“Até onde, os recônditos da memória podem trazer a lume as lembranças primeiras do homem? No meu caso, elas se iniciam em tenra idade, porque, tendo o meu pai morrido em julho de 1924, poucas são as recordações que tenho da sua figura humana. Lembro-me, vagamente, de quando acendia o lampião de carbureto, na nossa casa da Rua do Comércio 210, em Aracati, Estado do Ceará, às 18,00 horas, ou quando cortava fumo com seu afiado canivete da marca Corneta, para encher o seu cachimbo, que fumava após o jantar, balançando-se na rede branca de varandas rendadas, armada num canto da sala de jantar, próximo à cozinha e antes de eu ser chamado para deitar. Todavia, tenho lembranças mais vivas, da cheia que ocorreu no referido ano de 1924, em que o Jaguaribe invadiu a cidade de Aracati, desalojando todos os seus habitantes...” (Guimarães. 1987, p.9)