Lucio Cunha
REVISTA DO GRUPO FIAT DO BRASIL Número 120 - fev/mar 2013
Com bom-humor, Fiat ataca com Ronaldo na publicidade Projeto Minas-Pernambuco promove a integração entre as duas culturas • Parintins, a ópera carnavalesca da Amazônia • Projeto 100 Nonni, um registro da vida dos italianos no Brasil • O novo Grand Cherokee no Brasil • CNH fornece máquinas para o PAC • Iveco Magirus equipa aeroportos brasileiros • New Holland recebe título de Trator do Ano 2013 • O melhor dos frutos do mar de Santiago do Chile
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O combustível que nos impulsiona em direção ao futuro é a educação. Este é o grande legado que nossa geração pode deixar aos que nos sucederão
Imagens meramente ilustrativas. O Memorial Descritivo prevalece sobre essas imagens. Registro de Incorporação sob o número R-11-139.452 no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Betim/MG. CREA-5976/D-DF.
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cledorvino belini*
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Educar para crescer
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á quem diga que o desafio de injetar qualidade na educação básica pública do Brasil é insuperável ou que o esforço para corrigir todas as mazelas que acumulamos no setor demandaria o tempo equivalente a mais de uma geração. É preciso reconhecer que há enormes dificuldades conjunturais e estruturais a serem superadas, mas sou um otimista quando o assunto é educação. A razão é que o Brasil move-se com consistência para uma posição de maior destaque global como uma das principais economias do planeta. Para ocupar a posição protagonista que lhe cabe, não há meio termo, não existem atalhos: somente a educação universal de qualidade pode assegurar a necessária coesão social e conferir sustentabilidade ao processo de expansão e adensamento da economia. Trata-se de um desafio que envolve a participação de toda a sociedade, a começar pelo valor que as famílias conferem à qualidade da educação que oferecerão a seus filhos. O debate deve dar relevo à escola e ao educador, elementos vitais neste processo. O educador prepara o aluno para seu desenvolvimento pessoal, para o exercício da cidadania, para a vida em sociedade e o mercado de trabalho. Ele é a peça-chave que complementa o esforço da família na formação dos jovens para o mundo e, portanto, deve ser valorizado e melhor preparado para a missão. A qualidade do ensino, porém, depende também da eficiência da escola como centro de geração e difusão do conhecimento, a partir de uma gestão adequada dos recursos disponíveis, em sintonia com um projeto de maturação da cidadania e de desenvolvimento econômico e social. O passo fundamental nesta caminhada é conscientizarmo-nos de que o crescimento econômico e a crescente inclusão de brasileiros ao mercado de consumo precisam ser complementados com a urgente educação universal de qualidade, sob pena de construirmos uma sociedade incapaz de dar substância ao desenvolvimento ou de realizar plenamente suas potencialidades. É preciso ter em mente que o combustível que nos impulsiona em direção ao futuro é a educação. Este é o grande legado que nossa geração pode deixar aos que nos sucederão. *Presidente do Grupo Fiat/Chrysler para a América Latina
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sumário
10 Jeitinho mineiro com
EXPEDIENTE
um toque pernambucano
Mundo Fiat é uma publicação da Fiat do Brasil S/A, destinada aos stakeholders das empresas do grupo no Brasil.
Projeto Minas-Pernambuco promove a integração através da cultura e das artes, estabelecendo pontes entre os dois estados que têm presença da Fiat
através do esporte e cultura
www.eticagrupofiat.com.br FIAT DO BRASIL S/A Presidente: Cledorvino Belini
20 Parintins, a ópera carnavalesca
MONTADORAS FIAT AUTOMÓVEIS Presidente: Cledorvino Belini CASE NEW HOLLAND Presidente: Valentino Rizzioli IVECO LATIN AMERICA Presidente: Marco Mazzu
que celebra a Amazônia
Em Parintins, no estado do Amazonas, todos os anos se enfrentam o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, que desfilam no “bumbódromo”
COMPONENTES FPT INDUSTRIAL Superintendente: Enrico Vassallo MAGNETI MARELLI Presidente: (interino) TEKSID DO BRASIL CEO Nafta e Mercosul: Rogério Silva Jr.
50 Vitorioso, o Brasil aposta alto
SISTEMAS DE PRODUÇÃO COMAU Superintendente: Gerardo Bovone
nas Paralimpíadas Rio 2016
A expectativa é superar os resultados de Londres e alcançar o quinto lugar na competição, no Brasil
6 Ronaldo Fenômeno é o
58 Iveco Vertis HD
novo rosto da Fiat
Pela primeira vez, craque estrela a campanha da empresa, em parceria de dois anos de duração. Bom-humor não falta nas gravações e o ex-jogador ainda brinca com o fato de estar bem magrinho nos vídeos
chega ao mercado Caminhão médio oferece mais robustez, durabilidade e conforto, com menor consumo de combustível e baixo custo de manutenção
10 E mais 30 Projeto 100 Nonni localiza e entrevista alguns dos últimos avôs e avós da imigração italiana 62 O novo Jeep Grand Cherokee Limited Turbodiesel já está no Brasil 66 CNH fornece máquinas para a segunda etapa do PAC 70 Iveco entregará 80 caminhões de combate a incêndio à Infraero
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72 Prêmio CNH de Jornalismo Econômico completa 20 anos com muita história para contar 78 Trator NH é considerado o melhor dos especializados 82 Depois de muito trabalho, Teksid obtém certificação ISO 50001 84 Quatro plantas da Magneti Marelli já receberam a ISO 50001 e as demais estão em busca do selo
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União e inserção
SERVIÇOS FINANCEIROS BANCO FIDIS Superintendente: Gunnar Murillo BANCO CNH CAPITAL Superintendente: Brett Davis FIAT FINANÇAS Superintendente: Gilson de Oliveira Carvalho SERVIÇOS FIAT SERVICES Superintendente: (interino) FIAT REVI Superintendente: Marco Pierro FIDES CORRETAGENS DE SEGUROS Superintendente: Marcio Jannuzzi FAST BUYER Superintendente: Valmir Elias ISVOR Superintendente: Márcia Naves ASSISTÊNCIA SOCIAL FUNDAÇÃO FIAT Diretor-Presidente: Adauto Duarte CULTURA CASA FIAT DE CULTURA Presidente: José Eduardo de Lima Pereira EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO TORINO Presidente: Raffaele Peano Comitê de comunicação Alexandre Campolina Santos (Fiat Services), Ana Vilela (Casa Fiat de Cultura), Pollyane Bastos (Teksid), Cristielle Pádua (Fundação Torino), Elena Moreira (Fundação Fiat), Eliana Giannoccaro (Magneti Marelli), Fernanda Palhares (Isvor), Jorge Görgen (CNH), Marco Antônio Lage (Fiat Automóveis), Claudio Rawicz (Iveco), Milton Rego (CNH), Othon Maia (Fiat Automóveis), Tarcísia Ramalho (Comau) e Roberto Baraldi (Fiat do Brasil). Jornalista Responsável: Marco Antônio Lage (Diretor de Comunicação da Fiat). MTb: 4.247/MG Gestão Editorial: Margem 3 Comunicação Estratégica. Editora-Executiva: Juliana Garcia. Editora-Adjunto: Lilian Lobato. Colaboraram nesta edição: Ellen Dias, Frederico Machado, Frederico Tonucci, Guilherme Arruda, Jamerson Costa, Joel Leite, Oliviero Pluviano, Roberto Baraldi, Sueli Osório. Projeto Gráfico e Diagramação: Sandra Fujii. Produção Gráfica: Ilma Costa. Impressão: EGL - Editores Gráficos Ltda. Tiragem: 19.500 exemplares. Redação: Rua Oriente, 445 – Serra – CEP 30220-270 – Belo Horizonte – MG – Tel.: (31) 3261-7517. Fale conosco: mundofiat@fiatbrasil.com.br Para anunciar: José Maria Neves (31) 3297-8194 – (31) 9993-0066 – mundofiat@uol.com.br
Por Marco Antônio Lage(*)
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sta é uma edição de fôlego da revista Mundo Fiat, em que brilham o esporte e a cultura, a começar pela capa, que traz uma foto bem-humorada de Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Ronaldo Fenômeno, ídolo do futebol brasileiro que continua a se destacar fora dos gramados. O ex-jogador e, agora, empresário bem-sucedido é a estrela da campanha publicitária de varejo da Fiat nos próximos dois anos. O trabalho conjunto resultou em anúncios bem-humorados, que vêm cativando o público. Em entrevista, o Fenômeno fala sobre a campanha, sobre a Copa do Mundo de 2014 e também faz um alerta aos pais, para que procurem o equilíbrio na vida dos filhos, incentivando-os a praticar atividades físicas, porque o esporte estimula o espírito de equipe, senso de justiça, liderança, respeito ao próximo e disciplina. Os benefícios do esporte são particularmente visíveis nos jogos paraolímpicos, as competições para deficientes físicos, nos quais o Brasil é uma potência mundial. Uma detalhada reportagem publicada nesta edição relembra o sucesso do Brasil em Londres e mostra os preparativos para as Paralimpíadas que ocorrerão no Rio de Janeiro em 2016. Também conhecemos algumas das práticas inclusivas das empresas do Grupo Fiat, que proporcionam a superação e inserção por meio do trabalho. No campo da cultura, o destaque é que a Fiat está estendendo pontes entre Minas e Pernambuco, por meio do projeto Minas-Pernambuco, realizado em parceria com a Associação Cultural Sempre Um Papo. A ideia é aproximar ambas as culturas por meio da apresentação de grandes artistas mineiros em Pernambuco e pernambucanos em Minas, compartilhando identidades e conhecimento. O resultado da iniciativa em 2012 foi muito positivo. Na vertente dos negócios, a Iveco apresenta o Vertis HD, caminhão médio que completa a linha Ecoline, desenvolvida para atender às normas ambientais mais rigorosas. A Iveco Magirus foi escolhida para equipar os aeroportos brasileiros com caminhões de combate a incêndios. O grupo Chrysler apresenta o novo Jeep Grand Cherokee, o modelo mais luxuoso da marca. As máquinas da Case New Holland (CNH) contribuirão para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em diversos municípios brasileiros. Enfim, esportes, cultura e trabalho, muito trabalho. Boa leitura! (*) Diretor de Comunicação e Sustentabilidade da Fiat/Chrysler
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Pela primeira vez, Fenômeno estrela a campanha da empresa, em parceria de dois anos de duração
Por Lilian Lobato
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Depois de brilhar nos gramados, hoje, Ronaldo se destaca no mundo empresarial
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esafios, obstáculos, alegrias e sucesso. A vida do craque Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Fenômeno, não foi fácil, mas ele conseguiu e venceu. Hoje, fora dos gramados, o ex-jogador de futebol brilha no mundo empresarial e se tornou o novo rosto da Fiat Automóveis. Pela primeira vez, Ronaldo é a estrela das campanhas da empresa e ficará com a marca por dois anos. “A parceria será um sucesso absoluto. Estar ao lado de uma marca de respeito e tradição como a Fiat é realmente gratificante. Teremos ótimos resultados”, aposta Ronaldo. Segundo ele, gravar os comerciais tem sido um momento de diversão. “Desde quando li os roteiros, pela primeira vez, já fiquei empolgado. Os vídeos são bem-humorados e o resultado ficou sensacional. Muitas pessoas nas ruas brincam sobre os filmes, dizendo que a ideia foi ótima, outros até acreditaram que eu realmente estava magro daquele jeito (risos)”. A campanha de varejo, criada pela Agência Fiat – formada por profissionais da Leo Burnett Tailor Made e AgênciaClick Isobar – estreou em janeiro com filme, anúncios e mídia online. Durante um dos vídeos, Ronaldo tenta provar que não eram usados efeitos es-
m pouco da história U do craque O sonho de ser jogador de futebol começou na infância e logo o menino de 16 anos passou a brilhar nos gramados como profissional. Sua trajetória de destaque começou em Minas
Gerais, no Cruzeiro, e não precisou de muito tempo para que Ronaldo brilhasse também na Europa e se transformasse em um verdadeiro fenômeno. Embora os obstáculos surgissem pelo caminho, ele soube superar as dificuldades e escrever sua história como um grande atleta do mundo do futebol. Ronaldo teve uma infância simples e o futebol sempre esteve presente em sua vida. Natural do Rio de Janeiro, ele chegou a tentar treinar no Flamengo, mas acabou indo para
Valter Campanato/ABr
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Ronaldo, o novo rosto da Fiat
peciais para ele aparecer tão magrinho. A justificativa do fenômeno foi mais uma brincadeira da campanha. Na verdade, foram sim utilizadas técnicas especiais para deixar o ex-jogador bem fininho no filme de abertura. É certo, porém, que a estética do craque mudou consideravelmente nos últimos meses. No final do ano passado, Ronaldo participou de uma iniciativa do Fantástico, da TV Globo, em que passou por um processo de reeducação alimentar e rotina de exercícios físicos para perder peso e adotar um estilo de vida mais saudável. Segundo ele, foi muito motivador participar do projeto. “Era um grande desafio individual, mas também uma oportunidade única de passar uma mensagem de incentivo para o Brasil de que ter uma vida saudável não custa muito para as pessoas. Vale ressaltar o papel do educador físico e especialista em saúde e bem-estar, Marcio Atala, que me deixou sempre muito à vontade. Pelo que vi e ouvi nas ruas, fiquei mais do que feliz com o resultado”, afirma o craque. Com base nessa experiência, Ronaldo faz um alerta aos pais para que procurem o equilíbrio na vida dos filhos quando o assunto é videogame, computador e esportes. Para ele, é fundamental incentivá-los a praticar atividades físicas, bem como estimular o espírito de equipe, senso de justiça e liderança. Os benefícios do esporte, para o ex-jogador, vão além do emagrecimento. “O bem-estar deve vir sempre à frente e existem outros valores que o esporte ensina, como respeito ao próximo, disciplina e que nada vem por acaso, apenas com muita luta”, ressalta.
o São Cristovão. Estreou no futebol profissional defendendo o Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 1993. Naquela época, chamou a atenção nacionalmente e já era notório que era um jogador diferenciado. Não demorou muito para que os clubes europeus buscassem o craque, que passou pelo PSV Eindhoven, Inter de Milão, Barcelona e Real Madrid. No Barcelona, Ronaldo foi eleito, pela primeira vez, o melhor jogador do mundo. No ano seguinte, em 1997, já na Inter de Milão, recebeu novamente
Ronaldo durante encontro no Ministério do Esporte: foco na Copa do Mundo de 2014
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Boas expectativas para a Copa do Mundo de 2014
Ronaldo se diverte nos vídeos bemhumorados da campanha da Fiat em que ele é garotopropaganda
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Artilheiro de destaque na história das Copas do Mundo, Ronaldo está otimista com o mundial de 2014. “Os estádios serão um grande legado para o povo brasileiro. Assim como as obras que estão em andamento na área de transporte, por exemplo. Isso conta muito em um país que ficou longos anos sem investir em infraestrutura, não correspondendo com a qualidade dos atletas. Não tenho dúvidas que com tudo isso, o futebol brasileiro se encontrará em um novo patamar”, afirma. O fenômeno tem boas expectativas quando o assunto é a Seleção Brasileira. Para ele, a torcida e a sensação de estar em casa devem contribuir para o rendimento dos jogadores. E, claro, o trabalho do técnico Felipão fará a diferença. O brasileiro, segundo Ronaldo, precisa ter orgulho de receber e organizar uma Copa, o evento esportivo mais importante do mundo. “Vamos mostrar a todos como somos especiais”.
o título e foi batizado de Fenômeno. Nesse time, no entanto, ele viveu um dos seus piores momentos. Em 2000, seu joelho direito cedeu no primeiro drible, saindo do lugar. Foi preciso uma longa recuperação, que durou 15 meses. A volta aos gramados não foi nada fácil para Ronaldo, que veria realmente sua estrela brilhar na Copa do Mundo de 2002, quando foi convocado por Luiz Felipe Scolari, o Felipão, e marcou oito vezes. Nesse mesmo ano, já no Real Madrid, foi eleito novamente o melhor jogador do mundo pela Fifa. Em 2007, sem espaço no time, acertou sua ida para o Milan. No entanto, a seu contrato não foi renovado e ele deixou o time em 2008. Após sua saída do Milan, Ronaldo manifestou o desejo de defender o Flamengo, do qual é torcedor declarado, transferiu-se para o Corinthians. Em 2011, após a desclassificação do Timão na Copa Libertadores da América, Ronaldo não conseguiu mais suportar as dores físicas, e decidiu anunciar oficialmente a sua aposentadoria em 14 de fevereiro. Segundo ele, o encerramento da carreira se deu pelo fato de enfrentar seguidas lesões e, conforme revelou, por sofrer de hipotireoidismo, um distúrbio metabólico que desacelera o metabolismo e dificulta a perda de peso. Para os jovens que veem o ex-jogador como exemplo, ele explica que, para se tornar um craque, é preciso talento e muito treino. Somente assim, é possível desenvolver um bom futebol. Ronaldo destaca que o talento é o diferencial, mas os treinos contribuem para a evolução do atleta. “Ainda garoto, percebi que precisava melhorar meu chute com a perna esquerda. Ao chegar em casa, repetia centenas de vezes o movimento com a perna esquerda, chutando a bola na parede, para me aperfeiçoar”, recorda. Depois de brilhar nos gramados, Ronaldo voltou suas atenções para
o ramo empresarial e fundou a 9ine, empresa de marketing esportivo responsável por gerenciar carreiras de esportistas. Hoje, a empresa conta com nomes de peso do esporte mundial, como o jogador Neymar e o lutador Anderson Silva. Para tornar sua vida ainda mais agitada, Ronaldo também se tornou membro do comitê organizador da Copa do Mundo FIFA de 2014, que será realizada no Brasil.
Prêmios recebidos por Ronaldo Melhor jogador do mundo pela FIFA: 1996, 1997 e 2002 Ballon d’Or: 1997 e 2002 Onze d’Or: 1997 e 2002 Melhor jogador do mundo pela revista World Soccer: 1996, 1997 e 2002 Chuteira de Ouro da UEFA: 1997 Trofeo Bravo: 1997 e 1998 Melhor jogador da Copa do Mundo FIFA: 1998 Melhor jogador da final do Mundial Interclubes: 2002 Golden Foot: 2006 Melhor jogador do Campeonato Paulista: 2009 Brasileiro do Ano, pela Revista Isto É: 2009
Artilharias Supercopa Libertadores de 1993 (12 gols) Campeonato Mineiro de 1994 (23 gols) Campeonato Neerlandês de 1994/95 (30 gols) Campeonato Espanhol de 1996/97 (34 gols) Copa América de 1999 (5 gols) Copa do Mundo de 2002 (8 gols) Campeonato Espanhol de 2003/04 (25 gols) Maior artilheiro da história das Copas do Mundo (15 gols em 4 edições): 1994 (não jogou), 1998 (4 gols), 2002 (8 gols) e 2006 (3 gols)
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Jeitinho mineiro com um toque pernambucano Projeto Minas-Pernambuco promove a integração através da cultura e das artes, estabelecendo pontes entre os dois estados que têm presença da Fiat Por Lilian Lobato
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Ariano Suassuna: o imaginário pernambucano em uma conferência memorável
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evar um pouco de Minas a Pernambuco e um pouco de Pernambuco a Minas, culturas tão semelhantes e, ao mesmo tempo, tão diferentes e complementares. Este intercâmbio é parte do projeto Minas-Pernambuco, da Fiat Automóveis em parceria com a Associação Cultural Sempre Um Papo. A Fiat está presente em Minas Gerais desde 1976, quando inaugurou sua fábrica de automóveis em Betim, e está construindo uma fábrica em Goiana, Pernambuco. A ideia central do projeto é aproximar as culturas mineira e pernambucana, por meio da apresentação de grandes artistas dos dois estados. “Considerando a geografia dos negócios, nada melhor do que promover belos encontros entre mineiros e pernambucanos. No segundo semestre de 2012, procuramos mostrar o melhor de Minas a Pernambuco. Escolhemos expoentes de várias áreas da cultura. O resultado foi ótimo. O público pernambucano é atento, interessado e muito participativo. Ficamos entusiasmados com a acolhida que tivemos”, ressalta Marco Antônio Lage, diretor de Comunicação da Fiat/ Chrysler. Já em Minas, o romancista, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna inaugurou em grande estilo a participação dos pernambucanos no projeto. Foi um espetáculo a parte. Suassuna se apresentou por
duas horas e encantou o público, que lotou o teatro Sesc Palladium, em Belo Horizonte, para assistir a um misto de aula, conferência e espetáculo. “As pessoas ficaram fascinadas por ele e pela cultura pernambucana”, ressalta Lage. A iniciativa, segundo o supervisor de Relações Públicas da Fiat, Rogério Faria Tavares, ainda tem o intuito de aproximar a empresa da comunidade pernambucana. “Nada melhor do que a cultura para atingir esse objetivo”, afirma. “Atividades culturais são oportunidades privilegiadas de encontrar pessoas, fazer amigos, divertir-se e aprender sobre o outro”, continua. De acordo com Faria Tavares, a chegada da Fiat em Pernambuco não vai gerar apenas um grande impacto na economia do Estado: “A chegada da Fiat também vai produzir riqueza social. Sempre que a Fiat chega a algum lugar, ela impulsiona e dinamiza a vida da comunidade em que se insere. A atuação cultural da empresa é um exemplo disso. Incentivá-la é fundamental para assegurar um relacionamento de qualidade com os pernambucanos”. Faria Tavares observa que mineiros e pernambucanos produzem cultura rica e diversificada, cultivam tradições populares e artísticas reconhecidas por todos os brasileiros. “Daí, o sucesso do projeto Minas-Pernambuco”, conclui.
