O poder da palavra para a vida

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O Caminho da Graça

O poder da Palavra para a vida! Caio Fábio

Vamos ler em João 20. 30 – 31... “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”

dificuldade de registro apenas alguns poucos foram selecionados. E no caso deste evangelho que nós lemos, João diz que conquanto ele estivesse presente desde os primeiros dias e que tivesse visto praticamente tudo e não perdido nada, ele foi absolutamente seletivo e criterioso na escolha dos sinais em razão dos quais ele construiria a arquitetura da sua mensagem (mensagem que nós chamamos de evangelho de João porque é a boa nova de Jesus segundo a pregação de João, mas que poderíamos perfeitamente chamar de mensagem de João sobre o Evangelho). João não está nem um pouco preocupado em fazer uma narrativa sequencial nem de acurácia histórica nos seus detalhes e sequencialidades. João está como eu estou diante de vocês hoje aqui: pregando. Só que ele está pregando de modo escrito. E pregando sem aquela preocupação de iniciar com um determinado fato histórico numa linha do tempo e seguir essa linha do tempo até o último fato histórico importante de Jesus entre nós neste Planeta. João é o último de todos a escrever. Já tinha vindo o evangelho de Marcos, já surgira o de Mateus com acréscimos ao de Marcos, já surgira o de Lucas. E agora é João, o idoso, o velho, escrevendo; quando Pedro já tinha

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João nos dá conta de que os sinais que Jesus fez foram absolutamente para além da possibilidade de registro – especialmente numa época em que todo e qualquer registro significava um trabalho penoso. Dois mil anos atrás não havia esses iPhones que nós usamos, as pessoas não ficavam como nós, lendo a bíblia num “iPhonezinho”, escrevendo mensagens de texto; para se mandar um bilhete era uma mão de obra, era quase como comprar um tablet, escrever uma mensagem e mandar. Pergaminhos de literatura eram difíceis, grandes, pesados, inadequados. Então, qualquer que fosse o trabalho literário, tinha que ser objetivo, não se podia dar-se ao luxo de escrever por escrever; o que se escrevia tinha de ser pensado, premeditado, repensado e escrito, porque a tecnologia das escritas era complexa – não o ato de escrever, mas os materiais para se escrever, para se registrar, os registros eram difíceis. E essa é uma realidade que não cabe na nossa mente, nesta época em que temos nanochips com capacidade de bilhões de registros, e cada dia eles ficam menores, com a capacidade de registro maior. Dois mil anos atrás seria magia do inferno, pensar-se em tal possibilidade. Então, muitos foram os sinais que Jesus fez, mas por essas razões de


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subdiretórios dessas amarrações, desses sete pilares principais do evangelho de João, a saber: O milagre da transformação de água em vinho no casamento em Caná da Galileia. Esse é o primeiro sinal, é o primeiro milagre que João descreve. E por trás desse milagre tem uma quantidade enorme de implicações, de subimplicações, de aplicativos diversos, a respeito dos quais eu poderia passar a noite inteira falando e não chegaria sequer a arranhá-los, de tantos que são. E eu quero ser apenas tópico, como tópico me insinuou João que fosse, ao dizer: são sete, e em torno desses sete eu construí tudo o que disse a vocês com uma intenção objetiva: “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. E esse também é, absolutamente, o meu objetivo aqui. O primeiro milagre, então, acontece no casamento em Caná da Galileia. É Jesus entrando na natureza, na estrutura atômica da criação, e transformando, a partir da dimensão subatômica, moléculas de água em moléculas de vinho; e de um vinho da maior qualidade possível, como se tivesse sido envelhecido durante anos para ganhar aquele tempero do melhor vinho, que deixou o mestre-sala estupefato, deixou estupefatos os convidados, o noivo e todos os que dele provaram. E as mensagens implicadas, como eu disse, são diversas e muitas. A primeira é óbvia: tem a ver com a declaração dessa capacidade de intervenção de Jesus na natureza essencial da matéria, na construção essencial dos pilares, dos nanoplilares do Universo; de mexer nisso, transformar a natureza essencial da natureza, mexer nessas realidades caracterizadoras do que se

