Janeiro chega e com isso se aproxima mais ainda o carnaval. A primeira semana de fevereiro vai mostrar o maior espetáculo da Terra para o mundo todo, mas já está um tremendo bafafá nas quadras e barracões. O banco de apostas está aberto: quem será a campeã do carnaval de 2005? Ninguém ainda arrisca, mas a disputa é pra cachorro grande. Em Nilópolis, todos querem o título de tricampeã e para isso a rapaziada tem suado a camisa. O resultado do trabalho pôde ser avaliado no ensaio técnico aberto ao público na Marquês de Sapucaí, na noite de sábado, dia 4 de dezembro, na abertura da temporada de ensaios na Passarela do Samba, e
pode ser visto todas as quintas-feiras na quadra da Beija-Flor, até o carnaval , com o desfile na madrugada de segunda-feira, por volta das 5h . Segundo Cid Carvalho, o barracão está adiantado, o que vai garantir um tempo maior para corrigir pequenos defeitos em carros e fantasias. Os mestres Paulinho e Plínio têm caprichado na preparação da bateria, e a mão segura de Laíla controla a evolução e a harmonia da escola. Os componentes estão felizes e a comunidade absolutamente motivada. Sem falar no samba-enredo , eleito o melhor de 2005. Nilópolis mostra força para ser tricampeã do carnaval.
1Ifkoo"'"'-..c"'~:::oa'!r::-.~ @1f) @illltE fTtr;) CRftlO ~CRftl(]J
Foto: Miro Meirelles
Batendo um bolão No mundo do esporte costuma se dizer que para ser campeão é preciso dedicação e muito treino. O que parece ser a máxima para o esporte também é para a Beija-Flor de Nilópolis. Todas as noites de quinta-feira mais de dois mil componentes formam fileiras para fazer o que no esporte chamaríamos de treino tático. Treinar incansavelmente para que no jogo não haja erros. É assim na Beija-Flor. Muito treino. Epa! Treino, não, ensaio, ensaio técnico. A escola, sob o comando de mestre Laíla, impressiona a quem tem o privilégio de assistir ao ensaio. Alas inteiras com foliões ainda com a mochila do trabalho ou da escola aderida às costas. São mais ou menos três horas de ensaio, com o melhor samba de 2005 sendo mantido num ritmo absolutamente quente pela bateria dos mestres Paulinho e Plínio e o gogó de ouro de Neguinho. É isso: na Beija-Flor as estrelas ensaiam feito gente comum. É assim, as alas vão passando e a gente vai pensando: não tem mais o que corrigir. Ledo engano. O ouvido e o olhar precisos de Laíla logo encontram algum defeito. Faz-se tudo de novo. O ensaio continua e fica melhor ainda. Mas ele está lá, coçando e meneando a cabeça de um lado para o outro. O público, encantado, nem se dá conta. Para os nossos olhos, é colírio ver o ensaio técnico da Beija-Flor e usufruir o doce convívio familiar, que faz daquela quadra um lugar diferente no mundo do samba. Lá, tudo é aberto à comunidade, que por sua vez não receia em se aproximar. Esse é o jogo.
Mas, voltando ao esporte: treinar, treinar e treinar para ser campeão. É isso. Treinar a jogada de ataque e de defesa, fazer o meio de campo funcionar, prender a bola quando é preciso ... e por aí vai. Já no mundo do samba, para ser campeão, tem de se cantar em uníssono o samba e melhor que ele seja bom, para que o componente se envolva com a melodia e a letra evoluir sem deixar buracos, ocupando espaços, num jogo de cena e de ritmos, um balé que, à primeira vista, pode parecer impreciso, mas que tem tudo a ver, manter a cadência com a bateria bombando, passistas fluindo e mestre-sala e porta-bandeira quase flutuando. O resultado disso é uma escola compacta e harmônica, evoluindo sem parar. E como se consegue isso? Vá a Nilópolis ver. Julio Cesar Rocha
I
!
Foi um sucesso a abertura dos ensaios da Beija-Flor de Nilópolis, no Riviera, na Barra da Tijuca, no dia 19 de dezembro. Os ensaios continuam: 02, 09, 16,23 e 30 de janeiro de 2005. Riviera: Avenida Sernambetiba, 3700 - Barra da Tijuca.
Agenda 2005 07/01 - Hard Rock Cafe - 22h 23/01 - Ensaio da Beija-Flor de Nilópolis na Avenida Atlântica com concentração no Leme a partir das 15h. 29/01 - Encerramento da semana do carnaval, com ensaio da BeijaFlor na loja Babadão da Folia, na Rua Buenos Aires - Centro do Rio às 13h. 30/01 - Ensaio técnico com teste de luz e som na Marquês de Sapucaí a partir das 21 h.
FELICIDADES No dia 9 de dezembro, a quadra da Beija-Flor de Nilópolis foi palco para a festa de aniversário do Diretor de Administração da escola, Rogério Teixeira Suaid . Entre familiares e amigos, Rogério recebeu o abraço dos irmãos Anízio e Farid e comemorou com muito samba. Na foto , ele mostra o presente que recebeu dos profissionais de marketing e jor alismo da escola, o primeiro número do jornal O BeijaFlor emoldurado.
