PARTE INTEGRANTE DE VEJA ANO 51 - NO 6 NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE TIRAGEM DESTA EDIÇÃO 241 186 EXEMPLARES
vejasaopaulo.com 7 de fevereiro de 2018
ÍNDICE ANO 51 | Nº 6
18 SEÇÕES
FOTOS DIVULGAÇÃO
10 Espaço do Leitor 12 Terraço Paulistano 33 Bichos Áreas livres bacanas para cães 46 Consumo Artigos para curtir o Carnaval 74 Mário Viana
6 O Melhor da Semana 50 Filmes Estreia A Forma da Água 54 Restaurantes Pratos saborosos com camarão 58 Bares O Benzina tem drinques bons e baratos 60 Comidinhas
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CLAYTON VIEIRA
ALEXANDRE BATTIBUGLI
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ROTEIRO
62 Crianças 64 Teatro Marcelo Medici protagoniza musical 68 Shows Paulinho da Viola canta com a filha 72 Exposições
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Novas regras para os aplicativos de transporte na capital causam polêmica entre motoristas
Os blocos de Carnaval se profissionalizam, batalham por patrocínio e viram empresas milionárias
Drinques coloridos e refrescantes, entre eles o porto-tônica do Brasserie des Arts, são a aposta dos bartenders para o verão
Neto de relojoeiro, Augusto Fiorelli cuida da manutenção de doze relíquias paulistanas movidas a corda
Especial Educação: as novidades dos principais colégios e o investimento das escolas de idiomas em tecnologia
Foto de capa: Alexandre Battibugli
O MELHOR DA SEMANA
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sáb dom seg
P.F. CHANG’S A rede de cozinha asiática comemora o Ano-Novo chinês com receitas especiais, entre elas o frango ao molho adocicado e picante. Pág. 57
FERDI MORAES
FALA SÉRIO, GENTE! A escritora Thalita Rebouças leva a série de livros Fala Sério para os palcos. Com muitas paródias musicais e cenas engraçadas, a peça encanta os pré-adolescentes. Pág. 62
COTAÇÕES
CAIO GALLUCCI
➓ Péssimo
Fraco Regular Bom Muito bom Excelente
CARMEN Os atores Natalia Gonsales, Flavio Tolezani e Vitor Vieira brilham no palco do Masp na nova versão da história do amor trágico entre uma cigana e um policial. Pág. 67
SUPER BOWL Bares da cidade, como o Boteco São Bento (acima), exibem a final do campeonato de futebol americano, alguns com promoção de bebidas e shows. Pág. 59
FOTOS DIVULGAÇÃO
SERVIÇOS DE VENDA DE INGRESSOS IC Ingresso.com, ☎ 4003-2330 IR Ingresso Rápido, ☎ 4003-1212 TF Tickets for Fun, ☎ 4003-6464 CI Compre Ingressos, ☎ 2122-4070
MARCOS DUTRA
Os jornalistas de VEJA SÃO PAULO fazem visitas anônimas a restaurantes, bares e endereços de comidinhas. Todas as despesas são pagas pela revista.
LETICIA DE GODOY
VITOR RAMIL O cantor e compositor gaúcho apresenta no Sesc Pinheiros Campos Neutrais, seu 11º trabalho, inspirado em uma região da fronteira do Rio Grande do Sul. Pág. 68
Pagamos as nossas contas
FAIXAS DE PREÇO POR PESSOA Refeição com couvert, um prato de custo médio, sobremesa, água mineral e serviço $ até R$ 100,00 $$ de R$ 101,00 a R$ 150,00 $$$ de R$ 151,00 a R$ 250,00 $$$$ acima de R$ 250,00
O DESMONTE O ator Vitor Placca estrela no Sesc Consolação o monólogo, escrito e dirigido por Amarildo Felix, sobre um homem que enfrenta o fim de um relacionamento. Pág. 66
MARCELO SOARES
CONFLUÊNCIAS Artistas dos estados do Piauí, Pará, Tocantins, Sergipe, Paraíba e Santa Catarina exibem trabalhos em mostra com entrada gratuita no Sesc Interlagos. Pág. 73
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ter qua qui sex IKKOUSHA O novo restaurante da Liberdade é especializado em lámen, o macarrão oriental mergulhado na sopa. Pág. 56
CAIO GALLUCCI
BENZINA É o novo bar da Vila Madalena, tocado pelo mesmo grupo da lanchonete Bullguer. Entre as pedidas boas e baratas está o mai tai, drinque clássico bem refrescante. Pág. 58
JULIO RICARDO
GUANABARA CANIBAL No Sesc 24 de Maio, a peça da Aquela Cia. de Teatro conta a ocupação portuguesa no Rio de Janeiro em confronto com os índios. Pág. 64
SE MEU APARTAMENTO FALASSE... Marcelo Medici protagoniza o musical, dirigido por Charles Möeller e Claudio Botelho, que pode ser visto no Teatro Santander. Pág. 65
CASA MATHILDE Com a abertura de um quiosque no Shopping Higienópolis, a rede de docerias chega a cinco endereços. Pág. 60
CHICHICO ALKMIM O fotógrafo mineiro autodidata tem mais de 300 fotos exibidas no Instituto Moreira Salles. A entrada é gratuita. Pág. 72
MARIA CRISTINA DOCES A doceria portuguesa, há trinta anos na Zona Norte, abriu uma unidade no centro. Uma escolha acertada é a torta papo de anjo, coberta de fios de ovos e amêndoa. Pág. 60
CHICHICO ALKMIM
FOTOS CLAYTON VIEIRA
FERNANDO LEMOS
PAULINHO DA VIOLA O sambista está ao lado da filha Beatriz Rabello no show inspirado nos encontros e desencontros de Carnaval, no Sesc Pompeia. Pág. 68
SEM AMOR Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o drama russo enfoca a desarmonia entre um casal divorciado e a consequência que isso traz ao filho de 12 anos. Pág. 50
Fundada em 1950
VICTOR CIVITA
ROBERTO CIVITA
(1907-1990)
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Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Alecsandra Zapparoli e Giancarlo Civita Presidente do Grupo Abril: Arnaldo Figueiredo Tibyriçá Diretora Editorial e Publisher da Abril: Alecsandra Zapparoli Diretor de Operações: Fábio Petrossi Gallo Diretor de Assinaturas: Ricardo Perez Diretora da CASACOR: Lívia Pedreira Diretora de Mercado: Isabel Amorim Diretor de Planejamento, Controle e Operações: Edilson Soares Diretora de Serviços de Marketing: Andrea Abelleira Diretor de Tecnologia: Carlos Sangiorgio Diretor de Redação: Sérgio Ruiz Luz
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ESPAÇO DO LEITOR CARTAS MENOR PREÇO Vocês podiam fazer essa pesquisa mensal ou trimestralmente (“A rota das ofertas”, 31 de janeiro). Isso incentivaria os supermercados a melhorar os preços para aparecerem na lista.
(“No centro da crise”, 31 de janeiro). A febre amarela mata rapidinho. Francisco Alvarez, via Facebook
Não vale a pena ter preço baixo e falhar no atendimento. Satisfação não é só preço.
TERRAÇO PAULISTANO Ellen Rocche merece tudo de ótimo que está acontecendo na vida dela (“Enfermeira de sucesso”, 31 de janeiro). Adoro vê-la atuar. E, em comédia, está arrasando!
Silvana Fróis, via Facebook
Soninha Marçal, via Facebook
O Zaffari não é nem o mais caro nem o mais barato. Está na média. Mas, pelo ambiente e pelo fato de raramente estar lotado, creio que ainda vale a pena fazer compras nele.
O brasileiro ainda não entendeu que país sem lei é o nosso (“A foto que rendeu prisão”, 31 de janeiro). Os outros cuidam de seus cidadãos, e suas leis são rígidas.
Kalil Imeme, via Facebook
Maurizio Mazzari, via Facebook
SAÚDE Estou fora! Não vou a Mairiporã nem que me paguem um resort seis-estrelas
IVAN ANGELO Apaixonada pelo gênero, ouso dizer que a crônica da semana passada foi a melhor de
Eduardo Bravo, via Facebook
todos os tempos (“Um amor assim”, 31 de janeiro). Uma epifania! Adriana Ustulim
TERRAÇO PAULISTANO João Batista Jr.
O novo lar de Faustão Localizado na Rua Frederic Chopin, no Jardim Europa, um dos edifícios de luxo mais caros do Brasil deve ter as obras encerradas em novembro. Na data, Fausto Silva pegará as chaves de sua cobertura de 1 413 metros quadrados. O imóvel, de três andares, tem piscina exclusiva, vinte vagas de garagem e custa 35 milhões de reais. Na unidade abaixo da do apresentador estará Carlos Jereissati, do grupo Iguatemi, cujo apartamento terá 864 metros quadrados e doze vagas para carros. Também comprou uma unidade por lá o empresário João Paulo Diniz. O prédio, de fachada neoclássica, tem piscina semiolímpica e tubulação de banheiro com isolamento acústico.
GLOBO/RAMÓN VASCONCELOS
O RETORNO DA BOATE UNDERGROUND
Após operar por 22 anos e ser fechada por falta de licenciamento em julho de 2017, a boate A Lôca, na Rua Frei Caneca, deixou uma miríade de baladeiros órfãos. Tinha previsão de reabrir na quinta (1º), no mesmo local, com o nome Aloka, pelas mãos do empresário Felipe Storino. Com investimento de 500 000 reais, a casa ganhou novos pisos e paredes, além de sistema de som. O fumódromo do 2º andar fechou, já o dark room foi mantido.
VERSÃO FILME E EXPOSIÇÃO
DIVULGAÇÃO
12 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
Com autorização para captar 7,5 milhões de reais, a cinebiografia de Hebe Camargo deve ter o roteiro finalizado no mês que vem. Mariana Ximenes e Irene Ravache estão cotadas para viver a grande estrela da TV em fases diferentes da vida. “Queremos rodar o filme neste ano”, diz Claudio Pessutti, sobrinho e empresário da apresentadora. Uma exposição com fotos, filmes, roupas e joias deve ocorrer em 2018 também. Alguns itens, no entanto, não serão exibidos. Os familiares venderam a amigas de Hebe um relógio Chopard cravejado de diamantes e um conjunto de brincos e anel em forma de flor, da Chanel (foto).
ALEXANDRE BATTIBUGLI
A explosão do cachê Do alto de seus 20 anos, 1,50 metro e sutiã tamanho 58, a funkeira carioca Jojo Todynho viu seu cachê inflacionar nos últimos meses. A cantora do hit Que Tiro Foi Esse cobrava 4 000 reais por show até dezembro. Em janeiro, o valor subiu para 10 000. Depois do Carnaval, ela vai pedir 30 000 reais. Jojo faz toda sorte de evento. Aqui em São Paulo, veio cantar na academia Les Cinq Gym, nos Jardins, na última terça (30). Tamanho sucesso rendeu convite para integrar o elenco de A Vila, série do Multishow. “Trabalho de domingo a domingo. Só tenho a agradecer”, diz a cantora. FELIPE FITTIPALDI/VEJA RIO
REFORMA PELO WHATSAPP
BELEZA IRRETOCÁVEL
Moradora de Perdizes, Sabrina Sato se muda em abril para os Jardins, quando terminam as obras de sua cobertura de 619 metros quadrados, projetada pelo premiado Arthur Casas. A apresentadora mandou fazer um estúdio de fotografia, para se deslocar menos na cidade. “Como quase não tenho tempo, decidi muita coisa da obra pelo WhatsApp”, brinca ela.
