Bons piados para todos vocês

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O Caminho da Graça

BONS PIADOS PARA TODOS VOCÊS! Caio Fábio

Vamos ler o Salmo 77

Eu já falei neste salmo muitas vezes. Há um livro meu – um dos volumes do Divã de Deus – que tem um capítulo sobre ele. Hoje eu obviamente não quero falar sobre nada acerca do que no passado já falei, mas apenas pensar em alguns estágios existenciais e psicológicos que podem acometer a cada um de nós, ao ser da gente, bastando, para isso, que nós estejamos vivos e experimentando as contingências do existir, do mero existir. Este é um salmo de um ser humano que estava vivendo um momento de introversão profundamente crítica, amarga,

angustiada e duvidosa. Ele inicia, apesar disso, dizendo que fazia esse esforço: de elevar a Deus a sua voz; uma voz que chegava a Deus como um clamor. Aí, ele repete, dizendo: “Elevo a Deus a minha voz para que me atenda”. Porque a realidade de Deus era, para ele, insofismável, mas a realidade do seu significado para Deus estava sob o signo do mais profundo elemento de relatividade. Acerca de Deus ele não tinha dúvida alguma, ele tinha era uma dúvida terrível sobre os significado dele para Deus.

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“Elevo a Deus a minha voz e clamo, elevo a Deus a minha voz, para que me atenda. No dia da minha angústia, procuro o Senhor; erguem-se as minhas mãos durante a noite e não se cansam; a minha alma recusa consolar-se. Lembro-me de Deus e passo a gemer; medito, e me desfalece o espírito. Não me deixas pregar os olhos; tão perturbado estou, que nem posso falar. Penso nos dias de outrora, trago à lembrança os anos de passados tempos. De noite indago o meu íntimo, e o meu espírito perscruta. Rejeita o Senhor para sempre? Acaso, não torna a ser propício? Cessou perpetuamente a sua graça? Caducou a sua promessa para todas as gerações? Esqueceu-se Deus de ser benigno? Ou, na sua ira, terá ele reprimido as suas misericórdias? Então, disse eu: isto é a minha aflição; mudou-se a destra do Altíssimo. Recordo os feitos do SENHOR, pois me lembro das tuas maravilhas da antiguidade. Considero também nas tuas obras todas e cogito dos teus prodígios. O teu caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus? Tu és o Deus que operas maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder. Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José. Viram-te as águas, ó Deus; as águas te viram e temeram, até os abismos se abalaram. Grossas nuvens se desfizeram em água; houve trovões nos espaços; também as suas setas cruzaram de uma parte para outra. O ribombar do teu trovão ecoou na redondeza; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu. Pelo mar foi o teu caminho; as tuas veredas, pelas grandes águas; e não se descobrem os teus vestígios. O teu povo, tu o conduziste, como rebanho, pelas mãos de Moisés e de Arão.”


O Caminho da Graça

Ele diz que era um dia de angústia. E com a definição de dia de angústia ele não está falando de um dia de 24 horas; ele está falando de uma estação angustiosa. E ele diz que nessa estação de angústia ele procurava o Senhor e levantava as suas mãos, de noite; e andava pelo quarto, pela casa, com as mãos erguidas, de maneira incansável. Mas não havia para ele o descanso de que aquela expressão, de que aquela vocalização, de que aquele clamor, de que aquela oração, de que pedido, de que a soma daquelas petições se voltasse sobre ele como libertação do espírito angustiado, do desconforto, do desassossego, porque ele se sentia profundamente relativizado. Deus era Deus, mas a angústia tinha e tem um poder de relativizar-nos. Com uma banda do ser a gente experimenta essa ambivalência, a gente diz: Elevo a Deus a minha voz, ergo as minhas mãos, peço que me atenda. Mas outra dimensão da gente se angustia, fica sob a ebuliência das aflições, e o coração não sossega. E ele, falando de si mesmo, diz que se instalara nele uma recusa por consolar-se, um autoboicote. Não dava ele sossego a si próprio, em relação a receber, pela fé, qualquer que fosse o descanso que

