTÍCIAS
Relatório contesta uso de biocombustíveis Por JUSTIN GILLIS
Os governos ocidentais têm errado ao apoiar a conversão em grande escala de plantas em combustível e deveriam reconsiderar essa estratégia, segundo um novo relatório do World Resources Institute, proeminente grupo de pesquisa em Washington. Transformar matéria vegetal em combustível líquido ou eletricidade é tão ineficiente que a abordagem provavelmente não fornece uma fração substancial da demanda de energia global, revela o relatório. E acrescenta que continuar a adotar essa estratégia — que já consumiu bilhões de dólares de investimento — provavelmente irá usar vastas extensões de terra fértil que poderiam ser destinadas a ajudar a alimentar a crescente população mundial. Alguns biocombustíveis fazem sentido, diz o relatório, particularmente aqueles que utilizam sobras como serragem e folhagem do milho. Mas seu potencial é limitado, e esses combustíveis devem ser usados em aviões, para os quais não há nenhuma fonte de energia alternativa que possa reduzir as emissões. “Eu diria que muitas das reivindicações com relação aos biocombustíveis são extremamente exageradas”, diz Andrew Steer do World Resources Institute. “Há outros caminhos mais eficientes para se chegar a um mundo com pouco carbono.” O relatório segue vários anos de crescente preocupação entre os cientistas sobre as políticas de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa. Vários estudos mostram que essa política tem ajudado a aumentar os preços dos alimentos e a agravar alguns tipos de poluição do ar, e tem feito pouco para reduzir as emissões globais de dióxido de carbono, gás responsável pelo aquecimento global. Na Europa, a queima de cápsulas de madeira compensada, conhecidas como pellets, para substituir o carvão tornou-se estratégia fundamental na indústria de energia. Milhões de toneladas de pellets estão sendo produzidas nos Estados Unidos e enviadas para a Europa. Alguns grupos argumentam que o crescimento contínuo da indústria de pellets está colocando em risco florestas naturais. Algumas políticas no Ocidente já duram há pelo menos uma década e foram adotadas com
base em afirmações científicas que dizem que transformar material vegetal em combustível ajudaria a emitir menos dióxido de carbono. A teoria básica relacionada à política de biocombustível diz que, mesmo que a queima desses combustíveis emita gás, este seria rapidamente removido da atmosfera pelo crescimento das plantas usadas para produzir o próprio combustível. Essa abordagem foi considerada mais sustentável do que a queima de combustíveis fósseis, que extrai o carbono do subsolo e o envia para a atmosfera, aprisionando mais calor na superfície do planeta. Timothy D. Searchinger, da Universidade de Princeton em Nova Jersey e um dos autores do novo relatório, diz que a ciência mais recente desafia alguns dos pressupostos subjacentes a muitas das políticas pró-biocombustíveis. Se, em vez disso, florestas ou gramíneas fossem cultivadas, isso absorveria o dióxido de carbono do ar, arma-
Tirar energia de plantas tem benefícios limitados zenando-o no solo e nos troncos das árvores, compensando emissões com mais eficiência do que os biocombustíveis, diz ele. Ainda segundo ele, biocombustíveis são uma maneira ineficiente de converter luz solar em combustível, o que significa que uma imensa quantidade de terra seria necessária para fornecer energia global significativa. Jason Hill, da Universidade de Minnesota, disse que novos tipos de biocombustíveis feitos de culturas plantadas especificamente para essa finalidade podem apresentar melhores resultados. Muitas das políticas próbiocombustível datam de um período em que outros tipos de energias renováveis eram vistos como extremamente caros. Mas os custos da energia eólica e solar caíram, e o relatório observa que, na mesma quantidade de terra, os painéis solares são pelo menos 50 vezes mais eficientes do que os biocombustíveis na captura da energia da luz do sol em uma forma útil.
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TERÇA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
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ON-LINE
A ascensão de uma celebridade do Vine Por NICK BILTON
Mencione “aquele francês” para as adolescentes hoje, e elas vão saber exatamente a qual francês você está se referindo. Jerome Jarre, elas lhe dirão, tem 24 anos e ficou famoso por fazer vídeos cômicos de seis segundos no Vine, onde tem 8 milhões de seguidores. Os vídeos mostram Jarre falando com estranhos na rua e os abraçando, ou passando um tempo com seu melhor amigo, um esquilo — embora ele pronuncie “sqiw-well” com seu sotaque francês. Seus clipes foram vistos mais de um bilhão de vezes. Ele é tão famoso que quando organizou um meet-up em São Paulo, no Brasil, a tropa de choque foi chamada para acalmar a multidão de milhares de jovens. Porém, até meados do ano passado, ele era essencialmente um sem-teto em Nova York, dormindo no chão de um escritório e usando um macacão promocional de uma startup como cobertor. Tomava banho em uma academia, onde podia entrar apenas porque a recepcionista conhecia seus vídeos. Jerome Jarre nasceu no interior da França e foi criado por sua mãe solteira, Agnès Jarre. Em contraste com sua persona on-line, Jerome foi uma criança calada, tímida e constantemente atormentado por bullies. “Mas sempre foi feliz”,
CHRISTIAN HANSEN PARA THE NEW YORK TIMES
Jerome Jarre, francês de 24 anos, é uma estrela de vídeos do Vine que deixa as fãs histéricas