..MI~~~
Fale com O Beija-Flor Av. Rodrigues Alves, sln - Cent ro Praça Mauá - Rio de Janeiro Tel.: (21) 2253-2860 e-mail : admbeijaflor@veloxmail.com.br
.....IIJIIII........"'.... Uma Publicação da G.R.E.S. ESCOLA DE SAMBA BE IJA-FLOR DE NILÓPOLlS - Rua Pracinha Wallace Paes Leme , 102 5 - Ce ntro Nilópolis - Rio de Janeiro - Te!. : (021) 2791-2866. Presidente de Honra: Anízio Abrahão David ; Presidente Admin istrativo: Farid Ab rão
I11III...... David ; Vice-Presidente : Nelson Alexandre Sennas David; Presidente do Conselho Deliberativo: Ary Rodrigues - Ed itores: Walter
2
Honorato Gomes e Júlio Cesar Rocha ; Jornalista Responsável : Walter Honorato Gomes (RP 20.559); Projeto Gráfico e Diagra mação: Marcos Caram ; Redação : Júlio Cesar Rocha e Cesar Mocarzel ; Estagiário: Cesar Mocarzel; Fotóg rafo : Miro Meirell es; Produção e .........iIIIIIi........ Marketing: Unità ; Colaborador: Ismar Ferreira. Impressão: Gráfica Ediouro ; Tiragem: 10.000 exemplares.
1
A cara da Beija-Flor RaÍssa e Edinho Ela é pequenina e doce como qualquer outra menina, mas quando a bateria do mestre Paulinho esquenta, Raíssa se transforma. Há dois anos à frente da bateria da azul-e-branco, de Nilópolis, Raíssa de Oliveira, 14, é resultado do trabalho de Edinho, 32, há 18 na escola, que comanda há oito anos o projeto passista mirim . Desde menina desfilando na Beija-Flor, Raíssa sabe muito bem que se não mantiver uma boa média nos estudos pode dar adeus ao posto de passista principal da escola. Por isso mesmo não vacila nos estudos. O fato de ser rainha em nada diminui sua responsabilidade com o estudo. Até porque Raíssa sabe que agora é espelho para as outras crianças do projeto. Os dois sabem da importância do apoio da direção ao trabalho desenvolvido por Edinho com crianças de dois a 17 anos. Atualmente são 70. O trabalho começa em abril e vai até o carnaval do ano seguinte. Todas as quartas e sábados as crianças chegam na quadra das 2 às 5 da tarde e aos sábados a partir das 8h , com direito a café da manhã. Quanto ao carnaval de 2005, Edinho e Raíssa não esnobam, sabem que podem conquistar o tricampeonato, mas mantêm a tranqüilidade: "Estamos na nossa, na humildade, trabalhando, mas com a certeza de que a gente vai buscar a vitória". Edinho e Raíssa são a cara da Beija-Flor.
3
Entrevista
Cid Carvalho Por JúJio Cesar Rocha
A magia do barracão Seu nome é Cid Carvalho e, para quem não sabe, o moço é o cara da criação, da beleza e das formas que a Beija-Flor de Nilópolis ostenta a cada ano na Marquês de Sapucaí. Tranqüilo e seguro, do alto de sua vitoriosa carreira na azul-e-branco, Cid conversou com O Beija-Flor sobre seu trabalho e deixou entrever um pouco do sonho que foi transformar a história da Companhia de Jesus em enredo candidato ao tricampeonato na avenida.
o Beija-Flor - Como se trabalha hoje não podendo abrir mão de talento, de criatividade, diante da grandiosidade que o carnaval pede, principalmente um carnaval de uma bicampeã, ou de uma escola que há sete anos está ali na liderança? CID - A Beija-Flor hoje é uma escola que investe maciçamente na sua comunidade, mas que se preocupa em manter uma assessoria de imprensa, em ter
um jornal que retrate e mostre os personagens de sua história e, principalmente, uma administração muito direcionada ao profissionalismo de fato, com um departamento de compras atuante, com buscas de alternativas para o carnavalesco e de soluções até inovadoras para o carnaval. Eu acho que, hoje, a Beija-Flor conseguiu aliar essas duas partes importantes na feitura de um grande espetáculo: o intuitivo, o criativo natural do brasileiro, ao lado de uma grande organização empresarial. Acho que esse é o grande segredo da Beija-Flor.
o Beija-Flor - A gente observa a Beija-Flor e vê claramente estratégias. Nos últimos anos vocês centraram a coisa num sentido bastante lógico: os temas nacionais, absolutamente brasileiros, temas que eu ouso chamar de desconhecidos. Eu queria que você falasse sobre a questão da escolha por esse caminho, por esse viés, como isso se deu?
CID - O que a gente quer através dos nossos enredos é fazer o brasileiro despertar para um gigante maravilhoso, rico, fantástico, deslumbrante, que fascina o mundo inteiro e que às vezes o brasileiro nem se apercebe dessa grandiosidade. Passou a ser estratégia a partir do momento que deu certo. Se você fez o primeiro ano, que foi "Pará, o mundo místico dos caruanas, nas águas do patuanu", nós ganhamos. E veio Araxá, em 99, foi o primeiro numa seqüência de quatro vicecampeonatos, que ficaram entalados. Só Deus sabe, porque nenhum de nós sabe como perdemos aquele carnaval. Depois, veio 2000, com o enredo que falava do descobrimento do Brasil na visão Kardecista, com muita brasilidade no enredo. Em 2001 , a Saga de Agotime, onde a gente estava resgatando a história das casas das ruínas do Maranhão, que acho que o próprio maranhense desconhecia. Em 2002, viemos com a aviação, que mostrou como o Brasil se integrou e se fez conhecer também através da aviação. Em 2003, o povo conta sua história; nada mais nacional do que isso. Em 2004, foi esse enredo da Amazônia e agora a gente está de volta para falar do nascimento do Rio Grande do Sul, dessa força fantástica, dessa mistura de caldeirão
de raças que é o Rio Grande do Sul , de uma maneira muito própria nossa que é fazer um enredo com começo, meio e fim muito distintos.
