Revista
Carnaval Ano V n Edição nº 35 n Dezembro / 2015
Ensaios técnicos agitam o pré-carnaval Muitas novidades no Especial, Série A e Acesso Fábio Fabato completa a Família do Carnaval
Marquinhos Art Samba
‘Eu sou pé quente’
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EDITORIAL
AGENDA DO CARNAVAL
(Grupo Especial e Grupos de Acesso do Rio de Janeiro) Grupo Especial Passarela do Samba Domingo – 07/02 n Estácio de Sá n União da Ilha do Governador n Beija-Flor n Acadêmicos do Grande Rio n Mocidade Independente de Padre Miguel n Unidos da Tijuca Passarela do Samba Segunda-feira – 08/02 n Unidos de Vila Isabel n Salgueiro n São Clemente n Portela n Imperatriz Leopoldinense n Mangueira Série A Passarela do Samba Sexta-feira – 05/02 n Acadêmicos da Rocinha n Alegria da Zona Sul n Unidos do Porto da Pedra n Acadêmicos de Santa Cruz n Unidos do Viradouro n Renascer de Jacarepaguá n Império da Tijuca Passarela do Samba Sábado – 06/02 n União do Parque Curicica n Paraíso do Tuiuti n Inocentes de Belford Roxo n Império Serrano n Caprichosos de Pilares n Unidos de Padre Miguel n Acadêmicos do Cubango Grupo B Estrada Intendente Magalhães Terça-feira – 09/02 n Unidos das Vargens n Arranco n Mocidade Unida do Santa Marta n Leão de Nova Iguaçu n Unidos de Lucas n Em Cima da Hora n Unidos do Cabuçu n Unidos do Jacarezinho n Arame de Ricardo n Acadêmicos do Sossego n Unidos da Ponte n Acadêmicos do Engenho da Rainha n Unidos de Bangu n Tradição n Corações Unidos do Acari n União de Jacarepaguá
Grupo C Estrada Intendente Magalhães Segunda-feira – 08/02 n Lins Imperial n Boca de Siri n Unidos da Vila Kennedy n Acadêmicos do Dendê n Acadêmicos da Abolição n Vizinha Faladeira n Rosa de Ouro n Arrastão de Cascadura n Sereno de Campo Grande n Unidos da V. Santa Tereza n Moc. Unida da Cidade de Deus n Coroado de Jacarepaguá n Império da Praça Seca Grupo D Estrada Intendente Magalhães Domingo – 07/02 n Chatuba de Mesquita n Unidos da Villa Rica n Moc. Ind. de Inhaúma n Alegria do Vilar n Gato de Bonsucesso n Império da Uva n Flor da Mina do Andaraí n Difícil é o Nome n Unidos de Manguinhos n Matriz de São João n Acad. de Vigário Geral n Unidos de Cosmos n Moc. de Vicente de Carvalho Grupo E Estrada Intendente Magalhães Sábado – 13/02 n Boi da Ilha do Governador n Três Corações n União de Vaz Lobo n União de Rocha Miranda n Delírio da Zona Oeste n Nação Insulana n Boêmios da Cinelândia n Boêmios de Inhaúma n Colibri de Mesquita n Unidos do Anil n E. S. Cultural Zambear n Unidos do Cabral n Embalo Carioca n Império Ricardense n Acad. de Madureira n Império da Zona Oeste n Tupy de Braz de Pina
M
Vozes
uitas vozes brilham no Carnaval. Da arquibancada podem ressoar as que cantam e gritam levando uma escola à glória, da mesa de apuração a tradicional que divulga o 10 da vitória, da pista as que entoam apaixonadamente os sambas e do carro de som as que conduzem componentes e torcedores ao delírio da festa. Marquinhos Art Samba conhece cada uma delas e sabe que a sua pode levar a Imperatriz Leopoldinense ao título que não vem há 14 anos. Estreante em Ramos, o entrevistado desta edição de REVISTA CARNAVAL trouxe um alento aos leopoldinenses ao dizer claramente: “Eu sou pé quente”. Ele também conta como chegou ao mundo das escolas de samba, conquistou admiradores, passou a ser aposta para revelação do ano e foi agraciado com o direito de cantar um dos mais belos hinos do ano. Marquinhos não é o único intérprete a ganhar as páginas deste número. O consagrado trio Quinzinho, Nêgo e David do Pandeiro estarão na Estrada Intendente Magalhães aumentando o brilho da festa popular na Zona Norte. Já Leandro Santos é notícia por deixar a Estácio e seguir em duas vias: Mangueira, no Grupo Especial, e Paraíso do Tuiuti, na Série A. E tem mais: como a homenagem a Waldir 59, a chegada do mais novo membro da série literária Família do Samba, a concessão da Medalha Pedro Ernesto ao Museu do Samba, o torneio de futebol da Lierj, a definição dos grupos de Acesso, e as cortes do Carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre outros assuntos. A última edição antes da folia está repleta de novidades que deixam os apaixonados pelo samba bem informados e aumentam a expectativa para os desfiles. Estaremos na Sapucaí e onde a festa de Momo acontecer. E, no próximo número, enviaremos um show de fotos e todos os detalhes do Carnaval. Até lá e boa leitura! Revista
Carnaval
EXPEDIENTE
A Revista Carnaval é uma Publicação Portifolyo Produções Rua Garcia Redondo, 30, Cachambi, Rio de Janeiro-RJ. Tel.: 99835-1828 Editor: David Júnior. Diretor Executivo: Otávio Sobrinho.
Comercial: comercial@revistacarnaval.com.br. Email: revistacarnaval@revistacarnaval.com.br. www.revistacarnaval.com.br. Foto de capa: A. Pinto. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
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SUMÁRIO ENTREVISTA Marquinhos Art Samba
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POVÃO Corte eleita
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INTERNET Destaque no Facebook
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TREINOS Ensaios Técnicos
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HOMENAGEM O portelense Waldir 59
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ESPECIAL TV, Leandro e Gracyanne
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SÉRIE A Futebol e musas
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ACESSO Vozes, CD e organização
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CRIANÇAS CD das mirins lançado
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LITERATURA Família maior
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DESTAQUE Museu do Samba
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INFORMAÇÃO Roteiro do Samba
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INESQUECÍVEL Caprichosos sem luz
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SAMPA Escolhida a corte
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Foto: Divulgação / Leandro Ribeiro.
