Revista da Portela 2015

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fZ.edentora

A imagem que ficará como legado do Camaval 2015 conjuga o emblema supremo ela cidade-mãe da festa com o símbolo de uma das suas principais escolas de samba. A águia vestida com a fantasia do Redentor passou mais alto pela Sapucaí para consagrar a Portela no momento mais emocionante do

espetáculo. As milhares de pessoas na Avenida e os milhões de espectadores pela TV mundo afora vão se lembrar para sempre da ave de asas abertas, numa bênção camavalesca ar<ebatadora. A a2ul e bnnco cruzou majestosa a Pa.. arela para saudar sua teta às véspetat de um a.niveuário redondo. "Lnagina1Uo- 450 janeiros de uma cidade surreal» celebrou em samba (e que samba9 o anivemário da terra do Camaval, num desfile pontilhado por referências às boluas de um lugat único no mundo. Imp=ível não .. deixarlevat pela emoção. E a arquibancada cantou, como se não houvesse amanhã, o refrão «Sou cariocaJ sou de Madureita» (afinal, quem não é?), vemio em samba do "Parabéns pra você« evocado pelo bolo que acompanhava a águia gigante, para compor o abre·alao. Tradição e modemiclade deram .. e as mãos em nome da terra caaoca.


No anúncio inovador do desfile portelens e, paraquedistas e drones encantaram a Passarela, que se rendeu fel~ aos gritos de "'é campeã", antes mesmo de a escola entrar. As pequenas aeronaves pilotadas por controle remoto simularam, além de águias, bolas que emolduraram o futurista cauo do 1Yfaracanã. Os voos de pára-quedas, encerrados em plena Avenida, cristal~ aram-se como momentos anebatadores do espetáculo de 2015. Coube à Portela o ápice da festa. Quem viU;, jamais se esquece tá.

A comissão de frente, composta por impressionantes 60 bailarinos, sob comando de Ghislaine Cavalcante, atrancou aplausos do público, ao celebrar

as várias faces do Rio, de banhistas, animais da Mata Atl:lntica, boêmios e, claro, sambistas. No carro que acompanhava o grupo, a homenagem a Doclô, grande dama portelens e, porta-bandeira do primeiro título, em 1935, que morreu em janeiro, etemizada na paixão dos amantes da fOlia. Fazia sentido dentro do enredo, uma ousada aposta do camavalesco Alexandre Louzada para, inspirado em Salvador Dali, propor versões surte alistas para alguns cenários que são a cara da cidade.

Uma sereia metálica, formada por fundos de latas de cerveja, o Jardim Bot:lnico traves tido de Jardim das Delícias, o Marac anã como uma nave espacia1, o en-

contro da Princesinha do Mar com a Garota de Ipanema -tudo com leitura clara e cativante, para delírio da plateia. (Poucas coisas são mais encantadoras no Camaval do que os espectadores apontando e c ementando embeve ciclos, c cm quem está ao lado, sobre a alegoria fascinante que passa à sua frente. Dá gosto, naquela sensação de dever cumprido na arte de entreter.) A bateria Tabajara do Samba, regida pelo mestre Nilo Sérgio, temperou a festa na peócia dos 30 O ritmistas c olecionadores de notas 10. As melliores

companhias para a dupla de cantores Wantuir de Oliveira e Wander Pires, que incendiou a Avenida, num desempenho arrebatador. Os componentes cantaram com a paixão vise eral que o tempo transformou em marca dos portelenses.

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O c asai ele mestre-s ala e porta-bandeira, Alex Marcelino e Danielle Nas cimento, brilhou com sua dança mágica, para conduzir o pavilhão até a Apoteose. A guiá-los, uma deusa da festa: Vilma Nascimento, o eterno Cisne da Passarela, mãe de Danielle,

tore edores de todas as esc alas. Foram os ilustres anfitriões da at~ Glória Pires, que, com o marido o~ lando Morais e a fillia Antônia, acabou-se de sambar com sua escola de c oração. Ou recém-chegados, como Carlinhos Brovm., o rei baiano da percussão, e

mito entre as porta-bandeiras.

o ator Ailton Graça, que desfilou simpatia no papel de Madame Satã, no carro da Lapa.

Difícil imaginar tamanha reunião de bambas. Como Nilce Fran e Valei Pelé, a incóvel dupla ele dançarinos que comanda as passistas da Portela. Vencedores do Estandarte de Ouro, os dois exibiram na Sapucaí- ele, na comissão de frente; ela, à frente da ala de passistas- o estilo mágico que insptra menmos e menmas a perpetuarem a dança do samba. Benza Deus. Para delírio dos apaixonados, passaram Monarc o, a Velha Guarda e Paulinho da Viola, pró ce res de wna paixão infinita, que mobil~ a integrantes e

Além deles e dos componentes, estavam todos lá. Candeia, Manaceia, Paulo da Portela, Seu Jair do Cavaquinho, Osmar do Cavaco, Natal, companheiros do voo etemo da águia, expressão maior da Portela, patrimônio da grande festa brasileira.


A UJnlw;a~ão de ettAo~ão~ beie:J4 e r/fttAo~ n~a apre.renfa~ão UJ#A a 94rra fi'p/ca da e:UJ14~ 94ranf/ú- à Po~~ pefo 4~dtJ ano UJnletJ~.f/vo~ ~ ttAerec/dtJ lwjar no De.t;fe da! tattApeM

Rev1sta da Portela



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A elfAoç.ão d.t'fada pefb rt'flfAo prett'tuo da Tabafara do SalfAba -telfAeov. -torrt'-to-t por foda a Aven.,'da, prodv.}''n.do ~a 1orn.ada de ater,« 1v.e con.faf'ov. a plafe,'a~ o det/t.fe da Porfela fot' pv.ra en.erf'a carn.avafetca


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N/~ .ftUJt!. parado diante dM 4iJCe!!/va.r novidade! q~.~e a ~

e 8ranU11evtJil. para a Sap~~Ca; lolú fre.rcor de 1~ renal~ a Porfef4/f!'J ~a apre.ren.faç,ão q~.~e .ftcará lúartada para 4~re na lú~ór/a dal/tltõe!


