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| Editorial | Sonhar e lutar sempre, desistir jamais
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arece que foi ontem. Relembro ainda hoje quando o sentimento ainda era só de festa pós-carnaval com aqueles que, assim como eu, de alguma forma fazem parte do mais envolvente e cobiçado entretenimento do planeta. Passados tantos anos, a essência é a mesma: integrar e valorizar estes profissionais, na maioria anônimos, e que trabalham em bastidores nada convidativos.
Ao logo dessa caminhada, que em breve completará dez anos de existência, agraciamos aproximadamente 550 trabalhadores com o prêmio, o que nos proporcionou diagnosticar a relação da indústria criativa do carnaval para com esses profissionais. Dessa visão veio o debate sobre a valorização e a importância destes artífices, que ocupam barracões e ateliês informais, produzindo e criando o que mais tarde será visto e admirado como o maior espetáculo da terra, digno de exposições nos mais renomados museus. Se me perguntarem se valeu a pena todo o esforço de dar continuidade a um projeto que não tem, ainda, apoio das instituições que mais se beneficiam com os números produzidos por ele, a resposta vem quando menos se espera. A cada edição, são tantos os momentos a que assisto e me emociono ao ouvir, de pessoas com as quais nunca tive contato tão próximo, que passa a ser algo intangível. São palavras de desabafo, agradecimentos e reinvidicações das mais inusitadas, oportunizadas pelo simples fato de estarem, pela primeira vez, num palco iluminado, com um microfone e sendo ouvidos. Naqueles minutos, eles são reverenciados e vistos como os trabalhadores dignos que são, representantes de uma classe ainda não reconhecida e respeitada, como devem ser todos os trabalhadores e cidadãos de uma nação justa. Essas e
E ainda conta com os seguintes benefícios:
outras falas sempre acendem a discussão: por que é que no segmento carnavalesco ainda não se valoriza, não se dá oportunidades e voz a quem realmente faz? Pra tudo não se acabar na quarta-feira, é necessário que se saiba que toda produção cultural
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e artística é realizada no plural, sem haver a necessidade de um único protagonista. Que, por mais que a ideia nasça de um único personagem, serão necessárias muitas outras mentes e
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mãos para que ela seja posta em prática e realizada na sua plenitude. Para se construir, o melhor dessa “oitava das sete maravilhas do mundo” – como dizia o gênio Joãozinho Trinta com toda propriedade – é necessária que esta seja a visão de todos.
José Antônio Rodrigues Filho Gestor Cultural
Revista Plumas & Paetês Cultural 2014
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| Sumário |
| Expediente |
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GALERIA 2013 - Melhores momentos da premiação.
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REDAÇÃO
Idealização e direção: José Antônio R. Filho Produção executiva: Plumas & Paetês Cultural Coordenador de Patrimônio: Gustavo Luiz Coordenador Administrativa: Elisa Santos Editor: Tiago Ribeiro Revisão / Editoração: José Antônio e Tiago Ribeiro
HOMENAGEM - A Rainha da Folia no Rádio.
CAPA - As Rainhas da Bateria
As rainhas de bateria, Renata Santos, Patricia Nery e Bruna Bruno, fotografadas por Marcos Mello e Bruno Mello, com produção de Anderson Ferreira e José Antônio, Make Bruna Bee. Fotos realizadas no Museu do Rádio | RJ.
Também nesta edição
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GESTÃO DE CARNAVAL - A Primeira década do
GUIA CULTURAL - Carnavalia | Sambacon
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Plumas.
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HOMENAGEM - A Era do Rádio e os figurinos das estrelas.
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Capa Foto Marcos Mello e Bruno Mello Produção Anderson Ferreira e José Antonio Modelos Bruna Bruno, Patricia Nery e Renata Santos Make Bruna Bee Figurino Anderson Ferreira e Fátima Vieira Textos Jorge Castanheira, Antônio Pedro Figueira de Mello, Luiz Carlos Magalhães, Fábio Fabato, Tiago Ribeiro, Valéria del Cueto, Evandro Gomes, Lílian Gutman, Alessandra Ciambarella, Rafael Almada, Fernando Tenório, Guilherme Vasconcelos, Deo Pessoa, Madson Oliveira, Zéllo Visconti, Rafael Menezes, Letícia Vianna e Felipe Ferreira Fotografia Bárbara Alejandra, Lucia Mello, Marcos Mello, Bruno Mello, Valéria del Cueto e acervo Riotur
Jornalista responsável Tiago Ribeiro | Reg. 4412/RJ
GESTÃO DE CARNAVAL Seleção do Plumas.
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AGRADECIMENTOS Luiz Gustavo Mostof, Américo da Costa Borges, Marcelo Veríssimo, Jorge Castanheira, Miro Ribeiro, Thatiana Pagung, Glória Salomão, Janira Belmiro, Gustavo Cardoso, Paulo Ribeiro, Henrique Filho, Leninha Motta, Maickell Abreu, Jorge Fialho, Anderson Ferreira, Rogério Madruga, Izaquis de Paulo, Rodrigo Baiano e a todos os que contribuiram para a realização da 10ª edição do Prêmio Plumas & Paetês Cultural. Todos os direitos reservados, Proibida a reprodução sem autorização prévia e escrita. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade dos respectivos anunciantes. Todas as informações e opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores, não refletindo a opinião do Plumas & Paetês Cultural.
GESTÃO DE CARNAVAL Carnaval é coisa séria
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COLABORAM NESTA EDIÇÃO
Produtor e Projeto Gráfico Levi Cintra Impressão Gráfica MEC - Rua Visconde de Santa Isabel, nº 420 - Vila Isabel - Rio de Janeiro - CNPJ Nº 42.459.891/0001-99
GESTÃO DE CARNAVAL 10 anos em números.
CATEGORIAS PREMIADAS - Carnaval 2014
Revista Plumas & Paetês Cultural 5ª Edição - maio 2014 Tiragem: 20.000 exemplares Circulação Gratuita - Venda proibida www.plumasepaetescultural.com.br
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| Mensagem |
O
ano de 2014 é especial para a história do Rio. Ano de Copa do Mundo no Brasil, com a grande final no nosso Maracanã. Mas a festa mesmo começou no carnaval: este ano comemoramos 30 anos bem vividos da Passarela do Samba, grande responsável por consolidar o nosso carnaval como a maior festa popular do planeta. É um grande motivo de orgulho termos trabalhado para a conclusão do traçado original completo da obra há dois anos, com a construção de forma espelhada das arquibancadas para o lado direito da Marquês de Sapucaí. Mais lugares, mais conforto e a alegria de ver o mestre Niemeyer contemplando em vida a concretização de um de seus mais emblemáticos projetos. Desde o ano passado, com a junção dos grupos A e B em um único Grupo de Acesso, o espaço ganhou uma noite a mais de desfiles na sexta-feira. Tinha tudo para dar certo – e deu! Com a diversão ampliada e, ainda, com o absoluto sucesso de público e de organização, o formato de quatro noites de desfiles se consolidou e também manteve a transmissão televisiva.
Antônio Pedro Figueira de Mello, Secretário de Turismo da Cidade do Rio de Janeiro
Este ano também comemoramos a marca aproximada de 550 profissionais premiados nas dez primeiras edições do Prêmio Plumas & Paetês. Quão maiores as oportunidades, mais estimulados para criar e inovar se sentem os envolvidos no processo criativo do carnaval. Na quadra de cada escola, um pequeno exército de amantes do samba, formado por pessoas de formações mais diversas, trabalha duro nos pequenos detalhes enquanto conta as horas para o grande momento chegar. Carnavalescos, bailarinos, costureiras, marceneiros, diretores de ala, encarregados de empurrar os carros alegóricos pela Passarela do Samba contam os minutos que faltam para entrar na Marquês de Sapucaí com o pé direito e o samba da escola na ponta da língua, na certeza que seu empenho, sua dedicação e suas ideias fazem parte da força motriz que transforma o carnaval carioca no maior espetáculo da Terra. Nesta edição, a Revista Plumas & Paetês Cultural busca, mais uma vez, atrair uma novas geração de leitores, trazendo importantes legados deixados por grandes personalidades da nossa cultura e estimulando a participação de profissionais, empresas, poder público, comunidades e instituições de sociedade civil, que em sua maioria exercem suas atividades nos bastidores da economia criativa, valorizando suas ações empreendedoras voltadas para políticas públicas e ações de responsabilidade no âmbito cultural. E 2014 também será o ano das Rainhas do Rádio, em que a Revista Plumas & Paetês Cultural celebra as grandes damas da música brasileira. Um justo reconhecimento para um dos maiores momentos da expressão popular e cultural brasileira, que ajudou a criar uma cultura de massa em torno da música no nosso país, estimulando toda uma cadeia produtiva e criativa de revistas, discos, concursos e fã-clubes dos astros e das estrelas. Nesta época, auge da Rádio Nacional, o rádio também assumia a tarefa de estimular a produção carnavalesca, ao lado dos musicais da Atlântida. Uma alegria ver a música que se produzia na Praça Mauá ser reconhecida e valorizada no ano em que comemora 90 anos.
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Revista Plumas & Paetês Cultural 2014
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| Mensagem |
ADRIANA LIMA Top model internacional
30 anos Inesquecíveis
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or muitos anos o grande sonho dos sambistas foi possuir um lugar próprio, adequado, para realizar os desfiles das Escolas de Samba. O chamado monta-desmonta anual, com todas as críticas advindas por parte da sociedade eram duros golpes na autoestima de quem, quase sempre, tinha sua arte marginalizada e incompreendida.
Jorge Castanheira, Presidente da LIESA.
No fim de 1983, com a vontade política e a determinação do então governador Leonel de Moura Brizola e seu vice, o antropólogo Darcy Ribeiro, além do talento do arquiteto Oscar Niemeyer, iniciou-se a construção da definitiva Passarela de Desfiles, na Rua Marquês de Sapucaí. O tempo exíguo para a conclusão fez com que muitos duvidassem da realização do sonho. Mas o projeto tinha hora marcada para ser concluído. E assim foi. No Carnaval de 1984 os desfiles das Escolas de Samba foram realizados já no então denominado Sambódromo. Desde aquele momento o espetáculo só fez crescer. Atingiu padrões artísticos de nível internacional e é, justamente, considerado o maior espetáculo a céu aberto da Terra. E este crescimento foi contínuo, obrigando a cada ano que nossos artistas se superem. Não foram poucos, nestas três décadas, os momentos inesquecíveis que marcaram a trajetória do samba em seu novo palco. Mas... Qual teria sido o grande momento? Aquele que mais impactou os amantes do Carnaval? O Cristo proibido da Beija-Flor de Nilópolis em 1989? A Kizomba da Vila Isabel em 1988? O Ita salgueirense em 1992? O carro do DNA da Unidos da Tijuca em 2004? As artísticas comissões de frente da Imperatriz no final dos anos 90? O homem voador da Grande Rio em 2001? Difícil, quase impossível responder sem que pense estar cometendo uma injustiça. Com o objetivo de minimizar a polêmica, o Plumas & Paetês Cultural decidiu promover uma grande enquete pelas chamadas redes sociais. E, para negar a máxima de que o brasileiro não tem memória, a eleição do momento mais marcante dos 30 anos do Sambódromo recaiu, quem diria, para um fato ocorrido justamente no ano de sua inauguração, em 1984, a meia-volta, ou melhor, o retorno feito pela Mangueira no desfile do Supercampeonato, quando a verde e rosa chegou à Praça da Apoteose e, no lugar de sair pela dispersão, voltou pela pista. Não há como negar: um momento de êxtase na Passarela de Desfiles Professor Darcy Ribeiro. Êxtase que se repete ano após ano no Sambódromo, emocionando de formas diversas os apaixonados corações pelas diversas agremiações que se apresentam naquele palco tipicamente carioca, verdadeiramente brasileiro. E que a Plumas & Paetês irá homenagear, com muita justiça, este ano, além dos magníficos artistas e artesãos que fizeram e continuam escrevendo a história fantástica do Carnaval Carioca.
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Revista Plumas & Paetês Cultural 2014
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| Opinião |
A dignidade profissional no Carnaval
O Deo Pessoa, Presidente da LIERJ
Carnaval realizado na cidade do Rio de Janeiro tem se tornado, a cada ano, mais empreendedor e revelador de novos talentos profissionais. Uma fábrica de sonhos e desafios, de mãos mágicas, capaz de levar alegria e felicidade, que nos veste de fantasia na maior festa popular do planeta.
Enquanto os desfiles das escolas de samba chamam a atenção pela criatividade artística, por outro, os locais de produção são, na grande maioria, ainda precários. Ao percorrer o meio do samba, mais especificamente os armazéns e ateliês onde são produzidas alegorias e fantasias, podemos conhecer um pouco mais do trabalho dos profissionais da folia. Assim, constatamos que muitos superam dificuldades significativas para realizar ótimos projetos. Os trabalhadores do Carnaval precisam de locais dignos de trabalho. Com barracões seguros e organizados, carnavalescos, ferreiros, artesãos, chapeleiros, costureiras e tantos outros profissionais são capazes de elevar a produção a níveis acima das expectativas. Talento não falta para esses artistas brasileiros e, por isso, eles merecem ambientes salubres para atuar, e alçar novos desafios e oportunidades no mercado cultural. O público já adora e aplaude o resultado das obras planejadas e executadas pelas escolas de samba com tanta maestria. Com os incentivos certos e um tratamento à altura, o espetáculo só tende a melhorar. Afinal de contas, a valorização do Carnaval também passa por uma maior profissionalização, que beneficia a todos os envolvidos no processo.
