Projeto Oficinas de Viola Machete Coordenação do Projeto: Ananias Viana e Sinesio Góes Assistente de Coordenação: Luciana Barreto Assistente dos Oficineiros: Mestre Primeiro Produtor Executivo: Rosildo do Rosário Oficineiros/construção: Cabral e Marcos Santos Oficineiros/toque: Cássio Nobre e Milton Primo Transcrições das músicas: Cássio Nobre Mestres homenageados: Mestre Celino, Mestre Vanjú, Mestre Zeca Afonso, Mestre Boião, Mestre Aurino In Memória: Mestre Zé de Lelinha Mestre Zezinho (da Campina)
Este livreto foi elaborado com base nos relatos de Sinésio Góes sobre o processo e com material fornecido pelos músicos e pesquisadores Cássio Nobre e Milton Primo. Organização livreto: Scheilla Gumes Projeto Gráfico e Programação Visual: Bebel Brasileiro Fotografia: Braz Art's, Bebel Brasileiro e Cássio Nobre Agradecimentos Aos alunos que participaram das aulas de construção e de toque que pretendem levar adiante esses conhecimentos seculares; A Rita Santos - Secretária da ASSEBA; A todas as Casas do Samba, com seus sambadores e sambadeiras, que compõem a Rede do Samba de Roda do Recôncavo Baiano.
O Projeto Oficinas de Viola Machete A sonoridade da viola, e em especial da Viola Machete, é um dos elementos mais significativos no Samba de Roda do Recôncavo Baiano. Quando se trata de samba nesta região, é ao Samba Chula ou Samba de Viola que se referem os sambadores mais antigos, porque nesta modalidade de samba o papel da viola é fundamental para a interação entre o canto e a dança. A revitalização da luteria das violas artesanais do Recôncavo e em particular a viola machete faz parte do plano de salvaguarda do samba de roda. Machete é um instrumento antigo do samba de roda baiano que corre risco de desaparecimento. São poucos os exemplares da Viola em utilização e menos ainda o número de pessoas que sabem construir e ensinar como tocar. A Associação de Sambadores e Sambadeira do Estado da Bahia buscou, desde sua fundação, continuar a medida emergencial aplicada pelo IPHAN em 2005, quando na cidade de São Francisco do Conde-Bahia proporcionou a realização de oficinas com o saudoso Mestre Zé de Lelinha, de transmissão do saber tocar a viola machete. Somente em 2012, como o objetivo de revitalizar no recôncavo baiano a feitura artesanal da viola machete, visando contribuir na salvaguarda do saber tradicional dos praticantes mais idosos num processo de transmissão às gerações mais novas, mantendo o repertório e a técnica da machete como instrumento acompanhador do samba chula e a sua performance com violas maiores, conseguimos realizar o projeto “Oficinas de Viola Machete” através da lei de incentivo a cultura com apoio financeiro da Petrobras Cultural e do IPHAN através projeto Pontão de Cultura Rede do Samba de Roda. O Projeto consistiu em uma etapa de fabricação de instrumentos - a oficina de lutheria - e uma etapa de oficina de toques, quando os participantes, cada um com a sua viola na mão, conheceram os toque básicos, os timbres, as tradições, as memórias dos saberes mestres violeiros, e a parte mais desafiadora: acompanhar um grupo de Samba Chula tocando, re-inserindo a viola dentro do seu contexto cultural.