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O Sempre Um Papo contribuiu diretamente para o encontro de mineiros e pernambucanos. Afonso Borges, responsável pela criação, coordenação e desenvolvimento do projeto, foi o mediador das apresentações em ambos os estados e, segundo ele, a repercussão das atividades se revelou uma boa surpresa. Em Recife, estiveram presentes as cinco das mais emblemáticas personalidades de Minas Gerais, gerando uma síntese da cultura mineira. Participaram a cantora e compositora Fernanda Takai, o ator do Grupo Galpão, Eduardo Moreira, o coreógrafo do Grupo Corpo, Rodrigo Pederneiras, o cineasta Helvécio Ratton e os escritores Carlos Herculano Lopes, Luis Giffoni e Léo Cunha. Todos os artistas abordaram suas trajetórias. “Além do grande sucesso de mídia e público, o Minas-Pernambuco mostrou-se eficiente na divulgação da cultura mineira de uma forma simpática, viva e atuante. Isso, porque não se trata de difundir Minas Gerais de uma maneira estática, apenas pelos seus valores e riquezas. Levar esses importantes convidados minei-
ros a outros estados para falar sobre suas carreiras vencedoras e suas reconhecidas atuações em suas áreas é um deslumbramento para o público presente”, frisa Borges. Ele ressalta que o evento é um poderoso instrumento de intercâmbio cultural e troca de experiências. As personalidades mineiras que se apresentaram possuem carreiras sólidas, são admiradas. “Com isso, esses escritores, artistas e atores culturais passam a ser excelentes divulgadores da nossa cultura fora do estado”, afirma. Para ele, é impressionante as afinidades entre Minas e Pernambuco. São dois Estados que construíram uma forte tradição cultural em todas as áreas, influenciando todo o país. Em Belo Horizonte, o cenário não foi diferente. Logo na estreia, o projeto contou com um dos mais importantes escritores vivos do Brasil, Ariano Suassuna. Ele apresentou uma de suas famosas aulas-espetáculo, intitulada Raízes Populares da Cultura Brasileira. De acordo com Borges, a apresentação foi fantástica e encantou o público presente.
Estreia em grande estilo Agência Exclusiva
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Parceria de sucesso
A estreia do projeto Minas-Pernambuco, em Recife, ocorreu em setembro de 2012 e contou com a presença da cantora, compositora e escritora, Fernanda Takai. Ela lançou o livro de contos “A Mulher Que Não Queria Acreditar” (Ed. Panda Books) e debateu o tema Música, Literatura e Criação. O livro de Fernanda Takai reúne pequenas histórias, que mesclam fatos reais da vida da autora com ficção. O cotidiano, situações inusitadas e casos engraçados estão dispostos nos 40 textos, em 118 páginas. Dentre outros temas, a obra trata de coragem, amor e maternidade. “Adorei estar ali no Recife Antigo, no Sempre Um Papo, conversando com pessoas que conheciam apenas a minha carreira musical e, agora, sabem um pouco mais do que coloco nos meus textos para jornais e revistas. O evento contou com pessoas de todas as idades, um público muito participativo. É raro haver um tempo para conversas assim. Tenho ido muito a Pernambuco ao longo dos anos, apresentando-me solo ou com minha banda e há uma empatia enorme entre nós”, afirma Fernanda Takai.
Os múltiplos talentos de Fernanda Takai Nascida em 1971, na Serra do Navio (AP), Fernanda Takai mora em Belo Horizonte há muitos anos. Graduou-se em Relações Públicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1993. Desde 1992, faz parte da banda Pato Fu, cantando, compondo e tocando. Produziu 11 CDs e cinco DVDs com o Pato Fu, dois CDs e um DVD solo, além de um EP com a cantora japonesa Maki Nomiya. Durante seis anos, foi colunista dos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense, nos quais escrevia contos e crônicas. Em 2007, lançou seu primeiro livro, “Nunca Subestime Uma Mulherzinha” (Panda Books).
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A segunda edição do projeto Minas-Pernambuco, em Recife, foi realizada em outubro e contou com os escritores Carlos Herculano Lopes, Leo Cunha e Luís Giffoni para o lançamento do livro “Coletivo 21” (Ed. Autêntica). A obra reúne textos de 23 escritores e tem o objetivo de incitar a discussão do papel dos autores na atualidade. Com proposta diferenciada, a antologia apresenta um mosaico de contos, crônicas, versos e aforismos, trechos de ro-
mance e biografia, além de um texto visual. O Coletivo 21 é formado por autores que, juntos, têm mais de 300 títulos publicados nos mais variados gêneros literários, muitos deles premiados e reconhecidos no Brasil e no exterior. Trata-se do primeiro livro do grupo, que o dedica ao escritor Cunha de Leiradella, “português mineiro adotivo, companheiro dos coletivos”; e Alécio Cunha, poeta, jornalista, “amigo dos amigos”, falecido em 2010.
Leo Cunha Escritor, jornalista e professor universitário. Mestre em Ciência da Informação e doutor em Artes/Cinema, pela UFMG. Já publicou mais de 40 livros de literatura infanto-juvenil, em prosa e poesia, além de participar de diversas coletâneas.
Carlos Herculano Lopes
Grupo Galpão em terras pernambucanas
Agência Exclusiva
minas - Pernambuco
Grandes escritores vão a Recife
Para dar continuidade ao projeto, também em outubro de 2012, a Fiat, dentro da programação do Sempre Um Papo, levou o ator e fundador do Grupo Galpão, Eduardo Moreira, para debater o tema “A Trajetória do Grupo Galpão e as Alternativas do Teatro de Grupo no Brasil” e lançar o livro “Grupo Galpão – Uma História de Encontros”. No ano em que o grupo completou 30 anos de trajetória, o ator abordou uma breve história do teatro brasileiro e sua reorganização depois do período militar. Ele colocou em pauta as alternativas de sobrevivência do teatro no Brasil e os caminhos de organização, as respostas estéticas dadas pelo Galpão aos grandes desafios que enfrentou ao longo de sua existência.
Formado em jornalismo, publicou 13 livros. Dois deles, Sombras de julho e O vestido, foram lançados também na Itália, sendo levados ao cinema pelos diretores Marco Altberg e Paulo Thiago, respectivamente. Participou de 15 antologias (uma delas na Argentina e outra no Canadá) e recebeu os prêmios Cidade de Belo Horizonte, 1982; Guimarães Rosa, 1984; Lei Sarney de autor revelação de 1987; e 5ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, em 1990.
Luís Giffoni Tem 21 livros publicados. Dentre eles, O Fascínio do Nada, O Pastor das Sombras, Dom Frei Manoel da Cruz, O Reino dos Puxões de Orelha, China – O Despertar do Dragão e Retalhos do Mundo. Recebeu várias premiações, como da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, Bienal Nestlé, Prêmio Minas de Cultura – Prêmio Henriqueta Lisboa, Prêmio Nacional de Romance e Prêmio Nacional de Contos Cidade de Belo Horizonte e Prêmio Jabuti de Romance.
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Grupo Galpão, uma referência nacional É uma das companhias mais importantes do cenário teatral brasileiro. Criado em 1982, o grupo desenvolve uma arte que alia rigor estético, pesquisa, busca de linguagem, com montagem de peças que possuem grande poder de comunicação com o público. Formado por atores que trabalham com diferentes diretores convidados, como Fernando Linares, Paulinho Polika, Eid Ribeiro, Gabriel Villela, Cacá Carvalho, Paulo José, Paulo de Moraes, Yara de Novaes e Jurij Alschitz (além dos próprios componentes que também já dirigiram espetáculos do Grupo), o Galpão forjou sua linguagem artística a partir desses encontros diversos, criando um teatro que dialoga com o popular e o erudito, com a tradição e a contemporaneidade, com o teatro de rua e o palco, com o universal e o regional brasileiro. Ao longo de sua trajetória, o Grupo participou de mais de 40 festivais internacionais (na Europa, América latina, Estados Unidos e Canadá) e cerca de 70 nacionais, em todas as regiões do país, sendo o único grupo brasileiro a se apresentar no “Globe Theatre”, em Londres.
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A quarta edição do projeto ocorreu em novembro de 2012 e contou com a participação do coreógrafo Rodrigo Pederneiras para o debate sobre a história do Grupo Corpo e lançamento do livro “Rodrigo Pederneiras e o Grupo Corpo”, de Sérgio Rodrigo Reis. A obra mostra como o coreógrafo construiu sua carreira e o mito do Grupo Corpo, com a ajuda de uma competente equipe, da qual fazem partes seus irmãos, entre eles Paulo Pederneiras, outro fundador do grupo. Rodrigo Pederneiras é coreógrafo do Corpo desde 1978. Hoje, tem seu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. Já coreografou para o Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o Balé do Teatro Guaíra, o Balé
Agência Exclusiva
da Cidade de São Paulo e a Companhia de Dança de Minas Gerais. Fora do Brasil: Companhia da Deutsche Oper Berlin (Alemanha), Gulbenkian (Portugal), Les Ballets Jazz de Montréal (Canadá), Stadttheater Saint Gallen (Suíça) e Opéra du Rhin (França).
Um pouco de cinema Agência Exclusiva
O encerramento dessa série de encontros em 2012, no Recife, ocorreu em novembro e contou com a presença do cineasta Helvécio Ratton no debate e lançamento do livro “Helvécio Ratton, o Cinema Além das Montanhas”, escrito por Pablo Vilaça, e do DVD do documentário “O Mineiro e o Queijo”. Depois de exibido nos cinemas de todo o Brasil, o documentário ‘O Mineiro e o Queijo’ chegou ao mercado em DVD no final de outubro. O filme revelou as delícias e contradições do queijo minas artesanal: considerado patrimônio nacional, é proibido de circular fora de Minas Gerais. No filme “O Mineiro e o Queijo”, os produtores abrem as portas de suas
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fazendas para mostrar a tradição passada de pai pra filho. “Helvécio Ratton constrói um fascinante relato sobre Minas Gerais, sobre modos de fazer, viver, criar. Não é apenas a causa do queijo que está em questão, mas o jeito como as pessoas falam, conversam, pensam, relacionam-se, amam. A disputa pelo queijo se transforma em algo maior – a necessidade de preservação de um modo de vida fascinante”, afirmou o crítico de cinema Marcello Castilho Avellar, ao jornal Estado de Minas. Realizador de filmes famosos e premiados, como A Dança dos Bonecos, Amor & Cia e Uma Onda no Ar, Helvécio Ratton revela no livro sua trajetória desde sua participação na luta armada, até ser o mais conhecido cineasta mineiro da atualidade. É uma vida notável, repleta de incidentes, surpresas, reviravoltas e momentos de grande emoção.
Um verdadeiro espetáculo O lançamento do projeto Minas-Pernambuco, em Belo Horizonte, ocorreu de forma memorável com a presença do romancista, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna. Ele ministrou a aula-espetáculo “Raízes Populares da Cultura Brasileira”. O evento ocorreu em dezembro, com transmissão via internet e gravação do programa que irá ao ar para todo o país pela TV Câmara. A aula-espetáculo foi uma apresentação que buscou a identidade da cultura brasileira, com suas matrizes indígena, portuguesa e africana, por meio da música e dança. Com uma escrita inspirada pelo simbolismo, pelo barroco e pela literatura de cordel, Ariano Suassuna transforma o sertão no palco de questões humanas universais. O escritor foi o criador do Movimento Armorial, que tem como projeto a apropriação estética de todas as artes populares do Nordeste. Na ocasião, Suassuna também abordou aspectos da vida de profes-
Studio Cerri
minas - Pernambuco
Momento de exaltar a dança
sor, já que leciona desde os 15 anos de idade e continua com suas aulas por todo o Brasil. Ele, ainda, relembrou a infância e juventude vividas no sertão de Cariri. Defensor da cultura nordestina, Ariano tem influência dos sertões na criação de suas narrativas e aponta como grandes obras da literatura nacional os romances “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e “Os Sertões”, de Euclides da Cunha.
A trajetória de Ariano Suassuna Nascido em João Pessoa, em 16 de junho de 1927, Ariano Vilar Suassuna é filho de Cássia Villar e João Suassuna – que governou o estado no período de 1924 e 1928, sendo assassinado no Rio de Janeiro, em consequência da luta política às vésperas da Revolução de 1930. No mesmo ano, sua mãe se mudou com os nove filhos para Taperoá, onde Ariano Suassuna fez os estudos primários. Em 1942, a família se mudou para Recife e os primeiros textos de Ariano foram publicados nos jornais da cidade, enquanto ele ainda fazia os estudos pré-universitários. Em 1946, Ariano iniciou a Faculdade de Direito. Após se formar, em 1950, passou a dedicar-se à advocacia e à literatura. Mudou-se de novo para Taperoá, onde escreveu e montou a peça “Torturas de um Coração”, em 1951. No ano seguinte, voltou a morar em Recife. O Auto da Compadecida (1955), outra peça do escritor, encenado em 1957 pelo Teatro Adolescente do Recife, conquistou a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais. O escritor também foi Secretário de Educação e Cultura do Recife de 1975 a 1978. Doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1976, e foi professor da UFPE por mais de 30 anos, onde ensinou Estética e Teoria do Teatro, Literatura Brasileira e História da Cultura Brasileira.
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Cultura
Parintins,
a ópera carnavalesca que celebra a Amazônia Em Parintins, no estado do Amazonas, todos os anos se enfrentam o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, que desfilam no “bumbódromo”
Por Oliviero Pluviano
C
omo pode uma pequena ilha perdida na selva, mais ou menos na metade do percurso do
Rio Amazonas, rivalizar com a poderosa instituição do Carnaval do Rio de Janeiro? O que leva os pouco mais de
A “Marujada de Guerra” do Caprichoso, como é chamada em Parintins a bateria, com percussionistas que oferecem a base rítmica ao espetáculo folclórico
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Uma esplêndida mulher dança nos braços de um enorme gorila amazônico
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Cultura
100 mil habitantes desta pérola amazônica a colocar em cena um dos mais surpreendentes espetáculos de toda a América Latina, transformando três noites de fim de junho em uma maravilha de surpresas sempre diferentes e em uma experiência inesquecível para quem tem a sorte de chegar até lá? Um lugar muito longe, tão longe em horas de viagem quanto a Europa. Em Parintins, no estado do Amazonas, todos os anos se enfrentam tradicionalmente os vermelhos do Garantido contra os azuis do Caprichoso, desfilando todas as noites por duas horas e meia cada grupo no “bumbódromo”, com milhares de bailarinos e figurantes, dezenas de canções entoadas em uníssono por um público de quase 10 mil pessoas nas arquibancadas, geniais fantasias e tatuagens indígenas e monumentais carros alegóricos que se abrem como caixas de surpresa. Tudo isso inspirado no folclore e nas lendas dos índios do maior rio da Terra.
A porta-estandarte do Garantido tem em mãos o símbolo do colorido e adorável Boi Bumba
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Sabe-se que a tradição do Bumba Meu Boi, baseada nas evoluções de um falso boi zebu em cujo interior se esconde um homem, chegou à Amazônia no princípio do século passado, levada pelas populações do Nordeste brasileiro que emigraram ao longo do Rio Amazonas para fugir da seca. O que é difícil de entender é como humildes pescadores conseguiram produzir uma representação tão bonita do apogeu indígena, transformando Parintins, com seu inacreditável Festival Folclórico, em uma dos destinos mais procuradas do Brasil. O boi preto com uma estrela azul na testa é, desde quando foi criado o festival, há 47 anos, uma paixão digna dos contradaioli (torcedores) de Siena para os habitantes mais ricos da Ilha Tupinambarana, que torcem pelo Caprichoso. Já o boi branco que leva na testa um coração vermelho é o símbolo do Garantido que reúne toda a população menos abastada
Apaixonados torcedores que contagiam todo o público do “bumbódromo” com alegria e calor humano
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Bumba meu boi O bumba meu boi é uma dança folclórica típica do norte e nordeste brasileiro, que acontece em meados de novembro e vai até janeiro. Ela mistura a dança e a representação teatral. A história mistura sátira, comédia, tragédia e drama, na qual a figura do homem é frágil diante da força bruta do boi. A história é contada por meio de cantos e declamações, e os acontecimentos permeiam a vida, morte e ressureição de um boi. Os personagens principais são: o boi estimado, o fazendeiro branco, dono do boi, o vaqueiro negro e sua mulher cabocla. Nas diferentes regiões do norte e nordeste, há uma variação quanto ao personagem principal. Em alguns locais é o boi, e em outros é o vaqueiro que rouba o boi. O enredo também é diferente de região para região. A diferença mais comum é a questão moral. Vilões e mocinhos variam em cada auto. O destino do boi também é variado. Em alguns autos ele adoece e morre, em outros sobrevive, e em algumas versões morre, porém ressuscita. A representação conta com alegorias muito coloridas, sendo que a alegoria do boi é feita com uma armação de madeira coberta por tecidos bordados, na forma de um touro. O homem que fica dentro desta alegoria é chamado de “miolo do boi”. Segundo historiadores, o bumba meu boi tem origem na cultura europeia (espanhola e portuguesa), africana e indígena. A tradição no norte e nordeste é iniciar a festa do boi em frente à casa de quem convidou o grupo, que alias é quem patrocina a festa.
Fonte: InfoEscola
Carro alegórico com os monstros lendários da gigante Amazônia flutua pela avenida
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de Parintins, como em um ícone de esquerda. Todos os habitantes da pequena cidade equatorial ficam assim divididos em duas partes, os azuis e os vermelhos, pintando até as casas onde vivem com a cor preferida. A Coca-Cola, principal patrocinador da festa porque na zona se encontram as maiores plantações de guaraná, foi obrigada, num caso único no mundo, a exibir em Parintins o seu logo em azul, além do tradicional vermelho. Das 21 horas até às 3 horas da madrugada, os dois ‘’bumba’’ se alternam na arena a céu aberto em uma celebração da natureza, do desenvolvimento sustentável e dos moradores autóctones da maior floresta do planeta. Tudo nesta surpreendente ópera etnográfica, desde as belíssimas fantasias dos participantes aos
carros alegóricos dos quais saem gigantescas serpentes, onças, jacarés, aves e flores, às palavras das toadas (canções únicas e originais desta parte da Amazônia, no ritmo endiabrado dos tambores), e às personagens fantásticas e improváveis das lendas nativas, se relaciona à Amazônia mais verdadeira. O Boi Caprichoso’ vai completar um século em 2013 na lembrança dos irmãos Cid, que levaram do Nordeste pela primeira vez até a Amazônia o mito do Bumba Meu Boi. Também o Boi Garantido deve completar cem anos no ano que vem – dizem – mas há muitas dúvidas quanto a esta data: de qualquer forma, quem o inventou foi um pescador de origem italiana, Lindolfo Monteverde, na Baixa de São José. Uma área pobre, atrasada, que mais uma vez neste ano foi inundada
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Cultura
Festival Folclórico de Parintins O Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular realizada anualmente no último fim de semana de junho na cidade de Parintins (AM) – a 325 quilômetros de Manaus. O festival é uma apresentação a céu aberto, em que competem duas associações, o Boi Garantido, de cor vermelha, e o Boi Caprichoso, de cor azul. A apresentação ocorre no Bumbódromo (Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes), um tipo de estádio com o formato de uma cabeça de boi estilizada, com capacidade para 35 mil espectadores. Durante as três noites de apresentação, os dois bois exploram as temáticas regionais como lendas, rituais indígenas e costumes dos ribeirinhos por meio de alegorias e encenações. O Festival de Parintins se tornou um dos maiores divulgadores da cultura local. O festival é realizado desde 1965 e já teve vários locais de disputa como a quadra da catedral de Nossa Senhora do Carmo, a quadra da extinta CCE e o estádio Tupy Cantanhede. Até 2005, era realizado sempre nos dias 28, 29 e 30 de junho. Uma lei municipal mudou a data para o último fim de semana desse mesmo mês.