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Na Levada do Samba NA NGT O CARNAVAL DURA O ANO INTEIRO O programa de maior audiência do mundo do carnaval une as mais variadas vertentes que essa festa possui: o lado social das agremiações, as fantásticas histórias de vida dos principais protagonistas do samba, as últimas notícias do mundo do carnaval, além da cobertura de importantes eventos carnavalescos. O "Na Levada do Samba" mostra que carnaval é muito mais do que você imagina e te convida para essa verdadeira viagem cultural.
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Na Levada do Samba
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TODA SEXTA FEIRA Revista Plumas & Paetês CulturalHORAS 2014 ÁS 20:00
| Gestão de Carnaval |
A PRIMEIRA DÉCADA DO PLUMAS
A história do prêmio dos trabalhadores da folia por TIAGO RIBEIRO
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ano foi o de 2005, quando uma dupla de amigos sambistas, José Antônio e Izaquis de Paulo, resolveu bolar um jeito de homenagear os destaques de luxo das escolas de samba, segmento tão desvalorizado. “O nosso objetivo inicial era levar os holofotes a estas pessoas que não são reconhecidas pela imprensa, mas que gastam, com recursos próprios, enormes quantias em fantasias pra enriquecer o espetáculo da avenida”, lembra José Antônio. E foi assim que surgiu o embrião do Prêmio Plumas & Paetês Cultural, que vai na contramão de todas as premiações carnavalescas, não laureando as escolas, mas os profissionais anônimos, que trabalham nos bastidores do desfile, tais como: Melhor Carpinteiro, Ferreiro, Iluminador, Costureira... Mas o processo foi longo. Naquele primeiro ano, foram apenas 8 categorias, que premiaram 12 profissionais, sendo 9 deles destaques de carros alegóricos e, os outros 3 a Revelação do Carnaval, Melhor Figurinista e Carnavalesco do Grupo Especial. A ideia foi fazer uma festa fora da época da
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folia. A quadra da São Clemente foi o local escolhido para cerimônia, em que, mesmo enfrentando problemas como a falta de luz durante duas horas, o evento deu certo e ganhou a alcunha de Prêmio Plumas & Paetês Cultural, batizado pelo carnavalesco Milton Cunha, primeiro apresentador da premiação. De lá pra cá o número de profissionais premiados passou de 12 para 75 (chegando a 119 em 2012). O evento foi realizado em locais como o Centro Cultural Cartola, Teatro Carlos Gomes, Scala Rio e a quadras da Unidos de Vila Isabel e São Clemente, e desde 2012 acontece na Cidade do Samba e conta com a parceria da Riotur e da LIESA. “Nós ficamos muito orgulhosos em ver como nosso sonho, se tornou realidade, pois amadurecemos com uma visão empreendedora, e o respeito que conquistamos, isso não tem preço”, frisou José Antônio. Atualmente, a festa, que virou um dos prêmios mais esperados do carnaval, se tornou uma gama de projetos paralelos. Hoje o Plumas & Paetês Cultural conta com uma revista homônima e que já está em sua quinta edição, montou uma companhia de artes própria, ministra oficinas de gestão cultural por todo o Brasil e movimenta seu camarote na Sapucaí para amigos e parceiros. Em 2014, não por acaso, a festa ocorre em maio, mês que se inicia com o feriado do dia do trabalhador, o que vem reforçar ainda mais o fato de que, independente da agremiação que levar o campeonato, há 10 anos, os grandes vencedores do carnaval são os trabalhadores, não mais anônimos, dos bastidores da folia.
Revista Plumas & Paetês Cultural 2014
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| Gestão de Carnaval |
10 ANOS EM NÚMEROS
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esta edição dos dez anos contabilizamos um total de 412 prêmios distribuidos e 511 premiados.
TOP 10 DOS MAIORES PREMIADOS:
1° lugar: Alex de Souza, com 8 prêmios 2° lugar: Fábio Ricardo, com 7 prêmios 3° lugar: Rossy Amoedo e Carlos Reis, ambos com 5 prêmios 5° lugar: Nelcimar Pires, Alexandre Louzada, Futica, Ricardo Fernandes, Tânia Índio do Brasil, Marcelo Augusto, Priscilla Mota e Rodrigo Negri, com 4 prêmios cada.
Top 10 das escolas que mais tiveram profissionais premiados: 1° lugar: Beija-Flor com 34 prêmios 2° lugar: Salgueiro com 23 prêmios 3° lugar: Unidos de Padre Miguel com 22 prêmios 4° lugar: Grande Rio e Unidos da Tijuca com 21 prêmios, cada 6° lugar: Estácio de Sá com 19 prêmios 7° lugar: Império da Tijuca, Portela, Rocinha e Vila Isabel com 18 prêmios, cada
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Curiosidades:
• A ARUC
• 2006 foi o ano em que hou-
• • •
ve menos mulheres premiadas: apenas 1 mulher para 12 homens, o que equivale a somente 8% do total. 2005 foi o ano com o menor número de categorias de profissionais premiados (8) e 2012 o maior (81). Nenhuma agremiação obteve profissionais premiados em todas as edições. O Império da Tijuca é a única agremiação com profissionais premiados em 3 divisões na folia: Grupo Especial e Acessos A e B.
•
(escola de samba de Brasília) recebeu, em 2011, o único prêmio “unissex” da história do Plumas, já que esta foi a única premiação não dada a um profissional, mas para instituição. Somente três categorias foram premiadas em todas as edições: Carnavalesco do Grupo Especial, Destaque de Luxo Masculino do Grupo Especial e Destaque de Luxo Feminino do Grupo Especial.
| Gestão de Carnaval |
SELEÇÃO DO PLUMAS
Entra em campo o time dos maiores vencedores do prêmio por TIAGO RIBEIRO
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écima edição do Plumas & Paetês Cultural, em ano de Copa do Mundo, nada mais adequado do que definir a seleção dos profissionais que honraram a camisa da arte carnavalesca nesta primeira década. Na nossa escalação, levamos em conta não só os recordistas em cada quesito, mas também os artífices que ganharam em várias categorias e aqueles que exemplificam a ascensão na carreira ao longo do período. Após muita pesquisa, escolhemos 13 artistas que representam todos os mais de 500 já premiados, que levam o nome do Brasil mundo afora.
carepaguá, Em Cima da Hora, Leão de Nova Iguaçu, Rocinha, Mocidade, Vila Isabel e hoje dá plantão na União da Ilha. Tendo a folia como sua exclusiva atividade profissional, este supercampeão do Plumas ainda não possui o título tão sonhado no Grupo Especial com um desfile assinado por ele, mas enxerga com bons olhos as premiações que recebe “Elas dão, aos poucos, mais credibilidade ao nosso trabalho diante do corpo de jurados” e ainda ficou chateado por não ter levado nenhum Plumas em 2014. No entanto, ao saber que é o profissional com o maior número de troféus da premiação, se diz surpreso e honrado e manda avisar: “Estou disposto a ser merecedor nas próximas edições”.
Para a posição de capitão da equipe, trazemos Alex de Souza, que é o maior vencedor do Plumas & Paetês Cultural, já tendo levado 8 troféus para casa. Embora sua vitória como Melhor Carnavalesco do Grupo Especial (2011) não o coloque como recordista no quesito (feito dividido entre Paulo Barros, Renato Lage e Alexandre Louzada, com 2 vitórias cada), Alex é o maior campeão nas categorias Melhor Desenhista do Grupo Especial (2009 e 2012), Melhor Historiador/Pesquisador do Grupo Especial (2011 e 2013) e Revelação do Carnaval (no Acesso A em 2005 e no Especial 2006) e ainda tem na estante o troféu de Melhor Figurinista (2011), o que justifica o fato dele ser o carnavalesco escolhido para nosso “time dos sonhos”.
Em nosso esquema tático, trazemos na parte da frente Priscilla Motta e Rodrigo Negri, dupla tetracampeã da categoria Melhor Coreógrafo do Grupo Especial (2010, 2011, 2012 e 2014) que a cada ano surpreende os adversários pelas suas habilidades. Ela começou como componente da comissão de frente da Tradição em 2005, se tornou assistente de coreografia da Unidos da Tijuca no ano seguinte, onde alcançou o sucesso como coreógrafa anos depois. Ele foi assistente na Tradição em 2005, dançou no Salgueiro em 2006, assinou como um dos coreógrafos na Portela em 2007 e só em 2008, na escola tijucana, iniciou a parceria que dura até hoje. Recém contratados pela Grande Rio, os dois são atuais primeiros solistas do balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Pé quente, Alex começou seu ofício nas escolas de samba como figurinista do Renato Lage, na Mocidade Independente, no campeonato de 1990. Como carnavalesco passou pela União de Ja-
Casados há 7 anos, Rodrigo e Priscilla alcançaram a atenção do grande público em 2010, com a famosa comissão que trocava de roupas em segundos, no enredo “É Segredo”. A comoção foi tanta que o grupo realizou mais de 300 apresentações ex-
tras, no Brasil e em países como Canadá, Itália e Angola. Aproveitando para dedicarem os prêmios aos seus bailarinos, o par afirma: “É uma honra pra nós figurar mais uma vez ao lado de tantos artistas competentes e justamente premiados”. Logo atrás, fechando o ataque, Carlos Reis, o grande destaque da equipe. Desde 1984, quando estreou na Sapucaí, o profissional que é cabeleireiro e maquiador ao longo do ano, nunca defendeu outras cores que não as da Portela. Durante 7 anos desfilou como um simples folião, até que em 1991 experimentou o local mais alto de uma alegoria e quatro anos depois já era o destaque de luxo principal da agremiação, posição que ocupa até hoje. De lá pra cá coleciona o tetracampeonato como Melhor Destaque de Luxo do Grupo Especial (2007, 2009, 2011, 2012) e alcançou, em 2014, o status de Hours Concours da categoria – o primeiro e único artista a receber este título no Plumas & Paetês Cultural. “É uma realização sentir que o trabalho está sendo reconhecido pelas pessoas que realmente o levam a sério. Considero o Plumas a premiação mais séria do carnaval” declara Carlos, que afirma gastar um valor aproximado ao de um carro importado zero quilômetro com cada fantasia e completa: “Quero sempre o melhor pra minha escola”. Buscando formar uma equipe campeã, convocamos Leonardo Leonel e Leandro Santos para a confecção da fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Leo e Pedrão, como são conhecidos, são tricampeões como Melhor Gestor de Ateliê do Acesso A (2012, 2013 e 2014), sendo
Revista Plumas & Paetês Cultural 2014
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“É um prêmio dado por votação e por pessoas que efetivamente conhecem carnaval”. - Ricardo Fernandes
Vila Isabel, daí em diante só trabalhou para a BeijaFlor e, em Parintins, é funcionário do boi Caprichoso. Quando o assunto é o Plumas & Paetês Cultural, Kennedy sentencia: “Cresci por causa de vocês!”.
então os únicos premiados desta categoria, unanimidade exclusiva na história do Plumas & Paetês Cultural. Em 2014, ambos foram responsáveis pela confecção dos trajes de 13 defensores de pavilhão, entre os Grupos Especial e Acesso A, além de executarem as fantasias de rainhas de baterias e musas. O ateliê destes profissionais é o Aquarela Carioca, fundado em 2004, que ao longo do ano produz figurinos teatrais e fantasias de grupos de show das escolas de samba. “É emocionante o reconhecimento do nosso trabalho, a valorização da nossa arte. Ainda mais por três anos consecutivos” declara a dupla. A escalação segue com Anderson Abreu, aquele que joga nas onze. Maior campeão como Melhor Aderecista do Grupo Especial (2006 e 2007), este profissional também foi premiado como Melhor Carnavalesco das Escolas Mirins (2013) e hoje em dia ocupa o cargo de diretor de carnaval da Mocidade Independente, tornando-se o melhor exemplo de ascensão hierárquica ao longo desta primeira década do prêmio. “Acho que o Plumas & Paetês Cultural me fez crescer ainda mais. Depois dos prêmios, convites foram feitos e o carinho pelo profissional aumentou. Por isso essa premiação tem um valor especial na minha vida, pois foi a primeira direcionada aos que trabalham de verdade para um grande espetáculo” avalia. Profissional do carnaval desde 1991 e com a experiência de ter passado por várias escolas, Anderson lembra que este foi o primeiro prêmio que recebeu na vida, que chorou quando soube da notícia e finaliza afirmando que “O Plumas veio pra quebrar um tabu, até mesmo injusto, para as pessoas que mais se dedicam e não tem oportunidades iguais a qualquer nome no samba”. Na armação das jogadas do nosso time está Ricardo Fernandes, tetracampeão como Melhor Diretor de Carnaval do Grupo Especial (2007, 2009, 2010 e 2012). Atualmente na Grande Rio, Ricardo está acostumado a levar títulos nas equipes em que in-
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tegra. Começou sua trajetória como diretor de ala na Imperatriz Leopoldinense em 1997, passou pelas escolas Unidos da Tijuca, Porto da Pedra, Vila Isabel e Salgueiro e foi diretor geral de harmonia, antes de chegar à direção de carnaval. Militar da aeronáutica, tenta levantar o conceito de coletividade “Ninguém no processo de criação/execução é maior ou melhor que ninguém. A grande estrela é a agremiação” e afirma ter um prazer diferente ao receber o troféu do Plumas “É um prêmio dado por votação e por pessoas que efetivamente conhecem carnaval”. Diretamente da Amazônia, vêm dois craques, que levantam as arquibancadas com suas criações. Rossy Amoedo é o maior campeão na categoria Melhor Escultor do Grupo Especial (2010, 2012, 2013 e 2014) e ainda tem o troféu de Melhor Escultor do Acesso A (2012). Além de trabalhar para diversas escolas no Rio de Janeiro, Rossy ainda é vice-presidente do boi Caprichoso, de Parintins. O outro talento que vem da floresta, que também se divide entre o carnaval e o boi bumbá, é Kennedy Prata Moraes, maior premiado na categoria Melhor Pintor do Grupo Especial (2009, 2010 e 2013). Este mestre das tintas só defende as cores azuis: começou em 2006 na
Para o gol, convocamos o mestre com as mãos Marcelo Augusto, bicampeão como Melhor Maquiador Artístico do Grupo Especial (2008 e 2009) e do Acesso A (2009 e 2014). Declarado como cidadão do mundo (hora morando no Rio de Janeiro, hora em São Paulo e Montreal) Marcelo é artista plástico e afirma que “a maquiagem é mais uma vertente dentre várias técnicas utilizadas para expressar arte”. Sedento por aprender, ele começou no carnaval como pintor de arte, mas já trabalhou como ferreiro, carpinteiro, forrador, aderecista, desenhista e até empurrou alegorias para o sambódromo: “quis conhecer o carnaval na essência” explica. Seja na Sapucaí ou na Intendente, pois exalta que “arte é arte seja onde for”, esse tetracampeão do Plumas começou a trabalhar em barracão na Beija-Flor em 2003 e já passou por dezenas de escolas. Sobre a premiação destaca que “é uma iniciativa vanguardista pra tornar conhecidos quem faz o carnaval prático. E um prêmio como esse nos conforta no sentido de saber que podemos dividir os louros da vitória ou de um trabalho. É motivador”.