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Com o resultado das oficinas, a perspectiva da Associação é que os saberes tradicionais dos praticantes mais idosos do samba, permaneçam, de alguma maneira, presentes nos grupos e tocadores das gerações atuais. Sabemos que o caminho longo e até chegarmos a ter novamente a Viola Machete de volta no Samba de toda a região, se é que um dia ela esteve, iniciamos o processo que é lento, mas que segue na direção de alcançar o objetivo maior que é salvaguardar os saberes e fazeres dos mestres e mestras dessa nossa arte que é Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. Equipe ASSEBA
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Com os mais antigos sempre perto: constituição de acervo Com a morte de Clarindo dos Santos (violeiro e um dos mais conhecidos construtores de viola do Recôncavo) e o falecimento dos velhos Mestres violeiros no início dos anos 80, como é o caso de Zé de Lelinha, a construção e transmissão do repertório de samba com a Machete foi praticamente interrompida na região. Segundo a pesquisa do IPHAN, para a elaboração do Dossiê do Samba de Roda do Recôncavo, coordenada pelo etnomusicólogo Carlos Sandroni, somente cinco machetes foram encontradas no Recôncavo Baiano o que comprova a escassez desse instrumento. Outros instrumentos e tocadores foram encontrados após a conclusão do Dossiê, através de pesquisas conduzidas pelos etnomusicólogos Katharina Döring e Cássio Nobre, mas a situação delicada da transmissão oral de conhecimentos acerca da Viola Machete permanece entre as diferentes gerações de sambadores. Mas, felizmente, ela pode ainda ser encontrada, ouvida e admirada em algumas Casas de Samba como em São Francisco do Conde, Maracangalha, Amélia Rodrigues e Terra Nova, onde é tocada com maestria por violeiros como Celino dos Santos (do Grupo Samba de Viola Filhos da Terra), Vangilvaldo dos Santos Pereira, o “Vanjú” da Viola (Grupo Samba de Roda Raízes da Cultura Negra do Recôncavo Baiano), Aurindo de Jesus, o “Aurino” (Grupo Samba Chula de Maracangalha), e Miltom Primo (Samba Chula Filhos da Pitangueira). Cada um desses mestres tem uma trajetória própria com a viola. “As especificidades no jeito de tocar foram percebidas pelos aprendizes atentos, em busca de seu jeito próprio. A presença desses mestres violeiros é um incentivo sem igual. Os alunos ficam curiosos, com vontade de conhecer e
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aprender mais”, observa Cássio Nobre. E, graças à possibilidade de constituir um acervo do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, é possível assistir vídeos com o Mestre Zé de Lelinha, introduzindo, cantando e tocando a Viola Machete, ou trechos de gravações com o Mestre Zezinho da Viola (falecido em 2012), onde fala da sua trajetória e aprendizado como violeiro. Perceber as diversas formas de afinar e tocar Viola Machete, e reconstruir um saber através do diálogo entre elementos de antigas e novas tradições.
José Humberto da Cruz, o “Zezinho da Viola” (in memoriam) - Violeiro de Campinas, distrito de São Francisco do Conde/BA. Frequentou muitas rodas de samba em rezas de santos e carurus, antes de se interessar pelo aprendizado dos instrumentos e do samba. Aprendeu a tocar com Jorginho, de Santo Amaro, e se considerava o melhor violeiro da região. Conseguia tocar diversos instrumentos de corda, como violão, cavaquinho, banjo, bandolim, viola paulista e viola machete (embora não possua uma desta). Mas, mesmo considerando a viola “necessária ao samba”, confessava que deixou de tocar viola há muitos anos. Ao mesmo tempo, afirmava que “quem aprende nunca esquece”, o que ele confirmava mostrando agilidade com o que conseguia fazer quando pega uma viola nas mãos. Tocou em muitos grupos da região, e até em trios elétricos, e possuía o seu próprio grupo de samba (Zezinho e sua Gente), no qual tocava cavaquinho. Em 2009, participou da gravação da série “Nos Braços da Viola”, e em 2010 do projeto “Um Brasil de Viola”, ambos tratando sobre violeiros de todo o Brasil.
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Vangilvaldo dos Santos Pereira, o “Vanjú” da Viola Violeiro de Amélia Rodrigues/BA. Acompanha o grupo Samba de Roda Raízes da Cultura Negra do Recôncavo, tocando viola machete (ali chamada viola três quartos, por possuir regra mais comprida). Toca viola desde criança, quando fazia violas com corda de palha. Seu pai, que também tocava, percebeu o interesse dele e lhe deu um violão e uma viola, com os quais Vanjú foi se desenvolvendo como violeiro com a ajuda de um velho violeiro do Massapé. Quando trabalhava na Usina de Açúcar Itapetingui, formou um grupo de samba de roda com outros funcionários que se reuniam para tocar nashoras livres. Possui violas doadas por “Geo”, coordenador do grupo citado, tocando-as sempre com a afinação “natural”. É superticioso, por exemplo, ao comentar as supostas afirmações de que os violeiros fariam “pactos com o diabo” para aprender a tocar. Em 2010, participou da gravação do projeto “Um Brasil de Viola”, sobre violeiros de todo o Brasil.
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Aurindo de Jesus, o “Aurino” - Violeiro de Maracangalha, distrito de São Sebastião do Passé/BA. Trabalha como tratorista, mas também costuma se apresentar em eventos e festas da região como violeiro contratado. Acompanha o grupo Samba Chula de Maracangalha, tocando viola regra inteira (viola “paulista”). É um grande conhecedor da arte de tocar a viola machete, embora não possua uma. Em Maracanhagalha, durante o apogeu da Usina Cinco Rios, houve muita tradição de sambas chula, acompanhados pela viola machete. Aurino conhece bem a algumas das afinações de viola, tais como “natural”, “trevessa” e “paraguaçu”, atualmente raras de se ouvir no Recôncavo Baiano, além de possuir um vasto repertório dechulas, modas de viola e repentes. Em 2008, participou tocando viola machete na gravação do CD/DVD “Cantador de Chula”, ao lado dos mestres cantadores de chula Pedro Santos e Eugênio.
