Caderno Sonoro

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2 DE NOVEMBRO DE 2013

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#1 - EDIÇÃO PILOTO

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cadernosonoro@yahoo.com.br

LEIA NO VOLUME MÁXIMO

A PRÉ-HISTÓRIA DA LES PAUL PÁGINA 6

NOVO NA CIDADE

Com masterização norte-americana, Roudini e os Impostores lançam o álbum Eldorado em novembro

ESCOLA MUSICLASS REALIZA QUINTA EDIÇÃO DA AUDIÇÃO DE ALUNOS PÁGINA 7

PÁGINA 4

MUITO ALÉM DA ALTA

FIDELIDADE PÁGINA 3

SOM E A FÚRIA DO VINIL COM O SELO FONOGRÁFICO 180 PÁGINA 3


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EDITORIAL

NOTÍCIAS

O MOTOQUEIRO FANTASMA

Leia com o volume no MÁXIMO

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lô, alô, caro leitor. Seja bem-vindo às páginas do SONORO, um projeto que temos o orgulho de apresentar a vocês através de uma parceria com o jornal O Nacional. O caderno foi arquitetato e executado para uma disciplina do Curso de Jornalismo, da Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo. Abrangemos exclusivamente música – como o próprio nome deixa claro (esperamos!), focando principalmente no rock e no pop, com eventuais escapadas em direções opostas, mas sempre com o propósito de trazer à tona algumas versões diferentes daquilo que comumente é encontrado em veículos do ramo; por isso, tenha em mente que nosso objetivo principal não é abordar todas as novidades do mercado musical (já existem ótimas fontes para isso na internet), mas sim abordar discussões, olhares diferentes de pessoas que não necessariamente pertencem ao universo da teoria musical, dando um olhar mais geral e notadamente mais próximo à realidade do público que, como você, lê e aprecia boa música. Gostaríamos imensamente de agradecer a todos os amigos que de alguma forma participaram da composição do caderno, com dicas de matérias, entrevistas, contribuindo com textos e fotos. De resto, esperamos sinceramente que você curta essas páginas, aprenda alguma coisa e, principalmente, possa conhecer bandas novas, valorizando bandas daqui assim como as de fora. Um forte abraço, EQUIPE SONOR0 CADERNO SONORO Conteúdo, diagramação e projeto gráfico: -RAFAELA PSZYBYOVICZ -RAFAEL ZANOLLA CHAVES -MARCUS VINÍCIUS FREITAS Professor orientador: -FÁBIO ROCKENBACH Coordenadora do Curso de Jornalismo: - BIBIANA DE PAULA FRIDERICHS Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC) da Universidade de Passo Fundo. JORNAL O NACIONAL - Diretor Presidente: MÚCIO DE CASTRO FILHO - Editora Geral: ZULMARA COLUSSI

ODAIR JOSÉ: O RETORNO

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ue tremendão, que nada. O povo gosta mesmo é de Odair José. A alcunha de brega pode ter sido a algoz do músico, mas que isso não diminui a qualidade do trabalho dele, não diminui. Tanto é que a Universal Music lança agora em 2013 uma caixa com quatro discos do cara - Assim Sou Eu Odair (1972), PLAYLIST (1973), José INDICADO Lembranças (1974) e Odair (1975), intituQuatro lado Tons. Falar de sexo em plena dita Pare de tomar a pílula dura era para  Eu vou tirar você poucos. Sobredeste lugar viver à boemia,  Ela voltou às drogas e ao diferente  Eu queria ser casamento, enJohn Lennon tão, são fatos  A noite mais heroicos. Faça linda do mundo como outros grandes nomes da música brasileira, como Lulu Santos, Kid Abelha e Pato Fú: Escute Odair José, ainda mais pelo valor módico de 70 dilmas cobrados pela caixa. Se você de fato não curtir, é um ótimo presente para seu pai relembrar os tempos da boca-de-sino.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

ão, não estamos falando das HQs, nem muito menos dos filmes horríveis do anti-herói da Marvel. Estamos, isso sim, dando a vocês a chance de guardar algumas doletas para comprar o livro Ghost Rider, que será lançado no Brasil em março de 2014 pela editora gaúcha Belas Letras. A obra foi escrita pelo mestre das baquetas do Rush, Neil Peart, relatando suas viagens de moto pelo Canadá, Estados Unidos e América Central. Peart se refugiou nas estradas logo após perder a filha em um acidente de carro e a esposa para um câncer, em menos de um ano. No livro, ele não só comenta as viagens, mas questões culturais e existenciais, com a mesma maestria com que escreve as letras de sua banda. Sonoro recomenda!

UM CANAL DE RESPEITO Há três semanas, os grandes jornalistas de música Gastão Moreira, ex-VJ da Mtv e Bento Araújo, editor da revista Poeira Zine, iniciaram o canal Heavy Lero. A dupla lança vídeos semanais com cerca de dez minutos de duração, abordando os mais variados temas, com propriedade. Além dos vídeos, os caras disponibilizam links de vídeos e shows para praticamente tudo o que falam no programa, deixando material suficiente para a semana de espera, além de responder e interagir nos comentários.