ENTREVISTA
Marquinhos Art Samba, a nova voz de Ramos Três anos de sucesso na Unidos de Padre Miguel levaram Marquinhos Art Samba para a Imperatriz Leopoldinense. O novo intérprete da escola de Ramos cantará na Avenida o samba mais badalado do ano e avisa que é um cara de sorte e que chega para ser campeão. 4 l Revista Carnaval
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Revista Carnaval – Como foi sua chegada a Imperatriz? Marquinhos Art’Samba – Foi coisa de Deus. Eu já vinha fazendo um trabalho muito legal na Unidos de Padre Miguel de 2013 para cá, quando a escola fez grandes carnavais. Eu fiquei surpreso que o Seu Luiz (Pacheco Drumond, presidente da Imperartriz) já me observava há dois anos. Depois houve um “namoro”, em um primeiro momento, fui chamado para vir como auxiliar do Nêgo e futuramente ele poderia me dar uma oportunidade de ser o cantor oficial da escola.
RC – De uma forma geral muda? MA – Muda o glamour. Você fica mais conhecido. Não é que falte respeito, mas o reconhecimento é mil vezes maior. Com isso, vem uma responsabilidade maior também.
RC – Dentro desta questão de responsabilidade, você cantará aquele que é apontado como o samba do ano. Isto é positivo ou negativo? MA – Graças a Deus eu recebi este presente. É um divisor de águas. Grandes escolas já vieram com ótimos sambas e, quando chegou na Avenida Marquês de Sapucaí, os samRC – O que representa estar bas não aconteceram. Mas estamos ensaiando bastante no Especial? MA – A palavra não é desme- na quadra. A comunidade tem recer o grupo de Acesso, mas correspondido legal. Acho que o universo é muito maior. É to- o sucesso vem dessa correstalmente diferente do que eu pondência. imaginava. RC – Mas para o profissioRC – Mesmo você já sendo nal que estreia no Especial apoio no Especial há algum não seria mais vantajoso um samba mediano que o cantempo? MA – Mesmo assim. Traba- tor faça acontecer na Avenilhei com o Bruno Ribas algum da? tempo, depois com o Luizinho MA – É aquele negócio. PoAndanças, na Porto da Pedra, dem dizer: ‘Também! Pegou por três anos. Mesmo assim, um samba fácil’. Mas a gente eu fico surpreendido com o sempre quer pegar um grande que está acontecendo na mi- samba e as escolas sempre procuram escolher o melhor nha carreira hoje. samba. Depois de gravado, de RC – Muda algo em relação produzido, é que sabemos se à Série A quanto à interpre- é um grande samba. Eu quero pegar um grande samba semtação na Avenida? MA – A interpretação não pre. muda. A minha dedicação é a mesma. Estou fazendo fono RC – Desde Preto Joia a Ime aula de canto desde o ano peratriz não mantém um intérprete por muito tempo. passado. Dezembro / 2015
ENTREVISTA
Eu fiquei surpreso que o Seu Luiz (Pacheco Drumond, presidente da Imperartriz) já me observava há dois anos.
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ENTREVISTA
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RC – Se espelha em alguém para cantar? MA – No Jamelão, no Richahs, no Neguinho da Beija-Flor. Da minha geração, gosto do Tinga, do Bruno Ribas. Gosto de todos, tanto que foi o Émerson (Dias, intérprete da Grande Rio) que me trouxe para o Carnaval. Eu e o Émerson não somos amigos de samba, somos amigos particulares. Ele que me viu cantar em 2002, na Inocentes da Baixada (hoje, Belford Roxo), e disse: ‘Cara você canta bem, cara. Não canta em algum lugar?’ Dali começou a amizade. Ele era o cantor e me levou para a Marquês de Sapucaí no grupo B. Me senti maravilhado. De lá para cá, só vitória. Hoje ele fica tipo um irmão, um irmão mais velho, acompanhando eu
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cantar, me dando uns toques. Sinto isto nele. É coisa dele, de coração. Isto é bacana pra caramba. Está sempre comigo. RC – Qual seu grande sonho na Sapucaí? MA – Ser campeão pela Imperatriz Leopoldinense já em 2016. Para que esperar? RC – Há algum samba-enredo que gostaria de ter cantado? MA – São vários. Os sambas que eu queria ter cantado são Imperatriz 1989, Liberdade, Liberdade, e 1996, Leopoldina, a Imperatriz do Brasil. Estes sambas para mim ... Não é porque eu estou na Imperatriz. RC – Já cantou estes dois sambas na quadra?
ENTREVISTA
Os samba que eu queria ter cantado são Imperatriz 1989, Liberdade, Liberdade, e 1996, Leopoldina, a Imperatriz do Brasil.
Marquinhos Art Samba canta com um dos homenagedos pela Imperatriz: Luciano. n
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Foto: Divulgação / Leandro Ribeiro.
Eu me considero um puxador de samba. Não um intérprete, mas um puxador, que faz com que a escola evolua, que o público e os componentes cantem.
riência como principal. Qual o sentimento pela escola e como ficará o coração quando ela passar? MA – O carinho é muito grande. Foi a escola de samba que me revelou para o Carnaval. Mantenho contato com muitas pessoas da escola. Logicamente, o coração ficará apertado para ela fazer um grande desfile. Da mesma forma, as pessoas que estão lá rezarão para que eu faça um grande trabalho. Eu fazendo um grande trabalho, a Imperatriz estará fazendo um grande RC – Depois que você foi trabalho. elevado a primeira voz, você trouxe alguém para traba- RC – Como você se define lhar com no carro de som ou como intérprete? todos já estavam na Impera- MA – Um cara sério e ao mesmo tempo extrovertido no tratriz antes? MA – Estou mantendo o mes- balho com a música. mo grupo. O Wagner (Araújo, diretor de Carnaval) está me RC – Seria um cantor mais deixando totalmente a vonta- clássico ou um animador? de em relação a isso. Não tive MA – Os dois. Eu me consiqualquer restrição para trazer dero um puxador de samba. ou não alguém de fora. Feliz- Não um intérprete, mas um mente, eu já encontrei a casa puxador, que faz com que a legal. Logicamente, estamos escola evolua, que o público arrumando algumas coisas e os componentes cantem. em termos de adaptação co- Preocupo-me em conduzir migo e outras coisas. Mas eu aquilo ali. acho que está muito legal. Estou muito a vontade para tra- RC – Tem algum ídolo no Carnaval ou se espelha em balhar na Imperatriz. alguém? RC – O time de canto terá MA – Já se foi: Jamelão. quantas pessoas? MA – Além de mim, cinco ou RC – Justamente quem dizia que não era puxador. seis apoios. MA – Isto, mas eu me consiRC – Nos últimos três anos dero um puxador. Admirava o você foi o intérprete princi- timbre de voz dele, o alcance, pal da Unidos de Padre Mi- cantava sempre para frente, o guel. Foi sua primeira expe- que procuro fazer. Qual sua expectativa quanto a mudar esta história recente? MA – Em relação a isto, eu entendo o modo que o profissional é tratado. Lógico que tem o profissionalismo, estar sempre cantando bem, mas eu acho que o tratamento faz com que você tenha uma longevidade na escola. E eu sou muito bem tratado na Imperatriz. Parece que eu já pertenço àquela comunidade há muitos anos. Pretendo fazer carreira na Imperatriz.