Dona do título de Miss Teen Universo 2017, a paranaense Emily Garcia, de 16 anos, mudou-se para São Paulo em janeiro. Veio tentar a sorte como modelo e encontrou um obstáculo. “Um booker pediu que eu cortasse o cabelo e perdesse peso”, diz. “Não aceitei, a minha beleza comercial tem apelo.” E como. A menina “desconhecida” soma 490 000 seguidores no Instagram. Contratada pela agência Mega, ela faz cursos de inglês, de canto e de dança. “Também vou à academia todo santo dia.” LEO MARTINS
Sansão nas Arábias Uma vez por mês, o médico tricologista Luciano Barsanti vai à Europa realizar tratamentos para fazer crescer o cabelo de jogadores como David Luiz, do Chelsea, e Bernard Duarte, do Shakhtar. Devido à demanda da clientela local e sobretudo dos Emirados Árabes, Barsanti decidiu abrir uma clínica em Dubai, em maio. “Serão quatro andares”, conta. “O governo de lá me convidou, pois quer fazer da cidade um centro de turismo medicinal.” Aqui em São Paulo, Barsanti cobra 5 000 reais por doze sessões de tratamento em sua clínica, em Moema. Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018 13
OS APPS DA DISCÓRDIA A prefeitura começa a fiscalizar motoristas de aplicativos de transporte, mas flexibiliza as regras após sofrer pressão dos envolvidos Rosana Zakabi obrigatoriedade de o carro ser emplacado na cidade de São Paulo e a limitação da idade veicular (de oito anos para automóveis cadastrados até julho de 2017, e de cinco a partir dessa data) viraram nesta semana motivo de guerra entre a prefeitura, os aplicativos de transporte e outros envolvidos na questão. Os dois pontos fazem parte das novas regras impostas pela gestão Doria a empresas como Uber, 99, Easy e Cabify. De um lado estão os motoristas associados às companhias, que acham inviável cumprir essas medidas. “Um profissional da região metropolitana não consegue se manter na rua sem atender a capital. Também lhe faltam recursos para trocar de carro a cada cinco anos ou menos”, afirma Marlon Luz, vicepresidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Estado de São Paulo (Amasp). Em outra ponta, os taxistas, que acusam as empresas de praticar concor-
A
rência desleal — na cidade, são 40 000 táxis, contra 140 000 motoristas de apps. E há, ainda, os vereadores que ameaçam romper com o governo por acharem que a resolução vai aumentar o desemprego na capital. Diante da pressão, o prefeito sinalizou na manhã de terça (30) que iria flexibilizar esses itens. “Já comunicamos aos aplicativos que vamos ampliar a idade veicular de cinco para oito anos, e estamos estudando se liberamos a circulação dos carros de outros municípios na cidade de São Paulo”, afirmou. As regras estão valendo desde o dia 10, mas a fiscalização, de fato, só começou na segunda-feira (29). Além de definirem sobre as placas e a idade veicular, as novas normas exigem que o motorista passe por um curso de qualificação on-line de dezesseis horas; obtenha um certificado, o CSVAPP, comprovando que o veículo tem seguro contra acidentes e está com a inspeção e a do-
Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018 15
ANTONIO MILENA
O ex-taxista Marcos Bujes: liminar para descumprir um dos itens
Pontos polêmicos Os itens nos quais a prefeitura encontra mais resistência
Marcos Silva entrando em um carro da Uber: maior sensação de segurança
cumentação em dia; mantenha uma ficha com sua identificação visível ao passageiro; e use camisa, calça e sapatos sociais. Quem não as cumprir correrá o risco de ter o carro apreendido, e o app poderá ser obrigado a pagar multa de no mínimo 2 500 reais. Até quartafeira (31), a secretaria não havia divulgado a quantidade de penalidades aplicadas. No fim de 2017, cerca de trinta condutores da Grande São Paulo obtiveram na Justiça liminar para rodar na capital. “Entramos com o pedido assim que soubemos dos planos da prefeitura”, explica o ex-taxista Marcos Bujes dos Santos Silva, 43 anos, um dos que ganharam a autorização. Dono de um Renault Logan 2014 com placa de Guarulhos, ele trabalha como motorista de aplicativos há um ano e meio. Na semana passada, Uber, 99, Easy, Cabify e BlaBlaCar conquistaram uma liminar coletiva com a mesma permissão. Com isso, todos os profissionais associados às companhias conquistaram automaticamente o direito de atuar na cidade, independentemente de onde o veículo foi emplacado. A Uber conseguiu ainda uma ordem judicial que a desobriga de entregar informações de seus parceiros enquanto a secretaria não esclarecer como vai garantir o sigilo desses dados. Outro obstáculo enfrentado pela prefeitura vem da Câmara Municipal. No início da semana passada, o Mo16 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
ALEXANDRE BATTIBUGLI
Idade veicular O projeto original previa que os carros cadastrados depois de julho de 2017 deveriam ter, no máximo, cinco anos. Após sofrer pressão, Doria cedeu e aumentou a idade para oito anos. Placas dos automóveis Motoristas e apps entraram na Justiça contra a decisão de permitir o transporte na capital apenas a carros emplacados na cidade de São Paulo. O prefeito diz que estuda liberar a atividade também a veículos de outros municípios do estado, mas até quarta (31) não havia batido o martelo.
vimento Brasil Livre (MBL) declarou guerra aos projetos do Executivo na casa. O motivo, segundo o líder do MBL, o vereador Fernando Holiday, do DEM, são as regras para os aplicativos. “O slogan da prefeitura na televisão é ‘trabalho, trabalho e trabalho’ e a resolução é ‘desemprego, desemprego e desemprego’ ”, acusou. “Estamos conversando com o MBL, que não é contra a resolução. O que eles querem é que ela seja menos burocratizada, e é assim que estamos fazendo”, contemporizou o prefeito. Mesmo que se entenda com os parlamentares, Doria precisará enfrentar a fúria dos taxistas, que são contra qualquer tipo de regulamentação dos apps de transporte. “Se a prefeitura não suspender essas normas, vamos avaliar se fazemos manifestações a partir da semana que vem”, alertou Natalício Bezerra Silva, presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo. Desavenças à parte, os usuários dos aplicativos veem as medidas com bons olhos. “Se isso não diminuir o número de carros nem aumentar a tarifa, será muito positivo”, acredita o empresário Marcos Paulo Silva, 27, que mora na Água Fria, na Zona Norte, e costuma usar esses serviços para ir ao trabalho e às baladas. “Com certeza, vai aumentar a sensação de segurança do passageiro.” ß
FOLIA LUCRATIVA Estruturados como empresas ou ONGs, os blocos de Carnaval paulistanos atraem patrocinadores, mantêm atividades ao longo de todo o ano e movimentam milhões de reais Ana Carolina Soares e Juliene Moretti m 2015, animados pela recente retomada do Carnaval paulistano, a publicitária Nathalia Takenobu, o administrador de empresas Gabriel Ribeiro e o radialista Armando Saullo decidiram organizar a própria folia. O primeiro passo foi acessar o Google e digitar “como montar seu bloco de rua”. Apareceu o link do edital da prefeitura com as instruções para se engajar na festa. O trio cumpriu os requisitos burocráticos e juntou 9 000 reais para o ano seguinte. Orçamento modesto, que exigiu uma preparação quase artesanal, com a convocação da ajuda de familiares e amigos. A avó de Nathalia, por exemplo, costurou três bandeiras para cobrir o pequeno trio elétrico do desfile de estreia, na Rua Treze de Maio, na Bela Vista. Assim, de forma prosaica, surgiu o Agrada Gregos, que troca as tradicionais marchinhas por discotecagens de pop e funk. “Nossa expectativa era reunir no máximo 2 000 pessoas”, lembra Saullo. No dia marcado, no entanto, uma multidão de 18 000 foliões levou o bloco ao ranking dos vinte maiores da cidade naquele ano. Surpreso com a receptividade, o grupo resolveu profissionalizar-se e abriu uma empresa. Dois anos depois, agora com uma série de atividades paralelas como agenciamento de DJs, festas corporativas, formaturas, casamentos e um plano de expansão para outros municípios, os novos empresários do Carnaval paulistano esperam fechar 2018 com um faturamento de 1 milhão de reais. Só o desfile do dia 10, no Obelisco do Ibirapuera, deve consumir quase 300 000 reais. “Estamos reinvestindo tudo no negócio para manter o bloco com qualidade e gratuito”, diz Ribeiro. Eles não estão sozinhos nessa farra. De lendário “túmulo do samba”, São Paulo tornou-se uma verdadeira mina de ouro do Rei Momo. Desde 2013, quando os cordões começaram a tomar novamente as vias da metrópole, o número de foliões e o faturamento crescem pelo menos 50% ao ano. Desta sexta (2) até o próximo dia 18, 4 milhões de pessoas, das quais 30% são turistas,
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DIVULGAÇÃO
E
O bloco Bicho Maluco Beleza, de Alceu Valença, no ano passado (acima), e Rogério Oliveira, da empresa Pipoca (no detalhe): 400% de aumento no faturamento em cinco anos
LEO MARTINS
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devem seguir os trios elétricos da capital, segundo estimativas da prefeitura. No ano passado, foram 3 milhões de pessoas. Com 476 blocos e 491 desfiles, a festa na rua deve movimentar 408 milhões de reais, 30% mais que em 2017. “O Carnaval tornou-se, de longe, o principal evento da cidade”, afirma o secretário das Prefeituras Regionais, Claudio Carvalho. Até 2017, o campeão por aqui era a Parada LGBT, que reuniu 3 milhões de pessoas e movimentou 100 milhões de reais em sua última edição, em junho. No Brasil, a folia paulistana só deve ficar atrás da festa do Rio de Janeiro, na qual são aguardados 6,5 milhões de pessoas e que tem estimativa de movimento financeiro de 1 bilhão de reais. Nesse clima de confete e serpentina, duas empresas assumiram a comissão de frente do Carnaval de rua paulistano: a Oficina de Alegria e a Pipoca. Ambas mantêm sede em charmosas casas na Rua Madalena, na vila homônima, a dois quarteirões de distância uma da outra. A primeira foi fundada em 2010, pelos empresários Cesar Pacci, Rogério Oliveira e outros sócios. Na época, Pacci gerenciava a ótica da família na Lapa e Oliveira trabalhava em uma administradora de shopping centers. Os dois se conheceram na bateria do Bangalafumenga e decidiram abrir aqui uma filial do famoso bloco carioca. Pouco de-
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ALEXANDRE BATTIBUGLI
Escritório da Oficina de Alegria, na Vila Madalena: produção de quatro blocos
pois, importaram também o Sargento Pimenta, que enfileira hits dos Beatles em ritmo de samba. Além dos desfiles, eles criaram uma escola de percussão. No início, eram cinquenta alunos, que pagavam mensalidade de 200 reais para ensaiar em um galpão na Vila Madalena. “Eu chamava o lugar carinhosamente de espelunca”, ri Pacci. Hoje são 250 batuqueiros, que desembolsam 300 reais por mês por duas horas semanais no Carioca Club, em Pinheiros, com catorze mestres. Alunos são convocados a se apresentar em cinco festas oficiais anuais, em locais como a balada The Week, na Lapa, e conduzem uma série de workshops e eventos corporativos pagos pelas empresas. Na sede, trabalham diariamente cinco funcionários. A diretoria não divulga números, mas, segundo estimativas de mercado, a empresa faturou 3,1 milhões de reais em 2017 e registra crescimento médio anual de 20%. Os desfiles ainda representam a maior fatia desse bolo, rendendo cerca de 1,2 milhão de reais, arrecadado principalmente em cotas de patrocínio junto a empresas como Skol e o site de reservas Booking.com. No total, a turma produz quatro blocos: Sargento Pimenta, que sai neste domingo (4), às 9 horas, na Avenida Brigadeiro Faria Lima; Banga, no mesmo dia e local, a partir das 15 horas; Os Capoeira, também neste domingo, às 11 horas,