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Barreto

Rev1sta da Portela

EM AZUL E BRANCO


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tt;, que fan.fM vf!jet aUJf'Apan.ki a Porteia

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f'Aa'9en.r da p,:.tfa dtJ ~al«bódrof#Ao~ etfava den.fro~ defen.den.dtJ f'Ain..$a e.rcata. Faffaf'A palavra/ para detcrever o que 4e 4en.fe ao dtJbrar a etqwita da Pretiden.fe Va~ e apon.far para a ~apt~Uí' "Portela é mais que paixão... é religião, é vida». No Camav.l de 2015, eu pude entender a fi:as e que ouvi um dia da saudosa Dona DoeM. Meu amor pela azul e branco vem da infância, quando varava as madrugadas em frente à TV escondido dos mais velhos, esperando a imagem da Águia despontando no início da Avenida. E lá se vão umas duas décadas chorando e s ouindo com os desfiles da Majestade do Samba. 1-ús dessa vez foi diferente. Eu, que tantas vezes acompanhei a Portela ali nas margens da pista do Sambódromo, estava dentro, defendendo minha esc ala. Faltam palavras para descrever o que se sente ao dobrar a esquina da Presidente Vargas e apontar para a Marquês de Sapucaí. O coração já estava acelerado antes, desde a chegada à concentração. Foi quando de pertinho pude ver a monumental Á~ia R.e dentora, sentir a empolgaç ão de outros c omponentes e ouvir os gritos de "'a campeã voltou» de quem aguardava a escola nas arquibancadas. Daí em diante, talvez transe ou catats e sejam as palavras que possam definir o que um coração portelense sente ao longo dos 700 metros que levam à Praça da Apoteose. O samba faz as vezes de oração, repetido com entusiasmo e fôlego, que acredito emanar da alma. O corpo é tomado por energia tão forte, que é quase impossível controlar os movimentos de pernas e braços. Samba; pula; cantar Logo as lágrimas escorrem pelo rosto de felicidade. Olhar para os lados e ver o público vibrando, c an-

tando junto, acenando, é algo indescritível. A certeza de compartilha; naquele momento, de algo único. Fazer parte, ainda que como um pequeno grão, da história da mais importante escola de samba do c.,. naval. O or~lho portelens e não é gratuito. Afinal que tore edor pode dize r com um largo s ot:tiso que sua escola é a maior campeã de todas, que sua escola é pre cursou de muitas tradições hoje seguidas por todas as agremiações? Enfim, que magia é essa, Portela/ Faz até os tofce dores rivais esperarem ansiosos paras e emocionar diante de seu majestoso símbolo. Que faz de ti muito mais do que uma escola de samba ... Portela é reza, é ritual .. Somos nós os teus fiéis.

Jornalista • porM"'"


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A FANTASTICA FABRICA DE


o fl.ic /nfe/rc C4nfc~ c /ncen.dJdr/c re,frãc

'se~ C4r/tX4~ 4c~ de

Madwe/ra; ~a de larnavaf de Z.Of'i cr/adc pefa Pcrtetá~ q~Je ncvai"Aenfe teve ~ Jt·nc anf~,u, ei"A 4~ ~ Talvez seja alguma coisa na água- ou, mais prováo destino de uma terra que não para de revelar bambas para o mundo. De qualquer jeito, a vocação de procluzirsambas-enredo antológicos está tatuada no DNA da Portela. A cole ção de hinos incóveis da maior campeã do Carnaval carioca não para de c resce; presenteando nossa grande festa com músicas inesquecíveis, que nas cem no Por telão, a quadra da Rua Clara Nunes. ve~

Nos últimos anos, a azul e branco da Águia garantiu lugar cativo em todas as listas de melliores da folia, estabelecendo uma dinastia invejável. As disputas na escola oferecem várias opções de qualidade, para a escolha do samba-enredo. Sai ganhando o Carnaval, que reencontra na Portela jaias novinhas, para aumentar a coleção de preciosidades do ritmo que tem a cara do Rio. Em 2015, o refrão «Sou cario c a, sou de Madureira/ A Tabajara vai levantar poeira/ Pra essa festa maneira, meu bem me chamou/ Lá vem Portela, malandro, o samba chegou", entoado pelas vozes poderosas de Wantuir e Wander Pires, dupla de intérpretes multicampeã do Carnaval, caiu na boca do povo para incendiar festas, ensaios e rodas por toda a cidade. Os versos, do samba composto por No c a da Portela, Celso Lopes, Charlles André, Vinicius F eueira e Xandy Azevedo, transformaramse em «meme», como se diz na linguagem virtual de hoje em dia, turbinando a e><pectativa para o desfile da esc ola.

Entre os autores, está um sambista de almanaque, prova suprema de que a alegria carnavalesca é ove~ dadeiro elixir da juventude. No c a, inacreditáveis 81 anos, liderou o grupo com vitalidade adolescente ao longo das noites de disputa no concurso para a escolha dos amba-enredo. No fim, festejou suas étima vitória como autor do hino da escola de coração, wn recorde. A façanha não alterou a generosidade do baluarte, que atribuiu o sucesso aos parceiros, décadas mais jovens. "Essa rapaziada foi meu maior presente. Ano passado, eles ficaram em segundo lugar, e eU;, em terceiro. Aí resolvemos juntar juventude com a experiência», contou o vovô-garoto ao «Globo». "Esse samba foi feito de uma maneira tão portelense, com tanto amor... E esses garotos já chegaram mostrando que são ótimos poetas e musicistas. Então, juntou a fome com a vontade de come r. O amor desse velho No c a e o dos meninos que estão chegando com a esperança de serem futuros Manaceia, Chico Santana, Monarca, Candeia. Temos que dar continuidade», apontou ele, que, na temporada pt:é-camavalesca, foi consagrado como o mais novo integrante da Velha Guarda da escola, a mais famosa do Brasil.


O hino de N oca e seus pare eiros noviços apenas ratificou a vocação portelense de abrigar virtuoses do samba. Pelo quarto Camaval consecutivo, a escola teve wna composição de excelência a guiar seus componentes na Passarela, nwn desempenho que impressiona público e critica. Outro fator que favorece o surgimento de composições empolgantes é a sinopse do ente do. Nos últimos dois anos, o trabalho do camavalesc o Alexandre Louzada serviu de combustível para a inspiração dos sambistas. Desemboca num nível alto dos concouentes na disputa do samba-ente do, competição que reúne torcidas inflamadas, lotando o Portelão nos fins de semana do segundos emestre do ano.

Em 2012, a esc ola conquistou o Estandarte de Ouro de samba-ente do, justo reconhecimento à for-

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ç a de sua ala de compositores. Nos dois anos s eguintes, o panorama se repetiU;, com as obras cantadas na Avenida aclamadas entre as melhores da temporada. Não há registro, na história recente da festa, de tamanha eficiência musicaL O respeito às tt:adiç ões, na escola que tem em suas fileiras talentos como Monarca, Paulinho da Viola e Waldir 59, ajuda a explicar o sucesso. A Portela ainda realiza concurso de sambas de quadra, para dar mais chance ao surgimento de novos talentos. Não é à toa que sua ala de compositores figura entre as mais respeitadas de todo o Camaval.