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morrido, Paulo já tinha morrido, provavelmente Lucas e Mateus já tivessem morrido, a maioria dos seus contemporâneos já se tinham ido – todos os apóstolos, à exceção dele, João, haviam morrido mortes de martírio. E ele estava aí entre os oitenta e os noventa anos de idade quando escreveu este evangelho que nós temos nas mãos. Estava idoso e vivendo uma vida totalmente carregada das memórias de tudo o que ele experimentara. E como todo homem idoso, extremamente econômico no que ele queria dizer e extremamente consciente de que precisava dizer o que os outros não tinham dito. Por isso ele jamais escreveria um evangelho sinótico, um evangelho como o de Marcos, que depois serve de base para Mateus, o qual, depois, serve de estruturação para Lucas. João, ao contrário, olha para trás com a objetividade de um ancião e diz: o que tinha que ser dito sobre essas sequências já está bem dito; agora eu tenho a dizer coisas que não foram ditas ainda. E ele diz milhões de coisas, literalmente: o texto é pequeno – o evangelho de João tem 21 capítulos – mas cada frase desse evangelho abre um mundo de compreensões. Só que ele estrutura tudo isso à volta de sete sinais. Por isso, a ênfase dele no texto que lemos, foi: Na verdade, Jesus fez muitos outros sinais, que não estão registrados nesse livro; mas esses que aqui eu registrei, eu o fiz para que creiais que Jesus Cristo é o filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. Esse é o objetivo de João. E entre esses sete sinais ele entremeia uma quantidade enorme de afirmações de Jesus, de frases de Jesus, de diálogos de Jesus, de confrontos de Jesus, de declarações de Jesus; algumas completamente conectadas com esses sinais descritos; outras vão sendo


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Sobre esta, acrescente-se uma segunda: ele altera não apenas a natureza essencial das coisas, mas altera também a designação das coisas. Aquilo que antes era uma coisa, nas mãos dele, pela palavra dele, se transforma numa outra. Aquilo que carregava um significado – que era água –, diante da palavra e da vontade dele se transforma em outra coisa, se transforma em vinho. Aquilo que era para matar a sede se transforma em algo para gerar a euforia da alegria. A terceira implicação também é óbvia. Aquilo que deveria produzir a euforia da alegria em uma festa humana havia se esgotado, acabado, mas pela intercessão que a Jesus fizeram houve, da parte dele, o desejo, a volição de fazer com que a alegria humana não fosse interrompida por nenhuma contingência de escassez. De modo que em transformando água em vinho, em solidarizando-se com a situação do noivo e da noiva no casamento, e em produzindo um milagre dessa natureza, fazendo com que o vinho que acabara surgisse de uma natureza dissimilar à sua e aparecesse nas muitas talhas (que ficaram lotadas do vinho bom e maravilhoso que pela palavra do seu poder se criara), vem a afirmação de Jesus sobre a solidariedade dele para com as simplicidades da alegria humana, vem a declaração dele do empenho da sua vontade para que aquilo que faça parte dos nossos sonhos de alegria não seja estancado por nenhuma

escassez desnecessária. Ou seja, Jesus declara que não é um capricho exagerado do ser humano desejar alegria, felicidade, gosto, sabor, beijo, bodas, encontro, fraternidade. Essas coisas fazem parte da constituição de todos nós, e existe uma solidariedade divina nessa direção. Não em relação a gerar uma tirania da conjugalidade, mas, com certeza, a possibilidade de que todos nós experimentemos felicidade, bemaventuranças. Não necessariamente pela via da conjugalidade, mas necessariamente pela via da fraternidade, da amizade, do encontro humano, de vínculos novos. Tudo isso faz parte dessas bodas da existência segundo Jesus, segundo o Evangelho. É vontade de Deus, em Cristo Jesus, que esse milagre aconteça na vida humana. E eu paro aqui, para não dizer mais tantas outras coisas a esse respeito. O segundo milagre aparece em João 3, naquela afirmação de Jesus de que o homem pode nascer de novo. É um milagre de natureza subjetiva: não é voltar ao ventre materno e nascer segunda vez, é um sinal que só pode ser verificado na subjetividade, por quem o experimentou. É possível a um homem velho nascer de novo. É possível a um ser humano que já tenha um arcabouço mental, intelectual, acadêmico, religioso, formal – como Nicodemos – pela fé nascer por um processo de entrega a Deus, de abandono em Deus, de abertura para Deus, de ser invadido por Deus, de sofrer uma metanoia, uma mudança de mente, uma reviravolta nos pensamentos, um refazer de todo o seu processo mental, uma recriação supracerebral, uma regeneração de mente, de pensamento, de estrutura de interpretação, de entendimento, de sentimento; nascendo, assim, do selo da água, significando com isso, uma marca

