Palavra da presidente H
á mais de 50 anos, quando minha história de amor pela vila isabel começou, seria impossível até mesmo imaginar que viveria tão maravilhoso momento. Até assumir a presidência de nossa apaixonante escola, um longo caminho percorrido. Em meio a retas e curvas, aclives e declives, carregava comigo apenas a certeza do lugar onde eu queria estar. Mas ao vencer muitos obstáculos, contribuir com muito carinho e dedicação, passei a desejar mais, mais para a vila. Um sonho, assim sendo, passou a invadir meus pensamentos. Era só um sonho. Acontece que sonhos, pode acreditar, se realizam. Sou uma prova disso. Fascinada com o som do batuque, por inúmeras vezes ludibriei a severa vigilância de minha saudosa mãe. Entretanto, tenho certeza do seu perdão. Afinal, tudo o que se faz por amor deve ser perdoado, e minha mãe era por demais generosa. Mais cedo ou mais tarde, ela entenderia que minhas travessuras eram justificadas porque só o que eu queria era ser sambista e, por conseguinte, nisso me transformaria. Passado tanto tempo, esteja certo, continuo a apaixonada e sonhadora de antes. Agora, porém, tenho novos sonhos e, com a graça de deus, me entregarei, com a intensidade de sempre, para concretizá-los. Contarei com amigos e parceiros, mas principalmente com a comunidade, com você, que é louco pela Vila Isabel, tanto quanto eu. Porque em nosso amor pela Vila está nossa força, inclusive aquela, desconhecida, que surge como um vulcão em atividade, ao perceber que nossa agremiação precisa de nós. Fiz minha escolha. Superei barreiras, por vezes caí, mas, de cabeça erguida, me levantei e segui adiante. Tenho orgulho disto. Contudo, reconheço que muito devo
a você e a seu inequívoco sentimento pela vila, combustível que muito me faz sonhar e realizar. Logo, aproveito a oportunidade para agradecer por seu apoio, sua confiança, respeito e amizade. A você serei eternamente grata. Obrigada, de todo meu coração, nação azul e branca, família Vila Isabel! Vamos sonhar juntos ! Feliz carnaval pra todos nós! 2015 Revista da Vila
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EXPEDIENTE 2015
Presidente Executivo: Elizabeth de Souza Aquino (Dona Beta)
Revista da Vila 2015 Publicação do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel
Vice-Presidente Executivo: Luciano Ferreira Superintendente Geral: Bernardo Bello
Diretores da Ala de Passistas: Edson Cunha dos Santos Claudia Regina
Edição: Cássia Valadão Natalia Louise Elloo Comunicação
Presidente de Honra: Martinho da Vila
Direção da Velha Guarda: Aladyr Xavier
Design: Mel Guerra
Carnavalesco: Max Lopes
Presidente do Conselho Deliberativo: Antonio Carlos Ferreira Presidente do Conselho Fiscal: Ivanisia Maria Ferreira Lima
Reportagem e Redação: Cássia Valadão Natalia Louise Antonio Júnior Juliana Parada Rodrigo Coutinho
Diretora Social: Sônia Rossi
Revisão: Cássia Valadão
Diretora de Projetos Sócioculturais: Sandra Arueira
Fotografia: Pawel Loj Diego Mendes
Direção de Carnaval: Tavinho Novello Direção de Evolução: Cosme Marcio Martins Edinilson Lopes dos Santos Marden Luiz Sodré Pereira Direção Geral de Harmonia: Décio Bastos Diretor de Barracão: Flávio Melo Mestre de Bateria: Wallan Amaral
Diretor Cultural: Vinícius Natal Deptº de Saúde: Drª Angela dos Santos Leite Deptº Herdeiros da Vila Analimar Mendonça Ferreira Ventapane
Tratamento de imagem: Diego Mendes Produção: Elloo Comunicação
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Diego Machado e Dandara Ventapane
Deptº Feminino: Elis Regina da Silva Suzana Nascimento de Souza Suzete Nascimento de Souza
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jackson Carlos e Amanda Poblete
Dept° Jurídico: Fernando Fernandes dos Santos
Agradecimentos: Aydano André Motta Luis Carlos Magalhães Cynara Lima Cássia Valadão Fabiano dos Santos Levi Araujo Lafetá Junior Samantha Dias Setor 1
Diretor de Marketing: Edson Rosa
Impressão: Trena Gráfica e Editora
Assessores da Presidência: Alexandre Beça Bruna Celi Cheila Rangel Flavio Cappelletti Natalia Diniz
Tiragem: 5 mil exemplares
Rainha de Bateria: Sabrina Sato
Coreógrafo da Comissão de Frente: Jaime Arôxa Diretor da Ala dos Compositores: Eduardo Katata Diretor da Ala das Baianas: Alair Farias Eliane Verinha
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Revista da Vila 2015
Assessoria de Imprensa: Elloo Comunicação Responsável: Natalia Louise
Sumário DONA BETA, PRESIDENTE: A Vila Sorrindo de Novo
O MAGO DA VILA
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MAESTRO ISAAC KARABTCHEVSKY
SAMBA E COMPOSITORES
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Fábrica de Sonhos: BARRACÃO DIEGO MACHADO E DANDARA VENTAPANE: Um Casal de Muita Classe
Direção de Harmonia: DECIO BASTOS
A RAINHA DAS RAINHAS
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Palavra do presidente da LIESA Jorge Castanheira
A
s Escolas de Samba trabalham, um ano inteiro, por 82 minutos de glória. A glória da consagração popular, da busca pelo título, da realização de seus sonhos. Quando isso acontece, não há como negar, nada mais importa. O inverso, porém, é cruel. Deixar-se o paraíso da conquista para viver momentos de dificuldades e incertezas exige muita reflexão. Mais difícil, ainda, é quando esta inversão acontece em apenas um ano. É hora, então, de avaliar o que aconteceu e tentar não repetir erros cometidos. Mudar o que for possível. Reunir os apaixonados pelo pavilhão e recomeçar. Renascer. Em 2015 a Unidos de Vila Isabel pretende seguir este caminho. Depois da brilhante conquista de 2013 e dos problemas de 2014, a hora é de união. De olhar para dentro de si mesma e voltar. Voltar a ser Vila Isabel. Honrar seu nome, com o apoio de toda a sua diretoria, de sua comunidade e de todos aqueles que são apaixonados por seu pavilhão. E neste reencontro consigo mesma, a Vila Isabel pretende apresentar-se completamente afinada. Como uma orquestra. Talvez venha daí a inspiração para seu tema “O maestro brasileiro está na terra de Noel... A partitura é azul e branco, da nossa Vila Isabel”, onde homenageará o maestro Isaac Karabtchevsky, considerado um dos mais importantes músicos do Brasil, um homem que uniu o erudito ao popular, levando o gosto da música clássica a milhares de brasileiros. Numa carreira pontilhada por conquistas e reconhecimento internacional, o maestro agora se une ao grande poeta popular Noel Rosa e, pelas calçadas musicais de Vila Isabel, pretende retomar os sonhos da azul e branco. Refeita do susto, contando com a participação efetiva de sua comunidade e sob nova e dedicada direção, a Unidos de Vila Isabel pretende ouvir o “bravo” vindo das arquibancadas do maior palco para uma ópera (popular): o Sambódromo. Feliz Carnaval a todos! Jorge Castanheira Presidente da Liesa 6
Revista da Vila 2015
Artigo do prefeito Eduardo Paes C
arioca apaixonado, Noel Rosa fez uma das mais belas declarações de amor ao Rio quando compôs, em 1936, ‘Cidade Mulher’. “Cidade padrão de beleza / Foi a natureza / Quem te protegeu”. Os versos do Poeta da Vila definem com perfeição este pedaço de terra, espremido entre o mar, montanhas e matas, que recebeu o nome de Rio de Janeiro há exatos 450 anos. Para uma comemoração à altura da importância da data, nada melhor do que festejar com o maior espetáculo do planeta: o Carnaval. O aniversário de fundação da cidade dará um significado especial ao desfile das escolas de samba deste ano. Além do sempre grandioso show de cores, ritmo e alegria que toma conta do Sambódromo, será também uma celebração da história do Rio. Uma oportunidade para reafirmar não apenas a memória, mas também o espírito, a cultura e as tradições cariocas – ou seja, a carioquice. Essa expressão encontra sua melhor tradução no bairro de Vila Isabel. O ba-
Um lugar com a alma carioca
te-papo com os vizinhos na calçada ou na praça; a animação dos bares, com o chope gelado acompanhado de petiscos deliciosos; a paixão pelo samba e a obra de seus compositores... Assim é a Vila de Noel e também de Braguinha, Almirante, Ores-
tes Barbosa e de gênios atuais como Martinho e os muitos bambas da escola. É um lugar com a cara e a alma do Rio. Viva Vila Isabel! Eduardo Paes 2015 Revista da Vila
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E quando você aparece? Faz um tempinho que não te vejo lá na quadra.” Deste modo terminou minha conversa com Dona Beta. Ela é assim, gosta de reunir, como aquelas mãezonas que fazem questão de toda a família no almoço de domingo. A presidente da nossa Vila Isabel é a personificação do famoso verso ‘Sambar na Avenida, de azul e branco, é o nosso papel’. Afinal, são mais de 50 anos servindo à agremiação, na qual desfilou ainda criança e, uma vez adulta, foi integrada à diretoria. Se perguntassem à menina Elizabeth Aquino o que seria quando crescer, uma resposta ela tinha: sambista, com certeza. “Eu fui seduzida pelo samba muito cedo e como, naquela época, meus pais não queriam que frequentasse a escola de samba, tive que recorrer a algumas traquinagens...”, lembrou ela. A presidência, portanto, inegavelmente, é a relização de um sonho: “Pelo menos 30 anos de minha vida foram dedicados à administração e a outras diretorias da Vila Isabel. Logo, realmente, a gente começa a se imaginar como dirigente”, admitiu Beta, cuja candidatura, intitulada ‘Por Amor à Vila’, ganhou apoio em massa da comunidade e também do ícone Martinho da Vila. Outro que a apoiou foi Seu Domingos de Souza Aquino, pai de Dona Beta, que aos 87 anos já não consegue se recordar bem de quando ela era pequena. E viajava muito, pois era técnico de aviação. Mas segundo a irmã, Márcia Regina Aquino de Aguiar, se a presidente hoje tem a azul e branca no coração, isso em parte se deve ao pai: “Minha mãe não gostava de samba. Meu pai é que levou Beta à escola. Ele, inclusive, tem uma camisa que diz assim: Meus dois amores, Vila Isabel e Vasco.” Logo, Seu Domingos está orgulhoso. Sustentou que a Vila fará um desfile maravilhoso, porque “Beta é a melhor presidente que pode existir. Fará tudo o que for humanamente possível. Se dedica demais. Ontem chegou em casa quase uma e meia da manhã. Eu sei porque não durmo, fico preocupado”, abriu o jogo, expressando que ainda tem a saúde boa, que toma os remédios direitinho e se alimenta bem. “Só como o que quero. Não adianta que, o que eu não quero, não como mesmo.” Com o slogan 100% Comunidade – “porque o que faço e por ela e para ela, na
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Revista da Vila 2015
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‘Tá na sua regência DONA BETA, PRESIDENTE: A Vila Sorrindo de Novo
a doce
magia e a
inspiração...’
