Revista Veja Rio 01/03/2017

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vejario.com.br PARTE INTEGRANTE DE VEJA ANO 50 - NO 9 NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE

1º de março de 2017

Rio, 452 anos

UMA PAIXÃO CARIOCA Ídolos do samba, como Martinho da Vila, declaram seu amor pelas escolas que fazem o maior espetáculo do planeta



ÍNDICE ANO 50 | Nº 9

SEÇÕES

20

4 Retrato da Semana A batalha da privatização da Cedae 10 A Opinião do Leitor 12 #vejario no Instagram 14 Histórias Cariocas O legado olímpico da Marina da Glória 16 Beira-Mar Aline Riscado em app de paquera 32 Mundo Animal Ave com temperamento de cachorro 34 Carioca Nota 10 35 Vida Leve Jogar tênis faz bem ao coração

DARYAN DORNELLES

58 Fernanda Torres

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ROTEIRO 6 Programe-se 38 Restaurantes Dicas estratégicas na rota dos blocos 40 Bares 42 Comidinhas 43 Crianças

ANITA PRADO

ULYSSES PADILHA/DIVULGAÇÃO

44 Exposições 46 Filmes O musical Beatles para Crianças 54 Teatro 56 Shows

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Educação Após incêndio que danificou as instalações do prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, alunos ficam sem previsão de retornar às aulas

Rio, 452 anos Figuras célebres do Carnaval carioca, como o puxador Neguinho da Beija-Flor, revelam suas histórias de amor pelas escolas de samba

Comportamento Com aulas para aprender a nadar como uma sereia e sessões de fotos nas praias e piscinas, o movimento do sereísmo ganha força na cidade

Foto de capa: Daryan Dornelles (assistente: Jonathan Menezes)

Veja Rio 1º de março, 2017 3


RETRATO DA SEMANA Pedro Tinoco | p.tinoco@abril.com.br

MARCELO THEOBALD/AG. O GLOBO

Maravilha de cenário: policiais, grades e manifestantes batem ponto nos arredores da Alerj

AS ÁGUAS D VÃO ROLAR Aprovado pela Alerj, o processo de privatização da Cedae é louvado como a salvação dos cofres (vazios) do estado, mas, conduzido de afogadilho, ainda dá margem a dúvidas e abre brechas para mais protestos

4 Veja Rio 1º de março, 2017

epois do camelódromo e do sambódromo, ganhamos o protestódromo. O pau vem quebrando de forma tão violenta quanto rotineira no circuito do Centro que parte da frente da Assembleia Legislativa rumo à Avenida Presidente Vargas, a caminho da sede da prefeitura. Às vezes, manifestantes e policiais seguem no sentido oposto, até a Câmara dos Vereadores, na Cinelândia (pobre VLT). Eventualmente, a insana queda de braço também descamba em caos pela região e adjacências. Depende sempre da batalha do dia. O primeiro itinerário foi adotado novamente na segunda-feira (20), quando deputados da Alerj aprovaram, por 41 votos a 28, o projeto que permite a privatização da Cedae. Concentrada do lado de fora da casa, a turma do contra, na maioria composta de funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgotos, havia demonstrado a que viera em ocasiões anteriores: a própria votação já tinha sido adiada e o débil governo do estado usou os piquetes como argumento para pedir novo apoio das Forças Armadas.

Durante as discussões no Palácio Tiradentes, houve quebra-quebra, a Avenida Presidente Vargas foi fechada por duas horas e vinte manifestantes acabaram presos. Representantes do poder público estadual e federal comemoraram o avanço que permitirá irrigar os cofres fluminenses. A ida da Cedae para a prateleira das concessões era condição para a liberação de empréstimos — o primeiro, de 3,5 bilhões de reais, para quitar os salários dos servidores — e outras benesses que podem tirar o Rio do atoleiro. Mais difícil é prever o prazo de validade do pacote de bondades. Não foi definido ainda o modelo de venda da companhia, e outros movimentos — a votação no Congresso, por exemplo — precisam ser feitos antes que se efetive a ajuda da União. Como se não bastasse, o prefeito Marcelo Crivella exige participar do debate, na qualidade de representante do principal cliente da empresa — no caso, a capital. A situação é tão complicada que, nas votações da última semana, PSOL e PSDB estiveram do mesmo lado. Ambos contra a privatização.



PROGRAME-SE

Editado por Pedro Tinoco | p.tinoco@abril.com.br

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FAIXAS DE PREÇO POR PESSOA Refeição com couvert, um prato de custo médio, sobremesa, água mineral e serviço $ até R$ 90,00 $$ de R$ 91,00 a R$ 130,00 $$$ de R$ 131,00 a R$ 220,00 $$$$ acima de R$ 220,00

RIO MUSIC CARNIVAL O festival de música eletrônica leva à Marina da Glória atrações nacionais e internacionais, como o DJ alemão Sharam Jey. Pág. 57

SERVIÇOS DE VENDA DE INGRESSOS IC Ingresso.com, ☎ 4003-2330. IR Ingresso Rápido, ☎ 4003-1212. CI Compre Ingressos, ☎ 3005-4104. ICE Ingresso Certo, ☎ 2538-3000 e 2203-0515. TF Tickets for Fun, ☎ 4003-6464

CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO Cc: A American Express | D Diners | M Mastercard | V Visa | Cd: M Maestro | R Rede Shop | V Visa Electron

6 Veja Rio 1º de março, 2017

VICENTE DE MELLO/DIVULGAÇÃO

COTAÇÕES ➓ Péssimo Fraco Regular Bom Muito bom Excelente

ABRAHAM PALATNIK Pioneiro da arte cinética brasileira, o artista plástico potiguar estrela a retrospectiva A Reinvenção da Pintura, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil. Pág. 44

A LEI DA NOITE Dirigido e protagonizado por Ben Affleck, o suspense baseado na obra do escritor Dennis Lehane, autor de Sobre Meninos e Lobos, estreia nos cinemas. Pág. 47

ROTA 66 A filial do bar na Tijuca abre cedo na quarta para a apuração das escolas de samba e distribui caipirinha a quem acertar o bolão. Pág. 41

MODERNIDADES FOTOGRÁFICAS: 1940-1964 A exposição de quatro grandes nomes da fotografia brasileira se despede do Instituto Moreira Salles. Pág. 44 CAFÉ CARANDAÍ O ponto, nos fundos da Casa Carandaí, no Jardim Botânico, serve seu bufê de café da manhã excepcionalmente na terça-feira de Carnaval. Pág. 42

RODRIGO AZEVEDO/DIVULGAÇÃO

Os jornalistas de VEJA RIO fazem visitas anônimas a restaurantes, bares e endereços de comidinhas. Todas as despesas são pagas pela revista

TOMÁS RANGEL/DIVULGAÇÃO

Pagamos as nossas contas

LA NAVE Na varanda do Planetário, a casa recebe os foliões na dispersão do bloco A Rocha com drinques como o exótico, feito de gim, limão-siciliano, frutas vermelhas, água tônica e aipo. Pág. 41

JOSÉ MEDEIROS/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

NUU Famosa em eventos gastronômicos, a marca especializada em pães de queijo abriu uma loja temporária no Leblon. Pág. 42

MARCELO DE MATTOS/DIVULGAÇÃO

seg ter qua

TEA SHOP A unidade carioca da rede espanhola lança kit de chás e receitas para quem quiser aprender a preparar refrescantes smoothies à base da bebida. Pág. 42 TEA

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qui sex sáb dom MAISON VG O lombo de porco com molho de mostarda e cebolinha é uma das sugestões deste sossegado refúgio em Vargem Grande. Pág. 39

ACERVO ABRIL

MORTE ACIDENTAL DE UM ANARQUISTA A comédia de Dario Fo ganha versão brasileira no Teatro dos Quatro, estrelada por Dan Stulbach. Pág. 54

ÃO

GUI MAIA/DIVULGAÇÃO

FILICO/DIVULGAÇÃO

FOSTER THE PEOPLE A banda californiana faz show para 400 pessoas na Casa de Cultura Laura Alvim, como atração do projeto Café de la Musique. Pág. 56 I VU

LG

EM POLVOROSA Com obras de Rodin, Pollock e Oiticica, a coletiva no MAM está saindo do circuito. Pág. 44

OS VILÕES DE SHAKESPEARE Marcelo Serrado estrela o divertido monólogo no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas. Pág. 54

QUIZOMBA Na rebarba do Carnaval, o bloco desfila na Lapa em homenagem aos cinquenta anos da tropicália. Pág. 56

BEATLES PARA CRIANÇAS O show com hits do quarteto inglês ganha sessões no Teatro Bradesco Rio. Pág. 43

MARCELLO BRAVO/DIVULGAÇÃO

S /D

ANDREIA MACHADO/DIVULGAÇÃO

PRANA A pequenina casa vegetariana no Cosme Velho tem dia certo para servir sua saborosa receita de feijoada sem carnes. Pág. 39

L DA

ROBERTO DE REGINA Atração da série Música no Museu, o recluso cravista de 90 anos interpreta obras de compositores barrocos no Teatro Sesi Centro. Pág. 57

HELCIO PEYNADO/DIVULGAÇÃO

ELISA MENDES/DIVULGAÇÃO

GISBERTA Luis Lobianco estreia o monólogo inspirado em caso real de preconceito de gênero no Centro Cultural Banco do Brasil. Pág. 55

JOÃO C A

LE VIN BISTRO Nas duas unidades do restaurante francês, em Ipanema e na Barra, o cassoulet (R$ 63,80) é pedida atraente. Pág. 38 Veja Rio 1º de março, 2017 7


Fundada em 1950

VICTOR CIVITA

ROBERTO CIVITA

(1907-1990)

(1936-2013)

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A OPINIÃO DO LEITOR SAÚDE O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP (Incor) esclarece que não é de sua autoria a receita de sopa para emagrecimento rápido mencionada na última edição de VEJA RIO (“Comer pra quê?”, 22 de fevereiro). Esclarece também que contraindica qualquer tipo de sopa para a substituição contínua de uma ou mais refeições ao dia, por entender que a adoção dessa prática, em alguns casos, pode até mesmo ser prejudicial à saúde. O Incor considera a “dieta” da sopa que circula na internet perigosa para a saúde das pessoas e vazia de fundamentação científica. No site do Incor, há cartilhas e palestras do programa Como Cuidar do Seu Coração, com orientações seguras de médicos, nutricionistas, psicólogos e professores de educação física, para emagrecer com saúde ou simplesmente manter o peso visando ao bem-estar físico.

pratada de arroz, feijão e macarrão duas vezes ao dia mais lanches com direito a coxinha, pastel e sucos calóricos.

Assessoria de imprensa do Incor/HCFMUSP

Naldo Lins, via Facebook

Essa é a dieta do governador Pezão. Há meses os funcionários públicos do Estado do Rio estão fazendo tal regime.

Está explicada a perseguição do advogado Victor Travancas ao prefeito. Abrigado no governo César Maia, fez vista grossa aos gastos exorbitantes e à falência da saúde pública. Agora, como não conseguiu uma vaga na gestão Crivella, procura todas as formas de se vingar.

Rodrigo Barcelos, via Facebook

Esportistas como as nadadoras Beatriz e Branca Feres têm todo amparo de especialistas por trás de sua dieta. E também há profissionais de nutrição apoiando-as e ajudando-as. Sem eles, as atletas não chegariam a esse resultado. Leila Lorena Soares, via Facebook

Quem disse que jejum intermitente implica passar fome? A maior parte do jejum acontece durante o sono. Luciellen Rocha, via Facebook

Por que as pessoas pensam que comer é tudo na vida? Ninguém tem de bater uma

Dany Maciel, via Facebook

Deus me livre de usar manequim 36 só para sair bem nas fotos. Prefiro usar meu manequim 40 comendo pão francês todos os dias de manhã. Janaina Lima, via Facebook

É um absurdo essa história de jejum. Nutricionista é graduado para prescrever comida, não a falta dela. João Felipe Maione, via Facebook

PERFIL Tirando os cegos e os membros da Igreja Universal, ninguém em sã consciência acha que Marcelo Crivella está fazendo um bom trabalho (“Um advogado dos diabos”, 22 de fevereiro).

Luís Cláudio Nascimento, via Facebook

sentados, pensionistas e à população do Rio como eles se sentem e como está sua vida neste momento? Christina Seabra, via Facebook

Parece que a arrogância é mal de família. Será que, mesmo depois que o Brasil inteiro descobriu que o pai dele é um dos maiores corruptos do país, ainda não caiu sua ficha? Se ele não for preso também, já vai ser sorte. Fernando Oliveira, vai Facebook

Com uma vida de luxo alimentada por dinheiro de propina, é fácil ser um pai “maravilhoso e presente”. O pai desse rapaz arrasou com a vida de muitos cariocas com a roubalheira que promoveu. Que apodreça na cadeia. Takeda Junior, via Facebook

Meus sinceros parabéns ao advogado. Venho dizer que há poucos homens com tanta coragem e patriotismo no Brasil. Esse advogado tem meu respeito. Antonio Nascimento, via Facebook

BEIRA-MAR Acho que Marco Antonio Cabral mora em outro planeta (“Estou à frente de tudo agora”, 22 de fevereiro). Por que ele não pergunta aos servidores públicos estaduais, apo-

Sensato, o rapaz. Cuida dos irmãos, dos advogados do papi e também tem tempo para ajudá-los. Não é como nós, que trabalhamos de segunda a sexta. Mas gostei do rapaz, filho presente, que sabe das falcatruas do “belo casal”. Viviane Othon Lacerda, via Facebook Correção: Marco Antonio Cabral assumiu a Secretaria estadual de Esportes em 2015.

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Atendimento ao leitor: (21) 2546-8144 Sobre assinaturas: (11) 5087-2112

Atenção: ninguém está autorizado a solicitar objetos em lojas nem a fazer refeições em nome da revista a pretexto de produzir reportagens para qualquer seção de VEJA RIO. 10 Veja Rio 1º de março, 2017



#VEJARIO NO INSTAGRAM

Pool party

FOTOS REPRODUÇÃO

Com as praias cheias e o calor lá fora, as piscinas tornam-se um dos passatempos mais disputados da estação. O refrescante programa foi o foco da missão da semana

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O divertido clique de @mayra nolasco umolhar foi feito embaixo d’água

Com o Cristo Redentor ao fundo, o registro de @luis bitencourtart ficou em primeiro lugar

3o O reflexo do guarda-sol se destaca na foto de @liafrotaelopes

relaxa na 4o @alanapadua piscina com borda infinita

Próxima missão Concurso de fantasias: as alegorias que alegraram as ruas cariocas Inspire-se na frase acima, tire uma foto e compartilhe-a no Instagram publicados na próxima edição de VEJA RIO e no site. Saiba mais com a marcação #vejario_carnaval. Os registros mais criativos serão em www.vejario.com.br/especial/missao-instagram 12 Veja Rio 1º de março, 2017



HISTÓRIAS CARIOCAS

Heloiza Gomes | helogomes.vejario@gmail.com

VERDE ESPERANÇA

Foguetes ao céu

A ONG Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao governo federal, trazem uma boa notícia: após um ciclo de trinta anos de desmatamento, foram recuperados 40,92 quilômetros quadrados de Mata Atlântica no Estado do Rio, entre 1985 e 2015. Essa área equivale à região do município de Mesquita, na Baixada Fluminense. O acompanhamento, feito por meio do monitoramento de florestas com dimensão acima de 3 hectares, e divulgado no Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, detectou o processo de retomada. Casemiro de Abreu foi a cidade fluminense com mais áreas regeneradas (267 hectares), seguida por Itaperuna (223), por Duas Barras (220) e pela capital (209).