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expresse aos nossos sentidos como tendo a fisionomia disto ou daquilo: ou de água ou de vinho. Jesus mexe na natureza molecular dessas estruturas, mostrando esse poder que visita os elementos indisponíveis aos nossos sentidos e altera a natureza essencial de todas as coisas nesta vida. Esta é a primeira realidade.


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O terceiro milagre é aquele que aparece no capítulo 4 de João, descrito no cenário de Jesus com sede, ao meio dia, à beira de um poço, e uma mulher que vem da cidade de Siquém, hoje na Cisjordânia, pegar água. Jesus pede a ela de beber e inicia-se um diálogo. Como muitos já ouviram essa história inúmeras vezes, vou sintetizá-la: quando Jesus pede água, a mulher diz: Como é que tu, sendo um judeu, me pedes de beber? (pois os judeus não se dão com os samaritanos, odeiam-nos). E Jesus respondeu: Ó, mulher, se tu souberas quem é que te pede de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva. E a mulher diz: Como é que pode? Porventura tu és maior do que o nosso pai Jacó, que cavou esse poço, para que tu tenhas contigo a água viva? E Jesus, olhando para o fundo do poço, respondeu à mulher: Em verdade eu te digo que quem beber desta água voltará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Aí, a mulher disse: Senhor, me dá sempre dessa água, porque eu não aguento mais vir aqui a esse poço, desde pequenininha, pegar dessa água; eu

pego e eu bebo, e eu pego, e eu pego, e eu bebo, e eu bebo, e a sede não vai embora nunca, nem sede de água, nem sede de amor, nem sede de afeto, nem sede de homem, nem sede de abraço, nem sede de religião; é uma sede enorme, me dá dessa água viva para acabar com essa jornada na minha vida! E Jesus disse: Vai, chama teu marido e vem cá novamente. Respondeu a mulher: Eu não tenho marido. E Jesus replicou: Bem disseste: eu não tenho marido; porque cinco marido já tiveste, e este que agora tens não é teu marido; isso tu disseste com verdade. Mas eu não sou dono de cartório, então, não tem um homem vivendo contigo, vocês não dormem juntos, não partem o pão juntos, não comem o pão juntos? Então: teu marido; vai, chama-o e vem cá. Porque eu não estou entrando nessas minúcias da lei, eu estou tratando apenas da condição humana em que tu vives. Chama o homem com quem tu compartilhas a existência e vem aqui. E ela foi e o chamou. Esse mesmo tema da água vai ser retomado por João no capítulo 7, lá no templo de Jerusalém, no último dia da Festa dos Tabernáculos, quando Jesus se colocou em pé na esquina do altar depois que o sumo sacerdote derramou ali, do interior de um vaso de ouro, a água que colhera num poço de Siloé. Jesus ficou em pé na esquina molhada do altar e disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. De modo que o terceiro sinal que João marca e usa, a terceira analogia que haverá de pervadir o significado de tudo o que ele diz no seu evangelho é essa da água viva, que trata dessa necessidade essencial do homem de só encontrar satisfação, sentido, significação, plenificação, realização, de só encontrar a sua própria individuação

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simbólica do arrependimento; e nascendo do Espírito, significando, com isso, um nascimento supracarnal, um nascimento ultramaterial, um nascimento que acontece pela via de que não o nosso corpo, não a nossa carne, não os nossos cromossomos, mas o DNA da nossa essência de individuação, o nosso espírito, a nossa singularidade total seja alterada por uma intervenção de Deus, pela palavra de Deus, pela emulação da fé, pelo tremular do Espírito Santo em nós, por essa gestação que a divina semente da palavra da vida plantada em nós produz fazendo eclodir o novo homem; por essa metamorfose divina que o Evangelho diz que precisa acontecer em todos nós. “Necessário vos é nascer de novo”.


