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Uma identidade no Setor Perim e Itamaracรก
NONATO, Marcos Paulo de Assis Teixeira Significar - Uma identidade no Setor Perim e Itamaracá Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Pontifícia Universidade Católica de Goiás Escola de Artes e Arquitetura Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Conclusão de Curso 2 Orientação: Prof.ª Me. Elaine Neves e Silva Contato: email: marcosp.arch@gmail.com tel: (64) 9.9287-7523
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Uma identidade no Setor Perim e Itamaracá
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Artes e Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica de Goiás na disciplica de TCC 2 como requisito para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo Acadêmico: Marcos Paulo de Assis Teixeira Nonato Orientação: Prof.ª Me. Elaine Neves e Silva Junho de 2020
AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado força para enfrentar esse momento de dificuldades e desafios e não desistir. Aos meus pais, que sempre me deram apoio nos momentos de tensão e estiveram ao meu lado. As minhas queridas amigas que a arquitetura me deu, Isabela, Larissa e Luanny, que sempre me acompanharam em todo esse percurso, com auxílios e opiniões no desenvolvimento do trabalho. A minha orientadora, Prof.ª Me. Elaine Neves e Silva pelas orientações e palavras de conforto. A Prof. Maria Heloisa Veloso e Zárate, que foi de suma importância na produção teórico-conceitual desse Trabalho de Conclusão de Curso, com suas orientações e discussões sobre o assunto. Enfim, agradeço e dedico esse trabalho a todas as pessoas que de alguma forma me ajudaram a chegar nesse resultado e que são parte do meu sucesso.
APRESENTAÇÃO “A identidade gera o sentimento de pertencimento, a referência que nos orienta enquanto cidadãos. No âmbito urbano, a identidade se reflete nos vínculos que estabelecemos com os espaços da cidade, seus elementos de referência - patrimônio histórico, rios, ruas, praças e parques, edifícios emblemáticos -, que passam a fazer parte constitutiva do nosso cotidiano. Quanto mais diversificada for a cidade, mais humana ela será, na medida em que se entenda que a coexistência - a receita de se abraçar a diversidade enquanto se valoriza a identidade - deva ser exercitada. Na relação entre diversidade, identidade e coexistência reside um dos segredos da segurança e da saúde da cidade...A cidade é também o último refúgio de solidariedade. A cidade não é o problema, a cidade é solução.” Jaime Lerner O presente trabalho se propõe a demonstrar a relevância dos espaços públicos de qualidade na requalificação de áreas urbanas vulneráveis e na significação do espaço, ressaltando a importância que as intervenções urbanas tem como transformadores das realidade sociais e possibilitando a criação de uma identidade que valorize o local e as pessoas que o utilizam, tendo como área de estudos e intervenção um conjunto de bairros da Região Administrativa do Vale do Meia Ponte em Goiânia, Goiás.
SUMÁRIO TEMÁTICA
INTRODUÇÃO
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ESTUDOS DO LUGAR
TEMA
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USUÁRIO
ESTUDOS DE CASO
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PROPOSTA TEÓRICOCONCEITUAL
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ANTEPROJETO URBANÍSTICO PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO
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77 REFERÊNCIAS
ANEXOS
INTRODUÇÃO
TRANSFORMAÇÕES URBANAS CONTEMPORÂNEAS Os processos de transformações nas cidades contemporâneas tem se intensificado nas últimas décadas, visto que grande parte da população mundial reside no meio urbano e que, com a globalização, a sociedade têm se tornado cada vez mais fluida e mutável, modificando a todo momento. As cidades contemporâneas são caracterizadas pelas constantes transformações do seu espaço urbano, decorrente, principalmente, do processo de metropolização na qual estiveram sujeitas a partir da segunda metade do século XX. O conceito de metrópole é definido por meio da identificação dos processos que se assemelham nas cidades contemporâneas, dentre eles a questão da desindustrialização, polarização dos centros e formação de núcleos policêntricos em outros pontos da cidade, o que favorece a expansão extensiva e consequentemente a dispersão urbana, que caracterizam as metrópoles atuais. Os espaços produzidos resultantes dessas modificações se materializam em um novo tecido urbano, que se caracteriza como esparso e fragmentado, englobando uma série de “não-lugares” e elementos dispersos dentro do território. (GRAÇA apud AUGÉ, 2006) Reis Filho (2015), ao discorrer sobre o processo de modificação do espaço das cidades brasileiras, enfatiza a dispersão urbana destacando os fatores que levaram o espaço urbano a se fragmentar e como isso se traduz no âmbito da cidade, sendo um fenômeno que não ocorre isoladamente no espaço. Segundo ele, trata-se de um processo que envolve, em muitos casos, o atendimento aos anseios do mercado, principalmente o imobiliário, uma vez que essa dinâmica foi acompanhada pela desindustrialização das metrópoles e do fortalecimento do mercado financeiro. A introdução do automóvel como meio de transporte urbano e sua expansão no início do século XX tornou-se o principal elemento a ser considerado no planejamento urbano das cidades, em detrimento do pedestre, que resultou na produção de cidades que se resumem a um emaranhado de vias que conectam vários espaços, ao mesmo tempo que segregam outros, e cujos espaços públicos são, em sua maioria, vazios e sem significado, uma vez que o acesso e permanência do pedestre é, muitas vezes, dificultado. Considerar a escala humana no processo de planejamento urbano se faz necessário, uma vez que ele é o autor da cidade e aquele que utiliza o espaço e os seus elementos constituintes (GEHL, 2010). Além disso, o atual modelo de planejamento das cidades - que incentivam o uso do automóvel - não se sustenta mais frente as modificações que a sociedade e o espaço urbano têm enfrentado. As questões climáticas e a
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SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
desigualdade social têm sido um incentivo à procura por novas formas de ocupar o espaço que seja mais sustentável, que se utilize menos o transporte individual e mais o coletivo, que consuma menos dos recursos naturais, que polua menos. Dentre os conceitos desenvolvidos, o de cidade compacta é o que mais se aproxima dessa leitura do espaço considerando a dimensão humana como centro do processo de produção da cidade. Esse modelo de ocupação do espaço envolve o adensamento e a produção de espaços públicos de qualidade, aliados a um transporte de massa. (ROGERS, 1997). Os espaço públicos de uma cidade são locais de vitalidade urbana e que oferecem oportunidades de convívio social. Gehl, em seu livro Cidades Para Pessoas, enfatiza a importância de se desenvolver espaços públicos de qualidade e como eles são importantes na promoção de cidades seguras, saudáveis, vivas e sustentáveis. Lerner, no prefácio do mesmo livro, introduz, também, a leitura de que esses espaços possibilitam a criação de uma identidade própria ao local e um sentimento de pertencimento daqueles que os utilizam, sendo locais de diversidade e coexistência.
Figura 01: Esquema da Globalização Fonte: Google Imagens
O presente trabalho tem como local de estudo a cidade de Goiânia, Goiás, uma metrópole contemporânea que se insere dentro desse contexto de transformações urbanas intensas e que, atualmente, se encontra deficiente no que se refere a espaços públicos de qualidade. Como forma de compreender melhor esses processos de produção da cidade e a importância que os espaços públicos têm na requalificação e significação urbana, foi estabelecido um recorte na Região Norte, englobando um conjunto de bairros que possuem características em comum no que se refere a forma de ocupação do espaço, e que atualmente possuem carências de espaços públicos de qualidade, cujo público-alvo é a própria cidade, desde os residentes no recorte específico, os futuros moradores e os utilizadores dos espaços públicos. A realização deste trabalho consistiu na realização de uma leitura inicial da atual situação do espaço urbano no recorte estabelecido a partir de um levantamento dos dados históricos e do perfil dos moradores residentes, resultando na produção de mapeamentos que retratam a realidade do espaço urbano local e que possibilitaram a definição do tipo de intervenção que o local necessitava (requalificação e significação urbana), reforçando a importância dos espaços públicos como promotores de melhorias na cidade e mudanças na paisagem urbana. Quanto a estrutura do trabalho, ele está dividido por tipos de assunto, iniciando por uma leitura mais geral dos processos da cidade, prosseguindo com a análise do recorte espacial estabelecido, a apresentação de estudos de caso relacionados ao projeto a ser realizado e finalizando com as propostas de projeto para a área de intervenção.
Figura 02: Cidade Contemporânea Fonte: Google Imagens
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TEMÁTICA
INTERVENÇÕES URBANAS O século XX foi um período de grandes transformações nas cidades brasileiras, que passaram a abrigar grande parte da população. Essa migração causou consideráveis impactos - socioespacial e sócio ambiental - nas cidades, uma vez que as mesmas não tinham suficiência em infraestrutura, serviços e condições adequadas de moradia para receber essa parcela populacional. Ao crescimento demográfico, deu-se a expansão urbana e a ocupação de forma irregular em áreas não recomendadas, gerando também problemas de ordem jurídica, fundiária e social. Segundo Sola-Morales, as cidades vão se desenvolvendo através de mutações, que são imprevisíveis, casuais e imediatas, mas não são aleatórias, pois existe uma lógica definida a partir de diretrizes, limites e exigências estabelecidos pelo entorno preexistente, ou seja, toda e qualquer transformação atende e compreende as condições e necessidades do local. (Sola-Morales, 1996). Essa forma de ocupação do espaço urbano se mostra, então, insuficiente para a forma de vida da sociedade contemporânea, sendo, portanto, importante repensar a ocupação da cidade de forma mais colaborativa e inclusiva. Esse processo é válido para a maioria dos locais, porém quando se trata de ocupações irregulares essa discussão vai além, uma vez que, mesmo com os condicionantes e exigências de um local, áreas de risco ou inapropriadas para permanência são ocupadas, principalmente quando se trata de regiões periféricas, devido a intensa especulação imobiliária existente em áreas centrais, cujo valor da terra não condiz com a situação financeira da população de renda mais baixa. Seguindo esse raciocínio, tem-se o conceito de cidade compacta, que envolve aumentar a densidade em áreas com maior concentração de serviços disponíveis, através da criação de núcleos interligados por um sistema de transporte eficiente e que favoreça a mobilidade e acessibilidade, com foco no transporte coletivo em detrimento do transporte individual. Esse conceito foi apresentado por Richard Rogers, em seu livro Cidades para um Pequeno Planeta (1997), onde apresenta esquemas de como uma cidade compacta funciona, destacando a importancia de construir cidades que fometem e alimentem a preservação do meio ambiente e a participação da comunidade na compreensão da complexidade da cidade, tendo como objetivo final cidades sustentáveis, que possam funcionar de forma inteligente e integrada entre as várias esferas sociais, garantido a equidade social. Nesse processo de repensar a cidade, surgem as intervenções urbanas, um conjunto de propostas de modificação do tecido urbano, seja ele recente ou antigo, visando a reestruturação ou revitalização funcional, a reapropriação do espaço de forma sociocultural e a recuperação ou reabilitação arquitetônica, considerando os recursos culturais existentes e com o objetivo de desenvolver o local onde essas intervenções acontecem (PORTAS apud DUALIBI, ROSIN, 2012, p.6). Os processos de intervenção urbana acontecem de diversas formas na cidade, cada qual com o seu objetivo específico. Segundo Moreira (2007) esses processos podem ocorrer por meio da requalificação, reabilitação, revitalização, recuperação e renovação urbanas, termos amplamente empregados por arquitetos urbanistas para justificar as modificações realizadas pela cidade, possuindo objetivos em comum – realizar transformações urbanas – mas que se diferem pela forma como as intervenções se concretizam no espaço urbano. A tabela 1 apresenta uma síntese desses termos, com ênfase na diferença entre eles.
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CIDADE 3d
CIDADE 3c
Distante | Dispersa | Desconectada Ineficiência, congestionamentos,
Compacta | Conectada | Coordenada Eficiência, transporte coletivo,
baixa produtividade
alta produtividade
Figura 04: Cidade Compacta x Cidade Dispersa Fonte: WRI Brasil; Adaptado pelo autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá INTERVENÇÃO URBANA
CIDADE COMPACTA TRANSPORTE DE MASSAS
CICLISTA
INFRAESTRUTURA URBANA
Figura 05: Nuvem de Palavras da Cidade Contemporânea Elaborado pelo autor
INCLUSÃO SOCIAL
SUSTENTABILIDADE DENSIDADE ACESSIBILIDADE POLINUCLEADA
PEDESTRE
MOBILIDADE URBANA
Figura 03: Cidade Compacta Fonte: ITDP
REQUALIFICAÇÃO
Recuperação do sentido de ocupação residencial, por meio da melhoria de infraestrutura urbana, provisão de equipamentos sociais e equidade de acesso ao emprego e serviços
REABILITAÇÃO
Processo de transformação do espaço urbano visando a conservação, recuperação e readaptação de edifícios e espaços públicos que se encontram sem utilização aparente
REVITALIZAÇÃO
Conjunto de operações que buscam inter-relacionar as intervenções realizadas em edifícios com àquelas de reabilitação das estruturas sociais, economicas e culturais em um determinado local ou edificação, impulsionando-os
RECUPERAÇÃO
RENOVAÇÃO
Conjunto de operações com o objetivo de recuperar edificações e/ou espaços públicos degradados ou alterados por intervenções anteriores sem qualidade, mas não realizando a restauração. Geralmente ligado ao edifício e sua manutenção
A renovação se trata de operações urbanísticas cujo objetivo é a reconstrução de áreas urbanas, com deficiência em habitabilidade, salubridade, estética e/ou segurança, sem considerar as edificações e o traçado existente, onde há uma sobreposição do novo sobre o antigo, descaracterizando o local.
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CIDADES PARA PESSOAS
“As cidades são locais onde as pessoas se encontram para trocar ideias, comprar e vender, ou simplesmente relaxar e se divertir. O domínio público de uma cidade - suas ruas, praças e parques - é o palco e o catalisador dessas atividades” . (ROGERS, 2012). Essa fala de Richard Rogers, no prefácio do livro Cidade para Pessoas de Jan Gehl (2010), sintetiza de forma clara a apropriação do espaço das cidades pelas pessoas, enfatizando o que são nos espaços públicos onde as dinâmicas urbanas acontecem e que são eles os catalisadores desses processos de interação social.
Figura 06: Uso do Espaço Público Fonte: Manual dos Espaços Públicos
Jan Gehl, ao longo do livro, vai demonstrando a importância de se considerar, no processo de planejamento Urbano, a escala humana como centro de toda e qualquer intervenção na cidade, uma vez que são as pessoas que atuam nos espaços e a cidade deve ser para elas. Discorre sobre vários aspectos a serem considerados nesse processo, a fim de se atingir uma cidade que seja sustentável, viva, saudável e segura. A cidade é caracterizada como sustentável quando o deslocamento se dá por meio da “mobilidade verde”, que envolve sistema de transporte coletivo público e, o transporte pedonal e o cicloviario, local se sobressaem em relação ao transporte individual (Figura XX). Além de um transporte público atrativo, os espaços públicos deve ser de qualidade, para que a população se sinta confortável ao utilizar as calçadas e as vias para o transporte. Uma cidade cheia de vida é aquela onde as pessoas estão sempre na rua caminhando pedalando permanecendo nos parques nas praças nas vias públicas, ou seja, nos espaços públicos em geral, onde ocorrem as diversas manifestações socioculturais da sociedade (Figura XX).
Figura 08: Cidade de Melbourne, Austrália Fonte: Google Imagens
Uma cidade é segura quando existe uma movimentação frequente da população pela cidade e a permanência da mesma nos espaços urbanos ponto para isso é necessário que existam espaços públicos que sejam atrativos e que possuem diversas funções além de incentivar o uso misto das retificações a fim de se ter mais “olhos na rua”, que acompanham a dinâmica urbana. Uma cidade é saudável quando o transporte pedonal e o cicloviario se tornam atividades comuns e diárias pela população, estimulando a prática de exercícios físicos e diminuindo o risco de doenças consequências do sedentarismo. Gehl fala também que a vida na cidade é versátil, pois em um mesmo local podem acontecer atividades diversas,sejam elas atividades necessárias - ir trabalhar ou à escola; esperar o ônibus; atividades comerciais - como opcionais, que são ligadas as recreativas - contemplação, caminhadas, atividades sociais -, sendo que para isso é necessário que existam espaços públicos de qualidade para incentivar esses usos opcionais.
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Figura 10: Parque La Família - Santiago, Chile Fonte: Flickr
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
Figura 07: Espaços de Contemplação Fonte: Manual dos Espaços Públicos
Outra grande autora que enfatiza a importância dos espaços públicos nas cidades é Jane Jacobs, em seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades (1961), onde traz uma leitura crítica sobre os processos de urbanização que são recorrentes nos Estados unidos, principalmente aqueles que visam a renovação Urbana - arrasa quarteirões-. Segundo a autora, as intervenções que visam a substituição dos edifícios e o redesenho das quadras edificações e dos espaços urbanos não resolvem o problema da segurança e a falta de vitalidade das cidades pelo contrário, defende que a cidade deve possuir uma diversidade em seu espaço, garantida pelo uso misto a presença de edificações antigas, que contam a história do local, quadras curtas que possibilitam a circulação de forma mais rápida e o adensamento das áreas. Para Jacobs, os espaços públicos onde essa diversidade é mais intensa são as ruas e as calçadas, pois são nesses locais onde a presença da população é mais frequente. a presença dos parques e das praças em uma cidade, quando não são conectados com as ruas e as calçadas, não se constitui como espaços de estar e permanência Vila uma vez que é imprescindível que a população acessar esses espaços de forma mais fácil possível. Portanto, os processos de intervenção urbana em áreas pré-existentes devem considerar as características locais e a população existente e realizar modificações que possam reutilizar os espaços já existentes, requalificando os para acolher as diversas manifestações socioculturais da população das cidades o que servir em um espaço de comunicação e representação da cultura local.
