X-9 : A PIONE .. LA DO MUNDO DO SAMBA 1944 -2008 EDICAO COMEMORATIVA DO 64° ANIVERSARIO DE FUNDACAO DO GREMIO RECREATIVO CULTURAL ESCOLA DE SAMBA X-g
Para falar da Escola de Samba X-9 devemos lan<;:ar um olhar retrospectivo . Voltar ao passado, quando 0 samba era marginalizado e considerado uma coisa de negros e desordeiros. Alem disso, muita gente pergunta ate hoje per que a escola adotou tal denomina<;:iio que chega a ser uma inc6gnita. Num determinado tempo, a Rede Globo transmitiu uma novela, na qual, "X-9" era sinonimo de "Cagueta". E atraves de outras novelas banais a expressao pegou e muitas pessoas passaram a divulgar que um sujeito delator e um "X-9" . E ha quem acredite nisso. Em razao disso, alguns componentes da escola feram alvo de chacotas e ate hostilizados. Como todos sabem alcaguete ou alcagueta e aquele cara que entrega os outros, um denunciante, bem como um preso que fica de olho nos outros prisioneiros. Junte-se a tudo isso 0 fato de que, alcagLieta e aquele que observa para entregar. Nao foi por acaso que, diante desta insinua<;:iio maldosa, surgiu uma pergunta: "0 que a Escola de Samba X-9 tem ha ver com tudo issoT Muitos nao sabem explicare ja era tempo de desvendaro enigma. A verdade e que na decada 40 do seculo passado, existia uma revista do gemero policial denominada X-9, que devido viol€mcia dos seus epis6dios era considerada 0 "Imperio do Crime". Seu principal personagem era 0 AGENTE SECRETO X-9 (Secret Agent X-9), um defensor da lei, ao lade de outros famosos detetives das hist6rias em quadrinhos da epoca: Dick Tracy e Nick Holmes. A primeira publica<;:ao das "Aventuras do Agente Secreto X-9" ocorreu em 1934, nos Estados Unidos, onde 0 "temerario defensor da lei", ca<;:ava os mais agressivos gangsters. Phil Corrigan , como era chamado, gozou de grande popularidade no Brasil nas decadas de 40 e 50. o Agente Secreto X-9 tambem foi focalizado num seriado cinematografico , em 1937, e, em filme de 1945, ainda em tempo de guerra, quando foi transformado no 007 daquela epoca. Seu criador foi 0 famoso desenhista americano Alex Raymond, tambem criador do Flash Gordon. Como se ve, tudo nao passa de balela , pois em toda a sua trajet6ria , 0 ~gente Secreto X-9 foi um destacado detetive que combatia 0 crime e nao um dedo-duro", conforme passou a ser divulgado pelo Brasil afora , atraves das novelas da televisao.
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Ainda no contexte dessa convict;:iio, e valido registrar que, nas decadas de 40 e 50, existiu um famigerado bandido no Rio de Janeiro conhecido pela alcunha de "X-9". E, se alguma pessoa chegasse na epoca num reduto da pesada no antigo Distrito Federal e pronunciasse tal nome, era bem recebida . Funcionava como uma senha , como um "salvo-conduto" ou mesmo como um sinal cabaHstico. Diante disso, tudo leva a crer que 0 X e 0 9 exercia uma certa fascina9aO no mundo do samba e no submundo das favelas. autor dessas linhas teve provas disso quando de andan~s - como sambista - pelos morros (Favela, Mangueira, Salgueiro, Tuiuti , Serrinha e outros) e suburbios cariocas (Olaria , Ramos, Penha, Vaz Lobo, Iraja, Madureira, Oswaldo Cruz, Parada de Lucas e outros) nas decadas de 50 e 60. Agora com referencia