- Foi alguma escola de samba que te transformou em compositor? Mortinho da Vila - Foi e um dos culpados foi o Tolito. - O Tolito de Mangueira? Mortinho da Vila - Ele mesmo. O Tolito não tinha muito bandeira, não. Se não me engano, ele é o compositor que mais fez sambas-enredo até hoje. Não tenho certeza , mas acho que é . Antigamente , ele fazia sambas-enredo para v6rias escolas. Ou entõo ficava numa escola 56. um ou dois anos, fozia o samba-enredo e ia embora para outra. - Ele também foi da Aprendizes da Boca do Mato? Mortinho da Vila - Uns três anos depois do escola ser criada, ele estava 16. Ganhou o samba-enredo durante dois anos seguidos. No outro ano comecei a fazer uns sambinhas. - Você tinha que idade? Mortinho da Vila - Uns 16, 17 , por 01. - Você morava no Boca do Mato mesmo? Mortinho da Vila Morava. Morava no Serra dos Pretos Forros . - Você participou da fundação da Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato? Mortinho da Vila - Antes da escola, havia um bloco carnavalesco. o Bloco do Abelardo . O Abelardo era um cara que trabalhava na Light. O apelido dele é Abelardo Fumo. Ele fazia o Bloco da Burrinha. Depois surgiu um outro bloco chamado Acadêmicos da Boca do Mato. Eu era menininho mas participei da fundação do bloco. Não como fundador, assim , um camarada que monda. Mas eu estava 16 quando o bloco foi fundado. Depois surgiu o Aprendizes do Boca do Mato. Era inspirado no Aprendizes de Lucas , inclusive com os mesmos cores , sabe? Eu saia na bateria tocando frigideira até que a frigideira foi proibida pela policia . AI passei para o tarol. Modéstia à parte, toco tudo. - A Aprendizes da Boca do Moto j6 nasceu como escola de samba? Mortinho da Vila - J6. - E como foi que você começou a fazer samba? Martinho da Vila - Havia também um time de futebol que a gente jogava . E com o pessoal do time o gente fez uma 010 do escola. Naquele tempo havia aquele negócio de "música de ala". Foi 01 que comecei a fazer uns sambinhas que a gente cantava quando voltava do futebol e que ficavam mais ou menos como sambas da nosso 010 . Agora não tem mais " música de alo". mas antigamente tinha. Eu sei que o Tolito aprendeu um dos meus sambas e cantou no ensaio da escola . Cantou uma vez , parou a bateria e me chamou. - Até ai nada de samba-enredo?
116
- Em 1959 você também fez o samba-enredo da escola?
Mortinho da Vila - Fiz. Foi Machado de As· siso Não me lembro muito bem da letra, nõo. O princípio era assim: " Um grande escritor do meu pais Estó sendo homenageado Joaquim Maria Machado de Assis Romancista consagrado"
S6 me lembro desse pedaço. - O carnaval de 1959 foi muito importante para a Aprendizes da Boca do Mato.
Mortinho da Vila -
Exatamente. Naquele
ano tiramos o primeiro lugar no segundo grupo e subimos para o primeiro . - O que você era na vida em 1959?
Mortinho da Vila -
Eu era soldado do Exér-
cito. Não, soldado. não. Eu era cabo. Você continuou fazendo os sambas-en-
Mortinho da Vila -
Nado. S6 no ano seguin·
te é que resolvi concorrer com um samba· enredo dentro da escolo. No final, ficaram três sambas-enredo : o meu , o do Tolito e outro do Duca, que mora 16 até hoje. Quando a guerra estava quente no final. o Tolito retirou o samba dele em favor do meu. AI o Duca retirou tam-
bém, e eu ganhei. -
Qual era o enredo?
Mortinho da Vila - Carlos Gomes. - Você se lembra da letra? Mortinho da Vila - Chi! rapaz, não me lembro de quase mais nada : " Viemos contor a história De um maestro cheio de glória Carlos Gomes , o nome do Brasil elevou Nasceu na cidade de Campinas
la ro lo nõo sei o que 16 Foi um grande compositor Partiu para a Europa
Com apoio de Pedro Segundo Também nõo me lembro la ra lo Tornando--se famoso em todo o mundo" Não adianta. Não me lembro mesmo. Olho que eu devia me lembrar. Foi o meu primeiro samba-enredo. De que ano foi ele?
Mortinho do Vllo - Foi poro o desfile de 1957, quando a Aprendizes do Boca do Moto era do segundo grupo.
- Em 1958. como foi? Mortinho da Vila - O Tolito combinou comigo de fazer um samba-enredo de parceria. Aconteceu o seguinte : como a noticia se es-
palhou pelo escola, nenhum membro do ala dos compositores se atreveu a concorrer conosco. Mas de repente o Tolito se mandou da nossa escola para a Unidos da Capela, e eu tive que fazer o samba sozinho. O enredo era
Tamandará.
redo da Aprend izes do Boca do Mato? Mortinho da Vila - Continuei . Em 1960, o enredo foi Rui Barbosa na Conferência de Haia. Desse eu me lembro mais :
" Foi no ano de 1907 Que o Brasil participou daquele grande congresso Na Holanda se realizou
Nosso delegado foi o nobre Rui Barbosa E a nação ele imortalizou Naquela assembléia pomposo Em vórios idiomas ele se expressou Possuldo por inspiração divina Num discurso exponencial Deu conceito à América latino No polltica internacional" . Falta s6 um pouquinho, mos nõo me lembro do resto, não. - Como era sua vida naquela época? Qual era o seu conceito entre os sambistas?