Figura 09: High Line, Nova Yorque Fonte: Google Imagens
Jaime Lerner, assim como os demais autores, enfatiza a importância dos espaços públicos do processo de diversificação da cidade em seu livro “Acupuntura Urbana (2011)”, diz que a cidade é o cenário do encontro, é nela onde acontecem as manifestações culturais da população, onde se criam os códigos de convivência e que é um erro separar relações de trabalho com a vida, uma vez que essa estrutura ela possui uma inter-relação muito forte, e quanto mais se integrar variadas funções em um mesmo espaço mais humana a cidade se tornará. Além disso, discorre sobre vários tipos de intervenções pontuais realizadas em várias cidades do mundo e que tiveram como característica a maioria dos espaços, seja pela criação de parques, e aproveitamente espaços existentes, melhoria do transporte coletivo ou qualquer outro tipo de transformação que tem como objetivo a qualificação do espaço urbano. Os espaços públicos, portanto, são os locais que expressam toda a manifestação cultural de uma localidade, demonstram a identidade de um povo, de uma cidade, de um país, sendo necessário uma maior atenção para esses passos e estabelecer modificações que qualifiquem os explore cada vez mais o seu potencial como agente transformador da realidade social e cultural e ambiental de uma cidade.
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TEMA
REQUALIFICAÇÃO URBANA Muito se fala em requalificação, revitalização e/ou reabilitação de áreas centrais e periféricas, e existe uma quantidade considerável de projetos desenvolvidos para essas áreas, porém regiões não centrais, mas em desenvolvimento, não possuem muito destaque nas discussões acerca de intervenções urbanas nas cidades. Ao Intervir nesses locais, visando qualificar o espaço urbano, por meio da ampliação nas oportunidades de emprego, serviços de qualidade e transporte eficiente, amplia-se as condições para o desenvolvimento local, além de possibilitar o uso democrático do solo para população residente nesses locais e é uma outra forma de e incentivar a ocupação dessas áreas já consolidadas ou em consolidação e inseridas dentro do tecido urbano da cidade. Além disso, as intervenções urbanas têm um grande potencial como motor de transformações sociais em áreas que possuem altos índices de violência urbana e marginalização, modificando a realidade dessas localidades e a vida da população, tendo como principal exemplo a cidade de Medellín, que até os anos de 1980 e 1990 era considerada a cidade mais violenta do mundo, com uma taxa de homicídios de 395 para cada 100 mil habitantes, fruto do confronto entre o narcotráfico e o Estado. A partir dos anos 2000, no governo de Aníbal Gaviria, a cidade passou por profundas transformações que mudaram esse cenário - atualmente, o nível de homicídios caiu para 20 a cada 100 mil habitantes –, a partir da leitura da cidade e intervenções urbanas pontuais e significativas em áreas periféricas – que exigiam maior atenção – trazendo uma ressignificação do espaço público aliado as questões da educação e mobilidade urbana.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
USO MISTO
REQUALIFICAÇÃO URBANA
ESPAÇOS PÚBLICOS DE PERMANÊNCIA
DIVERSIDADE SOCIAL
Figura 11: Objetivos da Requalificação Urbana Elaborado pelo autor
Esse processo de intervenção urbana se desenvolve por meio de alterações que acontecem de forma integrada entre si e que consideram aspectos econômicos, sociais, ambiental e físico no decorrer desse processo. (MOREIRA, 2007) Os aspectos econômicos estão relacionados com as atividades comerciais e de serviços, os sistemas de transportes e comunicações e como eles se adaptam as necessidades e exigências da sociedade e de cada local em específico. A requalificação econômica, portanto, visa criar condições para o desenvolvimento de uma atividade econômica que seja compatível com a realidade do espaço a intervir e ofereça oportunidades de emprego para a população residente, possibilitando a sua inclusão na dinâmica produtiva. Os aspectos sociais envolvem, em grande parte, a leitura da realidade social da população e qual a sua situação frente ao contexto da cidade, envolvendo classes sociais, faixa de renda, contextos sócio-espaciais, escolaridade, marginalização, dentre outros. A requalifi-
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SUSTENTABILIDADE
Figura 13: The CityFix Brasil Fonte: Rede Juntos
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cação a nível social busca, então, evitar ou contornar o contexto da gentrificação e marginalização da população mais carente, alterando a percepção de que algumas áreas estão destinadas a pobreza. As condições ambientais e físicas envolvem a capacidade que a população tem de ler o espaço e perceber a qualidade que ele oferece frente as suas exigências e necessidades, a imagem que possuem do local e as condições do meio ambiente natural. Nesse momento entra o conceito de sustentabilidade, que envolve a capacidade de uma área se sustentar no presente com uma qualidade aceitável sem afetar a sua capacidade futura Esses aspectos, portanto, são elementos definidores de todo o processo de transformação urbana por meio da requalificação do espaço da cidade, e que, em todo caso, devem ser considerados durante o processo de planejamento e projeto urbano, uma vez que a cidade é um conjunto situações e fatores que se interligam entre si e se transformam em uma rede de fluxos e complexidades diversas, que são muito particulares de cada local, sendo necessário uma análise e compreensão holística da área de intervenção de antemão para se desenvolver propostas coerentes com a área e que possibilitem realizar transformações positivas e que tragam identidade para o espaço.
Figura 12: Rua Compartilhada Fonte: Google Imagens
Existem inúmeras ações que podem ser realizadas no processo de requalificação urbana de uma área da cidade, cada qual de acordo com a necessidade do espaço. Dentre as diversas estratégias de requalificação urbana, o urbanismo tático é aquela a ser aplicada à essa intervenção urbana, que envolvem modificações no espaço urbano com objetivo de auxiliar na melhoria do ambiente da cidade e tem como principal finalidade trazer maior bem-estar e segurança para o pedestre, que é pouco considerado e valorizado nos processos de transformações urbanas nas cidades. Uma das principais intervenções que o urbanismo tático traz trata-se das ruas compartilhadas, que são vias no qual é retirado o desnível entre a pista de rolamento e a calçada, se tornando apenas um nível de pavimentação, propiciado uma travessia mais segura para o pedestre, a partir da redução da velocidade dos veículos que transitam por essas ruas, além de ampliar as áreas de espaços públicos na cidade, uma vez que a vida toda se transforma em uma grande calçada, aberta às manifestações da coletividade urbana.
Figura 14: Rua Compartilhada em Fortaleza - Ceará Fonte: Google Imagens
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GOIÂNIA: UMA METRÓPOLE EM EXPANSÃO Goiânia apresenta, em seu tecido urbano, marcas das mutações urbanas características das metrópoles contemporâneas, sendo que ela ainda se encontra em constante transformação do território. O espaço produzido é um reflexo das dinâmicas, das constantes modificações da sociedade e das relações entre os da metrópole e o seu espaço.
Evolução do Zoneamento de Goiâni N
Como uma forma de analisar com maior aproximação essas transformações (a expansão territorial da cidade e suas mutações), pode-se dividir o processo da formação do espaço urbano da cidade em três grandes momentos: o primeiro abrange desde a sua concepção em 1933 até meados de 1960, o segundo de 1960 a 1990 e o terceiro de 1990 aos dias atuais. (NASCIMENTO e OLIVEIRA, 2015) O primeiro período foi marcado pela concepção de Goiânia como a nova capital do estado de Goiás e a elaboração de um plano piloto – por Attílio Correa Lima – que orientava a ocupação urbana da cidade de Goiânia. Nos anos de 1950, com a modificação da legislação que regulamentava o uso do solo na cidade, Goiânia experimenta um processo de expansão extensiva descontrolado, onde novos parcelamentos urbanos foram surgindo em regiões sem infraestrutura adequada, o que gerou o início da dispersão que com o tempo caracteriza a formação do espaço na metrópole.
1933-35
1947-50 N
Na década de 1960, visando um maior controle dessa expansão desenfreada, foi proposto um novo planejamento para a cidade, o Plano Diretor Integrado de Goiânia (PDIG), desenvolvido por Jorge Wilhem e aprovado no ano de 1969, onde foi realizado um diagnóstico da situação da metrópole e estabelecido diretrizes par conter o crescimento horizontal a partir do estimulo ao adensamento nas áreas centrais de Goiânia e ao longo das vias arteriais. Além disso, outro fator foi importante para as transformações no território da urbe, como a instalação, nos anos de 1980, de equipamentos de grande porte como Shopping Centers, Hipermercados e Multinacionais, o que atraiu a ocupação para as imediações desses empreendimentos. (VELOSO E ZÁRATE, PANTALEÃO, 2015). Nesse período destaca-se, também, um crescimento do tecido urbano de forma irregular e acentuação do processo de verticalização na região sul da cidade, em áreas consolidadas na cidade. No terceiro período, a cidade é marcada pela expansão dos condomínios horizontais de luxo, que se instalaram nas áreas periféricas, acentuando o processo de dispersão urbana da metrópole, principalmente nos anos de 1990 e 2000. Limonad (2007) destaca que esses empreendimentos contribuem, inclusive, para o deslocamento do comércio e serviços rumo a essas localidades, com o objetivo de atender as necessidades dessa
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1990 Mapa 01: Mapa da Evolução de Goiânia Fonte: Elaborado pelo autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
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população. Com isso, ocorre a formação de novos núcleos em regiões distintas das centralidades principais, que geralmente são especializados para atender um público específico e incentivam a ocupação cada vez mais fragmentada dentro espaço urbano Ademais, na última década observa-se uma nova dinâmica de transformações em Goiânia, com um novo processo de adensamento em áreas nobres da cidade, além da inserção da metrópole dentro do mercado de produção de arranha-céus de alto padrão, que impactam a paisagem urbana e interferem na morfologia do tecido urbano da cidade. Essas modificações na morfologia de Goiânia foram influenciadas por elementos físicos que ora estabeleciam barreiras ora impulsionavam o crescimento do espaço da cidade (PANERAI, 2014). Dentre eles, tem-se os cursos d’água, que até meados dos anos de 1950 limitavam a expansão de Goiânia e que, com a transposição desses limites, passaram a se tornar atrativos à ocupação. Outro elemento importante para a compreensão dos processos de mutação são os eixos viários, que se tornaram impulsionadores das modificações urbanas, uma vez que são estruturadores do crescimento e, muitas vezes, direcionam e definem a forma de ocupação da cidade.
1971
Portanto, todos os condicionantes foram definidores para a atual configuração da metrópole, uma cidade espraiada, dispersa, desconexa e com uma grande quantidade de fragmentos urbanos entre as áreas ocupadas, sendo os espaços infraestruturados remanescentes dos processos de mutações das cidades contemporâneas (SOLÁ-MORALES, 1995), e nesse caso, de Goiânia.
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ZONA DE EXPANSÃO URBANA
O norte de Goiânia é uma região de intensa transformação espacial dentro do contexto da cidade, porém esse é um fato recente. Até meados dos anos de 1970, ela não possuía investimentos significativos e a sua ocupação urbana era limitada devido aos cursos d’água existentes, como o Ribeirão Anicuns e o Rio Meia Ponte. A partir de então, essas barreiras físicas foram sendo superadas e a região vai sendo incorporada à área da cidade, por meio da produção de novos parcelamentos. Após os anos 2000, essa região passa a receber a implantação de condomínios verticais e programas de habitação de interesse social, como os do Projeto Dom Fernando (2001), que modificaram a forma de ocupação do espaço desse local.
ZONA RURAL
Nessa região se localizam o Setor Perim e o Residencial Itamaracá,próximos aos grandes eixos viários, sendo um local que apresenta potencialidades de desenvolvimento e crescimento.
LEGENDA ZONA URBANA
2007
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REQUALIFICAÇÃO URBANA SETOR PERIM E RESIDENCIAL ITAMARACÁ A requalificação urbana, dentre os diversos tipos de intervenção urbana apresentados na temática, é o que mais se assemelha aos processos de transformação urbana a serem desenvolvidos no Setor Perim e Itamaracá, pois nessa área existe uma predominância de usos residenciais e a carência de serviços e comercio para atender a população residente naquela região. O setor Perim e Residencial Itamaracá, devido a sua localização – divisa da região norte com a região central -, não se constituem como centralidades porém também não se encontram na periferia da cidade, sendo uma localidade intermediária entre elas. A área se encontra atualmente em situação de marginalização, onde se encontram ocorrências diversas de violência urbana e problemas de infraestrutura, além de um descaso por parte do poder público. As dinâmicas encontradas nessa parcela do território de Goiânia traduzem as mutações existentes na metrópole como um todo. Além disso, existe uma tendência de ocupação desses espaços por empreendimentos imobiliários ligados a construção de blocos de apartamentos, o que modifica a ocupação do espaço e consequentemente alterações na forma de uso do solo, já que traz uma nova maneira de se estabelecer o uso residencial como também ocasiona uma valorização do solo urbano.
Figura 15: Avenida Perimetral Norte c/ Avenida Mato Grosso do Sul Fonte: Acervo do Autor
Este processo intensifica a separação do indivíduo da sua coletividade, do domínio público, que prefere manter o seu anonimato a estabelecer conexões com a sociedade. Com isso, grande parte dos espaços livres de uso público perdem a sua importância na cidade como ponto catalisador das dinâmicas sociais, se restringindo a meros espaços entre as edificações e a estrutura viária. Considerando as condições atuais da região de estudos no que se refere a estrutura espacial urbana analisada e as características socioeconómicas da população residente nesse espaço, percebe-se a necessidade de modificações pontuais no espaço urbano a fim de qualificá-lo e incentivar o uso consciente e coletivo do espaço urbano pela população. Essas modificações visam trazer uma nova situação frente as mutações recorrentes em Goiânia, a fim de dar significado para o espaço urbano e incentivar o senso de comunidade e a diversidade social da população, cumprindo com os objetivos propostos pelo Plano Diretor de Goiânia de 2007, cujas diretrizes estabelecem que a cidade tem que ser compacta e miscigenada, cumprindo a sua função social e o uso democrático do solo, fomentando o coletivo em
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Figura 17: Recorte na Topografia no Setor Perim Fonte: Acervo do Autor
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detrimento do individual, promovendo uma qualificação das áreas urbanas livres e a integração entre o público e privado, de forma a incluir a sociedade nos processos de transformações das cidades. As intervenções a serem realizadas do Residencial Itamaracá e do Setor Perim busca transformar a paisagem urbana de uma área que se encontra em processo de mutação e direcionar o seu desenvolvimento de forma que atenda aos princípios da sustentabilidade, a partir de transformações pontuais que explorem a potencialidade atrativa do local e que o insira dentro do contexto socioeconômico da cidade de Goiânia. Trata-se de uma área de AEIS III, de acordo com o plano diretor, sendo, portanto, destinada, prioritariamente, a habitações de interesse social e voltada para população que se encontra em situação de vulnerabilidade social, o que justifica de forma ainda mais intensa a necessidade de se trazer melhorias para os residentes locais, uma vez que, na atual situação em que se encontra em situação de esquecimento pelo poder público. Figura 16: CMEI Itamaracá Fonte: Google Imagens
As transformações no espaço urbano, em conjunto com a significação, buscam melhorar as condições locais, trazer uma identidade e gerar o sentimento de pertencimento para a população daquele local, marcada, em sua história, por processos de desapropriação e remanejo, para, assim, poderem exercer o seu papel de cidadão, tornando a região um local de futuro desenvolvimento. Com isso, os processos de transformações urbanas no local poderão ocorrer de forma mais direcionada e seguindo um perfil de melhorias para a população, com redução dos efeitos da especulação imobiliária e do processo de gentrificação pelo qual a área tem sido sujeita, garantindo a permanencia da população residente e a diversidade de classes sociais em um mesmo espaço, possibilitando uma maior democratização do uso do solo urbano e das áreas coletivas por todos, sem exceção.
Figura 18: Vista Aérea do Parque Itamaracá Fonte: Google Imagens
Portanto, realizar uma requalificação urbana nos setores Perim e Itamaracá significa trazer tais mudanças significativas para a população local, auxiliando no combate a violência, no aumento nas dinâmicas sociais locais, gerando segurança e possibilitando a sociabilidade entre os moradores, e na transformação da realidade dessa população, cuja história é marcada pelo abandono e descaso por parte do poder público e da própria sociedade excludente, e buscar tornar a cidade mais justa e inclusiva para todos.
20
21
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
O LUGAR SETOR PERIM E ITAMARACร 22
N
SETOR PERIM HISTÓRICO E ITAMARACÁ E CONTEXTUALIZAÇÃO
N
Os eixos viários possuem uma importância relevante na expansão e ocupação da região do Vale do Meia Ponte, uma vez que proporcionam uma conectividade entre diversas áreas da cidade. Dentre eles, destaca-se a Av. Perimetral Norte, uma via expressa de importância econômica e na circulação urbana, pois interliga as regiões Leste-Oeste da cidade; Av. Goiás Norte, que estabelece conexão com o centro; a Av. Mato Grosso do Sul, interligando a localidade com a região de Campinas e o Sudoeste de Goiânia, além da Av. Leste-Oeste, que, apesar de não estar presente na delimitação administrativa da região, estabelece uma influência em termos de ligação e possibilidades de fluxo da região com a cidade. Esses eixos viários permitem uma integração dos bairros com o sistema de mobilidade urbana da cidade e estabelecem vetores de crescimento no local.
0 50 100 300
0 50 100 300
0 500 0 500
Além disso, a instalação de equipamentos de grande porte como a Universidade Federal de Goiás (1960), a UniAlfa (2000) e o Shopping Passeio das Águas (2013), atraem maiores investimentos para a região, já que esse tipo de empreendimento exige uma infraestrutura viária e de transporte eficiente para atender e dar suporte as suas atividades, o que estimula a ocupação das áreas próximas a esses equipamentos e impulsiona a centralização da região, sendo importantes para o seu desenvolvimento, pois torna-a atrativa do ponto de vista comercial, explorando o seu potencial econômico.