na Praça da República; e o infantil Bloquinho, ainda sem definição de data e local. Uma novidade deste ano será a estreia em Ribeirão Preto, no interior do estado. “Também queremos expandir a nossa oficina de percussão para outras cidades do país”, diz Pacci. Em 2012, Rogério Oliveira deixou a Oficina de Alegria para fundar a concorrente. A Pipoca é responsável pela produção dos blocos Bicho Maluco Beleza, de Alceu Valença, e Frevo Mulher, de Elba Ramalho — neste sábado (3), às 11 horas, no Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera; Monobloco, neste domingo (4), às 14 horas, no mesmo local; e Ritaleena, também no sábado, às 14 horas, na Rua dos Pinheiros, e no dia 10, na Praça do Monumento, no Ipiranga. Além disso, a empresa ajuda a captar patrocínio para aproximadamente trinta outros cordões, como Não Serve Mestre e Turma do Funil. E, com uma proposta diferente da vizinha, não limita seus projetos ao Carnaval. Em 2018, vai organizar três grandes eventos de rua com temas variados: um festival de literatura em maio no Ibirapuera, uma festa junina no centro e uma celebração das luzes (semelhante à que ocorre anualmente em Lyon, na França) em setembro, também na região central. “Nosso objetivo é ocupar as ruas, de forma livre, democrática e gratuita”, diz Oliveira. Esse pacote levou a companhia,
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JOÃO BERTHOLINI
Organizadores do Casa Comigo durante ensaio em Pinheiros: cinco festas por ano
com sete funcionários fixos, a crescer mais de 400% nos últimos cinco anos. A estimativa é que os 3 milhões de reais de 2017 se transformem em 7 milhões de reais nesta temporada, graças a patrocinadores como as cervejarias Skol e Heineken e o aplicativo Uber. Há ainda organizações que movimentam vultosas somas de dinheiro, mas garantem estar nessa só pela folia. Maior bloco da cidade em número de participantes — deve reunir 1 milhão de pessoas neste domingo (4), às 15 horas, na Rua da Consolação —, o Acadêmicos do Baixo Augusta é o abre-alas dessa turma. Tudo começou em 2009, em um papo de mesa de bar entre amigos, como o produtor cultural Alê Youssef. Com o passar dos anos, os desfiles conquistaram mais adeptos, atraídos pela presença de artistas consagrados. Neste ano, por exemplo, a programação inclui Maria Rita, Tulipa Ruiz, Leci Brandão e Wilson Simoninha, que abriram mão do cachê. Em 2013, com o sucesso da empreitada, Youssef e seus “ministros” (apelido dos conselheiros) transformaram o bloco em uma organização não governamental (ONG). Segundo estimativas, o custo da festa é de 200 000 reais, bancados pelo patrocínio de marcas como Doritos e Amstel. Todo esse valor é investido apenas no Carnaval, sem lucro para os envolvidos. “Poderíamos ganhar muito di-
JOÃO BERTHOLINI LEO MARTINS
O trio Saullo, Nathalia e Ribeiro, do Agrada Gregos, e o empresário Alê Youssef, do Baixo Augusta (abaixo): recordes de público nos desfiles mais recentes
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nheiro, mas temos uma posição ativista, de ocupação do espaço público, que não combina com o modelo de uma empresa”, diz Youssef. Há quinze anos no asfalto, o Confraria do Pasmado é outro bloco a adotar essa linha. Em seu início, contava com vinte pessoas batucando a custo zero. “A gente tocava nas festas da USP e sonhava sair pela nossa vizinhança, na Vila Madalena”, diz um dos diretores do grupo, o cineasta Eduardo Piagge. Em 2014, transformou-se em uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), sem fins lucrativos. Neste domingo (4), às 13 horas, deve reunir cerca de 30 000 pessoas na Rua dos Pinheiros, a um orçamento estimado em 80 000 reais, incluindo os ensaios ao longo do ano. “Só queremos promover diversão com qualidade”, diz Piagge. Entre os mais novatos nesse mercado, há até quem se assuste com a fama. O Casa Comigo começou sua trajetória de forma singela, em 2013, com trinta fantasiados de noivos e noivas na Rua Beatriz, na Vila Madalena. Dois anos depois, arrastou 25 000 pessoas para o mesmo local, em um evento que custou 50 000 reais. Nesse momento, os organizadores pensaram em encerrar as atividades por causa da expansão além do previsto. Ao contrário, decidiram se profissionalizar e hoje gerenciam um time de 300 colaboradores por desfile. Além disso, promovem cinco festas ao longo do ano. Em 2017, cerca de 700 000 pessoas se espremeram no Largo da Batata para acompanhar o bloco. A passagem deste sábado (3), às 11 horas, pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, custará 100 000 reais, financiados pela cervejaria holandesa Amstel e pela marca de roupas Enfim. “Apesar do crescimento, tentamos manter o clima de celebração entre amigos, sem grandes pretensões”, diz o produtor cultural Raphael Guedes, um dos sócios do negócio. Nessa folia empresarial, existem aqueles que ainda sonham com a posição de destaque no carro alegórico. Criado em 2013 com a proposta de “carnavalizar” hits de Caetano Veloso, o Tarado Ni Você faturou 300 000 reais por aqui em 2017, mas planeja explorar novas terras. “Temos o sonho de fazer uma excursão pela Europa”, diz a empresária Raphaela Barcalla sobre o grupo, que desfila no dia 10, às 12 horas, no cruzamento das avenidas Ipiranga e São João, no centro. Em seu terceiro ano de atividade e com um orçamento de 45 000 reais, o Domingo Ela Não Vai batalha para abrir sua empresa e começar a faturar com eventos. “O plano é formatar uma agência de festas e viver dela”, diz o produtor cultural
ANTONIO MILENA
Pereira e Bueno, do Domingo Ela Não Vai: 45 000 reais para 2018
Rodrigoh Bueno, sócio ao lado de Alberto Pereira Júnior no bloco, que sai no próximo dia 11, às 11 horas, na Avenida 23 de Maio. A festa de rua tomará praticamente toda a cidade. Entre as 32 prefeituras regionais, haverá eventos em 29 áreas, cinco a mais que em 2017. A maior parte deles acontecerá no centro, com 125 desfiles, e na Zona Oeste, com 183. A organização está a cargo da Dream Factory, uma das principais empresas do setor no país, que venceu o chamamento público da prefeitura pela segunda vez seguida. No total, serão investidos 20 milhões de reais, pagos por patrocinadores como a cervejaria Skol, a rede de lanchonetes Burger King, a marca de preservativos Olla, o aplicativo 99 Táxi e a operadora de telefonia Vivo, que bancarão estruturas como banheiros e ambulâncias. Trata-se de um orçamento 30% superior ao do ano passado. Esse patamar está longe do ápice. “O Carnaval de rua de São Paulo tem tudo para se tornar o maior do país nos próximos anos”, diz Luiz Carlos Prestes Filho (sim, filho do líder comunista Luís Carlos Prestes), especialista em economia da folia. ß
SENHOR DOS PONTEIROS Neto de relojoeiro, Augusto Fiorelli é responsável pela manutenção de doze relíquias movidas a corda na cidade Tatiane de Assis hecar as horas em um relógio (e não no celular) virou um hábito démodé. No que depender de Augusto Cesar Sampaio Fiorelli, porém, esse costume jamais será extinto. Desde 1977, o paulistano de 58 anos, nascido no Ipiranga, é o responsável pela manutenção de doze torres com equipamentos analógicos por aqui. “Eles são uma tradição”, afirma Fiorelli. “Imagine seguir o rumo da modernidade e trocar o Big Ben por uma versão digital. Seria como perder uma referência”, continua, efusivo, sobre um dos pontos turísticos mais conhecidos de Londres, inaugurado em 1859. Em terras paulistas, a relíquia mais antiga sob a sua responsabilidade fica em Paranapiacaba, a 64 quilômetros do centro de São Paulo. A estrutura foi erguida em 1898 com tecnologia da marca inglesa Johnny Walker Benson, e precisa ser visitada a cada oito dias para que seja garantido seu bom funcionamento. O xodó de Fiorelli, porém, fica junto ao prédio do Museu da Língua Portuguesa. O relojoeiro cuidou pela primeira vez do maquinário do complexo da Estação da Luz, datado dos anos 50, quando tinha 17 anos. Ele queria descolar uns trocados e ficar perto do avô, de quem herdou o primeiro nome e o ofício. Eles trabalharam e subiram juntos os 145 degraus da torre até 2008, quando o Augusto ancião faleceu. Sozinho, Fiorelli continuou a tarefa até 2015, ano em que foi novamente surpreendido, desta vez pelo incêndio de grandes proporções no museu. “Estava no terminal da Barra Funda quando a minha mulher me
ALEXANDRE BATTIBUGLI
C
Fiorelli no Museu da Língua Portuguesa: o relógio voltou a funcionar após cinco meses desligado
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Torre de Paranapiacaba, de 1898: a mais antiga sob os cuidados de Fiorelli
ITACI BATISTA/ESTADÃO CONTEÚDO
COMPRAR FOTO
Tique-taque congelado Conheça três equipamentos históricos que estão fora de funcionamento Edifício Salvador Pastore Instalado na Alameda Itu, nos Jardins, o relógio está desligado desde os anos 1970.
Mirante do Jaguaré O maquinário parou em 1968, e uma das faces marca o horário de 1h05.
FOTOS DOUGLAS NASCIMENTO
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Santuário Sagrado Coração de Jesus Depois da parada, em 2017, o aparelho entrou em reforma e voltará à ativa em 2018.
SILVIA ZAMBONI
ligou para dar a notícia, e eu fui direto para casa, na Freguesia do Ó, acompanhar as imagens pela TV”, lembra. Por sorte, o relógio escapou das labaredas. Em 13 de julho de 2017, ele foi desativado para a primeira etapa de restauração do edifício. No fim do mesmo ano, quando o governador Geraldo Alckmin esteve no local para oficializar a conclusão dessa fase, o aparelho voltou à ativa. A reinauguração do museu, no entanto, está prometida para 2019, com possibilidade de atraso. Por insistência dos pais, Fiorelli chegou a ir para a faculdade e se formou em economia, pela Faap, mas nunca quis trocar os ponteiros pela carreira do diploma. Contratado desde 2004 da empresa MRS, detentora da concessão da malha ferroviária de São Paulo, vai uma vez por semana à Luz. Ele sobe num fôlego só as escadas — o trajeto dura dez minutos. Lá em cima, fica pelo menos meia hora azeitando a estrutura. Primeiro, dá corda numa manivela 150 vezes. O deslocamento faz com que dois pesos, de aproximadamente 80 e 140 quilos, sejam suspensos e garantam o funcionamento perfeito até a próxima visita. No momento da limpeza, ele usa uma escova similar à de engraxate para tirar a poeira antes de aplicar o lubrificante nas engrenagens. Para ajustar a hora, até checa o celular, mas confia mesmo é no acessório de pulso, da marca Seiko. “O que ninguém conta é que os aparelhos mecânicos de bolso podem funcionar até 150 anos. Não tem pilha nem digital que dure isso aí.” Seguindo a tradição dos guardiões das horas, minutos e segundos, Fiorelli não pretende parar tão cedo. Antecessor da família no cargo, Júlio Müller só deixou o posto perto dos 90 anos. “Tenho orgulho do meu trabalho. Ao regularem o tempo, os relógios se relacionam com a vida”, filosofa. Entre os seus sonhos está voltar a ver tinindo o exemplar no alto da Paróquia Santuário Sagrado Coração de Jesus, em Campos Elíseos, fora de funcionamento desde o segundo semestre de 2017 (veja no quadro ao lado outros modelos parados). “Fiz manutenção ali de 1982 a 2008, e isso cria um elo importante.” ß
BICHOS
PASSEIO AO AR LIVRE Para curtir o verão, selecionamos três endereços bacanas com áreas a céu aberto voltadas para os cães. Confira. > Parque Buenos Aires: em uma região queridinha pelos donos de cachorros, conta com um disputado pedaço de terra batida cercado, todo sombreado por árvores. Há bebedouros adaptados. Avenida Angélica, 1500, Higienópolis. 6h às 20h. > Parque Villa-Lobos (foto): o espaço de 350 metros quadrados é ideal para a sociali-
zação de cães, que podem correr soltos e brincar entre os obstáculos. Divide-se em uma parte para os animais de tamanho grande e uma outra para os de pequeno e médio portes. Avenida Professor Fonseca Rodrigues, 2001, Alto de Pinheiros. 5h30 às 20h. > Praça Ayrton Senna do Brasil: em frente ao Parque do Ibirapuera (também uma ótima opção para os pets), a área cercada chamada Petz Park acaba de ser revitalizada. Traz circuito de agility e bebedouros. Rua Curitiba, 290, Paraíso. 8h às 22h.
