OFICINA DE ZINES GUIA PARA EDUCADORES
MÁRCIO SNO
Educador! É um grande prazer comparTlhar conTgo e seus educandos essa minha experiência com os zines! Para quem há mais de duas décadas está envolvido no fanzinato nacional mulTplicar essa arte é uma certeza de que os zines impressos terão vida garanTda por um bom tempo! Até um tempo atrás, eu uTlizava a carTlha “Fanzines de Papel”, que lancei em 2005, como complemento às oficinas que realizo em diversos lugares. Porém, depois de muitas pesquisas e as mudanças pelas quais os zines passaram nesses quase dez anos desde o lançamento da carTlha, resolvi deixá-‐la de lado, mesmo porque meu livro está quase chegando... Mas precisava criar um guia rápido para os educadores, uma vez que nem tudo que passo oralmente nas oficinas ficam registradas para sempre. Então veio a ideia de lançar esse material que tem em mãos! O zine é algo tão práTco que pode ser uTlizado da Educação InfanTl até turmas de Mestrado! Ele contribui como estratégia de leitura e escrita, esTmula o trabalho em equipe e a parTcipação aTva, além de ser um importante canal de expressão e até revelar talentos! Ainda pode ser uma plataforma para folder de sua organização, de grêmios e Mostras Culturais. Funciona também como convites, suporte de pautas para reuniões familiares e informaTvos. Ou seja, tem mil e uma uTlidades! Espero que esse material lhe ajude em suas estratégias pedagógicas, passe a ser um recurso mais constante e um canal de comunicação entre educando, educador, organização/escola, familiares, comunidade e o mundo! Divirta-‐se! Márcio Sno Setembro/2014
CRÉDITOS DE ILUSTRADORES Mariana Moysés (capa) Ian Rocha (pág. 2) Márcio Sno (pág. 3 e contra-‐capa) Laudo Ferreira Jr. (pág. 5) Flávio Grão (pág. 6) Luanda Soares (pág. 9)
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O QUE É ZINE? Zine é um veículo de comunicação alternaTvo e independente, reproduzido em pequenas Tragens e distribuído para um público segmentado de maneira também fora dos padrões convencionais. Surgiu da necessidade de expressão de grupos específicos e tornaram-‐se campos férteis para experimentações gráficas e textuais graças à sua total e irrestrita liberdade. O termo “fanzine” vem da contração das palavras fana$c e magazine (fã e revista, em inglês), ou seja, revista do fã. Os primeiros registros datam da década de 1930, quando surgir o The Comet, fanzine direcionado para fãs de ficção cienifica. O primeiro registro brasileiro data de 1965, com o Ficção, publicado por Edson Rontani, em Piracicaba/SP. Quando a publicação é de trabalho autoral, não sobre um determinado arTsta ou assunto, passa-‐se a chamar apenas de “zine”. Os zines ganham mais força com o surgimento do movimento punk , em 1976, simultaneamente nos Estados Unidos e Inglaterra. Com sua postura agressiva e discurso contra o status quo, os punks encontraram nos zines importante veículo para veicular suas ideias, ideais e sons. Nesse período o zine Sniffing Glue, de Marky Perry, com o lema “do it yourself” (faça você mesmo) incenTvou outras pessoas a produzirem seus próprios zines. Até a metade da década de 1990, foi o principal porta-‐voz de arTstas independentes (músicos, quadrinistas, poetas, aTvistas, produtores etc.). Com a chegada da internet, deixou de ter exclusivamente esse papel e hoje é visto como uma plataforma para divulgar trabalhos arisTcos. Por abrir mão da maneira formal de se produzir informação, dá para quem o produz a liberdade para expor suas ideias, externar seus senTmentos e fazer parte da sociedade.
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Impresso em xerox: embora não seja regra, a maioria dos zines é reproduzida em copiadoras ou impressoras a jato de tinta ou laser. Há impressões mais complexas (e trabalhosas) como estêncil. Montagem artesanal: mesmo com os recursos da informática pelo menos algumas partes do processo de produção do zine tem que ser feitas à mão. Seguindo o modo mais tradicional, se utiliza tesoura, cola, revistas e jornais velhos, canetas e ainda as dobras e grampeamento. Sem fins lucrativos: Ninguém fica rico fazendo zines. Muito pelo contrário: se gasta para copiar e distribuir seu material. Periodicidade: por não ter compromisso financeiro e ser feito como hobby do editor, o zine não segue uma periodicidade sistematizada. Sai quando ele quer e/ou pode. Tiragem: a quantidade de cópias tiradas de cada edição está intimamente ligada à condição financeira de seu editor. Se tem dinheiro para muitas cópias, ótimo. Se não, tira o que for possível. Temas: tem zine de tudo que é assunto: desde o mais óbvio até aquilo que você nem sabe que existe! Distribuição: não tente achar zines em bancas de jornal, livrarias e tampouco em megastores. Salvas algumas lojas especializadas e alternativas, os zines são distribuídos de mão em mão, entre amigos, grupos afins, em eventos ou enviados via correio. 5
ALGUNS FORMATOS
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ALGUNS TAMANHOS Os principais tamanhos são:
Apesar de esses serem os formatos mais uTlizados, por seu caráter independente, os zines podem ter os mais variados tamanhos, desde o do tamanho da cabeça do dedo até os mais gigantescos.
