Design, biogenética e a virtualização do real

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Design, biogenética e a virtualização do real

Marcos Beccari Designer Gráfico (UFPR) | Mestre em Design (UFPR) | Doutorando em Cultura e Educação (USP)


Física Quântica Hitchcock Efeito do Real (Barthes)

Genoma Humano Design Doença de Huntington

Jürgen Habermas

Manipulação Genética

Clonagem


Física Quântica

A percepção de algo faz parte deste algo percebido; se não há um observador, não há a coisa observada; a coisa observada é sempre distorcida porque o observador faz parte do que é observado.

Significa que a seguinte dicotomia não faz sentido:

Real x Virtual

“Virtual” é o próprio excesso ou falta do “Real”; no virtual, tudo é muito mais real ou muito menos real do que a realidade, como um “exagero do real”.


Alfred Hitchcock Sonho de manipulação direta das emoções; o cinema produziria sentimentos numa intensidade impossível na “vida real”.

Indústrias cirúrgica e pornográfica Hoje há anestesia e simulação de prazer sexual via intervenção neuronal direta, contornando inteiramente o nível da percepção; experiências “artificiais” mais reais do que a realidade; ambigüidade do virtual: simultaneamente fuga e busca do real, pela falta e pelo excesso de realidade.


Genoma Humano “Isto é você.” Ao invés de revelação total, isso apenas amplia o mistério de “quem somos nós”; excesso de precisão humana, ou o aspecto desumano do ser humano.

paradoxo natural X artificial Reprodução Humana? Clonagem

Natureza, acaso, espontaneidade?

Manipulação Genética


Jürgen Habermas

Biotecnologia reduz a natureza a um mero mecanismo técnico; sub-humanos ou super-humanos: novos formas de relações sociais, autonomia, etc. manipulação biogenética deveria ser proibida...

NOT! Não faz sentido desfazer-se de um conhecimento adquirido. O verdadeiro impasse é o

“fantasma do real”

A possibilidade de se descobrir que o real é uma mentira, uma farsa... e vice-versa.


Doença de Huntington Doença genética, sem cura; Huntington não teve coragem de aplicar o teste nele mesmo; falsa solução: ficar sem saber do diagnóstico, mas saber que alguém sabe.

desconfiança do real = realidade virtual Exemplo: filme “A época da inocência” (Martin Scorsese, 1993).


Ou seja... Não há uma “realidade real” à priori que, depois, torna-se virtual; a “cibercultura” nos conscientiza de que o real sempre foi minimamente virtual; não significa que a realidade não existe, significa que ela, em si mesma, não é suficiente para nós.

E o design? A ficção do real (projeto doc.): a aparência/ficção é inerente à realidade; não é natural nem artificial, mas é aquilo que falta ou que excede no real; design: atitude humana de articular a realidade em ficção ou o contrário.


O efeito do Real (R. Barthes) Artifício literário de produzir o efeito do Real; “nova crítica” francesa (desconstrucionismo): reconhecer a ficção por detrás da realidade.

design = lógica inversa Reconhecer o real por detrás da ficção! Mostrar que pode haver algo na “realidade virtual” que é mais real do que a “realidade real”.


Design como ficção do real A dicotomia real X virtual não passa de um ponto de vista: um é o excesso ou a falta do outro. Design é a atitude humana de articular lacunas e contingências do real, reconfigurando-o e reestruturando-o. A internet, as relações virtuais e a biogenética são campos cada vez mais propícios ao design. O real é tão real que só pode ser entendido na forma de ficção. Mas é sempre possível reconhecer a realidade da ficção, que é o olhar de quem a vivencia. Design é a possibilidade de intervir nesse olhar.


Obrigado! Acesse: http://filosofiadodesign.wordpress.com/

Marcos Beccari

contato@marcosbeccari.com


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