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índice 04 EXPEDIENTE 05 EDITORIAL 06 ENREDO 08 AGRONEGÓCIO 14 SAMBA 18 FANTASIAS 20 HARMONIA 22 COMISSÃO DE CARNAVAL 24 COMISSÃO DE FRENTE 26 BATERIA
28 CAPA 31 MENSAGEM DA LlESA 32 DESFILE 34 RAINHA SABRINA 36 COMUNIDADE UNIDA 38 QUADRA 40 CENTRO ODONTOLÓGICO 42 MUSAS E PRIMEIRA-DAMA 44 TINGA 46 HERDEIROS DA VILA
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47 VELHA GUARDA 50 BAIANAS E PASSISTAS 52 LETRA DO SAMBA 54 GALERIA DE FOTOS 56 SUPERCAMAROTE '!il FEIJÃO 58 GALERIA DE FOTOS 60 ARTIGO NIEMEYER 61 DIVERSÃO 62 AGRADECIMENTOS
Presidente Executivo: Wilson da Silva Alves (Wilsinho)
Diretor das Alas da Comunidade: Edmlson Lopes dos Santos
Vice-Presidente Executivo: Elizabeth de Souza Aquino (D. Beta)
Diretora da Ala das Baianas: Lucimar Moreira dos Santos
Superintendente Geral e Diretora de Atelier: Rita de Cássia da Silva Alves
Diretor da Ala de Passista: Edson Cunha dos Santos
Presidentes de Honra: Wilson Vieira Alves (Moisés) Martinho da Vila Carnavalesca: Rosa Magalhães Historiador: AlexVarela Comissão de Carnaval: Júnior Schall Júlio Cerqueira Evandro Luiz do Nascimento Décio da Silva Bastos Junior Wilson da Silva Alves Direção Geral de Harmonia: Décio Bastos Mestres de Bateria: Paulinho Botelho Wallan Amaral Rainha de Bateria: Sabrina Sato 1° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Julinho e Rute Alves 2° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Diego Machado e Natália 3° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jackson Carlos e Dandara Ferreira DeptO de Administração: Elizabeth de Souza Aquino DeptO de Finanças: Romulo Mello Russo DeptO de Patrimônio: Gilberto Alves da Rocha DeptO Jurídico: Evandro de Araujo Pinheiro Diretor da Ala dos Compositores: Adelson Menezes
Direção da Velha Guarda: Aladyr Xavier Assessoria de Imprensa: Natalia Louise REVISTA DA VILA 2013 Publicação do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel Edição: Natalia LOUlse
Direção de Arte: Renata Maneschy
Reportagem e Redação: Cássia Valadão Natalia Louise Mariana Oliveira Marlon Petter Revisão: Cássia ValadM Fotografia: Diego Mendes Infografia: Felipe Nadaes Brum Tratamento de Imagem: Aliomar Gandra Ricardo Gandra Produção: Elloo Comumcação Agradecimentos: André Diniz Aydano André Motta Fábio Fabato Flavia Oliveira Marcus Vinicius Pratini de Moraes Fabiano dos Santos Ricardo Almeida Delma Barbosa Impressão: Stilgraf Tiragem: 5 mil exemplares
REVISTA DA VILA 2013 • 5
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E mais uma vez, fizemos história. No último carnaval, com um belíssimo enredo sobre Angola e um antológico samba, fomos a escola mais premiada, com destaque para o Estandarte de Ouro de melhor escola e o Tamborim de Ouro na mesma categoria. De lá pra cá, mais conquistas. No campo estrutural, realizamos a obra de acústica na nossa moderna quadra, em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, a qual dedico especial agradecimento. Mas um peso enorme recaía sobre minhas escolhas: como escolher e viabilizar um enredo tão belo quanto o premiado Angola, que pudesse nos render novamente um belo samba? É somente com pessoas certas a nos rodear que tomamos as atitudes corretas. Aqui dedico meu agradecimento as três mulheres da minha vida: minha esposa, Gabriela, por me apoiar nos momentos de angústia e pelo amor incondicional; minha filha, Alice, pelo olhar ingênuo e pelo sorriso que enche o papai de orgulho; e minha mãe, Rita, que dedica sua vida à Vila Isabel, a protetora da nossa agremiação. E, com ajuda delas, acertei na minha decisão. Através de uma ideia simples surgiu outro grande enredo: vamos homenagear o agricultor brasileiro e exaltar o Brasil como o celeiro agrícola do mundo. Nosso patrocinador, ao apoiar uma ideia e não a exposição direta de um produto, construiu com a Vila Isabel um modelo perfeito de relação patrocínio/ carnaval. Um belo enredo só poderia nos proporcionar um belo samba, mas os nossos poetas exageraram: outro samba antológico! Não existem limites para a inspiração dos poetas da Vila. Inspiração herdada de Noel Rosa. Agora cabe aos nossos fanáticos componentes retribuir o presente cantando, com nossa tradicional garra, a grande obra, e mais uma vez emocionando o público com nossa alegria de desfilar. E novamente faremos história. Agora com o título, se os deuses do carnaval quiserem. E eles hão de querer. Vila Isabel, a escola da emoção. Wilson da Silva Alves Presidente Executivo
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Trabalh and o com Rosa Maga lhães pe lo 3° ano consecutivo, Jun ior Scha ll, um dos membros da Comissão de Ca rn aval, sente orgulho de est ar ao lado da maior campeã da Era Sambódromo • "Não tem preço. Deste modo, a Vila Isabel vem sendo pra mim, de fato, uma verdadeira escolà: E vai além, não poupando elogios à carnavalesca: "Ao chegar à Vila, Rosa comprou a briga e mostrou que uma artista como ela não se reinventa, abre o leque': Schall está certo. Com A Vila canta o Brasil celeiro do mundo - fígua no feijão que chegou mais um .. :, enredo da azul e branca para este carnaval, ela novamente deverá surpreender. Isto porque, a simplicidade da vida no campo refletirá na plástica do desfile. Em resposta ao sucesso do tema e ao companheiro de barracão, ela explica como se supera: "Eu realmente faço coisas inacreditáveis. Recentemente criei um cenário de ópera todo branco, bem clean, uma linguagem totalmente diferente da que adotamos no carnaval. O importante é encontrar o fio condutor. Desta vez, na Vila, por exemplo, não explorei muito bordado. A gente vai de acordo com o enredo. Este pede outra abordagem': Mas e o patrocínio, afinal de contas, é um problema, muitos questionam? Para Rosa Magalhães, pode ser bom e/ou ruim: "Não é um assunto papão-papão, queijo-queijo. O viés que escolhemos para desenvolver o carnaval deste ano facilitou bastante o trabalho. Os compositores assimilaram bem o tema, enfim, rendeu bons frutos e espero colher muitos outros. O mesmo posso dizer sobre o enredo do desfile passado, pois Brasil e Angola têm bastante coisa em comum em suas histórias. Já o de 2011, sobre o cabelo, foi difícil achar o fio condutor, mas acho que conseguimos transmitir muitas informações", diz ela, que salienta não gostar mesmo é de merchandising. De maneira bem sucinta, um pouco do jeito Rosa de ser, ela faz um rápido resumo sobre o enredo da Vila para este ano. E acredite, não há como não entender: "Começa de manhã, com o galo cantando e despertando o agricultor para mais um dia no campo, com suas dificuldades, alegrias, a plantação, a colheita, e terminamos a história à noite, quando ele se encontra com a família e os amigos. Vai ser um carnaval muito bonito, cheio de poesià', conclui.
Rosa Magalhies e Alex Varela: autores do enredo da Vila 2013
o pesquisador Alex Varela assina embaixo e dá mais alguns detalhes, ou melhor, conta parte do que veremos no desfile da azul e branca: "Nosso carnaval homenageia o homem do campo, aquele que faz do Brasil um grande celeiro agrícola para o mundo. Contudo, este homem não é só isso. Ele é também um agente cultural. Tem linguagem, culinária e vestuário próprios. O agricultor de hoje é um homem moderno, que explora a tecnologia das máquinas, utiliza os satélites para se informar sobre o tempo, mas mantém sua capelinha, vai às procissões, agradece a Santo Antônio, São Pedro e São João pelas boas colheitas. A partir disto, aliás, surgiram os arraiás, as festas juninas, que só depois chegaram à cidade grande". As modas de viola, claro, comenta Alex, também serão lembradas durante o desfile: "Sim, porque a música é fun damental na vida do agricultor e de sua família. O êxito do que conhecemos atualmente como música sertaneja, que inclusive está conquistando o mundo, tem origem no cam po. Não faltarão momentos emocionantes e divertidíssimos no espetáculo que será levado pela Vila Isabel a Marquês de Sapucaí. Portanto, não deixem de ver a Vila passar. Será um carnaval para se guardar pra sempre na memória".