qual me incluo”, salientou –, a filha do Seu Domingos é um orgulho não só para ele como para o bairro e torcedores da agremiação: “Acredito que as pessoas pensavam algo do tipo ‘aquela senhora simples, sem fortuna, de amor incondicional à Vila, pode, sim, ser presidente da minha escola. Creio que eles me tenham como um espelho, entendendo que, quando se deseja muito alguma coisa e se persegue o objeti-
vo, devotando-se, é possível alcançar. Isso não serve só para o carnaval, é pra termos como lema de vida”. O fato de ser morar no bairrro, claro, contribuiu e muito: “Eu não vim pra Vila. Eu sou da Vila. Aqui fiz amizades, estudei, não sou uma estranha. Daí, ficou mais fácil”. Pode parecer uma incongruência, comentou a presidente, “2014, o primeiro ano de minha administração, foi dificil,
mas extremamente prazeroso. Ver como os componentes estão cantando, vestindo a camisa e quantos tornaram a frequentar a quadra, após um período de afastamento, me dá uma tremenda satisfação. Posso dizer que a primeira meta foi atingida”. E para devolver à comunidade o orgulho de ser Vila Isabel, sua dignidade, a agremiação abriu suas portas, ressaltou: “Agora estão todos tranquilos. O barracão está 2015 Revista da Vila
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DONA BETA, PRESIDENTE: A Vila Sorrindo de Novo
pronto para recebê-los e lá, ao longo do ano, eles viram as fantasias sendo confeccionadas, o desenvolvimento das alegorias, enfim, tiveram a segurança de que não se decepcionarão e voltarão à Passarela do Samba pra brincar.” De acordo com Beta, a Azul e Branca de Noel não contou com patrocínio, somente com sua verba oficial: “O carnaval passado provavelmente diminuiu o interesse de possíveis investidores, mas faremos um grande desfile, com a boa administração de nossas finanças e honrando os compromissos. Bem-sucedidos este ano, mostraremos nosso valor”, disse ela, destacando que todo auxílio financeiro será bem-vindo se propiciar à Vila um enredo que tenha a sua cara, sendo um subsídio à cultura: “Quanta coisa eu aprendi acompanhando o Carnaval, quanto de nossa história! Samba é cultura, então não posso aceitar algo que não corresponda a isso”. 10 Revista da Vila 2015
Com o crescimento do espetáculo, as escolas de samba se transformaram em grandes empresas. Com visão empresarial, apostando na devida gestão de pessoas, a presidente ouviu sugestões de toda a diretoria, dando início às melhorias que não comprometessem o orçamento do desfile: “Na quadra, por exemplo, aproveitamos um espaço ocioso, atrás do palco, para construir novas salas, atendendo às necessidades de vários departamentos,
inclusive para oficinas. O departamento cultural, sob o comando de Vinícius Natal, está realizando um ótimo trabalho de resgate da memória da Vila e está atento às possibilidades de eventos, como o debate ‘Kizomba’, abraçado pelo Centro Cultural Cartola, a exposição de fotografias ‘Tô Feliz da Vila’, o Espaço Vila da Boemia. Melhor posicionada na direção, pós-Sapucaí, farei de tudo para concretizar mais projetos.” Foi ainda por sempre pensar e agir assim, com humildade e os pés no chão, que Dona Beta conquistou credibilidade, virtude esta que vem espalhando felicidade. Aos que torcem pela Vila Isabel, deixou então um importante recado: “Cada um de nós sabe o papel a desempenhar. Eu não sei se iremos ganhar, isso só o futuro dirá. Mas uma coisa posso assegurar: a alegria e a autoestima da nossa escola serão contagiantes!”
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MAESTRO ISAAC KARABTCHEVSKY, Um Legado de Grande Inspiração
‘Em sintonia o Maestro e seus movimentos...’ F
oram tantos os títulos, as comendas e medalhas. E aos 80 anos, recém-completos em dezembro, o maestro brasileiro Issac karabtchevsky, um dos ícones vivos de nosso país – como bem assinalou o jornal inglês The Guardian, em 2009 –, continua sendo uma referência, ou melhor, uma autoridade musical. Com uma bibliografia que inclui orquestras pelo mundo, sem falar no inigualável projeto Aquarius – que reuniu milhares de pessoas ao ar livre, durante 40 anos, para ouvir música de concerto –, é o maestro a inspiração da nossa Vila Isabel para o Carnaval 2015. Pra se ter uma ideia da influência e crédito de Isaac Karabtchevsky, ele acaba de assumir a presidência da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Diretor artístico até então, Karabtchevsky tem a partir de agora o desafio de devolver ao Municipal sua relevância histórica no cenário da ópera nacional e mundial, desenvolvendo um projeto voltado para a programação. Não à toa, portanto, ele declarou, em entrevista, ser este um dos momentos mais felizes de sua vida, e a azul e branca, destacou, vem contribuindo para isso: “A Vila soube captar a essência do reconhecimento a meu trabalho na homenagem que está preparando. Me sinto honrado, especialmente, ao ser tão bem recebido por todos da agremiação.” Que carreira! Karabtchevsky foi maestro da Orquestra Sinfônica Brasileira por 26 anos, diretor artístico e maestro de várias orquestras no Brasil e na Europa e, em 2004, assumiu a regência da Orquestra Petrobras Sinfônica. Já a partir de 2011, começou um trabalho à frente da direção da Sinfônica de Heliópolis, comunidade carente de São Paulo, apresentado-a em grandes e importantes palcos. Ele foi ain-
da diretor musical do Theatro Municipal de São Paulo e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. E como se não bastasse, desde 2000, ministra o curso Masterclasses, para maestros, na Itália, durante o Musica Riva Festival. Bem-sucedido, o programa é realizado também na Mostra Internacional de Música de Olinda (MIMO), o maior festival de música instrumental do Brasil. Em visita à quadra – como não? –, o maestro Isaac Karabtchevsky teve um encontro muito valioso, deve-se ressaltar, com o responsável pela regência da orquestra da Vila Isabel: “Eu conversei com o Mestre Wallan e mostrei pra ele algumas obras da música clássica. Ele adorou ‘O Guarani’, de Carlos Gomes, e o ‘Bolero’, de Ravel, decidindo-se por inseri-los no samba enredo. Essa interação, que é uma das propostas da Vila, é muito interessante e tem tudo pra dar muito certo no dia do desfile”, comentou ele, que também é só elogios ao hino
oficial da escola. “Adorei o samba! É a representação mais bela da mistura entre o erudito e o popular. Acho que a agremiação acertou na escolha da obra que, claro, já decorei, sei cantar do início ao fim”, salientou. O maestro, como não poderia deixar de ser, também esteve no barracão. E o que ele achou? “Eu não fazia ideia de como era organizado o desfile de uma escola de samba. A Vila me proporcionou esse novo conhecimento, que me surpreendeu muito. Eu não imaginava que uma festa tão popular fosse preparada tão à risca, seguindo um cronograma tão rígido e com um compromisso tão grande como a Vila Isabel o fez. Estou muito orgulhoso do trabalho realizado pelo carnavalesco Max Lopes e pela presidente Elisabeth Aquino”, concluiu. É a Vila!
‘Pra gente tocar feliz o clássico na mais
pura raiz...’ 12 Revista da Vila 2015
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O MAGO DA VILA
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ão quase 40 anos de Carnaval construídos com desfiles memoráveis, como ‘É hoje’e ‘Liberdade, liberdade! Abra as asas sobre nós!’, muitos títulos e até o chamado supercampeonato, em 1984. Mas o fôlego, garante, é de jovem: “O amor pelo que faço e o carinho pela Vila são meus combustíveis. Aqui, na escola recebo atenção demais e isso cativa a gente, o que me faz trabalhar com bastante entusiasmo”, declarou o carnavalesco Max Lopes, de volta à Azul e Branca de Noel. Orgulhoso de sua trajetória na folia – que começa como passista (vejam vocês!), passa a diretor de alas e conta com cinco desfiles junto à Vila (1985, 86 e 87, 1995 e 96) –, Max leva na bagagem ainda o aprendizado colhido em meio a nomes como Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona. Intitulado imortal da Academia de Belas Artes e o mago das cores do nosso Carnaval, ele afirmou que suas credenciais estarão em evidência na Avenida: “A Vila Isabel estará bem alegre e colorida. Não dá pra falar em Butterfly – referindo-se à peça japonesa ‘Madame Butterfly’ – só com azul e branco. É preciso equilibrar. Tavinho (Novello, diretor de Carnaval), pra minha felicidade, disse inclusive estar encantado com o painel de cores”, comentou o carnavalesco. Reconhecido também como um especialista em barroco – um tipo de arte emotiva, de formas retorcidas e tensas, com a valorização de cores e a contraposição de luzes e sombras –, o carnavalesco revelou que tal característica “será observada logo na abertura do desfile, na concepção dos instrumentos de uma orquestra.” E quando questionado se podemos esperar um pouco de ousadia, Max foi categórico: “Mas é claro! Desde que não interfira no samba, a ousadia tem que se fazer presente.” É preciso mesmo um boa dose de atrevimento pra levar à Avenida obras como ‘O Guarani’, ‘O Sertanejo’, ‘Asa Branca’, ‘Carinhoso’, ‘Bachianas brasileiras’, ‘Carmem’, ‘Quebra-Nozes’ e “O Barbeiro de Sevilha’, só pra citar algumas, não acham? Assim, Max Lopes deseja promover uma espécie de ‘conver-
sa’ entre nossa mais famosa ópera popular, o carnaval das escolas de samba, e o erudito. Pra criar o enredo ‘O maestro brasileiro está na terra de Noel. A partitura é azul e branca, da nossa Vila Isabel’, recorreu ainda ao ícone Martinho da Vila: “Ele encerrará o desfile. Foi o escolhido para apresentar a agremiação ao maestro Isaac Karabtchevsky, que estará no abre-alas e será homenageado, em seus 80 anos, por seu legado. O célebre criador do Projeto Aquarius, um dos idealizadores dos Concertos para a Juventude, entre tantos feitos, merece isso. E ele é uma pessoa muito linda. Faz questão sempre de lembrar que música boa não tem fronteiras.” De acordo com o carnavalesco, o desfile da Vila será assim: no primeiro setor, a obra do maestro Carlos Gomes, onde serão lembradas óperas como ‘Os Escravos’, dedicada à Princesa Isabel; em seguida, no segundo setor, serão lembradas as obras do maestro Villa-Lobos, entre elas ‘O Uirapuru’; no terceiro setor, destaque para as sinfonias barrocas, para as baianas, que representarão a ‘Sagração da Primavera’, e para a bateria, que simbolizará ‘Otello’; no quarto setor encontraremos os balés, como ‘La Bayadere’; no quinto, óperas importantes na carreira do maestro Isaac Karabtchevsky, como ‘Aida’; e, por fim, no sexto setor, a escola promoverá um encontro entre o erudito e o popular, este último na figura de Martinho da Vila e sua obra, sobressaltando a canção ‘Renascer das Cinzas’, e não por acaso. Com a certeza de ter ao seu lado uma equipe incrível, o Max Lopes espalhou por todos os lados: “A Vila está fortemente credenciada a disputar o título deste ano. Jorge Silveira, meu assistente, é um menino de ouro, que ama o Carnaval e tem um comportamento exemplar. E há muita gente boa no barracão, como o diretor Flávio Mello, sempre atento. Contamos com excelentes escultores e iluminadores, pra não dizer que são os melhores. E Dona Beta não existe! Humilde e guerreira, nos transmite muita confiança. Com tanta motivação e paixão, acredito mesmo que, conforme brinca a diretoria, o Macaco vai descer. Feliz Carnaval a todos!” 2015 Revista da Vila 13
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“Com a poesia do
SAMBA E COMPOSITORES
povo de Noel...”