UMA DESPEDIDA AMARGA

É O DESTINO...

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mais triste em dar adeus a um músico do porte de Lou Reed é ver que muitos o julgam pelo seu último lançamento em vida – a colaboração Lulu, com o Metallica. Faça-se um favor, volte alguns anos e ouça petardos como Transformer, Berlin, ou New York, ou ainda o clássico do Velvet Underground com a modelo e cantora Nico (sim, aquele disco da banana). Reed faleceu no domingo passado, dia 27, em casa, de um problema no fígado, transplantado há pouco. Quem sabe agora, ao menos, Reed possa reencontrar seu padrinho, o artista Andy Warhol.

Esse caderno faz parte de um projeto experimental para faculdade, e nós queremos seu feedback. Acesse o questionário através do QR code ao lado ou, se preferir, entre em contato pelo email cadernosonoro@yahoo.com.br. Muito obrigado!

COMBUSTÍVEL DA EDIÇÃO Zakk Wylde - Book of Shadows Neil Young & Crazy Horse Psychedelic Pill Opeth - Damnation The Cure - Disintegration Mumford & Sons - Babel Dave Matthews Band - Big Whiskey and the GrooGrux King

Aproveitando o lançamento de sua autobiografia no Brasil, o guitarrista do The Who, Pete Townshend acendeu fagulhas de esperança no coração de todos os fãs brazucas: em entrevista ao O Globo, o músico deixou uma mensagem clara: “Gosto dos barcos, dos aviões e das mulheres do Brasil. E iremos aí, E logo, É o destino”. Que o eco dessas palavras reverbere, para que gente possa, de fato, assistir a mais uma banda de dinossauros do rock em solo tupiniquim, em mais uma turnê de despedida.


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REPORTAGEM

MUITO ALÉM DA ALTA FIDELIDADE FOTOS: RAFAELA PSZYBYOVICZ

Fazer discos de vinil como eles realmente merecem ser. Esse é o foco do 180 Selo Fonográfico por MARCUS FREITAS midia.marcusfreitas@yahoo.com.br

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amos falar a verdade: pegar um álbum de vinil na mão, apreciar a arte e o encarte, manuseá-lo até os toca-discos e botar a agulha pra funcionar é bem diferente do que dar play em uma MP3. É outra vibe, quem curte e aprecia música a fundo sabe bem esse sentimento, esse ritual, mas também sabe como é difícil encontrar vinis de qualidade, ainda mais morando no Brasil. Além de ser especificamente para os audiófilos, o Selo Fonográfico 180 surge para suprir a falta de vinis de qualidade na região e no país. Criado pelo produtor Leonardo Marmitt e pelo jornalista Rodrigo de Andrade – popular Garras – o Selo 180 prioriza a qualidade e real alta fidelidade dos discos de vinis. Assim como selo vai bem além do som, o bate-papo que o Sonoro fez com Garras foi bem além do vinil. 180, a origem A ideia do selo começou com o gerenciamento da coleção álbuns e discos. Por mais de uma década, Garras colecionou incontáveis CDs e eventualmente comprava vinis. “Tinha um toca-discos que não era bom, não conseguia uma qualidade de som superior, então na minha cabeça o vinil não tinha essa superioridade de som”, lembra. Garras já era um crítico de música quando editava o site de jornalismo cultural Os Armênios, e nessa época focava as notícias musicais que fossem exclusivamente de lançamentos de vinis. A maioria dos selos independentes tentam reduzir custos em todas

Rodrigo de Andrade e sua gigantesca coleção de vinis. Acima, ele segura uma edição especial da banda The Racounteurs. No detalhe, o logo do selo em relevo

as etapas do prosomente em revis“O vinil vai de 15Hz cesso produtivo. tas especializadas. Do outro, ouvir No 180 a intenção até 30MHz, ficando um MP3 no carro é exatamente o muito mais próximo ou na rua é bem contrário. Garras da curvatura do som diferente do que explica que todas sentar e apreciar as escolhas são com muito mais o som do toca-disfeitas priorizando graves e agudos” cos. Para Garras, o jeito mais certo “A portabilidade e de lançar o disos formatos digico. Com todo um tais é o que antigaknow-how adquirido ao longo dos anos, Garras co- mente foi a fita cassete. O (formato meçou um estudo para ver se seria de arquivo) FLAC tem uma qualidaviável fazer uma tiragem, algo que de maior, mas você ouve onde? Nas caixinhas minúsculas do notebook? é extremamente caro. Quem é devoto do vinil se re- Falta o negócio físico do som”, filacionada de outra forma com a naliza. música, ele quer uma experiência diferenciada com as canções Produzido na gringa presentes nesse suporte físico. A O 180 prensa seus discos na Repopularização das mídias digitais pública Tcheca com uma tecnolotem pontos positivos e negativos. gia de corte de altíssima fidelidade De um lado, ficou extremamente de som, chamada de direct metal mais fácil achar informações sobre mastering (DMM), que gera uma determinado álbum ou banda, fato qualidade maior. A primeira etapa que há duas décadas era possível para a produção é pegar uma peça