Ou, como ensina a letra do hino de 2015: "Tão bela, orgulhosamente a Portela/ Vem cantar em seu louvor. .."


o.&.~ f4'o a áf"'lt v~ te abrar,ar e fe~te;ar ".fé6} c,/dadeH .J~ ~~ paraUo d/vt'nd

2015 Autores: Noca da Portela, Celso Lopes, Charlles André, Vinicius Ferreira e Xandy Azevedo Puxadores:Wantui r, Richahs, Rogerinho e Cremilson.

é eu. "P-Aqu./' fet'to "Dai/' e~t< trar,o.J te retrato .Ju.rred

A natw-e-p & fot' rnertMa na C,Mnabara "for~t<OJa ~t<~~.literH detpert()IJ. ""bt'r,a, beie-p .Je~t< ,fr~t< "dei'~V'MH de Wtt "nobre jard/~t<H

Particir:a;ão especial: Wander Pires

é~ vt' o "Men,ito do f4'oH ver.Jar Wtt lt'nd/J po~a

para t'lt<preJ.J,'t:Jnar a "Prt'nWtitlM dtJ MarH .Jon/Mndo (,()ltf a "C,arota de fpan~aH

tNo bela/ or~.Ja~t<enfe a PortelA v~ c,antar e~t< .Jeu. lou-vor ô ô ô ô "tentraf' dtJ ~t<e~ brMtf titte/ro ~t<orada do f2edentor

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ESTA DE VOLTA Rev1sta da Portela


PedrtJ Pa~Jf'b Dia de Camaval e meu coração uul e branco caminhava pela avenida Presidente Vargas, apressado. Em pouco tempo, a Portela entraria na Sapucaí e todos naquela concentração sabiam que este seria um Carnaval diferente. Em 2015, a Majestade do Samba voltaria a sonhat. O atual momento da Portela talvez seja mais um capricho dos deuses do samba. Há exatamente dez anos, a Águia Altaneira desfilava sem as as e sem a Velha Guarda, em uma das maiores humilhações da sua história. Ou talvez São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro e da bateria da escola, tenha temperado o enredo sobre os 4 5O anos da cidade, em um sine retismo tão brasileiro. O fato é que o dilúvio que caiu sobre a cidade no último ensaio técnico, com direito a trovoadas à Clara Nunes, deu o ritmo que impulsionou a esc ola até a Apoteose. Quanto mais a chuva caía, mais os componentes cantavam a plenos pulmões o samba-ente do de N oca da Portela e seus pare eiros, pé rola contemporânea que rapidamente tomou as arquibancadas e se tomou um hino a expressar toda a riqueza do subúrbio: "'Sou carioca, sou de Madureira». Foi nessa diversidade cultural carioca que me formei. Em cada roda de samba dominic aliá estava o menino do Cachambi se apaixonando por João Nogueira, Paulinho da Viola, Paulo César Pinheiro, Zeca Pagodinho e tantos nomes desse passado de glórias. Aprendi em c asa o valor da tradição, da boa música, do amor ao azul e branco do pavilhão da minha Portela.

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A AtjtHa f!.edentora

A maior campeã do Carnava~ com 21 títulos, não vence desde 1984, quando dividiu o título com a Mangueira. Vitória isolada, já se vão 45 anos. Para bus car o fim do jejum que já wra tantos anos, a escola teve que se reinventar administrativamente. Mudou gestão, chamando novos e antigos nomes, trouxe gente que realmente amava e querialutarpela Portela. O terceiro lugar obtido em 2014 foi um sinal claro de que tudo c orne çou a mudar. Como se alguém ainda tivesse dúvida sobre o renascer da Portela, ela se desfez na última segunda-feira de Camaval. A Águia Redentora entrou na avenida e instantaneamente se tomou «A» imagem do Carnaval e a maior homenagem aos 4 5O anos do Rio de Janeiro. A união de dois símbolos tão intóns ecos à cidade e ao mesmo tempo tão familiares aos cariocas emocionou milhares de pessoas na S apuc aí e por todo o mundo. Eu, c orno tantos outros, c onfesso que chore~ em um misto de orgulho e amor pela Portela. Na Cidade Maravilhes a por natureza, um novo súnbolo acaba de se r incorporado à cartografia amorosa do Rio de Janeiro. Duvido que você c ensiga olhar para o Cristo Redentor da mesma forma, tão cedo. Voltamos à Apoteose como a campeã do povo: é a antiga Portela que está de volta, altiva como sempre, orgulhosa como nunca, em busca do 22° título tão esperado. Que venha 2016. Um ano de vitórias. Olimpíadas, eleições e, é claro, com a Po~ tela campeã.

5 «Y•Iário Exwu!Wo tf• C oordmafiio tf• Go•m•o Pr-foitura do Rio

entro~ na avenida e

,itJtantanea~ttente 4e torno~

"A>I ,';tta~~tt do larnavai e

a ~ttaior lvJ~ttena~~tt atU 'f-5'0 antU do IZ./o de Jáneiro'

Rev1sta ela Portela



NWtfa .t'~ão ao ;t,(~~JtdtJ db -Ja;t.(ba~ a Portela~ e;t.( poi.ICO ;t.(a/4 de ano e ;t.(e,'tJ~ ~n.&~ UJn.d/~IJe! de enfrentar M ran.del da foi/a de ~~ para ~~ lo;t.( n.~'a~lie! fra~t-~paren.te.r e re.rpe,'fo aa.r UJit?rO;t.(tJt04

Os vets os de uma das mais famosas canções de Chi co Buarque descrevem à perfeição a história de ressurreição da Portela. "Tijolo com tij alo num desenho lógico» vai se dando a reconstrução da mais tradicional escola de samba do Rio após décadas de te na arras ada. Honestidade, cautela, respeito aos compromissos e muita, mas muita ralação foanam os alie erc es da aventura. Seus agentes são um grupo de abnegados que deixaram as arquibancadas da Avenida e os amba na quadra para tourear as finanças e falta de estrutura da esc ola, que patinava na parte de baixo da classificação carnavalesca. Mssão corajosa, que teve no desfile de 2015 o desfecho de seus egundo ano, com a Portela ainda mais forte. O Rio, o Brasil e o mundo comprovaram, na Sapuc aí hipnotizada pela Águia Redentora, no ritmo de um dos grandes sambas da safra, no enredo que reverenciou a te na dos bambas às vésperas de seus 4 50 anos. Nada disso materializou-se ali por acaso ou destino. Custou o trabalho duro, suado de um grupo de jovens dirigentes do Camaval que, com apaixonada de clicaç ão, está reconstruindo a força da maior campeã da festa. Não é pouca coisa. Numa lição ao mundo do a Portela, em pouco mais de ano e meio, ganhou condições de enfrentar as grandes da folia de igual para igual. Com negociações transparentes e respeito aos c ampromissos firmados com parceiros e fome c edores, a estrutura melliorou. Ainda falta, mas o caminho está pavimentado. samba.,~