disse sua mãe em uma entrevista por telefone. Ela falou que o filho tem um forte espírito empreendedor, largando a faculdade aos 19 anos e partindo para a China, depois para Toronto, começando uma meia dúzia de empresas que fracassaram. “Por causa disso tudo, não conseguia ver um propósito. Eu estava totalmente perdido”, diz Jarre. Então, um dia, um aplicativo chamado Vine foi lançado. Jarre o baixou e percebeu logo que havia algo ali. Uma noite em um bar de Toronto, enquanto estava no banheiro, pegou seu celular e fez uma dança pateta na frente do espelho. “Quando voltei para minha mesa, já tinha 16 curtidas. Fiquei espantado que 16 pessoas que eu não conhecia tinham visto e gostado do meu vídeo.” Foi aí que percebeu que quanto mais bobos eram seus clips, mais as pessoas gostavam. Em 2013, Jarre comprou uma passagem só de ida para Nova Iorque, chegando com 400 dólares e duas malas pequenas. Ele falava um inglês ruim, que tinha aprendido sozinho ouvindo o audiobook “Crush It!”, de Gary Vaynerchuk, sobre como transformar um hobby de mídia social em negócio. “Eu acordava todas as manhãs e passava o dia inteiro na rua fazendo Vines. Na maioria das vezes, acabava conseguindo algo bom, mas alguns dias não postava nada.” Um vídeo que ele postou perguntando “Por que vocês têm medo do amor?” tornou-se viral. Ele foi convidado a aparecer no programa de TV “Ellen”, e sua conta no Vine começou a acumular seguidores no ritmo de dezenas de milhares todos os dias. Então, fechou um acordo com Vaynerchuk para iniciar uma agência de publicidade focada nos astros do Vine. “Ele levou sete minutos para me convencer a começar a agência com ele”, diz Vaynerchuk. Recentemente, andando pela Union Square em Manhattan, Jarre era parado a todo momento por adolescentes guinchando. Algumas meninas chegaram às lágrimas; outras declararam “não conseguir respirar” só de vê-lo. Jarre começou recentemente um show no Snapchat, que é parte projeto de arte, parte talk-show motivacional. O ator Robert De Niro, que gravou seu primeiro vídeo do Vine com Jarre durante um festival de cinema no ano passado e ficou surpreso pela atenção que ele atrai, ofereceu espaço em seu escritório. O que faz Jarre ser tão amado por suas fãs é que ele é absolutamente positivo. As mensagens que passa se destinam a inspirar jovens inseguros. “Todos procuram um propósito na vida. Eu aprendi que nós mesmos temos que criar esse propósito.”
Novos óculos no mundo superconectado A Microsoft fez um grande anúncio recentemente, revelando que o Windows estava prestes a ser lançado no ambiente físico através dos óculos chamados HoloLens que sobrepõe o sistema operacional ao mundo real. Em certo sentido, isso ENSAIO foi animador. Ver empresas maduras se adaptando a um mundo diferente é um fato interessante. Mas há algo assustador sobre a nova tecnologia da Microsoft, e provavelmente tem menos a ver com a ameaça de hologramas participando de nossas vidas todos os dias e mais a ver com telas diferentes. “Black Mirror” é uma série de três temporadas, com sete capítulos cada, lançada em 2011 pelo Channel 4 no Reino Unido e que agora está disponível no Netflix, gerando muita conversa instigante. O show lembra “No Limite da Realidade” (The Twilight Zone), mas é muito mais sobre o futuro que vemos hoje. Criada por Charlie Brooker, ex-crítico de videogame que escreve para o jornal The Guardian e que tem seu próprio programa de televisão, a série utiliza a tecnologia como uma forma de refletir sobre o que estamos nos tornando nos ambientes infestados de telas em que vivemos. O espelho negro do título refere-se às telas nas paredes, em nossas mesas e em nossos bolsos. A série veio à mente durante uma demonstração em vídeo do HoloLens da Microsoft, porque, como as telas estão por todos os lados, a quantidade de efetiva realidade que temos parece ameaçada. Nossas vidas são enriquecidas pela internet e vários dispositivos — tablets, controles remotos e smartphones ao nosso alcance imediato — que nos oferecem diversão, pelo menos até certo ponto. Porém, “Black Mirror” faz perguntas fundamentais sobre aonde tudo isso nos levará, não pela criação de um improvável futuro distópico, mas nos atingindo em nosso ambiente. Seu mundo está a apenas um clique de distância daquele à nossa frente. Essa é uma sátira construída não em risos, mas em uma profunda melancolia. Em um episódio, o primeiroministro é forçado por supostos
DAVID CARR
MICROSOFT; ABAIXO, CASA DO FUTURO
terroristas a realizar um ato inqualificável que é transmitido a todo o público. Em outro, as suspeitas de um homem sobre sua esposa estão em vívida exibição, porque nada mais é secreto. Em um dos episódios mais tocantes, uma mulher não resiste e reconstrói um avatar de seu falecido parceiro e tragicamente se apaixona por ele. Em um especial de Natal, o personagem interpretado pelo ator Jon Hamm usa a realidade virtual com pessoas incautas com propósitos escusos e impiedosos. Em todos os episódios, o ato de observar — não de agir — envolve o espectador. Em 2013, o filme “Ela” fez alarde ao mostrar um homem, interpretado por Joaquin Phoenix, se apaixonando por um sistema operacional. Agora a Annapurna Pictures, a produtora do filme, está montando uma divisão para criar conteúdo de realidade virtual. Nesse caso, a vida imita uma imitação da vida. O que há em nossa realidade hoje que se mostra tão insuficiente a ponto de nos compelir a aumentá-la ou melhorá-la? Chegamos ao ponto em que até
mesmo nossas distrações exigem distrações. Nenhuma experiência de visualização de mídia parece estar completa sem uma segunda tela, quando podemos nos conectar com nossos amigos na mídia social ou em mensagens instantâneas para contar o que estamos assistindo. Todas as formas de mídia são nossas companheiras, nenhuma tendo maior destaque que a outra. Ou somos hoje as pessoas mais entediadas da história da nossa espécie, ou a ubiquidade das distrações nos fez agir dessa maneira. Como Brooker disse em uma coluna para o The Guardian há vários anos: “Se a tecnologia é uma droga — e ela parece uma droga — então, precisamente, quais são seus efeitos colaterais?” Não só aqueles criados entre telas estão propensos à distração. Como adultos, podemos fazer “amigos” que não são realmente amigos, conseguir “seguidores” que são pessoas que não nos seguiriam se saíssemos de uma sala e “curtir” as coisas quer gostemos delas ou não. O que importa mais, a experiência ou a representação dela?