Mortinho da Vila -
Bem , o partir de 1957,
minha vida mudou. Antes eu estava na minha 010 , naquele tipo de 010 que existia antigamente em escola de samba, onde a gente fosse estava todo mundo vestido igual. Depois passei para a ala dos compositores . Quer dizer: fui para a ala dos compositores, mas não sal da minha, não. Mas o partir de 1958 assumi a res-
ponsabilidade que era do Tolito, uma grande responsabilidade . O Tolito era o Cara que era o lider da escola. Se ele cismasse , por exemplo, de promover uma peixada num domingo na escola e quisesse tirar os instrumentos para tocar, ele entrava no barracão e tirava mesmo. Ninguém impedia. Ele foi embora e quem ficou fui eu. AI a coisa mudou de figura . Passei a representar mais ou menos o que represento hoje na Unidos de Vila Isabel. Passei o participar da administração da escola. Não da administração de direito, mos na prótico. Eu jó não ia para o desfile despreocupado como an-
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teriormente. A partir de 1958 já me ligava em tudo, queria saber o que estava faltando . o que estava funcionando , aquelas coisas todas. No próprio alo dos compositores atuei muito, porque o 010 era muito desorganizado. Para falar a verdade , nem ala havia direito. E depois havia o seguinte : quase todos os compositores eram coroas e eu era o único garoto que participava . Então, convidei outros camaradas mais jovens poro entrar no ala e dei uma organização melhor. - E deu certo? Mortinha da Vila - Deu. E deu tanto. que muitos compositores de prestigio dos outras escolas iam no nossa escola para conhecer os
nossos sambas. Gente de tudo quanto é canto. Bem. acabei ficando como presidente da ala, diretor de harmonia da escola ; eu era tudo. - E dava poro acumulor? Mortinho da Vila Dava . Antigamente, o diretor de harmonia geralmente era um compositor. Em 1961 , o samba·enredo também foi seu? Mortinho da Vila - Foi. O enredo era Vultos da Independência. Fiz até de parceria com um rapaz de lá. Em 1962 , o samba também foi meu . Era um enredo sobre o café. O meu parceiro nesse samba , ali6s, hoje é um brilhante advogado, o Renato. Em 1963 , perdi o concurso de samba-enredo para um rapazinho que eu tinha colocado no ala , o Jair do Lorena. Em 1964, não participei do concurso de sambaenredo. Em 1965. eu já estava na Vila Isabel , mas não tinha saldo ainda da Boca do Mato. Eu ainda estava meio vai -não-vai , sabe? Eu era aquele camarada com duas mulheres e não sabia se ficava com uma ou com a outra. Mas o samba-enredo que a Aprendizes da Boca do Mato cantou no carnaval de 1965 era meu. Naquele ano do quarto centen6rio do cidade, todos os enredos eram sobre coisas do Rio. A Boca do Moto saiu com Construtores da Cidade do Rio de Janeiro. Era um samba muito grande que falava de Paulo de Frontin, Pereira Passos e Oswaldo Cruz. Você viveu bastante aquela época dos piqueniques de pessoal de escola de sambo em Paquetá? Mortinha da Vila Puxa vida! Eram maravilhosos aqueles piqueniques . Tem algum samba doquela época que você tenha lançado na quadra do 80ca do Mato e que tenha gravado ano s mais tarde? Mortinho da Vila - Muitos. Dente por dente, por e x emplo. é um deles . Aquele : (cantando ) " Um grande amor/ Sempre traz melancol ia " . - Naquele tempo , vo cê a i nda era bem novo e naturalmente tinha o s seus (dolos nos outras escolas de sambo. Qua is er am o s compo sito re s
118
que você queria ser quando crescesse? Mortinho do Vilo - Havia três que eram verdadeiros Idolos : o Walter Rosa, o Silos de Oli veira e o Zinco. Havia outros, mas esses eram as grandes estrelas. - Você conheceu bem o Zinco? Mortinho do Vila - Conheci . Ele ia muito na Aprendizes da Boca do Moto. Aliós , você vê uma coisa : o Walter Rosa e o Silos de Oliveira tinham muito prestigio mas eles eram de escolas de sambo grandes. a Portela e o Império Serrano. Mas o Zinco. não. O Zinco era do Filhos do Deserto, uma escola pequena . Eu tombém fiquei . modéstia à parte, como uma espéci e de Zinco : os compositores dos outros e scolas me respeitavam mas eu era de uma escola pequena . - A Aprendizes da 80ca do Mato desfilavo com quantos pessoas mais ou menos? Mortinho da Vila Em 1959 . quando gonhamos o carnaval. fo i o ano que desfilamos com mais gente. Eram umas quatrocentas pessoa s, mais ou menos. O forte da Boca do Mato era o bateria - eu até levei aquele ritmo paro Vila Isabel. Em 1959, sairam 107 pessoas na bateria . Foi uma coisa assombroso na época . Mos houve carnavais que o gente saiu com 17 componentes na bateria. Tinha escola naquela época que se você tira sse a comissão de frente e a diretoria . que ficava zanzando de 16 pro c6, não desfilava com mais de 80 pessoas. - Como é que você foi parar no Vila? Mortinho da Vila Houve um problema no Associação das Escolas de Samba , que não me lembro qual foi que deixou a Aprendizes da 80ca do Mato numa situação diflcil. AI , o Da vid Correia - não é o compositor. não. ~ outro que representava a Vila Isabel na Asso ci ação entrou em nossa defesa . Nós ficamos muito gratos o ele. A Aprend izes da Boca do
grupo e eu fiz minha transferência pro 16. Mos naquele tempo havia aquele troço : se um compositor mudasse de escola, ele não podia desfilar na nova escola logo no primeiro ano. Por isso, em 66 não sai por escola nenhuma. - No ano seguinte você j6 estava fazendo o somba·enredo da Vila . Mortinho da Vila Foi isso mesmo. Em 1967 , a Vila Isabel desfilou com um samba feito por mim e pelo Gemeu, Carnaval d.
