O MARGS tem investido em uma polĂtica de exposiçþes que procura estar a par de discussĂľes e problemĂĄticas prementes a serem enfrentadas pelas instituiçþes museolĂłgicas e artĂsticas, sobretudo por aquelas que se orientam pela busca de relevância e atualidade. Nesse compromisso, estĂĄ a reivindicação histĂłrica e reparatĂłria por uma maior visibilidade, representatividade e legitimação das artistas mulheres. Trata-se de um empenho que ganhou evidĂŞncia no MARGS neste primeiro ano da atual " ./Ăť*Ń? - .0'/ ) * ( 0( *)%0)/* 3+*.$ēŤ . (*)*"-Ú‍ ݌‏. -/$./ . (0'# - . apresentadas em 2019. “Mariza Carpes – Digo de onde venhoâ€?, que o MARGS tem a honra de receber e apresentar, integra esse ciclo, reforçando agora o compromisso crĂtico que assumimos. Ao trazer a pĂşblico um amplo conjunto de obras, a mostra nĂŁo apenas consagra a produção da artista e professora, como confere maior visibilidade e legibilidade Ă sua consolidada trajetĂłria. (*( )/* *! - $ * + ' 3+*.$Ä“Ăť* . $)/ ).$‍ ݌‏+*- +- . )/ -(*. * ( .(* tempo, nas demais salas do mesmo andar do museu, uma coletiva dedicada Ă s artistas mulheres presentes no acervo do museu. Organizada em torno de questĂľes de presença e representatividade, a mostra tem curadoria do projeto Mulheres nos Acervos, cujas autoras se dedicam a investigar a produção artĂstica feminina nas coleçþes pĂşblicas de arte de Porto Alegre. A simultaneidade dos dois projetos expositivos foi concebida propositadamente, com a intenção de criar um contexto preliminar para a chegada da 12ÂŞ Bienal do Mercosul, que a seguir, entre abril e julho de 2020, ocuparĂĄ o museu com uma edição voltada Ă s relaçþes entre arte e feminismo. ..$(Ń? ( .$)/*)$ ‍)݌‏$ *( / (Ăš/$ +-Ţ3$( $ ) 'Ń? +-* 0- (*. *! - - um ambiente preparatĂłrio para o momento em que o MARGS prosseguirĂĄ sendo palco de debates e experiĂŞncias sobre a produção de artistas mulheres. Francisco Dalcol Diretor-curador do MARGS Doutor em Teoria, CrĂtica e HistĂłria da Arte Mariza Carpes nasceu em Santa Maria, em 1948, onde fez sua formação na UFSM, Universidade Federal de Santa Maria, diplomando-se em 1973, em Desenho e PlĂĄstica. Na mesma instituição foi, durante anos (1975–1987), professora da disciplina de “Interiores e Paisagismoâ€?. Dedicando-se ao Desenho, conquistou diversos prĂŞmios - "$*) $.Ń? ) $*) $. $)/ -) $*) $.Ń? * '*)"* . Ä? . УЍЊТŃ? УЍЪТ УЍЍТю * ‍ ' )݌‏ dos anos 1980, transferindo-se para Porto Alegre, passou a trabalhar no Instituto de Artes da UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1987–1997). Em 1995, concluiu o Mestrado em Artes pela Ball State University, em Muncie, Indiana, Estados Unidos. A memĂłria e os afetos sĂŁo terreno constante de sua obra, assinalada pelo investimento no desenho, em trânsito com a pintura, assim como pela apropriação de objetos e fragmentos antigos, plenos de histĂłrias e temporalidades. A obra de Mariza Carpes estĂĄ representada em vĂĄrias coleçþes pĂşblicas, com destaque para: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC RS), Museu de Arte de Santa Maria (MASM), Museu de Arte do ParanĂĄ, Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Pinacoteca BarĂŁo de Santo Ă‚ngelo do Instituto de Artes da UFRGS, entre outras.
