Tablóide O Beija-Flor nº 19

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E chegou o dia que nem a turma do Estácio poderia imaginar, lá no início do século XX, quando criaram a primeira escola de samba. Era o dia 9 de junho, uma quarta-feira de 2006, e o personagem, Hiram da Costa Araújo ou Dr. Hiram Araújo, médico de profissão, pesquisador do samba por amor e devoção. Dr. Hiram se tornara nesse dia professor Honoris Causa da Universidade Estácio de Sá. Que coincidência! Título que com muito mérito lhe foi outorgado por anos de dedicação à pesquisa desse ritmo, a essa cultura, a essa tradição. E por falar em tradição, Dr. Hiram quebrou uma que infelizmente é muito comum no meio do samba. Dr. Hiram foi grato, quando dividiu o título com o seu companheiro de militãncia e responsável por ele ser um homem do samba, Dr. Hiram foi grato ao lembrar o nome de Amauri Jório, figura das mais respeitadas pela incrível dedicação que teve ao engrandecimento das escolas de samba e, como disse Dr. Hiram em seu discurso, idealizador do sambódromo que não viu pronto e que injustamente não tem o seu nome naquela que é a Avenida do Samba. Dr. Hiram recentemente se definiu como um Dom Quixote do Carnaval. Nós discordamos, pois, ao contrário do personagem de Miguel de Cervantes, ele não ataca moinhos de vento, ele constrói de forma muito sólida espaços para que o quase centenário e frágil samba se refugie, seja nos seus livros, na sua infindável pesquisa, no Centro de Memória do Carnaval da LlESA ou no Instituto do Carnaval. Hiram Araújo é Dr. Honoris pela Causa do Samba. Conselho Editorial

Felicidades No dia 19 de maio a família Beija-Flor, representada pelo vice-presidente de finanças Rogerio Suaid e pelo diretor de patrimônio Robson Pellegrini, levou seu abraço e os votos de muitas felicidades ao casamento de Paulo Severino e Ana Paula Francisco, filha do nosso grande parceiro Jorge Francisco (Chiquinho do Babado da Folia) e da senhora Janete Francisco. Presente à cerimônia toda a nata do carnaval carioca, que pôde viver, juntamente com Chiquinho, familiares e amigos, momentos muito especiais.

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Agenda

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A bateria mirim da Beija-Flor de Nilópolis, regida pelo mestre Douglas Botelho, o Balé Comunitário - idealizado por Ghislaine Cavalcanti - e passistas mirins dirigidos por Edinho, primeiro passista da escola, representarão a escola na XVII MOSTRA DA DANÇA RIOSAMPA, nos dias 22 e 28 de julho. Pela sexta vez, as oitenta crianças se apresentarão com sambas que consagraram a azul-e-branco na Sapucaí, como "Araxá, lugar alto de onde primeiro se avista o Sol" e "O vento corta as Terras dos Pampas, em nome do Pai, do Filho, do Espírito Guarani: Sete Povos, na Fé e na Dor, Sete Missões de Amor", além do emocionante e tradicional samba-exaltação à escola "Deusa da Passarela". Músicas como "Samba do Bole-Bole" de João Roberto Kelly e "Mulher Brasileira" de Benito de Paula, também servirão de fundo musical para o show da meninada de Nilópolis. O espetáculo promete repetir o êxito alcançado nas apresentações anteriores. Dia 02/07 - Mais uma edição da feijoada dos compositores, com show de Darcy da Mangueira na quadra, a partir das 12h, com entrada grátis e feijoada a R$ 5,00. Dia 08/07 - Furacão 2000, na quadra, às 22h.

__-_ ' ~ Fale com O Beija-Flor Rua Rivadávia Correia, 60 - Barracão 11 - Gamboa Rio de Janeiro - RJ - Tel.: (21) 2233-5889 e-mail: admbeijaflor@veloxmail.com.br

Dia 09/07 - Chá de obras sociais, na quadra. Dia 21/07 - Arraial da Beija-Flor, na quadra, a partir das 20h. Dia 23/07 - Ressaca do NiloAxé, na quadra, às 16h. Dia 28/07 - Show do "Jeito Moleque" , na quadra, às 22h.