Duque de Caxias, onde mora, Valdecir, como é conhecido, estreou em um barracão no ano de 1995, na Grande Rio. Atualmente é funcionário da União da Ilha e Inocentes de Belford Roxo, mas tem outras 6 agremiações no currículo. Sobre o troféu afirma: “É sempre bom ser reconhecido pelo seu trabalho”. Assim como no futebol, quando o assunto é carnaval, o Brasil é o local mais fácil e mais difícil para selecionar a melhor equipe. A facilidade vem da ampla mão-de-obra talentosa disponível, e também está nesta imensidão de profissionais tão capazes a dificuldade na escolha dos melhores. Por isso, o nosso time não é formado só por estes aqui destacados, mas também por compositores, costureiras, eletricistas e tantos outros artistas que obrigam o carnaval a se diferenciar do futebol e não ser um espetáculo com apenas 11 em campo. De qualquer maneira, mesmo não trabalhando para a mesma agremiação, esta seleção feita para o G.R.E.S Plumas & Paetês Cultural já é campeã.
Fechando a escalação, jogando lá atrás, onde muitos, injustamente, acabam não notando, estão Futica e Devalcy. Este primeiro, batizado como Edson Lima, tem na estante os troféus de Melhor Carpinteiro do Grupo Especial (2008, 2011 e 2012) e Melhor Carpinteiro do Acesso A (2009). Cenógrafo ao longo do ano, no carnaval Futica dá plantão em várias esco-
“É sempre bom ser reconhecido pelo seu trabalho”. - Devalcy (ferreiro da U. Ilha) las. Para se ter uma ideia, só pelo Plumas ele levou o prêmio pelo trabalho feito em 5 delas. Enquanto isso, Devalcy já levou pra casa os prêmios de Melhor Ferreiro do Grupo Especial (2011) e Melhor Ferreiro do Acesso A (2011 e 2012). Serralheiro ao longo do ano e presidente do conselho fiscal de um bloco em
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GRUPO ESPECIAL (LIESA)
Aderecista Tiago Martins, Márcio Rodrigues e Rafael Drumond | Grande Rio Artesão em fibra e isopor Flávio Policarpo | Grande Rio Artesão em espuma Ricardo Denis | Grande Rio Escultor e movimentos especiais Rossi Amoedo | Portela e Grande Rio Carnavalesco Fábio Ricardo | Grande Rio Carpinteiro José Batista Jorge | União da Ilha Compositor Márcio André, Vaguinho, Marcão Meu Rei, Alexandre Alegria, Rono Maia, Karine Santos | Império da Tijuca Coreógrafo Priscila Motta e Rodrigo Negri | Unidos da Tijuca Costureira Erica Portilho | Grande Rio Desenhista Leandro Vieira | Grande Rio Destaque de Luxo Masculino Leandro Fonseca | União da Ilha Destaque (hors concours - 5 vitórias) Carlos Reis | Portela Destaque de Luxo Feminino Maria Helena | Salgueiro Ferreiro João Lopes | Grande Rio
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Leandro Vieira
Edmilson Lima
Figurinista Leandro Vieira | Grande Rio Gestor de Ateliê Edmilson Lima (confec. da fantasia do M. Sala e P. Bandeira da Portela) Iluminador Paulo Cesar Magalhães e Sergio Damião | Ilha do Governador e Portela Maquiador Artístico Jorge Abreu | Unidos da Tijuca Pesquisador Rogério Rodrigues | Portela Pintor Cássio Murilo | Ilha do Governador
Fábio Ricardo
Rodney Figueiredo
João Roberto Kelly
Leandro Fonseca
Rossi Amoedo Priscila Motta e Rodrigo Negri
Jorge Abreu
Paulo César
Flávio Policarpo
Matheus e Vitória
Carlos Reis
Jack Vasconcelos
Leonardo Leonel e Leandro Santos
Sylvio Cunha
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Prêmios Especiais
GRUPO SÉRIE A (LIERJ)
Aderecista Roni Morais | Unidos de Padre Miguel Artesã Shirley | União de Jacarepaguá Carnavalesco João Vitor | Unidos do Viradouro Carpinteiro Sebastião | Unidos de Padre Miguel Compositores Dudu Nobre, Diego Tavares, Zé Glória, Paulo Oliveira, Dilson Marimba e Júnior Fraga | Unidos do Viradouro Coreógrafo de Comissão de Frente Patrick Carvalho | Inocentes de Belford Roxo Costureiro Léo Morais | Estácio de Sá Escultor Marlon | Unidos de Padre Miguel Desenhista Edson Pereira | Unidos de Padre Miguel Destaque de Luxo Regina Marins | União de Jacarepaguá Ferreiro Ancelmo Rosa Pereira | Cubango Figurinista Jack Vasconcelos | Estácio de Sá Gestor de Ateliê Aquarela Carioca (confecção de fantasia do mestre-sala e porta-bandeira da Unidos do Viradouro)
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Marcos Roza
Roni Morais
João Vitor
Marcelo O’Reilly Iluminador Joel Francisco | Viradouro Maquiador Artístico Marcelo Augusto | União do Parque Curicica Pesquisador Bianca Behrends e Wagner Gonçalves | Inocentes de Belford Roxo Pintor Ronaldo Puchinely | Unid. de Padre Miguel
AESMRJ
Carnavalesco Paulo Caetano da Silva Dias e José Leandro Pinheiro | Aprendizes do Salgueiro Pesquisador Sylvio Cunha | Ainda Existem Crianças na Vila Kenedy Coreografo Lívia Malaspina | Corações Unidos do CIEP Talentos & Revelação Matheus Silva e Vitória Soares (Mestre Sala e Porta Bandeira da Mangueira do Amanhã)
Juninho Tititi
Repórter e locutor Marcos Frederico (Rádio Tupi) Produtor e Apresentador Juninho Tititi - “Programa Manchete na Folia” – (Rádio Manchete AM 760). Colunista e Cinegrafista Rodney Figueiredo – (Site Carnaval Carioca e da Rádio Manchete AM 760). Fotógrafo Marcelo O’Reilly (Site Academia do Samba) Gestor de Mídia Alberto João - “Site O Carnavalesco” Personalidade do Carnaval 2014 João Roberto Kely - (Compositor de marchinhas carnavalescas). Melhor Bloco de Carnaval 2014 Muheres da Vila Sapucaí 30 anos “Categoria INOVAÇÃO” Marcos Roza - (Roteiro dos Desfiles) Apoteose 30 anos - Volta Olímpica da Mangueira de 1984
Marcos Frederico
RevistaPlumas Plumas& &Paetês PaetêsCultural Cultural2014 2014 Revista
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Foto: Bruno Girão
| Gestão de Carnaval |
Foto: Guilherme Joran
CARNAVAL É COISA SÉRIA
Os desafios para se colocar blocos na ruas por EVANDRO GOMES
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S
ob as bênçãos e tradições de um bairro onde há samba até nas pedras das calçadas, o bloco Mulheres da Vila vem se popularizando ano pós ano e, em cada novo desfile, arrasta um número maior de foliões. As moças formam um verdadeiro exército rosa, onde o único lugar de destaque para os homens é à frente da bateria. Não muito distante dali, embaladas pelas ondas do mar do Leme, cheias de charme e com uma flor como símbolo, existe outra agremiação rósea, famosa por seu repertório predominantemente composto por canções do mestre Chico Buarque: as Mulheres de Chico. O que todo esse mulheril tem em comum? Ganharam, respectivamente, os prêmios Plumas & Paetês Cultural de Melhor Bloco Carnavalesco 2014 e 2013. “Ficamos muito felizes por ser uma premiação de destaque no carnaval carioca. E, também, emocionadas com o reconhecimento do nosso trabalho. O prêmio é um incentivo a cultura” – declara Nádia Cursino, presidente do bloco da terra de Noel Rosa. Vivian Freitas, produtora do Mulheres de Chi-
co, que fechou com chave de ouro a última edição do Plumas, também faz coro nesse agradecimento: “Esse prêmio significa o reconhecimento de um trabalho que fazemos com muito amor há 8 anos”. E é para se orgulhar mesmo. A premiação de Melhor Bloco Carnavalesco foi a primeira da história do Plumas & Paetês Cultural que adotou o voto popular, através da página do prêmio no Facebook. Criada em 2013, a categoria é a única direcionada à “folia de rua”. Para se ter uma ideia do sucesso, só em 2014 foram quase 700 internautas participantes, que escolheram o Mulheres da Vila com 33% dos votos entre os 465 blocos que desfilam na cidade. Pensando em melhorar a cada ano, as produtoras das únicas agremiações que ganharam este nosso prêmio aproveitam o espaço para sugerir melhorias junto às autoridades, pedindo, por exemplo, “uma maior atenção à segurança e apoio na infraestrutura”, o que facilitaria muito mais a festa dos milhares de foliões que lotam a avenida 28 de Setembro na terça-feira gorda e a orla do Leme no domingo após o carnaval. Embora a folia corra nas veias das meninas de ambos os blocos e, ao longo do ano até aconteçam algumas apresentações, elas são catedráticas ao afirmarem que viver de carnaval ainda é um sonho. Por isso, após os dias de Momo, sua ritmista favorita pode ser a médica que lhe atendeu em uma consulta ou, a advogada que irá atuar em sua causa. A falta de investimento ainda é uma nota que desafina e atravessa compassos. Para pôr o bloco na rua essas mães, professoras, enfermeiras, engenheiras, empresárias e até mesmo donas de casa, correm atrás de parceiros e patrocínios, já que não recebem subvenção, e, vez ou outra põem recursos próprios para fazer a festa de cariocas e turistas. São agremiações que, assim como as escolas de samba, mobilizam inúmeros profissionais para a realização do desfile, tais como costureiras, porta-estandartes, técnicos de som, motoristas, seguranças e camareiras. É muito trabalho para fazer a cada ano um carnaval ainda melhor. O resultado tem agradado a homens e mulheres, sejam as de Chico, as da Vila ou qualquer outra boa foliã, destes que hoje estão entre os blocos preferidos da cidade.
Bloco Mulheres de Chico Foto: Guilherme Joran
Bloco Mulheres da Vila Foto: Guilherme Joran
Foliões no Boulevard 28 de Setembro
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ACESSE: mulheresdechico.com.br facebook.com/mulheresdavila facebook.com/plumasepaetescultural
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| Galeria 2013 |
Mais uma vez a Cidade do Samba foi palco da 9ª Edição do Prêmio Plumas & Paetês Cultural em homenagem a Chiquinha Gonzaga. Inúmeros profissionais foram agraciados ao som da linda canção “Ô Abre alas”.
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| Cia de Artes Plumas & Paetês |
UM SHOW DE RÁDIO PARA OUVIR E VER
Os bastidores do número de abertura do Plumas por Guilherme Vasconcelos
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Como não poderia deixar de ser, a companhia é composta por integrantes de comissões de frente e outros foliões das escolas de samba, mas que também são dançarinos profissionais, professores de dança, cantores, atores e músicos, como o instrumentista Edimar Guiã, responsável pela direção musical do espetáculo. Para Ruidglan, esta diversidade na equipe, o extenso processo de pesquisa e a busca pela inovação fazem toda a diferença. Em 2013, a resposta desse trabalho já começou a aparecer, com o grupo sendo convidado a realizar os números musicais do concurso Miss Rio de Janeiro, onde as coreografias “beberam da fonte de Sargentelli e sua mulatas”.
Mesmo explorando a relação das Rainhas do Rádio com o carnaval, a intenção do espetáculo é ir além da folia, é fazer algo mais completo, sempre mostrando que, mesmo oriunda de um prêmio carnavalesco, trata-se de uma companhia de arte, no sentido amplo da palavra. Embalados pelo romantismo da época retratada, reverenciando essas que foram as primeiras divas brasileiras, o que não falta a este grupo é vontade de fazer o possível para receber os aplausos de toda essa realeza radiofônica e de seus súditos. Como frisa Ruidglan, “Qualquer homenagem para estas artistas ainda será pouco”.