Lucas Costa Val
Parintins, AM
Fonte: Wikipedia
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pela maior cheia na memória do rio Amazonas, o que não impediu os criadores do festival de levar adiante do mesmo jeito seu fabuloso trabalho. “Parintins tem algo de inexplicável: cada morador tem uma alma de artista”, diz Rosilene Medeiros, diretora do Amazonas Tour, parintinense autêntica. “Cada associação conta com mais de 500 pessoas que entram nos galpões para a preparação da festa no início de março, e no final do mês de junho apresentam, como que surgido do nada, este imponente espetáculo de fantasia tribal. Em cada um dos três dias da festa, se assiste a uma representação diferente: nenhuma alegoria, nenhuma fantasia, nenhuma música se repete. É como se estivessem se apresentando seis alegorias em um único fim de semana. É sobre-humana a capacidade dos artesãos, que são todos de Parintins e que são procurados a peso de ouro nos galpões do Carnaval do Rio de Janeiro”, conta. Da mesma forma que para os quesitos avaliados pelos jurados no Sambódromo da cidade maravilhosa, também em Parintins são atribuídas notas aos dois contendores com base em cerca de vinte itens. São muitos elementos: o “Apresentador’’ que com sua voz de timbre seguro representa o fio condutor para o desenvolvimento do tema escolhido para o desfile; o “Levantador de toadas” que deve cantar com entoação perfeita todas as canções, em torno de vinte entre as novas e as clássicas; o “Amo do Boi”, o dono da fazenda que acompanha as evoluções do falso zebu de veludo. Há quatro moças que com sua beleza levantam o público do “bumbódromo”: são a “Porta estandarte”, a “Sinhazinha da Fazenda”, a “Rainha do Folclore” e a exuberante “Cunhã Poranga” (Moça Bonita em língua tupi). “É uma festa profana”, prossegue Rosilene. “Mas você não vê na arena moças despidas porque
Coreografia de peregrinos para a catedral de Parintins, dedicada à Nossa Senhora do Carmo, que é levada em procissão
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Cultura Uma bela mulher interpreta o espírito “Cunhã Poranga”, feroz guardiã do Legado Ancestral
todas as fantasias são muito ricas e cada mulher é muito bem vestida”. Também tem o “Pajé” que deve ter a autoridade de líder espiritual e xamanístico a ser exibida com sua expressão corporal e facial, e o chefe da tribo, o “Tuxaua”, que leva na cabeça um enorme cocar alegórico. Mas é caraterística exclusiva de Parintins o fato que seja também sujeito a votação o comportamento da “Galera”, o público, que deve ficar em completo silêncio quando se apresenta o “Boi” adversário, para não receber muitos pontos de penalidade. Mas esse mesmo público se solta na sua vez, durante a apresentação de
seu favorito. “São milhares de apaixonados torcedores que contagiam a todos com sua alegria e calor humano”, diz o folder explicativo da festa distribuído a todos os participantes. “São homens e mulheres humildes que, além de esperarem o ano inteiro, enfrentam sol e chuva nas filas de acesso às arquibancadas para mostrar a todos seu amor pelo brinquedo com uma estrela na testa. São caboclos da zona rural e da zona urbana do município que não medem esforços para mostrar garra em conjunto, aplaudir, lançar gritos de guerra e entoar cantos do amor a seu boi. São filhos da grande floresta, são gentes
O novo Doblò Adventure Xingu, inspirado no filme de Cao Hamburger sobre a história da criação do Parque Nacional do Xingu
de todas as cores, são bravos de muitos amores e povo de tantos valores’’. É uma massa de pessoas que, depois de anos de provas e atuações, forma uma das maiores coreografias em uníssono do mundo. “Em julho começaremos os trabalhos de um novo bumbódromo”, revela o presidente do Garantido, Telo Pinto. “Não haverá mais problemas de camarotes, que serão mais de 60 para os patrocinadores. Nem de acesso: agora, infelizmente, o dobro do público acaba ficando fora da arena. Tudo isto será melhorado pela reforma que vai dobrar o número de pessoas com ingresso para a festa. Será inaugurado no ano que vem, a tempo para os cem anos das nossas agremiações e o efeito do espetáculo e do público será ainda mais grandioso. Vai hipnotizar todo mundo’’. Neste ano, receberam uma homenagem especial os índios da etnia Satere-Mawes, que vivem nos pântanos ao redor da ilha de Parintins, e que são responsáveis por ter revelado as virtudes do guaraná ao resto do Brasil. A esta tribo foram dedicados muitos carros alegóricos com as mais variadas lendas amazônicas, do Curupira ao Mapinguari. E
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os guerreiros mostraram no quesito “Tribos Indígenas” também muitas tatuagens, nas pernas, nos braços e nos corpos, totalmente semelhantes às faixas decorativas do novo Doblò Adventure Xingu. É um modelo inspirado no filme do mesmo nome, dirigido por Cao Hamburger, que conta a história da criação do Parque Nacional do Xingu, na mesma Amazônia, não muito longe de Parintins, iniciado na década de 1940 sob o comando dos irmãos Villas Boas. “A Fiat busca participar da vida dos brasileiros, que é resgatar histórias, reafirmar identidades e contribuir à educação e ao conhecimento dos jovens sobre o que de melhor existe no Brasil’’, disse Marco Antonio Lage, diretor de comunicação corporativa da Fiat/ Chrysler para a América Latina. Uma frase que se adapta perfeitamente à festa de Parintins. Na segunda-feira é proclamado o ganhador do festival do ano. Mas não antes de os jurados terem abandonado velozmente a ilha de avião ou barco por sua segurança pessoal... Para sua informação, neste ano de 2012 ganhou o Boi Caprichoso, mas o Garantido tem o maior número de títulos: 28 contra 20 do eterno rival.
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Projeto 100 Nonni
A história viva contada
por quem fez a América
O Projeto 100 Nonni é uma iniciativa apoiada pela Fiat, cujo objetivo é localizar e entrevistar, onde quer que se encontrem, alguns dos últimos avôs e avós da imigração italiana, para registrar suas histórias de vida, que compõem o imenso painel da integração entre Itália e Brasil Por Oliviero Pluviano
O
aqui por volta de 1875 e, desde então, não pararam de colocar os pés nesta “terra abençoada por Deus e bonita por natureza”. Calcula-se que hoje haja no Brasil mais de 30 milhões de “oriundi” da Itália, concentrados especialmente na metrópole de São Paulo (6 mi-
do livro no qual foi baseada a película que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro; e André Costantin, um bravíssimo documentarista de temas ítalo-brasileiros que me apresentou a companhia de teatro “Miseri Coloni” e outras fascinantes pessoas do universo do “talian”, dialeto misto vêneto e lombardo que é falado naqueles lugares. Voltei a São Paulo, onde tinha sede a agência de imprensa para a qual eu trabalhava, pensando o que poderia ser feito para que aquela riqueza de conteúdos e de humanidade dos emigrantes italianos não se perdesse. Mas foram necessários dezesseis anos de viagens contínuas à procura dos imigrados da península em cada canto do Brasil para chegar, por fim, a criar uma iniciativa que tentará salvaguardar a memória dos italianos
Fotos Oliviero Pluviano
Brasil tem quase 30 mil centenários, de acordo com o recenseamento do IBGE de 2012. Muitas dessas personalidades com mais de um século, são personagens da maior imigração de que se tem memória no Brasil depois da portuguesa: os italianos chegaram
lhões) e no seu Estado (13 milhões), mas também na Serra Gaúcha (Rio Grande do Sul), em Santa Catarina, no Paraná e no Espírito Santo. Ainda há muitíssimas pessoas de 80, 90 e até 100 anos que nasceram na Itália, cada uma delas com uma história pessoal incrível, que corre o risco de se perder no esquecimento à medida que os nonni (avós, em italiano) embarcam “desta para melhor”. Em 1996, estive pela primeira vez em Caxias do Sul, a cerca de 100 quilômetros de Porto Alegre, para acompanhar o filme “O Quatrilho”, de Fábio Barreto. Fiquei fascinado com a população e os descendentes vênetos que vivem naquela zona maravilhosa de vinhedos, araucárias e rios circundados pela floresta subtropical. Lá, conheci José Clemente Pozenato, autor
Mural de Kobra numa casa do bairro Pinheiros, em Sao Paulo
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Acervo Rio Grande do Sul
Projeto 100 Nonni Oliviero Pluviano, ex-correspondente no Brasil da agência italiana Ansa e o Fiat Doblò Adventure, do Projeto 100 Nonni
desembarcados definitivamente no gigante sul-americano. Fui à Festa da Polenta de Venda Nova do Imigrante (ES), encontrei alguns trentinos (originários dos Alpes) trabalhando como garimpeiros no Mato Grosso, na divisa da Amazônia. Visitei os amigos italianos de São Paulo, dando preferência aos idosos, como o senador Edoardo Pollastri, presidente da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira. Bebi vinho com um velho colono no Restaurante Panorâmico Belvedere Sonda, sobre o Rio das Antas, próximo a Bento Gonçalves, e ele ficava maravilhado ao ver que eu entendia o seu “talian”. Tudo isso para chegar a lançar, no final de 2012, o Projeto 100 Nonni, que consiste em localizar e entrevistar, onde quer que se encontrem, alguns dos últimos avôs e avós da imigração italiana. Não importa se nasceram ainda na Itália ou se são descendentes. É irrelevante se falam italiano, ou o dialeto de alguma região italiana ou, ainda, somente o português. O que é importante é que tenham uma bonita história para contar, uma narrativa que faça sonhar, que se assemelhe a uma fábula fantástica: a realidade, bem se sabe, é repleta de surpresas, sonhos e fantasia. A marca do projeto é um Doblò Adventure, identificado com adesivos da Fiat, apoiadora oficial da iniciativa, que se estenderá até o final de 2014 e está inserida no Momento Itália-Brasil (MIB) do Ministério do Exterior italiano. “O projeto dos 100 Nonni, que faz parte da programação do MIB, examina as profundas raízes da presença italiana no Brasil”, afirmou à Mundo Fiat o embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca. Começamos a série com um ítalo-paulistano típico, Ângelo Mariano Luisi, que, com mais de 90 anos, é um autêntico Totò (ator cômico na-
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politano, estrela de muitos filmes de época, como o brasileiro Mazzaropi). Entre homens e mulheres do povo e artistas e celebridades, encontraremos personagens interessantes, cujas histórias serão contadas aqui, nas páginas da Mundo Fiat. O Projeto 100 Nonni tem um endereço de email -centononni@ansa. com.br - que aparece nas laterais do Doblò, plotado com uma foto antiga em branco e preto de uma família pobre proveniente da Itália, com a seguinte legenda: Procurando os vovôs da imigração italiana. O email está à disposição para receber sugestões de entrevistas. O personagem deve atender às poucas exigências requeridas para fazer parte dos 100 Nonni: origem italiana, idade acima de 75 anos e, principalmente, uma encantadora história para contar.
Quadro de uma foto antiga dos imigrantes venetos na Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul
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Projeto 100 Nonni
ANGELO MARIANO LUISI,
o bom-humor que vem da música e da cozinha
Ele lutou na Segunda Guerra, salvou-se por milagre, tornou-se devoto de Nossa Senhora Achiropita e hoje, aos 93 anos, alegra a cidade de São Paulo com sua cantina e seu bandolim Por Oliviero Pluviano
Fotos Oliviero Pluviano
“T
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enho 23 anos porque meu aniversário é no dia 29 de fevereiro: sou bissexto,
por isso completo doze meses a mais somente cada quatro anos”. E ri com gosto Ângelo Mariano Luisi, 93 anos,
que é o dono da Cantina Capuano, ao lado da Igreja da Achiropita, no bairro do Bixiga, em São Paulo. Ele diz que se manteve jovem (efetivamente não demonstra 70 anos) com a ajuda da música e faz questão de falar com todos usando o seu dialeto napolitano de Casalbuono: “Eu sou um italiano verdadeiro e estou sempre alegre por causa das canções que toco com a clarineta e com o bandolim”, gaba-se o homem muito simpático, de pequena estatura, com bigodes e cabelos grisalhos e com os olhos sempre vivíssimos. Ângelo é um dos “100 NONNI” – Cento Nonni ou Cem avós - projeto apoiado pela Fiat de resgate da memória de ítalo-brasileiros com muitas histórias para contar. Ele continua: “A Achiropita é a maior festa italiana de São Paulo. O que se pode dizer dela? Os dias de festa são vividos muito intensamente. Agora a festa se tornou mais brasileira que italiana. Mas eu aqui sou muito devoto da Nossa Senhora Achiropita porque Francesco Capuano, que foi o primeiro dono da Cantina mais velha de São Paulo, criada em 1907, e que morreu em 1975, era de Rossano Calabro, o vilarejo no qual se originou o culto. Ele era um típico calabrês, um “carcamano” alto, que tinha a autoridade de dizer o que um cliente devia comer. Mas naqueles tempos só havia esta cantina em toda São Paulo. Depois, quase 50 anos atrás, eu comprei a cantina porque ele queria voltar para a Itália. Assumi com nome e tudo. Mas não consegui me tornar um taverneiro: eu sou e sempre serei um musicista”. Ângelo toca bem a clarineta e o bandolim. Ainda possui um bandolim de 80 anos feito por um italiano emigrado como ele em São Paulo, Del Vecchio. “Mas a clarineta é a minha paixão. Agora toco mais o bandolim que a clarineta porque para apertar a lingueta com a boca não tenho mais os
meus dentes. Eu canso. Pena, porque gosto muito da clarineta e ela salvou minha vida”. Ele conta que participou da guerra na África, como soldado italiano, quatro anos na Líbia, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele recebeu a medalha Cruz de Guerra, uma honraria italiana aos heróis de guerra, mas foi feito prisioneiro pelos ingleses em El Alamein, no dia 13 de maio de 1943. “Você viu a coincidência: a rua principal do Bixiga se chama13 de maio em honra da minha prisão” – ri com seu jeito infantil. “Como prisioneiro tive uma vida boa porque a música não tem fronteiras e faz amigos em todo lugar. Estive com os ingleses em Túnis, em Argel, na ilha de Malta. Eu passava bem. Não ganhava nada
“
O dinheiro não faz bem a ninguém se não tiver sido suado. A riqueza fácil destrói o homem
porém era praticamente livre: tinha de me apresentar na caserna dos aliados, mas de resto eu tinha privilégios que nenhum companheiro de prisão, não musicista, tinha”. Mas afirma ter-se tornado devoto fervoroso da Madonna Achiropita, a Nossa Senhora Achiropita que dá nome à igreja do bairro, por um fato ocorrido quase no fim de seu calvário de guerra. “Devia ser transferido e, no último momento, os oficiais ingleses decidiram que não, não sei por quê. Esta decisão salvou minha vida, porque os outros morreram todos: um submarino alemão afundou com um torpedo o navio em que meus companheiros viajavam. Eu não estava naquele navio porque a Madonna me
”
Na página ao lado, Ângelo Luisi toca bandolim produzido há 80 anos por um colega italiano em São Paulo
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Projeto 100 Nonni
“
ajudou. Desde então eu sempre toquei na igreja durante a Festa da Achiropita e sou também autor de muitas músicas sagradas e profanas que são executadas até hoje no Bixiga”, conta. Ângelo casou depois da guerra com uma mulher de sua aldeia e tiveram duas filhas: Teresa, como a mãe, e Elisabetta. “Com a música comprei o restaurante”, acrescenta. “Por dez anos fui comerciante no bairro de Santana aqui em São Paulo. Trabalhei em uma fábrica de inseticida. Trabalhei como caixeiro viajante, rodando por aí de carro. Mas nunca consegui fazer algo tão importante como na música’’.
Nunca aprendi a ler uma partitura. Tudo no ouvido. Nunca tive tempo de estudar, primeiro com a guerra e depois trabalhando muito duro aqui em São Paulo
”
Enquanto fala, Angelo controla o trabalho entre as mesas da cantina, revisa as linguiças penduradas e o molho de tomate pronto para temperar os fusilli feitos à mão. “Meu tio, que tinha uma fazenda, foi que me fez vir ao Brasil. Cheguei no porto de Santos em 23 de dezembro de 1949. Ele é que pagou a viagem no vapor. Minha esposa, com quem eu casei por puro amor, já estava grávida antes de partir da Itália. O comandante do navio não queria deixar a gente subir por causa do estado dela, e então eu disse uma mentira: que minha esposa era de seis meses, quando estava quase prestes a dar à luz. Minha primeira filha nasceu no dia seguinte
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ao desembarque, depois de uma travessia que durou 13 dias. Fiquei com meu tio por cerca de seis meses, mas depois quis me virar sozinho. Ele, que não sabia ler nem escrever, morreu muito tempo atrás e a fazenda foi para a ruina, dividida entre os três filhos que não se davam bem. O dinheiro não faz bem a ninguém se não tiver sido suado. A riqueza fácil destrói o homem’’. No bairro de Santana era amigo do escritor de telenovelas Benedito Ruy Barbosa, que lhe deu um papel em “Terra Nostra”, a famosa novela da TV Globo sobre a saga dos imigrantes italianos. “Até dei palpites no roteiro. Por exemplo: a história de um italiano que morre a bordo de um navio para Gênova e é jogado no mar foi inspirada no caso verdadeiro do pai de minha esposa, que voltava para a Itália. Meu sogro foi mesmo jogado no mar: tem uma causa correndo na Justiça que dura até hoje, porque não devia acabar no oceano sendo que o navio tinha instalações frigoríficas”. A esposa de Angelo morreu sete anos atrás. Ele mostra com saudades as fotos, emolduradas nas paredes da Cantina Capuano, que retratam ele e sua cara metade com personagens italianos do mundo do espetáculo que passaram por lá, como Peppino di Capri. A condessa Matarazzo frequentava a cantina para comer fusilli e cabrito, como também, mais recentemente, o presidente de “seu” Palmeiras, Arnaldo Tirone. Com Angelo, o assunto sempre volta à música. “A minha preferida é a música napolitana. Conheço todas muito bem, desde a primeira música tradicional, que é ‘As Lavadeiras de Nápoles’, dos anos 1200”, conta. E começa a dedilhar no bandolim “Voce ‘e notte’’ que era a música preferida da esposa. “Quando estou triste toco o bandolim e toco só para mim. Quando era jovem tocava em Salerno com um grupo. Com meu pai, levávamos
Ângelo e sua paixão: tocar clarineta
o cinema de aldeia em aldeia com um projetor francês Pathé. Aqui no Brasil toquei com a orquestra do maestro Zaccaro, que morreu anos atrás: mas nunca aprendi a ler uma partitura. Tudo no ouvido. Nunca tive tempo de
estudar, primeiro com a guerra e depois trabalhando muito duro aqui em São Paulo. Quem sabe, se eu tivesse estudado talvez eu fosse um tele divo, um galã”, sonha Angelo, com seu sorriso maroto.
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contidas no vinho Todos os anos, centenas de apreciadores de vinhos brasileiros reúnem-se com especialistas na Serra Gaúcha e avaliam a safra do ano, através da degustação de 16 amostras do que há de mais representativo na produção nacional Por GUILHERME ARRUDA
U
ma forte paixão atrai anualmente centenas de apreciadores de vinhos de várias partes do Brasil e do exterior em uma espécie de romaria à cidade de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, para participar de um encontro de quatro horas, marcado pela concentração, dedicação e silêncio, cujo momento supremo é a análise de 16 amostras de vinhos às cegas, isto é, sem a identificação do produtor. São vinhos jovens, elaborados com uvas colhidas cinco meses antes.
