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A criação da Federação Brasileira das Escolas de Sambo foi causa e efeito de uma séria crise politica que dividia os escolas e que en~ volvia também partidos pollticos (a Federação
nasceu na sede do antigo Partido Orientador Trabalhista) . Tanto que em 1950 surgia uma
nova entidade -
o União Clvico das Escolas de
Samba que desaparecia um ano depois. quando nasceu uma terceira, a Confederação Brasileira das Escolas de Samba. Por causa disso, s6 no desfile de 1952 as escolas de samba apresentaram-se juntas - ao contrório dos anos anteriores, quando havia dois desfiles - mas ligadas a três entidades: Confederação das Escolas de Samba - Independentes do leblon, Azul e Branco, Depois eu Digo, Combinado do Amor, Paz e Amor, Floresta do Andaral e Unidos do Catete. União Geral das Escolas d. Samba do Brasil Portela, Três Mosqueteiros, Estação Primeira, Unidos do Capela, Aventureiros da Matriz, Unidos da Tamarineira, Unidos do Tijuca e Coraçães Unidos de Jacarepagu6. Federação das Escolas d. Samba - Império Serrano, Aprendizes de Lucas, UniZio de Voz lobo, Vai se Quiser, Filhos do Deserto, Unidos do Grajaú e Império do Tijuca.
Apesar de divididos em três ,associações, as escolas desfilaram , em 1952. pelo menos, numa 56 apresentação ; pois nos anos de 1948, 49, 50 e 51 , foram realizados dois desfiles: o promovido pela Federação, reconhecida ofi·
100
cialmente pela entlla Prefeitura do Distrito Federal, e a outro da Unilla Geral das Escalas de Samba, sem qualquer apoio oficial. Uma das conseqüências da criaçClo da FederaçClo Brasileira das Escolas de Samba fo i o aparecimento de muitos escolas de samba. Tanto que destilaram 36 no carnaval de 194B, levando o ent!lo Prefeito da Cidade, General Ângelo Mendes de Moraes, o pensor numa divisão dos escolas por grupos. como aconteceu a partir de 1954: as mais fortes no primeiro grupo e as mais fracas no segundo. A FederaçClo, porém, resistiu 6 idéia . Pelos problemas pollticos e pela proximi· dade das sedes das duas escolas, a Portela e o Império transformaram-se em ferozes rivais . A Portela nõo reconhecia muito a vitória do Império em 194B, alegando que houve parcia· lidade do júri e nos anos seguintes, as duas desfilaram em dois lugares diferentes. S6 em 1952 se reencontraram, mas o desfile foi anulado - por sugestClo do Império Serrano devido ao temporal que desabou sobre a cio dade na hora do desfile. Em 1953, quando afinal concorreram juntos. a Portei o venceu esmagadoramente. obtendo dez em todos os quesitos em julgamento ; façanha que nenhuma outra escola de samba conseguiu até hoje. O velho Alfredo, fundador da Prazer da Serrinha, ex·CidadClo Samba, fazia da sua es· cola uma espécie de extensClo da sua faml1ia. A
própria sede era na sua cosa e quem mandava tinha que ser ele. Mas a oposiçClo crescia. No carnaval de 1946 dois antigos e impor· tantes dirigentes da Portela, Antônio Caetano e Lino Manoel dos Reis, deixaram o suo escola e foram colaborar com Alfredo Costa na Prazer do Serrinha. Caetano sugeriu que o enredo do escola fosse A Conf.rinelo d. São Froncllco e pediu que o samba acompanhasse a idéia do enredo. Mano Décio da Viola e Silos de Oli· veira compuseram o tal sombo.
lembro Mono Décio: - Seu Alfredo nClo queria muito o samba, n!lo. O fato é que quando chegamos na Praça Onze, Seu Delfino perguntou : " Qual é o samba que a gente vai cantar?" Seu Alfredo respon· deu : "Alto d. Colina" . Ora, a gente apresen· tava o enredo A Conf.rinela d. São Francllca, como é que se ia cantar Alto d. Colina? Eu sei que a Prazer da Serrinha foi desclassificada no desfile (nota : tirou em li? lugar) . AI, depois do carnaval começou aquele ambiente com uma porçClo de gente querendo fundar outra escola de samba, aquelas coisas. O SebastiClo Molequinho passou a mão num caderno e começou a catar aderentes. Dali , houve uma reuniõo mais forte e acabou nesse gigante que é o Império Serrano. A primeira reuniClo foi na casa do Molequ inho? - Foi ló em cima. A segunda foi na casa do Simpllcio, na Rua Itaúba, 23 . O Simpllcio de
Oliveira, irmClo do Molequlnho. O Império Serrano nasceu com dissidentes da Serrinha e da Portei a também. No inicio você ficou na dúvida, se ia para o Império ou n!lo? - Fiquei na dúvida na seguinte forma: Seu Alfredo, quando viu o serviço bem adiantado, me chamou : " A gente entrega a Serrinha a vocês e fico ajudando de fora ." Mas na horo do neg6cio, ele começou a ditar as regras :" Você vai fazer isso, Fulono vai fazer aquilo, eu vou ser não sei o quê. " Mano Décio, apesar de tudo, continuou na Prazer da Serrinha que cantou um samba da sua autoria - e de Silos de Oliveira - no cor· naval de 1948. " Fiquei ló e có"; explica o com· positor que, a partir de 1949, integrou-se definitivamente no Império Serrano. O Império Serrano contou com o suporte polltico da FederaçClo Brasileira das Escolas de Samba, fundada pouco antes de surgir a es· cola. O Império nasceu no dia 23 de março de 1947 e a Federaç!lo , no dia 2 de janeiro, tendo como presidente Ortivo Guedes de Oliveira e como vic.... presidente o jornalista Irênio Del· gado. Este era o responsóvel pela seçClo cor· navalesca do jornal A Manhã e deu total cobertura O novo escola que, em suo primeiro apresentaçClo. num desfile promovido pelo próprio Irênio na noite de 31 de dezembro de 1947, na Praça Mauó, foi a escola de samba campeã.