Fábio Pavão, 40 anos, integrante do Departamento de Carnava~ não se esquece dos anos seguidos


'8tú(41'Aa/ () diál!otjt'~ a d/vtlão de tarefa~ e re.rpon~ab/1/dade.t~ para extrair tJ ~tAei&or de cada ~JJtA~ por entender qM e.rUJia de 4a~tAba é WtAa cria~ãtJ Uliettva'

em que a escala era a última a apresentar o enredo - e invariavelmente, via o C amava! chegar c am fantasias e alegorias por terminar. "Hoje, conseguimos nos organizar e te aninamos o trabalho bem antes do desfile», festeja, permitind~s e wn raro s ouis o. Dá trabalho, atesta Vanderson Lopes, 35 anos, presidente do Conselho Fiscal. "Todos dormimos três, quatro horas por dia... }...{as não aguentávamos mais a situação da escola. E tínhamos a vontade de mudar. Assim, decidimos pôr a mão na massa», conta ele, lembrando a dívida superior a R$ 10 milhões que enc entraram, ao assumit:: "Bus c amos formas de sanar os problemas». De fato. Os salários estão em dia, a quadra fun-

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ciana com eficiência nos ensaios e feijoadas e a azul e branco voltou a se r respeitada pelas outras escolas, como antigamente. A cruzada tem líderes: o presidente Serginho Procópio, 4 7 anos- músico aclamado, integrante da Velha Guarda e filho do lenclário Osmar do Cavaco-, e o vice, Marcos Falcon, 50, braço operacional que se transformou numa das caras da Portela. "Buscamos o diálogo, a divisão de tarefas e responsabilidades, para eKI:rair o melhor de cada um, por entende r que escola de samba é uma criação c oletiva», prega o vic e, policial militar c ande corado por aç ões em combate. «Sabemos que só uma equipe entrosada, harmónica, conseguirá superar os obstáculos. Daí, termos criado esse ambiente de parceria».

04 Cl)l'tfatt~ttfel da e.tctJla reverenc/al'tA ttbl'tfe.t lendár/b4 ~ /e.tfa CtJI'tf()

T/a Sw/ca~ Waid/r ,9~ ta.rqiHni!ta~ Pavi/nlto da V;afa~ e CIJit/val'tA a l'tfel'tfór/a

da! próce~ Cl)l'tf() Nat~ tande/a~ Pallio ~ Pbrteia

O grupo funciona como uma usina de ideias que tem, no braço da criação de estratégias para a Avenida, a experiência e inventividade do diretor ele Camaval, Luiz Carlos Bruno. Muitas novidades apresentadas na Avenida vêm da mente fértil do excarnavalesco, com passagem elogiada pela Unidos da Tijuc a. Ele foi o criador do gigante que fez queixos caírem Sapucaí afora, no desfile de 2014. No início da preparação do desfile de 2015, a direteria decidiu real~ ar a festa de protótipos - uma das primeiras etapas da jornada de confecção do

Carnava~ quando são exibidas as fantasias- no Círculo 1Yiilita; clube sossegado, num canto cinematográfico da U rca. Uma festa para convidados teve como ápice a apresentação das roupas, numa sala a princípio escura, onde as luzes foram se acendendo na sequência do que seria o desfile.

No fim do evento, que contou com a presença ele jornalistas, camavales cos e dirigentes da festa, cada convidado ganhou ele presente uma águia ele louça, no uul e branco portelens e. O janta r te aninou numa c anfratem~ ação c cm a presença de vários baluartes. Outro ingrediente da receita praticada pela atual diretoria surge exatamente no respeito aos mais velhos. Juventude, aqui, não está acompanhada da

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arrogâncta que muitas vezes inviabiliza processos semelhantes. Os comandantes da escola se esmeram em reverenciar nomes lendários da festa como Tia Surica, Waldir 59, Casquinha, Paulinho da Viola, além de cultivar a memória dos pró ce res, c orno Natal, Candeia, Paulo da Portela. Vem de um baluarte muito ativo a mspuaç ão maior. Mestre }...{onarco, 81 anos, contemporâneo de todos os grandes que passaram pela escola, fOi consagrado presidente de honra para servir de guia aos "meninos». O sambista ancestral assumiu o cargo com energia de garoto. Dá e><pe cliente na quadra, tem uma sala no banac ão e participa de processos decisivos, como a escolha dos amba-enre do. "Fico feliz com essa juventude, que nos respeita. Estou aqui

como um sentinela. A raiz tem que ser respeitada, por se r o que mantém tudo em pé. Nos últimos anos, ninguém falava em Portela. Agora, é uma felicidade ver a preparação da escola para o desfile do jeito que está, acliantada e bonita», festeja ele, lenda do Camaval. "Antes, vinha aqui e saía meio ttiste. Agora, a Portela está feliz, com outra c ara», ratifica, num sorriso de bamba o cenário típico das construções sólidas, erguidas sobre alicerces de afinco e amor.



o parailtJ é aq~

na~

dara NWtet (ela jt(e/jt(a~ -taive C,~J.erre/ra)~ a qMdra da PtJrte14~ UJ!tlat;rada~ ntU 6ff/jt(a/ db/4 an~ UJjt(tJ a cap/taL db enfrett,'jt(enttJ carnavaietUJ Nos últimos tempos" vez ou outra, o céu dos

bambas tem amanhecido mais iluminado do que o habitual, por causa da Guerreira. Ela surge cedo, toda de branco, rodopiando serena, o sorriso apote· ético, e•palhando paz e alegria ao redor Fica tudo ainda mal$ azul, vai entendet Numa esquina"a moça cruza com o mestre, sempre impecável n o seu temo

de linho, o chapéu panamá a cobrir a cabeça. Dá gato.

