folhear USO DE PLANTAS GEMINAÇÃO DE
10
MEDICINAIS BROTOS Veja como se utilizar de plantas para a sua saúde e da sua família.
Modos de começar sua própria geminação em casa.
08
2 | FOLHEAR | EDITORIAL
//Editorial COORDENAÇÃO EDITORIAL Maressa Carvalho EDITORA Bibiana Moraes REVISÃO Paula Garcia Lima Giovanna Falbo Janini REDATORES Anderson Porto Fábio Henrique Kefron Primeiro Lorena Costa Lopes Lua Cheia Mayra Machado Maressa Carvalho Pedro Matheus IMAGENS Anderson Porto Amanda Malheiros Trindade Corina Minsky Gi Paixão Giulia Rizzato Lorena Costa Lopes Pedro Matheus Ramona Kruger Taís Percone
Foto: Corina Minsky.
SUMÁRIO | FOLHEAR | 3
SUMÁRIO Acesse e compartilhe a Folhear pela internet através do cógido ao lado.
9 5
Coluna do Fábio
10
Plantas medicinais
7
12
8
15
Cultivo de orquídeas
Geminação de brotos
Roseiras
Era digital
Samambaias
16 17
Calor na natureza
Pipis
18
Devaneios
19
Posca
A FOLHEAR
N
esta terceira edição, trazemos como tema o cultivo de plantas, e não uma espécie em específico, como nas edições anteriores. Dessa vez, o que nos interessa são as histórias por trás de cada um, nas relações entre lembranças e cultivos. Acreditamos na colaboração, no apanhado de experiências acumuladas, no compartilhamento de conhecimentos. Para nós, a Folhear é uma compilação de afetos e vivências, então nada mais justo dividir tudo isso com todos que tiverem interesse em partilhar.
Foto: Created by Freepik.
COLUNAS | FOLHEAR | 5
COLUNA
DO FÁBIO // Por Fábio Henrique
E
ssa semana acordei e meu cacto estava morto. Abelardo já não estava bem há meses, então não fiquei surpreso ao constatar sua morte. Mas uma tristeza que não esperava surgiu. Veja bem, o fato é que Abelardo chegou em casa através de um ex namorado. "Vi naquela feira de sábado do mercado e lembrei de você e daquela história que me contou aquele dia", foi o que ele me disse ao entregar o pequeno vaso. Simples assim, Abelardo virou história e lembrança de afeto. E, ao morrer, lembrei-me não apenas desse momento específico, mas de diversos outros afetos compartilhados durante o relaciomento. Lendo um texto da Carol Bataier, tudo se encaixou e a partir disso, esse depoimento praticamente se escreveu sozinho: "É assim. Das experiência e lugares lindos que visitamos, dos momentos incríveis que vivemos e das nossas realizações grandiosas, é isto que importa de verdade: o afeto."
Lembrei-me não apenas desse momento, mas de diversos outros afetos. Foto: Fábio Henrique.
BOTÂNICA Que as flores nos lembrem o porquê a chuva foi tão necessária // Xan Oku
Foto: Corina Minsky.
BOTÂNICA | FOLHEAR | 7
CULTIVAÇÃO
DE ORQUÍDEAS Aprenda particularidades e dicas sobre as duas espécies mais ilustres de orquídeas: Phalaenopsis e Arundina. // Por Anderson Porto Phalaenopsis
A
phalaenopsis é uma orquídea de fácil cultivo. Normalmente elas se adaptam em estufas quentes, com uma iluminação indireta, e muita sombra. Deve-se regar quando as raízes estiverem ficando com uma cor prateada, normalmente a cada 7 ou 15 dias e adubar quando estiver sem flores. A folhagem não deve ser borrifada, pois é propensa ao acúmulo de água na base das folhas, o que pode gerar fungos que causam doenças e podem até mesmo matar a planta. Quanto aos substratos, garanta um que forneça uma boa aeração para as raízes e uma boa drenagem. Alguns pedaços de madeira e carvão em uma bacia plástica furada no fundo darão conta do cultivo. O vaso ideal é o de plástico transparente pois ele possibilita que ela realize fotossíntese pelas raízes e facilita a rega. Na época da floração as hastes mais altas precisam ser podadas, assim os ramos velhos dão origem a novos.
Fotos: Anderson Porto.
Orquídea-bambu, Arundina graminifolia É uma orquídea terrestre e pode ser cultivada à meia sombra ou sol pleno. Se dá bem com solos de areia com composto, o mesmo utilizado para fazer mudas. Para fazer mudas basta retirar os "keikis", as brotações laterais que nascem nas hastes, e plantar em vasos médios ou sacos de mudas. Ela existe em uma variedade de cores, as mais conhecidas são as de flores brancas.