Foto: A. Pinto.
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n Marquinhos Art Samba não teme a responsabilidade de estrear no Grupo Especial cantando um dos sambas mais badalados do ano.
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achava que não sabia cantar. Esse de 1996 e Liberdade, Liberdade, por eu gostar, eu sabia cantar, mas eu comecei a escutar os outros sambas e todos começaram a vir. Foi natural. RC – Como foi seu início no Carnaval? MA – Sou cria de Mesquita e frequentava a Beija-Flor. No início dos anos 1990, eu cantava pagode em um grupo (Art Samba) e virei para um amigo e disse: ‘Meu sonho é cantar na Avenida’. Eu sempre gostei de samba. Ouvia samba no Natal e Ano Novo. Este amigo guardou aquilo na lembrança e me apresentou ao Sérgio Fonseca, ao Edeor de Paula, de Os Sertões, e ao Wilson Dezembro / 2015
RC – Ficou na quadra por um bom tempo. MA – Isto. Defendia o samba na quadra e encerrava ali. Fazia outras coisas e esperava o próximo ano. Se o samba fosse até a final, iria até a final. Caso não fosse, parava por ali, até eu conhecer o Émerson, que me viu defender um samba na Inocentes. RC – Sua família é do Carnaval? MA – Meu pai foi mestre-sala de uma escola de Mesquita. Ele gosta muito de Carnaval. Todos na família amam o Carnaval. Desfilam. Minha tia, minha mãe e meu pai desfilaram muito tempo na Mangueira. RC – Como foi o tempo do Art Samba? MA – Foi curto, mas bacana de mais. Era um grupo só de amigos, da mesma rua.
não vou dizer que sei cantar samba-enredo. Eu procuro aprender a cantar samba-enredo. Lógico que após o Carnaval, para não ficar parado até agosto, sempre tem aquela coisa de meio de ano. Não desaprendi. RC – Consegue viver de música ou precisa se dividir em duas atividades? MA – Consigo viver da música. Sou funcionário da prefeitura de Mesquita. Mas a minha maior renda é do samba. RC – Algum herdeiro (filhos) no samba? MA – Está vindo aí. RC – Qual a mensagem que você deixa para os componentes e para os torcedores da Imperatriz? MA – Podem esperar. Eu sou pé quente. Eu sou pé quente. Podem esperar um grande Carnaval, um grande desempenho da diretoria da escola para se fazer um grande desfile. Nós vamos levar este título para Ramos. Não vamos debutar.
ENTREVISTA
Podem esperar. Eu sou pé quente. Nós vamos levar este título para Ramos. Não vamos debutar.
Filho de um mestre-sala de uma escola de Mesquita, Marquinhos sonhava ser puxador de samba. n
Foto: Divulgação.
Sou cria de Mesquita e frequentava a Beija-Flor. No início dos anos 1990, eu cantava pagode em um grupo (Art Samba).
MA – Toda semana. Qual é a grande identificação do cantor com a escola? São justamente os sambas. Cantor novo, a minha preocupação quando chego em uma escola é aprender os sambas da escola. Quando fui convidado para a Imperatriz, pensei: ‘Há muito tempo não canto samba da Imperatriz’. Havia passado três anos na Unidos de Padre Miguel e também três na Mocidade. Cantava os sambas destas escolas. É o que interessava no momento. Quando sai do barracão da Imperatriz depois de ser contratado, pensei: ‘Como vou pegar os sambas da Imperatriz agora’. Cara, estava tudo no meu inconsciente já uns 20 sambas da escola. Eu fiquei impressionado por que
Bombeiro. Eles fizeram um samba para a Beija-Flor, que eu cantei com o saudoso Jackson Martins e fui campeão já neste ano. Eu sou pé quente. Eu costumo dizer que a Imperatriz não vai debutar, embora fazer 15 anos seja bom, vai ficar nos 14 e vamos para o campeonato.
RC – Nada haver com o atual Art Samba. MA – Sim. Era totalmente diferente. RC – Você sonha em voltar a cantar pagode? MA – Meu sonho mesmo era ser puxador de samba. Eu Dezembro / 2015
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POVÃO
Wilson Dias será Rei Momo pelo terceiro ano consecutivo.
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Corte do Carnaval é reeleita
esde 13 de novembro, o Rio de Janeiro conhece sua Corte do Carnaval, quando foi realizado a eleição em festa na Cidade do Samba. Wilson Dias da Costa venceu pelo terceiro ano consecutivo. Clara Paixão conquistou o bicampeonato e permanecerá como Rainha para 2016. A única mudança em relação à última família real aconteceu com a troca de posições entre as princesas. Uillana Adães, que era a segunda, passou para primeira, invertendo o posto com Bianca Monteira.
Foto: Fotos Públicas / Riotur / Marcelo Faria.
Foto: Cris Viana.
INTERNET
Carnaval volta a ser destaque nas redes sociais
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Carnaval novamente conseguiu destaque entre os termos mais citados do Facebook brasileiro. A rede social divulgou o que “bombou” em seus domínios em 2015 e o Sambódromo foi o sexto lugar na categoria lugares do Brasil. A Passarela do Samba superou, por exemplo, o Cristo Redentor e a Quinta da Boa Vista. O Beto Carreiro World foi o grande campeão. Mais da metade dos brasileiros, 99 milhões, são usuários do Facebook, o que representa uma quantidade superior a daqueles que 10 l Revista Carnaval
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assistem televisão no país. Em todo o mundo, 1 bilhão de pessoas acessam a rede social todos os dias. O número representa um sexto da população mundial. As eleições presidenciais dos EUA foram o assunto mais comentado; Dilma Rousseff, a pessoa mais citada; The Walking Deads, o líder entre os programas de TV; Star Wars: O despertar da força, o destaque entre os filmes; FIFA 15 venceu entre os games; Barack Obama entre os políticos; e as propriedades da Disney entre os lugares do mundo.