nre A VILA CANTA O BRASil CELEIRO DO MUNDO - "ÁGUA NO I [IJÃO QUE CHEGOlJ MAIS UM.,,"
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• Foi nos anos 70 do século passado que a agricultura brasileira deu início aos avanços que mudaram o panorama do agronegócio no país. Inovações tecnológicas e alterações no modo de produção deram ao Brasil a capacidade de exportar, num só ano, US$ 100 bilhões em alimentos. Tudo isso, sem deixar de atender o mercado interno. O agronegócio é responsável por quase 30% do Produto Interno Bruto (PlB) nacional. Significa que cada R$ 100 que se produz de riqueza, cerca de R$ 30 vem do meio rural. Tem mais. O setor responde por 28% dos empregos e representa fatia importantíssima da economia dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e da parte Sul do Piauí. Além disso, ajuda a diminuir o saldo negativo que o país acumula com a indústria e o setor de serviços, por exemplo, as viagens internacionais. Marcus Vinícius Pratini de Moraes, exministro da Agricultura, conta que o Brasil já é o primeiro do mundo na exportação de carnes e avança em outros produtos alimentícios. '~umentou significativamente a produção de leite e derivados, algodão e frutas, como mamão, uva, abacaxi, melão e maracujá. Além disso, mantivemos a posição de maiores produtores de café, soja, açúcar e milho'; diz ele, que é um dos bambas do agro negócio nacional. É crescente também a participação brasileira na produção mundial de cana de açúcar. '~ntes o objetivo era o açúcar. Agora, visamos também à produção do metanol (álcool que é misturado à gasolina) e de energia para turbinas e geradores. E os resíduos da produção servem para a indústria de fertilizantes'; completa o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso. O crescimento da produção agrícola brasileira tem, sim, a ver com a ampliação da área plantada, mas houve também um imenso ganho de produtividade. Ou seja, num mesmo pedaço de terra, hoje, a colheita é muito mais volumosa: "Há um pequeno aumento da área, mas o crescimento da produtividade é três vezes maior", revela Pratini. Um ponto importante, continua, é a mudança da forma de plantio. Antes, predominava o sistema de arado; hoje, o plan-
tio na palha. "Enquanto o primeiro faz o solo perder nutrientes em demasia, o outro permite produzir mais em áreas menores e, de quebra, protege o meio ambiente", completa. A evolução da indústria dos defensivos agrícolas (ou agrotóxicos), a melhoria na logistica de transporte e o desenvolvimento de alimentos geneticamente modificados são outros avanços do campo. A chamada agricultura de precisão também evita desperdício de sementes e fertilizantes . No lado da macro economia, a elevação da renda dos países emergentes, China, índia e Brasil à frente, multiplicou a demanda por alimentos. Assim, tanto a produção quanto as exportações não param decrescer. Porém, há desafios. O Brasil precisa seguir as tendências globais, diz Oswaldo Gomes Marques Junior, diretor de Marketing da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF. Uma delas é o aumento da produtividade' que significa produzir sempre mais em áreas menores. '~questão é a necessidade de suprir a população mundial. Hoje são cerca de 7 bilhões, com estimativa de 9,3 bilhões em 2050. Além disso, há o envelhecimento da população e sua longevidade, o aumento da demanda por energia, sem falar no potencial da globalização e dos mercados emergentes. E vale ressaltar a questão da urbanização. Atualmente, 80% dos brasileiros vivem nas cidades e este percentual deve se aproximar do que ocorre nos EUA, onde 98% dos cidadãos estão fora do campo. É um caminho natural'; afirma. O ex-ministro Pratini de Moraes, por fim, defende a criação de uma estratégia de marketing para o produto brasileiro. Diz ele: "O Brasil é um grande produtor, mas tímido vendedor. Precisamos criar marcas brasileiras. Imagine você que a empresa que mais vende café aqui é suíça. Provavelmente ela vende o nosso café, embalado no nosso aluminio': Oswaldo Gomes faz coro: "Nosso governo deve fazer mais em políticas agrícolas e incentivar o empresário rural a investir no campo. Isso vale para o mercado interno também, que não conhece a verdadeira força da nossa agricultura. Foi por isso que a BASF recorreu à Vila Isabel':
OCAMPO MUDOU A Vila Isabel levará à Sapucaí neste 2013 um mundo rural romântico, que vive na memória e no coração dos brasileiros. A lida que o povo de Noel vai apresentar na Segunda jeira de Carnaval tem de serfestejada e preservada. O sonho começou nos lavradores que saem de casa quando os passarinhos começam a cantar. Hoje, o Brasil é tido como celeiro do mundo. É grande exportador de carne bovina, de aves e suínos. Produz soja, café, cana de açúcar, milho, alimenta a própria população e serve a outros países. O campo se mecanizou e se modernizou. As relações de trabalho mudaram. Mas ficou a utopia de trabalhar para alimentar a vila, a cidade, o país, o mundo. Eficará. Salve o homem do campo. Salve o povo do samba. FLÁVIA OLIVEIRA, JORNALISTA
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3) Controle de pragas e doenças
A agricultura brasileira teve um extraordinário avanço a partir da década de 70, consequência das Inovações tecnolo' glcas .
7) Comércio
4) Colheita
5) Transporte
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A ESCOLA NA RIO + 20 • A convite da Agência Brasileira da Inovação (FINEP), a Vila marcou presença na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), realizada em junho. A azul e branca foi a única agremiação a participar do evento como expositora e seu sucesso foi tamanho que a escola encerrou a Expo Brasil Sustentável, no Píer Mauá, com um show de seus segmentos. Analista da Nova Guarda Consultoria, empresa parceira da agremiação, Cássio Novo explica que a diretoria da Vila aproveitou o evento para assumir o compromisso de um carnaval sustentável: "Deste modo, a Vila Isabel se lançou pioneira e, como única expositora com pegada cultural, despertou o interesse do empresariado de outros nichos. Em seu estande, ela mostrou inclusive que já desenvolve a cultura da reciclagem e aproveitamento de material, através de suas fantasias".
Segundo o presidente Wilsinho, o objetivo agora é avançar ainda mais no que tange à sustentabilidade dentro do carnaval da Vila: "Partindo da cultura como vetor, devemos alcançar as esferas social, ambiental e econômica e, assim, sensibilizar a sociedade. Abriremos a escola para outras práticas como, por exemplo, o uso da madeira de reflorestamento'~ Neste carnaval, a escola contribuirá com o projeto ca 2 Neutralizado, desenvolvido pela BASE Informando os tipos de materiais utilizados na confecção de fantasias e alegorias, bem como suas quantidades, a forma como os carros são transportados à Sapucaí, o consumo de energia elétrica do barracão e da quadra, além do número de integrantes e a distância estimada de deslocamento destes, será feito um estudo que visa ao plantio de árvores para compensar o carbono gasto em seu desfile.
REVISTA DA VILA 2013 • U
r'cu tura DÁ SAMBA
'. . • A parceria entre BASF e Vila Isabel no próximo carnaval é mais uma ação que compõe nossa estratégia de negócio, que possui foco no agricultor e em suas necessidades. Com o patrocínio a um evento de abrangência nacional e reconhecimento internacional, queremos conscientizar a sociedade sobre a importância da agricultura e também sobre o papel do agricultor não somente para a economia do país, mas também para o dia a dia de todas as pessoas. Para que se tenha uma ide ia da consistência de nossa estratégia nesse sentido, vale resgatar uma ação realizada por nós há pouco mais de dois anos: a BASF lançou um vídeo no Youtube chamado "O Planeta Faminto e a Agricultura Brasileira': que valoriza a agricultura nacional e teve grande repercussão no agronegócio, entidades do setor e universidades. Já em 2012, com o lançamento do "O Planeta Faminto 2 - Um Novo Capítulo", são feitas comparações entre a média de consumo de alimentos em países como a China, Estados Unidos e no Brasil, com o objetivo de levar informação qualificada sobre o segmento. Nele ainda é apresentado o potencial agrícola nacional destinado a outros fins, como a produção de cana de açúcar voltada ao abastecimento de biocombustíveis, energia, celulose e até mesmo vestimenta, por meio da crescente produção nacional de algodão. Desde então, temos criado ferramentas para levar essa mesma mensagem de cons-
cientização sobre o papel do agricultor a outros públicos. Dessa forma , pensamos em como termos uma abordagem ainda mais abrangente. Assim, trouxemos ideia à Vila Isabel. A escolha pela Vila não foi à toa: levamos em conta sua tradição, represen tatividade e grande criatividade, já que nos últimos 10 anos a escola esteve no desfile das campeãs em nove oportunidades. Também acreditamos que a Vila Isabel viu no tema uma oportunidade interessante de abordar uma mensagem relevante para a sociedade, que - sem dúvida - será tratada na Avenida de uma forma lúdica e acessível a todos os públicos e que deverá agradar toda sua comunidade. E desde então a Vila Isabel tem trabalhado brilhantemente para transformar toda essa temática em homenagem ao agricultor na Sapucaí. Desde que anunciamos a parceria com a Vila, no ano passado, muitas vezes somos questionados sobre qual seria o retorno da ação para a BASE Isso porque, fomos uma empresa química, fabricante de defensivos agrícolas, ou seja, nosso negócio principal é produzir inseticidas, fungicidas e herbicidas que auxiliem os produtores rurais a controlarem com mais eficiência pragas, doenças e plantas daninhas que atacam suas plantações e que podem, inclusive, acabar com toda uma lavoura. Para produzir isso o agricultor tem nas mãos uma enorme responsabilidade. Para exemplificar, no vídeo do Planeta Faminto
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usamos alguns dados que compravam isso: somente em 2011 a população mundial chegou aos sete bilhões de pessoas, o que equivale a 21 bilhões de refeições por dia. As previsões são de que em 2050 o agro negócio tenha que servir 27 bilhões de refeições diariamente. Tudo isso evidencia como ainda é preciso dar continuidade às ações que esclareçam a sociedade sobre a importância da agricultura. Nesses casos, eu sempre respondo que o retorno se dará em informação. Mas como assim? Explico: esperamos, de fato, sensibilizar e reforçar com a sociedade esta relevância do agri cultor e de seu trabalho na vida de todos. Esperamos também que os próprios produtores rurais se sintam reconhecidos e que a ação colabore para que a sociedade entenda melhor a importância do agronegócio para o desenvolvimento nacional, criando um ambiente favorável para que eles possam produzir ainda mais alimentos e com melhor qualidade. Além disso, é importante lembrar que o agricultor é o nosso principal cliente. Na medida em que ele prospera, nosso negócio também evolui. Por isso não temos dúvida que a ação trará impactos muito positivos, tanto para os produtores rurais quanto para a BASE Estamos extremamente entusiasmados com a parceria com a Vila Isabel e certos de que toda a nossa energia se traduzirá em um carnaval vitorioso e inesquecível em 2013!
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A Petrobras patrocina o Samba Carioca,
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Patrimônio Cultural do Brasil. Porque onde tem cultura, tem Brasil.
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E onde tem Brasil, tem Petrobras .