23
20
40 km
km
N
km
1500 km
1500 km
N N
REGIÃO REGIÃO VALE VALEDO DO MEIA MEIAPONTE PONTE
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0
0
10
10
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0 1
40 km40
km
5
10 km
REGIÃO REGIÃO CENTRAL CENTRAL
REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA (RMG) N
N
Mapa 02: Mapa de Localização da Região do Vale do Meia Ponte Elaborado pelo autor
REGIÃO VALE DO MEIA PONTE REGIÃO
Ã
Com a superação das barreiras físicas, região vai sendo incorporada à cidade e o seu espaço vai sendo ocupado, por meio da produção de novos parcelamentos, que se inicia nos anos de 1950-60, e se intensifica principalmente na década de 1990, como mostra a figura 05, visto que a região passou a ser alvo de interesse por parte de produtores imobiliários. Após os anos 2000, ela passa a receber a implantação de programas de habitação de interesse social, como os do Projeto Dom Fernando (2001) , e blocos de apartamento em glebas vazias (década de 2010) , que modificaram a forma de ocupação do espaço desse local.
10
RMG
N
A região do Vale do Meia Ponte (mapas 01 a 03) é uma região de intensa transformação espacial dentro do contexto da cidade de Goiânia, porém esse é um fato recente. Até meados dos anos de 1950, ela não possuía investimentos significativos e a sua ocupação urbana era limitada devido aos cursos d’água existentes, como o Ribeirão Anicuns e o Rio Meia Ponte. Com a modificação da Lei de Parcelamento e Uso do Solo em 1950 – que retirava a obrigatoriedade da provisão de infraestrutura nos novos loteamentos urbanos –, a região passa a ser ocupada, com novos parcelamentos sendo implantados, muitos deles sem uma infraestrutura adequada.
0
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0 1
5
REGIÃO CENTRAL5 0 1
10 km
VALE DO MEIA PONTE 10 km
REGIÃO CENTRAL
Mapa 04: Mapa de Localização da Região do Vale do Meia Ponte Elaborado pelo autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
O Setor Perim e o Residencial Itamaracá se localizam na região do Vale do Meia Ponte, entre a Av. Perimetral Norte e o Ribeirão Anicuns, em uma área de alta declividade, que ainda se encontra em processo de consolidação. A ocupação do espaço da cidade que configura os bairros em análise ocorreu de forma regular, uma vez que são parcelamentos urbanos aprovados pelo poder público e que foram implantados seguindo um projeto pré-estabelecido, com exceção de uma área no Setor Perim que é resultado de uma ocupação irregular, mas que já se encontra regularizada. O Setor Perim é um parcelamento aprovado dos anos de 1980, na Região do Vale do Meia Ponte, onde está localizada uma das áreas com os terrenos mais íngremes da cidade de Goiânia, com um desnível acentuado. Sua ocupação se deu ao longo dos anos e hoje ele se encontra bastante consolidado, sendo dividido ao meio pela Av. Mato Grosso Do Sul (mapa 04), uma via de importância regional para Goiânia. O bairro é marcado por diversos problemas sociais, como marginalização, violência urbana acentuada, mas, ao mesmo tempo, possui investimentos do setor privado nas proximidades com a Av. Perimetral Norte, com a construção de condomínios de blocos de apartamentos. Mapa 03: Mapa de Localização do Recorte de Intervenção Elaborado pelo autor
O Residencial Itamaracá está localizado em um quadrante cujo limite superior é a Av. Perimetral norte e o inferior o Ribeirão Anicuns. Ele faz parte do Projeto Dom Fernando, um projeto social do governo municipal realizado no ano de 2001 que visava o remanejo da população residente as margens do Córrego Cascavel e do leito da Av. Leste-Oeste, cuja intenção era trazer uma melhora na qualidade de vida dessa população que carecia de habitação em condições adequadas, servidas pelas redes de infraestrutura básica e atendida pelos serviços dos equipamentos sociais. Sua implantação ocorreu no ano de 2004, e a ocupação se deu ao longo dos anos, sendo que atualmente, 15 anos depois, ainda se encontra parcialmente ocupado (TAVARES, 2011, p.96). A região tem sido atrativa para os agentes imobiliários, que têm agido de forma gradual, sendo que é notável o início da produção de empreendimentos residenciais em alguns bairros por incorporadoras, como o Setor Perim. Isso interfere na forma de ocupação do espaço, uma vez que inicia um processo de valorização do solo urbano, o que pode gerar problemas como gentrificação e acentuar a segregação social existente.
Mapa 05: Mapa do Recorte de Intervenção e os bairros lindeiros Elaborado pelo autor
24
LOCALIZAÇÃO 2004
7 -0 GO 0
RIBEIRÃO CAVEIRAS
2009
GO-060
2014
Figuras 19 e 20 Evolução da Ocupação dos Bairros e Contextualização na cidade de Goiânia Fonte: Google Earth, Adaptado pelo Autor
25
TERMINAL PADRE PELÁGIO
RIO MEIA PONTE
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá AV. PERIMETRAL NORTE
5KM
SHOPPING PASSEIO DAS ÁGUAS
S AV. GOIÁE T R NO
3KM
UNIVERSIDADE ALFA
1KM
CEMITÉRIO PARQUE
TERMINAL DO DERGO
SETOR CAMPINAS CEMITÉRIO SANTANA
AV. C AS BRAN TELO CO
TERMINAL PRAÇA A
HIPÓDROMO DA LAGOINHA
NIDA CIA E V A DÊN PEN E D IN
CÓRREGO CASCAVEL
CÓRREGO CAPIM PUBA
NIDA AVE GUERA AN ANH SETOR CENTRAL
PARQUE LAGO DAS ROSAS
PRAÇA CÍVICA
INAL MARG GO O BOTAF
RODOVIÁRIA DE CAMPINAS
AVENIDA LESTE-OESTE
CÓRREGO BOTAFOGO
84 AV.
SHOPPING CERRADO
RODOVIÁRIA CENTRAL
AV. 85
O RÃ NS I BE U RI NIC A
AVE N GRO IDA MA SSO DO STO UL
ITAMARACÁ
AV. 83
26
SETOR PERIM E CONTEXTO ITAMARACÁ SOCIO-ECONÔMICO Ao se tratar do contexto sócio econômico dos residentes dos setores Perim e Itamaracá é importante ressaltar a diversidade de classes sociais que convivem em uma mesma região, sendo que é possível encontrar moradores de baixa e média renda nesses bairros e alta renda no condomínio de habitação unifamiliar que faz divisa, o Alto da Boa Vista. Porém, apesar dessa diversidade de classes sociais, existe uma segregação simbólica recorrente nesse espaço, onde as habitações de interesse social se encontram na zona mais baixa, e que apresenta maiores problemas de infraestrutura urbana, o que demonstra um padrão de ações no que se refere a oferta habitacional que é recorrente nas cidades contemporâneas, onde os locais cujas condições são aquém do recomendável acabam sendo utilizados como áreas de programas habitacionais, como é o caso do Residencial Itamaracá. Com relação aos dados demográficos locais, ressalta-se que a maioria da população residente se encontra na faixa etária adulta, sendo economicamente ativas e participando da produção econômica da cidade. Esse fato é relevante para identificar qual o perfil da população local e direcionar ações que atendem as suas necessidades e expectativas, de acordo com as características locais. Para identificar mais profundamente qual a visão dos residentes locais com o espaço em que vivem, foram utilizadas pesquisas anteriormente desenvolvida por acadêmicos que realizaram entrevistas com os moradores e traçaram o perfil deles e qual a sua relação com o espaço em que residem1. Essas entrevistas analisaram vários pontos, desde satisfação com os equipamentos sociais, transporte, segurança até a identificação dos moradores com o bairro onde residem, se eles possuem orgulho e se sentem pertencentes ao bairro.
DADOS ESTATÍSTICOS Goiânia
Área de Estudo 1.302.001 habitantes
4.720 habitantes
Densidade Demográfica: 17,76 hab/ha
2.420 mulheres
Densidade Demográfica: 31,82 hab/ha
ÁREA: 148,32 ha
Pessoas Residentes por Idade 10% 1% 9% 13%
46%
21%
0-5 06-15 16-24 25-59 60-80 Acima de 80
FONTE: IBGE 2010; ANUÁRIO 2012/13 GOIÂNIA.
Dentre os principais itens identificados pela análise da população local, a falta de identidade e relação com o espaço do bairro foram os elementos mais importantes a serem considerados no processo de pensamento da intervenção urbana, uma vez que, para a permanência da população em um espaço da cidade é necessário que a mesma possua uma ligação com aquele local.
Vale ressaltar que, devido ao fato de se tratar de um trabalho de conclusão de curso cuja finalidade é a de realizar um exercício de intervenção da área com fins de estudo e absorção de conteúdos, chegou-se a conclusão que o melhor seria não realizar as entrevistas presenciais com os moradores dos bairros Perim e Itamaracá, para não gerar uma expectativa de melhoria do local pela população que não aconteceria na realidade, evitando um desconforto nessas pessoas cujo histórico já vem marcado por processos de mudanças. Para isso então foram utilizadas pesquisas recentes da área, dos anos de 2012 e 2016, realizadas pela mestranda de Serviço social Eliane Tavares e a aluna de graduação em Arquitetura e Urbanismo Iasmin de Sousa Jaime, respectivamente, que conseguem retratar bem a realidade local e foram essenciais para o desenvolvimento deste trabalho.
27
2.300 homens
Figura 19: População do Residencial Itamaracá Fonte: Acervo do autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá PRINCIPAIS QUESTIONAMENTOS FEITOS A POPULAÇÃO RESIDENTE*
SATISFAÇÃO DA POPULAÇÃO COM OS SERVIÇOS OFERECIDOS** EXISTÊNCIA
SATISFAÇÃO
S EG U R A N Ç A PÚBLICA
57% SIM
61% SIM
43% NÃO
39% NÃO
DRENAGEM URBANA
50% SIM
64% SIM
50% NÃO
36% NÃO
ILUMINAÇÃO PÚBLICA
100% SIM
100% SIM
PONTO MAIS POSITIVO NO BAIRRO
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
100% SIM
100% SIM
Para a população, o ponto mais positivo encontrado é a localização, próximo a importantes eixos viários e grandes equipamentos.
ESGOTO SANITÁRIO
100% SIM
89% SIM
46% SIM
61% SIM
PONTO MAIS NEGATIVO NO BAIRRO
MEIOS DE TRANSPORTE
54% NÃO
39% NÃO
COLETA DE LIXO
96% SIM
93% SIM
04% NÃO
07% NÃO
EQUIPAMENTOS SOCIAIS
35% SIM
46% SIM
65% NÃO
54% NÃO
COMÉRCIO E SERVIÇOS
39% SIM
75% SIM
61% NÃO
25% NÃO
ACESSIBILIDADE
82% SIM
89% SIM
18% NÃO
11% NÃO
ESCOLA
75% SIM
57% SIM
25% NÃO
43% NÃO
OFERTAS DE EMPREGOS
57% SIM
57% SIM
43% NÃO
43% NÃO
RAZÕES E/OU MOTIVOS DE RESIDIR NO BAIRRO A maioria da população entrevistada pela autora é oriunda de cidades do interior e uma minoria de outros estados e passaram pelo processo de desapropriação urbana do leito da antiga ferrovia e das margens do Córrego Cascavel, contempladas pelo Projeto Dom Fernando.
Segundo a pesquisa, o ponto mais negativo encontrado é a violência urbana, com ocorrências frequentes de homicídios, assaltos e tráfico de drogas.
RELAÇÃO DA POPULAÇÃO COM O BAIRRO Muitas pessoas se sentem indiferentes com relação ao local onde residerem, não possuindo um sentimento de pertencimento e orgulho de morar naquele bairro, ocorrendo, muitas vezes, o oposto, um certo receio de se considerar morador.
*Todos os dados transcritos dessa entrevista foram retirados do Trabalho de Conclusão de Curso da Iasmin de Sousa Jaime do ano de 2016 e adaptado pelo autor desse trabalho, ficando resguardado a autoria da pesquisa à autora.
11% NÃO
**Todos os dados transcritos dessa entrevista foram retirados da Dissertação de Mestrado da Eliana Tavares do ano de 2008 e adaptado pelo autor desse trabalho, ficando resguardado a autoria da pesquisa à autora. Vale ressaltar que a entrevista foi realizada em 28 habitações no Residencial Itamaracá, das 403 existentes no período da pesquisa.
28
SETOR PERIM E ITAMARACÁ SITIO GEOGRÁFICO N
795
790
780 770
760
Legenda Hipsometria
750 740 730 720 710
0
705
700-710
751-760
711-720
761-770
721-730
771-780
731-740
781-790
741-750
791-800
50
150
250 m
29
AV. PERIM
RUA SP-16
RUA SP-17
RUA SP-18
RIBEIRÃO ANICUNS
Mapa 06: Mapa de Hipsometria Fonte: Elaborado pelo autor
RUA SP-15
Figura 20: Vista Aérea da Avenida Mato G Fonte: Elaborado pelo autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá Sola-Morales (1996), ao tratar sobre as mutações no espaço urbano, destaca que as transformações ocorrem de acordo com os condicionantes e determinantes do local onde elas se materializam. Afirma também que a cidade é uma rede de fluxos, uma sobreposição de camadas que se interrelacionam por um sistema. Analisar, portanto, a rede viária em que se encontra o Setor Perim e o Residencial Itamaracá em conjunto com os espaços construídos é importante para entender como os processos de mutações urbanas se materializam no espaço produzido e qual é a relação que tem com o restante da cidade, em um contexto macro de análise. O sítio geográfico é determinante na forma de ocupação do espaço na cidade, uma vez que, de acordo com a situação topográfica, ele pode ser uma barreira física ou um atrativo nos processos de transformações urbanas. Na região dos bairros Perim e Itamaracá, a topografia se caracteriza pelos altos desníveis existentes, sendo a área mais íngreme da metrópole. Esse fator não interferiu no processo de apropriação do solo urbano pela população, já que, apesar da dificuldade de acesso e a inclinação do terreno, a região se encontra, em sua maioria, ocupada.
Figura 21: Vista da Av. Mato Grosso do Sul Fonte: Acervo do Autor
AV. PERIMETRAL NORTE
RUA SP-12
RUA SP-13
RUA SP-14
Grosso do Sul
Figura 22: Diferentes Perfis Topográficos Fonte: Acervo do Autor
CORTE AV. MATO GROSSO DO SUL 0
50
100
150 m
30
SETOR PERIM E ITAMARACÁ
USO DO SOLO, EQUIPAMENTOS SOCIAIS E LOTES VAGOS
A distribuição do uso do solo permite compreender como a região se insere dentro da dinâmica produtiva da cidade de Goiânia, se tem uma participação ativa na economia urbana, além de possibilitar entender se aquele bairro tem ou não algum tipo de potencialidade de desenvolvimento econômico ou se ele possui outras características e necessidades. A partir da análise do uso do solo, percebe-se que existe uma predominância de uso residencial no recorde escolhido, sendo que, a maior parte do comércio se encontra lindeiro as vias principais de circulação e acesso à região, como a Avenida Mato Grosso Do Sul e Avenida Perimetral Norte, que possibilita o maior desenvolvimento que atividades econômicas e de serviço. Isso se deve muito as características de ocupação desse espaço urbano, onde os bairros que formam o recorte foram destinados, em sua maioria, a ocupação residencial e ao remanejo de populações de áreas de risco.
Figura 23: Novo Conjunto Habitacional Fonte: Acervo do Autor
A ocupação nessa região de estudo se caracteriza pela utilização de quase todo o espaço do lote pelas edificações sendo que algumas inclusive avançam o passeio público, obstruindo a passagem do pedestre, além de que existem pontos de ocupação irregular, principalmente na APP do Ribeirão Anicuns. Ao se tratar de espaços vazios na cidade, é necessário que se compreenda a diferença entre os lotes vazios e os vazios urbanos. Os lotes vazios correspondem a áreas de um parcelamento que ainda não foram ocupadas, porém elas são áreas privadas passíveis de utilização, enquanto os vazios urbanos são espaços remanescentes dos processos de expansão urbana de uma cidade, principalmente quando esta ocorre de forma dispersa e extensiva. Com relação aos lotes vazios e os vazios urbanos da área de estudo, percebe-se que ainda existem muitos lotes que não estão ocupados, principalmente na parcela no Norte dos bairros. Isso se deve porque grande parte desses espaços que se encontram vazios tem uma certa relação com a via de principal fluxo, o que pode significar que Avenida Perimetral Norte seja, de certa forma, como uma barreira para a ocupação dessas áreas, e, ao mesmo tempo, um incentivo, devido a importância que ela tem no contexto da metrópole.
31
Figura 24: CMEI Itamaracá Fonte: Aervo do Autor
Figura 25: Habitação Unifamiliar Fonte: Acervo do Autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
Jardim Gramado Jardim Santa Cecília Vila Maria Dilce
Zona Industrial Pedro Abrão
Vila Cristina
N
Gleba Construída: Faculdades Alfa 1 Av. P er
Setor Empresarial
imet
ral N
orte
BR-153 / GO - 080 Av. Goiás Norte
GO-060 / GO - 070
Condomínio Alto da Boa Vista 2
Av. Pe
rim
3
ross o
do S
ul
4
1
Av. Ma
to G
Setor Progresso
5
Vila João Vaz Ribeirão Anicu
ns
oA
irã
e Rib
ns
u nic
Sentido Campinas
Equipamentos Sociais:
Legenda
Educação
Uso do Solo:
Mapa 08: Mapa de Uso do Solo e Equipamentos Sociais Fonte: Elaborado pelo autor
Comercial
Uso Misto
Residencial
Institucional
Serviço
Industrial
Lote Vago
APM’s
1. EM Regina Helou 2. EM Dona Maria Rosa Perim 3. CMEI Setor Perim 4. EM Professora Lousinha 5. CMEI Residencial Itamaracá
Saúde 1. CS Setor Perim Instituições Religiosas Segurança Pública AEIS III
Área de Intervenção 0
50
150
32
250 m
SETOR PERIM E ITAMARACÁ GABARITO, SISTEMA VIÁRIO E TRANSPORTE Jardim Gramado Jardim Santa Cecília Vila Maria Dilce
Zona Industrial Pedro Abrão
Vila Cristina
N
Gleba Construída: Faculdades Alfa Av. P er
Setor Empresarial
imet
ral N
GO-060 / GO - 070
BR-153 / GO - 080 Av. Goiás Norte
orte
Condomínio CondomínioAlto Alto da daBoa BoaVista Vista Rua
SP-
12
Av. Pe
ross o
do S
ul
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Av. Joã
oD
ama
sce
Av. Ma
no
to G
Setor Progresso
Vila João Vaz Ribeirão Anicu
ns
oA
irã
e Rib
ns
u nic
Sentido Campinas
Av.
