AMIP Cartilha de Combate e Prevenção a Incêndios

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INSTRUÇÃO BÁSICA DE PREVENÇÃO, COMBATE E EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS

Esta cartilha foi desenvolvida pela AMIP – Associação de Moradores da Ilha Primeira para auxiliar, num primeiro momento, os brigadistas voluntários formados neste primeiro curso ministrado pelo Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (Junho de 2017) em sua sede de operações na Barra da Tijuca. Num segundo momento, esperamos que a mesma cartilha possa servir como orientadora e educadora para toda a população das ilhas, no sentido de tornar o morador consciente e apto a evitar, prevenir ou combater focos de incêndio na região.

Uma apostila completa e atualizada sobre o tema do Combate à Incêndios, abrangendo também o tema de Primeiros Socorros, está disponível para leitura e download no link a seguir: http://issuu.com/marcelosousa92/docs/curso_de_preven____o_e_combate_a_in

Em adição, você pode acessar também o Curso de Formação de Brigadista de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, do INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE, disponibilizada gratuitamente aqui: http://issuu.com/marcelosousa92/docs/forma____o_de_brigadista_de_preven_


Vamos à cartilha! Leia com atenção, compartilhe seus conhecimentos em casa e com seus amigos, para que vivamos em uma comunidade segura!

É importante frisar desde o início a instrução primordial que o Corpo de Bombeiros nos transmitiu, nesses termos:

1- A grande maioria dos incêndios começa em pequenas proporções, por isso é preciso ter tranquilidade e segurança para agir COM RAPIDEZ no sentido de extinguir o foco do incêndio enquanto ele AINDA ESTÁ PEQUENO, PORTANTO FACILMENTE CONTROLÁVEL.

2- Ao notar o foco de fogo é importante desligar a rede elétrica da casa ou estabelecimento comercial no DISJUNTOR EXTERNO, localizado no poste de alimentação imediatamente próximo à entrada da casa. No mesmo sentido, é preciso FECHAR OS REGISTROS de gás de cozinha ou gás encanado, e se possível retirar o botijão da área afetada.

3- Todo morador deve possuir condições mínimas de treinamento para agir numa situação de fogo, se possível agindo EM GRUPO e EM ORDEM, onde cada um toma para si uma tarefa, dentro de uma linha de ação orientada para a) COMBATER A CHAMA DENTRO DO POSSÍVEL, CHAMANDO IMEDIATAMENTE TAMBÉM O CORPO DE BOMBEIROS, b) EVACUAR A ÁREA, priorizando, nesta ordem, a retirada de crianças, idosos, deficientes, debilitados e animais domésticos, e c) SOCORRER OS FERIDOS e d) AFASTAR OS CURIOSOS. 4- Esteja sempre atento a possíveis áreas de risco e trabalhe no sentido de evitar que elas existam. Conscientize seus vizinhos, transmita informações claras, e oriente-os sobre o risco que possam estar correndo. Depósitos de gás, produtos químicos e lixo são áreas propícias à formação de incêndios, assim como residências abandonadas, com fiação antiga ou exposta, ligações elétricas clandestinas, lugares com acúmulo de madeiras, metais, papéis e plásticos, e áreas onde a vegetação esteja propícia a incêndios espontâneos nos meses de extremo calor. 5- Edificações com menos de 2 metros de distância umas das outras dificultam o combate a um incêndio grave, propiciando o espalhamento das chamas, além de atrapalhar a fuga ou evacuação de pessoas, principalmente crianças, idosos, deficientes, debilitados e animais de estimação. Disto isto, seguimos com informações técnicas sobre a formação de um incêndio, seus elementos principais, tipos de incêndio e método de combate.

INTRODUÇÃO; O efetivo controle e extinção de um incêndio requerem um entendimento da natureza química e física do fogo. Isso inclui informações sobre fontes de calor, composição e características dos combustíveis e as condições necessárias para a combustão. O


fogo ou combustão pode ser conceituado como uma reação química (processo) de oxidação rápida, autossustentável, acompanhada pela produção de calor, luz, fumaça e gases em intensidades variáveis. Para efeito didático, adota-se a figura do tetraedro (quatro faces) para exemplificar e explicar a combustão, atribuindo-se, a cada uma das faces, um dos elementos essenciais da combustão. Os quatro elementos essenciais do fogo são; o calor, o combustível, o comburente e a reação em cadeia.

