Jornal da Metrópole 08/02/2018

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Boca quente NO PASSINHO DO OLODUM

Festeiro que só ele, o prefeito de Salvador, ACM Neto, colocou uma peruca de rastafári na inauguração da Casa do Carnaval e caiu na dança. Um dos “Menudos” mais animados do grupo era o chefe de gabinete e pré-candidato a deputado federal, João Roma, que dança de capoeira a arrocha, dependendo da situação!

tácio moreira/metropress

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FORA DE CAMPO?

Pela primeira vez, ACM Neto deu a entender que pode não disputar o Governo do Estado contra Rui Costa, nas eleições de outubro. Durante discurso na Câmara Municipal, o democrata disse: “Nós estaremos em campo. Participando, como candidato ou não – isso vai depender de uma decisão popular mais à frente”. Será?

PRAGA DE LÍDICE...

O presidente da Assembleia Legislativa, Angelo Coronel (PSD), disse que não vai participar do Carnaval. Ele se recupera de uma virose que, segundo alguns aliados, foi praguejada pela senadora Lídice da Mata — concorrente de Coronel na disputa por uma das vagas ao Senado na chapa de Rui Costa.

VÁ, PELO AMOR DE DEUS!

A eleição de Marta Rodrigues como líder da oposição na Câmara de Vereadores deixou alguns colegas oposicionistas enciumados. Apesar de Neto ter a maioria na Casa, a liderança sempre dá visibilidade, principalmente em ano de eleição. A turma do “deixa disso” entrou em ação pedindo a união do bloco.

... OU DE CORONEL?

Coincidência ou não, na semana passada, durante o anúncio das atrações do Governo do Estado para o Carnaval, queixando de uma gripe mal curada que a pegou de jeito. Será que foi praga de Coronel?

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CIÚME DE VOCÊ

CARIOCA DE BOTAS

Duas coisas no presidente da Câmara Municipal, Leo Prates (DEM), têm chamado atenção: o sotaque carioca e uma tal camisa polo amarela que o democrata sempre usa em eventos. Os colegas dizem que Leo usa a roupa desde 2012, mas ele jura que tem várias da mesma cor. Quanto ao carioquês... Nada a declarar!

moreira mariz/agencia senado

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Suplente do vereador Luiz Carlos Suíca (PT), pré-candidato a deputado estadual, na Câmara Municipal, o ex-vereador Arnando Lessa anda fazendo ‘de um tudo’ para que o colega se eleja no pleito de outubro. Já até prometeu 10 mil votos para turbinar a eleição do “companheiro”. Isso é que é confiar no próprio taco.

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Cidade

Atropelado pelo comércio

Para Armandinho, a riqueza do Carnaval de Salvador é “atropelada” por práticas como a priorização da venda da folia. “Quando entra vender a todo custo, primeiro lugar vender”, disse.

Não é o fim do bloco

Miguez aposta nos camarotes como futuro do Carnaval, mas não acredita no fim dos blocos. “Um bloco para desfilar é obrigado a desfilar com vários atores. A polícia, o cordeiro, o pipoca, o cantor... ”, afirmou.

QUEM FOI NANINHA A cada ano, axé fica mais distante da preferência do folião no Carnaval e perde espaço para ritmos como o pagode baiano

Márcio Victor e a banda Psirico são campeões quando o assunto é música do carnaval. A banda ditou o hit da folia momesca nos anos de 2015, 2014 e 2008, abrindo ainda mais espaço para a difusão do pagode no Carnaval da Bahia

Fotos Tácio Moreira Texto Bárbara Silveira barbara.silveira@jornaldametropole.com.br

Seis anos se passaram desde que uma canção de axé foi eleita a melhor do Carnaval de Salvador. A última representante do ritmo a conquistar o gosto popular foi “Circulou”, composição de Magary Lord interpretada por Saulo na folia de 2012. Desde então, o ritmo que já reinou no Carnaval de Salvador vem perdendo cada vez mais espaço para outros estilos musicais como o pagode e até mesmo o funk. Na contramão do declínio do axé está o pagode, ritmo que tem liderado a preferência do público 4

que curte o Carnaval. A banda Psirico exemplifica de forma clara o fenômeno: o grupo liderado por Márcio Victor levou o prêmio de música do Carnaval nos anos de 2008, com “Mulher Brasileira”, 2014, com “Lepo Lepo” e 2015, com “Tem Xenhénhém”. Para Paulo Miguez, vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e especialista na folia momesca, a renovação é fato. “É da própria natureza da festa, principalmente para nós, que nunca nos fechamos em um só ritmo. No caso da Axé [Music], é bom lembrar que tem quase 30 anos que ela reinou quase que sozinha”, pontuou.