Legenda Sistema Viário: Expressa
33
Mapa 09: Mapa de Gabarito, Sistema Viário e Transporte Fonte: Elaborado pelo autor
Arterial Coletora Pontos de Ônibus
Les
te-
Oe
ste
Linhas de Transporte Coletivo:
037 (T. Pe Pelágio/Pça Violeiro) , 149 (T. Bandeiras/Novo Planalto), 178 (Jd. Curitiba/T. Praça A), 180 (T. Rec. Bosque/Universitário), 938 (Jd Curitiba/ T. Cruzeiro).
Gabarito: 1 Pavimento 2 Pavimentos 3 Pavimentos 4+ Pavimentos
Área de Intervenção
0
50
150
250 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá Goiânia é uma cidade que se caracteriza por ter uma densidade muito baixa, cerca de 17,74 hab/ha (IBGE, 2010), pois a sua população se encontra dispersa pelo território e ocupa uma grande área. Ao analisar o gabarito dessa regiã, percebe-se que há o predomínio da horizontalidade, serve o quê muitas das habitações possuem apenas um pavimento, com algumas de dois ou mais pavimentos. Essa é uma característica muito recorrente nos bairros predominantemente residenciais, e principalmente daqueles onde estão presentes habitações de interesse social, o que é o caso do Residencial Itamaracá.
Figura 26: Conjunto Habitacional Fonte: Acervo do Autor
Uma região que possui grande parte das suas edificações com apenas um pavimento, distribuídos em um grande espaço, significa que há pouco aproveitamento do território e das infraestruturas existentes. Se faz necessário, portanto, o aumento da densidade da população para que isso justifique a modificação do espaço urbano e a ampliação dos serviços oferecidos pela população como de transporte coletivo e os diversos equipamentos sociais (cultura, esportes, educação, saúde). Duas vias principais atravessam área de estudo, Avenida Mato Grosso do Sul é classificada como via arterial, e Avenida Perimetral Norte , uma via expressa de terceira categoria, além de uma via coletora que interliga o setor Perim com o Setor Progresso e com as áreas da cidade ao sul, a Rua SP-12. A avenida Leste-Oeste, apesar de não estar localizada nesses setores é um importante eixo de acesso aos bairros e de ligação com a cidade de Goiânia. As demais vias são locais, reafirmando mais uma vez a característica e predominância de usos residenciais nos bairros em estudo.
Figura 27: Ponte Sobre Ribeirão Anicuns na Av. Mato Grosso do Sul Fonte: Acervo do Autor
Figura 28: Acúmulo de Lixo nas Vias Fonte: Acervo do Autor
Já em relação ao transporte coletivo, as principais linhas que atendem a região se localizam nas avenidas principais, Avenida Mato Grosso do Sul e Avenida Perimetral Norte, sendo que apenas uma linha atende o Residencial Itamaracá de forma direta. Isso se deve muito o processo de consolidação do bairro, que ainda não se encontra totalmente ocupado e cuja demanda não é suficiente para justificar a ampliação do transporte coletivo, na atualidade. Além disso, ainda se tratando de mobilidade urbana, percebe-se que os meios de transporte alternativos ao transporte individual são pouco valorizados, uma vez que não há presença de eixos de transporte cicloviário e o transporte coletivo atende pouco a região de estudos. A dificuldade em acessar certas regiões da cidade pelo transporte coletivo e o tempo de viagem gasto se é bastante elevado se deve muito mais aos problemas existentes no sistema de transporte coletivo da cidade de Goiânia do que uma dificuldade restrita a área de estudos, uma vez que existem poucas opções de linhas que estabelece uma conexão mais direta entre as regiões com maior número de servidores e trabalhadores e as regiões onde se concentram as principais oportunidades de emprego.
34
SETOR PERIM E ITAMARACÁ
PADRÃO CONSTRUTIVO E DRENAGEM URBANA
O setor Perim e o Residencial Itamaracá possuem variadas situações em relação ao padrão construtivo das edificações (figura 16). Em geral, na porção norte do recorde, existem edificações com o padrão construtivo mais elevado, e na porção sul, o padrão construtivo está entre médio e baixo. Não foram encontradas situações onde as edificações estão em estado precário, o que é um ponto positivo para o local, demonstrando que a população em geral reside em locais com condições de habitabilidade suficientes para o atendimento das suas necessidades. A leitura do padrão construtivo das edificações é interessante para se constatar e entender como é o perfil dos moradores residência em um determinado espaço, pois a partir disso você consegue compreender como acontece as divisões sociais da população, e onde se concentram as pessoas com maior ou menor poder aquisitivo. Além disso, observa-se questões como a segregação social do espaço de acordo com a localização de edificações com alto padrão construtivo em relação as de baixo padrão construtivo, e permite desenvolver uma análise sobre as condições do espaço em cada uma dessas localidades. O setor Perim e o Residencial Itamaracá possuem variadas situações em relação ao padrão construtivo das edificações. Em geral, na porção norte do recorde, existem edificações com o padrão construtivo mais elevado, e na porção sul, o padrão construtivo está entre médio e baixo. Não foram encontradas situações onde as edificações estão em estado precário, o que é um ponto positivo para o local, demonstrando que a população em geral reside em locais com condições de habitabilidade suficientes para o atendimento das suas necessidades, não sendo necessário, portanto, realizar desapropriações e remanejo de pessoas para outras áreas, visto que não há moradores residindo em situação de risco. Há alguns casos, porém, de algumas habitações que se encontram inacabadas ou que tiveram suas áreas acrescidas para além do permitido. Com relação a drenagem urbana, pode-se afirmar que parte da área de estudos é atendida pelo sistema tradicional de captação das águas pluviais, como pode ser verificado no mapa ao lado, porém ela não é suficiente para atender a demanda, se sobrecarregando e causando transtornos para a população que reside no local, com inundações frequentes nos períodos chuvosos. Isso se deve, principalmente, a ineficácia do sistema e na falta de soluções para reduzir o escoamento e o volume da água pluvial nas áreas com topografia menos acidentada.
35
Figura 29: Baixo Padrão Construtivo Fonte: Acervo do Autor
Figura 30: Alto Padrão Construtivo Fonte: Acervo do Autor
Figura 31: Problema de Drenagem Urbana Fonte: Iasmin Jaime
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
Jardim Gramado Jardim Santa Cecília Vila Maria Dilce
Zona Industrial Pedro Abrão
Vila Cristina
N
Gleba Construída: Faculdades Alfa Av. P er
Setor Empresarial
imet
ral N
GO-060 / GO - 070
orte
BR-153 / GO - 080 Av. Goiás Norte
Condomínio Alto da Boa Vista Av. Pe
Av. Ma
to G
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Setor Progresso
Vila João Vaz
Sentido Campinas
Av.
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Legenda
Drenagem Urbana
Mapa 08: Mapa de Padrão Construtivo e Drenagem Urbana Fonte: Elaborado pelo autor
Padrão Construtivo:
Rede de Drenagem Urbana
Baixo Padrão
Pontos de Coleta de Agua Pluvial
Médio Padrão
Principais locais com Problemas de Inundação
Alto Padrão
Área de Intervenção 0
50
150
36
250 m
SETOR PERIM E ITAMARACÁ ARBORIZAÇÃO URBANA E ESPAÇOS PÚBLICOS Jardim Gramado Jardim Santa Cecília Vila Maria Dilce
Zona Industrial Pedro Abrão
Vila Cristina
Gleba Construída: Faculdades Alfa Setor Empresarial
Av. P er
imet
ral N
GO-060 / GO - 070
BR-153 / GO - 080 Av. Goiás Norte
orte
Condomínio Alto da Boa Vista
Av. Pe
ross o
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ul
rim
Av. Ma
to G
Setor Progresso
Vila João Vaz Ribeirão Anicu
ns
Sentido Campinas
Av.
Les
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Legenda Arborização APP Ribeirão Anicuns Espaços Públicos
37
Mapa 09: Mapa de Arborização Urbana e Espaços Públicos Fonte: Elaborado pelo autor
Área de Intervenção 0
50
150
250 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá Goiânia, apesar de ser considerada a cidade mais arborizada do Brasil (IBGE, 2010), sofre com vários problemas relativos à qualidade das vias no que se refere a arborização, já que, em muitos pontos, ela não está presente ou é inadequada, o que acaba por inibir a utilização das calçadas pelas pessoas. Nos setores trabalhados, percebe-se pela figura 19 que existem áreas onde a arborização viária se concentra, como na parte sul do Residencial Itamaracá, e outras onde ela é escassa, como na parcela leste o Setor Perim e, principalmente, ao longo da Av. Mato Grosso do Sul. Essa situação interfere na forma como o espaço das calçadas é apropriado pelo pedestre, uma vez que, devido ao clima da cidade de Goiânia ser caracterizado pela insolação o ano inteiro, vias sem arborização não são atrativas para o caminhar, o que acaba impulsionando o uso do transporte individual ao invés do deslocamento pedonal. Figura 32: Vista do Parque Itamaracá Fonte: Acervo do Autor
No que se refere a acessibilidade das calçadas, é evidente que existem muitos pontos onde o passeio público não é acessível, já que há desníveis diferentes em um mesmo percurso assim como a pavimentação se encontra deteriorada em muitos locais, além de pontos de acúmulo de lixo, o que dificulta a passagem do pedestre, principalmente aqueles que possuem mobilidade reduzida. A utilização dos espaços públicos vai além do simples deslocamento ou passagem da população. Eles são espaços destinados as manifestações socioculturais de uma sociedade, a expressão da cultura de um povo, um catalisador das dinâmicas da urbe, e para que eles cumpram as suas funções é necessário que haja uma ocupação e utilização desses locais de forma mais frequente, que eles estejam no cotidiano da população urbana. Para isso eles têm de ser atrativos, convidativos, possuírem condições para que as pessoas permaneçam nesses espaços por um espaço de tempo prolongado.
Figura 33: Pista de Skate Parque Itamaracá Fonte: Acervo do Autor
Figura 34: Praça Itamaracá Fonte: Acervo do Autor
Nos setores Perim e Itamaracá a apropriação dos espaços públicos pela população acontece com maior frequência nas vias públicas, onde os moradores utilizam das calçadas como espaço de convivência e sociabilização entre si. Os espaços existentes destinados a essa função, a praça e o parque Itamaracá têm pouca utilização, uma vez que muitos moradores desconhecem a existência desses espaços, principalmente no Setor Perim, como também a falta de policiamento e segurança nesses locais. Com isso, infere-se que a qualidade do ambiente urbano fica a desejar nessas localidades, já que os espaços públicos são pouco utilizados pela população, que muitas vezes desconhece a existência desses locais, e existem muitas deficiências a serem superadas, como em relação ao sistema de transporte, principalmente no que se refere aos meios de transporte coletivo. Portanto, se faz necessário o estabelecimento de métodos para a exploração dos potenciais existentes nessa região e impulsionar o seu desenvolvimento, a fim de qualificar o espaço existente e o retorno da utilização dos espaços coletivos pela população, pois são nesses locais onde ocorrem as dinâmicas de uma metrópole e é palco das principais manifestações socioculturais de uma sociedade.
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A ESCOLHA DO LUGAR
JUSTIFICATIVAS E RAZÕES
Os motivos para a escolha desse recorte específico se baseiam nos seguintes aspectos: Média Renda
Existe um potencial de desenvolvimento socioeconômico naquela região que poderia ser explorado, pelo fato de estar localizado, segundo o Plano diretor de 2007, no eixo de desenvolvimento econômico Sudoeste-Norte, representado pela Av. Mato Grosso do Sul, e por ter como limite a Av Perimetral Norte, um eixo importante de ligação e distribuição da cidade de Goiânia;
Condomínio Alto da Boa Vista
Apesar da topografia acentuada, a região possui uma das melhores vistas da cidade, que pode ser explorada como ponto de encontro e sociabilização (potencial turístico); Uma das principais justificativas para essa intervenção se da pelo fato de existir uma realidade social muito particular, uma vez que é limítrofe a um condomínio horizontal de alto padrão (Alto da Boa Vista) e possui uma divisão simbólica, representada pela Av. Perim, sendo que a Norte se localizam residencias de médio-alto padrão e a Sul dessa via, média-baixa renda, sendo que estão presentes nessa área AEIS III. Isso demonstra uma clara segregação social na região, sendo a área Sul àquela com maiores problemas de violência urbana, marginalização, infraestrutura e a que merece maior atenção no processo de intervenção urbana. No esquema ao lado, fica mais claro como essa divisão se materializa no espaço.
Residencial Itamaracá
Alta Renda
Setor Perim
Muro de Divisão
Baixa/Média Renda
Mapa 10: Segregação Social no Setor Perim e Residencial Itamaracá Elaborado por Marcos Paulo, 2019
Figura 35: Entrada do Condomínio Fechado Fonte: Acervo do Autor
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Figura 35: Situação de Habitação em Área de AEIS III Fonte: Acervo do Autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
Outro grande aspecto a ser considerado como justificativa do lugar é a presença do Projeto Urbano Ambiental Macambira Anicuns (PUAMA) nos bairros em análise, que serão contemplados com ações visando a melhoria da qualidade do espaço e preservação da APP do Ribeirão Anicuns que limita a região. O PUAMA é um projeto urbano que visa a recuperação dos córregos Macambira e Anicuns e sua proteção. Propõe um parque linear de 27 km de extensão na Área de Proteção Ambiental do Córrego Macambira e do Ribeirão Anicuns, além de parques urbanos e núcleos de vizinhança, em vários bairros de Goiânia, dentre eles o Setor Perim e o Residencial Itamaracá (mapa 11).
Média Renda
Condomínio Alto da Boa Vista Residencial Itamaracá Setor Perim
Setor Perim
Baixa/Média Renda
Localização do Parque Linear
Mapa 11 : Área de influência do Parque Urbano Ambiental Macambira-Anicuns Fonte: Prefeitura de Goiânia
O Plano Diretor de Goiânia de 2019, em processo de aprovação, estabelece em seu Art. 142, § 6º que: “O Parque Linear terá a função predominante de recuperar e preservar matas ciliares e os leitos dos cursos d’água do Município e oferecer espaços urbanizados com equipamentos públicos comunitários que permitam a preservação dos recursos naturais e a realização de atividades esportivas, educativas, culturais e turísticas, e demais usos compatíveis.” (2018). Além disso, os bairros que serão abrangidos pela intervenção receberão melhorias significativas visando atender as necessidades locais, como a construção de equipamentos sociais para a população. O Residencial Itamaracá foi um dos contemplados por essas ações, com a construção de uma Escola de Ensino Fundamental em Tempo Integral, inaugurada em 2019. A partir disso, infere-se que projeto serve como impulsionador do desenvolvimento socio-cultural dos bairros sobre sua influência direta, em especial aqueles em estudo, a partir do potencial como um centro de atração turística e de encontros sociais no panorâma da cidade, possibilitando, inclusive, o desenvolvimento da economia local, servindo também como uma forma de melhoria na qualidade de vida da população local e uma forma de trazer identidade e sentimento de pertencimento, sendo, portanto uma das maiores potencialidades presentes no local de estudo. O projeto de requalificação a ser realizado leva em consideração a intervenção proposta pelo PUAMA, modificando locais ociosos e que podem se integrar as alterações futuras a serem implementadas no local.
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ESTUDOS DE CASO
ESTUDO DE CASO 1
MORAR CARIOCA - AÇÕES ESTRUTURAIS
FICHA TÉCNICA Área Total: 494.500 m² Ano: 2011 - em andamento Localização: Vila Isabel - Rio de Janeiro Arquitetos: Vigliecca&Associados Cliente: Secretaria Municipal de Habitação Do Rio de Janeiro (SMH RJ) O Morar Carioca foi um concurso nacional desenvolvido pela prefeitura do Rio de Janeiro no ano de 2010, cuja intenção é a de integrar social e urbanisticamente a população de favelas até 2020. Envolve alguns processos de modificação dessas favelas, dentre eles:
Figura 36: Localização dos Bairros Fonte: Vigliecca&Associados
• “Promover urbanização de ruas e áreas de lazer, agregando um leque de melhorias em saúde, educação e outros serviços públicos básicos, e levando cidadania e dignidade a uma parcela significativa da população que ainda mora de forma precária. As ações incluem redes de água e esgoto, drenagem, iluminação pública, pavimentação e contenção de encostas, além de paisagismo, equipamentos de saúde, educação, cultura e lazer. Outro objetivo é que os moradores recebam título de propriedade juridicamente reconhecido para seus imóveis.”(Transcrito do Site Oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro) Tem como objetivo evidenciar a diversidade de situações presentes nas favelas do Rio de Janeiro e apresentar formas de apropriação do espaço e pensar em melhorias para as questões dos assentamentos de favelas, em um âmbito mais geral. Para isso, a região foi dividida em trechos e distribuída entre os 40 escritórios de arquitetura selecionados pela prefeitura para participar do concurso. O escritório Vigliecca & Associados foi um dos contemplados nessa escolha e ficou a seu cargo a região correspondente aos bairros de Vila Isabel, Morro dos Macacos e São Paulo (Figura 14 e 15).
