OSร IAS
Profยบ Marcio Candido
Oséias (Os) Autor: Oséias Data: 715-710 a.C
O profeta OsĂŠias era natural do reino de Israel ou Efraim, como se costuma chamar. Profetizou sob o reinado de JeroboĂŁo II e de seu sucessor, a partir da queda de Samaria e de todo o reino (721 a.C.).
Os três primeiros capítulos do livro de Oséias formam um conjunto todo especial. Sob a forma de drama simbólico é-nos posta diante dos olhos a infidelidade do povo de Israel para com o seu Deus,
representada,
figuradamente,
na
infidelidade duma esposa para com seu legítimo marido;
anuncia-se o seu castigo, mas tambÊm o seu arrependimento, a sua reconciliação e, enfim, sua vida renovada e mais feliz (2:16-24; cf. 2:1-2; 3:5).
Nos capĂtulos restantes (4-14) voltam os mesmos motivos, a saber:
a
culpa
de
Israel,
principalmente
as prĂĄticas idolĂĄtricas, o culto do bezerro de Betel,
as alianças com os poderosos pagãos, a Assíria e o Egito, a falta de confiança e de apelo ao único Deus; daí os castigos proporcionados às culpas.
Nem faltam vislumbres dum retorno a Deus e dum futuro melhor. Nesta sucessĂŁo de quadros, o mais das vezes obscuros, pode-se notar certo progresso. No cap. 7 os acontecimentos polĂticos que, entre 745 e 725 a.C. elevaram tantos reis ao trono e outros tantos derrubaram dele, aparecem como fatos jĂĄ passados;
no cap. 13 o castigo do povo ingrato é anunciado já como sentença irrevogável de uma destruição total do reino, e no último, o 14, com cores mais ricas e suaves promete-se a salvação definitiva.
No estilo de Oséias sucedem-se, em breves sentenças, pinceladas rápidas, imagens ousadas, passagens bruscas e como por saltos. Seu vocabulário é rico, e seu estilo característico, devido, talvez, às particularidades do dialeto de sua região.
Por estas mesmas razĂľes o seu texto, maltratado pelos copistas, conservou-se num estado bem deplorĂĄvel. Desse complexo de causas origina-se a obscuridade desmesurada deste livro.
Escrito no reino de Israel, foi-nos conservado e transmitido por mãos judaicas, através das quais é possível que tenha sofrido retoques lingüísticos e talvez também algum acréscimo, como a menção do reino de Judá nalguns contextos onde menos se esperariam (cf. 5:5; 6: 11).
Das páginas de Oséias transparece um caráter impressionante, ardente e patético a um só tempo, mas
sensível
sobretudo
às
ternuras
e
às
fogosidades do amor. Sob este aspecto é um precursor de Jeremias.
Particularmente
suas
são
as
muitas
reminiscências da antiga história do povo de Israel, sobretudo do patriarca Jacó, que tornam duplamente precioso o seu livro, cuja extensão supera, em três ou quatro partes a maioria dos doze profetas menores.
O método de Oséias se destaca pela descrição das relações entre Deus e Israel propostas sob a figura do amor conjugal. Ele é o primeiro profeta que recorre a esta comparação tão fecunda e repetida pelos profetas seguintes.
A bem dizer, ele insiste mais no aspecto negativo do matrimonio, nas infidelidades e nas rupturas, do que no amor propriamente dito. A descrição deste amor será reservada ao Cântico dos Cânticos.
A Oséias, pelo contrário, Deus faz sentir as suas amarguras de esposo traído, ameaçando e executando os duros castigos que o caso reclama. Tudo termina com a expectativa da reconciliação dos esposos a da restauração.
fim