Ilusões.
Moto era muito maior que a Unidos de Vila Isabel. Cansamos de ganhar a Vila. Mas es· t6vamos agradecidos ao David Correia e fomos fazer uma visito à Vila Isabel. Dai em diante, quase sempre est6vamos 16. Eu, pessoalmente, fui ficando muito amigo do David e ele acabou me convidando para entrar na escola. Naquela época, a Vila Isabel era muito desorganizado. A Boca do Mato, não. A Boca do Mato era uma escola muito organizada. Era pequena , mas muito organizada, porque seu Aristides, que fundou o escola e foi o presidente, era um camarada muito exigente. Eu até brigava muito com ele, dizendo que não adiantava escola de samba organizada. O que adiantava era ganhar o carnaval. O David Correia te convidou pro ser o quê? Mortinho da Vila - Secret6rio da escala . ~ que ele me via batendo à m6quina paro a Aprendizes do Boca do Mato e pensava que eu era um camarada de administração. Mos eu disse o ele que não era nado disso, que eu sabia era fazer samba. Dai , o ala dos com positores da V i la, encabeçado pelo Rodolpho e pelo Paulo Brazão , foi à Boca da Mato me con· vidar paro entrar na Vila. O Brilhozinho também. O Brilhozinho também foi na Boca do Mato. Isso foi em 1964 para 1965. Naquela época , o Vila e a Boca do Mato estavam percorrendo caminhos opostos. A Vila Isabel estava no terceiro grupo e passou para o segundo. Ela e a Aprendizes da Boca do Mato che· goram a desfilar juntos no segundo grupo. Depois, o Boca do Mato desceu para o terceiro e a Vila começou a ameaçar subir para o primeiro. Tirou em terceiro uns dois anos e muita gente achava até que ela s6 não subia poro o primeiro por causo da roubalheira . Em 66 , o Vila finalmente subiu para o primeiro
- Que fim levou a Aprendizes da Boca do Mato? Mortinho da Vila - Teve o destino de todo a escola que sobe rapidamente. A não ser o Em Cimo do Hora, que veio subindo sempre sem sofrer grandes problemas, as outras não aguentaram a subida r6pida . ~ que, ao chegar 00 primeiro grupo, a escola possa a ser outro coisa. Nõo tem nado mais o ver com o que era antes. ~ uma coisa inteiramente nova. Entôo, ela não aguenta o rojão e acaba tirando em último lugar, descendo para o segundo grupo. O pessoal fica na esperança que ela seja o campeã poro voltar poro o primeiro grupo e isso nõo acontece. Ai. dó aquele desânimo, no ano seguinte desce para o terceiro grupo e pronto: o escola acabo. Acabaram muitos assim.
Boca do Maio não acabou.
1
j
I,-oncou a mIIll-ieulo.
- Com a Aprendizes da Boca do Moto acon· teceu isso?
Mortinho da Vila -
Isso mesmo. Em 1969,
seu Aristides pediu à Associação das Escolas de Samba que registrasse a suspensão das atividades da escola. Além disso, ele sofreu um ocidente e não tinha condições de prosseguir. Quer dizer : a escola não acabou, trancou o
matricula. Só que est6 trancada até hoje. -
Quem é seu Aristides?
Mortinho da Vila -
~
uma grande figura.
Você sobe que h6 pessoas que s6 sabem viver no morro. Não se adaptam em outro lugar. São como os indios, que s6 sabem viver no selva . Seu Aristides, se quisesse, poderio morar num lugar bem melhor, porque ele era funcion6rio
do Estado e ganhava muito bem. Ele gostava todo o dinheiro dele no escola de samba. Est6 vivo ainda. Inclusive, voltou a participar de es-
cola de samba quando houve a fusão da Filhos do Deserto com o Flor do lins e nasceu a lins Imperial. H6 muito tempo que nõo vejo ele. Mas é uma grande figura .
- Você foi um pouco culpado pelo fim da Aprendizes da Boca do Mato. Mortinho da Vila - Para falar a verdade, fui um pouco, sim. A Aprendizes vivia na base de três pessoas : do seu Aristides, que gastava o dinheiro dele todo na escola, do seu Durvalino, que promovia futebol é reunia o rapaziada , e de mim . Eu fazia sambo pro tudo : pro enredo , pro festa , pro tudo. - A escola ficava mesmo 16 na Serra dos Pretos Forros?