Figura 37: Situação Existente Fonte: Vigliecca&Associados
O sistema de transporte se localiza em vias de maior importância para a região, onde se concentram as principais centralidades marcadas em azul (Figura 16), que não estão muito distantes das áreas de ocupação do morro, favorecendo a conexão com esses pontos e a interligação com a cidade. Em contrapartida, a estação de metrô se encontra em uma localidade distante da ocupação principal do morro, sendo necessário a utilização do ônibus coletivo para chegar a ele. As conexões internas da região acontecem por meio das vielas, sendo que estas se interligam com as vias conectoras que estabelecem contato com as estruturais, ou seja, dentro da ocupação não possuem vias de conexão importantes, devido a configuração do território e a forma de ocupação urbana, o que dificulta a implantação de um sistema viário
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Figura 38: Esquema de Intervenção 01 Fonte: Vigliecca&Associados
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
Figura 39: Acessos Principais Fonte: Vigliecca&Associados
Figura 42: Esquema de Implantação da Intervenção Fonte: Vigliecca&Associados
estruturante e sim secundário (vielas locais)
Figura 40: Vielas do Bairro Fonte: Vigliecca&Associados
Figura 41: Esquema de Intervenção 02 Fonte: Vigliecca&Associados
No segundo mapa (Figura 17), é feito uma ampliação de uma parcela da área de intervenção com intuito de mostrar mais precisamente as vielas internas e sua relação de conexão com as vias estruturantes, além de enfatizar os pontos de encontro da população, locais onde, provavelmente, acontecem a reunião dos moradores, espaços públicos de permanência Uma das estratégias utilizadas para a definição da forma com que as intervenções iriam acontecer foi o desenvolvimento de diagramas, como o das Figuras 18 e 19, onde ele demarca as regiões onde irão acontecer as modificações e quais as ações a serem tomadas. Nesse caso específico, os maiores desafios a serem solucinados envolvem os problemas de drenagem urbana, uma vez que, se tratando de encostas, a velocidade da água pluvial tende a ser mais elevada e ocasionar problemas de alagamentos e deslizamentos de terra, causando transtornos na população. Além disso, existe um problema de circulação, tanto interno quanto do bairro com a cidade, já que a maior parte do sistema viário é composto por vielas que, devido a topografia, não conseguem atender a população de forma efetiva. Como forma de resolução desse problema, Vigliecca propõe a readequação de algumas vielas e escadarias existentes e a implantação do que ele denomina de “cunhas de infiltração”, que são edificações habitacionais cuja circulação vertical são elevadores públicos, que servem de acesso para os moradores como de conexão entre o local e a cidade.
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ESTUDO DE CASO 1
MORAR CARIOCA - AÇÕES ESTRUTURAIS
A implantação do projeto de intervenção urbana Morar Carioca prevê a alteração da região baseado nas seguintes propostas (Figura 20): •
Reflorestamento de parte da área de encosta do morro, com a remoção da população residente nesses locais;
•
Reocupação de uma parte da região, com a manutenção de algumas habitações e a substituição de outras por edificações;
•
Manutenção de parte das vielas, realizando trabalhos de readequação delas nos padrões para que possam estabelecer uma maior conexão com o sistema viário existente na região e entre as várias partes do morro;
•
Estabelecimento de áreas livres, em regiões que já se identificam como pontos de encontro da população, para assim consolidar esses locais e criar pontos de sociabilização. Essas regiões são, também, áreas de acesso das futuras edificações.
•
Criação de “cunhas de infiltração”, que são as novas edificações propostas, que, além de conterem habitações para a população desabrigada, são soluções para vencer o desnível existente na área de intervenção, cujo custo é reduzido comparado a obras de infraestrutura viária ou afins.
É importante destacar que essa intervenção manteve a identidade local e que estabeleceu melhorias apenas em certos locais. Ter como exemplo esse tipo de atuação em áreas críticas é bastante importante no que se refere a formas de intervir na cidade sem que se modifique a paisagem de uma maneira muito contrastante. Vigliecca nesse projeto, assim como em vários outros estabelecidos em áreas críticas, buscou estabelecer uma leitura do local e modificar onde foi relevante, uma vez que, a maioria dessas modificações dependem do poder público para acontecerem, então realizar soluções que sejam compatíveis com a realidade e que possam ser implantadas é a maior referência desse projeto. O escritório do Vigliecca&Associados propõe algumas alterações no local, principalmente voltadas para o reflorestamento das encostas montanhosas visando a proteção do local, uma vez que a vegetação serve como ponto de reforço do solo e ajuda a evitar possíveis deslizamentos. Para isso, as habitações serão retiradas desse local e a população remanejada para as edificações propostas. Além disso, algumas áreas livres serão criadas em áreas desapropriadas e que são caracterizadas como pontos de encontro, no levantamento do local, cujo objetivo é o desenvolvimento de espaços de convivência e pontos de conexão com as áreas superiores, já que nessas áreas livres se encontram os elevadores urbanos, que conectam a parte baixa e a parte alta. Um outro ponto interessante é a permanência de algumas edificações na área de intervenção, reforçando que para se qualificar um espaço não é necessário remover tudo e reconstruir, mas analisar e modificar pontos que são mais críticos e necessitam de uma maior atenção.
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Figura 43: Implantação Geral Fonte: Vigliecca&Associados
Legenda Edificações Propostas
Edificações Mantidas
Área de Reflorestamento
Área de Intervenção
Áreas Livres
Vielas
Figura 44: Croquis Esquemáticos Fonte: Vigliecca&Associados
7,73%
Sistema viário novo
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
32,68% Reflorestamento
22,52% Edificações mantidas
59,59% Reocupação Proposta
6,56%
Edifícios Propostos
5,47%
Vielas Mantidas
25,05% Áreas Livres
7,73%
15,08 ha
Sistema viário novo
32,68% Reflorestamento
22,52% Edificações mantidas
Figura 45: Perspectiva da Proposta Fonte: Vigliecca&Associados
REFERÊNCIAS PROJETUAIS PARA A INTERVENÇÃO 59,59% Reocupação Proposta
6,56%
Edifícios Propostos
5,47%
Vielas Mantidas
25,05% Áreas Livres
15,08 ha
O projeto de intervenção do Morar Carioca traz uma leitura de áreas de interesse social muito interessante, além de soluções funcionais e que utilizam o espaço de uma forma bem racional, o que é bem positivo, devido a situação da população que reside nesses locais. Uma das soluções mais interessantes se trata da conservação de parte do traçado urbano, dando enfase na importância de se tratar o local com respeito e modificando somente o necessário,conservando uma grande parte das edificações, além da criação de espaços públicos para proporcionar um maior incentivo a coletividade.
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ESTUDO DE CASO 2
FÁBRICA DE CULTURA GROTÃO
FICHA TÉCNICA Área Total: m² Ano: 2009 - em andamento Localização: Paraisópolis - São Paulo Arquitetos: Urban ThinkThank Cliente: Secretaria Municipal de Habitação De São Paulo (SEHAB)
Figura 46: Esquema de Acessos e Fluxos Fonte: Urban ThinkThank
O projeto da Fábrica de Cultura Grotão visa transformar um vazio urbano denso que não possui uma utilização eficiente na comunidade de Paraisópolis em um espaço público vivo e com atividades diversas que valorizem o local e possibilitem um contato maior com a cultura, além de incentivar o convívio social por parte da população residente nesse local. Os arquitetos, ao realizar o diagnóstico da área, identificaram a existencia de uma companhia de música que necessitava de um espaço para desenvolver as suas atividades, o que serviu de inspiração para o desenvolvimento do projeto como um todo. O programa consiste na implantação de vários espaços de uso coletivo em níveis diferentes, cujos acessos se dão por rampas e escadarias, onde a população pode desenvolver atividades diversas de acordo com a sua necessidade, e que o objetivo foi o de aproveitar o espaço existente e resolver o problema da topografia íngreme que causa muitos transtornos para os residentes, transformando-a em um espaço de qualidade e que possa, inclusive, reduzir os problemas com enchentes e deslizamentos de terra, devido as contenções realizadas pelos taludes e muros de arrimo inseridos.
Figura 47: Situação Existente Fonte: Urban ThinkThank
Em um segundo momento temos uma edificação que consiste em um centro comunitário voltado para atividades de cultura, como àquelas relacionadas a musica, teatro, dança, esportes, com salas de aula, studios, salas para ensaios e práticas, sendo espaços flexíceis e com isolamento acústico e térmico. Outro ponto importante a se destacar é com relação as áreas verdes, uma vez que, além de serem utilizadas forrações de gramíneas nos taludes, foram destinados espaços para o cultivo de espécies orgânicas para consumo da população, incentivando a prática da agricultura urbana e possibilitando uma integração maior entre as pessoas.
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Figura 48: Situação Proposta Fonte: Urban ThinkThank
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá REFERÊNCIAS PROJETUAIS PARA A INTERVENÇÃO
Figura 49: Implantação Geral Fonte: Urban ThinkThank
Os elementos que estão presentes nesse trabalho que foram referência para o desenvolvimento da intervenção urbana se tratam das soluções relativas a topografia do local, onde os arquitetos venceram os desníveis existentes por meio de rampas e escadarias e criação espaços de lazer e convivência coletivos em diversos níveis, interligando, inclusive, duas vias de acesso e circulação da comunidade. Além disso, é interessante perceber que a inserção desse projeto se deu em uma área sem utilização no local e onde se encontravam vários problemas relativos a drenagem urbana, como as enchentes, que causavam desconforto para a população residente, um caso que se assemelha a área escolhida, uma vez que ela possui espaços sem utilização e que são resultados de erros na implantação do bairro e que atualmente não são utilizados pela população. Portanto, esse estudo de caso serviu de inspiração para as soluções com relação a essas áreas e possibilitou uma compreensão maior de como os locais que não possuem uma utilização possam ser catalisadores de transformações sociais significativas e promoverem a coletividade urbana, por meio dos espaços públicos.
Figura 45: Diferentes Perfis Topográficos Fonte: Urban ThinkThank
Figura 50: Perspectiva da Proposta Fonte: Urban ThinkThank
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ESTUDO DE CASO 3
MIRANTE DAS MANGABEIRAS
FICHA TÉCNICA Área Total: 5.000 m² Ano: 2012 Localização: Belo Horizonte - Minas Gerais Arquitetos: Grupo Arquitetos e Urbanistas Localizado na cidade de Belo Horizonte, o projeto do Mirante das Mangabeiras, realizado pelo escritório Grupo Arquitetos e Urbanistas, trata-se de uma proposta de requalificação de um espaço já construído mas que havia um bom tempo que não era utilizado pela população da cidade, o que justifica o seu estado de abandono anterior a reformulação. Ele é um dos espaços públicos que compõe o Parque das Mangabeiras e possibilita uma vista única da cidade mineira, sendo um grande atrativo turístico.
Figura 51: Plantas, Cortes e Detalhes 01 Fonte: Archdaily
Um dos pontos mais interessantes desse projeto se trata da solução proposta para uma área bastante íngreme da cidade, cuja configuração do sítio geográfico se constitui por altitudes elevadas e encostas, o que pode ser uma complicação em relação as soluções tecnológicas e topográficas, principalmente em relação a espaços administrados pela esfera pública, que tem como limitações o baixo custo e a baixa manutenção, sendo necessário a criação de espaços e infraestruturas que consigam se manter nessas condições. Com relação a isso, o Mirante das Mangabeiras consegue chegar em soluções que atendam esses requisitos sem perder a qualidade do local e ressignificar a área histórica que se encontrava degradada e subutilizada. Por fim, a proposta desse espaço de contemplação foi desenvolvida de forma a abrigar opções diversas de utilização pelas pessoas, desde a visualização panorâmica em pleno sol como as sombras dos eucaliptos e áreas gramadas que criam ambientes confortáveis e relaxantes para aproveitar o meio natural em meio as dinâmicas urbanas de uma metrópole, sendo um presente dado a população.
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Figura 52: Perspectiva 01 Fonte: Archdaily
Figura 53: Vista Superior do Mirante Fonte: Archdaily
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá REFERÊNCIAS PROJETUAIS PARA A INTERVENÇÃO O estudo de caso do mirante das mangabeiras foi uma inspiração no que se refere a solução proposta para um espaço de contemplação simples mas que valorize o local onde se insere, possibilitando explorar o potencial turístico dos pontos altos de Uma cidade, que traz uma visão panorâmica do espaço urbano e pode gerar um sentimento de pertencimento local, além de ser uma forma de reflexão, também, sobre a situação das cidades, como o seu espaço está inserido. Além disso, as soluções tecnológicas, como estrutura, revestimento, proteção e inserção no local serviram de base para a produção do projeto de intervenção urbana que foi realizados nós setores Perim e Itamaracá, visto que a região possui uma situação que se assemelha a do mirante das mangabeiras, em Belo Horizonte.
Figura 54: Plantas, Cortes e Detalhes 02 Fonte: Archdaily
Figura 55: Vista Aérea do Mirante e o Entorno Fonte: Archdaily
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Figura 56: População do Residencial Itaramacá Fonte: Acervo do Autor
USUÁRIO SETOR PERIM E ITAMARACÁ
USUÁRIOS
A CIDADE
Para a proposta de requalificação urbana, o público alvo a ser atingido envolve quatro grandes grupos: • Os moradores residentes na região;
RESIDENTES LOCAIS
• Potenciais moradores, envolvidos com as atividades realizadas no local e os equipamentos do entorno; • Usuários dos espaços coletivos existestes e a serem propostos, como praças e parques. • Os transeuntes que circulam pelo local. Em relação a população residente, existem diferentes perfis de pessoas no Setor Perim e Residencial Itamaracá, que pertencem a classes sociais distintas, o que acaba por interferir na forma intervenção da região, pois as necessidades e os anseios variam de acordo com cada perfil. Em uma mesma região pode-se identificar moradores de alto, médio e baixo poder aquisitivo, cada qual com sua realidade. • Alto Poder Aquisitivo: Compreende os moradores do Condomínio Alto da Boa Vista, que, apesar de se constituir em um empreendimento privado cujo poder público não interfere diretamente, as ações realizadas nas imediações podem vir a interferir nessa pessoas.
A CID
• Médio Poder Aquisitivo: Envolve, principalmente, a população residente na parte norte da região de estudo, onde se encontram as habitações com o padrão construtivo mais elevado e possui maior proximidade com a Av. Perimetral Norte. • Baixo Poder Aquisitivo: Situam nessa classificação a população localizada mais ao sul, originária do processo de desapropriação urbana do leito da Leste-Oeste e das margens do Córrego Cascavel, que foram remanejados para o Residencial Itamaracá, e também aqueles que se situam em áreas originalmente irregulares e que foram regularizadas, nas proximidades de cursos d’água, no Setor Perim, além de outros cujas habitações se encontram em condições ruins de habitabilidade e/ou não possuem renda suficiente para se estabelecerem em áreas mais valorizadas. A atratividade da área para futuros moradores envolve uma análise mais ampla para além do recorte estabelecido, observando as ativi-
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FUTUROS MORADORES
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
TRANSEUNTES
dades realizadas no entorno que possam ser catalisadores de pessoas para a região. Um dos principais equipamentos existentes no entorno é o Centro Universitário UniAlfa, que possui um alto fluxo de pessoas diariamente, entre estudantes e servidores, vindos de vários pontos da cidade de Goiânia e de outros municípios, e é claro, de outros estados. Esse estudantes carecem de habitações provisórias para o período de permanência na cidade durante a graduação, e, como existem muitos que são originários de outros estados, procuram uma moradia próxima a universidade, uma vez que facilitaria o deslocamento. Para os servidores, a proximidade casa-trabalho seria muito atrativo, já que reduziria o tempo de viagem gasto. Essas habitações já estão sendo desenvolvidas pelo programa Minha Casa Minha Vida na forma de conjuntos habitacionais coletivos nos bairros em questão. Além disso, ao longo da Av. Perimetral Norte existem atividades industriais de pequena incomodidade sendo desenvolvidas e muitas empresas voltadas para o campo da logística, além do Shopping Passeio das Águas e atacadistas. Essas atividades atraem um grande número de trabalhadores para a região, mas poucos permanecem após o horário comercial. Residir próximo ao trabalho é um anseio de muitos trabalhadores, pois muito tempo do dia é gasto no processo de deslocamento.
DADE
Portanto, para a intervenção, é importante compreender o que existe em comum entre os diversos públicos envolvidos nesse processo e desenvolver propostas que possam satisfazer o coletivo mas também atendem a necessidades individuais de cada um.
USUÁRIOS DOS ESPAÇOS PÚBLICOS
Universitários, moradores de baixo poder aquisitivo possuem uma maior carência de habitação do que os demais grupos, mas todos eles anseiam por serviços e equipamentos sociais que atendam as suas necessidades e que se localizem próximos aos seus locais de moradia, além de espaços públicos de qualidade que ofereçam atividades ligadas a cultura, favoreçam a sociabilidade a diversidade nessa região. Essa diversidade possibilita a movimentação do local e a dinamização do espaço urbano, além do estímulo a convivencia social, possibilitando uma maior inclusão social e evitando a gentrificação.
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Figura 57: Vista Aérea da Proposta Geral de Intervenção Fonte: Elaborado pelo Autor
ASETORPROPOSTA PERIM E ITAMARACÁ
PROPOSTA TEÓRICO-CONCEITUAL CONCEITOS GERAIS
QUALIFICAR Qualificar o espaço envolve ações pontuais de melhoria do espaço urbano, por meio de ações pontuais em regiões específicas e na melhoria da infraestrutura local, seja viária, de transportes, saneamento básico e drenagem urbana. Abrange todos os projetos a serem realizados na região de análise que visam modificar e/ou melhorar áreas específicas que precisam de mais atenção, principalmente nas regiões onde se concentram a população de baixa renda. Dentre as ações a serem propostas estão: •
Propor melhorias nas habitações existentes, por meio de módulos de ampliação e reforma que atendam as necessidades dos moradores;
•
Reforçar o eixo da Av. Mato Grosso do Sul, propondo alteração da caixa da via e o uso misto nas quadras lindeiras, além de uma melhoria da ponte sobre o Ribeirão Anicuns;
•
Criar uma área de uso misto na via que margeia o Parque Itamaracá, englobando a praça e escola existentes;
•
Humanização do Muro do Condomínio, com arte urbana e espaços coletivo;
•
Pedestrialização das vielas das quadras habitacionais, promovendo alteração na pavimentação e barreiras para o uso do carro;
•
Proposição de novas habitações em áreas vazias;
•
Incentivo ao Uso Misto em toda a área de estudo;
57
•
Melhoria na oferta dos equipamentos sociais
•
Ampliação das áreas verdes e integração com os espaços públicos.