101
1949 1~ 2~ 3~
- Império Serrano - Az.ul • Branco - Unido. do Salgueiro 4~ - Flore.ta do Andaral 5~ Unidos do Outeiro 6~ - Recreio de São Carlos 7~ Aprendbe. de Luca. 8~ Independente. do Leblon 9~ Filhos do Oe.erto 1O~ - Irmão. Unidos do Catete No desfile não oficiai. promovido pela União Geral da. E.colas de Samba. em primeiro lugar: a Estação Primeira de Mangueira e em .egundo. a Portela.
1948 1~ 4~ 5~ 2~ 3~
6!> 7~ 8~ 9~
Azul • Branco Paz e Amor
17~ 18~ 19~ 20~ 21 ~ 22~ 23~ 24~ 25~ 26~ 27~ 28~ 29~ 30~ -
Império da Tlluca Pra.er da Serrinha Unido. de Turlaçu Depois eu Diga Independente. do Leblon Recreio de Inhaúma Aprendl.e. de Lucas Paraiso dai Morenas Unido. da Co pela Irmão. Unido. do Catete Vai .e Qul.er Unido. de Santo Amaro Estrela de Ouro Cada Ano Sal Melhor Unido. do Salgueiro Unido. do Cabuçu Coraçãe. Unido. da Favela Sem Você Vivo Bem Unido. de Br6s de Plna Unido. de Cavalcante Unido. de Tom6. Coelho Mocidade de Cachambl Unido. do Morro A.ul Império da Colina
31!> -
Poraiso do Grotão
32~ 33~
Mocidade de um Paral.o Inimigo. da Trlste.a União de Va. Lobo Unido. do Ca.telo Unido. da Lagoa
1O~ 11 ~ 12~ 13~ 1 A~ 15~ 16~
-
Império Serrano Unido. do Tlluca Portei a Estação Primeira
-
34~
-
35~
-
102
1950 1~ 2~ 3~
Imp'rio Serrano - A:rul • Branco - Unido." do Salgueiro 4~ - Floresta do Andaral 5~ Unidos do Outeiro 6~ - Recreio de São Carlos 7~ - Aprendbes de Luca. 8~ Independentes do Leblon 9~ Filhos do Deserto 1O~ - Irmãos Unidos do Catete No desfile da União Geral das Escola. de Samba: 1~ 2~ 3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ 1O~
-
-
Estação Primeira
-
Portela Unidos da Tlluca Vai Se Quiser e Corações Unidos de Jacarepagu6 Filho. do Oe.erto
-
Unidos do Coqueiro
-
União do Realengo Unidos do Rlachuelo Cada Ano Sai Melhor Vo. do Orlon de Realengo
1951 1~ -
Império Serrano Aprendl..s de Luca. Filhos do Deserto - Azul. Branco 5~ - Irmão. Unido. do Catete 6~ Império da Tlluca 7~ - Pa. e Amor e índios do Acaú 8~ - Unidos do Gralaú 9~ Vai .e Qul.er 1O~ - União de Va. Lobo 11 ~ - Depois eu Digo e Flore.ta do Andaral 12~ Corações Unidos da Favela 13~ Unidos de Santo Amaro 14~ Independentes do Leblon 15~ Acadêmicos do Engenho da Rainha 16~ Unidos do Pecado 17~ Independentes do Rio No desfile da União Geral das Escolas de 2~ 3~ 4~
Samba venceu a Portala.
1955
1952
I~ 3~ 4~ 5~ 6~ 7!' 8~ 9~ I O~ 1i ~ 12~ 13~ 14~ 15~ 16~ 17~ 18~ -
Não houve resultado.
2~
1953 I~ 2~ 3~
-
4~
-
5~ 6~ 7~ 8~
-
9~
-
IO~
1i ~ 12~ 13~ 14~ 15~ 16~ 17~ 18~ 19~ 20~ 21 ~ -
Portela Império Serrano Estação Primeira
Aprendizes d. Lucas Unidos da Tlluca Unidos do Salgueiro Filhos do Oe •• rto Unidos da Capela Tris Masquetelros Paz e Amor Floresta do Andaral Unidos da Tamarinelra Depois eu Digo Unidos de Indolá Unidos do Catete índios do Acaú Unidos do Cabuçu Vai Se Quiser Cada Ano Sai Melhor
Império Serrano Estação Primeira Portalo Acadêmicos do Salgueiro Aprendizes de Lucas Beila·Flor Vai S. Quis.r Unidos de Congonhas Filhos do Oas.rto Caprichosos dos Pilares Unidos do Tlluca Unidos do Andaral Unidos do Cabuçu Unidos da Copala Unidos do Salgueiro índios do Acaú União de Vaz Lobo União do Catete
No segundo grupo: I~ 2~
Aventureiros da Matriz
-
Coroçã.s Unidos de Jocarepaguá e Flor do Lins Unidos de Banto Ribeiro
Azul e Branco do Salgueiro
1954
I
1~ -
Estação Primeira
2~
Império Serrano Acadêmicos do Salgueiro Portei a Aprendizes de Lucas Filhos do Oes.rto Unidos do Salgueiro União d. Vaz Lobo índios do Acaú Unidos do Cabuçu Unidos do Catete Paraiso das Baianas e Unidos da Tlluca Unidos da Capela Vai se Quiser Império da Tiluca Floresta do Andaral e Unidos do In· dalá Unidos do Gralaú e Acadêmicos do Engenho da Rainha Aventureiros da Matriz Unidos da Tamarinelra e Paz e Amor Independentes do Rio Independe!,tes do Leblon
9~ I O~ 1i ~ 12~ 3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~
13~
15~ 16~
-
17~
-
18~
-
14~
19~ 20~ 21 ~
I I
I I I I I I I
I I
I I
Segundo grupo : I~ 2~ -
I
Bailo-Fiar Unidos de Congonhas
103 - - - ----
I I I
1958 1~ 2~
3~ 4~ 5~
6~ 7~ 8~
-
Portei a Império Serrano Estação Primeira Acadêmicos do Salgueiro Unido. da Capela União de Jacarepaguá Tupi de Brás de Plna Aprendl.e. de luca.