ELI_ASENOVA/ISTOCK

Em meio à crise que ameaça a Uerj, o Instituto de Física da universidade procura preservar a rotina. Uma equipe está organizando a vigésima edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), que acontece em 19 de maio. No evento, voltado para alunos de ensino fundamental e médio, de escolas públicas e particulares, os participantes respondem a um questionário aplicado nas instituições onde estudam. Outra parte do programa, realizada junto com a OBA, promete ser divertida: trata-se da 11ª Mostra Brasileira de Foguetes, com modelos feitos de garrafa PET, tubo de papel e canudo de refrigerante. Inscrições até 19 de março, no site www.oba.org.br.

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FELIPE FITTIPALDI

Exceção no quadro de destruição e abandono que envolve as arenas da Barra e o Maracanã, a Marina da Glória sobreviveu ao desmanche promovido nas instalações da Rio 2016. O espaço administrado pela concessionária BR Marinas sediou provas de vela durante os Jogos. Depois, foi aberto ao público de forma inédita. A procura por cursos de mergulho e vela no local cresceu 15%, e outro tipo de frequentador passou a marcar presença: os clientes de empreitadas gastronômicas, como o negócio de carnes 348 Corrientes, o japonês Soho, o Empório, de cardápio variado, e a delicatessen Maruru. Outras duas casas do ramo devem abrir por lá nos próximos três meses e, até maio, será inaugurado um parque com ciclovia.

FÁBIO ALBUQUERQUE/DIVULGAÇÃO

LEGADO OLÍMPICO


2 300

ACERVO CENTRO DE MEMÓRIA

informações...

...foram registradas nos primeiros seis meses de vida do aplicativo do Disque Denúncia. Do total, 938 foram originadas na capital. Os crimes mais reportados foram tráfico de drogas, homicídio e roubo de veículos e de carga. Criado em agosto do ano passado, o programa, além de receber notificações anônimas 24 horas, oferece a possibilidade de anexar a elas fotos e vídeos. Depois de efetivado, o registro segue para o banco de dados do Disque Denúncia e, em seguida, é encaminhado para as autoridades.

MEMÓRIA

Outros carnavais O Centro de Memória da Fundação Bunge foi criado em 1994 para preservar a história da empresa holandesa homônima, no Brasil desde 1905. Com a intenção de assimilar a cultura brasileira e fazer parte dela, a organização, especializada em agronegócios e alimentos, sempre buscou incentivar seus funcionários a celebrar as festas nacionais,

devidamente registradas em fotos. Recuperadas, algumas dessas imagens, feitas entre 1932 e 1939, mostram a folia de outros carnavais, embalada por carros alegóricos do bloco do Moinho Fluminense, instalado no Rio em 1887. O acervo fotográfico da instituição está disponível no endereço www.fundacaobunge.org.br/acervocmb/imagens.


BEIRA-MAR

Daniela Pessoa | daniela.pessoa@abril.com.br

Aos 20 anos, a carioca Duda Almeida, moradora da Cidade de Deus, acaba de ser eleita uma das novas embaixadoras de uma marca de cosméticos para o cabelo, ao lado da atriz Marina Ruy Barbosa e da top Gisele Bündchen. Duda foi uma das três vencedoras do reality show que elegeu os cabelos mais bonitos do Brasil. A bela mulata era vendedora de uma loja de roupas na comunidade da Zona Oeste, mas largou tudo para virar modelo. “Nasci para ser famosa”, diverte-se a jovem, filha de um bombeiro e uma diarista. Até vencer o concurso, porém, ela enfrentou muito preconceito. “Já sofri demais com brincadeiras maldosas e ofensivas, como quando diziam que eu tinha cabelo de vassoura”, conta a ex-vendedora. “Na escola, eu era chamada de galinha preta de macumba, porque usava colares de miçanga que a vovó fazia, mas nunca deixei de usá-los. Sempre tive orgulho de ser negra”, diz Duda.

THAIS MONTEIRO/DIVULGAÇÃO

CINDERELA MODERNA

Vilã nas horas vagas

ERNANI D’ALMEIDA

Como toda boa carioca, a delegada Monique Vidal, da 14ª DP, no Leblon, adora Carnaval. Fã de blocos de rua como o Spanta Neném e o Areia, dia desses foi vista fantasiada de Malévola, a bruxa da Bela Adormecida. “Princesas são muito fofas, não tenho paciência para gente assim. Já de policial eu não me fantasio de jeito nenhum. Prefiro sair de Minnie”, diz Monique, que nunca precisou dar dura em nenhum folião mais saidinho. “As pessoas já me conhecem, paquerar é complicado. Ninguém me chama de ‘delegata’”, brinca a policial. Solteira e mãe de duas meninas, ela também não dispensa a passagem pelos camarotes da Sapucaí nos desfiles do Grupo Especial. “Amo o Salgueiro. A Viviane Araújo arrebenta como rainha de bateria. Até me arrepia.” 16 Veja Rio 1º de março, 2017

RECORDE DE AUDIÊNCIA Otaviano Costa que se cuide, porque, se depender de Sophia Abrahão, ele não volta das férias para a bancada do Vídeo Show. O ibope do programa bateu o recorde do ano na estreia da atriz como apresentadora, na última segunda (20). A atração ficou ainda entre os assuntos mais comentados do mundo no Twitter. Não é à toa: fenômeno na web, ela tem mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais — um talento que o diretor Boninho não desprezou. “Ele mandou flores e um cartão me parabenizando pelo sucesso. Foi muito querido, diferente do que se costuma ouvir dele no Projac”, elogia a moça, que também é cantora e foi dirigida pelo namorado, o ator Sérgio Malheiros, em seu novo clipe, O Bom É que Passa. “Ele já conhece meus melhores ângulos e sabe até deixar meus olhos mais claros.”


Adeus, Salazar

MARKETING EL GORDO/DIVULGAÇÃO

Bar polêmico no Leblon, o El Gordo, aquele do retrato do ditador português Salazar na parede (que horrorizou clientes como Olivia Byington, mãe do ator Gregorio Duvivier), está fechando as portas. Afamado por seu jeito turrão, o português Nuno Almeida, dono do estabelecimento, causou revolta, ainda, ao expulsar do local um grupo de clientes que (a seu ver) estava consumindo pouco. Quem assumirá o ponto é o filho dele, Salvador Almeida, de 26 anos, também lusitano. “Meu pai sempre foi muito polêmico, inclusive em Portugal, mas lá as pessoas levavam mais na esportiva. Aqui, ele não se adaptou”, alivia Sassá, como é conhecido. O apelido dará nome ao novo boteco que o rapaz abrirá na Rua General San Martin no fim de março, sem o patriarca. “Vou mudar toda a decoração. Será um lugar descolado. E vou batalhar por preços baixos para atrair mais jovens. Meu pai cobrava caro.”

MARCIO ALVES/AG. O GLOBO

ANDRÉ

SCHILIR

Ó/DIVU

LGAÇÃO

PAQUERA CERTA Disputada pelas agências de publicidade desde que estreou como a Verão, personagem da campanha de uma cervejaria, há pouco mais de dois anos, a modelo, dançarina e atriz Aline Riscado acaba de virar garota-propaganda de aplicativo de paquera. Sob forte pressão da concorrência, o Tinder, o mais antigo e famoso do gênero, pagou um cachê de cerca de 240 000 reais para que a beldade associe sua (bela) imagem ao produto durante o Carnaval — ainda que ela esteja namorando o ator Felipe Roque. Aline, que cobra 50 000 reais para surgir, acenar e sorrir em eventos corporativos, vem abrindo mão de muitos trabalhos, no entanto, em nome da arte. Em cartaz na peça Jogo do Amor e no ar no programa Vai que Cola, a linda morena, que vai rodar também o filme Os Farofeiros, tem pavor de virar subcelebridade do tipo bonita e sem conteúdo. Veja Rio 1º de março, 2017 17


Educação

Tombado e arruinado O prédio da UFRJ atingido parcialmente por um incêndio em outubro continua em condições precárias, e os alunos ficam sem previsão de volta às aulas Anita Prado

O

termômetro marcava 38 graus em 13 de fevereiro, uma segunda-feira. Sem ar condicionado ou ventilador, os estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro assistiam à aula aglomerados no mezanino do saguão de entrada do prédio onde funciona a escola. Em meio às pranchetas desgastadas, o professor expunha o conteúdo relativo ao fim do semestre passado, timidamente instalado num banquinho. Em um dos cursos mais concorridos da universidade, a situação era de puro improviso. A origem do descalabro remonta a outubro de 2016, quando um incêndio atingiu o 8º e último andar do prédio na Ilha do Fundão, onde funcionava também a reitoria da universidade. Além de carbonizarem o pavimento onde 18 Veja Rio 1º de março, 2017

o fogaréu se iniciou, as chamas afetaram toda a estrutura elétrica e hidráulica, comprometendo o funcionamento no restante dos pavimentos. Graças à cooperação entre alunos e professores, previa-se que a reposição das aulas do segundo semestre de 2016 estivesse concluída, na base do jeitinho, até o Carnaval, em espaços adaptados como sacadas e corredores, ou numa das poucas salas liberadas pelo Corpo de Bombeiros após o desastre. “Estudei muito para entrar na melhor faculdade federal de arquitetura no país, e não temos nem como usar o banheiro”, reclama o estudante Rodrigo Vellasco, que se mudou de Cabo Frio para o Rio para estudar na UFRJ. Além da FAU e da reitoria, o prédio no Fundão abrigava outras faculdades, como a Escola de Belas Artes


Abandono e improviso Como se encontram as instalações da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

i Sala de aula Com andares inteiros interditados, os alunos levaram as pranchetas para espaços abertos no prédio

FOTOS ANITA PRADO

i Estrutura comprometida Rachaduras e infiltrações atingem toda a área externa do prédio i A entrada do prédio As cadeiras e mesas que não foram danificadas durante o incêndio estão amontoadas (EBA), em que as aulas só puderam ter sequência após o incêndio com a redistribuição dos alunos por outras unidades da universidade. “É injusto uma escola de 200 anos ficar sem teto. Hoje, nossos 2 700 alunos estão espalhados”, desabafa a vice-diretora da EBA, Madalena Grimaldi. No caso da FAU, atualmente com 1 470 alunos, ainda não há data prevista para as aulas serem retomadas. Para o diretor Mauro Santos, com as instalações arruinadas, não existe previsão de quando será possível dar início ao primeiro semestre de 2017. “Estamos em um estado de penúria, sem condição nenhuma de ficar aqui. Seria um perigo para o corpo acadêmico”, afirmou ele. Em uma carta aberta, divulgada no dia 2 deste mês, a direção da faculdade determinou seis itens obrigatórios para que os cursos sejam retomados, entre eles a liberação do 5º andar do prédio. Segundo a assessoria da reitoria da UFRJ, a reforma do espaço dificilmente será concluída antes do segundo semestre de 2017. “O MEC autorizou 25 milhões de reais para a intervenção, mas até dezembro só havia a liberação de

9 milhões”, explicou um dos assessores do gabinete. Em caráter emergencial, terão prioridade as obras de escoramento da estrutura, a retirada dos escombros e os reparos emergenciais no andar atingido pelo incêndio. Uma das edificações mais emblemáticas da Cidade Universitária, premiada na IV Bienal de São Paulo, de 1957, pelo seu projeto arrojado, o prédio, concluído em 1961, foi projetado pela equipe do arquiteto Jorge Machado Moreira, que deu nome ao local. Representante da chamada Escola Carioca, é marcado por amplos vãos livres envidraçados, pilotis, escadarias monumentais e terraços com paisagismo de Roberto Burle Marx. “O incêndio não destruiu apenas parte das instalações da universidade, mas foi um duro golpe para a arquitetura carioca”, lamenta o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, Jerônimo Moraes. Tombado pelo município por um decreto do prefeito Eduardo Paes em dezembro, o prédio é um símbolo concreto — e chamuscado — do descaso com a educação e o patrimônio. ß Veja Rio 1º de março, 2017 19


Rio, 452 anos

AMOR DE CARNAVAL Pode parecer clichê de carioquice, mas a vida fica melhor quando você — não sendo ruim da cabeça ou doente do pé, evidentemente — adota uma escola de samba do coração. O lado bom: amigos, muita festa e a chance de aprender sobre o Carnaval, uma das mais expressivas manifestações culturais do país. Às vezes, claro, o desfile atravessa. Mas sempre restam as histórias, lembranças saborosas como as que ocupam as próximas páginas. Ao renovarem seus laços com a folia, oito personalidades do Rio abrem o jogo sobre sua escola favorita e presenteiam a cidade, que faz 452 anos na Quarta-Feira de Cinzas, com apaixonadas declarações de amor TEXTO Pedro Moraes FOTOS Daryan Dornelles

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Alcione,

Estação Primeira de Mangueira verde e o rosa entraram na vida da menina maranhense pelas páginas da revista O Cruzeiro. Ela ficou extasiada com baianas em plena evolução, rodopiando na foto de capa. “Achei aquilo tão bonito que minha mãe passou a comprar vestidos das mesmas cores para mim e para minha irmã. Saíamos como um par de jarros”, conta. No Rio desde o fim da década de 60, onde deslanchou a carreira de cantora, Alcione visitou a quadra da Mangueira pela primeira vez em 1974 e logo foi convidada a desfilar. Na concentração, a ausência de um destaque levou a bela estreante ao alto de um carro alegórico. Não deu outra: a foliã improvisada ganhou as revistas, fantasiada de verde e rosa como as personagens que a haviam encantado quando pequena. O amor ao primeiro desfile a trouxe de volta ano a ano. Cada vez mais à vontade, Alcione recebeu a bênção de Cartola (1908-1980) e conquistou a amizade das duas matriarcas mangueirenses: Dona Zica (1913-2003), mulher do glorioso sambista, e Dona Neuma (1922-2000), filha de Saturnino Gonçalves (1897-1935), fundador e primeiro presidente da agremiação. Em 1988, ela criou a Mangueira do Amanhã, escola de samba com programação de projeto social, voltada para crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. A regra é clara: só participa quem está estudando. “Estendi as mãos e fui pedir. Ganhei muito pedaço de pano e os meninos cresceram, desfilam até hoje”, diz, orgulhosa, a atual presidente de honra da escola mirim. De sua longa história com a Estação Primeira, persiste ainda uma lembrança proustiana. A madeleine de Alcione, 69 anos — equivalente mangueirense ao bolinho que, no romance Em Busca do Tempo Perdido, do escritor francês Marcel Proust, leva o narrador da obra de volta à infância —, é uma fornida porção de arroz com feijão. “Não podia chegar ao morro sem visitar Dona Zica e Dona Neuma. A qualquer hora tinha um prato à minha espera. Nunca comi igual, ainda lembro do cheiro”, conta, cheia de saudade.