pudesse vir de Deus, porque a angústia é caprichosa. A angústia é profundamente caprichosa; a angústia não deseja apoderar-se, pela fé, de coisa alguma; ela deseja apenas que a fé faça silenciar o clamor angustiado, faça dessentirmos da angústia perturbadora. Nesse momento e nesse dia de aflição, a fé parece querer só encontrar solução como aquela que nos venha carregada de um poder de desinstalar de nós todo e qualquer movimento aflitivo do coração. A angústia é caprichosa. E nesse seu capricho, frequentemente ela nos faz mais mal do que o seu poder original teria de nos fazer mal, porque ela se mistura com o desejo caprichoso do nosso ser, que diz: Deus, se eu existo para ti, não apenas ouve a minha voz, mas faze cessar de mim essa angústia, agora. E como essa é ainda a oração do capricho e não da fé, se a angústia não cessa – e em geral ela não cessa, quando vem involucrada por uma demanda que estabelece como sinal da presença de Deus a cessação imediata de qualquer sentimento infelicitante dentro de nós – em não cessando o sentimento, a gente começa a se angustiar da própria angústia. Aí, surge esse autoboicote, essa intenção inconsciente de recusarmos consolar-nos, quando o nosso coração começa a andar nessa vereda caprichosa de dizer: “Eu apenas aceito como resposta de Deus toda e qualquer cessação de sofrimento no meu coração; se não cessar, Deus não me ouviu”. E se não cessa, a gente fica angustiado de angústia e alimenta um ciclo perverso que gera uma espécie de raiva latente dentro da gente, em relação a Deus; e o coração recusa consolar-se. É uma das situações mais horrorosas a se instalar dentro de nós: a recusa da

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Tanto é assim que ele diz: Elevo a Deus a minha voz, elevo a Deus a minha alma, eu clamo para que me atenda. Pois ele crê que há Deus e que Deus poderia atendê-lo; mas paira sobre ele uma dúvida atroz sobre o significado da sua própria existência diante de Deus, em razão dos elementos emocionais, psicológicos, que o tinham atingido; em razão do modo como a sua psique estava, como a sua alma estava, como o seu coração estava. Deus é Deus – diz ele –, mas eu, quem sou eu? Qual o meu significado para Deus?


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Você já esteve, ou, porventura, está nessa situação em que a alma, ao se lembrar de Deus, geme? E aí, justamente por causa disso, muita gente tenta não lembrar de Deus, não pensar em Deus, não refletir sobre ele, não meditar nele, não buscar uma intimidade com ele. Porque pensar em Deus é dor. É uma crise horrorosa, quando pensar em Deus significa dor, para nós. Porque você diz: Eu tenho orado, eu tenho pedido, eu tenho elevado a minha voz, eu tenho levantado as minhas mãos à noite e de dia, eu tenho clamado buscando ser atendido; a minha alma continua a experimentar essa crise de angústia, apesar do meu clamor e da minha oração; eu estou angustiado da minha angústia, que não cessa; onde está Deus, que não me ouve? Aí, a alma recusa consolar-se; e aí, pensar em Deus é um agravo. A maioria de nós não tem coragem de dizer para Deus o que está sentindo: que a gente está sentindo raiva, não só frustração; que a gente está zangado com ele; que a gente o

está amando de um modo odioso. E o nosso coração se curva diante dele não com a alegria dos humildes, mas dos humilhados raivosos. Você já experimentou esse sentimento no seu coração? Quando pensar em Deus, lembrar de Deus é gemer, quando meditar nele é fazer com que se lhe desfaleça o espírito? Eu conheço esse dia, eu conheço essa hora – não como um episódio, mas em muitas situações na memória existencial que eu carrego –, quando a alma cresce dentro de nós nas suas dores, nos seus lamentos, nos seus clamores; quando ela se pulsiona de angústias e vai ficando tomada pela devoção do capricho, e a gente ora não por causa de Deus, mas por causa da nossa angústia; quando a propulsão da nossa oração é a nossa angústia, não é Deus; quando a intensidade da nossa busca tem a ver apenas com algum tipo de solução que a gente pretenda obter para o desassossego do nosso coração, e isso não acontecendo conforme a nossa intenção, inicia-se esse processo de recusa de consolação, e essa recusa de consolação faz com que se instale dentro de nós uma justiça própria contra os céus, uma raiva de Deus. A gente se lembra de Deus e geme. Medita nele, e o espírito desfalece. E a gente começa a transferir para Deus o que nós mesmos não permitimos que aconteça de bom e de bem em nós, pois quem diz: “A minha alma recusa consolar-se”, encurralou-se, e para tal pessoa não tem solução. Quem quer que diga: “A minha alma recusa consolar-se” já não tem mais o direito de dizer o que é expresso no verso 4: “Não me deixas pregar os olhos”. Bom, se a sua alma recusa consolar-se, meu irmão, boa insônia para você. Se a sua alma recusa consolar-se, boa crise de angústia para a sua existência.

