TFG [RE]CONSTRUINDO MEMÓRIAS

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[RE]CONSTRUINDO MEMÓRIAS

Maria Júlia Seron da Silva 2O17



CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO | UNISEB Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

[RE]CONSTRUINDOMEMÓRIAS

Maria Júlia Seron da Silva Ribeirão Preto 2017



[RE]CONSTRUINDOMEMÓRIAS Trabalho final de graduação submetido ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Estácio | UniSEB para obtenção do título de graduada em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profa. Rita de Cássia Fantini de Lima

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO | UNISEB RIBEIRÃO PRETO - 2017



Dedico esse trabalho aos meus pais, Amália e Reginaldo, que me ensinaram a ser forte sendo amor. [ Obrigada, pai e mãe, por não terem me tornado a sua única fonte de felicidade. Obrigada por terem vidas diferentes um do outro, assim pude ampliar as minhas escolhas e então me espelhar. Obrigada, pai e mãe, por defenderem seus pontos de vista, suavizando os argumentos com um piscar de olho. Toda discussão é uma aula de paciência – esperar o outro falar para, então, opinar. Obrigada, pai e mãe, por não me anularem sendo perfeitos, mostrando que explodem, que erram, pedem desculpas e seguem adiante. Um dia ruim acaba e não compromete a semana. Obrigada, pai e mãe, por cobrarem as tarefas de casa, não arrumarem a minha cama e não acobertarem a minha preguiça, aprendi que nem sempre posso fazer o que quero. Obrigada, pai e mãe, por não me anularem com a sua presença, com a sua dublagem, não falando por mim, não sentindo por mim, não sofrendo por mim. Mas obrigada também por não censurarem a algazarra da alegria, a gargalhada é a nossa percussão, rimos alto até perder o ar. Obrigada, pai e mãe. A realização desse trabalho só foi possível porque tenho pais incríveis. ] Além dos meus pais, agradeço em especial aos meus avós maternos, Ophelia e Alfeu, aos meus avós paternos, Maria Izabel e Reinaldo (in memorian) e à minha avó do coração Tia Nita. Se hoje sou dona de mim, é porque eles me antecederam com o exemplo. Agradeço também a todos os meus professores, principalmente à minha orientadora Rita Fantini e ao meu co-orientador Marcelo Carlucci, por todos os conselhos, paciência e profissionalismo. Foram muitos amigos que, de algum modo, fizeram parte dessa conquista, à todos eles minha gratidão.


3.1 TOMBAMENTO | 31 3.2 TOMBAMENTO DOS GALPÕES | 32 3.3 TEORIAS DE CONSERVAÇÃO, RESTAURO E INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO | 33

LEITURAS PROJETUAIS

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7.1 HORTIFRUTIGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO | 97 7.2 BANCO DE ALIMENTOS | 105 7.3 BOM PRATO | 109

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5.1 MERCADO DE SANTA CATERINA | 45 5.2 SESC POMPÉIA | 57 5.3 MANGIARE GASTRONOMIA | 71

8.1 O LUGAR | 123 8.2 O CONCEITO | 125 8.3 OS EDIFÍCIOS E SUAS RELAÇÕES | 127 8.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES | 135

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PROJETO

LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA INTERVENÇÕES NOS GALPÕES | 39

6.1 LOCALIZAÇÃO | 83 6.2 EIXOS DE LIGAÇÃO | 85 6.3 USO DO SOLO | 90 6.4 TOPOGRAFIA | 91 6.5 DIREÇÃO DO SOL / VENTOS PREDOMINANTES | 92 6.6 ÁREAS VERDES | 93

9.1 IMPLANTAÇÃO 9.2 PLANTA BAIXA 9.3 CORTES 9.4 FACHADAS

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PROGRAMA

ANÁLISE D A Á R E A

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AS HERANÇAS DE UMA CIDADE | 27

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MEMORIAL JUSTIFICATIVO

PRESERVAÇÃO

HISTÓRICO

SU MÁ RIO

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1.1 BREVE HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO | 13 1.2 HISTÓRIA DOS GALPÕES | 17 1.3 DO ESVAZIAMENTO AO ABANDONO | 23




INTRODUÇÃO

Este trabalho final de graduação tem como objetivo desenvolver a proposta de um projeto de revitalização de dois galpões que são Patrimônios Industriais do chamado “período do café” no bairro Vila Virgínia, na cidade de Ribeirão Preto, de forma a proporcionar uma nova dinâmica a esse local. Não se sabe ao certo a data de construção dos galpões, mas estima-se que um foi construído antes de 1925 e o outro entre 1925 e 1949, com a finalidade de armazenar sacas de café para depois distribuí-las. Com o passar dos anos, enquanto o galpão mais antigo ganhou diversos usos - o que não significa que esteja em bom estado de conservação - o outro galpão foi abandonado e então depredado e invadido pela população, restando apenas seus pilares estruturais e fachadas, degradadas pelo tempo e pelo vandalismo. Hoje, enquanto um deles abriga o Banco de Alimentos e a Associação de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região, em um lamentável estado de conservação, o outro encontra-se em ruínas. Mas a consevação dos galpões é apenas mais um entre os tantos desafios encontrados, que ultrapassam a esfera territorial atingindo problemas sociais. Partindo do conceito de que restaurar um patrimônio não é apenas reconstruí-lo, o projeto busca requalificar os galpões e sua relação com a cidade e o indivíduo, reintroduzindo-os no cotidiano da população e recuperando sua vitalidade e história. Dessa forma, será possível reverter o aspecto de abandono em que se encontram, utilizando-os como instrumento para melhorar a qualidade da relação entre os usuários e os espaços. Para isso, manter os programas atuais do galpão em uso, fazendo as melhorias necessárias, e promover novos programas para as ruínas do outro galpão são os principais objetivos da proposta que, visando a preservação e a reintegração desse patrimônio, pretende fazer do local um Complexo Gastronômico, atraindo novos olhares para uma área que encontra-se esquecida.

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Figura 1.1: Vista do galpĂŁo em ruĂ­nas. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


HISTÓRICO


Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.1

BREVE HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO

A história de Ribeirão Preto teve início com os mineiros, que desbravaram a região e praticavam agricultura de subsistência, por volta de 1811. Depois, quando já estavam estabelecidos como fazendeiros, foram doadores de terras para a criação do patrimônio de São Sebastião, com a finalidade de fazer uma capela em sua homenagem como santo padroeiro. Em 1856 eram lavradas as escrituras demarcando o patrimônio da Igreja. Essa data é considerada a de fundação do município. Assim como a maioria das cidades da região, Ribeirão Preto nasce a partir de uma Matriz religiosa. O nome Ribeirão Preto veio do córrego que atravessava o então povoado, e São Sebastião tornou-se o padroeiro do município.

Figura 1.1.1: Largo da Matriz.

A produção de café foi a primeira atividade agrícola intensiva de Ribeirão Preto, trazida pelas famílias de fazendeiros. Com terra de qualidade e clima apropriado, as lavouras tiveram início em 1870, e em 1900 o café produzido em Ribeirão Preto já era reconhecido na Europa. A cultura do café foi a grande responsável pelo desenvolvimento do município.

Figura 1.1.1: Largo da Matriz. Fonte: Arquivo Público Municipal de Ribeirão Preto. Figura 1.1.2: Igreja Matriz. Fonte: Arquivo Público Municipal de Ribeirão Preto.

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Figura 1.1.2: Igreja Matriz.


Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.1

BREVE HITÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO

Para fornecer uma infraestrutura adequada, de suporte a tamanha produção de café, acontecia em São Paulo a implantação de uma malha ferroviária. No ano de 1872 foi fundada a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação, que tinha início em Campinas com direção aos limites de Minas Gerais. Onze anos depois, chegavam a Ribeirão Preto os trilhos da Mogiana. Essa malha integrava as cidades paulistas produtoras de café até os portos de exportação, e consequentemente promovia sua urbanização. A cidade, que até então dispunha sua malha em função dos leitos dos córregos, passa a seguir um traçado orientado pelos eixos ferroviários. Os trilhos do trem, além de configurar a nova malha da cidade, promovem o aumento da população e a diversificação do comércio. Segundo Choay, 2006, a urbanização de uma cidade se dá através de linhas de força traçadas e determinadas por redes de grandes equipamentos. Em Ribeirão Preto, o traçado da linha de trem pode ser considerado uma dessas linhas de força, responsável pelo crescimento urbano além da área central, incentivando o crescimento urbano.

Figura 1.1.3: Malha das linhas ferroviárias da Companhia Mogiana. Fonte: O blog ferroviário. “Mogiana - linha para São Sebastião” Disponível em < http://oblogferroviario.blogspot.com.br/2012/02/mogiana-linha-para-sao-sebastiao.html > Acesso em 7 de junho de 2017.

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Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.1

BREVE HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO Legenda

Em 1910, novos loteamentos eram lançados onde antes haviam núcleos coloniais e fazendas. Na década de 20, a prefeitura aprova novos loteamentos populares, entre eles o Bairro Vila Virgínia, onde se encontram os galpões que serão objeto de estudo desse trabalho.

Sede Primeira Seção Segunda Seção Terceira Seção

Legenda

Quarta Seção

Década de 1910 Década de 1920 Década de 1930 Década de 1940 Década de 1950 Década de 1960 Década de 1970 Década de 1980 Chácaras (vazios)

Sede Primeira Seção Segunda Seção Terceira Seção Quarta Seção

Figura 1.1.4: Mapa mostrando as cinco seções do núcleo colonial, com os respectivos lotes enumerados.

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Figura 1.1.5: Mapa mostrando os loteamentos originados do fracionamento dos lotes do núcleo colonial.

Figuras 1.1.4 e 1.1.5: Fonte: MANHAS, Adriana. MANHAS, Max. “Traçado urbano e funcionamento do núcleo colonial Antônio Prado em Ribeirão Preto (SP), 1887” Disponível em <https://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/simposio/CAPRETZ_ADRIANA_E_MANHAS_MAX_PAULO.pdf> Acesso em 6 de junho de 2017.


Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.1

BREVE HITÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO

O café impulsionou o progresso econômico da cidade, que viveu dias de glória. Em um cenário de riqueza e prosperidade, a economia da cidade sinalizava a instalação de um setor industrial, recebendo saneamento básico e equipamentos de cultura, como teatros e cinema, além de uma remodelação arquitetônica, com sofisticados edifícios ecléticos feitos com materiais importados.

IMAGEM QUARTEIRÃO PAULISTA

Figura 1.1.6: “Quarteirão Paulista” no centro de Ribeirão Preto. Fonte: Carolina Simon.

As indústrias que chegam à cidade estão ligadas ao setor de alimentos e à cultura cafeeira, como moinhos ou máquinas de beneficiar grãos. O café demandou um conjunto de atividades na rede urbana de apoio à produção.

Outros contextos também determinaram os aspectos urbanísticos e arquitetônicos da cidade, mas foram as linhas férrea e fluvial responsáveis pelo desenvolvimento de um sertão inexplorado.

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Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.2

HISTÓRIA DOS GALPÕES

“Esses edifícios tinham como função a estocagem e comercialização da produção de café da cidade e região, e configuravam, junto com as estradas de ferro, uma arquitetura representativa da geração de riquezas da região conhecida como Alta Mogiana. Os trilhos do sistema férreo entravam, literalmente, nesses galpões que eram grandes depósitos de sacas de café da produção regional, de onde todo produto seguia para Santos, e então, percorria em navios para o exterior.” (PASSAGLIA, 2009, p. 39) O complexo de galpões é composto por dois edifícios. O primeiro, construído antes de 1925, possui 11.000 m², e é estruturado em ferro fundido com fechamento em alvenaria e telhas metálicas. Hoje inclui em seu espaço um almoxarifado da Prefeitura, Produtores de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e região e o Banco de Alimentos. Os dois últimos usos, mesmo com todas as restrições de orçamento, ainda preservam características fundamentais do espaço como local de comercialização de produtos alimentícios. O segundo galpão, construído posteriormente, possui uma área de 16.000 m², estruturado por pilares de concreto e coberto por treliças de madeira e telhas de fibrocimento. Esse encontra-se em ruínas, totalmente degradado. Destelhado, tomado por mato e por alguns barracos de ocupação ilegal, com ausência de iluminação, com aglomerado de entulhos e lixo, além do “ofuscamento de todo o objeto na paisagem urbana devido à poluição visual causada pelos grafites, pichações e murais publicitários encontrados em todas as fachadas.” (PASSAGLIA, 2009, p. 31)

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Figura 1.2.1: Vistas dos Galpões. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

Galpão 1

Galpão 2

Galpão 1

Galpão 2


Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.2

HISTÓRIA DOS GALPÕES

Figura 1.2.2: Vistas externas e internas do Galpão 1. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

Galpão 1

Figura 1.2.3: Vistas externas e internas do Galpão 2. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

Galpão 2 Nas imagens nota-se que o Galpão 2, apesar de ser semelhante ao 1, possui características diferentes, além da estrutura, como as janelas que aparecem em um formato diferente e mais adornos nas fachadas.

Nas imagens podem ser observadas as tipologias construtivas do Galpão 1, como as aberturas de janelas apenas no topo do edifício e as portas bem largas, características de um galpão industrial. Além disso, a estrutura e telhas metálicas, que se mantém até a atualidade.

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Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.2

HISTÓRIA DOS GALPÕES

O mapa da cidade de Ribeirão Preto, de 1925, apresenta uma edificação com as dimensões do primeiro galpão em sua localização, o que informa que ele foi construído antes desse período. O segundo galpão aparece apenas no mapa de 1949, indicando o período em que ele foi construído, entre 1925 e 1949. No mapa de 1949 é possível observar também um desvio da linha férrea para que as locomotivas acessem o interior das edificação. Outro indício de que as edificações foram criadas em razão da ferrovia.

Figura 1.2.4: Planta da Cidade de Ribeirão Preto, 1925.

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Figura 1.2.4: Planta da Cidade de Ribeirão Preto, 1925. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

Figura 1.2.5: Mapa Central de Ribeirão Preto, 1949. Figura 1.2.5: Mapa Central de Ribeirão Preto, 1949. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.


Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.2

HISTÓRIA DOS GALPÕES

Ribeirão Preto encontrava-se no auge da economia cafeeira, sendo cabível a discussão sobre a importância de implantar galpões da armazenamento agrícola na cidade, já que a região apresentava índices para movimentar grandes valores em produtos agrícolas e mercadorias comerciais. Segundo artigos do “Jornal Diário da Manhã” de 1909, a criação desses galpões representaria para os lavradores a oportunidade de expor seus produtos e, para os grandes investidores, uma garantia de comercialização dos produtos, simplificando os empréstimos e portanto a movimentação da economia. Após a colheita e o preparo para a venda, o café tinha a possibilidade de ser vendido para os galpões ou conservado em troca do pagamento de impostos, como um aluguel da área, até que fosse exportado. Dessa maneira os fazendeiros lucravam com os créditos de até 8% sobre o valor do imposto, além de controlar de perto a exportação de seu produto. Os seja, os compradores de café e cereais faziam do local uma praça comercial de transações econômicas, concentrando aqui os negócios que antes aconteciam apenas nas regiões portuárias, como em Santos.

Figura 1.2.6: Interior da estrutura adjacente ao silo do Galpão 1, 1964. Fonte: Arquivo corrente da Secretaria de Planejamento e Gestão Pública.

Figura 1.2.7: Armazenamento de sacas de grãos no interior do Galpão 1. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

Figura 1.2.8: Armazenamento de sacas de grãos no interior do galpão 1. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

Figura 1.2.9: Silo no interior do Galpão 1, 1964. Fonte: Arquivo corrente da Secretaria de Planejamento e Gestão Pública.

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Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.2

HISTÓRIA DOS GALPÕES

“Com a crise econômica do café, a cana-de-açúcar começou a ocupar seu espaço e nos anos 70, a “Cooperativa de Cafeicultores da Alta Mogiana” modificou a sua razão social para “Cooperativa dos Agricultores da Alta Mogiana”. Entre a crise e essa nova razão social, aconteceu em 1956, a comemoração do centenário da cidade de Ribeirão Preto.” (PASSAGLIA, 2009, p.40) Como palco das comemorações desse aniversário, os galpões tomaram um novo sentido através da implantação de uma grande Feira de Exposição Industrial e Comercial da cidade: um acontecimento notável considerando a primeira intervenção nesses edifícios. De acordo com o engenheiro Dr. Jaime Zeiger, responsável técnico encarregado pelas obras, o local para exposição era composto por uma área de 5000 m², contendo: • Salão destinado aos produtores de comercio e indústria de 1000 m²; • Salão para exposições agrícolas de 700 m²; • Pinacoteca 500 m²; • Dois restaurantes com 500 m² cada; • Restaurante com deck e mesas de chá ao ar livre; • Teatro com capacidade de 500 lugares; • Fonte luminosa; • Parque de diversões; • Circo; • Salão de baile com entrada monumental, em forma de galeria, com lojas e vitrines. (O diário da manhã, 1956).