PARA BOTAR SEU CÃO NA RUA Neste sábado (3), das 14 às 20 horas, a rede de cosméticos The Body Shop organizará o BloCÃO em frente a sua loja da Vila Madalena (Rua Harmonia, 373). A folia de Carnaval, em que as mascotes serão bem-vindas, terá a condução da DJ Jana Rosa. Haverá bandanas e petiscos para os peludos, além de comidinhas, purpurina e bottons para os donos.
REPRODUÇÃO INSTAGRAM @JORGE_THEBULLDOG
MEU PET Bonzinho e carinhoso, o buldogue inglês Jorge, de 11 meses, aproveitou o calor para passear com sua dona, Laura, no Beco do Batman, na Vila Madalena. > Para participar, marque #vejasp no retrato publicado no Instagram e fique ligado. Pode ser um clique só do animal de estimação ou do dono junto da mascote.
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Carolina Giovanelli
Classe no Salesiano: caixa de areia high-tech para ensinar geologia
AULAS HIGH-TECH De realidade aumentada a projeto com a Nasa, as novidades nos colégios particulares para cativar pais e alunos Vinicius Tamamoto
ara se destacarem no mercado, os melhores (e mais caros) colégios da capital investem pesado em atividades que extrapolam o currículo básico. O objetivo é atrair o olhar dos pais e manter a atenção do aluno da chamada geração Z, nascida de 2000 a 2010. No ano passado, o Dante Alighieri, nos Jardins, passou a fazer parte do projeto Missão XII, sobre ciência espacial. A iniciativa envolveu todos os integrantes do 7º ano, estudantes de escolas públicas e até a Nasa, a agência espacial americana. Os jovens foram desafiados a pensar em maneiras de levar o homem a viver em Marte. Para isso, montaram protótipos com o objetivo de ajudar nas pesquisas. A proposta do grupo vencedor, intitulada “Cimento espacial”, investigou como a microgravidade afeta o processo de
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solidificação de uma mistura de cimento e plástico verde. Ainda neste semestre, uma amostra do experimento seguirá em um foguete para o espaço, onde será manipulada por um astronauta. Depois, voltará à Terra para ser analisada. A hipótese é que os materiais se comportem de forma semelhante nos dois planetas. “Achei muito legal, nunca imaginei participar de um projeto com a Nasa”, orgulha-se a estudante Laura D’Amaro, de 13 anos. A partir de 2018, a instituição contará com um total de 49 cursos eletivos, de botânica a mercado financeiro. Para Sandra Tonidandel, coordenadora-geral da entidade, é importante que os jovens possam desenvolver habilidades individuais. “Quando eles fazem aquilo de que gostam, assumem o protagonismo no processo de criação”, analisa. Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018 35
LEO MARTINS
ESPECIAL EDUCAÇÃO
Porto Seguro: aulas inspiradas no YouTube
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ESPECIAL EDUCAÇÃO
Nesse mesmo embalo, o Bandeirantes, na Vila Mariana, aposta em uma atividade totalmente desvinculada da nota. No programa chamado Being Innovative and Producing Something New (ser inovador e produzir algo novo), adolescentes se matriculam voluntariamente para solucionar, por meio da criação de um protótipo, um problema proposto por eles mesmos. Na terceira e mais recente edição da atividade — inspirada em oficinas de inovação utilizadas por instituições e empresas do naipe do Google e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) —, os inscritos projetaram objetos que os ajudassem a sobreviver em uma ilha deserta após a queda de um avião. “O aluno se sente motivado”, afirma José Ricardo Lemes de Almeida, coordenador de ciências da escola. “Ele precisa ampliar sua visão para conseguir solucionar a questão.” A tecnologia se mostra outro recurso pedagógico bastante empregado pelos colégios de ponta da capital. No Salesiano, em Santa Teresi-
ESPECIAL EDUCAÇÃO
RICARDO D’ANGELO
Laura, do Dante: “cimento espacial” viajará de foguete
nha, uma equipe de professores criou um dispositivo que utiliza realidade aumentada para o estudo de formações geológicas, relevo submarino, curvas de nível, erupções vulcânicas e catástrofes naturais. Batizada de Dom Box, trata-se de uma caixa de areia high-tech que tem como base um programa da Universidade da Califórnia. A estrutura utiliza um software de código aberto e um sensor de movimentos, que reconhece a topologia da areia e suas alterações. “Assim, vê-se o que acontece ‘na prática’ e a resposta ao conhecimento é certeira”, avalia o coordenador de tecnologia Felippe Zancarli. A curiosidade das crianças pelo ambiente digital motivou o Visconde de Porto Seguro, no Morumbi, a promover no ano passado um curso de produção de vídeo. Apelidada de Kids Tube, a iniciativa consiste em uma espécie de aula sobre como ser youtuber. São apresentados a alunos entre 8 e 10 anos os fundamentos
básicos da criação de vídeo, entre eles captação de imagem e edição. Como o YouTube sugere que apenas maiores de 13 anos mantenham um canal no site, o colégio lançou uma plataforma interna para os pequenos publicarem conteúdo de maneira segura. “Eles aperfeiçoam a escrita construindo os roteiros, passam a se expressar com mais desenvoltura e percebem que organização é fundamental”, explica Tiago Soares, coordenador de tecnologia.
Bandeirantes. Rua Estela, 268, Vila Mariana. Mensalidade a partir de 3 604 reais. Dante Alighieri. Alameda Jaú, 1061, Jardim Paulista. Mensalidade a partir de 2 779 reais. Salesiano. Rua Dom Henrique Mourão, 201, Santa Teresinha. Mensalidade a partir de 1 053 reais. Visconde de Porto Seguro. Rua Floriano Peixoto Santos, 55, Morumbi. Mensalidade a partir de 2 941 reais. *Valores válidos a partir do ensino fundamental.
Manuela Zanotta, de 8 anos, da Alumni: robô exposto depois na USP
INGLÊS COM GAMES Redes de idiomas da capital investem em tecnologia na sala de aula aem as tradicionais lousas e entram intrincados games e outros recursos tecnológicos. Crianças e adultos matriculados nas principais redes de idiomas da capital têm à disposição plataformas que utilizam desde realidade aumentada até robótica para facilitar o aprendizado. Na Red Balloon, por exemplo, um jogo eletrônico de simulação da vida real inspirado em sucessos como The Sims e FarmVille é a principal novidade. O aplicativo tem uma cidade como cenário, e nela o aluno deve percorrer ruas e entrar em prédios para cumprir atividades. Em um estádio, ele pode escutar uma música em inglês e ser convidado a completar a letra. À medida que avança, ganha móveis para mobiliar uma casa virtual. “Trabalhamos com uma geração que nasceu em um ambiente digital e percebemos a necessidade de interagir dessa forma”, afirma Paula Giannini, responsável pela criação dos materiais didáticos da rede. A chamada “gamificação” também é usada pelo Yázigi, com um programa em que possibilita ao aluno fazer uma viagem virtual por países de língua inglesa, explorando os hábitos culturais de cada local.
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42 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
Vinícius Tamamoto
Um dos pioneiros na área, o CNA passou a contar com lousas interativas em 2007 e, de lá para cá, lançou dezoito aplicativos para tablet e celular. O mais famoso deles consiste em uma plataforma que engloba diversos recursos, como jogos que utilizam realidade aumentada e plantão de dúvidas on-line com professores. Nessa seara, há até caneta que fala. Lançado em 2011 pela Wizard, o instrumento “lê” palavras quando é passado sobre um livro, auxiliando na compreensão de sua pronúncia. Recentemente, o uso da tecnologia foi intensificado para alguns alunos da rede. No curso Interactive, é possível fazer exercícios por meio de um tablet conectado a um sistema que permite ao professor acompanhar a evolução do estudante. Seguindo a mesma linha, a Cultura Inglesa lançou no ano passado o My Guide, um guia de estudos on-line em forma de aplicativo. Nele é possível revisar conteúdos sem a necessidade de recorrer a muitos livros didáticos. Sucesso da empresa, a plataforma teve mais de 22 000 downloads desde o lançamento. “Os alunos
RICARDO D’ANGELO
ESPECIAL EDUCAÇÃO
ANTONIO MILENA
Jogo da Red Balloon inspirado em The Sims: tarefas em cidade virtual
gostam principalmente porque não perdem aula mesmo se faltarem”, afirma o coordenador acadêmico da rede, Rubens Heredia. No caso das crianças e dos adolescentes, o recurso disponibiliza também uma função de leitura em português para que os pais acompanhem a evolução do filho. Além de terem as aulas na ponta dos dedos, os alunos podem aprender pondo a mão na massa sem deixar de lado a tecnologia. A proposta da Alumni para a garotada de até 13 anos é incentivá-la a criar um protótipo enquanto se comunica na língua inglesa. Em uma das atividades recentes, os alunos aprenderam princípios de geometria e hidráulica para montar um robô. O instrumento funcionou tão bem que foi exposto em uma feira de invenção e criatividade da USP em março do ano passado. Em outra proposta, parecida com os jogos de desafios como o Escape 60, eles tiveram de construir um rádio, com o objetivo de disparar uma sirene para ser “salvos” da sala onde estavam confinados. “A criança conquista vocabulário maior a partir das vivências”, acredita a advogada Cibele Costa Zanotta, mãe de uma das alunas da escola. ß
APRESENTA
O MAIOR CIRCUITO DE ARVORISMO DE SÃO PAULO Open Mall The Square inaugura parque da modalidade com 51 pontes, seis trajetos e 12 metros de altura ara várias pessoas, arvorismo é uma caminhada rápida e bucólica por uma ponte suspensa de madeira no meio de uma floresta. A atividade, no entanto, pode ficar muito mais divertida. No próximo sábado, 3, será inaugurada a maior atração do tipo em São Paulo, na Feira da Praça do The Square, shopping ao ar livre na Granja Vianna. Trata-se do Gigantos, um circuito com 12 metros de altura e 51 tipos de obstáculo, quase metade deles inédita no Brasil. Concebido pela MSV Adventure, o brinquedo teve o design inspirado em um projeto semelhante erguido em Montreal, no Canadá. Os desafios incluem paredes de cordas, túneis de madeira e gangorras. “Há seis níveis de dificuldade, incluindo uma rota que pode ser superada mesmo por quem não tem experiência”, afirma Vinicius Martins, diretor da MSV. O caminho mais simples leva cerca de vinte minutos para ser completado. Os ingressos custam de 25 reais (um percurso) a 90 reais (seis). Estão inclusos nesses valores uma sessão de instruções e equipamentos de segurança como capacete e luvas. Existem no The Square boas opções de programa para quem deseja esticar o passeio ou aproveitar o tempo enquanto os filhos se divertem. O Gigantos foi construído em uma praça onde acontecem shows ao vivo todos os fins de semana. O local possuiu também vários bares e restaurantes, além de sete salas de cinema, inclusive uma IMAX.