Polêmica do universo do pagode, a banda La Fúria arrastou uma verdadeira multidão no Carnaval do ano passado, no circuito Dodô Jornal da Metrópole, Salvador, 8 de fevereiro de 2018


Cidade

Axé e rock

“Eu acho que ele se reacomodará. Isso aconteceu com o rock. O Axé continuará a ter um espaço especial na festa de rua. Ela vai abrir para que outros gêneros se apresentem”, opinou Miguez.

“Mercado da carne”

O cantor Netinho criticou o circuito Dodô, na Barra, local que classificou como “da moda”. “A Barra virou um mercado de carne, não tem mais aquela energia”, disse.

AXÉ SÓ EMPLACOU 2 CAMPEÃS EM 11 ANOS “AXÉ MORREU, FALECEU” A sensação que os tempos áureos do axé ficaram no passado aumenta a cada ano. Nos últimos 11 Carnavais, período entre 2007 e 2017, o ritmo emplacou apenas duas canções que ganharam a preferência do público e foram eleitas música do Carnaval:

Circulou, em 2012, e “Cadê Dalila”, em 2009 — enquanto o dito pagode baiano dominou a festa por sete anos com hits como “Santinha”, de Leo Santana, em 2017, “A Liga da Justiça”, do Leva Nóiz, em 2011, e “Mulher Brasileira”, do Psirico, em 2008.

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ANOS

É o tempo que uma música de Axé não é a preferida do Carnaval

Para o cantor Netinho, um dos principais puxadores de bloco da sua geração, a falta de novos representantes trouxe um veredito triste para o ritmo baiano. “Na minha cabeça o axé morreu, faleceu. Não toca mais em rádio, só toca se pagar. Pra mim, o Axé nunca foi um mo-

vimento, pois um movimento, seja do que for, as pessoas que fazem se reúnem para conversar, ver o que está errado. Nunca aconteceu no Axé, só é uma panelinha”, completou Netinho que, criticou ainda o pagode. “Respeito o pagode baiano, mas não gosto”, afirmou. matheus simoni/metropress

Hit “Santinha”, de Leo Santana, foi escolhido a Música do Carnaval de 2017; cantor ganhou o mesmo prêmio em 2010, com o Parangolé

Em entrevista à Metrópole, cantor Netinho deixou claro que não gosta do pagode baiano

POSSIBILIDADE DE SE “REINVENTAR”

Mas, para Miguez, a queda do axé pode ser explicada como o esgotamento de um ritmo que foi amplamente difundido. “Não vejo como um problema, vejo como a capacidade que a festa tem de se reinventar, inclusive do ponto de vista musical”, opinou, ao rejeitar ainda a teoria de que haja uma crise no Carnaval da Bahia. “Tem sido sintomático um processo de mudança na festa. Um modelo de negócios chegou a um momento de exaustão. Não é mais a linha do

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bloco da empresa. Agora parece que o grande negócio vão ser os camarotes”, explicou. Na opinião de Armandinho Macêdo, o declínio do ritmo pode ser explicado pela falta de espaço para novos músicos

que poderiam dar continuidade à Axé Music. “Os mais novos também têm que crescer, e esse espaço tem sido roubado pela parte empresarial. Acho que isso que não pode ser atropelado”, disse.