O presidente dos Estados Unidos exibe seu domínio sobre todos os tipos de novas mídias, incluindo Medium, Facebook, YouTube, Reddit e outras mais. Talvez seu envolvimento nessas plataformas o esteja distraindo do fato de que ele é menos bem sucedido no ato de governar. Outro dia, eu estava morrendo de frio e resolvi comprar um par de luvas. Entrei na Amazon, digitei “luvas quentes para homens” e comprei um par. Mas e se eu pudesse — usando o HoloLens —
experimentar vários pares para ver como eles ficariam? Se o Windows ou algo parecido se tornar o sistema operacional não apenas da área de trabalho do indivíduo, mas do mundo, quanto será que as pessoas poderão se aventurar por ele? Segundo vários relatos, a Microsoft criou uma tecnologia que mistura o real e o virtual em um híbrido útil sobrepondo uma tela sobre o que vemos. Podemos nos perguntar se mais tempo de tela é o que realmente precisamos.
Computação na nuvem agiliza o trabalho
Explorando museus com o mouse
Por QUENTIN HARDY
Por KEN JOHNSON
Se quiser saber como os museus estão mudando suas filosofias e programas em tempos de pressão financeira cada vez maior e de aumento contínuo de privatizações, basta dar uma olhada em seus sites, a ferramenta mais visível e informativa que possuem. Em 2013, a página do Walker Art Center de Mineápolis postou um artigo de Michael Govan, diretor do Museu de Arte do Condado de Los Angeles, que resumia bem as discussões sobre o futuro dos museus realizadas por seus diretores. Ele escreveu: “As forças externas da Internet e das redes sociais, combinadas com os esforços próprios da instituição para criar mostras e programas mais educativos, não deixam dúvidas de que a relação entre o museu e seu público tem potencial para redefinir o futuro de formas ainda inimagináveis”. Uma coisa é certa: os sites dos museus se tornaram muito mais úteis. Há pouco tempo o Museu de Arte Americana Whitney, em Nova York, colocou sua coleção de mais de 21 mil objetos e mais de três mil artistas on-line em um formato fácil de usar, com páginas de miniaturas em ordem alfabética. É divertido navegar ali para ver quais são os artistas mais populares, descobrir aqueles de que nunca ouviu falar e imaginar que fim levaram. Alguns sites, como o do Museu Metropolitano de Arte, também oferecem artigos de obras específicas, como a de Pieter Bruegel, o Velho, “The Harvesters” (1565). O site do Louvre tem um informativo especial sobre a Mona Lisa. Acompanhado de comentários em áudio, mostra detalhes impossíveis de serem vistos pessoalmente, incluindo a parte de trás da pintura. Já o do Vaticano oferece meios incríveis de análise da Capela Sistina por todos os ângulos. Uma novidade relativamente recente é a publicação dos catá-
Tudo é clique: uma renderização do que um usuário do HoloLens pode ver quando usar a tecnologia do holograma da Microsoft; Jon Hamm em ‘Black Mirror’, série britânica na Netflix
MUSEU METROPOLITANO DE ARTE
Museus de arte ao redor do mundo estão oferecendo suas coleções on-line, além de vídeos e blogs como os do Met logos de exposições on-line. Em 2014, o Instituto de Arte de Chicago publicou “James Ensor: The Temptation of Saint Anthony” (1887), que analisa um desenho complexo composto por 51 folhas de papel coladas. Tem também os tradicionais artigos acadêmicos, além de imagens em alta resolução que revelam detalhes que, do contrário, jamais seriam notados pela observação a olho nu. Uma tendência futura que está chegando é a troca de material entre museus. Uma página no site da Galeria Nacional de Arte de Washington, sobre “Retrato de uma Dama” (1460), de Rogier van der Weyden, traz uma discussão extensa sobre a pintura, mas, no final, sob o título “Fontes Relacionadas”, um detalhe surpreendente: um link para a matéria na Linha do Tempo da História da Arte de Heilbrunn, do Met, “Burgundian Netherlands: Court Life and Patronage” (“A Holanda Burgundiana: Vida na Corte e Patronato”). Mais cedo ou mais tarde todos os sites dos museus estarão interligados de forma a poderem tirar vantagem dos trabalhos acadêmicos produzidos entre si. Eles também estão tentando expandir e aprofundar seu alcance sobre o público com blogs e outros programas sociais interativos. Qual a tendência do futuro? O Museu Britânico tem a resposta na frase que conclui sua seção “Quem Somos”: “O site não é
meramente uma fonte de informação sobre a coleção e o museu, mas uma extensão natural de seu propósito básico de ser um laboratório de investigação cultural comparativa”. Em Londres, o diretor da Tate, Nicholas Serota, previu em 2009 que, embora os museus continuem arraigados aos prédios que ocupam, “vão atingir o público ao redor do mundo, tornando-se assim um local para discussões internacionais. E as instituições que adotarem esse conceito com mais rapidez e mais ousadia serão aquelas que terão autoridade no futuro”. No artigo “Tate Digital Strategy 2013-15: Digital as a Dimension of Everything”, John Stack, responsável pela transformação digital da galeria, também observou: “As publicações digitais devem se tornar uma fonte importante de renda no futuro”, detalhe que deve preocupar aqueles que vêm se aproveitando dos catálogos gratuitos on-line. O museu já foi um santuário e repositório de grandes obras de arte no qual a principal atividade do visitante era a contemplação silenciosa, mas conforme a demanda por relevância digital se torna mais forte, a questão é: como isso influencia a maneira como a arte é vista, encarada e avaliada? Algo corre o risco de se perder nesse processo: a ideia de se aproximar da obra de arte nu, desarmado e aberto para sua forma verdadeira e não-virtual.