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O quarto sinal que João nos apresenta está no capítulo 5 e acontece lá no poço de Betesda. É o caso daquele homem que havia trinta e oito anos estava esperando que, conforme a expectativa religiosa do judaísmo, a água do tanque fosse movida por um anjo que lá descia uma vez ao ano, quando o primeiro a conseguir se jogar para dentro do tanque seria imediatamente curado de toda e qualquer doença ou enfermidade que tivesse. Aquele homem estava ali havia trinta e oito anos (talvez mais do que o tempo que você tem de vida) esperando que mexessem a água. O lugar estava cheio, e Jesus vai direto em cima dele, e lhe pergunta: Tu queres ser curado? O homem diz: Ah, Senhor, eu não tenho quem me tire daqui e me ponha nesse poço. O que esse homem expressa, o que ele caracteriza, o que ele define, o que ele simboliza para nós é o ser viciado na sua própria condição adoecida, é o ser humano viciado na sua própria doença, é a doença como duplamente enfermiça, não só naquilo que ela produz como enfermidade, mas também fazendo o indivíduo ficar enfermo da condição mental da

enfermidade, fazendo o enfermo da enfermidade ir aprofundando e desenvolvendo um vício da doença no próprio ser. Por isso Jesus lhe faz a pergunta óbvia: Tu queres ser curado? Porque àquela altura, o que um dia fora um horroroso desconforto e conquanto continuasse a ser o álibi dos discursos daquele homem, inconscientemente já se transformara, já se incrustara, já se enraizara nele como a sua condição, como o seu carma. É quando o Evangelho chega para quebrar o nosso condicionamento cármico, é quando o Evangelho chega para desestruturar as nossas doenças viciosas, os nossos vícios adoecidos, os nossos condicionamentos e os nossos ciclos de retroalimentação da morte, seja isso emocional, seja isso afetivo, seja isso mental, seja isso comportamental, seja isso nos ciclos que haja em nós, seja isso orgânico, seja nas dependências mais variadas que a gente crie. É quando a vida se fecha num ciclo de morte e Jesus intervém para quebrar esse ciclo. E para que aquele que crê tenha vida em seu nome. Outro sinal é aquele que aparece em João 6, quando Jesus está pregando e, depois de dias anunciando a Palavra, ele vê que as multidões diante dele estão com fome, muita fome. E ele diz: Dai-lhes vós mesmos de comer. E os discípulos perguntaram: Mas onde é que a gente vai arranjar comida para essa multidão tão grande?! Até que aparece ali um menino que tinha no seu farnelzinho cinco pães e dois peixinhos. Cinco pães e dois peixinhos! E Jesus manda que tragam o menino até ele. Imagine só: havia ali uma multidão de cinco mil homens, fora as mulheres e crianças, e aí chega um carinha absolutamente perturbado – graças a Deus – e diz: olha, tem aí um menino com cinco pães e dois

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satisfatória, só encontrar descanso, só encontrar o seu dessedentamento, só encontrar saciedade, só encontrar plenitude de alegria, só encontrar a si mesmo e a Deus, só beber dessa água da vida se beber da fonte eterna de Jesus, pela fé. E fora isso, e antes disso, e sem isso a vida humana é uma existência de busca, de sede e de insatisfação, diz João. Por isso ele afirma: Eu tenho dito a vocês estas coisas para que qualquer que creia tenha saciedade em seu nome, tenha satisfação em seu nome, seja dessedentado em seu nome; e do seu interior fluam rios de água viva.