Neste ano, 850 aficionados do vinho nacional, de vinte estados e oito países, participam, em setembro, da Avaliação Nacional de Vinhos, promo-
da safra do ano, e que em breve estarão no mercado, alguns já neste ano e outros apenas em 2013 ou 2014. Na edição deste ano foram inscritas amostras de 387 vinhos elaborados por 70 vinícolas de sete estados, avaliadas às cegas (sem a identificação de procedência) por 120 enólogos em uma maratona de 16 sessões no mês de agosto, no Laboratório Sensorial da Embrapa Uva e do Vinho. Desse conjunto foram selecionados os 30% vinhos mais representativos da safra 2012 e, por fim, extraídos os 16 que passaram pelo julgamento de 16 convidados da ABE e, simultaneamente, pelos abnegados adoradores. “Não se trata de um concurso competitivo”, comenta o presidente da entidade, Christian Bernardi,
Vinhos e espumante elaborados no Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, são destaques em todas as edições da Avaliação Nacional de Vinhos
Fotos Gilmar Gomes
Vinhedos
As infinitas sensações
vida há vinte anos pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), como forma de adicionar, às análises técnicas, uma ampla amostra do gosto do consumidor brasileiro. O evento reúne apresentações técnicas sobre clima e safra, que precedem o serviço, análise individual e compartilhamento de opiniões sobre os vinhos. A análise organoléptica segue um ritual que consiste em pegar a taça e verificar os aspectos visual, olfativo e gustativo, atribuindo notas para cada experiência vivida a partir dos sentidos. É um momento mágico, que desperta infinitas sensações. A promoção da Associação Brasileira de Enologia (ABE) tem como objetivo compartilhar com o público as tendências dos vinhos e espumantes
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Vinhedos A evolução dos vinhos da Terragnolo garantiu à vinícola gaúcha o uso do selo de Denominação de Origem
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“mas de um momento para comentar coletivamente o que a safra nacional tem de mais representativo”. Este verdadeiro ato de fé em Baco tem surpreendido os promotores. Na edição deste ano, as vagas disponibilizadas pela Internet foram esgotadas em três horas, um recorde, tanto de inscritos como de prazo de preenchimento. Pesquisas realizadas nos últimos anos revelam que, em média, 30% do público são estreantes. Não há desistências para o desespero daqueles que perderam a vez e ficaram aguardando em lista de espera – neste ano foram 150 pessoas. Na avaliação se mesclam enófilos, iniciantes, estudantes, amantes de carteirinha, profissionais da gastronomia, sommeliers, confrarias e empresários. É um ambiente que propicia encontros, reencontros, troca de informações. Da forma como foi concebido, é único no mundo. Em 20 edições, mais de 12 mil apreciadores experimentaram mais de 4,3 mil amostras. Ex-presidente da Associação Gaúcha dos Viticultores (AGAVI), Darci Dani não tem dúvida que o evento ajudou os
donos das vinícolas a investirem mais na uva, sensibilizando o produtor a se adequar ao modelo de trabalhar com produtividade baixa por hectare em troca de frutas sadias, de maior qualidade e remuneração melhor. “Muitas vinícolas investiram em parreirais próprios”, explica. Os convidados da ABE que participaram do painel de julgamento parecem concordar com a evolução do vinho brasileiro, embora alguns, como o jornalista holandês Paulus op Tem Berg, tenha confessado surpresa por não ter encontrado vinhos com características tropicais. Coube a ele fazer a avaliação de um Gamay, único tinto jovem entre as 16 amostras, de coloração límpida, de média intensidade, tonalidade vermelho rubi; aroma de média intensidade, com notas de cereja, framboesa, amoras, frutas vermelhas, groselha e intenso morango, elaborado (soube-se depois) pela Vinícola Salton. O jornalista chinês, Ronny Lau Wai Man, pela primeira vez no Brasil, experimentou o único branco aromático da mesa, um Moscato Bianco, cujas notas remetem a uvas moscatel, bem equilibrado, macio,
agradável, bom frescor e sutil doçura, elaborado pela Vinícola Perini. Com cinco livros publicados e coluna regular em dez revistas e jornais em Hong Kong, China e Malásia, Ronny disse que retorna para casa levando uma boa impressão dos nossos vinhos. De um modo geral, as notas dos painelistas ficaram num intervalo entre 87 e 90 pontos. A mais alta foi dada para o Tannat da Almadén, de Livramento (pampa gaúcho), vinícola controlada pelo grupo Miolo. As uvas colhidas pertencem a vinhedos de 36 anos. Destaques para o tinto Marselan da Valduga e o Chardonnay da Gois Venturini, que receberam 89 pontos cada. Os vinhos base para espumante da Domno Brasil e da Miolo também tiveram notas iguais, de 88,75 pontos. Por fim, o Merlot da Almaúnica e o Cabernet Sauvignon da vinícola Guatambu tiveram notas iguais, 88,5 pontos. Outra característica identificada nas amostras foi o elevado teor de álcool, por causa do alto teor de açúcar nas uvas. Todos os tintos, exceto o Gamay, ficaram acima de 13%. O líder foi o Tannat da Almadén, com 14,86%. Nenhum encontro anterior da Avaliação Nacional dos Vinhos encerrou de forma tão inusitada como o deste ano. Após os agradecimentos de praxe, o som da bateria da escola de samba Vai-Vai, de São Paulo, tomou conta do ambiente, transformado os corredores em avenida. As passistas e o mestre-sala e porta-bandeira encantaram sob o olhar crítico de muitos. E por que a Vai-Vai? Ela levará o vinho para sambódromo paulista no próximo Carnaval. “Sangue da Terra,
Videira da Vida: Um brinde de amor em plena avenida - Vinhos Brasil” é o tema da escola, que destacará a produção nacional de vinhos e espumantes com apoio do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
Enóloga portuguesa Inês Cruz comentou o vinho base para espumante da Miolo; ao lado: Concentração silenciosa do público na hora de avaliar as 16 amostras
Os 16 vinhos representativos da safra 2012 Categoria: Vinho Base Para Espumante 1. Vinho Base Espumante - Chardonnay - Domno Do Brasil 2. Vinho Base Espumante - Chardonnay/Pinot Noir - Vinícola Miolo 3. Vinho Base Espumante - Chardonnay/Pinot Noir - Vinícola Geisse Categoria: Branco Fino Seco Não Aromático 4. Chardonnay - Luiz Argenta Vinhos Finos 5. Chardonnay - Vinícola Góes & Venturini 6. Chardonnay - Cooperativa Vinícola Nova Aliança 7. Chardonnay - Basso Vinhos e Espumantes Categoria: Branco Fino Seco Aromático 8. Moscato Bianco R2 - Vinícola Perini Categoria: Tinto Fino Seco Jovem 9. Gamay - Vinícola Salton Categoria: Tinto Fino Seco 10. Teroldego - Don Guerino 11. Merlot - Vinícola Almaúnica 12. Cabernet Sauvignon - Guatambu Estância do Vinho 13. Cabernet Sauvignon - Cooperativa Vinícola Aurora 14. Marselan- Casa Valduga 15. Tannat - Antonio Dias Vinhos Finos 16. Tannat - Vinícola Almadén
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Autenticidade comprovada no Vale dos Vinhedos
Primeiro registro de Denominação de Origem no Brasil para vinhos e espumante é do Vale dos Vinhedos
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A elaboração de bons vinhos e espumantes começa na dedicação aos parreirais
Denominação de Origem ou D.O. Estas duas letras indicam que os vinhos que as ostentam obedecem a um conjunto rigoroso de normas que determinam, entre outros itens, controles sobre a procedência e sistema de condução das uvas, número de cultivares autorizados, limites de produtividade, vinhos autorizados (brancos, tintos e espumantes) e métodos de elaboração específicos para uma região ou parte de uma região. O Brasil também tem sua DO: Vale dos Vinhedos. O registro foi oficializado no final de setembro pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) após cinco anos de trabalho liderado pela Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos – Aprovale, em parceria com mais nove entidades. Esta conquista fortalece a identidade dos vinhos do Vale dos Vinhedos, segundo o presidente da entidade, Rogério Carlos Valduga. Das 31 vinícolas associadas à Aprovale, oito estão com produtos no mercado exibindo o selo – um avanço em relação a 2002 quando os vinhos e espumantes foram os primeiros produtos brasileiros a obterem uma Indicação Geográfica, etapa que antecede a DO na modalidade de Indicação de Procedência. Em noite de gala no hotel Vila Michelon, em Bento Gonçalves, o setor comemorou a conquista com muito vinho. Foram servidos seis rótulos: tintos Merlot - Almaúnica 2009; Terragnolo 2009; Dom Cândido Documento 2009; Merlot Terroir 2009 – Miolo e Peculiare 2009. Brancos – Chardonnay Casa Valduga Gran Reserva 2010 e Don Laurindo 2011. Espumantes - Milésime 2009 – Miolo e Brut 2011 – Pizzato.
Enólogo por um dia O templo da Avaliação Nacional de Vinhos ocupa grande parte do Pavilhão E do Parque de Exposição de Bento Gonçalves. O salão retangular assemelha-se a uma sala de aula, formado por mesas e cadeiras de um lado, para receber os fiéis e, à frente deles, uma bancada destinada a 16 jurados convidados da organização, dos quais 15 são previamente conhecidos, como enólogos, sommeliers, representantes de confrarias, médicos, jornalistas especializados e autoridades. O 16º painelista é sorteado minutos antes do início entre os presentes. Todos – jurados e fiéis – recebem um kit, contendo a credencial, duas taças para degustações,
caneta e duas fichas para as anotações, as quais reproduzem o modelo oficial usado pela Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV) e pela União Internacional dos Enólogos. As notas variam na escala de 0 a 100 pontos. Antes de começar, o público é informado sobre as condições meteorológicas e sua influência na vindima 2012 nas regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, desde o repouso vegetativo durante o inverno (2011), passando pela brotação, floração, frutificação e crescimento das bagas ao longo da primavera-verão, até a queda das folhas no outono (2012). O trabalho foi elaborado por pesquisadores da Embra-
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Vinhos do Brasil conquistam mais prêmios em 2012 A qualidade da produção vitivinícola brasileira conquistou o mercado internacional. O reconhecimento dessa conquista pode ser comprovado pelo número de premiações conquistadas desde 1995, quando o país começou a enviar amostras para o exterior: já são 2.721 distinções. Somente em 2012 foram 251 medalhas, sendo 65% delas exclusivas para espumantes. O aumento no número total de premiações foi de 73% em relação a 2011, quando foram obtidos 146 prêmios. Das 251 medalhas conquistadas, 105 foram destinadas aos vinhos brasileiros. Para Christian Bernardi, enólogo e presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), este desempenho é motivo de orgulho para a entidade. “Reunimos e enviamos as amostras para concursos do mundo inteiro, mas também acompanhamos e controlamos os eventos sempre que possível com o objetivo de garantir a segurança das avaliações”, destaca. O presidente da ABE comenta, ainda, que este crescimento no número de medalhas também se deve a evolução da qualidade da produção nacional e no próprio aumento das marcas, hoje distribuídas entre grandes e pequenos produtores. Dos 251 prêmios conquistados por 59 vinícolas em 2012, sete foram Medalhas de Ouro Duplo, 70 de Ouro, 128 de Prata, 20 de Bronze, 23 Menções Honrosas e três Grandes Menções.
pa. Em função das características das matérias-primas, os enólogos procuram adequar as práticas de prensagem, tempos e modos de maceração (contato com a casca), controles de fermentação alcoólica e malolática entre outros quesitos. Fica-se sabendo que a safra 2012 na região da campanha gaúcha foi um das melhores dos últimos anos. A falta de chuva proporcionou uma maturação fenólica completa e um bom equilíbrio entre acidez e açúcar. Cultivares brancas, como o Pinot Grígio, Sauvignon Blanc e Chardonnay foram colhidas com uma semana de antecedência com ótimos índices de sanidade e maturação aromática. Tudo pronto para o início da degustação. Um exército de 90 estudantes da Escola de Enologia de Bento Gonçalves surge trazendo garrafas identificadas apenas por um número. Eles servem o vinho ao público e jurados e se retiram, enquanto um locutor elenca as características de elaboração: como o uso de
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prensa direta, leveduras, limpeza prévia do mosto, filtragem, análises física e química, nível de pH e açúcar e se está ou não em tanques ou engarrafado. Aí vem o grande momento, se compreender o vinho na taça à sua frente. Após fazer o exame visual, olfativo e gustativo, é hora de atribuir as notas. São dez variáveis dividas em quatro grupos: análise visual (limpidez e tonalidade); análise olfativa (intensidade, nitidez e qualidade); análise gustativa (intensidade, nitidez, qualidade e persistência) e avaliação global. Dada a nota individual, o passo seguinte é ouvir o comentário de um dos jurados encarregado de comentar esta amostra. Pode-se comparar o próprio julgamento com a avaliação comentada do especialista. O rito é repetido 16 vezes, envolvendo vinhos brancos e vinhos base para espumantes e, depois, tintos. A Avaliação Nacional de Vinhos vem sendo realizada anualmente desde 1993.
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Fotos Ignácio Costa
Inclusão
Avanços para
incluir na diversidade Pessoas com deficiência fazem da trajetória profissional nas empresas do Grupo Fiat exemplos de superação com a inclusão efetiva no mercado de trabalho
Por Ellen Dias
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élio Alves pisou pela primeira vez na sala de aula aos 15 anos. Aprender a ler não foi tarefa fácil. Na escola, os professores não estavam preparados para a inclusão de um aluno com deficiência. O aprendizado só foi possível com a ajuda dos amigos que, aos poucos, foram introduzindo no dia a dia do adolescente a língua dos sinais. Hoje, aos 51 anos, Hélio relembra as dificuldades e preconceitos com um sorriso que sinaliza a superação. Casado, pai de três filhos, há cerca de cinco anos realizou o sonho de conquistar a inclusão efetiva no mercado de trabalho. Desde 2008, ele trabalha na Comau, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. “A surdez não me impede de ser um bom profissional. Antes, só conseguia emprego com baixos salários”, diz Hélio, que trabalha na manutenção de peças da transportadora da Pintura da Fiat. A vaga na Comau foi conquistada após participar do curso gratuito de formação profissional básica de Eletricista de Manutenção Industrial, dentro do programa Inclusão Eficiente da empresa. As aulas teóricas e práticas, que somaram 700 horas, foram realizadas em 2008, em parceria com a Prefeitura de Betim. As primeiras turmas reuniram 48 pessoas que, assim como Hélio, apos-
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taram na qualificação profissional como porta de entrada para o mercado de trabalho. Durante o curso, grande parte dos participantes foi contratada pela Comau. “O envolvimento da empresa foi fundamental para o sucesso. Os líderes e a diretoria acompanhavam os resultados por meio de visitas frequentes ao curso”, relata a gerente de Comunicação, Sustentabilidade e Mobilidade Internacional da Comau, Tarcísia Ramalho, responsável pela implementação do programa Inclusão Eficiente. A trajetória profissional de Hélio não se limitou à conquista do emprego. Em 2012, ele retornou para a sala de aula para a obtenção de mais um diploma: o de técnico em Mecânica. “Fui o orador da turma”, conta orgulhoso. Marconi Rodrigues do Santos, coordenador da equipe de manutenção da empresa, não esconde a admiração pelo colega, que traz como marca registrada o trabalho em equipe: “Ele sempre está disposto a aprender, mas também ensinar. O fato de ser surdo não atrapalha em nada a comunicação com os colegas”. No dia a dia do trabalho, os colegas de Hélio já criaram mímicas e gestos próprios para facilitar a comunicação. No horário do almoço, ao contrário do isolamento, participa das conversas e até do truco. Também não perde nenhuma confraternização
A surdez não impediu que Hélio Alves conquistasse uma vaga na Comau, dentro do programa Inclusão Eficiente da empresa
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Inclusão
João Alves, rebobinador de motores elétricos da Teksid, perdeu a visão total por volta dos 20 anos devido ao glaucoma
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da empresa. “Todos os treinamentos, reuniões e eventos da Comau contam com a presença de intérpretes. Incluir significa, antes de tudo, deixar de excluir. Pressupõe que todos fazem parte de uma mesma comunidade e não de grupos distintos esteriotipados”, diz Tarcísia Ramalho. Para facilitar a comunicação com os diversos colaboradores surdos que hoje trabalham na empresa, muitos líderes e colaboradores tiveram a oportunidade de participar do curso de Libras. Também foram realizadas oficinas de inclusão, com aprofundamento de temas como ética, valores e diversidade. Além da Comau, as outras empresas do Grupo Fiat também assumiram o desafio de receber com igualdade de direitos os profissionais com deficiência. Na CNH, em menos de dois anos, o número de pessoas com deficiência ampliou de 80 para 182. “Eles têm
concorrido às vagas em pé de igualdade com todos os demais candidatos”, detalha Paulo Stehling, relações industriais da CNH Contagem. O processo de recrutamento e seleção incluiu a análise das áreas e postos de trabalho, buscando a compatibilidade entre a função e as necessidades do indivíduo, além de curso de Libras e palestras sobre inclusão. Giovanni Moura, 28 anos, empregado com perda auditiva que trabalha há menos de dois anos como montador na unidade da CNH, já passou por outras empresas e o que mais valoriza na CNH é a integração das equipes. “Várias pessoas com quem convivo sabem um pouco de Libras. Sou ouvido”, complementa. DISTÂNCIAS REDUZIDAS Na avaliação de Stefânia Reis Costa, coordenadora do programa
Inclusão Eficiente da Iveco, um fator que tem contribuído para reduzir a distância entre o mercado de trabalho e a pessoa com deficiência é a articulação das empresas com organizações aptas para a captação de mão de obra. Desde setembro de 2012, a Iveco mantém uma sólida parceria com a Associação dos Deficientes Visuais de Sete Lagoas (Advisete), entidade filantrópica que presta serviços e atendimentos às pessoas com deficiência. Vânia Bernardino, 47 anos, chegou à vaga de operadora de produção da linha Daily por meio da Advisete. Com três anos, ela teve paralisia infantil, passando a locomover-se com dificuldades. Recém-chegada à empresa, ela está animada com o trabalho: “Não há diferenciação. Possuo os mesmos direitos e deveres dos outros colaboradores”, conta Vânia, que possui três filhos. “O maior desafio é o próprio deficiente aprender a lidar com a sua deficiência, sem impor limites e buscando autonomia. A deficiência não pode ser motivo de impedimento para a realização dos sonhos”. João Alves, 55 anos, tem um lema que segue à risca: “Eu preciso, eu não posso parar, eu tenho que continuar”. Ele perdeu a visão total por volta dos 20 anos devido ao glaucoma. Já trabalhava na Teksid como rebobinador de motores elétricos. Mesmo após o diagnóstico da cegueira, manteve-se firme na profissão e, perto de completar 28 anos de Teksid, já faz planos para aposentadoria. “A readaptação não foi fácil. Reaprender a me locomover foi um grande desafio, mas persisti”, relembra João Alves, que acompanha de perto a evolução do mercado de trabalho. “A empresa tem aberto cada vez mais espaço para pessoas com deficiência. Estamos vencendo os obstáculos e dificuldades”, constata. Na Teksid, o Programa Inclusão Eficiente existe desde 2010 e integra 64 colaboradores.
Superação no esporte A história de Gelson Silva e Alex Alves não é diferente. Eles fizeram das dificuldades o impulso para driblar o preconceito e através das quadras mostram que é possível vencê-lo. Eles são cadeirantes e vestem a camisa da Associação Desportiva para Deficientes (ADD), que conta com o patrocínio da Fiat Automóveis no projeto ADD Equipes de Basquete por meio do programa Árvore da Vida Parcerias. Na posição de ala armador, Gelson Silva, 32 anos, acaba de completar 12 anos de basquete em cadeira de rodas. Além dos treinos da ADD, trabalha como analista financeiro em um banco. Casado e pai de uma filha, deixou aos 20 anos Goiânia (GO) para se dedicar ao esporte, em São Paulo. “O basquete não me deixou ficar em casa. Me fez ir à luta e, principalmente, me mostrou que sou capaz de vencer o preconceito que existia dentro de mim”, destaca Gelson, que em 2008 chegou a participar da Paraolimpíadas de Pequim, na China. Alex Alves também já vestiu a camisa verde e amarelo da seleção de basquete, chegando a participar da Paraolimpíadas de Atenas, na Grécia, em 2004. Ele ficou paraplégico aos 16 anos em um acidente e, ainda durante a fase de reabilitação, viu no basquete uma possibilidade de redirecionar a vida. “Conheci os dois mundos: o das pessoas ditas normais e o dos cadeirantes. Com o esporte, aprendi a ser independente e a gostar de viver”, conta Alex, que tem como planos concluir o curso de Educação Física. Desde 2011, a Fiat Automóveis patrocina o projeto ADD Equipes de Basquete, que beneficia 40 atletas, de ambos os sexos, com idade a partir de 15 anos. Além da participação em campeonatos, jogos e torneios de basquetebol em cadeira de rodas, a iniciativa tem como compromisso o desenvolvimento máximo esportivo de cada atleta para que possam ter condições de compor a seleção brasileira, contribuindo para que o Brasil se torne uma das potências mundiais na modalidade. Em 2010, a Fiat patrocinou o projeto ADD Escola de Esporte Adaptado.
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Fernando Maia/CPB
Paralimpíadas
Vitorioso, o Brasil aposta alto nas
Paralimpíadas Rio 2016 A expectativa é superar os resultados de Londres e alcançar o quinto lugar na competição, no Brasil
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Brasil é uma potência mundial no esporte para deficientes físicos, o chamado esporte paraolímpico. Em setembro do ano passado, a equipe verde, amarela e azul
voltou dos Jogos Paralímpicos de Verão, em Londres, com o sétimo lugar no quadro geral de medalhas, em uma disputa com delegações de 164 países. Um novo ciclo paraolímpico começa
Alan Fonteles vence o sul-africano Oscar Pistorius e é ouro nos 200 metros
Por Bernardino Furtado
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Buda Mendes/CPB Marcio Rodrigues/CPB
Andrew Parsons, presidente do CPB, destaca que sediar uma paraolimpíada tornou-se uma oportunidade valiosa para o Brasil
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agora, com campeonatos mundiais, copas do mundo e competições nacionais, para chegar ao ápice na Rio 2016. A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é ambiciosa: o quinto lugar. Em um exercício hipotético, considerando Londres 2012, o Brasil teria que saltar, das 21 medalhas de ouro conquistadas, para 33, se quiser bater os Estados Unidos, sexto lugar, e a Austrália, quinto. O presidente do CPB, Andrew Parsons, admite a dificuldade, mas diz que o Brasil não pode se esquivar da
ousadia no esporte paraolímpico. Segundo o dirigente, é preciso honrar a trajetória de grandes avanços das últimas duas décadas, o lugar atual no quadro de medalhas e a condição de anfitrião dos jogos. Ele ressalta que, além de entrar para o grupo dos ‘top ten’ a partir de Pequim 2008 (9º lugar), o país passou a competir em mais modalidades e ganhou grandes ídolos. “Atletas como o Daniel Dias, o André Brasil e, agora, o Alan Fonteles, são fundamentais para despertar a admiração e a vontade de participar dos brasileiros”, afirma. A rapidez da evolução do desempenho do Brasil no esporte paraolímpico dá razões para a aposta do CPB. Basta comparar com o esporte olímpico, isso é, para não deficientes. O país estreou em 1920, nos Jogos de Antuérpia, na Bélgica, e até hoje não conseguiu entrar no grupo dos 20 melhores. Em paraolimpíadas, a primeira participação brasileira se deu em 1972, em Heidelberg, na Alemanha. Ou seja, mais de meio século depois. Em pouco mais de trinta anos, em Atenas 2004, ficou em 14º no quadro de medalhas.
classificação funcional, que é a forma de agrupar atletas com limitações semelhantes em faixas de competição. “Trata-se de garantir equidade de condições de competir, avaliando-se o grau de uma lesão medular, por exemplo. Hoje, é preciso pensas em evoluir para um critério que possa medir não só a lesão, mas o que, com ela, cada atleta consegue fazer no esporte”, explica Winckler. Vencida essa peculiaridade, quem pretende ganhar uma medalha em uma paraolimpíada, campeonato mundial ou competição regional no Brasil tem de ser um superatleta. Que o diga Marcos Rojo, técnico da Seleção Brasileira e do nadador Daniel Dias, ganhador de seis medalhas de ouro individuais em Londres 2012 e quatro igualmente douradas em Pequim 2008. “Quando o esporte deixa de ser um meio de reabilitação ou adaptação do deficiente e se torna de alto rendimento, a preparação é igual à dos atletas sem deficiência. O Daniel, por exemplo, treina 27 horas por semana na água. Além disso, faz atividades como Pilates e fisioterapia. É um trabalho muito forte”, explica Rojo.