A tecnologia tem sido acusada de desaparecer com vários postos de trabalho, como os de linha de produção ou escritório de contabilidade. E ela não para por aí. Uma empresa normalmente se assemelha a seu sistema de comunicação e tecnologia. Na era da computação na nuvem na qual a indústria de tecnologia está se movendo, isso parece sugerir que as empresas terão departamentos menores, com rápidas análises de dados e infindáveis testes. Isso significa que mais mudança está a caminho em muitas companhias que adotarão a computação na nuvem nos próximos anos. Essa não é uma boa notícia para os gerentes de nível médio. “A tecnologia molda estilos de trabalho”, diz Ed Lazowska, que ocupa uma cadeira em Ciência da Computação e Engenharia na Universidade de Washington. “Uma importante vantagem da nuvem é que o compartilhamento se torna incrivelmente mais fácil.” Ele prevê mais colaboração e terceirização do trabalho e maior especialização em tudo o que um trabalhador, equipe ou empresa faz bem. Na computação na nuvem, servidores são agrupados através de softwares de gestão. A energia é aumentada ou diminuída dependendo da carga de trabalho e o sistema é reconfigurado continuamente com base nos dados sobre a próxima carga de trabalho. Para perceber como isso muda um local de trabalho, repare na estrutura das maiores empresas de nuvem que estão aí. “A gente aprende a controlar o feedback”, diz David Campbell, chefe do departamento de Engenharia da Microsoft Azure, o nome da nuvem da Microsoft. Logo no início, isso significa muitos testes com usuários ou a disponibilização de duas versões de um site para rapidamente descobrir qual os clientes preferem. A Azure faz alterações de engenharia movendo uma parte
do tráfego dos seus clientes para coisas novas para descobrir se tudo funciona como previsto e, a partir de então, começar a ampliar. Segundo Campbell, verificar expectativas e hipóteses em tempo real “leva horas, e não meses e anos como nos ambientes tradicionais”. O Google também funciona com uma cultura baseada em dados. Cada reunião parece estar cheia de jovens engenheiros revirando tudo para acumular os fatos mais interessantes, e então tentar criar outra coisa e verificar seu uso pelos clientes para poder crescer a partir daí. Quem sai perdendo nesse modelo podem ser os gerentes responsáveis pelo agendamento de tarefas, uma vez que tudo está acontecendo rápido demais. No Amazon Web Services, que construiu o maior negócio
Colaboração rápida demais para ser mantida mundial na nuvem, o trabalho é dividido em equipes com o menor tamanho possível para descobrir o que o cliente está fazendo com um produto importante. Essa equipe, então, rapidamente adapta o produto para que ele funcione melhor e procura por novas ideias. “A organização funciona como uma federação de grupos autônomos”, diz James Hamilton da Amazon Web Services. “Os gerentes não precisam dizer ‘Faça isso’. Dar ordens é difícil.” Não está claro se toda grande empresa aperfeiçoou esse estilo de trabalho. Os clientes querem saber como eles podem diminuir as equipes centradas no cliente, com a intenção de passar informações mais rapidamente. Os sobreviventes serão bons na colaboração, na estatística e em descobrir o que a empresa precisa construir em seguida.
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TERÇA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
ARTE & DESIGN
Quando obras de arte não estão na parede Por HILARIE M. SHEETS
se esse tipo de espetáculo não é uma forma barata e rápida para despertar o interesse. Qual é o salário de um bailarino em comparação aos custos crescentes do seguro e do transporte de obras de arte? Mesmo assim, o novo Museu Whitney, no centro de Manhattan, projetado por Renzo Piano, terá seu teatro. Vai haver uma pista de dança suspensa e assentos retráteis no terceiro andar e uma galeria multimídia no quinto. Todas as galerias terão piso de madeira sobre suportes de neoprene para proteger os pés dos artistas. No MoMA, que está em expansão, “as performances irão impactar os espaços que estamos projetando”, disse Stuart Comer, curador-chefe do Departamento de Mídia e Arte Performática. “Um bom número de museus realmente percebe a dança e pensa em como essa forma de arte, que até agora tem sido principalmente apresentada em teatros, enquanto entretenimento, pode ser integrada à história da arte”, disse Philip Bither, curador de Artes Cênicas do Walker Art Center, em Minneapolis. Muitos problema s vêm ocorrendo quando museus oferecem aos artistas a possibilidade de ter seu trabalho visto dentro do cânone da arte moderna. “Você ouve muitos coreógrafos frustrados dizendo: ICA BOSTON ‘Chego na galeria e ninguém Mais museus hospedam bailarinos. quer saber se Uma performance no Instituto de Arte preciso de água Contemporânea (ICA) em Boston ou de um lugar para me trocar’ — coisas que só um produtor tedezenas de artistas também esatral saberia”, disse Bither. tão fazendo. Brian Rogers, diretor artístiMuseus de arte envolvem-se em performance ao vivo desde co da Chocolate Factory, espaa década de 60, e “o espaço muço de artes cênicas em Long Island, é cético, e recorda-se que, dou”, disse o coreógrafo Ralph na década de 60, apresentações Lemon, cujo trabalho recente de dança de Yvonne Rainer e mistura