Revista Veja São Paulo 22/02/2017

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PARTE INTEGRANTE DE VEJA ANO 50 - NO 8 NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE TIRAGEM DESTA EDIÇÃO 256 418 EXEMPLARES

vejasaopaulo.com 22 de fevereiro de 2017



ÍNDICE RICARDO D’ANGELO

ANO 50 | Nº 8

SEÇÕES 6 Espaço do Leitor 10 Mistérios da Cidade Leis que não vingaram por aqui 12 Memória Os 150 anos da São Paulo Railway 16 Terraço Paulistano 42 Consumo Uma lista de acessórios para unhas 78 Ivan Angelo

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LEO MARTINS

ROTEIRO

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4 O Melhor da Semana 46 Restaurantes Cinco casas para comer polpettone 52 Bares O sucesso do Peppino, no Itaim 56 Comidinhas 58 Crianças A reestreia de Saltimbancos 60 Teatro Comédias em fim de temporada 64 Shows A tropicália é tema de festas 68 Exposições 70 Filmes

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Maior evento de gastronomia da capital, a Feira dos Campeões COMER & BEBER levará casas como o Mocotó (foto) ao Jockey Club

Uma seleção de mais de quarenta blocos de Carnaval — entre eles, o Tarado Ni Você, que desfila no sábado (25) — para agradar aos mais diversos foliões

Quem é o motociclista que se tornou o primeiro paulistano a morrer nas Marginais após o aumento dos limites de velocidade

O advogado Caio Abreu será o pioneiro no país na produção de um remédio à base de Cannabis sativa, a planta da maconha

Lojas de roupas, móveis, artigos infantis e outros itens que valem a visita na região da Vila Madalena

Foto de capa: Leo Martins


O MELHOR DA SEMANA

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LIGIA SKOWRONSKI

dom seg ter

SERVIÇOS DE VENDA DE INGRESSOS IC Ingresso.com, ☎ 4003-2330 IR Ingresso Rápido, ☎ 4003-1212 TF Tickets for Fun, ☎ 4003-6464 CI Compre Ingressos, ☎ 2122-4070 COTAÇÕES ➓ Péssimo

Fraco Regular Bom Muito bom Excelente

EIGENGRAU, NO ESCURO Dirigida por Nelson Baskerville, a comédia dramática enfoca quatro personagens, por volta dos 30 anos, em crise de identidade. Pág. 60 MUNICIPAL Com ingressos a R$ 10,00, o teatro inicia a sua temporada 2017 de concertos. O maestro Roberto Minczuk é o regente da noite. Pág. 66

PEPPINO BAR Abriu no fim do ano passado e já se mostra um dos bares mais badalados da cidade. A espera vale a pena por causa dos drinques do bartender Fabio la Pietra e dos quitutes de Rodolfo De Santis. Pág. 52

FELIPE STUCCHI

DANIEL SPALATO

FAIXAS DE PREÇO POR PESSOA Refeição com couvert, um prato de custo médio, sobremesa, água mineral e serviço $ até R$ 90,00 $$ de R$ 91,00 a R$ 130,00 $$$ de R$ 131,00 a R$ 220,00 $$$$ acima de R$ 220,00

BRUNA CARAM Ela lança seu quarto disco, Multialma, no Teatro Porto Seguro, com participação de Chico César no palco. Pág. 66 CANDIDA HÖFER

Os jornalistas de VEJA SÃO PAULO fazem visitas anônimas a restaurantes, bares e endereços de comidinhas. Todas as despesas são pagas pela revista.

PRISCILA PRADE

POLPETTONE Confira nossa seleção do bolo de carne mais famoso das cantinas e trattorias. O da foto acima é o prato campeão do Jardim de Napoli. Pág. 46

GLADSTONE CAMPOS

Pagamos as nossas contas

CANDIDA HÖFER Três fotos em grandes dimensões assinadas pela alemã retratam ambientes monumentais como a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A série, intitulada Räume, está em cartaz na Pinacoteca. Pág. 68

OS ARQUEÓLOGOS Guilherme Magon e Vinícius Calderoni estão na comédia dramática, que faz sessão grátis no Itaú Cultural. Pág. 62 NAKKA O concorrido restaurante japonês do Itaim ganhou uma filial, não menos cheia, no Jardim Paulista. Pág. 48


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qua qui sex sáb CONFEITARIA DAMA A casa passou a servir café da manhã com folhados recheados ou escoltados por mel e geleia. Pág. 57

ZÉLIA DUNCAN A cantora mostra o disco Antes do Mundo Acabar, seu primeiro dedicado totalmente ao samba. Pág. 67

O BOSQUE SOTURNO Pedro Bosnich e Guta Ruiz protagonizam o drama do americano Neil LaBute que trata da tensa relação entre dois irmãos. Sob a direção de Otávio Martins, a montagem ocupa o Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura. Pág. 61

EVERSON BORGES

HISTERIA Dirigida por Jô Soares, a comédia entra no último fim de semana no Teatro Shopping Frei Caneca. Pág. 62

OS SALTIMBANCOS Sucesso desde a estreia, em 2008, o musical, recomendado para crianças com idade a partir de 3 anos, volta ao cartaz no Teatro Folha. Pág. 59

RICARDO PERES

DING MUSA

LYDIA OKUMURA Feitas no espaço da Galeria Jaqueline Martins, as instalações da artista paulista enganam o visitante: jogo de linhas e cores dão a impressão de que os desenhos saltam das paredes. Pág. 68

FOTOS DIVULGAÇÃO

MOONLIGHT — SOB A LUZ DO LUAR Mahershala Ali concorre ao Oscar de melhor ator coadjuvante. O drama tem mais sete indicações, incluindo melhor filme. Pág. 73

BANDA ODARA A tropicália é o tema principal da trupe para esta festa. No repertório aparecem Domingo no Parque e Alegria, Alegria. Pág. 64

ROBERTO SETT ON

RICARDO D’ANGELO

GLÜCK O novo endereço da Zona Sul se dedica a doces de inspiração alemã, entre eles as tartelettes de abacaxi com coco. Pág. 56

CAMDEN HOUSE O gastrobar faz hoje uma promoção de fish and chips e hambúrgueres. Pág. 53


ESPAÇO DO LEITOR CARTAS PROGRAMAS GRÁTIS A revista nos ajuda com dicas maravilhosas numa época em que tudo está caro (“São Paulo na faixa”, 15 de fevereiro). Bela chance para conhecer lugares novos. Adorei as sugestões e seguirei todas. Marieta Barugo Via Facebook

Tudo o que é grátis nos motiva. Esses programas merecem ser incentivados e compartilhados. Pretendo ir a alguns deles. Afinal de contas, ficar em casa, mesmo em tempos de crise, não é para mim. Antônio José Gomes Via Facebook

CORUJÃO O ditado “Casa de ferreiro, espeto de pau” reflete bem o que ocorre no Hospital do Servidor Público Municipal (“A fila da saúde encolheu”, 15 de fevereiro). Tratase de um local ocioso, que não integra nenhum programa. Por que a instituição não faz parte do Corujão da Saúde?

A reportagem da revista é corajosa. E esta tenebrosa situação dos supersalários ocorre não somente em âmbito municipal, mas também no estadual e no federal. Mais grave ainda é o caso dos rendimentos dos parlamentares, que são os reais responsáveis por esse quadro calamitoso. Maria das Graças Araujo Vialli

SUPERSALÁRIOS Em vez de informar, a reportagem “A caça aos supersalários” (8 de fevereiro) expõe trabalhadores que não são responsáveis pela situação. A maliciosa insinuação de que os procuradores legislativos atuam em causa própria para obter maiores vantagens é difamatória e caluniosa.

A reportagem induz o leitor a concluir que salários acima da média são regra no Legislativo paulistano. A maior parte dos vencimentos considerados abusivos no setor público é consequência das constantes alterações nas leis, produzidas pelos mesmos legisladores que aparecem com o discurso da moralização. Há anos os servidores da Câmara se empenham em criar soluções, sem sucesso.

Ricardo Teixeira da Silva Presidente da Associação Nacional dos Procuradores Legislativos Municipais

Marcos Alcyr Presidente do Sindicato dos Servidores da Câmara e do Tribunal de Contas do Município

Nilton Azevedo

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ESCREVA PARA NÓS: vejasp@abril.com.br 6 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

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MISTÉRIOS DA CIDADE

TOMÁS ARTHUZZI

Mauricio Xavier

Leis que não pegaram na cidade Você abre o cardápio e encontra o prato canard à l’orange, sem nenhuma explicação a respeito da receita. Pois saiba que o restaurante pode ser multado, apesar de ser pequena a probabilidade de isso ocorrer. Confira esta e outras leis curiosas que, mesmo em vigor, nem sempre são respeitadas (até hoje, nenhuma delas motivou sequer uma multa ou pena na capital). Pet em correia curta Lei: animais de estimação devem usar essa coleira com identificação para passear em locais públicos Ano de implantação: 2001 Multa: de 20 a 100 reais

Menu bem detalhado Lei: cardápios de restaurante precisam incluir a explicação dos ingredientes dos pratos Ano de implantação: 1991 Multa: 4 573,80 reais

Onde fica...

FERNANDO MORAES

Considerada o maior monumento equestre do mundo, a estátua de bronze do Duque de Caxias está instalada na Praça Princesa Isabel, em Campos Elíseos. Criada pelo italiano Victor Brecheret, tem a altura de um prédio de dez andares e foi inaugurada m 1960.

Ligação ao pé do altar Lei: é proibido utilizar telefone celular dentro de igrejas e templos de qualquer culto Ano de implantação: 2001 Multa: 400 reais

Cerveja no vagão Lei: não é permitido ingressar em trens e estações do metrô sob o efeito de bebida alcoólica Ano de implantação: 2001 Pena: o usuário é retirado

QUEM FOI?

A estilista Rosa de Libman foi a primeira-dama da alta-costura no Brasil no início do século XX. Seu ateliê, Madame Rosita, aberto em 1935 na Rua Barão de Itapetininga, era especializado em peles. Ela morreu em 1991. Colaborou Gabriel Bentley


ITALIANO DE RAIZ

> Ter pelo menos 50% de receitas originais da Itália > Usar apenas azeite de oliva extravirgem > Manter um funcionário fluente em italiano > A carta de vinhos deve ter 30% de rótulos do país > Assinar um termo de compromisso que garante a não utilização de produtos de imitação italiana

LIGIA SKOWRONSKI

A imigração italiana deixou marcas profundas na cultura paulistana. As principais heranças estão na área de gastronomia. Para preservar esse legado da forma mais autêntica possível, a Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria distribui um selo que comprova o clima legítimo em restaurantes típicos da capital. Casas badaladas como Così e Nino Cucina (foto) estão entre os cerca de oitenta endereços incluídos na lista. Confira algumas das exigências da entidade para entregar a comenda:


MEMÓRIA Mauricio Xavier

MILITÃO

A ferrovia do progresso Com ligação entre o Porto de Santos e Jundiaí, a São Paulo Railway marcou o período de ascensão da economia cafeeira e ajudou no desenvolvimento da capital Há 150 anos, em 16 de fevereiro de 1867, era inaugurada a primeira estrada de ferro paulista. Construída em um período de sete anos, a São Paulo Railway (SPR) ligava o Porto de Santos à cidade de Jundiaí, com passagem pela capital. Nasceu de uma visão empreendedora do barão de Mauá, que convenceu o governo imperial a investir em ferrovias para escoar a produção cafeeira. Um dos principais desafios dos engenheiros ingleses trazidos para tocar a obra foi abrir 8 quilômetros de trilha em um desnível de 780 metros de altura ao longo da Serra do Mar, o que acabou sendo realizado com a divisão do trecho em quatro declives de pouco mais de 2 quilômetros. No fim do século XIX, a SPR impulsionou 12 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

o desenvolvimento da capital, não só colaborando para a exportação de café, mas também trazendo levas de imigrantes e materiais para os casarões que eram erguidos nos Campos Elíseos. Ao longo dos anos 20, a estrada viu sua hegemonia ser ameaçada por problemas de manutenção, pela chegada de companhias de ônibus que realizavam o mesmo trajeto e pela pressão de industriais brasileiros para que o governo tomasse as ferrovias que estavam sob controle estrangeiro. Vencidos os noventa anos de concessão, a São Paulo Railway foi desapropriada em 1946 e passou a chamar-se Santos-Jundiaí, até ser desativada, na década de 80. Com reportagem de Thais Reis Oliveira

Construção da estrada na Serra do Mar, no século XIX: desafio de engenharia





TERRAÇO PAULISTANO João Batista Jr.

CACHÊS EM DÓLAR Nascida em Guarulhos e radicada em Orlando, a corretora de imóveis Priscila Triska caiu nas graças de artistas. Motivo? Pagar cachês polpudos ao levar peças de teatro nacionais para a Flórida. “Foram seis peças em quase dois anos”, conta ela. Priscila banca passagem, visto de trabalho, hospedagem, carro com motorista e ingressos para a Disney. Os atores ficam com até 60% da bilheteria, algo em torno de 50 000 dólares por duas apresentações. O último a subir nos palcos de lá foi Fábio Porchat, há duas semanas. Ao humorista Leandro Hassum, Priscila ainda vendeu uma casa em Orlando.

FERMENTO NOS NEGÓCIOS

FOTOS DIVULGAÇÃO

A confeitaria Carlo’s Bakery, nos Jardins, tem recebido vinte pedidos de bolos customizados por dia. As solicitações incluem desde imagens de dinossauros até o formato da Princesa Elsa, e os valores ultrapassam os 3 000 reais. A encomenda mais inusitada foi um doce de 6 metros de comprimento. A demanda fez a empresa dobrar o número de funcionários: de 35 para setenta.