lan Fonteles é ouro e comemora a vitória tão esperada Buda Mendes/CPB
Paralimpíadas Daniel Dias comemora mais um ouro, em Londres, pelos 100 metros livre
O técnico coordenador da equipe brasileira de atletismo paraolímpico, Ciro Winckler, detalha essa escalada. “O esporte para deficientes, no Brasil, é realmente muito novo. Chegou na década de 1950 e começou a evoluir de verdade na década de 1990. Sob esse ponto de vista, os resultados são bastante notáveis. Não só pelas conquistas dos atletas, mas pelo legado de valorização do deficiente físico no país, o que é um fator de inclusão social.” Essa capacidade do esporte de tornar o deficiente físico uma pessoa admirada pela sociedade foi comprovada nas Paraolimpíadas de Londres. A esmagadora maioria da plateia entusiasmada que lotou as arenas foi formada por pessoas sem deficiência. Foram 2,7 milhões de ingressos vendidos em dez dias. Nada melhor para deixar no passado a atitude de tratar o deficiente como estorvo, como alguém que as famílias preferiam manter trancado em casa. No entanto, o esporte paraolímpico vai muito além desse aspecto pedagógico. As competições são ‘de verdade’, não devem nada às olímpicas. A única diferença importante é a
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Patrocínio para planejar e profissionalizar É claro que o desenvolvimento do esporte e, em particular, do paraolímpico depende de financiamento, na forma de patrocínio para competições, espaços de treinamento, comissão técnica e desenvolvimento dos atletas. Andrew Parsons explica que, nesse aspecto, a Lei Agnelo-Piva, de 2001, que destina 2% dos prêmios pagos pelas loterias para o esporte olímpico e paraolímpico foi um marco por ter garantido uma fonte estável de recursos. “Isso nos permitiu ter um planejamento e profissionalizar as ações do CPB”. Ele destaca que o investimento em comunicação foi muito importante para fazer o esporte paraolímpico mais conhecido e, assim, atrair pessoas e instituições. Segundo Parsons, o CPB se tornou um grande captador de recursos. “Trabalhamos com R$ 77 milhões no ciclo 2005-2008 e saltamos para R$ 165 milhões no ciclo 2009-2012. Para o período que começa agora, as perspectivas são ainda melhores, até porque vamos organizar a Rio 2016”, ressalta. O presidente do CPB lamenta que
esse salto nos investimentos tenha sido sustentado primordialmente por recursos públicos. “Uma maior participação do setor privado é o passo que falta para o esporte paraolímpico brasileiro. As empresas precisam perceber que se trata de uma ferramenta poderosa de comunicação, seja de marketing, de responsabilidade social ou de endomarketing, considerando que o esporte paraolímpico é um movimento em que o Brasil é vencedor”, diz. Ele, ainda, destaca que sediar uma paraolimpíada tornou-se um desafio maior, mas também uma oportunidade valiosa para o Brasil, justamente pelo sucesso de Londres, onde um público caloroso e uma organização impecável asseguraram ao esporte para deficientes uma visibilidade inédita. Se fosse para escolher uma imagem daquela competição, valeria a pena seguir a preferida pelo técnico Ciro Wincler: “A vitória do Alan Fonteles sobre Oscar Pistorius (o sul-africano que virou mito por disputar com atletas sem deficiência nas Olimpíadas de Londres) foi a simbiose do atleta, o homem, com a tecnologia das próteses de corrida. É a cara do mundo de hoje.”
do fomos acelerar na última reta, ele sentiu a perna. Estava disputando de igual para igual, apesar de enfrentar adversárias com visão parcial.” A atleta já está treinando para o campeonato mundial, com a expectativa de correr em tempos bem próximos dos anotados em Londres. “O nosso desafio agora é tornar o reconhecimento que conquistamos ainda maior. A Rio 2016 vai ser a minha quarta e última paraolimpíada, mas, certamente, a mais saborosa”, explica. Uma derrota também pontuou a atuação em Londres do corredor sem mãos Yohansson Nascimento. “Na semifinal dos 100 metros, venci, mas senti uma contratura na coxa. Fui direto para a sala de fisioterapia. Não queria ficar fora da disputa de medalha, mas a contusão piorou e tive de abandonar a prova”, lembra. Esse é o espírito que Yohansson, um ouro e uma prata em Londres e um bronze e uma prata em Pequim, promete levar para a Rio 2016. Impressionada com a atenção da mídia brasileira na volta ao Brasil, Shirlene Coelho, acometida de uma semiparalisia cerebral quando nasceu, diz que os Jogos Paralímpicos de Londres devem ser vistos como um grande estímulo para os atletas na Rio 2016. “Os resultados do Brasil foram melhores e muito mais reconhecidos do que os de Pequim 2008”, afirma. Ela ressalta que se surpreendeu com a quebra do próprio recorde mundial no
Patrícia Santos/CPB
Paralimpíadas Bruno de Lima/CPB
A corredora Terezinha Guilhermina, a cega mais rápida do mundo, corre acompanhada de Guilherme Soares
Ídolos brasileiros já vivem o novo ciclo De volta aos treinos, agora, para o próximo campeonato mundial, em julho, na França, o corredor biamputado Alan Fonteles confessa que, volta e meia, vem à cabeça a imagem do desfile em carro aberto em Belém, depois de desembarcar na terra natal com a medalha de ouro nos 200 metros nas Paralimpíadas de Londres. “Quero ser campeão mundial, título que ainda não tenho, pois na última edição, em 2011, ganhei dois bronzes”, explica Alan. Entretanto, ele reconhece que o feito em Londres o tornou ídolo do esporte brasileiro e que isso tem repercussões importantes na vida dos atletas mais jovens e deficientes em geral. Falando em retrospecto, ele relata que, apesar da surpresa do público, não foi uma zebra o triunfo sobre o sul-africano Oscar Pistorius. “Sabia que era possível. O professor (o técnico Amaury Veríssimo) me dizia que eu estava, poucas semanas antes de Londres, com tempos suficientes para conquistar o ouro. Fui com esse foco, acreditando na vitória.” A mesma confiança foi levada na bagagem pela corredora Terezinha Guilhermina, a cega mais rápida do mundo. Birrecordista mundial, medalhista de bronze em Atenas 2004 e de ouro em Pequim 2008, foi vencedora em dose dupla em Londres. Terezinha só lamenta a queda do guia Guilherme na final dos 400 metros. “Quan-
A atleta Shirlene Coelho vence e quebra recorde na final do lançamento de dardo
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Como o movimento paraolímpico conquistou o mundo por BERNARDINO FURTADO Quando, no início de 2012, fui convidado pelo colega Sergio Dutti, um dos melhores fotojornalistas que conheci, a fazermos juntos um projeto de documentação da jornada do Brasil nas Paralimpíadas de Londres, não imaginava o prazer, o crescimento profissional e, sobretudo, pessoal que a empreitada me proporcionaria. Até então, por ignorância, o esporte paraolímpico era para mim pouco mais do que uma atividade curiosa, um meio de reabilitação e adaptação de deficientes físicos em que algumas pessoas se destacavam. De abril a julho, mergulhei em vários lugares do Brasil em um ambiente de profissionalismo, de grandes talentos e em forte evolução técnica e atlética. Mudei completamente a forma como via o esporte para deficientes. Além dos atletas de alto desempenho que conheci, técnicos, médicos, fisiologistas, fisioterapeutas e pessoas de gerência e organização me ajudaram a formar esse novo conceito.
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Durante 28 dias na Grã-Bretanha, entre agosto e setembro, de Manchester – onde a equipe brasileira fez treinos de aclimatação – a Londres, pude conhecer a seriedade que marca o movimento paraolímpico mundial, a admiração e o respeito que conquistou junto a um enorme público. “Vencedores”, o livro e o audiolivro, destinado a contemplar os deficientes visuais, ficaram prontos em dezembro, com patrocínio da Caixa Econômica Federal. São 5 mil exemplares em acabamento luxuoso e distribuição gratuita dirigida a pessoas e instituições envolvidas com o esporte paraolímpico. Nele, além da saga dos atletas, está registrada a importância das famílias, dos professores de educação física do ensino básico e médicos que apontaram aos deficientes o caminho do esporte. Espero que essa obra seja mais um instrumento de valorização, na nossa sociedade, do vitorioso movimento paraolímpico brasileiro.
educação
Parceria inédita a favor da capacitação Fiat, FIA/USP e Universidade Bocconi, considerada uma das melhores do mundo, criam curso de pós-graduação para executivos da empresa
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reparar os executivos para enfrentar os desafios de um mercado cada vez mais global requer das empresas alianças estratégicas com escolas de negócios nacionais e internacionais. A Fiat Automóveis, em Betim (MG), apostou na parceria com a SDA Bocconi School of Management, na Itália, e com a FIA Business Institute Foundation, criada pelo corpo docente do Departamento de Administração de Empresas da USP, para o desenvolvimento da pós-graduação “Fiat Chrysler Executive Master”. As aulas já começaram em fevereiro para 35 gestores que ocupam posições-chave na empresa. No curso, os alunos têm a oportunidade de desenvolver análise crítica e habilidades para operar e interagir em um ambiente global com foco na visão estratégica e competitiva para impulsionar novos negócios. Com carga horária de 440 horas/aula, a pós-graduação tem 22 disciplinas. Na última etapa do curso, os alunos terão que apresentar os trabalhos de caráter técnico/aplicativo, com foco em novas estratégias. “Esses projetos serão alinhados com o corpo diretivo da Fiat, trazendo resultados práticos para o aprimoramento da gestão, da inovação e da inteligência competitiva”, afirma Silvana Rizzioli, diretora do Centro de Competências da Fiat, responsável pela gestão das parcerias com as instituições acadêmicas. “Essa é a primeira vez que nos reunimos para promover, no Brasil, um curso como esse. Essa formação é essencial para as empresas de hoje, que são mais
diversificadas e exigem que os problemas sejam resolvidos por profissionais de diferentes áreas, atuando de forma integrada”, destaca o coordenador acadêmico do curso no âmbito da FIA, Eduardo Vasconcellos. “A origem dessa abordagem está alinhada à perspectiva da globalização no sentido de associar as competências locais às internacionais para criar uma competência intercultural”, completa o coordenador acadêmico pela SDA Bocconi, Enzo Baglieri. Desde a criação do Centro de Competências em 2003, já foram realizados 24 cursos no formato similar “in company”. “Como resultado de inúmeras atividades realizadas em parceria com as melhores instituições acadêmicas, a Fiat já contribuiu com a formação de mais de 4,5 mil especialistas. Desse total, 30% corresponde a fornecedores da Fiat, com o intuito de promover a osmose de competências em toda sua cadeia de valor”, destaca Silvana Rizzioli.
Mário Borio, diretor de Recursos Humanos da Fiat/Chrysler para a América Latina, durante aula inaugural Divulgação Fiat
Paralimpíadas Buda Mendes/CPB
Terezinha Guilhermina comemora o bicampeonato paralímpico
lançamento de dardo e com o quarto lugar no lançamento de peso. “Trabalhei muito, mas valeu a pena. Agora, é acompanhar a evolução das adversárias e continuar vencendo”, diz. A evolução das próprias marcas também está na cabeça do nadador Phelipe Rodrigues. Até porque, segundo ele, o nível da competição em Londres foi muito mais alto do que o de Pequim. “Baixei bem os meus tempos, mas voltei com uma medalha de prata, enquanto em Pequim conquistei duas pratas”, compara. Para alcançar o sonhado ouro, Phelipe está de malas prontas para Manchester, na Grã-Bretanha, onde cumprirá um programa de seis meses de treinamento.
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Iveco Vertis HD chega ao mercado Caminhão médio oferece mais robustez, durabilidade e conforto, com menor consumo de combustível e baixo custo de manutenção
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menor custo operacional do segmento, desenvolvido sob a ótica do cliente. É o que a Iveco tem a oferecer com o recém-lançado Vertis HD, caminhão médio que a montadora apresentou ao mercado em janeiro. O veículo, desenvolvido e produzido na fábrica de Sete Lagoas (MG), chega em duas versões – 9 toneladas e 13 toneladas cabine estendida – e pretende surpreender o consumidor. “Com o lançamento do Vertis HD, a Iveco completa a linha Ecoline, que
O desenvolvimento do Iveco Vertis HD foi pautado na perspectiva do cliente
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agregou à nossa frota uma série de modificações técnicas para levar aos nossos clientes mais desempenho, economia de combustível, robustez, sempre a custos de manutenção cada vez mais reduzidos”, ressalta Marco Mazzu, presidente da Iveco na América Latina. A geração Ecoline foi desenvolvida para atender as normas ambientais e cumprir as exigências da fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proncove) – equivalente ao Euro V, padrão
europeu de emissões e regulamentação do nível de poluentes dos veículos. A linha já conta com os veículos Daily, Tector, Trakker e Stralis. Da concepção à fabricação do Vertis HD, foram dois anos. Em números, foram 100 mil horas de trabalho e mais de 140 testes e avaliações rigorosas feitas pela equipe de engenharia da Iveco que, ainda, percorreu um total de 1 milhão de quilômetros – incluindo 400 mil quilômetros em estradas e vias urbanas e outros 100 mil quilômetros em percursos com asfalto comprometido. Além disso, foram realizados circuitos específicos para atestar a vida útil dos componentes, resistência estrutural, suspensão e itens de cabine. O processo de desenvolvimento do Iveco Vertis HD foi completamente pautado na perspectiva do cliente e em rígidos processos de produção. O complemento HD – Heavy Duty – indica robustez e confiabilidade do produto, aspectos centrais na estratégia comercial da marca. A ideia da empresa era oferecer um produto com uma série de diferenciais técnicos e componentes que garantem versatilidade e facilidade de implementação, representando, assim, uma solução perfeita para o transporte de vários tipos de carga. A Iveco ouviu clientes e empresas de várias localidades, constatando que a decisão de compra desses veículos está diretamente relacionada a atributos racionais e financeiros. “O dia a dia do varejista é feito de seguidas entregas de mercadorias. Por isso, precisa de um caminhão confiável e durável, que possa rodar continuamente, que consuma pouco combustível e que tenha manutenção a custo reduzido”, explica Alcides Cavalcanti, diretor Comercial da Iveco. “Além disso, o veículo deve ter facilidade de implementação, para atender à infinidade de negócios contida no mercado de varejo”, destaca.
Versatilidade e conforto não faltam ao veículo, que é equipado com um novo sistema de suspensão da cabine
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FPT Industrial lança motor NEF 4 no Vertis HD
O Vertis HD é a solução perfeita para o transporte de vários tipos de carga
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Mais versatilidade e conforto O chassi do Vertis HD revela sua estrutura reforçada e diferenciada, diretamente inspirada no Iveco Tector, duas vezes eleito caminhão do ano pela revista AutoData. Demonstra, ainda, a versatilidade do veículo, com bitolas conforme o padrão do mercado. O basculamento também foi facilitado por um novo sistema, que torna mais simples o travamento da cabine. O veículo é equipado com um novo sistema de suspensão da cabine, com quatro pontos de fixação, novas molas e amortecedores, e uma nova barra estabilizadora na suspensão primária. A sinergia com a Fiat Automóveis proporcionou ganhos extras no conforto acústico do veículo. A mesma equipe que fez do Fiat Grand Siena, uma referência em baixos índices de ruído interno, trouxe ao Vertis HD resultados significativos. Esses aspectos tornam o Vertis HD um dos caminhões mais silenciosos e confortáveis do segmento, na maior faixa de utilização do veículo. Para aumentar conforto e dirigibilidade, foi introduzido um novo sistema de direção, coxim de amortecimento e ajustador de tensão. As versões contam com um grande número de itens de sé-
rie, que exaltam ainda mais a relação custo-benefício do novo caminhão. Boas perspectivas para os caminhões médios Especialistas apostam que o segmento de caminhões médios terá crescimento de 7% neste ano, atingindo a marca de 45 mil unidades comercializadas. Com o Vertis HD, a Iveco prevê ampliar para 7% o market share no segmento de veículos de 8 a 15 toneladas de PBT (Peso Bruto Total) – mercado que tem crescido muito nos últimos anos e mantém a expectativa mais uma vez positiva para 2013. O prognóstico é resultado do aumento do poder de compra do brasileiro e incentivos específicos, como a desoneração da folha de pagamento e alíquotas diferenciadas para tributação de determinados produtos do setor. Essa demanda é certificada pelo crescimento de vendas de caminhões de 8 a 15 toneladas de PBT, que representam mais de 20% do total da frota acima de 2,8 toneladas. A maior parte desses veículos circula em cidades de médio e grande porte, como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.
A economia de combustível, quesito em que o Vertis sempre foi líder, é assegurada pelos propulsores NEF 4, da FPT Industrial. Na adaptação para a tecnologia Euro V, os motores ganharam redução de até 5,5% no consumo de combustível em relação à versão Euro III. Em 100 mil quilômetros de testes comparativos, o novo Vertis HD conseguiu economia de até 11% em relação a concorrentes diretos. O sistema SCR (Selective Catalyst Reduction) insere o novo propulsor nos novos limites de emissões do Proconve P7 da legislação brasileira. A tecnologia é utilizada para remover o NOx dos gases de exaustão. Para isso, é adicionada ureia (ARLA 32) no sistema de exaustão com um módulo de dosagem específico, promovendo a redução catalítica de NOx para N2. Pelo uso do SCR, o NEF 4 utiliza uma nova central que se adapta melhor à evolução da arquitetura eletrônica para garantir os reduzidos índices de emissões de poluentes. Outra alteração foi feita nos pistões, criando uma nova câmara de combustão. Os propulsores tiveram, ainda, seu turbo compressor renovado para maior pressão da admissão do ar, melhorando a pressão de combustão. Com isso, a queima dentro da câmara melhora, proporcionando mais eficiência do motor com menor consumo. O rotor do turbo também passou a ser em alumínio forjado, o que garante maior durabilidade. O motor do Vertis HD de 9 toneladas está 10% mais potente e com 7,6% de torque a mais que a motorização anterior. Na versão de 13 toneladas com cabine estendida, o ganho foi de 3,4% no torque. O motor de quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro chega ao mercado em duas versões (177cv e 182cv). Em números exatos, são 177cv (a maior potência da categoria) e 570Nm @ 1.250 rpm para a versão de 9 toneladas. No caso da versão de 13 toneladas e cabine estendida, o motor tem potência máxima de 182cv, compatível com os principais players do mercado, e torque máximo de 610Nm @ 1.250 giros. Os proprietários do novo Iveco Vertis HD, ainda, terão como vantagem o aumento no intervalo de troca de óleo. O novo motor permite paradas a cada 60.000 quilômetros por utilizar o óleo sintético 5W30. Antes, as trocas eram realizadas a cada 20.000 quilômetros de uso em estradas.
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Excelência e desempenho Jeep Grand Cherokee Limited Turbodiesel, versão mais completa da marca e sem opcionais, chega ao Brasil com motor mais econômico e sustentável Por Frederico Machado
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radição e modernidade. Asfalto e lama. Motor potente e silencioso. Palavras que parecem antagônicas quando o assunto é um automóvel passam a conviver harmonicamente no caso do Jeep Grand Cherokee, modelo mais luxuoso da marca e que acaba de ganhar uma nova versão no Brasil. A principal novidade desse Sport Utility Vehicle - SUV (Veículo Utilitário-Esportivo) está debaixo do capô: motor a diesel, mais econômico e menos poluente. Isso, além de manter toda a tradição e requinte que tornaram a marca sinônimo de qualidade no segmento off-road. O Jeep Grand Cherokee Turbodiesel estará à disposição apenas na versão Limited, a mais completa e sem opcionais. O motor V6 turbo de três litros foi construído na Itália pela VM Motori e produz 241 cv e 56 mkgf, potência essa conciliada a economia de combustível e menos poluentes emitidos na atmosfera. Completado pelo câmbio automático de cinco marchas, o eficiente e robusto conjunto mecânico do Grand Cherokee conta, ainda, com a tração nas quatro rodas Quadra-Trac II, permitindo conduzir em qualquer terreno e rebocar cargas de até 3.500 quilos. “Esse é um dos mais modernos motores a diesel do mundo. Patenteada pela Fiat Powertrain, a tecnologia Multijet II, com injeção direta de alta pressão (1.800 bar) do tipo common rail, é um dos pontos altos do motor.
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O uso de materiais leves, como o nylon no coletor de admissão, também contribui para a eficiência do conjunto. O propulsor entrega cerca de 10% a mais de força, mas consome e emite 20% a menos, na comparação com o motor utilizado na geração anterior”, explica o gerente de Marketing e Vendas do Grupo Chrysler, Luiz Tambor.
Desenvolver um motor a diesel desse quilate, sem se esquecer das demandas sustentáveis, não é tarefa fácil em um veículo do porte do Grand Cherokee. Entretanto, os resultados dos testes realizados com a versão Turbodiesel, na Europa, mostram que os engenheiros da Jeep estão preparados para atender os padrões de potência e economia energética do mercado mundial. Com os principais componentes feitos de alumínio, a usina de força desse lançamento tem seis cilindros dispostos em duas bancadas em V a 60° e desenvolve a potência de 241 cv a 4.000 rpm e torque de 56 mkgf entre 1.800 e 2.800 rpm. Com isso, o desempenho é ainda melhor: aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 8,2 segundos e velocidade máxima de 202 km/h. Fechando o
pacote da eficiência, a economia de combustível aumentou quase 20% na comparação com o propulsor a diesel usado anteriormente. De acordo as medições europeias, o consumo médio é de 12 km/l. A emissão de gás carbônico foi reduzida também em 20%, para 218 gramas por quilômetro, em ciclo combinado (cidade/estrada). “A eficiência energética é uma das prioridades do Chrysler Group e a tecnologia aplicada a esse propulsor diesel faz o Grand Cherokee ser capaz de fazer 12 km/l. Nossos motores a gasolina também se destacam em economia de combustível. Trata-se de um modelo extremamente estratégico para a linha Grand Cherokee, para a marca Jeep e para o Chrysler Group. A motorização diesel é muito procurada no segmento de utilitários-esportivos
Com câmbio automático de cinco marchas, o Grand Cherokee conta, ainda, com tração nas quatro rodas
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e não poderia faltar no Grand Cherokee”, avalia Luiz Tambor.