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Monarco, Portela pequeno Hildemar Diniz divertia-se quando o rádio a válvula espalhava música pela casa da família, em Nova Iguaçu. Gostava, em especial, do samba Ninguém Ensaiou, na voz de Aracy de Almeida (1914-1988), em cuja letra são citados “professores do morro” como Paulo da Portela. O nome da escola — que Paulo Benjamin de Oliveira (1901-1949) criou e transformou em sobrenome — ficou martelando na cabeça de Hildemar, até que, em 1946, sua mãe decidiu se mudar para Oswaldo Cruz. Pronto. Feitos vizinhos, Hildemar, hoje com 83 anos, virou Monarco e desenvolveu com a Portela uma paixão de vida inteira. “Já amava a escola sem conhecer, não tem explicação. Achava o nome lindo, sonhava em conhecer o Paulo”, lembra o sambista. Com o fundador, ele não teve a chance de conversar, mas, depois de muito sentar no muro do terreiro e acompanhar os veteranos a distância, começou a compor com bambas da antiga como Alcides Malandro Histórico (19091987) e Manaceia (1921-1995). A estreia, O Passado da Portela, ele fez sozinho, aos 18 anos, em 1951, e a composição foi adotada para o esquenta, antes dos desfiles. Mesmo com toda a dedicação, Monarco nunca emplacou um samba-enredo na constelação portelense. Dono de uma memória prodigiosa, porém, tornou-se uma enciclopédia viva ao lembrar-se de sambas de todas as épocas e seus autores. Não por acaso, contribuiu para a gravação de discos históricos como Portela, Passado de Glória, produzido por Paulinho da Viola, em 1970, e Tudo Azul, antologia capitaneada por Marisa Monte, de 1999. Como autor de um punhado de sucessos, a exemplo de Vai Vadiar e Coração em Desalinho, ambos gravados por Zeca Pagodinho, levou o repertório da agremiação para muito além de Oswaldo Cruz. Ao mesmo tempo, fora do palco, e ao longo da vida, encarava vários bicos. Limpou mesas de bilhar na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), foi guardador de carros e vendeu peixe no mercado da Praça Quinze. O pão, entretanto, sempre veio da música. “Não sei quem eu teria sido sem a Portela. Só tenho a agradecer.” O sentimento é recíproco: Monarco foi aclamado presidente de honra e ganhou um busto de bronze na quadra, distinção única oferecida a um portelense vivo.

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João Bosco, Império Serrano ineiro de Ponte Nova, o músico já torcia pelo Flamengo quando chegou ao Rio, em 1972. Faltava uma segunda providência fundamental para sua conversão à carioquice. Após um périplo por quadras e terreiros, ciceroneado pelo parceiro Aldir Blanc, João Bosco escolheu o Império Serrano. A beleza dos sambas do fundador Silas de Oliveira (19161972), compositor de Aquarela Brasileira, hino do desfile de 1964, pesou a favor, mas João, 70 anos, não sabe definir exatamente o que o levou a decidir-se pela escola de Madureira. “O Império está dentro de mim, no meu inconsciente, e isso é o bonito”, filosofa. O autor de O Bêbado e a Equilibrista (uma de suas inúmeras pérolas com Aldir Blanc) recorre a uma história para ilustrar essa afinidade paranormal. Ele conta que ao terminar Pagodespell, em 1986, samba feito com Chico Buarque e Caetano Veloso, ficou desconfiado. Levou um tempo até entender o que o estava incomodando: sem

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perceber, o artista se baseara na sonoridade de Exaltação a Tiradentes, samba-enredo campeão do Império em 1949. “Estava no meu inconsciente, como disse. Acho que o Chico (Buarque) percebeu, mas nunca falou nada, eu também não falei até hoje”, revela. O apoio à escola do coração inclui aparições na quadra e canjas em shows que buscam levantar dinheiro para a agremiação de Madureira. Mas evoluir na Sapucaí, nem pensar. João resiste aos convites de amigos imperianos, como os músicos Arlindo Cruz e Wilson das Neves — teme o efeito pé-frio que já vitimou a União da Ilha. Na única vez em que topou cruzar a Passarela do Samba, um carro alegórico da escola da Ilha do Governador quebrou e ele ajudou a empurrá-lo até a Praça da Apoteose. A paixão pelo Império é mantida, portanto, com recato e visitas às origens da escola, fundada no Morro da Serrinha, em 1947. “Sempre volto à Serrinha. Minhas raízes estão ali, e o samba é a minha fala”, diz. Veja Rio 1º de março, 2017 23


Carnaval

Neguinho da Beija-Flor, Beija-Flor de Nilópolis o alto do carro de som, no desfile de 2009, o homem vestido de branco destoava do ambiente, apesar da pochete na cintura. Não era cantor nem instrumentista. João Pupo, médico, chefe do serviço de coloproctologia e professor da UFRJ, estava ali para atender Neguinho da BeijaFlor. Na época, o intérprete oficial da escola enfrentava um grave câncer no intestino. “Foi o momento mais incrível da minha vida. Tinha 35% de chance de me recuperar, adiei sessões de quimioterapia para poder cantar, estava fraco, mas consegui”, lembra. Naquele ano, a Beija-Flor de Nilópolis foi vice, mas Neguinho já comemorou treze campeonatos como intérprete da sua escola de coração. Nada mau para o garoto revelado em um parque de diversões montado numa praça do município de Nova Iguaçu. Aos 9 anos, Luís Antonio Feliciano Marcondes participou de um mambembe show de calouros. Depois de defender Se Acaso Você Chegasse, pérola da dor de cotovelo composta por Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e gravada por seu ídolo Jamelão (1913-2008), outro grande nome do Carnaval, garantiu o terceiro lugar e o prêmio: duas latas de goiabada. Maiorzinho e com algum cartaz como puxador de bloco na Baixada, Neguinho da Vala, como era conhecido, desembarcou na azul e branco de Nilópolis junto com uma turma nova, que incluía o carnavalesco Joãosinho Trinta (1933-2011) e a passista Pinah. No primeiro desfile, em 1976, sagrou-se campeão com o enredo Sonhar com Rei Dá Leão, de sua autoria. “Cheguei com o pé quente, compus o samba, soltei a voz pela primeira vez e fomos campeões. Naquele ano, foi como se o Olaria vencesse o Campeonato Carioca”, compara. O primeiro título foi comemorado à exaustão e deu início a um amor sem tamanho: Neguinho afirma que nunca assinou contrato de trabalho nem recebeu salário da Beija-Flor. “A escola me deu a projeção que tenho. Viajo o mundo cantando. E essa relação de confiança nos transformou em uma família”, diz. Clinicamente curado desde 2015, o intérprete de 67 anos garante que ainda tem fôlego para muitos carnavais. “Jamelão, meu mestre, foi até os 95 anos. Brinco dizendo que vou aos 105 e canto pela Beija-Flor enquanto tiver forças.”

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Martinho da Vila, Unidos de Vila Isabel sambista Martinho José Ferreira, 79 anos, é da Vila Isabel, mas já foi da Boca do Mato. Mais do que paixão à primeira vista, o cantor e compositor define sua experiência como um casamento arranjado com final feliz. Os primeiros passos por terreiros e sambas-enredo foram em uma obscura agremiação já extinta da região do subúrbio entre o Méier e o Engenho de Dentro. Por lá, revelouse, além de compositor de mão-cheia, dedicado faztudo. Os bons serviços prestados inspiraram o convite feito em 1965 por Antonio Fernandes da Silveira, o seu China, fundador e primeiro presidente da Vila Isabel. O garoto chegou à nova casa sem disfarçar o desejo de engrossar a ala dos compositores, mas havia um ritual a cumprir. “Exigiram que eu apresentasse um samba e, dependendo do que achassem, eu poderia não ficar”, lembra. Foi aprovado por seus novos colegas com Boa Noite, composição que diz assim em seus primeiros versos: “Boa noite, Vila Isabel / Quero brincar o Carnaval / Na terra de Noel / Boa noite, diretor de bateria / Quero contar com sua marcação / Boa noite / Sambistas e compositores / Presidente, diretores / Pra Vila eu trago / Toda minha

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inspiração”. O estilo menos empolado e mais coloquial foi uma das suas muitas contribuições para o Carnaval. Nos quatro anos seguintes à sua chegada, o compositor emplacou quatro sambas-enredo. Vencidas as desconfianças iniciais, já era Martinho da Vila, sempre chamado a opinar, hoje na qualidade de presidente de honra da escola. “Fiz de tudo na Vila, mas o momento mais intenso foi em 1988, no desfile de Kizomba, a Festa da Raça. Empenhei meu nome na praça, pedi favores que devo até hoje, e vencemos”, conta o sambista, com um sorriso no rosto, ao lembrar o primeiro título da Vila Isabel. Curiosamente, o enredo campeão, sugestão de Martinho, ganhou samba de outro “da Vila”, Luiz Carlos (craque da Vila da Penha, morto em 2008), em parceria com Rodolpho e Jonas. Na vitória mais recente, em 2013, o presidente de honra aparece entre os autores de A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo. Como em toda relação, o enlace de 52 anos e doze sambas na avenida enfrentou altos e baixos: ele só deixou de desfilar três vezes. “Foram rusgas que, graças a Deus, nem lembro mais”, despista, com jeito de pierrô apaixonado.


Elza Soares, Mocidade Independente de Padre Miguel quintal da infância, onde o pai, o operário Avelino Gomes, tocava seu violão, ficava na localidade de Moça Bonita, hoje conhecida como Vila Vintém, espremida entre os bairros de Realengo e Padre Miguel. Naquela época, a menina já gostava do que ouvia, mas, vejam só, tinha medo do Carnaval. “Fui educada de forma rígida, via os blocos nas ruas, as batalhas de confete, mas lugar de criança era dentro de casa”, recorda. Em 1969, já uma cantora consagrada, Elza Soares entrou no circuito dos desfiles pela porta da frente: foi convidada para puxar o samba do Salgueiro, sobre o enredo Bahia de Todos os Deuses. Nem desconfiou do que a aguardava, mas topou na hora. “Estava um sol terrível, eu não sabia que cantaria tantas vezes, mas dei conta”, diz. Deu mesmo, e a prova é que um novo convite partiu da Mocidade Independente de Padre Miguel. Para a escola nascida na mesma região onde passou a infância, Elza Soares defendeu os sambas-enredo de 1973 (Rio Zé Pereira), 1974 (A Festa do Divino), 1975 (O Mundo Fantástico do Uirapuru) e 1976 (Mãe Menininha do Gantois). Além de soltar a voz, Elza começou a torcer pela verde e branco de verdade. “Era uma loucura. Teve um ano em que choveu muito, fomos tremendamente prejudicados. Encontrei o governador (Raimundo Padilha, mandatário entre 1971 e 1975) e implorei a ele que não deixasse nos rebaixar”, conta. Da sua escola do coração, a estrela, hoje com 86 anos, ainda ganhou a amizade do lendário diretor de bateria Mestre André (19321980), o inventor da paradinha e autor de pelo menos um sucesso, Salve a Mocidade. “Por onde eu fui, cantei meu amor pela escola”, derrama-se.

PRODUÇÃO: JULIANO ALMEIDA E PEDRO LOUREIRO, ADEREÇO DE CABEÇA: THE PARADISE E SOL AZULAY (VIA FLORES), VESTIDO: ATELIÊ ALEXANDRINA, BELEZA: WESLEY PACHU

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Haroldo Costa, Acadêmicos do Salgueiro m jovem ator no fim da década de 50, Haroldo Costa teve seu primeiro contato com o universo das escolas de samba em grande estilo: assistiu, durante inesquecível noite de sábado, às vésperas do Carnaval, a um ensaio da Mangueira. Nas imediações da Rua Visconde de Niterói, conheceu dois dos maiores compositores da agremiação, Carlos Cachaça (1902-1999) e Cartola (1908-1980), além do lendário mestre-sala Delegado (1921-2012). Encantado, voltou outras vezes, passou a frequentar o bar Só para Quem Pode, cujo nome explica tudo, e caminhava a passos largos para se tornar um fiel torcedor da verde e rosa. A escolhida, no entanto, foi outra. Em 1963, Costa integrava a comissão julgadora dos desfiles de Carnaval. A luz da manhã começava a espantar a madrugada de domingo quando passistas da Acadêmicos do Salgueiro ganharam a Avenida Presidente Vargas. O enredo do carnavalesco Arlindo Rodrigues (1931-1987), sobre Xica da Silva, a ex-escrava de Minas Gerais que fez fama e fortuna, materializou-se em um desfile histórico, com ousadias como uma ala que dançava o minueto em meio à batucada. “A escola entrou às 5 e meia. Ainda guardo a imagem do desfile, com a Candelária no cenário e o sol nascendo. Não consegui aguentar. Quando acabou, avisei que não poderia mais participar do júri. Virei salgueirense naquele momento”, lembra. Haroldo Costa, 86 anos, tornou-se um respeitado escritor, produtor cultural e estudioso do samba, requisitado para ser comentarista a cada Carnaval. A paixão tijucana rendeu os livros Salgueiro: Academia de Samba (1984) e Salgueiro — 50 Anos de Glória (2003). “Nossos enredos mais marcantes são sobre a história não oficial do Brasil. Até inspirar o desfile de 1960, por exemplo, Zumbi dos Palmares não era lembrado. Hoje está no Panteão dos heróis do país”, diz, orgulhoso. Dessa longa relação de amor, resta uma única tristeza. Ele lamenta nunca ter tocado agogô na Furiosa, nome pelo qual é conhecida a bateria da vermelho e branco. “Não pude me dedicar o suficiente e não atrapalharia minha escola por nada”, explica.