Preta Gil não toma uma decisão amorosa sem consultá-lo, Naomi Campbell liga antes de assinar um contrato e Luiza Brunet pediu a ele que “abrisse os caminhos” durante o processo que move contra o ex Lírio Parisotto. Babalorixá de ricos e famosos, Tuca Franchini diversificou os negócios. Está lançando uma coleção de joias em parceria com o namorado, Rodrigo Pimenta. “As peças vão de 200 a 10 000 reais”, diz. Há escapulários, anéis e brincos de materiais como diamante, ouro e prata. Toda a coleção é inspirada em motivos do candomblé. “Eu não acredito em amarração, meu trabalho é trazer energias boas.” O terreiro de Pai Tuca, como é chamado, fica em Mairiporã. A consulta custa 100 reais, mas Franchini não tem agenda para 2017. “Trabalho todos os dias, inclusive aos sábados e domingos.” 16 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

ALI KARAKAS

As joias do Pai Tuca


PARTITURA ROMPIDA

JOÃO BERTHOLINI

Terminou a relação de dois anos da pianista Juliana D’Agostini com o produtor musical João Marcello Bôscoli. No fim de 2016, ela deixou a casa dele, no Morumbi, e se mudou com o filho de ambos, André, de 1 ano e 1 mês, para o Itaim. “A convivência fez perceber elementos que não são compatíveis”, afirma Juliana. Desde que deu à luz, ela vem malhando pesado. A dieta radical: amamentar e correr na esteira todos os dias. “Houve ocasiões em que treinei de manhã e de tarde.” Entre uma e outra sessão, Juliana trabalha ao piano para lançar um CD no primeiro semestre deste ano, com composições de Ígor Stravinsky e Gabriel Fauré.

MICHAEL

Protagonista de diversas novelas, entre elas Duas Caras, o ator Dalton Vigh não teve o contrato fixo com a Globo renovado no fim do ano passado. A situação tem lá seus benefícios. “Já precisei deixar uma montagem no meio para atender a uma demanda de novela”, lembra. Agora mais livre, Vigh está cheio de projetos. Estreia no dia 30 de março Uma Peça por Outra, de Jean Tardieu, no Teatro Aliança Francesa, como parte da comemoração dos trinta anos do Grupo Tapa. Também fará uma participação na série O Negócio, da HBO.

WILLIAN

Vida fora da Globo

A GUERRA DAS ESCOLAS BILÍNGUES Sediado em Nova York e com alunos como Suri, a filha de Tom Cruise, o colégio bilíngue Avenues abrirá as portas em São Paulo em agosto de 2018. Desde já, causa alvoroço no mercado. Nos últimos meses, tirou diretores de escolas concorrentes — caso de Graded, St. Paul’s, Chapel e Beit Yaacov. “Contratamos os melhores talentos”, orgulha-se o sócio Alan Greenberg. “Chegaremos a 200 funcionários.” Em março, o Avenues vai inaugurar um escritório nos Jardins para atender pais interessados em conhecer sua metodologia. Já estão marcados 1 500 encontros. Localizada na Avenida Cidade Jardim, a escola consumirá 60 milhões de dólares em investimento e terá mensalidade média de 8 000 reais.

Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 17


Porco san zé, da Casa do Porco: o prato vai ser preparado ao ar livre, na churrasqueira

A FEIRA DOS CAMPEÕES DA GASTRONOMIA Evento de VEJA SÃO PAULO vai reunir receitas premiadas, aulas de culinária de chefs estrelados e jantares exclusivos no Jockey Club

ara quem gosta de comer e beber muito bem, reunir num só lugar tentações como os dadinhos de tapioca do Mocotó, o porco san zé, que arrasta multidões até a Casa do Porco, os cortes de carne exclusivos do Rubaiyat e o tiramisu do italiano cincoestrelas Fasano parecia um sonho. Não é mais. Pela primeira vez, VEJA SÃO PAULO transforma a sua edição especial VEJA COMER & BEBER em um apetitoso evento aberto ao público. Marcada para o período de 9 a 12 de março, a Feira dos Campeões COMER & BEBER acontecerá em uma área ao ar livre de 1 200 metros quadrados no Jockey Club. Ali, 25 restaurantes, bares e endereços de comidinhas que já faturaram troféus na premiação

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anual vão ocupar cozinhas completamente equipadas para oferecer aos visitantes pratos-símbolo de suas casas. O menu de atrações culinárias será engordado por endereços clássicos da cidade, como o Frangó e o Jardim de Napoli, e um novato que se tornou campeão de filas, a doceria Carlo’s Bakery, do Cake Boss. Os pratos vão custar, no máximo, 40 reais. Um palco com curadoria musical da casa de shows Bourbon Street terá shows ao vivo todas as noites. Os ingressos estão à venda (40 reais) no endereço eletrônico foodpass.com.br/vejasp. O valor da entrada pode ser revertido na compra de revistas da Editora Abril na banquinha que será montada no Jockey. Além de experimen-

RICARDO D’ANGELO

FOTOS LIGIA SKOWRONSKI

Os dadinhos de tapioca do Mocotó: esse e outros menus famosos por até 40 reais


MARIO RODRIGUES

LEO MARTINS

Rubaiyat: corte exclusivo será acompanhado de batatas suflês crocantes

LEO MARTINS

FERNANDO MORAES

Rick Zavala, da Carlo’s Bakery, Paola Carosella e Carlos Bertolazzi: cursos para adultos e crianças

Opção do cincoestrelas Fasano: o tiramisu, de sobremesa, estará no menu

tarem o que há de melhor na culinária brasileira (afinal, ninguém supera São Paulo nessa área, certo?), os visitantes poderão participar de 37 aulas culinárias. O público adulto terá professores como Olivier Anquier, Laurent Suaudeau e Carlos Bertolazzi. Os tíquetes para essas aulas de uma hora de duração, também já disponíveis no Food Pass, custam 210 reais, com direito a entrada grátis na feira. Crianças com idade entre 7 e 14 anos também poderão pôr a mão na massa em atividades comandadas por profissionais como a chef-celebridade Paola Carosella e o confeiteiro Rick Zavala, da Carlo’s Bakery. Nesse caso, o desembolso é de 310 reais por aprendiz, com direito a levar um acompanhante adulto, e não será cobrada desses visitantes a taxa de entrada do evento. Com projeto assinado pelo designer Gustavo Jansen, um restaurante de fachada envidraçada vai acomodar até trinta pessoas por noite. Os anfitriões escalados são Luca Gozzani (Fasano), Rodrigo Oliveira (Mocotó e Esquina Mocotó), Jefferson Rueda (A Casa do Porco Bar) e o chef do ano, Rodolfo De Santis (Nino Cucina). Na página a seguir, confira a programação completa da Feira dos Campeões COMER & BEBER.

Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 19


Os restaurantes, aulas e jantares exclusivos do evento

RESTAURANTES > Fasano com Parigi Bistrot > Jardim de Napoli > Junji Sakamoto > La Pizza di Eataly por Rossopomodoro > Mocotó > NB Steak > Nino Cucina > Rubaiyat > Taberna, Tasca e Padaria da Esquina

AULAS PARA ADULTOS > Quinta (9/3) 13h: Rodrigo Oliveira, do Mocotó 14h: Sommelière Jô Barros 15h: Olivier Anquier, do Bistro L’Entrecôte d’Olivier 17h: Luca Gozzani, do Fasano 19h: Mariana Fonseca, do Myk e Kouzina 21h: Alexandre Costa, especialista em chocolate

COMIDINHAS > Cadillac Burger > Confeitaria Marilia Zylbersztajn > Davvero Gelato Tradizionale > La Guapa Empanadas > Napoli Centrale > Shimura Pães e Doces > Town Sandwich Cº > Tradi

> Sexta (10/3) 13h: Renata Vanzetto, do Marakuthai, Ema e MeGusta Bar 14h: Sommelière Jessica Marinzeck 15h: Salvatore Loi, do Salvatore Loi e Moma 17h: Salvatore Loi 19h: Rick Zavala e Bia Bezerra, da Carlo’s Bakery 21h: Rogério Shimura, do Shimura Pães e Doces

> Sábado (11/3) 12h30: Carole Crema, da confeitaria Carole Crema 14h30: Diego Antunes, do Rubaiyat 16h30: Lorenzo Ravioli, ganhador do MasterChef Júnior 18h30: Rick Zavala e Bia Bezerra, da Carlo’s Bakery

BARES > Bar do Jiquitaia > Bar do Luiz Fernandes > A Casa do Porco Bar com Bar da Dona Onça > Frangó > Frank Bar > Guarita > Hirá Ramen Izakaya > SubAstor

> Sábado (11/3) 13h: Mestre cervejeiro Luciano Horn e sommelière Beatriz Ruiz 15h: Rodolfo De Santis, do Nino Cucina 17h: Rodolfo De Santis 19h: Laurent Suaudeau, da Escola da Arte Culinária Laurent 21h: Carlos Bertolazzi, do Zena Caffè

LOJAS > Cacau Show > Carlo’s Bakery

> Domingo (12/3) 12h30: Erick Jacquin, dos programas MasterChef e Pesadelo na Cozinha 14h30: Paola Carosella, do Arturito e do La Guapa Empanadas 16h30: Lorenzo Ravioli, ganhador do MasterChef Júnior 18h30: Luca Gozzani, do Fasano

> Domingo (12/3) 13h: Rick Zavala e Bia Bezerra, da Carlo’s Bakery 15h: Checho Gonzales, da Comedoria Gonzales 17h: Checho Gonzales 19h: Marco Renzetti, da Osteria del Pettirosso

MARIO RODRIGUES

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AULAS PARA CRIANÇAS > Sexta (10/3) 12h30: Helena Rizzo, do Maní 14h30: Luca Gozzani, do Fasano 16h30: Ivana, participante do MasterChef Júnior e do canal no YouTube Cenoritas

Garanta já o seu ingresso em foodpass.com.br/vejasp

18h30: Rick Zavala e Bia Bezerra, da Carlo’s Bakery > Sexta (10/3) 12h30: Ticiana Villas Boas, apresentadora do Bake Off Brasil e do Duelo de Mães 14h30: Ticiana Villas Boas 16h30: Ivana, participante do MasterChef Júnior e do canal no YouTube Cenoritas 18h30: Bel Coelho, do Clandestino

Feira dos Campeões COMER & BEBER Onde: Jockey Club. Avenida Lineu de Paula Machado, 1071, Cidade Jardim Quando: 9 a 12 de março Horário: quinta a sábado, 12h às 23h; domingo, 12h às 21h Entrada: R$ 20,00 (meia) e R$ 40,00. Grátis para crianças de até 12 anos Aulas para adultos: R$ 210,00, com direito a entrada grátis Aulas para crianças: R$ 310,00, com direito a um acompanhante adulto e entrada grátis Compras: foodpass. com.br/vejasp

JANTARES > Quinta (9/3) com Luca Gozzani, do Fasano > Sexta (10/3) com Rodrigo Oliveira, do Mocotó > Sábado (11/3) com Jefferson Rueda, do A Casa do Porco Bar > Domingo (12/3) com Rodolfo De Santis, do Nino Cucina ß

LEO MARTINS

Agenda apetitosa



EM QUAL BLOCO EU VOU? Com recorde de grupos carnavalescos, a capital tem opções para diversos estilos e gostos, de cordões em que a paquera rola solta a festas sob medida para levar as crianças Juliene Moretti Carnaval de rua de São Paulo não para de crescer. Em 2017, o movimento atingiu seu pico. Foram 495 blocos inscritos. Após desistências (alguns cordões de outras cidades, por exemplo, pularam fora depois que a prefeitura instituiu uma taxa para a turma), esse número caiu para 391, um aumento de quase 30% em relação ao ano passado e um recorde para a metrópole. Alguns grupos já desfilaram no esquenta do allah-lá-ô, caso do Sargento Pimenta e do Bangalafumenga, que levaram ao Memorial da América Latina mais de 60 000 pessoas no último dia 11. Houve muita diversão e problemas pontuais de organização. Foliões que não conseguiram entrar chegaram a pular a grade para invadir o espaço. A prefeitura promete investir em infraestrutura para evitar problemas. Na Praça Roosevelt, por exemplo, funcionários vão orientar as pessoas a não fazer por ali a dispersão de eventos ocorridos nas redondezas. Há diversos destaques ainda por vir no calendário. O Acadêmicos do Baixo Augusta, comandado desde 2009 pelo agitador cultural Alê Youssef, espera arrastar uma multidão de 300 000 pessoas à Consolação neste domingo (19), a partir das 16 horas. A rainha do bloco, que reúne principalmente moderninhos, é a atriz Alessandra Negrini. Existem programas para diversos gostos, até para quem não curte o ritmo típico desta época, o samba. Um dos estreantes na folia é o Beatloko, dedicado ao rap. Sim, ao rap. Outra novidade com trilha sonora inusitada é o Pinga Ni Mim, focado no sertanejo. Com a explosão desse universo, várias marcas entraram na onda para atingir o grande público. A cervejaria Ambev, por exemplo, colocará no Largo da Batata uma roda-gigante gratuita para o público se divertir. O aplicativo do Google Maps mostrará pela primeira vez aqui e no Rio de Janeiro as ruas bloqueadas durante as festas. Após o Carnaval, vai rolar uma “ressaca” de eventos para quem ainda tiver energia. O Pipoca da Rainha, com Daniela Mercury, tomará a Rua da Consolação em 5 de março. Confira a seguir mais de quarenta opções de cordões para foliões de todos os gostos.

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Homenagens a artistas Besta É Tu Destaque: apesar de levar o nome de uma música dos Novos Baianos, esta banda de duas vozes e mais de trinta batuqueiros também traz em seu set list canções de Caetano Veloso e A Cor do Som. Quando: neste sábado (18), 13h. Onde: Rua Wisard, 252, Vila Madalena.


Fernanda Toth, da organização do Bloco Casa Comigo: desfile neste sábado (18)

Bloco do Síndico Destaque: em atividade há três anos, a turma de cinquenta ritmistas toca faixas de Tim Maia. Quando: 5 de março, 14h. Onde: Praça Edgard Hermelino Leite, Vila Olímpia. Bloquinho e Buchecha Destaque: estreante no Carnaval, tem banda de dezoito ritmistas e DJs que tocam hits dos anos 90, incluindo faixas de Claudinho e Buchecha.

Quando: dia 27, 13h. Onde: Praça Gioia Júnior, em frente ao Parque do Povo, Itaim Bibi. Ritaleena Destaque: músicas de Rita Lee são cantadas em forma de samba. Quando: neste sábado (18), 14h, e domingo (26), 14h. Onde: Rua dos Pinheiros, esquina com a Rua Francisco Leitão, Pinheiros (sáb.); Rua Pedra Azul, esquina com a Rua Ximbó, Vila Mariana (dom.).

Tarado Ni Você Destaque: inspirado na obra de Caetano Veloso, o bloco é um dos maiores sucessos do Carnaval. Quando: sábado (25), 11h. Onde: esquina das avenidas São João e Ipiranga. Tô de Bowie Destaque: músicas do cantor britânico David Bowie aparecem em versões de ritmos brasileiros. Quando: dia 28, 15h.