DETALHES O cuidado e o nível de atenção nos detalhes que o 180 dá aos seus discos é digno de muito destaque. O primeiro ponto observado ao pegar o LP Baixo Augusta é o plástico pra colecionador customizado com a logo do selo. A valorização da arte original também salta aos olhos, o LP tem uma capa grande e sem poluição visual. Todas as informações que iriam na capa são inseridas em um papel chamado de “obi”, uma tradição que iniciou no oriente - uma lei que o Japão aplica aos vinis, dizendo que toda informação da capa precisa ser traduzido.

de acetato e cortar os sulcos exatamente dos tamanhos das faixas. Após esse processo, uma matriz de metal é preparada para fazer formas que terão uma capacidade de prensam de até 600 discos. “Esse método de produção faz com que aumente um decibel quando prensa e ninguém sabe explicar onde nesse processo se tem esse ganho - e não é em distorção”. Tá, mas o som que sai dos LPs é melhor mesmo? Para ilustrar isso, vale lembrar que o som se propaga em ondas pelo espaço. A taxa que o CD consegue gravar e reproduzir vai de 20Hz a 20MHz, bem comprimido. “O vinil vai de 15Hz até 30MHz, ficando muito mais próximo da curvatura do som com muito mais graves e agudos”, fala Garras, pontuando que “tem várias coisas que são realçadas se você ouve em vinil, o som é muito mais rico, dinâmico e com mais nuances que nem se ouvem no CD. Nos discos do Bob Dylan tu ouve até a unha dele arranhando na corda!”, se empolga. Próximos lançamentos Quando se fala em vinil, já se fala em edição limitada, de acordo com Garras. O primeiro produto do selo, o disco Baixo Augusta do grupo Cachorro Grande, teve uma tiragem de 350 exemplares e mais 100 discos coloridos e numerados. O álbum teve uma resposta excelente e está praticamente esgotado, o que viabilizou os próximos lançamentos ainda no natal e ano que vem. Entre o que vem por aí estão um compacto da banda General Bonimores com duas faixas, um compacto da Cachorro Grande com duas faixas que não saíram no último disco (ambas inéditas) e o primeiro álbum do guitarrista da Cachorro, Marcelo Gross.

CONTATO

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ESPECIAL

DISCO NOVO NA CIDADE

FOTO: DIOGO FERREIRA

Leia ouvindo

Há anos conhecida da casa, Roudini e os Impostores lançam “Eldorado”, primeiro disco de composições próprias, e na sequência emplacam seu segundo clipe por MARCUS FREITAS midia.marcusfreitas@yahoo.com.br

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uem acompanha o cenário musical da cidade sabe que há tempos surge uma galera com muita qualidade musical e responsa. Contudo, um quarteto em especial se destacou bastante de uns tempos para cá e vem ganhando espaço em grandes veículos impressos e televisivos da capital. Estamos falando de Roudini e os Impostores, banda composta por Gustavo Leal no vocal e guitarra, Jefferson de Conto na bateria, Bruno Philippsen nos teclados e Otávio Cruz nos vocais e baixo. O nome veio quando o quarteto ainda era um trio entre 2008 e 2009, que se reunia para tocar covers de canções da década de 50 - nessa época, a maioria dos grupos tinha nomes compostos. Como cada integrante mora em cidades diferentes, a Roudini faz poucos ensaios regulares, o que influencia bastante na sonoridade. “Como a gente não tem esse

tempo de ficar ensaiando semanalmente, a gente acaba dando uma pitada do nosso jeito, todas as musicas têm uma pegada do nosso jeito”, frisa De Conto. Isso também e, segundo Leal, “tudo influencia na gente, como o clima do local, ambiente, cada vez é uma maneira diferente de se expressar”. Prova disso é um show que durou quase quatro horas sem parar em um festival de Marau. Depois dessa maratona eles ganharam o apelido de “Roudini e os Incansáveis”, lembra Philippsen. Clipes e festival A banda foi finalista do concurso Rock on Top, promovido pelo festival Planeta Terra. Em um total de 300 bandas, dez foram selecionadas e colocadas para votação do público, que por sua vez

selecionou três para uma audição com júri fechado. Infelizmente, a escolhida foi outra, mas valeu a experiência. “Isso foi o primeiro grande sinal de que vale a pena, que o caminho até aqui foi certo”, comenta Cruz ao ressaltar sobre o reconhecimento alcançado fora dos limites regionais. O grupo também se prepara para lançar o segundo clipe, da faixa “Tanta solidão”. O primeiro clipe, “A Chuva”, produzido pela Creativa Produtora e dirigido por Wagner Santin, deu uma boa projeção rendendo participação no programa de televisão TVCOMTudo+ e matéria no jornal Correio do Povo. Disco saindo do forno Com forte influência do rock country, folk e música norte-americana dos anos 70, o disco