IIIII~"'''''''''''''III Uma publicação da G.R.E .S. ESCOLA DE SAMBA BEIJA-FLOR DE NILÓPOLlS - Rua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025 - Centro -

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Nilópolis - Rio de Janeiro - Te!. : (021) 2791-2866 . Presidente de Honra : Anízio Abrahão David ; Presidente Administrativo : Farid Abrão David; Vice-Presidente: Nelson Alexandre Sennas David; Presidente do Conselho Deliberativo: Ary Rodrigues - Editor : Walter Honorato Gomes; Jornalista Responsável : Walter Honorato Gomes (RP 20 .559); Projeto Gráfico e Diagramação: Marcos Ca ram ; Redação: Murillo Victorazzo e Miro Lopes; Fotógrafos: Henrique Mattos e Robson Barretto; Produção e Marketing : Un ità ; Impressão: Walprint Gráfica eEditora;Tiragem :10.000exemplares.


A cara da Beija-Flor Qualquer um que pretende entrar no barracao da Beija Flor tem que passar por ele. A fisionomia sisuda e o físico grandalhão inibem, à primeira vista, qu em não o conh ece . Mas na realidade o aspecto "Ieão-de-chácara" esconde um pai de famíl ia de 42 anos (divorciado, tem 5 filhos e 2 enteados) , atencioso e muitas vezes brincalhão com quem conhece melhor. E acima de tudo muito orgulhoso de trabalhar na sua escola de samba do coração . Mamede da Silva Filho trabalha há vinte anos na azul-e-branco, sendo que desde 1996 como porteiro do barracão. Cuida do local e o protege, recepcionando todos que vão à fábrica de carnaval nilopolitana, na Cidade do Samba . Desde este ano ajuda também na supervisão da segurança da quadra, em Nilópolis. "Procuro fazer meu trabalho sempre com muita responsabilidade e carinho para que todos sejam bem atendidos", diz ele, nascido no bairro de Marechal Hermes, no Rio, mas criado em Nilópolis. Quando não está na Beijapara cada dia inteiro de Flor plantão, ganha dois de folga Mamede é agente comunitário de saúde da Prefeitura de Nilópolis. Como não poderia deixar de ser, seu trabalho aumenta na época do carnaval. Além de ficar na portaria, auxilia no deslocamento dos carros para a Sapucaí, permanecendo lá até a hora do desfile. Toma conta das alegorias e ajuda os componentes na

g concentração.

Além disso, apóia a harmonia da escola: desde tirar .~ possíveis bêbados sem condições de ~ desfilar até entrar com a com issão de I j;i frente na Avenida e abrir espaço para ,r uma melhor apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira. "Fico praticamente três dias sem dorm ir. Não sou obrigado a fazer isso. Faço por amor a escola", afirma. Esta pressão toda, é claro , já deixou marcas: "Ano retrasado, a escola foi bicampeã, mas não desfilei no sábado das Campeãs. Estava muito cansado. Passei mal de tanto trabalho", conta. ~

Tamanha responsabilidade e 18 anos de desfile, no entanto, não diminuem a emoção de ver a azul-e-branco dando show na Sapucaí. "É a sensação de dever cumprido. Quando a Beija-Flor entra, as lágrimas às vezes vêm. Mas o coração bate mesmo quando as notas são abertas", brinca. Se não está de plantão no barracão , Mamede acompanha a apuração na quadra. Mesmo assim a responsabilidade não fica de lado. "A Beija-Flor sempre é uma das favoritas . A imprensa e a comunidade vão em peso para a quadra. Tenho que ajudar na supervisão disso tudo", explica. Nada que o deixe desanimado: "E gratificante demais ser funcionário da Beija-FlorVir trabalhar aqui foi um presente de Deus. A escola me deu condições para eu poder dar uma assistência melhor à minha família". Por todo este amor e gratidão, Mamede é a cara da Beija-Flor.