relat;:iio entre a antiga revista X-9 e a Escola de Samba com a mesma denominat;:iio, isso e outra historia envolvendo velhos batuqueiros do Macuco. Eo valido recordar que nos idos de 1940, a decantada Bacia do Macuco (que tinha ate uma favela), era um bairro de operarios portuarios. Todavia, nao gozava de boa fama devido aos malandros e desordeiros que frequentavam aquele • reduto a beira-mar, participando de uma jogatina desenfreada Uogo de baralhos e de dados), alem das batucadas "brabas" , que, muitas vezes, resultavam em pancadaria . • • Era constante a batida da policia atraves da cavalaria da antiga For9a Publica e da radiopatrulha, quando a malandragem se dissolvia e batia em retirada. Foi entao que, no longfnquo carnaval de 1944, um grupo de • batuqueiros do conjunto Mensageiros do Sarnba entrou batucando num baile do Santos Dumont F.C., do bairro (ponto final do bonde 5), quando foram anunciados na base da brincadeira - como "os Mestre Manezinho bandidos da revista X-9". Pouco depois, em l ' de maio daquele mesmo ano, os pitorescos bandidos que safram das hist6rias em quadrinhos e se incorporaram aos batuqueiros da Bacia do Macuco, fundaram uma escola de samba corn sede na casa de nO 9 da RuaAlmirante Tarnandare e conservararn 0 fortuito cognorne . Dentre os fundadores figuravarn destacados batuqueiros da epoca , corno Mestre Manezinho, Catarina, Afonso, Acacio, Eurico, Canelinha e outros, alem do renomado Cabo Laurindo, 0 "Diplomata do Samba". E foi assim que, a Escola de Samba X-9 surgiu naquele reduto de samba e
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malandragem. E, a exemplo de outras co-irmas da epoca: Numero Um do Canal 3, da "lIha Maldita" e Ai Vem a Favela, do Campo Grande, era de maioria negra (negros, mulatos e amorenados). Por isso, alem do desprezo da sociedade, sofreu violencia e persegui9ao da policia, uma vez que pessoas maldosas chamavam os redutos batuqueiros de "escolas de malandragem" ou "recinto de negrada". Foi a chamada epoca da resistencia e de guerra, com seus preceitos e preconceitos, que durou ate mead os de 1945, quando as antigas escolas, inclusive a X-9, resistiram e conseguiram finalmente serem bem recebidas no conceito do publico e das autoridades. Lembremos que, para a Escola de Samba X-9 sair e poder desfilar no camaval de 1945, foi necessario obter a permissao da policia. Foi entao que 0 Mestre Manezinho (que alem de diretor geral comandava a bateria) foi procurar 0
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Ba luartes da X-9
delegado de pOlicia na "cadeia velha" para obter a devida autorizagao. Quando a autoridade perguntou 0 nome da agremia9ao e ele respondeu X-9, 0 delegado retrucou de imediato: "X-9 e 0 imperio do crime. S6 tem bandidos!". Oepois de muito argumento ele consentiu na saida da escola, advertindo: "Se voces nao andarem direito, eu mando prendertodo mundo!". Indignado com 0 inesperado acontecimento, 0 batuqueiro negro e pobre e que dava um duro danado no cais do porto, manifestou 0 seu protesto atraves de um samba que dizia:
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'X-9, diz que 0 Imperio do Crime, Nos nao somos bandidos, nao! X-9 uma escola de valor Nao tern malandro, nao senhor!... ".