A
costumada a abrir a premiação homônima desde 2011, a Cia. de Arte Plumas & Paetês Cultural, que já encenou a vida e obra de figuras como Donga e Chiquinha Gonzaga, traz para 2014 as histórias, emoções e todos os maiores sucessos das Rainhas do Rádio, as grandes homenageadas desta 10° edição. Visando seguir em cartaz com o espetáculo após o prêmio, o diretor e coreógrafo do grupo, Ruidglan Barros, manda avisar: “Essa é uma estreia e não uma apresentação como as outras”. Diferentemente das últimas edições, o tributo deste ano não é direcionado a um só personagem, mas a dez mulheres que marcaram uma época em que o rádio era o meio de comunicação e entretenimento mais importante do Brasil. “Representar essas dez mulheres de personalidades diferentes, estilos diferentes, vidas diferentes e músicas diferentes é um desafio de pesquisa maior ainda”, afirma Rui, formado em dança no Piauí e com mestrado em teatro na UNIRIO, que aproveita para registrar o seu encanto com o desafio de colocar todas juntas no palco, usando as canções das Rainhas como fio condutor para este mergulho no passado.
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| Bastidores |
Cia de arte Plumas & Paetês Cultural
Troféu Olhometro
Encontro de Rainhas O Museu do Rádio foi palco do cenário ambientado para a produção da capa da revista Plumas & Paetês Cultural. O clima nostálgico contribuiu para seção de fotos das rainhas Patricia Nery, Bruna Bruno e Renata Santos.
A AESMRIO homenageou a equipe de produção do Plumas & Paetes Cultural, com o troféu Olhomentro, pela atuação nas ações culturais desenvolvidas pelo projeto. O evento aconteceu na quadra do Salgueiro, com uma linda festa de premiação para a garotada.
CARINHO EM AZUL E BRANCO! Agradecimento especial a direção do GRES Beija-flor e ao ator e produtor artístico Rogério Madruga pelo apoio prestado a nossa Cia de Arte Plumas & Paetês Cultural.
ANITA NOBRE
Agradecemos a Anita Nobre pelo apoio na criação do troféu da 8ª Edição do Prêmio Plumas & Paetes Cultural.
RIO CARNIVAL JAPÃO A economia criativa carnavalesca carioca foi representada na exibição itinerante RIOCARNIVAL “The Greatest Party on Earth” aberta no Japão em 7 de setembro de 2013, no Sunshine60/ Sunshine City Complex, Ikekuburo, TOKYO. Onde foi apresentando fantasias do “Hors Concours” estilista Nelcimar Pires e exposição de fotografias de momentos do Prêmio Plumas & Paetes Cultural, a convite de Omar Montenegro. O projeto tem conceito e desenvolvimento do Studio NUMA e Organização da Brain Corporation - Japanumas.
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Essa equipe de profissionais vem atuando em diversas modalidades culturais e artísticas, sob a direção artística de Ruidglan Barros e direção musical de Edimar Guia.
DIREÇÃO ARTÍSTICA
Ruidglan
Barros
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| Camarote Plumas & Paetês Cultural 2014 |
Muito além de Plumas & Paetês, nosso camarote é um espaço ambientado de alegria, descontração e harmonia entre amigos e parceiros dos nossos projetos”
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| Vem de Lá... |
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O espaço reuniu um time de colunistas e colaboradores de renome Pensando nisso, e com o objetivo do Carnaval de São Paulo que, com principal de divulgar para o muntoda a experiência, agregarão credido toda a riqueza cultural do Carbilidade e contribuem para a qualinaval paulista, a empresa DaHoudade das noticias e notas do portal. se Entertainment cria um canal de conteúdo na internet que visa O Carnaval de São Paulo é feito para tornar-se a maior referência para todos os interessados e também para esta festa: a comunidade do samba. Para reso portal O Carnaval de São Paulo. gatar esta história e promover uma grande troca de experiências, o porO portal conta com atualização dital abrirá um espaço para que todos ária de notícias, agenda de evenpossam mostrar seus trabalhos, trotos e galerias de imagens, além da carem informações sobre serviços e TV Samba, onde o usuário pode estreitaram ainda mais as relações.
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| Homenagem |
como: a tímida programação radiofônica no início da década de 30, a ausência de gravação dos sambas de enredo e o público alcançado pelas escolas de samba, majoritariamente pobre. Apenas em 1949, ocorre a primeira transmissão radiofônica do desfile, realizada pela Rádio Continental. Este foi um marco na história da folia carioca, já que, pela primeira vez, a competição pôde ser acompanhada ao vivo por quem não estava presente na avenida. Antes disso, apenas os jornais veiculavam o cortejo, com consideráveis horas de intervalo.
A RAINHA DA FOLIA NO RÁDIO A história da relação entre radiofonia e escolas de samba por tiago ribeiro
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E
m 2014, o Plumas & Paetês Cultural vem unir uma dupla de sucesso e que interage há muitas décadas: rádio e escola de samba. E quando o assunto é a relação entre estas duas paixões nacionais, percebem-se semelhanças, como, por exemplo, a época de surgimento no Brasil: a década de 1920. Enquanto a primeira transmissão radiofônica oficial do país ocorreu em 7 de setembro de 1922, durante a comemoração do centenário da Independência do Brasil, a primeira escola de samba foi fundada em 12 de agosto de 1928, a Deixa Falar. Mas estes dois marcos históricos foram momentos isolados, experimentais. Precisava surgir algo para efetivar tanto o rádio quanto as escolas de
samba que surgiam, mas isso não demorou. Enquanto o Brasil viu fundar sua primeira estação radiofônica em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (atual Rádio MEC), as escolas de samba só viram realizado o seu primeiro desfile de competição em 1932 – evento que ofereceu a constância e a atenção midiática que as agremiações precisavam neste início. Vale ressaltar que neste período o rádio e as escolas de samba não eram vistos com os mesmos olhos. Enquanto a radiodifusão surgiu sob as bênçãos do governo, o samba seguia marginalizado. Apenas em 1935 o desfile entrou para o calendário oficial da cidade. Durante um bom tempo, as escolas de samba não tiveram grande espaço nas rádios. Isso se explica por fatores
Neste meio tempo, surgiu o concurso que elegeu as Rainhas do Rádio, grandes homenageadas da edição 2014 do Prêmio Plumas & Paetês Cultural. Vale salientar que estas divas radiofônicas estiveram muito ligadas à folia de Momo. Para se ter uma ideia, no ano de criação do concurso, em 1937, o local do pleito foi um barco carnavalesco, o “Iate dos Laranjas”. Ao longo dos anos, várias destas rainhas gravaram marchinhas de carnaval e marcaram presença nos desfiles das escolas de samba. Toda essa interação radiofônica com o carnaval só fortaleceu a transmissão dos desfiles, que por mais de uma década foi a melhor forma de acompanhar as escolas de samba à distância. Até que, em 1960, a competição passou a ser televisionada, um feito da TV Continental. A partir daí, com a popularização dos aparelhos televisivos e com a crescente valorização do visual das escolas de samba, a TV se tornou o meio de comunicação preferido para assistir o cortejo. Ao longo das décadas o rádio não esmoreceu e mostrou ainda mais força na transmissão da folia, o que pode ser explicado por suas particularidades. Uma delas é poder proporcionar ao ouvinte acompanhar os desfiles enquanto ele realiza outras atividades ou estando em movimento, sendo ainda mais prático do que as modernas TVs digitais em celulares e afins. Outro motivo do sucesso radiofônico no carnaval é que, diferentemente das emissoras televisivas, as rádios transmitem ao vivo os ensaios técnicos, finais de samba de enredo, e ainda dispõem de maior programação carnavalesca, existindo até emissoras voltadas exclusivamente para a folia. Está na sua estrutura, em suas características, o motivo do sucesso longevo da transmissão radiofônica carnavalesca. Por meio de seus narradores e comentaristas, os ouvintes se envolvem com a emoção contida nos discursos que, pelo fato de não terem imagem, conseguem criar o seu próprio desfile imaginário através do que está sendo dito. Um veículo único, que não foi superado e que merece toda a nossa celebração.
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Segunda à sexta das 22h às 0h na Rádio Manchete - 760AM Sábados das 21h às 23h na Rádio Roquette Pinto - 94,1FM
Produção
Rafael Bacelo e Miguel Ângelo
Comentários e Reportagens Marcelo Pacífico
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BASTIDORES DO REINO Conheça as impressões de Renata Santos, Patricia Nery e Bruna Bruno sobre a natureza cíclica de seus cargos na monarquia do carnaval
por RAFAEL MENEZES
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que sintoniza o universo das rainhas do rádio, tema desta edição do Prêmio Plumas & Paetês Cultural, com a aura de magnetismo das rainhas de bateria do carnaval, vai muito além da rivalidade. Há uma frequência humana, o sobe e desce pautado por sucesso e esquecimento, solidez e instabilidade, um lugar na manchete e outro no arquivo. É a partir dessas ondas que chegam ao terreno dos súditos as reflexões de Renata Santos, Patricia Nery e Bruna Bruno, divas que estampam a capa desta publicação. Renata, atual musa da Estação Primeira de Mangueira, incorporou uma rixa carnavalesca com a metamorfose indumentária em plena avenida no carnaval 2012. Cacique de Ramos e Bafo da Onça tiveram, naquele gesto, o pacto de paz selado sobre corpo da índia, que também era felina. Ainda no contexto de transformação, Patricia, atual rainha de bateria da Portela, entrava em cena no carnaval de 2013 para protagonizar o momento sobrenatural daquela madrugada do dia 11 de fevereiro. Era sua responsabilidade encarnar a sedução mística de Maria Padilha, rainha de outro plano astral, a hipnose que o Setor 1 jamais esquecerá. E o poder se materializou também na performance de Bruna no carnaval de 2014. A atual rainha de bateria da União da Ilha aliou o lúdico enredo com seu desejo de criança: ser a Mulher Maravilha. É nessa sequência de memórias que se mostra o singular comprovado pelo tempo. Foi assim com Emilinha, Marlene, Dalva... Houve espaço para todas. Na soberania da Marquês de Sapucaí, a conquista também é um fenômeno, tão natural quanto as palavras de suas representantes na entrevista a seguir.
De que forma a rivalidade está inserida entre as rainhas de bateria?
Renata - Eu sei que em alguns casos realmente acontece, mas eu nunca tive problema. Tem umas que pensam em brigar com a rainha pra ter ibope. Mas entre as rainhas, em si, não há rivalidade, eu me dou com todo mundo. Patricia - Acho que isso é criado por alguém, porque eu não vejo. A gente sabe que existem questões pessoais entre uma rainha e outra, mas isso não ocorre com todas. Não tem isso comigo, eu me dou com todas, sem exceção. Bruna - Sempre há aquela pessoa que quer nosso lugar. Existe muita fofoca e comparação, então é sempre bom estar se cuidando pra evitar ouvir ‘aquela menina não merece estar ali’.
Você enxerga as outras rainhas como concorrentes no sentido de ter que se destacar no espetáculo?
Renata - Não, porque cada uma está fazendo pela sua bateria, pela sua escola. Não há motivo para pensar que a outra rainha vai vir cheia disso ou daquilo, toda no brilho. Faça o seu papel bonito e... “beijinho no ombro” (risos). Patricia – Acho que existe uma concorrência saudável pelo fato de não estar ligada à questão pessoal, mas na questão do trabalho em si. Você pode ter amigas em outra escola de samba e na hora do ‘vamos ver’, saber separar. Faço meu trabalho porque eu quero ganhar o carnaval. Bruna - No meu caso eu não vejo concorrência, mas eu quero fazer o melhor. Trabalho em cima disso, tanto em relação ao meu corpo, ao meu samba, à minha apresentação. É o meu momento egoísta (risos). As outras que cuidem de fazer o trabalho delas, vou fazer o meu, procurando apresentar a bateria da melhor forma.
Como você lida com a instabilidade inerente ao cargo de rainha de bateria?
Renata - É muito louco! Eu fiquei 10 anos na Santa Cruz, lá eu era intocável, era da comunidade. Quando eu resolvi entregar o cargo, eu achava que tinha que dar oportunidade para outra pessoa. Na Mangueira eu tive três anos muito felizes. Quando eu saí, eu não esperava ter o carinho de todo mundo. Voltei como musa e hoje eu não jogo fora por cargo nenhum de rainha em outra escola. Patricia – É um cargo de destaque, colocar a cara ali não é fácil. Mas, se um dia eu tiver que deixar o cargo por vontade própria ou porque entrará outra pessoa, existem outros cargos na escola que eu posso ocupar. Bruna - Eu sou União da Ilha desde a barriga da minha mãe. Esse cargo não é eterno, uma hora eu vou ter que sair e ceder o lugar para outra pessoa. Eu encaro numa boa. Se tiver que ser substituída, que seja por alguém que ame a escola tanto quanto eu.
Quando você toma conhecimento de que outra mulher tem interesse em ocupar seu cargo, qual sua reação?
Renata - Foi o que eu mais vivi na época da Mangueira (risos)! Eu estava lá há um mês e co-
CONTE COM A
DIPROTER & DUBLA-BEM PARA O SEU CARNAVAL! DIPROTER Ethafoam Tarugos Espumas Acrilon meçaram a vir os nomes, eu sei o de quase todas que quiseram meu cargo. Pensei: ‘Meu Deus, eu entrei agora e já querem me tirar?!’ Mas você tem que se garantir. Foram três anos puxados, matando um leão por dia, mas fui muito feliz. Patricia - Se eu disser para você que eu fico feliz, não fico mesmo (risos). Mas também não tenho vontade de querer afastar essa pessoa. Minha permanência vai depender de como eu risco meu nome na Sapucaí, de como eu me relaciono com minha comunidade. Falar mal da outra pessoa não vai te levar a lugar nenhum, só vai te nivelar por baixo. Bruna - Eu acho muito feio alguém querendo tomar o lugar dos outros. Particularmente, eu ficaria chateada de saber por terceiros. Sou adepta do jogo limpo. Se está havendo a sondagem e a escola tem a opção de fazer uma troca, acho que a primeira a saber tem que ser eu.
Você teme ser esquecida no mundo do samba?