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Outro ponto de destaque eram as pinturas e esculturas do artista Bassano Vacarini, que davam o toque artístico que faltava. Em vista disso, marcava uma intervenção paisagística no entorno e nas fachadas e criava um ambiente convidativo para o público. Após essa comemoração, registros mostram que as esculturas e telas foram retirados do local e a paisagem foi deteriorada com o tempo. Os galpões por sua vez, voltaram a ser desativados.

Figura 1.2.10: Festa do Centenário da Cidade de Ribeirão Preto. Intervenção em um dos galpões para a implantação da Feira de Exposição Industrial e Comercial. Escultura de Bassano Vacarini, assim como telas ao fundo.

Figura 1.2.10: Festa do Centenário da Cidade de Ribeirão Preto. Intervenção em um dos galpões para a implantação da Feira de Exposição Industrial e Comercial. Escultura de Bassano Vacarini, assim como telas ao fundo. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.


Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.2

Em 1979, a CEAGESP – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo – adquire os edifícios através de uma ação de despejo contra a Cooperativa dos Agricultores da Alta Mogiana, que havia decretado falência. O galpão de estrutura metálica, apos vinte e três anos em estado de abandono, recebe o um novo uso. No ano de 2000, o uso desse galpão é substituído por uma Fábrica de Equipamentos Sociais. Essa fábrica, comandada pelo arquiteto e urbanista João Fiqueiras Lima, o Lelé, transformou o galpão em um canteiro de obras para produção de peças pré-fabricadas. Tais peças eram distribuídas pela cidade para a construção de BAC’s – Bases de Apoio Comunitário – através de contratação do poder público vigente na época. Para se adequar às necessidades de uma fábrica, o galpão passou por algumas alterações físicas. Embora a estrutura metálica fosse preservada, os trilhos que passavam no interior do galpão foram retirados para o nivelamento do piso. Foram instalados exaustores, para uma melhor ventilação e divisórias para compartimentar o edifício em outros ambientes, foram feitas também novas aberturas com fechamento em vidro, feitas sem preocupação com a arquitetura original do edifício. Não chegou a três anos o período em que a fábrica ficou instalada no galpão, pois em 2003 ele já recebia a Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região e o Banco de Alimentos. Esses usos permanecem até hoje, enquanto o outro galpão continuou a ser depredado em seu processo de configuração em ruína.

HISTÓRIA DOS GALPÕES

Figura 1.2.11: Interior do Galpão 1, após as alterações físicas para a Fábrica de Equipamentos Sociais.

Os edifícios foram tombados provisoriamente em 2014, pelo CONPPAC-RP – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto e em 2015 foi apresentado o parecer técnico, para dar início ao processo de tombamento definitivo. A utilização atual do espaço é a que mais se aproxima ao conceito original do projeto, um local para estocar e armazenar produto agrícolas. E, apesar de todos os reflexos positivos que essa ocupação trouxe, as adaptações feitas também não respeitam as características originais do edifício. As divisões e aberturas improvisadas são como ferimentos ao patrimônio. Figura 1.2.11: Interior do Galpão 1, após as alterações físicas para a Fábrica de Equipamentos Sociais. Fonte: Escritório Modelo UniSEB, 2007.

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Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.3

DO ESVAZIAMENTO AO ABANDONO

O crescimento da população em Ribeirão Preto se deu com a chegada do café e da ferrovia entre 1870 e 1880. A sua população que era de 5.552 habitantes foi para 68.838 até o ano de 1920, devido ao grande número de imigrantes que vieram trabalhar na região.

Tal crescimento ocasionou grande interesse de empresas imobiliárias em busca de produzir mais capital. Soluções como a verticalização começaram a ser muito usadas para ocupar os terrenos disponíveis, em função da facilidade, maior aproveitamento do terreno, e consequentemente, maior lucro.

O tecido urbano já não suportava esse aumento, o que levou à formação de novos loteamentos e abertura de novas avenidas. Os bairros que estabelecem a primeira camada do tecido urbano de Ribeirão Preto são o Centro, Vila Virgínia – onde se encontra o objeto de estudo desse trabalho – Vila Tibério, Campos Elíseos e Ipiranga.

Esse processo acarretou na desvalorização dos imóveis patrimoniais, por não permitirem tal “aproveitamento”. Na visão da economia os edifícios patrimoniais não são objetos de consumo.

Mas outros fatores foram responsáveis pela sequência do crescimento da cidade até os dias atuais, como a globalização e o aumento da população urbana. Com o fenômeno da globalização a comunicação ficou cada vez mais agilizada, trazendo novas condições ao espaço físico. Com a facilidade cada vez maior de acesso e de deslocamento, houve uma mudança nos processos urbanos. Outro fator foi o aumento da população urbana, atualmente 84% da população brasileira vive nas cidades, (IBGE, Censo 2010) e as demandas urbanas estão em constante crescimento.

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No caso dos patrimônios industriais, como os Galpões apresentados nesse trabalho, o desafio de valoriza-los é ainda maior. Choay, 2001, aponta a preservação desses edifícios como algo que chega a ser ilusório numa época de urbanização devido a suas dimensões. Mas destaca a importância da sua preservação para o valor afetivo de muitas gerações e por seu valor de documento de uma fase da civilização industrial, que nenhuma memória fotográfica é capaz de conservar.


Capítulo 1 - HISTÓRICO 1.3

DO ESVAZIAMENTO AO ABANDONO

“O capital tem então, a capacidade de criar localizações, mais atrativas, melhor estruturadas e que oferecem melhores serviços, e divulga-las, com o intuito de atrair a população para se instalar ali (...) Um marketing é desenvolvido para tal, para que essas novas localizações despertem o interesse de consumo. Paralelo a isso, com o fácil deslocamento das pessoas, essas podem realizar suas atividades em diferentes lugares, embora isso não seja tão pratico.” (VILAS BOAS, p. 56) Em Ribeirão Preto esses novos empreendimentos se expandiram para as periferias da zona sul da cidade, onde foram instalados também polos de atração, como shoppings centers, valorizando ainda mais a região. A população elitizada então se muda da região central para esses novos locais, comprando uma ideia de segurança e qualidade de vida. Nessas circunstâncias há uma inversão total de valores. As áreas consolidadas da cidade, mais precisamente as centrais, que eram as áreas mais valorizadas, perdem seu prestígio. A elite sai em busca de maior comodidade e a população central diminui, acarretando um menor interesse por imóveis e a desvalorização das áreas centrais. O centro da cidade representa seu coração, é onde teve início sua formação, e por isso tem uma enorme carga de memória, que os edifícios ajudam a contar e manter viva. Diante dos processos apresentados, os imóveis históricos inseridos na malha urbana antiga são abandonados em função das oportunidades oferecidas nos setores de expansão e com isso ocasionam a perda de história e identidade da sociedade.

Figura 1.3.1: Verticalização do centro de Ribeirão Preto. Fonte: DA MATA, Adriano. “As 10 maiores cidades do interior” Setembro de 2007. Disponível em <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=675360> Acesso em 27 de maio de 2017

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Figura 2: Detalhe da fachada do galpĂŁo em uso. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


AS HERANÇAS DE UMA CIDADE


Capítulo 2 - AS HERANÇAS DE UMA CIDADE

Herança: Do latim haerentia. Herança é o nome dado ao direito ou condição de herdar ou ganhar algo por via de sucessão. A palavra surgiu para definir o legado ou patrimônio que um indivíduo pode deixar aos seus descendentes. O termo herança pode representar um bem que é transmitido de geração para geração. “Para acolher a herança patrimonial de uma cidade é preciso reconhecer que todo patrimônio de um povo é ingrediente de sua identidade e contribui para a diversidade cultural da humanidade a fim de tornar-se um importante fator de desenvolvimento sustentado, de promoção do bem estar social, de participação e de cidadania desde que reconhecido, valorizado e integrado à cultura contemporânea.” (PASSAGLIA, p. 19) Considerando que o patrimônio construído conta a história de algo que já foi – tanto o lugar, quanto a sociedade – deve ser preservado para manter a identidade e a história da cidade em que se encontra. Segundo Choay, 2006, os patrimônios arquitetônicos são edifícios familiares, que, por estarem presentes desde sempre, funcionam como um espelho. “Espelho que cria um efeito de distância, de afastamento, propiciando um intervalo onde se haverá de instalar o tempo referencial da história. Espelho que mostra também à sociedade humanista uma imagem desconhecida, por definir, de si mesma como alteridade.” (CHOAY, p. 205)

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Figura 2.1: Atual estado de conservação de um dos Galpões objeto de estudo do presente trabalho. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Sendo assim, a transformação da paisagem de uma cidade não deve influenciar na transformação de espaços históricos, já que esses trazem lembranças – boas ou ruins – e mantém uma paisagem familiar aos seus moradores. E um projeto de restauro deve ser muito mais que um gesto técnico, ele deve reconstruir a memória do local e falar em nome do edifício para ajudá-lo a contar tudo que ele foi e é, respeitando cada parte de sua história.


Capítulo 2 - AS HERANÇAS DE UMA CIDADE

Herança Industrial Falta consiência sobre a importância dos patrimônios industriais, que são interpretados erroneamente, como edifícios sem valor, com a possibilidadede de substituição dos mesmos sem perdas à história. Os patrimônios industriais contam a história da industrialização, e por isso devem ser tratados como relíquias. Relíquias de um mundo perdido, devoradas pelo tempo. Para Choay, 2006, os edifícios de herança industrial, em geral de construção sólida, sóbria e de fácil manutenção, são facilmente adaptáveis a novos usos e normas de utilização atuais, sendo possível inserir múltiplos usos, públicos ou privados. A sua reutilização consiste em reintegrá-lo a um uso normal. Hoje, dentro do espaço dos Galpões estudados, vemos desigualdades alarmantes, mas a memória viva faz com que novos objetivos sejam traçados para que a história de sonhos e lutas do município seja preservada.

Figura 2.2: Galpão 1, objeto de estudo. Fonte: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

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Figura 3.1: Detalhe da fachada do galpĂŁo em uso. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


PRESERVAÇÃO


Capítulo 3 - PRESERVAÇÃO 3.1

TOMBAMENTO

Um dos instrumentos de preservação de patrimônios históricos é o TOMBAMENTO, que apesar de ser eficiente, não é um instrumento efetivo para a proteção do patrimônio. TOMBAMENTO: palavra de origem portuguesa, que significa fazer um registro de alguém em livros específicos de um órgão do Estado que cumpre tal função. Utilizamos o tombamento como um ato administrativo exercido pelo poder público, com o objetivo de preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental para a população, impedindo que sejam destruídos ou descaracterizados.

No Brasil, o tombamento pode ser realizado pelas esferas federais, estaduais e municipais. O órgão federal responsável por tombamentos é o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional); Na esfera estadual, cada estado tem seu conselho. No caso de São Paulo o órgão é o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico); No município de Ribeirão Preto há o CONPPAC/RP (Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto). Olhando para os edifícios tombados em Ribeirão Preto, a afirmação de que tombamento não é o suficiente para a preservação do patrimônio faz todo sentido.

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Os novos polos geradores de economia contribuíram para o abandono das áreas centrais da cidade e de seus edifícios históricos. Isso é resultado de uma urbanização sem planejamento, que é atraída pela “política do novo” onde o antigo fica “esquecido”, até que seja destruído pelos efeitos do tempo e falta de manutenção. Aos olhos dos investidores imobiliários, mais vale o terreno do que o edifício tombado em si, já que preservá-lo significa manter suas características originais, e mantê-las não é atrativo economicamente. Dessa forma os proprietários “esquecem” o bem, para que com o tempo ele se desfaça. O tombamento garante que as características do bem sejam preservadas, mas, diferente de outros países, no Brasil não há políticas públicas que incentivem sua preservação. Os órgãos responsáveis tombam o bem e entregam a responsabilidade aos proprietários, e, por esse motivo, esses imóveis acabam sendo desativados.

Figura 3.1.1: Imagem panorâmica do acesso principal aos galpões e sua atual situação de abandono. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

No caso de Ribeirão Preto, até o poder público acaba abandonando os bens tombados, como é o caso dos galpões que são objeto de estudo desse trabalho.


Capítulo 3 - PRESERVAÇÃO 3.2

TOMBAMENTO DOS GALPÕES

Os galpões foram tombados provisoriamente no ano de 2014, pelo CONPPAC-RP, e em março de 2015 foi realizada uma reunião entre os conselheiros do CONPPAC para apresentar o parecer técnico, com os documentos necessários, para dar início ao processo de tombamento definitivo. Após duas vistorias nos imóveis e levantamento teórico sobre as edificações, puderam concluir que:

“Diante do exposto, concluímos que as edificações deste conjunto têm significativo valor histórico, proporcional à sua longevidade e dimensões físicas. Estas duas características imbuíram estas construções com múltiplas significações, tornando-as documento testemunhal das mudanças pelas quais a cidade de Ribeirão Preto passou ao longo destes quase 100 anos de história do local. Apesar de possuírem beleza sóbria e por vezes simplista, os armazéns não deixam de ser obras de arte do seu tempo, no sentido de que são manifestações da téchene, ou seja, retratam todo o avanço técnico e a racionalidade econômica do apogeu do período do café: Estas reflexões visam delimitar opiniões equívocas de que edificações devam ser belas para serem consideradas obras de arte. Para qualquer especialista do ramo da Arquitetura e Engenharia, as estruturas em aço

da cobertura do “Galpão B” são expressão máxima de séculos de avanço na técnica de edificar, aplicada neste local com um nível de qualidade por vezes superior aos das técnicas que empregamos nas construções da atualidade. Tais bens possuem beleza por seu caráter moral dentro da disciplina em que se situam, mas também não mereceriam proteção especial caso não fossem raridades. Como pudemos demonstrar, tratam-se de edificações únicas em todo o contexto urbano de Ribeirão Preto, sem iguais em sua época e na atualidade. Depois de décadas de supressão do patrimônio histórico no Município, tornaram-se também símbolo de resistência do passado, verdadeiras sobreviventes, graças às suas qualidades técnicas e utilitárias, que as mantiveram íntegras e funcionais na maior parte de sua trajetória.”

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Capítulo 3 - PRESERVAÇÃO 3.3

TEORIAS DE CONSERVAÇÃO, RESTAURO E INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO PATRIMÔNIO: Palavra derivada do latim pater ou patris, que significa pai, e daí a derivação pátria, que significa herança.

Falar em Patrimônio Histórico e Patrimônio Artístico nos remete à cultura de uma sociedade. Sendo assim, o Patrimônio Histórico e Artístico pode ser considerado um fragmento dentro de um acervo maior, o Patrimônio Cultural. “De forma geral, Patrimônio Cultural é tudo que é importante e que deve ser valorizado como constituinte de uma sociedade. Apresenta elementos heterogêneos que caracterizam e dão especificidade para cada uma. Ele é dividido entre material e imaterial, e engloba os conceitos antropológicos de cultura enquanto todo fazer humano, desde objetos, conhecimentos, capacidades e valores.” (VILAS BOAS, p. 16)

Em 1972, na Conferência da UNESCO em Paris, foi feita em nível mundial a definição de Patrimônio Cultural: “Monumentos. São obras arquitetônicas, de esculturas ou de pinturas monumentais, elementos ou estruturas excepcionais do ponto de vista da história, da arte ou da ciência. Conjuntos. São grupos de construções, ilhadas ou reunidas, cuja arquitetura, unidade e integração na paisagem lhes dê um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência. Lugares. São obras do homem ou obras conjuntas do homem e da natureza, assim como zonas incluindo sítios arqueológicos que tenham um valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.” Segundo CUNHA, 2013, patrimônio é todo objeto ou conjunto de objetos que carregue em si algum valor simbólico no contexto em que está inserido na sociedade. De acordo com FIELDEN, 2003, existem sete graus de intervenção, determinados por estado de conservação, características físicas, entre outros. São eles: 1. Prevenção de sua deterioração. Protege a propriedade cultural, evitando sua decadência provocada por diversos agentes, como umidade, temperatura e insolação, incêndios, vandalismo, poluição e vibrações de tráfego.