CALOR; Forma de energia que eleva a temperatura. É gerada da transformação de outra energia, através de processo físico ou químico. O calor pode ser descrito como uma condição da matéria em movimento, isto é, movimentação ou vibração das moléculas que compõem a matéria. As moléculas estão constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido, a velocidade das moléculas aumenta e o calor também aumenta. O calor é gerado pela transformação de outras formas de energia, a saber, energia química (a quantidade de calor gerado pelo processo de combustão), energia elétrica (o calor gerado pela passagem de eletricidade através de um condutor, como um fio elétrico ou um aparelho eletrodoméstico), energia mecânica (o calor gerado pelo atrito de dois corpos) ou energia nuclear (o calor gerado pela quebra ou fusão de átomos).


EFEITOS FISIOLÓGICOS; O calor é a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos causados pelo calor incluem a desidratação, a insolação, a fadiga e problemas no aparelho respiratório, além de queimaduras, que nos casos mais graves podem levar a morte.

PROPAGAÇÃO DO CALOR; O calor pode se propagar de três diferentes maneiras, ou seja, por condução, convecção ou irradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido de objetos com temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. Em resumo, o mais frio de dois objetos absorverá calor até que esteja com a mesma quantidade de energia do outro.

CONDUÇÃO; Condução é a transferência de calor através de um corpo sólido de molécula a molécula. Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro próxima a uma fonte de calor, as moléculas desta extremidade absorverão calor; elas vibrarão mais vigorosamente e se chocarão com as moléculas vizinhas, transferindo-lhes calor. Essas moléculas vizinhas, por sua vez, passarão adiante a energia calorífica, de modo que o calor será conduzido ao longo da barra para a extremidade fria. Na condução, o calor passa de molécula a molécula, mas nenhuma molécula é transportada com o calor. Quando dois ou mais corpos estão em contato, o calor é conduzido através deles como se fosse um só corpo.

CONVECÇÃO; É a transferência de calor pelo movimento ascendente de massas de gases ou de líquidos dentro de si próprios. Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, podese observar um movimento, dentro do próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndios de edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de escadas, poços de elevadores, etc.

IRRADIAÇÃO; É a transmissão de calor por ondas de energia calorífica que se deslocam através do espaço. As ondas de calor propagam-se em todas as direções e a intensidade com que os corpos são atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da fonte de calor. Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para um outro mais frio até que ambos tenham a mesma temperatura. Devemos estar atentos aos materiais ao redor de uma fonte que irradie calor para protegê-los, a fim de que não ocorram novos incêndios.

PONTOS DE TEMPERATURA; Os combustíveis são transformados pelo calor e a partir desta transformação, é que se combina com o oxigênio, resultando a combustão. Essa transformação desenvolve-se em temperaturas diferentes, à medida que o material vai sendo aquecido. Com o aquecimento, chega-se a uma temperatura em que o material começa a liberar vapores, que se incendeiam caso houver uma fonte externa de calor. Neste ponto, chamado de “Ponto de Fulgor”, as chamas não se mantêm, devido à pequena quantidade de vapores.


Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma temperatura em que os gases desprendidos do material, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, iniciam a combustão, e continuam a queimar sem o auxílio daquela fonte. Esse ponto é chamado de “Ponto de Combustão”. Continuando o aquecimento, atinge-se um ponto no qual o combustível, exposto no ar, entra em combustão sem que haja fonte externa de calor. É o chamado “Ponto de Ignição”.

COMBUSTÍVEL; É toda a substância capaz de queimar-se e alimentar a combustão. É o elemento que serve de campo de propagação ao fogo. Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e a grande maioria precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar com o oxigênio. A velocidade da queima de um combustível depende de sua capacidade de combinar-se com o oxigênio sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com oxigênio).

COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS; As maiorias dos combustíveis sólidos transformam-se em vapores e, então, reagem com o oxigênio. Outros, primeiro transformam-se em líquidos, e posteriormente em gases, para então se queimarem. Quanto maior a superfície exposta, mais rápida será o aquecimento do material e, consequentemente, o processo de combustão. (Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material, maior será sua velocidade de combustão).

COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS; Os líquidos inflamáveis têm algumas propriedades físicas que dificultam a extinção do calor, aumentando o perigo para os bombeiros. Os líquidos assumem a forma do recipiente que os contem. Se derramados, os líquidos tomam a forma do piso, fluem e se acumulam nas partes mais baixas. Tomando como base o peso da água, cujo litro pesa um quilograma, classificamos os demais líquidos como mais leves ou mais pesados. É importante notar que a maioria dos líquidos inflamáveis é mais leves que a água e, portanto, flutuam sobre esta. Outra propriedade a ser considerada é a solubilidade do líquido, ou seja, sua capacidade de misturar-se à água. Os líquidos derivados do petróleo (conhecidos como hidrocarbonetos) têm pouca solubilidade, ao passo que líquido como álcool, acetona (conhecidos como solventes polares) têm grande solubilidade, isto é, podem ser diluídos até um ponto em que a mistura (solvente polar + água) não seja inflamável. A volatilidade, que é a facilidade com que os líquidos liberam vapores, também é de grande importância, porque quanto mais volátil for o líquido, maior a possibilidade de haver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis, os líquidos que liberam vapores a temperaturas menores que 20ºC.

COMBUSTÍVEIS GASOSOS; Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que estão contidos. Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o peso do gás é maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na direção do vento, obedecendo aos contornos do terreno. Para o gás queimar, há necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o ar atmosférico, e, portanto, se estiver numa concentração fora de determinados limites, não queimará. Cada gás ou vapor tem seus limites próprios. Por exemplo, se num ambiente há menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, não haverá combustão, pois a concentração de vapor de gasolina nesse


local está fora do que chamamos de mistura ideal (limites de inflamabilidade), isto é, a concentração deste vapor é inferior ou é superior aos limites de inflamabilidade.

PROCESSOS DE QUEIMA; O início da combustão requer a conversão do combustível para o estado gasoso, o que se dará por aquecimento. O combustível pode ser encontrado nos três estados da matéria: sólido, líquido ou gasoso. Gases combustíveis são obtidos, a partir de combustíveis sólidos, através da pirólise. Pirólise é a decomposição química de uma matéria ou substância através do calor. Materiais combustíveis podem ser encontrados no estado sólido, líquido ou gasoso. Como regra geral, os materiais combustíveis queimam no estado gasoso.

Submetidos ao calor, os sólidos e os líquidos combustíveis se transformam em gás para se inflamarem. Como exceção e como casos raros, há o enxofre e os metais alcalinos (potássio, cálcio, magnésio, etc), que se queimam diretamente no estado sólido.

COMBURENTE; É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é que o oxigênio desempenhe esse papel. A atmosfera é composta por 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases. Em ambientes com a composição normal do ar, a queima desenvolve-se com velocidade e de maneira completa e notam-se chamas. Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num processo contínuo. Quando a porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa compreendida entre 16% e 80%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e não mais chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 8%, não há combustão.

REAÇÃO EM CADEIA; A reação em cadeia torna a queima autossustentável. O calor irradiado das chamas atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante.

FASES DO FOGO; Se o fogo ocorrer em área ocupada por pessoas, há grandes chances de que o fogo seja descoberto no início e a situação mais facilmente resolvida. Mas se ocorrer quando a edificação estiver deserta ou fechada, o fogo continuará crescendo até ganhar grandes proporções. Essa situação pode ser controlada com a aplicação dos procedimentos básicos de ventilação. O incêndio pode ser mais bem entendido se estudarmos seus três estágios de desenvolvimento.

FASE INICIAL; Nesta primeira fase, o oxigênio contido no ar está significativamente reduzido e o fogo está produzindo vapor d’água (H²O), dióxido de carbono (CO²), monóxido de carbono (CO) e outros gases. Grande parte do calor está sendo consumido no aquecimento dos combustíveis presentes e, neste estágio, a temperatura do ambiente está ainda pouco acima do normal. O calor está sendo gerado e evoluirá com o aumento do fogo.