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A Vila Isabel tem samba. E que samba!” Assim começou sua análise sobre a obra da agremiação – de autoria de Carlinhos Petisco, Serginho 20, Machadinho, Paulinho Valença e Henrique Hoffman –, para o Carnaval 2015, o colunista Luis Carlos Magalhães, do site Carnavalesco. “A melodia escorrega pela letra, é fácil. O samba cabe suavemente na melodia. É um samba de muita qualidade. Parabéns, Vila!”, considerou ele, destacando ser o hino da azul e branca um dos melhores do CD das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. E desde o início da disputa de samba, realizada na quadra e terminada em outubro, o dito samba pareceu ser a preferido da comunidade para a mais do que justa homenagem ao maestro Isaac Karabtchevsky. “Nunca imaginei que um dia minha obra seria enredo na Sapucaí. Estou emocionado. É a maior homenagem que eu poderia receber”, declarou o maestro, ao jornal Extra. Anunciado pela comissão julgadora como o eleito para embalar a Vila num desfile com a missão de recuperar a autoestima de seus torcedores, foi celebrado, ao amanhecer, no Boulevard 28 de Setembro. A quadra, com capacidade para cerca de 10 mil pessoas, ficou pequena para tamanha alegria. Foram 30 minutos de apresentação naquela inesquecível noite. A torcida que a obra arregimentou, na ocasião, segurou o ritmo, sem desanimar, dando já uma amostra de como a comunidade responderia ao longo dos ensaios. Seu ponto alto, sem dúvida, está na alusão à ópera ‘O Guarani’ – de autoria do maestro Carlos Gomes –, mas 16 Revista da Vila 2015
ele é bem mais do que isso, como salientou Paulinho Valença, um dos compositores: “Fizemos talvez o samba mais ousado, com a finalidade de realmente apresentar algo diferente do que conhecemos como padrão. Tivemos, por exemplo, a preocupação de não colocar um refrão no meio do samba,
com base numa melodia bem desenhada. Mas a escola optou por uma alteração, inserindo um refrão do meio, e também ficou ótimo. A Vila então conta um excelente samba, uma obra que a comunidade abraçou de verdade, e isso me emociona muito. Tenho certeza de que ganharemos a nota máxima no quesito”. Foi a primeira vitória de Paulinho Valença e Henrique Hoffman, renomados compositores do mundo do samba, no concurso anualmente promovido pela Azul e Branca de Noel. Já Serginho 20 comemorou sua nona obra (1999, 2000, 2002, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2015), enquanto Carlinhos Petisco, a quarta contribuição para o Carnaval da Vila Isabel (2006, 2007, 2008 e 2015). E para Machadinho? Vila Isabel de coração, vencer teve um sabor ainda
mais especial: “Agradeço muito aos meus parceiros porque foi a primeira vez que ganhei uma disputa de samba na Vila. Eles me orientaram à beça. A ‘ficha até hoje não caiu’. Vira e mexe me pergunto se é verdade e sinto uma alegria enorme quando dou conta de que sim, aconteceu”, confessou ele. Escrever um samba enredo, ou melhor, ‘um grande samba enredo’, não é fácil. Dezenas de competidores entram na disputa! Mas ao comentar sobre o processo de criação, Paulinho fez parecer tão simples... “Nos reunimos num bar, em Vila Isabel, para debater a respeito da sinopse do enredo e, em seguida, marcamos um novo encontro para começarmos a trabalhar a obra. Foi tão fascinante desenvolver uma ‘ópera’ sobre o legado do maestro Karabtchevsky que logo no final do primeiro encontro, acredite, já tínhamos o samba praticamente pronto. Daí pra frente foi só acertar uma coisinha aqui, outra ali e fechar com a harmonia definitiva”, lembrou. De nada adianta, contudo, ter um hino de letra e melodia dignos de elogios mil se aquele que o entoará não estiver à altura. E Gilsinho, o novo dono do microfone da azul e branca, ainda segundo Valença, correspondeu totalmente às expectativas: “Sem hipocrisia, acho que o samba ganhou uma nova vida na voz do Gilsinho, que é pra mim o melhor intérprete de samba enredo da atualidade”. Diante da combinação perfeita entre o samba e a sua interpretação, como diria o mestre Martinho da Vila, ‘Canta, canta, minha gente, deixa a tristeza pra lá. Canta forte, canta alto’, Vila Isabel!
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Passistas
‘E o samba de Vila Isabel ’ “Boa parte do encantamento das escolas de samba e do carnaval está na magia das mulatas. Rainhas do ritmo e da beleza, cativam mais e mais apaixonados a cada desfile. Sem elas, muito da magia carnavalesca simplesmente desapareceria. Vida longa às musas do tufão nos quadris!”(Aydano André Motta, jornalista e roteirista do documentário ‘Mulatas! Um tufão nos quadris’) De vermelho, laranja, amarelo e dourado, então, elas irão hipnotizar o mundo, incendiar a Avenida! Representando o ballet ‘O Pássaro de fogo’, os 90 passistas da Vila, sendo 60 moças e 30 rapazes, deixarão Claudinha, a responsável pela ala, pra lá de orgulhosa: “São todos muito responsáveis, de atitude e presença não só de palco como de espírito. Apresentado sua arte com muita garra e paixão, tenho certeza de que embelezarão como nunca mais um grande desfile da nossa azul e branca.” Então, se prepara, senta, que aí vem show! Riscando o chão da Avenida, com graça e malandragem, os passistas da nossa Vila Isabel fitarão o público com muita ginga e requebrado sem igual. Palmas pra eles, minha gente! 2015 Revista da Vila 17
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‘Seguem no compasso a A Bateria
Swingueira.
A orquestra brasileira...’ É de arrepiar! Seu andamento oscila entre 145 e 146 bpm (batidas por minuto). Os taróis, tocados em cima – como outrora, quando os ritmistas, muitos deles marginalizados, assim os posicionavam para esconder o rosto –, mais agudos, têm uma ‘batucada’meio repicada. Já as caixas de guerra, tocadas em baixo, têm uma ‘levada’ corrida, rufam uma e depois duas vezes; “Esta é a união que dá o molho da bateria da Vila”, revelou mestre Wallan, que na Avenida regerá 288 componentes, neste suingue próprio da azul e branca. Dá pra calcular a emoção? Não é à toa que dizem que a bateria é ‘o coração da escola’. Imagine-se perto de 13 surdos de primeira marcação, outros 13 de segunda, 23 de terceira, 64 caixas de guerra, 45 taróis, 24 cuícas, 24 chocalhos, 36 tamborins, 36 repiques, 3 frigideiras, 2 xequerês, 2 tantans, 1 prato, 1 pandeiro e 1 reco-reco. Haja coração! “Essa é a equalização da Swingueira de Noel para este Carnaval. Assim levaremos pra Sapucaí uma sonorização equilibrada. É importante fazer uma nova matemática a cada samba. Se ele é pequeno, a bateria pode ter um som mais pesado; se longo, ela precisa ser mais leve”, sintetizou Wallan, que faz tudo parecer tão simples... Mas não é, não. O trabalho é duro e demanda comprometimento. Por isso, o mestre conta com 16 diretores, distribuídos pela bateria, que o ajudam a manter o controle, inclusive no
que tange à atenção dos ritmistas: “O chocalho, por exemplo, espalha muito som, é um instrumento de alto risco. Logo, ele apenas acompanha a caixa e o repique, que promovem uma ‘levada rítimica’ constante. Exijo mais dos surdos e da ‘pergunta’ do repique pra possibilitar o ‘ataque’das caixas, com o chocalho”, explicou Wallan. Como se vê, é preciso estudar a bateria: “Faço um planejamento, levo a meus diretores e, em seguida, aos ritmistas. Observamos a retorno às ideias e, como contamos com material humano de qualidade, geralmente dá certo. Porque é importante inovar.” Sim, criatividade vale preciosos décimos no desfile, e o mestre de bateria garante que hoje a sinfonia da Vila é uma mescla de tradição e inovação. Até por isso, aliás, faz-se uma renovação do segmento que, pouco a pouco, ganha novos talentos: “Em nossa bateria atualmente você encontra um jovem de 13 anos tocando repique e um senhor de 65 entre os cuiqueiros. E 90% são da comunidade”, destacou Wallan, salientando ser esta uma das razões para arriscar, claro, com responsabilidade. “Jamais colocaria a integridade sonora da agremiação em risco. Planejo com humildade, e a diretoria nos dá excelente condição para trabalhar. Mas, de fato, não se ouve por aí arranjos como os nossos, totalmente dentro do enredo”, reconheceu. Wallam fez questão de ressaltar ainda
a relevância de se definir uma identidade. Uma bateria, segundo ele, é reconhecida, principalmente, pelo toque das caixas e surdos de terceira marcação: “E a da Vila, posso afirmar, é inconfundível. Sua ‘levada’ é única. Ela é mais grave, mais rústica”, pontuou ele, que é, como se diz por aí, nascido e criado em Vila Isabel. Sobrinho de um dos grandes nomes da história da agremiação, mestre Mug – que comandou o segmento de 1988 a 2009 –, ele lembrou que seu aprendizado começou junto a mestre Trambique, quando menino. Mas adiante, o tio o promoveu a diretor, momento em que também, sob o apito de mestre Átila, agregou um novo olhar e características como organização e liderança. Seguro e mais experiente, o responsável pela regência da orquestra da Vila comunicou ter produzido, com os companheiros, um lindo espetáculo: “Faremos um verdadeiro concerto na Passarela do Samba e sem que a métrica de nosso hino tenha sido alterada, pois todos os arranjos foram criados em cima dele. O ‘Bolero’ (de Ravel), que caracterizamos pelas caixas de guerra, é um. E nos inspiramos também na obra ‘O Guarani’. É verdade que os arranjos são complexos, porém ensaiamos muito. Então, confio no grupo. Nos sentimos bem em nossa escola e assim formamos não só uma excelente bateria como uma grande família.” 2015 Revista da Vila 19
20 Revista da Vila 2015
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COMISSÃO DE FRENTE
Prepare-se para algo nunca antes visto na Marquês de Sapucaí. É isso mesmo! Quem promete é Jaime Arôxa, considerado um dos maiores profissionais de dança do Brasil. Você certamente já ouviu falar dele que, veja só, é o coreógrafo da comissão de frente da nossa Vila Isabel. A fim de impressionar desde a abertura de seu desfile, a azul e branca deu total suporte a Arôxa para trazer a fonte da impactante ideia, bailarinos americanos e canadenses, os idealizadores de uma grande ‘sacada’.