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José Cupertino dos Santos, o “Zé Carpina” Carpinteiro, vive em Amélia Rodrigues/BA. Aprendeu o ofício de fazer violas e cavaquinhos ainda na década de 1940, com o violeiro e construtor “Zeca Coelho”, quando este era modelador da Usina de Açúcar Itapetingui. Observando e aprendendo com o trabalho deste, começou a construir seus próprios instrumentos, tais como violas três quartos, banjos e cavaquinhos. Zé Carpina também trabalhou como modelador, na Fundição São Roque. Nunca aprendeu a tocar viola, mas apenas a afiná-las, sempre em “natural”. É um grande conhecedor das madeiras, sabendo distinguir o seu “âmago” e descobrir aquelas que são boas madeiras e que dão o melhor som para a construção de um instrumento musical, tais como: o cedro (para as “ilhargas”), pinho e paraíba (para o tampo e o fundo), jacarandá (para a “regra”). Até suas próprias ferramentas de trabalho são feitas por ele. Ele afirma que seus instrumentos nunca tiveram “procuração”, ou seja, nunca construiu violas em grande quantidade porque não havia procura por estas na sua região. Recentemente, no entanto, vem recebendo encomendas de violas por pessoas da região (tal como o “Geo”, coordenador do grupo Samba de Roda Raízes da Cultura Negra do Recôncavo, de Amélia Rodrigues), interessadas em resgatar a tradição da viola nos sambas do Recôncavo Baiano. Em 2010, participou da gravação do projeto “Um Brasil de Viola”, sobre violeiros de todo o Brasil.
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Celino dos Santos, o “Mestre Celino” - Natural da Cidade de Candeias-Ba., atualmente reside no Município de Terra Nova, vaqueiro de profissão, desempenha as funções de Mestre de Samba de Roda e Violeiro do Grupo de Samba de Roda Filhos da Terra, do município de Terra Nova, localizado na região do Recôncavo Baiano. Este sambador, entre todas as outras coisas que aprendeu e entre todas as paixões que já teve sempre destacou o samba chula como seu companheiro preferido; alem de cantar e tocar sua viola gosta muito mesmo é de “sambar”. Celino se pergunta: por que hoje não se encontra mais tantos violeiros bons...? diz que antes existia na chula uma variedade de tocadores no Recôncavo e que aos poucos foram desaparecendo. Hoje, Mestre Celino diz que não deixa a chula se extinguir, e lamenta que “os jovens não têm interesse em aprender, praticar o samba de roda mas que nós os tocadores de viola machete temos que incentivar os mais novo a praticar aprender se interessar em tocar a viola e sambar, que é tão bom pro corpo pra alma, e é nossa cultura”, conclui Mestre Celino. Em 2012, participou como palestrante no II SEMINÁRIO VERTENTES DA VIOLA NO BRASIL – TRADIÇÃO E INOVAÇÃO, em Belo Horizonte (MG), na mesa “DIÁLOGO COM A TRADIÇÃO: A viola machete no recôncavo baiano – mestres e ações de continuidade”, a convite do violeiro, produtor e etnomusicólogo Cassio Nobre.
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José Vitório dos Reis, Zé de Lelinha, nasceu em São Francisco do Conde em 10/01/1924 e faleceu em 14/09/2008. Era o caçula de uma família de oito irmãos. Foi pescador e lavrador, aprendeu os primeiros ponteios na viola ainda na juventude com seu pai e os irmãos mais velhos: Gabriel e Gertrudes, que também eram violeiros. Lelinha era sua esposa e sambadeira. Foi o violeiro do Grupo Samba Chula Filhos da Pitangueira por 40 anos. No dia 05/10/2004, o Grupo foi ao Palácio do Planalto em Brasília, representando os sambadores do Recôncavo da Bahia no ato de lançamento do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial. Fez inúmeras apresentações em diversos estados, quando o Samba Chula Filhos da Pitangueira, em turnê nacional, realizada pelo SESC percorreu todo o país para divulgação do Samba de viola machete. “Quando eu tô tocando meu negocinho, aquilo pra mim eu não tô me lembrando de nada ruim; e nem de bem. Eu só tô me lembrando disso, só tô com meu sentido aqui. (na viola).