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Capítulo 3 - PRESERVAÇÃO 3.3

2. Preservação do estado existente. Mantem o edifico em seu estado atual, a intervenção deve apenas amenizar danos externos e infiltrações. 3. Consolidação. Aplica materiais que asseguram a durabilidade e integridade estrutural do bem, sem alterar características históricas. Os materiais e técnicas tradicionais são de grande importância, mas nos casos em que forem considerados inadequados as novas técnicas são bem-vindas. Em alguns casos são aconselháveis técnicas temporárias. 4. Restauração. Revive o conceito original ou legibilidade do objeto. O restauro de pequenos detalhes deve ser sempre baseado em documentos originais, achados arqueológicos ou desenhos. A substituição dos elementos deve acontecer de forma harmoniosa ao existente, mas possibilitando a fácil distinção de modo que não haja uma falsa evidencia histórica ou arqueológica. Restauro por anastilose é o preenchimento das partes em falta, justifica-se para um melhor entendimento do imóvel, permitindo que os volumes sejam vistos como um todo, mas deve haver cautela para não criar um cenário. 5. Reabilitação. A melhor maneira de preservar edifícios, ao contrário de objetos, é mantê-los em uso, preferencialmente o original. Quanto menor a alteração, melhor. Mas a reutilização é muitas vezes a única forma de preservar um edifício, dando a ele um novo uso diferente da função original.

TEORIAS DE CONSERVAÇÃO, RESTAURO E INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO 6. Reprodução. Uma das intervenções mais polêmicas, que consiste na copia de partes de elementos ou elementos completos, para substituir elementos faltantes. É aplicada normalmente em elementos decorativos, para criar um ambiente mais harmonioso. Pode acontecer também com peças valiosas, em que as cópias são expostas e as originais guardadas em local seguro. 7. Reconstrução. Consiste em reconstruir edifícios históricos ou centros históricos, que pode ser necessário após incêndios, terremotos ou guerras. Deverá se basear em documentos autênticos e não poderá criar uma falsa página do tempo. A mudança de edifícios inteiros de local é outra forma de reconstrução, que só se justifica por interesse nacional. Isso implica em perda de valores culturais e riscos ambientais. Em um processo de conservação, vários desses graus de intervenção podem acontecer simultaneamente.

As alterações e inclusões em edifícios históricos devem acontecer para adequar a edificação às novas necessidades funcionais, que devem ser executadas sem alterar o espaço. Se houver a inserção de anexos, esses devem ser facilmente diferenciados da edificação original. BROLIN, 1984, aponta três graus de interferência em edifícios históricos:

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Capítulo 3 - PRESERVAÇÃO 3.3

TEORIAS DE CONSERVAÇÃO, RESTAURO E INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO

1. Radical: Quando novos elementos contrastam intencionalmente com o existente, pelas intenções projetuais através de materiais, texturas, cores. Nesse caso há um choque em termos formais paralelo aos termos funcionais. 2. Equilibrado: Quando se associa harmonicamente os acréscimos ou modificações ao existente. Pode ser feito através da repetição de tipos, unificação de motivos e tratamento cromático, mas nunca de maneira dissimulada, promovendo algum tipo de “falsificação” da obra. 3. Sutil: Quando há o respeito completo ao edifício existente, tanto aos componentes que já existem, quanto aos novos previstos. Muitas vezes é difícil identificar o que foi reformado. A respeito, especificamente, do Patrimônio Industrial, a Carta de Nizhny Tagil sobre o Patrimônio Industrial (TICCIH*) de julho de 2003, foi usada como base para entender sua importância e ajudar no processo de projeto. Na carta é apontada a definição desse tipo de patrimônio, bem como sua importância e formas de preservação. A história da humanidade é definida através de vestígios que testemunharam mudanças fundamentais para a história, e a conservação e o estudo desses testemunhos é de grande importância. As inovações trazidas pelas indústrias contribuíram para mudanças que trouxeram evoluções sociais, técnicas e econômicas desde a Revolução Industrial, até os dias de hoje.

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Os vestígios materiais dessas indústrias representam as mudanças e evolução da humanidade, tendo um valor humano universal, e a importância do seu estudo e conservação deve ser reconhecida. “Os delegados reunidos na Rússia em 2003, por ocasião da Conferência do TICCIH, desejam, por conseguinte, afirmar que os edifícios industriais, os processos e os utensílios utilizados, as localidades e as paisagens nas quais se localizavam, assim como todas as outras manifestações, tangíveis e intangíveis, são de importância fundamental. Todos eles devem ser estudados, a sua história deve ser ensinada, a sua finalidade e o seu significado devem ser explorados e clarificados a fim de serem compartilhados com o grande público. Para além disso, os exemplos mais significativos e característicos devem ser inventariados, protegidos e conservados, de acordo com o conteúdo da carta de Veneza, para uso e benefício do presente e do futuro.” Segundo a Carta de Nizhny Tagil, patrimônio industrial engloba edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação.

* The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage (Comissão Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial). Esta Carta sobre o Patrimônio Industrial foi aprovada na Conferência do TICCIH realizada na Rússia em 2003.


Capítulo 3 - PRESERVAÇÃO 3.3

Como forma de preservação desses patrimônios a carta propõe que eles sejam integralmente protegidos, e que não seja autorizada nenhuma intervenção que comprometa a sua integridade histórica ou autenticidade da construção. Mas que a adaptação coerente e sua reutilização podem contribuir para a sobrevivência do edifício, sendo assim, deve ser encorajada mediante controles legais apropriados e conselhos técnicos. As intervenções devem visar a manutenção da integridade do edifício, para isso, elementos secundários como maquinaria ou outros componentes que fazem parte do conjunto não deverão ser removidos. Sua adaptação a um novo uso é aceitável desde que respeite o edifício conservando suas características e que seu novo uso evoque sua antiga atividade. A intervenção em elementos históricos exige não só conhecimentos específicos, mas também uma posição quanto ao método de intervenção a ser seguido. Segundo Choay, 2006, surgiram no século XVIII duas correntes teóricas: a forma intervencionista – que defende a conservação de todas as mudanças pelas quais o objeto passou até a atualidade, pois tais mudanças representam um valor artístico, sendo parte da história – e a forma anti-intervencionista radical, que defende que o objeto deve ficar em sua forma estilística original, eliminando possíveis intervenções que ocorreram ao longo dos anos.

TEORIAS DE CONSERVAÇÃO, RESTAURO E INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO Tomando também como base as ideias de Benjamin Seoussi, mestre em sociologia e gestão cultural, que defende a ideia de que um projeto de intervenção deve ajudar a contar a história do que foi um dia esse lugar, o presente trabalho toma como conceito de restauro o método intervencionista. Benjamin traz até a decadência dos edifícios como algo positivo, pois, segundo ele, ela ajuda a contar a história do que foi e do que é esse local. Retornar às características originais seria como apagar parte de sua história. Não seria justo para o edifício nem para os moradores da cidade, já que a lembrança é algo de extrema importância para a sociedade e manter os espaços históricos para que a paisagem continue familiar é parte fundamental para isso.

Restaurar é muito mais que um gesto técnico, deve-se reconstruir a memória do local respeitando cada parte de sua história.

Partindo desses preceitos, a preexistência será trabalhada sem alterações em seu projeto original, mas aplicando métodos de conservação. Não há a expectativa de que as edificações voltem a se parecer com a forma original, isso seria apenas imitar o passado, sem conseguir o mesmo efeito inicial.

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Figura 4.1: Detalhe da fachada do galpĂŁo em ruĂ­nas. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA INTERVENÇÃO NOS GALPÕES


Capítulo 4 - LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA INTERVENÇÃO NOS GALPÕES

Após análise do material levantado sobre o edifício, foram elaboradas considerações sobre as formas ideais de preservação dos edifícios, pelos arquitetos membros da CONPPAC e da CTA (Corpo Técnico de Apoio). Foi considerada uma distinção entre a forma de preservação de cada um dos galpões, já que um encontra-se em estado avançado de degradação e o outro tem a materialidade quase intacta. A respeito das áreas comuns entre os dois galpões, foram estipuladas as seguintes instruções: 1. Nas áreas externas aos edifícios existentes, somente serão permitidas a construção de edificações auxiliares de pequeno porte, justificando-se necessárias para o funcionamento da edificação principal, sendo necessária autorização do CONPPAC, tais como: guaritas, casas de máquina, torres de resfriamento, armazéns de lixo, caixas d'água etc; 2. Todas as intervenções realizadas devem registrar os estados anterior e posterior à intervenção, se possível, produzindo documentos que possibilitem ampliação do conhecimento do histórico dos bens, cabendo ao CONPPAC indicar, de acordo com o tipo de intervenção realizada, quais pesquisas adicionais far-se-ão necessárias. 3. Todos os fechamentos de divisas deverão permitir a visualização das edificações, devendo ser executados com uso de alambrados, telas soldadas, gradis, vidro etc;

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4. Não serão permitidas edificações que obstruam a visão ou prejudiquem a apreensão das edificações existentes de maneira significativa, cabendo aprovação do CONPPAC, nas áreas de entorno imediato, compreendendo os cadastros municiais n.148888 (Matrícula 67837 e 67838), n.502326 (Matrícula 41494), n. 148867 (Matrícula 64527) e n. 63343 (Matrícula 67849). Sobre o galpão em ruínas as orientações são as seguintes: Armazém Regulador n.67 (incidente na matrícula no.161.375): 1. Todas as intervenções incidentes nas ruínas do Armazém Regulador n.67 deverão seguir os princípios de distinguibilidade, reversibilidade e mínima intervenção; 2. Nenhuma intervenção poderá ampliar a abrangência das patologias existentes nas ruínas do Armazém Regulador n.67, admitindo-se exceções que se mos- trem necessárias à estabilização de fatores de degradação; (Sendo vedados, por exemplo, o “descascamento” de revestimentos das alvenarias, entre outros) 3. As intervenções nas ruínas remanescentes do Armazém Regulador n.67 poderão fazer uso de técnicas de consolidação, salvaguarda, estabilização etc, sendo vedadas ações de restauração ou reconstituição


Capítulo 4 - LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA INTERVENÇÃO NOS GALPÕES

de elementos; (Justifica-se pela diretriz de mínima intervenção, evitando-se que se produza uma imagem idealizada de como o Armazém foi no passado. Adicionalmente, a manutenção do aspecto geral de ruína constitui-se como camada adicional de informação sobre a trajetória da edificação) 4. O aspecto geral das faces externas das fachadas deverá ser preservado, em especial as pinturas murais (Grafites) demais intervenções visuais existentes na fachada norte, com frente para a Avenida Bandeirantes, sendo permitidas raspagens ou outras intervenções quando necessárias para estabilização de danos à estrutura; 5. Serão permitidos acréscimos no interior das ruínas do Armazém Regulador n.67, com altura máxima igual a duas vezes a altura da cumeeira do mesmo; (Justifica-se pela necessidade de proporcionar maior coeficiente de aproveitamento do terreno, sem, contudo, alterar dramaticamente a relação entre altura e profundidade da edificação resultante) 6. Os acréscimos construídos no interior das ruínas poderão ser justapostos à face interna das fachadas, poderão escorá-las, porém não poderão utilizá-las como apoio; (Faz-se necessária solicitação à Secretaria de Planejamento e Gestão Pública para que extingue os recuos obrigatórios incidentes no lote, já que as ruínas avançam sobre os mesmos)

7. As faces internas das fachadas das ruínas existentes poderão ser restauradas e reconstituídas, ou estabilizadas e preservadas; (Não há, nas faces interiores das fachadas, quaisquer informações relevantes para fins de preservação) 8. Os portões existentes nas ruínas do Armazém Regulador n.67 poderão ser restaurados ou estabilizados, sendo permitido o acréscimo de camadas de materiais translúcidos nas faces internas à edificação; 9. Os vãos de janelas e portais de entrada que não apresentem esquadrias remanescentes poderão ser fechados com sistema que se distingua claramente das técnicas originais da construção; 10. Os vãos de janelas e portais de entrada deverão permanecer funcionais, sem que haja bloqueios permanentes de visão ou funcionamento das esquadrias; 11. Nos locais onde forem identificados fechamentos em alvenaria, realizados posteriormente à construção da edificação, será permitida a abertura dos mesmos; 12. Deverá ser reservado espaço não edificante de no mínimo 15% da área do Armazém Regulador n.67 no sentido transversal da edificação, de maneira que seja possível visualizar a configuração do galpão em plataformas. Nesta área, o material acumulado e vegetação constantes nos alinhamentos dos leitos das linhas férreas deverão ser retirados, para que seja possível visualizar a diferença de altura entre as plataformas e os leitos das linhas férreas. Os leitos poderão ser utilizados

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Capítulo 4 - LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA INTERVENÇÃO NOS GALPÕES

como acesso ao interior da edificação, sendo permitidas adições de escadas e elevadores dentro desta faixa; 13. Os pilares pré-fabricados existentes no interior das ruínas poderão ser restaurados, reutilizados ou suprimidos, de acordo com a necessidade, preservando-se apenas os que estiverem dentro da faixa preservada de 10 m, detalhada no item anterior; 14. A Caixa d'Água existente poderá ser restaurada e reconstituída, não sendo permitidos acréscimos significativos à sua estrutura. Poderão ser feitas adaptações necessárias para a restituição de sua função original. 15. Antes da execução de qualquer intervenção incidente nas ruínas do Armazém Regulador n.67, deverão ser realizados trabalhos de busca arqueológica superficiais para auxiliar no aumento do conhecimento histórico do Município. 16. Na execução da primeira intervenção de acréscimos ao interior das ruínas do Armazém Regulador n.67, será realizada prospecção nos sistemas de fundação da estrutura remanescente, a fim de caracterizar os métodos construtivos empregados, auxiliar na determinação da idade da construção, bem como na geração de conhecimento sobre o bem, que poderá subsidiar intervenções futuras.

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E, por fim, sobre o galpão em melhor estado de conservação: Armazém Regulador n.69 (incidente na matrícula no.161.374): 1. Todas as intervenções incidentes no Armazém Regulador n.69 deverão seguir os princípios de distinguibilidade, reversibilidade e mínima intervenção; 2. Nenhuma intervenção poderá ampliar a abrangência das patologias existentes no Armazém Regulador n.69, admitindo-se exceções que se mostrem necessárias à estabilização de fatores de degradação; (Sendo vedados, por exemplo, o “descascamento” de revestimentos das alvenarias, entre outros) 3. As intervenções no Armazém Regulador n.69 poderão fazer uso de técnicas de consolidação, salvaguarda, estabilização, restauração ou reconstituição de elementos; 4. O aspecto geral das faces externas das fachadas deverá ser preservado, sendo permitidas alterações cabendo análise do CONPPAC; 5. A estrutura de cobertura do Armazém Regulado n.69 não poderá ser suprimida, sendo permitidas ações de recomposição e substituição de peças danificadas por equivalentes semelhantes às originais, devendo ser identificadas com a data de substituição;


Capítulo 4 - LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA INTERVENÇÃO NOS GALPÕES

6. As intervenções no interior do armazém deverão garantir a visibilidade da estrutura da cobertura, sendo permita construção de elementos de vedação, como lajes e forros, apenas em espaços onde são estritamente necessários para seu funcionamento, como em anfiteatros, câmaras frias, entre outros, bem como, quando tal relação visual não se justifique, como é o caso de sanitários, depósitos, entre outros espaços. 7. Quaisquer elementos danificados pertencentes às fachadas da edificação ou do sistema de condução de águas pluviais poderá ser substituído por materiais semelhantes e com desempenho equivalente; 8. Os vãos de janelas e portais de entrada deverão permanecer funcionais, sem que haja bloqueios permanentes de visão ou funcionamento das esquadrias; 9. Serão permitidos acréscimos, remoções ou remodelação de quaisquer elementos do interior da edificação, excluídos elementos pertencentes às fachadas, sistema estrutural da edificação ou sistema de cobertura. 10. O silo de café existente no local deverá ser preservado, podendo ser restaurado ou consolidado; 11. Acréscimos ao interior da edificação não poderão danificar, modificar, apoiar-se, atirantar-se, escorar-se etc nos elementos originais do Armazém Regulador n.69, em especial, nas estruturas metálicas de cobertura, suas treliças e pilares e nos elementos de fachada da edificação.