´Na arte retratos da vida... Além dos sete bailarinos internacionais, com os quais o coreógrafo precisou se comunicar, inclusive, através de videoconferências, Jaime Arôxa comandará na Avenida outros 15 dançarinos, homens e mulheres. Como os primeiros são parte do truque, ficando invisíveis, o público identificará apenas um maestro, dois pianistas, seis bailarinas e seis mestres-salas: “Este é o modo como promoveremos o encontro entre o clássico, simbolizado pelas bailarinas, e o popular, representado pelos sambistas”, explicou ele, informando também que recorreu ao professor Manoel Dionísio, fundador da 1ª Escola de Mestre-sala, Porta-bandeira e Porta-Estandarte do Rio de Janeiro, em 1990.
Para uma exibição, segundo Jaime, lúdica, uma mistura de originalidade com técnica, luxo e leveza, ele contou com o talento do figurinista Alex Couto, profissional com o qual , aliás, trabalha em seus espetáculos extra-carnaval: “As fantasias são maravilhosas, ricas! Já a leveza estará na ponta dos pés das bailarinas. A técnica está no fato do grupo ser formado por profissionais excelentes e a originalidade, por fim, será apresentada principalmente na frente da cabine dos jurados, haja vista ser uma grande surpresa”, comentou o coreógrafo, que comunicou ainda a respeito da presença de um elemento alegórico na comissão de frente. “Trata-se de uma imensa partitura e o que acontecerá com ela será o grande ‘barato’.”
Arôxa já teve seu contrato renovado pela escola para o Carnaval 2016 e não por acaso. A total demonstração de confiança se dá não só por seu comprometimento com o trabalho como sua relevante e premiada experiência na folia carioca: “Já realizei trabalhos para seis distintas agremiações, incluindo a própria Vila Isabel, em 2005. Naquele ano, infelizmente, não fui tão bem-sucedido, em razão de uma série de fatores, entre eles o desenvolvimento de uma ideia que não era genuinamente minha. No entanto, o Carnaval já reconheceu meu desempenho com prêmios como o Troféu Samba-Net e o Estandarte de Ouro. Com o enorme suporte da nova administração da Vila e parceiros como o Hotel Novo Mundo, estou certo de que realizamos um trabalho maravilhoso.” E desta forma, extremamente confiante – mediante ensaios que tiveram início em outubro, na quadra, Cidade do Samba e no sambódromo, madrugada adentro –, o coreógrafo Jaime Arôxa pede à comunidade que mostre toda a sua força na Avenida: “Cantem forte! A a escola precisa muito de seu ‘chão’. Entrem na Passarela do Samba com garra! As fantasias e carros estão lindos, o trabalho foi executado, rigorosamente, conforme planejado, então, só o que falta é que o componente faça a sua parte, ou melhor, faça a diferença.” 2015 Revista da Vila 21
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omo na vida, a preparação de uma escola de samba para o grande dia às vezes também conta com imprevistos. E foi exatamente o que aconteceu com a Vila, quase aos 45 minutos do segundo tempo, este ano. Em janeiro, a então 2ª porta-bandeira Dandara foi convocada para substituir a 1ª, a colega Natália, que apresentou uma tendinite no joelho direito. Preocupante? Que nada! Neta de nada menos que Martinho da Vila, Dandara vem mostrando que em suas veias corre sangue azul e branco. “Vira e mexe alguém me pergunta: Peraí, não é possível! Vocês não ensaiavam juntos antes do ocorrido?”, comentou Diego, que declarou ter igualmente se surpreendido com o entrosamento natural de sua dança e a da nova parceira. “Além do mais, ela chegou com uma energia positiva tão grande, uma vontade imensa de fazer com que desse certo... Coisa de Deus mesmo. Mas nem por isso a gente relaxou. Ensaiamos todos os dias, e muito, de modo que o Machine – conhecido como o síndico da Passarela – nos manda embora pra casa. Vocês não têm namorados, família, não têm mais nada pra fazer, não? ”, lembrou, às gargalhadas, o mestre-sala. Quanto ao desafio, para a porta-bandeira há o lado bom e... o lado bom também. É isso. Há uma grande expectativa por seu desempenho. Contudo, o tamanho apoio, as demonstrações de carinho e de confiança são tantas que suplantam qualquer porém: “A comunidade me conhece e isso fortalece demais. Desfilei por 7 anos como passista, integrei a comissão de frente em um Carnaval e, em 2013, pela primeira vez, abracei o pavilhão da Vila. Certamente me viram defender a bandeira de outra escola, e como porta-bandeira principal, o que ajuda a acreditarem ainda mais em minha capacidade.” E tem mais! Em breve formando-se em bacharel em Dança pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a jovem apontou as vantagens de que lançará mão em sua exibição: “Estou habituada a lidar com o palco, com o público e, enfim, com a necessária sincronia entre casais. Juntarei isso à essência do samba, que carrego comigo desde criança, ou seja, somarei minhas paixões pela dança e pelo Carnaval. E uma outra coisa me leva a crer bastante em nosso sucesso: a coreografia. Ela tem muita inspiração no balé clássico, com o qual tenho intimidade, e contamos com o conhecimento e o olhar crítico da ex-bailarinha Maria Celeste Lima, em praticamente todos os ensaios.” Dandara declarou ainda ter se impresssionado, pra não dizer emocionado, com a receptividade de Diego, o que não é de surpreender. Mestre-sala experiente, com passagem por reconhecidas agremiações, ele viveu situação semelhante, numa escola coirmã. Para ele, o Carnaval deste ano também chega com novidade e uma boa dose de excitação, em razão da mudança de posicionamento do casal que, como nos velhos tempos, volta a 22 Revista da Vila 2015
bailar à frente da bateria: “Estar próximo ao coração da escola será incrível! Sentir a vibração dos ritmistas, confesso , me anima mais do que o normal.” A fantasia do casal, sempre um muito aguardada pelo público, recebeu as cores da escola, o que pouco se vê atualmente tamnbém. O respeito às tradições nunca cai de moda, mas o dinamismo do desfile e da dança agora exige uma certa adaptação não só no que se refere à indumentária como no preparo físico: “A minha roupa está leve e posso dizer até confortável. Mas o calor é grande e por isso estou fazendo musculação regularmente, um trabalho bem voltado para a resistência”, salientou Diego. Já Dandara disse não ter dado a mesma sorte com relação ao peso de seu traje, mas disparou: “A minha está um luxo só! Abrilhantaremos, com certeza, o desfile da Vila Isabel que, muito motivada, valorizando os talentos de casa e elevando a autoestima de sua comunidade, dará um show na Avenida”.
‘Porta-bandeira...
E a bailarina na ponta
do pé...’ GDIEGO MACHADO E DANDARA VENTAPANE:
UM CASAL DE MUITA CLASSE 2015 Revista da Vila 23
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‘Comunidade unida HARMONIA Nota 10
a cantar...’ T
arde de Quarta-feira de Cinzas, Sambódromo do Rio de Janeiro. O ilustre Jorge Castanheira lê as notas dos jurados para as escolas de samba... “Quesito Harmonia: Unidos de Vila Isabel, nota dez! Dez! Dez! Dez!” Nos últimos anos, a história tem se repetido em cada apuração. Incrível! Como é que pode? “Estes resultados são fruto de muito comprometimento e de um relacionamento maravilhoso entre os diretores do segmento. O grupo que constitui a Harmonia da Vila é praticamente o mesmo há dez anos e a parceria entre os membros só aumenta, o que facilita o trabalho”, justificou Décio Bastos. Pra se ter uma ideia do desafio enfrentado, ano após ano, pelo diretor geral de Harmonia e sua equipe (outros 40 diretores), vale uma comparação com a dificuldade de mantermos o peso ideal. Se fazer regime é complicado, o que dizer sobre continuar seguindo uma alimentação equilibrada e conservar o peso, reduzido a duras penas? Difícil, não é mesmo? Agora volte seu pensamento outra vez para a Azul e Branca de Noel e atente para uma boa receita: “O componente precisa saber a importância dele para o desfile e o nosso dever é tocar no coração, a fim de que ele assuma essa responsabilidade”, comentou Décio, salientando ser esta uma marca de sua direção à frente do segmento. De acordo também com Décio, a relação entre o car-
ro de som (leia-se intérpretes e músicos) e a bateria é o que dita o ritmo do componente: “É fundamental que este casamento seja perfeito, como ocorre na Vila Isabel, para darmos as ideais condições de canto a quem desfila”. Deve-se levar em consideração ainda as incontáveis vezes em que o samba é lido na quadra, repetido durante os ensaios, corrigido e, claro, sua qualidade: “A Vila tem apresentado belas obras e o samba escolhido para o Carnaval 2015 não foge à regra. Nos primeios ensaios, a comunidade se mostrou um pouco descrente – certamente em razão da triste lembrança do último desfile –, mas aos poucos essa desconfiança sumiu. Hoje temos uma escola pulsante e cantando forte, o que favorece nosso caminho para mais notas dez”, contou ele.
Mas será que o diretor de Harmonia acredita em mais um desempenho impecável de seu time? “Estou muito confiante no carnaval que a Vila Isabel apresentará este ano, de uma forma geral, com uma importante contribuição nossa. Afinal de contas, a comunidade abraçou o samba e tenho total segurança nos diretores com os quais trabalho, o que já é meio caminho para conquistar nossos objetivos”. Bom seria ainda se as arquibancadas cantassem junto com a azul e branca, não é mesmo? “É o que esperamos que aconteça. Será extraordinário sentir que a alegria de nossos componentes contaminou o público. E tal atmosfera, inclusive, pode contagiar os jurados”, concluiu Décio, cruzando os dedos. Oxalá assim seja!