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Elymar Santos, Imperatriz Leopoldinense alhaços sujos de lama, as fantasias despedaçadas, ganharam as ruas de Ramos pela manhã, em um dia de Carnaval no início dos anos 60. O cortejo triste formado por foliões da Imperatriz Leopoldinense, orgulho do bairro, confirmava os comentários ouvidos no rádio: o desfile da véspera tinha sido um desastre. Elymar Santos, 64 anos, sofria quando, garoto, via tão maltratada a escola que, desde sempre, fazia parte de sua vida. No número 251 da Rua Sebastião de Carvalho, na subida do Morro do Alemão, onde morava, sua mãe, Amely dos Santos, fazia as unhas da porta-bandeira da agremiação toda semana. “A Imperatriz estava dentro da minha casa, não tive escolha. É como família. Era uma depressão quando passava vergonha no desfile, eu sonhava em ser cantor para ajudá-la a virar uma Portela”, lembra. A vontade de colaborar já deu em trapalhada. Aos 28 anos, em 1980 — aliás, quando a Imperatriz ganhou o primeiro de seus oito títulos —, o garoto da Zona da Leopoldina decidiu desfilar, mas não tinha capital para tanto. Improvisou uma roupa de índio e

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infiltrou-se nas alas. “Não sabia o que fazer, estava desorientado, acabei expulso. Foi uma humilhação”, conta. Em momento bem mais feliz, marco da virada na sua carreira artística, a verde, branco e ouro também estava presente. Ele era um bem-sucedido cantor de churrascaria quando, em novembro de 1985, alugou a histórica — e extinta — casa de espetáculos Canecão para se apresentar por lá. O show, acontecimento que deu fama ao intérprete romântico de hits como Taras e Manias e Escancarando de Vez, teve a participação de ritmistas da sua escola do coração. “Queria tanto ajudar, mas, na verdade, foi a Imperatriz que me ajudou”, conta. Modéstia: o enredo de 2014, Arthur X — O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz, homenagem ao craque rubro-negro Zico, foi defendido na Sapucaí por um samba de Elymar. “Chorei feito criança”, lembra. A casa na subida do Alemão faz parte do passado, mas o cantor, que hoje mora no Leblon, mantém um apartamento perto da quadra. “A gente sai de Ramos, mas Ramos não sai da gente”, reconhece. ß Veja Rio 1º de março, 2017 29


Comportamento

Sereias por um dia Esconder as pernas dentro de uma cauda de peixe vira mania entre as cariocas Daniela Pessoa Maré de curtidas: sessões de fotos com cauda a partir de 490 reais

FOTOS ULYSSES PADILHA/DIVULGAÇÃO

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m grupo de sereias de barbatanas coloridas foi flagrado, há poucos dias, divertindo-se na piscina do Sheraton Barra — e não era um fenômeno isolado, pois o evento vem se repetindo em vários pontos do litoral. Longe de ser uma história de pescador, a bizarra formação de seres anfíbios virou a nova mania deste fim de verão. A explicação é simples e ao mesmo tempo surpreendente: algumas das aparições são responsabilidade da professora de mergulho em apneia Thais Picchi, certificada pela International Mermaid Swimming Instructors Association, da Alemanha, que viaja o Brasil inteiro dando workshops a meninas que sonham em nadar como o personagem mítico — nem que seja por um dia. Sua mais recente parada foi no hotel da Zona Oeste. “O curso, além de leve e divertido, trabalha a autoestima. Todas as alunas querem ser lindas e poderosas como esses seres mitológicos”, diz a instrutora, que cobra 300 reais por pessoa. Outra mestre em sereísmo (o nome carioca para a prática inspirada no estilo de vida de Ariel, do filme da Disney), Luciane Ribeiro, também conhecida como Sereia Kunoichi, dá aulas em sua casa, no Itanhangá. As meninas — e muitas moças já bem crescidinhas — aprendem técnicas de respiração, além de ganhar ginga com a cauda embaixo d’água. Tudo isso seguindo moldes de escolas profissionais em países como Canadá, Estados Unidos, Holanda e Filipinas (sim, a moda vem de fora). “Ensino, por exemplo, a fazer bolhas em forma de anéis ou de coração”, diz Kunoichi. Desde que A Pequena Sereia foi lançado nos cinemas, há duas décadas, o mundo submarino passou a mesmerizar crianças de todas as idades e de sucessivas gerações. O fenômeno atual é recente e ganhou impulso planetário com a internet. Hoje existem milhares de vídeos disponíANDREA SILVESTRE

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Personagem de novela: a atriz Ísis Valverde será uma sereia em À Flor da Pele

Workshop no Sheraton Barra: lições e técnicas para nadar como a princesa Ariel

veis no YouTube que ensinam a confeccionar caudas e acessórios e a fazer maquiagens com cores inspiradas na vida marinha. No Instagram, perfis de celebridades exibem fotos sobre o tema, com as protagonistas mergulhando no mar de Angra ou na piscina de casa. O da modelo Yasmin Brunet, que já declarou acreditar piamente nos seres do fundo do mar, é um deles. A brincadeira só deve ganhar mais força com a próxima novela das 9, À Flor da Pele, em que a atriz Ísis Valverde encarnará uma mocinha meio humana, meio peixe. Antenado com a tendência (e com os lucros que advêm dela), o fotógrafo Ulysses Padilha passou a oferecer ensaios temáticos, que custam a partir de 490 reais. Ele mesmo leva as caudas, para que a cliente escolha entre dez modelos. “Já retratei mães e filhas, amigas, gestantes, adolescentes, gordinhas e magrinhas. Todas querem surpreender nas redes sociais”, diz Padilha. No mundo da moda, a onda do sereísmo anda de mãos dadas com o movimento seapunk, que combina uma pegada mais moderna com temas marinhos. Cabelos coloridos, óculos espelhados, estampas de golfinho, enfeites de cabelo e gargantilhas são alguns dos itens obrigatórios no visual dessa turma, que logo foi parar nas passarelas. Uma das últimas coleções de primavera-verão da Chanel, por exemplo, apostou em pérolas, conchas e estampas que remetem a escamas de peixe. E não são apenas as grandes marcas que estão investindo nas sereias, mas também empreendedores de olho nos modismos sazonais. A estudante Thuane Lisboa, de 19 anos, montou uma loja virtual de acessórios que fatura 3 000 reais por mês com a venda de coroas, tiaras e outras bugigangas a quem quer se sentir uma princesa oceânica. Pelo menos até o fim do verão, o mar segue convidativo para as beldades do mar. ß Veja Rio 1º de março, 2017 31


MUNDO ANIMAL

Anita Prado e Jana Sampaio | mundoanimal.vejario@gmail.com

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Pets vipões

CURIOSIDADES SOBRE O EMU

Assim como as celebridades do YouTube, do Instagram e do Twitter, que compartilham sua rotina com milhares de seguidores nas redes sociais e vivem recebendo mimos e paparicos, os pets famosos tornaram-se ótimos garotos-propaganda. Tanto que a marca carioca Zee Dog criou o próprio time, a Zee Mafia — cerca de oitenta cachorros e gatos, todos influentes na rede, que ganham presentes exclusivos da grife e volta e meia ainda posam para fotógrafos profissionais. Para fazer da sua mascote uma superstar virtual, as dicas são: arrase na resolução das fotos, invista nas poses engraçadas, coloque nela roupinhas e adereços e não se esqueça de marcar (muitas) hashtags!

O nome soa estranho, mas não por muito tempo. Depois de a coruja e de o porquinhoda-índia ganharem a simpatia e espaço no lar dos cariocas, é a vez de o emu começar a se popularizar como bichinho de estimação exótico. Conhecida como cachorro de penas, a ave de temperamento dócil pode chegar a ter 60 quilos e 1,90 metro de altura. Por isso, para levá-la para casa, é preciso que haja espaço. A recomendação dos especialistas é que um casal de emus viva em um terreno de 100 metros quadrados. Saiba mais sobre o animal: i Custa entre 1 000 (filhote) e 6 000 reais (adulto) i É a segunda maior ave do mundo, atrás apenas do avestruz — e não voa i A alimentação é composta de folhas verdes, capim e ração i Os ovos são chocados pelo macho, que perde até um terço de seu peso na atividade i A ave pode correr a até 50 km/h (a velocidade média dos cães é de 30 km/h)

ÁREA DE RISCO

TONY FEDER/ISTOCK E CRAIGRJD/ISTOCK (DETALHE)

Não há dúvida de que eles adoram passear na rua e na pracinha. Mas, segundo veterinários da Universidade Ohio, ambientes que reúnem grupos de cães e de gatos são os mais propícios para a proliferação de doenças. Para combatê-las, os profissionais criaram um manual com orientações aos donos dos pets. Manter a carteira de vacinação em dia, lavar as vasilhas de água e ração diariamente e dar banhos com frequência no animal são alguns dos cuidados elencados.

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MEU PET NA VEJINHA

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Um belo par de olhos, um azul e o outro verde. Esse é um dos charmes de Milo, gato de 1 ano e 5 meses que vive com sua dona, Margarete, e seus três irmãos felinos: Nina, Thor e Dom. Todo charmoso, ele adora posar para fotos. i Para participar, marque #meupetnavejinha no Instagram (a conta precisa ser pública) e fale um pouco sobre o seu bichinho carioca



CARIOCA NOTA 10 i Carlos Henrique da Silva Vicente

FELIPE FITTIPALDI

Atitude transformadora: dá aula de música a crianças deficientes ou de família pobre

os 6 anos, Carlos Henrique da Silva Vicente, ou Mestre Mangueirinha, começou a fazer suas primeiras batucadas na bateria mirim do Morro dos Macacos. Desde então, os instrumentos musicais não saíram mais de sua vida. “Acompanhei artistas renomados, como Naná Vasconcelos e Carlinhos Brown, viajando o mundo todo”, diz o atual diretor do Cordão do Boitatá e fundador do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mirim Herdeiros da Vila. Nascido e criado na Zona Norte, o músico resolveu repassar o seu conhecimento há onze anos, quando começou a dar aulas gratuitas a crianças de famílias de baixa renda. “Se eu consegui, por que não ajudar e dar oportunidade a outros?”, pergunta. Inicialmente, Mangueirinha atendeu alunos com deficiência auditiva em uma escola do Grajaú, depois passou com suas lições pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em Laranjeiras, e há um ano e meio dá aula no Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca, onde também há algumas crianças com deficiência. “Hoje em dia, todo mundo está perfeitamente integrado. Não há diferença entre eles. São todos da Bateria do Instituto Tim”, conta. “Avaliamos as dificuldades, vemos qual o melhor instrumento para cada um e explicamos devagarinho. Às vezes, no começo, precisamos ensinar individualmente”, explica o mestre, que conta com a ajuda de seis monitores. “A vida é muito dura, principalmente para

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“A vida é muito dura, principalmente para pais de deficientes. É muito bom levar suavidade e alegria para eles. É o que me faz levantar da cama todo dia” pais de deficientes. É muito bom levar suavidade e alegria para eles. É o que me faz levantar da cama todo dia.” Atualmente, o projeto atende mais de quarenta jovens, de 5 a 16 anos, do Complexo do Alemão, dos morros dos Macacos e da Formiga, e de outras áreas de baixa renda. As aulas acontecem aos sábados, das 10 às 12 horas. A partir das 9h30, o espaço está aberto para o café da manhã, também gratuito. “Ensinamos a tocar agogô, chocalho, caixa, repique e surdo, separadamente, para depois juntarmos todo mundo em um único ambiente”, detalha o mestre, que ainda leva os pupilos para se apresentar em teatros e praças. “Tocamos todos os ritmos, como maracatu, ciranda, afoxé e reggae”, ressalta, com todo o orgulho. Junto com o músico britânico Tom Ashe, há seis anos Mangueirinha também dá aula no Favela Brass, em Santa Teresa, outro projeto musical do qual participa. “É só se inscrever pela internet, as portas estão todas abertas”, avisa ele. Heloiza Gomes | helogomes.vejario@gmail.com


VIDA LEVE LEVE

Fernanda FernandaThedim Thedim| fthedim@abril.com.br | fthedim@abril.com.br

Abaixo os tablets

O dado é da Sociedade Brasileira de Urologia: os casos de pedras nos rins crescem 30% no verão. “Isso acontece porque a temperatura elevada acarreta maior transpiração e consequente desidratação. Com isso, a urina tende a ficar mais concentrada, o que aumenta o risco de cálculo renal”, explica o urologista Alex Meller, do Departamento de Terapia Minimamente Invasiva da SBU. Para se prevenir, é importante caprichar na hidratação: recomenda-se beber de 2,5 a 3 litros de água por dia. Outra dica do especialista é reduzir o consumo de sódio, não ingerindo mais que 6 gramas de sal por dia.

RAQUETADAS CERTEIRAS Depois do sucesso das partidas de tênis na Olimpíada do Rio, a realização da quarta edição do Rio Open, o maior torneio da América do Sul, põe o esporte mais uma vez em evidência. Para quem se animou com a disputa no Jockey Club, há escolinhas nas academias e nos clubes, e quadras espalhadas por diversas áreas públicas de lazer, como a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Parque do Flamengo. Aos entusiastas, listamos abaixo bons motivos para começar já. Tão intenso quanto o ciclismo, o tênis pode queimar até 500 calorias em uma hora, contribuindo para a perda de peso

Por aumentar o ritmo do coração durante as partidas, auxilia na prevenção de doenças cardíacas e vasculares, além de dar mais resistência

SOLIS IMAGES/ISTOCK

ÁGUA É O MELHOR REMÉDIO

IMGORTHAND/ISTOCK

Brincar serve para aprender, para conhecer, para experimentar. Serve para pôr afeto, movimento e paixão onde só existia razão. Serve para lapidar a agressividade, aprender a rivalizar, a competir e a suplantar. Essa é a teoria do psicanalista português Eduardo Sá, autor do recémlançado O Ministério das Crianças Adverte: Brincar Faz Bem à Saúde (Casa da Palavra). Professor da Universidade de Coimbra, o especialista sai em defesa das brincadeiras e de seus benefícios, e alerta que os pais estão sucumbindo às tecnologias, superestimando o papel da escola na educação das crianças e, assim, deixando o “brincar” de lado.

É necessário ter agilidade para executar jogadas rápidas, o que ajuda a melhorar a coordenação motora e trabalha o pensamento estratégico

i Para aprender: AABB (Av. Borges de Medeiros, 829, Lagoa, ☎ 2274-4722, escolinhaguga. com.br); Tijuca Tênis Clube (Rua Conde Bonfim, 451, ☎ 3294-9300, tijucatenis.com.br); Rio Sport Center (Av. Ayrton Senna, 2541, Barra, ☎ 3325-6644, riosportcenter.com.br). Veja Rio 1º de março, 2017 35



Roteiro da Semana 38 Restaurantes 40 Bares 42 Comidinhas 43 Crianças 44 Exposições 46 Filmes 54 Teatro 56 Shows

MOONLIGHT — SOB A LUZ DO LUAR

REPRODUÇÃO

Indicado a oito categorias no Oscar — os premiados serão anunciados neste domingo (26) —, o longa de estreia do diretor Barry Jenkins acompanha as desventuras de um rapaz criado na periferia de Miami. Com problemas em casa e na rua, Little (Alex R. Hibbert), ainda criança, encontra a proteção de um traficante de bom coração (Mahershala Ali, favorito ao Oscar de ator coadjuvante). Saiba mais sobre o circuito de cinema a partir da página 46.


RESTAURANTES Fabio Codeço | fabio.codeco@abril.com.br

FOTOS TOMAS RANGEL/DIVULGAÇÃO

BioCarioca. Carnes não entram na cozinha desta casa. Na quarta e no sábado, a pedida é a feijoada vegana (R$ 27,90), criação do chef Bruno Moliné. Feito com raiz de bardana, cogumelo e tofu defumado, o prato chega escoltado por arroz integral, farofa de mandioca com gengibre, laranja e couve salteada ou purê de abóbora. Rua Xavier da Silveira, 28, Copacabana, ☎ 2523-4820.