Renata - Não. Claro que nada é eterno. Fiz uma história bacana com o tempo, pois eu sempre digo que há tempo para tudo. Hoje me dou com todo mundo, todas as escolas me tratam muito bem, já conquistei meu espaço. Eu quero me divertir e só. Patricia – Esquecida não, mas gostaria sempre de ser lembrada (risos). Lembrada de uma forma positiva, da forma na qual eu escrevi meu nome na escola. Eu procuro não fazer coisas individuais, gosto
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de fazer em conjunto com minha bateria, com minha comunidade para tentar integrar, porque ninguém ganha carnaval sozinho. Bruna – Não. Nem um pouco. Eu não ligo para isso, para eternidade. Isso é bobagem, é tudo material.
Como você quer ser lembrada quando não estiver mais participando do carnaval?
Renata - Nossa... (instantes de silêncio, seguidos de um sorriso) O que sempre falam de mim é referente à minha alegria, à elegância, à postura que sempre tive, independente de não estar mais como rainha. É isso que vai ficar. Patricia - As pessoas brincam, dizem que, por eu ser simpática, meu nome vai passar a ser Patrícia Simpatia (risos). Mas eu quero ser lembrada como uma pessoa alegre e que trouxe um pouquinho de felicidade para o carnaval. Bruna - Quero ser lembrada como uma rainha que representou muito bem a escola, uma pessoa bacana, com coração puro. Eu quero não ser esquecida pela Bruna que eu sou, não só pela Bruna rainha de bateria.
Entrevista realizada em 02 de maio de 2014, no Museu do Rádio do Rio de Janeiro
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Revista Plumas & Paetês Cultural 2014
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| Homenagem |
A Era do Rádio e os figurinos das estrelas
por Madson Oliveira
A
Era de Ouro do Rádio foi o período de surgimento de grandes sucessos de músicas e artistas que explodiram em vários países e que, no Brasil, compreende as décadas de 1930, 1940 e 1950. Várias emissoras importantes escreveram boa parte da história artística brasileira, como: Rádio Sociedade, Rádio Clube do Brasil, Rádio Mayrink Veiga, Rádio Tupi, entre outras. No entanto, foi a Rádio Nacional aquela que se destacou em popularidade, com lançamento das estrelas de talento e com o reconhecimento do público.
Noel Rosa, Francisco Alves, Orlando Silva, Emilinha Borba e Marlene, só para citar alguns nomes famosos. Assim como aconteceu com o cinema hollywoodiano, em que as estrelas influenciavam a moda com seus figurinos, penteados e trejeitos, o rádio também incentivou os costumes daquela época, mas sem o recurso da imagem. Isso fazia com que os ouvintes idealizassem seus ídolos e, quando os viam em revistas, jornais ou nas plateias, uma áurea mítica que os envolvia se encarregava de completar o produto da imaginação.
Um bom exemplo para sintetizar parte da hisGrandes nomes da música brasileira surgiram tória da música brasileira (enfatizando as cantona Era do Rádio, como: Carmem Miranda, ras) foi apresentado no espetáculo teatral “Elas
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por Ela”, que teve turnê nacional a partir de 1989 e foi transmitido pela TV Globo, em 02/01/1992. O musical foi gravado por Roberto Talma, teve direção musical de Gonzaguinha e foi estrelado por Marília Pêra, interpretando alguns nomes das cantoras importantes no Brasil, entre os anos 1920 e 1970, como: Aracy Cortes, Ademilde Fonseca, Aracy de Almeida, Carmem Miranda, etc. No entanto, o momento central do espetáculo recaía sobre as grandes cantoras do rádio - mulheres que se apresentavam com vestidos enormes, coroas, muitos brilhos e rendas. Elas eram dramáticas e cantavam o amor... Primeiro, Isaurinha Garcia; depois, Ângela Maria. Dalva de Oliveira marcou época e deixou escrita parte de sua própria vida, tornando públicas as brigas com seu amado, nas músicas que cantava. Aliás, os temas de preferência dessas cantoras eram: o drama, a dor de cotovelo, a angústia, a tragédia e, sobretudo, o romantismo. Ainda merecem destaque outras cantoras, como: Lana Bittencourt, Nora Ney, Linda Batista, Emilinha Borba e Marlene. Os figurinos do espetáculo “Elas por Ela” foram criados por Cláudio Tovar que teve o desafio de “passear” por várias décadas do século XX, representando as variações de cada período da moda, além de ter que contribuir para o bom desempenho da atriz-cantora. Na maioria das vezes, Marília Pêra mudava de figurino em cena, substituindo peças do vestuário, acrescentando/ retirando adereços. Contudo, para representar a Era de Ouro do Rá-
dio, Tovar preparou um figurino que remetia aos pomposos bailes, em vestidos longos, respeitando a silhueta da metade do século XX, claramente influenciada pelo New Look de Christian Dior , com Figura 01: New Look, de Christian Dior, 1947 cinturas marcadas e saias volumosas. O uma grande echarpe fina envolfigurinista vestiu Marília com via os ombros de Marília e lonuma espécie de abajur, inspigas luvas brancas cobriam os rado pela música “abajur libraços da atriz. lás”, confeccionado em tecido brilhante verde-água, justo até Todos os elementos descritos a cintura, que se abria na saia nesse figurino remetem a uma armada até a barra, imitando época em que as mulheres se o formato de uma cúpula. Esse enfeitavam para ocasiões forfigurino representava as cantomais, como: recepções comeras-estrelas da Era de Ouro do morativas, casamentos, jantares Rádio, sem necessariamente dançantes, bailes de debutanfixar-se em nenhuma, especifites, etc. Nessa época, a moda camente. traduzia grande ostentação e elegância, vorazmente copiada Em determinado momento do por outras mulheres que “conshow, quando a música-tema sumiam” as estrelas do cine(Abajur Lilás) era cantada, a ma e do rádio. Somente alguns atriz se posicionava no centro anos mais tarde, a televisão do palco, enquanto a luz dimiapareceu e reforçou mais uma nuía. No chão, um foco direciovez a divulgação da moda, com nal era acionado, causando sura popularização desse meio de presa no público, ao transformar comunicação. Mas, ai já é ouo vestido num abajur, deixando tra história... que (a)guardamos perceber uma luz difusa através para contar em outra ocasião. do tecido transparente da saia. Para transmitir o glamour às cantoras representadas, Tovar acrescentou ao figurino: plumi- Madson Oliveira, é Bacharel em nhas nos ombros, da mesma cor Design de Moda (UFC); Mestre e do vestido; pedras brilhantes na Doutor em Design (PUC-Rio); Protiara, nos brincos, nas pulseiras fessor e Coordenador do Curso de e nos anéis, remetendo às joias Artes Cênicas: Indumentária/Ceusadas pelas estrelas do rádio. nografia, na Escola de Belas Artes Complementando esse figurino, / Universidade Federal do Rio de Janeiro – EBA/UFRJ
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cada uma delas. A União da Ilha, por exemplo, reflete o espírito do carioca – sua leveza e capacidade de convivência democrática –, não à toa recebe o carinho, como inteligente unanimidade, desde que segurou a marimba pela primeira vez.
Emilinistas ou marlenistas, todos sambistas com certeza!
Ora, este jeitão de ser dos nossos grêmios está intimamente relacionado à personalidade de bravos homens que dominaram, pentearam e emendaram para o gol a pelota que transformou a sabedoria do povo em maior espetáculo do planeta. Paulo da Portela, Cartola, Joãosinho Trinta, Fernando Pamplona, Mestre André – melhor parar por aqui, e apenas para não incorrer em esquecimentos graves – são as Emilinhas e Marlenes do asfalto, espelhos, simulacros do nosso tempo. O carnaval, definitivamente, é um grande divã, onde o país se analisa, se vê, se reflete
e processa o que vem pela frente. Naquele asfalto que nem asfalto é, o Brasil se encontra com ele mesmo. E em disputa. Marlene e Emilinha, pois. No fim das contas, o auditório da Rádio Nacional perdeu o brilho de outrora, Emilinha até já se foi, mas a festa das escolas de samba segue viçosa. E um dos segredos para tamanha longevidade (além de valores fundamentais intactos) é a capacidade de absorção de novos elementos. Neste ponto – e assumo aqui certa tendência marlenista –, o desfile está um pouco mais para ela, Marlene. Mesmo com a decadência de um formato de rádio que hoje reside apenas na memória, a cantora e, depois, atriz, soube se reinventar, mantendo-se no alto por mais tempo. Até mesmo um samba do Império – o campeoníssimo “Alô, Alô, Taí, Carmem Miranda” (1972) – ousou puxar na Avenida,
terreno ainda hoje de absoluto domínio dos vozeirões masculinos. Para quem ainda é fã da Emilinha e não saía do César de Alencar, ou para os marlenistas do Programa Manuel Barcelos, restam as saudades de uma briga que, apesar de muito marketing envolvido, trazia a carga de pureza própria de uma época. O carnaval, dirão os mais antigos, também deixou escapar esta mesma pureza. Mas basta acender os refletores para aquele mesmo espírito rival que lotava a Nacional aparecer em outra configuração. A sirene que toca, a cabrocha que se retoca, a baiana que testa o rodar da saia. E tome de guerra, ainda santa. O carnaval.
por FÁBIO FABATO
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uito mais do que um duelo que lotava e dividia o auditório da Rádio Nacional, a dicotomia Emilinha X Marlene, rainhas do rádio e da rivalidade, revela estados de espírito e formas de enxergar a vida. Emilinha era a bonequinha, moça recatada, a nora que toda mamãe sonhou para o filho. Marlene sempre foi transgressora, flertou com bossa-novistas e tropicalistas, logo vestiu calça justa e deu “beijim no ombro” para o cetro e coroa. Uma sempre referenciou a outra, por mais paradoxal que soe esta afirmação. O povão, a partir de histórias próprias, tratava de fazer suas escolhas, comprando a briga, para um dos lados, sobre quem detinha a grande voz do rádio. Nunca houve melhor, ou pior – para lembrarmos o lema salgueirense –, a completude residia na diferença. Sim, no carnaval do Rio, aconte-
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ce o mesmíssimo enredo, disputa!, mas com dezenas de personagens, também organismos de identidade e maneirismos próprios, e que deduram com clareza a personalidade de seus apaixonados. Nada mais Emilinha X Marlene do que os desfiles das escolas de samba. Quem gosta de uma revolução, sempre abraçou a Mocidade Independente, o Salgueiro, a Beija-Flor. Já os mais tradicionais, dizem que o verdadeiro samba se toca em Mangueira ou, mais adiante, na Serrinha dos sonhos e glórias do Império. Por fim, a turma bem vestida até o pescoço não titubeia ao optar por Imperatriz ou pela Portela, esta uma majestade de Avenida, forno, fogão e feijoada. As escolhas pessoais por uma bandeira têm a ver com a relação geográfica, mas também com os estilos historicamente consagrados por
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A MINHA, A SUA, A NOSSA FAVORITA por luiz Carlos Magalhães
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ue país éramos naqueles tempos? Seríamos já uma nação constituída? Quem éramos nós afinal? Com algum exagero podemos até dizer que ali, naqueles primeiros anos dos anos 30, nascíamos como nação, ainda que tal afirmação signifique reconhecer Getúlio Vargas como inventor do Brasil que hoje encaramos. País rateado em oligarquias, com eleições viciadas, economia atrasada, sem qualquer traço de integração nacional, envolvido em disputas internas pelo poder, a cultura popu-
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lar segregada em guetos onde a Praça Onze, o Largo do Estácio e a Festa da Penha se destacavam com difusores de tendências populares. O rádio nos libertaria? Ou estarei viajando nas ondas do exagero? Não aquele rádio inaugurado em 1923 por Roquete Pinto e sua Rádio Sociedade. Ela, como todas de então, trazia a intenção educativa e elitista, limitada e voltada para associados que as mantinham fora do alcance do grande público que até ali se distraía com circos, quermesses, adros das igrejas, o bom e velho carnaval dos ranchos populares e algumas poucas alternativas.
