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INTRODUÇÃO

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Sobre o Autor

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Ø

O título da presente pesquisa pede uma explicação. Sinestesia - o ato de perceber ou sentir um estimulo dado em um sentido por outro - pretende demonstrar os diversos níveis mentais envolvidos pela percepção, o das experiências aprendidas, dos instintos inatos e outros processos superiores cognitivos.

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Relevar essas indagações pode a principio ter pouco ou nada a ver com o âmbito da comunicação audiovisual enquanto seus meios (TV, Cinema, Video). Realmente o trabalho aqui apresentado não descreve ou enquadra em suas linhas os meios de comunicação audiovisuais convencionais, ele apresenta algo que antecede esses meios: os processos cognitivos da percepção e suas alterações dentro de um ambiente ou meio especifico enquanto in loco.

Como em uma apresentação teatral, uma performance ou happening, onde o previsível ganha contornos de imprevisível Evidencio aqui, neste trabalho, uma "instalação audiovisual" de estimulo-resposta instantânea e de envolvimento coletivo - um "audiovisual" ao vivo.

Para isso, o presente projeto analisa a percepção audiovisual tomando por objeto de estudo as festas e festivais de música eletrônica típicas do grupo de contracultura dos anos 90 - os Ravers - encarando esses acontecimentos como grandes instalações audiovisuais providas de uma estrutura

elaborada de estímulos e induções sensoriais. A análise recai sobre a percepção audiovisual alterada pelos estados extáticos e hipnóticos promovidos nessas festas, próprios de rituais primitivistas.

Acredito que um jogo de computador, um filme assistido em uma sala de cinema e uma festa deste tipo, têm muito em comum, principalmente enquanto experiência audiovisual compartilhada. As formas de produção do "espetáculo", um roteiro com fases de envolvimento, estimulação, conflitos e claro, o "feed-back", a resposta do espectador.

Uso aqui as palavras de Jalver Bethônico1:

"NA VERDADE, AUDIOVISUAL "DIZ-SE DA MENSAGEM CONSTITUÍDA DA COMBINAÇÃO DE SOM E IMAGEM" SEM IMPORTAR A EXISTÊNCIA OU A AUSÊNCIA DE PRÓTESES TECNOLÓGICAS, SE DURÁVEL OU EFÊMERA, FOLCLÓRICA, INFOGRÁFICA, DOMINANTE, DOMINADA.(…) MESMO QUE O TERMO AUDIOVISUAL ESTEJA CORROMPIDO POR OUTRAS SIGNIFICAÇÕES CAUSADAS PELOS MAIS DIVERSOS USOS, INSISTIMOS NESTE SENTIDO ETIMOLÓGICO. (…) ASSIM, A RELAÇÃO AUDIOVISUAL, PARA NÓS, É O ENCONTRO DE SIGNOS DE DUAS LINGUAGENS DIFERENTES, QUE TANTO PODE REALIZAR-SE

1 Bethônico, J.- "Classificação das relações entre comunicação visual e comunicação sonora", in Visualidade, Urbanidade Intertextualidade - São Paulo : Haker Editores; C.P. Sóciossemióticas (PUC SP.COS - USP-CNRS), 1998. (p.302)

NUMA FORMA, NUM DOS BRAÇOS DA MÍDIA, NUM CANAL, NUM CÓDIGO OU NUM PENSAMENTO."

A vida é em si multimídia, a comunicação é a partilha e a permuta de signos diversos entre pessoas ou entre um individuo e sua realidade, ou seja, entre uma fonte sígnica de informação sobre um suporte e um leitor de signos, um emissor de mensagem em um meio e um receptor.

O uso aqui feito e defendido, em vários momentos, da expressão "audiovisual", foi o modo mais conveniente encontrado para contextualizar o nosso objeto de estudo (as festas) e para fazer um contraponto com as visões existentes de outros autores e outros campos da ciência e das artes. Não há a pretensão de firmar novos tipos ou divisões, aponta-se aqui uma possibilidade de uma outra interface audiovisual, mesmo que esta seja um caso distinto e efêmero.

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