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> SERVIÇO Open Mall The Square. Rodovia Raposo Tavares, km 22, Granja Vianna, ☎ 2898-9595. 13h/20h (sábados e domingos). De R$ 25,00 a R$ 90,00. Rec. a partir de 6 anos. www.openmallthesquare.com.br 44 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
PONTE SINUOSA Desafio relativamente fácil, mas que exige bastante equilíbrio e atenção
PAREDE DE CORDA Nesta hora, o praticante tem a sensação de escalar a parede de um navio
FOTOS LEO MARTINS
As atrações do The Square para o público infantil no período Entre os dias 3 e 18 deste mês, nos sábados, domingos e feriados, acontece no Open Mall The Square a sétima edição do Carnaval das Crianças, uma das festas mais animadas de São Paulo para o público infantil. Em 2018, a programação especial do shopping ao ar livre inclui bandas executando marchinhas clássicas do repertório momesco, apresentação da bateria da escola de samba Unidos do Peruche e desfiles dos tradicionais bonecos de Olinda (foto). O evento tem entrada gratuita e uma promoção especial: todas as crianças que comparecerem fantasiadas ganharão um ingresso de cinema (confira a programação completa no www. openmallthesquare.com.br). Enquanto acompanham os filhos, os pais e demais adultos presentes também podem se divertir. No espaço que concentra as atividades, há uma série de estandes de gastronomia, de cervejas especiais e de produtos diferenciados da Feira da Praça.
TÚNEL DE MADEIRA
ZIG-ZAG Travessia acrobática, é um dos últimos desafios do percurso
DIVULGAÇÃO
Fica 1 metro acima da plataforma, e é preciso engatinhar para vencer o obstáculo
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CONSUMO Bárbara Öberg
AS BOAS COMPRAS
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Roteiro da Semana 50 Filmes 54 Restaurantes 58 Bares 60 Comidinhas 62 Crianças 64 Teatro 68 Shows 72 Exposições
GUEIXAS FLORIDAS
GABRIEL RIBEIRO
O artista paulistano Gabriel Ribeiro colore a cidade com seus lambelambes. Nas obras efêmeras, os rostos de gueixas são descolados e revelam um jardim interior. Depois de ter seu trabalho conhecido por meio das redes sociais, Ribeiro se dedica a um projeto do fotógrafo Gal Oppido e sonha em fazer uma obra gigante em um prédio. Leia mais sobre o artista e outras mostras em cartaz na página 72.
FILMES
Miguel Barbieri Jr.
Sally Hawkins e Octavia Spencer: indicadas ao Oscar
ESTREIAS KERRY HAYES
QUEM É O MONSTRO? A Forma da Água saiu na frente na corrida pelo Oscar concorrendo a treze estatuetas, entre elas as de melhor filme, direção (Guillermo del Toro), atriz (Sally Hawkins) e atriz coadjuvante (Octavia Spencer). Del Toro, mexicano de 53 anos, volta ao universo fantástico da obra-prima O Labirinto do Fauno (2006) numa trama que envolve romance e drama com pitadas de aventura e humor. Realizador estrangeiro numa produção americana, ele cria uma história atraente e visualmente arrebatadora para abordar o
amor entre seres de origens totalmente distintas e com sentimentos iguais. Faz, assim, uma crítica a todo tipo de intolerância e racismo. Sally e Octavia interpretam, respectivamente, Elisa e Zelda, faxineiras de um laboratório secreto no início dos anos 60. Lá, um militar sem freios (papel de Michael Shannon) tortura e quer matar uma criatura aquática encontrada na América do Sul. Pouco a pouco, Elisa, que é muda e solitária, se aproxima do ser exótico e exuberante e, por ele, fica atraída. Direção: Guillermo del Toro (The Shape of Water, EUA, 2017, 123min). 16 anos.
A burocracia no Brasil Fora da caixinha, A Repartição do Tempo traz um sopro de novidade no cenário da comédia nacional. Trata-se de uma crítica ácida e irônica ao funcionalismo público numa história totalmente fantasiosa. Na Brasília da década de 80 (em detalhista recriação de época), o protótipo de uma máquina do tempo é encostado no fictício departamento de patentes e invenções. Lá, os funcionários passam as horas esperando o momento de ir embora, entre eles Jonas (Edu Moraes, na foto), um aspirante a quadrinista. O chefe-vilão (Eucir de Souza) resolve, então, duplicar seus subalternos e prendê-los num porão. Cheio de referências, o filme acaba se atropelando entre tantas (boas e más) ideias, e o desfecho frustra por deixar dúbia sua posição sobre a burocracia brasileira. Direção: Santiago Dellape (Brasil, 2016, 100min). 16 anos.
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ACOMPANHE O CRÍTICO Miguel Barbieri Jr. miguelbarbieri miguelbarbieri miguelbarbieri
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Consulte as salas e os horários em vejasp.abril.com.br/cinema
Sequestro de erros
Michelle Williams e Mark Wahlberg: a mãe conta com a ajuda de um negociador FABIO LOVINO
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Dakota Johnson e Jamie Dornan retornam em Cinquenta Tons de Liberdade, que tem pré-estreia na quarta (31) e chega aos cinemas na quinta (1º). Também será lançado o drama russo Sem Amor, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. EG
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As Aventuras de Paddington, de 2014, foi um sucesso na Inglaterra, seu país de origem, mas passou quase em branco nas bilheterias brasileiras. Caso adultos e crianças não “descubram” sua sequência, Paddington 2 tende a trilhar o mesmo caminho. Tomara que não. Há graça e muita fofura no urso criado, como um filho, por uma família de Londres. Adolescente encantador, Paddington, muito bem dublado por Bruno Gagliasso (atenção: não há cópias legendadas), faz a alegria do bairro e é amigo dos vizinhos. Até o dia em que, acusado de roubar um livro valioso, vai preso. O animal, fruto do ótimo trabalho de animadores, parece ainda mais real, e o roteiro segue a fórmula de uma competente “sessão da tarde”: vilão deliciosamente caricato (o ótimo Hugh Grant), aventura com reviravoltas e humor afiado. Direção: Paul King (Inglaterra/França/EUA, 104min). Livre.
O QUE VEM AÍ
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O URSO CONTINUA FOFINHO
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Ridley Scott tomou uma decisão arriscada. Todo o Dinheiro do Mundo já estava montado quando o diretor resolveu tirar do filme Kevin Spacey, acusado de assédio, e regravar suas cenas com o substituto Christopher Plummer. O tiro não saiu pela culatra. Pouco se percebe a mudança, e Plummer ainda garantiu uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante. O resultado do longa-metragem, contudo, é de altos e baixos. Inspirado em caso real, trata-se do sequestro do neto do bilionário americano Jean Paul Getty (Plummer), em 1973. Levado por amadores de Roma para o sul da Itália, o adolescente (Charlie Plummer) era o xodó do avô, que se recusou a pagar o resgate. Separada do marido e com a guarda dos filhos, a mãe (Michelle Williams) contou com a ajuda do negociador de Getty (papel de Mark Wahlberg) para libertar o garoto. O talento do realizador para construir um thriller pulsante se faz presente. O roteiro, porém, apenas rascunha personagens e situações, dando a impressão de que uma minissérie seria o melhor formato para contar essa história, dinâmica e surpreendente. Direção: Ridley Scott (All the Money in the World, EUA, 2017, 132min). 16 anos.
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FILMES
Candidatos do Oscar na Netflix e...
HEROÍNA(S) Um dos cinco candidatos a melhor documentário em curta-metragem traz à tona uma realidade assustadora. Na cidade de Huntington, na Virgínia Ocidental, os bombeiros atendem a até sete chamados diários de moradores com overdose de heroína.
ÍCARO Diretor e ciclista amador, Bryan Fogel começou o documentário testando anabolizantes em seu corpo para, depois de uma prova na França, fraudar o exame antidoping. Encontrou, porém, o diretor de um laboratório na Rússia, que detonou uma crise em seu país.
STRONG ISLAND Triste e confessional documentário, no páreo para longa-metragem. A cineasta Yance Ford vai fundo para esclarecer o assassinato de seu irmão, ocorrido em 1992. William, estudante negro de 24 anos, foi morto por um mecânico branco, que saiu impune do crime.
...em outras plataformas digitais
O espetacular drama de guerra Dunkirk, indicado em oito categorias, está nas principais plataformas digitais, como NOW, Looke e iTunes. Também disponível em streaming estão os criativos e eletrizantes Corra!, que concorre a quatro prêmios (incluindo melhor filme e melhor ator, para Daniel Kaluuya), e Em Ritmo de Fuga, estrelado por Ansel Elgort. Há ainda duas animações: a
infantil O Poderoso Chefinho e Com Amor, Van Gogh, precioso trabalho que registra uma investigação usando como técnica os traços impressionistas do pintor holandês.
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A lista completa dos indicados ao Oscar e onde podem ser vistos está em vejasp.com/miguel
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RESTAURANTES
Arnaldo Lorençato | alorencato@abril.com.br e Saulo Yassuda
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recomendações da boa mesa em vejasp.abril.com.br/restaurantes
TADEU BRUNELLI
Com alho e salsinha O Arturito foi considerado o melhor restaurante variado na mais recente edição VEJA COMER & BEBER. A chef Paola Carosella prepara delícias como os camarões ao alho com salsinha (R$ 72,00), pescados no Sul fora da época do defeso. Rua Artur de Azevedo, 542, Pinheiros, ☎ 3063-4951. $$$
Com arroz cremoso e batata palha A rede Coco Bambu serve na cidade mais de 10 toneladas de camarão por mês. Na versão internacional (R$ 194,00, para quatro pessoas), ele é grelhado e vem sobre arroz cremoso, ervilha, presunto e batata palha. Avenida Brás Leme, 201, Casa Verde, ☎ 2373-7552. Mais três endereços. $$
Curry tailandês No casarão agradável de decoração oriental do Thai Chef são oferecidas especialidades tailandesas. Kang kiaw wan é o nome dado ao camarão no curry verde com leite de coco, abobrinha, pimentão e berinjela. O prato custa R$ 66,00. Avenida Aclimação, 297, Aclimação, ☎ 2389-4119. $$
Com pimenta e macarrão oriental O Tomates & Bananas se dedica exclusivamente a receitas de camarão. Na versão sichuan, ele recebe tempero de pimenta, alho, gengibre, cenoura, cebola e cebolinha no shoyu. Ao lado de macarrão harussame, sai a R$ 120,00. Alameda dos Nhambiquaras, 1657, Moema, ☎ 5044-3665. $$$
Yakissoba Melhor chinês da cidade por VEJA COMER & BEBER, o Hou Culinária Chinesa faz circular sugestões clássicas em um salão moderno. Uma delas é o yakissoba crocante colorido por legumes e camarão, por R$ 70,00 (para dois). Rua Capitão Manuel Novaes, 203, Santana, ☎ 2976-2559. $ 54 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
MARIO RODRIGUES
FOTOS LIGIA SKOWRONSKI
No cuscuz paulista Dedicado aos pescados, o Amadeus oferece um famoso cuscuz de camarão-branco. Como entrada, em tamanho individual, custa R$ 39,00. A receita também entra no menu degustação do crustáceo (R$ 255,00). Rua Haddock Lobo, 807, Cerqueira César, ☎ 3061-2859. $$$$
BRUNO GERALDI
MARIO RODRIGUES
Do mar > pratos para amantes de camarão
NOVIDADES NOS SHOPPINGS consistente, homus de toque mais ácido e babaganuche com gostinho de defumado. O pão (R$ 3,20) precisa ser solicitado à parte. O michui de peixe traz os cubos de pintado no espeto com cebola e pimentão ao molho de gergelim (R$ 54,20). A próxima filial tem abertura prevista para abril, no Pátio Higienópolis. Shopping Eldorado, ☎ 3031-8411 (166 lugares). 11h30/23h. Aberto em 2017. $ S.Y.