É também nesse período que se expande a cultura do samba a partir do surdo de marcação de Bide e do talento da formidável geração de bambas do Largo do Estácio. Daí e dos morros de volta para a cidade formal foi um pulo. Com as portas abertas pelos modernos mecanismos de captação e difusão sonoras e escancaradas pelo advento do rádio comercial, a partir do decreto getulista de março de 1932, a música popular invadiria as rádios e gravadoras logo depois já traduzidas para o dialeto urbanizado do talento de Noel Rosa. Era, o rádio, o primeiro passo da tecnologia associado à cultura de massa
abrindo caminho para a sociedade de massa que não tardaria a chegar até nós. Estava fechada a equação trazida com a evolução do capitalismo e a evolução tecnológica: o capitalismo trazia a economia de mercado e a chamada sociedade de consumo. A tecnologia, novos meios de penetração do produto cultural. Com a propaganda autorizada em suas programações, as rádios se transformam em grande negócio. O espaço antes disponível para os programas, antes restrito a algumas horas diárias, agora era farto e disponível trazendo a necessidade de ser preenchido por atrações a gosto
do imenso público. E foi assim que os maiores artistas da época, Chico Alves e Mario Reis, passassem a visitar o morro da Mangueira e o Largo do Estácio em busca de sambas para gravar e para tocar no rádio. Mas a programação diária precisava mais. Ou ainda: o comércio e a indústria precisavam e queriam anunciar mais, vender mais através do novo e potente veículo. E para isto mais atrações eram necessárias. A tarefa era informar, vender e divertir. Principalmente vender, na visão da crescente indústria de bens de consumo, sobretudo a de eletrodomésticos. Na área do entretenimento o rádio revolucionava ao buscar abrir espaço para programações de humor e de música popular, iniciados com a reprodução de programas de calouros da Tv americana, a partir de 1933, enchendo de esperanças pretensos cantores e artistas do povo que buscavam, a custo zero, a tão rara chance de ascensão social e de fama naqueles tempos difíceis. Caía como uma luva em um tipo de sociedade urbano-industrial com industrialização crescente, acelerada urbanização, expansão da classe operária e camadas médias, além do sensível aumento populacional nos grandes centros. Já na década de 40, as ondas de rádio alcançavam os grotões brasileiros. O rádio, já plenamente comercial, pega carona de luxo na crise mundial de 1939 e navega aqui no novo ciclo de substituição de importações com a transformação de matérias primas, antes exportadas, em produtos manufaturados ávidos por um mercado consumidor novo a ser instigado à compra através de milhões de aparelhos espalhados do “Oiapoque a Chuí até o sertão distante”. E foi no decurso desse período e com a força de penetração da Rádio Nacional a partir de 1946, só compa-
rável, relativamente, à Tv Globo de hoje, que aqueles aparelhos existentes em % dos lares brasileiros, faziam o público-ouvinte rir dos políticos satirizados nos programas humorísticos, assim como faziam esse mesmo público chorar ao ouvir as inúmeras novelas transmitidas concomitantemente em diversos horários ao longo do dia. Chega a era do rádio moderno atingindo então o status de fenômeno social, veículo de massa, a partir da ação e intenção de empresários que o transformaram em eficaz acelerador de vendas, ditando modas e valores. Profissionais são cortejados e contratados com belos salários. Diferentemente do que ocorreria com a televisão, quando o telespectador vê seu ídolo na tela, com o rádio só se ouvia a voz. Com o tempo, já não mais se contentando com a voz, visitavam os locais dos programas para ver seus ídolos de perto, dando origem aos programas de auditório. Os programas comandados por Paulo Gracindo, Manoel Barcelos e Cesar de Alencar passaram a admitir visitas e participação do público incentivado por farta distribuição de brindes e prêmios diversos. Nasciam os programas de auditória fazendo formar filas de moças do povo que superlotavam os ambientes radiofônicos com estardalhaço incomum entrando para a história como as ”macacas de auditório”. Em contrapartida, outra imensa fila de patrocinadores se formava nos escritórios da emissora a espera de espaço na programação para divulgar seus produtos. E é nesse cenário que, por iniciativa da associação de classe dos radialistas, a partir de 1948, os concursos de Rainha do Rádio foram retomados, agora para angariar fundos para financiar a construção do hospital para os trabalhadores do setor. Essa
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era a intenção declarada. Para tanto os votos eram vendidos por um cruzeiro, à época. Era assim a cada ano, com uma imensa relação de prêmios para as vencedoras e para quem votasse. Tudo era feito com grande pompa para que o sucesso e a atração do concurso, e da venda de votos, alcançasse o grande público. Mas o que teria por traz de um concurso tão bem intencionado? Até que ponto a indicação da vencedora era mesmo algo tão amador, resultado direto da paixão dos fãs? Pois a história contada por Maria Luisa Rinaldi Hupper assim se passou, em outras e minhas palavras, Emilinha Borba iniciara sua carreira ainda infantil em um programa de calouros de Ary Barroso na rádio Cruzeiro do Sul, aos 11 anos, já órfã de pai e morando separada da mãe com dificuldades financeiras para criá-la. Cantou “o XIS DO PROBLEMA” de Noel Rosa. E tirou nota 10. Nunca mais ficou distante das rádios até chegar à radio Nacional, com passagem pelo lendário Cassino da Urca, contratada por indicação nada menos que Carmen Miranda. Somente em
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1945, com a chegada de Cesar de Alencar à rádio, e lançamento de seu programa de auditório, Emilinha recebeu tratamento diferenciado de técnicas de Hollywood trazida pelo locutor que chegava. Toda a cobertura artística de então era feita pela revista CARIOCA, criada ainda em 1935, com matérias sobre as artes cênicas e rádio até que, com a expansão do rádio, surgisse em 1949 a Revista do Rádio, especializada na cobertura específica do veículo. Em 1947, sua fama alcança definitivamente todo o país ao ser escolhida como “A FAVORITA DA MARINHA”, tornando-se um fenômeno incomparável de popularidade. Naquele ano de 1949 tudo indicava que o concurso revigorado de rainhas do rádio teria em Emilinha Borba uma vencedora inconteste, tal seu status de fenômeno nacional de popularidade, sem qualquer concorrente à vista. Isto se os objetivos financeiros do concurso não determinassem outros rumos. Para que a disputa alcançasse tais objetivos uma concorrente deveria ser encontrada, ou inventada, se preciso. E foi assim que a diretoria da rádio foi procurar uma moça desconhecida, paulistana, filha de italianos, chamada Victória Bonaiutti de Martinho que, na juventude, ao dar primeiros passos amadores como cantora recebeu dos amigos o nome artístico de Marlene, em homenagem à superstar alemã de então Marlene Dietrich. No decorrer de sua carreira, Marlene foi cantar na boate do Copacabana Palace, completamente desconhecida do grande e de qualquer público. Procurada pela direção da rádio foi convidada a participar do concurso, já sendo avisada que não teria qualquer chance de vitória em razão da fama e celebridade de sua concorrente. Como
cantava pra gente rica os dirigentes viram nela a possibilidade de vender milhares de votos para a construção do hospital dos radialistas. partir de então Marlene passou a ser atração do Programa semanal de Manoel Barcelos fazendo rivalidade com Emilinha Borba, atração máxima do programa César de Alencar e da própria rádio que abrigava os dois locutores rivais. Ao tentar, em sua cidade, vender seus votos para um diretor da Cia. Antártica , de cervejas de refrigerantes, e vendo sua tentativa rejeitada, quase desistiu. Só então soube da intenção da cervejaria de lançar um de seus produtos de maior sucesso futuro: o guaraná CAÇULA. E a escolhida foi Marlene: uma cara nova para um produto novo. A sorte estava lançada! Com o financiamento Antártica todo o montante de votos adquiridos para Emilinha foi superado pelos votos comprados pela companhia a partir da inauguração de incontáveis fãclubes da rival Marlene. Além do choque causado à própria Emilinha, o resultado provocou um verdadeiro terremoto no ambiente radiofônico, com repercussões em todo o país, e o acirramento das paixões envolvendo as duas cantores e também seus locutores respectivos, mas principalmente uma verdadeira guerra entre as duas torcidas no auditório transformado em campo de batalha. Nesta batalha inigualável na história da cultura brasileira todos, ou quase todos, saíram bem na fita. A Antártica consagrou seu produto no mercado, a construção do hospital recebeu um volumoso reforço financeiro, a rádio ganhou uma nova superstar e Marlene alavancou definitivamente sua carreira. Só quem perdeu, naquela batalha, foi Emilinha, a inimitável, incomparável. A favorita da marinha. E minha também.
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A história de amor de um “marlenista”
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ma criança de sete anos pode saber o que é talento ou compará-lo? Claro que não! Ainda mais em 1949... Então a história começa assim: alguém em casa comentou sobre um concurso de Rainha do Rádio, e que uma paulista, cantora da noite era a vencedora. Até aí nada demais, mas aquilo ficou na minha fantasia e sem questionamento procurei brincar como em contos de fada. Quem era a Rainha? Ouvia na rádio, mas não entendia muito tudo aquilo. Com o passar do tempo, já aos dez anos, percebi que aquela soberana não perdera a majestade e continuava seu reinado nos auditórios, aclamada pelo público e reverenciada pelos críticos. Assisti a Marlene pela primeira vez no Cine Paraíso, em Bonsucesso, bairro onde eu morava. É uma inesquecível ilustração da minha vida. Saí do cinema iluminado pela alegria da cantora, de cabelos ruivos, um decote audacioso e uma apresentação explosiva. Dali pra frente, virei “marlenista” de carteirinha. Passei a acompanhar os roteiros e os lugares por onde minha Rainha passava, as festas de aniversário (novembro, dia 22) sempre realizadas em grandes teatros do Rio, nos programas do Manoel Barcelos, do Cezar de Alencar e do Paulo Gracindo. Certa vez, cheguei na Praça Tiradentes e, como ainda não tinha idade para assistir ao teatro de revista, não pude entrar. Na entrada, vi um grande desenho da estrela do espetáculo “Aperta o Cinto”, assinado pelo famoso J. Luiz, e que Marlene tem em seu apartamento até hoje. Várias outras comédias pude assistir: “Depois do Casamento”, “Angelina e o Dentista” e “Tia Mame”. No cinema, “Tudo Azul” mostrou para o grande público, em tela gigante, a performance da Rainha do Rádio. Delírio no mesmo Cine Paraíso, palco do meu primeiro encontro com Marlene.
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DIÁRIO DE UM FÃ por Zéllo Visconti
Já crescido, ocupado com os estudos e, logo depois, com o trabalho, nem sempre pude acompanhar de perto minha preferida, mas ficava sabendo dela pelo fã Clube Marlene de Brás de Pina, bairro onde passei a morar. Ficava a par de tudo. Vieram outros concursos e me juntava ao grupo para apoiar, conseguir votos e ela quase sempre saia vitoriosa. Era uma festa: “A Mais Elegante do Rádio”, “A Maior Figura Feminina do Rádio” “Imortais do Rádio” e tantos outros.
Uma noite, resolvi sair do trabalho e assistir a um programa de televisão, da TV Rio, em Copacabana, o Vip Show Royal. Na saída, fui apresentado à Marlene, que, ao me dar um autógrafo em uma foto, perguntou meu nome e ao escrever disse: Com dois Ls, fica mais esnobe. Aí fui batizado como Zéllo. Em pouco tempo, já me reconhecia e certa vez me convidou para passar o Natal com a família dela. Foi um presente ímpar. Ficamos amigos desde essa época. Sempre a visitava, participava de almoços com familiares e jantares com convidados ilustres. Frequentava sua residência na avenida Júlio de Castilhos, em Copacabana, e a acompanhava em várias saídas para shows. Foi uma grande escola ter a Marlene ao meu lado: elegante, fina e politizada. Sempre com esmero nas apresentações, assumia compromissos e cumpria ordens estabelecidas. Depois de um tempo, fui morar em Brasília, e viajei muito pelo munda afora, expondo a minha arte, mas sempre mantivemos contato. Seja por telefone, cartas, bilhetes, eu guardo tudo com muito carinho. Sempre me incentivando, ela tem até alguns trabalhos meus, o que me orgulha muito, mas hoje nos falamos pouco. A carreira vitoriosa de Marlene mostra que aquele garoto do subúrbio de Bonsucesso anteviu em sua escolha o mérito do talento de uma cantora performática, que de Rainha virou estrela e dominou os palcos, as telas e o prestígio de toda uma Nação. A família marlenista existe em nós, fãs, admiradores da “artista mais artista das artistas do Brasil” (slogan de José Messias), “aquela que canta e samba diferente” (dizia Cezar de Alencar ao apresentá-la em seu programa) ou “a Maior” (grito uníssono nos auditórios, depois da fã, Regina, gritar e todo o público referendar “É a maior! É a maior!”). Aos seus 90 anos, merece todas as homenagens, tributos e reverências. Seja pela carreira, pelo respeito à música brasileira, pelos carnavais e por toda a arte com que nos brindou. Obrigado, Marlene, por você existir e nos dar o mérito de sermos “marlenistas”, com orgulho e paixão. Viva Marlene, a Rainha que não perdeu a majestade!
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AS NOSSAS DEZ FAVORITAS
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á na hora? Sim. Está na hora de partir para o point mais charmoso, encantador e místico. Hora de chegar na Praça Mauá, ir para o edifício do Jornal “A Noite”, seguir para o vigésimo primeiro andar e entrar no auditório, o reino das rainhas: a Rádio Nacional. Ali era o templo das divas, o pantheon das deusas mitológicas do canto e da magia. Vozes que embalavam o fazer diário dos lares em nosso país e que na hora dos programas radiofônicos onde se apresentavam, as atividades caseiras paravam para devanear nas vozes das mais queridas cantoras do rádio. Os dias das transmissões eram esperados ansiosamente. Às quintas-feiras, era o programa de Manoel Barcelos, aos sábados, o do César de Alencar e, aos domingos, o do Paulo Gracindo. O público chegava cedo e enfrentava longa fila para ver de perto e escutar ao vivo suas divas cantantes. Recordo-me ainda do primeiro programa a que assisti. Eu tinha quatorze anos, foi em 1962. Levado por minha mãe que era fã da Marlene, fomos assistir ao César de Alencar. A cantora era anunciada pelo apresentador com o slogan: “Com vocês a que canta e samba diferente, Marleneeee”. Mesmo antes de terminar, o auditório gritava o seu nome dandolhe vários adjetivos: “É a maior”, “Rainha do Rádio”, endeusando
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por Fernando Tenório de Araújo a esfuziante figura, que numa apresentação elétrica incorporava ao ritmo da música seus braços, pernas e mãos. Tratava-se de um lançamento para o ‘tríduo momesco”, e sua voz encantava os seus fãs, que cantavam junto com a sua querida artista: “Quatro horas da manhã/ sai de casa/ o Zé Marmita/ pendurado na porta do trem/ Zé Marmita vai e vem/ - e as fanzocas entoavam: “Marlene é maior”. O encerramento do programa foi o que mais me encantou. O anúncio foi eletrizante: “Chegou a hora da minha, da sua, da nossa favorita: Emiliiii...nha Borrr..ba”. Foi uma loucura total! Gritos, batida de pés, parecia que o edifício ia desabar. Fiquei meio assustado, mas maravilhado com a entrada dela. Parecia uma fada, trajando um vestido longo, godê e tomara que caia todo prateado. Sua voz era doce, gestos suaves. Parece que estou a escutar a música que embalou o meu êxtase. “Catito... Catito... Catito meu/ pedaço do céu/ que Deus me deu...”. Foi inebriante. A partir daquele instante, fiquei fã daquela que teria sempre o meu carinho. E mamãe teria um antagonista a sua estrela. Seríamos agora Emilinha versus Marlene. A partir daí, a Nacional tornou-se o ancoradouro dos meus momentos de prazer e alegria. Passei a viver e respirar todo o mundo do cancioneiro das vozes das belas
cantoras do rádio. Foi um momento da minha vida e da minha adolescência, que ficou registrado em minha memória, não só as oponentes Marlene e Emilinha, como todo o séquito das grandes e nobres Rainhas do Rádio. Nomes como Dalva de Oliveira, a querida Sapoti (Ângela Maria), as irmãs Batista e, uma das últimas, Julie Joy, integravam o grupo. Com essa homenagem da revista “Plumas & Paetês Cultural”, pude reviver esses inesquecíveis momentos, daquele reino que não é mais o mesmo, mas cujas rainhas não perderam a majestade.
