3 minute read

a baiana luso-brasileiraBanana da Terra

Next Article
REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

como cicerone brasileiro em dois filmes americanos – Uma noite no Rio, de 1941 e Entre a loura e a morena, de 1943 – e um filme brasileiro, seu último longa no Brasil, Banana da terra, de 1938. Desses filmes, destacaremos as quatro principais sequências musicais, quais sejam: O que é que a baiana tem, Chica chica boom chic, The lady in the tutti frutti hat e Aquarela do Brasil/You discorery you’re in New York. Com essas sequências, temos um recorte temporal de cinco anos para percebemos o que entre 1938 e 1943 vai se transformando em sua performance, quais são as rupturas e as continuidades percebidas nesse espaço de tempo no que diz respeito à representação das identidades regionais e da identidade nacional na formação do que ela concebia como “brasilidade”. Nesse primeiro momento, focaremos o mote de cada um desses filmes expondo algumas questões técnicas de produção e distribuição para termos uma ideia do que se passou durante a produção de cada um deles.

Banana da Terra: a baiana luso-brasileira

Advertisement

Banana da terra estreou no Cine Metro-Passeio, no Rio de Janeiro, no dia 10 de fevereiro de 1939. O enredo se dava na sofisticação dos cassinos cariocas e do rádio o que dava a deixa para que os musicais entrassem em cena. Merecem destaque, A Jardineira, cantada por Orlando Silva, Tirolesa, com Dircinha Batista, Sei que é

covardia, de Ataulfo Alves, na voz de Carlos Galhardo e o único trecho ainda disponível de todo o filme: O que é que a baiana tem de Dorival Caymmi, cantada por Carmen Miranda, sequência musical que analisaremos aqui. Essa chanchada trata basicamente de uma ilha fictícia no oceano Pacífico, a Bananolândia, na qual os habitantes viviam do cultivo da banana, mas cujos lucros não estavam de acordo com o esperado. Para vendê-las, a rainha da ilha, avisada pelo conselheiro-mor, devia exportar a banana para o Brasil. Os moradores iniciam então uma mobilização nos jornais e no rádio. Nesse filme, bem como em boa parte dos filmes brasileiros da época, o interesse está menos em fazer um enredo consistente do que em lançar novas canções para o carnaval do ano de lançamento do longa. A produção do filme é de Wallace Downey, empresário americano que, segundo Castro (2005),

não queria nem saber, o que importava era o repertório musical. Em todas as partituras das canções apresentadas nos filmes produzidos por ele, podia-se ler no rodapé: ‘direitos para os países estrangeiros controlados pela Música Internacional Downey Rio de Janeiro – Buenos Aires’ (CASTRO, 2005, p. 168).

Dessa forma ele não escondia que sua pretensão era usar a indústria do cinema para ter sucesso em outra indústria, a da música, que tinha um filão superior ao da sétima arte. Como já afirmamos aqui, as duas indústrias

seguiam juntas numa protocoperação que fazia com que ambas prosperassem. O roteiro e a direção do filme são assinados por João de Barro (Braguinha) e Mario Lago, famoso pela composição de marchinhas como “Ai, que saudade da Amélia” e “Aurora”. Daí já se percebe a falta de especialização no ramo do cinema. Segundo o biógrafo de Carmen Miranda, Ruy Castro (2005):

O Filme Banana da Terra era um musical carnavalesco na linha dos ‘alô-alôs’ de dois anos antes e, como estes, também produzidos por Wallace. (...) Braguinha e Mario Lago, autores do roteiro, certificaram-se de que Banana da Terra contaria a história mais bisonha possível para não perturbar a sequência de números musicais. (CASTRO, 2005, p. 168)

A direção do filme ficou por conta de Braguinha que teve em sua carreira uma imersão no mundo infantil sendo um dos responsáveis pela dublagem brasileira de Branca de Neve e os sete anões, de Walt Disney, o primeiro desenho animado em longa metragem da história do cinema. Também participou das versões brasileiras de Pinóquio (1940), Dumbo (1941), Bambi (1942), dentre outros29. Essa vertente infantil de Braguinha pode ter influenciado diretamente toda a questão lúdico-fantasiosa de Banana da terra.

29 Dados disponíveis em: http://braguinha.ag.com.br/. Acessado em nov/2012

This article is from: