REDAÇÃO PROF.ª MÁRCIA DE ASSIS O que é? Que características tem?
O gênero crônica
O professor Jorge de Sá, em seu livro A crônica, aponta a origem do gênero crônica: a Carta de Caminha. A Carta do “achamento” é o primeiro registro sobre as terras e as gentes encontradas na expedição de Pedro Álvares Cabral; Pero Vaz de Caminha relata ao Rei de Portugal, D. Manuel, as notícias do que viu por aqui nos idos de 1500.
O gênero crônica
E daqui mandou o Capitão a Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias que fossem em terra e levassem aqueles dois homens e os deixassem ir com seu arco e setas. Aos quais mandou dar a cada um uma camisa nova, uma carapuça vermelha e um rosário de contas brancas de osso, que eles levaram nos braços, e cascavéis e campainhas.” (CAMINHA, Pero Vaz “(...)
de. Carta a El Rey Dom Manuel. Apresentação de Rubem Braga. Rio de Janeiro, Record, 1981. p. 25-6)
O gênero crônica
Sá (1992) aponta que o relato feito por Caminha é fiel às circunstâncias, em que todos os elementos se tornam decisivos para que o texto transforme a pluralidade dos retalhos em uma unidade bastante significativa.
O gênero crônica
A crônica tem como princípio básico registrar o circunstancial; O narrador-repórter registra o circunstancial (acontecimentos cotidianos); É uma narrativa curta; É uma soma de jornalismo e literatura;
É ricamente estruturada; Tem como público o leitor de jornal; Comentário de acontecimentos reais ou imaginários;
A crônica
Quem narra uma crônica não é um narrador, mas seu próprio autor; Tudo que é narrado por ele parece ter acontecido de fato; É como se os leitores estivessem diante de uma reportagem;
A crônica é um gênero jornalístico e literário; Apresenta uma sintaxe mais “solta”; Apresenta um tom de conversa; Maior proximidade entre as normas da língua escrita e da oralidade.
A crônica
Na crônica são retratados pequenos acontecimentos do dia-a-dia de forma lírica, reflexiva; O cronista transforma, com seu talento, fatos circunstanciais em texto com conteúdo reflexivo.
“(...) surge primeiro no jornal, herdando sua precariedade, esse seu lado efêmero de quem nasce no começo d euma leitura e morre antes que se acabe o dia..”
O gênero crônica Eu não o conheci Meu filho foi embora e eu não o conheci. Acostumei-me com ele em casa e me esqueci de conhecê-lo. Agora que sua ausência me pesa, é que vejo como era necessário tê-lo conhecido. Lembro-me dele. Lembro-me bem em poucas ocasiões. Um dia, na sala, ele me pediu que lhe consertasse um brinquedo velho. Eu estava com pressa e não consertei. Mas lhe comprei um brinquedo novo.
Na noite seguinte, quando entrei em casa, ele estava deitado no tapete, dormindo e abraçado ao brinquedo velho. O novo estava um canto. Eu tinha um filho e agora não o tenho mais porque ele foi embora. E este meu filho, uma noite, me chamou e disse: ─ Fica comigo. Só um pouquinho, pai. Eu não podia; mas a babá ficou com ele. Sou um homem muito ocupado. Mas meu filho foi embora. Foi embora e eu não o conheci. p.37)
(Oswaldo França Jr. 1985,
Sonho Para um apaixonado por viagem e futebol, como eu, cobrir uma Copa do Mundo é ótimo. Mesmo perdendo, é ótimo. Você é pago para ver os jogos, fica nos melhores lugares do estádio e ainda pode brincar de cronista esportivo, cercado por cronistas esportivos de verdade. Quando eu era pequeno, queria ser aviador ou cronista esportivo. Se possível as duas coisas juntas, um piloto de caça que, em tempos de paz, escrevesse sobre futebol. Ah, poder ver os jogos dos “reservados para a imprensa” e usar todas aquelas palavras que, na época em que a linguagem jornalística viva a angústia do sinônimo pronto para evitar repetições, eram obrigatórias nos textos esportivos: “contenda” ou “porfia” em vez de partida, “esférico” ou “numero 5” em vez de bola, etc. Voar muito, como passageiro, e pelo menos de quatro em quatro anos me meter a comentar futebol são o mais perto que consegui chegar dos sonhos de infância. E todos sabem o prazer que é chegar perto dos sonhos de infância. (Luis Fernando Veríssimo. A eterna privação do zagueiro absoluto: as melhores crônicas de futebol, cinema e literatura,1999, p107
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