o Beija-Flor - Esse enredo tem uma particularidade, que é juntar o sagrado e o profano. Carnaval, sagrado, fé . Quem pensou isso? De que maneira você vai se utilizar disso? CID - O brasileiro é uma coisa muito engraçada. O brasileiro não vive sem fé. Não importa religião, eu não estou aqui defendendo religião, nem causa nenhuma. Então não é defender aqui a religião A, B,C ou O, mas entender a religiosidade. Quando você consegue equilibrar a religiosidade do brasileiro dentro do maior espetáculo do brasileiro, dá samba. E lógico que dá samba. E a idéia esse ano é muito clara. Se nós vamos falar da Companhia de Jesus, dos padres jesuítas, como eles influenciaram no Sul do País e o surgimento de um estado maravilhoso que é o Rio Grande do Sul, nós temos que falar quem é Jesus, quem é esse cara que deu nome a Companhia. Como nasceu? Pra que nasceu? Quais os motivos? O que ele pregava? O que ele buscava? O que ele sonhava? O que almejou? Qual sua trajetória? Isso tem que ter, senão fica vazio. É como falar Companhia Cid Carvalho. Mas, bom, quem foi Cid Carvalho? Então, é importante.
o Beija-Flor - Eu coloco no sentido que tem muito oportunismo em relação a isso. Muitos carnavalescos já se utilizaram dessa dicotomia para ganhar notoriedade, fazer um marketing pessoal. Você encontrou alguma dificuldade?
CID - Não, não tem não. A igreja se incomoda quando a gente usa imagem. Eu sou muito defensor das energias. A nossa sinopse começa assim : "Na imensidão dos céus surgiu a claridade da grande estrela . Era luz mensageira , a luz em forma de menino". Então a gente não precisa muito da imagem , do concreto, do que se pode tocar. Mas quando a mensagem é bemfeita , quando há todo um envolvimento de energia. E quando as pessoas percebem que é muito mais mensagem do que exploração , a coisa flui com tranqüilidade.
trabalhos? Como é que está a escola? Ela está avançada? Como é que vem?
CID - Talvez assustada. Quando o carnaval é fevereiro cedinho como é esse , eu fico realmente num estresse danado, não vou te negar não , apesar dos anos de estrada. Eu fiz Administração de Empresas e isso me ajuda muito na direção da estética da BeijaFlor, porque o atel iê da Beija-Flor,
uma coisa que a Administração de Empresas me ajuda mu ito. Mas repito: fico assustado com esse negócio de fevereiro , 7 de fevereiro. Meu Deus , eu imprimi um ritmo muito louco, avassalado r é o termo! E hoje nós temos um carnaval adiantado. Porque é muito bom pra mim que cada um daqueles grandes artistas que estão ali dentro do barracão , sujos , como eu estou sujo aqui e estou muito be m
o Beija-Flor - Quem está envolvido na pesquisa desse carnaval que a gente vai ver na segunda-feira de carnaval?
CID - Os companheiros da comissão (Fran -Sérgio, Ubiratan Silva, Shangai , que está afastado por problemas de saúde , mas durante a pesquisa foi uma pessoa muito importante). Mais a Bianca, o Paulo , a Melina. É uma grande equipe.
o Beija-Flor - A escola está preparada? Aqui dentro do barracão como estão os
Cid Carvalho entre Ubiratan e Fran-Sérgio, no barracão da escola . A comissão trabalha unida na grande missão de levar a Beija-Flor de Nilópolis ao tricampeonato
que eu chamo de o grande coração estético da escola, porque é onde são feitas todas as peças que aderem às alegorias e onde também são feitas as peçaspilotos das fantasias . Então dirigir aquela rapaziada é realmente
aqui , não tem problema nenhum . Eu falo com você aqui e estou limpando a cola aqui na mão, mas não tem problema. E isso nos dá um tempo lá em janeiro de fazermos uma revisão . Olharmos carro por carro , um por um ,
pendurar mais um pingente e ver mais uma franjinha, mais um galão, mais uma aplicação, enfeitar realmente o pavão e é só correndo que a gente consegue esse tempo lá na frente .
o Beija-Flor - A Beija-Flor é a última a desfilar. Você está querendo desfilar ao alvorecer ou está pensando em desfilar já com o dia claro?
CID - Eu vou repetir, para você ver como a energia é realmente uma co isa fantástica. Quando escrevemos o enredo, a gente colocou a coisa da luz que se faz menino . Depois veio o samba enredo , que fala clareou anunciando um novo dia. Na hora em que estávamos desenhando , combinei com os meus companheiros da comissão de fazermos uma escola muito com a base branca . Porque , se desfilássemos com a luz artificial, seríamos uma escola que funcionaria bem. Se desfilássemos com a luz natural, enfim , na parte da manhã, também a escola estaria muito be m resolvida. Para não correr aquele risco como nos outros anos em que a Be ija-Flor foi a última, eu preparei a escola de uma cor até o meio, até o carro 4. E do 4 até o 8 eu preparei de outras cores, pensando na noite e no dia. Eu espero que a BeijaFlor entre à noite e saia de manhã , porque o samba pede clareou. É o que a gente espera, e é o que as energias querem.
5
OR COLORAÇÃO CREME Cores vivas, luminosas e duradouras. Maior sedosidade e hidratação. Total cobertura dos cabelos brancos.