TADEU BRUNELLI
DIVULGAÇÃO
Dona de doze endereços na capital, a marca Almanara continua a conquistar novos territórios em shoppings da cidade. A mais recente abertura foi em novembro, no térreo do Eldorado, em um salão (foto) com capacidade para 166 pessoas. O público, sobretudo o corporativo, ocupa os sofás bordô principalmente no almoço e no início da noite para petiscar o trio de pastas (R$ 36,00), com coalhada seca
No mesmo corredor do Shopping Jardim Sul onde casas como Outback Steakhouse e America fazem sucesso, a Maremonti Trattoria & Pizza abriu sua quarta unidade paulistana. Os 400 metros quadrados englobam o deque e o salão acolhedor, que ganha iluminação mais amena no jantar. Conhecido da clientela, o cardápio traz hits como a pizza de quatro queijos, sem exagero de cobertura (R$ 94,00 a grande). Da linha de pratos individuais, vale pedir o ravióli recheado de costela bovina e banhado por molho de cogumelos (foto; R$ 74,00). Encerre com o tiramisu (R$ 24,00). Shopping Jardim Sul, ☎ 3739-0809 (150 lugares). 11h30/23h (sex. e sáb. até 0h). Aberto em 2017. $$ S.Y. Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018 55
RESTAURANTES
LAMENS NO CALDO DE PORCO De sabor intenso, o caldo da tigela na foto abaixo é chamado de tonkotsu. Típico do sul do Japão, ele é feito com ossos de porco durante quase um dia todo. Daquelas receitas densas, que “enchem” a boca, ela serve de base para a maioria das tigelas de lámen da novíssima Ikkousha, casa que descende de uma rede de matriz japonesa. Preparado no local, o macarrão que vai no caldo tem a forma de fios finos e firmes (o cliente pode pedir uma textura diferente, se desejar). A versão clássica é completada por cebolinha, cogumelo, ovo cozido de gema cremosa e fatias de copa lombo bem macia, entremeadas de gordu-
ra. Custa R$ 32,00. Um pouco mais picante, o chamado tan tan (R$ 33,00) leva o tonkotsu temperado com óleo de gergelim e pimenta mais carne suína moída e acelga chinesa. Mesmo com o serviço na linha corre-corre, típico dos endereços de lámen, dá para petiscar antes o guioza, também de carne suína (R$ 10,00, cinco unidades pequenas). Não há nenhum docinho para arrematar a refeição, mas a casa promete incluir sobremesas em seu cardápio a partir de março. Rua Tomás Gonzaga, 45-E, Liberdade, ☎ 3132-6033, ① Liberdade (40 lugares). 11h/15h e 18h/22h (dom. até 21h; fecha seg.). Aberto em 2018. $ S.Y.
CLAYTON VIEIRA
A tigela clássica do Ikkousha: R$ 32,00
Parece que o verão não assustou os empresários decididos a montar casas de lámen, prato oriental que para muita gente é sinônimo de inverno. Aberto em dezembro, o Tonkotsu Barikote Ramen Maru se resume a um balcão para oito pessoas. Boa parte do público pede o tonkotsu original (R$ 29,00), macarrão com
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caldo de porco, cogumelo orelha-de-pau, ovo, pancetta, cebolinha e gengibre. Para variar, vai bem o donburi, tigela de arroz com frango macio de sabor adocicado (R$ 14,00). Rua José Maria Lisboa, 118, Jardim Paulista, ☎ 3051-4501 (8 lugares). 11h/14h30 e 18h/21h30 (dom. até 21h; fecha seg.). Aberto em 2017. $ S.Y.
Ano-Novo chinês
DIVULGAÇÃO
As fases da lua contribuem para a definição da mutante data do AnoNovo chinês — neste ano, a celebração rola em 16 de fevereiro. A rede P.F. Chang’s entra no clima das festividades e, a partir de segunda (5), oferece um cardápio especial. Disponível até 29 de março, a lista inclui receitas como o general tso chicken (foto; R$ 61,00). A pedida traz pedaços de frango que vão para a panela wok junto de molho adocicado e temperos como pimenta, alho e manjericão tailandês. Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 627, Itaim Bibi, ☎ 3044-0571. Mais um endereço. $$ S.Y.
FESTIVAL DE VIEIRA Um dos lugares certeiros para comer bem na Mooca, o Avenida Café Bistrô mal abriu e já movimenta o salão com festivais. O da vez é devotado à vieira, molusco que percorre a refeição. O menu de quatro etapas, criado pelo chef Ivo Lopes, custa R$ 320,00, mas as receitas podem ser solicitadas separadamente. Um dos pratos traz as vieiras guarnecidas de um mix de quatro musselines ao molho de manjericão (R$ 145,00). O festival vai até o fim do mês. Rua Ibipetuba, 52, Mooca, ☎ 2373-7213. $$ S.Y.
BARES
FOTOS CLAYTON VIEIRA
Saulo Yassuda e Fábio Galib
O velho fashion e o pepperista (ao lado): criações acertadas de Gabriel Santana
DRINQUES COM AGITO O Benzina é um bom lugar para tomar coquetéis. Mas não contemplativamente, comportadinho. Aberto em novembro pela turma da rede Bullguer, esse bar é fervido, embalado por indie rock, e, além de mesas e bancadas, conta com uma espécie de arquibancada para os que preferem se acomodar de maneira mais descontraída. A equipe que trabalha nos balcões — um deles muda de cor quando se repousa nele o copo — é dirigida pelo bartender Gabriel Santana. Após nove anos em Genebra, com rápida passagem por Nova Orleans, o paulistano, que representou a Suíça na final do badaladíssimo concurso World Class 2017, voltou à cidade. Sua carta tem bom preço e todos os drinques provados se mostraram equilibrados, mesmo quando produzidos em série. Uma escolha acertada é o velho fashion (ca58 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
chaça envelhecida, xarope de mel e bitters; R$ 18,00), boa interpretação do old fashioned, que vem no copo aromatizado de canela queimada e com um gelo com o logotipo do bar. Clássico tropical, o saboroso mai tai (rum, limão, xarope de amêndoa e licor de laranja; R$ 18,00) é servido com gelo triturado. Também merece ser pedido o pepperista (R$ 18,00), que mistura gim, limão-siciliano, xarope de baunilha, licor de pêssego e pimentão vermelho, o que confere personalidade à bebida. Assim como alguns festivais, a casa adota o sistema pré-pago. O cliente enche um cartão com créditos e os gasta no decorrer da noite. Pagam-se R$ 5,00 por ele, devolvidos ao freguês que não leva o cartão embora. Rua Girassol, 396, Vila Madalena, ☎ 3031-2008 (170 lugares). 18h/2h (fecha dom. e seg.). Aberto em 2017. S.Y.
MEXIDA NO MENU Destino dos bons para tomar um chope (ou vários!), o Ambar acabou de incrementar o seu cardápio de comes. São novidade, por exemplo, o sanduíche de caponata com mussarela de búfala no pão australiano (R$ 24,00) e o ambar dog (R$ 24,00), com salsicha frankfurt, mostarda e vinagrete de picles — gostoso, ele peca somente pelo pão, que pode vir um pouco seco. Rua Cunha Gago, 129, Pinheiros, ☎ 30311274, ① Faria Lima. F.G.
O SUPER BOWL EM TRÊS BARES Boteco São Bento. As duas unidades vão exibir o Super Bowl em televisões e telões, no domingo (4). Para beber, chope Brahma (R$ 7,99). Rua Mourato Coelho, 1060, Vila Madalena, ☎ 3074-4389; Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 480, Itaim Bibi, ☎ 3074-4389. Kia Ora. No domingo (4), o bar (foto) abre às 18h para a exibição do Super Bowl e show da banda de soul Master Blaster. Na ocasião, o balde com sete garrafas de cerveja Heineken long neck sairá a R$ 66,00. Rua Doutor Eduardo de Sousa Aranha, 377, Itaim Bibi, ☎ 3846-8300.
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The Sailor Pub. Além de transmitir a partida, no domingo (4) o bar no predinho da Faria Lima faz open de cerveja Budweiser até a meia-noite. Os ingressos custam de R$ 39,90 a R$ 54,90. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2776, Jardim Paulistano, ☎ 30444032 e 3811-9793. ÃO AÇ LG
COMIDINHAS Fábio Galib
Centro mais português
DIVULGAÇÃO
Faz mais de três décadas que os proprietários da Maria Cristina Doces vendem seus quitutes portugueses na Zona Norte, onde mantêm uma loja de fábrica (Avenida Água Fria, 1449, Água Fria, ☎ 2953-8552). Pois a marca, que fornece produtos a restaurantes e empórios, chegou em outubro ao centro. Pequeno e jeitoso, o novo endereço fica no Largo do Café, ao lado do Centro Cultural Banco do Brasil. O pastel de nata, de massa crocante (R$ 6,50), faz sucesso por ali, mas há pedidas menos óbvias. É o caso do macio pão de ló regado com ovos moles (R$ 10,00) e do bolo de mel rico, feito de melado de cana, frutas cristalizadas, amêndoa, cacau e noz-moscada (R$ 7,00 a fatia). A torta papo de anjo (R$ 11,00), umedecida por calda de açúcar, vem coberta de fios de ovos e lâminas de amêndoas, e o pudim de claras (R$ 8,00) é leve como se deve. Para acompanhar o expresso de grãos Santa Mônica (R$ 5,50), também vale pedir o quindim (R$ 7,00), bem amarelinho. Rua Álvares Penteado, 188, centro, ☎ 3101-3840, ① São Bento (20 lugares). 8h/19h30 (sáb. até 14h; fecha dom.). Aberto em 2017.
Pastel de nata e outros doces portugueses: da Zona Norte para o centro
A CASA MATHILDE CHEGA A HIGIENÓPOLIS Haja ovo e açúcar! A Casa Mathilde Doçaria Tradicional Portuguesa, que nasceu no centro, ganhou mais um ponto de venda na cidade, e agora soma cinco endereços. O novo quiosque (foto) fica no Shopping Pátio Higienópolis, junto à entrada da Rua Doutor Veiga Filho. Ali se encontram alguns dos ótimos doces da marca, como travesseiro de sin-
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tra (R$ 9,50), pastel de santa clara (R$ 9,50) e, como não poderia deixar de ser, pastel de nata (R$ 8,00). Esse último também é vendido em um combo com uma taça de vinho do Porto por R$ 15,00. Para levar, as areias de cascais (R$ 8,00, 100 gramas), pequenos biscoitinhos amanteigados, desmancham na boca. Shopping Pátio Higienópolis. Não tem telefone.
FOTOS CLAYTON VIEIRA
Prensa francesa: entre os dezessete métodos de extração do Kofi & Co.
CHÁCARA SANTO ANTÔNIO > três bons endereços no bairro Ale Tedesco Bakery. É tarefa das mais difíceis olhar para a vitrine e não ficar tentado a pedir uma fatia do bolo red velvet (R$ 12,00), de camadas perfeitinhas. Rua Américo Brasiliense, 1538, Chácara Santo Antônio, ☎ 5184-0844.
Kofi & Co. São dezessete métodos de extração de café, da prensa francesa ao prosaico coador de pano. Qualquer um deles sai a R$ 8,00 (150 mililitros). Rua Alexandre Dumas, 1518, Chácara Santo Antônio, ☎ 3624-4838.
Teakettle. No charmoso salão são servidas 150 variedades de chá. O cítrico lovers mint, de laranja, menta e chábranco, custa R$ 9,00 no bule de 250 mililitros. Rua Alexandre Dumas, 1049, Chácara Santo Antônio, ☎ 5523-9615.
O CAFÉ DA PALMIRINHA Em dezembro, a apresentadora e culinarista Palmirinha Onofre ganhou um quiosque com seu nome. A Casa Vovó Palmirinha fica na entrada de um prédio comercial da Avenida Paulista e oferece boas trivialidades, como o pão de queijo (R$ 4,50) de casquinha delicada e interior macio. Há ainda alguns docinhos para acompanhar o expresso (R$ 5,00), caso do bolo de cenoura com chocolate (R$ 10,00 a fatia). Avenida Paulista, 1636, Bela Vista, ☎ 2371-1955, ① Trianon-Masp (24 lugares). 8h/20h (sáb. e dom. 10h/18h). Aberto em 2017.