“Eldorado” foi gravado ao vivo no Rock Studio, em Porto Alegre, com produção de Paulo Arcari. Cruz explica que ainda no final de 2009, a banda gravou oito músicas de estúdio, mas o resultado não agradou e o trabalho começou novamente tudo do zero. “Nos baseamos sempre pelo nosso critério e por conta disso demoramos pra gravar, porque estávamos buscando a melhor sonoridade possível”, completa. O quarteto também ressalta que esse tipo de gravação é um processo muito penoso e pesado, já que não há como corrigir a parte de uma música: errou, começa a faixa novamente. Contudo, a qualidade do resultado final é muito mais satisfatória. A disposição das 12 faixas do álbum foi feita com muito estudo sob a ideia de criar uma unidade para que o FOTO: REPRODUÇÃO / YOUTUBE

Da esq, para dir.: Bruno Philippsen, Otávio Cruz , Jefferson De Conto e Gustavo Leal

SHOW DE LANÇAMENTO NO SESC EM DEZEMBRO No dia 5 de dezembro, no Teatro do Sesc, em Passo Fundo, acontece o show de lançamento de “Eldorado”. O álbum chega em formato físico até metade de novembro. No dia 11 de novembro ele entra em pré-venda na Amazon e na iTunes Store e vai até dia 25. Quem comprar nesse período recebe a faixa “Tanta solidão” na hora e o álbum completo dia 25.

Clipe da música “A Chuva”, uma das baladas do álbum


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ESPECIAL (continuação)

ENTREVISTA

ouvinte não perdesse o interesse teto. ao longo do disco. Eldorado vai Com as novas formas de distridesde o country rock americano buição digital, a tendência é que até o folk, passando pelo blues, o som fique cada vez com a mepelo tango milongado da “Voo do lhor qualidade possível. Leal lemNorte” e terminando na faixa ho- bra que o cantor Neil Young esmônima que é uma balada mais tudava com Steve Jobs uma nova intensa e comprida, remetendo a mídia de música para players influências como The Band e Bla- portáteis. “Ao mesmo tempo que ck Crowes. a venda do vinil cresce muito, daO disco foi masterizado nos Es- qui um tempo escutaremos nos tados Unidos por Russ Ragsdale, pequenos aparelhos uma mídia responsável pela cada vez mais masterização de qualificada”. “Hoje em dia é tudo albúns de genAs bandas esmeio que auto-tune, te como Muddy tão começando Waters, Buddy a pensar nessas tudo é arrumado Guy e Bob Dylan. automaticamente com novas formas Leal explica que e começando a muita intervenção a gravação das criar ideias padigital [...] A gente faixas foi digiralelas que vão tal, passando por buscou exatamente o bem além do uma mesa anasom. Philippsen contrário” lógica posteriorexplica que o mente. “Sentíaproduto da banmos falta dessa da não é mais vivacidade, dessa apenas a música. coisa orgânica “Tem a banda O da música quando gravamos dos Terno, por exemplo, que lançou modos convencionais. A quali- um álbum no ano passado. Eles dade é muito maior e o som sai pegaram as letras, imprimiram, mais vivo, mais orgânico”, ressal- fizeram as cifras a mão e postata o guitarrista. ram o PDF dessas cifras para baiLeal atenta para o fato que o xar”. rótulo “geração Photoshop” tam“As bandas independentes que bém serve na música. “Hoje em vão se diferenciar serão aquelas dia é tudo meio que auto-tune, com uma estratégia mais sagaz tudo é arrumado automatica- do que as outras. Acredito que mente com muita intervenção liberando um ou dois singles digital e correção feita no PC. da banda antes de lançar o disA gente buscou exatamente o co pode aguçar a curiosidade de contrário: ficou desafinado e é o quem de fato gostou das músimelhor take da banda, mantém cas, deixando curioso o suficiente assim. Depois, dá a sensação de para baixar ou comprar o álbum estar ali na sala ouvindo o som físico depois”, finaliza Leal. com a gente”. Novos tempos Se antigamente só era possível conhecer uma música pelo vinil ou rádio, hoje o ouvinte está a um clique de qualquer grupo do mundo. “O lado bom é alcançar uma gama de pessoas que, fisicamente com CD e vinil, seria mais difícil e demorado de chegar” ressalta Cruz, pontuando que o lançamento em vinil de “Eldorado” segue firme nos planos do quar-

CONTATO /roudinieosimpostores /reosimpostores /roudinieosimpostores /roudinieosimpostores /roudinieosimpostores

SENDO QUEM SE PODE SER

FOTO: FABIANA BELTRAMI / NEXJOR FAC UPF

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m sua terceira participação nas Jornadas de Literatura de Passo Fundo, o músico Humberto Gessinger quebrou recordes de simpatia, falando dos mais variados assuntos para os mais diversos públicos. Confira a entrevista concedida ao Sonoro, momentos antes do show de encerramento da 15ª Jornada de Literatura de Passo Fundo.