Mortinho da Vila -
Ficava . N6s todos mo-
r6vamos 16. - Eu queria que você falasse mais dos piquen iques . Mortinho da Vila - Eu participa va ativamente dos piqueniques e isso contribuiu um pouco para que eu ficasse conh e cido pelos compositores das outras escolas de samba . Eu fiz um samba sobre os piqueniques de Paquetó que
acabou v irando uma espécie de hino dos pi queniques. Quase todos os sambistas que iam fazer piqueniques cantavam esse samba nas barcas e 16 em Paquetó . Era um samba as sim : Num ambiente de animação Do cais se distanciava Uma embarcação Cortando as ondas fortes da Bolo A Poquetó se dirigia Lo ra la ra lo ra Iara Era um domingo cheio de sol E um poeta contava como um rouxinol Samba quente bate na mão Com o balanço da embarcação Do outro lado do cais Uma charrete transportava casais J6 ia alto a manhãzinha Todos se destinavam À Praio da Moreninha No clube. um bar. muito bebido Sambo no batido Animadas palestras Casais apertados Ao som de uma grande orquestro No volta uma gaivota voando Todo mundo cantando A maresia E eu apertava nos braços Meu bem que dormia" - Você podia gravar esse sambo . Mortinha da Vila ~ uma idéio. Aqueles piqueniques são inesqueciveis. Havia o pi quenique do Portelo. do Salgueiro. do Império Serrano que, se não me engano, era dia 7 de setembro; cada um ti nha o sua dato, geral mente um feriado . - Você chegou a participar de rodos de pernada? Mortinho da Vila - Ba stante. - Onde? Mortinha da Vila Em Poquetó mesmo havia muita. Eu peguei o final dos rodas de pernada. Me lembro que havia algumas que
eram verdadeiros torneios de pernada. No Catete, no Tabuleiro do Baiano , eram grandes rodas de pernada. Mas a policio acabou com todos elos. Na Baco do Moto, quando termi nava o ensaio, havia sempre uma batucada com pernada, e eu participava . Mas eu era muito camarada do Juarez, que era o grande perna do Boca do Moto. Naquele lodo de Águo Santo , do Outeiro. havia o Clóvis, que era famoslssimo como perna e o Valdõ. O Juarez era colado com eles e foram eles que me iniciaram na rodo de pernada. Eu chegava em Paquet6 com eles . Por isso, os outros coros não me davam pernada com muito força . Sabiam que Juarez. Clóvis ou o Voldõ podiam ir à forro . J6 eu, não. Eu dava pernada adoidado, mos estava garantido. né? Derrubava nego à bessa. - Qual era o melhor deles todos? Mortinho da Vila - Voldõ. que era chamado também de Tigre. Ele era do Águo Santo . Ele morreu h6 pouco tempo. Levou uns tiros e morreu. Era um cora muito legal. Juarez continua 16 na Boca do Moto. Esse também é um grande camarada . Estou me lembrando de outro, do Morro do Cachoeira. o Xisto. Um grande mestre-sala também . Continuo 16.
Sambo-enredo de Mortinho do Vila poro o Escola de Sambo Aprendizes do Boca do Moto carnaval de 1958 : Tamandar' Relendo a história do nosso nação Encontrei um nome que me deu inspiração Joaquim Marques Lisboa nasceu Em dezembro de 1807 Foi ser volunt6rio do Marinho E ainda não tinha Completado 17 primaveras Tamandaré Nasceu com sangue guerreiro Era um homem de fé O Nelson brasilei ro Cursou a Academ ia do Marinho de Guerra Com ideal defendeu o nosso terra Foi muito condecorado Por ser um homem genial A marquês foi elevado No tempo do Brasil Imperial Viveu noventa anos Sobre as óguos verdes do mor E poro os jovens marinheiros Foi um almirante exemplar.
121
AS CAmPEÃS DOS ÚLTimOS 10 Anos
1968 I~ 2~ 3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ I O~ -
Estação Primeira Império Serrano Acadêmicos do Salgueiro Portela Unidos d. Lucas Mocidade Independente Unidos d. São Carlos Unidos d. Vila Isabel Independentes do Leblon Império da Tiluca
SEGUNDO GRUPO : I ~ - Em Cima da Hora 2~ Imperatriz Leopoldlnense TERCEIRO GRUPO : I ~ - Paralso de Tulutl 2~ União do Centenário
1966 I~
- Portela - Estação Primeira 3~ Império Serrano 4~ Unidos de Vila Isabel 5~ Acadêmicos do Salgueiro 6~ Mocidade Independente 7~ Aprendl..s d. Lucas 8~ Unidos da Capela 9~ Acadêmicos d. Santa Cruz A Escola de Samba Império da Tlluca não 2~
recebeu classificação porque a sua sede, as
suas alegorlos e as luas fantasias foram
d.l~
truldas no temporal que desabou sobre a ci·
dade, no principio do ano. SEGUNDO GRUPO: I ~ - Unidos de São Clemente 2~ Imperatriz Leopoldlnense TERCEIRO GRUPO : I ~ - Em Cima da Hora 2~ Unidos de Mangu lnhos