“Esse espaço tem sido roubado pela parte empresarial”

Camarote é apontado como o futuro do Carnaval por conta da praticidade organizacional 5


Cidade

CIDADE DA MÚSICA OU DA DÍVIDA? Apesar do título de Cidade da Música, Prefeitura de Salvador trava batalha com o Ecad desde 2008

Fotos Tácio Moreira Texto Matheus Morais matheus.morais@metro1.com.br

Às vésperas do Carnaval, a Prefeitura de Salvador comprou uma briga daquelas com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), por conta de uma dívida de R$ 50 milhões de direitos autorais não pagos em carnavais passados. Contraditoriamente, em dezembro de 2015, Salvador recebeu o título de “Cidade da Música”, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). De quebra, o prefeito ACM Neto ainda entrou em rota de colisão com um grupo de artistas como Marisa Monte e Djavan, liderados pela produtora cultural e mulher de Caetano Veloso, Paula Lavigne. Os 6

efeitos praticos da briga já começaram a surgir: o Museu do Carnaval não terá a obra de Caetano Veloso. A Prefeitura recebeu uma notificação judicial que exigia a não execução de músicas e composições do cantor. Em conversa com a Metrópole, Lavigne subiu o tom contra Neto. “Alguns artistas não querem se manifestar porque dependem da Prefeitura. Alguns afirmam que o ACM Neto é muito vingativo”, ressaltou.

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MILHÕES

é a dívida da Prefeitura de Salvador com o Ecad, segundo levantamento Prefeitura de Salvador diz que questão tem motivação política e ACM Neto cita “possível” acordo com o Ecad para o pagamento da dívida Jornal da Metrópole, Salvador, 8 de fevereiro de 2018


Cidade

“DUVIDO QUE O AVÔ DELE, ACM, FIZESSE PREFEITURA ALEGA COISA PARECIDA”, RECLAMA PAULA LAVIGNE “MOTIVAÇÃO POLÍTICA” A produtora cultural e presidente do movimento Procure Saber — formado para debater a indústria musical brasileira — Paula Lavigne, criticou a postura de Neto. ”Para nós foi uma decepção muito grande, duvido que o avô dele, ACM, fizesse alguma coisa parecida. A lei tem que ser para todos. Por que a Prefeitura não deve pagar?”, disse à Metrópole. De acordo com Lavigne, outros municípios também devem ao Ecad, mas assumem ter o débito. “O governo do Estado estava devendo R$ 90 mil, mas já está pagando. A diferença é que o prefeito ACM Neto emitiu uma nota dizendo que achava que ele não devia pagar. As outras prefeituras não negam”, disse.

reproducao/facebook

Já o secretário de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco (DEM), diz reconhecer que o movimento feito por artistas nacionais é “legítimo”, mas diz que o protesto tem motivações políticas. “Todas as manifestações que chegam, chegam de uma origem que a gente sabe muito bem quem é”, alfinetou, sem

citar nomes. Tinoco disse que a Prefeitura já mantém conversas com a Superintendência do Ecad na Bahia para solucionar o problema. “A gente iniciou um processo de análise técnica com a Superintendência do Ecad e estamos muito confiante de que é possível estabelecer um novo marco em Salvador”, completou.

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MIL

é a dívida do Governo do Estado com o Ecad, que já está sendo paga

Produtora cultural lidera grupo de artistas que lutam pelo pagamento do Ecad em Salvador

Prefeitura alega que problema passou a ser “questão política” e afirma negociação

MANNO: PREFEITO NÃO ATENDE O ECAD NETO E “POSSÍVEL ACORDO” Contrariando Tinoco, o compositor Manno Góes, um dos pioneiros na defesa dos direitos autorais no Brasil, negou que a mobilização dos artistas contra a Prefeitura de Salvador tenha motivação política. “A luta pelos autores não é de direita nem de esquerda. Se trata de lei e respeito. De Lobão a Chico Buarque, todos defendem a mesma lei e a mesma pauta”, argumentou o músico, em post no seu perfil no Facebook. De acordo com Manno, o prefeito se recusa a receber os representantes do Ecad.

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Questionado sobre a dívida, o prefeito ACM Neto afirmou que o secretário Claudio Tinoco tem mantido diálogo com o Ecad. “É possível que se produza um acordo. O meu desejo é esse. Agora, tudo feito com base na discussão técni-

Manno é crítico do posicionamento da Prefeitura de Salvador diante do pagamento ao Ecad

ca”, defendeu. Em 2016, o escritório entrou com uma ação na Justiça cobrando o pagamento dos direitos autorais dos eventos produzidos pela Empresa Salvador Turismo (Saltur), como revéillon e Carnaval.