teatro e instalação arTrisha Brown no Whitney ajutística. “Sem aviso prévio, mudaram a inaugurar uma nova seus estão oferecendo agora era, mas saíram de moda, em espaços para performances que parte devido à dificuldade de vão além dos jardins, porões e colecionar esse tipo de trabacorredores.” A mudança na interseção da lho. arte visual e da performance O processo de “adquirir” um veio em 2010, quando Marina trabalho efêmero de perforAbramovic se apresentou no mance é algo que museus e arMuseu de Arte Moderna (Motistas estão ainda negociando. O Museu Guggenheim, em Nova MA) para 560.000 pessoas. York, adquiriu o “Timelining” A tendência está provando de Gerard & Kelly, projetado paser uma maneira de atrair visira casais em uma variedade de tantes. “A performance ao vivo relações íntimas, que será mosincentiva o público a frequentrado na rotunda entre junho e tar mais o espaço”, disse Sam setembro. Os artistas criaram Miller, presidente do Conselho diretrizes para sua apresentaCultural de Lower Manhattan. “Isso faz sentido se quisermos ção, incluindo seu pagamento. uma resposta maior ao que os “O museu tem um certificado artistas estão fazendo hoje e um de autenticidade como fariam público mais diversificado.” com uma obra de Sol LeWitt”, Porém, alguns se perguntam disse Gerard. Em uma noite recente no New Museum em Nova York, a porta do elevador se abriu em uma galeria no quinto andar onde acontecia uma aula de pole dancing. Alguns visitantes pareciam confusos e procuravam a saída, mas muitos outros se reuniram para assistir aos dançarinos Brennan Gerard e Ryan Kelly aprendendo movimentos extenuantes e hipnóticos — o tipo mais frequentemente praticado por strippers ou artistas adolescentes no metrô. Os dois são artistas em residência na temporada de “Choreography” do museu, em que exploram como a raça, a classe social e a sexualidade interagem no pole dancing. Sua pesquisa culminou com a estreia no início de fevereiro, incorporando dançarinos de todos os matizes — até os do metrô e os mais exóticos — girando em dois postes. Com formação em balé e teatro experimental, Gerard & Kelly migraram de locais de dança para o mundo da arte contemporânea em busca de audiências maiores, novos patronos e o apoio intelectual de curadores, uma mudança que
ANDREW THOMAS HUANG; ABAIXO, THE NEW YORK TIMES
Os sons de uma refém do coração partido Por JON PARELES
REYKJAVIK, Islândia — Não era exatamente um dia para se ir à praia: a manhã de novembro estava fria e úmida, com uma garoa intermitente que se transformou em chuva. Björk se refere ao clima como “tempo de resfriado”; ela e a equipe de filmagens estavam em Grotta, farol localizado em um trecho litorâneo isolado que a estrela costuma alugar quando quer se isolar e compor. A maré e a luz invernal fugidia lhe deram apenas algumas horas para fazer o vídeo que transformou “Stonemilker”, a primeira música de trabalho do novo álbum, “Vulnicura”, no grand finale, em imagens panorâmicas em 3D, da retrospectiva sobre a cantora no Museu de Arte Moderna de Nova York, que será inaugurada em oito de março. Björk se colocou, como muitas vezes o fez ao longo da carreira, no limiar da natureza e da tecnologia, das emoções cruas e do artifício complexo. Ela sempre se autodenomina “artista pop”, mas a classificação é, no mínimo, modesta para alguém que, há pelo menos trinta anos, faz experimentos constantes com sons, estruturas e imagens que acompanham a comunicação elemental de sua voz gentil e marcante. Björk explica em seu site que “Vulnicura” é um álbum de “mágoa total”; as canções falam do afastamento, separação e superação que se seguiram ao fim da relação com o artista Matthew Barney. “Geralmente não falo da minha vida particular, mas não há dúvida sobre esse álbum. Eu me separei durante sua produção, acabei com um relacionamento de treze anos, o que talvez tenha sido a coisa mais difícil que fiz até hoje”. E acrescenta: “É mais ou menos como uma cirurgia de peito aberto, com os bisturis abrindo a
carne; fica tudo exposto, há uma urgência, um imediatismo ímpar. Tem que acontecer já, você tem que se expressar. Ao mesmo tempo, sempre sente como se tudo pertencesse a outra força. Não é nada seu, é como se fosse a corrente da energia universal da dor... ponto com que faz você refém”, diz ela com uma risada. Durante toda a carreira, a música de Björk fundiu elementos mundanos e etéreos das formas mais variadas; ela fez álbuns que extrapolaram a batida club dance (“Post”), construídos quase que totalmente em cima de sons vocais (“Medulla”) e marcados pelos tons da harpa e das caixinhas de música (“Vespertine”). O trabalho de 2011, “Biophilia”, contou com um coral islandês e instrumentos mecânicos inovadores que serão exibidos — e ouvidos — no saguão do MoMA. A artista é séria, mas também sabe relaxar. Depois de inúmeras tomadas no frio inclemente, Björk