A partir dessas instruções é possível estabelecer as melhores diretrizes possíveis para o projeto de revitalização dos galpões.

Bibliografia

[Capítulos 1; 2; 3; e 4]

Livros: 1. BROLIN, Brent Castelnou. La arquitetura de integracion: Armonización entre edifícios antiquos y modernos. Barcelona: CEAC, 1984. 2. CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora Unesp, 2006. Monografias: 1. BOAS, Flavia. Fragmentos Patrimoniais: Percursos pela história de Ribeirão Preto. Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Ribeirão Preto: Centro Universitário Estácio Uniseb, 2016. Disponível em: <https://issuu.com/flaviavilasboas/docs/fragmentos_patrimoniais_-_percursos> Acesso em: 28 de março de 2017. 2. MOREIRA, Aline. Intervenção Urbana e Patrimônio Cultural: Tulha de Café Fazenda Baixadão Ribeirão Preto. Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Ribeirão Preto: Centro Universitário Estácio Uniseb, 2013. Disponível em: <https://issuu.com/alinemoreira1/docs/tfg._aline_moreira._tulha_de_caf__.> Acesso em: 03 de abril de 2017. 3. PASSAGLIA, Mateus José. Galpões de café da Avenida Bandeirantes: Parâmetros Patrimoniais. Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Ribeirão Preto: Centro Universitário Moura Lacerda, 2009. 4. MANHAS, Adriana. MANHAS, Max. “Traçado urbano e funcionamento do núcleo colonial Antônio Prado em Ribeirão Preto (SP), 1887” Disponível em <https://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/simposio/CAPRETZ_ADRIANA_E_MANHAS_MAX_PAULO.pdf> Acesso em 6 de junho de 2017. Vídeo: 1. Brechas Urbanas: Rastros, Ruínas e Fantasmas. Itaú Cultural. Ministério da Cultura. São Paulo: Ancine: Agência Nacional do Cinema, 2016. 17:07. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=HMlZnI6UYDw>. Acesso em: 07 de março de 2017.

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Figura 5.1: Vista do galpĂŁo em ruĂ­nas. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


LEITURAS PROJETUAIS


Resultado de uma intervenção realizada no antigo Convento de Santa Caterina, o Mercado de Santa Caterina é um ótimo exemplo de intervenção em patrimônio contruído. O projeto trás uma conexão entre interior e exterior, e usa a arquitetura contemporânea como forma de valorizar a preexistencia do edifício.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS

MERCADO DE SANTA CATERINA 5.1

Arquitetos Enric Miralles e Benedetta Tagliabue Localização Sant Pere, Barcelona, Espanha Área 3685 m² Ano do Projeto Original 1845 Ano do Projeto de Reabilitação 1997 - 2005

Figura 5.1.1: Cobertura do Mercado de Santa Caterina. Fonte: “David Cardelús”. Disponível em <https://500px.com/david_cardelus> Acesso em 7 de junho de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA LOCALIZAÇÃO

HISTÓRIA

O Mercado fica localizado na Avenida Francesc Cambó que tem continuação na Avenida Catedral, criando um eixo que liga o Mercado com a Catedral de Barcelona.

O Mercado de Santa Caterina foi originalmente o Convento de Santa Caterina. O Mercado foi construído sobre as ruínas do antigo convento, que foi incendiado em 1845. O Antigo Mercado foi inaugurado em 1848, sendo o primeiro mercado coberto da cidade de Barcelona.

Av. Francesc

Av. Catedral

Mercado de Santa Caterina

Figura 5.1.6: Fachada frontal do antigo mercado. Catedral de Barcelona

Figura 5.1.3: Mercado de Santa Caterina. Figura 5.1.5: Convento de Santa Caterina. Fonte: CONVENTO SANTA CATARINA CUANDO CAE LA NOCHE. Maio de 2016. Disponível em <http://bcnmisteriosa.blogspot.com.br> Acesso em 20 de abril de 2017.

Figura 5.1.2: Imagem aérea de Barcelona.

Figura 5.1.4: Catedral de Barcelona.

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Figura 5.1.2: Imagem aérea de Barcelona. Fonte: Google Earth. Acesso em 20 de abril de 2017.

Figura 5.1.5: Convento de Santa Caterina.

Figura 5.1.3: Mercado de Santa Caterina. Fonte: Cosa vedere a Barcellona: il Mercato di Santa Caterina. Fevereiro de 2008. Disponível em <http://www.travelblog.it/post/4865/cosa-vedere-a-barcellona-il-mercato-di-santa-caterina> Acesso em 23 de abril de 2017.

Figura 5.1.4: Catedral de Barcelona. Fonte: Celebracions de Setmana Santa a la Catedral. Disponível em <http://www.esglesiabarcelona.cat/node/9849> Acesso em 23 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA

A arquitetura do Antigo Mercado permanece evidente até hoje, a série de arcos na fachada exterior ainda é relevante, mesmo com o desing atual. A combinação da arquitetura tradicional original e o desing de Miralles cria uma conexão com o passado, é um edifício histórico com toque moderno.

Figura 5.1.7: Fachada frontal após o projeto de reabilitação.

Mais tarde, em 1997, o Mercado começou a ser renovado e teve sua reinauguração em 2005, mostrando um novo telhado único e colorido. Os restos do antigo convento encontrados durante esse projeto de reabilitação estão visíveis ao público.

Figura 5.1.8: Vista frontal do Mercado de Santa Caterina após a reabilitação.

Figura 5.1.6: Fachada frontal do antigo mercado. Fonte: Mercat de santa caterina, a la barcelona d' abans, d' avui i de sempre. Abril de 2016. Disponível em <http://es.paperblog.com/mercat-de-santa-caterina-a-la-barcelona-d-abans-d-avui-i-de-sempre14-04-2016-3720149/> Acesso em 23 de abril de 2017.

Figura 5.1.8: Vista frontal do Mercado de Santa Caterina após a reabilitação. Fonte: 7 Edificios kitsch de Barcelona. Julho de 2006. Disponível em < h t t p : / / p re s t i g e re a l e s t a t e . e s / c o sas-kitsch-que-no-sabias-de-barcelona/> Acesso em 20 de abril de 2017. Figura 5.1.7: Fachada frontal do mercado após o projeto de reabilitação. Fonte: Santa Caterina Market. Agosto de 2005. Disponível em <https://www.bluffton.edu/homepages/facstaff/sullivanm/spain/barcelona/caterina/embt.html> Acesso em 20 de abril de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA PROGRAMA

Na implantação do projeto é possível notar um edifício anexo ao mercado. Trata-se de um edifício com habitações de interesse social que foi construído na parte de trás do terreno do mercado. O edifício e o mercado se abrem para uma praça pública.

Habitação de Interesse Social Mercado de Santa Caterina

Figura 5.1.10: Perspectiva do projeto de reabilitação do Mercado.

Figura 5.1.9: Implantação do projeto de reabilitação do Mercado.

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Figura 5.1.9: Implantação do projeto de reabilitação do Mercado. Fonte: Pinterest. Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/532409987171109890/> Acesso em 20 de abril de 2017.

Os dois edifícios se encontram ao longo da praça, em um ângulo onde os dois mostram ser parte um do outro e que se relacionam de alguma forma. Essa praça é pública durante o dia, e a noite é fechada com portões para criar uma área privada para os moradores do local. Figura 5.1.10: Perspectiva do projeto de reabilitação do Mercado. Fonte: Pinterest. Disponível em <https://www.pinterest.se/pin/492722015461230444/> Acesso em 20 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA

PROGRAMA A habitação se relaciona com a fachada posterior do mercado, refletindo através de suas persianas deslizantes, os painéis inspirados em caixotes usados na fachada do mercado. A parede de alvenaria branca combinada às persianas adiciona um toque moderno ao ambiente.

Figura 5.1.11: Vista da relação entre o edifício de habitações e a fachada posterior do Mercado.

A fachada posterior do mercado é uma comparação à maneira com que os vendedores costumavam transportar suas frutas e legumes. A colocação aparentemente desordenada dos painéis de madeira imita caixotes empilhados.

Figura 5.1.11: Vista da relação entre o edifício de habitações e a fachada posterior do Mercado. Fonte: Arquitecturas Cerámicas. Disponível em <http://www.ceramicarchitectures.com/obras/santa-caterina-market/> Acesso em 23 de abril de 2017.

Figura 5.1.12: Vista da relação entre o edifício de habitações e a fachada posterior do Mercado. Figura 5.1.13: Caixotes de madeira.

Figura 5.1.12: Vista da relação entre o edifício de habitações e a fachada posterior do Mercado. Fonte: [idem figura x.1.11] Figura 5.1.13: Caixotes de Madeira. Fonte: Oficina Ibirá. Disponível em <http://www.oficinaibira.com.br> Acesso em 23 de abril de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA

Figura 5.1.14: Planta Baixa do Pavimento Térreo. Figura 5.1.16: Planta de Cobertura. Figura 5.1.17: Corte Longitudinal. Figura 5.1.15: Mezanino do Mercado.

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Figura 5.1.14 à 5.1.17: Fonte: Pinterest. Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/431290101787666746/> Acesso em 20 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

PROGRAMA O edifício atende outros usos além do mercado, há um café, um restaurante, um supermercado e uma instalação do MUHBA (Museu d’história de Barcelona) que promove a visualização de ruínas encontradas durante o projeto de reabilitação. Na parte posterior do terreno onde está o mercado há ainda uma praça onde foi construído o edifício de habitações.

MERCADO DE SANTA CATERINA

Figura 5.1.18: Vista interna do MUHAB. Fonte: File:MUHBA Santa Caterina Barcelona.JPG. Setembro de 2013. Disponível em <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:MUHBA_Santa_Caterina_Barcelona.JPG> Acesso em 20 de abril de 2017.

Figura 5.1.19: Vista Interna do MUHAB. Fonte: Mercat De Santa Caterina Al 48H Open House. Janeiro de 2012. Disponível em <http://lamevabarcelona.com/48h-open-house-mercat-de-santa-caterina/> Acesso em 20 de abril de 2017.

Legenda Edifício de Habitações

Restaurante

Super Mercado

Mercado Principal

MUHBA - Ruínas

Área de Acesso ao Subsolo

Figura 5.1.20: Vista externa do restaurante do Mercado. Fonte: CUINES SANTA CATERINA. Disponível em <http://g r u p o t r a g a l u z . c o m / re s t a u rante/cuines-santa-caterina/> Acesso em 20 de abril de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA Fluxos

Cobertura

Existem várias entradas para o mercado, em todas as fachadas, mas os usuários optam principalmente pelas centrais gerando um fluxo mais intenso nos corredores dessas entradas. Os caminhos entre as barracas e quiosques são irregulares, o que acaba forçando o público a visitar outras áreas do mercado, gerando rotas secundárias.

A estrutura do telhado foi feita em madeira, e para o efeito de ondulação se concretizar, foram usados 109 arcos para apoiar as telhas, pesando um total de 604 toneladas. Há três arcos centrais feitos em aço que servem como ponto de ligação para os demais em madeira. Esses arcos de madeira são apoiados em uma série de pilares de concreto. Essa estrutura permitiu cobrir toda a extensão do mercado com o mínimo de pilares centrais, para facilitar a circulação.

Figura 5.1.22: Vista aérea durante a construção da nova cobertura do Mercado.

Rotas Principais Rotas Secundárias Figura 5.1.21: Esquema das rotas de fluxos no Mercado.

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Figura 5.1.21: Esquema das rotas de fluxos no Mercado. Fonte: Pinterest. Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/431290101787666746/> Acesso em 20 de abril de 2017.

Figura 5.1.23: Vista da nova cobertura do Mercado. Fonte: Cosa vedere a Barcellona: il Mercato di Santa Caterina. Fevereiro de 2008. Disponível em: <http://www.travelblog.it/post/4865/cosa-vedere-a-barcell o n a- i l - me rcato - d i - san ta- cate ri n a> Acesso em 23 de abril de 2017. Figura 5.1.22: Vista aérea durante a construção da nova cobertura do Mercado. Fonte: Pinterest. Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/435371488954196724/> Acesso em 23 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA

A forma do telhado colorido em curvas foi feita para representar as ondas do mar Mediterrâneo. Sua cor, feita com telhas hexagonais da desing espanhola Tomi Comella, simboliza as frutas e legumes vendidos no mercado, bem como um campo de flores.

Figura 5.1.24: Detalhe do pilar estrutural da cobertura. Figura 5.1.25: Vista da fachada frontal do Mercado.

O telhado é o maior ponto focal do mercado, leva o olhar dos espectadores para cima, dando um senso de verticalidade ao edifício que originalmente tinha apenas características horizontais. Ele divide o espaço em cinco espaços principais, criando uma simetria, com a entrada principal no centro.

1

2

3

4

Figura 5.1.27: Vista das “ondas” formadas na cobertura do Mercado.

5

Arcos estruturais de aço. Figura 5.1.26: Corte transversal com esquema da estrutura da cobertura do Mercado.

Arcos de madeira.

Figura 5.1.28 Figura 5.1.29 Figura 5.1.24 à 5.1.29 : Fontes na página 56.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA relevância projetual

- RELAÇÃO ENTRE EXTERIOR / INTERIOR Os diversos acessos ao mercado, em todas as suas fachadas, fazem com que os usuários utilizem seu interior também como forma de “passagem”. A praça na fachada posterior é um elemento que proporciona ao usuário uma área de permanência e convívio, uma extensão do mercado do “lado de fora”. - RELAÇÃO ENTRE “ANTIGO” E “NOVO” A forma como a cobertura imponente não ofusca a preexistencia é o ponto chave do projeto. Apesar de distintos, fachada e cobertura, se fundem criando um edifício extremamente harmônico. - SOLUÇÕES DE INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO A intervenção preservou totalmente as fachadas preexistentes, e proporcionou um novo uso ao interior. O respeito ao patrimônio construído, assim como às ruínas encontradas, é a premissa fundamental do projeto.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.1

MERCADO DE SANTA CATERINA

BIBLIOGRAFIA 1. LOMHOLT, Isabelle. E-architect. “Edifício do mercado de Santa Caterina: Barcelona” Janeiro de 2010. Disponível em <https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://www.e-architect.co.uk/barcelona/santa-caterina-market &prev=search> Acesso em 20 de abril de 1027. 2. DOURADO, Rachel. MeiaUm. “Patrimônio: a difícil tarefa de renovar” Fevereiro de 2013. Disponível em <https://meiaum.wordpress.com/2013/02/18/patrimonio-a-dificil-tarefa-de-renovar/> Acesso em 20 de abril de 2017. 3. Passaporte BCN. “MUHBA (MUSEU D’HISTÒRIA DE BARCELONA)” Fevereiro de 2013. Disponível em <http://www.passaportebcn.com/muhba/> Acesso em 20 de abril de 2017. 4. Wikipedia. “Mercado Santa Caterina” Dezembro de 2015. Disponível em < h t t p s : / / t r a n s l a t e . g o o g l e . c o m . b r / t r a n s late?hl=pt-BR&sl=es&u=https://es.wikipedia.org/wiki/Mercado_de_Santa_Caterina&pre v=search> Acesso em 20 de abril de 2017. 5. Site oficial do Mercado de Santa Caterina <http://www.mercatsantacaterina.com/Index.php>

Figura 5.1.24: Detalhe do pilar estrutral da cobertura. Fonte: Mercado de Santa Caterina. Novembro de 2011. Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/javier1949/7937455522> Acesso em 23 de abril de 2017. Figura 5.1.25: Vista da fachada frontal do Mercado. Fonte: Santa Caterina Market. Agosto de 2005. Disponível em: <https://www.bluffton.edu/homepages/facstaff/sullivanm/spain/barcelona/caterina/embt.html> Acesso em 20 de abril de 2017. Figura 5.1.26: Corte transversal com esquema da estrutura da cobertura do Mercado. Fonte: Pinterest. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/431290101787666746/> Acesso em 20 de abril de 2017. Figura 5.1.27: Vista das “ondas” formadas na cobertura do Mercado. Fonte: 7 Edificios kitsch de Barcelona. Julho de 2006. Disponível em: <http://prestigerealestate.es/cosas-kitsch-que-no-sabias-de-barcelona/> Acesso em 20 de abril de 2017. Figura 5.1.28: Vista aproximada da cobertura. Fonte: SANTA CATERINA MARKET. Disponível em: <https://architizer.com/projects/santa-caterina-market/> Acesso em 23 de abril de 2017. Figura 5.1.29: Recorte do esquema de telhas usado. Fonte: Patrones y geometrias desarrollables. Junho de 2011. Disponível em: <http://referenciasdearquitectura.blogspot.com.br/2011/06/patrones-y-geometrias-desarrollables.html> Acesso em 23 de abril de 2017.