Onde: Largo do Arouche, centro. Tô de Chico Destaque: no set list da banda, músicas de Chico Science, Chico César e Chico Buarque. Quando: neste domingo (19) e em 5 de março, 14h. Onde: Rua Bárbara Heliodora, Vila Romana. DIV

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Para paquerar

CASA COMIGO Com temática romântica, o bloco neste ano celebra o amor em todas as formas. Quando: sábado (18), a partir das 11h. Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 432, Pinheiros. Avisa Lá Destaque: espere ouvir axé dos anos 90. Quando: neste sábado (18), 12h. Onde: Rua dos Pinheiros, 413, Pinheiros. Bloco Pilantragi Destaque: inspirada na festa de mesmo nome, a folia tem músicas que vão do samba ao maracatu.

Quando: neste domingo (19), 13h. Onde: Avenida Professor Alfonso Bovero, esquina com a Rua Caraíbas, Perdizes. Chega Mais Destaque: os anos 80 e 90 são lembrados pelo bloco com músicas de Ultraje a Rigor, Blitz, Lobão e Plebe Rude. Quando: 5 de março, 12h.

Onde: Rua Inácio Pereira da Rocha, esquina com a Rua Deputado Lacerda Franco, Vila Madalena. Confraria do Pasmado Destaque: o grupo tem uma bateria de samba de 100 integrantes. Quando: neste domingo (19), 13h. Onde: Rua dos Pinheiros, esquina com a Avenida Rebouças.

Não Serve Mestre Destaque: toca músicas de Tim Maia, Caetano Veloso e até Wando. Quando: dia 27, 12h. Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, próximo ao Largo da Batata. Nu’Interessa Destaque: a trupe incentiva os foliões a se fantasiar com o tema Chapeuzinho Vermelho.

Quando: neste sábado (18), 14h. Onde: Rua Filinto de Almeida, 50, Vila Madalena. Quizomba Destaque: a tropicália embala a atração. Artistas em pernas de pau chamam atenção. Quando: neste domingo (19), 10h. Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 260, Pinheiros.

Das antigas Agora Vai Destaque: com treze anos de existência, tem sua diretoria formada apenas por mulheres. Quando: dia 28, 15h. Onde: Largo Padre Péricles, s/nº, Perdizes.

este foi o primeiro bloco LGBT da cidade. O tema do ano é Viva Elke Maravilha. Quando: neste domingo (19), 10h. Onde: Largo do Arouche, centro.

1981, tem passistas que chamam atenção. Quando: quarta (22), 18h. Onde: Rua Santo Antônio, esquina com a Avenida Treze de Maio, Bixiga.

Banda do Fuxico Destaque: de 2000,

Bloco do Candinho Destaque: fundado em

Bloco Esfarrapado Destaque: a banda

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completa setenta anos em 2017. Quando: dia 27, 8h. Onde: Rua Conselheiro Carrão, esquina com a Rua Treze de Maio, Bixiga. Jegue Elétrico Destaque: sempre com marchinhas autorais, a turma sai

há dezessete anos em Pinheiros e no centro. Quando: sábado (25) e domingo (26), 14h; dia 28, 16h. Onde: Rua Lisboa, próximo à Praça Benedito Calixto (sáb. e dom.); e Praça da República, próximo à Rua Barão de Itapetininga (dia 28).


Longe das marchinhas Beatloko Destaque: estreante, tem DJ Cia, Dexter, Edi Rock, DJ KLJay e outros nomes do rap. Quando: sábado (25), 14h. Onde: Praça da República, em frente à saída da estação. Bloco 77 — Originais do Punk Destaque: Ratos de Porão, Cólera e Garotos Podres fazem parte da trilha. Quando: sábado (25), 15h, e dia 27, 15h. Onde: Rua Simão Álvares, 366, Pinheiros. Bloco D-Rrete Destaque: o clube D-Edge monta a festa de música eletrônica com

dezesseis DJs divididos em dois dias de desfile. Quando: domingo (26) e dia 27, 16h. Onde: Rua Olga, 170, Barra Funda. Bloco Pinga Ni Mim Destaque: a música sertaneja é a estrela principal. Tem de Chitãozinho e Xororó até Marília Mendonça. O funk também pode aparecer. Quando: dia 27, 12h. Onde: Avenida Hélio Pellegrino, 200, Vila Nova Conceição. A Ema Gemeu de Canto a Canto Destaque: da casa de forró Canto da Ema, a festa tem o Trio Dona Zefa e bonecos de Olinda. Quando: neste

sábado (18), 11h45. Onde: Bar do Canto, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 376, Pinheiros.

LGBT Bloco da Salete Campari Destaque: esta é a primeira vez que a drag Salete Campari leva o bloco para a rua. Quando: neste domingo (19), 15h30. Onde: Largo do Arouche, centro.

Lua Vai Destaque: pagode dos anos 90, como Raça Negra e Só pra Contrariar, aparece em versões carnavalescas. Quando: neste domingo (19), 11h. Onde: Praça Dom José Gaspar, na Avenida São Luís, centro.

Viemos do Egyto Destaque: estreante, mistura as referências musicais do Egito com estilos brasileiros. Quando: domingo (26), 15h. Onde: Largo do Paiçandu.

Unidos do BPM Destaque: o grupo surgiu no ano passado, trocando as marchinhas pelas batidas eletrônicas. Quando: sábado (25), 15h. Onde: Rua Nestor Pestana, Consolação.

MINHOQUEENS Destaque: em seu segundo ano, mistura drag queens com foliões fantasiados para ouvir funk, pop e axé. Quando: sábado (25), 15h. Onde: Largo do Arouche, centro.

Mais bombados

Agrada Gregos Destaque: tem fantasias de deuses gregos e trilha que vai de axé

a Wesley Safadão. Quando: sábado (25), 16h. Onde: Rua Treze de Maio, 1450, Bela Vista. Bloco Desmanche Destaque: da casa noturna de mesmo nome, traz axé e funk dos anos 90. Quando: domingo (26), 14h. Onde: Rua Augusta, 765. Domingo Ela Não Vai Destaque: a trilha foca o

axé dos anos 90. Gretchen é a convidada de honra. Quando: domingo (26), 14h. Onde: Vale do Anhangabaú, em frente à Praça Pedro Lessa. Vou de Táxi Destaque: explora os hinos dos anos 90, como o hit que dá nome ao bloco, de Angélica. Quando: dia 5, 11h. Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, Pinheiros.

FOTOS LEO MARTINS

Acadêmicos do Baixo Augusta Destaque: o maior da capital, terá dois trios, com participação de Fafá de Belém, entre outros. Quando: neste domingo (19), 16h. Onde: esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista.

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Ideais para a criançada

NO RITMO DA POLÊMICA

Bloco das Emílias e Viscondes Destaque: as crianças costumam aparecer fantasiadas de personagens da obra de Monteiro Lobato. Quando: sexta (24), 14h. Onde: Praça Rotary, Rua General Jardim, 485, centro.

MAMÃE EU QUERO Destaque: os 35 ritmistas surgem fantasiados de super-heróis para cantar marchinhas com as crianças, também paramentadas. A turma é liderada por Helen Henrique, que aparece na foto com o filho, Lucas. Quando: neste sábado (18), 9h. Onde: Praça Irmãos Karmam, Rua Pedro da Costa, Perdizes.

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Filhos da Foto Destaques: criado por fotógrafos com filhos, o bloco está na quarta edição. A trilha tem marchinhas, sambas modernos e hits dos anos 90. Quando: neste sábado (18), 10h. Onde: Alameda Barão de Limeira, 1503, centro.

Tendência do Carnaval carioca, a abolição de marchinhas que fazem arrepiar os cabelos dos adeptos do politicamente correto chegou a São Paulo neste ano. Ao menos três blocos retiraram do repertório refrões de clássicos como Maria Sapatão e Cabeleira do Zezé: Minhoqueens, Charanga do França e Quizomba. “A decisão de não tocar O Teu Cabelo Não Nega foi minha, baseada na minha interpretação e em papos com pessoas diversas”, escreveu Thiago França, do Charanga do França, em sua página no Facebook. “Eu era menino, no interior, e, quando tocavam Cabeleira do Zezé, achava que todos estavam olhando para mim. Eu me sentia como o Zezé da música. Ficava vermelho e envergonhado”, diz Fernando Magrin, líder do Minhoqueens.

Com grandes shows Beleza Rara Show: Banda Eva. Quando: neste sábado (18), 13h. Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 4411, Itaim Bibi. Bloco Bicho Maluco Beleza Show: Alceu Valença.

Quando: neste sábado (18), 10h. Onde: Avenida Pedro Álvares Cabral, em frente ao Monumento às Bandeiras.

Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 104, Pinheiros.

Bloco Rindo à Toa Show: Falamansa. Bloco Toca um Samba Aí Quando: dia 4, 14h. Show: Inimigos da HP. Onde: Avenida Quando: neste Brigadeiro Faria sábado (18), 13h. Lima, 104, Pinheiros.

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Gambiarra Show: Tiago Abravanel. Quando: neste domingo (19), 14h. Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 64, Pinheiros. Monobloco Show: Monobloco. Quando: neste domingo (19), 9h30.

Onde: Avenida Pedro Álvares Cabral, em frente ao Monumento às Bandeiras. Pipoca da Rainha Show: Daniela Mercury. Quando: dia 5, 16h. Onde: esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista. ß




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O Gol e a CG 125 envolvidos na batida que vitimou Nascimento (detalhe): o carro enguiçou no meio da pista expressa

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MORTE EM DUAS RODAS Motorista que pensava em se desfazer de sua moto foi a primeira vítima de acidente fatal das Marginais desde o aumento das velocidades Sérgio Quintella

odo dia, às 5 horas, o motorista Manoel Santana do Nascimento deixava sua casa no Jardim Ângela, na Zona Sul, para cumprir o percurso de 40 quilômetros até o trabalho, em uma empresa de coleta de resíduos em Barueri, na região metropolitana. Na terça (14), no entanto, seu trajeto habitual não chegou ao fim. Por volta das 5h30, em um trecho da Marginal Pinheiros próximo à Ponte do Jaguaré, no sentido Castello Branco, ele bateu sua moto Honda CG 125 vinho na traseira de um Volkswagen Gol azul 1993, enguiçado em uma das faixas do meio da pista expressa. Naquele momento, Nascimento tornou-se a primeira pessoa a morrer em uma das duas Marginais desde o aumento do limite de velocidade, de 70 para 90 quilômetros por hora, no último dia 25 de janeiro. O caso está sendo investigado pelo 91º DP (Ceagesp) e é tratado como homicídio

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culposo, que prevê pena de dois a quatro anos de prisão, além da suspensão do direito de dirigir. Mas, por enquanto, as investigações não apontaram causas e culpados para o acidente. A hipótese mais provável com a qual a polícia trabalha é que o motociclista não conseguiu desviar ao ver o carro parado. Com o dia ainda escuro, a motorista teria chegado a ligar o pisca-alerta, mas não houve tempo para instalar um triângulo a alguns metros de distância. “Pouco antes da batida, um caminhão já havia freado a centímetros do meu carro”, conta a professora Bete de Almeida Garcia, dona do Gol, cuja pane ainda não teve o motivo esclarecido. Poucos segundos depois, em pé no canteiro ao lado do rio, ela presenciou o acidente. “Ouvi um estrondo, vi o rapaz caindo e fiquei em estado de choque”, descreve. A força do impacto quebrou o vidro traseiro do automóvel. Com a colisão, destro-

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MARIVALDO OLIVEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

Marginal Pinheiros: 74% dos acidentes envolvem motos

ços da motocicleta e do carro se espalharam pela pista, aumentando a gravidade da situação. “Tentei desviar, mas passei por cima de algumas peças e furei meu pneu”, diz o laminador Rodolfo dos Santos, que trafegava com seu Fiat Palio em direção ao trabalho, em Guarulhos. Natural de Uruçuca, na Bahia, Nascimento tinha 50 anos, era casado e pai de quatro filhos. Apesar de ter cursado apenas até o 3º ano do antigo ensino primário, conseguiu comprar cinco imóveis na Zona Sul. Sua renda era constituída do salário como motorista e do aluguel dessas residências. Seu grande objetivo, no entanto, era adquirir uma casa em Peruíbe, no Litoral Sul, para curtir as folgas com a família. O desejo seria realizado neste sábado (18), data em que daria um lance em um consórcio residencial. “O Manoel não via a hora de levar todo mundo até lá”, relembra o amigo Renílson de Souza. A amigos e familiares, Nascimento dizia também estar cansado da rotina sobre duas rodas. Chegou a contar a eles que pretendia vender a Honda. “Ele tinha receio porque havia perdido um colega da mesma forma, na Marginal Pinheiros, fazia dois anos”, afirma Souza. “Só adiava o plano porque não queria voltar a andar de trem.”

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As Marginais são as campeãs de desastres com moto na cidade. Dos 1 244 casos com vítima em 2016, 74% (921) envolveram os veículos de duas rodas. Nesse total de ocorrências, quinze motociclistas perderam a vida, segundo a Polícia Militar. Desde a recente mudança nas velocidades, as duas principais vias expressas de São Paulo registraram 48 acidentes, dos quais 39 com motoqueiros. Embora muitos desses condutores sejam imprudentes, as principais causas do problema não estão relacionadas a excessos no velocímetro. Entre os motivos mais frequentes para trombadas e quedas estão a iluminação deficiente e a enorme quantidade de buracos no asfalto. No passado, ocorreram tentativas de limitar a circulação das motos na metrópole. Em 2010, a Avenida 23 de Maio chegou a ser proibida para elas, o que provocou protestos. A medida acabou revogada em pouco tempo. Naquele mesmo ano, foi vedada a presença de motos na pista expressa da Marginal Tietê, regra que vale até hoje. Lançado no último dia 25, o projeto Marginal Segura não inclui medidas específicas para elas. Para corrigir a ausência e elaborar novas ações, a prefeitura tem realizado reuniões com setores da área de transporte, inclusive o sindicato dos motociclistas. ß



A TERAPIA LEGALIZADA DA MACONHA Quem é o advogado do ABC paulista responsável por produzir o primeiro medicamento 100% brasileiro à base de Cannabis Mariana Rosário e Adriana Farias a tarde da sexta 10, a empresa Entourage Phytolab, na região de Campinas, recebeu uma carga um tanto inusitada: 10 quilos de maconha, vindos do Canadá e divididos em seis potes de plástico, avaliados em 200 000 reais. Seria uma notícia digna das páginas policiais não fosse por um motivo: a encomenda é legal, pois conta com o conhecimento e a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O carregamento chegou ao país, na verdade, em novembro. Ficou preso na alfândega do Aeroporto de Guarulhos todo esse tempo, aguardando liberação do Ministério da Agricultura e da Receita Federal. Esse material será usado para desenvolver o primeiro medicamento com o extrato da erva no país — no caso, um fitoterápico para aliviar os sintomas de epilepsia refratária, a forma mais agressiva da doença. As pesquisas para achar

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a melhor fórmula devem começar a ser feitas nos laboratórios da Universidade Estadual de Campinas após o Carnaval — o contrato de parceria entre a Entourage e a Unicamp deve ser assinado até o fim do mês. “Nossa intenção é iniciar os testes em seres humanos no segundo semestre”, diz o advogado Caio Santos Abreu, de 38 anos, fundador da empresa e idealizador do negócio. “Queremos pôr o produto à venda em dois anos.” Enquanto a papelada não for assinada, a erva ficará armazenada no refrigerador da companhia a uma temperatura de 2 graus. Isso demandou precauções extras. Um sistema de câmeras e alarmes, além de uma equipe de quatro seguranças armados, que se revezam 24 horas por dia, toma conta da mercadoria. Os remédios à base de Cannabis, em geral, têm como princípio ativo o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Apesar de o THC ser psicoativo,

Caio Abreu com o primeiro lote de matéria-prima: a doença da mãe o inspirou a iniciar a pesquisa com a planta


A medicina da erva Princípios ativos Das mais de oitenta substâncias da Cannabis sativa, duas são utilizadas em tratamentos de saúde: o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Como os remédios são feitos O extrato da planta é processado e produzido em forma de óleo, cápsulas e spray. Indicações Para reduzir sintomas de doenças como epilepsia, esclerose múltipla e Parkinson, além de amenizar dores crônicas e os efeitos da quimioterapia. Química As substâncias atuam como anticonvulsivo natural. O THC relaxa a musculatura e o CBD protege o sistema nervoso.