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consolação da nossa alma. É quando você começa a dar razão à sua dor, à sua lamúria, ao seu capricho, à sua própria aflição; quando você começa a dizer para Deus que qualquer que seja a intervenção dele na sua vida, tem que ser nos moldes da demanda do capricho existencial e psicológico do seu clamor. E se algo não acontece conforme essa demanda, você fica neurótico de angústia e angustia-se da angústia. Em angustiando-se da angústia, recusa consolar-se, cada vez mais profundamente, e vai entrando num processo de autoboicote horroroso, no seu coração. Aí, ele mostra, no verso 3, que o próximo passo é fazer com que a nossa memória passe a trabalhar contra a nossa própria existência. Ele diz: Relembro-me dos dias de outrora e passo a gemer; lembro-me de Deus e passo a gemer.


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Se a minha alma recusa consolar-se, cumpre-se em mim aquilo que Jesus disse acerca daquela geração que à volta dele estava, tomada por um mau humor horroroso, reclamando de tudo e de todas as coisas; acerca de quem ele disse: A quem vos compararei, senão a meninos que, assentados na praça, dizem uns para os outros: Nós propusemos brincadeira de dançar, de gargalhar, de rir, e vocês não quiseram; nós propusemos uma outra brincadeira: de funeral, de enterro, e de papel de personagem de carpideira, mas vocês não quiseram chorar. E é a isso que eu comparo vocês, porque veio João Batista que não comia, não bebia, que era um líder do funeral, e vocês não quiseram com ele chorar e se arrepender. Veio o Filho do Homem, que come, bebe e se alegra, e vocês comigo não quiseram se alegrar; antes, me chamam de glutão, bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Esse estado de humor cria uma situação que nem Deus consegue penetrar. Essa é a impermeabilidade horrorosa que a gente pode usar para blindar o nosso ser: quando a gente diz: “A minha alma recusa qualquer consolação”, não admitindo que lá no fundo a gente carrega é raiva de Deus. Pensar nele é dor, meditar nele nos

desfalece; e a gente transfere para ele, nesse mecanismo que começa a dizer: Os céus estão me perseguindo, Deus não me deixa pregar os olhos, eu estou tão perturbado que não consigo falar. Mas enquanto eu disser: “A minha alma recusa consolar-se”, o que poderá brotar de mim como fala, senão a raiva devocional, senão a amargura devocional, senão o ódio piedoso que salmodia mas não quer ser curado, que eleva as mãos a Deus mas não se deixa resgatar, não se deixa socorrer, não se deixa consolar? Aí, ele diz: Penso nos dias de outrora, nos tempos bons da minha vida; trago à lembrança os anos de passados tempos. Então, viaja para trás e se lembra de episódios, de épocas, de estações, de períodos inteiros quando a alma não era assim, a mente não era assim, o ser não era assim. E prossegue: “De noite indago o meu íntimo, e o meu espírito perscruta.” Olha em que o coração desse indivíduo estava concentrado, quais as questões dele: Rejeita o Senhor para sempre? Será que eu estou vivendo a experiência de que Deus enjoou de mim, que está me rejeitando para sempre? A alma do indivíduo recusa consolar-se, mas ele não tem a coragem de dizer: Eu estou me rejeitando e rejeitando a Deus com a minha rejeição. A gente prefere perguntar se Deus está com algum problema com a gente, sem admitir que a gente é que é um problema total para nós mesmos. Desde que isso vire um salmo, parece que estamos justificados. Desde que seja uma poesia angustiada, parece que nós estamos, por assim dizer, iluminados até às trevas abissais. Eu é que estou me rejeitando e eu é que recuso consolar-me. E ele pergunta – transfere isso para Deus, faz disso uma questão supostamente

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Se a sua alma recusa consolar-se, o mais maravilhoso de todos os mau humores sobre a sua vida. Se a sua alma recusa consolar-se e boicota-se a si mesma, vá fundo no amargor da sua própria desgraça existencial e não transfira para Deus coisa alguma, como, por exemplo, dizer: “Não me deixas pregar os olhos; tão perturbado estou que nem posso falar”. Eu teria muita misericórdia desse estado, se você, amigo meu do passado, não me tivesse dito: “A minha alma recusa consolar-se”.