QUEIMA LIVRE; Durante esta fase, o ar, rico em oxigênio, é arrastado para dentro do ambiente pelo efeito da convecção, isto é, o ar quente “sobe” e sai do ambiente. Isto força a entrada de ar fresco pelas aberturas nos pontos mais baixos do ambiente. Os gases aquecidos espalham-se preenchendo o ambiente e, de cima para baixo, forçam o ar frio a permanecer junto ao solo. Eventualmente, causam a ignição dos combustíveis nos níveis mais altos do ambiente. Este ar aquecido é uma das razões pelas quais os bombeiros combatentes devem se manter abaixados e usar equipamentos de proteção individual (vestimentas especiais e proteção respiratória). Uma inspiração desse ar superaquecido pode queimar os pulmões. Neste momento, a temperatura nas regiões superiores (nível de teto) pode exceder 700 ºC.

QUEIMA LENTA; Como nas fases anteriores, o fogo continua a consumir oxigênio, até atingir um ponto onde o comburente é insuficiente para sustentar a combustão. Nesta fase, as chamas podem deixar de existir se não houver ar suficiente para mantê-las (na faixa de 8% a 0% de oxigênio). O fogo é normalmente reduzido a brasas, o ambiente torna-se completamente ocupado por fumaça densa e os gases se expandem. Devido à pressão interior ser maior que a externa, os gases saem por todas as fendas em forma de lufadas, que podem ser observadas em todos os pontos do ambiente. E esse calor intenso reduz os combustíveis a seus componentes básicos, liberando, assim, vapores combustíveis.

FORMAS DE COMBUSTÃO; As combustões podem ser classificadas conforme a sua velocidade em: completa, incompleta, espontânea e explosão. Dois elementos são preponderantes na velocidade da combustão: o comburente e o combustível; o calor entra no processo para decompor o combustível. A velocidade da combustão variará de acordo com a porcentagem do oxigênio no ambiente e as características físicas e químicas do combustível.

COMBUSTÃO COMPLETA; É aquela em que a queima produz calor e chamas e se processa em ambiente rico em oxigênio.

COMBUSTÃO INCOMPLETA; É aquela em que a queima produz calor e pouca ou nenhuma chama, e se processa em ambiente pobre em oxigênio.

COMBUSTÃO ESPONTÂNEA; Quando os materiais combustíveis se alto inflamam, com ou sem fonte de calor externo.

EXPLOSÃO; É a queima de gases (ou partículas sólidas), em altíssima velocidade, em locais confinados, com grande liberação de energia e deslocamento de ar. Combustíveis líquidos, acima da temperatura de fulgor, liberam gases que podem explodir (num ambiente fechado) na presença de uma fonte de calor.


MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO; Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na eliminação de um ou mais dos elementos essenciais que provocam o fogo.

RETIRADA DO MATERIAL; É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseiase na retirada do material combustível, ainda não atingido, da área de propagação do fogo, interrompendo a alimentação da combustão.

Exemplos: fechamento de válvula ou interrupção de vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirada de materiais combustíveis do ambiente em chamas, realização de aceiro, etc.

RESFRIAMENTO; É o método utilizado mais frequentemente por bombeiros combatentes. Consiste em diminuir a temperatura do material combustível que está queimando, diminuindo, consequentemente, a liberação de gases ou vapores inflamáveis. A água é o agente extintor mais usado, por ter grande capacidade de absorver calor e ser facilmente encontrada na natureza. A redução da temperatura está ligada à quantidade e a forma de aplicação da água (jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incêndio é capaz de produzir. É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de


combustão (menos de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará produzindo gases combustíveis.

ABAFAMENTO; Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível. Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo (Como exceção tem os materiais que têm oxigênio em sua composição e queimam sem necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos e o fósforo branco). A diminuição do oxigênio em contato com o combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar próxima de 8%, onde não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o combustível. Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor d’água, espumas, pós, gases especiais, etc.

QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA; Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre a área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção química). Isso ocorre porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação só ocorre quando há chamas visíveis.

CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E MÉTODOS DE EXTINÇÃO; Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bem como a situação em que se encontram. Essa classificação é feita para determinar o agente extintor adequado para o tipo de incêndio específico. Entendemos como agentes extintores todas as substâncias capazes de eliminar um ou mais dos elementos essenciais do fogo, cessando a combustão.

INCÊNDIO CLASSE ”A”; Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, tais como papel, madeira, pano, borracha. É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos e por queimar em razão do volume, isto é, a queima se dá na superfície e em profundidade.

Métodos de extinção; necessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou soluções que a contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão, abaixo do seu ponto de ignição. O emprego de pós químicos irá apenas retardar a combustão, não agindo na queima em profundidade.