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CRIANÇAS Catherine Barros
TEATRO
Inspirada no livro homônimo de Lina Rosa, a Pia Fraus estreia Bichos Vermelhos. Com teatro de bonecos, a peça aborda como é a vida de animais de diferentes espécies que estão na lista vermelha, ou seja, são ameaçados de extinção. A criançada poderá ver o tamanduá-bandeira, o macaco-prego-galego, o peixe-boi-marinho e alguns outros bichos, que ainda circulam pela plateia (50min). Rec. a partir de 2 anos. Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, ☎ 3095-9400. Domingo, 15h e 17h. R$ 17,00. Até domingo (11).
CAIO GALLUCCI
PEDRO ANDREETTA
Para plateias de 2 a 10 anos
A divertida personagem Malu volta aos palcos em Fala Sério, Gente!. Escrito por Thalita Rebouças, o espetáculo é um apanhado de dramas e conquistas da menina que está crescendo e entrando na tão temida adolescência. O enredo conquista o público com idade a partir de 10 anos e também os adultos da plateia, que se identificam com os conflitos da mãe (60min). Rec. a partir de 10 anos. Teatro das Artes. Shopping Eldorado, ☎ 30340075. Sábado e domingo, 18h. R$ 70,00. Até 25 de fevereiro.
PARQUE
Em funcionamento desde o início de janeiro, o novo Playcenter Family, dentro do Shopping Aricanduva, tem 120 brinquedos — a maioria deles composta de jogos eletrônicos. São justamente as atrações maiores, como a montanha-russa e o barco-pirata que atinge até 14 metros de altura, que fazem mais sucesso. Cada volta custa R$ 6,10, e é preciso ter no mínimo 1,30 metro de altura para entrar. Para subir e descer girando ao redor do mesmo eixo no Diskô (à dir.), o preço sobe para R$ 6,50. Para as crianças de até 1 metro de altura, há o carrossel (R$ 5,90). Shopping Aricanduva, ☎ 2721-6244. Segunda a sábado, 10h às 22h; domingo, 14h às 20h. R$ 0,90 até R$ 20,00 cada atividade. 62 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
FOTOS DIVULGAÇÃO
Playcenter indoor
CARNAVAL
BLOQUINHOS DO FIM DE SEMANA > Para dar início ao Bloco do Bita, uma orquestra de frevo embala as atividades. Depois, o personagem do canal do YouTube e seus amigos apresentam um show em ritmo carnavalesco. Tom Brasil. Rua Bragança Paulista, 1281, Santo Amaro, ☎ 4003-1212. Sábado (10), 16h. R$ 70,00 a R$ 130,00. IR.
> Os fãs da novela Carinha de Anjo curtem um show com personagens como a Irmã Fabiana (Ludmillah Anjos) e a Tia Perucas (Priscila Sol). Depois, rola por lá um bloquinho. Espaço das Américas. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda, ☎ 3864-5566. Sábado (10), 15h30. R$ 80,00 a R$ 220,00.
> O tradicional Bloco Urubózinho, da Freguesia do Ó, promove sua festa com marchinhas famosas em dois dias, pela manhã. Além das fantasias, confetes e serpentinas dão colorido à folia. Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 215, Freguesia do Ó. Sábado (10) e domingo (11), 9h às 11h. Grátis.
> A banda Beatles para Crianças faz uma apresentação diferentona em clima de Carnaval chamada Bloco do Beatles. As músicas do repertório da banda de Liverpool ganham novos arranjos. Vila Butantan. Rua Lemos Monteiro, 206, Butantã, ☎ 3564-8731. Sábado (10), 17h. Grátis.
CIRCO
MÚSICA NO PICADEIRO A dupla de palhaços adorada pela criançada volta ao palco com o Parque Patati Patatá Circo Show. Para arrancarem gargalhadas do público, os personagens da televisão aprontam uma série de trapalhadas misturada com números circenses. O momento mais aguardado pela plateia é a execução de faixas já conhecidas, como Se Você Quer Sorrir, O Ronco da Vovó, O Circo da Alegria e A Dança do Macaco. Mooca Plaza Shopping, ☎ 3548-4537. Quinta e sexta, 20h30; sábado e domingo, 15h, 17h30 e 20h. R$ 50,00 a R$ 120,00. IR. Até 25 de fevereiro. Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018 63
TEATRO
Dirceu Alves Jr. | dirceu.alves@abril.com.br
Malu Rodrigues e Marcelo Medici em Se Meu Apartamento Falasse...: canções conhecidas e humor com o pé no freio
CAIO GALLUCCI
JULIO RICARDO
AS ORIGENS DE UM CARTÃO-POSTAL Para o Rio de Janeiro ser celebrado como cartãopostal, uma parcela de seus habitantes foi exterminada. Montagem da Aquela Cia. de Teatro, o drama Guanabara Canibal toca na ferida do massacre indígena pelos colonizadores portugueses, com base na Batalha de Uruçumirim, em 1567. Liderada pelo governador-geral Mem de Sá, a luta travada na Baía de Guanabara resultou na morte de milhares de tupinambás e na expulsão dos franceses do território nacional. Com dramaturgia de Pedro Kosovski, o espetáculo, dirigido por Marco André Nunes, investiga parte de uma memória ignorada. Durante uma comemoração, uma senhora (papel da ótima Carolina Virguez) narra a um menino (Zaion Salomão) fatos que, para muitos, ficaram soter64 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
rados no passado. Enfática, ela pede ao garoto que a encare e jamais esqueça da sua identidade. Fortes cenas como essa são valorizadas pela iluminação de Renato Machado e ganham o palco em uma trama pulsante que embaralha passado e presente a fim de refletir o estigma das minorias. A montagem evita clichês e postura panfletária. Prova disso é o pungente discurso do colonizador (representado por Ricardo Damasceno), capaz de sublinhar uma possível humanização. Com os atores Matheus Macena e Reinaldo Junior e os músicos Anderson Maia e Pedro Leal David (80min). 14 anos. Estreou em 20/1/2018. Teatro do Sesc 24 de Maio. Rua 24 de Maio, 109, República. Sexta, 21h; sábado, 18h e 21h; domingo, 18h. R$ 30,00. Até o dia 18.
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espetáculos em cartaz na cidade em vejasp.abril.com.br/teatro
AVALIADAS
Solteirão melancólico Como é bonito ver um artista entregar ao público algo diferente do esperado. O ator Marcelo Medici, um dos mais versáteis comediantes da atualidade, aparece assim em Se Meu Apartamento Falasse..., o musical criado por Neil Simon, Burt Bacharach e Hal David com base no filme de Billy Wilder. Sem forçar a graça, o seu Chuck Baxter destila melancolia do início ao final supostamente feliz. Trata-se de um contador de uma seguradora na Nova York dos anos 60. O cara figura como mais um na repartição, praticamente invisível, até começar a emprestar seu quarto e sala para encontros fortuitos dos colegas. Em troca, ele espera ser lembrado em uma futura promoção. Tudo segue na mediocridade até o chefão, Jeff Sheldrake (papel de Marcos Pasquim), precisar do imóvel para desfrutar algumas horas com sua amante da vez. A garçonete Fran Kubelik (interpretada por Malu Rodrigues) é o alvo do garanhão e também a paixão de Chuck. Os diretores, Charles Möeller e Claudio Botelho, construíram uma monta-
gem com a competência habitual, e as muitas canções famosas de Bacharach, como I Say a Little Prayer, ajustam-se facilmente ao elenco e aos ouvidos do público. Se Malu não carrega a dissimulação e o peso que seriam interessantes para a personagem, emprestou uma doçura imprevista a Fran. Pasquim, poupado dos números musicais, convence na pele do chefe mulherengo. Uma contradição no conjunto, no entanto, é a ótima Maria Clara Gueiros. Em uma participação pequena e marcante, a atriz levanta o tom cômico e alivia a dramaticidade com a personagem Marge MacDougall. A plateia ri como nunca de sua parceria com Medici, mas esta parece uma boa peça dentro de uma outra, mais densa e menos debochada. No elenco ainda aparecem Fernando Caruso, Antônio Fragoso, André Dias e outros (160min). 12 anos. Estreou em 21/1/2018. Teatro Santander. Avenida Juscelino Kubitschek, 2041, Vila Olímpia. Quinta a sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 50,00 a R$ 190,00. IR. Até o dia 24.
Guanabara Canibal: os atores da Aquela Cia. de Teatro
ACOMPANHE O CRÍTICO Dirceu Alves Jr.
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TEATRO PROGRAME-SE
CAIO GALLUCCI
Fabi Bang (foto) protagoniza A Pequena Sereia, com estreia prometida para 30 de março. O musical traz a história de Ariel, que vive no mar e sonha com o mundo dos humanos. Os ingressos estão à venda. Teatro Santander. Avenida Juscelino Kubitschek, 2041, Vila Olímpia. R$ 75,00 a R$ 280,00. Bilheteria: 12h/20h. (seg. a dom.). IR.
MONÓLOGOS MASCULINOS
LETI
CIA
GO
DO Y
O Desmonte. Com dramaturgia e direção de Amarildo Felix, o monólogo protagonizado por Vitor Placca pode à primeira vista remeter ao romance A Paixão Segundo G.H. As referências intimistas de Clarice Lispector, no entanto, dão espaço a um contexto social e até político. Um homem fragilizado com o fim de um relacionamento precisa enfrentar um rato que aparece em seu apartamento e proporciona uma série de sensações. Depois do pânico, o personagem, muito bem defendido por Placca, aos poucos percebe que a reavaliação de seus problemas pode começar pelo combate a sua própria inércia. E, dessa forma, o solo se comunica com os dias atuais de maneira surpreendente (55min). 14 anos. Estreou em 15/1/2018. Sesc Consolação — Espaço Beta. Rua Doutor Vila Nova, 245, Vila Buarque. Segunda e terça, 20h. R$ 20,00. Até o dia 27. ELI
66 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
AS
OU ZA
O Homem que Queria Ser Livro. O ator Darson Ribeiro parte de um sofrimento, a morte de sua mãe, para interpretar o monólogo escrito por Flavio de Souza. Em meio a citações de livros e fragmentos de memória, ele dá corpo a um sujeito que construiu sua identidade através de mensagens decifradas na ficção. Tocante, o roteiro mostra uma delicada costura que vai do espanhol Miguel de Cervantes ao compositor Teixeirinha, representado pela canção Coração de Luto na voz de Ney Matogrosso. Ribeiro, por sua vez, fala, na maior parte do tempo, através dos livros, e essa opção faz com que sua dor chegue filtrada ao público e torne o diálogo menos íntimo. Direção de Rubens Rusche (60min). 14 anos. Estreou em 5/1/2018. Teatro da Livraria da Vila Jardins. Alameda Lorena, 1731, Jardim Paulista. Sexta e sábado, 20h. R$ 60,00. Até 4 de março.
AN
RONALDO GUTIERREZ
As seis melhores em cartaz Um Bonde Chamado Desejo. Sob a direção de Rafael Gomes, Maria Luisa Mendonça protagoniza o drama de Tennessee Williams na pele da enigmática Blanche Dubois. Tucarena. Sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 80,00. IR. Carmen (foto). A trágica história de amor entre uma cigana e um policial ganha novo fôlego com a vigorosa direção de Nelson Baskerville. Com Natalia Gonsales, Flavio Tolezani e Vitor Vieira. Grande Auditório do Masp. Sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 50,00. IR. Doze Homens e Uma Sentença. O drama traz uma dúzia de sujeitos com a missão de chegar a um veredicto por unanimidade. Direção de Eduardo Tolentino de Araújo. Teatro Arthur Azevedo. Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 20,00. Baixa Terapia. Antonio Fagundes lidera o elenco da comédia que envolve três casais em crise. Com Ilana Kaplan, Mara Carvalho e outros. Tuca. Sexta, 21h30; sábado, 20h; domingo, 19h. R$ 100,00. IR. Sonho de um Homem Ridículo. O ator Celso Frateschi brilha no monólogo de Dostoiévski. Ágora Teatro. Sábado e domingo, 19h. R$ 40,00. Hebe, o Musical. A alegria da estrela está na peça, assim como seus dramas pessoais. Com Débora Reis. Direção de Miguel Falabella. Teatro Procópio Ferreira. Quinta e sexta, 21h; sábado, 17h e 21h; domingo, 18h. R$ 50,00 a R$ 190,00. IR.