"É hoje, chefe. Na rWnha rua, na nossa rua», f ... teja ela. "Ó, o povo cantando, bem como o ..nhor inventou... É feito uma reza, um ritual». Os outros começam a chegar -o da cadeira de rodas, o patrono e te mo, todos, todos -; para prote · gera fe•ta lá embai><o, embalados pelo canto feliz da Guerreira. V &m mais bambas, de verde e rosa, verde e branco, veanelho, em outros azuis, todoo junto•, convidado• etemos para a batucada que junta o céu e a terra do samba. Porque o paraíso é aqui, na Rua Clara Nune• (ela m .. ma, •alw Guerreira), a quadra da Portela, con· sagrada, noo últimos dois anos, como a capital do entre.n imento camavalesco na Teua. Após um lon~

go pe do do de melancolia, o espaço voltou a lota~ ecoando ao ,.. ultados que a escola tem conseguido no último• desfi les.


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Uma visita à quadra vale demais a pena. Refot· mada pau o Camaval de 2012, o espaço, na fton· teira entte Maduxeiu e Oswaldo CrU2 -coraç ão da terra dos bambas-, virou ponto obrigató rio para os cariocas que amam a cidade, brindados com espe· táculos da alegria e samba, no padrão portelense da qualidade. O p<Íncipal evento é a Feijoada da Família Porte· lense, evento consagudo que acontece desde 2003, sempre no pD.meiro sábado do m ês, atraindo per.. to de 8 mil pessoas a cada edição. Agora me•mo, na tempoada pté-camavalesca de 2015, a quadra esteve lotada em toda a fase de eliminatórias do concu!SO que escolheu o s amba-enredo. O assédo continuou nos ensaios de comunidade, nas noites de quarta-feita, e nos ensaios-sho"> às sextas. Uma multidão acorreu ao ninho da Águia, pata curtir o samba impecável da maior campeã do Camaval. O povo se es balda no espaço regado a baldes de cerveja gelada, petiscos vaáados e a conviv&n· cia com bambas inct:íveis. O principal encanto vem

de casa: a Velha Guarda ShQ"ó virtuosos portelenses que ensinam o samba nas reuniões da escola. Assistir aos mettres do ritmo mais carioca virou progu·

ma da cidade inteira. Nio pata ai. Passaram pelo palco do Portelio como convidados das feijoadas no pós-Carn aval da 2014 Teresa Cástina, Be th Carvalho, Nil2e Carvalho e o Sururu na Roda, Nelson Sargento, Zeca Pago· dinho, Paulinho da Viola, Fundo de Q>intal, Leci Brandão, Robe rta Sá, Adindo CrU2 e Maria Rita. Grandes nomes do samba, emblemas da melh or cara do Rio, cantando pata multidões emb evecidas em sábadoo inesquecíveis. Um deles, batizado "A noite veste azul», reuniu a

mais famosa Velha Guarda do Carnaval com M3tioa Monte e Paulinho da Viola paa um recital aos fiéis da roligiio azule btanca. Q>em viu, jamais se esque· cerá. Diogo Nogueira marcou presença na se~nda edção do evento, com a quadra novamente lotada.


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Mas as feijoadas são o must do lugar No primeiro sábado de cada mês, a Portelarecebe personalidades da música, sob tempero do feijão preciso oferecido aos frequentadores. Poucos eventos são mais cari~ cas. Não por acaso, personalidades como Aguinaldo Silva, autor da novela "Império», e Glória Pires, a at~, estão entre os habitués do Portelão. O n~ velista, aliás, comandou, nwn ensaio em fevereiro passado, caravana que rewtiu os atores Paulo Betti,

Ailton Graça, Cris Vianna, Daniel Rocha, Leandra Leal, Marcelo Serrado, Flavia Alessandra e Viviane Araújo no ritmo da Tabajara do Samba, a aclamada bate ria da escola. 1-{ariana Ximenes foi outra a respirar os ares de Madureira, na feijoada de fevereiro,

quando mestre No c a foi apresentado oficialmente como integrante da Velha Guarda Show. A festa, de tão intensa, transbordou dos muros do Portelão. Os amantes do bom samba passaram a incluir entre seus programas obrigatórios os en-

saios de rua, na Estrada do Portela, na divisa entre Madureira e Oswaldo Cruz, e na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho. Nos domingos de verão, os componentes da escola formam, numa simulação quase real do desfile, para cantar o hino azul e branco como se não houvesse amanhã. Sem que ninguém precisasse divulga; o boca a boca correu pela cidsde- e hoje, vem gente de todo lado, assistir ao espetáculo gratuito e mágico. Poque, para quem ama os amba, a Portela é o céu.


Rev1sta da l::lortela


Dodô

"orrr

lapíM!o do 1/vro ~IJ.I!tere.r /ncrívet.r do

larnavai C4r/oca"> de Aljdano André Motta> dentro da coieÇ-ão tadernat de Sa~a> da \leuo FJra.t/1 fdlfora Uma das capitais da politeísta religião chamada C amava!, Madureira embate ou numa emocionante viagem ao passado no desfile de 2004. As três escolas da região levaram à Passarelas ambas e hist~ rias de tempos glories os, para encantar a plateia. O Império Se nano ressuscitou "'Aquarela brasileira», preciosidade criada por Silas de Oliveira para a festa de 1964; a Tradição pegou emprestado «Contos de areia» (1984), da Portela, seu berço; e a azul e branco da Águia presenteou o público com "Lendas e mistérios da Amuânia», obra-prima que passou pela primeira vez em 1970. Junto, celebrou uma pioneira da folia, consagrada madrinha de sua bateria: Dodô. Não era pouca coisa. Aquele lugar à frente dos rit:mistas estava há tempos reservado (salvo exceções) para "'modeletes», marambadas e oportunistas em geral. Numa prova- mais uma- do feitiço que só o Carnaval ostenta, a plateia de turistas decifrou o significado da cena e bateu palmas com vontade. Liderada pela veterana (entre outros baluartes), a Portela fez seu melhor desfile em muitos anos. Quando a maior campeã da folia carioca decidiu escalar uma senhora, então com 84 anos, para ocupar o posto, encenou um espetáculo de dignidade. Magra, impecável em azul Portela, o olhar altivo mirando o horizonte, entre acenos majestosos para o público, Dodô dizia tudo sem falar nada - nessa Avenida colorida, ela chegou primeiro.