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O SESC Pompéia é uma relevante referência projetual quando falamos em intervenção em preexistência. Resultado de uma intervenção realizada no edifício da antiga Fábrica da Pompéia, o projeto contrasta “novo” e “antigo” com originalidade, proporcionando um perfeito equilíbrio arquitetônico.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS

5.2

SESC POMPÉIA

Arquiteta Lina Bo Bardi Localização São Paulo, São Paulo, Brasil Área 1598 m² Ano do Projeto 1977

Figura 5.2: Janela de Lina Bo Bardi. Fonte: ZHOU HANG. “Sesc Pompeia”. Julho 2015. Disponível em: <https://zhouhang0924.wordpress.com/2015/07/21/sesc-pompeia/> Acesso em 24 de abril de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA LOCALIZAÇÃO

HISTÓRIA

O SESC Pompéia fica localizado na Barra Funda em São Paulo, entre a Rua Cléia e a Avenida Pompéia, próximo ao Allianz Parque, estádio do Palmeiras.

Originalmente, nos galpões industriais que hoje abrigam parte do SESC Pompéia funcionava uma simbólica fábrica da região, a Fábrica de Tambores da Pompéia, construída em 1938. A arquitetura dos prédios era baseada em um típico projeto inglês do século XX. Mais tarde, em 1945, o espaço foi comprado pela Indústria Brasileira de Embalagens, que instalou ali a Gelomatic, uma fábrica de geladeiras a querosene. Em 1973 o complexo foi comprado pelo SESC e três anos depois teve início o trabalho de revitalização da arquiteta Lina Bo Bardi, apresentando a inauguração da primeira etapa do projeto em 1982.

Figura 5.2.1

Rua Cléia

Figura 5.2.2

Av. Pompéia SESC Pompéia

Allianz Parque

Figura 5.2.4: Fábrica de tambores da Pompéia. Foto Peter Sheier (Arquivo Instituto Lina Bo e P. M. Bardi) Figura 5.2.3: Imagem aérea Google Earth.

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Figura 5.2.1: SESC Pompéia. Fonte: Sesc Pompeia. Julho 2015. Disponível em: <https://zhouhang0924.wordpress.com/2015/07/21/sesc-pompeia/> Acesso em 24 de abril de 2017.

Figura 5.2.2: Allianz Parque. Fonte: Site Oficial Allianz Parque. Disponível em: <http://www.allianzparque.com.br> Acesso em 24 de abril de 2017.

Figura 5.2.3: Imagem aérea Google Earth. Fonte: Google Earth. Acesso em 24 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA

PROCESSO DE PROJETO Antiga Fábrica da Pompéia

Lina descobriu que a velha fábrica possuia uma estrutura moldada por um dos pioneiros do concreto armado no início do século XX, o francês François Hennebique. Essa descoberta/revelação dava ao conjunto um valor especial. E Lina optou então, por um processo de desnudamento dos edifícios, com a retirada dos rebocos e a aplicação de jatos de areia nas paredes, buscando sua essência.

Figura 5.2.6 Figura 5.2.5: Vista aérea geral da Fábrica da Pompéia antes da Reforma. Foto Peter Sheier (OLIVEIRA, Liana Paula Perez de. “A capacidade de dizer não: Lina Bo Bardi e a Fábrica da Po”) Figura 5.2.6: Retirada do reboco das paredes originais dos galpões. Foto Peter Sheier (Arquivo Instituto Lina Bo e P. M. Bardi)

Figura 5.2.5

Quando teve início o processo de projeto, o SESC já promovia atividades culturais e esportivas naquele espaço, que era utilizado de forma improvisada, antes mesmo da reforma ou da construção definitiva do centro. O local era utilizado por várias equipes de futebol de salão, teatro amador, baile da terceira idade, churrasco, centro dos escoteiros mirins e por muitas crianças. Lina captou a identidade do lugar: “O que queremos é exatamente manter e amplificar aquilo que encontramos aqui, nada mais”. A intervenção idealizada por Lina consistia em restaurar o edifício danificado e acrescentar duas novas torres para abrigar o programa de necessidades, um centro de lazer.

“Ao invés, de centro cultural e desportivo, Lina preferia utilizar o nome Centro de Lazer. O cultural, dizia Lina, “pesa muito e pode levar as pessoas a pensarem que devem fazer cultura por decreto. E isso, de cara, pode causar uma inibição ou embotamento traumático”. (...) E o termo desportivo implicava no esporte como competição, disputa. Um rumo, segundo ela, errado na sociedade contemporânea, que já é competitiva demais. Então, simplesmente lazer. O novo centro deveria fomentar a convivência entre as pessoas, como fórmula infalível de produção cultural (sem a necessidade do uso do termo).” 1

1 FERRAZ, Marcelo. “Numa velha fábrica de tambores. SESC-Pompéia comemora 25 anos.” Abril de 2008. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/08.093/1897> Acesso em 24 de abril de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA

O PROJETO O projeto consistia primeiramente na reabilitação de uma antiga fábrica, que dispunha de um enorme desafio: transformar o local em centro de lazer sem apagar a história do que foi o edifício. O cuidado para que a história ficasse presente estava em cada vestígio preservado, seja nas paredes, pisos, telhados e estruturas, seja na linguagem das novas instalações. Tal linguagem reforçava o lado fabril e industrial do conjunto. Os materiais e a escala dos novos edifícios rompem com a delicadeza dos galpões em tijolinhos e telhas de barro, se apresentando como enormes silos industriais e as passarelas como esteiras que transportam grãos ou minérios. “Tudo está lá para atender plenamente às suas funções de centro de lazer. Ninguém nota, ninguém racionaliza – e nem é necessário, mas todos sentem através dos cinco sentidos, a presença da fábrica nas soluções de arquitetura, que ali vai até os mínimos detalhes. Todos sentem, impregnado em cada decisão de projeto, o respeito à história do trabalho humano.” 1

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Figura 5.2.7: Vista para os edifícios esportivos. Fonte: ZHOU HANG. “Sesc Pompeia”. Julho 2015. Disponível em: <https://zhouhang0924.wordpress.com/2015/07/21/sesc-pompeia/> Acesso em 24 de abril de 2017.

1 FERRAZ, Marcelo. “Numa velha fábrica de tambores. SESC-Pompéia comemora 25 anos.” Abril de 2008. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/08.093/1897> Acesso em 24 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA

Figura 5.2.8: Interior dos galpões industriais. Fonte: [Idem Figura 5.2.7]

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA NOVOS VOLUMES

O projeto é um constante diálogo entre novo e antigo. Os velhos galpões da antiga fábrica foram reutilizados e conversam com os três novos volumes de concreto aparente. Um primeiro retangular, com cinco andares e 45 metros de altura; um segundo, também retangular, com doze andares e 52 metros de altura; e um cilindro de oito metros de diâmentro e setenta metros de altura, que é a torre de caixa d’água.

Figura 5.2.10: Esquema dos volumes em perspectiva.

Volume Retangular maior Volume Retangular menor

Volume Cilíndrico Figura 5.2.9: Esquema dos volumes em planta baixa.

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Galpões Preexistentes

Figura 5.2.9: Esquema dos volumes em planta baixa. Figura 5.2.10: Esquema dos volumes em perspectiva. Fonte: Pinterest. Disponível em <https://br.pinter- Fonte: Veja São Paulo. “Sesc Pompeia”. Disponível em <http://vejasp.aest.com/pin/324681454360067319/> Acesso em 24 de abril de 2017. bril.com.br/estabelecimento/sesc-pompeia/> Acesso em 24 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

O volume maior apresenta apenas paredes perimetrais e nenhuma estrutura interna complementar. As janelas se localizam nas faces menores, leste e oeste. São quatro de cada lado por andar. Configuram “amebas” irregulares, criadas a partir de moldes de isopor embutidos durante a concretagem. Internamente, foram utilizadas formas retangulares como fechamento.

Esse volume apresenta-se girado trinta e três graus horários em relação ao volume maior. Suas janelas são quadradas e menores que as aberturas ameboides do volume maior, porém são salpicadas “aleatoriamente” pelas fachadas.

Figura 5.2.13: Detalhes do edifício menor.

Figura 5.2.11: Detalhes do edifício maior.

A ligação entre os dois volumes retangulares se dá através de oito passarelas em concreto protendido. Elas partem de uma abertura do volume maior e se ramificam em “Y” e “V” para o volume menor.

Figura 5.2.12: Passarelas.

SESC POMPÉIA

O cilindro é marcado por um “rendado” em seu aspecto exterior, resultado da concretagem atravez de setenta anéis com um metro de altura cada.

Figura 5.2.14: Detalhes da torre cilíndrica.

Figura 5.2.11: Detalhes do edifício maior. Figura 5.2.12: Passarelas. Figura 5.2.13: Detalhes do edifício menor. / Fonte: ZHOU HANG. “Sesc Pompeia”. Julho 2015. Disponível em: <https://zhou- Fonte: 1. Schad Ana Claudia. “O SESC Pompéia e a sua arquitetura”. Janeiro de 2016. Disponível em Figura 5.2.14: Detalhes da torre cilíndrica. hang0924.wordpress.com/2015/07/21/sesc-pompeia/> Acesso em 24 de abril de 2017. <https://spcity.com.br/sesc-pompeia-arquitetura/> Acesso em 25 de abril de 2017. /2. [idem Figura x.2.11] Fonte: [idem Figura x.2.11]

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA PREEXISTÊNCIA Lina fez uma intervenção de extrema limpeza visual. As paredes originais foram descascadas, deixando os tijolos a vista e as novas paredes foram feitas a partir de blocos de concreto, sem reboco, possiblitando indentificar facilmente o que é original e o que é intervenção. Além disso, em alguns blocos a cobertura foi substituída por estrutura de ferro e telhas de vidro, valorizando a iluminação natural.

Calhas

1

3

A entrada principal do SESC Pompéia é uma alameda que fica entre os galpões, como se fosse continuidade da rua, dando ao projeto uma vida pública. Nas laterais dessa alameda calhas que conduzem a da chuva até o Córrego das Águas Pretas, que passa no fundo do terreno.

Blocos de Concreto

Tijolos de Barro

2 Figura 5.2.15: Galpões Industri-

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Figura 5.2.15: Galpões Industriais. Fonte 1/2: [idem Figura x.2.11] / 3. Wikipédia. Disponível em <https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sesc_pompeia.JPG> Acesso em 25 de abril de 2017.

Figura 5.2.16: Interior dos de um dos Galpões Industriais. Fonte: [idem Figura 5.2.11]


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA

Figura 5.2.18: Restaurante.

Acesso Principal

Figura 5.2.19: Estúdios.

Figura 5.2.17: Programa dos galpões.

Vestiário e Refeitório de funcionários

Biblioteca

Cozinha Industrial

Foyer

Restaurante e Bar

Teatro

Administração

Estúdios para ceramistas, pintores, carpinteiros, etc. Laboratório Fotográfico, Estúdio de Música, Sala de baile e Camarins (3 pavimentos)

Espaço para exposições e estar Sanitários Figura 5.2.17: Programa dos galpões. Fonte: [idem Figura 5.2.9]

Figura 5.2.20: Teatro.

Figura 5.2.21: Espaço de Estar. Figura 5.2.18 / 5.2.19 / 5.2.20 / 5.2.21: Fontes na página 70.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA

O PROJETO O projeto consiste na reabilitação da antiga fábrica, em três novos volumes de edifícios e na relação entre esses edifícios e a preexistência.

Preexistência Figura 5.2.22: Edifícios em Planta. Fonte: [idem Figura 5.2.9]

Edifícios anexos

Circulação A circulação acontece em dois eixos principais e, a partir deles, o acesso para cada espaço do complexo. Essa circulação facilita a setorização dos espaços e a compreensão do público. As passarelas que ligam dois dos novos edifícios, voltados ao esporte, também são importantes eixos de circulação no projeto.

Passarelas Circulação Principal Acessos aos Edifícios

Figura 5.2.24 Circulação. Fonte: [idem Figura 5.2.9]

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Figura 5.2.23: Edifícios em perspectiva. Fonte: Veja São Paulo. “Sesc Pompeia”. Disponível em <http://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/sesc-pompeia/> Acesso em 24 de abril de 2017.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA

Espaços Semipúblico com acesso restrito aos sócios do SESC Espaços Privados sem acesso ao público

PROGRAMA O projeto foi desenvolvido para acomodar um centro de lazer no local e como forma de ajustar melhor os espaços, foram estabelecidos três setores principais: cultural, esportivo de alimentação e de descanso.

Alimentação Cultura

Descanso Esporte

Espaços de acesso público

Figura 5.2.26: Acessos. Fonte: [idem Figura 5.2.9]

O mapa abaixo aborda as porcentagens, em relação à área total do projeto, destinadas a cada uso específico.

20%

Esporte

15%

8%

Refeições Estar/Exposições

7%

Adm. Figura 5.2.25: Distribuição Programa. Fonte: [idem Figura 5.2.9]

25%

10%

Biblioteca/ Estar/ Teatro Exposições Figura 5.2.27: Porcentagens de cada uso. Fonte: [idem Figura 5.2.9]

15%

Ateliês

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA relevância projetual

- RELAÇÃO ENTRE EXTERIOR / INTERIOR O principal eixo de circulação do projeto é uma “rua” que passa entre os galpões, que é como uma continuação da calçada. Dessa maneira, elimina a barreira “dentro e fora” e convida as pessoas a circularem pelo interior do complexo. - RELAÇÃO ENTRE “ANTIGO” E “NOVO” A forma como Lina integrou os novos edifícios à preexistencia foi poética. Apesar de serem extremamente distintos, o “antigo” e o “novo” trazem uma pegada industrial, e proporcinam a experiência de estar ao mesmo tempo no passado e no futuro. - SOLUÇÕES DE INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO As soluções escolhidas para intervir nos galpões preexistentes possibilitaram novos usos ao local e ainda assim contribuiram para a valorização da história de sua construção e do seu uso original. - ORGANIZAÇÃO ESPACIAL A setorização dos espaços de forma despretenciosa é um dos pontos fortes do projeto, ao mesmo tempo que cada função tem seu lugar, todas as funções estão integradas de certo modo.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.2

SESC POMPÉIA

BIBLIOGRAFIA 1. FERRAZ, Marcelo. “Numa velha fábrica de tambores. SESC-Pompéia comemora 25 anos.” Abril de 2008. Disponível em < h t t p : / / w w w. v i t r u v i u s . c o m . b r / r e v i s t a s / r e a d / m i n h a c i dade/08.093/1897> Acesso em 24 de abril de 2017. 2. FRACALOSSI, Igor. “Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi”. Novembro de 2013. Disponível em <http://www . a r c h d a i l y. c o m . b r / b r / 0 1 - 1 5 3 2 0 5 / c l a s s i c o s - d a - a r quitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi> Acesso em 25 de abril de 2017.

Figura 5.2.18: Restaurante. Fonte: 1. Choperia Sesc. Setembro de 2015. Disponível em <https://medium.com/@universoecaneca/choperia-sesc-6b2366f8898> / 2. Tripadvisor. Disponível em <https://www.tripadvisor.co.uk/LocationPhotoDirectLink-g303631-d2350338-i135524372-SESC_Pompeia-Sao_Paulo_State_ of_Sao_Paulo.html> Acesso em 25 de abril de 2017. Figura 5.2.19: Oficinas. Fonte: 1 e 3. SESC SP. “Oficinas de Criatividade: uma tradição além da arquitetura”. Julho de 2013. Disponível em <https://www. s e s c s p. o rg. b r / o n l i n e / a r t i g o / 6 8 1 6 _ O F I C I N A S + D E + C R I ATIVIDADE+UMA+TRADICAO+ALEM+DA+ARQUITETURA> Acesso em 25 de abril de 2017. / 2.[idem Figura x.2.11] Figura 5.2.20: Teatro. Fonte: 1. Folha UOL. Perdizes. Março de 2013. Disponível em <http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/14493-perdizes> Acesso em 25 de abril de 2017. / 2. [idem Figura x.2.11] Figura 5.2.21: Espaço de Estar. Fonte: 1. Foto Peter Sheier (Arquivo Instituto Lina Bo e P. M. Bardi) / 2. [idem Figura x.2.11] / 3. Universes in Universe. Disponível em <http://u-in-u.com/de/sesc-videobrasil/2011/olafur-eliasson-tour/sesc-pompeia/06/> Acesso em 25 de abril de 2017.