Por meio dessas ações, a proposta deste trabalho é de trazer uma melhoria da qualidade do espaço mas, principalmente, criar uma identidade e um sentimento de pertencimento para a população residente, que já tem na sua história marcas da desapropriação e remoção do seu lugar de origem. Trazer para essas pessoas um sentimento de satisfação por pertencer àquele lugar, que possa chamar de lar. Além disso, qualificar um espaço está muito relacionado também com enxergar o potencial existente naquele local e criar soluções que possam explorar essa situação e que ao mesmo tempo valorize a população que reside nesse mesmo ambiente. Esses elementos de transformações urbanas nas cidades possibilitam trazer um novo olhar imaginário para o ambiente da urbe, uma vez que pode vir a mudar a visão da população com relação a uma determinada área que antes era considerada descartável, marginalizada e sem possibilidades de melhorias, sendo a melhor opção sair daquele espaço, mas que após as modificações passam a ter uma identidade própria e proporcionar a população uma nova relação com o espaço, novas formas de se envolver com o local, novas atividades, um novo sentido, possibilitando, assim, que o local em questão passe a ter um significado, um valor único, e que faça com que a população se sinta pertencente àquele local, o significar urbano.
espaços de
uso do solo
SIGNIF Infra estrutura
sistema de infraestrutura verde
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
uso coletivo
TRANSFORMAR espaços públicos
Transformar um local é modificar a sua situação anterior, seja de forma positiva ou negativa. No caso dessa intervenção, as intenções são de melhoria positivas para a região, que passe a integrar a rede dinâmica da cidade e possa se conectar com ela. Transformar, nesse caso, envolve: •
FICAR
Aquecimento da economia local, incentivando o comercio de bairro e explorando o Eixo de Desenvolvimento Urbano Sudoeste-Norte, onde se insere a Av. Mato Grosso do Sul;
Humanizar é simplesmente ter empatia, é ter a perspectiva do outro, é ver o mundo como ele vê. No processo da intervenção urbana, humanizar é tornar o espaço mais próximo de quem vai utilizá-lo, é pensar que as intervenções vão atingir pessoas e que é importante pensar nelas. Esse processo de humanização visa incluir a população no processo de produção da cidade, destinar espaços que busquem gerar maior segurança e proximidade com o meio urbano, integrando o público e privado
•
Redução dos índices de violencia urbana, promovendo uma maior segurança para a população;
Envolve ações que visam integrar a sociedade, que buscam criar condições para melhoria da qualidade de vida e um sentimento de pertencimento. Ações essas que estão dentro do que cada um necessita, mas que relacione os anseios de todos.
•
Possibilitar a ampliação do numero de pessoas com acesso a educação, principalmente o ensino superior;
Envolve todo o processo de Qualificar, Significar e Transformar, sendo o resultado final de todos os processos de melhorias.
•
Dinamizar o local, a fim de se tornar atrativo para a ocupação, porém evitando os processos de gentrificação;
•
Possibilitar a democratização do uso do espaço urbano por todos,
mobilidade
morfologia
HUMANIZAR58
PROPOSTA TEÓRICO CONCEITUAL TABELA SÍNTESE POTENCIALIDADES
PONTOS A MELHORAR
espaços vagos passíveis de utilização para o desenvolvimento de atividades de uso misto que favoreça o desenvolvimento local.
região marcada pela horizontalidade das edificações, com pouco aproveitamento do território e das infraestruturas existentes; região com predominancia residencial, cuja economia local se apresenta atualmente pouco desenvolvida, sendo uma das razões que levam a saída da população do local.
USO DO SOLO
presença de vias de importância local e regional, como a Av. Perimetral Norte e a Av. Leste-Oeste, que são atrativas no que tange ao impulsionamento da economia local.
MOBILIDADE
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espaços públicos pouco utilizados pela população, por falta de atratividade e, inclusive, de conhecimento por parte dos moradores.
potencial para o desenvolvimento turístico da região, devido a visão panorâmica da cidade presente no local.
presença de espaços vazios que podem auxiliar na permeabilidade do solo e serem utilizados como solução de drenagem urbana.
INFRAESTRUTURA
não existência de outras formas de transporte alternativos ao uso do veículo; alto fluxo de veículos e poucas alternativas ao pedestre.
áreas vazias que possam ser utilizadas em prol da população local, com espaços de uso coletivo;
ESPAÇOS LIVRES
transporte coletivo saturado, com poucas linhas passando na região;
a região apresenta inúmeros problemas decorrentes da ineficácia do sistema convencional de drenagem urbana, com pontos de alagamento, intensificados pela topografia íngreme; calçadas com deficiência em relação a iluminação pública.
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
METAS
OBJETIVOS GERAIS
AÇÕES ESTRATÉGICAS
diminuição das desigualdades socioeconomicas da população e o déficit habitacional, além de promover a diversidade de usos.
melhoria da qualidade das habitações existentes e incentivo ao adensamento de forma controlada nas áreas de maior infraestrutura;
modificações na legislação em relação aos parâmetros urbanísticos adotados a fim de estimular o desenvolvimento comercial controlado na região e incentivar o uso misto.
incentivo ao deslocamento pedonal, transporte coletivo e cicloviário.
melhoria da infraestrutura viária voltada para os deslocamentos pedonais e formas de transportes alternativos, como o cicloviário e incentivo a transporte coletivo.
implantação de ciclovias nas vias principais de uso coletivo; faixas exclusivas de ônibus e pontos de travessia para o pedestre, com faixas elevadas e cruzamentos mais seguros.
explorar o potencial turístico da região no que tange a visão panoramica da cidade e a utilização dos espaços livres como áreas de uso coletivo.
incentivo ao uso dos espaços públicos pela população, induzindo a coletividade e a interação social, favorecendo a significação do espaço da cidade e aumentando a segurança local.
melhoria da qualidade dos espaços públicos existentes, como o parque e a praça, inserindo novas atividades;
solucionar problemas recorrentes à infraestrutura de drenagem das águas pluviais na região a partir da implantação de soluções compensatórias.
melhoria da drenagem urbana na região a fim de solucionar os transtornos causados por inundações e enchentes.
novas formas de drenagem urbana para complementar a existente, com jardins de chuva, biovaletas, bacias de retenção e pavimentação drenante.
incentivar o uso misto na região a fim de utilizar o espaço e a infraestrutura existente e impulsionar o desenvolvimento socioeconomico.
proposição de novos espaços nas áreas livres; como um parque mirante interligado ao parque existente, e um espaço de cultivo comunitário.
60
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO EIXOS DE INTERVENÇÃO
SIGNIFICAR 3 EIXOS DE INTERVENÇÃO
MORFOLOGIA O eixo morfologia envolvem alterações nos elementos morfológicos da área de estudo (vias, quadras e lotes) a partir de ações que possibilitem uma melhoria da qualidade do espaço urbano coletivo. Trata-se da readequação das vias estruturantes, que são aquelas por onde circula o transporte coletivo e possui o maior fluxo de veículos, modificações nas vias locais, transformando-as em ruas compartilhadas e a união das quadras, requalificando o espaço existente com o mínino de modificações no traçado urbano.
61
SISTEMAS DE INFRAESTRUTURA VERDE Consiste em soluções visando a detenção e/ou infiltração das águas pluviais por um determinado período, a fim de visar a diminuição da vazão e possibilitar a liberação desta aos poucos no sistema de drenagem convencional ou permitir a infiltração no solo, recarregando o lençol freático. Dentre as soluções alternativas mais difundidas se encontram elementos componentes da chamada infraestrutura verde , que podem ser divididos em sistema de áreas verdes e pavimentação drenante.
ESPAÇOS PÚBLICOS O terceiro eixo de estudo compreende a criação de espaços de uso coletivo em áreas vazias e/ou subutilizadas como forma de dar identidade ao local e trazer um significado para os residentes que se interagem com o espaço da cidade nos Setores Perim e Itamaracá, possiblitando criar laços de memória e sentimento de pertencimento. Trata-se do Parque Mirante que complementa o Parque Itamaracá existente em uma área sem uso, e o Espaço de Cultivo Orgânico, voltado para a prática de agricultura urbana que envolve a população a fim de ampliar o senso de comunidade.
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá ESPAÇOS PÚBLICOS • Espaço de Cultivo Orgânico • Parque Mirante
ÁREAS VERDES • Jardins de Chuva • Biovaletas • Bacias de Retenção • Canteiros Verdes
RUAS ESTRUTURANTES • Redesenho das Vias Estruturantes; • Ciclovia;
UNIÃO DAS QUADRAS E RUAS COMPARTILHADAS • União das calçadas em vários pontos; • Vias Compartilhadas.
SITUAÇÃO EXISTENTE Figura 58: Eixos de Intervenção Fonte: Elaborado pelo Autor
A Proposta Geral de Intervenção nos Setores Perim e Itamaracá engloba uma série de transformações urbanas INFRAESTRUTURA VERDE • Jardins de Chuva propostas a fim de possibilitar uma melhoria na qualida• Biovaletas • Bacias de Retenção de do espaço urbano daquele local e visando a criação de • Canteiros Verdes uma identidade que atualmente não possui. Ela envolve desde alterações morfológicas nas quadras e melhoria da permeabilidade e acessibilidade como também, e principalmente, a criação de novos espaços públicos voltados para a população residente, explorando áreas anteriorRESTRUTURAÇÃO mente vazias e subutilizadas. DO SISTEMA VIÁRIO • Escolha e Redesenho das Vias Estruturantes; • Modificação das Vias Locais para Vias Compartilhadas TRANSPORTE ALTERNATIVO • Criação de ciclovias estabelecendo um circuito pelo bairro
Essas intervenções têm como objetivo estabelecer uma nova identidade para os bairros além de possibilitar o desenvolvimento local, a partir de de modificações no desenho urbano dos espaços públicos que valorizem o traçado existente e permanência da população residente
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho consistiu em uma análise do local, onde foram identificadas as características do espaço urbano existente que possibilitaram uma maior compreensão das condições soREDESENHO DAS QUADRAS • Modificação das Quadras, com a união dasciais calçadas existentes e quais as problemáticas principais a seem vários pontos rem solucionadas pelo processo de requalificação urbana. Para isso, foram propostas alterações no território a partir de três eixos, morfologia, sistema de infraestrutura verde e espaços públicos, que possibilitam direcionar os processos de modificações do espaço urbano para os pontos que se encontram fragilizados no contexto atual, e que em conjunto possuem o objetivo de modificar a realidade social sem alterar de forma negativa a paisagem urbana local, valorizando os elementos existentes e modificando apenas o necessário, evitando, inclusive, a desapropriação da população residente, além de criar espaços que diminuam a segregação social existente e reduzam os efeitos da gentrificação.
62
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO PLANTA DE IMPLANTAÇÃO E PROGRAMA Dentre as principais modificações com relação ao desenho urbano estão a readequação das vias mais importantes dos bairros, criando uma nova configuração para elas que valorize mais o pedestre e o transporte coletivo em detrimento do transporte individual, além da mudança nas vias locais, elevadas e transformadas em compartilhadas, uma vez que a sua utilização se restringe, em sua maioria, pelos moradores que circulam pelo bairro e acessam as edificações. Aliados à essas modificações, serão desenvolvidas propostas de drenagem urbana alternativa como solução compensatória ao sistema tradicional, ampliando a infiltração e permeabilidade do solo.
1
Readequação das Vias Estruturantes e Implantação das Ruas Compartilhadas Implantação de Ciclovia Uso de faixas elevadas para pedestre Melhoria e Readequação das calçadas
63
Implantação do Parque Mirante A = 16.635,00 m² Implantação de um mirante com Deck Espaços de estar e contemplação Paraciclo
Iluminação Pública Solar
Quanto aos espaços públicos, que são os elementos escolhidos para o desenvolvimento do anteprojeto, eles envolvem a criação de um espaço de cultivo orgânico em um conjunto de lotes vazios na parcela central da área de intervenção com atividades que vão além do cultivo de espécies, mas também que trazem oportunidades de emprego para a população, com o desenvolvimento de atividades ligadas à agricultura urbana, educação ambiental para crianças e jovens, além de um pavilhão para a manifestação cultural da população, que pode ser utilizado para fins diversos, de acordo com a necessidade da população. O parque mirante, por sua vez, foi uma proposta desenvolvida como forma de solução topográfica de uma área íngreme do bairro e sem utilização, mas que possui um grande potencial turístico pela vista que oferece da cidade de Goiânia. Ele foi desenvolvido como um complemento do parque já existente, com novas atividades propostas, e pensado como um lugar de lazer e descanso mas também voltado para manifestações culturais e artísticas para a população local, possibilitando uma maior interação com o espaço e alcançar um sentimento de pertencimento local.
4
Arborização das vias Redesenho e ampliação dos Pontos de Ônibus Retenção e Infiltração de Águas Pluviais
2
Implantação de um Espaço de Cultivo Orgânico Comunitário A = 19.220,20 m²
Paisagismo Adequado
Espaços Pet Friendly Estímulo à arte urbana, com galeria aberta (Graffiti) Implantação de Ciclovia Quiosques
Espaços de estar e contemplação
Parede de Escalada
Hortas Urbanas Coletivas
Mesa de Jogos
Estufas
Xadrez Gigante
Pomar Urbano
Redário
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá +750 +755
+760
+765
+775 +780 +785
+790
N
+750
1
+750
+790
+745 +785
+740 +735
1
+730
+780
1
+725 +720
+775 +770 +765 +760 +755 +750 +745 +740
2
+715
+735 +710
+730 +725 +720 +715 +710
1
+705
3
+705
Figura 59: Planta de Implantação Geral da Intervenção Fonte: Elaborado pelo autor
0
50
150
250 m
64
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO MORFOLOGIA UNIÃO DAS QUADRAS COM INSERÇÃO DAS RUAS COMPARTILHADAS A implantação das quadras em um determinado espaço da cidade define os espaços de circulação e pode ser atrativo ou não para as pessoas. Quadras muito extensas são cansativas e pouco convidativas ao caminhar, enquanto que àquelas de pequenas dimensões são pouco usuais do ponto de vista imobiliário. Portanto, se faz necessário pensar no desenho das quadras que esteja em uma posição mediana entre esses dois aspectos, valorizando o espaço e principalmente o pedestre, que é o maior usuário desses locais.
A partir da análise das condições morfológicas do local (sistema viário, implantação das quadras) apresentadas pelo diagnóstico do bairro, foi proposto a união das quadras por meio da junção das calçadas entre elas e a criação de espaços de permeabilidade, retornando, inclusive, ao desenho original proposto para o residencial Itamaracá, com os jardins nas vielas, possibilitando ao pedestre novas formas de circulação por entre os espaços públicos do bairro e facilitar o acesso aos equipamentos sociais, além de criar respiros urbanos e espa-
3,25
2,5
2,85
CALÇADA FAIXA DE JARDIM DE ROLAMENTO CHUVA
13
65
3,7 CALÇADA
2,6
2,5
2,5
JARDIM FAIXA DE DE CHUVA ROLAMENTO
3,7 CALÇADA
ços de uso coletivo intraquadras, reforçando o caráter comunitário do local. Para isso, as vias locais foram transformadas em ruas compartilhadas, e o espaço destinado ao veículo reduzido, ficando restrito, em sua maioria, apenas ao acesso às edificações existentes intraquadras. Assim, o espaço destinado ao pedestre se amplia e a região se transforma em um local de encontros e sociabilização entre os moradores, além de uma maior ligação entre o espaço privado e o público, uma vez que o espaço compartilhado se torna uma extensão das edifcações e se integra com elas.
4,4 CALÇADA
CORTE TIPO RUA COMPARTILHADA 13 METROS COM JARDIM DE CHUVA 0 2,5 5 m
CORTE TIPO RUA COMPARTILHADA 15 METROS COM JARDIM DE CHUVA 0 2,5 5 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
N
Legenda Quadras Unidas Vias Compartilhadas Área de Intervenção Figura 60: Planta de Quadras Unidas e Ruas Compartilhadas Fonte: Elaborado pelo autor
0
50
150
250 m
66
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO MORFOLOGIA
READEQUAÇÃO DAS VIAS ESTRUTURANTES Com a modificação do desenho das quadras e a elevação das ruas locais com a calçada criando as ruas compartilhadas, as demais vias passarão a receber o fluxo maior de veículos e principalmente do transporte coletivo. Para isso, foram definidas mudanças na organização das vias principais, aqui denominadas de estruturantes, pois oferecem conexão e interligação da área com outros pontos da cidade, a partir de alterações na distribuição
67
das faixas de utilização, reduzindo o espaço destinado ao veículo ao mínimo possível e ampliando a área voltada para o pedestre e transporte coletivo, além da implantação de uma ciclovia. Na Av. Mato Grosso do Sul, devido a sua configuração não ser regular ao longo de seu trecho, com várias dimensões de caixa viária, foi definido quatro faixas de rolamento para veículos, sendo duas para o ônibus, que atende
3
2,4
CALÇADA
CICLOVIA
,6
3,25 FAIXA DE ROLAMENTO
3,25 FAIXA DE ÔNIBUS
22
3,25
3,25
3
FAIXA DE ÔNIBUS
FAIXA DE ROLAMENTO
CALÇADA
a parcela de menor dimensão da via e em trechos cuja caixa viária é maior, foram implantados os pontos de ônibus e/ou biovaletas no centro, a fim de auxiliar na drenagem urbana. A não regularização de toda a vida e a manutenção das suas dimensões atuais vai de acordo com a proposta geral da intervenção que visa a requalificação do tecido existente, sem grandes alterações morfológicas .