Segundo o Ecad, a dívida se arrasta desde 2008 7


2.800

VAGAS DE ZONA AZUL E 2.000 REMOTAS

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Especial

AULA DE BRASILIDADE Edição do Entre Páginas Especial recebeu o jornalista, escritor e musicólogo Zuza Homem de Mello

Fotos Tácio Moreira Texto Bárbara Silveira barbara.silveira@jornaldametropole.com.br

Uma verdadeira aula sobre cultura e música brasileira. Assim foi a última edição do Entre Páginas Especial, que aconteceu na última terça-feira (6), no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Salvador Shopping. De lá, o apresentador Mário Kertész comandou mais uma edição do evento, que teve os comentários do poeta James Martins e recebeu o jornalista, escritor e musicólogo Zuza Homem de Mello,

que veio à capital baiana para lançar sua obra mais recente, “Copacabana – A Trajetória do Samba-Canção (1929-1958)”. O livro é fruto de uma pesquisa de mais de 10 anos e reúne detalhes do gênero, além de suas estrelas, como Aracy Cortes. “O samba-canção, que por muitos anos foi ignorado, diziam que era de fossa, desvalorizando, e quando fiz uma pesquisa dos anos 50 eu vi duas coisas: [que] aquilo era música da juventude, e eu vivi aquilo. E que elas estavam todas na minha cabeça”, contou.

Temas como a evolução do samba e da Música Popular Brasileira não ficaram de fora

Edição especial do Entre Páginas recebeu o jornalista e escritor Zuza Homem de Mello, que comemorou a receptividade dos baianos

PIONEIRISMO DE MAYSA

SAMBA-CANÇÃO E A BOSSA Apesar de realizar vários estudos sobre o tema em 2014, somente em 2017 o livro “Copacabana” se tornou realidade. “Eu me dei conta do samba-canção, e é de fato a plataforma da modernidade que deu um alento que propiciou a existência da bossa

nova”, contou o escritor, que salientou ainda a felicidade com o resultado da obra. “É um livro que me orgulho muito. E ele já foi considerado a obra prima de Zuza Homem de Mello”, celebrou o escritor, em entrevista a Mário Kertész.

“A maioria era de ouvintes que eu desconhecia, os que me conhecem via Metrópole” – Zuza Homem de Mello, escritor 10

Zuza explicou a origem do livro “Copacabana”, lançado na última terça-feira em Salvador

Ao relembrar nomes importantes da música nacional, Zuza lembrou o pioneirismo da cantora Maysa, uma das primeiras mulheres de destaque em um espaço que antes era dominado pelo universo masculino. ”Até então, a composição na música popular era dominada pelos homens. Ou seja, em muitos casos, a visão de um romance, que era temática da samba-canção, era de um homem, uma visão machista”, explicou. Jornal da Metrópole, Salvador, 8 de fevereiro de 2018


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Bahia

PREJUÍZO AO TURISMO Embasa prejudica até o turismo da Bahia e serviço ineficiente fecha restaurante símbolo da Ilha de Maré

reproducao/instagram

Sem água há dias, restaurante da Preta fechou as portas na Ilha de Maré, no último final de semana. Sem nenhuma melhora no fornecimento, empresária decidiu fechar a unidade de Ilha de Maré e vai se mudar para Ilha dos Frades jefersson peixoto/secom

Texto Gabriel Nascimento gabriel.nascimento@metro1.com.br

Praias paradisíacas, boa culinária, águ... não. Água, não. Um dos mais belos destinos em Salvador, a Ilha de Maré há muito tempo tenta sobreviver com torneiras secas e se prepara para levar um duro golpe em plena alta estação: a redução drástica no número de turistas. Devido ao abastecimento cada vez mais irregular – fruto de um serviço desleixado da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) –, comerciantes têm desistido de manter seus negócios e os moradores já não sabem mais a quem recorrer.