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o desafio é a nossa energia GOVERNO
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Ministério d e Minas e Energ ia PAis RICO e PAis SEM POBREZA
Quer sa ber como foi escrito o samba qualificado como o melhor do Carnaval 20137 Entre nesta conversa com os autores da obra: André Di niz, Arlindo Cruz, Leonel, Martinho da Vila e Tunico da Vila MARTINHO DA VILA
TUNICO DA VILA
Eu não queria fazer samba este ano, mas o Leonel me disse que o André queria muito escrever uma obra comigo, então ...
De fato, a obra foi feita em grupo e, não à toa, deu no que deu. Pra não dizer que não me lembro de nada feito por um ou outro, me recordo que o verso 'ô muié, o cumpadi chego' foi o Arlindo que escreveu.
LEONEL Pois é, falei com ele: Poxa, Ferreira, vamos nessa com a gente! O Tunico já está no grupo, formaremos uma parceria muito bacana, não tenho dúvida.
ANDRÉDINIZ Mas meu desejo, sinto, foi o grande motivador da formação da parceria. Martinho é o responsável direto por eu gostar de samba.
ARLINDO CRUZ Eu fui chegando 'devagar, devagarinho: Um dia estive com o Martinho em Vitória. E por acaso! Trocaram nossas bolsas de quarto. Nos encontramos e conversamos sobre a sinopse da Vila. Ele estava indeciso, e eu disse: Vam'bora, cumpadi! Lá na frente, André e Leonel me deram a feliz notícia de que ele havia aceitado participar da parceria.
TUNICO DA VILA A experiência de todos e a genialidade do meu pai não só possibilitou um grande samba como o entrosamento rápido da parceria. A obra foi escrita em duas semanas, com encontros na casa do André, via telefone, Skype ...
MARTINHO DA VILA Eu não estava acostumado a uma criação coletiva. Na maioria das vezes, eu fiz o samba e os demais complementaram. Então, foi uma experiência nova. E o mais curioso é que ninguém pode dizer: Isto fui eu que fiz.
ANDRÉDINIZ Minha grande contribuição, acredito, foi ser o costureiro dos estilos e ideias. O mais bacana é que o Martinho queria um samba 'que fosse a nossa praia: enquanto nós queríamos um à maneira dele.
ARLINDO CRUZ Depois preparamos até um clipe caseiro. Surpreendentemente, ele teve mais de 200 mil acessos no You Tube.
ANDRÉDINIZ E o clipe foi uma ideia do Arlindo, com produção dele também. Se é que podemos falar em produção... Estávamos todos bem à vontade. De repente, a coisa explode na internet. Mas o resultado não poderia ser diferente, por causa da qualidade da obra, pela inovação e pelos nomes dos envolvidos.
LEONEL Ab, e a disputa foi maneira à beça, muito bem organizada, transparente. A escola, e digo não só os segmentos como a comunidade, abraçou o nosso samba de cara. É sempre bastante cansativo, mas valeu cada minuto investido e a vitória chegou com um gosto especial.
ARLINDO CRUZ Eu jamais vou esquecer a final. Martinho apareceu justamente quando cantávamos
'ô muié, o cumpadi chego: A partir de então, promovemos uma grande festa no arraiá da Vila.
TUNICO DA VILA Já eu, neste dia, fiz uma viagem de avião cheia de turbulência. Pensei comigo: Ô meu Deus, hoje não, preciso estar nesta final. Fui direto pra quadra. Encontrei meu pai no camarote e falei: Chegou a hora. Ele disse que curtiria um pouco mais a festa lá de cima. Quando se aproximou de nós, foi incrível. Guardarei pra sempre a imagem dele nos braços da bateria
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e seguindo pelo Boulevard, após o anúncio da vitória.
MARTINHO DA VILA Os refrãos são a parte mais emocionante do samba. Usamos palavras características da linguagem caipira que, acredito, caíram no gosto popular.
ARLINDO CRUZ E o segundo sobe com um a força ... É uma catarse, empolga todo mundo. E um samba do interior tinha mesmo que ter o seu sotaque.
ANDRÉDINIZ
Já eu acredito que um dos maiores trunfos deste samba é ser totalmente diferente do
que fizemos no carnaval passado. Ele é riquíssimo e, ao mesmo tempo, de uma simplicidade natural, intuítiva.
MARTINHO DA VILA A Vila tem um samba pra ficar na história. Além de poesia, tem imagens, o que é difícil colocar na obra. Ao ouvi-la, é possível imaginar uma família tomando café e comendo bolo de fubá, o homem com as mãos na enxada ... ARLINDO CRUZ O que posso dizer é que, depois disso, eu tô até pensando em comprar uma casinha no interior... rs. Este carnaval me inspirou. O Martinho, em Duas Barras, vive bem, é um cara malandro.
L Mas por sorte, ele convidou a todos para celebrar o êxito do desfile da Vila lá em sua casa, dia 12, quando estará comemorando também, aliás, mais um ano de vida e de Vila.
MARTINHO DA VILA É isso aí, minha gente, estamos prontos. Lembrem-se que, num desfile de escola de samba, todos são importantes e as importâncias se equivalem. É tão fundamental o empurrador quanto à carnavalesca. Então, sintam-se donos da Vila. A escola é nossa! Feliz carnaval a todos!
MARTINHO 4.5 • Ele perdeu as contas de quantas obras de arte escreveu para a sua querida Vila Isabel. "Dez ou onze foram para a Avenida?" Onze, caro Martinho, e o primeiro samba foi escrito em 1967, 'Carnaval das Ilusões': "Ah, como esq uecer deste ... Foi um carnaval marcante porque a Vila inovou em termos de tema, haja vista que, até então, os enredos tinham viés históricos. E mais! A escola coloriu suas fantasias, enquanto as demais mantiveram as cores de sua bandeira nas roupas, e o samba tinha um pouco de partido-alto. Resultado? Uma chuva de críticas. Mas é assim mesmo, o novo assusta. O importante é que todos diziam que nossa escola seria a campeã". Não aconteceu. E nos dois anos seguintes, lembrou, mais expectativa de um campeonato para a agremiação: "Em 68, então, fiz o samba todo em partido-alto. Foi outro grande desfile. Jamais apagarei da mente a bateria vestida de soldadinhos de chumbo. Já os ritmistas das co-irmãs
trajaram ternos. É muita história pra contar...", comentou Martinho, que também classificou recentes desfiles como exibições que valiam o título. '''Kizomba', não à toa, é quase que uma unanimidade. Mas destaco ainda 'Raízes', de 1987, com samba de minha autoria, e 'Direito é Direito: de 1989. Os jurados daquele ano, imagino, não entenderam a comissão de frente formada só por grávidas, o direito à vida. Foi sensacional! Agora, não dar o título à Vila em 2010, com 'Noel: a presença do poeta da Vila', foi um grande equívoco. Na minha opinião ainda, 'Você semba lá ... Que eu sambo cá! O canto livre de Angola' também merecia o campeonato. Uma prova disso é que a Vila Isabel foi a escola mais premiada': Mas para o ícone da azul e branca, o gostoso do carnaval é muito mais que desfilar e vencer. Para Martinho, a festa na Sapucaí é mágica porque reúne todas as artes, além de permitir a exposição e discussão de ideias. Deste modo, ele acredita ter colaborado muito: "Sou, sem dúvida, o componente com mais desfiles pela Vila. Este ano, aliás, acho que vou até desfilar na Velha Guarda. A quadra, sem falsa modéstia, fui eu quem viabilizou. Eu e a Vila somos a mesma coisa, com um detalhe importantíssimo: A Vila faz a máquina girar, é maior que qualquer um, e eu me orgulho de ser parte dela':
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"Os meus meninos, me chamam de chata, mas eu não ligo. FIco mesmo no meio do salão, tomando conta de tudo" . Não esquenta, não, O. Rita, nós imaginamos que não deve ser nada fácil lidar com um grupo grande de pessoas, sendo a maiOria Jovens. Equando sabemos que eles totallzam 220 então ... Oque importa é que as fantasias da Vila, todo ano, são impecáveis.
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NOTA 10
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QUE FAZ A DIFERENÇA • Que componente não se arrepia com a leitura das notas dos quesitos? E o que dizer então da felicidade em ouvir uma nota 10 atrás da outra? Resultado de um trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos, a fim de atingir a perfeição, a Harmonia da Vila Isabel é hoje um exemplo para as demais agremiações, cujos diretores reconhecem o êxito do trabalho e inclusive acompanham as palestras e oficinas realizadas na escola. ''Acredito que o ano passado foi o nosso melhor momento. Fizemos um dos grandes desfiles da Vila, daqueles que entram para a história», declarou Décio Bastos, diretor geral de Harmonia, que explica a fórmula do sucesso. "Tentamos sempre nos superar e trazer o componente para cada vez mais perto de nós, colocálo no colo mesmo. Porque é preciso conscientizá-lo de sua relevância, de seu papel, sua participação ordenada dentro do desfile. Esta é a tônica do nosso trabalho». A resposta a tanto carinho pelo componente tem trajetória positiva em todos os sentidos. Os ensaios da Vila, independentemente da época do ano, se na rua ou na quadra, são sempre animados e contagiantes. Em meio aos componentes, com o samba na ponta da língua e energia sem igual, os 35 harmonias, como são denominados os responsáveis pelos setores e pela escola como um todo, e 65 coordenadores, distribuídos pelas alas, são 'pau pra toda obra': "Esta
é uma marca do segmento dentro da Vila. Isso nos possibilita estreitar laços, aumentar o entrosamento, a troca de experiências, a perfeita leitura do que pretendemos para o desempenho da função'~ salienta Décio. O presidente Wilsinho está de acordo e demonstra total confiança na equipe, ressaltando outros pontos que favorecem os bons resultados dos últimos anos: "Eles atingiram a excelência, são muito unidos. Acho que Harmonia é o quesito mais forte que temos. Isso também se deve ao fato de doarmos todas as fantasias, tornando os componentes ainda mais comprometidos, aliado ao carro de som comandado por Tinga, um dos grandes intérpretes do carnaval atualmente e de imensa identificação com a comunidade'~ Criar um ambiente favorável ao relacionamento dentro do local de trabalho é uma estratégia normalmente bem-sucedida em grandes e pequenas empresas. Na Vila não é diferente e sua Harmonia é alimentada pelas orientações do presidente e forte círculo de amizades: "Estamos juntos em pagode, enterro, nas festas de nossos filhos, macumba, missa de sétimo dia, igreja... , brinca Décio, que finaliza. "Muitas vezes sequer nos encontramos para falar da Vila Isabel, mas o prazer de trabalhar para a escola é tanto que fica impossível não discutir um pouquinho sobre nosso projeto de um carnaval campeão'~
Grupo é responsável pelo perfeito entrosamento entre alas. samba e. por fim. público
22路 REVISTA DA VILA 2013
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JUNIOR SHALL é o 'técnlco' do time que trabalha na produção das alegonas. Com uma equipe de primeira. formada por escultores. carpinteiros. aderecistas. pintores. entre outros profissionais. ele garante que a Infraestrutura da escola. mUito diálogo e a manutenção de bons funcionários são a receita da otimização do tempo. dos recursos e do ntmo no barracão: "A Vila Isabel oferece excelentes condições de trabalho e. assim. potenclallza seu grupo de trabalhadores. Alem disso. como estamos Juntos há alguns anos. nos conhecemos pelo olhar. bem como já sabemos um pouco da avaliação da Rosa Magalhães. daquilo que ela observa. que rouba sua atenção. E conversamos muito. temos a perfeita ciência de que o 'eu' dentro do carnaval não eXiste. mas sim a palavra nós". Vale salientar que ele acompanha os carros até a concentração. o caminho deles até a entrada na Sapucaí e. por fim. o retorno ao barracão.