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A segunda questão dele é: Acaso não torna Deus a ser propício? Será que Deus volta a ser legal, volta a ser bom? Ou ele é tomado por venetas eternas? Mais honesto seria perguntar: Será que eu voltarei a ser propício a mim mesmo, parando de rejeitar a consolação que quer me visitar e me invadir sem que eu permita? Quase todas as nossas perguntas acerca de Deus não têm nada a ver com Deus, têm a ver apenas com a gente; é apenas isso. Mas a gente adora essa mania de, em vez de olharmos para nos mesmos, ficarmos transformando a nossa recusa, a nossa autorrejeição, os nossos autoboicotes em projeções que supostamente blindam os céus ou que fazem com que tenha havido uma ação de Deus se blindando contra nós, quando nós é que somos os entes inimigos de nós mesmos, o tempo todo, em quase todo e qualquer processo. “Cessou perpetuamente a sua graça?”. Olha que pergunta linda, profunda! Essa pergunta vira seminário, vira escola teológica. Vira denominação, a pergunta: A graça de Deus cessa? Só nessas perguntas aqui eu já vi um monte de denominação

histórica. Existe denominação que se organizou em torno da ideia de “rejeita o Senhor para sempre?”. Aí, há aquelas que dizem: Rejeita, sim. Há outras que dizem: Não, não rejeita. Existem umas que se organizaram em torno de “acaso não torna Deus a ser propício?”. Aí, há aqueles que dizem: Sim, uma vez propício, propício para sempre. E há aqueles que dizem: Depende; às vezes sim, às vezes, não. São projetos de espiritualidade. “Cessou perpetuamente a sua graça?”. Há uns que dizem: Cruz credo, jamais! Graça eterna, graça irresistível, Aleluia. Outros dizem: Graça mutável; depende, pode ser e pode não ser. “Caducou a sua promessa para todas as gerações?” vira até doutrina escatológica, para muitos grupos: Do jeito como Deus agiu no passado ele já não age mais, agora; por isso, não espere milagres, nem intervenção de Deus, nem sinais, prodígios e maravilhas; Deus fazia isso até inventarem a imprensa; depois que arrumaram a Bíblia toda em um livro, a gente não precisa mais de nada, porque já veio o que é perfeito. Aí, dizem que a bíblia é o que é perfeito. Está cheio de erro, aqui (na bíblia): erro histórico, erro gramatical. Os evangelhos sinóticos têm erros de vários tipos. A perfeição da bíblia não está em nenhum perfeccionismo. O que é perfeito aqui não é a bíblia, é a Palavra; o que ela diz é perfeito e irretocável. Mas o livro, os anjos têm vontade de fazer correção nele, faz tempo. O copista errou, o escriba errou; eram setenta e sete mil, um botou setenta e cinco, outro botou setenta e seis – nada que importe. Caducou a sua promessa para todas as gerações? Aquilo que um dia ele fez no passado não faz mais hoje? Veja como na sua mente esse assunto já voltou em diversas ocasiões na sua vida, quando você

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teológica –: “Rejeita o Senhor para sempre?”. É nisso que ele medita, é isso que ele perscruta. Se encontrasse com você, ali na esquina, ele diria: “Olha, eu estou tendo pensamentos muito profundos”. Você perguntaria em que ele anda pensando, e ele responderia: “Eu ando pensando na rejeição eterna de Deus”. Como eu encontro um bocado de gente por aí, pregador que prega a angústia de si próprio, a não aceitação do seu próprio consolo em Deus; e transforma isso numa causa teológica, num livro, em conversas, em retiro espiritual amargurado: “Vou fazer um retiro, o tema é ‘Rejeita o Senhor para sempre?’”.


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“Esqueceu-se Deus de ser benigno?” é outra pergunta dele. Quem é que pode experimentar a benignidade de Deus se determinou que a sua alma recusa consolar-se? Até que, de repente, o indivíduo caiu em si – Aleluia. E ele diz no verso 10: “Então disse eu: Isso é minha aflição”. É a minha aflição que está fazendo toda essa falsificação dos céus, da terra, de Deus, de mim, da palavra, da promessa, da graça, da fidelidade de Deus. Até que enfim ele para de perguntar aos céus e olha para si mesmo; e diz: Isso é a minha aflição. Quando eu digo que mudou-se a destra do Altíssimo, não foi o Altíssimo que mudou, foi a minha aflição que fez a minha impressão, o meu culto impressionista espiritual tornar-se tão poderoso que aniquilou a minha fé e transformou Deus num reflexo da minha projeção. Mas é a minha aflição que está gerando isso.