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E a escola desfilou mesmo no camaval de 1945, com os batuqueiros caracterizados de malandros: Chapeu de palhinha, camisa listrada, calc;a branca e tenis, quando foram andando ate a cidade onde visitou 0 jomal A Tribuna e de la, foram a pe ate 0 Gonzaga. Voltou a sair as ruas em 1946, sem participar de nenhum concurso, pois, naquela epoca, ainda nao havia disputa para a categoria de escolas. Os blocos, choros e ranchos e que predominavam no camaval. Depois do camaval daquele ana a escola foi adotada pelo benquisto casal Cabo Roque e Tia Ines, que moravam na Rua Almirante Tamandare, n° 94, de onde saiu no carnaval de 1947, ainda sob a batuta do Mestre Manezinho, para conquistar a sua primeira vitoria. De fato, no camaval de 1947 foi realizada a primeira disputa entre as escolas de samba , sagrando-se campea a X-9, que tambem foi a primeira agremiagao do interior do estado a disputar e a vencer concursos carnavalescos em Sao Paulo, a partir de 1948, por iniciativa do Mestre Leitao. Nesse periodo, a escola ensaiava no sa lao do Brasipes (na Linha Forte Augusto), onde mantinha uma gafieira que funcionou ate 0 inicio dos anos 60 do seculo passado. Mas, 0 Quartel General da escola era na casa da saudosa Tia Ines, que tinha um "terreiro" onde foram realizadas memoraveis rodas de samba e onde 0 seu pavilhao verde-e-branco foi batizado pela Estac;ao Primeira de Mangueira. Era la, no seu Q.G. que se reunia 0 Estado-Maior do Samba e 0 Dia do Samba foi comemorado pela primeira vez na Baixada, em 1963, inclusive, abrigou a imagem do Santo Guerreiro (Sao Jorge), que, com todo 0 seu misticismo, passou a ser 0 padroeiro da escola , isso, por sugestao do Cabo Batucada . Assim e que a escola permaneceu naquele reduto tradicional ate fins de 1972, transferindo a sua sede no inicio de 1973 para Avenida Siqueira Campos, n° 97/101, onde teve um vertiginoso crescimento e onde esta ate hoje, com toda a magia e encanto, mantendo as raizes negras e as tradic;6es do passado. Alem de vencer em Sao Paulo em 1948, 1949 (Tac;a DiariosAssociados), 1950, 1954 (Tac;a Radio Record), 1959 (Carnaval no Bras), 1964 (Concurso de Ambito Estadual da Lapa) e 1969 (Campea do Interior noAnhangabau), a X-9 teve a primazia de desfilar no Grande Carnaval em Maio no Meyer, 1968, grac;as ao trabalho do Cabo Batucada e do apoio do legendario Natal da Portela. Dessa forma , desfilou ao lade das grandes escolas de samba do Rio de Janeiro, na epoca, como a Estac;ao Primeira de Mangueira (sua madrinha), Portela, Imperio Serrano, Academicos do Salgueiro, Unidos de Vila Isabel, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente de Padre Miguel, Em Cima da Hora e outras . Em Santos, no decorrer de sua brilhante trajetoria , foi cam pea de 1947, 1948, 1949, 1950(E), 1952 (E), 1953 (E), 1955, 1956 (E), 1964, 1973, 1975, 1976, 1977, 1978, 1979, 1981 , 1983, 1990, 1995, 1996, 1998 e 2008 (E = Empatada).
Assim foi e assim e que, ao comemorar sessenta e quatro anos de existencia, a aguerrida X-g, tradi9i3o do mundo do samba do litoral praiano bandeirante , continua sendo aplaudida pelo povo na passarela do asfalto, lutando sempre, de maneira eloquente, para manter a supremacia do samba santista. Nao obstante as emo<;:6es dos desafios e adversidades ao longo de sua historia, persiste proeminente com coragem e abnega9i3o, incentivada par uma legiao de componentes e admiradores, rompendo barreiras de toda ordem , sempre desfraldando a BANDEIRA DO SAMBA. Portanto, a ninguem cabe obscurece-Ia, pois jil se disse que: "Ha coisas que, pelo tanto que evocam, tornam-se marcos de uma era, simbolo de idealismo ou exemplos de superar;ao. Repassadas por gerar;6es, confundem-se com a pr6pria historia de que fazem parte. Sao legendas! ".
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Marechal do Samba
01-05-2008
"Quando, voce ouvir a melodia Que Ihe traroj tanta alegria, Seu corac;ao palpitara. Quando, ao repicar dos tamborins Voce vier cantando assim Quero sam bar, sambar, sam bar. I
E, a melodia do meu samba Que faz vibrar a gente bamba, E faz seu corpo balanc;ar. Quero ouvirvoce gritar bern alto Cantando e sambando no asfalto: Oa licenc;a, deixa a X-9 passar".
(Samba - Hino de autoria de Walter "Marinheiro")
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lflii , .... Pesquisa e texto : J. Muniz Jr. Produ<;;ao e diagrama<;;ao: JB Publicidade Ab ril / 2008. Tel .: (13) 3219.6191
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