JULIO CERQUEIRA conquistou. após oito carnavais de mUita dedicação. uma vaga no seleto grupo. Integrado para cu idar de tudo o que demanda decoração. seja na quadra. no barracão. nos ensaios, ele acredita que uma das marcas registradas do Carnaval da Vila é a obsessão pelo acabamento: "Desta maneira ganhamos credibil idade dentro do espetáculo. junto aos componentes. enfim. conqu istamos a confiança geral no que tange à plástica que. na mmha concepção. hOje é crucial. As pessoas são muito visuais. gostam do belo. e. não à toa. conforme acontece com os sambas enredo, se recordam de alegorias de carnavais passado. Além diSSO. devo ressaltar que uma alegoria impactante. um carnaval bonito. não só entusiasmam o públiCO como os próprios componentes da agremiação". Para desempenhar sua função. Informa ainda. viaja no trabalho de carnavalescos que prodUZiram antigos carnavais.
DÉCIO BASTOS é o responsável pela Harmonia. ou seja. pelo perfeito entrosamento entre a dança e o canto. pelo desenvolvimento do componente ao longo do desfile. Para ele. ser membro da comissão e diretor geral de Harmonia facilita o diálogo com os seus. entusiasmando assim sua equipe que. por consegu inte. transm ite grande alegria aos componentes: "Compartilho com todos o que a escola está preparando. o que foi discutido pela direção em suas reuniões. porque acho importante que saibam como a Vila está desenvolvendo seu carnaval. A partir do conhecimento deles. também ganho em termos de comprometimento. um mérito do qual. aliás. me orgu 'ho mUito. pOIS isso faz a diferença . Transmito. assim sendo. as onentações do presidente que. a partir de uma estratégia. dá sugestões sempre pertinentes. Tudo é feito em parceria e é nisso que acredito·'.
EVANDRO BOCÃO é simplesmente a cara da Vila Isabel. É ele quem cobra o canto. a evolução e a alegna dos componentes: "E eles caem dentro mesmo! Com um trunfo na mão. que é a doação de todas as fantaSias. podemos exigir ainda mais comprometimento. partiCipação mesmo". Interligado diretamente a isto está o carro de som. o qual Bocão também coordena: "MUito equilibrado, com três gerações da Vlla- Gera. campeão do ·Klzomba·. Tlnga e seu filho. Rafael Tmguinha. entre outros -. formamos um grupo de bastante Identifica ção com a comunidade. Eles vibram demaiS e transmitem ISSO aos desfilantes. FOI por ISSO que conseguimos a ligação do morro com o asfalto. penso. Hoje. nos ensaios de rua da Vila. você vê bandeiras penduradas nas janelas. o bairro se orgulha da agremiação. E ele está com sede de campeonato. assim como nosso time. que é coeso e se entende no olhar.
WILSINHO é um presidente extremamente conhecedor de carnaval e acompanha os trabalhos de cada membro da comissão de perto. além de diVidir as respon sabilidades e vltónas: "Estou lunto na saída dos carros do barracão. no caminho deles até a Avenida Presidente Vargas e fiCO por lá. Todos os anos. durmo num motohome que colocamos atrás da última alegoria. justamente para estar a par de todas as situações e resolver os problemas". Incansável. é ele quem rege o andamento do desfile que. segundo o regulamento. não pode ter buracos. alas misturadas. respeitando as paradas obngatórias para os jurados e o desejO do componente de curtir como folião : "Para isso tenho na cabeça toda a metragem da escola. ou melhor. de cada setor. Tudo é cronometrado. Mas a comissão se ajuda mUito. cada um CUida de sua parte. fica fácil trabalhar. Por este motivo. a Vila se apresenta na Sapucaí com uma fluênCia muito boa. digna de inúmeros elogiOS. e defende também a nota 10 no quesito Evolução.
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Marcelo Missailidis (abaixo à esquerda). coordena o grupo de dançarinos que formam a comissão de frente da agremiação. Imagens do desfile de 2012. na Sapucaí
ren e LUZ, CÂ~ERA, AÇÃO. O ESPET ACULO DEN1-RO DO ESPETACULO /
• Ele tem uma coleção de troféus, mas, chegando ao barracão, o encontro varrendo a alegoria que ajudará a ilustrar a comissão de frente da Vila: "O trabalho é a gente que determ ina, a exigência parte de nós. Eu me apaixono pelo projeto e me entrego mesmo': diz o coreógrafo Marcelo Misailidis, há 6 anos na escola. Cada exibição tem um desafio, e falar sobre o homem do campo, segundo Misailidis, não será fácil. Para se inspirar, ele passou uns dias na fazenda da esposa, no interior de Minas Gerais: "É muito lento o processo de transformação no campo, o que é difícil representar, e minha pesqui sa não parte de algo pré-concebido. Meu intuito é dar ao público a possibilidade de experimentar nossa mensagem". A rotina de ensaios é gradual, começa em agosto ou setembro. Questionado se é um daqueles profissionais obcecados por ensaio, ele nega, mas não convence:
"Acredito que o ensaio funciona não só para corrigir o desempenho como para o amadurecimento do trabalho Deste modo, ensaiar é mesmo uma necessidade': De acordo ainda com o coreógrafo, a comissão de frente dará uma pincelada em todas as questões abordadas pelo enredo: "A apresentação transmitirá o trabalho na terra, a cultura e o brotar da vida. Parto do caixote, um símbolo, pois carrega toda a riqueza produzida no campo. Dentro dele, observaremos toda a rotina do homem do campo, bem como suas tradições, feste jos juninos, encontros próximos à igrejinha ..:' Para muitas religiões, o homem é feito de barro, e Misail idis decidiu explorar este conceito para um desfecho poético: "Faremos uma fusão entre a terra e o homem. O chão se abre e a vida nasce da terra. Celebraremos a união da terra com o homem, propiciando o milagre da vida".
• Aí vem a Swingueira de Noel! Serão 265 ritmistas distribuídos entre cuícas, chocalhos, tamborins, taróis, repiques, surdos de marcação, caixas de guerra, além de reco-reco, xequerê e pandeiros: "Dez a mais do que no carnaval de 2012, que é pra dar mais peso à bateria'; explica Mestre Paulinho, que divide a regência com Mestre Wallan. Os ensaios começaram em abril, na Associação Atlética Vila Isabel, onde ocorreram também as oficinas, comandadas por Wallan: "Fizemos um trabalho de resgate da identidade da bateria da Vila e destes encontros saíram 12 novos componentes para o segmento, este ano. O objetivo é formar cada vez mais ritmistas. Mantida a base do ano passado, agregando uma rapaziada da comunidade, a bateria da Vila não só ficou mais consis tente como retomou suas características: o diferencial grave na marcação, as divisões e toques de samba-enredo, comenta Paulinho. Segundo ele, o foco é soar muito bem aos ouvidos dos julgadores: "Trabalhamos muito, inclusive na afinação, que no último desfile gerou algumas críticas dos jurados': De acordo com Mestre Wallan, a bateria estará, de fato, mais encorpada, com graves, médios e agudos bem definidos, o que também foi possível graças à adição de um instrumento: "Trouxemos a caixa de 14 polegadas, que permite justamente dar mais peso ao médio. Antes só tínhamos a de 12 polegadas, que é mais voltada para o agudo'; explica. Colocando a vaidade de lado, em prol do objetivo comum, estas duas feras informam ainda que, no que diz respeito às populares paradinhas, foi decidido o que será me lhorpara o samba: "Ensaiamos quatro, mais levaremos duas que se encaixaram muito bem. É importante o algo mais, porém isto deve ser funcional, dar sustentação à escola, declara Wallan, que é complementado por Paulinho. "Se as bossas entram na hora errada, ferem o samba e, logo, afetam a parte harmônica". Para o presidente Wilsinho, a bateria da Vila Isabel é um casamento que deu certo: "É muito interessante a união da cadência e afinação de Paulinho Botelho, mestre há 27 anos, com a ousadia e raízes da escola, na pessoa do Wallan Amaral, sobrinho do Mestre Mug - 30 anos de Vila! - , de quem foi ritmista e, após 11 anos, diretor. A bateria está perfeitamente encaixada no samba e, claro, apresentará uma surpresa, um verdadeiro show, com a contribuição de Carlinhos de Jesus.