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Comercialização Para tratamento médico, é permitida em mais de trinta países, entre eles Canadá, Estados Unidos e Alemanha. No Brasil, o Mevatyl, remédio fabricado na Inglaterra como spray oral, é o único aprovado pela Anvisa para venda no país. Ele chega às farmácias em julho. Para importar outros onze remédios do gênero, é preciso pedir autorização ao órgão. Preço De 1 300 a 1 600 reais. Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 33


Débora e seu filho, George: crises menos intensas

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ALEXANDRE BATTIBUGLI

RICARDO D’ANGELO

Clarian com os pais: cultivo e produção em casa

os medicamentos não causam “barato”, como o cigarro de maconha. Neles, a quantidade de THC costuma ser pequena, e a substância é neutralizada pelo canabidiol manipulado em laboratório. Além disso, não contêm outros alucinógenos presentes na erva. O remédio da Entourage será o primeiro do gênero 100% brasileiro, da concepção à distribuição. A vantagem disso é que, além da facilidade de encontrá-lo nas farmácias, seu preço deverá ser mais acessível: pode chegar a ser até 30% mais baixo que o dos equivalentes vindos de fora, segundo estimativas da empresa. Hoje, todos os medicamentos à base de Cannabis que chegam aqui são importados. Para trazê-los ao Brasil, é preciso autorização da Anvisa. Um frasco (ou lote de seringas de aplicação) custa entre 1 300 e 1 600 reais. Em alguns casos, dependendo da dose, pode sair até mais caro. No mês passado, a Anvisa aprovou a comercialização no país do Mevatyl, que atenua os sintomas de pacientes com esclerose múltipla. Fabricado por um laboratório britânico, estará disponível a partir de julho, mas também não deve sair barato. Na Europa, seu preço é de 400 euros, o equivalente a 1 300 reais. Formado em direito, Abreu não fazia ideia do que era esse medicamento até 2005, quando sua mãe, a pedagoga Sueli Santos Abreu, foi diagnosticada com câncer no reto. “Devido à quimioterapia, ela passou a ter fortes enjoos e indisposição para se alimentar. Foi desesperador.” O advogado começou a pesquisar sobre a doença na internet e descobriu que a erva seria capaz de aplacar esses efeitos colaterais. Como não havia possibilidade alguma de importá-la — a Anvisa só começou a permitir isso, sob consulta, em 2015 —, passou a comprar o produto no mercado negro. “Após o uso, o resultado foi imediato”, relembra. “No mesmo dia, ela voltou a comer e pôde reduzir a quantidade de analgésicos.” Sueli morreu em 2009. Depois disso, Abreu esqueceu-se do remédio. Continuou tocando seu escritório de advocacia na Rua Tabapuã, no Itaim, e, alguns anos depois, conheceu sua atual esposa, a instrutora de ioga Talita Abreu, 35. O casal tem dois filhos, Bento, 4, e Teo, 2. O assunto só voltou à tona em 2014, quando ele participou de um simpósio sobre Cannabis medicinal. “Mudou minha visão de mundo. Percebi que tinha de trabalhar com isso”, comenta. Em 2015, Abreu fundou a Entourage Phytolab, startup dedicada ao estudo e à produção de remédios à base da erva, e, no ano seguinte, largou o direito. Hoje, a empresa conta com seis funcionários e trinta consultores, entre farmacêuticos, cientistas e agrônomos. Sua sede fica na região de Campinas porque o advogado decidiu se mudar da



capital para lá, com a família, em novembro do ano passado. “Queria mais tranquilidade para os meus filhos”, explica. O antigo escritório de advocacia do Itaim virou um espaço para reuniões relacionadas ao novo negócio. Para obter financiamento, Abreu fez oito viagens para Canadá, Estados Unidos, Itália, Polônia e Holanda entre 2014 e 2015. Conseguiu captar 11 milhões de reais com dez investidores, entre eles a Canopy Growth, canadense que também forneceu a matéria-prima. É esse montante que paga as despesas com pesquisas e também o salário do pessoal, inclusive o de Abreu. “Hoje, ganho um terço do que recebia como advogado. Mas estou realizado.” O remédio de maconha é permitido em mais de trinta países, uma lista que inclui Estados Unidos, Suécia e Alemanha. Muitos deles utilizam a fibra da planta até para produzir roupas e sapatos. “A melhor forma de regular o acesso é pela produção nacional. Lá fora, isso é uma realidade há muito tempo”, opina Renato Filev, neurocientista da Unifesp. Além da proposta da Entourage, há um projeto da USP de Ribeirão Preto para a construção de um centro de pesquisas sobre a Cannabis medicinal até

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o fim do ano. “O objetivo é atender crianças e adolescentes com epilepsia refratária”, relata Antonio Waldo Zuardi, coordenador do projeto. Enquanto essas propostas não avançam, milhares de famílias ainda dependem da autorização da Anvisa para importar um dos onze remédios que constam na lista da agência. Desde 2014, o órgão registrou 2 077 pedidos de liberação de importação, dos quais 329 foram feitos por paulistanos. Entre eles está o da designer de brinquedos paulista Débora Mehlberg, 58. Seu filho, George Mehlberg, 23, é portador da síndrome de Dravet, um tipo de epilepsia severa, e a Cannabis atenua as crises de convulsão. “Temos de gastar 1 900 reais por mês para trazer as seringas dos Estados Unidos”, afirma. A bancária paulista Maria Aparecida de Carvalho, 48, e o marido, o vendedor Fábio de Carvalho, 50, foram além. Em dezembro, conseguiram autorização judicial para cultivar a planta em casa e produzir artesanalmente o extrato para sua filha, Clarian, 13, que também sofre de síndrome de Dravet. É o único caso na capital. “Graças à terapia, ela hoje sobe escadas, corre e pula como qualquer outra menina da mesma idade”, comemora Maria Aparecida. ß Com reportagem de Mariana Gonzalez

TIM BISHOP/GETTY IMAGES

Estufa na Europa: trinta países liberaram a substância para remédios



EU SOU > VILA MADALENA

apresenta

DO HIPPIE AO CHIQUE Com um mix que inclui itens para a casa, roupas infantis e móveis de design, montamos um roteiro com lojas do bairro da Zona Oeste que valem a visita Laís Franklin O FINO DO BRECHÓ

A Achadinhos e os colares “mordedores” (no detalhe): endereços infantis

Para comprar roupas de segunda mão bacanas, visite o Borogodó do Brechó (Rua Fradique Coutinho, 944, ☎ 3813-2231). Aberto há um ano e meio pela figurinista Erika Nigro, vende itens em bom estado de etiquetas como Armani, Animale, Element e Cori. Os preços começam em 25 reais e chegam a 600 reais.

FOTOS ALEXANDRE BATTIBUGLI

#BelezaVilaMadalena Esta imagem foi eleita pelos leitores de VEJA SÃO PAULO para representar a beleza do bairro. Inspire-se nela e poste também suas fotos, usando a hashtag #BelezaVilaMadalena.

Na área infantil, a novidade do bairro é a Achadinhos (Rua Mateus Grou, 576, ☎ 3037-7025), que abriu as portas em novembro. A loja colaborativa reúne setenta marcas diferentonas voltadas para as crianças. No galpão, fazem sucesso os colares “mordedores”. Os bebês de colo podem abocanhar as peças à vontade. São de silicone, não soltam tinta e custam de 64 a 108 reais. O local tem ainda um café com comidinhas orgânicas, minifloricultura e espaço para atividades com a criançada. A duas quadras de lá, a Bicho Brasil (Rua Aspicuelta, 188, ☎ 3868-4006) mostra-se uma boa opção para encontrar roupas e fantasias de Carnaval para os pequenos. Também ali perto, a Fábrica Ideias (Rua Aspicuelta, 135, ☎ 3034-3044) traz diversos brinquedos educativos. Há marionetes, jogos de lógica e bonecas de pano. 38 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

REPRODUÇÃO

CRIANÇAS EM ALTA

O notável edifício comercial Box 298, na Rua Wisard, lançado em 2013: a arquitetura do espaço de mais de 5 000 metros quadrados criado pelo escritório Andrade Morettin lembra contêineres empilhados



RUA DO DESIGN

FOTOS DIVULGAÇÃO

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Indicamos três endereços na Rua Mateus Grou para decorar sua casa com itens estilosos. 1. Collector (nº 503, ☎ 2501-8265). Vale investir nos produtos da marca própria do endereço. O pôster pintado a mão pela artista plástica Anália Moraes custa 75 reais e o difusor de essências em cerâmica vale 177 reais (fotos). 2. Galeria Nacional (nº 540, ☎ 3360-5360). Tem móveis, itens de papelaria e acessórios do Brasil todo. 3. Cremme (nº 629, ☎ 2539-3034). Traz móveis de design minimalista e criativo.

No 2º andar da bonita unidade da Farm (Rua Harmonia, 57, ☎ 3384-6810), marca carioca conhecida pelas estampas coloridas, funciona um outlet. Peças de coleções passadas chegam a ter 70% de desconto. O preço do vestido ao lado caiu de 469 para 329 reais.

ALEXANDRE BATTIBUGLI

OUTLET DO RIO

SOM NA CAIXA Dois DJs comandam o negócio de vinis Patuá Discos (Rua Fidalga, 516, ☎ 2306-1647). O acervo de mais de 5 000 LPs contempla MPB, funk, soul, rap e rock, além de músicas latina, jamaicana e africana. Há desde pechinchas por 10 reais até discos raros de 2 000 reais. Os sócios incluem bilhetinhos com impressões pessoais em cada bolachão. O local conta com happy hour às sextas, normalmente das 18h às 22h, com o lançamento de álbuns e apresentações de DJs.


EU SOU > VILA MADALENA

SÓ TEM NO BAIRRO Selecionamos cinco marcas especializadas em moda que você só encontra na Vila Madalena. 1. Flávia Aranha (Rua Aspicuelta, 224, ☎ 3031-1703). Invista nas roupas com tingimento natural, caso da camisa de linho da foto ao lado, por 419 reais. 2. Laiá (Rua Aspicuelta, 189, ☎ 3812-1515). Destaque para os sapatos de couro feitos a mão pela estilista Lia Ribeiro. O carro-chefe são as sapatilhas. 3. Cutterman Co. (Rua Mateus Grou, 644, ☎ 3032-0228). Vende acessórios de couro artesanais, como carteiras e pastas. 4. Breaknecks (Rua Wisard, 382, ☎ 3032-5770). Traz camisetas para motoqueiros e itens despojados. 5. Simultanea (Rua Aspicuelta, 217, ☎ 3031-9408). Além de blusas e vestidos femininos com estampas tropicais, conta com uma linha para a casa.

HORA DA LEITURA

ALEXANDRE BATTIBUGLI

Além de realizar lançamentos de obras, a charmosa Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, ☎ 3814-5811) tem uma agenda cultural recheada de cursos diversos. Se gosta de gibis, não deixe de passar pela Gibiteria (Praça Benedito Calixto, 158, ☎ 3167-4838), especializada em histórias em quadrinhos.

TOQUES ORIENTAIS A Japonique (Rua Girassol, 175, ☎ 3034-0253) vende desde quimonos estampados, passando por luminárias de papel de inspiração japonesa, até filmes para máquinas Polaroid. Também traz bolsas ecológicas e pequenos gatos siameses de madeira pintados a mão. Gaste um tempo garimpando as prateleiras.


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Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 43



Roteiro da Semana 46 Restaurantes 52 Bares 56 Comidinhas 58 Crianças 60 Teatro 64 Shows 68 Exposições 70 Filmes

Lion — Uma Jornada para Casa narra a trajetória de um garoto indiano (Sunny Pawar) que se perde do irmão e toma um rumo inesperado. O drama concorre, no domingo (26), a seis prêmios Oscar, incluindo os de melhor filme, ator coadjuvante (Dev Patel) e atriz coadjuvante (Nicole Kidman). Veja a crítica na página 70.