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A soma das desventuras resulta em uma terra pouco atrativa tanto para os visitantes quanto para quem poderia contribuir, investindo na exploração turística da ilha. O secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, revelou ter recebido reclamações de uma agência de viagens. “Vou citar a CVC. Ela estaria estabelecendo um passeio de catamarã que passaria por Ilha de Maré com refeição no [restaurante] Preta. A gente já teve notificação da operadora sobre esse problema com água”, contou, evidenciando os prejuízos para a ilha.

População de Ilha de Maré sofre com constante falta de água e ausência de explicação

PREJUÍZO EM LARGA ESCALA Na opinião do secretário, a falta de ações concretas da Embasa para resolver o problema é algo “extremamente negativo”. “A partir do momento em que a gente faz a captação das operadoras, faz o incentivo para que esses produtos sejam instalados e depara com essa deficiência de infraestrutura, é jogar todo o trabalho fora. E o prejuízo ficará para a economia local”, declarou.

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CARTÃO-POSTAL DE SAÍDA DA ILHA: “SITUAÇÃO DE GUERRA” Autora de inúmeras queixas no período em que ainda acreditava numa solução, a proprietária do Restaurante da Preta, Angeluci Figueiredo, desistiu. Ela anunciou o encerramento das atividades na Ilha por causa da falta de água. O estabelecimento chegou a virar um dos pontos turísticos da localidade. “Traba-

reproducao/whatsapp

Bahia IRREGULARIDADES POR TODA PARTE

lhar em Ilha de Maré é trabalhar em uma situação de guerra. Esse foi um dos fatores que me fizeram querer sair”, disse. Segundo a empresária, não houve uma semana inteira com o abastecimento normal. “Foi sempre assim. Em 2017, no Carnaval, a gente fechou por conta de água”, lamentou.

“Em 2017, nessa mesma época, no Carnaval, a gente fechou por conta de água” – Angeluci Figueiredo, empresária

Em Lençois, na Chapada, a Embasa também prejudica o turismo com rede de esgoto em rio

VAZAMENTO É DESCULPA Questionada pelo Jornal da Metrópole, a Embasa foi – no mínimo – indiferente com todo o sufoco da população e respondeu de maneira genérica. Em nota, a empresa afirmou que no mês de janeiro as interrupções no fornecimento aconteceram “por causa de um vazamento na adutora subaquática que atende a região”. “O serviço de reparo foi realizado e o abastecimento está sendo regularizado de forma gradativa”, disse. O problema é que o tal vazamento descrito é idêntico ao de um ano atrás. Nem precisa dizer que de lá para cá, nada mudou...

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Entrevista Rui Costa, governador

RUI NEGA ANTECIPAR CHAPA E ALFINETA NETO: “AQUI NÃO TEM PATROCÍNIO”

Governador Rui Costa ressalta investimento de R$ 45 milhões na segurança para o Carnaval e descarta “ajuda” da iniciativa privada

Fotos Tácio Moreira

AGONIA DOS “SEM TIME” Garantindo que tem “bons craques” para a disputa eleitoral, o governador afirmou que os concorrentes que “não têm time” é que precisam se preocupar com a eleição. “Todo mundo que tenta organizar um time que não tem jogador fica agoniado. Vou conversar com calma, porque não tenho esse problema. Tenho bons craques

para colocar em campo. Tem treinador com dor de cabeça porque tem nomes a mais”, ironizou. O governador reclamou também das “fake news”. Rui, recentemente, foi vítima de uma notícia falsa sobre o bambuzal do aeroporto. “Na ausência de propostas, as pessoas preferem montar notícia falsa, e tem muita gente caindo”.

“As pessoas preferem montar notícia falsa” 14

marcelo camargo/abr

Os desafios da gestão e a campanha para uma possível reeleição foram comentados pelo governador Rui Costa (PT) em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, na última quarta-feira (7). Sem deixar de lado os assuntos polêmicos, o governador começou a conversa comentando a difícil missão de equacionar as cobranças dos líderes dos partidos na chapa para a reeleição. De acordo com Rui, as escolhas serão iniciadas após o Carnaval. “Eu não vou antecipar composição de chapa. Vou fazer uma reunião com partidos depois do Carnaval, depois vou conversar isoladamente com cada liderança, com Lídice, Otto. Vamos maturando. Não tem corre-corre”, afirmou.