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DE PRÊMIOS
• Segundo a bíblia, a fé remove montanhas. É ela, principalmente, que move o casal de
mestre-sala e porta-bandeira Rute Alves e Julinho Nascimento. Unidos pela fé, eles criaram uma relação de cumplicidade, agregando seus familiares e conquistando aqueles que estão ao seu redor. Com tanto carinho, respeito e apoio, nada parece ser capaz de detê-los na busca incessante pelas notas máximas e assim retribuir a confiança de todos. Até nisso eles parecem perfeitamente ensaiados. O entrosamento transcende a alegria de estar na quadra, em meio à comunidade; na Avenida, como parte do maior espetáculo da Terra; o amor ao pavilhão de tantos legados para o carnaval carioca; está na alma. Por isso, quando questionados a respeito dos muitos prêmios, eles são categóricos: "Devemos primeiramente a Deus. No mais, eles são consequência de nossa vontade de dar a Vila Isabel os 40 pontos".
Tamanha fé, inclusive, já rendeu a Rute situações constrangedoras. Devota de Santo Expedito, ela todo ano vai à missa do domingo que antecede a folia. O padre demonstra não gostar muito da ideia: "Ele dá aquele sermão sobre o carnaval, fala coisas horríveis. Por fim, quando pergunta se temos algo para abençoar, lá vou eu com minha bandeira. Ele me olha de um jeito ... Então, digo que preciso mesmo, que sou fervorosa devota, mostro a tatuagem que tenho do santo e saio feliz': conta ela, que informa ainda levar o pavilhão da Vila a um centro espírita no Méier. "É que também necessito a força de Iansã", explica. Já Julinho pede proteção, em especial, a São Jorge. O primeiro filho, não por acaso, chama-se Jorge Henrique: "Pra minha felicidade, ele nasceu coincidentemente no dia em que homenageamos o santo guerreiro", comenta ele, que imediatamente lembra a chegada do segundo. "Pedro
Henrique completará dois meses no Domingo de Carnaval. Ele e o maior, de 5 anos, são verdadeiras bênçãos. Também graças a eles, pisarei muito motivado na Sapucaí". Desvendado o combustível do casal nota 10 da azul e branca, que sobre o desfile deste ano só revela ter colocado uma pitada de tempero na coreografia sempre marcada pela combinação garra e elegância, que tal conhecê-los além -carnaval? O mestre-sala, por exemplo, é formado em Educação Física: <~ntes de falecer, meu pai, conhecido como Velha da Portei a compositor vitorioso e Cidadão Samba em 1983 -, me pediu que estudasse para não depender do carnaval. Então, me formei pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e reconheço na faculdade um aprendizado para toda a vida e também para minha dança", declara ele, que é coordenador técnico da Vila Olímpica Clara Nunes, em Acari. »
» Quanto a Rute, ela acaba de terminar a Faculdade de Moda e, através do curso, descobriu um novo amor. Agora, a Vila Isabel e o filho Caio, de 20 anos, terão que dividir o coração da porta -bandeira com mais uma alegria: "Me apaixonei por criar figurinos, principalmente os de época. E já assinei três, sendo um deles o da peça 'Reino da gataria', premiado pelo Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa. Mas eu quero mesmo é ser figurinista da Globo! Estou fazendo meus contatos e não sossegarei enquanto não conseguir isso'~ Para o presidente Wilsinho, Rute Alves e Julinho Nascimento são motivo de orgulho para a Azul e Branca de Noel: "Julio é extremamente educado, esforçado, é a pessoa mais fácil de lidar que eu já conheci, a representação perfeita de um mestre-sala. E a Rute é a cara da escola. Sorriso sempre franco, dança marcada pela garra, interação com o público, este será seu 10° ano com a gente. É uma honra tê-los junto ao pavilhão da Vila Isabel".
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DA LIESA • Não é nova a expressão "Brasil, celeiro do mundo". Tal afirmativa, claro, está ligada à capacidade de nosso país produzir alimentos em quantidade necessária e suficiente não apenas para nossa população como também para exportação a outros países. Somos dos maiores produtores e exportadores mundiais de carne bovina, soja, açúcar, café, frango ... Realmente, um celeiro para a humanidade. O trabalho no campo é realizado com muito suor, dedicação e amor à terra. Assim também acontece com o Carnaval, ocasião em que realizamos a maior festa popular do planeta. c
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Nossas escolas se valem da dedicação e do amor de seus artistas e componentes para criar e apresentar seus grandes desfiles a cada ano. Em 2013, a Vila Isabel juntará estas duas demonstrações de envolvimento da população brasileira, o campo e o Carnaval. Com seu tema A Vila canta o Brasil celeiro do mundo - "Água no feijão que chegou mais um .. :; a azul e branca da terra de Noel exaltará, na Passarela do Samba, esses homens e mulheres que cultivam nosso solo fértil, provendo alimentos para o Brasil e o mundo. No campo, como no Carnaval, a miscigenação tem traço forte e fundamental para o desenvolvimento. Culturas que não existiam aqui foram trazidas por negros e imigrantes, que tan1bém se uniram para engrandecer nosso Carnaval. o'
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o CANTAR DO GALO AO RAIAR DO DIA! Comissão de frente - Caixote: símbolo que transporta riqueza do campo para a cidade
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galo cantou no esplendor da manhã!!!
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10 casal de MS e PB A plantação de milho e o espantalho
10 SETOR
O PLANETA TERRA E O SOL
2 0 SETOR
Ala 4 - População de famintos
Lagartas (grupo)
Planeta Terra (grupo)la dama Gabriela Alves
Ala 5 - Efeitos da seca
Ala 7 - Gafanhotos
Alegoria n0 1 A terra e o sol
Ala 6 - Colheitas perdidas
Ala 8 - Plantas devoradas pelas pragas
• Destaque de chão O azul do planeta terra
Ala 2 - A imagem da devastação Ala 3 - Queimadas
Destaque de Chão n.O 02O fracasso da colheita (Dandara Oliveira) Alegoria n. o 2- Homens e animais na luta contra a fome
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AS PRAGAS DA LAVOURA
AlalO saúva
Ala - Joaninhas (baianas)
Destaque de chão O verde da plantação
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Alegoria n. o 3 Ciclos da vida e da morte na natureza
3° SETOR
OS CULTIVOS AGRíCOLAS
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40 SETOR
OS IMIGRANTES
Semente germinando (grupo)
Rainha da bateria (Sabrina Sato) O pássaro do campo
Ala 17 -Imigrantes portugueses
Ala 21 - Imigrantes japoneses
Ala 11 - Campos verdejantes
Ala 15 - Espantalhos (bateria)
Ala 18 -Imigrantes alemães
Ala 12 - Plantação de verduras
Ala 16 - Flor do campo
Ala 19 -Imigrantes italianos
Destaque de chão n. ° 05 - Plantação de algodão (Suzana Pires)
Ala 13 - Plantação de legumes Ala 14 - Sanhaços (passistas)
Destaque de chão A beleza dos girassóis (Karen Kounrouzan)
Ala 20 -Imigrantes ucranianos
Alegoria n.o 5 - O algodão e suas aplicações nas artes populares e na indústria
Alegoria n.O 4 - Girassóis
50 SETOR
A VIDA DO HOMEM NO CAMPO
Ala 2 - Criação de .................... " bovinos ..............
Ala 25 - A cozinheira e o bolo de fubá
Ala 23 - Criação de aves 2° casal de MS e PB Paisagem do Campo Tripé - Casamento na roça Ala 24 - O pão nosso de cada dia ...
Ala 26 - Violeiros do arraiá (compositores) Destaque de chão Festa caipira (Quitéria Chagas) Alegoria n06 - Os cumpadres chegaram ...
A RELIGIOSIDADE DO HOMEM DO CAMPO E AS FESTAS NO AR RAIÁ DE CELEBRAÇÃO DA COLHEITA Ala 27 - O anjinho da procissão
Ala 30 - Vamos pular a fogueira!! I
Tripé - Festa da fé
Ala 31 - Agricultores
Ala 28 - Amigos da folia
Destaque de chão Frutas (Andréa Andrade)
Ala 29 - Viva a São João l !!