DIVULGAÇÃO

UMA HISTÓRIA REAL


RESTAURANTES Arnaldo Lorençato | alorencato@abril.com.br e Saulo Yassuda

Polpettone > a famosa receita

DIVULGAÇÃO

Na Famiglia Mancini: ao lado de massa, por R$ 146,00

Famiglia Mancini. Na casa que virou ponto turístico, a comilança começa na mesa de antepastos (R$ 130,00 o quilo), que inclui quase uma centena de itens. A dupla de polpettones pode ser servida com nhoque ou massa à escolha, entre elas o fettuccine ao molho branco. Custa R$ 146,00 e serve duas pessoas. Rua Avanhandava, 81, centro, ☎ 3256-4320. $$ 46 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

Jardim de Napoli. Foi aqui, em 1970, que nasceu o bolo de carne recheado de mussarela e mergulhado no molho de tomate (R$ 60,00). Copiada Brasil afora, a receita foi uma invenção do dono, Antonio Buonerba, para aproveitar as aparas de um campeão de pedidos na época, o filé à parmigiana. Rua Martinico Prado, 463, Higienópolis, ☎ 3666-3022. $$

Nico Pasta & Basta. No bonito restaurante do Ipiranga, que faz parte de estabelecimentos que pertencem ao delegado Osvaldo “Nico” Gonçalves, é possível pedir o bolo de carne moída recheado de queijo mussarela (R$ 59,00), na companhia de pappardelle banhado em um sugo levemente picante. Rua Costa Aguiar, 1586, Ipiranga, ☎ 2068-3000. $$

Trattoria. Não há como ficar indiferente ao polpettone (R$ 83,00), preparado com a categoria da grife Fasano. Assado em vez de frito, ele chega preenchido de mussarela de búfala e é mergulhado em molho de tomate. De tão macio, pode ser saboreado com uma colher no lugar do garfo e da faca. Rua Iguatemi, s/nº, Itaim Bibi, ☎ 3167-3322. $$$


em cinco endereços

FERNANDO MORAES

A versão da Trattoria (R$ 83,00): feita no forno

Vecchio Torino. Conhecida pelo excelente nhoque (R$ 93,00), a casa quatroestrelas do chef italiano Giuseppe La Rosa tem outra pedida das boas: o bolo de carne alto e macio na companhia de espaguete fresco grosso temperado com o clássico sugo (R$ 96,00). Rua Tavares Cabral, 119, Pinheiros, ☎ 38160560/0592. $$$$

ACOMPANHE O CRÍTICO Arnaldo Lorençato alorencato alorencato

Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 47


O novo salão: maior que o da matriz

Sashimi (R$ 86,00): peixes variados

Mais um Nakka de sucesso Sempre cheio no Itaim, o japonês Nakka ganhou em outubro uma filial mais espaçosa no Jardim Paulista. Em vez de desafogar o movimento da matriz, a nova unidade atraiu mais público. O segredo? A combinação de ambiente arrojado com cardápio moderninho e idêntico nas duas unidades. Fazem sucesso pedidas na linha ostentação, caso do sushi de foie gras chamuscado no maçarico e enrolado em atum (R$ 32,00 a dupla), que pode formar uma pocinha de gordura no prato. Sai-se melhor o sushi de

kobe beef, que traz sobre o arroz uma espécie de hamburguinho apenas selado (R$ 30,00 a dupla). De pegada mais tradicional, o nakka sashimi reúne dezoito fatias de peixes variados por R$ 86,00. Fique de olho na boa carta de drinques criada pela consultora Jéssica Sanchez, radicada no Rio. Fecha no domingo (26). Rua Padre João Manuel, 811, Jardim Paulista, ☎ 2594-4444 (90 lugares). 12h/15h e 19h/0h30 (sáb. almoço até 17h; dom. almoço até 17h e jantar até 23h; fecha seg.). Aberto em 2016. $$$ S.Y.

HENRIQUE PERON

Verão badalado

Camarão com arroz e banana: R$ 98,00

48 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

O salão com iluminação suave do Alucci Alucci, aberto apenas no jantar, ganha clima de balada pela música agitada e pelos coquetéis da carta, entre eles o lady gaga, mistura de gim, infusão de morango com manga mais zimbro (R$ 41,00). A lista de receitas mastigáveis, que mantém um bom padrão de qualidade, cresceu. Para o verão, foi incluído o camarão salteado com alho e limão ao tarê e cogumelo shimeji. A pedida, que vem acompanhada de arroz de jasmim com castanha-decaju e banana-da-terra, custa R$ 98,00. Rua Vitório Fasano, 35, Jardim Paulista, ☎ 3086-1252. $$$$ S.Y.

FOTOS LEO FELTRAN

RESTAURANTES


Uma seleção de brochettes — ou, em português claro, espetinhos — foi adicionada ao menu do Bistrot de Paris. Entre as cinco opções, agradam os cubos de cordeiro rosados e cheios de sumo entremeados de pimentão, tomate e cebola-roxa (foto), por R$ 72,00. Na hora de servir, o garçom dispõe os ingredientes no prato junto de molho de hortelã e farofa de brioche. Para o início de refeição, uma recente inclusão é a sopa fria de morango, tomate e queijo de cabra (R$ 18,00). Dica: embora os atendentes não façam questão de lembrar a clientela, a casa serve água filtrada na faixa. Rua Augusta, 2542 (Villa San Pietro), Jardim Paulista, ☎ 3063-1675. $$ S.Y.

Brochettes de cordeiro: R$ 72,00

WELLINGTON NEMETH

ESPETINHO À FRANCESA


FOTOS DIVULGAÇÃO

RESTAURANTES

SÓ NO JANTAR Chef e dona do Las Chicas, Carolina Brandão mexeu no cardápio noturno do endereço. A tradicional berinjela à parmigiana foi transformada em rolinhos crocantes da hortaliça com mussarela de búfala empanados sobre molho de tomate mais pesto à parte (foto), a R$ 27,00. O frango no espeto, que poderia ser mais douradinho, chega com molho de amendoim, chutney de manga, pepino agridoce e arroz de jasmim (R$ 50,00). No almoço, o esquema é o mesmo de antes: pratos do dia na companhia de bufê de saladas. Rua Oscar Freire, 1607, Pinheiros, ☎ 3063-4468. $$ S.Y.

NA CASA AO LADO O Goshala mudou de lugar, mas não foi muito longe. O restaurante de cozinha natural foi transferido para o número 265 da Rua dos Pinheiros, exatamente ao lado do antigo endereço. Espere um espaço parecido no estilo, mas menorzinho, o que pode causar uma espera maior nos fins de semana e feriados. O cardápio não sofreu alterações — traz receitas co-

mo a berinjela empanada temperada com massala, que é servida ao lado de arroz basmati e bolinhas de ricota e ervilha fresca ao molho de tomate e especiarias (R$ 42,00). No jantar de quinta a sábado, o mesmo espaço ganha o nome de G. Bistrô e aposta em um número maior de petiscos. Rua dos Pinheiros, 265, Pinheiros, ☎ 3063-0367, ① Fradique Coutinho. $ S.Y.

O espaço: dupla vocação

50 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017


Cuscuz paulista de primeira

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Amadeus. A chef Bella Masano faz sucesso com suas receitas de pescados. Tradicional na casa, o cuscuz (R$ 39,00) servido de entrada é preparado com camarão, palmito, ervilha e azeitona. Rua Had dock Lobo, 807, Cerqueira César, ☎ 3061-2859 e 3088-1792. $$$$

Beth Cozinha de Estar. Se estiver no Itaim em uma quarta-feira, escolha no bufê da chef Beth Branco o cuscuz de frango, de umidade exemplar. O preço por pessoa é R$ 69,00 durante a semana e R$ 72,00 aos sábados. Rua Pedroso Alvarenga, 1061, Itaim Bibi, ☎ 3073-0354. $$

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O Compadre. Em formato quadrado, a boa receita de cuscuz pode ser pescada no bufê da casa (R$ 75,90 durante a semana; R$ 85,90 nos sábados e domingos). Os aparadores expõem ainda itens como quiabo verdinho, pernil e farofa com salsinha. Shopping Lar Center, ☎ 2252-3131. $$

Solo Cozinha & Bar. Chamada de cuscuz caipira, a versão do chef Danilo Gozetto é para comer de colher. O caldo de galinha engrossado com farinha de milho vem com a ave, milho, azeitona, palmito, ervilha e ovo poché (R$ 22,00). Rua Simão Álvares, 484, Pinheiros, ☎ 2738-9146. $ Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 51

DANILO APOENA

A versão do Beth Cozinha de Estar: no bufê às quartas


BARES Saulo Yassuda e Fábio Galib O concorrido salão: com um balcão no centro

Hamburguinho à parmigiana (R$ 16,00): com burrata

FOTOS GLADSTONE CAMPOS

O drinque southern augusta (R$ 29,00): tomate na fórmula

Peppino > o novo point do Itaim “Não é mais possível aguardar por uma mesa; nossa lista de espera está cheia”, disse a hostess em uma quintafeira, por volta das 9 da noite, ao casal que acabara de chegar. Eis uma cena cada vez mais comum no recém-inaugurado e já concorridíssimo Peppino Bar. Por isso, prefira as segundas e terças, mais tranquilas, para conhecer o endereço tocado pelos mesmos donos do restaurante italiano Nino Cucina, lá na vizinhança. Chef revelação no especial VEJA COMER & BEBER em 2016, Rodolfo De Santis reveza-se entre as duas casas. No bar, não faz “bruschettinha”, como gosta de dizer. Mas há um bom mini-hambúrguer de bisteca suína à parmigiana com burrata (R$ 16,00) e uma saborosa carne crua em cubos regados de azeite, lâminas de cogumelo eryn52 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

gui e queijo pecorino (R$ 18,00). Assim como o cozinheiro, é um italiano nascido na Puglia o responsável pelas coqueteleiras: Fabio la Pietra. O bartender, que fazia um ótimo trabalho no SubAstor, manda para o salão drinques cheios de nuances. É assim o southern augusta (R$ 29,00), de vinho xerez, xarope de bergamota e jasmim mais vermute seco ao aroma de tomate assado, que lhe confere um delicioso sabor umami. Também não dá para ficar indiferente ao aromático flower power (rum, vinho da uva branca gewürztraminer, limão, xarope de lavanda e tomilho e orange bitter; R$ 29,00), mesmo se a única opção for beber de pé na calçada. Rua João Cachoeira, 175, Itaim Bibi, ☎ 2157-0710 (90 lugares). 12h/15h e 18h/2h (sáb. 13h/2h; fecha dom.). Aberto em 2016. S.Y.


MAIS BARATO AOS SÁBADOS Enquanto as pechinchas em bares e restaurantes costumam rolar durante a semana para atrair um público maior, o Camden House segue o caminho contrário. Aos sábados, o gastropub da chef Elisa Hill, que tem uma das melhores cozinhas da cidade, faz uma promoção bacana. Pagam-se R$ 49,00 pelo fish and chips com um pint da cerveja Bamberg pilsen ou um drinque Pimm’s nº 1 (mix da bebida inglesa pimm’s, frutas e soda). A dupla sairia por pelo menos R$ 67,00 se solicitada fora da oferta. Se o freguês preferir, o prato poderá ser trocado pelo camden burguer (hambúrguer no pão com maionese defumada, queijo cheddar inglês e salada) junto de fritas e coleslaw. A promoção vale a partir do meio-dia. Rua Manuel Guedes, 243, Itaim Bibi, ☎ 2369-0488. S.Y.

HENRIQUE PERON

Fish and chips com cerveja: por R$ 49,00 na promoção


O balcão do Le Jazz Petit Bar: região estratégica

PIT STOPS DOS BLOCOS DE CARNAVAL

PARA BOTECAR

Le Jazz Petit Bar. Próximo ao bar de coquetéis haverá blocos como o Confraria do Pasmado, neste domingo, 19, a partir das 13h. O endereço estará aberto a partir das 14h para servir drinques como o paloma (tequila, grapefruit, club soda, limão e borda de sal; R$ 26,00). Rua dos Pinheiros, 262, Pinheiros, ☎ 2359-8141, ① Fradique Coutinho.

Melhor boteco da cidade segundo VEJA COMER & BEBER, o Sabiá mexeu no cardápio. Para acompanhar o chope (Eisenbahn pilsen, R$ 9,00), voltou ao menu o sanduíche de bife à milanesa fininho e crocante com rúcula, tomate e mostarda (R$ 25,00). Saboroso, o novo escondidinho vegetariano traz quiabo refogado no dendê sob purê de inhame gratinado (R$ 22,00). Rua Purpurina, 370, Vila Madalena, ☎ 3032-1617. S.Y.

54 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

Lekitsch. No comecinho da Rua da Consolação, perto da casa, vai desfilar, neste domingo, 19, a partir das 16h, o bombado bloco Unidos do Baixo Augusta. Para molhar a goela, as cervejas de 600 mililitros continuam sendo a melhor pedida (Heineken, R$ 12,90). O lugar funcionará das 13h à 0h. Praça Franklin Roosevelt, 142, Consolação, ☎ 3120-2384, ① República.

Paribar. De pegada GLS, o MinhoQueens parte do Largo do Arouche no sábado (25), às 15h. O trajeto pelo centro inclui os arredores do bar, onde dá para pedir triviais pastéis de carne e queijo (R$ 25,40, dez unidades), torresmo à milanesa (R$ 23,40) e cerveja Serramalte, R$ 12,50 (600 mililitros). Praça Dom José Gaspar, 42, centro, ☎ 3159-0219.

Caprichados gins-tônicas A mistura de gim e água tônica parece já não ser o bastante para os bares, que não param de inventar formas de aromatizar o coquetel. O Astor acaba de incrementar sua seleção do drinque com três versões. Servido em uma taça sem haste, o gold (foto) fica amarelinho por causa do açafrão adicionado e leva ainda tiras de rabanete. Custa R$ 28,00 e é bem bom. Rua Delfina, 163, Vila Madalena, ☎ 3815-1364. S.Y.

FELIPE GOMBOSSY

Espírito Santo. O Bloquinho e Buchecha, em homenagem à dupla de funk romântico Claudinho & Buchecha, vai passar pelo Itaim na tarde de segunda (27). A casa é um bom lugar para tomar um chope cremoso (Brahma, R$ 8,70). De petisco, vale pedir o bolinho de bacalhau (R$ 27,00, seis unidades). Avenida Horácio Lafer, 634, Itaim Bibi, ☎ 3078-7748.

LIGIA SKOWRONSKI

BARES



COMIDINHAS Fábio Galib e Gabrielli Menezes

Quitutes germânicos A quem namora a colorida vitrine da Glück Tartelette Gourmet, a proprietária Ana Luisa Kugelmann faz questão de explicar: “As tartelettes alemãs são mais leves e têm menos açúcar que as versões francesas”. Pois são justamente as primeiras a especialidade do endereço aberto em dezembro no Campo Belo, um dos redutos da colônia germânica na cidade. Entre as vinte variedades, sobressaem sabores cheios de frescor, como frutas vermelhas com creme de leite de amêndoas (R$ 4,50). Os fãs de chocolate podem apostar sem erro na versão preenchida por uma cremosa ganache, cuja doçura é quebrada por esferas de maracujá (R$ 3,90). Há inclusive algumas tartelettes salgadas, como a de linguiça calabresa no vinho tinto e crisps de alho-poró (R$ 3,40), tão boa que vale o repeteco. Mas nem só de pequenos bocados vive a casa. Dá para comprar pães como o pretzel (R$ 5,80), que vem congelado da Alemanha, ou pedir pratos típicos ao lado de um chope Paulaner (R$ 14,60, 300 mililitros) tirado no capricho. Aí, é só erguer a caneca e brindar: Prost! Rua Conde de Porto Alegre, 1366, Campo Belo, ☎ 5093-5813 (60 lugares). 11h/20h (qui. a sáb. até 23h). Aberto em 2016. F.G.