E assim será enquanto eu não chego a esse momento e a essa hora de admissão; de dizer: Nada mudou em Deus, a mudança que eu suponho ter havido na destra do Altíssimo é fruto da minha aflição; a minha aflição, o meu capricho, a minha desvontade de consolação, a minha raiva de Deus, o meu boicote a mim mesmo e aos céus é que provocaram dentro de mim essa multidão de questões que ficam sendo fantasmagorias de pensamento, adiando para sempre a minha resolução simples de receber dele a graça da consolação. E assim será enquanto eu recusar consolar-me; até que o meu coração caia em si mesmo e eu tenha a coragem de dizer: Deus não mudou, eu é que não permito nenhuma mudança de Deus em mim, a minha aflição é que pintou essa Guernica nos céus da minha existência e nos cenários da minha alma, de tal maneira que tudo se caotiza; não porque Deus tenha mudado, mas porque eu mudei dramaticamente, pela minha aflição cultuada, em relação a ele. Uma vez que ele admite isso, olha o que ele começa a dizer, diferentemente, do verso 11 em diante. Antes ele tinha dito: Lembrome de Deus e passo a gemer. Agora ele diz: “Recordo os feitos do Senhor, pois me lembro das tuas maravilhas da antiguidade”. Vejam como o que se interpõe entre paz e angústia, aflição e sossego, é uma virada de consciência. Uma viradinha de consciência, não um compêndio de consciência. É uma virada, na hora em que ele muda esse olhar, na hora em que ele faz esse loop e, ao invés de ficar brigando com os céus sob o pretexto da rejeição divina, fazendo perguntas imbecis aos céus sem admitir que ele é que obstaculiza, ele é que engargala o processo todo ao não querer se consolar em Deus; e passa, daí em diante, num lapso da graça que o ilumina, a ter a coragem de enxergar-

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mesmo se perguntou. Perguntam a mim, desde que eu sou menino, pregando o Evangelho: O Senhor não acha que alguma coisa aconteceu, dos dias dos apóstolos para cá? Naquele tempo era muito milagre, hoje a gente não vê quase nenhum. Eu digo: Eu não sei em que mundo você está vivendo; no meu mundo existe milagre todo dia, o dia inteiro. Mas que pergunta é essa? “Caducou a sua promessa para todas as gerações?” significa o seguinte: Deus parou de ser efetivo nas suas promessas nos meus dias, na minha vida, na minha existência? O que aconteceu para trás deve ficar apenas no álbum das minhas recordações, mas não há mais qualquer atualização da graça divina e da promessa de Deus na vida humana, hoje? Não! – eu diria – para quem diz: A minha alma recusa consolar-se.


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Recordo os teus feitos, os feitos do Senhor, pois me lembro das tuas maravilhas da antiguidade. No caso dele, ele pensa na história toda, atrás de si. Eu me lembro de que a primeira vez em que entrei nesse processo, com três anos de conversão, lá em Manaus, eu viajei para tudo; eu via todos os dias, de Adão até hoje. Começava lá em Adão e eu vinha: Meu Deus, tu não mudaste, não mudaste, não mudaste; tu não mudaste, não mudaste, não mudaste; tu não mudaste. Mas o fato é que havia se instalado em mim um medo de que Deus tivesse mudado. Por uma razão simples: eu vinha orando com os doentes e eles

ficavam curado, quase sempre. Expulsava demônio a três por dois, todos os dias. E aí, eu peguei uma hepatite e a cumpri toda; orei e não fiquei curado. E quando eu achei que estava curado daquela primeira hepatite, peguei uma segunda. A região do fígado em mim começou a inchar, eu ficava fazendo percussão no fígado, todo ictérico. Orando por doentes e eles ficando curados, mas eu, com uma segunda hepatite, assim na lata! E o médico disse: Olha, essa é braba, são seis meses na cama. Então a minha mente começou a perguntar: Mas por que? Por que eu estou orando por essas pessoas e elas ficam curadas, mas eu mesmo clamo e não sou curado? Parece uma bobagem isso, não é? Mas para mim não foi. Instalou-se um negócio horroroso dentro de mim, uma angústia atroz. Pensava em Deus e gemia. Dentro de mim eu queria que aquilo que se manifestava no meu orar pelos outros, acontecesse quando chegasse o meu dia e eu fosse o médico que me curasse a mim mesmo. E a bondade de Deus me salvou dessa catástrofe. Já imaginaram, se eu tivesse orado por mim, naquela hepatite, e Deus tivesse me curado? Talvez eu não estivesse aqui, talvez eu tivesse virado um Valdomiro sofisticado, talvez eu tivesse surtado! Mas Deus é tão bom que me deixou ali seis meses na cama e um ano fraco – Aleluia! Gemendo, angustiado, mil perguntas teológicas, recordando-me dos dias de outrora, me agarrando a fiapos de alguma coisa. Até que chegou aquele dia, aquela madrugada na qual eu reconheci que era a minha aflição, fruto do meu capricho, que estava pintando aquela angústia toda, em mim. Então tomei uma decisão de fé, dizendo: Senhor, eu posso morrer de cirrose hepática, mas o meu coração é teu. Tu não mudaste, mudei eu. E no dia em