Alegoria n.o 7 - A pujança da agricultura nacional! o agricultor brasileiro alimentando o mundo
3° casal de MS e PB Festa no arraiá
Sabrina como pai, OmarRahal; abaixo, reunida comafamnia em seu aniversário na quadra; no alto, à direita, com os ritmistas
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. o sotaque que é wn sucesso vem de Penápolis, cidade situada na região Noroeste do estado de São Paulo, a 480 km da capital. Segundo estimativa do IBGE, mais de 90% de sua população residem na zona urbana, porém seu desenvolvimento econômico teve início com a culturacafeeira.Hoje,apecuária,juntocoma cana de açúcar, o milho e o arroz, corresponde a boa parte da economia do município, que divide a origem caipira da rainha com outros lugares por onde estiveram seus familiares. Os bisavós vieram do Japão e se instalaram em Santópolis, onde tinham um sítio e wna simples casinha de madeira. Já os avós maternos se conheceram e se casaram em Braúna, passando pouco depois a morar em Alto Alegre, localizada na mesma comarca de Penápolis, como conta a mãe de Sabrina, D. Aparecida Yukie Sato Rahal, 60 anos: "Minha mãe era costureira e meu pai foi agricultor até seus 20 anos. Dizia que a vida no campo era dura, por conta do trabalho debaixo de sol e chuva, mas tranquila. Com a urbanização, se tornou alfaiate': Do sítio em Santópolis, em especial, D. Kika, como é carinhosamente chamada a mãe de Sabrina, guarda deliciosas recordações: "Quando eu era menina, ia muito pralá. Tinha muita fruta, espaço pra brincar, era bastante divertido. A gente andava de bicicleta, subia em árvore, não tinha nada a ver com o que faz meninada de hoje, que vive no computador
muvila2013
REVISTA DA VILA 2013 ·35
ou no celular e tem pouco diálogo. Lembro que quando acontecia o casamento de algwn primo, era uma festa enorme, tinha japonês pra todo lado. E dormia todo mundo junto, wn ao lado do outro, no sótão': O pai de Sabrina, Sr. Omar Lortscher Rahal, 60 anos, morou por muito tempo nwna chácara em Penápolis, wn lugar igualmente gostoso, segundo ele: "Era uma vida mais saudável, com mais liberdade, por isso mantivemos a chácara. E lá minha família vivia por opção, pois nossa renda era oriunda do comércio de roupas e tínhamos wna casa na cidade. Minha mãe gostava de criar vacas, galinhas, ordenhar, mas tudo para o conswno próprio, wnaquestão de estilo de vida mesmo': De acordo ainda com ele, Sabrina também curtiu bastante a chácara na infância junto aos primos e aos irmãos. Ela gostava tanto do lugar que inclusive o escolheu para produzir seu vídeo de apresentação ao BBB: "Fazíamos churrasco, festas para reunir a familia e, claro, aniversários. Deste modo, minha filha cresceu andando de charrete, montando a cavalo, conviveu com a natureza e aprendeu a amá -la e respeitá-là: Como faz aniversário em fevereiro, as festas da musa da Vila eram sempre à fantasia, comenta ela, que se recorda de muitas histórias das quais hoje dá risada: "Lembro de wna vez que minha prima, enquanto estava no balanço, acabou encostando em wna árvore
e ficou com o bumbum cheio de espinhos, coitadinha... Não esqueço também de quando íamos à casa de wna amiga que tinha vacas, e nós, crianças levadas, sempre mexíamos com elas. Um dia passamos dos limites e as vaquinhas nos fizeram correr e subir uma árvore. Mas pior foi quando tomei uma suspensão do colégio por comer as cenouras da horta dos alunos. Meu pai custou a acreditar.. :: Não à toa, ao sair do BBB, Sabrina pediu à mãe para alugar wn rancho onde pudesse descansar: "Pra felicidade dela, conseguimos comprar um em Penápolis! Ela adora ir pra lá porque, realmente, é wn sossego só, quase nem pega celular. Gosta de pescar, andar no meio do mato, nadar no rio, andar de lancha. Acho que, de wna certa forma, volta às raízes, comenta D. Kika, que é complementada por Sr. Omar. "O rancho é o refúgio ideal. Portanto, aqui no interior denominamos casa de lazer, normalmente próximo a un1 rio e com wnpomar. Tamanha vivência no campo fez de Sabrina Sato não só wna mulher alegre e carismática como consciente do valor do verde, da necessidade de dar carinho aos animais, enfim, de preservar a natureza: "Ela é o nosso bem mais valioso e o homem é parte dela. As pessoas precisam se conscientizar disso. Logo, a educação ambiental deve partir de casa e das escolas. A proximidade com a natureza purifica a alma. A hora de acordar é agora':
• Criado pela Vila Isabel em 2008, o projeto capacita jovens e adultos para a indústria do carnaval. Relacionado no Programa Desenvolvimento & Cidade do Governo Federal, em parceria com a Petrobras, ele prepara seus favorecidos para o mercado de trabalho, dando-lhes possibilidade de geração de renda e certificação com chancela do SENAC-Rio. Mais de 1600 pessoas já foram formadas pelos cursos que são ministrados durante 12 meses, com diferentes cargas horárias, material didático e idade mínima para ingresso. São eles: Forração de fantasias, Técnicas de bordados em paetês, Adereçagem, Arte Plumagem, Pedrarias, Chapelaria, Forração de esculturas e carros alegóricos, Desmonte de
alegorias, Reciclagem de material, Introdução de modelagem, Costura para carnaval, Inclusão digital e Brinquedoteca (apoio escolar). Maurício dos Santos, de 34 anos, que vive em Duque de Caxias, formou-se através do projeto dirigido por Rita de CássiaAlves: "Entrei para o curso no final de 2008. Enxerguei nele não só uma oportunidade para os jovens de classe baixa como uma grande fonte de conhecimento. Mas o curso vai muito além disto porque, após passarmos por ele, nos tornamos profissionais completos, conscientes, responsáveis. E são muitas as lições de vida, os colegas. Eu, por exemplo, perdi meus pais cedo e encontrei na D. Rita urna amiga, uma espécie de protetora':
De acordo com Rita de Cássia Alves, que é também diretora de ateliê e superintendente da Vila Isabel, todos que trabalham no 4° andar do barracão da escola foram formados pelo projeto: "Contamos com 220 funcionários no ateliê e 100% deles passaram por mim. Eu gosto de ensinar, faço com prazer. É muito bom ver a pessoa progredir. Sei de exalunos que estão chefiando outros ateliês ... Viramos referência"! A nova etapa do projeto visa à inclusão social de mais mil jovens e/ou adultos em situação de vulnerabilidade pessoal e risco social, objetivando a melhoria da qualidade de vida a partir da qualificação do indivíduo. Mais informações a respeito à disposição na quadra ou barracão da escola.
• A obra começou em agosto e, desde então, 35 homens trabalharam diariamente para criar barreiras e assim evitar a fuga de som da quadra da Vila Isabel. '~gora os vizinhos não terão mais do que reclamar", afirma o engenheiro Leonardo Pinho, funcionário da Retrofit, empresa que venceu a licitação feita pela Prefeitura do Rio. Mas não foi só isso. De acordo com Marcus Dantas, engenheiro responsável pela obra, o projeto contemplou a escola em dois aspectos: "Fomos contratados para fazer o tratamento acústico, mas identificamos outro problema. O som era embo lado, seu tempo de reverberação era muito grande. Com a melhoria da acústica, o som também ganhou mais qualidade porque as placas absorvem os ruídos", informa. Segundo Leonardo, o teto recebeu aplicação de celugits (acetato de celulose com uma carne de gesso) e uma manta aluminizada; as paredes laterais, placas cimentícias de madeira mineralizada; e os portões foram revestidos por dentro com lã de rocha e uma manta de borracha de alta densidade. Acima do palco, as telhas
de alumínio foram substituídas por blocos de vidro que não só ajudam a vedar como mantêm a iluminação natural. E mais. Foram colocadas três antecâmaras - uma na entrada principal, uma à esquerda do palco e outra no acesso ao mezanino - a fim de dissipar o som antes deste chegar à rua. Na quadra foram instalados ainda sete ventiladores industriais, para a renovação do ar, e oito exaustores, para a troca de ar constante em seu interior: '~s pessoas estão comentando que a temperatura melhorou bastante lá dentro", diz Pinheiro, lembrando inclusive que os banheiros também ganharam exaustores, pois não tinham ventilação. Os ventiladores e exaustores, claro, receberam um atenuador acústico. O investimento, na ordem de R$ 2 milhões, ressalta o presidente Wilsinho, só foi possível graças ao convênio com a prefeitura, em especial, a Secretaria Municipal de Educação: "Para termos uma grande casa de espetáculos, precisávamos resolver o problema com a acústica, e a prefeitura entendeu nossa necessidade. Em contra-
partida, o espaço será usado para eventos educativos determinados pelo governo". Dar condições para que as agremiações possam criar um dos maiores espetáculos da Terra é um projeto de incentivo da Prefeitura do Rio para o carnaval carioca, declara o prefeito Eduardo Paes: '~ Vila Isabel é uma das oito escolas que tiveram reformas feitas em suas quadras. Para maior conforto dos foliões e dos moradores da região, a da Vila ganhou novo tratamento acústico. O berço do samba de Noel e Martinho merece um palco moderno, digno da tradição da escola bicampeã do carnaval carioca, onde os versos de sambas históricos possam ecoar com qualidade". No que depender da disposição do presidente Wilsinho, o quartel general da Vila Isabel logo, logo se transformará em algo, por exemplo, aos moldes do CitibankHall: "Vamos fazer ainda uma reforma nos banheiros, bares e no palco, além de instalação do ar condicionado, com a parceria da iniciativa privada. Há empresas interessadas em associar seus nomes à quadra, e nós queremos o melhor para nossa escola".
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• "Um dia, caminhando pelo barracão, vi um de nossos funcionários deitado no chão, reclamando de dor. Perguntei o que houve, pedi que abrisse a boca e, ao ver os dentes do rapaz, logo imaginei que se tratava de uma infecção': conta o ex -presidente Wilson Vieira Alves, o Moisés, que tem um carinho especial pelo centro odontológico da Vila. "Tive problemas de ordem dentária na infância, o que prejudica meus implantes até hoje': Deste modo, a fim de cuidar dos funcionários da escola, bem como estimular crianças e jovens da Herdeiros da Vila a se preocuparem com os dentes desde novos, Moisés criou o espaço destinado à saúde dentária dentro da própria quadra da agremiação: "Começamos
atuando na profilaxia e realizando extrações. Depois, nossos dentistas passaram a fazer canais e próteses. Pra mim, é um orgulho muito grande, pois não só aumentamos a qualidade dos serviços prestados como o número de atendimentos. Realizado em parceria com o Conselho Nacional do Sesi, o centro odontológico atualmente atende as milhares de pessoas que se dedicam à azul e branca. Em agosto de 2012, recebeu novos aparelhos e passou a fazer novos cadastros, sempre com o atendimento gratuito da equipe do Dr. Marcelo Rosa, que conta ainda com os colegas Dr. André Luiz e Dra. Carol Ferreira. Graças a eles, as dezenas de baianas e os membros da Velha Guarda da
Vila estão ganhando próteses de porcelana. Apesar das limitações, todos são con templados com atendinlento diversificado, incluindo a necessidade de próteses totais ou parciais, tudo, enfim, para recuperar a saúde bucal e valorizar o sorriso. Como consequência, as pessoas recuperam sua autoestima, o que lhes permite dar prosseguimento a um processo de inclusão social, que muitas vezes culmina com melhores empregos. O atendimento está à disposição do associado do GRES Unidos de Vila Isabel de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, das 8h às 14h. É inteiramente dispensável, vale ressaltar, qualquer tipo de aporte financeiro.