122
1967 I~ 2~ 3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ IO~ -
Estação Primeira Império Serrano Acadêmicas do Salgueiro Unidos de Vila Isabel Unidos de Lucas Partela Mocldad. Independente Império da Tlluca Imperatriz leopoldlnense Unidos de São Clemente
1969 I~ 2~ 3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ IO~ -
Acadêmicas do Salgueiro Estação Primeira Portei a Império Serrano Unidos de Vila Isabel Unidos de São Carlos Mocidade Independent;' Imperatriz Leopoldlnense Unidos de Lucas Em Cima da Hora
SEGUNDO GRUPO : I ~ - Unidos de São Carlos 2~ Independentes do Leblon
SEGUNDO GRUPO: I ~ - Acadêmicos de Santa Cruz 2~ Unidos do Jacarezinho
TERCEIRO GRUPO : I ~ - Unidos do Jacarezlnho 2~ Bella·Flor
TERCEIRO GRUPO : I ~ - Unidos do Cabuçu 2~ - União de Vaz Lobo
1972
1970 1~ 2~ 3~
.~
5~
-
Portela Acadêmicos do Salgueiro
2P -
Estação Primeira
3~
Mocidade Independente Unidos de Vila Isabel
4~
6P -
Imperatriz leopoldinense
7~
Unidos de São Carlos Império Serrano
8~
9~
1O~
-
1P -
5~ 6~
7~ 8~ 9~ 1O~ 11 ~ 12~
Unidos do JacareJ:inho
Acadêmicos d. Santa Cruz
SEGUNDO GRUPO: 1~ 2~
-
-
Império da Tlluca Unidos de Padre Miguel
Império Serrano Estação Primeira
Portela Imperatriz Leopoldlnense Acadêmicos do Salgueiro Unidos de Vila Isabel Mocidade Independente Em Cima da Hora Unidos de São Carlos Império da Tijuca Unidos de Lucas Unidos da Padra Miguel
SEGUNDO GRUPO: 1~ - Tupi da Brás de Pino 2~ Unidos do Jacarezlnho
TERCEIRO GRUPO : 1~ - Cartollnha de Caxias 2~ União da Ilha do Governador
TERCEIRO GRUPO: 1~ Império de Campo Grande 2~ Unidos da Ponte 1971 1!' 2~ 3!' AP 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ 1O~
-
Acadêmicos do Salgueiro Portela Império Serrano Estação Primeira
Un idos de Vila Isabel Unidos de São Carlos Imperatriz Leopoldlnense Império da Tlluca Mocidade Independente Unidos de Padre Miguel
SEGUNDO GRUPO: 1~ 2~
-
Em Cima da Hora Unidos de Lucas
TERCEIRO GRUPO: 1~ 2~ 3~
- Caprichosos dos Pilares - Unidos de Vila Santa Teresa - Unidos de Bangu (Em 1971 . as três primeiras do terceira grupo loram promovidas para o segundo.)
1973 1P 2!' 3~ 4~
5~ 6~
7~ 8~ 9~ 1O~
-
Estação Primeira Império Serrano
Acadêmicos do Salguairo Portala Imparatrlz Leopoldlnensa Em Cima da Hora Unidos de Vila Isabel Mocidade Independente Unidos do Jacarezlnho Tupi de Brás de Pino
SEGUNDO GRUPC: 1~ - Unidos de São Carlos 2~ Baila-Fiar TERCEIRO GRUPO: 1~ 2~
-
Acadêmicos de Santa Cruz Unidos do Cabuçu
123
1975 1!> 2~
3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ 1 O~ 11 ~ 12~ -
Acadêmicos do Salgueiro Estaçõo Primeira Império Serrano
Mocidade Independente Portela Unidos de Vila Isabel Beija-Flor Imperatriz leopoldinense
União da Ilha do Governador Unidos de São Carlos Unidos de Lucas Em Cimo da Hora
SEGUNDO GRUPO: 1~ -
2~
Lins Imperial
Tupi de Brós de Pino
TERCEIRO GRUPO : 1~ -
2~
Arranco do Engenho de Dentro
Unidos de Nilópolis
1976 1~ 3~ 4~ 5~ 6~ -
Mocidade Independente Portela Acadêmicos do Salgueiro Unidos de Vila Isabel
7!' 8!' -
Império Serrano Imperatriz Leopoldinense
2~
1974 1~ 2~
3~ 4~ 5~ 6~ 7~ 8~ 9~ 1 O~ -
Acadêmicos do Salgueiro
Portela Império Serrano Estação Primeira Mocidade Independente Imperatriz Leopoldlnense Beija-Fiar Em Cima da Hora Unidos de São Carlos Unidos de Vila Isabel
SEGUNDO GRUPO: 1 ~ - União da Ilha do Governador 2~ Unidos d. Lucas TERCEIRO GRUPO: 1 ~ - Unidos de Padre Miguel 2~ Foliões de Botologo
124
9~ 1O~ 11 ~ 12~ 13~ 14~ -
Bella-Flor Estação Primeiro
Un ião da Ilha do Governador Unidos d. São Carlos Lins Imperial Unidos d. Lucas Em Cima da Hora Tupi de Brós de Pino
SEGUNDO GRUPO: 1!' -
2~
Império do Tiiuca
Unidos do Cabuçu
TERCEIRO GRUPO : 1!' - Arrastão d. Cascadura 2~ Unidos de Manguinhos 3!' 4!' -
Grande Rio Acadêmicos da Cidade d. Deus
lllDOS DEJUNHO -, DOS CARNAVUS ANTIGOS \ N.l • PlLlÇJ. , OOZE --
lO
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'--'\