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se e, em enxergando, dizer: Aqui está o nó górdio da minha desgraça; a minha aflição mudou dentro de mim toda percepção do significado de Deus para mim, e eu me dessignifiquei aos olhos dele – não aos olhos dele, mas ante os meus próprios olhos como se fossem os dele; projetei para ele o meu dessignificado, projetei para ele a minha frustração, transferi para ele o meu mau humor. Não quero consolar-me, estou com raiva da minha vida, com raiva dessa existência, com raiva das circunstâncias, com raiva de Deus. Pensar nele se me tornou uma opressão, meditar nele é gemido e angústia. Fiquei preso nesse cipoal de questões, distraindo a minha agonia e aflição. Mas eis que hoje eu percebi que nada mudou nos céus; mudou apenas no cenário fantasioso das minhas impressões caprichosas. Deus é o mesmo, a minha aflição é que é uma desgraça, tem até o poder de falsificar a mão de Deus em meu favor, tem até o poder de pintar o cenário mais catastrófico contra mim, tem o poder de me desmobilizar em relação a Deus, dando-me a impressão de que Deus esteja desmobilizado em relação a mim. Muda tudo, quando essa compreensão vem.


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Aí, você considera também nas obras todas, de Deus, e cogita dos seus prodígios, e dá glória a ele, porque a consolação dele não é feita conforme a encomenda, mas conforme a sabedoria dele para a sua vida. Então, você diz, como diz o verso 13: “O teu caminho, ó Deus, é caminho de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus? Tu és Deus que operas maravilhas”. Olha como mudou tudo, parece até que é um salmo de um esquizofrênico, não parece? Porque o cara vem naquela história toda e, de repente, cai uma ficha. Uma! “Então, disse eu: isto é a minha aflição; mudou-se a destra do Altíssimo”. Na hora em que o cara reconheceu que era a aflição dele que estava gerando aquilo tudo, a mão de Deus mudou. Não porque Deus tivesse mudado em relação a ele, mas porque ele aceitou que Deus continuava a ser quem Deus sempre foi. Mudou-se dentro dele a percepção, para tornar a ver Deus como Deus sempre fora e nunca mudara. Aí, o passado já não é mais gemido, já é reforço à fé de hoje. Considerar as obras de Deus já não é mais considerar algo como: Rejeita o Senhor para sempre? Acaso, não torna a ser propício? Cessou perpetuamente a sua graça? Caducou a sua promessa para todas as gerações? Esqueceu-se Deus de ser benigno? Ou, na sua ira, terá ele reprimido as suas benignidades? Já não é mais isso, já não é mais sexo dos anjos o que ocupa o

coração. Cessam as tolices conceituais. Morre a teologia. Aleluia. “Considero também nas tuas obras todas e cogito dos teus prodígios. O teu caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus? Tu és Deus que operas maravilhas”. Ele deixa o passado, conjuga o verbo no presente contínuo! “Tu és Deus que operas...”. Hoje. Vejam como uma mudança de olhar muda tudo! Ele, que antes estava perguntando: “Cessou a bondade de Deus sobre todas as gerações?”, diz: “Tu és o Deus que operas maravilhas, e entre os povos tens feito (hoje, agora) notório o teu poder”. Não apenas aqui, no meio desse povo, mas no meio dos povos! Tu estás vivo. Vejam como altera tudo uma mudança de olhar, uma conversão do capricho egótico, da angústia egótica, à fé que diz: A minha angústia não mudou os céus. Que narcisismo é esse, de confundir a tua angústia com o mau humor divino?! Quando a pessoa tem essa coragem de dizer isso para si mesmo muda tudo, dentro dele. “Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó (que era um cabra safado) e de José”. Do sujeito ambíguo e do sujeito legal; o mesmo braço remiu a todos eles. Aí, ele se lembra do Mar Vermelho, da saída do povo no êxodo do Egito. Do verso 16 em diante é uma descrição poética da travessia no Mar Vermelho: “Viram-te as águas, ó Deus, as águas te viram e tremeram”. As águas do Mar Vermelho tremeram: Ai, Deus está chegando... E até os abismos se abalaram. E então ele nos conta algo dramático: “Grossas nuvens se desfizeram em água” – nos dizendo que enquanto o povo passava pelo mar, entre as paredes cortadas por Deus, nas águas, chovia abundantemente dos céus. E ele diz: “Houve trovões nos

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que eu tomei essa decisão, de maneira milagrosa, com os olhos amarelados, todo ictérico, com o fígado inchado, o baço inchado, com pouca oxigenação no cérebro, com um monte de sequelas que me tinham vindo, tudo se recoloriu. Tudo. Imediatamente. E aí, as recordações do passado passaram a ser alegria, não dor.