' *(* + -.*) " (Ń? ‍"݌‏0- ( )$) . - + / Ń? - / Ń? .+*)/ *( 1 ./$ * abaixo dos joelhos, braços em repouso, pĂŠs unidos, cabelos comportados, expressĂľes facial e corporal serenas. Tudo respira controle e delicadeza. Sua frontalidade perturba, ( . ' $).$./ ( ( )/ - *. *'#*. ! # *.Ń? ( .$'Äž) $* - ‍ ݧ‏3Ăť*ŃŽ ( ,0 ./ -$ + ). ) *Ń• + -"0)/ + - /*' Ń? ( . ) /0- 5 ‍"݌‏0- Ä“Ăť* - *--Äž) $ imagem nos autorizam a divagar. EntĂŁo, conscientes de que, deste modo, acessamos melhor nossos sonhos e lembranças, podemos imaginar que a menina rememora, fantasia ou planeja sua prĂłpria histĂłria. Num contraponto Ă imobilidade do corpo, + ..Äź1 ' . -$Ä“Ăť*Ń? / (*. ‍ݧ‏0$ 5 '$ - * + ). ( )/*ŃŽ A menina atravessa a produção recente de Mariza Carpes. Ela surge solitĂĄria e introspectiva em meio a ramagens, plantas, ĂĄguas ou suspensa no espaço; ( -*0+ .Ń? * % /*.Ń? ‍݌‏/ .Ń? *) .Ń‘ ( $( " ). +-* 05$ .Ń? +-*+-$ . *0 retrabalhadas. A menina diante de seus caminhos, fantasmas, quereres. A menina e sua mĂŁe. Mariza e sua mĂŁe. Durante anos a menina Mariza ouviu o tique-taque do relĂłgio do balcĂŁo, bem como o pedalar incansĂĄvel de Ivone Fontoura Carpes alimentando o motor da mĂĄquina de costura “Singerâ€?. Na cidade de Santa Maria, onde a famĂlia vivia, a mĂŁe gozava de amplo reconhecimento. Seus plissados, bordados e entremeios para vestidos de festa eram famosos, e muitas foram as debutantes e noivas que ela vestiu. Como os irmĂŁos, Mariza cresceu observando panos, linhas, rendas, botĂľes, aviamentos, tesouras, moldes para roupas e o elegante manequim produzido no Rio de Janeiro, em 1955, a partir das medidas dela, Ivone. Quando esta parou de trabalhar, aquela começou a guardar. IberĂŞ Camargo, mestre e grande amigo da artista, escreveu que “a memĂłria ĂŠ a gaveta dos guardadosâ€? e que “as coisas estĂŁo enterradas no fundo do rio da vida. Na maturidade, no ocaso, elas se desprendem e sobem Ă tona, como bolhas de arâ€?. Sem surpresa, Mariza percebeu-se desenhando com linha e mĂĄquina de costura, sobrepondo e amalgamando pacientemente camadas de tecidos, papĂŠis, palavras, / (+*- '$ .ŃŽ $0ŃŁ. Ń? $"0 '( )/ Ń? - *'# ) * ‍*ݧ‏- . . .Ń? ( / $. )! --0% *.Ń? !*/*"- ‍ ݌‏. $(+- ..*. . */ *.Ń? ( /Ä?-$ . ( 0' . + '*. )*.Ń? ,0 + ..*0 a encapsular e a emoldurar, tal como relĂquias. Os artefatos antigos, familiares ou estrangeiros, preservados ou encontrados, conservam, cada qual, seus estilhaços de memĂłria, nem sempre aprazĂvel. Aspecto similar vale para os materiais novos, do papel vegetal, com sua transparĂŞncia de incĂ´moda opacidade, ao chumbo derretido, com sua plĂĄstica maleĂĄvel e toxidade. Na mesa repleta por cacos de vidro, por exemplo, estĂŁo vestĂgios dos copos de cristal oriundos do enxoval da artista, quebrados por um pĂĄssaro libertĂĄrio; eles sĂŁo o inĂcio de uma coleção que se estende hĂĄ mais de 20 anos. HĂĄ leveza, mas tambĂŠm peso, reais e metafĂłricos. HĂĄ carinho, mas tambĂŠm purgação. “Como se vĂŞ, a criação se faz com o agora e com o tempo que recuaâ€? – IberĂŞ, ele de novo. *** Digo de onde venho: o pessoal, o particular jĂĄ na primeira palavra; o “euâ€? no inĂcio e no ‍ (݌‏. )/ )Ä“ Ń? $"* Ńś 1 )#*ŃŽ ‍݌‏-( Ä“Ăť* (*1$( )/*Ń? *( . "0- )Ä“ *),0$./ ao longo de dĂŠcadas de continuada e sĂłlida trajetĂłria. O tĂtulo da exposição assevera, portanto, a consciĂŞncia e a maturidade da artista e aponta um eixo fundamental de sua pesquisa plĂĄstica: o mergulho em sua histĂłria pessoal e afetos. Ao mesmo tempo, * ! ($)$)*Ń? - +- . )/ * + ' ‍"݌‏0- (Ăť Ń? ( )$) ' ( .( ŃŽ Paula Ramos Curadora
MARIZA CARPES (Santa Maria, RS, 1948) Sem título, 2017–2019 Carvão e colagem sobre papel, 152 x 600 cm */*"- ݦѐ ù $* ' Ѷ -'*. / $)
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a Secretaria de Estado da Cultura do RS e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) convidam para a exposição
CURADORIA Paula Ramos ABERTURA
VISITAÇÃO
17.12.2019 18h
Até 15.03.2020
MARGS GALERIA JOÃO FAHRION E SALAS ANGELO GUIDO E PEDRO WEINGÄRTNER Museu de Arte do Rio Grande do Sul | MARGS Praça da Alfândega, s/nº | Centro Histórico | Porto Alegre, RS | Brasil Terça a domingo, 10h às 19h | Entrada gratuita /museumargs
www.margs.rs.gov.br
ASSOCIE-SE Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul | AAMARGS www.margs.rs.gov.br/aamargs
VISITAS MEDIADAS O Núcleo Educativo do MARGS acolhe grupos para visitas mediadas ou técnicas. Solicitações devem ser enviadas com antecedência para o e-mail educativo@margs.rs.gov.br CAFÉ Cafeteria e gastronomia, em um espaço que apresenta eventos artísticos e musicais. Terça a domingo, das 10h às 19h
LIVRARIA E LOJA Livros e artigos de papelaria, além de materiais para desenho e pintura. Terça a domingo, das 10h às 19h
PATROCÍNIO
APOIO MARGS
EXPOSIÇÃO
APOIO
REALIZAÇÃO
RESTAURANTE Bistrô com gastronomia diferenciada, em menu e sugestões do dia. Diariamente, das 11h às 19h (acesso externo ao museu)