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O projeto do Mangiare Gastronomia foi uma importante referência projetual por conta de seu programa e da maneira como o programa foi adaptado em galpões industriais onde funcionava uma oficina de tratores. O projeto trouxe soluções simples mas muito eficientes para transformar um ambiente industrial em umespaço acolhedor.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS

MANGIARE GASTRONOMIA 5.3

Arquitetura AR Arquitetos Localização Vila Leopoldina, São Paulo, Brasil Área do Terreno 1000 m² Área do Projeto 650 m² Ano do Projeto 2011

Figura 5.3.1: Vista da fachada principal do restaurante. Fonte: Archdaily, Mangiare Gastronomia / AR Arquitetos, 2014. Disponível em <http://www.archd a l y. c o m . b r / b r / 6 2 3 4 7 1 / m a n g i a r e - g a s t r o n o mia-slash-ar-arquitetos> Acesso em 07 de abril de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.3

MANGIARE GASTRONOMIA O projeto

Uma das soluções utilizadas como forma de criar uma linguagem única para os galpões, foi inserir na fachada principal a mesma cor e textura nos dois, além do mesmo mateiral presente na janela e portão.

O projeto do restaurante foi realizado em dois antigos galpões no bairro Vila Leopoldina em São Paulo, onde antes funcionava uma oficina de tratores. A seleção do projeto para leitura projetual se deu primeiramente por conta do programa - um restaurante - mas também pela forma como os arquitetos acomodaram o programa nos edifícios pré-existentes criando uma linguagem única para os dois galpões, com arquiteturas diferentes entre si, e como tranformaram um espaço industrial em um espaço acolhedor. Figura 5.3.2: Vistas da fachada principal do restaurante.

Outra intervenção que teve como objetivo a criação de unidade entre os galpões foi a inserção de uma estrutura em chapa de aço-carbono bruto, com 50 metros de comprimento, que percorre todo o espaço, desde adega na entrada, até a cozinha, nos fundos. Ao longo desse espaço, a estrutura abriga também o bar e mesas coletivas, criando um pé-direito mais baixo nesses locais, o que torna o ambiente mais acolhedor. Figura 5.3.3: Estrutura de aço-carbono no interior do edifício.

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Estrutura de aço-carbono


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.3

A escolha dos materiais utilizados no mobiliário também foi pensada para criar um ambiente mais acolhedor, no caso a madeira de demolição, que aquece o ambiente. Entre as mesas mais um elemento acolhedor, vasos de plantas.

Figura 5.3.4: Vista interna do restaurante com mobiliário e vegetação entre as mesas.

Como forma de complementar a iluminação natural, foram inseridas canaletas ao longo de todo o galpão com lâmpadas que distribuem pontos de luz, além dos “spots” embutidos na chapa de aço. “Spots”

Canaletas com iluminação

Figura 5.3.5: Vista interna do restaurante com ênfase na iluminação artificial.

MANGIARE GASTRONOMIA

Para que a iluminação natural fosse aproveitada ao máximo, aumentando assim a sustentabilidade do projeto, as janelas originais dos galpões foram mantidas, tanto nas fachadas, quanto na parte superior, entre os telhados.

Figura 5.3.6: Vistas dos dois modelos de janelas originais dos galpões.

Figura 5.3.8: Vista externa da faixa de iluminação natural superior.

Figura 5.3.7: Vista interna da faixa de iluminação natural superior. Fonte das imagens: Archdaily, Mangiare Gastronomia / AR Arquitetos, 2014. Disponível em <http://www.archdaly.com.br/br/623471/mangiare-gastronomia-slash-ar-arquitetos> Acesso em 07 de abril de 2017.

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Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.3

MANGIARE GASTRONOMIA Áreas públicas / privadas

Entrada de clientes

Figura 5.3.11: Vista interna do acesso de clientes.

Entrada de funcionários Figura 5.3.9: Planta Baixa Pavimento Térreo.

Área de acesso restrito a funcionários Área acessível ao público

Figura 5.3.10: Planta Baixa Primeiro Pavimento.

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No espaço acessível ao público, encontra-se a adega, a rotisseria e o bar, além dos banheiros e o salão onde estão as mesas. No espaço restrito aos funcionários, encontra-se a parte técnica do restaurante: cozinha, câmaras frias, depósito, escritório e banheiros exclusivos no segundo pavimento. As entradas para clientes e funcionários são distintas.

Figura 5.3.12: Vista externa do acesso de clientes.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.3

MANGIARE GASTRONOMIA

PROGRAMAS Ainda sobre as soluções que tornaram o projeto sustentável: O piso do grande recuo da entrada tem uma porcentagem de 95% de permeabilidade. O aquecimento de água é solar e as águas pluviais dos telhados são captadas para rega de jardim e lavagem de piso.

Figura 5.3.13: Planta Baixa Pavimento Térreo.

Figura 5.3.14: Planta Baixa Primeiro Pavimento.

Legenda

Área para alimentação dos clientes

Escritório

Banheiros de Funcionários

Banheiros de clientes

Pré Preparo

Circulação Exclusiva de Funcionários

Bar

Depósito

Cozinha

Adega

Câmara Fria

Lavagem

Rotisseria Fonte das imagens: Archdaily, Mangiare Gastronomia / AR Arquitetos, 2014. Disponível em <http://www.archdaly.com.br/br/623471/mangiare-gastronomia-slash-ar-arquitetos> Acesso em 07 de abril de 2017.

76


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.3

MANGIARE GASTRONOMIA ADEGA

Figura 5.3.15: Exterior da adega.

77

Figura 5.3.16: Interior da adega.

ROTISSERIA

Figura 5.3.17: Vista do espaço da rotisseria.

Figura 5.3.18: Detalhes da rotisseria.


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.3

BAR

MANGIARE GASTRONOMIA

COZINHA APARENTE

Figura 5.3.19: Vista do bar. Figura 5.3.20: Visão do restaurante para a cozinha. Fonte das imagens: Archdaily, Mangiare Gastronomia / AR Arquitetos, 2014. Disponível em <http://www.archdaly.com.br/br/623471/mangiare-gastronomia-slash-ar-arquitetos> Acesso em 07 de abril de 2017.

78


Capítulo 5 - LEITURAS PROJETUAIS 5.3

MANGIARE GASTRONOMIA relevância projetual - ORGANIZAÇÃO ESPACIAL Em um restaurante a área da cozinha deve ser extremamente organizada. No projeto, a forma como acontece a setorizaçào da cozinha - em diversos ambientes, de acordo com sua função - traz ordem e facilita na circulação dos funcionários. - UNIFICAÇÃO DOS GALPÕES Um dos pontos chave do projeto é a forma como os dois edifícios foram integrados, mesmo com arquiteturas diferentes entre si, com soluções relativamente simples. Essa “unificação” tornou o ambiente do restaurante mais convidativo e agradável.

BIBLIOGRAFIA 1. "Mangiare Gastronomia / AR Arquitetos" 06 de julho de 2014. ArchDaily Brasil. Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/623471/mangiare-gastronomia-slash-ar-arquitetos> Acessado 23 de maio de 2017.

79



6

Figura 6.1: Portão do galpão em ruínas. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


ANÁLISE DA ÁREA


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.1

LOCALIZAÇÃO

Os galpões ficam localizados no bairro Vila Virgínia, vizinho ao quadrilátero Central de Ribeirão Preto, junto à Avenida Bandeirantes, um dos principais acessos para a cidade. Próximo a eles, estão localizados o Campus da USP e o Parque Maurílio Biagi.

A região foi no passado uma periferia geográfica, mas com o desenvolvimento da cidade, está hoje no interior da trama urbana e é caracterizada como uma periferia social.

1 Campus da USP

O primeiro galpão, construído antes de 1925, com 11.000m², é estruturado em ferro fundido, com fechamento em alvenaria e telhas de zinco galvanizado. Hoje inclui em seu espaço um almoxarifado da Prefeitura, Produtores de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e o Banco de Alimentos.

Parque Maurílio Biagi

Quadrilátero Central

Avenida Bandeirantes

Área dos Galpões

1

2

Vila Virgínia

N Figura 6.1.2: Vista aérea dos Galpões.

2

N Figura 6.1.1: Localização dos Galpões.

83

Figura 6.1.1: Localização dos Galpões. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.

Figura 6.1.2: Vista aérea dos Galpões. Fonte: [idem figura 6.1.1]

O segundo galpão, construído entre 1925 e 1949, com 16.000 m², era estruturado por pilares de concreto armado e coberto por treliças de madeira e telhas de fibrocimento. Esse encontra-se em ruínas, totalmente degradado. Destelhado, tomado por mato e entulho e com suas fachadas pichadas.


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.1

Galpão 2

LOCALIZAÇÃO

Galpão 1

Figura 6.1.6: Ortofotografia da fachada leste do galpão menos degradado.

Figura 6.1.3: Vista fachada oeste das ruínas.

Figura 6.1.4: Vista fachada leste das ruínas.

Figura 6.1.5: Vista fachada norte das ruínas.

Figura 6.1.7: Vista fachada leste.

Figura 6.1.8: Detalhe fachada leste.

Figuras de 6.1.3 à 6.1.8: Arquivo pessoal da autora.

84


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.2

EIXOS DE LIGAÇÃO

AV. JERÔNIMO GONÇALVES AV. DO CAFÉ

Sertãozinho

AV. BANDEIRANTES

AV. PATRIARCA

AV. NOVE DE JULHO AV. CARAMURU

N

85

Figura 6.2.1: Imagem aérea com as principais vias do entorno. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.

AV. DR. FRANCISCO JUNQUEIRA


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.2

EIXOS DE DESLOCAMENTO Os galpões ficam em uma área bem próxima à importantes avenidas de Ribeirão Preto, que fazem ligação entre os sentidos norte/sul e leste/oeste da cidade, como a Avenida Dr. Francisco Junqueira e a Avenida Caramuru. Os galpões estão em um local de muita visibilidade e com bom acesso. Seus limites são demarcados por outras duas avenidas, a Avenida Bandeirantes e a Avenida Patriarca. A Avenida Bandeirantes, que ladeia uma das principais fachadas dos galpões, é considerada uma das artérias da cidade, já que é um importante eixo de ligação para o centro da cidade e um dos principais acessos para a cidade de Sertãozinho. Assim, o entorno imediato dos galpões compõe uma paisagem marcante na entrada da cidade. A Avenida Patriarca, a um nível mais alto que a Avenida Bandeirantes e que ladeia outra fachada dos galpões, colhe todo o fluxo viário das demais ruas e avenidas que delimitam os bairros do entorno.

EIXOS DE LIGAÇÃO

Ao todo, nove linhas de ônibus passam pelo bairro Vila Virgínia, onde estão localizados os galpões. Mas a linha mais importante do ponto de vista do uso proposto no projeto é a L106 - D’Elboux, que sai do Terminal Rodoviário, passa rapidamente pelo Centro, depois passa pela Vila Virgínia com um ponto bem próximo aos galpões, na Rua Dr. João Guião, e volta para o Terminal. Essa linha dura 40 minutos e seu horário vai das 05:20 às 00:05

Área dos Galpões

Figura 6.2.2: Linha Rodoviária L106 D’Elboux Fonte: Portal Ribeirão Ponto a Ponto. Acesso em 18 de maio de 2017. Disponível em <http://www.nossoritmoribeirao.com.br/servicos-a-populacao/consultar-linhas/>

Eixo Residencial

Calçada

Marginal Av. Bandeirantes

Canteiro

Acostamento Av. Bandeirantes

Faixa de Rodagem Av. Bandeirantes

Faixa de Rodagem Av. Bandeirantes

Acostamento Av. Bandeirantes Canteiro

Marginal Av. Bandeirantes

Eixo de Prestação de Serviços

Figura 6.2.3: Corte Esquemático das Vias que limitam o terreno dos Galpões. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Av. Patriarca

Área dos Galpões

N

86


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.2

EIXOS DE LIGAÇÃO Avenida do Café

Avenida Bandeirantes

Rua dos Migrantes

Avenida Patriarca

Via Auxiliar da Avenida Bandeirantes

Trecho sem pavimentação

PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO

PASSARELA 2

PASSARELA 1

N

87

Figura 6.2.4: Vista aérea da área de estudo. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.2

1. Avenida do Café

A Avenida do Café é a divisa ente Vila Virgínia e Vila Tibério, ela é um importante eixo comercial e de serviços que atende não só os bairros próximos a ela como a cidade toda. Ela possui dois sentidos de circulação separados por um canteiro central e seu fluxo é intenso durante o dia todo e a noite também, pela presença de bares e restaurantes que atraem um público noturno.

2. Rua dos Migrantes

A Rua dos Migrantes é uma via com duplo sentido de circulação e um importante eixo de ligação entre os bairros Vila Virgínia e Vila Tibério. Mas, apesar de sua importância, o asfalto está com muitos buracos e a calçada para os pedestres é obstruída por lixo e entulhos em diversos pontos, forçando as pessoas a invadirem a faixa de rodagem de veículos. Seu fluxo fica mais intenso em horários de entrada e saída de funcionários das empresas próximas.

Figura 6.2.5: Vista panorâmica da Avenida do Café.

3. Avenida Bandeirantes

A Avenida Bandeirantes tem um fluxo rápido e intenso por ser extensão da Rodovia Carlos Tonani e um dos principais acessos para o centro da cidade para quem vem de Sertãozinho e região. Apesar de sua importância, a Avenida pode ser considerada uma barreira física, que contribui para a separação dos bairros Vila Virgínia e Vila Tibério. A qualidade do asfalto na via principal não é a mesma nas vias auxiliares.

Figura 6.2.7: Vista panorâmica da Avenida Bandeirantes.

EIXOS DE LIGAÇÃO

Figura 6.2.6: Vista panorâmica da Rua dos Migrantes.

4. Avenida Patriarca

A Avenida Patriarca é seguimentada em trechos. Ora apresenta sentido único, ora sentido duplo. Em alguns trechos é equipada com canteiro central, no entanto o canteiro não permanece por toda sua extensão, aspecto que pode ser notado também quanto à pavimentação, a qual não permanece presente em toda a projeção da via, e nos trechos pavimentados a qualidade está péssima.

Figura 6.2.8: Vista panorâmica da Avenida Patriarca. Figuras de 6.2.5 à 6.2.8: Arquivo pessoal da autora.

88


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.2

EIXOS DE LIGAÇÃO

Passarela 1

Passarela 2

Passarela 1: “Edevarde Gonçalves Júnior” Essa passarela oferece uma travessia segura aos pedestres sobre Av. Bandeirantes, que tem um intenso fluxo, ligando os dois lados do bairro Vila Virgínia. Por estar próxima à Rua dos Imigrantes, também oferece ligação com a Av. do Café, mas como essa rua não possui calçadas adequadas, deixa o pedestre ou ciclista vulneráveis, já que eles tem que disputar espaço com os automóveis. Além disso, a acessibilidade da passarela é comprometida por ter um trecho de terra até chegar ao seu início de fato.

Passarela 2: “José Roberto Felício” Essa passarela já fica mais próxima ao centro da cidade e por esse fato acabou virando “moradia” de usuários de drogas, que aproveitam o intenso movimento da região - entrada da cidade - para pedir esmolas quando os veículos param nos semáforos. Por conta disso região é extremamente perigosa e a passarela acaba sendo pouco usada pelos pedestres, que zelam por sua segurança.

89

Figura 6.2.9: Vistas da passarela 1, “Edevarde Gonçalves Júnior”. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Figura 6.2.10: Vistas da passarela 2, “José Roberto Felício”. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.3 Av. do Café

USO DO SOLO

Figura 6.3.2: Mapa de Uso do Solo.

O entorno dos galpões utiliza grande parte do solo como área residencial, com alguns eixos de comércio e prestação de serviços. Ao longo da Avenida do Café, nota-se a presença de um importante eixo de comércio e serviços, com a presença também de alguns edifícios residenciais. A Avenida Bandeirantes, principal via de acesso ao centro da cidade para quem vem de outras cidades, concentra mais um eixo de serviços. A altura das edificações compões um gabarito baixo, destacando-se na paisagem como vista e marcos, apenas os Galpões de Café e a massa edificada do centro da cidade.