A tecnologia de ponta dos componentes e o motor leve garantem o desempenho do veículo
Não importa o terreno Independentemente do local onde está, o motorista do Grand Cherokee Turbodiesel tem à sua disposição tecnologia para garantir o desempenho esperado. Pesando 230 quilos, o motor é leve para sua classe e de dimensões reduzidas, medindo 695 milímetros de comprimento, 729 milímetros de largura e 697,5 milímetros de altura. O motor está associado ao consagrado câmbio automático A580, de cinco velocidades, que permite trocas suaves de marcha com ótimo consumo de combustível. Além disso, inclui um controle eletrônico adaptativo ou controle manual Auto Stick acionado pelo motorista, a Seleção Eletrônica de Marchas (ERS) e uma embreagem do conversor de torque modulada eletronicamente. Por meio de um botão no console central, a tecnologia Selec-Terrain™ permite que o motorista prepare o sistema de tração integral para as condições do solo, como asfalto ou lama, por exemplo. A função coordena eletronicamente até 12 combinações di-
ferentes do conjunto motor-transmissão, sistemas de frenagem, incluindo o controle de aceleração, mudança de marchas, caixa de transferência, controle de tração e controle eletrônico de estabilidade (ESC). “O Grand Cherokee é o melhor exemplo de equilíbrio dentro da linha Jeep, pois oferece toda a capacidade off-road de um veículo da marca que inventou o segmento 4x4 sem abrir mão de um altíssimo nível de conforto e dirigibilidade”, ressalta Luiz Tambor. Suspensões independentes dianteiras e traseiras permitem escolher as formas ideais para direção urbana, com os berços isolados das suspensões dianteira e traseira, e molas de curso variável que se combinam para melhorar as características urbanas e o conforto ao dirigir. A suspensão traseira permite que o estepe seja guardado na parte interna do veículo. Preparado para transitar em terrenos íngremes e aparentemente pouco receptivos para veículos normais, o Grand Cherokee Limited Turbodiesel oferece a quem está dentro do carro um passeio agradável. O interior é todo revestido de couro e apresenta materiais elegantes,
Especificações do veículo Informação geral Carroceria: utilitário-esportivo (SUV) grande, quatro portas, cinco lugares Construção: estrutura monobloco de aço Linha de montagem: Jefferson Avenue North, em Detroit, Michigan (EUA) Motor VM Motori A630, V6 3.0 DOHC, 24 Válvulas Tipo e descrição: seis cilindros em V, a 60°, refrigerado a água Desempenho Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,2 segundos Velocidade máxima: 202 km/h Sistema Elétrico Alternador: 180 A Bateria: Livre de manutenção, 700 A O interior do Grand Cherokee é todo revestido em couro e apresenta materiais elegantes
além de muito espaço para ocupantes e carga. Os bancos traseiros reclinam até 18°, oferecendo mais conforto e flexibilidade na posição sentada e fornecendo um volume máximo de carga no porta-malas de até 782 litros. O painel de instrumentos apresenta texturas agradáveis ao toque, com costura contrastante, combinação repetida por todo o interior – bancos, portas, consoles e descansos de braço. Silêncio ou música? Barulho nesse lançamento da Jeep somente aquele que os motoristas quiserem ouvir. Ao utilizar materiais mais macios, os designers da fabricante foram capazes de alcançar um alto grau de acabamento, complementado por menores níveis de ruídos no interior do veículo. O silêncio somente é quebrado pelos vastos recursos de entretenimento disponíveis no veículo. O centro de tudo é o sistema MyGIG, controlado por tela sensível ao toque, de seis po-
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Consumo e emissões Consumo de combustível Urbano: 9,7 km/L Rodoviário: 13,9 km/L Combinado: 12 km/L Autonomia: 1.122 km Índice de CO2: 218 g/km
legadas. A potência e clareza do som são garantidas pelos nove alto-falantes da Alpine, sendo um subwoofer, com som surround Matrix. Há ainda um HD de 30 GB, para armazenar mais de 4.000 músicas. Completando o conjunto multimídia, entradas auxiliar e USB, leitor de DVD e tela LCD de nove polegadas para os passageiros de trás, com dois fones de ouvido sem fio e controle remoto. A conectividade é completa com o sistema Bluetooth Uconnect® com comando de voz. “Assim como a versão Limited à gasolina, o Jeep Grand Cherokee Turbodiesel conta com um rico conjunto de entretenimento, para atender às necessidades cada vez maiores do motorista no dia a dia e especialmente de uma família em uma viagem mais longa”, avalia Luiz Tambor.
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CNH vai fornecer
máquinas para o PAC Empresa assinou contrato em dezembro e irá entregar 298 retroescavadeiras Case e 483 motoniveladoras New Holland
Por Frederico TonuccI
A retroescavadeira Case 580N se destaca pela alta tecnologia e eficiência
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s máquinas da Case New Holland contribuirão para as obras de infraestrutura de diversos municípios brasileiros. Isso, porque a empresa está entre as quatro empresas vencedoras da licitação do Programa de Acelera-
ção de Crescimento – PAC 2 – que irão entregar juntas mais de 4.900 máquinas, sendo 3.591 retroescavadeiras e 1.330 motoniveladoras, no país. A assinatura dos contratos, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), ocorreu em 27 de
dezembro. Serão 298 retroescavadeiras Case e 483 motoniveladoras New Holland - a maior venda de uma única vez desse equipamento na história da marca. A CNH vai entregar as máquinas até junho deste ano. A quantidade de equipamentos destinada ao PAC representa um volume adicional de cerca de 1/3 do mercado de retroescavadeiras e 2/3 do mercado de motoniveladoras no Brasil. Em dezembro do ano passado, representantes do MDA realizaram uma visita técnica às instalações da fábrica, em Contagem (MG), onde foram avaliados aspectos como a área destinada à produção e configuração técnica das máquinas – peso, tamanho e potência. Durante a visita, os representantes puderam observar que todas as exigências estavam de acordo com o previsto no edital.
Além de entregar as 483 motoniveladoras e as 298 retroescavadeiras, a CNH se responsabiliza por fornecer assistência técnica, manutenção e treinamento aos trabalhadores que irão operar as máquinas. Segundo o gerente de marketing da New Holland, Nicola D`Arpino, “a empresa sempre teve uma presença muito forte nas principais obras federais. Essa é a maior licitação da história do governo brasileiro, quando falamos de retroescavadeiras e motoniveladoras”, ressalta. D`Arpino garante que, mesmo com a grande quantidade de máquinas destinadas a atender a demanda do PAC, a produção da fábrica para outros projetos não será comprometida. “Quando começamos a trabalhar para vencer essa licitação, há cerca de um ano, nos programamos para atender as exigências do MDA”, afirma. A CNH já aumentou sua capacidade produtiva, desde o início do ano. O gerente de marketing da Case, Maurício Moraes, comemora o fato de serem contemplados municípios que necessitam de obras de infraestrutura, sobretudo na região Norte do país. “As máquinas têm um índice de performance muito alto, o que deixará os municípios extremamente bem equipadas. Se pensarmos na dificuldade de prestar serviços nessa região, isso se torna um diferencial para a marca Case. Estamos fazendo a nossa parte, contribuindo em uma área que é tão precária nos municípios beneficiados”, ressalta. Força e Tecnologia A CNH é reconhecida mundialmente pelas inovações tecnológicas, eficiência e alto padrão de qualidade dos seus equipamentos. A motoniveladora New Holland, oferecida para o PAC, cumpre a função de nivelar estradas e patamares. As máquinas se destacam pela alta tecnologia e pela eficiência por meio dos comandos hidráulicos de elevada precisão, da articulação do
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Principais destaques dos equipamentos da CNH Retroescavadeira da Case Oferece maior força de desagregação na retro e aumento da altura de descarga, do alcance e da capacidade de levantamento da carregadeira O design funcional e moderno é outro aspecto positivo Novo pacote de iluminação de alta intensidade, com 10 faróis de trabalho, garante iluminação 360 graus Motoniveladora da New Holland Cumpre a função de nivelar estradas e patamares; As máquinas se destacam pela alta tecnologia e pela eficiência por meio dos comandos hidráulicos de elevada precisão; Boa articulação do chassi localizado à frente da cabine, da lâmina central “Roll Away” com perfil evolvente, da lâmina frontal e da transmissão de controle eletrônico inteligente.
A motoniveladora New Holland cumpre a função de nivelar estradas e patamares
chassi localizado à frente da cabine, da lâmina central “Roll Away” com perfil evolvente, da lâmina frontal e da transmissão de controle eletrônico inteligente. O design funcional e moderno é outra característica. O capô traseiro, com linhas arredondadas, tem um desempenho arrojado, que combina harmonia, modernidade e solidez, e proporciona facilidade de acesso para as manutenções rotineiras.
Já a retroescavadeira produzida pela Case oferece maior força de desagregação na retro e aumento da altura de descarga, do alcance e da capacidade de levantamento da carregadeira. O novo pacote de iluminação de alta intensidade, com 10 faróis de trabalho, garante iluminação 360 graus. O sistema Pro Control de amortecimento de giro da retro, agora, é standard na 580N. A referência em retroescavadeiras inova, evolui e mantém a tradição de liderança no segmento. PAC Equipamentos A aquisição dessas máquinas faz parte da segunda etapa do PAC Equipamentos e tem orçamento de R$ 6,84 bilhões já aprovado pela Câmara dos Deputados. As máquinas adquiridas pelo governo Federal serão doadas para as prefeituras dos municípios com até 50 mil habitantes que estão fora das regiões metropolitanas. Conforme o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia anunciado anteriormente, o programa estimula a economia e atende às necessidades dos governos estaduais e prefeituras, porque significam melhorias em vários setores.
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Iveco Magirus equipa
aeroportos brasileiros Na maior venda de veículos em um único pedido, empresa entregará 80 caminhões de combate a incêndio à Infraero
Entenda Linha ARFF (Resgate e Combate a Incêndios em Aeroportos) • A Iveco Magirus produzirá a linha ARFF no Brasil a partir de 2013 • Os caminhões serão produzidos na fábrica de Sete Lagoas (MG) • A 1ª unidade brasileira será entregue em julho • A maior parte será entregue até a Copa 2014 • No total, 80 unidades serão entregues à Infraero • Os caminhões serão utilizados em 27 aeroportos brasileiros
Por Jamerson Costa
• Essa é a maior venda feita em único pedido pela Iveco Magirus
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Divulgação
Iveco Magirus foi escolhida para equipar os aeroportos brasileiros com 80 unidades da linha de veículos ARFF – de Resgate e Combate a Incêndios em Aeroportos. Os caminhões serão fornecidos à Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que administra aeroportos, grupamentos de navegação e terminais de logística de carga no Brasil. O valor do negócio é de R$ 141 milhões. O contrato, assinado em dezembro, concluiu uma ordem de
compra que representa a maior venda de veículos feita em um único pedido já recebido pela Iveco Magirus. Os caminhões serão utilizados em 27 aeroportos do Brasil, em atendimento às exigências da FIFA para Copa do Mundo de 2014 e demais eventos internacionais que o país estará apto a receber. “A Iveco Magirus é uma das maiores fabricantes de veículos de combate a incêndio no mundo. Essa venda mostra a importância do mercado brasileiro para as operações mundiais
• O contrato entre a empresa e a Infraero é de R$ 141 milhões
da empresa”, afirma Paolo Del Noce, diretor da Plataforma de Veículos Especiais da Iveco. A primeira unidade será entregue à Infraero em julho de 2013. A maior parte do pedido estará à disposição dos aeroportos até a Copa do Mundo. O contrato prevê a produção desses caminhões no Brasil a partir deste ano, na fábrica da Iveco em Sete Lagoas (MG). Durante um encontro com empresários na França, em dezembro, Dilma Rousseff disse que pretende fortalecer e interiorizar o transporte aeroviário brasileiro. Ao falar durante o seminário empresarial ‘Desafios e Oportunidades de uma Parceria Estratégica’, Dilma apresentou a proposta de criação de 800 aeroportos regionais no país e outros de grande porte serão licitados para iniciativa privada. O anúncio aumenta perspectiva de que a Iveco encontre mercado ainda mais promissor no país nos próximos anos. Referência em caminhões ARFF A Iveco Magirus é reconhecida pela sua completa linha de caminhões para combate a incêndio e pela sua posição de liderança no mercado global de veículos e equipamentos para
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esse tipo de trabalho. A empresa tem larga gama de produtos, feitos para ações em situação de risco e que, por isso, exigem altos padrões de tecnologia e confiabilidade. A empresa oferece ampla linha de veículos ARFF, desde soluções 4x4, 6x6 e 8x8, em chassis exclusivos, desenvolvidos pela marca para a linha Dragon; até soluções 4x4 e 6x6, em chassis de veículos comerciais da linha Impact. As opções são combinadas com soluções comprovadas e inovadoras, aliadas a tecnologias de última geração, qualidade multifuncional e habilidades altamente especializadas. A linha de veículos de Resgate e Combate a Incêndios em Aeroportos segue conceitos da fabricação dos caminhões de bombeiros, com a diferença de que possuem alta tecnologia e são especialmente preparados para anteder acidentes ocorridos em aeroportos que tenham, ou não, o envolvimento de aeronaves. Iniciado como pequena fábrica da Alemanha, a Magirus atende bombeiros, empresas e instituições da área há um século e meio. Posteriormente, passou à produção dos característicos caminhões de bombeiro e fabrica veículos para o mercado mundial.
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Premiação Fotos Studio Cerri
Finalistas da 20ª edição do Prêmio CNH de Jornalismo Econômico
Muita história para contar Prêmio CNH de Jornalismo Econômico completou 20 anos e segue homenageando os profissionais que narram a trajetória do país
Por Lilian Lobato
I
ncentivar a qualidade do jornalismo econômico brasileiro e valorizar o profissional que transmite conhecimento à sociedade. Desde o seu surgimento, em 1993, esse é o principal objetivo do Prêmio CNH de Jornalismo Econômico que, em 2012, completou 20 anos de existência. Não faltam boas histórias e matérias para relembrar a premiação que, a cada ano, ganha mais credibilidade entre
os jurados e jornalistas participantes. “Mais do que uma premiação, a iniciativa representa uma homenagem aos profissionais que participam com sua experiência e seu engajamento da construção da história do país. Estamos muito orgulhosos de estimular a boa informação e o debate sobre a economia brasileira por meio do prêmio”, ressalta o presidente da Case New Holland, Valentino Rizzioli.
Ele explica que a ideia de criar a premiação surgiu pela vontade de contribuir, de forma significativa, para a construção e manutenção de uma relação permanente com os jornalistas envolvidos na cobertura de economia e negócios no Brasil. O prêmio foi idealizado pela diretoria da Fiat Allis (hoje CNH) e da Fiat, no início dos anos 1990. Segundo Rizzioli, a premiação foi fruto do trabalho e dedicação de uma excelente equipe. “Posso dizer que o tripé de idealizadores ainda está presente no nosso Grupo: o diretor de Comunicação e Relações Externas da CNH, Milton Rego; o atual diretor-presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo Lima Pereira; além do meu próprio empenho e apoio incondicionais”, afirma. Inicialmente, o prêmio era composto por duas categorias, uma regional e outra nacional, que premiavam os trabalhos da mídia impressa. Dessa forma, era possível valorizar a imprensa do estado sede da primeira fábrica do grupo Fiat no Brasil, Minas Gerais, além de jornalistas das demais regiões do país. No ano 2000, foi extinta a categoria regional. A ideia, segundo Rizzioli, era exaltar, ainda mais, o caráter nacional da premiação. Já em 2011, de olho nas mídias digitais, a empresa criou a categoria Blogs, que foi mantida em 2012 e que seguirá firme nas próximas edições. De 1993 até o momento, a premiação recebeu cerca de 6.000 inscrições e premiou mais de 200 profissionais da imprensa. São números expressivos, que mostram como o prêmio é importante e reconhecido pelos jornalistas e pelo público em geral. Entretanto, por qual motivo o setor econômico foi o escolhido? Conforme Rizzioli, a área é uma das grandes forças que movem a so-
ciedade, chamando a atenção para as questões que verdadeiramente impactam a vida de uma nação. “A liberdade de imprensa merece o nosso respeito, pois contribui para que os formadores de opinião, empresários, governos e população possam ter a percepção real do que ocorre no dia a dia dos cidadãos”, avalia. Transformações com o passar do tempo Os 20 anos completados pelo Prêmio CNH de Jornalismo Econômico,
Valentino Rizzioli, presidente da CNH, ressalta a importância da premiação
Arte Lucas Costa Val
PREMIADOS CNH
1993 – 1º Lugar na Categoria Nacional Leila Magalhães - Jornal do Brasil Matéria: “Inflação é mais perversa com o pobre”
PREMIADOS CNH
1995 – 1º Lugar na Categoria Nacional Laurentino Gomes e equipe - Revista Veja (RS) Matéria: “Os reis do calote rural”
1997 – 1º Lugar na Modalidade Jornal José Casado - O Estado de SP Matéria: “A nova rota do Mercosul”
1999 – 1º Lugar na Modalidade Jornal Alceu Luís Castilho e L. C. Leite - O Estado de S. Paulo (SP) Matéria: “A São Paulo Ilegal”
2000 - Vencedores Categoria Nacional Gerson Camarotti - O Estado de São Paulo Sucursal Brasília - 1º lugar - Modalidade Jornal: “Estados usam a Petrobras para antecipar receita”
Hélio Gurovitz - Revista Exame 1º lugar - Modalidade Revista: “Genética: o negócio da vida”
Premiação Valentino Rizzioli (ao centro) com os vencedores do prêmio em 2005
segundo o diretor de Comunicação e Relações Externas da empresa, Milton Rego, representam duas décadas de profundas mudanças na economia e na sociedade brasileira. “A premiação acompanhou essa evolução, tornando-se uma das mais respeitadas do setor, por sua independência, credibilidade e isenção, sendo referência também para as novas gerações de jornalistas”, avalia. Segundo ele, um bom exemplo que mostra a transformação da sociedade e do prêmio é a consolidação da categoria Blogs. “Incorporar a mídia digital é mais uma prova de que a premiação cumpre o seu papel de instigar o mercado e provocar novas discussões”. Para selecionar as melhores reportagens, a premiação conta com uma Comissão Julgadora que é composta por profissionais de reconhecida competência nas áreas de economia, jornalismo e mundo empresarial. Milton Rego explica que os critérios de avaliação levam em conta
a contribuição da matéria para uma reflexão sobre o desenvolvimento e a conjuntura econômica do país; a capacidade de tradução dos fatos econômicos para o leitor; o papel social de prestação de serviços para o cidadão brasileiro em seu dia a dia; e o ineditismo e/ou originalidade da abordagem dos temas econômicos. Jurados em atuação Um dos principais pontos que diferenciam o Prêmio CNH dos demais prêmios de jornalismo é a escolha da Comissão Julgadora. Para avaliar as matérias e os Blogs inscritos, o Prêmio CNH de Jornalismo Econômico conta com a participação de jurados com notória participação no cenário econômico brasileiro, seja como empresários, economistas ou jornalistas especializados no setor. Maria Clara do Prado, jornalista que hoje é colunista do Valor Econômico e diretora da Cin Comunicação, já fez parte do júri duas vezes: em 1999, quando era editora da Gazeta
PREMIADOS CNH
2002 - Vencedores Categoria Nacional Flávia Oliveira e Nélson Vasconcelos - O Globo (RJ) - Recife
Mercantil (SP), e repetiu a dose no ano passado, na 20ª edição. “A premiação é muito proveitosa, sobretudo pela qualidade das matérias e pela diversidade dos temas enfocados. Também deve ser ressaltada a boa qualificação do jornalismo econômico praticado na imprensa local e regional do Nordeste e Sul do país”, explica. O presidente do Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Tarso Almeida Paiva, também esteve presente e ressaltou a importância da premiação. Segundo ele, esse reconhecimento estimula a produção de matérias relevantes sobre a economia brasileira. O dirigente, ainda, destacou a qualidade das matérias publicadas por veículos das diferentes regiões do Brasil. “O prêmio permite uma visão mais ampla da economia sob o ângulo das diferentes regiões. Não destacaria apenas uma matéria, mas todas as reportagens que buscaram mostrar o
Brasil que está crescendo fora do eixo Rio-São Paulo. A CNH, o grupo Fiat e os participantes estão de parabéns”. Qualidade para julgar e escrever Alguns jurados também foram vencedores do prêmio. No caso do jornalista Maurício Lara – jurado em 1995 – a vitória chegou em 1997 quando ganhou na categoria Regional, com a matéria “Minas exporta canavieiros”, publicada pelo jornal Hoje em Dia. “Foi uma honra ter sido jurado do prêmio em sua terceira edição. Naquela época, a premiação ainda se chamava Prêmio Fiat Allis. Juntamente com meus companheiros de júri, foi possível escolher como vencedora uma reportagem do incrível Luiz Ribeiro, bravo repórter que sabe tudo sobre o Norte de Minas”, lembra. Dois anos depois, o jornalista teve a surpresa de ser agraciado com o primeiro lugar regional. “Como repórter especial do jornal Hoje em Dia, acom-
Cledorvino Belini, presidente do Grupo Fiat/Chrysler para a América Latina (à direita), com os vencedores do prêmio em 2006
PREMIADOS CNH
1º lugar - Modalidade Jornal: “Cadernos - Pirataria” Nélson Blecher e Equipe - Revista Exame - SP 1º lugar - Modalidade Revista: “A Invasão das Marcas Talibãs”
2004 - 1º Lugar Revistas e Jornais Anne Dias - Revista Você S/A Matéria: “Até onde você aguenta?” Vicente Nunes - Correio Braziliense (Brasília) Matéria: “Real: dez anos de idade”
2006 - 1º Lugar Revistas e Jornais Alexa González Salomão - Revista Exame Matéria: O preço da ignorância Clayton Netz, Ricardo Galuppo, Nely Caixeta e Amauri Segalla
Estado de S. Paulo com a matéria: “Brasil com Z” 2008 - 1º Lugar Revistas e Jornais Clivonei Roberto - Revista Idea News Matéria: “Mitos e verdades sobre a alta dos alimentos”
Coordenada pelo editor de Rio, Paul Motta, a equipe: Angelina Nunes, Carla Rocha, Cristiane de Cássia, Dimmi Amora, Fernanda Pontes, Luiz Ernesto Magalhães, Selma Schmidt e Sérgio Ramalho.