Cosméticos Fazendo você mais feliz.
SAC
www.nl.I••colII.br .;11
I
I
Parceiro Beija-Flor Entre os bons parceiros da BeijaFlor, está a CBA, empresa do ramo da alimentação. Para saber um pouco mais sobre essa parceria, O Beija-Flor conversou com o gerente de vendas da CBA, Fábio de Oliveira Reis. O Beija-Flor - A parceria entre a Beija-Flor e a CBA existe há quanto tempo? FÁBIO - Nós temos uma parceria de aproximadamente oito anos e, graças a Deus, muito bem sucedida. A gente faz um trabalho de parceria em que está sempre se ajudando e cada vez fortalecendo mais. O Beija-Flor - Como surgiu e como funciona a parceria e qual sua importância para a Beija-Flor? FÁBIO - A parceria surgiu através do contato do nosso assessor de vendas , Wash ington Marinho Brochado. Juntamente com os integrantes da Beija-Flor, começamos um fornecimento de cestas básicas . E isso foi muito importante para a CBA , porque a Beija-Flor é uma grande escola. A partir daí, começamos a fazer algumas doações para a BeijaFlor, porque entendemos a grandeza do que a escola faz pela comunidade de Nilópolis e
por outras comunidades também . O Beija-Flor - A CBA foi vencedora pela segunda vez consecutiva do prêmio Top of Mind, na categoria "Cestas de Alimentos", ou seja, bicampeã assim como a Beija-Flor. Essa parceria além do cunho social vale também para os títulos? E o que representou ser mais uma vez campeã nesse quesito para vocês da CBA? FÁBIO - A importância pra gente, quer dizer, a grandiosidade, sobre isso não tenho nem palavras. O que a CBA procura fazer é sempre trabalhar com muita qualidade e buscando sempre a melhoria contínua que é o que nos torna cada vez maiores no mercado, no segmento de alimentos. A gente sabe que outras empresas aparecem. Eu torço para que essas empresas que estão
surgindo agora pensem também em qualidade e sigam o exemplo da CBA. Porque a CBA, acima de tudo, procura estar sempre voltada para o lado da qualidade e do social. O Beija-Flor - Vocês têm um produto que é muito interessante, o "Vale Cestas Social de Alimentos". Explica pra gente o que é esse produto. FÁBIO - A nossa idéia com esse vale é que em uma determinada quantidade de cestas que a gente venda no mercado, um percentual seja revertido justamente para as campanhas sociais. A CBA entende que os empresários têm que investir cada vez mais na área social, assim como a Beija-Flor, porque é o único jeito que a gente tem de ajudar este País tão sofrido. O Beija-Flor - Você poderia falar pra gente sobre o PAT (Programa de Alimentação ao
Trabalhador) , que está um pouco ligado a isso que você acabou de dizer? FÁBIO - O Programa de Alimentação ao Trabalhador vem vinculado ao selo do Inmetro, e isso vem ajudando muito a qualidade dos produtos. Antigamente qualquer empresa poderia pegar ali um lugar qualquer e fazer cestas, sujeito a estar cheio de impurezas, insetos, ratos e outros animais. Hoje, para uma empresa poder fornecer cestas de alimentos, ela precisa ser registrada no PAT e ser reconhecida com o selo do Inmetro. Isso garante a toda população uma qualidade de cestas que é muito importante. O Beija-Flor - Essa parceria BeijaFlor e CBA, o destino é que cresça cada vez mais, tanto na área comercial quanto na social? FÁBIO - Isso já vem acontecendo. A gente tinha uma quantidade de cestas bem menor do que fornece hoje para a Beija-Flor. O projeto social da Beija-Flor é muito importante e a gente constata que o crescimento é fruto de um trabalho muito bem-feito entre a Beija-Flor e a CBA. Então eu não vejo outro jeito senão crescer cada vez mais. E a gente torce para isso.
7
Entrevista
Neguinho da Beija-Flor Por Julio Cesar Rocba
~
30 anos e pouco Ele é uma referência. Absoluto como o puxador oficial da escola de samba de Nilópolis, Neguinho da Beija-Flor comemora na primeira segunda-feira de fevereiro de 2005 trinta anos de avenida num dos casamentos mais duradouros do mundo do samba. Com seu inabalável sorriso e a calma dos grandes, Neguinho falou com O Beija-Flor sobre as expectativas do aniversário e do desfile pelo tricampeonato.
o Beija-Flor - São 30 anos de avenida com a escola no carnaval de 2005 . Eu queria que você falasse disso, de tudo de bom nessa trajetória e também dos senões que acabaram acontecendo num percurso tão grande. NEGUINHO - A Beija-Flor faz parte da minha família. Sou nascido e criado na Baixada e sempre freqüentei desde menino. A Beija-Flor faz parte de mim. Comecei em 1975, juntamente com Joãozinho Trinta, a Pinah, o saudoso Jéferson Henrique, Laíla e muitos outros. Para minha felicidade, logo no primeiro ano em que eu participei, como compositor e intérprete, fui o vencedor. A primeira vitória da história da Beija-Flor foi com o meu samba e eu cantando na avenida. E assim começou esse nosso casamento, que deu certo.