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Direção de Carnaval: TAVINHO NOVELLO
‘A Vila de novo
sorrindo...’ E
le chegou à Vila pra fazer parte de uma comissão, mas a nova diretoria, ciente de sua experiência, analisando os prós e contras do modelo anterior, resolveu outorgar a Tavinho Novello a direção de Carnaval da escola. Aí, você pode estar pensando: mas várias cabeças não pensam melhor do que uma? “É verdade, por isso trato de ser um líder que cria novos líderes, profissionais que caminhem comigo, lado a lado, contribuindo com boas ideias, planejamento e soluções, bem como dividindo responsabilidades. Aqui na escola tudo é realizado em conjunto”, salientou ele. Inspirado num grande Carnaval, o de 2006 (‘Soy loco por ti, América – A Vila canta a latinidade’), quando integrou a equipe campeã da azul e branca – à época não apontada entre as favoritas –, ele ressaltou que a receita para vencer é simples, mas nada fácil: “Trabalho e união. Este foi o espírito que absorvi da Vila Isabel naquele momento, venho carregando ao longo da vida e, pra minha alegria, sinto fortemente em nossa quadra e barracão outra vez”, declarou o diretor e compositor – como não? Afinal, foi escrevendo sambas que Tavinho 26 Revista da Vila 2015
ingressou no mundo todo especial da folia e uma vez compositor, sempre compositor. Mas tem um outro importante talento que, sem dúvidas, facilita um bocado o dia a dia de Tavinho na agremiação de Noel: sua face como gerente de vendas, onde exercita uma de suas qualidades, a capacidade de se relacionar bem com as pessoas: “Não é fácil... É preciso, entre tantas coisas, ser firme, mas sem perder a ternura”, comentou ele, parafraseando o revolucionário Ernesto Che Guevara. Mas ele destacou a relevância ainda do planejamento: “Esse aprendizado é valioso também aqui na escola porque ela nada mais é que uma empresa e, logo, necessita seus departamentos funcionando em sinergia. Um diretor de Carnaval, assim sendo, deve ter conhecimento de matemática financeira e de gestão, não só de negócios como de pessoas.” Ansioso para ver a Azul e Branca dar a volta por cima, doando à comunidade 100% das fantasias – e todas feitas no ateliê da agremiação, situado no 4° andar do barracão, na Cidade do Samba –, Tavinho Novello revelou um pouco do que veremos na Passarela do Samba: “A Vila
estará muito bem vestida e suas fantasias, luxuosas. Max (Lopes, o carnavalesco) criou uma palheta de cores fantástica, que propiciará um Carnaval de bastante alegria aos componentes e aos espectadores. Sobre as alegorias, posso dizer que teremos três grandes momentos, um no começo, outro no meio e no fim. E todas contarão com movimentos desenvolvidos pelos profissionais de Parintins, bem como surpresas de grande impacto.” A Vila Isabel será representada por 3800 componentes. A escola foi dividida em 32 alas – algumas delas, inclusive, coreografadas, que embelezarão um pouco mais o show, sem atrapalhar o andamento do desfile –, terá sete alegorias e ainda três tripés. E pisará bem preparada na Avenida, como frisou Novello, pois ensaiou com a sede de quem quer o título: “Ouso dizer que a Vila é a escola que mais ensaia no Rio de Janeiro. Todos os segmentos estão trabalhando pesado porque 2015 será o ano de um carnaval de resgate da autoestima e à altura da história de uma agremiação que nunca poderá se contentar em ser mera coadjuvante.”
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Evolução: Uma nova equipe!
“Renasce
num sonho lindo...’ E
ntre 10 polêmicas pontuadas nos desfiles das escolas de samba, nove estão relacionadas ao quesito Evolução. E não é preciso recorrer a estatística alguma pra saber disso. Afinal, quem nunca ouviu alguém dizer que ‘a escola estava linda, mas correu no final’? Outro comentário bastante comum é ‘aquela escola perderá ponto por causa de um buraco’. Quer mais? E o que dizer de ‘está bonito, mas parece um desfile militar’? Pois é, fazer Carnaval não é fácil, não; e disputar o título, menos ainda. Pra fugir dessas ciladas, a Vila recorreu a um trio que é parada duríssima. Na azul e branca há 35 anos, Edmilson Lopes dos Santos, o Ed, era ritmista em 1988, ano de ‘Kizomba, a festa da raça’, desfile que muitos qualificam como impecável em termos de Evolução: “Aquele foi o Carnaval da superação. A Vila sequer tinha quadra pra ensaiar. Então, como obra divina, os diretores e componentes se entregaram de corpo e alma. Queremos repetir o feito. Por isso, estamos reunindo a massa e ensaiando às quartas-feiras e aos domingo, no Boulevard 28 de Setembro. Os ensaios de quarta, aliás, começaram a ser realizados na quadra,
mas, pra nossa alegria, esta não deu vazão e tivemos que pedir autorização à prefeitura pra treinar na rua”, comentou. Alçado ao cargo de diretor de Comunidade em 2010, Ed agora divide a responsabilidade do quesito Evolução com Cosme Márcio e Marden Luiz. Junto a eles, outros 64 amantes da Vila cuidarão das 32 alas, estando dois de cada lado, porque, afinal de contas, não pode haver buracos, nem ala embolada a outra, nem grandes paradas e muito menos correria: “Além disso, temos que cobrar o canto e incentivar a descontração. O carnaval passado deixou o componente receioso, mas isso é acabou. Gradativamente, ele entendeu nossa mensagem, assimilou as correções, de modo que me arrisco a dizer que estamos muito próximos da perfeição”, destacou Cosme, cujo posicionamento no desfile será na cabeça da escola (na frente), perto de Tavinho Novello, diretor de Carnaval. Mas não basta ensaiar, de acordo com Marden, que informou que o segmento se reúne toda segunda-feira para analisar os treinos: “Fazemos uma espécie de radiografia da escola, observando ala a ala e conside-
rando aspectos como compactação, garra e comprometimento”, disse ele, salientando o sensível retorno de pessoas que se afastaram da agremiação ao longo de administrações anteriores: “Dona Beta está conseguindo refazer laços, está trazendo de volta gente que sempre amou a Vila Isabel, mas não se sentia à vontade na escola. Eu tinha certeza de que ela faria isso e, não à toa, participei ativamente de sua campanha para presidente.” Para Marden e seus parceiros, fortalecer a relação entre a comunidade e a escola de samba, personificada através de sua diretoria, é fundamental para o bom desempenho na Avenida. E deve ser mesmo. Não fora assim, as agremiações não investiriam em cada vez mais projetos e eventos que visem a beneficiar o bairro (e/ou município) e regiões adjacentes: “A família Vila Isabel percebeu que a instituição está passando uma borracha no Carnaval de 2014 e reforçando sua identidade. E isso acontece, em especial, porque Dona Beta conhece a escola como a palma de sua mão. Não existe distância entre a presidente e qualquer componente, porque ela participa, ativamente. Nos transmite segurança, nos emociona”, concluiu Marden. 2015 Revista da Vila 27
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‘E a música vem brindar...” CARRO DE SOM: Mistura que dá show!
A figura do intérprete é muito marcante em uma escola de samba e, assim sendo, grandes vozes já fizeram história na Marquês de Sapucaí e, claro, na nossa Vila Isabel. O premiado Gilsinho, que começou sua carreira no samba paulistano, é um destes inequívocos talentos e, pra nossa sorte, desde 2014, está no comando do time de cantores da azul e branca. Nossa escola goza ainda do privilégio de contar com nomes como Gera, Emerson Matos, Gustavo Oliveira e Davi Sambaí, profissionais que, se já não provaram a que vieram, estão no ca-
minho certo para o sucesso. E o carro de som da Vila é formado por outras feras. Seus músicos, Douglas do Cavaco, Léo Antunes (cavaco), Natan Wallace (violão) e Frederick (violino) – sendo este instrumento uma novidade, especialmente, para o desfile deste ano – são requisitados, saiba você, por renomados artistas. Se eles estão afinados? Mais do que isso! Estão preparados para um grande e inesquecível concerto, o que nossa escola, anote aí, apresentará na Passarela do Samba. Em total sintonia, eles farão você cantar com a Vila e se emocionar.