N Ocupação Irregular

Av. Bandeirantes

Residencial

Institucional

Serviço

Vazio

Comercial

Área Verde

Há também uma área de ocupação irregular, que se formou no meio do bairro, e merece atenção especial durante o processo de projeto. Figura 6.3.1: Ocupação Irregular. Figura 6.3.1: Ocupação Irregular Fonte: Google Earth.

Figura 6.3.2: Mapa de Uso do Solo. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Área do Projeto

Essa região tem um uso misto, e pode ser considerada o “centro” do bairro Vila Virgínia, fato que pode ser explicado devido a presença da Paróquia Santa Maria Goretti.

90


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.4

TOPOGRAFIA A topografia da área de estudo é mais baixa próxima ao Córrego Laureano e vai ficando mais alta à medida que se distancia dele. Essa declividade é causada pelo escoamento natural da água em direção ao Córrego. Sentido da declividade da área Córrego Laureano

Figura 6.4.1: Representação da declividade da área.

Vila Tibério

Av. do Café

Eixo Comercial / de Serviços Vila Virgínia

APP

Córrego Laureano

N

APP

Eixo de Avenida Serviços Vila Virgínia Bandeirantes

Galpões

Avenida Patriarca

Área residencial Vila Virgínia

Figura 6.4.2: Corte esquemático da área de estudo.

91

Figura 6.4.1: Representação da declividade da área. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.

Figura 6.4.2: Corte esquemático da área de estudo. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.5

DIREÇÃO DO SOL / VENTOS PREDOMINANTES

Os ventos predominantes da região vem do sentido sudeste e vão em direçào ao sentido noroeste. Pela direção do nascer e por do sol, nota-se que a fachada que recebe um intenso sol da tarde é a fachada norte, precisando de uma atenção especial no projeto para proporcionar um bom conforto térmico.

Direção do Sol

Intenso Sol da tarde

N Direção do Sol

O

L Ventos predominantes

S Ventos predominantes

N

Figura 6.5.1: Imagem aérea indicando a direção do sol e ventos predominantes. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.

92


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.6

ÁREAS VERDES entorno O entorno dos galpões possui importantes massas verdes. Entre elas uma área de reserva florestal, pertencente à USP, e a Área de Preservação Permanente ao longo do Córrego Laureano. Outra grande área verde está localizada no terreno dos galpões. Essa vegetação não foi planejada, é resultado da ação da natureza e descuido dos responsáveis pela manutenção local. Reserva Canteiros Massas arbóreas em terrenos particulares APP “Córrego Laureano” Praça

N Figura 6.6.1: Imagem aérea indicando as áreas verdes.

93

Figura 6.6.1: Imagem aéres indicando as áreas verdes. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.

Área verde no Terreno dos Galpões


Capítulo 6 - ANÁLISE DA ÁREA 6.6

ÁREAS VERDES

Terreno dos galpões 1

Av. Bandeirantes

4

3

6

5

6 2

Av. Patriarca

N Figura 6.6.2: Imagem aérea do terreno dos galpões.

1

Figura 6.6.3: Vegetação na entrada lateral dos galpões.

2

Figura 6.6.4: Vista da vegetação que separa os galpões da Av. Patriarca.

Figura 6.6.8: Vegetação no interior das ruínas.

3

Figura 6.6.5: Vista da massa arbórea na entrada principal dos galpões.

Figura 6.6.2: Imagem aérea do terreno dos galpões. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.

4

Figura 6.6.6: Árvores de grande porte na entrada principal dos galpões.

Figura 6.6.3 à 6.6.7: Arquivo pessoal da autora.

5

Figura 6.6.7: Vista de vegetação na fachada leste do galpão em ruínas.

Figura 6.6.8: Vegetação no interior das ruínas. Fonte: Arquivo do Escritório Modelo UniSEB, 2007.

94


7

PROGRAMA Figura 7.1: Abertura posterior à construção do galpão. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Atualmente o galpão menor, que está em melhor estado de conservação, inclui em seu espaço um almoxarifado da Prefeitura, os Produtores de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e região e o Banco de Alimentos. Já o segundo galpão, em ruínas, encontra-se tomado por vegetação e entulhos. A proposta de programas para os galpões prevê manter os Produtores de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e região e o Banco de Alimentos no atual galpão em que se encontram e acrescentar o programa Bom Prato. E para o galpão em ruínas, e toda área externa aos galpões a proposta é criar um parque urbano.


A Assossiação dos Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região já está localizada dentro de um dos galpões, e é um programa que será mantido sendo realizadas as melhorias necessárias observadas e relatadas pelos usuários e assossiados.

97


Capítulo 7 - PROGRAMA

HORTIFRUGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO 7.1

Figura 7.1: Produtos vendidos pelos Assossiados. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

98


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.1

HORTIFRUTIGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO HISTÓRIA A história da Associação dos Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região, também conhecidos como CEASA Centro, teve início em 1980, quando os produtores e comerciantes vendiam seus produtos em bancas na Rua José Bonifácio, entre as ruas São Sebastião e Américo Brasiliense. O grande fluxo de pessoas os fez mudar para uma rua mais larga, a Avenida Jerônimo Gonçalves, nos entornos do Mercado Municipal de Ribeirão Preto, onde ficaram por vários anos. Porém, a presença dos produtores e comerciantes começou a atrapalhar o trânsito da avenida, causando lentidão e acidentes. A Prefeitura então, vetou o comércio naquele local. “Os produtores e comerciantes tentaram fixar-se no *1 CEAGESP , mas suas receitas não eram suficientes para arcar com o aluguel do espaço e, em menos de um mês, voltaram para os entornos do mercadão. Mais uma vez, foram pegos pela fiscalização da Prefeitura. Sem opção, transferiram-se para um lote vago no início da Rodovia Bandeirantes, atrás do Posto do Dito, expostos ainda mais ao sol, sereno e às chuvas.” (PIPOLO, 2010, p. 27)

*1. Localizado do km 322 da Rodovia Anhanguera, na zona rural de Ribeirão Preto, a CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) garante infraestrutura para que atacadistas, varejistas, entre outros, desenvolvam suas atividades com garantia de segurança e armazéns para estocar quase 10 mil toneladas de produtos.

99

Figura 7.1.1: Interior do galpão em horário de funcionamento do Ceasa. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.1

Alguns anos depois, um agrônomo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI – passou a acompanhar o grupo de produtores e comerciantes e sugeriu que eles organizassem uma associação, para que pudessem ter representatividade perante a Prefeitura. O grupo iniciou o movimento para tornar-se associação contabilizando 130 integrantes. Em 2002, o Banco do Brasil, movido pelo projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável - DRS - ofereceu ajuda ao grupo, identificando como principal necessidade disponibilizar um espaço salubre para que pudessem comercializar seus produtos. Em 28 de março de 2003 foi fundada, sem fins lucrativos, a Associação de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região. Foram estabelecidos horários para a comercialização da Associação: segunda, quarta e sexta, das 22h às 10h do dia seguinte. Com a associção formalizada, começaram os trabalhos para obter um local ideal para a comercialização de seus produtos. “Em 26 de outubro de 2001, a Câmara Municipal de Ribeirão Preto, sob a alcunha do então prefeito Antônio Palocci Filho, havia aprovado o projeto de lei número 145/2001, de autoria do Vereador Dr. Sobral, dando origem à lei número 9.342, a 27 de outubro daquele mesmo ano, que autorizava o poder executivo a instituir o programa Banco Municipal de Alimentos*2 (…) Com base nessa lei, o Banco do Brasil, já no início de 2003, mediou uma negociação com a Prefeitura para que ela alugasse o galpão da antiga Companhia de Entrepostos

HORTIFRUTIGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO

e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP - localizado na Avenida Bandeirantes, número 285, no bairro Vila Virgínia, para fixação da Associação de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região em troca de doações mensais da Associação ao Banco de Alimentos. Ressalta-se que já era prática dos produtores e comerciantes doar os alimentos que não vendiam à comunidade carente do bairro Vila Virgínia.” (PIPOLO, 2010, p. 28) O prefeito da época, Gilberto Sidnei Maggioni, concordou com a proposta e concedeu metade do galpão para a Associação, além de uma placa de identificação da mesma. O Banco do Brasil financiou a reforma dessa metade do galpão, negociando com os associados taxas de juros abaixo às do mercado. Os associados organizaram o espaço interno do galpão dividindo, com faixas amarelas pintadas no chão, os metros quadrados destinados a cada um, cujo espaço é chamado por eles de “pedra”. Uma pedra pequena corresponde a 2m x 8m; uma média a 2,5m x 10m; e uma grande a 4m x 10m. Construíram também um escritório, três lanchonetes e três banheiro, sendo um feminino, um masculino e um acessível. “Em 15 de abril de 2004, a Prefeitura inaugurou apesar de já funcionar informalmente desde 2003 - o espaço do Banco de Alimentos na outra metade do galpão, justamente para facilitar e agilizar a transferência das doações da Associação para o Banco de Alimentos.” (PIPOLO, 2010, p. 29)

*2. O Banco Municipal de Alimentos é um equipamento ligado a Secretaria de Assistência Social de Ribeirão Preto, que visa fazer um pré-preparo dos alimentos que recebem, antes de distribuir para entidades, facilitando o preparo desses alimentos e ajudando na conservação dos mesmos.

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Capítulo 7 - PROGRAMA 7.1

HORTIFRUTIGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO

Para se adequar aos decretos da Prefeitura, a Associação elaborou em seguida seu Regimento Interno, estipulando que uma pedra pequena deveria contribuir com 200kg em doações mensais ao Banco de Alimentos; uma média a 300kg; e uma grande a 400kg. Essas contribuições são de extrema importância para o Banco de Alimentos e também ajudam a evitar o desperdício, já que os associados doam também os produtos que não venderam e que acabariam sendo descartados. Atualmente a Associação conta com 98 integrantes e repassa 28 toneladas de alimentos por mês ao Banco de Alimentos. É administrada por presidente, vice-presidente, dois secretários, dois tesoureiros, dez conselheiros fiscais e três suplentes. A mensalidade é de R$80,00 para uma pedra pequena; R$140,00 para uma pedra média; e R$200,00 para uma pedra grande. Rateiam-se nessa mensalidade os gastos com funcionários, FGTS, GPS, energia elétrica, água, telefone, internet, segurança, advogado e, recentemente, o sistema de câmeras. A limpeza também era rateada, mas atualmente é realizada pela Prefeitura, a cada 15 dias.

Figura 7.1.2

Figura 7.1.3

Figura 7.1.5

Figura 7.1.4

As figuras ao lado mostram as lachonetes, que funcionam apenas nos horários de funcionamento do Ceasa. Elas atendem principalmente os funcionários, já que ficam em um local que não tem visibilidade. Uma das lachonetes tem um carrinho que circula entre as pedras oferecendo seus produtos.

Figuras 7.1.2 / 7.1.3 / 7.1.4: Vistas das lanchonetes. Figura 7.1.5: Carrinho da lachonete que circula no galpão. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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Capítulo 7 - PROGRAMA 7.1

HORTIFRUTIGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO

As imagens ao lado mostram o momento de abastecimento dos produtores, que precisam que espaço suficiente para entrar com veículos dentro dos galpões e descarregar seus produtos.

Figura 7.1.6: Descarga de produtos no interior do galpão. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

As imagens ao lado mostram os produtos já expostos para a venda, dentro de suas respectivas pedras.

Figura 7.1.7: Vistas do CEASA em horário de funcionamento Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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Capítulo 7 - PROGRAMA 7.1

HORTIFRUTIGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO sugestões

Entrevistando os associados e clientes do CEASA Centro, foi possível entender melhor suas necessidades e a realidade do local. A respeito da localização, as respostas foram unânimes, todos os entrevistados acreditam que a proximidade com o centro da cidade é de extrema importância, assim como o acesso através da Avenida Bandeirantes, que facilita a entrada para quem vem de outras cidades. Quando questionados sobre o que seria prioridade no caso de uma requalificação dos galpões, os entrevistados deram as seguintes sugestões: • Melhorias na iluminação precária. Tanto no interior do edifício, o que impossibilita o consumidor de ver com clareza o produto que está levando, quanto no exterior, que além de criar um ambiente perigoso não traz visibilidade para novos consumidores, pois com a entrada escura tem-se a impressão de que o local está sem uso. • Reparação no sistema de escoamento de água das chuvas. Pelo fato do edifício ficar mais baixo em relação à Avenida Patriarca, há um talude que forma uma espécie de “cascata” nos dias de chuva, trazendo barro e sujeira para dentro do galpão, e criando poças do lado de fora, onde os clientes param seus veículos. As calhas do edifício também não estão em boas condições e precisam ser reparadas ou substituídas.

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• Aproveitamento de água das chuvas para que os próprios funcionários e associados possam realizar a limpeza do galpão semanalmente. • Repavimentação da principal via de acesso, a marginal da Avenida Bandeirantes, que encontra-se quase intransitável por conta de buracos, e do exterior dos galpões, ocasionando o fim da poeira que o trânsito de veículos provoca e das poças em dias chuvosos. • Inverter a posição com o Banco de Alimentos, ficando assim mais próximos à entrada e à pista, o que promoveria uma melhor divulgação. • Mais espaço e visibilidade para as lanchonetes, podendo trazer um novo tipo de público através de pratos atrativos, como o sanduíche de mortadela do Mercado Municipal de São Paulo ou a sopa de cebola do CEAGESP também de São Paulo. • Construção de uma cerca ou muro nas limitações do galpão, para maior segurança e controle de entradas e saídas.


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.1

HORTIFRUTIGRANJEIROS DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO

Figura 7.1.8: Área externa aos galpões, sem pavimentação. Fonte: Arquivo pessoal da autora. Figura 7.1.9: Vista lateral do galpão onde está o Ceasa, nota-se a falta de pavimentação, onde formam as poças em dias de chuva. Fonte: Arquivo pessoal da autora. Figura 7.1.8: Situação atual das calhas do galpão. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Planta Esquemática do Ceasa Centro Espaço do Galpão destinado aos Hortifruitigranjeiros Banheiros / Administração Lanchonetes

Acesso Secundário N Acessos principais

Figura 7.1.9: Planta Esquemática do Galpão. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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O Banco de Alimentos é outro programa que também será mantido dentro do galpão, por ser importante sua proximidade com o Ceasa Centro. As melhorias necessárias serão realizadas para dar mais funcionalidade ao programa e proporcionar uma relação mais harmônica com o edifício.

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Capítulo 7 - PROGRAMA

7.2

BANCO DE ALIMENTOS

Figura 7.2: Área de Recepção dos Alimentos. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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Capítulo 7 - PROPOSTA 7.2

BANCO DE ALIMENTOS

O programa Banco de Alimentos, coordenado pelo Departamento de Promoção de Sistemas Descentralizados da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional – SESAN/MDS, ficou conhecido após ser determinado como uma das políticas *1 do Fome Zero. Desse modo, o programa Banco de Alimentos é uma iniciativa de abastecimento e segurança alimentar que tem como objetivo arrecadar alimentos, procedentes de doações, por meio de uma conexão entre o maior número possível de unidades de comercialização, armazenagem e processamento de alimentos. Desfrutam do programa Banco de Alimentos, preferencialmente, as prefeituras municipais com população acima de 100.000 habitantes e governos estaduais. Essa especificação se fundamenta no entendimento de que esses municípios possuem maiores redes de abastecimento, e maiores indices de desperdício. Em Ribeirão Preto, o Banco de Alimentos foi implantado pelo governo municipal através a lei número 9.342 de 27 de outubro de 2001. Funciona, hoje, em duas unidades: na Avenida Bandeirantes, 285, em um dos galpões estudados no presente trabalho, e na Rodovia Anhanguera, Km 322, na atual CEAGESP. Após analisar, classificar e embalar os alimentos doados, esses são distribuídos gratuitamente, para entidades assistenciais públicas ou privadas, sem fins lucrativos. *1. Fome Zero: lançado em 2003 pelo Governo Federal, caracteriza-se como um conjunto de programas voltados para a construção de uma política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e para o combate à fome no país.