O Sambódromo foi o sexto lugar do Brasil mais citado no Facebook.
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Começam os ensaios na Sapucaí
Foto: Divulgação / Lierj / Márcio Cassol.
TREINOS
Comissão de frente da União do Parque Curicica durante o ensaio técnico da escola. n
Os ensaios técnicos voltam no dia 9 de janeiro.
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a noite, sendo a primeira do Grupo Especial a fazer seu ensaio técnico. No domingo seguinte, 20 de dezembro, a União do Parque Curicica abriu o treinamento. A Estácio de Sá foi a segunda do dia, enquanto a Mangueira foi a terceira e última escola na Sapucaí este ano. A noite mostrou que a motivação carnavalesca no Rio de Janeiro já é grande, mesmo em tempos de Papai Noel. O Sambódromo recebeu um bom público, especialmente nas passagens do Leão e da Estação Primeira. Os ensaios técnicos voltam no dia 9 de janeiro. Dezembro / 2015
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samba chorou o falecimento de um de seus grandes nomes no dia 26 de novembro. O compositor e ex-diretor de harmonia portelense Waldir 59 morreu de parada cardiorrespiratória aos 88 anos. Mesmo com a visão bastante prejudicada, ele participou da vida da Portela até seus últimos dias, tendo inclusive disputado o concurso de sambas-enredos para o Carnaval de 2016. Waldir 59, cujo apelido se refere ao número da casa onde morava, assinou a
trilha sonora da Águia em cinco carnavais: 1955, 1956, 1957, 1959 e 1965, todos em parceira com Candeia, seu maior parceiro. Ele é considerado o principal responsável pela chegada de Paulinho da Viola e Clara Nunes à ala de compositores da azul e branco. Era integrante da Velha Guarda da Portela desde a fundação, em 1970. Nos anos 1980, passou rapidamente pela Unidos da Tijuca, mas sem jamais aceitar compor para o Pavão em respeito à Águia.
Waldir 59 assinou cinco sambas-enredos da Portela.
Foto: Divulgação.
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Carnaval na Sapucaí começou no dia 13 dezembro. Na oportunidade, aconteceu a abertura dos ensaios técnicos das 14 escolas da Série A e das 12 do Grupo Especial para a folia 2016. A temporada prossegue até o dia 31 de janeiro, com exceção dos finais de semana após o Natal e o Ano Novo. A Acadêmicos da Rocinha, que está de volta à Série A, foi a primeira a entrar na Passarela do Samba para seu treinamento oficial. Em seguida, a Alegria da Zona Sul levou seus componentes para se exercitar no Sambódromo. Já a Unidos de Vila Isabel fechou
Waldir 59, uma vida de paixão pela Águia
HOMENAGEM
n Waldir 59 participou da última disputa de sambaenredo da Portela.
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Foto: Divulgação.
ESPECIAL
Leandro Santos com o presidente Chiquinho da Mangueira. n
Leandro Santos volta para a Mangueira O intérprete sequer participou da festa de lançamento do CD pela Estácio.
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principais do Leão no próximo desfile. No entanto, Leandro Santos não ficou muito tempo desempregado. Além de acertar com a Paraíso do Tuiuti, onde cantará com Daniel Silva. Ele foi recontratado pela Mangueira para integrar o carro de som. O intérprete esteve como apoio na Estação Primeira até o ano passado e agora trabalhará com Ciganerey, o microfone número um.
Gracyanne Barbosa foi apresentada à comunidade da Portela no dia 25 de novembro. Ela desfilará como musa da azul e branco e esteve na quadra durante um ensaio da comunidade. A modelo disse estar honrada por poder desfilar na Águia e prometeu defender a agremiação com todo o seu coração.
Doe medula óssea. Com a retirada de apenas 5 ml de sangue, nos tornamos doador. Procure o INCA ou o Hemorio, no Rio
Gracyanne Barbosa na Águia
de Janeiro, ou o órgão responsável Foto: Divulgação / Léo Cordeiro.
Depois de anunciar que não transmitiria ao vivo os desfiles das duas primeiras escolas dos dois dias do Grupo Especial, a TV Globo resolveu manter a transmissão do Carnaval nos padrões de 2015. Com isso, apenas as agremiações que abrirão as noites de cortejo não terão suas apresentações mostradas instantaneamente na televisão. No domingo de Carnaval, a emissora começará a transmitir os desfiles a partir da União da Ilha do Governador. A apresentação da Estácio de Sá será feita em reprise ao final de todas as escolas do dia. Da mesma forma, na segunda-feira, a TV mostrará ao vivo a partir do Salgueiro. O cortejo da Unidos de Vila Isabel será exibido depois da Mangueira, que fecha a noite
nos esqueçamos dos que esperam a vida e o nosso amor.
eandro Santos publicou uma carta no Facebook informando que estava se desligando da Estácio de Sá. O intérprete não participou da festa de lançamento do CD do Grupo Especial e fez questão de agradecer os diversos segmentos da escola. Ele lembrou que se dedicou com paixão a vermelho e branco durante cinco anos. Wander Pires e Dominguinhos do Estácio serão os cantores
Primeiras de fora da telinha
Na alegria do nosso Carnaval, não
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em sua cidade e pratique o bem. Na apuração, você ganhará a nota 10. Dezembro / 2015
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Foto: Divulgação / Lierj.
Globeleza da Formiga
SÉRIE A n Os campeões festejaram bastante a conquista.
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Rocinha boa de samba e de futebol
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O vice-presidente e o presidente da Lierj, Renato Thor e Déo Pessoa, entregam o troféu aos campeões. n
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Tauane Rocha. n
escola apresentará um carro alegórico sobre a agremiação da telinha e contará com uma Globeleza. A escolhida foi a belíssima Tauane Rocha, mulata que encantou a Sapucaí no último Carnaval, na Alegria da Zona Sul, sendo chamada de bumbum de chocolate. Já a atriz Paula Frescari, a Darlene jovem da série Pé na Cova, da Rede Globo, irá integrar o abre-alas da verde e branco. Ela e sua colega no elenco do programa Hélady Araújo, que vive a Dirceia, farão uma performance mantida em segredo sobre a personagem Salomé, do filme Bye Bye Brasil, interpretada por Betty Faria. A obra é um marco na carreira de José Wilker.