CORTE AV MATO GROSSO DO SUL 22 METROS 0 2,5 5 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá N
PLANTA AV. MATO GROSSO DO SUL 50
0
2,5
2,4
CALÇADA CICLOVIA
3,6
3
PONTO DE ÔNIBUS
FAIXA DE ÔNIBUS
3
3
FAIXA DE FAIXA DE ROLAMENTO ÔNIBUS
3
3
FAIXA DE CALÇADA ROLAMENTO
100
200 m
CORTE AV MATO GROSSO DO SUL PONTO DE ÔNIBUS 0 2,5 5 m
23,5
3
2,4
CALÇADA
CICLOVIA
,6
3
3,5
3
3,5
FAIXA DE ROLAMENTO
FAIXA DE ÔNIBUS
BIOVALETA
FAIXA DE ÔNIBUS
25
3
3
FAIXA DE CALÇADA ROLAMENTO
CORTE AV MATO GROSSO DO SUL 25 METROS COM BIOVALETA 0 2,5 5 m
68
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO MORFOLOGIA
N
PLANTA AV. PERIM 0
3 CALÇADA
3,4 FAIXA DE ROLAMENTO
3,4 FAIXA DE ROLAMENTO
1,5
2,4 CICLOVIA
25
69
1,5
3,4 FAIXA DE ROLAMENTO
3,4 FAIXA DE ROLAMENTO
3 CALÇADA
50
100 m
CORTE AV PERIM 25 METROS 0 2,5 5 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
N
PLANTA AV. RIT-01 0
Com relação a Av RIT - 01, as modificações propostas tem relação com a melhoria da via, que margeia os limites do condomínio horizontal de luxo existente e que se encontra atualmente em condições precárias de utilização. Para isso, foi proposto a criação de calçada ao lado do muro e a redução do número de faixas de rolamento para dois, com duplo sentido, além de uma ciclovia, dando prioridade ao pedestre. Além disso, para reduzir o efeito visual negativo do limite existente e estimular o deslocamento pedonal, o atual muro de concreto foi substituído por um modelo mais aberto, com gradeamento no campo visual do pedestre, ampliando a permeabilidade da paisagem e diminuindo a sensação de segregação física.
3,5 CALÇADA
2,4 CICLOVIA
,6
3
2,5
FAIXA DE FAIXA DE ROLAMENTO ROLAMENTO /ÔNIBUS
16
4 CALÇADA
50
100 m
CORTE RUA RIT - 01 16 METROS 0 2,5 5 m
70
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO MORFOLOGIA N
PLANTA ALAMEDA ITAMARACÁ 0
A reorganização da Alameda Itamaracá foi pensada de forma a compor toda a intervenção realizada nos espaços públicos e possibilitar uma melhor organização do tráfego de veículos de forma a priorizar a passagem do pedestre. Dentre as alterações propostas, destaca-se a inserção da ciclovia, que margeia todo
o Parque Itamaracá e se insere dentro do novo parque proposto; a organização das vagas de estacionamento, destinando um espaço demarcado para os veículos estacionarem pela via, retirando as vagas existentes no parque; faixas de pedestre elevadas, proporcionando uma maior acessibilidade e estabelecendo uma conexão entre os espa-
25
50
ços públicos, os equipamentos sociais próximos e as habitações, criando uma permeabilidade; e por fim, o estabelecimento de um ponto de ônibus em frente ao posto policial para permitir o amplo acesso ao local.
PARQUE ITAMARACÁ
2,5
71
2,5
5,3
3
CALÇADA FAIXA DE FAIXA DE ROLAMENTO ÔNIBUS
ESTACIONAMENTO
19
3,3
2,4
CALÇADA
CICLOVIA
CORTE ALAMEDA ITAMARACÁ ESTACIONAMENTO 0 2,5 5 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
PARQUE ITAMARACÁ
2,5
2,5
3
3
2,4
5
FAIXA DE CALÇADA FAIXA DE ROLAMENTO PARADA DE ROLAMENTO /ÔNIBUS ÔNIBUS
PONTO DE ÔNIBUS
CICLOVIA
4,8 CALÇADA
GUARDA CIVIL PARQUE ITAMARACÁ
CORTE ALAMEDA ITAMARACÁ PONTO DE ÔNIBUS 0 2,5 5 m
23,2
PARQUE ITAMARACÁ
2,5
2,5
3
1
FAIXA DE CALÇADA FAIXA DE ROLAMENTO ROLAMENTO /ÔNIBUS
15,3
2,4
3,9
CICLOVIA
CALÇADA
CORTE ALAMEDA ITAMARACÁ 15,30 METROS 0 2,5 5 m
72
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO SISTEMA DE INFRAESTRUTURA VERDE SISTEMA DE ÁREAS VERDES PARA INFILTRAÇÃO E/OU RETENÇÃO O sistema de áreas verdes envolve um conjunto de soluções compensatórias à drenagem urbana convencional que realizam a função de retenção e/ou infiltração das águas pluviais diretamente na fonte, aliada ao desenvolvimento paisagístico dos espaços públicos, expandindo as áreas de vegetação natural, como as bacias de retenção, as biovaletas e os jardins de chuva; Essas soluções tem como objetivo reduzir os transtornos causados pelos grandes volumes de água pluvial que escoam na superfície nos períodos chuvosos, como as inundações e a erosão do solo.
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
Além disso, a implementação dessas soluções visa, também, ampliar a arborização urbana nos bairros onde a intervenção ocorre e possibilitar a melhoria do microclima local, além de um melhor conforto ambiental nos espaços livres de uso público, possibilitando uma modificação na paisagem urbana com maior integração entre os espaços construídos e a área natural.
DETALHE BIOVALETA
RUA COMPARTILHADA
1,00
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
CALÇADA
20 40 10 30
CALÇADA
ADUBO SOLO COM BIORRETENÇÃO BASE DE CASCALHO EXTRAVASOR
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
GUIA DE PROTEÇÃO
DETALHE BIOVALETA
DETALHE JARDIM DE CHUVA
TALUDE 3:1
MATERIAL AGREGADO
SOLO EXISTENTE
DETALHE JARDIM DE CHUVA
73
GUIA DE PROTEÇÃO MURETA DE ARRIMO 1,35 30
AREIA
GUIA DE PROTEÇÃO 30
CANTEIRO
3,05
45 10 55 30
1,4
ENTRADA DA ÁGUA PLUVIAL
SOLO DE PLANTIO
EXTRAVASOR SOLO EXISTENTE
DETALHE BACIA DE RETENÇÃO
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
N
Legenda Áreas Verdes Área de Intervenção 0 Figura 61: Planta de Áreas Verdes Fonte: Elaborado pelo autor
50
150
250 m
74
PROPOSTA GERAL DE INTERVENÇÃO SISTEMA DE INFRAESTRUTURA VERDE SISTEMA DE PAVIMENTAÇÃO PERMEÁVEL
A escolha dos pavimentos a comporem o espaço do bairro se deu por meio da análise de sua durabilidade e a permeabilidade, além do melhor custo benefício dentre as opções disponíveis, sendo o bloco de concreto intertravado, conhecido popularmente como paver, o pavimento mais adequado para o contexto do bairro, que será aplicado em todas as calçadas das quadras modificadas pelo projeto. Com relação aos espaços públicos criados, o Espaço de Cultivo Orgânico e o Parque Mirante, será utilizado o bloco intertravado nas áreas onde as atividades ocorrem e nas principais circulações, e o concreto poroso nas rampas de acesso e deslocamento pelos ambientes. A diferença entre os tipos de pavimentos utilizados será diferente devido a inclinação que as rampas possuem, sendo mais recomendado o uso das placas de concreto poroso.
Figura 62: Corte Esquemático do Concreto Poroso Fonte: Google Imagens
INFILTRAÇÃO DA ÁGUA PLUVIAL GUIA DE CONTENÇÃO
25 15 25 15
Os pavimentos permeáveis consiste em uma solução que podem substituir a pavimentação convencional das vias no meio urbano com o objetivo de ser uma solução complementar à drenagem urbana. São técnicas implantadas em conjunto com a infraestrutura viária existente. Trata-se da solução compensatória pois se trata de um sistema que abrange a grande parte da cobertura construída dos espaços públicos e que pode possibilitar uma melhoria significativa do sistema de drenagem urbana.
Figura 63: Corte Padrão de Assentamento e Funcionamento dos Pavimentos Permeáveis Fonte: Produção do Autor
Figura 64: Tipos de Pavimentos Permeáveis utilizados Fonte: Google Imagens
75
AREIA DE ASSENTAMENTO BASE SUB-BASE SUB-LEITO
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
N
Legenda Pavimentação Permeável APP Ribeirão Anicuns Área de Intervenção Figura 65: Planta da área a ser inserida a Pavimentação Permeável Fonte: Elaborado pelo autor
0
50
150
250 m
76
77
Figura 66: Perspectiva do Espaço de Cultivo Orgânico Fonte: Elaborado pelo Autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
ESPAÇO DE CULTIVO ORGÂNICO ESPAÇOS PÚBLICOS 78
ESPAÇO DE CULTIVO ORGÂNICO PLANTA DE IMPLANTAÇÃO GERAL O Espaço de Cultivo Orgânico se trata de um espaço definido para a prática da agrucultura orgânica e atividades relacionadas a cultura local. Sua implantação ocorre em uma área com lotes vagos no Setor Perim, ao lado do conjunto habitacional de edificações populares e em frente a uma escola municipal de ensino fundamental, locais de grande fluxo de pessoas.
AGRICULTURA URBANA
A área é de aproximadamente 20.000 m² e a setorização foi definida a partir do desenho dos caminhos e da topografia local, sendo que nas áreas com menor desnível foram locadas as edificações de apoio e o Pavilhão Cultural e no espaço residual os canteiros para cultivo.
CULTURA
O pavilhão cultural foi pensado para ser um local de uso comunitário e coletivo voltado para eventos diversos, uso diário da população e feiras livres, visto que a região não possui esse tipo de atividade comercial e cultural em suas proximidades. A horta urbana comunitária foi idealizada a fim de trazer novas possibilidades de alimentação para a população, reforçando os laços comunitários, além de possibilitar o desenvolvimento de uma educação ambiental e nutricional ligada às práticas de cultivo e uma boa alimentação com produtos orgânicos. Além disso, trata-se também de um espaço para o desenvolvimento da economia local, uma vez que os alimentos produzidos podem ser comercializados em mercados de bairro.
+745
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
LAÇOS COMUNITÁRIOS
+740
ECONOMIA LOCAL
79
Figura 66: Planta de Implantação do Espaço de Culti Fonte: Elaborado pelo autor
+750
+755
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
N +755
ESTUFAS A = 524,62 m² +747 ADM A = 671,68 m² +747 PAVILHÃO CULTURAL A = 2.388,94 m² +745,50
Canteiro A = 1.865,33 m² +748
CANTEIRO A = 1.095,54 m² +747 +750
0 12,5 25
50 m
80
ivo Orgânico
+740
+745
81
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
ESPAÇO DEEDIFÍCIOS CULTIVO ORGÂNICO DE APOIO E PAVILHÃO CULTURAL 82
ESPAÇO DE CULTIVO ORGÂNICO EDIFÍCIOS DE APOIO E PAVILHÃO CULTURAL +750
N
As edificações de apoio envolvem os espaços destinados a administração da cooperativa responsável pelo espaço de cultivo, depósito de materiais e insumos, espaços para sementeiras e locias para o armazenamento das espécies colhidas, espaços para oficinas de educação ambiental, além de um pequeno mercado voltado para a venda da produção.
+750 +745
ESTUFAS A = 524,62 m² +747
As estufas são espaços destinados para o cultivo de plantas especiais que necessitam de um ambiente controlado, com temperatura e umidade constantes, e que não são aconselháveis de se deixar expostas em canteiros abertos. Além disso, as estufas podem servir como viveiros para a produção das sementes a serem cultivadas, e possibilitar uma maior variedade de espécies.
ADM A = 671,68 m² +747
PAVILHÃO CULTURAL A = 2.388,94 m² +745,50
Figura 67: Planta de Ampliação da Área Edificada Fonte: Elaborado pelo autor
+745 0 12,5 25
O pavilhão cultural consiste em um espaço coberto de livre utilização da população, que pode ser usado para feiras livres, apresentações culturais e quaisquer outros fins que atendam as necessidades dos moradores e que possibilitem a eles manifestarem
50 m
LNT
83
+746
4,08
+747 ESTUFA
7,37
+750,06 ESTUFA 4,06
+746
3,06 15 2,85 31
6,37
PAINEL CORTINA DE VIDRO
+746
+745,50 PAVILHÃO
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá ESPÉCIES POSSÍVEIS PARA CULTIVO NAS ESTUFAS
a sua identidade. A não definição de um uso específico para o local consiste em uma estratégia para permitir a apropriação do lugar pelas pessoas que irão utilizar, sendo necessário, apenas, a definição do espaço e a instalação da infraestrutura necessária para as atividades ocorrerem, com fechamento em placas de madeira e a cobertura em telhas metálicas trapezoidais, ideiais para grandes vãos. Vale ressaltar que as edificações propostas se encontram em nível preliminar pois não são o foco do projeto de intervenção e foram desenvolvidas para compor o conjunto do espaço de cultivo orgânico, que necessita de áreas voltadas para o apoio e manutenção local. Portanto, as áreas edificadas foram definidas como sendo espaços de uso coletivo e que se complementam com os canteiros e criam uma nova paisagem para o local, possibilitando uma melhoria da qualidade do ambiente urbano e novas possibilidades de atividades coletivas.
ESTRUTURA TRELIÇADA METÁLICA h = 1,50 m FECHAMENTO EM PLACAS DE MADEIRA 90
TOMATE
RABANETE
MORANGO
COGUMELO SHIITAKE
TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL i = 5%
CULTURAL
COUVE
Repolho
cogumelo piedade (Agaricus blazei)
ALFACE
ORQUÍDEAS
Beterraba
COGUMELO SHIMEJI (Pleurotus spp.)
ESTRUTURA TRELIÇADA METÁLICA h = 1,50 m
GUARDA CORPO METÁLICO h = 0,90 m
+746
PILAR EM ÁRVORE DE CONCRETO
0
6,25
12,5 m
CORTE ESPAÇOS EDIFICADOS
DETALHE ESTRUTURA DO PAVILHÃO
84
85
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
86
87
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
ESPAÇO DE CULTIVO ORGÂNICO HORTA URBANA COMUNITÁRIA 88
ESPAÇO DE CULTIVO ORGÂNICO HORTA URBANA COMUNITÁRIA +750
A horta urbana comunitária foi pensada como uma estratégia de agricultura voltada para o cultivo de espécies orgânicas que possam contribuir com a alimentação da população local assim como possibilitar um espaço de interação comunitária e uma forma, inclusive, de renda, uma vez que os produtos cultivados podem ser comercializados entre os moradores cotidianamente como feiras livres podem ser desenvolvidas no pavilhão ao lado.
N
Canteiro A = 1.865,33 m² +748
+750
+745 CANTEIRO A = 1.095,54 m² +747
O desenho e a disposição dos canteiros foi desenvolvido seguindo os mesmos traços dos outros espaços públicos existentes, como o parque e a praça, criando uma identidade visual interessante para o local, uma arquitetura da paisagem. Para isso, o espaço foi dividido em dois níveis conectados entre si por uma rampa com inclinação suave, para além de servir como conexão ser um local de contemplação da paisagem. O primeiro nível terá um enfoque para espécies de pequeno porte, rasteiras, enquanto que no nivel inferior ficará o pomar urbano, com as árvores frutíferas mais conhecidas e consumidas pela população. Além disso, nas limitações do espaço de cultivo orgânico serão plantadas árvores para a alimentação da fauna local, de variados portes, a fim de compor a paisagem local como também resgatar parte da natureza do Cerrado. PERGOLADO QUADRICULADO EM MADEIRA DE EUCALIPTO caibros 20x50
+745
0 12,5 25
50 m
PILAR CIRCULAR EM MADEIRA Ø 50 cm
+747,50
Figura 68: Planta de Ampliação dos Canteiros Fonte: Elaborado pelo autor
89
+747 CAN
ESPÉCIES POSSÍVEIS PARA CULTIVO ORGÂNICO
TAIOBA
ABÓBORA
INHAME
ESPÉCIES FRUTÍFERAS POSSÍVEIS PARA CONSUMO DA POPULAÇÃO
ESPÉCIES FRUTÍFERAS POSSÍVEIS PARA ALIMENTAÇÃO DA FAUNA LOCAL
Pepino
Mangueira
Jabuticabeira
CHICHÁ
AROEIRA MOLE
CENOURA
aceroleira
amoreira
CAGAITA
FOLHA-DE-SERRA
Caju do cerrado
GABIROBA
GUAMARÚ
ANGELIM-DO-CERRADO
PIMENTAS
TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL i = 5% ESTRUTURA TRELIÇADA METÁLICA h = 1,50 m +747,50
PAINEL CORTINA DE VIDRO GUARDA CORPO METÁLICO h = 0,90 m +748 CANTEIRO 1
+750
3,06
5,86
FECHAMENTO EM PLACAS DE MADEIRA
90
NTEIRO 2
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
0
6,25
12,5
m CORTE HORTA URBANA COMUNITÁRIA
90
91
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
92
93
Figura 69: Perspectiva do Parque Mirante Fonte: Elaborado pelo Autor
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
PARQUEESPAÇOS MIRANTE PÚBLICOS 94
+730
PARQUE MIRANTE PLANTA DE IMPLANTAÇÃO GERAL O parque mirante é uma intervenção proposta que visa a criação de um espaço público em uma região que de encontra atualmente abandonada e sem utilização pela população. Essa subutilizacao do espaço se deve muito as condições do sítio geográfico, pois é uma área resultante de um corte no terreno para a implantação do setor Perim que contrasta com a paisagem urbana e gera um pré-conceito negativo sob o local. Como forma de qualificar o espaço e transformar essa realidade, foram solucionadas as questões topográficas e criados espaços de uso coletivo que possibilite uma nova identidade para o local e que valorize a população residente, aliando questões tecnicas com soluções de projeto. Todos os espaços utilizam do sistema de pavimentos drenantes e possuem uma ampla área permeável, a fim de contribuir com a infiltração das águas pluviais.