Premiação Milton Rego, diretor de Comunicação e Relações Externas da CNH, destaca a consolidação da categoria Blogs
panhei a saga dos cortadores de cana que deixam o Vale do Jequitinhonha para ganhar a vida no interior de São Paulo”, destaca. Para Lara, ganhar um prêmio de economia contando a vida das pessoas e como elas sobrevivem ganhando o pão de cada dia talvez seja a grande marca do prêmio. “Espero que a vida da premiação seja longa, como sonho que seja longa a trajetória desse jornalismo que antes de ver números, vê gente”. Já o jornalista Clayton Netz, fez parte do júri nos anos de 2002 - quando era editor da revista Exame - e no ano passado - na Istoé Dinheiro. “O prêmio é um estímulo ao jornalismo de boa qualidade, preocupado com a
informação. Na última edição, gostei muito de uma série sobre as obras de transposição do Rio São Francisco, escrita por Giovanni Sandes, publicada no Jornal do Commercio, de Recife”, ressalta. O mais surpreendente, é que Netz já venceu a premiação quatro vezes e se destaca entre os mais premiados. As matérias campeãs foram: “Mais, melhor, mais barato” (1994), “Investimento sem risco. Na ponta do lápis” (1996), “Só os paranoicos sobreviveram” (1997) – as três reportagens foram publicadas na revista Exame – e “Brasil com Z”, publicada no Estado de São Paulo e escrita juntamente com Ricardo Galuppo, Nely Caixeta e Amauri Segalla. Jurado em 2011 e 2012, o jornalista Nelson Blecher, da Editora Globo, também já venceu o prêmio por dois anos consecutivos, com matérias publicadas na revista Exame. São elas: “A Invasão das Marcas Talibãs” (2002) e “O discreto charme da baixa renda”, essa produzida juntamente com Sérgio Teixeira Júnior. Nessa última edição, Blecher se surpreendeu com o alto nível das reportagens, o que tornou a disputa ainda mais competitiva. “Foi notável a presença de excelentes reportagens escritas não apenas nos veículos do eixo Rio-São Paulo, como também em regiões que, em passado recente, não apresentavam trabalhos de tão boa qualidade”, avalia. Reconhecimento merecido Na 20ª edição do prêmio, o alto nível das matérias se deu graças ao profissionalismo dos repórteres. Henrique Gomes Batista e Liane Thedim, do jornal O Globo, foram vencedores com a reportagem “O Brasil que não viaja de avião”. Segundo Batista, o Prêmio CNH é a principal premiação do jornalismo
PREMIADOS CNH
O Globo com a matéria: “Favela S/A” 2010 - 1º Lugar Revistas e Jornais Marcos Todeschini - Época Negócios – São Paulo
Na expectativa para a 21ª edição
econômico brasileiro. “Não apenas pela sua tradição, algo ainda raro no país, mas principalmente pela seriedade do trabalho e pela qualidade dos jurados. Ao analisar a lista dos vencedores do passado, reconhecemos os nomes dos mais respeitados profissionais da comunicação do Brasil e os assuntos que eram essencialmente fundamentais e importantes”, destaca. O jornalista Giovanni Sandes, do Jornal do Commercio PE, ganhou na categoria Excelência Jornalística, com a matéria “Transposição – Novos obstáculos”. Após se inscrever cinco vezes, ele saiu vitorioso em 2012. “A premiação é a mais importante distinção do jornalismo econômico brasileiro, por isso é tão gratificante ser parte da história dele”, afirma. No caso do jornalista Pedro Kutney, do portal Observatório Automotivo, a vitória teve sabor especial. Com conteúdo original, feito em sua coluna no site, ele teve seu trabalho reconhecido. “É a primeira vez que ganho, mas em 2004 fui finalista, na categoria Finanças, no Valor Econômico. A vitória foi muito gratificante pelo alto nível dos concorrentes, como a jornalista Mirian Leitão”.
Em 2008, o economista Delfim Neto foi um dos palestrantes do prêmio Primeiro livro da série “A história da Economia Brasileira”, publicação patrocinada pela CNH com o apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura
Após comemorar os 20 anos do Prêmio CNH de Jornalismo Econômico, é chegado o momento de planejar a próxima edição. “Podemos antecipar que a mídia digital se consolida como categoria contemplada na premiação, por sua relevância como canal de informação para a sociedade atual”, ressalta Milton Rego. Além disso, a cerimônia de premiação em 2013 será enriquecida com o lançamento do quarto livro da série “A história da Economia Brasileira” que, este ano, abordará o período da industrialização no Brasil (entre o pós-guerra, segunda fase do governo Getúlio Vargas, o Brasil de Juscelino Kubsticheck até o chamado “Milagre Econômico” dentro da Ditadura Militar). A coleção é uma publicação patrocinada pela CNH com o apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.
PREMIADOS CNH
Matéria: “A classe média que você precisa conhecer” Adriana Guarda - Jornal do Commercio – Recife Matéria: “Tudo o que podemos aprender com a Ásia”
2011 - 1º Lugar Revistas e Jornais José Fucs e Marcos Coronato - Revista Época Matéria: “Especial estatismo”
Paulo Henrique Lobato - Estado de Minas Matéria: “Velho Chico, Novos Rumos” 2012 - Vencedores Categorias Jornal, Revista e Blog
Liane Thedim e Henrique Gomes Batista - O Globo (RJ) Matéria: “O Brasil que não viaja de avião”
Eduardo Salgado e Mariana Segala - Revista Exame (SP) Matéria: “Onde o Brasil desponta” Pedro Kutney - Observatório Automotivo (SP)
New Holland recebe o prêmio Trator do Ano 2013 com modelo T4060F, considerado o melhor dos especializados pela sua eficiência operativa Por Lilian Lobato
Divulgação
O trator T4060F é o modelo vencedor do prêmio
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ara ser líder mundial em um segmento é preciso empenho e muito trabalho. No caso da New Holland, o esforço foi reconhecido e a empresa ganhou o prêmio Trator do
Ano 2013, na categoria “Melhor dos Especializados” com o trator T4060F. O modelo, topo de gama da série T4000F/ N/V, é capaz de produzir 106cv em uma construção compacta, sendo a escolha ideal para as operações de viticultura e fruticultura. No Brasil, unidades são comercializadas sob encomenda. Segundo o diretor de Marketing da empresa na América Latina, Carlos d’Arce, o prêmio é de grande relevância para a New Holland. “Nosso objetivo é ser líder mundial nessa especialidade. Quando um júri de prestígio afirma que o T4060F é o melhor trator, entre outros cinco fortes concorrentes, temos a certeza de que estamos caminhando na direção certa”, ressalta. O modelo vencedor do prêmio é adequado para médios e grandes pomares e vinhas, ou para pequenos agricultores de culturas de alto valor. O T4060F foi concebido para oferecer níveis excepcionais de eficiência operativa. Uma série de características fornecidas permite aos produtores configurar os tratores às suas necessidades, com a possibilidade escolher entre várias versões de caixas de velocidades. Além disso, todos os modelos “F” possuem eixo frontal SuperSteer ™ com um raio de viragem líder na categoria de 76°. O bloqueio de estacionamento totalmente mecânico aumenta a segurança de funcionamento e o novo rácio TDF aumenta ainda mais a eficiência operativa e permite obter uma poupança de combustível de 5%. A potência e confiabilidade do motor FPT é provavelmente uma das
Brasil está bem servido A New Holland está sempre disposta a oferecer soluções para todos os tamanhos de propriedade. Diante das boas perspectivas de mercado, a empresa busca trazer tecnologia de ponta dos produtos internacionais para os equipamentos brasileiros. “Nunca houve uma oferta tão globalizada. Buscamos lá fora, o que há de melhor no setor. Atualmente, a New Holland oferece vários modelos de tratores que atendem a todo tipo de necessidade”, avalia Marco Cazarim, especialista de tratores da empresa.
Segundo ele, o trator modelo T7, fabricado na fábrica de Curitiba, é um dos destaques por oferecer ao produtor o menor consumo de combustível, com um reduzido custo operacional, com sistemas inteligentes que permitem o aumento de potência. O trator proporciona conforto para o operador, assim como robustez, confiança e versatilidade na produção. Os tratores da série T7 são propulsionados pelos motores Nef de última geração, que estão em conformidade com as normas de emissões Tier III. A tecnologia atende também a futura Divulgação
Premiação
Na direção certa
maiores vantagens competitivas dos tratores especiais da New Holland. Um joystick ergonômico comanda os potentes sistemas hidráulicos de montagem intermédia e todo o sistema possui uma função de motor hidráulico, com capacidade prioritária e retorno total. As novas válvulas electro-hidráulicas de montagem intermédia são comandadas por um joystick ergonômico electro-proporcional que gera 8 saídas. O sistema possui uma função de motor hidráulico, com capacidade prioritária e retorno total. Esses aspectos, de acordo com d’Arce, fazem desse trator um equipamento confiável e que eleva a produtividade, já que é capaz de trabalhar por mais turnos por dia. Ele ressalta que existem grandes empresas da América do Norte à África do Sul e à Austrália usando tratores da marca por mais de 1500 horas por ano nas operações de pomares. O T4060F, no entanto, não faz parte da linha brasileira e da América Latina da New Holland, somente sob demanda. “O equipamento, produzido na Itália, é destinado a países produtores de fruta. No Brasil, temos uma gama enorme de tratores para atender o mercado. Estamos preparados para atender desde a agricultura familiar até os grandes produtores”, ressalta o d’Arce.
determinação do governo brasileiro que ainda não entrou em vigência. “Para a New Holland é muito importante oferecer um produto nacional, sobretudo esse modelo de trator que tem maior tecnologia embarcada e muitas facilidades para o operador. Além de proporcionar uma cabine espaçosa e de grande visibilidade, o T7 é feito para pegar pesado no campo e enfrentar qualquer tipo de serviço sem comprometer o desempenho e a produtividade”, destaca o especialista. Já o trator TL, é o modelo mais vendido do Brasil, sobretudo por abranger as pequenas propriedades. A linha, também fabricada em Curitiba, oferece um bom custo-benefício por ter maior produtividade com me-
O trator TL75 faz parte da linha TL, a mais vendida do Brasil, sobretudo por abranger as pequenas propriedades
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nor consumo de combustível, além da melhor tração. Toda a série de tratores TL da New Holland será reestilizada e terá design novo, opcionais e itens de série que antes não existiam. Outro destaque da empresa é a série T9 de tratores, fabricada nos Estados Unidos, com o modelo T9.560, que alcança até 560cv. O alto nível de potência do equipamento é aliado ao sistema de transmissão avançado, ao robusto chassi e ao design e conforto da cabine. Segundo Cazarim, a máquina é uma ótima opção para os produtores que precisam de mais potência, sendo o maior trator em operação na América Latina. Expansão eleva produtividade da fábrica Para atender a demanda por tratores, a New Holland está concluindo a expansão da unidade de Curitiba. Segundo o diretor da planta, Jefferson Teixeira, o investimento – excluindo recursos para o lançamento de novos
Tratores New Holland T7 - Potência Nominal: equipamentos com 200cv e 215cv TM7000 - Potência Nominal: equipamentos com 141cv, 149cv e 180cv TS6000 - Potência Nominal: equipamentos com 91 cv, 111cv e 132cv Série 30 - Potência Nominal: equipamentos com 106cv e 122cv TL Exitus - Potência Nominal: equipamentos com 60cv, 78cv, 88cv e 103cv TT - Potência Nominal: equipamentos com 60cv e 75cv T8 - Potência Nominal: equipamentos com 232cv, 254cv, 281cv,307cv e 340 cv T9 - Potência Nominal: equipamentos com 405cv, 457cv,507cv, 542cv e 608cv 80
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Sistema de gestão da
Comau é premiado nacionalmente Empresa conquistou o segundo lugar no prêmio Projeto do Ano com trabalho apresentado pelo gerente Delmer Cesário, que viabiliza uma metodologia integrada de gestão de processos Por Jamerson Costa
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Comau ficou entre os finalistas do prêmio Projeto do Ano 2012, principal da área de gerenciamento de projetos do Brasil. O trabalho inscrito foi proposto e liderado pelo gerente de Engenharia de Produto e Processos da Comau, Delmer Aguiar Cesário. A empresa concorreu com organizações de todo o país e ficou em segundo lugar. Esta é a segunda vez que a Comau figura entre os finalistas do prêmio, oferecido pela revista Mundo PM/Project Management – uma das mais renomadas publicações da área – em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2009, também com Cesário, a empresa conquistou o terceiro lugar pelo desenvolvimento de linhas de montagem de motores para a Fiat Automóveis. O sistema de gestão apresentado em 2012 viabiliza uma metodologia integrada de gestão de processos para a Comau América Latina. O trabalho segue padrões do PMI, instituto que normatiza a metodologia de gerenciamento em todo o mundo. “Essa metodologia está configurada de forma global, pois estamos presentes em 13 países e todos os gerentes de projetos mantêm uma uniformidade em suas práticas de gestão”, observa Cesário. “Mantendo clientes gigantes nos mercados em que atua, a Comau necessita de sistema de gestão pautado em práticas reconhecidas pelo mundo inteiro.” O engenheiro lembra que grandes empresas que investem bastante nessa área e inscrevem ótimos projetos estão
presentes no prêmio. “Por isso, é muito bom ver o nome da Comau entre os finalistas”, comemora. “Gostaria de destacar que fui apenas um ‘maestro’ e que minhas equipes – agora e em 2009 – foram as melhores que um gerente de projeto poderia ter”, ressaltou. A empresa foi representada na cerimônia, realizada na sede da Microsoft em São Paulo, no dia 5 de dezembro, por Antônio Lázaro Regonha, Diretor da Unidade Service da Comau. Além de premiar os três melhores dentro do Projeto do Ano, foram premiados vencedores das categorias Projeto Inovador, Projeto Acadêmico e PMO do Ano. O Projeto do Ano teve Izabella Belisário (Banco Santander) em primeiro e Eugênio Carlos da Silva (Oi Telemar) em terceiro lugar.
Delmer Cesário é finalista do prêmio pela segunda vez Divulgação
Premiação O trator T7245, da linha T7, é um dos destaques por oferecer menor consumo de combustível
tratores – deve chegar a cerca de US$ 60 milhões. O objetivo das obras, de acordo com ele, é modernizar e ampliar a capacidade instalada. Com o fim das obras, que tiveram início em maio de 2011 e estão previstas para terminar em fevereiro, a capacidade da planta passará de 70 tratores por dia por turno para 100 tratores por dia por turno. Já a produção, passará de 67 para 95 unidades por dia. Teixeira ressalta que a New Holland tem feito constantes investimentos em inovações tecnológicas, como máquinas de corte a laser, centros de usinagem, sistemas de pintura e sala de realidade virtual. O intuito é tornar o processo produtivo ainda mais rápido e continuar oferecendo equipamentos de qualidade. Conforme o vice-presidente da empresa, Alessandro Maritano, investimentos são necessários para que a empresa possa crescer. “Voltamos a recuperar a presença entre os grandes produtores, lançando equipamentos de grande potência. Estamos mantendo e consolidando a nossa atuação na agricultura familiar, segmento de extrema importância para o Brasil, lançamos novos equipamentos para chegar aos mais diversos segmentos da agricultura, que antes não podiam contar com nossos equipamentos. Quando expandimos nossa linha e nos preocupamos em atender mercados específicos, voltamos a ter uma base sólida para alcançar o crescimento que almejamos”, conclui.
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Certificação
Teksid conquista
certificação ISO 50001 Fundição de Alumínio foi auditada em dezembro e conquistou selo internacional de eficiência energética
Por Lilian Lobato
Ignácio Costa
O Comitê de Gestão de Energia foi integrado por (da esquerda para a direita) Jorge Alberto Juarez, Carlos Alberto Neto Cunha, Bruno Rodrigues Valle e Viemar Pereira de Oliveira
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eduzir o consumo de energia é uma prioridade das empresas que estão comprometidas com a sustentabilidade. As melhores práticas, em nível internacional, em gestão de energia estão presentes na ISO 50001 (Sistema de Gestão da Energia – SGE). Comprometida com a melhoria contínua do desempenho energético, a Teksid foi em busca da obtenção
do selo pela Fundição de Alumínio. A certificação foi concedida pela Det Norske Veritas (DNV) após auditoria realizada entre os dias 3 e 7 de dezembro. “A conquista dessa certificação condiz com os princípios e valores do grupo Fiat, que está sempre atento às questões ambientais e sociais”, avalia Bruno Rodrigues Valle, responsável
pela engenharia industrial da unidade Alumínio e que participou de todo processo de certificação. “A obtenção do selo foi uma solicitação da matriz da empresa, na Itália, para que uma das plantas na América Latina fosse certificada nesse sistema. A unidade de Alumínio, uma fábrica nova, que já nasceu com tecnologia avançada, foi a escolhida”, completa. A principal finalidade da ISO 50001 é promover a melhoria contínua do desempenho energético, definindo estratégias para o uso eficiente da energia em processos e equipamentos na fábrica. Para isso, segundo Valle, foram considerados os consumos da energia elétrica, gás natural, ar comprimido e combustíveis, como gasolina e óleo diesel. A utilização adequada dos equipamentos também foi avaliada, já que está relacionada à economia de energia. Ainda de acordo com ele, o primeiro passo na busca do selo foi a formação de um Comitê de Gestão de Energia, integrado por colaboradores de diferentes áreas da Fundição de Alumínio. O grupo participou de reuniões semanais para definir as ações preparatórias para a auditoria e também foi responsável por criar, em conjunto com o Comitê Diretivo, a Política Energética da Teksid, documento que norteou as ações da empresa na Gestão de Energia. Após essa etapa, foi preciso analisar os procedimentos e identificar os aspectos que não estavam de acordo com a norma. “Medimos o consumo de energia e instalamos medidores individuais em cada equipamento relevante para o consumo de energia, em todo processo produtivo. Ainda avaliamos os investimentos que teriam que ser feitos para melhorar a eficiência energética. Fizemos um verdadeiro raio x da planta para definir os pontos de ação”, explica Valle. A mobilização da Teksid para a conquista da certificação começou em
Benefícios da certificação ISO 50001 • Redução de custos de energia com uma abordagem estruturada para identificar, medir e gerenciar o consumo • Aprimoramento do desempenho do negócio • Formalização da política energética • Inovação no desenvolvimento de oportunidades para novos produtos e serviços
abril do ano passado. Para Valle, o maior desafio foi o tempo. Ele ressalta que a empresa já estava envolvida, anteriormente, com a busca de outras certificações e precisava dar continuidade no processo para preparar a unidade para receber a auditoria em dezembro. De imediato, segundo ele, não foi necessário substituir equipamentos. “Como a certificação é destinada à gestão da energia, foi preciso mostrar um planejamento para tornar o processo mais eficiente”, disse. Valle conta, ainda, que foi elaborado um procedimento de operação para melhorar o desempenho energético dos equipamentos-chaves identificados no processo, como fornos, regenerador de areia e os compressores. O treinamento e envolvimento dos funcionários também fizeram parte do processo de busca da certificação. “Fizemos uma campanha para divulgar o sistema e fazer com que as pessoas participassem efetivamente. O plano de comunicação também contribuiu para a integração. Ao conhecer a certificação e entender a sua importância para a empresa, os empregados ficaram mais animados em busca-la”, avalia. Para Valle, ao obter a certificação, a Teksid se mostra comprometida com a sustentabilidade do negócio e mostra também a preocupação com o desempenho econômico da empresa, o que reflete em um melhor aproveitamento dos recursos.
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Certificação Lilo Clareto
A planta da Marelli, em Mauá (SP), implantou projetos com a utilização da ferramenta WCM
Magneti Marelli também
recebe certificação Quatro plantas da empresa no Brasil operam de acordo com a norma internacional e as demais se dedicam para obter o selo em 2013
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conjunto, eles formaram uma equipe de auditores internos. A partir da experiência positiva em uma das plantas, era possível ter conhecimento do que melhorar nas outras. “Como todas as unidades estavam em estágio de implantação do sistema de gestão de energia, usamos o benchmarking (processo contínuo de pesquisa e comparação dos produtos, serviços e práticas empresarias) das que receberam a certificação”, explica Braida. Ainda de acordo com Braida, um dos pontos destacados pelos auditores durante o processo foi a utilização das ferramentas já existentes e praticadas na empresa, como o pilar de Meio Ambiente do WCM. “Como a empresa registrou avanços com o uso da ferramenta, foi preciso apenas adequar as ações em andamento às exigências da certificação. Os auditores elogiaram a consistência das ações e verificaram o excelente trabalho realizado pelo time envolvido no projeto de implantação do sistema de gestão de energia em cada uma das unidades”, comemora.