Segundo grupo: 1~ 2~
-
Mocidade Independente Unido. do Salgueiro
1960 1~ -
1956 1~ 3~ 4~ 5~ 2~
Império Serrano Portela Estação Primeira Acadêmico. do Salgueiro Aprendl.e. de luca.
2~ 3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~
Segunda grupo: 1~ 2~
-
Flor da lIn. e União do Centenário Unido. de Vila I.abel
Segundo grupo:
1957 1~ 2~ 3~
4~
5~ 6~ 7~ 8~ 9~ 1O~ 11 ~ 12~ 13~ 14~
-
-
Acadêmicos do Salgueiro Aprendize. de lucas Unido. da Capela Caprlcho.o. do. Pilare. União do Centenário 8ella-Flor Unidos da Tlluca Unido. do Cabuçu Unido. de Bento Ribeiro Filho. do Oe.erto Flor do lln.
Segundo grupo 1~ 2~
104
-
1~ 2~
Partela Império Serrano Estação Primeira
Unido. de Bangu Tupi de Brá. de Plna
-
Portela, Acadêmico. do Salgueiro, Estação Primeira de Mangueira, Unido. da Capela e Império Serrano Aprendl.e. de luca. Mocidade Independente União de Jacarepaguá Unido. de Padre Miguel Bella-Flor Aprendl.e. da Boca do Mato Unido. de Bangu
-
Caprlcho.o. dos Pilare. Acadêmico. de Bento Ribeiro
1961 1959 1~ 2~ 3~
-
4~
-
Estação Primeira
5~ 6~
-
Mocidade Independente Unido. da Capela Aprendize. de luca. Unidos de Bangu Bello-Flor Cortollnha de Caxla.
7~ 8~ 9~
1O~
Portei a Acadêmico. do Salgueiro Império Serrano
Segundo grupo: 1~ 2~
-
Aprendi.e. da Boca do Mato Unido. de Padre Miguel
1~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ 1O~ -. 11 ~ 2~ 3~
Estação Primeira Acadêmico. do Salgueiro Portela Império Serrano Unido. da Capela Aprendl.es de luca. Mocidade Independente União de Jacarepaguá Caprlcho.o. do. Pilare. Unido. de Padre Miguel Acadêmico. de Bento Ribeiro
Segundo grupo: 1~ -
2~
Unidos do Cabuçu Tupi de Brá. de Plna
1962 1~ 3~
-
4~
-
Império Serrano Acadêmicos do Salgueiro Estação Primeira
5~
-
Mocidade Independente
6~ 7~
-
Aprendizes de Lucas
2~
8~ 9~ 1O~
-
Portela
Unidas da Cabuçu União de Jacarepaguá
Unidos da Capela Tupi de Brós de Pino
Segundo grupo: .
1~ 2~
-
Unidos de Bangu Beija-Flor
1964 1~ 2P -
Partela Acadêmicos do Salgueiro
3P 4P -
Estação Primeira Império Serrano
5~ 6P 7~ -
Unidos da Capela União d. Jacarepoguó Mocidade Independente
e!> 9~ 1O~
-
Aprendizes d. Lucas
Unidos de Padre Miguel Unidos do Cobuçu
Segundo grupo:
Terceiro grupo:
1~ 2~
-
Independentes da Leblon Unidas de Nilópalis
1~ -
2~
3P -
6~ 7~ 8~ 9~ 1O~
1~ 2~
-
Unidos de São Clemente Unidos da Vila Santa Teresa
-
1~ -
Acadêmicos do Salgueiro
Estação Primeira Império Serrano
2P -
Império Serrano
Portela União de Jacarepaguó Mocidade Independente Unidas da Cabuçu Aprendizes de Lucas Unidas de Bangu Beija-Flor
4P -
Estação Primeira
5~
Unidos da Capela Mocidade Independente
-
Unidas da Capela Unidas de Padre Miguel
Terceiro grupo:
1P 2~
Terceiro grupo:
Acadêmicas da Salgueiro
Segunda grupo: 1~ 2~
Império da Tijuco Imperatriz Leopoldinense
1965
1963
4~ 5~
1~ 2P -
-
Acadêmicos d. Santa Cruz Aprendizes da Góvea
3~
6~
-
Portelo
7P -
Aprendizes de Lucas
8~
Império do Tijuca União de Jacarepaguó Imperatriz Leopoldlnense
9~
1O~
-
Segundo grupo: 1P 2~
-
Acadêmicos d. Santa Cruz Unidos de Vila Isabel
Terceiro grupo:
1~ 2~
-
Unidos de São Carlos Unidos de Jardim
105
o
Sllal de Ollvel,a
" Filho de seu Assumpçllo nllo freqüento escola de sambo! " A advertência nõo fez com que o rapaz desengonçado, de quase um metro e noventa de altura e magro, desistisse dos batuques do Morro da Serrinha. Quem advertia era o professor prim6rio José M6rio de Assumpçllo, da varanda de sua casa no Rua Maroim, em Mogno, um bairro que o crescimento de Modureira acabou absorvendo o ponto de faz6-lo
desaparecer do registro dos carteiros. E o advertido era Silos de Oliveira Assumpçllo, que oos 17 anos j6 nõo era mais contido pelo pai e misturava-se com os batuqueiros da Escola de
Sambo Prazer da Serrinha, tocando um tamborim feito de caixa de goiobada de madeira,
encouroda com pele de cabrito. Foi essa mesma paixão pelo samba que o fez desobedecer ordens médicas durante um diflcil tratamento de angina e comparecer a umo roda de samba em 80'of090, onde morreu fulminado por uma sfncope após cantar v6rios
os
dos seus sambas-enredo. Hoje a Rua Maroim chamo-se Rua Compo-
sitor Silos de Oliveira. Nascido a 4 de outubro de 1916, em Madureira, Silos foi a único dos dez filhos de Seu Assumpçllo e Dona Jardelina a gostar de sambas e carnaval. Talvez tenha sido s6 ele atin· gido pelas tendências do lado materna da famllia , pois Dana Jardelina era prima de Vicentino, Nozinho e Natal, figuras importan· tissimas da vida da Portela. Os outros nove, certamente. levaram mais a sério os ensi· namentos da Igreja Batista, à qual freqüentaram desde crianças, levados por seu Assump · çllo.