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o Sonho de um Beija-Flor Por Walter Honorato e Murillo Victorazzo Acima de tudo uma festa da cidadania . Assim foi a cerimônia de inauguração do Sonho de um Beija-Flor, o maior proj eto sócioesportivo da Baixada, no dia 27 de maio . O complexo esportivo da Beija-Flor de Nilópolis , localizado atrás da quadra , serviu de palco para centenas de crianças , pais , autoridades e dirigentes da escola festejarem o pontapé inicial da parceria entre os tricampeões Gérson e BeijaFlor. "O esporte é social sim . Venho juntar o meu pouco ao muito que tem aqui na Beija-Flor. Se Deus quiser ainda vamos estender isso para outras comunidades. É o pensamento do Anízio e do Instituto Canhotinha de Ouro", garantiu Gérson , frisando o principal objetivo do projeto : " Não estamos atrás de g randes atletas, de craques. Esses aparecem naturalmente . Estamos atrás do cidadão". Prefeito de Nilópolis e presidente da escola , Farid Abrão David se mostrava empolgado e feliz com os frutos que a nova parceria dará para o município . "Gé rson , você é muito bem -vindo aqui. Chega para somar. Nilópolis é uma cidade pobre , que precisa desta integração e desta consciência social", afirmou, para em seguida

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o presidente Farid e os vices Ricardo Abrão e Nelson David homenageiam Gérson na inauguração do projeto: O Sonho de um Beija-Flor entregar ao Canhotinha um troféu em forma de um beija-flor. "É uma homenagem da família Beija-Flor a um grande amigo", explicou. Ausente por força de outros compromissos , o presidente de honra da escola , Anízio Abrahão David , foi

lembrado nos discursos. "Todo o trabalho social da Beija-Flor começou com uma pessoa chamada Anízio. Ele é o grande mentor disso tudo", ressaltou Farid. "Topei essa parceria porque conheço o excelente trabalho que oAnízio faz aqui. Sei de sua preocupação com o social", disse Gérson . O tempo não poderia ter sido melhor para a festa . Numa bela manhã de sábado de sol , a garotada jogou bola, se divertiu nos brinquedos do complexo e ganhou lanche e bolo . Após os discursos de praxe, foram sorteados uma bicicleta e outros brinquedos entre as crianças presentes . Autoridades e a diretoria da Beija - Flor compareceram em peso . Estavam presentes o deputado federal Simão Sess im e os secretários de Obras , Esportes e Educação de Nilópolis, Sérgio

Sessim , Marcos Fernandes da Silva e Eva Maria Vasconcellos . Os vice-presidentes de Finanças , Esportes e Social da azul-e -branco, Rogério Suaid , Eraldo Corrêa Filho e Ricardo Abrão , o vice - presidente Nelsinho David e os presidentes dos Conselhos Deliberativo e Fiscal, Ary José Rodrigues e Getúlio Sessim , também estiveram na solenidade . Assim como a presidente da Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (AMEBRÁS) , Célia Domingues , e representantes das parceiras Itaipava, UniOdonto e Unimed. A festa foi encerrada com apresentação de um grupo de jovens no campo de futebol para as autoridades após a execução do Hino Nacional brasileiro. Melhor início o Sonho de um Beija-Flor não poderia ter. A criançada da Baixada agradece.



Por Murillo Victorazzo

Organograma

do Desfile Abertura : A Gênese África a Realeza Mítica Setor 1 A Majestosa África - De Realidade e Realeza Setor 2 África-Mãe - Bahia - Reino de Todos os Deuses - Berço do Candomblé Setor 3 Querebentã de Zonadônu Ilha África de Magia, o Reino dos Voduns