·~·~·~·~·~ ·~ ·~·~·~·~·~

Não na do sé cuJo XXI, gigantes ca e c osmopolita, mas na que deu origem à odisseia dos bambas. 1Yfais precisamente, na noite do domingo 3 de março de 1935, guardada por seu Antônio, o mestre-sala, quando ela conduziu o pavilhão pela Praça Onze até o primeiro título da Portela, com apenas 15 anos. Num tempo em que adolescentes não se misturavam com sambistas- ainda associados a marginais) por causa da lei dos brancos que até pouco antes os pe t:Se guia J Dodô quebrou regras em nome da paixão descoberta pouco antesJ que lhe acompanharia pela vida afora. Maria das Dôres Rodrigues chegara criança, aos 4 anos, de Barra Mansa, no sul do estado do Rio de Janeiro, onde nas ceu. Mgrara com a mãe, OtíliaJ e os ianãos para a capital, fugindo da miséria que assolava o Vale do Paraíba em razão da decadência da cultura cafeeira, e foi morar no Morro da Providência (a primeira comunidade popular carioca) antes conhecida como Favela, o nome que a história transformou em gênero), atrás da Estação Central do Brasil. A famílias e instalou numa cas a ampla, no fim da Ladeira do Faria, junto à Ladeira do Barroso, bem no alto da encosta. Para os brasileiros que viviam pendurados nas favelas - berços, bem a Deus, da cultura popular -, desafiando o país historicamente hostil aos pobres, a vida profissional começava cedo. Para Dodô, pouco antes de completar 14 anos, quando conseguiu um emprego de empacotadora numa fábrica à Rua Vis conde de Gávea, no pé da Providência, que produzia embalagens de papelão para a Casa Granado, tradicional rede de farmácias do Rio. Quis eram os orixás que ela fosse trabalhar na mesa comandada por Doralice Borges da Silva, ou somente Dora, outra jovemJ moradora de Oswaldo Cruz, subúrbio do ramal da Central. Com ela trabalhavam Rosinha, Laudelina e :Miranda, vizinhas de bairro e parceiras na V ai Como Pode, escola que existia por lá. Na hora do almoço, Dodô, a caçula delas, ia come r em casa, ali perto. Um dia, Dora convidou: «Amanhã, tru wna marmita e fie a com a gente, voe ê

Rev1sta da Portela


\llÍ gosor"~ No cll sepüce,. :a. n.ovm. de:sooblil sm nuuvilu put'btlal' & co~epsconUmnpilhmen­ te pa:n umtar ui o Am do btf!l""4lo., N nrando e

onu.ndo mits:bs d:L ecoa Dod8 t\cou tnanta.& com :a.que.e lillno., a.que.e ba.lhdo. Mas st ltmbrou que, nu pouas vezes em qte vira u.nu tscob de n mbt, notou especialmente a ptesença de uma componmte que rodopiava., majestosa, coma ba.ndeln. E tchou seu lugar «Peguei nteugu.ard.l~pó, prtnd.i munctbo de vassoun ecomeoeia rodu", rte:ordl ela, h~idl e be:m-humon.da, que ptem.b. stUI traerlocutow comt memólia prodigiosa, o voobulhio divertido dos sambinas e um sem -número dl1Ut6riu incríveis.

Dodô âwoc<lu todo o unorqw setttà pelo smtN

pua conwnctr 1 mã; 1 N-b de boDde nê Osuld.o Cruz:. nizf\o élos bamNs eulidos m Vti Como Pode. hWo. o lídtrq,ut vhril lmlb. com o sobrenome ••d:J Ponell'' (a,&nho,.tliis, mtes da crilção W. esc oh, por a uu d.o tn&ueço,. Es tnt:h do Porteh), achou um dnpropósito. •"Não di, ela é muito nova, uma ctill'\ça", rtprovou. D o1a 1:il1ha. certen. de stu esconu t insbtiu, l.fiUJ't'éntlndo com os ensaios da hon do almoço l\1 tlbrieJ. Seu Antônio. o n•:&tw-sala, foi convoctdo. «vê se essa nwúro. di pan. porta-butd.ein.. Se det; tudo bem.., determinou o e hafe Nesse prirreiro en:ontro, o proftssor deu u dias de como funciomria m piso., Quando Joau o lenço pm. cina, qua.ndo esticu 1 mio. qua.ndo pedir a mio da pu:eita. No fim do cuno tnsa.io. tle voltou a Paulo com 1 n-:s· posta - m vtr4l4e, Ull\l p;ofe:ia: "'Essa :me:ttim vai ser uma. &nndt po111-bande.b.''

sair eampü da. Pn.ça Onze, gm.ntiu lugar entre os portel!!nsts ti se:nctw.

f.) As ll;mbnnçu ébs jwtm jomadls arm~

sio apaixonanas,como eb. mesmo des~ lSOtU tocu o siNl, vooê entra», avisou seu Antô~ n1 ú.:r1o contrllJWii'o q ue deu à sua nova pu:ein, ro. hon. d:L tpastnD.çi'o. •"Nitlguém me ensinou, foi na prn'', con1i.rttQ. O odô, que, depois de ·~ndo

Re•11sta da P01 tel a

en~vil n ao s:it Dttnocncil Vin., do Portal do Instiruto BusUti:o dt A:lálses S o::Ws e Ec onômi~ ca.s (Iba.st), tm2004, •"Na Porteb, semp1e fui m.do muito tmociolUrat,,, A ca.t:h novo cunpeomto, os


Dod/J compositores rre catNgavam no colo. O tesulrado ea m hon, e os jw:ados não ficavam longe como hoje. E~s olhavam e pegavam m ban&tila, botavam a mão m roupa da porta-ban~ e do mestre-sala, olhavam toda a nossa elegância. Nós dot não podíamos de jeito renhum duas costas pua os julados, a geme tinha que dançar ollando e sonindo pan eles", relembrou, desctewndo o julgamento da época, qw avalilva a bandein, além do casal Com o pavilhão pomlense, Dodô ganhou outros dez títulos -sete deles consecu.tillos, na D.mosa sequên:ia de 1941 a 1947 -. m competifão cama.valesca q~ peregrinou pela Pnça Onze e pelas Awnidu Rio B:tanco e Presidel1le Vargas. Seu. guru, Pudo di Ponela, este-<le com ela e com a esc oh somente até 194 t, mas rompeu antes do Cana.vale se mu.dou pana peq,wmina Lin. do Amor (Um dos mat importantes sambistas de todos os tempos, ele momu em ;miro de 1949, fulminado por \Ul\ erd'àlW,. aos 47 anos.) Mas Dodô já en da azul e bnnco, muito além de noll\eS e pessoas. No fim dl &!cada de 1940, a escola ganhou um patrono lendário, o bi:heiro Natalino José do Nascimettto, o Natal da Pomll,líderfom m lunnonia dl Avenida. e no xadrez dos bastidotes. Pano Cat<· naval de 19!J7,ele estava encantado com o talento de uma jovem porta-bandein. clwnadl Vilma, e procurou. a titular "Dodô, ela q~r ser porta-bandein", aniscou, recebendo n::oposta lacôni:a- e digna: "O pavilhio estáàs ordens." Como o amot;. quaudo legítimo, despreza postos e vaidldes, a prilreil:a ca.mpeã coma Pomll aceitou o caplicho do chefe e foiser segunda porta-bandein. Semcrioe. Reestreouno novo cargo dia 3 de mat<ço de 19!17, cruzou. a Rio Bnnco com o empenho e a competência de sempte, pan couquiotar nais um titulo, sob o enredo «Legados de D. Joí'o Vl". A azule bnn:o de Oswlldo Cruz tnmfornan-se mun dream ~am de bambas, e Dodô passou a conviver com ~das como Candeia e Mol'W'Co- além di própril Vilma, que justü\cou o ptest~o com seu taleuto impecáwl. A bandein. da águA estava em