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E a implicação disso é óbvia. Jesus está dizendo, e vai dizer depois: Eu sou o pão vivo que desceu do céu; aquele que comer desse pão nunca mais terá fome, o que beber dessa água nunca mais terá sede; quem come desse pão experimenta essa realidade de provimento interior constante, essa multiplicação, essa saciedade eterna. E mais do que isso, ele também está dizendo: Creiam na minha provisão, creiam que qualquer pouco, para mim é mais do que suficiente; eu sou aquele que chamou do nada a existência – todas as coisas ex nihilo –, quanto mais a partir da própria matéria prima que eu mesmo criei? Eu posso fazer

de cinco pães e dois peixinhos trilhões de outros cosmos, quanto mais comida para vocês! Creiam na minha graça, creiam na minha provisão interior e exterior, creiam na minha providência. Organizem a vida e creiam na minha providência. Ofereçam a mim o que vocês tenham e creiam na graça da minha intervenção. E não haverá jamais saciedade interior, não haverá jamais o provimento exterior; tão somente tragam o que vocês possuam, e ofereçam a mim, com gratidão, o que quer que vocês já tenham nas mãos, e creiam que o provimento interior é incessante, que a provisão exterior jamais faltará. E essas coisas – João afirmou – eu vos disse para que, crendo, tenhais vida interior, vida exterior, descanso em todos os níveis, em seu nome. O outro sinal é aquele que acontece em João 9, o caso do cego de nascença, do homem que nunca vira. E Jesus chega e vai ao encontro dele. O homem não pede ajuda, não faz oração, não demanda nada, o homem nem sabia que Jesus estava passando. O homem não está fazendo coisa alguma, ele simplesmente é – é cego. E como cego, é alienado, não tem percepção, não tem conexões. E diante dessa desconexão do homem há uma intervenção, um certo estupro do amor de Deus, porque é Jesus que chega lá sem pedir licença, abusivamente. Onde quer que a consciência humana perceba, a consciência humana tem que interagir com Deus. Somente onde a consciência humana não percebe é que Deus se permite fazer intervenções de graça estuprante na existência. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça; quem tem olhos para ver, veja; quem tem como se manifestar, manifestese; mas aqui no caso desse homem, ele é alienado, se ele não fosse visto ele não

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peixinhos. Eu queria saber o nome desse cara! Quem era esse Raul Seixas, na assembleia?! Uma das minhas curiosidades na eternidade é conhecer esse cara, eu gosto de gente assim. Vou dizer a ele: Meu mano, valeu, que bom que você existiu! Que maravilha, esse sujeito! Tem que ter um maluco que olhe para cinco mil pessoas e diga: tá faltando comida, é? Tem um garoto aqui que tem cinco pães e dois peixinhos. E Jesus diz: Oba! Melhor do que cinco pães e dois peixinhos é um maluco que acredita nisso; trazei-me o menino. Aí, trouxeram o garotinho. E Jesus mandou que os discípulos organizassem o povo em grupos, fazendo-os assentarem-se na relva. Depois pegou os cinco pães e dois peixinhos e deu graças a Deus. Então a matéria começou a se multiplicar a partir da dimensão subatômica, quântica. Ninguém via peixe pulando, era um milagre em que simplesmente as coisas iam aparecendo sem serem notadas: quanto mais se pegava, mais havia para se tirar, mais havia para se tirar, mais havia para se tirar... E houve tanto para se tirar e se retirar, que depois de comerem foram muitos os cestos usados para recolherem as sobras, para que nada se perdesse.


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E é acerca desse episódio que Jesus virá a dizer: Eu sou a luz do mundo. E eu vim a este mundo para que aqueles que dizem que veem tornem-se cegos, e para que aqueles que não veem passem a ver. Para que aqueles que têm a presunção da visão fiquem cego, e para que aqueles que dizem que não veem recebam a graça da percepção e se enxerguem, se percebam; e não somente percebam a vida, mas se percebam na vida. Eu sou a luz do mundo.