A seleção de pães: oito variedades

La Guapa Empanadas As empanadas de Paola Carosella compõem o combo chamado menu guapa. A R$ 27,00, ele reúne dois salgados douradinhos e um refrescante mix de folhas orgânicas com queijo meia cura e amêndoas. Alameda Lorena, 1731, Jardim Paulista, ☎ 4116-4364. Mais dois endereços. 56 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

HELENA PEIXOTO

MARIO RODRIGUES

Três pedidas que valem por uma refeição

Napoli Centrale As mesinhas altas espalhadas pelo corredor costumam encher por volta do meiodia. A razão é só uma: pizza. Entre outros sabores, a margherita (R$ 20,00) faz jus à cartilha original napolitana. Rua Pedro Cristi, 89 (Mercado Municipal de Pinheiros, boxes 83 e 84), Pinheiros, ☎ 3031-1689.

Torta no Quintal Prepara cerca de seis sabores de torta por dia. A de frango com cream cheese e a de mix de cogumelos são boas pedidas. A fatia guarnecida de meia-porção de salada (que já é grandona) e molho de mostarda com mel sai a R$ 25,90. Rua Comendador Miguel Calfat, 625, Itaim Bibi, ☎ 3044-2160.


FOTOS RICARDO D’ANGELO

A delicada tartelette de frutas vermelhas: R$ 4,50

DIVULGAÇÃO

FOLHADOS INCREMENTADOS Incorporados ao cardápio no ano passado, os pães folhados tornaram-se uma das principais pedidas para o café da manhã nas unidades da Confeitaria Dama. A novidade, agora, é que eles também podem ser recheados ou chegar ao lado de acompanhamentos. O croissant fofinho, que sai por R$ 7,50, passa a custar R$ 15,50 quando vem quente, com queijo mussarela e peito de peru em seu interior ou ladeado por porções de mel e cream cheese, por exemplo. Rua Ferreira de Araújo, 376, Pinheiros, ☎ 51825088. Mais dois endereços. G.M. Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 57


CRIANÇAS

FERNANDO MORAES

Catherine Barros

ESPORTE

Bikes > as atrações e os preços de três parques Avaliamos o serviço de três áreas verdes com pistas para ciclismo. Boas notícias: as bicicletas infantis estão bem conservadas e os espaços aceitam cartão de débito, além de dinheiro. No Parque do Povo, dá para pagar até com o de crédito Em parceria com a empresa Ground Bike, o VillaLobos oferece bicicletas com rodinhas aos menorzinhos. Não são modelos novos, vale avisar, mas o estado de conservação é razoável. Para a família toda pedalar junto, existem versões com quatro lugares. O serviço funciona de segunda a domingo, das 8h às 17h. R$ 7,00 a R$ 30,00 por hora.

58 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

Lotado nos fins de semana, o Ibirapuera recomenda aos frequentadores não praticar ciclismo no parque durante o período. As famílias costumam contrariar a sugestão e aproveitar o serviço de aluguel de bicicletas oferecido pela empresa Flávio Bike diariamente, das 7h às 19h. Para quem tem bebês, há veículos com cadeirinha acoplada. O valor é o mais baixo: R$ 5,00 por hora.

Como o Parque do Povo não possui um local próprio de aluguel, os visitantes recorrem ao sistema JK Bike, do vizinho Shopping JK Iguatemi, disponível apenas nos fins de semana e feriados, das 8h às 17h. Pode-se escolher entre doze modelos para locação, de bicicleta com rodinhas a opções para adultos com carrinho de bebê na frente. R$ 10,00 a R$ 25,00 por hora.

CORRIDA DAS PRINCESAS

A graça da Disney Princesa Magical Run é a fantasia: quem quiser poderá participar com os trajes da sua personagem favorita. Marcado para 12 de março, o evento tem dois percursos: 3 quilômetros (caminhada, idade livre) e 7 quilômetros (corrida, 16 anos). Já abertas, as inscrições custam a partir de R$ 110,00 no site princesamagicalrun. ativo.com.


TEATRO

DUMONT NAS ALTURAS

REESTREIA

EVERSON BORGES

Sucesso de longa data

A primeira vez que a diretora Fezu Duarte levou ao palco sua versão para Os Saltimbancos foi em 2008. Desde então, todas as temporadas tiveram sucesso absoluto. O elenco afinado ainda é o mesmo da última temporada. Juliana Romano, Marcelo Diaz, Rosy Aragão e William

LIGIA JARDIM

A história de Santos Dumont ganha um tom poético em Sobre o Voo. Amanda Vieira, Evelyn Cristina e Silvana Marcondes — da Cia. Pavio de Abajour — são três divertidas mecânicas que usam teatro de sombras e projeções para contar a história das invenções de Dumont. Sem deixar de lado as engenhocas que não deram certo, o roteiro abrange desde a infância do inventor até a criação do 14 Bis (50min). Rec. a partir de 5 anos. CCSP. Rua Vergueiro, 1000, Paraíso, ☎ 3397-4002. Sábado e domingo, 16h. R$ 20,00. Até 12 de março. Não haverá sessões no sábado (25) e no domingo (26).

Franklin dão voz a canções como História de uma Gata e Bicharia, além de faixas especiais às quais as crianças não resistem, como Hakuna Matata (50min). Rec. a partir de 3 anos. Teatro Folha. Shopping Pátio Higienópolis, ☎ 3823-2323. Sábado e domingo, 16h. R$ 25,00. Até 26 de março.


TEATRO Dirceu Alves Jr. | dirceu.alves@abril.com.br

RICARDO PERES

Guta Ruiz e Pedro Bosnich em O Bosque Soturno: drama tenso de Neil LaBute

JOVENS, MAS NEM TANTO

ACOMPANHE O CRÍTICO Dirceu Alves Jr.

Criou-se uma lenda de que os 30 anos de hoje são os novos 20, então as responsabilidades de cada um também podem ser encaradas um pouco mais tarde. A comédia dramática Eigengrau — No Escuro, da britânica Penelope Skinner, mostra que a adolescência prolongada é uma cilada e gera a falta de perspectivas. A radical Carol (papel de Andrea Dupré) abraçou o discurso feminista e sofre com a instável Rosa (representada por Renata Calmon), sua colega de apartamento. A moça vive sem dinheiro e está obcecada por encontrar um homem capaz de resolver seus problemas. O eleito da vez é o publicitário Marcos (interpretado por Daniel Tava-

60 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

res), o melhor amigo do acomodado Tomás (o ator Tiago Real), um cara deprimido com a morte da avó. Através dos quatro personagens trintões, a autora discute o peso da imaturidade na hora de administrar as frustrações e até na defesa de bandeiras. O diretor Nelson Baskerville adota ícones jovens, como canções pop e pichações no cenário, para reforçar a temática contemporânea. O destaque do elenco é Renata Calmon, com um registro tragicômico que valoriza Rosa (85min). 14 anos. Estreou em 4/2/2017. Complexo Funarte — Sala Renée Gumiel. Alameda Nothmann, 1058, Santa Cecília. Sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 30,00. Até 5 de março.


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espetáculos em cartaz na cidade em vejasp.abril.com.br/teatro

AVALIADAS

Irmãos à flor da pele Um dos grandes dramaturgos da atualidade, o americano Neil LaBute provoca o espectador com histórias que fogem do politicamente correto e, por isso, costumam ser perturbadoras. Restos, protagonizada por Antonio Fagundes, Gorda, com Fabiana Karla, e Baque, defendida por Emílio de Mello e Deborah Evelyn, são exemplos conhecidos por aqui. O drama O Bosque Soturno toca em um dos grandes tabus da sociedade, o incesto, e com uma tal naturalidade que o tema se torna só mais um entre tantas questões abordadas na peça. Betty (interpretada por Guta Ruiz) é uma professora universitária, enquanto o irmão, Bob (papel de Pedro Bosnich), vive de subempregos. Os dois se encontram para esvaziar um imóvel alugado, desocupado há pouco pelo inquilino, e começam um acerto de contas referente ao passado familiar. O diretor Otávio Martins construiu uma encenação que aposta em um clima de mistério. O público demora a entender as motivações de cada um naquela cabana, em meio a uma chuva incessante, e a razão do misto de agressividade e mágoa sublinhado nos diálogos. Para isso, o desempenho de Guta e Bosnich é determinante. Ela carrega a altivez e uma tensão disfarçada necessárias para a personagem, enquanto Bosnich, aos poucos, sai do antagonismo para revelar a personalidade da irmã (60min). 16 anos. Estreou em 2/2/2017. Teatro Eva Herz — Livraria Cultura. Avenida Paulista, 2073. Quinta e sexta, 21h. R$ 40,00. IR. Até 24 de março.

Tavares, Andrea e Renata: texto da britânica Penelope Skinner

DANIEL SPALATO

Confira um vídeo com cenas do espetáculo


TEATRO

BOB SOUSA

NA TERÇA É DE GRAÇA

ÚLTIMA SEMANA

Destaque do ano passado, a comédia dramática Os Arqueólogos ganha sessão no projeto Terça Tem Teatro, do Itaú Cultural. Guilherme Magon e Vinicius Calderoni, também autor, começam a peça como dois locutores esportivos e se transformam em outros personagens em uma trama repleta de delicadeza. Direção de Rafael Gomes (70min). 10 anos. Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149. Terça (21), 20h. Grátis. Ingressos distribuídos uma hora antes.

CABRAS MARCADOS

FELIPE STUCCHI

Indicado ao Prêmio Shell nas categorias de iluminação, figurino e música, Cabras, Cabeças que Voam, Cabeças que Rolam é um espetáculo que enche os olhos com sua beleza visual e qualidades técnicas. Todavia, a dramaturgia criada por Luis Alberto de Abreu e pela diretora Maria Thaís é um tanto abstrata. A analogia entre o retrato da violência do cangaço no Nordeste brasileiro e as guerras mundiais resulta difícil de ser digerida pelo espectador. Conflitos pessoais, vinganças familiares, o êxodo e a dor da morte norteiam as tramas interpretadas pelos dez atores da Cia. Balangan. Se faltam intérpretes expressivos para as histórias, a compensação se dá na poesia do discurso contundente (120min). Estreou em 22/1/2016. Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 20,00. A bilheteria abre uma hora antes. Até domingo (26).

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Histeria. Dirigida por Jô Soares, a comédia de Terry Johnson mostra o encontro entre o psicanalista Sigmund Freud (o ator Norival Rizzo) e o pintor Salvador Dalí (Cassio Scapin, foto). Com Erica Montanheiro e Milton Levy (115min). 14 anos. Teatro Shopping Frei Caneca. Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 80,00. IR. Até domingo (26).

La Estupidez. Cristiane Wersom e Thiago Albanese estão na peça de Rafael Spregelburd. Nos anos 80, personagens movidos pela ambição se cruzam em um hotel. Direção de Otávio Martins (100min). 14 anos. Teatro Sérgio Cardoso. Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista. Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 40,00 a R$ 60,00. Até domingo (26).

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Três comédias > reta final de temporada DS

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DALTON VALÉRIO

AS CINCO MELHORES EM CARTAZ Histeria. Leia na página ao lado.

A Alma Imoral (foto). Clarice Niskier protagoniza o monólogo adaptado do livro de Nilton Bonder em uma provocativa reflexão sobre a vida e os costumes. Direção de Amir Haddad. Teatro Eva Herz . Sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 70,00. IR.

Roque Santeiro, o Musical. Jarbas Homem de Mello, Lívia Camargo e Flavio Tolezani protagonizam a versão musical da peça O Berço do Herói, de Dias Gomes, levada à televisão em 1985. Com Mel Lisboa, Dagoberto Feliz, Luciana Carnieli e outros. DireRocky Horror Show. Marcelo Méção cênica de Débora Dubois e musical de dici dá um show na comédia musical dirigiZeca Baleiro. Teatro Faap. Sexta e sábado, da por Charles Möeller e Claudio Botelho. Ele interpreta um cientista que explora a 21h; domingo, 18h. R$ 80,00 e R$ 90,00. sexualidade em suas experiências. Teatro Morte Acidental de um Anar- Porto Seguro. Sexta e sábado, 21h; dominquista. Leia no quadro abaixo. go, 19h. R$ 50,00 a R$ 120,00. IR.

J OÃ OC

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Morte Acidental de um Anarquista. Dan Stulbach lidera o elenco da comédia de Dario Fo na pele de um homem que assume diversas identidades em uma delegacia. Com Henrique Stroeter. Direção de Hugo Coelho (90min). 12 anos. Tuca. Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes. Sexta e sábado, 21h30; domingo, 18h. R$ 60,00 a R$ 180,00. IR. Até domingo (26).


SHOWS Juliene Moretti

CARNAVAL RETRÔ Com trilhas de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé, o fim de semana tem festas dedicadas à tropicália

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I É CONT

A Banda Odara está escalada para o Tropicalize-se, no Sesc Vila Mariana. O grupo foi formado há quatro anos para dar fôlego à Festa Odara, já com uma década de existência. Nela, a turma monta um baile com músicas brasileiras, principalmente do fim da década de 60, abrindo e fechando com a canção Odara, de Caetano Veloso. Desta vez, o repertório é basicamente tropicalista, com composições como Alegria, Alegria e Tropicália, do Caê, e Domingo no Parque, de Gilberto Gil. Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, Vila Mariana, ☎ 5080-3000. Sábado (25) segunda (27), 15h. Grátis.

ANDR

DIVULGAÇÃO

Inspirado em um disco lançado por Caetano Veloso em 1977, o Baile Muitos Carnavais surgiu em 2015 e costuma receber famílias fantasiadas para dançar as marchinhas. No Carnaval, a festa ocupa o deque do Sesc Pompeia em duas datas. Faixas do álbum, como A Filha de Chiquita Bacana e Qual É, Baiana?, estão no roteiro levado por Xênia França, voz feminina do Aláfia, Verônica Ferriani e Paulo Neto. Além do trio, a banda reúne percussão, metais, guitarra e bateria. A trupe também passeia por outras fases do cantor e, entre sambas e frevos, interpreta músicas como Massa Real e Deixa Sangrar. Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia, ☎ 3871-7700. Domingo (26), 17h; terça (28), 17h. Grátis.