SAMBA
Mano Décio da Viola - o seu parceiro mais constante - recorda·se das primeiras vezes que viu Silos de Oliveira: Um mulato tipo lingüiça, empertigado, silencioso, parado na esquina e olhando a gen· te subir o Morro da Serrinha poro os nossos batuques_ Antônio dos Santos, o famoso Mestre Fuleiro. diretor de harmonia do Império Serrano, lembra·se de ter ensinado Silos a tocar tom· borllo, uma versllo gigante do tamborim, tccada com duas vaquetas. Fuleiro sugeriu o ins· trumento paro Silos de Oliveira por ter ele uma condiçllo flsica ideal para agüentar um bom tempo tocando, j6 que é muita grande a esforço para tacar tamboréla. Em 1963 Silos de Oliveira me concedeu uma entrevista, publicada no jornal Última Hora, da Rio, contando que o seu p'rimeiro samba para a Escola de Samba Prazer da Serrinha chamava· se Sem Perdão. feito de parceria com Manula: " Nilo tens perdllo Nilo adianta chorar Tens que pagar com o dor Poro não mais contrariar O teu amor." Mas na presença da pr6pria Silos de Oliveira, Mono Décio da Viola afirmou - também em entrevista a mim concedida - que nao foi Sem Perdão o sua primeiro música para a Prazer da Serrinha. mas Sagrado Amor, igual· mente feito com Manula. Um acontecimento que fez de Si las de Oliveira um homem triste foi o morte de suo filha Nancy, em 1959 _ Ela estava apenas com 15 onos de idade e morreu dois dias depois de ter contraldo tifa_ Conta Dona Elane que Silos tinha um carinho especial por Nancy. com a qual gostava muito d~ cantar em dueto. A morte de Silos de Oliveira ocorreu na noite de 20 de maio de 1972 durante uma roda de samba promovida pelo compositor Mauro Duarte no Clube ASA, em Botafago _ Sob um dillcil tratamento de angina, ele nlla deveria ter comparecido à roda de samba. mas jus· tificou a sua desobediência às ordens médicas. lembrando que cumpria a mais diflcil das determinações: não bebeu nenhuma bebida alcoólica. Acabara de cantar dois dos seus mais fa· mosas sambas-enredo - O. Cinco Baile. da HI.tórla do Rio e Aquorelo Bro.llelro e desceu do palco para tomar um guaran6. Enquanto o público pedia que ele voltasse, disse à cantora e compositora Giovana que não estava se sen· tindo bem _ Em seguida tombou e foi amparado
pelos seus amigos e compositores Délcio Carvalho e Jorge Pessanha que o conduziram poro O hospital Rocha Maia, onde chegou morto. O corpo de Silos foi velado na antiga sede do Associaç/lo dos Escolas de Samba (Rua Joa· quim Polhares), onde foi tal a aglomeroç/lo que os bares da redondeza permaneceram abertos até o amanhecer, quando foi levado para o Cemitério de Irajá. Durante o seu enterro, o Presidente de Honra da Portela, Natalino José do Nascimen· to, o legendário Natal, sugeriu que todos cantassem o samba Heráls da Liberdade e todos cantaram. E sugeriu mais: que dali em diante, Heráls da Liberdade fosse cantado sempre que um sambista fosse sepultado, pois " os sambistas s/lo uns verdadeiros heráis da liberdade". No enterro de Natal todos cantaram Her61s da Liberdade, de Silos de Oliveira, Mono Décio da Viola e Manoel Ferreira. " Se o bem termina O mal também se finda Ser6 o outono Oh! meu sincero amor Tu ser6s minha E teu serei ainda Tenho esperança De um sagrado amor. " Silos nõo discordou muito porque Mano Décio no época era o diretor de harmonia (naquele tempo, dizia-se diretor de terreiro) da Prazer da Serrinha, mas observou que os dois sambas foram feitos em 1935. Seu Assumpção, apesar de nao ter conseguido impedir que o filho se metesse em sambo, nõo permitiu que Silos ficasse sem estudar. Esse cuidado fez de Silos um personagem muito importante poro o Prazer do Serrinha: escritor da escola. O escritor era aquele que antigamente copiava as letras dos sambas de todos os compositores em letra de imprensa e distribuía os cápias pelas pastoras poro que todos aprendessem a cant6-los. Silos era um escritor que nõo se limitava a copiar : ele corrigia os erros, retocava as letras e até acrescentava coisas aos sambas alheios, sem que por isso pedisse parceria, como era comum no época. Em 1940 Silos de Oliveira casou-se com Elane dos Santos, primo de dois grandes personagens da Serrinha e que mais tarde se tornariam presidentes do Império Serr-ano: Joõo Gradim e Sebastioo de Oliveira, o Sebasti/lo Molequinho. Dona Elane, apesar do parentesco, não freqüentava o samba, mas com o casamento, integrou-se logo num grupo de cabrochas, do qual faziam parte Eulólia, Jurema, Orcelina, Sinoca, Gina e Balbina.