SHOWS
FOTOS LIVIO CAMPOS
Juliene Moretti
Paulinho em família O sambista Paulinho da Viola passou à filha Beatriz Rabello o gosto pelas canções que falam do coração. Em 2016, ela lançou Bloco do Amor, com faixas sobre encontros e desencontros românticos de um Carnaval. Eles sobem ao palco para fazer uma espécie de bloquinho indoor. Sozinho, Paulinho
FESTA BRASILEIRA Em Baile do Baleiro, o cantor e compositor Zeca Baleiro organiza um setlist com suas diversas influências. Entram no roteiro Anunciação, de Alceu Valença, Fio Maravilha, de Jorge Ben Jor, e Fogo e Paixão, de Wando. Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, ☎ 3095-9400. Sábado (10), 21h; domingo (11), 18h; dias 12 e 13, 18h. R$ 40,00.
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mostra Coração Leviano. Com Beatriz, canta Enredo do Meu Samba, de D. Ivone Lara e Jorge Aragão. Ainda tem Foi um Rio que Passou em Minha Vida e Quando Bate uma Saudade. Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia, ☎ 3871-7700. Quinta (8) a sábado (10), 21h; domingo (11), 18h. R$ 60,00.
Inéditas vindas do Sul Depois de sete anos sem lançar um CD de inéditas, o compositor e cantor gaúcho Vitor Ramil apresenta Campos Neutrais, com faixas cheias de poesias bucólicas. Além das composições suaves de autoria própria, como Isabel, há parcerias com Chico César e também versões. Ana, por exemplo, foi feita a partir de Sara, de Bob Dylan. Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, ☎ 30959400. Neste domingo (4), 18h. R$ 40,00.
MARCIO DEL NERO
CARNAVAL RETRÔ
MARCELO SOARES
Em 1972, Chico Buarque convocou Nara Leão e Maria Bethânia para Quando o Carnaval Chegar, trilha sonora do filme musical homônimo, de Cacá Diegues. Nesta apresentação, a obra é resgatada pelos cantores Anelis Assumpção (foto), Pélico e Rubi. Eles se revezam no palco para entoar as catorze faixas, entre elas Partido Alto, Baioque, a animada Frevo e Caçada. Sesc Itaquera. Avenida Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1000, Itaquera, ☎ 2523-9200. Domingo (11), 16h. Grátis.
SHOWS
Indie rock na faixa O quarteto de indie rock paulistano Garotas Suecas faz um divertido bem-bolado com a soul music. Em outubro passado, eles lançaram o seu terceiro álbum, Futuro do Pretérito. Nesta apresentação, com entrada gratuita, o foco da turma estará, porém, nos dois primeiros CDs, Escaldante Banda e Feras Míticas. A trupe também traz versões de músicas carnavalescas. Sesc Interlagos. Avenida Manuel Alves Soares, 1100, Interlagos, ☎ 5662-9500. Domingo (11), 16h. Grátis.
CLEMENTINA NA VOZ DE EMICIDA
TASSIA NASCIMENTO
Depois de esmiuçar a obra de Cartola, Emicida mostra Obrigada, Clementina, homenagem a Clementina de Jesus (19011987), sambista descoberta aos 63 anos, na década de 60. Ela entoava cantigas populares dos escravos, sambas e canções religiosas afro-brasileiras. Ao lado de Magnu Sousá e Murilio de Oliveira (Os Prettos), o rapper mistura no set faixas próprias e da artista. Sesc Santana. Avenida Luiz Dumont Villares, 579, Santana, ☎ 2971-8700. Domingo (11) e dias 12 e 13, 19h. R$ 25,00.
Encabeçado por Décio 7, do Bixiga 70, e sob a curadoria de Roberta Martinelli, o projeto Acorda Amor! reúne canções fortes sobre o sentimento. Luedji Luna (foto), Letrux, Maria Gadú, Xênia França e Liniker dão voz a faixas de Gonzaguinha, com Comportamento Geral, Erasmo Carlos, com Gente Aberta, e Francisco, El Hombre, com Triste, Louca e Má. Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia, ☎ 3871-7700. Neste domingo (4), 18h. R$ 40,00. 70 Veja São Paulo 7 de fevereiro, 2018
ESTÚDIO CRICA
História de amor
JMP SANTIAGO DARYAN DORNELLES
RESGATE MANGUEBEAT Nascida dentro do Manguebeat, com Chico Science e Nação Zumbi, a banda recifense Mundo Livre S/A celebra as duas décadas do álbum Carnaval em Obras. Na mistura do rock com ritmos regionais aparecem Bolo de Ameixa e A Expressão Exata. Sesc Itaquera. Avenida Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1000, Itaquera, ☎ 2523-9200. Sábado (10), 16h. Grátis.
EXPOSIÇÕES
A VIDA EM DIAMANTINA Há mostras que não precisam de muito tempo para envolver os visitantes. É o caso de Chichico Alkmim, Fotógrafo. A poucos passos da porta que dá acesso à exposição, fotos de personagens anônimos, com mais de 2 metros de altura, impressionam quem entra no IMS. É quase impossível, a partir dali, não querer conhecer mais da produção do profissional mineiro autodidata. Francisco Augusto Alkmim (1886-1978) fotografou a vida na cidade de Diamantina (MG) no começo do século XX. Fez uma leitura complexa que abarcava desde o lazer até problemas so-
ciais. Do acervo de 5 000 negativos, o curador carioca Eucanaã Ferraz escolheu cerca de 300 fotos, organizadas em seis núcleos. Uma das seções, por exemplo, apresenta a veia musical do município por meio de um fascinante grupo de foliões. “A sofisticação das fantasias é impressionante. As pessoas estão muito à vontade, e, ao mesmo tempo, perfeitas em suas poses”, comenta Ferraz. Há ainda um sétimo espaço, com um documentário sobre Chichico. IMS. Avenida Paulista, 2424, ☎ 2842-9120. Terça a domingo e feriados, 10h às 19h30; quinta, 10h às 21h30. Grátis. Até 15 de abril.
Um jardim na cabeça Paulistano de 30 anos, Gabriel Ribeiro assina a série de lambelambes Gueixas (à esq.). No tapume do Sesc Paulista, em frente ao Itaú Cultural, por exemplo, é possível observar um conjunto dessas personagens tradicionais que têm a face deslocada. De dentro das mulheres, brotam flores, plantas e borboletas. “Temos uma visão superficial sobre tudo, mas, por dentro, as pessoas são ciclos, como a natureza. Gosto de trabalhar a transformação nas minhas peças”, diz o artista e designer, que exibe suas criações ao ar livre em bairros como Barra Funda, Ipiranga, Pirituba e Liberdade. Além das intervenções, ele está envolvido num projeto multidisciplinar do fotógrafo Gal Oppido sobre arte erótica japonesa. CAROLINA KODAMA
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CHICHICO ALKMIM
Tatiane de Assis
PAULO EVANDER CASTRO FOTOS DIVULGAÇÃO
ARTE PARA SAIR DO EIXO
Em Confluências, são exibidas mais de trinta obras de artistas do Pará, Paraíba, Piauí, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Trata-se da reunião de diferentes braços do projeto homônimo que começou em 2015 para explorar a cena artística além do eixo Rio-São Paulo. Entre os curadores está o paraense Alexandre Sequeira, que destaca a produção do seu conterrâneo Rafael BQueer. É de sua autoria a fotoperformance Alice, o Chá Através do Espelho (acima), clicada num lixão em Belém. Sesc Interlagos. Avenida Manuel Alves Soares, 1100, Parque Colonial. ☎ 5662-9500. Quarta a domingo, 9h às 17h. Grátis. Até 4 de março. Fecha excepcionalmente na quarta (7).
Um ano em pallets O artista argentino Nicolás Bacal faz sua segunda individual na Vermelho. No Brasil, é sua terceira exposição, desta vez com onze obras em exibição. Na fachada, ele raspou a parede em diferentes pontos, mostrando resquícios de outros trabalhos que já ocuparam esse espaço da galeria. No interior, chama atenção um calendário lunar criado sobre doze pallets. A obra, finalizada neste mês, remete às fases da lua em 1986. “Antes, havia feito uma peça similar, referente a 1985, quando nasci. A obra que trata do ano seguinte busca ser uma forma de reflexão sobre a minha infância”, afirma. Galeria Vermelho. Rua Minas Gerais, 350, Higienópolis, ☎ 3138-1520. Terça a sexta, 10h às 19h; sábado, 11h às 17h. Grátis. Até 24 de fevereiro.
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CRÔNICA
Mário Viana | mario@abril.com.br
Napoleões sem trono oda cidade pequena tinha o seu louco de estimação. Era o Zuca, a Zezé ou o Tonho — louco nunca tinha nome de verdade. Circulava pelas ruas arrastando cacarecos, pedindo coisas a quem passava e sempre sendo sacaneado pela molecada. Alguns disparavam palavrões, e ninguém se ofendia. O louco da cidade tinha endereço conhecido, a família já vivia por ali fazia muito tempo; em geral, de maneira muito simples. Eram pobres. Os parentes do louco local nunca eram ricos. São Paulo está longe de ser uma cidade pequena. Há condomínios aqui em que o número de moradores ultrapassa bastante a população de alguns municípios do Brasil. É inevitável que a quantidade de loucos se multiplique ao infinito. Pelo que se nota andando pelas ruas, a presença de pessoas com problemas mentais — os maluquinhos mesmo — aumentou de maneira impressionante. Isso tudo, contou-me a amiga Ruth Helena, tem a ver com o fechamento de várias clínicas onde esses doentes antigamente viviam internados. Li que há correntes que defendem a volta dos manicômios como solução. Tema polêmico. Outra amiga da área da saúde pública disse que, do jeito que estavam, essas clínicas não passavam de depósitos de doentes. Uma espécie de abandono intramuros. É uma sinuca de bico. Soltar por soltar não resolve nada. Prender por prender, muito menos. Existem postos públicos de saúde mental onde os doentes passam o dia, entre conversas, atividades lúdicas e interações sociais. Mas esses locais não dão conta de tanta demanda. Para a maioria dos loucos, viver fora da casinha é um castigo, e não uma gíria.
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Se antigamente o louco de estimação era até divertido, os de hoje são figuras solitárias, que não têm sequer a malícia de batalhar um cantinho protegido para dormir. Pernoitam ao relento, quase no asfalto. Não há a menor graça em ver gente doente abandonada. Cada vez mais parecidos com os drogados que vagam por todo canto, os maluquinhos não têm crianças no encalço — nem adultos. Vivem soltos, monologando nas calçadas, fazendo com que as outras pessoas se desviem deles, temerosas de algum ataque de fúria. Na Avenida Paulista, circulam duas mendigas drag queens, vestidas como bonecas de pano esquecidas no fundo do baú. Abordam as moças — evitam os homens, talvez por medo — e lhes pedem dinheiro. Se não são atendidas, passam a seguir as mocinhas aos gritos. É vexame garantido. Também causam medo os que andam carregando pedaços de pau, lâmpadas e outros objetos. O que podem fazer em momentos de fúria? Até nessa hora funciona o velho preconceito econômico. Temos medo quando eles têm aspecto miserável e relaxamos a guarda quando aparecem bem-vestidos, às vezes até de terno. Foi um desses que atacou um estudante com um taco de beisebol numa livraria da Paulista há alguns anos. Quem anda com fones de ouvido pode nem perceber o desfile de gente falando sozinha ao seu lado. Nem todos são loucos. Alguns apenas conversam pelo celular, o fio discreto pendurado na orelha. Os doentes falam com mais veemência. Quem se liga no papo diz que não é tão sem noção assim. Falam de Deus, de política e do pouso próximo de uma nave alienígena, com mais sentido do que certas conversas telefônicas.