E João disse: E ele fez isso para que todo aquele que crer, crendo, tenha vida em seu nome. E, por último, nós chegamos ao capítulo 11, onde é narrada a ressurreição do amigo Lázaro. Lázaro morre, está há quatro dias putrefato, malcheiroso, já sepultado, com uma pedra à frente do túmulo, com todas as situações rituais do sepultamento consumadas. Jesus chega, intervém, tira a pedra, chama o morto. E, de repente, nesse corpo já apodrecido, já cheirando mal, inchado, com o cérebro liquefeito, com o sangue que era só salmoura, com os pulmões em estado de liquefação, gases para todos os lados, tudo nele em processo de morte, vermes proliferando, bactérias crescendo, micróbios de toda ordem dentro dele, de repente, nesse corpo apodrecido como um cavalo de quatro dias na beira da estrada, penetra a voz do Eterno: “Lázaro, vem para fora!”. E sai aquele que estava morto. E com isso Jesus estava ensinando uma outra coisa: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra fisicamente, viverá; e todo aquele que, vivendo, creia em mim, nunca conhecerá a realidade da morte, porque já carrega dentro de si a projeção da eternidade; jamais conhecerá nenhuma morte como morte, a morte morreu para ele, porque eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim carrega esse espírito da ressurreição. E para ilustrar o poder dessa ressurreição, para caracterizar definitivamente ante os sentidos de vocês o poder da minha palavra para realizar a vitória sobre a morte, eu chamo de volta à vida esse ser absolutamente apodrecido. E eu faço isso ilustrando a partir da putrefação e da condição da morte física, para iluminar os sentidos de vocês sobre a reversão da

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veria. E porque ele não veria mas apenas podia ser visto, o texto diz que Jesus, vendo-o, foi diante dele e fez o que não fez em mais ninguém: cospe no chão (que coisa maravilhosa, Jesus dando aquela cusparada no chão. Se eu fizesse isso aqui, teria gente fazendo cara de nojo, todo mundo politicamente correto), se abaixa, pega terra, faz aquele emplastro, junta, e emplastra tudo, enlameia a cara do sujeito – a cena descrita é abusiva. Então Jesus diz ao cego: Vai ao tanque de Siloé e te lava. E o homem: É claro que eu vou! Iria eu ficar melado o dia inteiro?! Me levem, por favor, ao tanque de Siloé! E lá vai ele, do templo até o tanque de Siloé, distância que dá uns dois quilômetros de ladeira. Não era uma decida fácil, não, mas lá chega o homem: cadê a água, pelo amor de Deus? E ele se abaixa, joga água no rosto, começa a se lavar. Aí ele olha e a luz vai entrando... Aquele que fez o olho começa a criar nele um globo ocular, e todo o processo físico de fótons vai penetrando por esse novo órgão, por toda a estrutura ótica que vai sendo criada, até que chega ao cérebro do homem. E o cérebro, que nunca tinha feito uma leitura sequer do ambiente exterior, começa a ler: luz, silhuetas, formas, definições, contornos, densidades, cores. E o homem grita. E enxerga-se a si mesmo pela primeira vez, identifica sua face no reflexo da água, se percebe.


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E João diz: Esses sinais foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, é o Filho de Deus; e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. Vida afetiva, gosto, sabor, alegria, relacionalidade, como num casamento. E também vida pela Palavra, conforme outro sinal que está lá no capítulo 4 desse evangelho de João: o caso do filho do oficial do rei, que estava doente e Jesus o curou à distância mandando uma palavra. Mostrando, assim, que a vida que Deus quer colocar e implantar dentro de nós é essa vida que não depende de nada, a não ser da ordem da palavra de Deus em nosso favor e a nosso respeito. E essa palavra foi ordenada e é ordenada em nosso favor e a nosso respeito. E ela de si mesmo frutifica e realiza em nós o bem para o qual ela foi