INCÊNDIO CLASSE “B”; Incêndio envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis. É caracterizado por não deixarem resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não em profundidade.


Métodos de extinção; necessita para a sua extinção do abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia. No caso de líquidos muito aquecidos (ponto de ignição), é necessário resfriamento.

INCÊNDIO CLASSE “C”; Incêndio envolvendo equipamentos energizados. É caracterizado pelo risco de vida que oferece ao bombeiro combatente.

Métodos de extinção; para a sua extinção necessita de agente extintor que não conduza a corrente elétrica e utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia. Esta classe de incêndio pode ser mudada para “A”, se for interrompido o fluxo elétrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo) que acumulam energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a interrupção da corrente elétrica.

INCÊNDIO CLASSE “D”; Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos É caracterizado pela queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns (principalmente os que contenham água). Métodos de extinção: para a sua extinção, necessita de agentes extintores especiais. Utilizar areia (abafamento), ou retirada de materiais (isolamento).

AGENTES EXTINTORES; Extintores são recipientes metálicos que contém em seu interior agentes extintores para combate imediato e rápido a princípios de incêndio. Os extintores podem ser portáteis ou sobre rodas, conforme o seu tamanho e uso. Os extintores portáteis também são conhecidos simplesmente por extintores e os extintores sobre rodas, por carretas. Os extintores classificam-se em conformidade com a classe de incêndio a que se destinam, ou seja, “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “K”. Para cada classe de incêndio há um ou mais extintores adequados. Todo o extintor deve possuir, em seu corpo, um rótulo de identificação facilmente localizável. Este rótulo traz informações sobre as classes de incêndio para as quais o extintor é indicado e também instruções de uso.

O sucesso na operação de um extintor dependerá basicamente de:

Uma fabricação de acordo com as normas técnicas (ABNT); Uma adequada distribuição dos aparelhos na planta; Uma inspeção periódica da área a proteger; Uma manutenção adequada e eficiente; e Pessoal habilitado no correto manuseio do aparelho.


TIPOS DE AGENTES EXTINTORES

Água Pó químico seco (PQS) Gás carbônico (CO2 ) Compostos Halogenados (Halon) Espuma

EXTINTOR DE ÁGUA:

- Características de um extintor de água (pressurizado) Capacidade: 10 litros Unidade extintora: 10 litros Aplicação: Incêndio de classe “A” Alcance do jato: Até 10 metros


Tempo de descarga: 60 segundos Funcionamento: a pressão interna expele a água quando o gatilho é acionado.

- Características de um extintor manual de água tipo costal (bomba manual) Capacidade: 10 a20 litros Aplicação: Incêndio de classe “A” Tempo de descarga e alcance: conforme o operador Funcionamento: a pressão é produzida manualmente. É preso às costas do operador por alças. O esguicho já é acoplado à bomba. Opera-se com as duas mãos; uma controla o jato d’água e a outra, com movimento de “vai e vem”, aciona a bomba.

EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO:

- Características de um extintor de PQS pressurizado Capacidade: 1, 2, 4, 6, 8 e 12 Kg Unidade extintora: 4 Kg Aplicação: Incêndios classes “B” e “C” Alcance médio do jato: 5 metros Tempo de descarga: 15 segundos para extintor de 4 Kg; 25 segundos para extintor de 12 Kg Funcionamento: O pó sob pressão é expelido quando o gatilho é acionado.

- Características de um extintor de PQS de pressão injetada Capacidade: 4, 6, 8 e 12 Kg Unidade extintora: 4 Kg Aplicação: Incêndios classes “B” e “C” Alcance médio do jato: 5 metros Tempo de descarga: 15 segundos para extintor de 4 Kg, 25 segundos para extintor de 12 Kg Funcionamento: Junto ao corpo do extintor há um cilindro de gás comprimido que ao ser aberto pressuriza o extintor, expelindo o pó quando o gatilho é acionado.


EXTINTOR DE GÁS CARBÔNICO (CO²)

- Características de um extintor de CO² Capacidade: 4, 6, 8 e 12 Kg Unidade extintora: 6 Kg Aplicação: Incêndios classes “B” e “C” Alcance do jato: 2,5 metros Tempo de descarga: 25 segundos Funcionamento: O gás é armazenado sob pressão e liberado quando o gatilho é acionado. Segure pelo punho do difusor, quando da operação, para evitar lesões.