Michel Temer quer definir se será candidato à reeleição para Presidência até março

POPULAÇÃO CONTRA TEMER

Na opinião de Rui, a população não irá chancelar candidaturas de aliados do presidente Michel Temer (MDB) na eleição. A afirmação é também uma alfinetada no prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que trabalhou para que o emedebista chegasse à Presidência e dá suporte ao seu governo. “Se você perguntar em qualquer estado do Brasil se votaria em aliado de Temer, dificilmente a resposta seria sim. Acho que as pessoas votarão maciçamente para mudar a política econômica, mudar as coisas para melhor”, afirmou.

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Entrevista

SEM AJUDA DE CERVEJARIA equipamentos, os portais. É uma grande mobilização, tudo isso custa R$ 45 milhões e aqui não tem patrocínio de cervejaria. O Estado que desembolsa. Nenhuma empresa, infelizmente, ajuda”, ressaltou.

25

MIL

policiais vão atuar no Carnaval do interior e da capital do estado.

manu dias/govba

Sobre o Carnaval, o governador Rui Costa afirmou a Mário Kertész que o Executivo estadual mobilizou 25 mil homens para fazer a segurança na folia em Salvador, o que representa um investimento de R$ 45 milhões na festa momesca. Na ocasião, o petista ainda provocou a Prefeitura de Salvador pela exclusividade patrocínio de uma cervejaria pela. “Tenho que manter e tem uma remuneração extra para esses funcionários. Tem o pagamento da estrutura que é montada para o Carnaval,

O governo testa um novo recurso para a segurança pública no Carnaval: a instalação de câmeras nas fardas dos policiais

SAÚDE: “NENHUM ESTADO INVESTE TANTO”

Governador destacou investimento feito na saúde e inauguração de novos hospitais

Orgulhoso, o governador destacou os feitos na saúde do Estado. “Na área da saúde, nenhum estado tem o volume de investimento que nós temos. Foi o HGE2, Hospital da Mulher, Hospital de Seabra, Hospital da Costa do Cacau. Agora inauguro o Couto Maia. Inauguramos quatro policlinicas e inauguro mais cinco no primeiro semestre. Estamos expandindo hospitais. Em Barreiras, inauguramos agora a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. Vamos

divulgar a licitação em março da Clínica Regional do Oeste, em Barreiras”, listou. Ainda segundo Rui, a gestão está iniciando as obras no Hospital do Oeste, onde serão implantados novos serviços.

“[Segurança no Carnaval] custa R$ 45 milhões e aqui não tem patrocinio”

METRÔ MAIOR EM MARÇO Sobre as obras de infraestrutura, Rui Costa garantiu que a Bahia terá “um segundo semestre cheio de inaugurações” e citou o avanço das obras da Linha 2 do metrô. “O metrô chega em março ao aeroporto. Há um compromisso da CCR de entregar agora, e até o fim do fevereiro a gente crava a data. Entregaremos a estação do aeroporto Jornal da Metrópole, Salvador, 8 de fevereiro de 2018

“Vai ser a primeira vez que no oeste da Bahia vai ter serviço de cardiologia para cuidar das pessoas infartadas. Tratamento de câncer, oncologia. Vamos implantar ainda este ano cirurgias neurológicas”, completou.

– Rui Costa, governador

BOLSONARO: “QUE NÃO CRESÇA”

e o terminal de passageiros em Lauro de Freitas para recepcionar todos os ônibus dessa área. Dia 17 entregaremos a Via Mario Sérgio, Via Barradão, para a população”, garantiu o petista.

Metrô deve chegar a estação do Aeroporto de Salvador até o mês de março

Sobre a pré-candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, o chefe do Executivo estadual não economizou críticas. “Esse tipo de perfil vai ser cada vez mais, e espero que seja, condenado pela população”, disse, ressaltando que espera que Bolsonaro não seja eleito. 15


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