~ usas 1 Andreia de Andrade fará seu 2°
4 Suzana Pires desfilará pela la vez
desfile com a Vila e se diz apaIxonada pela azul e branca: "FuI mUito bem acolhida por todos. Sinto-me parte de uma famOia com a qual quero estar junto por muitos anos. E é maravilhoso estar na Avenida com uma escola que desperta gritos de 'É campeã: Afinal, a Vila Isabel sempre briga pelo título. E brigará novamente. Será um carnaval especialmente emocionante pra mim porque fecharei o desfile", diz ela, que estará à frente da última alegoria.
com a Vila este ano. Ela se encantou com o bairro onde encontrou alegria e uma roda de samba a cada esquina. No entanto, o que mexeu com seu coração, de fato, fOI o carinho com que fOI recebida pela direção da escola: "O convite da primeira-dama e o respeito do preSidente Wilsinho me emocionaram, assim como a fibra de Dona Rita, cUidando do atelier. Não à toa a Vila Isabel é uma grande escola e me faz cantar a plenos pulmões: É a Vila, chão da poeSia, celeiro de bambas"!
2 Quitéria Chagas também estará
5 Bianca Ferreira, ao contráriO
3 Dandara Oliveira respira a Vila há
das demais, desfila com a Vila há mUito tempo e, este ano, curtirá o 5° Carnaval como musa da escola que, segundo ela, vem evolUindo bastante e não tardará a ganhar o título: "A comunidade está cada vez mais partlclpatlva, e a diretoria tem trabalhado com muita seriedade. Por ISSO, a Vila ultimamente tem estado no Desfile das Campeãs. Desta vez, tenho certeza, não será diferente. A comunidade tem a garra do agricultor, e o samba é contaglante. Vai dar Vila Isabel!"
pela 3a vez com a Vila na Avenida e mesmo após retomar o posto de rainha de bateria do Império Serrano, quis participar do desfile da azul e branca: "A Vila Isabel me acolheu com muito carinho, me fez sentir em casa, e sua comunidade é extremamente receptiva. E estou apostando tudo no desfile deste ano. O samba vai levantar a Marquês de Sapucaí, e o talento da Rosa dispensa comentários. No que depender de mim, a Vila já é campeã"! 17 anos. Há 3 anos foi convidada pela primeira-dama para desfilar como musa da comunidade, responsabilidade que recebeu com muita honra: "Vila Isabel é o local onde moro, onde crio meu filho, onde me divirto, então é um prazer enorme representar minha comunidade e o pavilhão da escola. Como diz o hino da Vila, 'sambar na Avenida de azul e branco é o nosso papel .. ~ E sinto que este ano será nosso. A energia está diferente. Um grande desfile certamente está por Vir':
6 Karen Kounrouzan fará sua es-
treia na Avenida. Feliz com o convite da diretoria, também salienta a receptividade amorosa dos membros da escola e da comunidade. Pra fazer bonito, se empenhou bastante: "FUI sempre aos ensaios na quadra e de rua para estar cada vez mais afinada à Vila. Tive inclusive aulas de samba, com a Dandara, pra pegar o gingado das passistas. É uma honra ser musa da Vila Isabel, uma escola com tanta tradição no carnaval e ícones como Martinho da Vila. Que venha o carnaval"!
• "A Vila pra mim é tudo. É o meu sustento, onde me emociono, faço amigos e o que mais amo, que é cantar. Não consigo sequer me imaginar longe dela. Por isso, dou sempre o melhor de mim': É por isso que Tinga, grande intérprete da nossa Vila Isabel, solta mesmo o bicho! Agora ele colhe os frutos da dedicação que teve início, ainda pequeno, na Herdeiros da Vila, onde traçou o objetivo de ser a voz oficial da Azul e Branca de Noel. Mas quem foi que lhe disse que você sabia cantar, Tinga? Aqui entra a família, apaixonada pela Vila, em especial o pai, que gostava de pegar o microfone nas rodas de samba pela cidade a fora. Ainda menino, um pouco Anderson, um pouco Tinga - "não sei como surgiu este apelido, acho que ele veio até primeiro que o meu nome, porque me chamam assim desde garotd' -, claro, acompanhava Seu Valmir e oxigenava seu sangue com a cadência do samba: 'l\lcancei meu sonho em 2003, ao lado de Jorge Tropical. A partir de 2004, me tornei a única voz. Foi simplesmente mágico, o desfile mais emocionante da minha vida. E fui pé quente, heim?! A escola, que até então passava por dificuldades, sagrou-se campeã e voltou ao Grupo Especial': Devoto de São Jorge Guerreiro, ao subir no carro de som, faz sua prece ao santo, agradece a Deus pela saúde e pede força para mais uma empolgante performance, com a finalidade, sempre, de retribuir à Vila tudo o que já lhe deu: "E me deu muito. A gente só tem noção quando sai do Rio. Fãs se declaram cheios de carinho, me cumprimentam nas ruas, recordam momentos da minha carreira. Acredito que entendam também que tenho sempre em mente não só crescer como profissional, mas como ser humano. Por isso, me mantenho humilde, dou importância aos valores transmitidos por meus pais. Cantar qualquer um pode': salienta ele. Dominguinhos do Estácio e Jamelão foram referências para o intérprete que, comprovando o que foi dito acima, faz questão de agradecer a Gera - voz oficial do inesquecível 'Kizomba, a festa da raça, de 1988 -, um dos grandes cantores da Vila: "Foi ele quem, de fato, me deu a grande oportunidade de ser o que sou hoje na escola. Deste modo, tenho um imenso carinho pelo Gera. Cantamos juntos na Portela ... Até que os papéis se inverteram e eu, com o respeito de sempre, o convidei a retornar a Vila Isabel. É uma felicidade poder tê-lo novamente ao meu lado. Com ele aprendo a cada dia': O grito de guerra virou não só sua marca registrada como uma tatuagem no braço. E por falar nisso, você sabe como surgiu a ideia? "Foi num ensaio técnico em 2006': recorda, rindo. "Se ouvia aquele burburinho na Sapucaí, a expectativa quanto à apresentação da Vila Isabel era grande. De repente, alheio a este clima, larguei o 'solta o bicho"! O povo tomou um susto, deu um pulo. Vi a reação do Setor 1. Mas gostaram. As crianças então... E não custa nada repetir. Alô, alô, comunidade! Vamos que vamos! Solta o bichd'!
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• Não havia como ser diferente. Este ano, coincidentemente, o título com 'Kizomba, a festa da raça' e a escola mirim Herdeiros da Vila celebram 25 anos! Nada mais justo, portanto, que o enredo de um carnaval inesquecível para uma data tão importante, que a garotada comemorará com muita alegria e, anote aí, carnaval de gente grande. Um encerramento luxuoso dos espetáculos apresentados na Sapucaí, pois a Herdeiros será a última a exibir-se na folia organizada pela Associação das Escolas Mirins da Cidade do Rio de Janeiro (AESM-Rio), na Terça-feira Gorda. Você não pode perder! Serão três alegorias e 1100 crianças e adolescentes, entre elas: Vinícius e Raiara, Juliano e Jeniffer, Douglas Bastos e YohannaFernanda, que são os três casais de mestre-sala e porta-bandeira da escola, o mestre de bateria Paulão, os intérpretes Tinguinha, Pablo e Vitória e a coreógrafa da comissão de frente, Thais Petry. E nossa, quase cometo uma injustiça... Tem Velha Guarda, viu? Em meio à molecada, 30 adultos que já mostraram suas janelinhas, cachinhos e travessuras na Herdeiros da Vila, nomes como Crispim, hoje ritmista da Vila Isabel, Dandara Oliveira, musa da azul e branca, e Maria Amaral, atualmente passista da escola mãe. Por que tanto orgulho? Ah, isso é fácil. Quer um exemplo? Só no Carnaval 2012, quando
herde ros REVIVENDO KIZOMBA
a escola contou o enredo 'A Herdeiros viaja pelo Brasil em festa: ela foi agraciada com seis prêmios: Estandarte de Ouro de Rainha de Bateria; Troféu Corujito de Alegorias e Adereços e para a bateria; e Troféu Olhômetro para a bateria e sua rainha. Palmas não só para a meninada como para a Comissão de Carnaval da Herdeiros, formada por Julio Cerqueira, Rita de Cássia Alves, Nana, Carlão,LucianoeJuniorSchall, gente que larga na frente ao já começar a pensar no próximo desfile da agremiação assim que termina a folia de Momo. Todo o carnaval da escola mirim da Vila é produzido a partir do que foi explorado pela escola mãe no desfile anterior. Dessa forma, o material utilizado para a produção de 'Você sembalá.. Que eu sambo cá! O canto livre de Angola' serviu para a 'Kizombà da Herdeiros, explica Julio Cerqueira, que garante emoção do início ao fim: "A festa da Herdeiros terá jongo, capoeira, homenagens aos orixás, pagode, congadas e, claro, desfecho com o maior espetáculo da Terra. Será muito bom reviver 'Kizombà porque as crianças não puderam acompanhar aquele momento e muitos de seus pais não selembram bem, como eu, que tenho 36 anos. Estou ansioso. Será um grande dia, uma excelente oportunidade para recordar e prestigiar o futuro da Vilà:
REVISTA DA VILA 2013 路47
AGRICULTURA BRASILEIRA ALIMENTANDO OMUNDO
A BASF uniu os maiores espetรกculos da Terra: o carnaval e a agricu tura. Uma homenagem a todos os agricultores do Brasil no Carnaval 2013.