“Pra mim, será uma experiência completamente nova, porque, até então, eu só havia tocado música clássica. Estou feliz por ter sido convidada pela diretoria para integrar a equipe e emprestar meu talento ao samba. Adorei trabalhar com todos outros músicos do carro de som. Inicialmente, toquei violino acústico, como faço na orquestra, mas vimos no violino elétrico uma opção mais adequada ao samba enredo, propiciando um retorno melhor. Aprendi, enfim, como misturar elementos da música erudita ao samba para, na Sapucaí, encaixarmos o violino num sucesso de Martinho, ‘Renascer das Cinzas’.” (Friederike Jurth, alemã )
“Fazer parte da Vila Isabel há tanto tempo é motivo de imenso orgulho. Graças à escola, tive a oportunidade de trabalhar com muita gente boa e de ajudar a escrever várias histórias no mundo do samba. E, mais uma vez, me sinto privilegiado, pois ao meu lado novamente estarão excelentes músicos e cantores. Assim é a Vila! Com seus maravilhosos carnavais e momentos de glória, ela proporciona tudo isso pra gente.” (Douglas do Cavaco) 28 Revista da Vila 2015
“Hoje, chegando ao meu segundo carnaval na Vila Isabel, posso dizer que me considero parte da família azul e branca. Fiz muitos amigos. E na escola o diálogo é aberto, o que torna o trabalho muito mais prazeroso. Por causa disso, temos acertado muita coisa, de modo que, asseguro, a Vila está pronta pra encarar a Avenida. Além disso, a comunidade é bastante participativa e, sem dúvida, abrilhantará o espetáculo.” (Gilsinho)
O MAESTRO BRASILEIRO ESTÁ NA TERRA DE NOEL, A PARTITURA É AZUL E BRANCO, DA NOSSA VILA ISABEL Autores: Carlinhos Petisco, Serginho 20, Machadinho, Paulinho Valença e Henrique Hoffman Puxador: Gilson da Conceição (Gilsinho) O envolvimento suave da batuta Com a poesia do povo de Noel Em sintonia o maestro e seus movimentos E o samba de vila Isabel Tá na sua regência a doce magia e a inspiração Pra gente tocar feliz o clássico na mais pura raiz Mais cordas, metais a valorizar as notas musicais Traz o sopro de paz Eu quero curtir “O Guarani” Na arte retratos da vida, o amor de Ceci e Peri Viver é amar e sonhar. Ao som do “Menino Brasil” o “Canto do Uirapuru” Villa-Lobos a emocionar Lá vem o trem, o trem caipira Cruzando a floresta, trazendo emoções Lá vai embarcação por águas sombrias E o puro encanto das quatro estações Seguem no compasso a swingueira, Orquestra Brasileira, o balé Bailam passistas, porta-bandeira, E a bailarina na ponta do pé. Solto então a voz na canção Que emociona a todos nós Dignidade volta pro ninho Isaac e Martinho dão o tom No ar a mais bela sinfonia É de arrepiar Comunidade unida a cantar Renasce num sonho lindo A Vila de novo sorrindo E a música vem brindar
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‘Viver é amar e G
Fábrica de Sonhos: BARRACÃO
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o dia 03 de fevereiro, quando esta matéria foi escrita, a situação na fábrica de sonhos da Vila Isabel era a seguinte: “As alegorias estão 90% prontas e serão embaladas no domingo, dia 08. As fantasias, também confecionadas aqui, no 4° andar, já estão sendo levadas para a quadra e, pouco a pouco, entregues. Há cerca de 30 dias, em torno de 200 pessoas estão praticamente morando no barracão, que é pra cumprirmos os prazos, pois nem sempre o trabalho diurno é suficiente”, informou Flávio Mello, o novo diretor da ‘indústria’ Vila Isabel. Pensa que barracão de escola de samba é uma grande desordem, como aquela que, infelizmente, às vezes avistamos no quarto de nossas crianças? Você está muito enganado! Afinal, como dar condiçõres de trabalho a profissionais que, quando se aproxima o dia do desfile, passam mais tempo no local de trabalho do que em casa? “Temos que ter organização e cuidar da higiene. Houve um momento em que chegamos a ter 420 funcionários aqui no barracão”, salientou Flávio, lembrando que a azul e branca conta ainda com um galpão anexo, no Andaraí (Zona Norte da cidade), onde cerca de 70 pessoas, entre costureiras e aderecistas, produzem fantasias. “Tudo pelo sucesso da Vila e pela alegria de sua comunidade!”, bradou o diretor. Não é fácil, não. Lidar com tanta gente e fazer o barco navegar a todo vapor é coisa pra poucos. Por isso mesmo a nova administração foi atrás de Flávio Mello. Enfeitiçado pela magia do Carnaval, o atual diretor de barracão da Vila passou de destaque de luxo à produção do maior espetáculo da Terra, chegando aos cargos de diretor de Carnaval e, inclusive, carnavalesco, em outras agremiações, quando não respondeu pelas duas funções ao mesmo tempo. Ufa! É muita experiência e jogo de cintura! Flávio é mesmo ‘o cara’: “A diretoria executiva da Vila Isabel facilita demais o dia a dia puxado que temos
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no barracão. Juntos discutimos ideias, alternativas, encontramos soluções, a comunicação é muito boa. Estou aprendendo bastante com tantos profissionais gabaritados. Trabalho com alegria”, enfatizou. Antes de colocar a mão na massa do Carnaval 2015, o novo diretor de barracão reuniu sua equipe para realizar reparos na estrutura local: “Pois é, nosso ambiente de trabalho precisou de uma boa reforma. Tinha infiltrações, muito desperdício de material. Limpamos a casa e demos uma repaginada em todos os andares”, comentou ele. Depois, deu início ao levantamento de pendências, desmontou alegorias, revisou chassis, acompanhou a criação do Carnaval, a produção dos protótipos das fantasias e... Bom, você já deve imaginar. Flávio não parou mais: “As alegorias são supervisionadas desde o primeiro ferro. Ainda tem o forro com madeira, as produções com fibra e isopor. Aí, esbarra-se na falta de um determinado material, vem a preocupação com o planejamento, mas tem que manter a cabeça fresca.” Com relação às fantasias, vale destacar, “copiamos os protótipos fielmente, caprichando no acabamento”, disse Flávio, confiante no ateliê onde está, por exemplo, Maurício dos Santos: “Faço a administração das fantasias e trabalho com adereços. Tudo o que sei aprendi aqui na escola e, deste modo, não meço esforços. A Vila isabel é tudo pra mim. Graças a ela, tenho uma profissão e sou remunerado pelo que faço.” O barracão da Vila é assim. Gera emprego, acolhe, inspira. É um lugar de imenso aprendizado e de vários talentos. Nele, em torno de 120 profissionais trabalham na reciclagem das fantasias entregues pelos desfilantes após o desfile. Questionado se o projeto de Carnaval da Vila será plenamente concluído, Flávio Mello não tem dúvidas: “100% já deu! Estamos apenas fazendo retoques e dando mais atenção às surpresas que preparamos.” Segundo ele, a Azul e Branca de Noel levará pra Passare-
sonhar...’ la do Samba um Carnaval grandioso, criativo, que renderá orgulho à comunidade: “A comissão de frente, anote aí, dará o que falar; o abre-alas será impactante, muito rico; os carros alegóricos, aliás, terão efeitos incríveis para retratar, entre outras coisas, o trenzinho caipira de Villa-Lobos, a ópera ‘O Navio Fantasma’, o ‘Quebra-Nozes’, ‘Madame Butterfly’, serão sete momentos mágicos”, revelou. Já dá pra relaxar um pouco então, pergunto? “Ah, não dá, não. Agora, só depois do desfile. Nem isso. Em seguida, teremos que levar os carros de volta para o barracão, vem a apuração... É tenso, mas é uma adrenalina gostosa”. Mas essa turma tão trabalhadora também ‘pulará’ Carnaval: “Claro! Eles, primeiro, cuidarão de retoques, sempre necessários, na concentração, e desfilarão na ala do barracão, porquen ossa missão é defender o pavilhão da Vila do começo ao fim. E isso faremos!” Foi-se o tempo em que o carnaval era terminado na concentração para o desfile. Com vultosos investimentos, competição cada vez mais acirrada e público em constante crescimento, planejamento é palavra de ordem. No barracão da Vila, quem mantém a sintonia é um jovem que não se contenta com pouco. Uma vez destaque de luxo, Flávio Mello foi enfeitiçado pela magia envolvida na produção do maior espetáculo da Terra, passando a diretor de Carnaval e a carnavalesco, quando não respondeu pelas duas funções ao mesmo tempo. Somando experiência, coragem e dedicação, Flávio é agora a cara da Vila Isabel. E quanto carisma... Pra colocar ordem na casa, contou com o relógio todo tempo a seu favor, arregaçando as mangas desde sua contratação, desmontando alegorias, revisando chassis e até reparando a estrutura do barracão. Atento aos prazos, ao ‘selo’ de qualidade e às dezenas de funcionários da fábrica de sonhos da azul e branca, é ele quem faz o barco navegar a pleno vapor.
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BAIANAS
‘E o puro encanto das quatro estações...’
Elas vêm girando e nos encantando! É impossível não se cativar e emocionar com o bailar das baianas da Unidos de Vila Isabel. As 80 senhoras e senhoritas do bairro de Noel formam um dos segmentos mais importantes da azul e branca. A ala das baianas, com as atuais características, foi criada por Roberto Paulino, ex-presidente da Estação Primeira de Mangueira, no 32 Revista da Vila 2015
início da década de 60. Anteriormente era permitida a participação de homens na ala. Eles desfilavam nas laterais, portando navalhas presas nas pernas para defender a agremiação caso houvesse uma briga generalizada. Por sua importância para a manutenção cultural das escolas de samba, a ala de baianas ganhou até data especial. O dia comemorado a cada 02 de fevereiro.
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VELHA GUARDA
‘Que
emociona
a todos nós...’ O símbolo máximo de uma escola de samba é a sua Velha Guarda. Repleta de histórias que se confundem com a trajetória da própria agremiação, a Velha Guarda da Unidos de Vila Isabel não é diferente. Cheios de garbo e muita simpatia, o grupo chama bastante a atenção nos eventos de quadra, ensaio de rua e também nos desfiles. Um desses exemplos de dedicação à azul e branca é a animada Sheila Rangel, que há 40 34 Revista da Vila 2015
anos desfila na tricampeã do carnaval carioca. – Já fiz de tudo um pouco na Vila Isabel. Costumo dizer que já fui passista, brinquei em ala e só não fui o grande amor do mestre-sala – brinca ela, lembrando versos do antológico samba da escola de 1993, composto por Martinho da Vila. Sheila é mais uma com o coração repleto de esperança na retomada da Unidos de Vila Isabel.
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Lá vem o trem, o trem caipira...
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Herdeiros da Vila
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ão podemos deixar de ressaltar que a prioridade da nova administração da azul e branca voltaria a ser a valorização da comunidade. Promessa feita, promessa cumprida! Um deles foi o estágio de trabalho na Herdeiros da Vila, que já estava com seu carnaval todo pronto há quatro meses antes do seu desfile oficial. Elizabeth Aquino, presidente da tricampeã do carnaval carioca, irá acumular a função na Herdeiros. Luciano Ferreira, vice-presidente será o diretor administrativo. Analimar Ferreira é a vice-presidente e diretora de departamento. Os jovens Felipe Viana e Rayara Monier é o casal de mestre-sala e porta-bandeira. E Duda Barreto a diretora de carnaval. Foi definido também que José Belmiro, o Trambique, um dos fundadores da agremiação mirim, será o presidente de honra. – É um trabalho muito bacana em conjunto com a Vila Isabel e o pessoal do barracão. Fizemos um mutirão para confeccionar essas 900 fantasias com muito amor, carinho e respeito. São crianças basicamente da nossa comunidade, e o morro dos Macacos respira e vivencia o carnaval – lembrou Duda Barreto, a diretora de carnaval. A declaração de Duda lembra também uma importante função social das agremiações mirins. Se a criança não estiver com boas notas e devidamente matriculada em uma escola, ela não poderá desfilar na Herdeiros. A escola desfilará com 900 componentes divididos em 17 alas e três alegorias. A agremiação relembrará o samba de 1989 da escola-mãe. O enredo ‘’Direito é Direito’’ abordará a importância do cumprimento dos direitos das crianças. A escola será a primeira a desfilar na terça-feira gorda de carnaval. 36 Revista da Vila 2015
Uma mulher no
comando da bateria Que as mulheres cada vez mais ganham espaço dentro das baterias não é novidade, mas assumir a batuta de um grupo de ritmistas ainda é algo raro de se ver. Aos 19 anos de idade, Érika Santos é a nova mestre de bateria da escola mirim na Unidos de Vila Isabel e comandará 150 ritmistas na Avenida.
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LUCIANO DA VILA: A Vice-Presidência em Boas Mãos
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le é o exemplo do que tanto prega Dona Beta: com muito trabalho, é possível sim alcançar nossos objetivos. Talvez ele nem tenha sonhado um dia se tornar um importante quadro da escola na qual começou a servir como office boy, mas o fato é que Luciano Ferreira chegou lá e até carrega o nome da agremiação como sobrenome. Hoje ele é o Luciano da Vila, vice-presidente da azul e branca. Sua dedicação foi reconhecida, em especial, pelo trabalho realizado à frente da escola mirim Herdeiros da Vila, presidida por ele durante 10 anos, contou: “O 1° mandato foi aquele sufoco típico das agremiações para a garotada. Pedi ajuda, catei material aqui e acolá, não foi fácil colocar o carnaval na Avenida. A partir do 2° mandato, as coisas melhoraram bastante, graças ao apoio da Petrobras a um projeto de reciclagem de fantasias da Vila Isabel. Isso porque, a
‘Trazendo emoções...’ Herdeiros obteve muito material em razão da iniciativa”. Atualmente, a meninada desfila, disse ele, “com dignidade, não mais vestindo fantasias feitas com papel crepom. E esta considero uma marca positiva de minha administração, além de toda a ajuda captada para a realização dos ensaios e, inclusive, oferecimento de lanches”. E sabiamente, destacou ainda, aproveitou a oportunidade para crescer não só como profissional: “As crianças são tudo de bom! O convívio com elas faz de nós homens e cidadãos melhores. Devo muito à Herdeiros da Vila”, Luciano fez questão de ressaltar. No momento em que conversávamos, aliás, ele estava trabalhando na planilha de orçamento da escola mirim. Como se vê, apesar do novo cargo e total confiança na então presidente Ana-
limar Ventapane, ele continua de olho na molecada. Mas sua missão, admitiu, agora é outra: “Resgatar o orgulho da Vila Isabel é o maior objetivo da administração da presidente Elizabeth Aquino. Por isso, estamos batalhando pra trazer `a escola projetos que possam atender cada vez mais necessidades da comunidade. “ E os avanços neste âmbito, segundo o vice-presidente da Vila, deverão ser celebrados ainda este ano, para a alegria do bairro: “Estamos nos reunindo com prováveis parceiros e representantes da Prefeitura do Rio que, sem dúvida, nos ajudarão a tirar do papel uma série de ideias. Estas deverão beneficiar principalmente aqueles que recorrem a projetos sociais para adquirir conhecimento e ter acesso a serviços visando ao bem-estar”.