Já que o clima é de Copa do Mundo, pode-se dizer que a Beija-Flor deu o pontapé inicial rumo ao título do carnaval carioca de 2007. No dia 7 de junho, na quadra nilopolitana, a Comissão de Carnaval apresentou aos compositores da escola a sinopse do enredo Áfricas: do Berço Real à Corte Brasiliana. Além dos compositores e da diretoria, outros setores da comunidade estiveram presentes , como as baianas e representantes das alas. "É uma exaltação a todos que viveram o horror do cativeiro , mas que não deixaram aprisionar o espírito, a alma africana, a fibra que une o indivíduo à ancestralidade. O objetivo, porém, foge da narrativa do sofrimento vivido nas terras de escravidão ; o avesso dessa história vem coroar a majestade africana", diz um trecho da justificativa, lida para os presentes por Alexandre Louzada, integrante da comissão . Enquanto a sinopse era lida, s/ides com imagens relacionadas ao continente africano e sua cultura eram mostrados em um telão posicionado sobre o palco. O enredo mostra a chegada das diversas tribos ao Novo Mundo, a criação de pequenas Áfricas, "onde, de uma forma ou de outra, existiram reis e príncipes , rainhas e princesas , de reinados e re isados , de cortes e cortejos" , a resistência à opressão e a afirmação da cultura afro . O desfile terminará com uma homenagem ao Rio de Janeiro, mais precisamente à região da Gamboa - outrora chamada "África Pequena" - , bairro em que se localiza a Cidade do Samba, onde fica o barracão da Beija-Flor, "a princesa nilopolitana, a mais bela entre todas as Áfricas de samba desse reino chamado carnaval ". Ao final, o diretor de Carnaval e Harmonia da escola , Laíla , agradeceu o comparecimento da comunidade e a convocou a fazer mais um belo carnaval. "Quero que vocês se bronzeiem muito. Necessitaremos de muita gente morena, negra, nesse desfile. Claro que priorizando o talento de cada um", avisou , revelando que metade dos 6 figurinos já está desenhada.

Setor 4 Rei Zumbi Anjo Guerreiro Guardião do Reino Negro de Palmares Setor 5 Vila-África-Rica Dourada corte de Galanga do Congo Chico Rei das "Minas Geraes" Setor 6 Abençoado Novo Mundo, o Grande Reino de Todas as Áfricas de Cortejos, Reinados e Reisados Setor 7 Cidade Maravilhosa Pequena África dos Zungus, de D. Obá à corte brasiliana do samba


Voa Beija-Flor em seu sonho alado, a cintilar na imensidão do universo de Olorum e faz rufar tambores ancestrais, explodindo em luz como sopro divino da mágica da criação. E no espaço disperso, abrindo caminhos de Legbará, no vento, nos leva na viagem do tempo ao berço real da humanidade, Baobá da vida no esplendor de seu despertar. Resplandece qual visão aos olhos do imenso infinito e traz Oduduá, iluminado mito, unindo quatro elementos para dar forma e movimento a obra de Obatalá. Da vida em transformação, faz surgir o mundo, a África, a majestade viva , fervilhante dádiva, diva sob o sol dourado coroada de poder e nobreza, soberana mítica e mística altiva alteza, coberta pelo manto ébano da noite, na pele negra de seus filhos e com a cabeça erguida, ungida do axé dos orixás. Hoje o samba vem mostrar seu legado e faz do pranto lembranças distantes, das lágrimas, pérolas e diamantes, do sofrimento e da resistência, o seu rico tesouro. Vem transformar o banzo, o sentimento acorrentado num elo forte de ouro, uma aliança com Aruanda, da trajetória dos tumbeiros, criar uma odisséia de

bravura de quem venceu o inferno mar, na travessia da Calunga levar uma oferenda como quem se entrega ao destino no doce abraço de lemanjá e no violento jogo do oceano, uma dança a cada onda, vislumbrando no horizonte a esperança de outra África por encontrar. Que se abram os braços do Brasil, os portões das senzalas, pequenas Áfricas de quintais; que se iluminem os terreiros à luz da "Lua de Luanda" para reinarem na noite seus bravos guerreiros que sob o braço do açoite não se curvaram jamais. Que se torne a luta pela liberdade, a volta por cima da capoeira e que o ferro que marca e fere, forje a África brasileira. Ave Bahia! Na graça de todos os santos da África pois o sangue e o suor te fazem sagrada e as correntes do cativeiro te bordam um manto de fé, com a nobreza de princesa de Nação Nagô, de alma africana livre, embalando o berço do Candomblé. Que se faça aportar Mina Jeje à Cidade dos Azulejos, tão azuis quanto as águas profundas desse grande mar, Agoê revolto que separa as terras de Agongolo, dessa África de cá. Que faça morada dos espíritos, dos tambores da noite e da realeza de Daomé, que seja o trono místico da escrava-