Capim Santo. Neste sábado (25), o restaurante da chef Morena Leite monta um farto bufê de feijoada (R$ 96,00, com sobremesas e um drinque de boas-vindas). Além do prato principal, com calabresa, paio, carne-seca, costelinha e lombo suínos, o serviço oferece saladas e acompanhamentos como torresmo e banana-da-terra grelhada. VillageMall, 3º piso, Barra, ☎ 3252-2528.

DaSilva. Uma exclusividade da unidade do CasaShopping, a feijoada à trasmontana é inspirada em receita típica do nordeste de Portugal. Com feijão-branco, costelinha suína, bacon, calabresa e couve no vapor, estará em cartaz somente neste sábado (25), a R$ 68,00. Avenida Ayrton Senna, 2150, bloco N, Barra, ☎ 2108-6403/6503. Churrascaria Palace. Novidade no bufê de pratos quentes, incluído no rodízio (R$ 134,00), a feijoada nordestina leva feijão-verde, carne-seca, queijo de coalho, maxixe e quiabo. Juntou-se a outras pedidas recém-chegadas, como arroz com jambu e mexilhões, além do brisket, um corte de carne de peito bovino. Rua Rodolfo Dantas, 16, Copacabana, ☎ 2541-5898. 38 Veja Rio 1º de março, 2017

Farid. Com matriz em Salvador, o reduto de culinária árabe elenca no cardápio uma sugestão de feijoada inspirada em sua especialidade. Versão da tradicional fassulha, o prato consiste num cozido de feijãobranco e linguiça de cordeiro, servido diariamente ao lado de arroz com aletria. O pedido custa R$ 59,90 e satisfaz duas pessoas. Shopping Leblon, 4º piso, Leblon, ☎ 3288-7557.

TAINÁ LIMA/DIVULGAÇÃO

FEIJOADA PARA TODOS OS GOSTOS

Garden. Restaurante tradicional no Jardim de Alah, oferece, aos sábados, um delicioso bufê de feijoada. Ao preço fixo de R$ 84,00, o serviço exibe carnes separadas (costelinha, carne-seca, lombinho e paio, por exemplo) e bons acompanhamentos, como arroz de carreteiro, feijão-tropeiro, couve e linguiça frita. Rua Visconde de Pirajá, 631, loja B, Ipanema, ☎ 2259-3455.

Le Vin Bistro. Conhecido como a feijoada francesa, o cassoulet (R$ 63,80) é um saboroso cozido de feijão-branco com paleta suína, linguiças fresca e defumada, cordeiro e pato desfiado. Antes de ir à mesa, o pedido é finalizado com farinha de rosca e levado ao forno para gratinar. Rua Barão da Torre, 490, Ipanema, ☎ 3502-1002; BarraShopping, Espaço Gourmet, ☎ 2431-8898.

Aconchego Carioca. A unidade do Leblon da badalada grife de culinária brasileira da chef Kátia Barbosa serve, somente na sexta (24) e no sábado (25), uma feijoada com carnes nobres. Acompanhado de arroz, farofa, torresmo, couve, laranja e batidinha de limão, o pedido (R$ 84,00) satisfaz tranquilamente duas pessoas. Rua Rainha Guilhermina, 48, Leblon, ☎ 2294-2913.


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Confira mais recomendações da boa mesa em vejario.abril.com.br/restaurantes

Antiquarius. A versão tradicional (R$ 107,00), servida aos sábados, já é famosa, mas a casa portuguesa também prepara uma receita de frutos do mar (R$ 185,00). Oferecida diariamente como sugestão, é feita com camarão VG, polvo, lula, mexilhão e lagosta, caldo dos pescados, molho de tomate e fei jãobranco. Arroz completa o pedido. Em tempo: preços para um. Rua Aristides Espínola, 19, Leblon, ☎ 2294-1049.

Naturalie Bistrô. Ponto vegetariano em Botafogo, o restaurante serve, todos os dias, uma feijoada sem carnes. A receita da chef Nathalie Passos, com feijão-preto, tofu defumado e abóbora, é escoltada por arroz integral com linhaça, couve e farofa de cenoura. O pedido custa R$ 36,90. A casa fecha de domingo (26) a terça (28). Rua Visconde de Caravelas, 11, Botafogo, ☎ 2537-7443.

4 lugares sossegados

Prana. Reduto de saborosas receitas vegetarianas, a pequenina casa oferece uma apetitosa variedade do prato, sem carnes, claro. Opção do menu de quinta (2), a receita do chef Marcos Freitas, com feijão-azuqui e tofu defumado, é guarnecida de arroz integral, farofinha de castanhas e banana, couve e molho à campanha (R$ 34,00). Rua Ererê, 11D, Cosme Velho, ☎ 2245-7643.

ALEXANDER LANDAU/DIVULGAÇÃO

Nomangue. Vaval Souza faz, em Copacabana, sua versão com feijão-branco, lula, polvo, peixe, vôngole, mexilhão, paio, lombo e bacon (R$ 140,00), além de arroz e farofa de dendê. Receita similar custa R$ 145,00 na unidade da Barra, que fecha na quarta (1º). Ambas satisfazem duas pessoas. Rua Sá Ferreira, 25, Copacabana, ☎ 2225-4028; Estrada Coronel Pedro Correia, 122, Barra, ☎ 3416-8821.

Laguna. Para chegar, é preciso pegar uma chalana (R$ 8,00, ida e volta) no píer no fim da rua ao lado do Shopping Barra Point. Minutos depois, o comensal desembarca na casa de decoração rústica, cercada de verde. Um hit no cardápio, o arroz de frutos do mar (R$ 135,00) satisfaz duas pessoas. É preciso reservar. Ilha da Gigoia, 34, Barra, ☎ 2495-1229.

Maison VG. Na altura do número 867 da Estrada do Sacarrão, uma via leva ao misto de pousada e bistrô (preste atenção nas placas). O lombo de porco com molho de mostarda e cebolinha (R$ 68,50) é criação recente do chef holandês Jos Boomgaardt. Estrada do Sacarrão, 867, casa 3, Vargem Grande, ☎ 3228-9074 e 99492-2712.

Quinta. O casal Luiz Antônio e Fatima Correia recebe os comensais na deliciosa propriedade — escolha uma mesa na varanda (foto), diante do laguinho. Das caçarolas saem receitas como o arroz negro com polvo, acompanhado de batata ao murro e tapenade de azeitona preta (R$ 64,00). Rua Luciano Gallet, 150, Vargem Grande, ☎ 2428-1396.

Point de Grumari. Em meio à mata, o restaurante prepara esmeradas sugestões de frutos do mar, sua especialidade. Uma dica de prato principal, a posta de robalo, guarnecida de arroz, batata sautée, brócolis e molho de maracujá (R$ 156,00), satisfaz ao menos duas pessoas. Estrada do Grumari, 2710, Recreio, ☎ 2410-1106/1434. Veja Rio 1º de março, 2017 39


BARES

Carol Zappa | carolina.zappa@abril.com.br

LIGIA SKOWRONSKI/DIVULGAÇÃO

Booze Bar. Parada estratégica entre blocos da Lapa, como o Quizomba, o estabelecimento abre excepcionalmente de sexta (24) a terça (28), das 12h às 4h, com pratos no almoço. Até as 18h, uma chopeira instalada do lado de fora terá rótulos para viagem, como Old School Session Ipa (R$ 11,90, 300 mililitros). Avenida Mem de Sá, 63, Lapa, ☎ 2252-1588. 18h/1h (qui. até 2h; sex. e sáb. até 3h).

Na rota dos blocos

Casarão 1903. De sábado (25) a quarta (1º), o bar de cervejas artesanais oferece aos foliões dose dupla do chope Röter Pilsen (R$ 12,00) e 20% de desconto no my generation (foto), hambúrguer de fraldinha, patinho e bacon com cheddar e molho de cebolete (R$ 26,30). No sábado (25), circula ali por perto o Pinta, Mas Não Borra. Rua Marquês de Olinda, 94, Botafogo, ☎ 2551-9749. 17h30/1h (sex. e sáb. até 2h; fecha seg.).

Assis Garrafaria. Na volta do Laranjada, no domingo (26), ou a caminho do Cardosão, na terça (28), o local ganha o reforço de uma bike, em frente, vendendo sacolés de caipirinha (R$ 12,00). O combo folião reúne cerveja Paulistânia (330 mililitros) e sanduíche de linguiça artesanal por R$ 19,80. Rua Cosme Velho, 174, ☎ 2205-3598. 11h/0h.

Espetto Carioca. Para quem vai curtir o Bloco Virtual, que sai na segunda (27), no Posto 1, ou o Mulheres de Chico, no sábado (4) pós-Carnaval, o quiosque na Pedra do Leme serve espetinhos como o de camarão (R$ 16,95) e o de bolinho de feijoada (R$ 18,95), além de drinques, a exemplo do mojito (R$ 20,95). Avenida Atlântica, s/nº, QL15, Caminho dos Pescadores, Leme, ☎ 3228-6748. 8h/1h.

Barthodomeu. No caminho de blocos como Que Merda É Essa?, Simpatia É Quase Amor e Banda de Ipanema, a casa prepara sua tradicional feijoada durante a folia. Por R$ 67,00, é possível se servir à vontade do prato, com carnes nobres, farofa, arroz, couve mineira, laranja e aipim. Para molhar o bico, o chope Brahma custa R$ 7,30 (350 mililitros). Rua Maria Quitéria, 46, Ipanema, ☎ 2247-8609. 12h/3h.

Galeto Sat’s. É ponto de encontro da boemia, por seu horário flexível, tanto na matriz, em Copacabana, quanto na filial, em Botafogo, onde os foliões de blocos como Barbas (sábado, 25) serão recebidos com carrinho de chope (R$ 7,00, 400 mililitros) na porta. Para matar a fome, o coração de galinha sai a R$ 24,00. Rua Real Grandeza, 212, Botafogo, ☎ 2266-6266. 10h/6h.

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RODRIGO AZEVEDO/RAZ FOTOGRAFIA/DIVULGAÇÃO

Uma lista de pontos estratégicos para tomar a saideira, abastecer ou repor energias antes e depois da folia


La Nave Bistrô Bar. Os foliões mirins do A Pedrinha, que rola no Planetário no sábado (25), terão menu especial. Na terça (28), o lugar recebe a bateria e os foliões do bloco A Rocha, que termina ali em frente, com petiscos como croquete de costela (R$ 29,00). Rua ViceGovernador Rubens Berardo, 100, Gávea, ☎ 3259-0255. 12h/0h (sex. e sáb. até 1h). Meza Bar. Na saída do Bloco de Segunda, que passa à tarde atrás da Cobal do Humaitá, estique até o vizinho: quem chegar fantasiado terá direito a um shot do drinque do dia. A porção de pastel de bobó de camarão custa R$ 29,00 (quatro unidades). Rua Capitão Salomão, 69, Humaitá, ☎ 3239-1951. 18h/1h (sex. e sáb. 11h/3h; dom. a partir das 11h).

BETO ROMA/DIVULGAÇÃO

Brigite’s. Quem for ao Areia, que sai da mesma rua no domingo (26) de manhã, poderá passar no balcão e provar um dos drinques criados para a data. O bola preta (foto) leva cachaça Ypioca, limão, clara de ovos, xarope de marshmallow e bitter (R$ 25,00). Rua Dias Ferreira, 247, Leblon, ☎ 2274-5590. 12h/16h e 19h/1h (qui. e sex. 12h/1h; sáb. e dom. 13h/0h; seg. 19h/1h).

BIANCA GAYOSO/DIVULGAÇÃO

FOLIA SEM MUVUCA Para quem não quer enfrentar a multidão nos blocos mas não abre mão da farra momesca, o Espaço 7zero6, no topo do Praia Ipanema Hotel, transforma-se em charmoso botequim durante o Carnaval. No ambiente refrigerado com vista deslumbrante ou no terraço à beira da piscina, é servido um coquetel com petiscos típicos. Pastéis, filé aperitivo, aipim frito, caldinho de feijão, bolinho de feijoada (foto), doces, caipirinhas e batidas, a R$ 150,00 por pessoa, são saboreados ao som de marchinhas. Avenida Vieira Souto, 706, Ipanema, ☎ 21414990. Sábado (25) a terça (28), 13h/18h.

Rota 66. Nas quatro unidades da rede texmex, os garçons entram no clima com adereços momescos. Na Tijuca, cinco TVs exibem a apuração das escolas de samba na quarta (1º). Quem acertar o bolão ganhará uma caipirinha. Nesse dia e na terça (28), a casa abre às 12h, para os que vão pular nos blocos. Rua Almirante João Cândido Brasil, 35, Tijuca, ☎ 2254-4219. 17h/2h (sáb. e dom. 12h/2h). Veja Rio 1º de março, 2017 41


COMIDINHAS Fabio Codeço | fabio.codeco@abril.com.br EM CASA PRÓPRIA

TOMÁS RANGEL/DIVULGAÇÃO

Quem acompanha a Nuu em feiras e eventos gastronômicos pode comemorar: a marca, que prepara e vende deliciosos pães de queijo (foto), inaugurou, no último dia 17, uma pop-up store no Leblon. A deliciosa receita, feita com queijo curado produzido na Serra do Salitre, em Minas Gerais, ganha versões simples (R$ 8,00, seis unidades) ou recheadas. As opções, salgadas e doces, incluem linguiça mineira acebolada (R$ 13,00) e goiabada cremosa (R$ 11,00). O café da casa, produzido em Carmo de Minas, é vendido em refil (R$ 7,00 o copo). Rua Dias Ferreira, 668, loja C, Leblon, ☎ 3251-0147 (4 lugares). 8h30/23h30. Cc: M e V. Cd: todos. Aberto em 2017.

Chá para refrescar RODRIGO AZEVEDO/DIVULGAÇÃO

Inaugurada em dezembro, a Tea Shop (Shopping Leblon, 3º piso, ☎ 2529-8592), a primeira filial carioca da rede espanhola especializada em chás, aderiu aos smooteas (foto), smoothies que usam a bebida como base. A loja lançou um kit (R$ 106,90) com cinco blends (em latas de 25 gramas) e um livro de receitas. Uma delas, feita com tropical colada (chá-preto, maçã, capim-limão, coco, abacaxi e pétalas de girassol), você confere abaixo. Ingredientes Modo de preparar Faça i 4 g de tropical colada uma infusão com o chá i 150 ml de água durante quatro minutos i 3 cubos de gelo em água a 95 graus. i 1/2 manga Deixe esfriar. Coloque o i 1 rodela de abacaxi líquido no liquidificador i Suco de 1/2 laranja ou no mixer com os i 1 colher de sementes de chia demais ingredientes e i Suco de 1/2 limão bata. Sugestão: adicione i 2 colheres (sopa) de açúcar raspas de limão para dar (ou de mel, ou de xarope de agave) um toque fresco.