Rocinha ainda mais bela Beleza carimbada da folia carioca, tendo inclusive sido princesa do Carnaval, Shayene Cesário será musa da Acadêmicos da Rocinha em 2016. Ela virá à frente do abre-alas da escola representando a terra virgem. O convite partiu do presidente da escola, Ronaldo Oliveira, e do carnavalesco, Alex de Oliveira. A Borboleta Encantada promete um show de mulheres bonitas em seu desfile pela Série A.
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A fictícia Unidos de São Miguel estará na homenagem da Império da Tijuca a José Wilker.
Foto: Divulgação.
número de gols, com a Alegria da Zona Sul terminando em quarto. Não houve uma disputa direta entre as perdedoras das semifinais. A própria Lierj inscreveu uma equipe da entidade, mas não conseguiu passar da primeira fase. A competição, cujo objetivo foi aproximar as comunidades e estimular a prática de esportes, reuniu atletas com mais de 35 anos, apenas três jogadores poderiam ter idades inferiores a este limite. Os jogos foram disputados em trinta minutos.
Foto: Divulgação / Lierj.
A Acadêmicos da Rocinha bateu a Renascer de Jacarepaguá na final do torneio de Fut 7 da Lierj.
s componentes das 14 escolas de samba da Série A mostraram no dia 5 de dezembro que são bons de bola. A Lierj organizou um torneio de Fut 7 entre as agremiações que compõem o grupo na Vila Olímpica da Mangueira. O título da competição disputada no sistema de mata-mata ficou com a Acadêmicos da Rocinha, que venceu a Renascer de Jacarepaguá na final por 5 a 2. A Império da Tijuca ficou com o terceiro lugar no
Foto: Divulgação / Carlos Lúcio.
a homenagem ao ator e diretor José Wilker, a Império da Tijuca não poderia esquecer do personagem Giovanni Improtta, patrono da fictícia Unidos de São Miguel. A
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Shayene Cesário. Revista Carnaval l 17
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Trio de vozes consagradas na Intendente
siga-nos ...
T
rês intérpretes históricos do samba-carioca estarão na Estrada Intendente Magalhães no Carnaval 2016. Quinzinho no Grupo D, pela Império da Zona Oeste, e David do Pandeiro e Nêgo, no Grupo B, respectivamente, pela Acadêmicos do Sossego e pela Leão de Nova Iguaçu, certamente serão grandes atrações nos desfiles do Acesso. O primeiro ficou célebre pelo canto de Bumbum paticumbum prugurundum, no Império Serrano campeão em 1982. Ele brilhou também em escolas como Salgueiro, União da Ilha, Caprichosos de Pilares, Acadêmicos de Santa Cruz e Unidos do Viradouro, onde interpretou Bravo, Bravíssimo – Dercy, o retrato de um povo, em 1991. Já David do Pandeiro cantará a belíssima obra musical de Felipe Filósofo, Sérgio
nas redes sociais.
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Quinzinho, David do Pandeiro e Nêgo já brilharam intensamente no Grupo Especial.
Foto: Divulgação. n
Quinzinho.
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David do Pandeiro.
Foto: A. Pinto.
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Joca, Ademir Ribeiro, Fábio Borges, Fábio Silva Personal e Bertolo para O Circo do Menino Passarinho, em homenagem ao poeta Manuel de Barros, que fazia versos sem rima, assim como os autores escreveram o samba-enredo para 2016. Entre as muitas escolas que passou, destacam-se suas estadas na Estácio de Sá, Unidos da Tijuca, Mocidade, Grande Rio e Unidos do Viradouro. Nêgo fez sua primeira interpretação como primeira voz no Grupo Especial em 1986, na Unidos da Tijuca. Ele conquistou cinco prêmios Estandarte de Ouro, do jornal O Globo, sendo o maior vencedor na categoria. Na elite do samba, passou ainda por Salgueiro, Grande Rio, Império Serrano, Unidos do Viradouro, Mocidade Independente e Imperatriz Leopoldinense, onde cantou no Carnaval deste ano. Foto: Divulgação.
Acompanhe
ACESSO
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ACESSO
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documentação que as tornaram aptas a organizar os desfiles, A Riotur concedeu a organização da Série B para a Liesb, enquanto os grupos C, D e E serão administrados pela Associação Samba É Nosso. As entidades aceitaram a proposta da empresa e o documento foi formalizado. A ordem de desfiles só terá uma modificação em relação a já antecipada. A Liesb, sob protestos de algumas escolas, definiu a Série B em maio. Agora, trocaram de posição a Unidos das Vargens que será a primeira a se apresentar, com a Tradição, 14ª. A Associação Samba É Nosso fez o sorteio em novembro. A Associação Samba É Nosso promoveu sorteio da ordem de desfiles em setembro. n
A comissão de frente da Lins Imperial terá comando duplo no Carnaval 2016. Os coreógrafos Luiz Carlos e Natasha Lima serão os responsáveis pelo quesito na escola que disputará o Grupo C. Ele já foi componente da trupe de abertura na Alegria da Zona Sul, Inocentes de Belford Roxo e Unidos de Vila Isabel, enquanto ela faz parte de uma companhia de dança de samba e gafieira. 20 l Revista Carnaval
Foto: Divulgação / Freitas Domingão.
Dupla de coreógrafos na Lins Imperial
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ACESSO
Arrastão
Liesb lança com festa o CD da Série B
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Liga Independente das Escolas de Samba da Série B (Liesb) promoveu no dia 20 de dezembro, na quadra da Mocidade Unida de Santa Marta, a festa de lançamento do CD para o Carnaval de 2016. As 16 agremiações do grupo apresentaram seus hinos para o próximo desfile em clima de alegria, confraternização e alívio depois dos meses de incertezas sobre a organização da folia na Estrada Intendente Magalhães. Estão na disputa do título da Série B Mocidade Unida do Santa Marta, Acadêmicos
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do Sossego, Arranco do Engenho de Dentro, Unidos de Lucas, Tradição, União de Jacarepaguá, Unidos do Jacarezinho, Unidos da Ponte, Unidos de Bangu, Em Cima da Hora, Unidos das Vargens, Acadêmicos do Engenho da Rainha, Arame de Ricardo, Corações Unidos do Acari, Unidos do Cabuçu e Leão de Nova Iguaçu. Os desfiles da Série B acontecerão na terça-feira de Carnaval, dia 9 de fevereiro, na Estrada Intendente Magalhães. Apenas a campeã sobe para a Série A para a folia de 2017.