rainha, essa ilha África imaginária, a terra da encantaria, dos Voduns, da feitiçaria, das divindades da terra e do ar. O gomé do gentio, a corte do além, impregnada de magia e transbordada de fé. Que venha nos mostrar as trilhas ocultadas nas brenhas das matas dos "Cafundós" do Brasil, os caminhos de determinação e coragem, da fuga para a libertação. Ser mais um quilombola guerreiro nas Áfricas deste sertão, formando assim um grande exército, uma livre nação, guardiã de Zumbi dos Palmares, anjo negro , rei da luta e rompimento, consciência e razão. Louvado seja "Galanga do Congo", negro Francisco , Chico-Rei, escravo das minas dessa Vila África, Rica. Que o ouro guardado em seus cabelos venha coroar de fato a sua africana realeza e que ele venha dourar também a liberdade de tantos irmãos de seu sangue nobre, que o pranto derramado no templo da escravidão se transforme em rosário de lágrimas de alegria ao lavar suas almas com a consciência negra, o orgulho, sua eterna alforria. Abençoado se torne esse novo mundo, o grande reino de todas as Áfricas a desfilar seus cortejos, seus reinados e reisados, sob o

céu protegido por Deus em seus diversos nomes. Que em seu solo venha brotar uma árvore vida, de raízes que se entrelacem e unam novamente suas partes, que a sua sombra abrigue a lembrança, como dança, que em sua volta bailem: Afoxés, Jongos, Maculelês e Caxambus, que a sua copa se torne a grande coroa da Congada e que seus ramos formem nações de frutos-reis e de flores-rainhas de livres e lindos Maracatus. E pousa enfim de seu vôo, minha escola majestosa, nesta "África Pequena" que a gente do Rio resolveu assim batizar. Terra dos "Zungus", do "Rei das Ruas", do "Príncipe Negro", Dom Obá. Oh! Cidade Maravilhosa, do Samba, da "Rainha Ciata"e dos bambas, de tantas Áfricas a reinar. Receba, assim, Mãe soberana, a reverência de todos os súditos dessa Corte Brasiliana e permita que a mais bela entre todas as Áfricas de Samba, a Princesa Nilopolitana, como Beija-Flor te beijar.

Alexandre Louzada, Fran-Sérgio, Laíla, Shangai & Ubiratan Silva

Comissão de Carnaval

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lisita do Prefeito de Itajaí à Beija-Flor Por Walter HOllorato e Murillo Victorazzo

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o prefeito de Itajaí Volney Morastoni e comitiva em visita ao projeto social da Beija-Flor

Anízio Abrahão David recebe Beto Carreiro e Hilton Franco no barracão da Beija-Flor

A Beija-Flor faz escola. Cada vez mais esta frase deixa de ser apenas uma força de expressão que retrata as inovações em seus desfiles para ganhar um significado mais literal. Como prova desse sucesso e visando uma futura parceria, Beto Carrero e o prefeito de Itajaí (SC) , Volney Morastoni, estiveram em maio na azul-e-branco, onde viram de perto a confecção do carnaval e o trabalho social da escola. Junto com sua comitiva, o prefeito conheceu todo o patrimônio da Beija-Flor em Nilópolis e o barracão, na Cidade do Samba. Por compromissos pré-agendados , Beto Carrero não pôde estar presente na ocasião, mas visitou o barracão nilopolitano, semanas depois, no dia 23 de maio. Ambos foram recepcionados pelo presidente de honra da escola, Anízio Abrahão David.

atendimento comunitário. A BeijaFlor está um milhão de anos-luz na nossa frente nesse trabalho de integração com a comunidade. Por isso pretendemos que ela nos dê a direção", disse ele , que como pediatra sentiu-se em casa no meio da criançada. Enfermeira e secretária de Saúde de Itajaí, a primeira-dama não escondeu a empolgação com o que viu. "O trabalho com essa garotada é excelente. Tanto na escola em si como no contraturno escolar, que são as oficinas, os esportes , o lazer e a cultura. Aqui na Beija-Flor especialmente a cultura do carnaval", afirmou Náusicaa.