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"SOU DA Vl l~, NÃO TEM JEITO ... ... COMIGO EU QUERO RESPEITO ... Baianas Elas não são um quesito propnamente dito, mas a falta de uma leva a escola a perder pontos e em emoção. Por ISSO, as baianas da Vila têm uma atenção toda especial da diretoria, que arregimenta uma equipe para dar suporte a elas desde a concentração ao fim do desfile. Neste ano, elas serão 80 senhoras. Senhoras? Nem todas l Gelssa Anacleto tem apenas 17 anos, Informa Luclmar Moreira, responsável pela ala. Já a mais 'expenente' é D. Maria Inês Souza, de 85 anos. Independentemente da Idade, todas sentem o coração bater mais forte na Avenida: "Quando chegamos à curva de entrada na Marquês de Sapucaf. veJo em seus lábiOS que estão rezando e muitas, mUitas lágrimas correm': conta Lucimar. E a preparação não se limita aos encontros mensais, palestras de prevenção e ensaiOS, não. A saúde das baianas da Vila é sempre priondade, e o Dr. Wilson Manso está atento a tudo, pronto para orientá-Ias a fazer apenas a nossa pressão subir. Então, que venham as baianas, girando, girando.
... QU[ O tv1cU NEGOCIO t SAM8AR" Passistas Quem consegue ficar Indiferente ao ver passar a ala de passistas? Por ISSO, Edson Santos, responsável pelo segmento na Vila Isabel. grita mesmo: "Quebra tudo"! Bastante requIsItados ao longo de todo o ano, dentro e fora do país, os passistas da Vila são um show. Este ano, 60 mulheres e 30 homens riscarão a Avenida. Para ISSO, começaram a se preparar em maio: "É quando faço seleções e inicio os ensaiOS, trabalhando a postura. O momento também é de conscientizar sobre a ImportânCia do samba. Criamos uma ala compacta, respeitando as Individualidades, porque a estrela maior é a Vila': explica Edson. Diretor da ala há 3 anos, ele informa ainda que os passistas estão se preparando para os grandes eventos que o RIo receberá. inclusive no que tange ao Idioma. Quanto ao desfile, revela apenas que o público assistirá a um verdadeiro celeiro de bambas, com muita garra e samba no pé.
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A VILA CANTA O BRASIL CELEIRO DO MUNDO "AGUA NO FEIJÃO QUE CHEGOU MAIS UM ..:' Autores: Martl'lho da V:la. André Dlniz Arl ndo Cruz .....eonel e TUnlco Ferreira
o galo cantou com os passarinhos no esplendor da manhã agradeço a deus por ver o dia raiar o sino da igrejinha vem anunciar preparo o café pego a viola. parceira de fé caminho da roça e semear o grão saciar a fome com a plantação é a lida ... arar e cultivar o solo ver brotar o velho sonho alimentar o mundo. bem viver a emoção vai florescer
ô muié . o cumpadi chegou puxa o banco. vem prosear bota água no feijão já tem lenha no fogão faz um bolo de fubá pinga o suor na enxada a terra é abençoada preciso investir. conhecer progredir. partilhar. proteger... cai a tarde. acendo a luz do lampião a lua se ajeita. enfeita a procissão de noite. vai ter cantoria e está chegando o povo do samba é a vila. chão da poesia . celeiro de bamba vila , chão da poesia, celeiro de bamba festa no arraiá é pra lá de bom ao som do fole, eu e você a vila vem plantar felicidade no amanhecer festa no arraiá é pra lá de bom ao som do fole, eu e você a vila vem colher felicidade no amanhecer
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DO SAMBA
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• A feijoada entrou de vez para o calendário das escolas de samba e na quadra da Vila Isabel ela acontece todo 10 sábado do mês. Mas, com tantas opções, qual então escolher? Pensando nisso, o jornal O Globo promove o concurso Feijoada Nota 10, cujos quesitos são serviço, animação e o sabor do feijão. Qual o resultado? Deu Vila, claro! O primeiro Feijão de Noel foi realizado em abril de 20 1O, por iniciativa do então presidente Wilson Vieira Alves, que, desde o início, teve como foco a qualidade: "Tinha a consciência de que outras agremiações tradicionais haviam largado na frente com relação ao evento, logo precisávamos de um diferencial. Pensei no conforto das pessoas, que ficassem bem instaladas, fossem bem servidas. Meu grau de exigência contagiou o restante da diretoria e até hoje, na feijoada da Vila, há sempre alguém pronto pra te atender e receber': De acordo com Elizabeth Aquino, vice-presidente da azul e branca, não há segredo para o sucesso, mas trabalho duro. Amor, dedicação e organização, diz ela, são os ingredientes do feijão campeão: "Os jurados perceberam que, ao longo dos anos, investimos em todos os âmbitos para propiciar um excelente entretenimento à família. Recebemos, em média, 2500 pessoas por feijoada, público este que cresce a cada mês porque é notória nossa preocupação com o conforto, segurança, atrações - nomes como Arlindo Cruz. Marquinhos Sathan, Bebeto, Dicró e Reinaldo já animaram a festa - e, claro, paladares exigentes': Como o que é bom sempre pode ficar melhor, ano passado o presidente Wilsinho investiu num profissional renomado para reforçar a grife Feijão de Noel: "Contratamos o chefMario Tavares, cujo nome está associado aos hotéis da rede Othon e Windsor. Premiado e conhecido internacionalmente, ele deu o requinte que desejávamos. Agora, vamos buscar o bicampeonato"!
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E O FEITiÇO DAS CURVAS • Em "Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasiá' (Beija-Flor 1989), Joãosinho Trinta sentenciou que, invertido, o mapa do Brasil seria uma enorme bunda. "Uma bunda do tamanho do Brasil tem muita sujeira em seus intestinos para ser expelida. Somente as águas das Bacias do Amazonas e do Prata poderão lavar tantos excrementos". A mesma bunda - tão brasileira, simétrica ou assimétrica, profana, mundana, sacrossanto pedaço de um povo, foi a inspiração de Oscar Niemeyer ao conceber o arco da Apoteose. Ali, está a bunda estilizada como o verdadeiro altar do sambista - simulacro, inversão -, debruçando-se sobre o asfalto (que nem asfalto é), por onde a sociedade jorra suas questões no autêntico divã glúteo de todo fevereiro-março chamado Carnaval. Ora, o arquiteto comuna que projetou Brasília, revolucionou o seu ofício, e que dizia não se emocionar com o ângulo reto ("O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein"), descobriu no corpo a inspiração para a curva arquitetônica perfeita.
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A doce poesia concreta, com a licença de Caetano para uma discreta alteração de sua letra, impregnada no marcante monumento da Praça da Apoteose talvez seja o maior dos compromissos de Oscar com a estética em curva, sua namorada de mais de cem anos. A mulata é mesmo a tal, e foi através dela a visão de uma obra de arte que é, em essência, feita de carne, do povo - tela e moldura para a pintura errante escrita por gênios populares da raça, sambistas, carnavalescos. Nas laterais das arquibancadas, vê-se o concreto rasgado por aquilo que seria uma gota, gestalt de suor e lágrimas, concretização da emoção que escorre sorrateira por sobre o tobogã morenado dos corpos calientes movidos à base de samba. Não, a Sapucaí não é das mais unânimes obras de Niemeyer. Ele, aliás, nunca foi unanimidade, para sorriso e alívio de Nelson Rodrigues, outro profundo sabedor de bundas e gente. Basta uma pesquisa rápida: os apaixonados pelo trabalho do arquiteto jamais costumam incluir a Avenida no topo das paradas de sua produção artística. E os críticos, ah! , os críticos ... Estes a consideram excessivamente fria, burocra, um amontoado de arquibancadas de concreto
que - contrariando a própria bandeira vital do mestre - , só serve para deixar quadradas bundinhas e bundões ali sentados por horas e agremiações a perder de vista. O povo do samba, porém, conscientemente ou não, sabe que nenhuma outra produção do gênio é tão viva e pulsante quanto a Marquês de Sapucaí. A Apoteose é o juízo final de uma guerra santa, cujos deuses, muitos deles encantados, se comunicam por música. As armas são surdos, pandeiros, tamborins, estandartes, os tanques de guerra apenas alegóricos. E o feitiço está na bunda, na curva, no instante supremo em que o seu balanço fez parar terra, céus e o tempo, para a imortal representação daquele cujo traço enamorou gerações sob o signo da vanguarda.
"Niemeyer brasileiro da gema Traços de um poema em construções Cada coluna ... Belas artes... Novo mundo de idéias curvas ... Realizações!" Vila Isabel 2003 - "Oscar Niemeyer, o arquiteto no recanto da princesa"
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1) Qual foi o primeiro samba
vencido por Martinho da Vila?
a. Sonho de um sonho b. laiá do cais dourado c. Raízes d. Carnaval de Ilusões e. Onde o Brasil aprendeu a liberdade 2)Quemfoia 13 presidenta da Vila Isabel?
a. Plldes Pereira b. Russa c. Aninha Guedes d. Ellzabeth Aqulno e. Goreth Silva
5) Em 1979, a Vila foi campeã do grupo 1-8, voltando à elite do carnaval. Qual foi a vice-campeã?
a. Em Cima da Hora b. Império Serrano c. Unidos de Lucas d. Caprichosos dePilares e.Unlãoda Ilha 6) Quem foi a rainha de bateria no ano do título'Kizomba, Festa da Raça'?
a.lndlara b. Ana Beatriz c.Watuzl d. Natalia GUimarães e.Adriana Perett
7) Quem foi o 3)Qualo compositor com mais vitórias em disputas de samba?
a. André Dlnlz b. Martlnho da Vila c. Rodolpho de Souza d. Paulo Brasão e.lranyOlhoVerde 4) Quem era o carnavalesco na vitória de 2004, "A Vila é Para Ti"?
a. Oswaldo Jardim b. Max Lopes c. Jorge Freitas d. João Luis de Moura e. Ilvamar Magalhães
intérprete oficial no desfile "Ai, que saudade que eu tenho': de 19n?
a. Jorge Tropical b. Barblnha c. Jorge Goulart d. Marcos Moran e.Gera 8) Quem foi mestre de bateria que comandou a azul e branca em 1985? aMug b. Paullnho Botelho c. Atlla d. Ernesto e. Zé Paralblnha
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