A bela Regina Explosão foi escolhida como Rainha de Bateria do Arrastão de Cascadura. Ela, que também é musa da União da Ilha do Governador, recebeu sua coroa na final de samba-enredo da escola, no dia 5 de dezembro. A verde e branco apresentará o enredo O Arrastão anuncia: todo dia é dia de Cacique de Ramos, do carnavalesco Daniel Ghanem, na disputa do Grupo C. Foto: Divulgação .
Riotur confirmou o acordo que irá garantir o Carnaval da Estrada Intendente Magalhães. A empresa de turismo da cidade do Rio de Janeiro negociou a organização da folia dos grupos de acesso em 2016 entre as duas entidades que postulavam a administração destas divisões da festa: a Liesb e a Associação Samba É Nosso. Como as duas apresentaram a
Foto: Reprodução do Facebook.
A Liesb cuidará do Grupo B e a Associação Samba É Nosso das demais divisões que desfilam na Estrada Intendente Magalhães.
Entidades vão dividir o Carnaval da Intendentes
Sereno Pitty di Menezes é o novo intérprete da Sereno de Campo Grande. A escola anunciou oficialmente o cantor, de 24 anos, durante a final de samba-enredo, no dia 29 de novembro. Apoio na Unidos da Tijuca e na Unidos do Viradouro, ele terá sua primeira oportunidade comandando um carro de som na agremiação do Grupo C do Carnaval carioca. Revista Carnaval l 21
Foto: Divulgação / Ana Valéria Gonçalves.
Escolas mirins fazem bonita festa para lançar CD Aesm-Rio reuniu a garotada boa de samba e personalidades para o lançamento do CD de sambas-enredos das escolas mirins de 2016 na quadra do Salgueiro. No evento, a entidade também premiou os destaques deste ano.
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Aesm-Rio promoveu uma grande festa no dia 29 de novembro, na quadra do Salgueiro, para o lançamento do CD de sambas-enredos de 2016 das escolas mirins. Na oportunidade, a entidade também premiou os melhores do último Carnaval, com a entrega do Troféu Olhômetro e do Estandarte do Samba Mirim. Os 16 casais de mestre-sala e porta-bandeira das agremiações abriram o evento bailando em torno do casal da Aesm-Rio e da Corte do Carnaval Mirim. O intérprete Maykon Rodrigues entoou o hino da entidade. Ao final, os cantores das escolas apre-
Fotos: Divulgação / Ana Valéria Gonçalves.
CRIANÇAS
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sentaram clássicos da folia acompanhados pela bateria da Pimpolhos da Grande Rio, comandada por Mestre Fafá. Além da diretoria da Aesm-Rio e dos representantes das agremiações, a festa contou com o presidente e o vice-presidente da Lierj, Déo Pessoa e Renato Thor, do diretor social e da presidente do Salgueiro, Erich Otto Straher e Regina Celi, do desembargador Siro Darlan, do pesquisador Marcos Roza e de Careca, do Império Serrano. O CD das escolas mirins está sendo vendido nas quadras das escolas de samba e na sede da Aesm-Rio ao custo de R$ 15.
CRIANÇAS
Os intérpretes mirins cantaram clássicos do Carnaval acompanhados da bateria da Pimpolhos da Grande Rio.
Algumas personalidades do mundo do samba pretigiaram a festa. n
n A garotada apresentou muito samba no pé.
O presidente da Aesm-Rio, Édson Marinho, beijou o pavilhão da entidade. n
No palco do Salgueiro, os intérpretes mostraram que são bons de gogó. n
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Matriarcas completam a família
O quarto livro da série Família do Carnaval será lançado no dia 12 de janeiro.
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mundo do samba estará reunido no dia 12 de janeiro, no Bar Ernesto, na Lapa, para o lançamento do quarto livro da série Família do Carnaval. Desta vez, serão contadas histórias e momentos marcantes de Portela, Mangueira, Salgueiro e Império Serrano em As matriarcas da avenida – Quatro grandes escolas que revolucionaram o maior show da Terra (Editora Nova Terra), de
Fábio Fabato, Gustavo Gasparini, João Gustavo Melo, Luis Carlos Magalhães e Luiz Antonio Simas, com ilustrações de Leonardo Bora. A série foi iniciada em 2012, com As três irmãs – Como um trio de penetras arrombou a festa, sobre a Mocidade Independente, a Beija-Flor e a Imperatriz Leopoldinense. Em 2014, foi a vez de Unidos da Tijuca, Unidos de Vila Isabel, Estácio de Sá e Unidos de Vi-
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radouro em As titias da folia – O brilho maduro de escolas de samba de alta idade. Um ano depois, o curador do projeto, jornalista e escritor Fábio Fabato, brindou os amantes do Carnaval com As primas sapecas – Alegria, crítica e irreverência na avenida, enfocando a União da Ilha do Governador, a São Clemente e a Caprichosos de Pilares. As matriarcas da avenida terá 40 crônicas com as histórias das escolas que serviram de base para a atual configuração do Carnaval carioca. Fabato e o ator e diretor Gustavo Gasparini foram responsáveis pelos textos sobre a Mangueira; o diretor cultural da Portela, Luis Carlos Magalhães, aborda a azul e branco; o historiador Luis Antonio Simas escreveu sobre o Império Serrano; e o diretor cultural do Salgueiro, João Gustavo Melo, enfoca a Academia.
Fabato comemora o fechamento do projeto previsto inicialmente para estes quatro livros. “Esta coleção é histórica. Contamos a história de 14 escolas do Grupo Especial a partir de um olhar revolucionário: os ‘causos’ de bar, as histórias de bastidores e de personagens que livros anteriores haviam deixado de lado.” O curador do projeto afirma que a coleção foi um tiro no escuro que resultou ser certeiro. Ele conta que tinha o feeling de que os amantes do Carnaval precisavam de uma iniciativa assim. “Tudo começou com o desejo de escrever a história da Mocidade Independente, minha escola do coração. Depois do primeiro livro, com o sucesso alcançado, partimos para a confecção da coleção completa. Ganhamos prêmios com as duas primeiras obras.” No início, as barreiras, segundo Fabato, foram grandes.
LITERATURA
O curador do projeto afirma que a coleção foi um tiro no escuro que resultou ser certeiro.