designada, pois a palavra de Deus não volta para ele vazia; antes, cumpre tudo o que lhe apraz. E a semente dessa palavra dá o fruto do seu próprio plantio na nossa vida. É como a expressão da vontade de Deus, da vida de Deus querendo operar em nós a mutação e a regeneração de uma existência que não importa a idade que tenha, nem os condicionamentos que possua, nem as barreiras acadêmicas, ou intelectuais, ou morais, ou espirituais. A qualquer momento, por um sopro do Espírito, por um lampejo de Deus, por uma metamorfose interior, todo homem, qualquer um, qualquer pessoa pode nascer de novo, basta não se fechar para esse soprar da brisa da graça de Deus que lhe chega ao coração. Qualquer um pode experimentar na vida a saciedade, a significação de ser, como quem bebe da água da vida. Qualquer um pode provar nesta vida a multiplicação de provimento interior, de recursos interiores, numa desproporção extraordinária. Como cinco pães e dois peixinhos que brotam de um para alimentar milhares, ensinando Jesus que a nossa vida pode ser potencializada a milhões, a milhares. Hoje, quando eu pensava nessa imagem de um garoto, cinco pães e dois peixinhos, e comida para milhares, eu fiz a inevitável viagem de me sentir um menino de dezoito anos crendo no Evangelho, em Julho de 1973, sem ter nem cinco pães e dois peixinhos a oferecer, sem ter nada. E, de repente, me passaram os flashes desses quarenta anos e de como, a partir daquele nada do meu ser, sem sequer cinco pães e dois peixinhos a oferecer, tantos milhões de seres humanos comeram do pão da vida e beberam da água da vida porque a graça de Deus é

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morte espiritual, para que vocês entendam que todo aquele que não crê em mim está nesse estado de putrefação espiritual, morto, inchado em delitos e pecados. Todo aquele que for iluminado e crer em mim receberá a reversão da própria morte na dimensão espiritual, não importa quão morto estivesse e quão caracterizada fosse a morte instalada nele. Se pela graça eterna ele ouvir a minha voz e se, ouvindo a minha voz, crer na minha palavra, a vida eterna reverterá a morte, reverterá a putrefação dentro dele; e ele se levantará para ouvir a garantia eterna de que eu sou a ressurreição e a vida, e que todo aquele que vive e crê em mim, morrendo fisicamente não morrerá espiritualmente, e todo aquele que, vivendo, vive crendo em mim jamais conhecerá sequer a morte como referência espiritual, porque já passou da morte para a vida. Porque eu sou a ressurreição plantada nele para sempre. Eu sou a reversão absoluta da morte instalada nele.


infinda, e a partir da minha vaziez, ou da minha nulidade, ou da minha pequenez, ou da minha escassez, pode produzir o potencial que venha a atingir aqueles que estão infinitamente para além de todo e qualquer recurso pessoal que nós tenhamos para beneficiar, alcançar ou atingir. Pois a graça de Deus assim declara: De você vai surgir provimento, não só para a sua vida, mas para assistir a terra inteira, se for o caso; basta você crer no meu nome. Há um potencial de vida para brotar de você, apenas traga quem você é para mim. E para quem está alienado, para quem não vê, para quem não enxerga, para quem não percebe, para quem não discerne, para quem está entupido, ele faz esse sinal da invasão de amor. Ele cria circunstâncias, pega pelo laço, emplastra a graça dele na gente, sem pedir licença. Quem pode ver, vê; quem não pode ver e é visto por ele, frequentemente é invadido por ele, é praticamente obrigado por ele a ficar curado. E louvado seja o nome dele por essa intervenção soberana na vida de quem não pode, de quem não sabe, de quem não enxerga, de quem não percebe. E a quem está para além de toda recuperação, a quem está todo apodrecido vem essa palavra que chama o podre de dentro da podridão, reverte o processo inteiro de apodrecimento e coloca o homem sentado com ele num banquete, à noite, comendo pão e bebendo vinho. O podre está saudável, processando o pão e bebendo o vinho, assentado com Jesus num banquete de vida. Essas coisas eu vos tenho dito – escreveu João –, com todas as metáforas, com todas as imagens, para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