Dona Elane lembra-se que no carnaval de 1950, Molequinho era Presidente e Grodim, vice-presidente do Império Serrano. Foram eles que procuraram Silos para pedir um sambaenredo que honrasse o sucesso obtido por Exaltação a Tiradentes no ano anterior. - Como sempre fazia para compor - conta Dona Elane - ele pegou o papel, um livro de História do Brasil , uma caixa de fósforos e um 16pis e foi para um canto quieto do caso. Naquela noite nasceu o samba-enredo 61 Anol de República que tomava conto do terreiro da escola no dia seguinte e ajudava o Império Serrano a ser campeõ do carnaval oito dias depois. Depois sozinho ou com parceiros, Silos de Oliveira faria mais os seguintes sambas-enredo paro o Império Serrano: em 1953, Primeiro Baile da Ilha Fiscal ; em 1955, Exaltação a Duque de Caxias; em 1956, O Caçador de Esmeraldas; em 1958, Exaltação a Bárbara Hellodora ; em 1964, Aquarela Brasileira; em 1965, Os Cinco Bailes da Hlstárla da Ria; em 1966, Glárla e Graças da Bahia; em 1967, São Paula, Chapadão da Gl6rla; em 1968, Pernambuco, leão da Norte e em 1969, Heráls da liberdade. Além dos sambas-enredo, Silos de Oliveira é também autor (e co-autor) de Rádio Patrulha, Me leva, Apoteose ao Samba, Desprezado, Segura a conversa. Império tocou reunir, Berço da lamba, Meu drama (também conhecido como Senhora Tentação). Na água do rio, Encontrei, Fica. Estou gamado e v6rios outros. Sua inscriç/lo na SADEMBRA (Sociedade Arrecadadora de Direitos e Execuçõo Musical do Brasil) tem o número 249 e data de 1960. Na relaçao das músicas poro efeito de arrecodaç/lo n/lo constam na SADEMBRA dois dos seus maiores sucessos : Me leva e Apoteole ao Samba. No último trimestre de 1975, quando o seu sambo Aquarela Brasileira destacava-se como um dos grandes sucessos do ano, o valor de sua arrecadação de direitos autorais foi de Cr$ 922 ,00. Getúlio Vargas inspirou Silos de Oliveira em dois sambas: num ele reproduziu trechos da famosa Carta- Testamento e o outro foi um samba-enredo feito especialmente poro a peça teatral Doutor Getúlio, de Ferreira Gullar e Dias Gomes. No samba-enredo ele teve como parceiros o compositor Walter Raso e o próprio Ferreiro Gullar. Considerando que Getúlio Vargas aparece com destaque no samba-enredo 61 Anal de República, é fácil deduzir-se que Silos era um getulista dos mais entusiasmados.
A MORTE Ao morrer em 20 de maio de 1972, aos 56 anos, Silos de Oliveira Assumpç/lo deixou para a viúva e para os seis filhos - Vera lúcio, Marilena, Elane, Elenice, Silos e José Mário _ uma pens/lo de Cr$ 520,00, o máximo que permiti0 o suo condição de servente do Ministério da Educaç/lo (ele entrou no serviço público em 1952, como vigia da COFAP - atual SUNAB). Trinta anos antes de moia de 1972, o compositor jó viro a morte bem de perto. Ele era um dos tripulantes do navio Itaglba, torpedeado em outubro de 1942, no litoral da Bahia, quando seguia poro o Europa , em missão de guerra. Apenas oito tripulantes se salvaram e Silos foi um deles, graças o um companheiro sobrevivente e 6 sua imenso vitalidade: durante três horas ele lutou contra as enormes ondas, tentando agarrar o remo que um soldado lhe estendia de um bote salva-vidas. A única conseqüência que lhe ficou foi um impaludismo que o obrigou a se internar no hospital de Salvador. De volta ao Rio, já desligado, voltou a apresentar-se ao Exército em 1943 por puro patriotismo, pois já estava excluldo e livre do serviço militar. Outra vez que esteve perto da morte, aconteceu numa brigo com o malandro Mangueira da Serrinha, que o esfaqueou no braço por ciúmes da mulher. Foi esta uma das duas brigas que Silos se lembrava ter participada em seus 56 anos de vida. A outra foi com o mestre de capoeira Joel. também da Serrinha, na qual evidentemente foi derrotado, graças à técnico do capoeira adotada pelo adversária. A partir do briga, Joel passou a ser seu amigo e protetor, tomando sempre o sua defesa em todos as questões que o envolviam no escola de samba.