convidou a equipe e alguns amigos de Reykjavik para irem à sua casa para a festa de encerramento – que também era de seu 49«aniversário. Sua casa é aconchegante, com toques surpreendentes de natureza adaptada ao ambiente fechado: um candelabro esférico feito de penas brancas, uma escadaria de pedra cuja balaustrada é feita com ossos de baleia-de-minke (não ameaçada). Do estúdio, no andar superior, dá para ver uma cena marinha: a montanha em forma de cone, a praia de areia escura e o céu islandês, sempre mutante. Quando estava prestes a tocar uma música no laptop, fez uma pausa. “Olha que nuvem doida! É um triângulo meio embaçado, enquanto todas as outras são bem fofas e definidas”. Um pouco como suas novas canções, sons eletrônicos com limites indistintos combinados a um conjunto efervescente e bem definido de cordas e vocais. As músicas de “Vulnicura” são ao mesmo tempo premeditadas
— Björk compõe seus próprios arranjos — e resolutamente desprotegidas, com a voz da cantora aberta e exposta. “Praticamente não mudei nada”, informa. As primeiras seis canções são uma cronologia da separação, desde a suspeita de que a união estava se desgastando até a aceitação do fim. “Na época eu fiquei muito rabugenta, parecia uma adolescente, porque não suportava a ideia da banalidade da coisa. Mas é verdade, quando você passa pela situação, as canções simplesmente fluem”. A música mais sombria e corajosa é “Black Lake”, que, segundo o encarte, foi feita “dois meses após o fim”. “Minha alma está despedaçada, meu espírito, alquebrado”, canta Björk, as cordas por trás dela em acordes escancarados e austeros. Ao fim dos versos, eles se sustentam, durando mais que o canto em um movimento arrepiante e deliberado. Apesar disso, durante as gravações, “Black Lake” ganhou um formato tecnológico cuidadoso – e junto de “Stonemilker”, faz parte do “novo trabalho” da mostra do MoMA. Durante as sessões, cada um dos trinta músicos foi gravado individualmente; o museu está montando uma sala com inúmeros alto-falantes que permitirão ao visitante ouvir cada faixa separadamente, como uma experiência espacial. Durante a mostra os visitantes devem usar fones de ouvido para explorar cada sala — que corresponde a cada um dos álbuns solo da cantora, com direito às roupas, vídeos e gravações experimentais. O guia também inclui uma narrativa biográfica fictícia. “Vai ser uma cacofonia e tanto. É claro que assumi alguns riscos, mas se a coisa não for perigosa, não vale a pena ser realizada”, conclui Björk.
‘Leviatã’ é desprezado em seu país
Aumentando a influência clássica
Por NEIL MacFARQUHAR
Por MICHAEL COOPER
Apesar do envelhecimento do público interessado em música clássica — ou talvez justamente por causa disso — as orquestras norte-americanas e grandes instituições musicais dos EUA estão de olho nos jovens, oferecendo programas cada vez mais ambiciosos, incluindo até opções internacionais para conquistar e ensinar a próxima geração de músicos. E as abordagens são as mais variadas. Alguns se inspiram em El Sistema, a iniciativa venezuelana que usa a educação na música clássica para auxiliar crianças carentes. A Filarmônica de Los Angeles, por exemplo, disse que estava criando uma rede de aproximadamente 60 programas musicais norte-americanos influenciados pela fórmula venezuelana, muito elogiada por sinal, mas também motivo de curiosidade em termos do papel que representa na política daquele país. O projeto reunirá os jovens participantes e culminará em um festival nacional, em 2017, para atrair estudantes a Los Angeles e tocar sob a batuta de Gustavo Dudamel, o fruto mais famoso de El Sistema e diretor da Filarmônica. Outras estão se movimentando para estabelecer uma versão norte-americana do tipo de orquestra jovem que surgiu em outros países. A Orquestra Nacional Ju-
O novo álbum de Björk está mergulhado nas emoções cruas resultantes do fim de sua relação de treze anos com o artista Matthew Barney
CHRISTOPHER GREGORY PARA THE NEW YORK TIMES
Programas como a Orquestra Nacional Juvenil são inspirados em El Sistema, o programa venezuelano para jovens musicistas venil dos EUA, criada em 2013 por alguns dos melhores músicos da nação, pretende fazer uma turnê pela China em meados deste ano com Charles Dutoit, ex-maestro da Orquestra da Filadélfia. A Filarmônica de Nova York já iniciou parcerias com a Universidade de Michigan e com a Academia da Orquestra de Xangai, para onde irá em julho para uma série de concertos e workshops voltados aos estudantes de música locais. No mesmo mês a Sinfônica Nacional Juvenil também estará na cidade chinesa. Clive Gillinson, diretor executivo do Carnegie Hall disse em nota: “Apostamos que a primeira turnê da orquestra será uma tremenda oportunidade para descobertas musicais e culturais de todos os envolvidos”. Em Los Angeles, o projeto é um pouco diferente, pois pretende não só ensinar música como ajudar as crianças com oportunida-
des restritas. Na Venezuela, o sistema beneficia milhares de jovens e ganhou elogios calorosos de muitos nomes importantes do setor – mas por ser financiado pelo governo também gerou muitas críticas pela proximidade aos regimes de Hugo Chávez e seu sucessor, Nicolás Maduro. A organização nacional El Sistema USA age como uma rede de apoio e defesa para grupos norte-americanos e, junto com a FundaMusical venezuelana, pretende criar um novo programa. As iniciativas para cativar e atrair os jovens podem até ser diferentes, mas isso não impede que atuem em conjunto: quando a Orquestra Nacional Juvenil esteve em Los Angeles, em 2014, seus músicos ensaiaram lado a lado com os estudantes do projeto da Filarmônica local, tocando “Tico Tico” e a versão de Ravel para “Quadros de uma Exposição”.