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DEPARTAMENTO CULTURAL
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ue Vila Isabel é um dos berços do samba todo mundo sabe, mas você conhece a razão do bairro se chamar assim? Suas terras foram propriedade do abolicionista João Batista Viana Drummond que, a fim de valorizar a causa pela qual lutou, decidiu-se por assim homenagear a Princesa Isabel. Então, imagine o valor da cópia de um título que justamente ela concedeu ao Barão de Drummond, que inclusive dá nome à Praça Sete, vizinha à quadra da Vila? Este foi um dos recentes achados do Departamento Cultural da escola, que ganhou fôlego redobrado nesta nova administração da azul e branca.
A valiosa informação que aqui repasso é de Vinícius Natal, diretor do departamento que conta com os seguintes colaboradores: Dalton Cunha, Daniel Guimarães, Danilo Alegre, Fabiana Mello, Fádla Martins, Hugo Oliveira, Nathalia Sarro, Tadeu Goes e Thales Nunes, sem falar na contribuição de integrantes de diversos segmentos da agremiação e, claro, da comunidade. Eles levam documentos, imagens e prestam depoimentos, especialmente as baianas e membros da velha guarda, testemunhas vivas da memória do bairro e da escola de samba. Fazer o levantamento de uma história há tanto tempo escondida é, segundo Vinícius, o principal objetivo do departamento: “Outros que pela Vila passaram até tentaram fazer o que estamos produzindo, mas esbarraram na falta de recursos, de um espaço com estrutura para realizar o trabalho. Mas só estamos começando. 38 Revista da Vila 2015
Queremos que as pessoas tenham acesso a todo o conteúdo que reunirmos, o que já é possível, bastando agendar uma visita via telefone ou através da página do departamento no Facebook”, comunicou. Mas a iniciativa vai além do acervo, antes em estado deplorável – em parte recuperado graças aos multirões organizados –, de acordo com o responsável pelo departamento cultural. Quem vai hoje à quadra da Vila Isabel encontra, gravados nas pare-
des, nomes de sambistas que enriqueceram a história da agremiação: “Nosso intuito é valorizá-los. As pessoas precisam conhecê -los e, quem sabe, se reconhecerem, porque o Carnaval da Vila é, na essência, feito por eles, os ritmistas, passistas, baianas”. E com a finalidade de ouvir o que deseja aqueles que frequentam a quadra, foram feitas pesquisas de opinião: “Nossos relatórios apontaram que muitos sentiam falta, por exemplo, de escutar sambas mais anti-
‘Dignidade volta pro ninho...’
gos, anteriores aos da década de 90. Cientes, passamos a inseri-los nas programações da escola. Outras curiosidades foram descobertas por meio do debate ‘Kizomba’, que promoveu ampla discussão sobre o desfile: “Descobrimos que a comissão de frente estava descalça porque os sapatos não chegaram a tempo. Como se tratavam de guerreiros africanos, a falha acabou por acarretar o sucesso”. Vinícius, por fim, comentou sobre a exposição fotográfica ‘Tô Feliz da Vila’, criada com uma intenção muito clara: “O foco das fotos está no sorriso de pessoas que desfilaram na Vila Isabel. Foi organizada com o intuito de exprimir a felicidade de nossa agremiação que, com gás renovado, vive um momento maravilhoso.” 2015 Revista da Vila 39
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PROJETOS SOCIAIS
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CAPOEIRA:
‘...Queremos o direito de igualdade/ Viver com dignidade/ Não representa favor...’ (‘Direito é direito’, Carnaval de 1989).
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omo se vê, faz tempo que a Vila Isabel, unida, se apresenta destemida e com sabedoria na luta contra os preconceitos sociais. E assim, de mãos dadas com seus compositores, com os governos estadual e municipal, grandes empresas e pequenos, porém não menos importantes, parceiros, a escola tem compartilhando conhecimento e oferecido uma série de serviços. Na gestão de Dona Beta – vale ressaltar, de slogan 100% Comunidade – não será diferente. Conheça, a seguir, alguns dos projetos que logo, logo estarão ao alcance da comunidade da azul e branca.
Em parceria com o município, por meio do projeto Rio Em Forma – que visa a atender comunidades com atividades que proporcionem qualidade de vida –, a Vila leva para sua quadra o Centro Cultural Senzala de Capoeira. Mestre Coyote, o contramestre Canibal e a professora Fênix se dividem entre crianças, jovens, adultos e idosos, das 18h às 22h, segundas, quartas e quintas-feiras. Atualmente, 38 crianças e 30 adultos estão inscritos nas aulas de capoeira, mas muitos outros deverão aprender tão importante expressão cultural brasileira. Por que a capoeira? Basta lembrar que, já registrada como bem cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a roda de capoeira foi intitulada, em novembro de 2014, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, organização das Nações Unidas (ONU) para a educação, ciência e cultura.
PROJETO OLHARES (RE) ABERTOS:
Com a finalidade de incentivar produções com diferentes visões sobre a comunidade, o projeto é baseado na interação entre o vídeo, a fotografia e a educação, a partir das aulas ministradas pelo fotógrafo Rafael Aguirre. A ideia é elaborar pequenos roteiros pelo bairro, estimulando os jovens a repensarem sua relação com o ambiente onde vivem e seus sentimentos, objetivando não só a desconstrução de conceitos como a busca por soluções e transformações. Tudo, naturalmente, se dará através da prática fotográfica, desde o pinhole (latas de alumínio) à fotografia digital, que deverá propiciar ainda uma mostra final. Será, deste modo, mais do que uma oficina de fotografia, haja vista o fomento à coletividade, bem como a propostas criativas e propositivas.
CENTRO MÉDICO E ODONTOLÓGICO:
Situado na quadra da agremiação, nele já foram atendidas centenas de pessoas, entre idosos, adultos e crianças. Após uma breve pausa, de acordo com Sônia Rossi, eles tornarão, graças a uma nova aliança, a devolver sorrisos: “Este ano firmamos uma parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) para a realização de novos projetos sociais. Começaremos reativando os trabalhos no centro médico e odontológico da Vila Isabel, mas, além de estarmos tratando a respeito da reabertura dos consultórios, analisaremos outras necessidades da comunidade, a fim de oferecer cursos como o de corte e costura, confecção de fantasias, maquiagem, etc”, garantiu ela, que atualmente responde pelo departamento.
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AMOR
À VILA DUDA (Anderson Vicente e Azevedo – ‘Faz-Tudo’) O pessoal da Vila é muito unido, parece uma família. Estou satisfeito de trabalhar com eles. Vale a pena suar a camisa! E vejo uma Vila Isabel bem diferente do ano passado. Os carros evoluíram bastante, as fantasias estão ricas. Estarei na Avenida, apoiando a escola. Vai dar Vila! LUÍS (Carlos De Assis – Auxiliar de Serviços Gerais, na Quadra) O pessoal aqui da escola é muito gente fina. Gosto bastante de trabalhar na Vila e, por causa disso, estou contente em ver os ensaios sempre cheios, as pessoas saindo de suas casas pra acompanhar os ensaios de rua. E me chamou a atenção as cores das fantasias. A Vila vai estar linda na Sapucaí. GUARACIARA (da Conceição Rodrigues Cruz – Auxiliar de Contas e Serviços Gerais) É a primeira vez que trabalho no barracão de uma escola de samba e estou adorando! Vejo agora, ao vivo, aquilo que via somente pela TV. Está sendo maravilhoso trabalhar na Vila. Vesti a camisa e volto com ela pra casa. Com certeza, a escola brigará pelo título! Estou confiante. JUCIARA (Rodrigues Targino – Auxiliar de Limpeza e Copa) Aqui na Vila eu simplesmente não tenho do que reclamar. O relacionamento entre as pessoas é ótimo, todos são tratados com igualdade. Até Seu Martinho é atencioso e simpático! O ambiente daqui do barracão me faz muito bem. Por isso, faço parte da torcida da Vila Isabel!
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CHEF ALEXANDRE (Carreira – Cozinha) Hoje servi um almoço pra cerca de 200 funcionários aqui no barracão. E tudo foi feito com muito carinho, como sempre. Nunca faltam arroz, feijão e farofa, o que, alternadamente, somamos a uma proteína, saladas e legumes. O meu tempero, que é o amor pela Vila, levarei também pra Avenida.
SEIMOUR (Amâncio da Costa – Segurança da Presidente e da Quadra) A rotina na Vila é cansativa, mas prazerosa. Afinal, ganhei a amizade de Dona Beta e por ela respiro Vila Isabel 24 horas ao dia. Pra mim, o que ela diz é lei, não precisa falar duas vezes. E estarei ao lado da presidente na Sapucaí! Sob o seu comando, sei que a escola irá botar pra quebrar!
SAMANTHA (Mendes – Secretaria) Sou nova na escola, sempre tive carinho pela Vila, mas vesti definitivamente a camisa e me tornei mais uma torcedora azul e branca. E estou muito confiante! A comunidade está cantando forte e os profissionais, trablhando com paixão. A Vila Isabel, com certeza, fará bonito na Avenida.
CARLOS (Alberto Pereira – Portaria) Pra resumir o que percebo no momento, eu criaria o seguinte slogan: ‘Vila Isabel, um novo jeito de fazer Carnaval’. Por que? A escola mudou radicalmente e, principalmente, com relação ao atendimento às pessoas. Agora, leva-se a sério o verso ‘Sou da Vila, não tem jeito, e comigo quero respeito’.
MANOEL (Cícero Soares – Porteiro da Quadra) A Vila Isabel, pra mim, é uma história de muitos amores. Digo isso porque aqui na escola todos me adoram. É Seu Manoel pra cá, Seu Manoel pra lá, Seu Manoel pra tudo. Por que? Confiança também, né? E pelo que estou vendo, a Vila será campeã. A comunidade está muito animada e feliz.