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TEA SHOP/DIVULGAÇÃO

A BOA DO CARNAVAL Oferecido somente aos sábados, o bufê de café da manhã da Casa Carandaí (Rua Lopes Quintas, 165, Jardim Botânico, ☎ 3114-0179) terá funcionamento especial no Carnaval. Até a terça-feira gorda (28), o serviço (R$ 47,00) estará disponível todos os dias, das 9h às 12h. Boa opção para carregar as energias antes de cair na folia, a mesa exibe pães e bolos da casa, iogurte, granola, frutas, geleias artesanais, frios e ovos mexidos, entre outros itens, como o tostex misto no pão de miga. Crianças de até 6 anos não pagam; e de 6 a 12 pagam R$ 23,50.


CRIANÇAS Jana Sampaio | jana.sampaio@abril.com.br

ANDREIA MACHADO/DIVULGAÇÃO

Prazer, Beatles A ideia é proporcionar a experiência de um show de rock com repertório de primeira. Beatles para Crianças, como o nome sugere, passeia por hits do quarteto inglês, a exemplo de Yellow Submarine, All You Need Is Love e Hey Jude. Projeções de animação enfeitam o cenário e dão a deixa para os momentos de interatividade. A banda em cena reúne Fábio Freire e Gabriel Manetti (nos vocais, os dois na foto), Ludi (guitarra, teclados e gaita), Humberto Vigler (bateria) e Johnny Frateschi (baixo). Rec. a partir de 3 anos. Teatro Bradesco Rio. Avenida das Américas, 3900, Barra da Tijuca. Sáb. e dom., 15h. R$ 60,00 (frisa) a R$ 120,00 (plateia baixa). Estreia prevista para sábado (4). Até o dia 12.

RAFAEL BLASI/DIVULGAÇÃO

VINICIUS BERTOLI/DIVULGAÇÃO

Outros musicais em cartaz

Tra-La-Lá O musical revisita a vida e a obra do compositor Lamartine Babo (1904– 1963), autor de marchinhas de Carnaval, sambas e hinos populares de times de futebol. No espetáculo, com direção de Ana Paula Abreu e texto de Vanessa Dantas, o elenco canta 26 músicas acompanhado do percussionista Matias Zibecchi. Rec. a partir de 3 anos. Oi Futuro Ipanema. Rua Visconde de Pirajá, 54, Ipanema. Sábado e domingo, 16h. R$ 20,00. Até o dia 26.

Luiz e Nazinha — Luiz Gonzaga para Crianças Primeira peça do projeto Grandes Músicos para Pequenos, o musical inspira-se na infância do rei do baião e conta a história de amor entre Luiz Gonzaga e Nazarena. A peça é embalada por clássicos como Asa Branca, Baião e O Xote das Meninas. Direção: Diego Morais. Rec. a partir de 2 anos. Teatro Dulcina. Rua Alcindo Guanabara, 17, Centro. Sábado e domingo, 16h. R$ 20,00. Até 2 de abril.

DE VOLTA AO CIRCUITO Com texto de Lázaro Ramos, que também assina a direção, ao lado de Suzana Nascimento, Boquinha… E Assim Surgiu o Mundo… reestreia no sábado (4). Inspirada nas conversas entre Lázaro e o filho, a peça, um monólogo estrelado por Orlando Caldeira, conta a história da criação do mundo segundo as culturas cristã, iorubá, tupi-guarani, hindu e chinesa, além de ter um toque científico, para agradar à turminha nerd. Rec. a partir de 3 anos. Teatro Municipal Ziembinski. Rua Heitor Beltrão, s/nº, Tijuca. Sábado e domingo, 16h. R$ 40,00. Estreia prevista para sábado (4). Até 26 de março.

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EXPOSIÇÕES Renata Magalhães | renata.magalhaes@abril.com.br NA MOSTRA 3 ATRAÇÕES ABRAHAM PALATNIK —

FOTOS VICENTE MELLO/DIVULGAÇÃO

Objeto Cinético em Processo. Na série iniciada em 1964 pelo potiguar Abraham Palatnik, hastes e fios metálicos movem-se de forma lenta, acionados por motores ou ímãs, propagando pelo ambiente uma sonoridade bem peculiar. Ideia bem-vinda, a presença de ferramentas espalhadas na base reforça o que o título sugere e dá pistas sobre a confecção do trabalho.

PAULO JABUR/DIVULGAÇÃO

A REINVENÇÃO DA PINTURA

W-282. O interesse pela arte cinética, que tornou o artista pioneiro nessa técnica, também influenciou obras bidimensionais. A série W apresenta belas telas abstratas feitas com ripas de madeira cortadas a laser e coloridas por tinta acrílica.

Aparelho Cinecromático, 1969. Um dos grandes destaques da exposição é a série de quatro obras, elaboradas com motores e luzes, que travam um diálogo com a pintura e cuja movimentação amplia as noções de escultura. Vale avisar que temporizadores desligam cada aparelho por quarenta minutos, após quinze de funcionamento. Só é possível ver um por vez.

i CCBB. Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quarta a segunda, 9h às 21h. Grátis. Até 23 de abril.

Em Polvorosa. Em cartaz desde julho de 2016, a coletiva, que vai de Rodin a Hélio Oiticica, passando por Jackson Pollock, revisita a produção artística desde o fim do séc. XIX. MAM. Avenida Infante Dom Henrique, 85, Flamengo. Terça a sexta, 12h às 18h; sábado e domingo, 11h às 18h. R$ 14,00. Até domingo (5). 44 Veja Rio 1º de março, 2017

Modernidades Fotográficas, 1940-1964. A mostra reúne imagens de grandes fotógrafos do século XX no Brasil: Marcel Gautherot, Thomaz Farkas, Hans Gunter Flieg e José Medeiros, autor do belo retrato feito em ritual de candomblé (foto). Instituto Moreira Salles. Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea. Terça a domingo, 11h às 20h. Grátis. Até domingo (5).

JOSÉ MEDEIROS/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

ÚLTIMA CHANCE



FILMES Miguel Barbieri Jr. ESTREIAS

O mais frágil do Oscar Moonlight — Sob a Luz do Luar conquistou diversos prêmios nos Estados Unidos, incluindo o prestigiado Globo de Ouro de melhor drama. Tem oito indicações ao Oscar e é apontado como o maior rival de La La Land à estatueta principal na cerimônia deste domingo (26). Mas a supervalorização do primeiro longa-metragem do diretor Barry Jenkins pode causar frustração. Dividida em três atos, a trama capta a infância, a adolescência e a juventude do protagonista, nascido e criado na periferia de Miami. Frágil e negligenciado pela mãe drogada (Naomi Harris), Little (Alex R. Hibbert) é protegido, ainda criança, por um traficante de bom coração (papel de Mahershala Ali, favorito ao Oscar de ator coadjuvante). A adolescência do garoto ganha marcas profundas quando ele passa a sofrer bullying e a ser humilhado pelos colegas por sua introspecção, o que culmina em dois marcantes atos de violência. Até aí, a história, embora amparada em velhos clichês e numa improvável cena de amor e sexo, tem seu valor social. O destino encontrado, no terceiro capítulo, para o personagem, porém, não convence, assim como a abordagem de sua homossexualidade reprimida. Direção: Barry Jenkins (Moonlight, EUA, 2016, 111min). 16 anos.

Alex R. Hibbert e Mahershala Ali: proteção ao garoto

Novelão sueco VEER

A AA

LTO

NEN

Cristina e o primo: como se fosse um folhetim dos anos 80

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O roteiro de A Jovem Rainha traz à tona uma interessante personagem real. Mas o diretor finlandês Mika Kaurismaki não passa do convencional na cinebiografia de Cristina da Suécia (1626-1689), interpretada pela bela Malin Buska. Cristina substituiu o pai aos 6 anos de idade, mas só foi coroada rainha aos 18. Intelectual de personalidade forte e decisões firmes, ela era admiradora da obra do filósofo fran-

cês René Descartes e quis pôr um fim na guerra entre católicos e protestantes. Embora seu primo fosse uma opção de casamento, Cristina se apaixonou por sua dama de companhia. Conflitos tão intensos são tratados em diálogos novelescos e a produção de época pobrezinha remete aos folhetins de TV da década de 80. Direção: Mika Kaurismaki (The Girl King, Finlândia/Suécia, 2015, 106min). 14 anos.


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Consulte as salas e os horários em vejario.abril.com.br/cinema

ASTROS ENTRAM NUMA FRIA

CLAIRE FOLGER

DAVID BORNFRIEND

Enquanto Ben Affleck se enrosca dirigindo e protagonizando um filme de gângster, Matt Damon estrela uma banal aventura de fantasia na China

ACOMPANHE O CRÍTICO Miguel Barbieri Jr.

miguelbarbieri miguelbarbieri

JASIN BOLAND

miguelbarbieri

Quatro anos depois de dirigir e estrelar o ótimo Argo, Ben Affleck (foto) volta às mesmas funções em A Lei da Noite. Mas pouco se salva nessa tentativa de realizar um filme de gângster à moda antiga. Ambientada no fim da década de 20, a trama traz Affleck como um veterano da I Guerra que ganha a vida como ladrão em Boston. Sua situação se complica depois que um mafioso italiano descobre que ele tem um caso com a amante do chefão irlandês. Em desfile de clichês em ritmo monótono, a história se desloca para a Flórida e mostra, superficialmente, a perseguição da Ku Klux Klan aos negros — ponto para a originalidade. Malhadão depois de interpretar Batman, um inflado Affleck tem o tamanho e a mesma expressão de um armário. Direção: Ben Affleck (Live by Night, EUA, 2016, 129min). 14 anos.

Um dos grandes diretores chineses, Zhang Yimou realizou filmes formidáveis como Lanternas Vermelhas e O Clã das Adagas Voadoras. A Grande Muralha, a maior coprodução entre China e Estados Unidos, é uma aberração em sua filmografia. Ao invés de investir num épico histórico, os roteiristas tiveram a infeliz ideia de criar uma “lenda” em torno da Grande Muralha e escreveram uma banal aventura de fantasia entulhada de efeitos visuais. Matt Damon (foto) interpreta um mercenário americano que está na China à procura do “pó negro” (a pólvora). Capturado pelo batalhão da comandante Lin (Tian Jing), ele vai passar por apuros ainda maiores quando uma horda de horrendas criaturas se aproxima para atacar a muralha. Direção: Zhang Yimou (The Great Wall, China/EUA, 103min). 12 anos.

Veja Rio 1º de março, 2017 47


FILMES FOTOS DIVULGAÇÃO

ESTREIAS

Monstro fofinho

O jovem Tripp (Lucas Till, na foto) trabalha num ferro-velho e não se entende com o padrasto, xerife de uma pequena cidade americana. A vida tediosa do rapaz, no entanto, vai ganhar muito mais ânimo quando um animal estranho surgir em sua vida. Apesar da aparência assustadora, o monstrengo, uma espécie de golfinho com tentáculos, mostra-se amigável e consegue se adaptar às engrenagens das caminhonetes (daí o título do filme, Monster Trucks).

Tripp, então, descobre que o animal está sendo caçado pelos chefões de uma refinaria de petróleo... e vai fazer de tudo para levá-lo de volta às águas. Com produção da Nickelodeon Movies, a aventura para a família lembra muito os filmes infantojuvenis da década de 80. Falta, contudo, originalidade a essa “sessão da tarde” de espírito retrô. Os efeitos visuais são bacanas, mas a sensação de déjà vu marca presença. Direção: Chris Wedge (EUA/Canadá, 2016, 105min). Livre.

Os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne são dos poucos diretores que têm duas Palmas de Ouro do Festival de Cannes — por Rosetta (1999) e A Criança (2005). Quando se leva em consideração sua festejada filmografia, com trabalhos fabulosos como O Filho (2002) e Dois Dias, Uma Noite (2014), torna-se mais incompreensível eles terem errado tão feio no drama A Garota Desconhecida. Esforçada, Adèle Haenel (foto) interpreta a médica Jenny Davin, a personagem mais insuportável da temporada. Ela atende numa clínica e passa o filme to-di-nho com uma obsessão: descobrir a identidade de uma jovem africana, morta perto de seu local de trabalho. Além do comportamento inconveniente da protagonista, há um problema na resolução da trama, que alcança o implausível com o bom ator Jérémie Renier atingindo momentos constrangedores em cena. Direção: Jean-Pierre e Luc Dardenne (La Fille Inconnue, França/Bélgica, 2016, 113min). 12 anos. 48 Veja Rio 1º de março, 2017

CHRISTINE PLENUS

BELGAS ERRAM FEIO EM DRAMA


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MOSTRA

O MAIOR DIRETOR DO MUNDO Mostra com trinta filmes de Jean Renoir ocupa o CCBB O QUE VEM AÍ Um dos filmes mais esperados do ano, Logan encerra o ciclo de Hugh Jackman no papel de Wolverine, emblemático personagem da cinessérie X-Men. Embora tenha momentos de aventura e tensão, o longa-metragem é um drama existencial para adultos. Seu lançamento ocorre na quinta (2), mas, na quarta (1º), haverá pré-estreia em várias salas. Também já pode ser visto nos cinemas, em esquema de première, Um Limite entre Nós, estrelado por Denzel Washington e Viola Davis (na foto), concorrentes ao Oscar de melhor ator e atriz coadjuvantes, neste domingo (26).

Pontos fracos do cinema nacional

➓ Depois de Kéfera (em É Fa-

da) e Christian Figueiredo (no fofo Eu Fico Loko), uma turma de youtubers invade os cinemas. Em Internet — O Filme, vloggers, gamers e influenciadores digitais encontram-se em uma convenção. A premissa instigante, no entanto, descamba para o humor vulgar de personagens como a webcelebridade Uesley (Gusta Stockler, na foto). Direção: Filippo Capuzzi Lapietra (Brasil, 2017, 96min). 14 anos.

Grandes nomes do cinema, como Orson Welles, François Truffaut, Glauber Rocha e Charles Chaplin, eram fãs assumidos. Chaplin, por exemplo, definiu-o simplesmente como “o maior diretor do mundo”. O alvo de tanta admiração ganha a maior retrospectiva já realizada no Brasil. A Vida Lá Fora: o Cinema de Jean Renoir leva ao CCBB, de quarta (1º) ao dia 27, um média, dois curtas e 27 longas do homenageado, além do documentário Jean Renoir, o Patrão, de Jacques Rivette (outro admirador). A programação traz os principais clássicos do cineasta francês Jean Renoir (1894-1979), entre eles A Grande Ilusão (1937), a primeira produção de língua estrangeira a ganhar indicação ao Oscar de melhor filme, e A Regra do Jogo (1939). Também na lista, Boudu, Salvo das Águas (1932, na foto), com sessão marcada para sexta (3), às 19h, conta a história do vagabundo Boudu: salvo de se afogar no Rio Sena por um caridoso comerciante, que ainda por cima o leva para casa, ele retribui o gesto de bondade com comportamento intratável.