107
No dia 5 de março de 1953, no sede do Es· colo de Sambo Azul e Bronco, ficou definiti· vamente acertada a criação de uma grande escola de samba que representasse efetivamente o Morro do Salgueiro no desfile de carnaval. Os seus integrantes seriam os componentes da própria Azul e Bronco e da Depois eu Digo e o nome do novo escola de samba surgiria também naquela reunião: Acadêmicos do Sol· gueiro. Apesar de grande porte dos sambistas do morro sonhar com o uniõo entre as suas escolas de sambo - Azul e Bronco, Depois eu Digo e Unidos do Salgueiro não foi fácil realizar a fusão. Rivalidades antigos predominavam sempre que certas decisões preci-
savam s&r tomadas. Um veterano homem do samba muito ligado 00 Salgueiro, Servan Heitor de Carvalho, que
ocupava a presidência do União Geral das Escolas de Sambo (que mudou o nome poro As·
sociação dos Escolas de Samba). assumiu o coordenação dos trabalhos de fusão e promoveu v6rios reuniões entre os dirigentes das três escolas salgueirenses , na sede da Associação dos Cronistas Carnavalescos. O trabalho de Servan foi encerrado depois que verificou ser imposs(vel acabar com as divergências entre o representante da Unidos do Salgueiro. o legendário Casemiro Calço Largo,
108
e os dirigentes das duas outras escolas. Mas a Depois eu Digo e a Azul e Branco estavam dispostas a realizar a fusão. E no dia 5 de março de 1953 foi feita a reuniõo decisiva, com os seguintes participantes: da Escola de Sambo Depois eu Digo. Paulina de Oliveira, Pedro Ceciliano, Djalma Felisberto, Custódio Augusto, Mário José do Silvo, Anadeto Gomes do Costa, José do Silvo e Mário Lopes ; do Azul e Branco, Eduardo Teixeira , Manoel Correia, Alcides Nascêncio de Carvalho, Verlssima Alexandre de Oliveira , Durval Antônio de Jesus, Joviniano de Oliveira, Manoel Vicente de Oliveira, Manoel Laurinda do Conceição, Manoel Bernardo e Manoel de Souza Gomes. Entre as decisões adotadas na reuniõo estavam as seguintes: o nome do nova escola seria Acadêmicos do Salgueiro ; a presidência seria ocupada pelo Sr. Eduardo Teixeira e a vice-presidência pelo Sr. Paulino de Oliveira; a direçõo dos pastoras e baianos passaria para Mario Romana e Oscarina da Silva ; os diretores de bateria seriam Joõo de Rosena e Moadr Cuica ; o mestre-sala e a porto-bandeira seriam Chico Mangonga e Eni Pinheiro. Logo após o primeiro desfile da escola , em 1954, o Presidente Eduardo Teixeira morreu , passando para a presidência o vice Paul ino de Oliveira. A Unidos do Salgueiro s6 viria a integrar-se na nova escola em 1957 .
A partir de 1954, realmente a cidade ganhou uma nova grande escola com o criação dos Acadêmicos do Salgueiro, E a partir de 1959,
quando o enredo passou a ser confeccionado pelo cenógrafo Dirceu Neri e pela sua mulher Maria louisie, a escola começava a modificar o
conceito de alegorias e fantasias das escolos de samba. Até entao, alegorias e lantasias
eram idealizados e confeccionados por artistas ligados cultural e socialmente ti vida da escola de samba, iniciando-se 01 um processo de atraçao de artistas de lormaçao universitória
paro montar o enredo das escolas. O cenógrafo Fernando Pamplono, que participava da comis~ sao julgadora do carnaval de 1959, entusiasmou-se de tal maneiro com o trabalho de Dirceu e Marie Louisie, que aderiu li escola, passando a fazer também as alegorias e as fantasias do Salgueiro ao lado da cenógralo e l igurinista Arlindo Rodrigues. Desde o seu primeiro desfile, os enredos da Escala de Samba Acadêmicos do Salgueiro foram os seguintes : 1954, Uma Romaria 11 Bahia ; 1955, Epopéia da Samba ; 1956, Brasil, Fante das Artes ; 1957 , Navio Negreiro; 1958, Exaltação ao Carpa de Fuzileiros Navais; 1959, Oebrel Viagem Pitoresca Através do Brasil ; 1960, Palmares, a
Tróia Negra ; 1961 , Antônio Francisco LIsboa, o Alelladlnho ; 1962, Descobrimento do Brasil ; 1963, Chica da Silva ; 1964, Chica Rei ; 1965, História da Carnaval Carioca; 1966, Amores Célebres ; 1967 , História da LIberdade (a partir desse carnaval , o cenógrafo Joãozinho Trinta passou a integrar a equipe responsóvel pelo enredo da escola); 1968, Dana Bella, a Feiticeira de Arax6; 1969, Bahia de Todos as Deuses ; 1970, Praça Onze, Carioca da Gema ; 1971 , Festa para um Rei Negra ; 1972 , Minha Madrinha Mangueira ; 1973, Eneida, Amor e Fantasia (Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues afastaram-se do Salguei ro por divergência com o Presidente Osmar Valença. Joãozinho' Trinta e Maria Augusta assumem o comando do enredo); 1974, Rei Luiz de França na Reino da Assombração; 1975, As Minas da Rei Salomão ; 1976, Valongo (Joaozinho Trinta e Maria Augusto saíram do Salgueiro pelos mesmas razões de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Joãozinho loi para a Escola de Samba Bei ja-Flor ; Maria Augusta para a Uniao da Ilha do Governador ; Arlindo Rodrigues, desde 1974, estava na Mocidade Independente de Padre Miguel. Fernanda Pamplona naa se integrou em nenhuma outro escola. O enredo de 1976 loi idealizado e realizado par Edmundo Braga).
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SAIBA O QUE VOCÊ VAI OUVIR. 61 ANOS DE REPÚBLICA Apresentamo.