o Beija-Flor - Qual a sua expectativa então, depois de tanto tempo, para a comemoração dessas bodas no carnaval de 2005? 8
NEGUINHO - A expectativa é de que a gente repita 76/77/78, que
foi o tricampeonato da Beija-Flor logo nos seus primeiros três anos na história do carnaval. E se as outras deixarem .... Logicamente que hoje não existe mais aquela escola considerada pequena; todas têm uma verba relativamente legal da Liga das Escolas de Samba, têm o direito de imagem da televisão , todas estão preparadas para fazer um carnaval bonito, financeiramente. Hoje, se as 13 escolas que estão competindo conosco piscarem , a Beija-Flor vem aí para o tri, e vem para o tri mesmo.
o Beija-Flor - Você é um cara que traz o nome da escola agregado ao seu , Neguinho da Beija-Flor, fonte, nascedouro da Beija-Flor. Mas você mantém uma carreira respeitada na MPB, e mantém isso com tranqüilidade . E eu nunca vi você reclamar. As pessoas sempre falam do puxador e você nunca questionou isso. Gostaria que você comentasse isso. NEGUINHO - O nosso grande mestre, meu ídolo Jamelão, não gosta e é um direito dele, mas eu não ligo . Na real idade, na minha concepção , ali você não está interpretando, ali você está puxando a escola, está
puxando a arquibancada para cantar junto, ali você passa por cima de "rr", passa por cima dos "ss" , ali o português correto do samba vai embora, é mais pela emoção mesmo que você vem cantando. Então, na avenida, eu sou puxador e nos shows e no meu disco fora do carnaval eu sou o intérprete.
o Beija-Flor - O que vai na preparação de um cantor de samba enredo. O que é a preparação? Como é que você se prepara para o carnaval? Tem alguma coisa diferente que você faça? Tem histórias sobre isso? NEGUINHO - Eu tenho várias histórias de Marquês de Sapucaí. Afinal de contas, são 30 carnavais. Mas a maior preocupação do intérprete, do puxador, na Marquês de Sapucaí, é o resfriado. É uma época em que você foge do gelado. No meu caso, da alergia. Eu nunca vi isso, eu tenho alergia a gelado. Então, o problema todo é que na época do carnaval a nossa temperatura aumenta. Hoje, aqui na Praça Mauá, deve estar uns 38, 40 graus. E você não pode tomar um gelado. Num ensaio você tem de ter todo cuidado. Você saindo do palco com refletor em cima, aquele povão todo, aquela adrenalina toda e você sair molhado, um copo de água, e aí, de repente , você pega um resfriado na semana do carnaval , e vai tudo por água abaixo.
o Beija-Flor - Eu gostaria que você contasse uma alegria mesmo, em trinta anos alguma coisa que você tenha vivido e que tenha deixado em você uma marca bastante grande, estou falando em nível de coisa positiva. Queria que você comentasse e também em nível de coisa negativa alguma coisa que tenha te entristecido muito nesses 30 anos.
A tristeza sem dúvida nenhuma foi o "Ratos e Urubus". Quando colocamos o Cristo de mendigo e fizemos um excelente carnaval. Para mim foi como aquela Copa do Mundo de 50; perdemos por meio ponto aquele carnaval para a Imperatriz. Um carnaval que até hoje ficou engasgado . A gente Foto: Arquivo pode ganhar diversos carnavais, mas não vou superar essa tristeza que ficou com a perda do carnaval com "Ratos e Urubus".
NEGUINHOUma grande alegria sem sombra de dúvidas foi o primeiro campeonato pela BeijaFlor, quebrando assim um tabu das o Beijaquatro Flor grandes Vocês escolas de têm o samba, Portela, samba eleito Mangueira, comoo Salgueiro e melhor Império Sonhar com Rei dá Leão, o início de tudo samba Serrano. da safra Foi com "Sonhar com Rei dá Leão", no de 2005. É um samba longo , um samba com muita carnaval de 1976. Essa foi minha grande alegria, meu história . Eu queria que você grande ponta-pé para que a comentasse a escolha e a gente desse continuidade no qualidade do samba que você que eu sempre gostei de fazer, vai cantar na segunda-feira que é compor e cantar. de carnaval.
NEGUINHO - Embora eu não seja favorável a essa coisa de juntar samba, tenho que concordar que é a necessidade que faz o sapo pular. Há mal que vem pra bem e quando foi necessário a Beija-Flor usou esse critério . Para felicidade da nossa escola, por exemplo, o maior samba de todos os tempos da Beija-Flor, na minha concepção e na concepção de todos os sambistas do Brasil e do Rio de Janeiro, é o nosso "Iererê" e esse samba agora que deu supercerto. Não era o meu preferido, mas depois da junção ficou um samba maravilhoso. Parabéns aí à galera que juntou , Laíla, o pessoal da harmonia. Eu só cheguei para gravar na avenida, não participei de nada esse ano, mas está aí um samba que eu gostaria de ter participado porque deu certo.
o Beija-Flor - Como vai estar o Neguinho na segunda-feira de carnaval , completando essas bodas de 30 anos na avenida? NEGUINHO - Normal como todo ano. Todo ano para mim é a mesma coisa. As pessoas, às vezes, me perguntam se mudou alguma desde o primeiro ano, que foi em 76, até hoje. A emoção é a mesma, mas é muito grande. Eu não sei como é a emoção de um jogador de futebol numa copa do mundo, entrando para disputar uma final , mas eu acho que deve ser a mesma.
9
Garra e luxo na Sapucaí
Q
uando a Beija-Flor foi tricampeã, em 1978, houve quem, amargurado pela derrota, dissesse que a escola de Nilópolis não tinha garra, mas apenas luxo. Naquela época, as alegorias e fantasias da azul-e-branco tinham alcançado um nível de requinte e criatividade jamais vistos na avenida.