MOSCOU — Sob vários aspectos, o filme “Leviatã” é a maior conquista cinematográfica da Rússia em vários anos, quiçá décadas. Vencedor do Globo de Ouro em janeiro como Melhor Filme Estrangeiro, oferece um retrato implacável, regado a muita vodca, da corrupção que grassa em uma cidade pequena, sendo elogiado por críticos e cineastas do mundo inteiro – exceto, talvez, na própria Rússia. Muito antes de ter sido lançado aqui, no mês passado, ele já dividia o país, aclamado por uns como o retrato fiel da vida na era Putin e condenado por outros como propaganda dos inimigos do Estado que devia ser proibida. O blablablá nacional está sendo comparado à difamação anterior de vários artistas que ficaram famosos no exterior pelos retratos inclementes da vida russa, como Aleksandr Solzhenitsyn e Boris Pasternak. “Um dos motivos para essa condenação praticamente universal de ‘Leviatã’ tem a ver com a situação geral na Rússia hoje. Muita gente acha que está sendo criticada, esnobada e deixada de lado pelo Ocidente e que tem que se proteger”, explica o jornalista russo Vladimir Posner. O filme mostra Nikolai, mecânico de uma cidadezinha que vê a vida perder o prumo ao tentar impedir um político de tomar sua casa. O diretor, Andrey Zvyagintsev, defendeu seu trabalho como uma “parábola universal”. Os produtores atrasaram o lançamento na Rússia na esperança
de que fosse encarado como obra de arte e não afirmação política — e, assim, foi exibido em um único cinema em São Petersburgo, em 2014, para poder concorrer ao Oscar. A polêmica começou em meados do ano passado, depois de o longa ter ganhado em Cannes por Melhor Roteiro Original, o primeiro de uma série de prêmios internacionais. O ministro da Cultura russo, Vladimir Medinsky, foi quem liderou os ataques, mesmo sua pasta tendo fornecido uma gorda fatia para o orçamento do
‘Leviatã’ ofende russos ao abordar corrupção filme. E depois de a obra ganhar o Globo de Ouro, o primeiro para o país desde “Guerra e Paz”, em 1969, ele criticou duramente a forma como os russos foram retratados. “Por mais que os autores tenham feito os personagens xingar e beber litros de vodca, isso não os torna russos de verdade”, foi sua declaração ao jornal Izvestia. E a seguir propôs diretrizes que proibissem filmes que “manchassem” a cultura nacional. O longa também gerou um desentendimento incomum entre os seguidores da Igreja Ortodo-
xa Russa por causa do destaque dado na história a um bispo corrupto. Teve quem pedisse sua proibição, mas a Metropolitana Simon de Murmansk e Monchegorsk, diocese onde o filme foi rodado, fez uma declaração em que o descreve como “honesto”. A chefe da aldeia de Teriberka, cuja população é de 957 habitantes, onde o longa foi filmado, afirmava que não valia a pena assisti-lo. “Somos mostrados como um bando de bêbados vivendo cada um no seu buraco”, foi a suposta reclamação de Tatiana Trubilina — mas depois de tê-lo assistido, passou a defendê-lo. Alexander Rodnyansky, um dos produtores, explica que o filme dá destaque para as belíssimas paisagens naturais ao longo do Mar de Barents para fazer o contraste com o comportamento humano “poluído”. Até agora nenhuma autoridade parabenizou no Twitter o diretor Zvyagintsev pelos inúmeros prêmios recebidos, em uma das esnobadas mais unânimes dos últimos anos. Apesar disso, os círculos culturais esperam que o Kremlin ainda venha a aceitar a obra pelo menos em termos da conquista coletiva. “Não queriam uma discussão nacional por causa do ultraje de o filme mais famoso fora da Rússia ser contra o governo — mas se ganhar o Oscar, aí a coisa muda de figura porque será ‘uma glória para a Rússia’ ”, afirma Daniel Dondurei, um dos críticos russos mais respeitados da atualidade.
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GAZETADOPOVO TERÇAFEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2015
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Fez uma imagem interessante? Se quiser colaborar com o jornal, envie sua foto para leitor@gazetadopovo.com.br ou compartilhe com a hashtag #japragazeta nas redes sociais. Arquivo pessoal
Acadêmicos do litoral COLABORAÇÃO DO LEITOR: Douglas Teixeira
>> HORÓSCOPO
>> ANIVERSÁRIOS
Airton Hastreiter, Altayr Bail, Ana Cristina Herrmann, Anésio Gomes Leitão, Anilton Justia niano de Oliveira, Annelise Sudbrack Guimarães, Arion Novochadlo, Carlos Thadeu Fedalto, Catarina Tavares da Silva, Cícero Justus, David Po krywiecki, Denise Richter Abrão, Eduardo Andrade de Oliveira, Frederico Homero Pucciani, Gilson Soares San tos, Iony M. Renck de Morais, Janete Aparecida Palácio, João Rodrigues, Jucimar Novochad lo, Katsumasa Maebayashi, Klaus Peter Klein, Leidim Kou, Licinia Schleder Gonçalves, Lili F. Kawachi Santin, Lyrio Mezo mo, Maria da Conceição Gue des, Maria do Amparo V. Fer nando, Maria Helena Bettega, Marisa Ferreira Hotyki Rabelo, Maurício Lopes Galvão, Nelson Derani, Nelson Julez Vizini Ber tazzoni, Norma Buest Rosário, Olga Lúcia C. de Freitas Firkow, Osvaldo de Jesus Filho, Paulo Carneiro da Silva, Pedro Zu mas, Regina das Dores Rapo so, Renato Biancolini, Rogério Poplade Cercal, Rubens Gui marães Brustolin, Tana Mara C. Belinati Loureiro, Valentina da Luz P. Batista, Vilson José Grassi e Walter Xavier.
Áries: Você tende a entrar em descompasso com o grupo social e os amigos. O seu an seio por ser diferente tende a ser mais prejudicial que cons trutivo. Neste momento, seja como você é, simplesmente. Touro: Desafios no trabalho podem pressionálo, levando a reagir do modo errado. Cui dado com a impaciência. Há muita tensão a ser liberada, sem ferir a si mesmo e às pes soas. Gêmeos: É bom descarregar um tanto da sua energia vital e da tensão que tem acumula do. Mas tende a rejeitar qual quer ideia ou direção como definitiva, discutindo com tu do e com todos. Câncer: A tendência a alimen tar rancores e ódios com rela ção aos amigos e pessoas no trabalho deve ser evitada. Ou poderá vir a prejudicar situa ções futuras.