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apresentações em vejasp.abril.com.br/shows

Tom Zé também faz parte do combo da folia. No show do Sesc Vila Mariana ele dará peso às faixas dos álbuns Tropicália Lixo Lógico (2012), Vira Lata na Via Láctea (2014), Canções Eróticas de Ninar (2016) e às composições inspiradas na Operação Lava-Jato, entre elas Queremos as Delações e a mais recente, Homologô — A Marcha do Bloco, uma marchinha de Carnaval em comemoração ao avanço do processo em Brasília. Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, Vila Mariana, ☎ 5080-3000. Sexta (24) e sábado (25), 21h. R$ 40,00.

O Sirena, em Maresias, promove três festas no feriadão. Para os fãs de música eletrônica, a casa traz, no sábado (25), o francês Bob Sinclar (foto), DJ e produtor de house music que arrebatou as pistas no início dos anos 2000 com a ensolarada Love Generation. No domingo (26), o americano Kaskade entra com o deep house. A balada mais concorrida, contudo, é a de segunda (27), quando o Baile da Favorita, movido a funk melódico, desembarca pela primeira vez na pista praiana. MC Bola, Leozinho e Nego Bam, do hit Malandramente, estão no som. Sirena. Rua Sebastião Romão César, 418, Maresias, ☎ 3071-2445. Sábado (25) a segunda (27), a partir das 22h. R$ 60,00 a R$ 300,00.

JB THIELE

Xênia França, Paulo Neto e Verônica Ferriani: apresentação no Sesc Pompeia

IVAN SILVA

FOLIA NO LITORAL


SHOWS CONCERTO A R$ 10,00

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A Orquestra Sinfônica Municipal, agora sob a batuta de Roberto Minczuk, abre a temporada 2017 de concertos no Teatro Municipal neste fim de semana. Com a participação do Coro Lírico e do Coral Paulistano Mário de Andrade, o conjunto executa MagnificatAlleluia, de Villa-Lobos, e Sinfonia Nº 2 — Lobgesang, de Mendelssohn. No domingo, os ingressos custam R$ 10,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/nº, centro, ☎ 3053-2100. Neste sábado, (18), 20h. R$ 20,00 a R$ 100,00. Neste domingo (19), 17h. R$ 10,00.

MÚSICA NO TOPO DO Todo início de ano, a Heineken abre seu misto de bar e balada temporário no topo de um prédio histórico da cidade. Já esteve, por exemplo, no Edifício Martinelli e, em 2016, no Mirante do Vale, ambos no centro. A laje da vez, até 12 de março, é a do Museu de Arte Contemporânea da USP, com vista para o Parque do Ibirapuera. A brincadeira começa na entrada com a mostra The Art of Heineken, com curiosidades e propagandas antigas da cervejaria. No fim do percurso, dois holandeses ensinam a tirar corretamente o chope da marca. O lounge,

NOVIDADE NO PALCO Depois de estrear como atriz na série Dois Irmãos, Bruna Caram cai na estrada com Multialma, o quarto disco de sua carreira. Ela assina as doze faixas — às vezes sozinha ou ao lado de nomes como Chico César, que vai subir ao palco para cantar Vou pra Rua e Par. Na sanfona, Bruna mostra ainda composições de Chitãozinho e Xororó, entre outros. Teatro Porto Seguro. Alameda Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, ☎ 3226-7300. Terça (21), 21h. R$ 60,00 a R$ 80,00. 66 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

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destinado às noitadas animadas por shows e discotecagens, tem gramado sintético verde, sofás e mesas com bancos altos. O espaço mais cobiçado são os parapeitos, onde os baladeiros, de estilos bem variados, amontoam-se para tirar fotos com o pôr do sol ao fundo. No sábado (25), o bloco de Carnaval Tô de Bowie comanda a festa nas alturas. Na terça (28), é a vez do Venga! Venga!. MAC-USP. Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301, Ibirapuera, não há telefone para informações. Sábado (25), a partir das 19h. R$ 90,00.

Na roda de samba Não é de hoje que Zélia Duncan flerta com o samba. Em 2004, das dezenove músicas de Eu Me Transformo em Outras, dez tinham o pé no gênero musical. O disco foi reeditado em 2015, o mesmo ano em que a cantora vestiu de vez a camisa das influências do batuque, da cuíca e do cavaquinho e lançou Antes do Mundo Acabar, com catorze faixas. Além de cantar sambas próprios, ela dá espaço a homenagens a Riachão e Paulinho da Viola. Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, ☎ 30959400, ① Faria Lima. Sexta (24) e sábado (25), 21h; domingo (26), 18h. R$ 60,00.

DIVULGAÇÃO

MUSEU


EXPOSIÇÕES Julia Flamingo

MONUMENTOS DE IMAGEM

CANDIDA HÖFER

Ilusão tridimensional Quando se mudou para Nova York, em 1974, para participar de um curso de gravura, a brasileira Lydia Okumura sabia que o trabalho impresso não era exatamente o que queria fazer. “Eu sempre pensei no ambiente tridimensional, e a gravura compreende apenas duas dimensões”, conta a artista, de 69 anos. Ela começou a inventar artimanhas para que suas criações pudessem sair do papel e tornar-se instalações. Com fios presos a cantos de parede e figuras geométricas traçadas nas paredes e no chão, passou a criar a ilusão de que seus desenhos são, na verdade, tridimensionais. Por duas semanas, ela trocou Nova York, onde ainda vive, por

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São Paulo para executar pessoalmente nove trabalhos desse gênero no espaço da Galeria Jaqueline Martins. Filha de japoneses, a artista preza o minimalismo acima de tudo. Riscadas nas superfícies irregulares do local, as linhas são quase imperceptíveis quando vistas de longe. Quem desejar ter uma preciosidade dessas em casa poderá negociar com a galeria o valor (a partir de 30 000 reais) para que um dos assistentes da artista vá ao local que o colecionador escolher e replique a intervenção. Galeria Jaqueline Martins. Rua Doutor Cesário Mota Júnior, 443, Vila Buarque, ☎ 2628-1943. Segunda a sexta, 10h às 19h; sábado, 12h às 17h. Grátis. Até 18 de março.

Palácios, teatros e bibliotecas que arrancam suspiros de qualquer visitante são os protagonistas da fotógrafa alemã Candida Höfer. Desde 1980, ela vem trabalhando na série Räume (ou espaços, em português). Nos seus cliques, ambientes magistrais espalhados pelo mundo revelam a monumentalidade da arquitetura, sem perder a atenção a cada detalhe da composição. Em 2005, Candida esteve no Rio de Janeiro, onde fotografou o imponente Real Gabinete Português de Leitura (à esq.) e a Biblioteca Nacional. Essas imagens são expostas em grandes dimensões ao lado de uma foto da Ópera da Bastilha, em Paris. Pinacoteca. Praça da Luz, 2, ☎ 3324-1000. Quarta a segunda, 10h às 18h. R$ 6,00. Grátis aos sábados. Até 22 de maio.


mostras em cartaz em vejasp.abril.com.br/exposicoes

EVERTON BALLARDIN/COPYRIGHT GALERIA NARA ROESLER

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UM EX-LOS CARPINTEROS Até 2003, Alexandre Arrechea foi um dos tripés do coletivo cubano Los Carpinteros, tema de grande retrospectiva no CCBB no ano passado. Apesar do investimento na carreira-solo, é quase impossível não notar as marcas do grupo em sua produção individual. Apresentado pela primeira vez no país, seu trabalho é composto principalmente de aquarelas coloridas feitas em papéis gigantescos. Temas como vigilância e poder inspi-

ram pinturas de construções e silhuetas de pessoas que parecem observar o visitante de cima. Na sala principal da galeria, os quadros dão a impressão de ser mais imponentes que o normal. Isso ocorre porque são instalados sobre uma aquarela preta e branca feita na parede do espaço. Galeria Nara Roesler. Avenida Europa, 655, Jardim Europa, ☎ 2039-5454. Segunda a sexta, 10h às 19h; sábado, 11h às 15h. Grátis. Até 18 de março.

GALERIA JAQUELINE MARTINS/DING MUSA

Carnaval da diversidade

Inspirado numa marchinha, o Museu da Diversidade produziu a mostra Será que El_ É como um panorama da relação entre a comunidade LGBT e o Carnaval. Figurinos e fotografias históricas ficam ao lado de um espaço interativo onde os visitantes podem customizar suas fantasias. Piso Mezanino da Estação República, ☎ 3882-8080. Grátis. Até 27 de maio.

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FILMES Miguel Barbieri Jr. ESTREIAS

Na reta final do Oscar > mais filmes indicados Lion — Uma Jornada para Casa concorre em seis categorias: melhor filme, ator coadjuvante (Dev Patel), atriz coadjuvante (Nicole Kidman), roteiro adaptado, fotografia e trilha sonora. Assim como Estrelas Além do Tempo e Até o Último Homem, também na fila do Oscar, tem inspiração numa história real e foi realizado, calculadamente, para comover. A trama se inicia na Índia e mostra o cotidiano miserável de uma mãe e dois filhos. Ao procurar trabalho numa cidade próxima, o adolescente Guddu (Abhishek Bharate) deixa seu irmão caçula, Saroo (o excelente Sunny Pawar), numa estação de trem. O menino, então, acaba embarcando por engano num trem que o leva à fervilhante Calcutá. Solitário como um passarinho fora do ninho, Saroo é acolhido num orfanato. A partir daí, seu destino toma rumo radical. Patel interpreta Saroo na juventude, já morando na Austrália, enquanto Nicole faz o papel da mãe adotiva. Bastante habilidoso na condução da primeira fase, o diretor estreante Garth Davis consegue, felizmente, resgatar a emoção na meia hora final. Fica até difícil conter as lágrimas. Direção: Garth Davis (Lion, Austrália/ EUA/Inglaterra, 2016, 118min). 12 anos.

Dev Patel e Sunny Pawar (no detalhe): as duas fases do protagonista

Miguel Barbieri Jr. comenta em vídeo os lançamentos da semana nos cinemas

Protesto na década de 60: entre as preciosas imagens de arquivo

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De um livro inacabado do escritor James Baldwin (1924-1987) nasceu Eu Não Sou Seu Negro, indicado para melhor documentário. Narrado pelo ator Samuel L. Jackson, o filme traz à tona o texto de Baldwin sobre os direitos civis dos negros nos Estados Unidos, além de sua incansável luta pelo fim da segregação racial. O autor enfoca também sua amizade com os ativistas Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr., assassinados entre 1963 e 1968. Embora o trio tenha tido mais importância na história americana, é Baldwin quem ganha aqui maior destaque. Intelectual, ensaísta e dramaturgo, ele desponta em preciosas imagens de arquivo vociferando contra a opressão. Para ilustrar (ou iluminar) suas palavras, o diretor Raoul Peck recorre a protestos daquela época, entrevistas e trechos de filmes de símbolos lendários do cinema, como Harry Belafonte e Sidney Poitier. A montagem provoca certa confusão, mas o resultado é, no mínimo, explosivo. Direção: Raoul Peck (I Am Not Your Negro, França/EUA, 2016, 95min). 12 anos.


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Consulte as salas e os horários em vejasp.abril.com.br/cinema

a prêmios chegam às telas Pelas vestimentas de Marion Cotillard e Brad Pitt, o Oscar acertou em dar a indicação de melhor figurino a Aliados. Mas é só o que o filme merece. Na tentativa de resgatar os dramas românticos de guerra do passado, o diretor Robert Zemeckis (do premiado Forrest Gump) escorrega feio ao imprimir uma narrativa morna em uma história, a princípio, curiosa. Em uma de suas piores atuações, o galã Pitt interpreta um oficial canadense (que fala

francês toscamente) numa missão em Casablanca, no Marrocos, em 1942. Lá, conhece sua parceira, a aliada francesa Marianne Beauséjour (Marion). Não dá outra: eles acabam se apaixonando. Convém parar aqui a fim de não prejudicar as poucas surpresas oferecidas pelo roteiro. Nas cenas de ação e suspense, a direção afrouxa o cinto. Pior, contudo, é a química zero entre os protagonistas, envolvidos numa mal-ajambrada história de amor. Direção: Robert Zemeckis (Allied, EUA/Inglaterra, 124min). 14 anos.

DANIEL SMITH

FOTOS DIVULGAÇÃO

Marion Cotillard e Brad Pitt: figurino lindo e química zero

JOHAN BERGMARK

Rolf Lassgard: rigor militar com os vizinhos

No páreo para melhor maquiagem/penteado e melhor filme estrangeiro, o sueco Um Homem Chamado Ove tem uma história que, mesmo não sendo muito original, agrada. O Ove do título, interpretado por Rolf Lassgard, é um sessentão aposentado que se fechou para a vida após a morte da esposa. Ele mora num condomínio de casas e trata seus vizinhos com rigor militar. De cara virada para seu único amigo, o intragável Ove quer morrer e, para isso, tenta o suicídio — sempre sem sucesso. O drama de pitadas cômicas segue, então, dois caminhos. No presente, o protagonista reencontra ânimo e calor emocional no contato com uma iraniana. O passado é rememorado para mostrar como o jovem Ove (papel de Filip Berg) foi se transformando num sujeito amargo. Direção: Hannes Holm (En Man Som Heter Ove, Suécia, 2015, 116min). 14 anos.