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O cara que estava perguntando: “Rejeita Deus para sempre, cessou a sua bondade?”, tudo isso, agora diz o oposto. O coração dele vira um surto beethoviano, uma 5a de Beethoven, um negócio cheio de poder! E, de repente, tudo muda ele diz: Pelo mar foi o teu caminho, mas não se acham os teus vestígios. Uma mudança no olhar, uma transformação de um viver que privilegia a alma, a psique, o sentimento e que se converte a um viver que volta a ver a vida exclusivamente pela fé, sem autopiedade, sem autocomiseração, com confiança; aceitando a consolação, sem capricho, sem agenda, sem script para Deus. Essa mudança tira a gente do cenário mais patético e, subitamente, nos faz acordar no mesmo lugar, com tudo igual e tudo diferente. Tudo diferente. Nada mudou à volta, tudo mudou dentro de mim. Tudo. Aí, param as perguntas como: Onde está o teu braço, onde está o poder, cadê os milagres?! E a pessoa volta a ver que o grande milagre, por exemplo, do momento mais portentoso da história de Israel, quando o mar se abriu e o povo passou a pé enxuto, não foi o ribombar dos trovões, nem o chover, nem o singrar das ondas, nem o tremor dos mares, nem a convulsão dos abismos, nada disso. É que pelo mar foi o seu caminho, mas não se acham os seus vestígios. Ninguém identifica os seus vestígios. Aconteceu? Aconteceu. Qual é a evidência? Nenhuma; mas eu estava do lado de lá e agora estou do lado de cá. Antes eu era escravo de faraó e agora estou

livre no deserto, dançando com Miriã. Cadê a prova? Eu passei. Mas não deixou vestígios, não ficaram pegadas divinas, atrás. Sutil. Poderoso e sutil. Hoje eu tive uma experienciazinha dessa graça maravilhosa, poderosa e sutil; singela e majestosa. Adriana e eu tínhamos comido um bacalhauzinho, só nós dois em casa. Aí, fomos tentar dar uma cochilada, vendo um filminho. Ela deu uma cochiladinha para um lado, enquanto eu estava dormindo – não dormindo, para o outro lado; vendo o filme de dez em dez minutos, cochilando de novo, acordava, via mais um pouquinho do filme. De repente, eu ouvi um piado estranho, no jardim. Um piado. E à tarde – e de manhã também – é uma passarada, lá em casa! Eles cantam, cantam demais; é muito pássaro cantando. E como está muito seco e eu molho bastante quando está seco assim, mais pássaros, ainda, vão para lá. Hoje mesmo eu estava lá quieto, num canto, olhando uma planta, quando pousou um desses alma-de-gato, lindo, a um metro e meio do meu rosto, com aquele rabão... Eu fiquei parado, examinando o bichinho, apenas dentro da minha cabeça, para não assustá-lo: Bemvindo, bem-vindo a esse jardim de Deus, criaturinha amada, é seu irmão que está lhe falando; em nome do nosso Criador, fique à vontade, aqui é só amor; sente o que vibra do meu peito pra ti, rapaz; olha aqui, come do alpiste da minha alma, fica em paz, convida outros; é água, pastos verdejantes. E então, à tarde eu estava lá, tirando a minha soneca, aqueles passarinhos cantando lá fora, eu me deleitando com aqueles barulhos e cânticos. De repente, aquele piado grosso, ao longe – longe, não era perto. Eu pensei: Que negócio esquisito... Então, eu me sentei na cama, a Adriana olhou para mim e eu disse que ia lá embaixo. Ela perguntou: Fazer o quê? Eu

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espaços; também as suas setas (os raios) cruzaram de uma parte para outra. O ribombar do teu trovão ecoou na redondeza; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu. Pelo mar foi o teu caminho; as tuas veredas, pelas grandes águas; e não se descobrem os teus vestígios”.