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SEGURANÇA
Bombeiros Defesa Civil Estadual Guarda Municipal Instituto Médico Legal (IML) Força Verde/Polícia Ambiental Narcodenúncia Ouvidoria das Polícias Polícia Militar Polícia Civil Polícia Federal Polícia Rodoviária Estadual Polícia Rodoviária Federal
193 3210-2707/199 153 3281-5600 0800-643-0304 181 0800-410-090/ 3323-7535 190 197 3251-7500 198/3281-9000 191/3535-1910
DELEGACIAS DE POLÍCIA 1º Distrito Policial 2º Distrito Policial 3º Distrito Policial 4º Distrito Policial
3326-3400 3332-0110 3561-1100 3236-1824
Os amigos Caio Félix, Christhian Barbosa e Douglas Teixeira (foto) participam todos os anos do desfile da escola de samba Acadêmicos do Litoral, de Paranaguá. Essa imagem é de 2014. Para Teixeira, o prazer de ser carnavalesco é poder contar uma história por meio da música, da fantasia e do passo. Em 2007, por exemplo, ele participou do desfile que contou a história do vi nho, O Néctar dos Deuses. “Com muito amor e trabalho duro, as pessoas envolvidas com a escola viram a noite para dar o seu melhor”,comenta. A agremiação foi fundada em 1973 e já con quistou 14 vezes o título de campeã do carnaval. Fez fotos de carnaval? Envie para a Galeria do Leitor: http://bit ly.com/gpgaleriadoleitor e compartilhe esse momento.
Leão: Você tende a afirmar seu modo de pensar mesmo quan do não tem muito certeza sobre coisa alguma. Disposição rebel de e renovadora, mesmo quan do inconveniente. Virgem: Bom momento para você buscar o entendimento com seus parceiros e sócios, em especial nas questões materi ais. A sua falta de ritmo prejudi ca o trabalho e as atividades em cooperação. Libra: Neste dia, a comunicação e atividades intelectuais estão desfavorecidas. Terá que se es forçar para entenderse melhor com os seus parceiros Os im pulsos temperamentais não le vam a nada. Escorpião: Um dia complicado para as questões que envolvam trabalho, conforto e subordina dos. A rebeldia diante da família é mais um problema que pode surgir. Antes de tudo, você deve sempre permanecer calmo.
5º Distrito Policial 6º Distrito Policial 7º Distrito Policial 8º Distrito Policial 9º Distrito Policial 10º Distrito Policial 11º Distrito Policial 12º Distrito Policial 13º Distrito Policial Delegacia de Furtos e Roubos Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos Delegacia de Homicídios Delegacia da Mulher Delegacia de Delitos de Trânsito Delegacia do Consumidor Sicride – Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas
UTILIDADE PÚBLICA Aeroporto Afonso Pena Aeroporto Bacacheri Alcoólicos Anônimos Brasil Telecom Câmara Municipal de Curitiba Cohapar – Atendimento Ao Mutuário Conselho Tutelar Bairro Novo Conselho Tutelar Boa Vista Conselho Tutelar Boqueirão Conselho Tutelar Cajuru Conselho Tutelar CIC Conselho Tutelar Matriz Conselho Tutelar Pinheirinho Conselho Tutelar Portão Conselho Tutelar Santa Felicidade Coordenadoria Estadual Antidrogas Copel Defensoria Pública Estadual Desratização
3256-5233 3366-3672 3376-1055 3346-5644 3242-1312 3378-8382 3347-1122 3372-3111 3396-1471 3218-6100 3314-6400 3360-1400 3219-8600
Sagitário: Um dia de senti mentos contraditórios, talvez até mesmo contrários a seus princípios morais. O relacio namento afetivo está sendo conturbado por contradições internas. Capricórnio: Os desejos con trafeitos tendem a colocálo de má vontade na relação amorosa. Momento para se procurar o equilíbrio entre as exigências materiais e os re cursos disponíveis. Aquário: Atritos e discussões tomam o lugar das conversas e do entendimento. Talvez queira se destacar demais ou mostrarse superior a todos os demais intelectos. Peixes: Atos impensados e si tuações incontroláveis po dem trazer prejuízo contra seus bens materiais. Aceitar desafios sem sentido tam bém faz desperdiçar energia e recursos.
Detran Disque Idoso Paraná DisqueCaixa (FGTS, Cartão Cidadão, PIS/Pasep) DisqueEconomia Doação de Sangue (Hemepar) Doação De Sangue (Hemo Banco)
0800-6437373 0800-410001 0800-7260101 3262-6564 3262-7676/ 0800-6454555 3023-5545 0800-410277
Ecovia
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Instituto de Identificação/ Sesp Juizado Especial de Curitiba Liceu de Ofícios Ministério Público do PR Ouvidoria da Secretaria de Estado da Educação Ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde OuvidoriaGeral do Estado Passaportes – Polícia Federal Prefeitura Municipal de Curitiba Previdência Social (INSS) Procon Remoção de Animais Mortos ou Vivos Resgate Social Rodoferroviária Rodonorte Sanepar SAV (SOS Criança) SAV (SOS Idosos) Vara da Infância e da Juventude
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RUAS DA CIDADANIA
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Fazendinha Portão Matriz Santa Felicidade Bairro Novo Boa Vista Carmo (Boqueirão) Pinheirinho
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3245-1100 3350-3787 3313-5799 3374-5284 3298-6812 3313-5710 3313-5502 3313-5455