8 | FOLHEAR | BOTÂNICA
GEMINAÇÃO
DE BROTOS // Por Anderson Porto
O
broto nada mais é que o estágio avançado de germinação da semente, tendo a capacidade de potencializar reservas nutritivas armazenadas e, para germinar, necessita do contato com água, ar e calor. Mas, não se esqueça, para consumo, as sementes precisam ser orgânicas! A maravilha da germinação de sementes é que pode ser realizada em qualquer época do ano, sem necessidade de solo, fertilizantes, agrotóxicos ou luz solar direta. Podem ser feitos em varandas ou quintais. Para geminar em 6 ou 7 dias, existe um geminário hidropônico relativamente simples de ser feito: uma peneira com arames nas bordas (em formato de ganchos ou presilhas) para fixar em uma bacia com água. É só colocar as sementes para hidratar por algumas horas, depois despejá-las numa peneira, arrumar para que preencham todo o espaço possível, lavá-las em água corrente e em seguida colocar numa bacia. A água que escorre depois fica na bacia e deve ser retirada todos os dias. O germinário pode ser colocado na parte de baixo da geladeira, o que é útil para "frear" a germinação. Existem outras formas de germinar sementes, como por exemplo sacos de feltro, potes com filó preso com elástico (como se fosse uma tampa) e até mesmo aquelas embalagens de marmita de alumínio ou isopor. A "grama de trigo" pode ser utilizada para fazer sucos verdes, assim como couve, espinafre, moringa etc. O suco de clorofila, fora os nutrientes e fitoquímicos presentes nos alimentos, é considerado um alimento funcional, ou seja, coadjuvante na manutenção da saúde.
Já os brotos germinados, são alimentos altamente nutritivos e podem ser produzidos naturalmente sem adubos ou defensivos agrícolas, apenas a água e as reservas armazenadas nas sementes são suficientes para que germinem e fiquem prontos para consumo. Tente em casa e capriche na hora de consumir seus brotos!
BOTÂNICA | FOLHEAR | 9
O suco de clorofila é considerado um alimento funcional, ou seja, coadjuvante na manutenção da saúde.
ROSEIRAS Te damos dicas em primeira mão de como cultivar roseiras perfeitas, desde ao início até os cuidados diários. // Por Kefron Primeiro
P Fotos: Anderson Porto.
rimeiramente, para fazer as mudas criar raiz, corte os galhos mais velhos na época da lua crescente (que é a época que a planta puxa mais água do solo), e coloque os galhos em solo arenoso. Coloque bastante água uma vez por dia, de preferência a noite, quando o solo e a água não esquentam com o calor do sol. Após as raízes formadas, continue os cuidados com a planta: É preciso limpar a planta, caso alguma morra, veja se não tem fungo na raiz. Para limpar a planta é preciso tirar todas as folhas secas, flores, teia de aranha, entre outras matérias orgânicas que possam fazer mal a planta, e isso a fará respirar. Ao comprar uma nova planta, troque a terra e o vaso. Prefira usar sempre a terra preta específica para rosas. Após trocar a terra, não deixe ela direto no sol, porque as raízes irão precisar fincar, e a terra não pode ser seca. Daí repita os passos indicados para os cuidados com a raiz. A planta estando estável, deixe ela direto no sol e regue só nos dias de muito calor (sempre ao noitecer) e no inverno, uma vez por semana.
10 | FOLHEAR | BOTÂNICA
PLANTAS MEDICINAIS // Por Mayra Machado Aloe vera, A. arborescens
A
Babosa é da família Aloe, com mais de 250 espécies, algumas delas com uso tradicional registrado em tempos bem remotos. É importante saber que as Aloe possuem pequenas bolsas amarelas, perto daquilo que chamamos "gel", abaixo da casca, contendo aloína. Aloína é a substância que, se ingerida, provoca diarreia e em doses altas uma grave crise de nefrite aguda, principalmente em crianças. Por isso, recomenda-se muita precaução no uso interno, apenas sob orientação profissional, dando preferência para o uso tópico. Outra informação importante é que todas as Aloe sabem se adaptar às condições de luz e água disponíveis. O uso mais comum da babosa é nos cabelos e em queimaduras leves. Para usar no cabelo, precisa retirar a casca com parte da aloína, separar o gel e depois misturá-lo com algum óleo de sua preferência. É só passar nos cabelos e deixar por cerca de uma hora, depois lavar normal. Para queimaduras é excelente, é só cortar um pedaço da folha, tirar as bordas, levantar a casca e passar na ferida o gel. Tansagem, Plantago major
Fotos: Anderson Porto.
O nome popular da Plantago major varia muito, uns chamam de "tansagem", outros "transagem", já ouvi até chamarem de "tanchagem". Ela possui propriedade adstringente, antibacteriana e emoliente, o que ajuda a eliminar catarro do trato respiratório e melhora casos de bronquite crônica. É usada no tratamento de inflamações da mucosa oral e faríngea, é um poderoso descongestionante, expectorante e tem atividade antiviral. Mas em dosagens muito altas, pode causar arritmia e parada cardíaca, reações alérgicas e irritações. Para utilizá-la como medicina é preciso prestar atenção na dosagem e formas de preparação, evitando utilizar muita quantidade por muito tempo. Ela pode ser ingerida, por exemplo, em saladas, misturada junto com outras hortaliças. Pode entrar também no recheio de omeletes, fritadas, pastéis e rocamboles.