Passados 27 anos, ninguém ousaria fazer tal acusação à escola, que tenta agora o segundo tricampeonato de sua história. É consenso no mundo do carnaval que poucas como a Beija-Flor valorizam tanto o canto, a dança e o ritmo. Mas o que mudou de 78 para cá? A ginga nilopolitana continua tão boa quanto sempre foi, mas naquela época não se conseguia enxergar o óbvio:
fantasias e alegorias luxuosas não atrapalham em nada o entusiasmo do componente. Pelo contrário, ajudam. O espetáculo da Sapucaí é feito de vários componentes: o ritmo , o canto, a dança, a cenografia e os figurinos. Todos são igualmente importantes, mas a bateria, a música e o "samba no pé" são presença forte desde o início dos desfiles. As alegorias e fantasias foram se desenvolvendo mais tarde. Nada mais natural, portanto, que a Beija-Flor tenha chamado a atenção pelo visual , pois, quando despontou para o sucesso, o desfile já era um grande show. Quem presta atenção sabe que empolgação sempre sobrou na escola. Era assim na década de 70 e hoje essa característica é ainda mais acentuada por causa da
Supermercados
participação da comunidade, algo cada vez mais forte em Nilópolis e raro em outras agremiações. São componentes envolvidos com a azul-e-branco, comprometidos com a vitória, que cantam e evoluem com energia. E, para ficar ainda melhor, bem fantasiados , pois sambista que se preza é vaidoso. Como dizia a letra de "Pará - o mundo místico dos caruanas nas águas do patuanu", enredo campeão em 1998, a Beija-Flor "mostra a força do seu samba." Ontem, hoje e sempre. Marcelo de Mello é jornalista, jurado do Estandarte de Ouro do Globo e autor de uma dissertação de mestrado sobre a Beija-Flor
Entrevista
Capitão Guimarães Por Walter Honol'ato e Cesar Mocarzel
Uma Cidade para o Samba Em visita à Cidade do Samba, o presidente da LlESA, Ailton Guimarães Jorge, o presidente de honra da Beija-Flor, Anízio Abrahão David e outros componentes do mundo do samba, conheceram o que vai ser o outro grande ponto turístico do carnaval do Rio de Janeiro a partir do ano que vem. Em entrevista exclusiva ao O Beija-Flor, Capitão Guimarães fala sobre o futuro do carnaval carioca. Fotos: Miro Meirelles
o Beija-Flor - Qual a
CAPITÃO GUIMARÃES Para o Rio de Janeiro é fundamental porque vai ser mais um, ou talvez um dos principais pontos turísticos da cidade. Não vamos dizer que vamos concorrer com o Pão de Açúcar, nem com o Corcovado, que já têm uma tradição que vem de muitos anos , mas eu acho que a Cidade do Samba será um dos pontos mais procurados , não só pelo turismo externo como pelo interno, porque é a maior fábrica de ilusão do mundo. Então as pessoas vão ter oportunidade de poder ver aquilo que marca o Brasil, que é o carnaval.
o Beija-Flor - A Cidade do Samba, por toda sua estruturação, vai trazer para as Escolas de Samba uma revolução tecnológica. Com isso, o senhor acha que o carnaval de 2006 já vai ter uma mudança muito grande em relação aos últimos carnavais?
CAPITÃO GUIMARÃES Bem, o que é que ocorre com a Cidade do Samba? Os barracões ficaram maiores do que o Sambódromo. Só não pode crescer porque não pode desfilar. Vamos supor: não adianta crescer o carnaval , não adianta crescerem as alegorias porque não passam nas ruas da cidade. Tem a concentração, a dispersão, tem o desfile, e a
o Beija-Flor - A Cidade do Samba é sem dúvida a segunda maior obra feita para o carnaval depois do Sambódromo. A LlESA já pensa em alguma outra grande melhoria para as Escolas de Samba e para os sambistas?
importância da Cidade do Samba para o Rio de Janeiro e para as Escolas de Samba?
Aílton Guimarães percorreu as obras da Cidade do Samba ao lado de Anízío Abrahão David
área é limitada. Comparando com o futebol, hoje o atleta tem um preparo físico dez vezes melhor que há trinta anos, mas os campos não crescem. Então não se pode fazer nada, até porque não se pode derrubar o estádio e crescer. Assim como também não se pode derrubar o Sambódromo e crescer o Sambódromo. Ao mesmo tempo em que se está fazendo a Cidade do Samba, deveria se fazer também um caminho por onde as alegorias pudessem passar e um local em que elas pudessem desfilar, maiores. O carnaval cresceria mais. Mas
com tudo isso aqui já vai crescer, vamos dizer assim , cinqüenta por cento. E hoje os transtornos que se tem para tirar uma alegoria do barracão vão desaparecer na Cidade do Samba, pois os barracões foram feitos pelos sambistas . O projeto é nosso. Conversamos com os carnavalescos, conversamos com os diretores de barracão e as falhas que tivemos em outros lugares onde o sambista não foi ouvido, procuramos não trazer para dentro do barracão. Se houver algum, será pequeno e facilmente corrigido pela Escola.