61 A nos de República (Si los de Olivei ra e Mano Décio da Viola) -
Foi o primeiro samba-
enredo composto por Silos de Oliveira paro o
anunci a sse o f i m d e sua ca rreira como -orga-
nizador de desfi les de escolQs de samba. " Nem que o b ispo me peça" , acresce nt ou.
Império Serrano. No verdade, f o i o primeiro
samba-enredo de Silos o ser canta do por uma escola de samba, pois o que foi leit o em 1946 para a Prazer do Serr inha sobre a Conferência de São Francisco não chegou a ser cantado
pela escola. Naquele ano o presidente da Prazer da Serrinha preferiu outro samba. Com 61 Anos de República (samba·enredo de 1950), a Escola de Samba Império Serrano ganhou o tricampeonato. M ono Décio da Viola, o porceiro mais constante de Silos de O livei ra, já
havia sido o autor do samba-enredo da escola de 1949, Exaltação a Tiradentes. Exaltação a Caxias (Silos de Oliveira e Mano Décio da Viola) - Samba-enredo do ca rn aval de 1955, quando o Império Serrano voltou a vencer o desfile. Naquele ano, o Império recebeu a visito num dos· seus en saios do emba ixador francês Sernard Hardion, acompanhado de um grande número de amigos, inclu sive do Encarregado de N egócios da Argen tina , Fernando Torcuato Insan ti. O compositor Anicet o de Menezes, encarregado de recebêlo s, falou em f rancês: "N ous avons beaucoup de plaisir avec la prêsence de nos ill ustres inv itês" .
Caçador de Esmeraldas (Silos de O liveira e Mano Décio da V iola) _ . Com esse samba, a Escola de Samba Império Serrano ganhou o bicampeonato em 1956. N aquele a no , tanto o desfile quanto a abertura dos envelopes com os pontos da comis são julgadora foram muito
tumu ltuados. Durant e o desfi le, a lguns 1016g r afos tentaram document ar o moment o em que policiais batiam em espectadores e t ambém foram agredidos. Por causo disS9, colocaram as suas m6quinas num determinado loca l e não mais fotografa ram nado do desfil e . N o apuração, Casemiro Calço Largo, representante dos Acadêmicos do Salgueiro, denunciou um juiz por ter apresentad o à sua escola uma proposta de suborno. O tumulto provocado pela denúncia f ez com que o Sr. Alfredo Pessoa, diret or do Depart amento de Tu r ismo,
A qua rela Brasileira (Si los de Ol iveira) Quando o Império Se rrano cant o u est e samba, em seu d esfi le de 1964, t odos o apontaram com o um dos f avor itos do ca rnava l. mas chegou em quarto lugar. N o m o m ent o em que a escola desfil ava na A ve n ida Pres iden te Va rgas, chegou a not icia do mort e do compositor Ari Ba rroso, autor de u m sa mba com um t itulo m ui to pa r eci d o co m o do samba-enr edo do Im-
pério: A quarela do Brasil. Treze anos depois daquele desf ile , Aq uarela Brasileira t ransl ormou-se num g ra nde ê x ito em t odo o Brasi l. graças a uma g r av ação de Morti nho da V ila.
Os Cinco Bailes da História do Rio (Silos de Olive ira, Ivone Lora e Baca lhau) ~ Se em 1964 o Império apar eceu co m o u m dos favoritos , em 1965, a no dess e sa m ba, e r a o g ran de favo rito. Quando o desfile f o i e ncerrado ninguém t inha
dúvida de que a Escol a de Samba Império Ser r ano g anha ria o t itulo d e cam peã do IV Cent en6ri o do Ri o de Janeiro. Mas f icou em segundo lu ga r.
Glória e Graças da Bahia (Silos de Oliveira e Joacy Santana) - Samba-enredo do carnaval de 1966, a no e m que o Impé ri o Serrano chegou em terceiro lugar. Joacy Santana , o parceiro de Si los nesse samba, est re ava naquele a no no Império Ser rano, depo is de f aze r sambas, durant e muitos a nos, poro o Ap rendizes de Lucas.
Pernambuco, Leão do Norte (Silos de O livei r a) - Sa mba-enr ed o d o Impé rio Serra no em 1968, q uan do novamente a escola f o i a v ice-
campeã do desl ile. Réquiem por um Sambi sta (Cosme, Damião e
Guga) -
Morto em 1972, Silos de Oli veira
se ria ho m e nag eado no carn ava l de 1974 pe la Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. Autor de 12 sa m ba s-e nredo para o Império Serra no, t o rnou-se en r ed o da Im peratriz, sendo o seu nome canta do pe los dois mil componentes da esco la que , ali6s, o b tev e u m a d as suas mel hores co locações: se xto luga r.
A parte mais Importa nte Da no.sa história Se não me f alha a memória Foi onde seus vultos notóvels Deixaram lua. rubrIca.