ACOMPANHE O CRÍTICO Miguel Barbieri Jr. miguelbarbieri miguelbarbieri miguelbarbieri

Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017 71


ESTREIAS

Duas animações no páreo Numa competição com os pesos-pesados Zootopia e Moana, ambos da Disney, Minha Vida de Abobrinha (foto) surge como azarão no Oscar. Não que o desenho, feito de modo artesanal com a técnica de stop motion, seja fraco. Realizado com afinco e sensibilidade pelo suíço Claude Barras, o filme tem enxutíssima duração (pouco mais de uma hora) para mostrar a transformação na vida de Abobrinha (ou Courgette, no original francês). Após a morte da mãe, sempre bêbada e indiferente à sua presença, o menino de 9 anos vai para um orfanato. Lá, redescobre o prazer da vida ao lado de crianças com traumas parecidos ou até piores. Direção: Claude Barras (Ma Vie de Courgette, Suíça/França, 2016, 66min). 10 anos. Em uma estreia-relâmpago e exibido apenas numa única sala (Frei Caneca), o desenho animado A Tartaruga Vermelha, dirigido por um holandês, mostra, sem diálogos, o cotidiano de um náufrago numa ilha tropical deserta. Lá, a convivência com tartarugas, caranguejos e pássaros dará novo sentido à sua vida. Direção: Michael Dudok de Wit (La Tortue Rouge, França/Bélgica/Japão, 2016, 80min). Livre. FOTOS

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GAROTA-PROBLEMA Olga é uma jovem desajustada na sociedade da então Checoslováquia do início da década de 70. Espancada pelo pai, ignorada pela mãe e sem amigos, ela decide sair de casa, viver numa cabana e trabalhar como motorista numa pequena empresa. A garota sente desejo por mulheres e despeja seu descontentamento num diário. Embora com problemas de montagem e direção, sobretudo na atuação de altos e baixos da protagonista

72 Veja São Paulo 22 de fevereiro, 2017

Michalina Olszanska (foto), o drama psicológico Eu, Olga Hepnarová faz um contundente registro em preto e branco de uma alma atormentada que berra por justiça de uma forma incomum. Direção: Petr Kazda e Tomás Weinreb (Já, Olga Hepnarová, República Checa/Polônia/Eslováquia/França, 2016, 105min). 16 anos.

U LG

AÇ ÃO


A Cura marca a volta ao terror do diretor da cinessérie Piratas do Caribe, quinze anos depois de O Chamado. Na trama, o jovem Lockhart (Dane DeHaan) é escalado para buscar o CEO de uma empresa num spa de luxo nos Alpes Suíços. Lá, o rapaz começa a desconfiar dos milagrosos tratamentos. Direção: Gore Verbinski (A Cure for Wellness, Alemanha/EUA, 2017, 146min). 16 anos.

Lutas e tiros. E só! De Volta ao Jogo “ressuscitou” a carreira de Keanu Reeves em 2014, agradando a parte do público e da crítica. No retorno ao batente em John Wick — Um Novo Dia para Matar, Reeves retoma o papel-título na pele do matador aposentado. Agora, ele é forçado por um italiano (personagem de Riccardo Scamarcio) a eliminar a irmã dele, uma chefona da máfia napolitana. Aos 52 anos, o astro manda bem nas artes... marciais (!). Mas, em programa de tiros e pancadaria, o robótico Reeves ainda leva a sério o papel. Há quem consiga enxergar humor na violência excessiva e, por vezes, ultrajante. Só que, para ser um personagem de um filme de Quentin Tarantino, John Wick precisa ter mais jogo de cintura. Direção: Chad Stahelski (John Wick: Chapter 2, EUA, 2017, 122min). 16 anos.

NIKO TAVERNISE

Terror nos Alpes


FILMES EM CARTAZ Cinquenta Tons Mais Escuros Continuação da saga erótica de Christian Grey (Jamie Dornan) e Anastasia Steele (Dakota Johnson) de resultado ordinário. Com cenas de sexo comedidas, a história fica centrada no romance vaivém dos protagonistas. Direção: James Foley (Fifty Shades Darker, EUA, 2017, 118min). 16 anos. Estreou em 16/2/2017. Elle Isabelle Huppert, indicada ao Oscar de melhor atriz pelo drama, está estupenda como uma fria executiva que foi estuprada na própria casa. Ela quer encontrar o agressor, ao mesmo tempo que exibe um comportamento estranho. Direção: Paul Verhoeven (França, 2016). 16 anos. Estreou em 17/11/2016. A Espera No drama, Anna (Juliette Binoche) perde o único filho e decide receber em sua casa, na Sicília, a namorada dele (Lou de Laâge). Mas a garota não sabe o que aconteceu. Direção: Piero Messina (L’Attesa, Itália/França, 2015, 110min). 14 anos. Estreou em 2/2/2017. Estrelas Além do Tempo O drama inspirado em fato real compete em três categorias: melhor filme, roteiro adaptado e atriz coadjuvante (Octavia Spencer). Trata-se da comovente trajetória de três funcionárias negras da Nasa que, em 1961, enfrentam preconceitos e a segregação racial. O foco recai melhor sobre Katherine (Taraji P. Henson), um gênio da matemática. Direção: Theodore Melfi (Hidden Figures, EUA, 2016, 127min). Livre. Estreou em 2/2/2017.

Jackie Este drama não é uma cinebiografia de Jacqueline Kennedy Onassis (19291994). Em seu registro sobre a ex-primeira-dama americana, o diretor chileno privilegia os dolorosos dias enfrentados por ela logo após o assassinato de seu marido, John


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Manchester à Beira-Mar Indicado ao Oscar de melhor ator, Casey Affleck opera no modo intimista e faz uma caracterização de voz baixa e gestos contidos, que combina perfeitamente com seu personagem, um zelador de Boston. Circunspecto, cabisbaixo e solitário, ele terá de lidar com um problema familiar após a morte do irmão. O drama ainda compete nas categorias de melhor filme, direção, ator coadjuvante (Lucas Hedges), atriz coadjuvante (Michelle Williams) e roteiro original. Direção: Kenneth Lonergan

(Manchester by the Sea, EUA, 2016, 137min). 14 anos. Estreou em 19/1/2017. Redemoinho O diretor do seriado Justiça estreia no longa-metragem focando o drama, ao mesmo tempo explosivo e singelo, na amizade de dois amigos que o tempo afastou. Nos papéis principais, os excelentes Irandhir Santos e Júlio Andrade. Direção: José Luiz Villamarim (Brasil, 2016, 100min). 14 anos. Estreou em 16/2/2017. Toni Erdmann Indicada pela Alemanha ao Oscar de melhor filme estrangeiro, a comédia dramática, extremamente longa (quase três horas) e de difícil arrancada, mostra a reaproximação de pai e filha com humor ora ácido, ora deslocado. Direção: Maren Ade (Alemanha/Áustria, 2016, 162min). 16 anos. Estreou em 16/2/2017.

O QUE VEM AÍ Mahershala Ali (foto) concorre, no domingo (26), ao Oscar de melhor ator coadjuvante por Moonlight — Sob a Luz do Luar, que está em préestreia e tem lançamento na quinta (23). No mesmo dia, chegam às telas duas produções badaladas: A Grande Muralha, com Matt Damon, e A Lei da Noite, estrelada por Ben Affleck.

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Kennedy, em 1963. A “radiografia” enxuta consegue trazer à tona os confusos sentimentos que tomaram conta de Jackie, brilhantemente interpretada por Natalie Portman, candidata ao Oscar de melhor atriz. No páreo também para melhor figurino e trilha sonora. Direção: Pablo Larraín (Chile/França/EUA, 100min). 14 anos. Estreou em 2/2/2017.

filmes nos cinemas em vejasp.com/cinema


FILMES

Os mais bem avaliados* 2

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LA LA LAND — CANTANDO ESTAÇÕES O estupendo musical traz a história de amor e sonhos de uma aspirante a atriz (Emma Stone) e um pianista de jazz (Ryan Gosling) em Los Angeles. Livre. Estreou em 19/1/2017.

EU, DANIEL BLAKE Após sofrer um infarto e ser impedido de voltar ao trabalho, um senhor viúvo é obrigado a cumprir uma série de exigências burocráticas para conseguir os benefícios do governo. 12 anos. Estreou em 5/1/2017.

LION — UMA JORNADA PARA CASA Um garotinho indiano se perde do irmão e chega a Calcutá. Lá, vai parar num orfanato, após passar fome e apuros nas ruas. Drama indicado a seis prêmios no Oscar. 12 anos. Estreou em 16/2/2017.

A QUALQUER CUSTO Dois irmãos (Chris Pine e Ben Foster) roubam pequenas agências bancárias de vilarejos no Texas. Mas um ferrenho homem da lei está com muita disposição para caçá-los. 14 anos. Estreou em 2/2/2017.

LEGO BATMAN — O FILME Na divertida animação feita com as peças de Lego, Batman fica contrariado por não ser o único salvador de Gotham City. Para piorar, o Coringa tem um plano para dominar a cidade. Livre. Estreou em 9/2/2017.

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A CRIADA Um vigarista convence uma jovem coreana a se empregar na casa de uma japonesa rica. O plano é persuadir a herdeira a se casar com ele e, assim, escapar do tio interesseiro. 18 anos. Estreou em 12/1/2017.

O APARTAMENTO Ganhador dos prêmios de melhor ator (Shahab Hosseini) e roteiro em Cannes, o filme foca um casal que sofre depois de a mulher ser agredida por um estranho em casa. 14 anos. Estreou em 5/1/2017.

ATÉ O ÚLTIMO HOMEM Em 1945, um jovem adventista (Andrew Garfield) se alista no Exército para ajudar seus compatriotas que lutam no Japão. Mas o rapaz recusa-se a pegar em armas. 16 anos. Estreou em 26/1/2017.

TOC — TRANSTORNADA, OBSESSIVA, COMPULSIVA Muito divertida, Tatá Werneck interpreta uma atriz, superexposta na mídia, que encara uma crise profissional. 14 anos. Estreou em 2/2/2017.

EU NÃO SOU SEU NEGRO Por meio dos textos do ensaísta e escritor James Baldwin, o documentário faz um explosivo e contundente registro da condição dos negros, sobretudo na década de 60. 12 anos. Estreou em 16/2/2017.

FOTOS DIVULGAÇÃO

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* que estrearam nos últimos dois meses

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PARA VER EM CASA

OSCAR NO SOFÁ

HABIB MAJIDI

Na Netflix O serviço de streaming também

Com menos de dois meses de sua estreia nos cinemas e ainda em cartaz no Caixa Belas Artes, O Apartamento já é oferecido no NOW, com aluguel a R$ 11,90. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o drama do Irã, estrelado por Taraneh Alidoosti e Shahab Hosseini (foto), é um forte concorrente ao prêmio. Também chegou recentemente às plataformas digitais Kubo e as Cordas Mágicas, no páreo para melhor animação. A produção americana de belos traços orientais está disponível no Google Play (R$ 6,90), Looke (R$ 9,99), NOW (R$ 11,90) e iTunes (US$ 4,99).

tem filmes candidatos ao Oscar. São três documentários, todos produzidos pela Netflix. O principal é A 13ª Emenda (foto), um registro de como a escravidão gerou um sistema de criminalização dos negros nos Estados Unidos. O filme, que disputa o prêmio na categoria de longa-metragem, é dirigido pela cineasta e ativista Ava DuVernay. Entre os curtas, Extremis invade hospitais para mostrar o dilema de médicos diante de pacientes terminais. Igualmente dramático, Os Capacetes Brancos acompanha uma equipe de resgate na guerra civil da Síria.


CRÔNICA Ivan Angelo | ivan@abril.com.br

Ouvindo Minas uvir certas palavras é ouvir Minas. Para um mineiro que mora longe dos seus lugares, elas funcionam como uma visitinha. Minas é linguagem. Ouvir dizer, por exemplo, de passagem, que alguém aprumou, ou está aprumado. É Minas. Significa que a pessoa está bem de vida, ficou de pé. Certo uso de “agarrar” como verbo auxiliar: agarrou ler e esqueceu da vida; esse menino agarra a chorar e não para. Isso dá à ação do verbo que é auxiliado um visgo, um grude: não larga. É Minas. Quer um vocativo mais queridinho, um modo de pedir a atenção de uma pessoa mais meigo do que “aqui”? É como eles dizem, dizemos: aqui, onde cê tá morando? Aqui, cê vai lá hoje? Algumas palavras parece que nasceram lá ou, se não é isso, desistiram de se mostrar em outro lugar. Balangar. O bêbado veio balangando. A manga ficou balangando no vento, cai não cai. Espandongado. É bagunçado, espalhado. Ladrão entrou na casa, deixou tudo espandongado. Desgadanhada. É desgrenhada, desguedelhada. A mãe não cuida, essa menina vive desgadanhada. Fuxicada. É amarrotada. Roupa fuxicada, amassada. Toma modo, menina, tá fuxicando a roupa. Sungar. Erguer algo que está caindo. Sunga essa calça, homem! Até coriza se pode sungar: sunga esse nariz, menino! Grila. Jogar para o alto, quem pegar leva. Jogar bala de grila. Babujada. Babada. O copo ou a colher que alguém usou estão babujados. A comida que sobrou no prato está babujada. Trasanteontem. Hoje é quinta?, foi na segunda-feira, trasanteontem, trasantontem, trasantonte. Osga. Uma osga, não vale nada. Expressões com sabor de pão de queijo, não se ouvem de nascidos além da fronteira. De primeiro. Antes, antigamente. De primeiro eu gostava de brovidade (modo de dizer o bolinho que se chama

O

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brevidade), não gosto mais. De primeiro eu ia lá com meu pai. De fasto. Vem de fasto. Recua, vem de costas, vem de ré. O carro veio vindo de fasto e bateu no muro. Em antes. Antes. Em antes de conhecer chuveiro nunca tinha tomado água na cacunda, só de chuva. Cacunda. É o alto das costas, corruptela de corcunda. Demais da conta. Além dos limites. Menino levado demais da conta. Tomar modo. Comportar-se. Toma modo, menino. E tanto; e tanta. É fração: 1 quilo e tanto. Que horas são? Oito e tanta. Indica também sobra de qualidade: é um trabalhador e tanto; é um rapaz e tanto. Palavras que todo mundo usa e que mineiro usa diferente. Pedindo. É um modo de perguntar o preço. Quanto cê tá pedindo nessa sandália? Tem variante: querendo. Quanto é que cê tá querendo nela? (É jeito sutilíssimo de dizer, de antemão, que não é o que a coisa vale, é o que o vendedor quer.) Mexer. Trabalhar. Cê mexe com quê? Cê tá mexendo com quê? Tô mexendo com isso mais não. Bobo. Não é insulto, é carinho, quando vem no fim da frase. Liga pra isso não, bobo; escreve pra ela, bobo; come um pouquinho, bobo; deixa pra amanhã, bobo. Bombeiro. É encanador. Chama o bombeiro para consertar essa pia. Palavras há que vieram nas naus, subiram montanhas atrás de ouro e ficaram por lá, residentes. Unto. É banha, gordura para cozinhar. Encontro o substantivo num livro de receitas do século XVI, e em Minas ainda se usa. Já o verbo, untar, é comum. Mantimento. São alimentos. Estou sem mantimento, preciso comprar. Sacudido. Homem forte, sacudido; moça grande, sacudida. Consoada. Ceia de véspera de Natal. Vem comer a consoada conosco. Regateira. Namoradeira, moça que não serve para casar. Coió. É bocó. Bocó. É coió. Minas é linguagem.




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