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O toque na Viola e o toque da Viola: as características do instrumento A viola machete tem 10 cordas e dimensões menores que as tradicionais violas encontradas na atualidade: comprimento, 76 cm; diâmetro do bojo superior, 17 cm; diâmetro do bojo inferior, 22 cm; cintura, 12 cm; altura da caixa, 6 cm. Seu braço pode ter até 14 trastes, que são peças de metal que dividem as casas, que quando apertadas produzem através da tensão das suas cordas as diferentes notas musicais. As cordas utilizadas para encordoar a Viola Machete atual são as mesmas da viola caipira brasileira (conhecida no Recôncavo como “viola paulista”), e podem ser encntradas em lojas de instrumentos musicais. Os violeiros costumam deixar as cordas mais agudas em cima e as mais graves embaixo, nas formações dos pares. Estas características que conferem uma sonoridade ímpar ao instrumento, e essencial ao samba chula ou samba violado.
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A Afinação Qualquer irregularidade na construção do instrumento influencia negativamente na afinação do mesmo, impossibilitando muitas vezes a afinação e a execução da viola. É muito importante observar: 1. a altura do cavalete (peça de madeira colada ao corpo do instrumento e onde se fixam as cordas); 2. a altura da pestana (peça de osso na junção do braço com a mão do instrumento, com a qual a corda tem que fazer contato); 3. deve ser pouca a distância entre as cordas e a escala (peça de madeira no braço do instrumento, onde se apertam os dedos para tocar); 4.
e principalmente, a distância entre a pestana e o cavalete deve coincidir, na metade do seu tamanho, com a casa 12 do braço da viola, para que a afinação das notas fique precisa em toda a extensão do braço.
As dez cordas da viola machete são distribuídas em cinco pares, sendo 2 pares com 2 cordas cada, de igual afinação, e 3 pares com cordas graves e agudas, sendo as 2 afinadas na mesma nota, mas sendo uma grave e uma aguda em cada par. A afinação básica utilizada é conhecida como “Natural”: de cima, partindo da corda mais próxima ao rosto do tocador, para baixo, temos: RE, SOL, DO, MI, LA.
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Dica de tocador, para facilitar a afinação da Viola Machete em Natural:
pense no braço do “violão” de baixo pra cima: tem uma corda afinada em MI agudo, que é a “Prima”. Esta “Prima” do violão é igual à “Segunda” (Segundo par de cordas, de baixo para cima) da Viola Machete.
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O Toque Depois de tudo verificado na parte da construção do instrumento, um estudo das toadas tradicionais de viola é fundamental para educar a percepção auditiva do aprendiz. Assim, é recomendável partir do conhecimento dos mestres mais antigos, que guardam um saber bastante rico, em termos de repertórios e exemplos de toques. Para o aprendizado dos toques de viola, é fundamental entender que cada um deles exerce uma função no Samba de Viola. Existem toques para “puxar” o Samba, onde a viola começa a tocar antes dos outros instrumentos e do canto, que depois detsa introdução seguem a viola. Também existe outro tipo de toque, que é para chamar a mulher para vir sambar na roda, conhecido como “chamar na prima”. Este seria um “solo” de viola, onde o destaque do grupo esta no fraseado desta, e que neste momento é tocado em melodias, ou as vezes em apenas uma corda, a “Prima”. Tanto o trabalho da mão que aperta o braço, quanto o da mão que puxa as cordas, exige um grande esforço físico, para chegar ao ponto do aluno conseguir executar todos os toques com precisão. Para isso, é preciso somente muita dedicação, e a prática diária da viola. Recomenda-se que o aluno iniciante pegue a viola todos os dias, para tocar ao menos 30 minutos diários. A mão que aperta o braço fica responsável por apertar as duplas de cordas, juntas, tirando delas os sons das notas musicais. Com 2, 3 ou 4 dedos apertando as cordas, podemos formar “acordes”, que são conjuntos de notas, e que formam desenhos no braço do instrumento, fáceis de lembrar. Quanto mais acordes o aluno aprender, mais músicas e tonalidades diferentes ele conseguirá tocar.
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A mão que puxa as cordas combina os movimentos do “toque” de acordo a mão que aperta as cordas, podendo tocar as cordas apertadas em conjunto com as que estão soltas. Para isso, deve fazer um toque conhecido como “debulho”, ou “debuio”. O “debuio” é um movimento alternado dos dedos indicador e polegar, sendo o principal recurso utilizado pelos mestres violeiros do Recôncavo. O dedo polegar da mão que “debuia”, trabalha mais no quarto e quinto par de cordas. E o indicador trabalha mais no terceiro, segundo e primeiro par de corda. É muito importante fazer um arco no punho da mão de “debuio”, pra melhor execução do toque. Mas o violeiro pode optar também por inserir um segundo ou terceiro dedo no toque do “debuio”, para poder utilizar mais notas, e assim enriquecer a sonoridade da viola.