o intercâmbio consistiria em , além de doação de materiais e alegorias, transferência de know how e tecnologia de carnaval para a

cidade catarinense e o parque Beto Carrero World, localizado na cidade de Penha, próxima a Itajaí. "Nós temos um carnaval principiante. Queremos recuperar nosso carnaval, que hoje tem apenas uma escola de samba e alguns blocos", disse o prefeito, acrescentando à parceria um foco social: "Pretendemos fazer um trabalho social. Um intercâmbio com a BeijaFlor seria essencial para nos orientar sobre oficinas de carnaval durante o ano todo", explicou Morastoni. Acompanhado da primeira-dama, Náusicaa Morastoni, o prefeito conheceu a creche Júlia Abrão David, o educandário Abrão David, o Centro de Atendimento Comunitário (CAC) , a quadra e o complexo esportivo da escola. A grandiosidade e a qualidade do trabalho social da Beija-Flor os deixaram impressionados. "Tinha ouvido falar sobre esse lado social da escola, mas é diferente ver com os próprios olhos. É um exemplo de

Acompanharam o prefeito o superintendente da FITur (Fundação Itajaiense de Turismo) , Acyr Osmar de Oliveira, Wilton Franco (apresentador do inesquecível programa de TV da década de 80 "O Povo na TV"), e Aristides Niehues, executivo do Beto Carrero World. "O Beto é uma pessoa focada no turismo . Ele

vislumbra uma parceria que seria importante para uma cidade que está ao lado do Beto Carrero Wo rld. O profissionalismo das escolas de samba nos ajudaria muito. A BeijaFlor pode acrescentar novidades visuais aos shows do nosso parque, por exemplo", explicou Aristides. Responsável por apresentar Beto Carrero a Anízio, Wilton Franco vislumbra algo ainda mais ambicioso. Para ele, o intercâmbio com a Beija-Flor poderia criar em Santa Catarina um terceiro pólo de carnaval. "Itajaí é uma cidade linda. Tem um porto imenso, que recebe grandes transatlânticos em janeiro todos os anos. Nossa idéia é ajudar Itajaí para que lá se crie um carnaval nessa época. O Anízio seria o nosso guru ", brinca , revelando semelhanças entre Beto e Anízio: "Os dois têm profunda consciência social. Revertem o dinheiro em benefício de suas comunidades. Pouca gente sabe que o Beto tem uma fundação com escolas e ambulatórios para a população carente".


Miro Ribeiro, a ~oz do Samba Por Murillo Victorazzo Muitos podem achar que escola de samba só é notícia em época de carnaval. Pura mentira ! E para mostrar que o samba tem que ter espaço o ano todo, alguns profissionais lutam para manter, de janeiro a dezembro, o seu público informado sobre o que acontece nas agremiações que fazem o maior espetáculo da Terra. Para homenagear esses abnegados, O Beija-Flor inicia uma série de entrevistas intitulada A voz do samba. Para começar, o veterano Miro Ribeiro, jornalista e radialista, apresentador do programa "Vai dar samba" todos os sábados, na rádio 94FM, das 20 às 22 horas. Primeiro negro a apresentar um programa de televisão, na TV Tupi, Miro passou por várias emissoras de rádio, onde começou a vi ver de perto os bastidores do carnaval. Desde então já são cerca de trinta anos cobrindo as escolas de samba. "Nunca falta notícia sobre carnaval. O que há é um certo preconceito, que só acaba quando os figurões querem aparecer na mídia, nos desfiles", dispara. O Beija-Flor - Fale um pouco da sua carreira como radialista.