Meus senhores aproveitan~ a o~ortunidade que este meu nobre amigo jornalista que com muito respeitQ e um admirável carinho me deu.rarei então um relato do chamado "SAMBJ. DE EmIBDO"nos tempos que 28 le1gos não cl/nheciam a hist6ria do nosso querido BRASIL.Pois não havia mgencia para comp~qualquer samba.pois/ ,o que se fazia ensaiav.... se 8 desfilava em busca de um t!tulo,os .versos eram / de improviso,mas isto não quer dizer que eram samba de partido alto. Eram samba pata valer ,samba de verdadeiros sambistas que sab1am dizer seus / versos d,e improY1so sem sabu' ler a grande ge9&rdj,a,tC10s tinha-mos o euidad2 de respeitar e respcnder aos no~sos adversarios,nequeles tempos o samba I · ,nlio era fabricado era s&aba 1nspirado que vinha df alma dos poetas le1&os. Nós os compositores tinha-mos o oarinho çomo compor,porque nossos sambas 2ram uma verdadeira mensagem que pero0l'1"1am tMas as fronteiras cari9Ca,pois ltao I se fazia samba sob f tutela da Hist6r1a do BRASIL.O exemplo esta entre tMasl escollis QUe naqueles t'lmpos t ! ! grandes samb1staa • .Na "PORTBL.\" nomes que ate hoje respe1tados como,.. Caetanç Butino,Joãó I da G~te~c1des,Ventura,os ralec Paulo,He1tor dos Prazerea e muitos on tros sem cantar com a nOVa geração que de mJ.m merece todO respe1to. . Na "MANGUEIRá" o sempre lembrado o Grande Cartola e s8U~arce1ro dileto que / era Carlos C!9lJaça!como é conhec1do o finado Pedrinho.. Zé com Fome,Sangre,Jorge Candinho,Fiuca,casadinho,Malvadeza,Alfredo Portuguez e muitos outros. • No"SALGlJEIRO'l apesar de la no morro naquêles tempos haver cinco escolas os nomes !pais lembrados eram de ~tenor Gargalhada e Geraldo Babão.enstiam outro. mas estes dois eram IDa1s ralados Ina querida"TIlII6." eram os nomes de \filo Chaogas(Tatão) Sinval Silva o -...r aescobridor da nossa embaixatriz e~audosa I Carmem Miranda. ,. • ' Hoje a Tijuca tem um grande valor jovem como seja: Mario Pereira e muitos outros j~s compositores,em Ramos,Recreio de Ramos temos o Armando Marçal / Saguí,Molequ9 -7";Raul Marques,~or,OsvaldO Penteado,Mano Décio e muitos outros nomes.Na velha-8ERRI~" era um verdadeiro celei~9 de impravisadores como naqueles tempos era o grande mestre Antonio FuleirolJosé da Grota~ZUza (o Poliglota)~1ceto Menez9s Junior,Mestre dos mestresDelrino,Manula,Fumaça, . d~oisl Mano Decio~oleque "7·,Raul Marqu9s ,Penteado., mo 19t15 eu trousse esta f'~oso parceir:;> que e o 8!1as Q,e 0l1ve1ra,0 qual escreveu o primeiro samba enredO -À conferencia da 8ao Francisco~and9. P~ em todo o Universo,na nzinha faladeira Buci More1ra,Ligurgo,Min1stro da ClIl:{ca / ' Nozinho que roi 8Il.tor de . . bani to samba "BeijOS· que gravado por Chica da A I nola.Faça uma idéia o que os sambas de an~ig~ent e ",ejam a grande concorrencia de hOjeique para dispmt&r um Samba enredo a a pior coisa que exis~e dentro de uma esco a de samba,porque existe elementos sem condiçoãs e então eles querem afrontaa e desmoraJ.1zer a quem tem um nome a zelar como o meu-,Cartolal I lolalter Rosa, 8i1.&II .de ou,wira, Joaci 8antana,Penteado!carlos Cachaça.Cande1as Filho,e OfltrosaUfO.... contrllJuiçoes <Jen~ro da matér a são .m uitas,pois rezer Samba enredo nao nosso previlegio pl/rem e preciso que nosso~ cancorrpntes se reveze'l' um p9'1co,aaibam resp'l.1 ter aquelas que quando chegam ja encont.am atlJal mante .Eles j a chegam c_ -.lfcia de desb~car os que mui to pOdem razer por eles ~as a inveja que atravessa .. caminhos deles é aquela falange de mal estar. E procurar destruir ('quilo que construinios com tanto carinho e sacrifíc10,eu I tenho qge agradecer ~.•tIIOS· Plr tudo que tem feito por mim ,porque meus opositores são muitos(T8IIl t.rémentos que me dão um sorriso,porque não pOdem me dar / uma punhalada) mas eu vau fazendo ~s meus sambas de vagq eu sempre tenho uma letra para completar qua ~m1m e bacana e muito importante. Eles que façam como eu raqo . . ..-r o bem sem olhar a quem porque o que faltar S' .&NT.iN.l entera.
aS
UMARTiGodE MANO dÉcio dA violA
Meq presado amigo isto
DI<: I O .&NTWIO
CARLOS
é tudo qa• •inha para relatar. ()(AN O Dt.cIO Ia nu)
SAIBA O QUE VOCÊ VAI OUVIR. Carnaval de Ilusões (Mortinho da Vila e Gemeu) - Samba-enredo que marca a estréio de Mortinho da Vila na Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. no carnaval de 1967, quando a escola obteve o quarto lugar. Não foi através de Carnaval de Ilusões que Mortinho imprimiu
Sonhar com rei dó leão é que o compositor Neguinho teve que dar parceria à própria escola. Nõo é só a Beija-Flor que entra de parceira nos sambas-enredo. Outras escolas também fazem isso.