EXTINTOR DE ESPUMA

- Características de um extintor de espuma mecânica (pressurizado) Capacidade: 9 litros (mistura de água e LGE) Unidade extintora: 9 litros Aplicação: Incêndios classes “A” e “B” Alcance médio do jato: 5 metros Tempo de descarga: 60 segundos Funcionamento: A mistura de água/LGE já está sob pressão. É expelida pelo acionado do gatilho e o passar pelo esguicho, ocorre a mistura com o ar, que forma a espuma.

- Características de um extintor de espuma mecânica (pressão injetada) Capacidade: 9 litros (mistura de água e LGE) Unidade extintora: 9 litros Aplicação: Incêndios classes “A” e “B” Alcance médio do jato: 5 metros Tempo de descarga: 60 segundos Funcionamento: Um cilindro de gás comprimido acoplado ao corpo do extintor ao ser aberto, pressuriza-o, expelindo a mistura de água/LGE quando acionado o gatilho.


- Características de um extintor de espuma química Capacidade: 10 litros (total dos reagentes) Unidade extintora: 10 litros Aplicação: Incêndios classes “A” e “B” Alcance médio do jato: 7,5 metros Tempo de descarga: 60 segundos Funcionamento: Colocando o extintor de cabeça para baixo, os reagentes (soluções aquosas de sulfato de alumínio e bicarbonato de sódio) entram em contato e reagem quimicamente, formando a espuma. Depois de iniciado o funcionamento não é possível interromper a descarga.

EXTINTOR DE HALOGENADO

- Características de um extintor de Halon (Composto halogenado) Capacidade: 1, 2, 4 e 6 Kg Unidade extintora: 2 Kg Aplicação: Incêndios classes “B” e “C” Alcance médio do jato: 3,5 metros Tempo de descarga: 15 segundos, para extintor de 2 Kg Funcionamento: O gás sob pressão é liberado quando acionado o gatilho. O halon é pressurizado pela ação de outro gás (expelente), geralmente nitrogênio.

EXTINTORES SOBRE RODAS (CARRETAS)

Os extintores sobre rodas, também chamados de carretas, são aparelhos montados sobre rodas e com grande quantidade de agente extintor. As carretas recebem o nome do agente extintor que transportam, da mesma forma que os extintores portáteis. Devido ao seu tamanho e a sua capacidade de carga, a operação destes aparelhos geralmente é realizada por dois operadores. As carretas podem ser: de água; de espuma mecânica; de espuma química; de pó químico seco; de gás carbônico.


MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO A manutenção começa com o exame periódico e completo dos extintores e termina com a correção dos problemas encontrados, visando um funcionamento seguro e eficiente. É realizada através de inspeções, onde são verificados: localização, acesso, visibilidade, rótulo de identificação, lacre e selo da ABNT, peso, danos físicos, obstrução no bico ou na mangueira, peças soltas ou quebradas e pressão nos manômetros.

TIPOS DE INSPEÇÃO: Semanais: Verificar acesso, visibilidade e sinalização. Mensais: Verificar se o bico ou a mangueira do extintor estão obstruídos. Observar a pressão do manômetro (se houver), o lacre e o pino de segurança. Semestrais: Verificar o peso do extintor de CO² e do cilindro de gás comprimido, quando houver. Se o peso do extintor estiver abaixo de 90% do especificado, recarregar. Anuais: Verificar se não há dano físico no extintor, avaria no pino de segurança e no lacre. Recarregar o extintor. Quinquenais: Fazer o teste hidrostático, que é a prova a que se submete o extintor a cada cinco (5) anos ou toda vez que o aparelho sofrer acidentes, tais como: batidas, exposição a temperaturas altas, ataques químicos ou corrosão. Deve ser efetuado por pessoal habilitado e com equipamentos especializados. Neste teste, o aparelho é submetido a uma pressão de 2,5 vezes a pressão de trabalho, isto é, se a pressão de trabalho é de 14 Kgf/cm², a pressão de prova será de 35 Kgf/cm². Este teste é precedido por uma minuciosa observação do aparelho, para verificar a existência de danos físicos.


RELAÇÃO EXTINTOR x TIPOS DE INCÊNDIO





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