CAPITÃO GUIMARÃES - A melhoria agora, fora a Cidade do Samba, é o crescimento do Sambódromo. Nós já procuramos o prefeito, que se aqueceu com a idéia. Nós já tivemos com o Doutor Niemeyer por duas vezes. Ele e o prefeito ficaram de estudar um projeto, pois ninguém pode mexer no Sambódromo , a não ser justa e merecidamente o Doutor Niemeyer, que é o autor. Ele já está desenvolvendo uma planta para o setor 2 e, assim que tivermos isso em mãos, procuraremos o prefeito. Ele ficou de comprar a Brahma e crescer o Sambódromo, pois ali é o único lugar viável. O Beija-Flor - Qual a previsão para o funcionamento pleno da Cidade do Samba? CAPITÃO GUIMARÃESAcredito que o carnaval 2006 nós vamos poder fazer aqui. A Cidade está com uma defasagem do primeiro prazo que seria agosto de 2004 . Vai atrasar de dez a onze meses, mas se ficar pronto em julho de 2005, teremos um prazo mais do que satisfatório para poder desenvolver o nosso carnaval.
11
Showde Solidariedade Na manhã do dia 11 de dezembro, 33 componentes da Beija-Flor partiram rumo a Rio Preto, cidade da Zona da Mata mineira, a cerca de duas horas do Rio, com escala em Volta Redonda. A Beija-Flor de Nilópolis foi a atração principal do Rio Preto Folia, evento que reuniu mais de duas mil pessoas na praça de eventos da cidade. A missão principal da trupe BeijaFlor, no entanto, era outra, muito mais especial do que propriamente animar a massa que se deliciou com a bateria de mestre Paulinho e as mulatas estonteantes, que deixaram os mineirinhos de boca aberta. A grande missão da noite foi a de ajudar a Santa Casa de Misericórdia de Rio Preto a sair do vermelho. Atendendo a um chamado amigo, o presidente de honra da azul-ebranco, Anízio Abrahão David, deslocou para Rio Preto um grupo de ritmistas, passistas e cantores, a fim de animar a noite de folia da cidade que visava arrecadar recursos para a Santa Casa. Sucesso absoluto, a empreitada rendeu dinheiro suficiente para pagar o décimo terceiro salário dos funcionários e saldar antigas dívidas acumuladas. Segundo a provedora da Santa Casa, Dirce Maria de Souza Lima, ao atender
ao chamado da cidade, a BeijaFlor salvou o Natal de várias famílias. Dirce explicou que a Santa Casa sobrevive de recursos do SUS, quando há internação, e da solidariedade das pessoas. Para ela, Anízio e a Beija-Flor de Nilópolis proporcionaram um Show de Solidariedade que jamais será esquecido pela cidade. A mesma opinião teve o vereador Antonio Marcos Vieira, que destacou a importância social do evento e a visão da direção da escola. Presente também na festa, o exprefeito Agostinho Ribeiro de Paiva, acompanhou a apresentação da escola e destacou as belezas da cidade e a importância da atitude solidária da direção da Beija-Flor. O novo prefeito de Rio Preto, Inácio de Loyola Machado Ferreira, do PFL, ressaltou a proximidade da cidade com o Estado do Rio de Janeiro e a carioquice do povo de Rio Preto. "Todos aqui torcem por clubes do Rio. Eu, por exemplo, sou
Centenas de pessoas compareceram a quadra da Beija-Flor para a festa de natal organizada pelo presidente Anízio Abrahão David
botafoguense e Beija-Flor desde pequenininho", brincou. Para a população de apenas 10 mil habitantes, a presença da Beija-Flor de Nilópolis na cidade foi um acontecimento. O bafafá foi geral e todos esperam retribuir a solidariedade torcendo pelo tricampeonato da escola, na madrugada da segunda-feira de carnaval. Mais solidariedade
12
A bateria de Mestre Paulinho garantiu o sucesso da apresentação da Beija-Flor em Rio Preto
Primeira parada da trupe BeijaFlor, a festa de confraternização natalina dos funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional, organizada pelo Sesi virou um acontecimento. Cerca de 20 mil pessoas se espremeram para brincar e se divertir com a Beija-Flor, na sede da instituição. Segundo Renato Alves, coordenador de esporte e lazer do Sesi, a escolha da Beija-Flor foi a melhor para a festa. Segundo ele, havia mais três opções de atração, mas demos preferência à Beija-Flor, dada a sua história de profissionalismo e de vitórias.
Ele adiantou que a direção da CSN cogita convidar a Beija-Flor para novos eventos. Também em Nilópolis, teve show de solidariedade. Como já é de praxe, a festa de Natal organizada pelo presidente de honra da Beija-Flor, An ízio Abrahão David, reuniu centenas de pessoas na quadra da escola nos dias 17 e 18 de dezembro, com a presença do Padre Geraldo Magela, da Igreja de São Sebastião, de Nilópolis. A confraternização não foi diferente dos outros anos: muitos sorrisos e lágrimas incontidas de alegria dos nilopolitanos, que tiveram um Natal muito mais feliz. Para que tudo transcorresse da maneira mais organizada possível, quatro mil cupons foram distribu ídos de casa em casa de Nilópolis por funcionários da escola. No primeiro dia, foram sorteados 750 ventilado res , 350 liquidificadores e 30 televisores. Quem não foi sorteado, voltou no dia seguinte, quando foram distribuídos centenas de brinquedos , garantindo um bom Natal para todos .