Miro Ribeiro - Sou formado em jornalismo. Ainda na faculdade , em 1974, comecei a fazer rádio , na Rádio Metropolitana. Carlos Lima, um grande nome do jornalismo esportivo , da TV Tupi, era meu professor. Fiz uma prova de seleção para trabalhar com ele e passei. Fiquei cinco anos como produtor e apresentador do programa "Operação Esporte". Só saí de lá quando a Tupi faliu . Fui então participar da formação da TV Manchete, mas quando ela entrou no ar levei uma "pernada" e sai (risos) . Fui repórter, redator e chefe de jornalismo da Rádio Tamoio. Trabalhei também na Rádio Bandeirantes, Globo. Há 11 anos, estou na Roquete Pinto 94FM, onde sou diretor de jornalismo. E há sete anos apresento o programa "Vai dar samba". Fui chamado também para fazer o "Carnaval do Povão", na CNT, substituindo o Jorge Perlingeiro quando ele não pôde apresentar. O Beija-Flor - Como você entrou no mundodosamba? Miro Ribeiro - Sempre gostei muito de samba, carnaval. Mas minha experiência se resumia, quando jovem , aos blocos, na Piedade. Não tinha participação direta em escolas de samba. Comecei a vivenciar as escolas no jornalismo, cobrindo-as . Além disto, fui locutor da quadra da São Clemente na década de 80. São trinta anos falando de escola de samba! O Beija-Flor - O que levou a 94FM a criar o "Vai dar samba", um programa dedicado ao samba o ano todo? Miro Ribeiro - A gente percebeu que havia uma enorme necessidade de falar das escolas

especulações. É um programa com a espinha dorsal jornalística, mas bem-humorado! Estamos abertos a todas as escolas e blocos para divulgação. E de graça! Se alguém cobrar para divulgar aqui , pode chamar a polícia! (risos) O Beija-Flor - Como é o seu relacionamento com os presidentes das escolas e da Liesa? Ribeiro - Nós temos passagem livre nas escolas. Lidar com escola de samba o ano todo nos dá credibilidade. Os dirigentes gostam de falar conosco . Chegamos a ponto de dispensar as assessorias de imprensa. Muitas vezes ligamos direto para eles. Eles sabem que no fundo trabalhamos para as suas escolas. Miro

de samba durante 365 dias. Não somente no carnaval. Havia outros programas em outras rádios que falavam de samba, mas o nosso é dedicado especificamente às escolas de samba. Cobrimos todos os grupos, não somente a Liesa. Temos a pretensão de antecipar o que acontece nas escolas. Criamos quadros para resgatar nomes que eternizaram os desfiles, sambasenredo antigos. Discutimos, por exemplo, a importância de um determinado samba-enredo para aquele momento. Entrevistamos personalidades para lembrarem momentos inesquecíveis de seus desfiles e contarem situações inusitadas na Sapucaí. Temos um cantinho para as velhas-guardas. Além de informar como as escolas estão construindo seus desfiles.

comentários sobre possíveis enredos. Mas as pessoas não acreditam que há assunto o tempo todo. Aqui é a capital internacional do samba! Você vê os comerciais da Bahia falando sobre o carnaval o ano todo. Temos que valorizar o nosso potencial. Basta os empresários da mídia e os responsáveis pelas emissoras se voltarem para isso. Mas parece que há um preconceito ainda com relação ao sambista. Este preconceito só acaba quando esses figurões querem aparecer na mídia no desfile, na época do carnaval. Notícia não falta, é só as emissoras abrirem espaço. O Beija-Flor - Para conseguir fazer um programa assim é preciso ter uma equipe ... Miro Ribeiro - Claro! Nós temos

O Beija-Flor - Quais são as maiores

dificuldades para se fazer um programa dedicado às escolas de samba durante o ano inteiro? Miro Ribeiro - A dificuldade é por parte de quem não quer fazer. Assim que acaba o carnaval, já existe notícia. Já na quarta-feira de Cinzas começa o troca - troca de carnavalescos , diretores,

uma equipe para buscar a notícia. O Miguel Ângelo é o nosso representante na Liesa. O Edson Jorge está direto na Associação das Escolas de Samba, se informando sobre as escolas dos outros grupos. E o Arnaldo Lírio percorre todas as escolas. No nosso programa não há o "eu acho". Procuramos entrevistar sempre o presidente ou o carnavalesco da escola para evitar