a suo característica pessoal aos sambas-enredo. Essas características 56 se fizeram notar
Onde o Brasil aprendeu o liberdade (Mortinho da Vila) - Samba-enredo para a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel no carnaval de 1971. Pode ser apontado como uma obro-prima em matéria de samba-enredo. Epopéia do Samba (Duduca, Bala e Juca) Vinte anos depois de ter oficializado o desfile das escolas de samba, Pedro Ernesto foi homenageado pela Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, que cantou este samba no carnaval de 19S5, quando desfilava pela segunda vez . Pedro Ernesto Batista. como prefeito. foi realmente um grande entusiasta das escolas de samba e colaborou bastante para que elas se transformassem na maior atração do carnaval. Dal a letra do sambo : " Foi para felicidade do sambista/ Que se interessou por nosso samba/ O eminente Oro Pedro Ernesto Batista" . Freira mais querida (Nelson Cavaquinho . Alfredo Português e Nelson Sargento) - Alfredo Português era português mesmo e morava no Morro de Mangueira. Os antigos sambistas do morro falam dele com o maior respeito pelo seu talento de compositor e , principalmente, de letrista. Neste samba feito em homenagem a uma freira que freqüentava Mangueira - a autoria é também das mais ilustres, pois conto com o nome de Nelson Cavaquinho e de Nelson Sargento , enteado de Alfredo Português. Apologia aos mestres (Nelson Sargento e Alfredo Português) - Em 1950, a preparaçõo de um desfile de escola de sambo nõo envolvia tantos recursos como os de hoje. Além disso. o sambo que iria ser cantado no desfile só chegava ao conhecimento dos componentes da escola dois . três dias antes do desfile. Algumas vezes , somente no dia. Por isso, Apologia aos mestres entra nesta coleção por uma razôo particular, além de ter a assinatura de Alfredo Português : é um samba-enredo que nôo foi contado . A Estação Primeiro de Mangueira iria homenagear. no carnaval. os figuras de Os waldo Cruz, Miguel Couto. Rui Barbosa e Ano Neri, cantando este samba . Mas na semana do carnaval , o direção da escola decidiu que o enredo passaria a ser Saúde, lavoura, Transporte e Educação e outro samba foi contado. Passado de glória (Monarca) - Monarca é um dos mais talentosos e apaixonados compositores do Portela . V6nos sambas seus exal tam a sua escola . Dentre eles, escolhemos Passado de glória.
nos anos seguintes, quando fez para a Vila os
sambas Quatro Séculos de Modos e Costumes, laió do Cais Dourado, Glórias Gaúchas e Onde o Brasil Aprendeu a liberdade. No carnaval de 1967 , Chico Buarque de Holanda fez parte do júri e Mortinho da Vila não gostou das notas que ele atribuiu à sua escola. Tonto que compôs uma música, pouco depois, dizendo : " Nem o Chico entendeu/ O enredo do meu samba " . O que seró de mim? (Ismael Silva , Nilton Bastos e Francisco Alves) - Francisco Alves e M6rio Reis gravaram este sambo em 1931 (Odeon 10.780-B). Foi o décimo samba de um total de 18 de Ismael Silva gravados por Francisco Alves. Em todos eles, o cantor apareceu também como autor, segundo o acordo estabelecido entre os dois a partir de 1927 , quando Francisco Alves gravou Me faz carinho. O que seró de mim? foi selecionada por ser o único música conhecida de Ismael Silva que utiliza a expressão Deixa Falar, isto é , o nome da primeira escola de sambo. fundada por Ismael , Nilton Bastos, Alceblades Barcelos e vários outros . No samba. a expressão é utilizada sem qualquer relação com a escola, mos no mesmo sentido que levou os sambistas do Estácio de Sá o batizar o escola de sambo. Segundo depoimento de Ismael Silva. o nome surgiu como uma resposta aos sambistas de outros regiões do Rio que diziam fazer o melhor sambo da cidade. " Deixo falar" - foi o resposta dos sambistas do Estácio. No coso do sambo , o resposta é poro os que condenavam o vida do malandro : " Pois nõo h6 vida melhor/ E vida melhor não há/ Deixo falar quem quiser/ Deixo quem quiser falar". Sonhar com rei dó leõo (Neguinho - GRES Beija-Flor) - O samba cantado pela Escola de Samba Beija-Flor no carnaval de 1976, quando pelo terceira vez , em toda história dos escolas de sambo. o primeiro lugar nõo foi poro o Portela. Estação Primeiro , Império Serrano ou Acadêmicos do Salgueiro. Quarenta anos an tes. em 1936, venceu o Unidos do Tijuca e , em 1937 , o vitorioso foi o Vizinho Faladeira. A não ser nesses três anos , o primeiro lugar esteve sempre com uma daquelas escolas de sambo , exceto em 1960, quando uma decisõo polltico d ividiu o título de campeõ entre os ci nco pri meiros colocadas , incluindo-se entre elos o Unidos do Capela. Um detalhe curioso em
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CARNAVAL DE ILUSÕES Fantasia Deusa dos sonhos que esteio presente Nos devaneias de um inocente Oh soberana das fascinações Põe os seres do teu reino encantado Desfilando para um povo deslumbrado Num carnaval de ilusões Na doce pausa dos folguedos infantis Repousam a bola e a bonequinha querida No turbilhão do carrossel da alegr. vida Morfeu embala a criança tão feliz Que num sonho encantador Viaja ao mundo da fabulação Terra da riqueza e do fulgor De tonta beleza e do esplendor
Guiada pela fado ilusõo Se juntam lendórias figuras Personagens de leitura Revividos na memória Que aiusta o imperfeito Na perfeição dos conceitos Das deleitosas histórias Neste clima extasiante Dos folguedos deslumbrantes Tudo envolve ao despertar E no mundo da verdade Sem saber a realidade Retorno o petiz a cantar Ciranda cirandinha Vamos todos cirandar Vamos dar a meia volta Volta e meia vamos dor.