BOTÂNICA | FOLHEAR | 11 Foto: Anderson Porto.
Vitex, Vitex agnus-castus Essa é a Vitex agnus-castus, a "planta dos monjes". É uma planta de "energia feminina". Possui fitormônios que estão envolvidos no ciclo reprodutivo das mulheres. Trata ansiedade, insônia, TPM e menopausa. É usada para regular possíveis desequilíbrios hormonais em mulheres; possui estrógenos e ajuda na regulagem da glândula pituitária. E por mais que pareça incrível, é utilizada na homeopatia para tratar impotência masculina. Não deve ser utilizada durante a gravidez, lactação, por mulheres que fazem tratamento hormonal e por pessoas que apresentam excesso de progesterona no sangue.
12 | FOLHEAR | PUBLICIDADE
ERA
DIGITAL Acesse e compartilhe a Folhear também pela internet! // Por Maressa Carvalho
N
esta edição a Folhear trás uma novidade: Estamos presentes digitalmente! Para ter acesso ao conteúdo pelo celular é fácil, leia pela câmera o código presente no sumário e clique nas matérias desejadas. Simples assim, cartas exclusivas com o conteúdo da revista são salvas na galeria do seu celular. Aproveite e compartilhe o conteúdo a vontade, sem restrições. Outra dica é o aplicativo PlantSnap, onde com apenas uma foto é possível identificar espécies de plantas e modos de cuidar da mesma. Baixe através do site plantsnap.com.
Foto: Plantsnap.
ARTE Não é absurdamente lindo como você aprendeu a florescer de flores a partir das memórias que morreram há muito tempo // Noor Unnahar
Foto: Corina Minsky.
14 | FOLHEAR | ARTE
SAMAMBAIAS // Por Lua Cheia Mãe, como é que cê fazia pra cuidar das samambaias? Essa memoria emergiu da infância, a gente matava todas as plantas, mas as samambaias resistiam, acho que por isso meu ferrenho querer por cultivo, agora, longe, meu querer cuidar de uma coisa bonita, viva, e de tanta querencia parecia que todas as plantas desapareceram da cidade, nenhuma me deu chance. Até o dia que eu acordei e senti que seria doloroso demais seguir sem ela, precisava tentar, fui com tudo e voltei acompanhada, feliz, aliviada, mas agora ela ta sofrendo, to dando ouvido, tempo, lugar, água, descobri que não é tarefa fácil cuidar de samambaia, elas são cheias de mania e meia-sombra. To ainda tentando entender como é que as nossas sobreviviam ao sol de são paulo e ao nosso esquecimento, penso ainda que se cê quisesse hoje uma samambaia ela ia viver sofrida, como as batatas doce que brotaram na janela da cozinha. A gente se parece demais as vezes, mas nem tanto, nem sempre, mãe, como é que a gente fazia pra cuidar das samambaias? será que eram elas que cuidavam da gente? Vai ver eu nem lembro direito.
Foto: Taís Percone.
ARTE | FOLHEAR | 15
To ainda tentando entender como ĂŠ que as nossas sobreviviam ao sol de sĂŁo paulo e ao nosso esquecimento
16 | FOLHEAR | ARTE
CALOR NA
NATUREZA // Por Lorena Costa Lopes Sentada na varanda olhei para frente. Me senti sozinha. Vi todos os prédios impedirem o céu de passar livremente. Mexi a cabeça e uma das folhas da minha samambaia me tocou gentilmente. Dei um passo para trás vendo os vasos, galhos e folhas na varanda emoldurarem a paisagem. Apesar de só, me senti serena.
Foto: Lorena Costa Lopes.
Foto: Gi Paixão.
ARTE | FOLHEAR | 17
PIPIS // Por Pedro Matheus
Foto: Ramona Kruger.
Faz quase um mês que adotei um pé de pimenta que apelidei carinhosamente de Pipis. Após sofrer três transplantes de terra, um chute acidental e quase cair pela janela do quarto, ela já é uma sobrevivente nata. Aguenta dias que coloco água demais e outro que até esqueço de regar, porém continua lá firme e forte crescendo bem devagar. Pipis é um passatempo e uma metáfora diária de persistência na vida.
Foto: Pedro Matheus.
18 | FOLHEAR | ARTE
Foto: Ramona Kruger.
DEVANEIOS // Por Gi Paixão É sempre difícil dar adeus a um lugar que você considera seu lar. Eles querem enterrar o passado e Honestamente? Não importa No fim, A isso eu bebo. estamos vivas.
Foto: Amanda Malheiros Trindade.
ARTE | FOLHEAR | 19
POSCA // Por Giulia Rizzato Tive uma gatinha muito especial na minha vida chamada Posca que, infelizmente, compartilhou um breve tempo de sua vida comigo, mas ainda o suficiente pra me fazer muito feliz. Quando ela faleceu, uma moça querida a enterrou, e com a terra de cima ela plantou essa mudinha de mini espada de São Jorge. Ela foi tão especial que tatuei o desenho da plantinha em mim em homenagem à Posca.
Fotos: Giulia Rizzato.