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RECURSOS GRÁFICOS Para dar um contraste legal e criar um efeito em seu zine, é recomendado usar alguns recursos que podem ser obTdos em revistas, jornais ou mesmo feito com sulfite, giz de cera e uma superpcie rúsTca ou com relevo.
Código de barras
Hollerith
QR Code
Punhado de fios
Folha quadriculada
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Piso de ônibus
DICAS -‐ Como a maioria dos zines é impressa em preto e branco, você precisa ter uma visão monocromáTca, tendendo para o preto. Lembrando que cores como vermelho, amarelo e grafite não aparecem ou tem baixa resolução quando copiados ou impressos.
-‐ As máquinas copiadoras geralmente cortam um pedaço das extremidades da área copiada. A dica é trabalhar sempre levando em consideração pelo menos 1cm em cada extremidade da folha.
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GRAMPEANDO UM ZINE A5
1. Intercale as folhas do zine
2. Dobre no meio, fazendo um vinco
3. O vinco é a referëncia 4. Uma borracha servirá como base
5. Posicione a borracha onde irá grampear
6. Grampeie no vinco, onde está a borracha
7. ReTrando a borracha o grampo aparece
8. Feche o grampo esTlo mata-‐piolho
9. Pronto! Se precisar de mais grampos, repita tudo!
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PARA SABER MAIS (zine e educação) Publicações BASAGLIA, Ana. Fundamentos do design gráfico aplicados no fanzine – Experimento realizado em escola do ensino fundamental de São Paulo. São Paulo: FAAP, 2011 DONISETE, Renato. Fanzine na Educação: algumas experiências em sala de aula. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2012 MARANHÃO, Renata Queiroz. Fanzines nas escolas. Fortaleza: EdUece, 2012 MUNIZ, Cellina (org.). Fanzines: Autoria, subjeTvidade e invenção de si. Fortaleza: Edições UFC, 2010 OLIVEIRA, Vinícius Araújo de. Fanzines com temas em história: Uma experiência educacional. Fortaleza: Faculdade Farias Brito, 2013 SANTOS NETO, Elydio dos, DA SILVA, Marta Regina Paulo (org.). Histórias em quadrinhos e práTcas educaTvas: O trabalho com universos ficcionais e fanzines. São Paulo: CriaTvo, 2013 SMITH, Keri. The guerilla art kit. New York: Princeton Architectural Press, 2007 SNO, Márcio. Fanzines de Papel – Edição Revista e Ampliada. São Paulo: 2007 TODD, Mark & WATSON, Esther Pearl. Whatcha mean, what’s a zine? – The art of making zines and mini-‐comics. Boston: Graphia, 2006 UGRA PRESS. I Anuário de fanzines, zines e publicações alternaTvas. São Paulo: Ugra Press, 2011 ArOgos ARAÚJO, Felipe. O fanzine na sala de aula: exercício de cidadania. Zinco. h•p://www.zinco.okTva.net, acessado em 12 dez. 2005. DONISETE, Renato. Fanzine como recurso pedagógico nas aulas de Educação Física em uma escola municipal – EMEF Campo Salles. São Paulo: 2012. EBERT, Aline. Jovens criam projeto independente para noTciar e incenTvar a literatura do fanzine. Dissonância.com. h•p://www.dissonancia.com.br/2005/53-‐05.htm, acessado em 14 out. 2005. FALZETTA, Ricardo. A revolução dos inconformáTcos. Revista Nova Escola, nº 149. São Paulo: Fevereiro de 2002. MARQUES, Thamirys. Os fanzines invadem as universidades. Zine Polaroid. h•p://zinepolaroid.blogspot.com.br/2012/08/reportagem-‐os-‐fanzines-‐invadem-‐as.html, acessado em 17 set. 2012. SNO, Márcio. Noicias do Submundo: Os fanzines retomam a força e dão a volta por cima. Anarcopunk.org. h•p://www.anarcopunk.org, acessado em 16 mai. 2012. Documentários Audiovisuais À Espera do Carteiro. Direção Aline Ebert. Unisinos, 2007 (Brasil) Fanzineiros do Século Passado – Capítulos 1, 2 e 3. Direção Márcio Sno. Do It Myself, 2011 a 2013 (Brasil) Pro Dia Nascer Feliz. Direção João Jardim. Copacabana Filmes, 2006 Aquisição de zines e publicações sobre o assunto www.ugrapress.com.br www.marcadefantasia.com
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PRODUÇÕES
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