Só você sabe qual é a sua metáfora hoje. Só você sabe se carrega dentro de si a metáfora de uma boda que perdeu o sabor, o vinho, se carrega a metáfora de relacionamentos que morreram, de festas que acabaram, de significados humanos que feneceram, que faleceram, que faliram. Ou se você é aquele que hoje está com uma angústia em relação a quem está distante, a um filho que não está aqui, a um marido que não está aqui, a alguém querido que não está aqui. Jesus realiza esse sinal de atender à oração daquele que intercedia por um filho que estava distante, a vinte e quatro horas de caminhada, dizendo: “vai, o teu filho vive”. Para que, crendo, tenhais vida em seu nome. Como João veio a dizer também: Se alguém vir a seu irmão pecar um pecado que não seja para morte e orar por ele, Deus lhe dará vida, dará vida àqueles que não pecam para morte. Para que, crendo, vocês tenham a confiança de orar, de interceder, de clamar, de designar com esperança a palavra da fé em favor daqueles a quem vocês amem, para que eles tenham vida em nome de Jesus. Para que vocês creiam na possibilidade de a vida se regenerar, recomeçar a qualquer tempo, a qualquer hora, em qualquer fase, em qualquer idade. Para que a carência humana emocional, afetiva experimente a saciedade da água da vida. Para que o potencial de quem julga que não tem nada ou quase nada, ou que não é nada, colocado na mão de Deus transforme-se em graça para atingir milhares, milhões. Para que aquele que nasceu numa situação totalmente contrária, em prejuízo mental, em prejuízo psicológico, em prejuízo físico, em prejuízo social, em prejuízo familiar, com doenças que são quase carmas de nascença, recebam essa invasão da graça de Deus. Para que aqueles que estão viciados na sua

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O Caminho da Graça

Essas coisas vos escrevi (e neste caso, hoje à noite, essas coisas eu vos relembrei) para que creiais que Jesus é o Cristo, e para que, crendo, tenhais todo tipo de vida que o coração precise ter e abraçar, em seu nome. Em nome de Jesus. Ele quer que você tenha vida – vida afetiva, vida fraterna, relacionamentos. Ele se importa se o vinho, se a alegria acabou ou não. Ele se importa com aqueles a quem você ama e que estão distantes, pelos quais você intercede pedindo: manda uma palavra e meu servo, ou meu filho, será curado. Ele quer que você tenha certeza de que outros podem ter vida pela sua fé nele. Ele quer realizar o milagre da mitigação da sua sede de afeto, das suas carências, da sua falta de significado, do seu esburacamento existencial, do seu cansaço existencial. Ele quer dar a você a certeza de que você pode se transformar numa riqueza de graça divina, de milagre de dons atingindo a milhares, a milhões. A sua vida pode ganhar um significado para além de tudo o que você pediu, pensou, imaginou, assim como dois peixinhos e cinco pães podem significar um milagre indizível nas mãos dele, para uma multidão impensável.

Ele quer que você saiba que a sua desvantagem física, mental, emocional, social, econômica, que esse quase carma da sua vida pode sofrer uma intervenção dele. E não esperneie. Tenha certeza: ele vai criar as circunstâncias para entrar na sua vida; e você vai espernear, mas eu rogo que o amor de Deus violente você – se você é daqueles que não conseguem ver, nem perceber, nem discernir, que Deus arrombe você para o louvor da glória dele. E se você é aquele que está podre, que diz: a minha vida está para além de toda reversão, ah, meu querido, Lázaro era como um cavalo podre na estrada, quando a voz de Jesus penetrou nele e ele veio para fora, redivivo. Se você é daqueles viciados na própria doença, trinta e oito anos no ciclo dos vícios mentais, psicológicos, afetivos, ou dos aleijões da sua vida, ou das doenças de autointerpretação que não permitem você jamais enxergar a vida de outra forma, Jesus vem hoje e quer saber – diferentemente do que fez ao cego de nascença – se você, que enxerga e percebe, quer ser curado; e ele demanda de você uma decisão, pois se você expressar o desejo de o ser, ele lhe diz hoje: Levanta, toma o teu leito e anda, acabaram os dias da tua paralisia, chega. E eu digo essas coisas para que cada um se identifique com o que quer que seja. E para que, crendo, tenham vida em seu nome.

Mensagem ministrada em 24/06/2012 Estação do Caminho - DF

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própria doença, no seu vício por causa de anos e anos de repetição das mesmas coisas, tenham esse ciclo quebrado pela infusão da cura divina na existência da gente. E para que aqueles que estão para além de recuperação provem a reversibilidade de tudo.


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