O Caminho da Graça

olhando o passarinho. Eu falei: Ah, ele caiu na água, está aí se salvando, secando. E ele falou: Pois é, eu olhei aqui, vi que tinha uma coisa esquisita, vim ver. Eu falei: É, ele caiu na água, mas já está em pleno processo de recuperação. Aí eles saíram, vieram para cá, e eu fiquei na varanda, olhando. Dali a pouco ele começa a bater asa, um pouquinho... Nisso, vieram dois bem-te-vis e pousaram ao lado dele (e bem-te-vi tem uma maneira estranha de exortar o irmão. A gente fica sempre pensando que eles vão chegar e esfregar, mas eles dão bicada, mesmo; é para animar). Veio um, deu uma bicada; veio outro, uma bicada a mais. E eu, de lá: Vamos lá, mais; bota ele pra se animar! Aí ele pulou do vaso na grama e ficou lá, meio mambembe. Um dos passarinhos foi embora e o outro ficou lá, vigilante; andava em volta, andava em volta, pulava na grama, dava umas bicadas no bum-bum dele, de lado. Eu pensei: Ele vai já voar – e fiquei esperando. Já eram umas 5:20, e eu disse: Esse bicho vai ter que voar antes de eu sair daqui; eu quero ver; vou ver esse voo. E fiquei lá olhando. Dali a pouco lá vem o companheiro – ou companheira – dele, dá uma rasante e dá uma bicada na cabecinha dele. Ele dá uma baixada e eu vi que ele já estava recuperado. Ela veio, parou, olhou para ele, voou, deu uma segunda rasante e deu uma bicadinha nele, por trás. Quando deu a bicada, o bicho deu aquele pulo e saiu voando e piando. Então eles se trançaram no ar e rodaram pra lá e pra cá. Eu disse: Aleluia! Glória a Deus! Recuperado e salvo. Para você é uma historinha de passarinho, bobinha, não é? Made my day! Para mim foi uma graça divina, maravilhosa. Porque o meu coração ficou pensando no seguinte: Eu estava dormindo. Como é que eu consegui ouvir um piado afogado, de um

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disse: Tenho de ir lá embaixo. Ela estranhou essa minha subiteza, eu quase dormindo, de repente me sento e digo que vou lá embaixo. Então eu saí lá por baixo, olhando. Lá no fundo do quintal, longe, mesmo, num lugar que nós temos lá – aquele batistério essênio, todo de pedra, onde eu já batizei várias pessoas –, tinha um bem-te-vi morrendo afogado: Piu... Piu! Ele já estava nas últimas, piando breve. Aí eu disse: Aleluia! O Senhor me trouxe aqui para te resgatar, meu irmãozinho! Peguei o bichinho na mão, todo inchado de água, olhei no olho dele, que estava bem aberto; olhei e disse: Fica firme, não feche os olhos (como o pessoal diz, em filme: Não dorme, não dorme!). Aí eu o levei para o lugar mais ensolarado do pátio, ali de trás de casa. O sol estava batendo ali e tinha um vaso meio quente, com umas pedras quentinhas em volta, numa dessas plantas da felicidade. Eu botei a mão e senti que estava bem morninho. Coloquei-o ali e disse: Fica aí. Fiquei lá uns cinco minutos com ele, fiz umas orações por ele, e subi. Chego lá em cima e digo à Adriana: Você não tem ideia do que aconteceu: eu estava aqui dormindo e ouvi um “piu!”; era um bem-tevi morrendo afogado. Eu consegui tirá-lo, e ele está naquele vaso, no sol; agora estou orando pra ele não morrer. E ela disse: Ele não vai morrer, não, esses animais têm um poder aeróbico extraordinário. Eu falei: Deus permita. E fiquei de lá olhando – de vez em quando ia lá e olhava; depois dava uma descida, ia lá, dava uma estimulada nele; via como estava a respiração, que estava constante (no início estava toda trôpega, depois foi ficando constante), e eu dizia: Ainda há esperança para você, fica firme, respira legal. Aí, outra vez eu estava lá em cima, quando o Jovem passou para pegar um equipamento. Eu ouvi o bulício dos meninos, olhei da varanda e vi o Jovem


O Caminho da Graça

pássaro que estava no fundo de um quintal – que não é pequeno, é longínquo –, dentro d’água, em meio a tantos piados? E por que eu tive aquele impulso de ir lá? E só ouvia Jesus falando comigo, em Lucas no capítulo 12: Vós valeis mais dos que os pássaros. Vós valeis mais do que os pássaros. Vós valeis mais do que os pássaros. Então, se você ouve um piado desses, levanta-se e socorre, por que você pode ter a loucura de pensar que o seu ser não me é uma oração constante? Que o seu

gemido não me é um clamor estrondoso, nos céus? E que em seu favor existem todas as minhas intervenções, embora o meu caminho rasgue mares, mas, muitas vezes, não deixe vestígios? Então eu saí dali definitivamente e abri no salmo 77. E graças ao passarinho, eu lhes trouxe essa palavra, em nome de Jesus. Bons piados para todos vocês.

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Mensagem ministrada em 14/08/2011 Estação do Caminho - DF

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