Fotos: Miro Meirelles
Eançamento
do mB~EI~~- EtmR é sucesso ge:r.al Que o dia 2 de dezembro para os sambistas e admiradores do samba passou a ser festa desde que Marquinhos de Osvaldo Cruz teve a brilhante idéia de reeditar o trem do samba todos sabem, mas o 2 de dezembro de 2004 reservou outro elemento importante a ser incorporado no calendário de todo o sambista: o lançamento do O BEIJAFLOR. O jornal do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis nasceu com as cores da escola, azul e branca, mas disse ao que veio logo no primeiro número, ao resgatar as personagens que verdadeiramente constroem o carnaval no seu dia-a-dia e quase sempre viram anônimas, impactadas pelo brilho das estrelas de momento. O Beija-Flor nasce para os artistas do pano, do isopor, da madeira e da cola, do samba no pé, do samba no gogó, do gingado, do destemor e do amor pela Beija-Flor e pelo samba de fato. No dia nacional do samba, em pleno Canecão, no Rio de Janeiro, quando a Liga das Escolas de Samba lançava o CD com os
sambas de 2005 e homenagem à portabandeira da Imperatriz Leopoldinense, Maria Helena, o apresentador do programa Samba de Primeira e diretor-social da Liesa, Jorge Perlingeiro, e o compositor e cantor Monarco, da co-irmã Portela, a Beija-Flor lançou o seu jornal. E a festa ficou muito mais bonita. Famosos, como o ministro da Cultura, Gilberto Gil, ou anônimos, como os garotos da foto acima, garantiram o sucesso do jornal. O Beija-Flor veio para ficar, como confirmou o presidente de honra da escola, Anízio Abrahão David: "Não poderia ser melhor, o jornal ser lançado no Dia Nacional do Samba. Isso é uma grande honra para nós todos. Vocês estão de parabéns".
13
Salve Seu Ary da Beija-Flor Naquele mundão que é a quadra da Beija-flor, ele fica ali à espreita, olhando longe, em meio ao povo. Pele alva, cabelos brancos pelo tempo, ele tem de cor histórias de rechear cabeça de jornalista e de puxar lágrimas que não tem nenhuma cerimônia de soltar. Ary Rodrigues, ou simplesmente Seu Ary, é presidente do Conselho Deliberativo da azul-e-branco, de Nilópolis e testemunha de histórias vividas em seus 40 anos de Beija-Flor. Perguntado sobre a maior e a melhor lembrança em tanto tempo de escola, Seu Ary não titubeia. Para ele, foi a fusão entre o Esporte Clube Santa Rita e o Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. "Essa área aqui de dez mil metros quadrados era do Santa Rita. A Beija-Flor era ali, onde é hoje o CAC/NAD Centro de Atendimento Comunitário Nelson Abrahão David . A situação para o Santa Rita era complicada . Teve época de quase perder o lugar. Então o falecido Nelsinho resolveu. Ele foi um dos maiores presidentes que a escola já teve . Muita coisa aqui devemos a ele" , contou Seu Ary, sem economizar em emoção.
14
Falar de Anízio parece fácil para Seu Ary. O amor pelo carnaval é tão antigo quanto a amizade dos dois. "Eu não gosto desse negócio de ficar bajulando , não,"defende-se Seu Ary, para emendar depois: "Ele é meu amigo de infância. Conheci o Anízio, ele não tinha dinheiro, era duro mesmo, durão. Em 64, já fazíamos carnaval. A gente saía no Bloco Centenário. O bloco saía na Praça Onze e o abre-alas era o carro do An ízio , um chevrolet velho.
Economia é uma coisa que Seu Ary abre mão quando fala de sua querida Beija-Flor ou de seu presidente de honra, Anízio Abrahão David. Segundo Seu Ary, fo i Seu Anízio quem deu vida ao lugar. "Todos os irmãos ajudaram, mas o Anízio é um exemplo. Rezo por ele todos os dias. Ai de nós se perdermos esse homem. Falando de coração, ai de nós se não tivermos o Aníz io aqui", resigna-se . Seu Ary é assim , simples e direto. Foto: Miro Meirelles
Se o primeiro grande momento da Beija-Flor foi a fusão com o Santa Rita, o segundo é pule de dez: Beija-Flor campeã do carnaval de 1976, com Sonhar com Rei dá Leão. Seu Ary se ajeita no sofá e emenda "eles diziam que éramos escol inha do subúrbio e que nossa vitória foi por acaso . Aí voltamos em 77 e fomos bicampeões e em 78 nos tornamos tricampeões. Nós furamos o bloqueio das quatro ditas grandes do carnaval do Rio, e furamos para sempre".
A partir da í, acredita seu Ary, começam a copiar a Beija-Flor. "O velho Chacrinha já dizia que tudo no Brasil se copia. Sempre foi assim. Passaram a copiar a escola, sua grandiosidade." Segundo Seu Ary, o pe ríodo do João Trinta na escola bem ilustra a transformação da Beija-Flor. Para ele , infel izmente João acabou se repetindo, ficou cansativo e acabou perdendo espaço . A escola, pelo contrário, evoluiu , acredita. Constitui u uma comissão de carnaval vencedora e está às portas de um tricampeonato. Seu Ary bota fé, mesmo respe itando as adversárias. Ele é todo orgulho pela sua Beija-Flor. Tanto que elegeu como seu terceiro maior momento na escola a inauguração do quad ro O Rei da Passarela , uma homenagem ao presidente de honra Anízio Abrahão Davi d, numa festa no dia da final de samba enredo , com mais de dez mil pessoas na quadra. "Foi uma das grandes emoções de minha vida, ver o Anízio presente co m sua família, seus filhos, sendo homenageado por todos nós", concluiu já co m a voz embargada.
-- --
- - - --
- --
- - --
- -
Babadao da Folia e Beija-Flor, • Un1a parceria que dá, San1 a. ~~J/
&A&APÃO~ ~ PA
,
Artigos para: Carnaval (especializado em Penas) Noivas· Festas· Passamanarias Armarinhos· Tecidos em Geral