Sonoro – Como é vir falar de temas como poesia, sexo, afeto... Várias coisas que não são exatamente a tua primeira área? Humberto Gessinger (HG) - Já é minha ter-

ceira participação aqui, eu já me sinto à vontade! De certa forma todos esses temas estão um pouco vinculados à música e à literatura e eu me sinto à vontade falando. Agora estou lançando meu quinto livro e a palavra escrita na minha vida pintou antes da palavra cantada. Eu escrevo há mais tempo que eu lanço discos, mas claro que eu comecei a publicar depois, então o pessoal me conhece mais como músico, mas eu não vejo muito estranhamento em falar sobre isso não!

Sonoro – Hoje, com MP3, as bandas lançam mais singles por ser só uma música. Nesses quatro anos, o vinil voltou à mídia. Isso pode afetar a forma como a música é feita hoje em dia ou tu acha que é simplesmente uma forma de vender mais? HG – Não, eu acho que não tem a ver com

venda, eu acho que a volta do vinil é uma coisa mais assim, muito restrita, meio de butique, um lance meio passadista, eu não acho que vá voltar a ser o suporte predominante. Mas eu acho que acima do suporte está sempre o conteúdo da música.

Sonoro – Humberto, tem muita gente na Internet falando de forma séria sobre uma volta do Engenheiros, que tem um novo disco ou alguma coisa com o Augusto Licks (ex-guitarrista dos Engenheiros do Hawaii). Tem como passar alguma coisa pra nós sobre isso? HG – Não, a única coisa certa é que nos

próximos três anos eu vou estar na estrada com o Insular, o disco que eu estou lançando, então não tem nada previsto aí.

Sonoro – Aproveitando, então: qual é a diferença de escrever, compor e lançar e de fazer uma excursão com os Engenheiros, com o Pouca Vogal ou ainda como Humberto solo?

Leia ouvindo

HG – Ah, eu acho muito parecido! O Pouca Vogal era o mais diferente pelo formato, por ser um duo, né, um formato novo. Mas a turnê solo e o Engenheiros eu acho bem parecido. Sonoro – E quem é o Gessinger por trás da pessoa pública que a gente conhece? O que ele gosta de ler, ouvir? HG – Cara, eu gosto de ler vários tipos de

coisas e sou bem mais aberto na leitura do que na coisa da música. Música eu continuo ouvindo o que eu sempre ouvi, as bandas dos anos 70, os grandes compositores, Dylan, Caetano.

Sonoro – Humberto, você sempre foi conhecido por colocar instrumentos diferentes nas suas músicas. Tem alguma coisa diferente por vir? HG – Não, eu tenho tocado acordeon nos

shows e gravando o disco, que eu não tinha tocado há muito tempo... É a novidade dos instrumentos que eu estou usando.

Sonoro – E a Clara (filha de Humberto) tem alguma participação prevista para algum desses projetos próximos? HG – Não... (risos) A Clara está fazendo Ar-

quitetura, está super envolta no curso, não tem nada previsto...


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COLUNA

Leia ouvindo

A PRÉ-HISTÓRIA DA

LES PAUL

FOTOS: DIVULGAÇÃO

por FLAUBI FARIAS contato@laparola.com.br

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magine um mundo sem Les Paul. Vou facilitar: Imagine o solo de Whole Lotta Love, gravado por Jimmy Page, com outra guitarra. O mundo não seria o mesmo, definitivamente. O que dizer de uma guitarra que é versátil, confortável, cheia de presença, linda e com uma sonzeira? Até hoje não conheci nenhum guitarrista que não goste de Les Paul (e nem quero conhecer). Até porque é impossível não gostar de pelo menos um de icônicos guitarristas como Jimmy Page, Slash, Neil Young, Randy Rhoads, Eric Clapton e vários outros. Todos usaram – ou ainda usam – Les Paul em várias gravações, shows, ensaios e quartos de hotel. Esqueci certamente de alguém importante. E isso só realça a grandeza da Les Paul no mundo musical. Como toda obra-prima, a Les Paul teve o seu “rascunho”. E é sobre isso que vamos falar, mas mais adiante, já que seria injusto falar da obra sem mencionar antes o seu criador.

Les Paul Lester William Polfus nasceu em 9 de junho de 1915 na morosa cidade de Waukesha, no estado do Wisconsin, Estados Unidos. Foi um grande músico, sendo escolhido para ocupar a 18ª colocação na lista dos maiores guitarristas de todos os tempos da revista Rolling Stone. Mesmo tocando demais, sua principal criação foi mais material do que artística. Lester começou cedo na música, tocando gaita de boca. Nesta época, tinha apenas 8 anos de idade e na falta de Super Mario, Pokemón e smartphones, gastava seu tempo estudando música. Aprendeu banjo e guitarra precocemente, tornando-se músico profissional aos