•.•.•••.••I I •I.. . . .

boas mãos. Até 1960, a Portela foi tetnca.mpeã, resultado da competên:ia de seus caques m Avenida. e do tnbalho iltlenso do patrono Natal nos bastidores. D odô cmduz::i.u.a "segunda" band.ein. ainda ms vitórils de 1962., 1964 e 1966. Neste úlrimo, o do enredo "Memórias de um sargemo de milícias"- calllado no samba de um jovem con1positorclwnado Paulinho di Viola -. esperou ~mtinar a festa e comunicou que fon seu denadeiro desfile como porta-band.ein. 'Iüüu 46 anos e imctediláwis dezoito útulos. Consolidada como baluam, assumiu novo posto como conwtdan~ da All dls Damas ~noedon do Estandarte de Ouro em 1991). Na primein. metade dl déca.da de 1970, a escola. ganhou novo pn::oidatl»l, o bi:heiro Carlos ~~in. M:artim,. o Carlinhos Mancani', q~ presenteou O odô com uma loja dentro do Porteli'o, a quadn imugun.da em 1972. Lá, re::ebil os t\Uiitas no litmo de re::ordlções emociolWl.Ws e tnses divertidas, pan vender camisetas e sweniles da Pomll, até q~ outro presidente, Nilo l"igwiledo @00!1-2013), &chou. o lugar Eleito em 2013 pano cargo, o partideiro e cavaqu.inista Sergillho Procópio, inwgnnte da funosa Vella Guuda dl escoll,1bjusti;a à gn.nde pomlense e devolveulhe a lojl m quadn,. tefonnada emZ01Z.

( ) O passa do de glórils es tari pan sempte ptesent»l na vida de D odô, que, qwse um século depois de iniciar sua jona.da camavalesca., continuava desftllndo além dos 90 anos de id:J. de, lú:ida e feliz Ell viu tudo -todas as sucessons no quesito do qual foi ptectnon, os bambas lendbios da gnnde festa carioca, os desfileõ da pioreil:a Paça Onze à milionária Passarela do Samba -e sabe o valor dJ. alegria. A polllo de, no ballrço que se permite faur da própril vida, não ter dú.vidi. "Na outn encamação quero vir eu. Do jeito q~ eu sou" O Cana.val só tema agadecer

Re"sta da Portela



Passado e fub.u:o do Carnaval enc entraram-se no

epílogo ela maratona de folia, no altar dos bambas - ou bambinhas, os Fillios da Águia, a escola mirim

da Portela. Com 540 componentes, os herdeiros ela mais brasileira das artes cruzaram a S apuc aí empol-

gados e afinados, sob o enredo "Paulo da Portela, o mestre do samba». Os jovens ela escola e o público do desfile ela Terça-Feira de Camaval puderam conhecer a história do principal fundador da azul e branco, um dos s ambistas mais importantes de todos os tempos. Passaram pela Avenida uma uma alegoria e 13 alas, descrevendo a traj etória de Paulo Benjamin de Oliveira. A confecção elas fantasias ficou a cargo de profissionais formados nos projetes sociais da Portela. O enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Luciano

Moreira, de 30 anos, também frequentador das oficinas gratuitas que a escola promoveu em sua quadra. Entre as crianças, uma presença ilustre. Marisa Monte, a cantora apaixonada pela Portela, acom-

panhou de perto, como madrinha ela escola mirim (o padrinho é ninguém menos do que Paulinho ela Viola). A atriz Femanda T6rres fOi outra a prestigiar o desfile, que contou ainda com as presenças de nomes de expressão da escola-mãe, como o presidente Serginho Procópio, o primeiro-destaque Carlos Reis e a rainha de bate ria Patócia Ne ty.

A escola mirim, presidida por Pedro Fatia, teve como coordenado~geral de Camaval o compositor Celsinho de Andrade. O objetivo principal é apreservação dos ógidos parâmetros culturais que orientam o trabalho ela Portela. No desfile que reuniu, além da Filhos ela Águia, outras 15 filiadas a Associação das Escolas de Samba Mirins (AESM-Rio), não há competição. As pat· ticipantes são premiadas com o troféu Olhômetro. E a escola mirim de Oswaldo Cruz e Madureira foi agraciada como a de mellior ala de passistas e a de melhor bateria, dos ritmistas comandados pelo mestre Madon Costa, de 16 anos, também integrante da Tabajara do Samba, a orquestra principal da azul e branco de Madureira e Oswaldo Cruz.

OljovettJ da et~ e b p,;bt,'ctJ do ~ da Terç,a-Felra de tarnavaf pllderaitA ctJnltecer a llltór/a de Pa~ da Pbrteia~ (IJt( dai 4aiWbiltM iWa/:.t /wptJrfan.fet de fl)da/ lU 1-ewpt.U


FELIZ NOVO

Portela 4aUJde o l'úWt.do db 4a~'úba ao UJntratar Pavlb 8arro4~ rande nOI'úe da /e.tta~ para de/envolver 4e;;. de4fe de 2..016~ n~ piano q;;.e pretende UJitf'wjar o talento e owadla db artt.rta à l'ú~'ca frad/~ão da e.rUJia

Rev1sta da Portela


O Carnaval ele 2016 começou na Portela logo após o encerramento da festa de 2015, com uma notícia que sacudiu o mundo do samba: a contratação de Paulo Barros. Em reunião na tarde da quarta-feira, 25 de fevereiro, o artista recebeu no seu apartamento, em Ipanema, o vice-presidente e supe tvis or

de camava~ Marcos Fale on, o presidente de honra,

mental pata o c tescimento da Tijuca, que ganhou três títulos com desfiles criados pot ele". O recém-chegado na Portela encarou as declarações dos baluartes como decisivas para sua

escolha. 'Tive uma aula de história da Portela e uma aula de samba. É um praz et ter a oportunidade de

Monarco, e o campositorNoca para acertar sua chegada à azul e branco, com o objetivo de acrescentar talento e ousadia- suas principais assinaturas -à

estar poder colabora; pela primeira vez na minha carreira, com uma escola repleta de estrelas», agra-

ttadiç ão da escola.

tam, assistindo aos desfiles. Agora comecei a c onhece r a alma deles e me encantei. Recebi em minha casa dois monstros sagrados dos amba. Ouvir o que ouvi deles me fez muito bem. Eu me senti no meio de dois verdadeiros gurus», exultou.