João Gustavo Melo, Luis Carlos Magalhães, Luis Antonio Simas, Fábio Fabato e Gustavo Gasparini. n
Foto: Divulgação / João Luiz Ribeiro.
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Foto: Divulgação / Ricardo Almeida.
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LITERATURA Foto: Divulgação / João Luiz Ribeiro.
O projeto liderado por Fábio Fabato rendeu quatro obras sobre 14 escolas de samba do Rio de Janeiro. n
Foto: A. Pinto.
O início: Convencer os editores de que carnaval vende fora do período janeiro e fevereiro, e que é comercializável fora do Rio, foi a maior dificuldade.
“Convencer os editores de que carnaval vende fora do período janeiro e fevereiro, e que é comercializável fora do Rio, foi a maior dificuldade. Quando recebemos um pedido de compra proveniente da Inglaterra, rimos de orelha a orelha. Eu estava certo sobre o alcance da ideia.” Ele vibra com quem acreditou na Família do Carnaval. “A editora Nova Terra, o Bar Ernesto e o ilustrador Leonardo Bora foram parceiros e talismãs deste sucesso. Todos os livros fizeram o espaço, literalmente, trepidar. A editora apostou que livros de samba
vendem fora do período de carnaval e também no Brasil inteiro. Muita gente não acreditou no começo, levei muita porta na cara.” O resultado de toda a coleção, porém, deixou Fabato satisfeito e o faz deixar no ar uma possível continuação. “Dever cumprido. É um sentimento gostoso e ouriçado de que vamos continuar de alguma forma esta série. O carnaval tem histórias inesgotáveis.” Não foi somente Fabato e os amantes do Carnaval que gostaram dos livros da série, a crítica literária também. “Ganhamos o Prêmio Edson Carneiro de Melhor Livro de Não-Ficção com As Titias da Folia, e o terceiro lugar com As Três Irmãs. Além disso, a coleção toda concorreu ao Prêmio Plumas e Paetês, em conjunto com um programa da Rede Globo.”
Enoli Lara foi destaque no lançamento de As Primas Sapecas, dos autores Vicente Datoli, Eugenio Leal, Fábio Fabato e Anderson Baltar. n
Dentro da coleção, houve a obra de produção mais tranquila e a que deu mais trabalho para executar, segundo explicou Fábio Fabato. “O mais fácil foi o terceiro, As Primas Sapecas e porque os autores estavam muito envolvidos e felizes. Além de todos serem jornalistas, o que ajudou no formato pensado para a coleção: crônicas. O mais difícil sempre será o primeiro, As Três irmãs, no caso. Levei muito não de editoras.” Sobre o mercado editorial voltado para o Carnaval, Fábio Fabato viu um início, mas destaca que é preciso mais.
“Cresceu muito e fomos, sem forçar a barra, protagonistas nisso. Mas temos muito mais a percorrer. É a nossa maior festa, que ainda é planejada de forma muito mambembe, inclusive no tocante aos aspectos memoriais.” O futuro? Fabato faz mistério. “Sempre há novas ideias quando acaba a quarta de cinzas e vem a quinta-feira e o processo todo começa. Temos escolas incríveis que ficaram de fora, como Grande Rio, Porto da Pedra, Santa Cruz, Cabuçu, Ponte. Por que não seguir adiante? Mais fica a incógnita no ar...”
O futuro: Sempre há novas ideias quando acaba a quarta de cinzas.
A São Clemente antecipou o Carnaval na Lapa no lançamento de As Primas Sapecas. n
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DESTAQUE
Museu do Samba recebe premiações
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a honraria tiveram a sua excelência e efetividade comprovadas. “São ações que se sustentam há anos e que impactam, com relevância, a vida das comunidades em que estão inseridas.” Diversas personalidades do samba, como Tia Surica, Zé Katimba, Tiãozinho Mocidade e Aloísio Machado (membros do Conselho do Samba do Rio de Janeiro), casais de mestre-sala e porta-bandeira e a Velha Guarda da Mangueira estiveram presentes na entrega da Medalha Pedro Ernesto, concedida por iniciativa do vereador Jimmy Pereira. “Ao longo de 15 anos, o Centro Cultural Cartola tem trabalhado para difundir o conhecimento sobre o samba,
Foto: A. Pinto.
A Medalha Pedro Ernesto foi concedida no Dia Nacional do Samba.
Centro Cultural Cartola (CCC), agora Museu do Samba, recebeu no Dia Nacional do Samba, 2 de dezembro, a Medalha Pedro Ernesto, concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Na mesma data, a fundadora da instituição e neta de Cartola e Dona Zica, Nilcemar Nogueira, foi agraciada com a Medalha Chiquinha Gonzaga, concedida a mulheres de destaque na luta pelas causas democráticas, humanitárias e artísticas. Já a Secretaria Estadual de Cultura concedeu ao Museu do Samba o Prêmio de Cultura Afro Fluminense 2015. A secretária Eva Doris Rosental destacou que os projetos e instituições agraciados com
dando vez e voz aos detentores do maior bem cultural do nosso país. Esta homenagem chegou em um momento oportuno, que marca o início das comemorações dos 100 anos do samba e dos 15 anos de existência do CCC. É ainda o momento em que o CCC tem ampliado sua missão institucional, agora como Museu do Samba”, comemora Nilcemar. O Centro Cultural Cartola foi fundado em 2001. Inicialmente debruçado sobre a memória do sambista e sua obra antológica, a instituição foi se tornando referência em pesquisa, preservação de memória, guarda e mostra de acervos, além de atividades culturais e musicais focadas no samba carioca. Em 2007, pesquisa conduzida pelo Centro Cultural serviu como base para o reconhecimento, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do samba carioca como Patrimônio Cultural do Brasil. Após consultoria patrocinada pela Fundação Ford, ao longo de 2015, a instituição
passou a se chamar Museu do Samba, consolidando assim um perfil que já vinha desenvolvendo na prática. Entre as atividades institucionais do Museu, estão exposições fixas, temporárias e itinerantes, projetos com as redes pública e particular de ensino, rodas de samba de terreiro e partido alto, eventos gastronômicos, guarda de acervos pessoais e coleta de depoimentos audiovisuais de personalidades ligadas à produção artística e cultural do gênero e das escolas do samba. Nilcemar Nogueira coordenou a pesquisa de reconhecimento do Samba Carioca como Patrimônio Imaterial do Brasil e é responsável pelo programa de salvaguarda do samba carioca, que visa ao resgate das tradições e costumes da cultura afro-brasileira. É Doutora em Psicologia Social (UERJ) e Mestra em Bens Culturais e Projetos Sociais (FGV). Atualmente desenvolve programas e projetos socioeducativos no Museu do Samba do Rio de Janeiro.