ÁTILA (Albuquerque de Carvalho – Auxiliar de Serviços Gerais, na Quadra) Fui muito bem recebido aqui na Vila Isabel. Por isso, minha dedicação é 100%! Os colegas de trabalho são ótimos, assim como os novos diretores. E adoro Dona Beta, como amigo e como empregado. Ela é uma pessoa muito bacana. Espero estar contribuindo para um grande desfile da Vila.
FABIANO (Cardoso dos Santos – Administração) Estou há 11 anos na escola e minha paixão por ela é tanta que trabalho sempre pensando no próximo Carnaval, no próximo título. No desfile, nem consigo relaxar. Daí, assisto depois, várias vezes, em casa. Hoje posso dizer, sem medo de errar, que meu coração é azul e branco.
CIGANO (Sebastião Batista Gomes Júnior – Responsável pela Manutenção da Quadra) Falar da Vila me emociona. São muitas as recordações. E estou certo de que superaremos o Carnaval passado, passaremos uma borracha nele. E vou participar disso! Levarei os carros do barracão à Av. Presidente Vargas e, no desfile, abastecerei nossa velha guarda com água gelada. Dará tudo certo! Alisson (de Almeida Guimarães – Auxiliar de Serviços Gerais, na Quadra) A Vila Isabel está dando duro. Passamos mais tempo aqui na escola do que em nossas casas. Mas vale a pena. O samba é muito bom, o pessoal está comparecendo as ensaios, participando. E as fantasias ficaram bem bonitas. Percebe-se que primaram por qualidade no acabamento. Gostei mesmo. Adriana “Eu amo a Vila Isabel e amo a Dona Beta”
DONA CONCEIÇÃO (Maria da Conceição Pereira de Vasconcelos – Faxina e Copa) Ah, meu amor pela Vila não começou ontem, não. É desde sempre! Acompanho a escola desde os tempos em que a quadra era no campo do América e, além de frequentar os ensaios, não perdia uma roda de samba, que era a melhor do Rio. A Vila Isabel é tudo de bom! 2015 Revista da Vila 43
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A RAINHA DAS RAINHAS
‘...E, quando ela entra na Avenida/
Meus olhos refletem fagulhas de amor pelo ar/ A alegria me invade e o coração palpita/ O diretor de Harmonia grita/
Abram alas para nossa rainha brilhar!...’ Os versos acima foram retirados do poema ‘Rainha do carnaval’, de José Roberto Pinheiro, que em pouca palavras conseguiu dar a dimensão do momento em que nossa rainha de bateria adentra a Marquês de Sapucaí. Vossa majestade Sabrina Sato é, de fato, apaixonante, estonteante, e representa, com absoluta certeza, a alegria do nosso carnaval. Por isso ela é da Vila Isabel. Melhor ainda! Como participa e conhece, Sabrina, consequentemente, conforme você lerá a seguir, será eternamente Vila. Deus salve a rainha! “A Vila Isabel se tornou a minha segunda casa no Rio de Janeiro. Toda vez que vou ao Rio, vou à Vila. Fiz grandes amigos na escola, então, pra mim, é uma honra fazer parte da família azul e branca. Assim sendo, tudo o que eu puder fazer para honrar o nome e a história da Vila, eu farei. Sinto um carinho tão forte pela agremiação que hoje posso afirmar: serei para sempre Vila Isabel. Não importa se desfilarei como rainha, como passista, empurrando carro, o que quero é estar junto, porque sou da Vila, não tem jeito. Acho que por causa disso agora completo 5 anos como rainha de bateria da escola e me orgulho muito. Minha vida, aliás, melhorou demais depois que cheguei à Vila. Aprendi tanto com os ritmistas, com mestre Wallan, Dandara, com a comunidade... É até difícil mensurar.
E muitos momentos juntos à Vila Isabel têm um lugar todo especial em minha memória. O ano do título, claro, foi incrível. Eu vibrei, pulei, chorei. Não à toa, dou cada vez mais valor aos dias que passo com a escola. Percebo também que venho amadurecendo como rainha de bateria, porque entendi a importância do carnaval para a comunidade e para todos que se dedicam à festa o ano inteiro. Nossa, e quando me dou conta de que
faço parte da mesma agremiação que Martinho da Vila? Nem dá pra acreditar que desfilo na escola dele, que é um ídolo pra tantos de nós; e de Dona Beta, uma mulher batalhadora, que tem uma história linda no carnaval e conhece tudo de Vila. E o bom é que, como eles, vejo que todos na Vila Isabel estão nela pra ajudar e fazê-la ainda maior. Obrigada por tudo, Vila Isabel. Com você, sou só felicidade. 2015 Revista da Vila 45
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AS MUSAS DA VILA ISABEL
“Esse ano foi muito especial para mim. Tive a felicidade de vencer o concurso para Musa da Orquestra e, assim sendo, ter a oportunidade de representar uma escola do tamanho da Vila Isabel. Isso é muito gratificante e me deixa de muito feliz.” Monique Rizetto
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“Comecei a minha trajetória na Ala das Crianças da Unidos de Vila. Posteriormente, por um período de 3 anos, fui Princesinha da Bateria. Passei pela Ala de Passistas, na qual fui premiada em 2005 com o Estandarte de Ouro de Melhor Passista Feminino, sendo a mais nova sambista a receber o prêmio com 15 anos de idade. Em 2012, recebi o convite para assumir um cargo ainda não existente na Escola: Musa da Comunidade. Agradeço a minha comunidade e a diretoria pelo respeito e carinho ao meu trabalho. Alô povo de Noel é chegada a hora de mostrarmos o nosso valor! Pisemos na avenida com todo o amor, garra e força que temos em nosso chão. “Vamos renascer das cinzas” porque “somos da Vila e não tem jeito.” Dandara Oliveira
Sempre tive vontade de desfilar na Vila Isabel, que é a escola que eu amo. Estou muito feliz pela oportunidade de realizar este desejo neste carnaval. Vanessa Araújo “Escolhi a Vila por ser uma grande escola e ter essa ‘pegada’ moderna, agora implantada pela administração da Dona Beta que, aliás, tem tudo a ver comigo.” Samyla Zamborlini
É uma honra desfilar na Vila. E tenho grande respeito e paixão pela comunidade. Meus cumprimentos à presidente Elisabeth Aquino e a todos os segmentos da agremiação. Tenho certeza de que iremos apresentar um grande espetáculo na Avenida. Daniella Vieira da Costa
‘No ar, a mais
bela sinfonia...’
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A Vila agradece PARCERIAS
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Momentos
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#vempravila
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#vempravila
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BOUTIQUE DA VILA ISABEL
‘Boutique da Vila’
Mais de 150 produtos oficiais da escola! Intensificar a relação com seus torcedores é um dos objetivos da nova diretoria da Vila Isabel. Assim, a Azul e Branca de Noel abriu uma loja repleta de produtos que permitirão a eles espalhar seu amor pela escola aos quatro cantos do planeta. Portanto, a partir de agora, poderemos fazer muito mais do que vestir a camisa. Vestidos, toalhas de banho, bonés, chaveiros, adesivos e outros itens estão à disposição na Boutique da Vila, situada na quadra da escola. São mais de 150! Garanta os seus e mostre a todos que você é Vila e não tem jeito. A Boutique da Vila Isabel, preste bem atenção, funciona de segunda a sexta-feira, em dois períodos: das 14 às 17h e das 18h às 20h. Em dias de evento e ensaios realizados na quadra também será possível visitar a loja e comprar artigos. Torcedores da agremiação e amantes do carnaval que não vivem no Rio de Janeiro, vale informar ainda, poderão adquirir os produtos através da loja virtual, acessando www.boutiquedavilaisabel.com.br.
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Você é da Vila e não tem jeito. Agora, só falta ser SÓCIO. ANISTIA GERAL Você que torce, vibra, brinca, samba e desfila com a Unidos de Vila Isabel, não pode perder esta oportunidade. A nova diretoria, sob a administração da presidente Elizabeth Aquino, promove uma ANISTIA GERAL para os sócios que não estão em dia com as suas mensalidades. E para você que ama a Vila e deseja se tornar sócio, este é o melhor momento. Com R$ 30,00 mensais, você contribuirá com a azul e branco para manter a infraestrutura administrativa que funciona o ano inteiro e ainda terá vantagens imperdíveis: • Acesso gratuito aos ensaios e feijoadas da escola. • Desconto na compra de ingressos para os shows que acontecerão durante os preparativos para o Carnaval*. • Desconto na compra de produtos na Boutique da Vila. • Direito a voto direto nas eleições de diretoria, nosso evento democrático. • Na data de seu aniversário, participará da Promoção de Aniversariante. • Promoções e sorteios exclusivos para sócios. • Notícias sobre a Vila Isabel, em primeira mão, no seu email. Não perca tempo. Compareça na secretaria da quadra de ensaios, localizada no Boulevard 28 de Setembro, 382, Vila Isabel - Rio de Janeiro. De segunda-feira à sexta-feira, de 10 às 17h, com cópias dos seguintes documentos: • 02 (duas) FOTOS 3 X 4 • IDENTIDADE • CPF • COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA Então não perca tempo e associe-se já! Informações, ligue: (21) 2578-0077 * É necessária a apresentação do recibo com a mensalidade paga
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QUIZ
1 – “Kizomba – A festa da raça”, do carnaval de 1988, é considerado o maior desfile da história da Vila Isabel. Naquele ano, qual foi a colocação da escola após a apuração? (a) 2º lugar (b) 3º lugar (c) Campeã (d) 5º lugar
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2 – Martinho da Vila é um dos maiores nomes da história da escola e como compositor assinou vários dos grandes sambas da Vila Isabel. Porém, qual dos sambas abaixo não tem Martinho da Vila como um dos autores? (a) 1980 – “Sonho de um sonho” (b) 1996 – “A heroica cavalgada de um povo” (c) 2010 – “Noel, a presença do poeta da Vila” (d) 2013 – “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo - “Água no Feijão que chegou mais um...” 3 - Quem era o intérprete oficial do samba “Kizomba – A festa da raça” em 1988 e que ainda hoje integra o carro de som da escola? (a) Gera (b) Luizito (c) Gilsinho (d) Nêgo 4 - Sabrina Sato é rainha de bateria da Vila e por conta da grande identificação com o pavilhão azul e branco parece que já está há anos à frente da Swingueira de Noel. Qual foi o primeiro ano de Sabrina como rainha da escola? (a) 2010 (b) 2013 (c) 2005 (d) 2011
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Respostas certas: 1. letra c; 2. letra b; 3.letra a; 4. letra d; 5. letra b
5 - Pensando no futuro, a Vila Isabel tem, desde 1988, uma escola de samba mirim. Qual o nome da agremiação que auxilia na formação dos novos sambistas no bairro de Noel? (a) Futuro da Vila (b) Herdeiros da Vila (c) Pimpolhos de Noel (d) Juventude de Noel
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