+725
CONTEMPLAÇÃO
CULTURA
DESCANSO
+720
Dentre as áreas propostas estão: Um espaço destinado para jogos e atividades interativas diversas, com bastante sombreamento; Uma área para descanso e lazer mais passivo; Espaços pet friendly, uma nova tendência nos espaços públicos, sendo locais voltados para animais domésticos; Um deck mirante disposto nos limites da área a fim de valorizar e aproveitar a linda vista panorámica da cidade de Goiânia proporcionada pela grande altitude local E, por fim, uma galeria aberta, uma proposta de uso que utiliza a solução de contenção topográfica adotada (muro de arrimo) para a criação de um espaço de apropriação cultural voltado para manifestações artísticas da população local e de diversos locais, sendo um ponto de encontro entre pessoas distintas.
95
+715
INTERAÇÃO SOCIAL
Área de JOGOS A = 1.439,31 m² +730 +710
INTEGRAÇÃO COM O MEIO NATURAL
+705
Figura 70: Planta de Implantação do Parque Mirante Fonte: Elaborado pelo autor
e
+735
+740
+740
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá +735
N
+730
Mirante A = 660,10 m² +736,06
+725 Área de DESCANSO A = 498,64 m² +730 GALERIA ABERTA A = 6.285,64 m² +720
Área PET FRIENDLY A = 377,05 m² +730 Deck Mirante A = 769,89 m² +733 +720
0 12,5 25
+715
50 96 m
97
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
PARQUE MIRANTE ร REA DE JOGOS 98
PARQUE MIRANTE ÁREA DE JOGOS +730
+735
N
Área de JOGOS A = 1.439,31 m² +730
Figura 71: Planta de Ampliação da Área de Jogos Fonte: Elaborado pelo autor
A área de jogos do Parque Mirante consiste em um espaço para o desenvolvimento de atividades de jogos diversos, com mesas de de jogos, xadrez gigante e bancos de concreto no entorno, assim como um escadão/ arquibancada que pode ser utilizado para atividades que englobem um público maior como também se desenvolver em um local para convívio social e contato de pessoas. A arborização dessa área do parque foi pensada com a utilização de espécies de médio e grande porte na área central, próxima ao xadrez gigante, criando uma área de sombreamento que diminui a incidência solar
99
0
e possibilita a permanência nesses locais. Além disso, foram criados canteiros gramados que são extensões do escadão possibilitando a população de ter um contato com esse espaço natural e poder interagir com o local de diversas formas. Os acessos a área de jogos acontecem pelo calçadão do parque, por meio das escadarias, como também pela rampa lateral, devidamente protegida por guarda-corpo, possibilitando que pessoas de diversas condições em relação a mobilidade possam utilizar o espaço.
12,5
25
50 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
10,56
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
1,10
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
MURO DE ARRIMO e = 20 cm +730 ÁREA DE JOGOS
ESCADÃO E CANTEIRO GRAMADO 2,31
ÁREA COM PERGOLADO
1,10
XADREZ GIGANTE
ESCADÃO/ARQUIBANCADA EM CONCRETO e = 50 CM
LNT
+720 GALERIA ABERTA
0
6,25
12,5 m
CORTE ÁREA DE JOGOS
100
101
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
PARQUEร REAMIRANTE DE DESCANSO 102
PARQUE MIRANTE ÁREA DE DESCANSO +730
+735
N
Área de DESCANSO A = 498,64 m² +730
Figura 72: Planta de Ampliação da Área de Descanso Fonte: Elaborado pelo autor O espaço definido como área de descanso consiste em um local cujas atividades mais importantes são aquelas que envolvem o lazer passivo, voltadas para o repousar, ler, descansar, ações que necessitam de maior tranquilidade. Para isso, o espaço foi desenvolvido com uma ampla área gramada e uma arborização que favoreça o sombreamento e um conformo ambiental maior para o local, colocando a disposição redes para a população, bancos para leitura dispostos sob as árvores, e espaços amplos para a apropriação da população.
103
0
12,5
Além disso, é um espaço que foi desenvolvido para a apreciação e contemplação da paisagem urbana de Goiânia, uma vez que as redes foram dispostas de forma a valorizar essa visualização. Esse contato com o meio natural e a disponibilidade de locais para descanso no espaço público favorece a interação entre as pessoas e se torna um refúgio em meio ao frenesi que ocorre diariamente nas cidades, favorecendo uma melhoria da qualidade de vida da população residente nesse espaço. Outro aspecto importante na definição e concepção desse setor foi propiciar um local agradável que incentivasse a prática da leitura, seja individual ou coletiva.
25
50 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
REDÁRIO
ÁREA COM PERGOLADO
MURO DE ARRIMO e = 20 cm
PERGOLADO EM MADEIRA DE EUCALIPTO
ESCADA EM CONCRETO espelho = 16,5 cm +732 AREA DE DESCANSO
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
12,00
LNT
11,60
PAINEL INTERATIVO EM BRANCO
10,23
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
1,10
MURO DE ARRIMO (PAINEL DE GRAFITE)
ÁREA COM BANCOS
+720 GALERIA ABERTA
0
6,25
12,5 m
CORTE ÁREA DE DESCANSO
104
105
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
PARQUE ร REAMIRANTE PET FRIENDLY 106
PARQUE MIRANTE +730
ÁREA PET FRIENDLY
+735
N
Área PET FRIENDLY A = 377,05 m² +730
Figura 73: Planta de Ampliação da Área Pet Friendly Fonte: Elaborado pelo autor A área PET Friendly consiste em um espaço voltado para os animais domésticos, com mobiliários que possibilitam a interação entre eles e o espaço da cidade. A intenção em criar uma área com essa utilização veio da crescente demanda que os espaços públicos possuem para a inclusão dos pets como utilizadores desses locais, uma vez que um número cada vez maior da população da cidade possui animais de estimação e realizam atividades diárias com eles. Portanto, a criação de uma área voltada para eles incentiva as pessoas de utilizarem o espaço público com
107
0
maior frequência, atraindo a população para o local e dinamizando a região. Os acessos a essa área ocorrem por meio de escadas e rampas na área de descanso como também de forma direta pelo calçadão, visto que se encotram no mesmo nível.. A arborização do local fica a cargo de ipês de coloração roxa que integra com a cor utilizada na pavimentação em blocos intertravados de concreto, além de áreas gramadas nos demais espaços permeáveis.
12,5
25
50 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
MOBILIÁRIOS PARA CÃES
ESPAÇOS PET
MOBILIÁRIO PARA GATOS
MURO DE ARRIMO e = 20 cm +733 PET FRIENDLY
PERGOLADO EM MADEIRA DE EUCALIPTO GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
12,57
LNT
11,61
PAINEIS INTERATIVOS EM BRANCO
10,80
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
1,10
MURO DE ARRIMO (PAINEL DE GRAFITE)
+720 GALERIA ABERTA
0
6,25
12,5 m
CORTE ÁREA PET FRIENDLY
108
109
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
PARQUE MIRANTE GALERIA ABERTA 110
PARQUE MIRANTE +725
+730
GALERIA ABERTA
+735
+735
+730
N
+720 +715
+725
+710
GALERIA ABERTA A = 6.285,64 m² +720
+710
+715
Figura 74: Planta de Ampliação da Galeria Aberta Fonte: Elaborado pelo autor A Galeria Aberta é um espaço amplo que foi idealizado em conjunto com as demais atividades como forma de solução topográfica do local, a fim de amenizar o grande desnível existente e dar uma utilização específica para essa área. Para isso, foi criado uma plataforma em um único nível que tem acesso pela Avenida Mato Grosso do Sul e estabelece uma conexão com o Residencial Itamaracá. Com isso, foi definido a construção de um muro de arrimo como forma de contenção do terreno, haja visto a elevada inclinação do local Como forma de reduzir o efeito visual negativo de um grande paredão de concreto, a galeria aberta oferece a possibilidade de ser um espaço para manifestações da arte de rua, a partir dos grafites, que representa uma das principais formas de expressão da população, principalmente dos mais jovens.
111
Além disso, foi proposto em conjunto uma parede de escalada como uma alternativa para a prática esportiva no bairro, que se localiza entre a galeria e o calçadão, com uma altura de 13 metros. Essas modificações foram feitas visando uma ampliação da oferta de espaços culturais voltados para a população e que possui um efeito transformador da realidade social, sendo um elemento identitario do espaço urbano e contribuindo para o processo de significação do bairro, atraindo não somente a população que reside nas imedicações, como também a população da cidade em geral, visto que com a criação de um espaço dessa amplitude e organização, ele se torna um catalisador das dinâmicas urbanas recorrentes nas cidades contemporâneas e contribui para a manutenção das atividades sociais nos espaços públicos.
+720
0 12,5 25
50 m
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
PAINEL DE GRAFITE
PAINEIS INTERATIVOS
PAREDE DE ESCALADA
PAREDE DE ESCALADA h = 13m
13,00
12,82
12,00
11,60
9,95
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
1,10
MURO DE ARRIMO (PAINEL DE GRAFITE)
+733 CALÇADA
+733 ÁREA DE DESCANSO
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
+720 GALERIA ABERTA
0
6,25
12,5 m
CORTE GALERIA ABERTA
112
113
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
114
115
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
PARQUE MIRANTE DECK MIRANTE 116
PARQUE MIRANTE DECK MIRANTE +725
+730
+735
N
+730
O Deck Mirante foi idealizado para propiciar um local de admiração da paisagem de Goiânia a partir da vista panorâmica existente no local. Ele foi locado em uma área de limite do bairro, onde se encontra uma área de barranco sem utilização, resultado de um corte não resolvido do terreno, e possui um balanço significativo que avança sobre a calçada, possibilitando a criação de um ambiente diferenciado para a população. Com relação a solução topográfica, foi proposto a implantação de um muro de arrimo como forma de contenção do terreno de apoio para o deck em balanço, reduzindo os riscos de deslizamentos de terra e possibilitando a criação do espaço da galeria aberta.
+735 Mirante A = 660,10 m² +736,06
+725
O espaço foi dividido em dois níveis, no qual o inferior possui áreas abertas e cobertas, para que possa ser utilizado tanto em dias ensolarados quanto chuvosos, além de que possibilita a utilização dessa área para atividades diversas além da contemplação, definidas de acordo com as necessidades da população. O nível superior é totalmente aberto e foi desenvolvido pensando em criar um mirante que ampliasse a vista e possibilitasse uma visualização mais ampliada do local. Com relação a estrutura, foi pensado em utilizar vigas inclinadas de concreto para o balanço, com uma viga de borda que margeia o deck, onde se apoiariam no muro de arrimo, e estrutura em madeira para a sustentação do mirante elevado, além de ripas de madeira de eucalipto reflorestado para o revestimento do piso.
Deck Mirante A = 769,89 m² +733
+715 +715
0 12,5 25
Figura 75: Planta de Ampliação do Deck Mirante Fonte: Elaborado pelo autor
117
50 m
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
1,10
+720
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracá
N
N
Projeção do Mirante Pilar em Madeira 30x30
Viga em Madeira 15x30 Viga em Concreto 15x30 espaçamento 2 em 2 metros
Muro de Arrimo e = 20cm Guarda-Corpo Metálico h = 1,10m
Viga em Concreto 30x50
Piso do Deck em Madeira de Eucalipto Reflorestado
50 m
0 12,5 25 Figura 77: Planta de Estrutura do Deck Mirante Fonte: Elaborado pelo autor ESCADA EM MADEIRA espelho = 18 cm
4,16 3,06 1,10
12,85
PILAR EM MADEIRA 30X30 +723,06 MIRANTE
9,85
MURO DE ARRIMO (PAINEL DE GRAFITE) +733 DECK MIRANTE
13,00
12,10
MURO DE ARRIMO (PAINEL DE GRAFITE)
12,96
GUARDA CORPO METÁLICO h = 1,10 m
12,67
1,10
PILAR DE CONCRETO INCLINADO VIGA DE BORDA E PILAR INCLINADO EM CONCRETO
50 m
LNT
DECK EM MADEIRA DE EUCALIPTO REFLORESTADO
+730,35
2,63
Figura 76: Planta de Estrutura do Deck Mirante Fonte: Elaborado pelo autor
6,94
0 12,5 25
2,91
Viga de Borda em Concreto 30x30
+723
+720 GALERIA ABERTA
0
6,25
12,5 m
CORTE DECK MIRANTE
118
119
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
120
121
SIGNIFICAR Uma Identidade no Setor Perim e Itamaracรก
122
CONSIDERAÇÕES FINAIS As dinâmicas encontradas nessa parcela do território de Goiânia traduzem as mutações existentes na metrópole como um todo. Além disso, existe uma tendência de ocupação desses espaços por empreendimentos imobiliários ligados a construção de blocos de apartamentos, o que modifica a ocupação do espaço e consequentemente alterações na forma de uso do solo, já que traz uma nova maneira de se estabelecer o uso residencial como também ocasiona uma valorização do solo urbano.
área que utilizem de serviços em comum e movimentem um local. O que se faz necessário, portanto, é olhar para a cidade e pensar em maneiras de torná-la mais flexível do que atualmente se encontra, e que os espaços de circulação de veículos possam se tornar espaços públicos diversos quando não são utilizados, ampliando as possibilidades de se ter uma movimentação de pessoas sem necessariamente criar uma aglomeração.
Este processo intensifica a separação do indivíduo da sua coletividade, do domínio público, que prefere manter o seu anonimato a estabelecer conexões com a sociedade. Com isso, grande parte dos espaços livres de uso público perdem a sua importância na cidade como ponto catalisador das dinâmicas sociais, se restringindo a meros espaços entre as edificações e a estrutura viária.
O trabalho realizado nos setores Perim e Itamaracá tem esse olhar para a cidade voltada para o pedestre e possibilita que as pessoas circulem pelo bairro por diversos caminhos diferentes, e os espaços públicos possuem grandes dimensões e acessos diversos para que as pessoas possam utilizá-los da forma mais pertinente a sua necessidade. Incentiva o uso da bicicleta como meio de transporte, além do transporte coletivo, e amplia as áreas de vegetação local para assim possibilitar uma maior circulação dos ventos úmidos pelos bairros. Vale ressaltar que o trabalho não se embasa em possibilitar soluções para as cidades pós pandemia, pois quando sua base teórica foi definida o contexto histórico e social era outro, porém ele pode ser utilizado e adaptado de forma a atender as novas necessidades da sociedade.
Em detrimento desses processos de desvalorização do espaço público, foram desenvolvidas as alterações no espaço urbano dos Setores Perim e Itamaracá, a fim de trazer uma nova situação frente as mutações recorrentes em Goiânia, buscando dar um significado para o espaço urbano e incentivar o senso de comunidade e a diversidade social da população, fomentando o coletivo em detrimento do individual, promovendo uma qualificação das áreas urbanas livres e a integração entre o público e privado, de forma a incluir a sociedade nos processos de transformações das cidades. Com isso, as dinâmicas recorrentes no espaço urbano podem se direcionar para um caminho mais humanista e voltado para quem realmente o utiliza, as pessoas, possibilitando que a população que se encontra nesse local cuja história tem marcas de descaso público possa se sentir pertencente do bairro e participante ativa da cidade.
Como serão as cidades pós pandemia? O questionamento acima é interessante de ser realizado em um contexto histórico de mudanças na sociedade, uma vez que a pandemia provocada pelo novo coronavirus trouxe uma modificação no estilo de vida da população urbana, onde algumas ações relacionadas ao higienismo passaram a ser prioritárias, como lavar as mãos. Essas novas exigências refletem certamente em como as cidades são pensadas e qual o papel delas em meio a essa situação. O uso do termo cidade compacta se encontrava em alta, aumentar as densidades era o mais frisado pelos planejadores urbanos e pensadores da cidade, uma vez que esse modelo de cidade possibilitaria uma diversidade maior de usos, de classes sociais e possibilitaria o cumprimento da função social da cidade descrita pelo Estudo da Cidade de 2001. Porém, quando nos deparamos com uma situação onde esses critérios e diretrizes de projeto urbano são colocados em xeque, uma vez que é recomendável manter distância entre as pessoas do que incentivar as aglomerações, como pode-se pensar as cidades para um contexto pós pandemia, e de que forma a intervenção proposta auxiliaria nesse processo? A cidade compacta não é a vilã da história, e as densidades não são o principal problema das cidades nesse atual momento, e sim a forma como isso é interpretado e materializado no espaço urbano. Incentivar o adensamento em um local não é sinônimo de edificações altamente verticalizadas, mas sim ampliar o fluxo de pessoas em uma determinada
Por fim, é importante salientar que essa discussão não possui uma resposta clara e correta, pois a sociedade está nesse momento em um processo de mutação junto com as cidades e ainda não é possível vislumbrar com certeza como agir frente a essa nova condição urbana, apenas existem hipóteses e vislumbres de um futuro próximo. É necessário, portanto, estar de mente aberta e preparado para esse futuro incerto pelo qual a arquitetura e o urbanismo se encontra, e estar pronto para um novo olhar sobre a cidade contemporânea.
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ANEXOS - CADERNO DE MOBILIÁRIOS 135
60
50
80
100
40
BEBEDOURO
90
60
135
LIXEIRA
50
640
45
640
BANCO 01
325
50
50
325
325
45
45
325
BANCO 02
BANCO 03 170 45
50
170
BANCO 04
ANEXOS - CADERNO DE MOBILIÁRIOS
2,00
40
1,10
3,00
0,90
40
QUIOSQUE
3,00
2,40
2,10
2,45
3,35
3,00
5,00
PONTO DE ÔNIBUS
3,00
2,00
2,60
3,00
3,20
2,86
7,90