É pouco provável que os pequenos, hoje, se interessem por narrativa tão ingênua e lenta. Na tentativa de fisgar os adultos, a animação brasileira Bugigangue no Espaço, lançada também em 3D, cita de forma tola o mundo de Star Wars. Bugigangue é um clubinho de meninos e meninas dispostos a ajudar alienígenas que caíram na Terra após seu planeta ser tomado por um vilão. Direção: Ale McHaddo (Brasil, 2017, 86min). Livre. Veja Rio 1º de março, 2017 49


FILMES

Os mais bem avaliados* 1

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LA LA LAND — CANTANDO ESTAÇÕES O estupendo musical traz a história de amor e sonhos de uma aspirante a atriz (Emma Stone) e um pianista de jazz (Ryan Gosling) em Los Angeles. Livre. Estreou em 19/1/2017.

EU, DANIEL BLAKE Após sofrer um infarto e ser impedido de voltar ao trabalho, um senhor viúvo é obrigado a cumprir uma série de exigências burocráticas para conseguir os benefícios do governo. 12 anos. Estreou em 5/1/2017.

LION — UMA JORNADA PARA CASA Um garotinho indiano se perde do irmão e chega a Calcutá. Lá, vai para um orfanato, após passar apuros nas ruas. Drama indicado a seis prêmios no Oscar. 12 anos. Estreou em 16/2/2017.

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A CRIADA Um vigarista convence uma jovem coreana a empregar-se na casa de uma japonesa rica. O plano é persuadir a herdeira a casar-se com ele e, assim, escapar do tio interesseiro. 18 anos. Estreou em 12/1/2017.

O APARTAMENTO Ganhador dos prêmios de melhor ator (Shahab Hosseini) e roteiro em Cannes, o filme foca um casal que sofre depois de a mulher ser agredida por um estranho em casa. 14 anos. Estreou em 5/1/2017.

ATÉ O ÚLTIMO HOMEM Em 1945, um jovem adventista (Andrew Garfield) se alista no Exército para ajudar seus compatriotas que lutam no Japão. Mas o rapaz recusa-se a pegar em armas. 16 anos. Estreou em 26/1/2017.

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4

A QUALQUER CUSTO Dois irmãos (Chris Pine e Ben Foster) roubam pequenas agências bancárias de vilarejos no Texas. Mas um ferrenho homem da lei está com muita disposição para caçá-los. 14 anos. Estreou em 2/2/2017.

9

LEGO BATMAN — O FILME Na divertida animação feita com as peças de Lego, Batman fica contrariado por não ser o único salvador de Gotham City. Para piorar, o Coringa tem um plano para dominar a cidade. Livre. Estreou em 9/2/2017.

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TOC — TRANSTORNADA, OBSESSIVA, COMPULSIVA Muito divertida, Tatá Werneck interpreta uma atriz, superexposta na mídia, que encara uma crise profissional. 14 anos. Estreou em 2/2/2017.

EU NÃO SOU SEU NEGRO Por meio dos textos do ensaísta e escritor James Baldwin, o documentário faz um explosivo e contundente registro da condição dos negros, sobretudo na década de 60. 12 anos. Estreou em 16/2/2017.

* que estrearam nos últimos dois meses

50 Veja Rio 1º de março, 2017


EM CARTAZ Aliados Pelas vestimentas de Marion Cotillard e Brad Pitt, o Oscar acertou em dar a indicação de melhor figurino a Aliados. Mas é só o que o suspense merece. Na tentativa de resgatar os dramas românticos de guerra do passado, o diretor Robert Zemeckis (do premiado Forrest Gump) escorrega feio ao imprimir uma narrativa morna em uma história, a princípio, curiosa. Em uma de suas piores atuações, o galã Pitt interpreta um oficial canadense (que fala francês toscamente) numa missão em Casablanca, no Marrocos, em 1942. Lá, conhece sua parceira, a aliada francesa Marianne Beauséjour (Marion). Não dá outra: eles acabam se apaixonando. Convém parar aqui a fim de não prejudicar as poucas surpresas oferecidas pelo roteiro. Nas cenas de ação e suspense, a direção afrouxa o cinto. Pior, contudo, é a química zero entre os protagonistas, envolvidos numa malajambrada história de amor. Direção: Robert Zemeckis (Allied, EUA/Inglaterra, 2016, 124min). 14 anos. Estreou em 16/2/2017. Animais Noturnos Não dá para ficar indiferente ao suspense, adaptação do livro de Austin Wright feita pelo estilista (e cineasta) Tom Ford. Em seu segundo longa-metragem como diretor (o primeiro foi Direito de Amar, de 2009), Ford tem a habilidade de contar mais de uma história (em três tempos distintos) sem perder o fio da meada e, melhor, deixa a plateia de olhos grudados na tela. Depois de uma impactante cena de abertura, o roteiro apresenta Susan Morrow (Amy Adams), galerista de Los Angeles, casada com um almofadinha milionário e infiel (Armie Hammer). Num cotidiano ditado por cores neutras, Susan terá um desafio pela frente. Seu ex-marido, Tony Hastings (Jake Gyllenhaal), de quem ela se separou há quase duas décadas, escreveu um livro e deixou os originais na casa dela. Ao começar a leitura, Susan embarca numa

jornada sombria a respeito de um homem (interpretado pelo mesmo Gyllenhaal) que, numa viagem com a família, é ameaçado numa estrada por um trio de caipiras grosseiros, liderado pelo violento Ray (Aaron Taylor-Johnson). Na pele de um policial, Michael Shannon está indicado ao Oscar de ator coadjuvante. Direção: Tom Ford (Nocturnal Animals, EUA, 2016, 116min). 16 anos. Capitão Fantástico O drama com pitadas de humor e aventura valeu a Viggo Mortensen uma indicação ao Oscar de melhor ator. Os seis filhos de Ben Cash (Mortensen) convivem em harmonia numa floresta, embora a educação paterna seja no estilo militar. Além de obrigada a exercícios físicos pesados, a meninada tem de mergulhar nos estudos — eles falam seis línguas. Cash desistiu da sociedade de consumo e quer a prole muito distante das cidades. Mas, quando sua esposa morre, os filhos pedem para ir ao enterro, na terra dos avós maternos. O sonho de evitar o contato com o “mundo exterior” vai, portanto, minguando. Direção: Matt Ross (Captain Fantastic, EUA, 2016, 118min). 14 anos. Estreou em 22/12/2016.

A Cura O filme marca a volta ao terror do diretor da cinessérie Piratas do Caribe, quinze anos depois de O Chamado. Na trama, o jovem Lockhart (Dane DeHaan) é escalado para buscar o CEO de uma empresa num spa de luxo nos Alpes suíços. Lá, o rapaz começa a desconfiar dos milagrosos tratamentos. Direção: Gore Verbinski (A Cure for Wellness, Alemanha/EUA, 2017, 146min). 16 anos. Estreou em 16/2/2017.

Elle Grande atriz francesa, Isabelle Huppert já deu provas de talento em filmes como A Professora de Piano. Jamais havia sido indicada ao Oscar, até agora. Por sua magnífica atuação no suspense, ela entrou na disputa, na categoria melhor atriz. Na parceria explosiva com o diretor Paul Verhoeven (Instinto Selvagem), Isabelle deixa de lado a moral e os bons costumes para viver Michèle Leblanc. Executiva de uma produtora de videogames, a cinquentona foi estuprada em sua casa. Quem seria o agressor? O roteiro, inspirado no livro “Oh…”, de Philippe Djian, vai além do suspense policial. De um trauma de infância emerge um drama de camadas psicológiA Chegada cas complexas. Direção: Paul Verhoeven Indicado em oito categorias, filme e (Elle, França/Alemanha/Bélgica, 2016, diretor entre elas, o filme é inspirado 130min). 16 anos. Estreou em 17/11/2016. num conto do livro História da Sua Vida e Outros Contos, lançado pela Editora Estrelas Além do Tempo Intrínseca. Não se trata de uma ficção cienEmbora tenha poucas chances no Ostífica de fácil digestão. Amy Adams intercar, este drama deve ter grande apelo preta a professora de linguística Louise emocional junto ao público. Afinal, Banks, escalada para uma missão quase trata-se da trajetória de três personagens impossível. Doze imensas naves de formato reais que enfrentam o preconceito racial oval aterrissaram em pontos distintos do nos Estados Unidos do início da década de planeta, e o mundo está preocupado com 60. Numa época em que muito se fala do o silêncio dos invasores. Para tentar conta- empoderamento da mulher, nada melhor to com os alienígenas, Louise entra em ce- do que checar como essas funcionárias na. Trata-se de uma jornada existencial, em negras da Nasa conseguiram quebrar barque a protagonista vai rever seu passado reiras e demarcar território. O foco está em nos dias em que procura se comunicar com Katherine (Taraji P. Henson), que é um gêos extraterrestres. Direção: Denis Villeneu- nio da matemática e uma das responsáveis ve (Arrival, EUA, 2016, 116min). 12 anos. Es- pelo programa que levou o primeiro ameritreou em 24/11/2016. cano ao espaço. O roteiro ainda cobre a Veja Rio 1º de março, 2017 51


FILMES história de Mary (Janelle Monáe), que batalha para ingressar numa universidade apenas para brancos, e de Dorothy (Octavia), estudiosa da computação. Direção: Theodore Melfi (Hidden Figures, EUA, 2016, 127min). Livre. Estreou em 2/2/2017.

fona da máfia napolitana. Aos 52 anos, o astro manda bem nas artes... marciais (!). Mas, em programa de tiros e pancadaria, o robótico Reeves ainda leva a sério o papel. Há quem consiga enxergar humor na violência excessiva e, por vezes, ultrajante. Só que, para ser um personagem de um filme de Um Homem Chamado Ove Quentin Tarantino, John Wick precisa ter No páreo para melhor maquiagem/ mais jogo de cintura. Direção: Chad Stahelski penteado e melhor filme estrangeiro, a (John Wick: Chapter 2, EUA, 2017, 122min). 16 comédia dramática sueca tem uma anos. Estreou em 16/2/2017. história que, mesmo não sendo muito original, agrada. O Ove do título, interpretado por Manchester à Beira-Mar Rolf Lassgard, é um sessentão aposentado Casey Affleck já ganhou mais de quaque se fechou para a vida após a morte da renta prêmios por sua atuação no draesposa. Ele mora num condomínio de casas ma. Se os ventos continuarem soprane trata seus vizinhos com rigor militar. De do a favor, ele deverá também levar o Oscar. cara virada para seu único amigo, o intragá- O astro, irmão do galã Ben Affleck, opera no vel Ove quer morrer e, para isso, tenta o sui- modo intimista, repetindo o bom desempecídio — sempre sem sucesso. Direção: Han- nho em O Assassinato de Jesse James pelo nes Holm (En Man Som Heter Ove, Suécia, Covarde Robert Ford (2007). Circunspecto 2015, 116min). 14 anos. Estreou em 16/2/2017. e solitário, ele é Lee Chandler, um zelador de Boston que recebe a notícia da internação Jackie de seu irmão em um hospital. Ao chegar a O drama, que concorre nas catego- Manchester, durante o gélido inverno no rias melhor atriz (Natalie Portman), Estado de Massachusetts, é tarde demais. figurino e trilha sonora, não é uma ci- Chandler, agora, tem de lidar com um pronebiografia completa de Jacqueline Kenne- blema ainda maior. No testamento, o irmão dy Onassis (1929-1994). Em seu registro estipula: ele será o guardião legal do sobrisobre a ex-primeira-dama americana, o di- nho adolescente (papel de Lucas Hedges). retor Pablo Larraín (o mesmo de Neruda) Diretor e roteirista, Kenneth Lonergan alterprivilegia os mais dolorosos dias enfrenta- na passado e presente para mostrar como dos por ela. Com parte do enredo inspirada Chandler virou um sujeito amargo, frio e num artigo da revista Life, o roteiro especu- cinzento. Direção: Kenneth Lonergan (Manla como Jackie se comportou após o assas- chester by the Sea, EUA, 2016, 137min). 14 sinato do marido, o presidente John Kenne- anos. Estreou em 19/1/2017. dy, durante uma carreata em Dallas, no Texas, em 22 de novembro de 1963. DireMinha Vida de Abobrinha ção: Pablo Larraín (Chile/França/EUA, Animação. Numa competição com os 100min). 14 anos. Estreou em 2/2/2017. pesos-pesados Zootopia e Moana, ambos da Disney, surge como azarão no John Wick — Oscar. Não que o desenho, feito de modo artesanal com a técnica de stop motion, seja Um Novo Dia para Matar De Volta ao Jogo “ressuscitou” a carreira de fraco. Realizado com afinco e sensibilidade Keanu Reeves em 2014, agradando a parte pelo suíço Claude Barras, o filme tem enxutísdo público e da crítica. Retornando ao baten- sima duração (pouco mais de uma hora) para te nesta ação, Reeves retoma o papel-título mostrar a transformação na vida de Abobrina pele do matador aposentado. Agora, ele nha (ou Courgette, no original francês). Após é forçado por um italiano (papel de Riccardo a morte da mãe, sempre bêbada e indiferenScamarcio) a eliminar a irmã dele, uma che- te à sua presença, o menino de 9 anos vai

52 Veja Rio 1º de março, 2017

para um orfanato. Lá, redescobre o prazer da vida ao lado de crianças com traumas parecidos ou até piores. Direção: Claude Barras (Ma Vie de Courgette, Suíça/França, 2016, 66min). 10 anos. Estreou em 16/2/2017. Moana — Um Mar de Aventuras Indicado ao Oscar nas categorias melhor animação e melhor canção original. Depois de lançar, no ano passado, o original e divertido Zootopia, a Disney dá um passo atrás com esta animação. Na tentativa de fisgar as fãs de Frozen, o estúdio cria agora uma jovem heroína que, embora recuse o título de princesa, é a líder de uma aldeia na Polinésia. Para salvar seu povo de uma maldição, Moana vai se aventurar pelos mares à procura do semideus Maui. Direção: Ron Clements e John Musker (Moana, EUA, 2016, 107min). Livre. Estreou em 5/1/2017. Quatro Vidas de um Cachorro Inspirada no best-seller homônimo de W. Bruce Cameron, a comédia dramática tem um apanhado de clichês de filmes com cães — eles são fofos, graciosos, espertos e, aqui, ainda podemos saber seus pensamentos por meio da narração do ator Josh Gad. O título dá ideia do que vem pela frente, e um mesmo cachorro vai reencarnar três vezes. Diretor sueco de Sempre ao Seu Lado, Lasse Hallström segue a cartilha do melodrama espírita numa vertente canina. A história começa na década de 60 e mostra a inseparável amizade entre o garoto Ethan (Bryce Gheisar) e o filhote de um red retriever. O tempo passa e, já universitário, o rapaz o deixa aos cuidados da mãe e dos avós. As duas próximas vidas são mostradas superficialmente, mas é difícil ficar insensível ao desfecho da trama. Direção: Lasse Hallström (A Dog's Purpose, EUA, 2017, 120min). Livre. Estreou em 26/1/2017. Redemoinho Drama. José luiz Villamarim, diretor da telenovela O Rebu e do seriado Justiça, estreia em longa-metragem. Talento não falta ao cineasta ao compor um registro,