AS 10 RAINHAS DO RÁDIO: Linda Batista – de 1937 a 1947 Dircinha Batista – em 1948 Marlene – 1949 e 1950 Dalva de Oliveira - em 1951 Mary Gonçalves – em 1952 Emilinha Borba – em 1953 Ângela Maria – em 1954 Vera Lúcia – em 1955 Dóris Monteiro – 1956 e 1957 Julie Joy – 1958
S h o p p i n g R i o S u l | Te l . 2 1 2 2 7 5 . 9 9 6 6 | d u m o n d . c o m . b r |
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RÁDIO NACIONAL EM ESTUDO
Oito décadas de emoções em 5 parágrafos por Letícia Vianna
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m meio de comunicação que muito contribuiu para a cultura e educação, que serviu como veículo de integração dos mais longínquos pontos do país e que ajudou a dar voz à nação num momento em que o Brasil vivia grandes transformações. Embalados pela homenagem às Rainhas do Rádio, o Plumas & Paetês Cultural vem exaltar os quase 80 anos da emissora que às 21 horas daquele sábado, 12 de setembro de 1936, ao som de “Luar do Sertão”, anunciava sob a voz de Celso Guimarães: “Alô, alô Brasil! Aqui quem fala é a Rádio Nacional do Rio de Janeiro”.
Lembro-me bem dos meus avós contando das filas intermináveis, quase abraçando o quarteirão do edifício “A Noite”, na Praça Mauá, Zona Portuária do Rio de Janeiro. As pessoas se aglomeravam na entrada do prédio, querendo entrar para assistir aos programas do Paulo Gracindo e César de Alencar. Muitas tinham um sonho: ver bem de perto como era a famosa rivalidade dos fã-clubes de Marlene e Emilinha Borba. Outros também fizeram história nos estúdios e auditório, como Brandão Filho, Chico Anísio e Renato Murce. Através de suas ondas, os brasileiros aprenderam a rir, a chorar e a cantar. Expandia o imaginário de cada pessoa que se sentava à frente daquela “caixa mágica”, sejam entretidos pelos humorísticos, como o “Balança Mas Não Cai”; ou quando Heron Domingues entrava com as notícias do Repórter Esso; ou interagindo como na hora do “Caixa de Perguntas”, primeiro programa de auditório brasileiro, criado por Henrique Foréis Domingues em 1939.
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A emissora conseguia agradar a todos os gostos: enveredou pelos caminhos da educação com o programa “Universidade do Ar”, destinado a professores do interior; as mulheres tinham vez com o “A Voz da Beleza”, apresentado por Léa Silva; visando a ‘nova geração’ da época, destacou-se o “Juventude Brasileira”, apresentado pela professora Lúcia de Magalhães. Com essa forte comunicação atravessando horizontes, a Rádio Nacional tomou dimensões inimagináveis, contratando escritores altamente qualificados para desenvolverem dramaturgia, estreando os folhetins radiofônicos, que logo se tornaram sucesso. Foi através da sua sintonia que, em 12 de julho de 1941, surgiu a primeira radionovela do Brasil, “Em Busca da Felicidade”, que foi apresentada por cerca de três anos e foi sucedida pela inesquecível “O Direito de Nascer”. A Rádio Nacional também rendeu frutos para o teatro brasileiro, como a revolucionária peça “O Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues. Em um desafio à linha da tradicional dramaturgia brasileira do seu tempo, o escritor intercalou as cenas com intervenções gravadas, apoderando-se das técnicas do rádio para simples efeitos de encenação. E as famigeradas chanchadas do cinema brasileiro dos anos 50? Nos estúdios da Atlântida você também encontrava o elenco da famosa emissora. Além disso, programas narrados acabaram virando filmes, como “Obrigado Doutor”, de Moacyr Fenelon, baseado em argumentos de Paulo Roberto, com Paulo Gracindo no papel principal. Mas o legado dessa história viva da comunicação brasileira corre grande risco de cair no total esquecimento. Hoje em dia, a rádio nada lembra a sua Era de Ouro, o que é lamentável. As pessoas que a conheceram e muitos grandes artistas que ainda estão entre nós, deploram essa situação e a falta de apego à memória. Toda indústria radiofônica do país deve e muito à grande escola que foi a Rádio Nacional. Essa emissora adquirida por apenas 50 contos de réis (da Rádio Philips), que cresceu fazendo cada vez mais parte da vida dos brasileiros, e que aguarda hoje a continuidade da exaltação do seu valor real.
CIDADE DO SAMBA
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Cidade do Samba é uma referência da cidade do Rio de Janeiro, integrando-se cada vez mais à paisagem da região portuária em transformação. Com 114 mil m2, abriga os barracões das escolas de Samba do Grupo Especial, reunindo profissionais, maquinário, ferramentas e materiais necessários à construção, ano a ano, de tudo o que será apresentado na Marquês de Sapucaí. É neste local privilegiado onde os croquis e projetos ganham vida, dando cores e dimensão aos sonhos de carnavalescos e suas equipes, fazendo uma ponte com as quadras instaladas pelos bairros e arredores, onde seus integrantes vibram ao som da bateria de suas escolas. A essência do Carnaval bate ponto na praça central, fazendo ecoar a ideia de escolas co-irmãs nesse local de integração, surpresas, inspiração e de muito trabalho, o ano todo.
| Guia Cultural |
Iniciativa inédita, a Carnavália - Sambacon permitirá que profissionais dos bastidores da folia tenham contato direto e fechem negócios com fabricantes de materiais de fantasias e alegorias, instrumentos musicais e agentes do setor de turismo, entre outros atores da cadeia produtiva do Carnaval. “A expectativa do mercado é grande. Em três semanas de comercialização, fechamos todos os espaços disponíveis para locação”, afirma Elias Riche, diretor da AMI7, empresa que, junto com a Timbre Comunicações, organiza o evento. “A feira representa uma ótima oportunidade para novos fornecedores e pequenos empreendedores que querem um meio de se aproximar e realizar negócios com escolas de samba e blocos que, por sua vez, podem ampliar seu leque de opções, estimulando a competitividade em termos de preço e qualidade”, avalia Nei Barbosa, diretor da Timbre.
CARNAVÁLIASAMBACON ANTECIPA O CARNAVAL NA CIDADE MARAVILHOSA
Evento inédito no Brasil, feira fomentará empreendedorismo e negócios entre representantes da cadeia produtiva do Carnaval e debaterá temas dos bastidores da folia por JEAN CLAUDIO
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tenção carnavalescos e foliões: preparem-se, pois o Rio de Janeiro terá Carnaval em julho e agosto! O maior espetáculo da terra ganha, enfim, um evento de negócios à altura de sua importância para a vida cultural, social e econômica do país. Abram alas para a Carnavália-Sambacon, primeira feira de empreendedorismo e negócios do Carnaval brasileiro e o primeiro Encontro Nacional do Samba, evento que acontece de 31 de julho a 2 de agosto no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, Centro da cidade.
Estarão presentes mais de 60 expositores, oriundos de indústrias de insumos para fantasias, alegorias, adereços e adornos urbanos, instrumentos musicais, além de empresas de serviços das áreas de turismo, transporte, segurança, música, hotelaria, gastronomia, limpeza, recolhimento e reciclagem de resíduos, entre outras. Segundo os organizadores, a Carnavália-Sambacon deve gerar R$ 10 milhões em negócios. O público estimado é de cinco mil pessoas nos três dias do evento. Entre as empresas que já estão confirmadas figuram, Gangazumba, Rei das Tintas, Carvalhao, Magma, Rick Sound, Palácio dos
Cristais, Mr Coat, D’Samba, Diproter/Dubla-bem, Casa Pinto, Estrela Descartáveis, Sol do Saara, Atelier Aquarela Carioca, King instrumentos, Sanitas, Fábrica de Sonhos, Palácio dos Cristais, MJC Eventos, Parole, Capemisa, entre outros. Parceira do evento, a Riotur estará presente com um megaestande, logo na entrada da feira. A Carnavália-Sambacon está sendo organizada pela AMI7 e Timbre. Além da Riotur, apoiam a iniciativa Sebrae, TV Globo, Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Lierj (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Sebastiana (Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Tereza e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro) e Amebras (Associação das Mulheres Empreendedoras do Brasil).
Encontro Nacional do Samba debaterá aspectos culturais e de gestão do Carnaval Enquanto empresários, fornecedores e prestadores de serviços participam de negociações nos estandes, acontece em paralelo o 1º Encontro Nacional do Samba (Sambacon), reunindo carnavalescos, gestores, artesãos, produtores, jornalistas, profissionais dos bastidores e representantes de órgãos públicos envolvidos na organização e viabilização do calendário momesco. Serão promovidos debates, workshops e palestras sobre temas artísticos, de infraestrutura, gestão e capacitação profissional.
A organização da Carnavália-Sambacon disponibilizará informações sobre os temas e participantes por meio do site.
www.carnavalia.net ami7@ami7.com.br
Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (21) 2292 8152 ou 2532-4035
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ASTRAL VITORIOSO
por TIAGO RIBEIRO
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uem passa pela rua Teodoro da Silva em frente ao número 814 A, em Vila Isabel, não faz ideia da quantidade de vitórias no samba que são registradas ali. Por dentro de uma aparente ‘mais uma casa da rua’ está o estúdio de gravação onde, em média, metade dos compositores vencedores das disputas de samba de enredo faz seu CD de divulgação. Conversamos com os membros da família que toca o negócio, para conhecer mais sobre os bastidores deste processo. Ao entrar na sala de edição, local da entrevista, avistamos na parede dois Estandartes de Ouro de melhor samba (da Vila Isabel 2013 e da Cubango 2008) recebidos dos clientes-amigos em forma de agradecimento. Durante a conversa, enquanto um dos sócios respondia as perguntas, o outro não parava de trabalhar, mixando uma música. É nesse contexto que conhecemos a história da Astral Music Record, ou simplesmente AMR, gravadora e editora, onde passam quase todos os puxadores do carnaval “menos o Neguinho da Beija-Flor, que não costuma gravar sambas pra terceiros”, como frisa o fundador da empresa. Bené Rodrigues, como é conhecido, é fã de Roberto Carlos e Agnaldo Timóteo e teve carreira na música entre 1964 e 1972. Tocou violão e guitarra e já foi cantor, se aventurando no pop e na MPB, até que se casou e optou pelo trabalho não-artístico. O que parecia um stop foi só uma pausa e duas décadas depois resolveu fundar a
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Os bastidores da gravadora de onde saem os sambas de enredo campeões banda de samba “Magia Popular”, onde foi empresário e produtor. Usou parte da casa para ensaiar com o grupo de sete pessoas e gravou o primeiro CD em estúdio de terceiros, mas não demorou para transformar outra parte da própria residência, ainda na rua Petrocochino, em estúdio de gravação e abrir ao público. O ano de estreia foi o de 1996 e o primeiro cliente, o seu vizinho Betão, do grupo “Samba Sonset”. Logo surgiu a primeira gravação de samba de enredo ali, da compositora Ivanisia, num ano que seu Bené nem consegue mais lembrar, para a Vila Isabel. A parceria chegou em terceiro lugar, na única final de samba a que o empresário compareceu em toda a sua vida. “Diante da nossa profissão não acho que é o caminho. O máximo que fazemos é usar as camisas que recebemos, mas não participamos. É de mim, sou uma pessoa mais caseira e meu filho (outro sócio) nunca tem tempo”. Com o passar dos anos, a rua onde o estúdio se localizava, próxima ao Morro dos Macacos, não trazia a segurança que os clientes buscavam, então a AMR foi transferida para a Teodoro da Silva, há quatro anos, e a família teve o espaço da casa retomado. No novo local já são dois estúdios, onde seu Bené e o filho, Léo Rodrigues, botam a mão na massa, usando a experiência desses anos para desenvolver toda a estrutura, de um trabalho onde a dupla é autodidata. Já tendo contado com mais de 50 artistas próprios, a gravadora já lançou discos do Dicró, do grupo “Só Preto Sem Preconceito”, do ídolo do Seu Bené – Agnaldo Timóteo – e de ar-
tistas como Serginho Miriti, que como compositor gravou “Deixa a Vida me Levar”, que a seguir foi lançada por Zeca Pagodinho. Atualmente, entre os CDs que a AMR está trabalhando está o de Fernando Madureira. Nele, Bené, além de produtor, é o compositor de duas faixas. Sobre as gravações de sambas de eliminatória, os sócios afirmam que duram, em média, 8 horas, já contando com a mixagem e edição, “mas já teve parceria que gravou em 20 horas”. Descobrimos também que elas podem ser de dois tipos: usando ritmistas ou optando por uma base montada, o que é mais barato, agiliza a gravação e é mais comum nos Grupos de Acesso. O papo vai fluindo e conhecemos curiosidades como: os compositores que pedem opinião aos sócios da gravadora, outros que chegam com samba incompleto e terminam lá, sem contar os que comparecem embriagados e acabam brigando entre sí. Mas os que deixam seu Bené irritado são os que, sem saber quando terminarão de compor, agendam vários estúdios em datas diferentes, gravando só em um e dando calote nos outros.