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P
I M
A
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Mão Direita Polegar = P Indicador = I Médio = M Anular = A
Mão Esquerda Indicador = 1 Médio = 2 Anular = 3 Mínimo = 4 18
Podemos chamar os dedos das 2 mãos com letras e números, correspondentes a cada dedo, para facilitar a aplicação de exercícios para a prática da viola. Então temos: Polegar = P Indicador = I ou 1 Médio = M ou 2 Anular = A ou 3 Mínimo= M1 ou 4 Outra maneira de facilitar o aprendizado dos exercícios para as mãos do violeiro é a Tablatura. Este desenho representa o braço da viola, e cada linha corresponde a um par de cordas. Quando o desenho é quadriculado (representando as divisões de casas), os números representam os dedos utilizados para apertar as cordas. Quando o desenho possui apenas as linhas que representam as cordas, então os números correspondem aos as casas que devem ser apertadas no braço, no caso de solos ou introduções, por exemplo.
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Exemplo de Tablaturas Exercícios: Para praticar o “debulho”, recomendamos fazer exercícios alternando o polegar e o indicador, corda por corda, ou entre 2 cordas, em conjunto com a posições dos acordes, e seguindo a seqüência P-I-P-I-P-I-P-I-P-I.
Também recomendamos o seguinte exercício para facilitar a musculatura dos dedos: apertar casa por casa, com um dedo de cada vez, do dedo 1 ao dedo 4, da primeira casa até a quarta casa. A princípio corda solta, depois a primeira casa, a segunda, a terceira, e a quarta, e voltando nesta mesma sequência. Após se apropriar da forma de posicionar as 2 mãos diante do corpo do instrumento, é hora de formar os acordes básicos das bases de acompanhamentos para o Samba Chula. A harmonia do Samba Chula é baseada na escala maior, alternando basicamente entre dois acordes. No Samba Chula tocado em tonalidade de Sol Maior, são dois os acordes principais: o Sol Maior e o Ré Maior com sétima.
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Em algumas Chulas cantadas, há a presença de um terceiro acorde, o Dó Maior, que aparece geralmente no relativo (canto de resposta da Chula), entre o Sol Maior e o Ré Maior com sétima; e ainda, pode-se acrescentar um Sol Maior com sétima, antes da colocação do Dó Maior. São eles:
sol Maior (G)
ré maior com 7 (d7)
sol maior com 7 (g7)
dó maior (c)
Recomendamos também o aprendizado das cifras, que são letras que correspondem ao nome de cada nota musical ou acorde, para facilitar o acesso ao conhecimento musical formal, que pode ser encontrado muitas vezes nesta forma de escrita, tanto em livros, revistas, quanto na internet:
A = LÁ / B = SI / C = Dó / D = RÉ / E = MI / F = FÁ / G = SOL 22
Para saber mais Visite a Casa do Samba de Santo Amaro para conhecer o acervo de vídeos com os antigos tocadores da Viola Machete. Os novos instrumentos e o vídeo que registrou todo o processo das oficinas também podem ser apreciados. Conheça também a dissertação de mestrado “Viola nos Sambas do Recôncavo Baiano”, do etnomusicólogo e produtor Cássio Nobre, que faz reflexões sobre a presença de violas e a participação de violeiros em alguns grupos de samba com viola, descrevendo características, usos e funções sonoras da viola nos Sambas do Recôncavo Baiano. Conheça também o Dossiê do Samba de Roda no qual foi publicado o artigo Viola de Samba e Samba de Viola no Recôncavo, escrito por RALPH (págs 103 a 148) disponível no site www.asseba.com.br
A ASSEBA surgiu em 17 de abril de 2005, a partir do movimento deflagrado pelos grupos de samba de roda do Recôncavo Baiano. O movimento começou, estimulado por uma série de pesquisas realizadas pelo Instituto do Patrimônio Historico Artístico Nacional - IPHAN, para constituição do dossiê sobre o samba de roda. Sua sede é a Casa do Samba de Santo Amaro, um espaço cultural instalado no Solar Subaé, antiga mansão do Século 19, que foi totalmente restaurada, em Santo Amaro/BA. É o lugar onde se reúnem os homens e mulheres do Samba. É centro de referência do Samba de Roda na Bahia.
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ASSEBA - Associação dos Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia Rua do Imperador, 01, Centro, Santo Amaro | tel: 75 3241-5126 | www.asseba.com.br