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ao mesmo tempo explosivo e singelo, da amizade de dois homens que o tempo afastou. Luzimar (Irandhir Santos) mora em Cataguases, casou-se e é operário de uma tecelagem. Na véspera do Natal, ele reencontra Gildo (Júlio Andrade), seu amigo de infância, que trocou o interior de Minas Gerais por São Paulo para, acredita, levar uma vida melhor. A cerveja acompanha o papo entre eles, que, já de cabeça quente, decidem perambular pela cidade. Ressentimentos e traumas do passado vêm à tona numa narrativa calma, porém envolvente. Trata-se de um pequeno grande filme, valorizado pela estupenda atuação dos protagonistas e com duas coadjuvantes (Dira Paes e Cássia Kis) de peso. Direção: José Luiz Villamarim (Brasil, 2016, 100min). 14 anos. Estreou em 9/2/2017. A Tartaruga Vermelha O filme, dirigido por um holandês, concorre ao Oscar de melhor animação e mostra, sem diálogos, o cotidiano de um náufrago numa ilha tropical deserta. Lá, a convivência com tartarugas, caranguejos e pássaros dará novo sentido à sua vida. Direção: Michael Dudok de Wit (La Tortue Rouge, França/Bélgica/Japão, 2016, 80min). Livre. Estreou em 16/2/2017. Toni Erdmann Desde que foi exibida no Festival de Cannes, em maio do ano passado, a comédia dramática vem sendo paparicada em outras competições e desponta como favorita ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Extremamente longa (quase três horas) e de difícil arrancada, a trama alemã mostra a reaproximação de pai e filha com humor ora ácido, ora deslocado — há também uma grosseira cena de sexo fora de contexto. O Toni do título (papel de Peter Simonischek) é um sujeito brincalhão, na casa dos 60 anos, que não leva a vida a sério. Para combater a sisudez da filha executiva (Sandra Hüller), ele decide passar uma temporada em Bucareste, onde ela trabalha sem trégua. Direção: Maren Ade (Alemanha/Áustria, EUA, 2017, 162min). 16 anos. Estreou em 9/2/2017. Veja Rio 1º de março, 2017 53


JOÃO CALDAS/DIVULGAÇÃO

TEATRO Renata Magalhães | renata.magalhaes@abril.com.br ESTREIAS DA SEMANA

MARCELLA GARBO/DIVULGAÇÃO

Teresinha. Lucélia Santos vive o desafio de encarnar Santa Teresa D’Avila em monólogo concebido e dirigido por Bruno Siniscalchi sobre seu processo de libertação da vida mundana (100min). 16 anos. Sesc Tijuca — Teatro I. Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca. Sexta a domingo, 20h. R$ 25,00. A partir de sexta (3).

Morte Acidental de um Anarquista. Riba Carlovich, Dan Stulbach e Henrique Stroeter estão na comédia de Dario Fo (19262016) sobre um louco que assume várias personalidades para evitar a prisão (80min). 12 anos. Teatro dos Quatro. Rua Marquês de São Vicente, 52 (Shopping da Gávea). Sexta, 21h; sábado, 19h30 e 22h; domingo, 20h. R$ 70,00 e R$ 80,00. A partir de sexta (3).

Os Vilões de Shakespeare. Cruéis personagens criados pelo mais conhecido dramaturgo da história são evocados por Marcelo Serrado neste monólogo, uma adaptação do premiado texto do americano Steven Berkoff. A primeira boa surpresa da sessão é proporcionada pelo tom descontraído adotado na montagem. O ator encarna Iago (de Otelo), Macbeth, Coriolano, entre outras figuras de caráter duvidoso, e ganha o público 54 Veja Rio 1º de março, 2017

quando narra as tramas usando sua experiência com stand-up comedy. Entre pérolas de humor negro e conversas com os espectadores, Serrado brilha ao exibir com leveza um rol particularmente instigante de tipos inventados pelo bardo inglês. Especialista em Shakespeare, Geraldo Carneiro assina a versão brasileira. Direção de Sergio Módena. Parque das Ruínas. Rua Murtinho Nobre, 169, Santa Teresa. Sábado, 20h; domingo, 19h. R$ 40,00. Até o dia 26.

GUI MAIA/DIVULGAÇÃO

HUMOR INGLÊS


+ Gisberta. Inspirado em um caso real de preconceito sexual, o monólogo, apresentado por Luis Lobianco, mistura política, música e poesia. Em cena, narra-se a história de Gisberta, brasileira vítima de transfobia em Portugal. No espetáculo, com direção de Renato Carrera, três músicos acompanham o ator ao vivo (70min). 14 anos. CCBB. Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quinta a domingo, 19h30. R$ 20,00. A partir de quinta (2). ELISA

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Confira mais espetáculos em cartaz na cidade em vejario.abril.com.br/teatro

Ouroboros. Na peça com texto e direção de Adriano Garib, um casal (Anita Mafra e Manoel Madeira) enfrenta a notícia de que um deles está apaixonado por outra pessoa (90min). 16 anos. Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. Rua Humaitá, 163, Humaitá. Sexta a segunda, 20h. R$ 30,00. A partir de sábado (4).

LG AÇ Ã

JOÃO SANTUCCI/DIVULGAÇÃO

O

As três melhores em cartaz O Escândalo Philippe Dussaert. O impecável monólogo do francês Jacques Mougenot, sobre uma polêmica no mundo das artes, tem brilhante interpretação de Marcos Caruso. Teatro Maison de France. Quinta e sexta, 20h; sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 60,00 a R$ 70,00. Até o dia 19.

A Outra Casa. O sofisticado texto do americano Sharr White é estrelado por Helena Varvaki e Gabriela Munhoz. Teatro Municipal Café Pequeno. Avenida Ataulfo de Paiva, 269, Leblon. Sexta a domingo, 20h. R$ 40,00. Até 2 de abril.

GUIDO ARGEL/DIVULGAÇÃO

Love, Love, Love. Débora Falabella e Yara de Novaes destacam-se na peça sobre uma família muito peculiar. Oi Futuro Flamengo. Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo. Quinta a domingo, 20h. R$ 30,00. Até 12 de março.

Veja Rio 1º de março, 2017 55


SHOWS Carol Zappa | carolina.zappa@abril.com.br

ÚLTIMOS SUSPIROS Ainda existe Carnaval depois da Quarta-Feira de Cinzas

Quizomba. A agremiação, que tem a cantora Roberta Sá como madrinha, apresenta-se diante do Circo Voador, sua sede. Em 2017, os tropicalistas conquistam espaço no repertório, que vai de samba a rock, frevo e afoxé, passando por Tim Maia e Nirvana. Rua dos Arcos, Lapa (em frente ao Circo Voador). Sábado (4), 10h. Bloco das Poderosas. Depois de reunir 180 000 pessoas no desfile de estreia, no ano passado, o bloco comandado pela cantora Anitta preparase para o bis. A multidão segue pelas ruas do Centro ao som de hits da estrela do funk, como Show das Poderosas, Bang e Essa Mina É Louca. Rua Primeiro de Março (entre as ruas Buenos Aires e do Rosário), Centro. Sábado (4), 9h.

MARCIA MOREIRA/DIVULGAÇÃO

Mulheres de Chico. As composições de Chico Buarque recebem batidas de samba, funk e outros ritmos. Neste ano, além de tocar o repertório do “muso” inspirador, o bloco (formado apenas por mulheres) homenageará figuras femininas, de Chiquinha Gonzaga e Dona Ivone Lara a Rita Lee e Clara Nunes. Avenida Atlântica (Pedra do Leme). Sábado (4), 17h.

Bloco Superbacana. Os cinquenta anos da tropicália são o mote para o novato grupo, que debuta na avenida com releituras de Caetano, Gil, Gal, Mutantes e Tom Zé, embaladas por samba, xote, maracatu, funk e outros gêneros. Avenida Churchill, 60 (parado, em frente ao São Quim Botequim), Castelo. Sábado (4), 15h.

Monobloco. Fechando a tampa da festa de Momo, o gigante criado em 2000 por Pedro Luís e A Parede arrasta cerca de 350 000 foliões pelo Centro. O Carnaval de rua e seus blocos ganham tributo no repertório dançante defendido por 180 ritmistas. Rua Primeiro de Março, entre as ruas do Rosário e Buenos Aires), Centro. Domingo (5), 9h.

Agito pop-up Habitué da casa, João Bosco repassa no Rival parte de sua trajetória. Enquanto se prepara para lançar dois discos, um de inéditas e o outro de composições alheias, o músico lembra ao violão sucessos como O Bêbado e a Equilibrista e Corsário. Teatro Rival. Rua Álvaro Alvim, 33, Cinelândia. Sábado (4), 21h. R$ 60,00 (lounge) a R$ 120,00 (mesa setor A).

56 Veja Rio 1º de março, 2017

ACERVO ABRIL

SUCESSOS NO RIVAL

Badalado beach club itinerante dos empresários Álvaro Garnero e Kadu Paes, o Café de la Musique promove temporada de Carnaval em Ipanema, com festas de música eletrônica e rodas de samba. Na quarta (1º), Elba Ramalho (foto) recebe convidadossurpresa da MPB. No dia seguinte, o trio californiano Foster the People, dono do hit Pumped Up Kicks e estrela de um camarote na Sapucaí, encerra os trabalhos com seu indie pop. Casa de Cultura Laura Alvim. Avenida Vieira Souto, 176, Ipanema. Quarta (1º), 16h; quinta (2), 21h. R$ 150,00 (mulheres) e R$ 300,00 (homens).


FELIPE DINIZ/DIVULGAÇÃO

Noite de saravá-metal O clima vai ficar pesado na Lapa: criada em 1990 para abrir um show do Ratos de Porão, a Gangrena Gasosa, autointitulada a primeira e única banda de saravá-metal do mundo, leva sua mistura de hardcore e umbanda para um bailinho carnavalesco às avessas na quinta (2). No palco, o septeto encarna entidades como Zé Pelintra, Omolu,

Exu Caveira e Pombagira, e adianta faixas do próximo álbum, Gente Ruim Só Manda Lembrança pra Quem Não Presta. A Tamuya Trash Tribe, com letras em inglês, português e tupi-guarani, e o DJ Wagner Fester completam o time do barulho. Teatro Odisseia. Avenida Mem de Sá, 66, Lapa. Quinta (2), 21h. R$ 15,00 (1º lote) a R$ 25,00 (na hora).

Rio Music Carnival. Em sua nona edição, o evento reúne de sexta (24) a terça (28) alguns dos principais nomes da dance music mundial. No sábado (25), a data mais concorrida, abre-se uma exceção para o funk no Baile do Dennis, com MC G15, do hit do momento Deu Onda. O alemão Sharam Jey encabeça o line-up na segunda (27), e os irmãos belgas Dimitri Vegas & Like Mike (foto) são a atração do último dia. Marina da Glória. Sexta (24) a terça (28), 23h. R$ 180,00 (mulheres, 2º lote, dom. e seg.) a R$ 440,00 (homens, premium, 5º lote, sáb.).

À MODA ANTIGA RIO MUSIC CONFERENCE/DIVULGAÇÃO

Music Motion. Para quem procura batidas alternativas, a festa de deep house traz o DJ inglês Duke Dumont e o duo brasuca Chemical Surf entre os destaques. Centro Cultural Ação Cidadania. Avenida Barão de Tefé, 75, Saúde. Segunda (27), 22h. R$ 120,00 (3º lote) e R$ 300,00 (backstage, 3º lote).

HELCIO PEYNADO/DIVULGAÇÃO

Folia eletrônica

Em rara aparição fora de seu refúgio em Guaratiba, um castelo medieval onde recebe o público para concertos à luz de velas, de gibão azul e colete bordados de dourado, o cravista Roberto de Regina, 90 anos, apresenta-se na sexta (3), no projeto Música no Museu, que celebra vinte anos em 2017. Em réplica fiel, fabricada por ele, de um instrumento francês do século XVIII, o músico passeia pela obra de compositores barrocos como Bach (1685-1750) e Scarlatti (1685-1757). Teatro Sesi Centro. Avenida Graça Aranha, 1, Centro. Sexta (3), 12h30. Grátis. Veja Rio 1º de março, 2017 57


CRÔNICA

Fernanda Torres | fernandatorresvejario1@gmail.com.br

QI ma amiga postou o teste de QI dela no Facebook, esfregando na cara do resto da humanidade a nota pra lá de cento e muitos que havia tirado. Mordi a isca e resolvi arriscar. Estava nos últimos dias de férias, com tempo para perder tempo. Eram mais de sessenta charadas abstratas, com triângulos, quadrados, linhas e cinco opções de resposta, de A a E. Na vigésima, eu já estava fundindo os miolos. Desisti no meio, mas fui dormir com aquilo atravessado na goela. Dois dias depois, esperando dar a hora de ir para o aeroporto, selecionei um outro, de Harvard, ao qual procurei me dedicar com afinco. Esse, mais concreto, se concentrava em perguntas lógicas do tipo: se nem todo beltrano é igual a fulano e todo fulano é igual a sicrano, pode-se dizer que nem todo beltrano é igual a sicrano, que todo sicrano é igual a beltrano, que fulano e sicrano são iguais a beltrano? E por aí vai. Outras envolviam cálculos matemáticos, como o da desgraça de um poste dividido em três partes, em que a primeira parte é igual ao quarto da segunda menos a terça parte da terceira. Tirei vexaminosos 107. Mosquei nas pegadinhas e só me saí bem nas poucas questões de letras embaralhadas, acertando com rapidez que EIBBZMAW é o nome de um país, ou coisa que o valha. Nessas, fui melhor do que 99,9% dos que se submeteram ao teste. Grande coisa... Na abertura do site, Barack Obama, Sharon Stone, Quentin Tarantino e outros exemplos bem-sucedidos humilhavam com pontua-

U

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ções acima de 135, 140, enquanto eu desculpava minha pífia marca com o fato de ter feito o teste numa língua estrangeira. Vil consolo. A verdade é que não disponho de raciocínio lógico, admito. Jamais cheguei a compreender deveras a matemática, a física, e devo muito à decoreba. Sou limitada. Meu filho mais velho nasceu com o dom para números e entende aquelas questões cabeludas de aritmética, álgebra e geometria com um pé nas costas. Já minha mãe não acerta nem a direção de casa. O gene dele, é certo, não veio de mim. Ando com ganas de repetir o teste — outro, porque não se pode refazer o mesmo. Deve-se aceitar o mau rendimento com a resignação de um condenado, mas o orgulho ferido insiste em me tentar, freado pelo receio de comprovar a burrice. Ser ou não ser tapado, eis a questão. Pode ser que eu me saia melhor no teste de QI emocional, mas os arroubos de impaciência, a falta de altruísmo, a preguiça e a irritação talvez confirmem a mesma inaptidão que demonstrei no de raciocínio. E agora, José? Meto a viola no saco e dou por encerrado o assunto? Tomo todas e me perco no Carnaval carioca, mandando esses cientistas para o raio que os parta? Ou não? Não. Repeti a arguição em português, não resisti. Tirei 136. Jogarei os humilhantes 107 na lata de lixo da história. O ser humano não tem nenhum caráter.




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