O pioneiro Lester William Polfus e sua criação

13 anos. Começou no country, mas expandiu seus horizontes tocando também jazz e blues. Antes de seus inventos, formou uma dupla de música country de grande sucesso com sua esposa, Mary Ford, entre as décadas de 1940 e 1960. Após se divorciar em 1962, seguiu tocando e fazendo algumas participações especiais. O maior destaque são os dois álbuns gravados com outro mítico guitarrista, Chet Atkins: Chest and Lester (1976) e Guitar Monsters (1977). Além de inventar a famosa guitarra, tema central deste texto, Lester foi pioneiro ao utilizar a gravação multi-canal, a base de todas as gravações modernas. Em 1948, gravou oito takes de guitarras para a canção Lover. O lado B do single, a canção Brazil, foi gravado de forma similar. Antes disso, todas as músicas eram gravadas em apenas um canal. Era mais ou menos como gravar o ensaio da banda em um celular. Les Paul foi um dos pioneiros na invenção da guitarra elétrica de corpo sólido, mas não há como dizer que alguém inventou sozinho o instrumento. As guitarras elétricas foram se desenvolvendo com o passar dos anos. Outro pioneiro de imensa importância foi Adolph Rickenbacker, que manufaturou

Da esq. para dir.: Eric Clapton, Jimmy Page, Neil Young e Slash

alguns protótipos durante a década de 1930. Posteriormente criaria uma linha de instrumentos musicais conhecidíssimas no mundo todo. Exemplos básicos e simples para não encher linguiça: John Lennon e Lemmy. A biografia de Les Paul, no entanto, revela que a ideia de inventar uma guitarra de corpo sólido o acompanhou desde sua infância. Quando tinha 12 anos, Lester amplificou um violão pela primeira vez. Para que a plateia mais distante pudesse ouvi-lo, fez a primeira grande gambiarra amplificando o som com uma agulha de toca-discos, um telefone, um rádio e um gravador. Improvisações como essa, deram a Lester alguns apelidos como The Wizard of Waukesha e Thomas Edison da música. Em 1939 começou a criar um protótipo para a sua primeira guitarra, batizada como “The Log”. Dois anos depois, Lester apresentou seu protótipo aos executivos da Gibson, que riram da ideia. A Gibson achou tudo tão ridículo que zombou de Lester, chamando-o de “garoto da vassoura com captadores”. Naquela época, nenhuma empresa estava comercializando guitarras de corpo sólido. Lester tentou inovar, mas foi barrado. Uma década mais tarde a Gibson se arrependeria. A Consolidação da Les Paul Nos anos 1950 a Gibson estava tomando um laço da Fender. Tudo porque o seu criador, Leo Fender, já havia começado a produzir uma guitarra de corpo sólido. Mesmo antecipando-se à concorrente, Leo Fender só havia iniciado o seu protótipo em 1944, três anos após Lester ser rejeitado pela Gibson.

Em 1950, foi lançada oficialmente a Fender Broadcaster, posteriormente renomeada para Telecaster, a primeira guitarra com corpo sólido disponível comercialmente. A Gibson se apavorou. Foi após apanhar bastante da concorrente que resolveu aderir à invenção de Les Paul. No ano seguinte, a Gibson entrou em contato com o ”garoto da vassoura com captadores”. A Gibson desejava manufaturar o modelo da guitarra de Les Paul, mas foi um pouco relutante ao aceitar o nome. A ideia de batizar a guitarra de Les Paul partiu do próprio criador. Sem alternativas, a Gibson aceitou e a primeira Les Paul foi lançada em 1952. O primeiro modelo da Les Paul, com o acabamento dourado, ficou conhecido como Gold Top. Com o sucesso da nova guitarra, Les Paul e a Gibson produziram novos modelos. Em 1954 foram lançadas versões customizadas com outras cores, como a Black Beauty, e em 1958, a Gold Top foi substituída pelo modelo Sunburst Standard, possivelmente o mais famoso de todos. O modelo original Gold Top ainda seria relançado em 1968, 1982 e 1987. Hoje, o modelo Les Paul não é exclusividade da Gibson. Obviamente nenhuma Les Paul soa tão bem como uma Gibson, mas o modelo passou a ser reproduzido por inúmeras outras marcas. A Epiphone, linha júnior da Gibson, é certamente a melhor alternativa para quem ainda não tem como investir em uma Les Paul original. Lester William Poulfus morreu 13 de agosto de 2009 de pneumonia, mas seu legado será eterno.


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REPORTAGEM

A CAMINHO DO PALCO FOTO: RAFAEL ZANOLLA CHAVES

Na noite do próximo 13 de Novembro, a Escola Musiclass realiza no auditório da Escola Menino Jesus a quinta edição da Audição de Alunos, evento que visa mostrar ao público o resultado de um ano de trabalho e evolução por RAFAEL ZANOLLA CHAVES rafael_zanollac@yahoo.com.br

PREPARO DIÁRIO O aluno Joka Ferrabone, 16, estuda música há seis anos. É vocalista, compositor e guitarrista.“Gosto de me preparar várias horas antes, no dia. É interessante tocar com pessoas de idades diferentes e que você nem conhecia antes da Audição. Gera entrosamento”, completa ele. Como já fez a aluna Paula Araújo, Joka vem gravando seu CD autoral, programado para ser lançado em 2014, além de tocar na banda Projeto X, banda de covers de rock.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