Através de 61 anos de República Depois das suas histórias proclamadas Constltuidas e votadas Foi a mesma a promulgar
Apesar de existente e forte zum-zum-zum Em 1891 , sem causa perca Era eleito Deodoro da Fonseca Cujo governo foi bem audaz Entregou a Floriano Peixoto E este a Prudente de Moraes Que apesar de tudo Terminou com a Guerra de Canudos
Estabelecendo enfim a paz Terminando e nfim todos os males
Em seguida veio Campos Salles Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçonha Hermes da Fonseca e outros mall
Hoje a justiça Numa glória opulenta A 3 de outubro de 1950 Nos trouxe aquele Que sempre socorreu a Pátria Em horas amargas
O eminente estadista Getúlio Vargas Eleito pela soberania do povo Sua vitória imponente e altaneira Marcará por certo um capitulo novo
Na história da República brasileira. EXALTAÇÃO A CAXIAS A 25 de agosto de 1803 Data em que nasceu Caxias Soldado de opulenta galhardia Este bravo guerreiro
Hoje patrono do Exército brasileiro Com elevado espírito de estadista Pacificou de Norte a Sul Os revolucionistas Seu gesto nobre d. civismo ~ um modelo magnifico
De patriotismo
A sua casta primazia Está na maneira Pela qual se conduzia Honrosamente sentimo-nos orgulhosos Em acrescentar Que este vulto encerra Na paz ou na guerra
O ideal do Brasil militar. CAÇADOR DE ESMERALDAS Paes Leme , o desbravador Cuja famosa expedição chefiou
Sua história é póglna de valor Foi o século XVII que nos presenteou Nas jornadas fulgurantes dos bandeirantes Herói se revelou Mas os sonhos das ricas esmeraldas Não se realizou Não importa que as pedras verdes Tivessem sido um sonho em vão E a serra da prata
Sua desejada paixão Glória ao sertanejo Que em plena mata do bravio sertão Deu a próprio vida Ao progresso do nossa Nação.
AQUARELA BRASILEIRA Vejam esta maravilha de cenórla É um episódio relicórla Que o artista num sonho genial Escolheu para este carnaval E o asfalto coma passarela
Seró a tela Do Brasil em forma de aquarela Passeando pelas cercanias do Amazonas Conheci vórios seringais
No Paró, a Ilha de Marajó E a velha cabana do Tlmbó Caminhando ainda um pouco mais Deparei com lindos coqueirais Estava no Cearó. terra de Irapuã De Iracema e Tupã
Fiquei radiante de alegria Quando cheguei na Bahia . Bahia de Castra Alves. do acarajé Das noites de magia e da candomblé
Brasil , essas nossas verdes matas Cachoeiras e cascatas De colorido sutil E este lindo céu azul de anil Emolduram em aquarela o meu Brasil.
OS CINCO BAILES DA HISTÓRIA DO RIO Carnaval, doce ilusão Dê-me um pouco de magia De perfume e fantasia
E também de sedução Quero sentir nas asas do infinito Minha imaginação Eu e meu amigo Orfeu Sedentos de orgia e desvario Cantaremos em sonho Os cinco bailes do história do Rio Quando a cidade contemplava Vinte anos de existência O nosso povo dançou Em seguida era promovida a capital
Apregoando caruru , vatapó e acarajé Ouvir o povo em romaria cantando assim Vou pagar uma promessa
Ao Nosso Senhor do Bonlim Ô ô ô ô ô ô Bahia Do seu abençoado berço dourado Ô Ô ô ô ô ô Bahia Nasceram grandes vultos da nossa história Maria Quitéria , a brava heroína
Ana Neri . símbolo de abnegação Castro Alves. apóstolo da Abolição Rui Barbosa, gênio da civilização.
PERNAMBUGO. LEÃO DO NORTE Esta admiróvel póglna Que o passado deixou Enaltece a nossa raça Disse um famoso escritqr Que Maurício de Nassau Na verdade Foi um invasor muito genial
A Corte lestejou
Glória a Vidal de Negreiros
Iluminado estava o salão Na noite da coroação
E aos seus companheiros Que na luta contra o's holandeses
Ali no esplendor da alegria
Em delesa do Leão do Norte
A burguesia fez a sua aclamação Vibrando de emoção O luxo, a riqueza Imperou com imponência
Arriscaram suas vidas Preferiram a morte Na trégua dos Guararapes Teatro triste da insurreição Houve estiagem, coragem, abnegação Pernambuco hoje
A beleza lez presença Condecorando a Independência Ao erguer o minha taça Com euforia Brindei àquela linda valsa
Jó no amanhecer do dia A suntuosidade me acenava E alegremente sorria Agora acontecia Era o fim da- monarquia.
GLÓRIA E GRAÇAS DA BAHIA Oh! Como é tão sublime Falar das suas glórias
É orgulho da Federação Evocando os Palmares Terra de Bamboriki Ainda ouço pelos ares
O retumbante grito do Zumbi. RÉQUIEM POR UM SAMBISTA Recordar é viver Imperatriz não podia esquecer Prestando esta homenagem Ao mestre Silos ausente
Quando o dia raiava
Celeiro de heróis
Alegremente cantava Oh I minha romântica Senhora tentação Carnaval, doce ilusão
E bravura varonil
Oh I Como é tão sublime
La ra la ... Bahia. Bahia
E dos seus costumes , formosa Bahia Catedrais ornadas de encantos mil Do candomblé, do famosa magia
Depois de atravessar os motos do Ipu Assisti em Pernambuco À festa do frevo e do maracatu BrasUia tem o seu destaque No arte. no beleza e arquitetura Feitiço de garoa pela serra São Paulo engrandece a nossa terra Do leste por todo centro-oeste
Saravó. Saravó Yerê , yerê de abê ocutó Em louvor à rainha do mar
Exaltar o poeta criador Vou pegar na viola Vou cantor o sambo Rendendo esta homenagem Ao mestre Silos bamba Salve o carnaval Vivo a brincadeira Nosso enredo este ano
Tudo é belo e tem linda matiz O Rio. da samba e das batucadas
lemanj6. lemanjó É lindo. é maravilhoso
É sobrl' Silos de Oliveira Ô lê lê ... Ô ló ló
Dos malandros e mulatas
Assistir à cerimônia do lava-pés Ver a baiana com seu traje suntuouso
Até hoi" temos saudades Do sambista popular.
De requebras lebris
Terra do Salvador
Yaô yaô yaã Gegê nagô, gegê nagô
C ICO Mft GonG rOI