Ações realizadas em busca da certificação • Revisão da Política de Meio Ambiente, incluindo aspectos energéticos • Elaboração do documento técnico denominado “Revisão Energética”, que é a base técnica de todo o sistema • Utilização das ferramentas do WCM Energy para os projetos relacionados à energia • Implantação demetas e indicadores de consumo de energia
Por Lilian Lobato ssim como a Teksid, a Magneti Marelli também se preparou, ao longo de 2012, para que as plantas de Mauá (SP), Santo André (SP), Lavras (MG) e Hortolândia (SP) recebessem a certificação ISO 50001(Sistema de Gestão da Energia – SGE). Em dezembro, as três primeiras passaram por mais uma auditoria, que rendeu à empresa uma boa notícia: as unidades haviam sido reco-
rante Heber Braida, responsável corporativo pela área de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente. Segundo ele, desde o ano passado, a Magneti Marelli dedica atenção especial à implantação do sistema. A certificação exige que diversas ações sejam colocadas em prática, como desenvolvimento de novos procedimentos operacionais, identificação de pontos de melhoria, substituição gradativa de motores por outros de alto rendimento, redução do consumo de energia elétrica, uso de lâmpadas LED, realização de palestras de conscientização e implantação de projetos com utilização da ferramenta World Class Manufacturing (WCM) voltados à eficiência no uso e consumo de energia. O primeiro passo na busca pela certificação, de acordo com Braida, foi criar um time das quatro plantas com colaboradores das áreas de Engenharia, Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Manutenção. Essa integração contribuiu para definir as ações que seriam expandidas para todas as unidades. Além de estudar a norma em
mendadas para a certificação da norma internacional, voltada à melhoria contínua do desempenho energético. No início deste ano, foi a vez da planta de Hortolândia. “Agora, a empresa trabalha para que as cinco demais plantas instaladas no Brasil – Amparo (SP), duas em Contagem (MG), Itaúna (MG) e São Bernardo do Campo (SP) – estejam certificadas até o final de 2013”, ga-
• Desenvolvimento de novos procedimentos operacionais • Adequação de procedimentos administrativos e normas corporativas • Continuidade dos programas que buscam identificar, desenvolver e implementar melhorias no processo de produção para reduzir o consumo de energia • Identificação de pontos de melhoria e elaboração de plano de ações • Formação de 40 auditores internos voltados ao sistema de gestão de energia • Diálogo Diário de Segurança (DDS) com todas as áreas da produção
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Desafio para levantar poeira Caminhões da Iveco fazem bonito novamente no Rali Dakar, a competição mais difícil e impressionante do mundo
Por Frederico Machado
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epois de mais de oito mil quilômetros de percurso, passando por três países em duas semanas, o Rali Dakar terminou no dia 19 de janeiro, em Santiago, no Chile, com muitas histórias para todos os que viveram esse desafio. A Iveco marcou presença na competição off-road mais difícil do planeta, chegando em quarto lugar na categoria dos caminhões.
etapa. No total, foram 452 pilotos de várias nacionalidades em quatro categorias: carros, motos, caminhões e quadriciclos. A competição foi dividida em 14 etapas entre a largada em Lima, no Peru, e a tão esperada chegada em Santiago, no Chile. A Iveco participou novamente da disputa com cinco caminhões: dois novos Iveco Trakker 4x4 Evolution III, dois Iveco Trakker 4x4 Evolution II e um Iveco Powerstar, veículo produzido e vendido pela Iveco na Austrália. A parceria com o piloto holandês Gerard de Rooy, que pilotou o Iveco Powerstar, quase resultou em pódio novamente: em 2012 a equipe foi campeã e nessa edição ficou em quarto lugar, a apenas cinco minutos do terceiro colocado no ranking geral. O italiano Miki Biasion teve uma boa performance na última etapa, terminando em terceiro, a 2min17s do primeiro lugar e a 13 segundos do
Fotos José Mário Dias
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Poeira, dunas, altitude e acidentes foram alguns dos obstáculos enfrentados nessa disputa entre os melhores pilotos do mundo. O Rali Dakar impressiona por suas paisagens, percorrendo regiões inóspitas do continente sul-americano entre praias, desertos e montanhas, com os veículos na luta contra o relógio para fazer o melhor tempo a cada
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Diário de bordo Cada etapa do Rali Dakar reserva surpresas aos pilotos e seus navegadores. Para que os amantes dessa festa do automobilismo mundial não perdessem nenhum detalhe dos desafios vividos pela equipe Iveco-De Rooy, foi lançado um site (www. ivecodakar.com.br) com todas as informações e curiosidades dessa disputa. Um diário de bordo era atualizado a cada etapa com informações dos pilotos, fotos em alta resolução para download e relatos do trajeto percorrido. O layout moderno do portal traz ainda um percurso interativo, possibilitando ao internauta viajar junto à equipe no caminho de Lima, no Peru e Santiago, no Chile. Todo o trabalho fotográfico é assinado pelo especialista em ralis José Mário Dias. A identidade visual foi cuidadosamente trabalhada utilizando as cores dos caminhões, mescladas com todo o universo que cerca um rali.
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Competições
Curiosidades do Dakar O Rali Dakar de 2008 foi cancelado pelo receio de ataques terroristas. Por isso, Chile e Argentina se ofereceram para sediar o evento. Em 2012, o Rali Dakar compensou todas as suas emissões diretas de carbono. A quantidade total representa 48% do total das emissões relacionadas direta e indiretamente para a prova. O fundador do Rali Dakar, Thierry Sabine, morreu em 1986 em um acidente de helicóptero. Suas cinzas foram espalhadas no deserto. O percurso do Rali Dakar muda a cada ano e já variou de 8,5 mil quilômetros a 15 mil quilômetros. A ideia do Rali Dakar surgiu, em 1977, quando Thierry Sabine se perdeu no deserto da Líbia, com sua moto, durante o rali Abidjan-Nice. Fonte: www.ivecodakar.com.br
chefe de sua equipe, Gerard De Rooy. No ranking geral, Biasion ficou com o 13º lugar. O também holandês René Kuipers, que terminou a etapa em 27º, entrou para o Top 10 do rali com o nono lugar. No entanto, o resultado poderia ter sido ainda melhor. Kuipers viveu uma situação inusitada na última etapa da competição. Parou para ajudar um adversário que havia sofrido um acidente e acabou perdendo alguns minutos importantes na classificação. Nada que abalasse a sensação de dever cumprido do piloto. “Logo no início, paramos para ajudar um adversário que tinha capotado e, por isso, perdemos alguns minutos. Mas fizemos um bom trabalho. Que grande caminhão é este Iveco! Tivemos um belo dia e o Rali Dakar foi uma grande experiência”, destaca René Kuipers, que guiou um Iveco Trakker Evolution III no trajeto. O desempenho dos caminhões nessa edição do rali agradou muito. “É fundamental participar do Rali Dakar para destacarmos a marca Iveco como uma referência de caminhões robustos e eficientes, capazes de operar sob as mais difíceis condições climáticas e enfrentar terrenos inóspitos com desenvoltura e excelência. A empresa patrocina a equipe holandesa De Rooy desde outubro de 2011, no Rali de Marrocos. Certamente, iremos participar novamente no futuro, pois
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o objetivo é sempre estar no pelotão da frente”, afirma o diretor de comunicação da Iveco, Cláudio Rawicz. Experiências positivas Os desafios impostos a um caminhão em uma competição como o Rali Dakar podem ser preciosos para o desenvolvimento de máquinas mais potentes e seguras nos setores de mineração e construção. “As experiências vividas em um rali faz com que a equipe de Engenharia trabalhe, cada vez mais, em busca de novas soluções tecnológicas” explica Claudio Rawicz. Segundo ele, um exemplo é a presença constante do modelo Trakker entre os principais competidores do Dakar. Fora das competições, o veículo é um caminhão com vocação para operações de mineração e transporte off-road, e já foi adquirido por empresas como a Nacional Minérios SA (Namisa), onde opera 24 horas por dia, sete dias por semana. O balanço final, para os executivos da empresa, foi positivo. “A Iveco é uma marca com forte atuação em toda a América Latina e estamos muito satisfeitos em participar, mais uma vez, dessa importante competição com tamanha visibilidade em todo o mundo. Nossos caminhões são reconhecidos pelos clientes por sua robustez, alta eficiência e assegurada economia”, ressalta César Fernández, Iveco Motored Business Manager.
geladas do Pacífico O Mercado Central de Santiago concentra em suas bancas e bares toda a riqueza extraída do mar do Chile em uma edificação de 1868
Por Joel Leite
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cas de frutas: cerejas, amoras, framboesas, morangos, cítricos, uvas de todas as cores e sabores, abacate paltagás, uma infinidade de sementes e grãos. Na parte interna, bancas de verduras, grãos, sementes, ervas, temperos, queijos, conservas, tortas e saltenhas. É um lugar para ser visitado mesmo por quem não se interessa em turismo gastronômico. O que chama a atenção são as barraquinhas de conchas, moluscos e crustáceos – manchas, choro maltón, almejas, choro corriente, hostiones, pivre, picoroco. Lulas gigantes e carangueijão centolla capturados em águas profundas. Ouriços e peixes de todas as espécies. Quem traz toda essa riqueza para a mesa dos chilenos é a corrente oce-
As barraquinhas de conchas, moluscos, crustáceos e lulas gigantes chamam a atenção no Mercado Central de Santiago
Joel Leite SXC
ão espere sofisticação e requinte. O ambiente é popular e o atendimento é de boteco. O lugar é frequentado por trabalhadores braçais, motoristas, ajudantes, balconistas, exatamente como deve ser o ambiente de um mercado popular. Donos de restaurantes, empresas de alimentação, gourmet e turistas buscam ali as delícias produzidas pelas águas geladas da Costa do Pacífico. Toda a riqueza extraída do mar do Chile está nas bancas e nos bares do Mercado Central de Santiago, que funciona num edifício construído em 1868, com estrutura de aço trazida da Inglaterra, e até hoje reúne, dentro e fora dos galpões, o que de melhor o Chile produz: na área externa, os pedestres transitam desviando das barra-
Joel Leite
gastronomia
Os frutos das águas
ânica Humboldt, que arrasta as águas geladas da Antártica, transformando a costa chilena na maior produtora de fauna marinha. A água gelada acelera a produção de plâncton, alimento para os animais marinhos, e sobe o Continente, avançando também no litoral do Peru e da Colômbia. “A corrente Humboldt atravessa o pacífico como um rio dentro do mar”, diz, orgulhoso, o guia Bernardo, lembrando que é a corrente mais fria do mundo, com temperatura entre 7 e 8 °C. Ele enumera os frutos do mar que o país produz e elege a lula gigante o seu preferido. O molusco é vendido nos boxes do mercado central, em mantas 20cm x 40mm com 5cm de altura. Não dá para imaginar como seria esse bicho vivo. Deve ser assustador, num mergulho, defrontar-se com o segundo maior invertebrado da Terra. A corrente Humboldt é tão importante para o país que apenas uma das espécies autóctones é a terceira força de economia chilena. O salmão, hoje amplamente cultivado em cativeiro, é um dos cinco principais produtos do Chile. A propósito, três dos produtos que mais contribuem para o produto interno bruto do país são alimentos: o vinho e as frutas in natura, além do salmão, formam com o cobre e da madeira os cinco maiores setores econômicos.
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Ode à sopa do Congro Pablo Neruda No mar tormentoso do Chile vive o rosado congro, enguia gigante de nevada carne. E nas panelas chilenas, na costa, nasceu o «caldillo» grávido e suculento, proveitoso. Levam para a cozinha o congro esfolado, a sua manchada pele cede como uma luva e a descoberto fica então a uva do mar o congro tenro reluz já nu, preparado para o nosso apetite. Agora pegas em alhos, acaricia primeiro esse marfim precioso, cheira a sua fragância iracunda, então deixa o alho picado cair com a cebola
e o tomate até que a cebola tenha cor de ouro. Entretanto cozem-se ao vapor os reais camarões marinhos e quando estiverem a chegar ao seu ponto, quando se consolidar o sabor num molho formado pelo suco do oceano e pela água clara que soltou a luz da cebola, então que entre o congro e mergulhe na glória, que na panela se aceite, se contraia e se impregne. Já só é necessário deixar no manjar cair o creme como uma rosa espessa e ao lume lentamente entregar o tesouro até que no «caldillo» se aqueçam as essências do Chile, e à mesa cheguem recém-casados os sabores do mar e da terra para que nesse prato tu conheças o Céu.
A vantagem de conhecer essa fartura no mercado central é que os frutos do mar não apenas “enchem os olhos” do visitante, mas também satisfazem o prazer na mesa. Restaurantes, bares e petisqueiras preparam in loco os produtos frescos, de forma simples, com acompanhamento caseiro.
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Escolhi o ouriço gigante para o almoço na Petisqueria La Julita, box 62, um botequinho apertado, de dois andares, onde 11 da manhã trabalhadores já estão “calçando o peito” como se diz na roça; e contando causos em voz alta. O almoço é acompanhado de um caneco de cerveja ou uma taça de vinho tinto.
Ignácio Costa/Inka
As porções são generosas. O garçom Lucho destrinchou o ouriço na própria mesa, com uma faca pesada, porque a casca é grossa e cheia de espinhos. É servido ao natural, sem nem mesmo uma fervura. Não há qualquer preparo, basta abrir o ouriço e saborear, às colheradas. O tempero é simples: limão, azeite de oliva e pimenta a gosto. Shoyu é permitido. É quase um creme, na tonalidade marrom avermelhada, lembra o ouriço brasileiro, conhecido como uni na culinária japonesa, onde é muito apreciado. Mas o ouriço do Chile é muito superior no tamanho, no formato e no sabor. Mexilhões, machas ou amêijoas são saboreadas in natura, nas barracas de frutos do mar ou nas pestiquerias, cozidas no limão, uma pitada de sal e enriquecidas com uma das variedades de pimenta na região. Mas o preparo pode ser sofisticado, como o maltón na sopa, o hostione na concha ao forno com manteiga, orégano e queijo parmesão, vieiras gratinadas, picoroco (crustáceo) no vapor. Não há como deixar de provar o cheviche, o prato símbolo da região do Pacífico. O prato é feito com salmão ou reineta, um peixe branco de carne firme, cozido em limão siciliano e preparado com tempero forte, como cominho, coentro e pimenta verde (veja receita). Podem ser usado outros tipos de peixes e também mariscos, camarão, marisco e lagosta, sempre marinados com limão ou outra fruta cítrica. A lima é muito usada, assim como a laranja. O cheviche é feito também no Peru, Equador, Colômbia, México, Guatemala e Caribe, com variações em relação ao tipo de peixe e temperos. Normalmente é acompanhado de batata doce e abacate. Mas se você prefere um jantar
Ceviche chileno Ingredientes 1 kg de salmão 2 cebolas roxas 1 kg de limão siciliano alho, pimenta verde, cominho, coentro pimentão vermelho e verde. Modo de preparo Junte os pedaços de peixe (1 a 2cm) ao suco de limão. Corte os pimentões também em quadrados, a cebola, o alho e os demais temperos e leve à panela no óleo quente. Salgue e misture. Deixe descansar na geladeira por no mínimo 30 minutos. Está pronto para servir.
mais, digamos, poético, a sugestão é a sopa de Congro, feita com o saboroso peixe rosado chileno e mariscos. A receita do prato foi eternizada na poesia de Pabro Neruda.
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notas Fotos Divulgação
blog do Milton Rego completa um ano Agronegócio, infraestrutura e competitividade industrial são os principais temas abordados pelo engenheiro mecânico e economista Milton Rego na página www.blogdomiltonrego.com.br. O diretor de Comunicações e de Relações Externas da Case New Holland lançou o blog em fevereiro de 2012, como espaço para a troca de informações em torno do segmento de máquinas agrícolas e de construção. A proposta inicial era simples: compartilhar o conhecimento acumulado pelo especialista em 20 anos de experiência na área e transformá-lo em dados estratégicos para o empreendedor interessado. A página, hoje, é referência no acompanhamento de notícias do segmento e de estímulo ao diálogo, contando com a interação de muitos leitores, o que é propício para a discussão de setores que são de indiscutível relevância para o país.
DESAFIO INTERNACIONAL DAS ESTRELAS A Iveco começou o ano acelerando os motores como patrocinadora oficial do maior evento de kart do mundo: o Desafio Internacional das Estrelas. A 8ª edição da prova aconteceu nos dias 12 e 13 de janeiro, no parque Beto Carrero World, em Santa Catarina. Patrocinadora oficial do evento, a montadora se orgulha por ter contado com Beto Monteiro, principal piloto da Scuderia Iveco e representante da Fórmula Truck, como um dos destaques da competição. Ao lado de Beto estavam feras como Felipe Massa, anfitrião do evento, Cacá Bueno, da Stock Car, e o espanhol Fernando Alonso, da Fórmula 1.
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Hortolândia é a primeira unidade da Marelli no Brasil a atingir a cobiçada classificação em WCM O anúncio da conquista de Hortolândia ocorreu em 6 de novembro, ao final da auditoria realizada pelo próprio professor Hajime Yamashina, o grande mestre do WCM no mundo. Os 20 pilares da metodologia (10 técnicos e 10 gerenciais) foram avaliados durante dois dias e, juntos, somaram 52 pontos. “Era uma conquista muito aguardada por nossa planta e esperávamos obtê-la por conta da dedicação e qualidade do trabalho realizado pela equipe”, afirma Carlos Eduardo Pinto, coordenador corporativo de WCM na Magneti Marelli do Brasil. Com o bronze em WCM, a planta da Magneti Marelli em Hortolândia mostra ao mercado que tem: • Habilidade de evolução constante, ao implementar e gerenciar melhorias em todos os processos. • Know-how para detectar problemas preventivamente. • Capacidade de produção com elevado padrão. • Alto nível de conhecimento, segurança e competitividade. No Brasil, até o momento, não existem empresas que conquistaram Prata ou Ouro em WCM. Com nível Bronze são: • Fiat Automóveis • Fiat Powertrain Betim • Volvo Powertrain • Magneti Marelli – Unidade de Hortolândia
Case Construction promove concurso de fotografias
Tarcísio Meira visita fábrica da New Holland O ator global Tarcísio Meira esteve, em dezembro, na fábrica da New Holland em Curitiba, para conhecer as instalações e a linha de montagem. “Fiquei muito impressionado. Sou antigo, na minha cabeça fábrica é um local que me remete à Revolução Industrial, com chão sujo de fuligem. É incrível a organização e a precisão milimétrica como estas máquinas pesadíssimas são fabricadas.” Cliente da New Holland, Tarcísio Meira ainda acrescenta: “se eu falo bem é porque eu acredito, confio. Fico feliz em ver que o meu trator é feito com tanto cuidado”.
Crianças e adolescentes de diferentes regiões do Brasil inscreveram 292 fotos de equipamentos da Case para o concurso ‘Eu vi uma Case em ação’, promovido pela Case Construction Equipment. O vencedor, Matheus Bordignon Vieira, de 6 anos, é de Santos (SP) e ganhou uma viagem para o Beach Park, em Fortaleza (CE). A ação integra o projeto Case Teen, iniciado em 2011 com o lançamento da revista ‘Case Teen’, que é trimestral e tem tiragem de 11 mil exemplares. A distribuição ocorre em concessionárias e nas fábricas da Case de Contagem e Sorocaba. “A revista e o concurso estimulam a percepção dos equipamentos de construção na vida das pessoas, máquinas diretamente ligadas ao desenvolvimento e progresso, mas pouco percebidas no dia a dia”, avalia Roque Reis, diretor geral da Case para a América Latina.
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raio-X DO GRUPO FIAT NO BRASIL
fiat spa MONTADORAS
componentes
serviços
Fiat Revi www.fiat.com.br Fiat Automóveis www.magnetimarelli.com Magneti Marelli
Raio-X do Grupo Fiat no Brasil
Fiat Services
sistemas de produção Fides Corretagens de Seguros
www.teksid.com.br Teksid do Brasil www.isvor.com.br Isvor Instituto para o Desenvolvimento Organizacional
www.comau.com.br Comau do Brasil
serviços financeiros
Fiat Finanças
Banco Fidis
fiat industrial Empresa: Fiat do Brasil S.A. A Fiat do Brasil S.A., constituída em 1947, é a empresa mais antiga do Grupo Fiat no Brasil. É a representante, no país, da holding Fiat SpA e presta serviços em suas diversas áreas de atuação à Fiat Industrial SpA. A Fiat do Brasil S.A. tem a função de representação institucional perante as autoridades governamentais, comunicação corporativa, auditoria interna, treinamento, contabilidade, normatização e gestão das áreas fiscal e tributária, metodologia, folha de pagamento e outras atividades de suporte às operações do Grupo, prestando serviços a 19 empresas, divisões, associações e fundações.
MONTADORAS
componentes
serviços financeiros
www.fptpowertrain.com FPT – Powertrain Technologies (Mercosul)
Banco CNH Capital
www.cnh.com Case New Holland (CNH)
www.iveco.com.br Iveco Latin America
cultura
educação
assistência social
www.casafiatdecultura.com.br Casa Fiat de Cultura
www.fundacaotorino.com.br Fundação Torino
www.fundacaofiat.com.br Fundação Fiat
Localização: tem plantas industriais nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Presidente: Cledorvino Belini
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Uno Turbo i.e Primeiro carro brasileiro equipado com motor turbo-comprimido
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Uno Turbo i.e, lançado em 1994 e comercializado até 1996, marcou época. Foi o primeiro carro brasileiro equipado com motor turbo-compressor, o que apontou a tecnologia e inovação da marca Fiat já na década. Seu motor, com apenas 1.4 litro de cilindrada, era capaz de desenvolver 118 cv de potência máxima, número equivalente aos motores 2.0 litros da época. O veículo chegava aos 195 km/h de velocidade máxima, sendo considerado, por grande parte da imprensa especializada, o melhor carro esportivo daquele momento. O Uno Turbo i.e inaugurou uma tendência que, até hoje, impera na indústria automobilística: projetar motores pequenos, potentes e econômicos.
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SER LÍDER NÃO BASTA. TEM QUE EVOLUIR SEMPRE. FREIO DE ESTACIONAMENTO APLICADO POR MOLA E LIBERADO HIDRAULICAMENTE. MAIOR RESERVATÓRIO DE ÓLEO DIESEL.
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NOVA LANÇA E BRAÇOS SOLDADOS EM “S”.
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