É

natural esperarmos de um músico que o palco seja um momento de dar todo o seu poLeia ouvindo tencial. É natural para o músico que esse seja o momento de mostrar seu potencial e o resultado de um trabalho que começa muito antes – na escolha do repertório, do local do show, dos membros da banda. Uma das bandas que tocarão na Audição, É com esse intuito de familiariensaiando para o evento, sob a audição zar e instigar o gosto pelas apreatenta do professor. sentações dos aspirantes a músicos e alunos da Escola de Música O Repertório é sugerido pelos Musiclass, que ocorre a Audição de Alunos, reunindo cerca de 180 professores e é trabalhado duranestudantes de todas as idades e te o semestre. “Seguimos a visão vários instrumentos. “Trabalha- musical da escola, que é voltada mos com música, por isso sabe- ao pop rock internacional e namos a importância de oferecer cional, com algumas coisas autorais e aprofundauma estrutura de mento da música palco e darmos Audição de Alunos brasileira”, afirum feedback aos deve reunir cerca ma Jonathas. “É alunos, em qualde 180 estudantes um caminho naquer estágio do tural do processo desenvolvimento de todas as idades e de identidade da musical”, afirma vários instrumentos Musiclass”. São o proprietário da várias bandas escola, o músico diferentes, danJonathas Ferreido oportunidade ra. “Temos para a Audição uma grande estrutu- para todos os alunos tocarem. ra de show nacional, que culmi- “Tem bandas que o baterista tem na com a gravação de um DVD”, nove anos, o tecladista 35, o guitarrista 12, o do violão 27... Eles completa.

estão unidos para trabalhar música”, reforça Jonathas. Infelizmente, o evento é fechado à comunidade. “Não conseguimos fazer um evento aberto pela falta de um local que comporte todo mundo; temos um grande número de participantes e todos querem levar seus amigos e familiares. Somando isso à estrutura de show que precisamos para um evento assim, por enquanto é inviável pensar em algo maior, mas já é uma grande evolução dos anos passados pra cá”, reitera.

CONTATO Joka em atividade: “cantar é mais difícil do que tocar, mas eu estava determinado a começar.”

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BANDAS

Leia ouvindo

As particularidades de uma banda

O gigante acordou

por RAFAEL ZANOLLA CHAVES

por RAFAEL ZANOLLA CHAVES

rafael_zanollac@yahoo.com.br

rafael_zanollac@yahoo.com.br

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Pearl Jam pertence ao grunge, estilo musical surgido no início dos anos noventa e que propunha uma revisão dos conceitos de mundo impostos pela sociedade, muitas vezes de forma brutal e autodestrutiva, como no caso do líder do Nirvana, Kurt Cobain, morto em 1994. O que mais tem me interessado neles é o fato de serem, resguardadas as devidas proporções, o Led Zeppelin moderno: praticamente avessos a entrevistas e lançamento de clipes, pregam valores um tanto conservadores para uma banda conhecida internacionalmente, exatamente como o quarteto britânico nos longínquos anos setenta. Vamos por partes: no início da carreira da banda, eles quase faliram ao levar a cabo o boicote à Ticketmaster, maior empresa mundial em vendas de ingressos. O por quê? Eles cobravam uma taxa de serviço dos fãs que iam aos shows, fazendo o preço dos ingressos subir a níveis que eles consideravam abusivos. Os caras excursionaram por anos de forma independente, tocando em lugares menores, em cidades de interior, para poder proporcionar aos fãs shows mais baratos. Quando se viram obrigados a aceitar a empresa como organizadora, o fizeram a pedido dos fãs – valia mais a pena pagar caro e ter um show perto deles, do que ter que viajar para vê-los, diziam. Ainda assim, de 2003 pra cá, a banda desenvolve um programa de Mitigação de Carbono para compensar seu impacto ambiental: contrataram um especialista que calcula as emissões de carbono de suas turnês, com seus transportes aéreos/terrestres, estadias, palcos e afins, e fazem doações de uma parcela do lucro que têm para projetos ligados ao meio-ambiente. Mais do que isso, a banda é criadora da Fundação Vitalogy, que doa dois dólares de “praticamente todos os ingressos das turnês” para ONGs de saúde comunitária, meio-ambiente, arte, educação e mudança social. Quer mais? Acessando o site deles você encontra uma lista de discos sobre os quais a banda não ganha um centavo: todo o lucro vira doação para instituições de apoio a refugiados, ONGs de justiça social e afins. É mole? Acho muito interessante ver bandas das antigas que superam o teste do tempo, analisar sua evolução e afins. Mais decente ainda é ver bandas como essa, que continuam com formações praticamente inalteradas há uma porção de primaveras e mantém uma linearidade impressionante em termos de lançamentos, com poucos (nenhum, diria eu) discos “conformados”. Se vale a dica, assista ao documentário Twenty, lançado em 2011 e que aprofunda muitas dessas particularidades sobre a banda, desde o surgimento nos nebulosos porões de Seattle e a relação próxima do quinteto com as outras bandas da época, como o recém-reformado Soundgarden. Uma pena ter ficado de fora, por questões óbvias de timing, o processo de gravação do novo disco, Lightning Bolt, que por sinal, é fantástico. Informações sobre turnê no Brasil? Quem sabe...