O Beija-Flor - Como você se relaciona com a Beija-Flor? Aliás, o que mais lhe chama a atenção na escola? Miro Ribeiro - Para começar, o Anízio me disse uma vez que adora o número 94. É um bom começo! (risos) Sempre fui muito bem recebido na Beija-Flor. Tenho um contato muito fácil com a escola. Faço questão de enaltecer no programa como a família Abrahão David impulsionou a escola. Devagarinho, a escola veio para ficar. Ela tem nomes que são sinônimos de samba, como o Neguinho, a Selmynha e, claro, o Laíla. Há na Beija-Flor uma coerência naquilo que faz . Fico impressionado quando vou aos ensaios, em Nilópolis. Toda a escola sempre está cantando o samba com muita ordem, disciplina. Aquilo é mágico, tribal.

Há trinta anos se dedicando a fazer das escolas de samba notícia, Miro Ribeiro é a Voz do Samba. 9


Por Walter Honorato email: walterhonorato@yahoo.com.br 12/07/06 - Dia 12 de julho , às 18h30min, acontece a primeira festa julhina da Cidade do Samba , sob o comando do carnavalesco do Porto da Pedra, Milton Cunha . Cada uma das 13 escolas do grupo especial terá uma barraquinha para venda de produtos que vão de comidas típicas a artesanato e beijos. A entrada é franca. Conheça agora no Repique de O Beija-Flor a ordem de desfi le e os enredos de 11 das 13 escolas do Grupo Especial: DOMINGO ESTÁCIO DE SÁ: "Ti-ti-ti no sapoti". Paulo Menezes. IMPÉRIO SERRANO: "Ser diferente é normal: O Império faz a diferença no carnaval". Jack Vasconcelos . MANGUEIRA: "Minha pátria é minha língua . Mangueira, meu grande amor". Max Lopes. VIRADOURO: "A Viradouro vira o jogo". Paulo Barros . MOCIDADE: Enredo ainda não anunciado. Alex de Souza. VILA ISABEL: "Metamorfoses: do reino natural à corte popular do carnaval as transformações da vida". Cid Carvalho. Todo ano é sempre o mesmo comentário: "Pra mim o carnaval começa hoje!" Muita gente fez este comentário no último dia 6 de junho. Jorge Perlingeiro não utilizou os 15 minutos que são cedidos aos presidentes para trocas. Ninguém quis trocar. A regra voltou a ser aquela antiga , que diz que escolas pares concentram no lado dos Correios e as escolas ímpares concentram no lado do Balança Mas Não Cai. E que a escola que ascende do Grupo de Acesso abre o desfile de domingo e a última colocada do carnaval anterior abre o desfile de segunda. Para a Beija-Flor, tudo indica que este não vai ser igual àquele carnaval que passou. O vice-presidente Nelsinho David estava com a mão boa: foi ele que sorteou o dia e a ordem de desfile da azul-ebranco, trazendo melhor sorte este ano, pois a Beija-Flor desfila na segunda-feira de carnaval , fechando o desfile, do jeito que o povo de Nilópolis gosta . No encerramento da festa um dos melhores shows que a Liesa já ofereceu em seus eventos, com Martinho da Vila e a Velha Guarda da Vila Isabel, que cantaram exatamente o que sambista gosta de ouvir.

SEGUNDA PORTO DA PEDRA: "África - para cada horror, um esforço heróico" - Milton cunha . UNIDOS DA TIJUCA: "De lambida em lambida , ganhei minha vida". Luiz Carlos Bruno e Lane Santana. SALGUEIRO: "Candaces". Renato Lage, Márcia Lávia e Departamento Cultural do Salgueiro . PORTE LA: Enredo ainda não anunciado. Amarildo de Mello e Caê Rodrigues. IMPERATRIZ: "Terezinhaaa , uhuhuuu!!! vocês querem bacalhau?" Rosa Magalhães. GRANDE RIO: "Caxias, o caminho do progresso. Um retrato do Brasil". Roberto Szaniecki. BEIJA-FLOR: "Áfricas: do berço real à corte brasiliana". Comissão de Carnaval.

o Beija-Flor indica: Assistir aos jogos do Brasil na quadra da Beija-Flor.

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