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Outras histórias rendem boas risadas, como a de uma parceria, em determinado ano, em que um compositor se atrasou para gravação e, quando chegou, o restante do grupo já tinha alterado quase metade da letra. Inconformado, se juntou com outros amigos e acabou campeão na final contra o samba dos antigos parceiros. Mas para seu Bené, a história mais engraçada foi a de “Um sujeito que chegou pra um samba no estúdio 1 e o outro para o estúdio 2. Não era pra mesma escola, mas eram temas parecidos. Como ambos não conheciam o resto do pessoal, eles chegaram se entrosando. Quando o primeiro começou a questionar que a letra não estava de acordo com a sinopse foi aquela confusão, até que chegaram os verdadeiros parceiros dele. Dai foi um riso, uma gargalhada”. Assumindo esta postura profissional de “não dar nome aos bois” nem o “ano dos milagres”, aliada à fama de “pé quente”, onde só pra esse ano gravou várias parcerias campeãs do Especial, do Acesso, de escolas de São Paulo e outros estados, a família Rodrigues se prepara para o carnaval 2015. Tudo isso sem deixar de lançar CDs dos ritmos mais diversos, como rock, forró, gospel, infantil e até brega, além de institucionais pra empresas. Amante da música, mas sem se achar mais em condições de voltar à carreira, seu Bené ainda quer gravar um disco gospel em homenagem à mãe. E assim segue, aos 62 anos, sonhando tanto quanto os inúmeros compositores que adentram sua gravadora todos os dias.
NOIVAS DEBUTANTES MADRINHAS CONCURSO DE BELEZA FIGURINOS MAKE-UP PENTEADOS EFEITOS ESPECIAIS
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IMBRAMAQ
Diálogos Técnica e Arte:
TRADE METAL
reflexões e ações para a
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS LTDA.
Educação Profissional e Tecnológica em Cultura no Rio de Janeiro por Alesandra Ciambarella Paulon Rafael Barreto Almada
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rte e Técnica sempre foram historicamente vistas como dimensões divergentes. Diante de uma sociedade extremamente industrializada, predomina no senso comum a percepção que coloca arte e cultura de um lado e tecnologia de outra, esta última vista, em certo sentido, como um elemento inibidor do espírito criativo. Em contrapartida, surge entre os artistas a defesa de uma concepção da “arte pela arte”, em que o trabalho artístico vai adquirindo um caráter essencialmente individual e com forte cunho subjetivo. Foi para romper com esta dicotomia, compreendendo a necessidade de desenvolvimento de uma política de integração entre Educação e Cultura, e considerando a urgência em promover o reconhecimento das artes e saberes culturais como campos de conhecimento, que o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, por meio da Pró-Reitoria de Extensão, procurou, nos últimos anos, ampliar os debates e promover ações que colocaram no centro das discussões as relações múltiplas e produtivas possíveis entre a Educação Profissional e Tecnológica e os setores artísticos e culturais cariocas.
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Consolidamos ações educativas já promovidas na instituição, como o reconhecimento do curso de Graduação em Produção Cultural e da Pós- Graduação em Linguagens Artísticas, Cultura e Educação; o desenvolvimento do Programa de Educação Tutorial (PET)/Conexão de Saberes em Produção Cultural; a participação no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego – PRONATEC, com inúmeros cursos no Eixo de Produção Cultural e Designer; e a participação do IFRJ no Grupo de Trabalho que compõe o Programa “Mais Cultura nas Universidades”, desenvolvido pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Educação. E, ainda, produzimos um projeto de criação de uma unidade de Educação Profissional e Tecnológica que atenda às inúmeras demandas de formação do setor cultural, principalmente, ao carnaval carioca com reconhecimento de saberes e formação técnica para contribuir com o grande espetáculo. A Arte e a Cultura não são apenas fundamentadas em ideias estéticas, mas também e, sobretudo, a história dos meios e das técnicas que nos permitem dar expressão a essas ideias. A Arte não existe sem a Técnica, e ambas são dimensões indissociáveis na formação da cultura e da história de uma sociedade. E, também, entendemos a Educação como um veículo fundamental de formação integral do indivíduo; compreendendo o ato de educar como algo que ultrapassa os limites da técnica e, por isso, investimos nossos esforços enquanto instituição educativa, na perspectiva interdisciplinar do conhecimento e no valor dos saberes populares como elemento fundamental para a formação cidadã dos estudantes.
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Tradição de inovar por Felipe Ferreira
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ideia de tradição está intimamente ligada ao carnaval das escolas de samba. Surgidas como uma espécie de resposta dos grupos populares que ocupavam os morros em torno do centro do Rio de janeiro aos anseios da elite intelectual carioca, essas agremiações já ressaltavam sua “tradicionalidade” nos primeiros anos de sua existência, na década de 1930. O destaque dado à ligação desses grupos carnavalescos recém-surgidos com os ritmos e costumes negros “puros” pode ser entendido como uma forma de negociação entre o samba de morro e a cultura “do asfalto” que procurava uma manifestação carnavalesca menos espetacular que os ranchos e mais confiável que os cordões. Entretanto, para as escolas de samba, a ideia de tradição é bastante maleável podendo acomodar toda uma série de novidades que surgiam ano a ano, decorrentes da disputa para se eleger as vencedoras dos diversos concursos realizados entre elas. Se algumas escolas, como a Vizinha Faladeira, acabaram por se verem excluídas do grupo pelo que se considerou então como excesso de ousadias, a maioria delas conseguiu construir seus desfiles a partir de um equilíbrio negociado entre tradições e novidades.
gissem notoriedade nacional no final dos anos 1950, quando a participação de cenógrafos e figurinistas vindos do teatro iria mudar a estética dos desfiles, criando enredos, alegorias e fantasias capazes de atrair o interesse de todas as classes sociais. A partir de então, a novidade passava a fazer parte integrante das apresentações das escolas que traziam temas, materiais e efeitos cada vez mais surpreendentes e espetaculares. Arlindo Rodrigues, Fernando Pamplona, Maria Augusta, Fernando Pinto, Rosa Magalhães e Renato Lage são apenas alguns dos criadores que souberam manter a tradição da ousadia dentro das escolas. Desfiles surpreendentes em termos de cor e forma transformavam-se nos paradigmas dos anos subsequentes, estabelecendo novas tradições que seriam, por sua vez, questionadas com mais ousadias. Um ciclo que não parou de gerar surpresas e que, ano a ano, continua mantendo o interesse no espetáculo.
Saber preservar essa relação entre o antigo e o novo, entre o que deve ser mantido e o que precisa ser renovado, entre o tradicional e o ousado, este é o segredo dos grandes criadores do carnaval. Que este equilíbrio continue sendo mantido para que não percamos nossas antigas É este espírito de diálogo com a socie- referências sem abrir mão das surpresas dade que faria com que as escolas atin- que nos aguardam.
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| Dispersão |
por valéria del cueto
ATÉ NOSSO LIXO É UM LUXO!
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muito assunto para pouco espaço, assim como é pouca caçamba para tanto descarte. Dito isso, vale ressaltar que o carnaval, como força motriz criadora e geradora, sempre andou a frente das teorias que permeiam sua produção artesanal e industrial. No quesito gerência a aplicação de conceitos de consagrados especialistas mundiais em gestão da excelência (o PDCA de Deming, a adequação de uso com satisfação do cliente de Juran, as equipes de trabalho de Ishikawa, a filosofia de Crosby, o controle total da qualidade de Feigenbaum e os ensinamentos de Peter Drucker) são, atualmente, verificados na cadeia gerencial do cotidiano das escolas de samba. Como não dar a devida importância à questão do descarte na indústria carnavalesca? “Nossa preocupação é em como colocar o carnaval na avenida. Como tirá-lo de lá, são outros 500...” A resposta pertinente a essa questão há alguns anos deixou de ter consistência quando se detectou o valor do que saía das pistas de desfile (isso, para abordarmos apenas um “fim” da questão, deixando de lado, entre outras, a destinação das aparas da imensa produção dos barracões). As agremiações começaram a vender e/ou doar fantasias e alegorias para outras entidades carnavalescas criando uma cadeia que pode começar
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na Sapucaí e terminar alguns anos depois, por exemplo, na passarela do carnaval de Alegrete/RS. Outra vertente é dos grupos que, depois de desfilarem no sambódromo carioca, se juntam para se apresentarem em escolas de samba de grupos inferiores na Intendente Magalhães, zona norte do Rio. Mas como agregar um selo de sustentabilidade a todo esse esforço ainda incipiente se levar em consideração a imensa quantidade de “lixo” recolhido nas dispersões carnavalescas? Nesse momento temos movimentos e ações realizados individualmente pelas escolas de samba e outros agentes do processo. Como sempre pioneiros e inovadores apesar de, mais uma vez, serem grandes laboratórios na prática para, somente posteriormente, serem reconhecidos e compreendidos pelos teóricos. Eles, que já acordaram para
mais esse fenômeno em desenvolvimento na indústria carnavalesca. É possível identificar os atores principais do que será em breve um processo muito mais amplo. Nele, as escolas de samba não são as únicas envolvidas. A cadeia de responsabilidades que influencia e atua diretamente na questão dos descartes começa pelos fornecedores, os tipos de materiais e como eles são produzidos; passa pelos carnavalescos que definem o que será utilizado; os componentes e como vão tratar a fantasia que, em síntese, tem um valor agregado mesmo depois da apresentação; as escolas, por viabilizarem novas utilizações para as peças e, também, pelo poder público, encarregado de recolher o que fica para trás nas caçambas e espaços do entorno das passarelas.
Prêmio
O Prêmio Plumas & Paetês Cultural agradece a empresas e parceiros que acreditaram e apoiaram a realização deste projeto.
Patrocínio:
Parece simples, mas não é. Pelo menos no caso do reaproveitamento do que fica nas dispersões. Uma das dificuldades é a diversidade incrível de materiais que dificulta a coleta, a separação e a seleção do que é, na verdade, um tesouro! Já há iniciativas para fazer da arte desperdiçada e descartada outras peças, também de arte. É assim que ainda de forma incipiente, mas insistente, projetos tentam recuperar, classificar e, reinterpretando em novas leituras, reciclar a arte pela arte. Sustentabilidade aos poucos deixa ser apenas tema de enredos carnavalescos para virar prática cotidiana na indústria sempre criativa e inovadora do carnaval.
Apoio Cultural:
Parceiros:
Diproter & Dubla-bem
IMPORTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
Promoções e Eventos
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| Ficha Técnica e Produção | 10ª Edição do Prêmio Plumas & Paetês Cultural PRODUÇÃO PREMIAÇÃO Produzido por Plumas & Paetês Cultural Direção geral de produção: José Antônio R. Filho Assistência de produção: Gustavo Luiz, Elisa Santos, Levi Cintra, Izaquis de Paula, Lílian Gutman, Glória Salomão, Flávio Nogueira, Anderson Ferreira, José Maurício Tavares, André Rambo, Fábio Canejo, Rogério Damata, Maria Cristina Chaves Cenografia: Levi Cintra Execução cenografia: ACENOGRAFIA Imprensa: Tiago Ribeiro Projeto de Luz: Alessadro Boschini Operação de Luz: Eduardo Nobre Coordenação de palco: André Rambo Apresentadores: Miro Ribeiro e Thatyana Pagung Mestre de Cerimônia: Jorge Vasconcelos Assistentes de Palco: Clara Paixão e Carlos Eduardo ESPETÁCULO: “Rainhas” (Homenagem as Rainhas do Rádio)
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Direção Geral: José Antônio R. Filho Direção Artística, Concepção, e Coreografias: Ruidglan Barros Assistentes de Coreografia: Aline Lima, Fábio S’antana e Plácido Leite Direção Musical, Arranjos e Regência: Edimar Guia Assistente de Produção Musical: Reyner Pereira Produção Executiva: José Antônio Filho e Paulo Cesar Alcantara Assistentes de Produção: Rogério Madruga, Rodrigo Baiano e Hugo Lopes Cenógrafo, Figurinista e Adereços: Gilmar Oliveira, com a colaboração de Rogério Madruga
Confecção de Cenários: ACENOGRAFIA Confecção de Adereços: Rogério Madruga e Rodrigo Baiano Confecção de Figurinos: Anderson Ferreira e Fátima Vieira Calçados: Dumond - (Shopping Rio Sul) Luz: Alessadro Boschini e Eduardo Nobre Direção Musical, Arranjos e Regência: Edimar Guia Assistente de Direção Musical: Reyner Pereira Cantores: Laura Lagub, Lucas Melo, Martina Blink e Sofia Kern Direção de Palco: George Santos Assistentes de Palco: Alan Farias e Roger Hilário Maquiagem: Rosangela Pereira, Dione Desidério, Elaine Martins, Leonardo Tonon, Rogério Souza e Denise da Silva Santos Assistente de Produção: Rodrigo Baiano, Rogério Madruga e Lyria Gimenez Elenco: (ordem alfabética) Aline Lima, Amanda Rocha Correia, Carlos Alves (standby), Douglas Lima, Fábio S’antana, Gabriela Luz, Gilmar Oliveira, Hugo Lopes, Kian Kirnikkouwa, Laura Lagub, Lucas Melo, Martina Blink, Michele Sandes, Plácido Leite, Rodrigo Baiano, Rogério Madruga, Sofia Kern, Viviane Santos, Vanessa Luiz (standby)
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Rua Senhor dos Passos, 81 e 202 - Centro - Rio de Janeiro
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