Fai wna conve 1.'$3 de aprendizado para o grande nome da cenogtafi a c amavales ca da atualidade. Monarca, líder da Velha Guarda ShO\>l e Noca, consagrado como o mais novo inte gtante do grupo, c ontatam a Paulo B attos o significado de integrar

deceu. "Já conhecia o estilo que os portelens es gos-

O vice-presidente 1-{arcos Falcon

confessou~ e

a Família Portelens e. Para isso, desfiaram momen-

admirador do trabalho do camavales co. Lembrou

tos importantes do passado da agtemiaç ão, ele cisi-

que a Portela vem inovando em seus desfiles nos

vas para o tamanho e a importância cultural da festa canoca.

últimos dois Camavais, mas que ainda pode dobtat a aposta da ousadia. «Os desfiles do (Alexandre) Louzada em 2014 e 2015 foram inesquecíveis e entraram pata a história da Portela. A Águia deste ano é a ima-

O presidente de honra não fez por menos, citan-

do ninguém menos do que Natal, o lendário líder do samba. «A história portelense sempre foi ele inovação. Foi a Portela que criou a comissão de frente e o apito

na bateria, pot exemplo. Foi a Portela que pôs pela primeira vez uma mulliertocando surdo», listou 1-{onarco. "1:\l a época em que o N atai era o braço forte, tudo o que fuia sucesso em outra escola, tudo que tinha muita repercussão, ele mandava buscar para a

gem que se vai se perpetuar. Conver:s ei com ele, que entendeu a minha necessidade de mudat: É um pr~ fissional que sempre encontrará as portas da Portela abertas», garantiu o dirigente. "l\Junca escondi de ninguém que sempre fui fã do trabalho do Paulo. Sempre imagine~ mesmo sem ser ter cargo de di reteria, que seria interessante tê-lo na escola, juntando

a ousadia dele com o estilo e a tradição portelenses.

Portela. Então, garanto que se o Natal ainda estivesse

A oportunidade veio agora e, com o aval da nossa

por aqui, esse rapaz, talentoso e criativo do jeito que é, já estaria com agente há muito tempo».

Velha Guarda, não poderia deixar escapar Agora é trabalhar muito, corrigir as falhas e dar condições de

N oca lembrou-se ele quando conheceu ele perto o potencial do novo contratado. Único fundador vivo do Paraíso do Tuiut~ o compositor recorda

o desfile criado pela então promessa no Grupo ele Acesso ('Tuiuti desfila o Brasil nas telas de Pottinari", quarto lugar na segunda divisão da folia, em 2003). "Ele fez um dos trabalhos mais criativos que eu já vi, que chamou a atenção do Fe mando Horta, e ele fOi para a Unidos da Tijuca», descreveu N oca. "E, por

mais que digam que não, o Paulo Battos fOi funda-

traballio ao novo camavalesco, assim como temos feito nos últimos dois anos», planejou o vice-pre-

sidente, trabalhando pata que a Família Pottelens e tenha um feliz Camaval novo.


Quadra: Rua Clara Nunes, 81 -Madureira- Tel (21) 3256-9411 Barracão: Rua Rivadávia Ccrrêa, 60, barracao 3- Cidade do Samba- Gam boa www. grespcr1ela com .br Twitter.com/portelanoar lnstagram: faoebook.com/portelanoar ou @portelanoar @ofi cialportela Youtube. com/ofi cialportela Presideme de honra: Monarco

Rei da percussão: Carti nhos Brown

Presideme: Serginho Procópio

Casal de m esue-sala e porta-bandeira: Alex Marcelino e Danielle Nascimento Primeiro destaque: Cari<E Reis

Vice-presidente e supervisor de carnaval: Marc<E Falcon Enredo: "lmaginaRIO, 450 janeir<E de uma cidade surreal"

Diretor de barracão: Mdsés Carvalho

Carnavalesoo: Alexandre Louzada

Número de oomponemes: 3.800 Número de alas: 40

Diretor de carnaval: Luiz Carl <E Bruno

Número de alegorias: 7

Depanamemo de carnaval: Fábio Pavao, Fabio França, Moisés Carvalho, Jcrge Ipanema, Marc<E Aurélio Fernandes, Luciano Luck e Claudinho

Número de tripés: 1 Galeria da Velha Guarda: Florinda Rodrigues

lmérprete: Wantuir de Oliveira, com participaçao especial de Wander Pires

Ala das crianças: Cristina Ribeiro

Diretor musical: Vicente Felisberto Comissão de freme: Ghislaine Cavalcante Comissão de ha-monia: Leandro Gerrn ano, Jcrge Pitanga e Washington Jcrge

Ala de baianas: Jane Carl a Passistas: Valei Pelé e Niloe Fran Assessoria de imprensa: Simone Fernandes Depa-tam ento de Imagens: Ricardo Almeida e JRicardo(fctos) e PH San! CE (vldeos)

Mestre de bateria: Nilo Sérgio

Mídias Sociais: Vinicius Ximenes e Paulo Renato Vaz

Rainha de baeria: Patricia Nery

Divulgadora: Flor de Maria

Revista da Portela

Impressão: GrafMec

Editora e jornalista responsável: Simone Fernandes (MTb 44781181) Projeto gráfi oo e diagramação: Raquel Cordeiro Fotos: Ricardo Almeida, J Ricardo e Asccrn I Riotur (Alexandre Macieira, Fernando Maia, Gabriel Santos, Marco AntOnio Cavalcanti, Raphael David e Tala Barreto), lrapuaJeferson Foto da c~ a: Ricardo Almeida Consultoria: Aydano André Motta

Revrsta da Portela

Tiragem: 5 mil exemplares Distribuiçao gratuita Proibida a reproduçao sem autorizaçao fcrmal dos editores. Venda proibida

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