O QUE SERA DE MIM? Se eu precisar algum dia De ir pro batente Não sei o que seró Pois vivo na malandragem E vida melhor não hó Minha malandragem é fina Não desfat.endo em ninguém Deus é quem nos dó a sina E o valor dó-se o quem tem Também dou a minha bola Golpe errado ainda não dei Eu vou chamar Chico Viola Pois no samba ele é rei (breque) Dó licenço, seu Mório
Se eu precisar algum dia, etc. Pois não há vida melhor E vida melhor não há Deixa falar quem quiser Deixa quem quiser falar O trabalho não é bom Ninguém pode duvidar Trabalhar só obrigado Por gosto ninguém vai 16
SONHAR COM REI DÁ LEÃO Sonhar com anjo é borboleta Sem contemplação Sonhar com rei d6 leão Mas nesta festa de real valor Não erre, não O palpite certo é Beija-Flor Beija-Flor Cantando e lembrando em cores Meu Rio querida. dos lagos de Ilores Quando o Barão de Drummond criou Um jardim repleto de animais então lançou Um sorteio popular e para ganhar Vinte mil réis com deI. tostões O povo começou a imaginar Buscando no belo reino dos sonhos Inspiração para um dia acertar Sonhar com filharada é o coelhinho Com gente teimosa Na cabeça dó burrinho E com rapal. todo enfeitado O resultado. pessoal. t pavão ou é veado E assim Desta brincadeira Quem tomou conta em Madureira Foi Natal . o bom Natal Consagrando sua escola Na tradição do carnaval Sua alma hole é Águia Branca Envolta no azul de um véu Saudado pela majestade. o samba E sua breleira corte Que lhe vê no céu.
ONDE O BRASIL APRENDEU A LIBERDADE Aprendeu-se o liberdade Combatendo em Guararapes Entre lIechas e tacapes Facas. fuzis e canhões Brasileiros irmanados Sem senhor e sem senl.alas E a Senhora dos Pral.eres Transformando pedra em bala Bom Nassau ló loi embora Fel.·se a revolução
E a festa da pitomba é a reconstituição Jangadas ao mar Pro buscar lagosta Pro levar pro festa em Jaboatão Vamos preparar Lindos mamolengos Pro comemorar a libertação E lá vem maracatu Bumba·meu·boi , vaquejada Cantorias e fandangos Maculelê, marujada Cirandeiro, cirandeiro Sua hora é chegada Vem cantor esta ciranda Pois a rodo está formada Cirandeiro. cirandeiro ó A pedra do seu anel Brilha mais do que o sol.
EPOP~IA DO SAMBA Exaltando A vitória do samba em nosso Brasil Recordamos O passado de infortúnio quando o qual surgiu Porque não queriam chegar à ral.ão Queriam eliminar Um produto genuíno da nossa Nação Foi para a felicidade do sambista Que se interessou por nosso samba O eminente Doutor Pedro Ernesto Batista Que hoje se encontra no reino da glória Mas deixou na terra ~ortas abertas para o caminho da vitória Oôôõõõõõõ A epopéia do sambo chegou Foi em nosso antigo Praça Onl.e Que os sambistas de fibra lutaram pro vencer Uniram Salgueiro. Mangueira. Portela. Favela. Estócio de Só Resolveram persistir Até o vitória chegar Hoie o nosso samba é felil. Em qualquer parte do mundo Nós podemos cantar ló ló 16 ló ló 16 Contra o samba ninguém mais lutará
FREIRA MAIS QUERIDA Morreu o freira mais querida Que durante a sua vida Foi o abadessa que mais reinou Vivia sempre a rezar Na frente do altar A Jesus o seu coração entregou Morreu com todos os seus prantos E nem anjos nem santos Nem Cristo a salvou
Quem professa a religião Diz a Sagrada Escritura Que poucos se salvarão Porque a matéria não é pura Não se deve errar Ao amor da devoção cristã Se não te podes salvar Para que rezas tanto. irmã?
APOLOGIA AOS MESTRES Glória aos nossos antepassados Com os seus nomes gravados Na história da pótria amada Oswaldo Crul., Miguel Couto e Rui Barbosa Ana Neri, a corajosa Enfermeira abnegada Esses vultos se destacaram Como herança entregaram Os seus esforços naturais Hole na glorificação Os seus nomes hão de ser Poro sempre imortais Rui Barbosa foi um mago apologista Miguel Couto , especialista Ana Neri. símbolo da paciência Oswaldo Cruz. mestre na Biologia Mostrou a sua galhardia Apóstolo da ciência Esses vultos reunidos Receberam do Brasil querido A glória a que fal.em jus Miguel Couto. Rui Barbosa. Ana Neri . Oswaldo Cruz Glória , mais glórias
PASSADO DE GL6RIA Portela. eu às vezes meditando Quase acabo até chorando Que nem posso me lembrar O teu livro tem tontas páginas belas Se lar lalar do Portelo Hoje não vou terminar A Mangueira de Cartola Velhos tempos do apogeu O Estócio de Ismael Dizendo que o samba era seu Em Oswaldo Crul., bem perto de Madureira Todos só falavam Paulo Benjamim de Oliveirc Paulo e Claudionor quando chegavam Na roda de samba abafavam Todos corriam pro ver Pro ver se não me falha a memória No livro da nosso história Tem conquistas a val.r Juro que não posso me lembrar Se lar lalar da Portela Hoje não vou terminar.