DESTAQUE
O Centro Cultural Cartola, hoje Museu do Samba, foi fundado em 2001
Foto: Divulgação / Desirée Reis.
A equipe do Museu do Samba, com Nilcemar Nogueira ao centro, na entrega do Prêmio de Cultura Afro Fluminense 2015. n
A homenagem ao Museu do Samba marca o início da comemoração dos 100 anos do samba. n
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Roteiro dos Desfiles novamente na Passarela do Samba
Foto: Reprodução do YouTube.
INFORMAÇÃO
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O libreto contará com 80 páginas com muitas informações, fotos e desenho gráficos.
tradição está mantida! Como vem acontecendo ao longo dos últimos anos, o público da Sapucaí poderá acompanhar as apresentações das escolas ala a ala em 2016. O Roteiro dos Desfiles irá para mais uma edição. O libreto traz a explicação detalhada de cada fantasia e alegoria, permitindo aos presentes o entendimento dos enredos. No próximo Carnaval, com o apoio da Riotur, da Liesa e da Lierj, o Roteiro dos Desfiles contará com 80 páginas com muitas informações,
fotos e desenhos gráficos para orientar o público que assistirá de perto as apresentações do Grupo Especial, da Série A e do Sábado das Campeãs. Assim como no ano passado, o idealizador do libreto, o historiador e enredista Marcos Roza, se uniu a Setor 1 Comunicação e Eventos para incrementar o produto. “Nosso projeto é grande. A cada ano nos sentimos mais seguros para dar novos passos. A parceria com a Setor 1 aumenta a nossa comunicação com o público e a imprensa.”
INESQUECÍVEL
Caprichosos mesmo no escuro
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inte e dois anos depois de sua última passagem na elite do Carnaval, a Caprichosos de Pilares entrou na Sapucaí em 1983 com a expectativa de repetir a ótima e despojada apresentação do ano anterior, quando ficou com o título do então grupo 1B com Moça bonita não paga. O carnavalesco Luiz Fernando Reis desenvolveu o enredo Um cardápio à brasileira para o grande retorno, mas quando os holofotes estavam sobre a escola um apagão escureceu a Sapucaí. Aproximadamente dois terços da Avenida ficaram 30 l Revista Carnaval
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totalmente às escuras. Mas a Caprichosos não perdeu a energia e a plenos pulmões levou seu desfile até o restabelecimento da luz no Sambódromo. A Riotur afirmou que houve um problema no gerador que atendia aquela parte do Sambódromo. No entanto, a apresentação ficou bastante prejudicada e a organização dos desfiles decidiu não avaliar a azul e branco, mantendo-a no Grupo 1A para mais um Carnaval, assim como a Unidos da Ponte, 11ª colocada, entre as 12 agremiações que passaram pela Sapucaí.
Um apagão no Sambódromo prejudicou o desfile da Caprichos de Pilares em 1983.
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Foto: Divulgação / SPTuris / José Cordeiro.
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AGENDA DO CARNAVAL (Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro)
São Paulo escolhe sua corte de 2016
S Ricardo Cardoso de Lima foi escolhido Rei Momo da cidade e Verônica Boloni recebeu a coroa de Rainha do Carnaval.
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ão Paulo conheceu sua Corte do Carnaval 2016 na noite do dia 18 de dezembro. A SPTuris elegeu a realeza da folia em festa no Grande Auditório do Palácio das Convenções do Anhembi. Autoridades, dirigentes e sambistas viram Ricardo Cardoso de Lima, de 35 anos, ser escolhido Rei Momo da cidade e Verônica Boloni, representante da Vai-Vai, receber a coroa de Rainha do Carnaval. Tarine dos Santos Lopes, da X-9 Paulistana, é a primeira princesa do Carnaval do próximo ano, enquanto Daniela de Jesus Santana
Silva, da Nenê da Vila Matilde, a segunda princesa. A corte ainda conta com o Cidadão Samba Gilson Nunes e com a Cidadã Samba Dona Romilda Simões, eleitos pela União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) no dia 2 de dezembro. O grupo deverá participar de muitos eventos da folia de São Paulo, como os desfiles no Anhembi e da programação précarnavalesca nos bairros. Rei Momo e Rainha de Carnaval receberão R$ 20 mil cada um. A primeira princesa levará R$ 15 mil, e a segunda princesa, R$ 14 mil. Dezembro / 2015
Escolas Mirins Passarela do Samba Terça-feira – 09/02 n Filhos da Águia n Planeta Golfinhos da Guanabara n Miúda da Cabuçu n Herdeiros da Vila n Império do Futuro n Mangueira do Amanhã n Pimpolhos da Grande Rio n Corações Unidos do Ciep n Nova Geração do Estácio de Sá n Ainda Existem Crianças de Vila Kennedy n Petizes da Penha n Estrelinha da Mocidade n Tijuquinha do Borel n Infantes do Lins n Aprendizes do Salgueiro n Inocentes da Caprichosos
AGENDA DO CARNAVAL
(Grupo Especial e Grupo de Acesso de São Paulo) Grupo Especial Passarela do Samba do Anhembi Sexta-feira – 05/02 n Pérola Negra n Unidos de Vila Maria n Águia de Ouro n Rosas de Ouro n Nenê de Vila Matilde n Gaviões da Fiel n Acadêmicos do Tatuapé Passarela do Samba do Anhembi Sábado – 06/02 n Unidos do Peruche n Império de Casa Verde n Acadêmicos do Tucuruvi n Mocidade Alegre n Vai-Vai n Dragões da Real n X-9 Paulistana
Grupo de Acesso Passarela do Samba do Anhembi Domingo – 07/02 n Barroca Zona Sul n Tom Maior n Colorado do Brás n Morro da Casa Verde n Camisa Verde e Branco n Mancha Verde n Imperador do Ipiranga n Leandro de Itaquera n Independente
Jornalismo Moda Fotografia Audio Video Internet Marketing Publicidade
Rua Garcia Redondo, 30, Cachambi, Rio de Janeiro-RJ. Tels.: 2229-7931 e 3079-0371. 34 l Revista Carnaval
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