E A magia do Guardião Cego por RAFAELA PSZYBYOVICZ pszybyovicz@hotmail.com

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ão há como explicar as razões pelas quais cada um curte determinado tipo de música. Alguns dirão que a função da música é “divertir” outros que ela deve te fazer “pensar” e alguns ainda argumentarão que se a música não te faz “sentir” nada ela nem deveria existir. Um som que te leva a outros mundos, te faz querer sair pulando e vociferando a letra que o vocalista canta, para mim é certamente um dos melhores! A banda alemã Blind Guardian, formada em meados dos anos 80, cumpre eximiamente o papel que desempenha no cenário do power metal. Com a envolvente efervescência da banda e a temática épica e Tolkieniana, eles apresentam novos mundos, não deixando muito espaço nem pra respirar. Definitivamente é um som para quem curte peso com conteúdo e harmonias que transcendem o musical e passam ao sentimental. Para fãs de literatura, mitologia, lendas e afins o perfil da banda provavelmente agradará os ouvidos. As inspirações do vocalista e principal letrista da banda, Hansi Kürsch, provêm principalmente da literatura fantástica, o que faz das letras sempre complexas histórias contadas, geralmente, em um ritmo alucinante. Nightfall in Middle Earth é um claro exemplo disso. É um disco conceitual sobre a obra O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien, que leva o ouvinte na jornada retratada no livro, muito harmoniosa, mas sem deixar de fazer com que você queira bater a cabeça em vários momentos durante o disco! Em 2011 o prazer de presenciar ao vivo a banda apresentar alguns de seus mais consagrados hinos me marcou para a eternidade. A sensação de uma plateia ensandecida entoando em uníssono os mesmos refrãos é incomparável tratando-se de qualquer banda. Entretanto, para mim, aquela noite na capital do Rio Grande do Sul, data que antecedia um feriado nacional, ficou na história. Depois daquele show todos os próximos viriam com a incumbência de me fazer sentir como “o show dos Bardos”. Acho que sou do tipo de ouvinte que acha que “se a música não te faz ‘sentir’ nada ela nem deveria existir”, afinal. Agora só resta aguardar a próxima vez que os alemães venham se apresentar em solo gaúcho para reviver a sensação de punhos no ar e cabelos voando!

ssa frase tem sido repetida à exaustão no Brasil, desde que os primeiros conflitos entre manifestantes e polícia estouraram há alguns meses. Ela pode, no entanto, estar se referindo aos pais do metal progressivo, o quinteto americano Dream Theater. Quando formado no final da década de 80, ainda sob o nome Majesty, eles praticavam algo até então inédito, unindo os arranjos complexos do rock progressivo tradicional, de bandas como Yes e Rush, ao peso dos tradicionais Iron Maiden e Metallica. Hoje, mais de vinte anos depois, o grupo coleciona discos fabulosos, mudanças de formação e... críticas, muitas críticas. Vários afirmam que eles são robôs sem qualquer sentimento, acusando o quinteto de estagnar-se com o tempo, lançando discos regularmente apenas pra cumprir tabela, principalmente após a entrada para a gravadora-meca do metal, a Roadrunner Records, em 2007. Pois bem, não cabe aqui tentar desmentir tais afirmações, até porque existe gosto pra tudo nesse mundo. Fato é que, após demitir o baterista Mike Portnoy, seu membro fundador e grande mente criativa em 2010, o DT passou por uma boa reformulação em todos os processos envolvendo a banda: as letras passaram a ser responsabilidade quase exclusiva do guitarrista John Petrucci, que passou também a produzir os discos sozinho.

Isso reflete a mudança de direcionamento na sonoridade de A Dramatic Turn of Events, disco de 2011, mas mais ainda no disco homônimo, lançado pela banda em setembro deste ano: nele, as músicas batem na casa dos sete minutos, brevíssimos para quem está acostumado a uma média de doze ou treze minutos por faixa. O foco principal é na melodia, muito embora faixas como The Enemy Inside e Enigma Machine tragam um peso absurdo. A segunda, por sinal, é a primeira instrumental desde Stream of Consciousness, do álbum Train of Thought¸de 2003! Reforçando a ideia de que a banda voltou aos trilhos, o álbum vendeu como água, batendo nos top 10 em vários países, sendo o disco mais bem posicionado da carreira da banda. Recomendamos a edição de colecionador, que traz itens que todo fã diehard vai ter chiliques ao ver: um LP de sete polegadas com o single The Bigger Picture, um pendrive com os instrumentos isolados de Behind the Veil e um documentário de trinta minutos mostrando todo o processo de seleção do substituto de Portnoy, o monstro rítmico Mike Mangini. Completando o set, um CD e DVD com o mix do disco em 5.1 e um LP duplo de 180 gramas. Corre que ainda dá tempo antes dos caras virem ao Brasil, em shows a serem anunciados durante o ano que vem!


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