107

“Não existe, porém, um padrão de funcionamento comum aos Bancos de Alimentos. No caso do Banco de Alimentos de Ribeirão Preto localizado na Avenida Bandeirantes – local escolhido justamente pela proximidade com a Associação de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região – é feita uma triagem e rápida higienização dos alimentos.” (PIPOLO, 2010, p. 32) Devido ao alto perecimento dos alimentos vindos da Associação, essa triagem e higienização é feita no momento da chegada dos alimentos ao Banco. Alguns alimentos recebem preparos especiais para maior durabilidade, como o caso da separação e congelamento da polpa de algumas frutas, para o preparo de sucos; o preparo de molhos de tomate, ao invés da distribuição do mesmo; tudo é pensado para facilitar o trabalho das entidades. Para retirada, o Banco de Alimentos da Avenida Bandeirantes entra em contato com as entidades cadastradas, seguindo a ordem de listagem das mesmas, calculadas suas respectivas demandas. Existem, atualmente, em torno de 90 instituições cadastradas nos dois Bancos de Alimentos de Ribeirão Preto, entre asilos, creches e orfanatos. Os maiores fornecedores, além da Associação de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Região, são a Associação Paulista de Supermercados – APAS, a Associação Brasileira do Agronegócio – ABAG-RP e a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. públicas ou privadas, sem fins lucrativos.


Capítulo 7 - PROPOSTA 7.1

BANCO DE ALIMENTOS

Planta Esquemática do Banco de Alimentos de Ribeirão Preto

1 3 Acesso principal

57 57

8 68 6

9 7 9 7 9 7 7 5

1

4 2 4 3 52 4 44 66 2

Acesso Secundário 2

1

N

Para adequar a construção às normas sanitárias foram feitas alterações físicas no galpão, como forro na cobertura, pisos cerâmicos e tintas laváveis nas paredes.

Figura 7.2.2: Área 4: Frigorífico. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Espaço do Galpão destinado ao Banco de Alimentos 1. Armazenamento de alimentos | 2. Administrativo | 3. Banheiro | 4. Frigorífico | 5. Cozinha | 6. Depósito | 7. Sala

Figura 7.2.1: Área 1: Armazenamento de Alimentos Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Figura 7.2.3: Corredor. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

108


Um dos programas a serem inseridos no projeto do Complexo Gastronômico é um Bom Prato. Refeição de qualidade a R$1,00. O Bom Prato atende a população com alimentos saudáveis e de extrema qualidade e higiene, preparados com supervisão de nutricionistas, a preço acessível.

109


Capítulo 7 - PROGRAMA

7.3

BOM PRATO

O programa Bom Prato foi criado em dezembro de 2000, por iniciativa do Ministério da Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo, ofertando à população carente refeições saudáveis e balanceadas a um preço acessível. Os restaurantes Bom Prato são instalados a partir de um convênio feito entre o Governo do Estado de São Paulo e entidades sociais, sem fins lucrativos, que já realizem trabalhos com a população da região onde a unidade será inserida. Por essa razão, atualmente o programa Bom Prato é cuidado pela Secretaria de Desenvolvimento Social. Em Ribeirão Preto, o Bom Prato foi inaugurado em novembro de 2005 e é de responsabilidade da Associação Espírita Casas de Betânia, que funciona desde 1962 e é também mantenedora da Escola de Educação Infantil “Eurípedes Barsanulfo” cuidando de crianças de 03 meses até 5 anos e 11 meses. Figura 7.3.1: Refeição Bom Prato. Foto de Fernando Borges. Disponível em: <http://culinaria.terra.com.br/infograficos/bom-prato/> Acesso em 1 de maio de 2017.

110


Capítulo 7 - PROGRAMA

BOM PRATO

7.3

O PROGRAMA “O almoço, com 1200 calorias, é composto por arroz, feijão, salada, legumes, um tipo de carne, farinha de mandioca, suco e sobremesa (geralmente uma fruta da época) e tem custo de R$1,00 para o usuário. O subsídio governamental é de R$4,19 para adultos e R$5,19 para crianças de até 6 anos, que tem a refeição gratuita. Já o café da manhã é composto por leite com café, achocolatado ou iogurte, pão com margarina, requeijão ou frios e uma fruta da estação. A refeição, com média de 400 calorias, custa R$0,50 ao usuário, com subsídio governamental no valor de R$1,13 por refeição matinal.” 1 A quantia arrecadada com a população mais os subsídios do governo é distribuída para todos os gastos do restaurante, como reabastecimento de alimentos - adquiridos no CEASA Centro - funcionários, energia, água e limpeza. Cada restaurante disponibiliza uma quantidade de refeições diárias, que são servidas até que se encerre a cota do dia. No caso de Ribeirão Preto são servidas 300 refeições matinais e 1600 almoços. Figura 7.3.2: Balcão de distribuição das refeições.

111

1 “Sobre o Bom Prato”. Texto extraído do site da Secretaria de Desenvolvimento Social. Disponível em <http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/portal.php/bomprato> Acesso em 21 de março de 2017.

Figura 7.3.2: Balcão de distribuição das refeições. Foto de Fernando Borges. Disponível em: < h t t p : / / c u l i n a r i a . t e r r a . c o m . b r / i n fo g r a fi cos/bom-prato/> Acesso em 1 de maio de 2017.


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO

ESTUDO DE CASO - BOM PRATO RIBEIRÃO PRETO O Bom Prato de Ribeirão Preto fica localizado no centro da cidade, na Rua Saldanha Marinho. A localização, nesse caso, foi determinante por conta da proximidade com importantes equipamentos da cidade, como a Rodoviária Central, que facilita o acesso ao local.

LOCALIZAÇÃO Av. Jerônimo Gonçalves Av. Francisco Junqueira

Av. Nove de Julho

Av. Independência

Rodoviária Central Centro Popular de Compras e Mercado Municipal Bom Prato Figura 7.3.3: Quadrilátero Central. Figura 7.3.4: Fachada Bom Prato Ribeirão Preto.

Figura 7.3.3: Imagem aérea Google Earth. Fonte: Google Earth. Acesso em 5 de maio de 2017.

Figura 7.3.4: Fachada Bom Prato Ribeirão Preto. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

112


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO ESPAÇOS NECESSÁRIOS

• Espaço para organizar a fila; • Bilheteria para a venda de cartões; • Bilheteria para entrega dos cartões (entrada); • Local para armazenamento de bandejas e pratos (próximo ao balcão onde são servidos os alimentos); • Balcão para servir os alimentos (com ligação direta com a cozinha); • Local para descarte de sobras dos usuários e espaço para depositar bandejas (com ligação direta com a cozinha e com o local de lavagem de pratos); • Local de lavagem dos pratos; • Depósito para alimentos / Depósito para embalagens e produtos de limpeza; • Lavanderia; • Cozinha / Local para armazenar o gás; • Escritório para o nutricionista responsável (dentro da cozinha); • Escritório para administração / Sala de reuniões; • Banheiro e vestiário para funcionários; • Lavatórios para higiene das mãos; • Banheiro feminino e masculino (exclusivo para clientes); • Banheiro para portadores de necessidades especiais; • Salão para alimentação; Áreas destinadas ao Público Áreas de Trabalho

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Em uma visita técnica ao Bom Prato de Ribeirão Preto foi possível identificar os espaços necessários para o bom funcionamento do restaurante. Os espaços foram separados entre áreas destinadas ao público e áreas de trabalho, com acesso restrito restrito aos funcionários.

Figura 7.3.5: Planta Baixa Pavimento Térreo.

Figura 7.3.6: Planta Baixa Primeiro Andar. Figura 7.3.5: Planta Baixa Pavimento Térreo. Fonte: Arquivo Pessoal da Autora. Figura 7.3.6: Planta Baixa Primeiro Andar. Fonte: Arquivo Pessoal da Autora.


Capítulo 7 - PROGRAMA

BOM PRATO

7.3

FLUXOGRAMA IDEAL A porcentagem ideal de áreas destinadas a cada setor específico do restaurante segundo o Roteiro de Implantação de Restaurantes Populares, 2007:

O modelo de fluxograma abaixo foi baseado no Roteiro de Implantação de Restaurantes Populares, 2007, desenvolvido por uma equipe técnica de arquitetos e engenheiros visando o funcionamento ideal de um Restaurante Popular. RECEPÇÃO/ PRÉ-HIGIENIZAÇÃO/ CONTROLE DE MATÉRIA PRIMA

1. Setores de Recepção / Pré-Higienização / Estocagem / Administração Administração/Controle + Despensa Seca + Depósito de Material de Limpeza + Depósito de Caixas + Câmaras Frias + Vestiários/Sanitários de Funcionários

20% da área total do restaurante 2. Setor da Cozinha

Sala do Nutricionista + Setor de Cocção + Setores de Pré-Preparo + Setores de Higienização + Depósito de Lixo

ARMAZENAGEM DESPENSA SECA

ARMAZENAGEM CÂMARAS FRIAS

PRÉ-PREPARO SUCOS E SOBREMESAS | CEREAIS E MASSAS | VEGETAIS | CARNES

30% da área total do restaurante 3. Setor do Refeitório

COCÇÃO

Hall de Entrada dos Usuários + Salão de Mesas + Sanitários de Usuários

40% da área total do restaurante

10% da área total do restaurante

LIXO

DISTRIBUIÇÃO

4. Setores Complementares

Bilheteria + Área para expedição de alimentos

HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DA COZINHA

SALÃO DE REFEIÇÕES

HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DO REFEITÓRIO

114


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO PROBLEMAS - causas e soluções

Para que o Bom Prato atenda de forma mais eficiente seus usuários foi necessário identificar seus maiores problemas e entender como podem ser solucionados. 1. ACESSIBILIDADE

O edifício onde o Bom Prato está instalado não é totalmente acessível. A única forma de acessar o segundo pavimento é através de escadas, sendo assim, portadores de necessidades especiais ou idosos ficam restritos ao pavimento térreo. • CAUSAS Por estar instalado em um prédio que não foi construído com esse fim, e sim adaptado de acordo com as possibilidades existentes, não houve maneira de promover essa acessibilidade. • SOLUÇÕES Para criar um ambiente totalmente acessivel, seria necessário uma nova locação que fosse construída com essa finalidade.

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2. FLUXOS

CRUZADOS

Observando a cozinha em funcionamento foi possível identificar que há o cruzamento de diversos tipos de fluxos em corredores estreitos. Cruzamento que também acontece nas áreas destinadas aos usuários. • CAUSAS A localização das áreas específicas para cada tipo de uso é uma das causas desses conflitos de fluxos. Ainda mais quando se trata de um volume grande de usuários e refeições servidas diariamente, como é o caso do Bom Prato. Outra causa é a largura dos corredores, que são estreitos para a intensidade dos fluxos que passam por eles. • SOLUÇÕES Remanejar o espaço da cozinha / Alargar os corredores A cozinha deve ser fracionada em áreas específicas, são elas as áreas de pré-preparo, subdividas em carnes, verduras, legumes e grãos; área de lavagem dos utensílios; área de armazenamento; área de cocção e área de descarte. Para que a cozinha seja funcional essas áreas devem estar localizadas de forma a auxiliar o máximo possível no fluxo dos funcionários. Já os fluxos do público são facilmente resolvidos com uma melhor organização dos espaços e suas funções, e corredores mais largos. Para readequar esses espaços e alargar os corredores, uma nova locação seria o ideal, já que o edifício atual não possui espaço sufiente para ampliações.


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO

PROBLEMAS - causas E soluções 3. FILAS

No restaurante são servidos café da manhã e almoço. O café da manhã atende poucas pessoas, por isso não forma fila alguma. Por outro lado, quando os portões se abrem para o almoço às 10h e 30min, cedo para os padrões brasileiros, a fila já está formada - e é grande. Do lado esquerdo do edifício, a fila comum, e do direito, a fila para idosos e portadores de necessidades especiais. Quanto mais se aproxima o horário do almoço, maiores elas ficam, e a parte coberta destinada para a fila fica abarrotada, saindo para a calçada e chegando a dobrar as esquinas. Os usuários ficam expostos ao sol e chuva. • CAUSAS As refeições limitadas são a principal causa para as filas ficarem tão extensas. Elas se formam bem cedo e duram até o final do horário em que é servido o almoço, e o espaço coberto destinado à fila não é suficiente para a quantidade de pessoas que aguardam pela sua vez. • SOLUÇÕES Espaço coberto suficiente para as filas / Servir maior número de refeições / Aumentar o tempo de funcionamento do almoço O espaço com cobertura destinado às filas deve ser maior para promover conforto aos usuários. Para isso, uma nova locação seria o ideal, já que o edifício atual não possui espaço para ampliações. O limite de refeições é calculado pelo governo, de acordo com o número de habitantes da cidade e com a capacidade do local do Bom Prato. O Bom Prato de Ribeirão Preto serve 1600 almoços diariamente, mas teria condições de servir cerca de 2300 se seu espaço fosse maior. Aumentar o limite de refeições diárias servidas e o tempo de duração, faria com que os usuários chegassem ao restaurante de acordo com suas necessidades, sem receio de ficar sem refeição, evitando um aglomerado esperando a abertura dos portões. Figura 7.3.7: Preparação da Figura 7.3.8: Fila Bom Prato. Foto de Fernando Borges. Disponível em: calçada para receber as fila. Fonte: Arquivo Pessoal da Autora. <http://culinaria.terra.com.br/infograficos/bom-prato/> Acesso em 1 de maio de 2017.

116


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO PROBLEMAS - causas E soluções Pré-preparo Carnes

Pré-preparo em Geral

Lavagem Bandejas e Pratos

2. FLUXOS

CRUZADOS

Fluxograma de Serviço [Pavimento Térreo]

Câmara Fria

Acesso de Funcionários à Cozinha

Lavagem Panelas

Pré-preparo Tubérculos Despensa Seca Despensa Embalagens/Limpeza

Fluxo da entrada dos funcionários até o vestiário no piso superior.

Fluxo dos alimentos da câmara fria para as estações de pré-preparo.

Fluxo da entrada de produtos através dos distribuidores.

Fluxo dos alimentos prontos para as mantenedoras.

Fluxo da distribuição dos produtos nas devidas despensas/câmara fria pelos funcionários do Bom Prato. Fluxo dos alimentos da despensa “seca” para as áreas de cocção.

117

Figura 7.3.9: Fluxograma de Serviço Pav. Térreo. Fonte: Arquivo Pessoal da Autora.

Fluxo de panelas sujas para a estação de lavagem. Fluxo dos alimentos prontos para serem servidos no balcão.

O prédio em que o Bom Prato está instalado não foi construído para esse fim, ele foi adaptado para o novo programa dentro das possibilidades existentes. Por conta disso, a área da cozinha acabou ficando pequena para a quantidade de funcionários e nela acaba havendo cruzamento de diversos tipos de fluxos em corredores estreitos, o que atrapalha a parte funcional do ambiente.


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO

PROBLEMAS - causas E soluções Fluxograma do Público [Pavimento Térreo]

Distribuição dos Alimentos

Devolução das bandejas

Área disponível para a fila

Fluxo da entrada dos usuários no refeitório, passando pela bilheteria, pela área de higienização das mãos e pela linha de distribuição. Fluxo da entrada de idosos/ portadores de necessidades especiais. Fluxo da saída dos usuários do refeitório, passando pela área de devolução das bandejas

Entrega do cartão de entrada/ retirada de bandeja

Área de higienização das mãos

Bilheteria

Já nas áreas destinadas aos usuários, o maior problema está na localização da linha de distribuição e da devolução das bandejas, que fazem com que os usuários movam-se em direçãos opostas em um mesmo corredor estreito. A largura dos corredores é de grande importância nesse caso, pois os usuários passam por eles carregando suas bandejas. Figura 7.3.10: Fluxograma do Público Pav. Térreo. Fonte: Arquivo Pessoal da Autora.

118


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO PROBLEMAS - causas E soluções 2. FLUXOS

CRUZADOS

Fluxograma de Serviço e Público [Pavimento Superior]

Depósito

Vestiário / Banheiro de Funcionários Escritório da Administração / Sala de Reuniões

Fluxo da entrada dos funcionários até o vestiário. Fluxo da entrada dos usuários no refeitório, passando pela bilheteria, pela área de higienização das mãos e pela linha de distribuição, no piso térreo, até as mesas. Fluxo da saída dos usuários do refeitório, passando pela área de devolução das bandejas no piso térreo.

119

Figura 7.3.11: Fluxograma de Serviço e Público Pav. Superior. Fonte: Arquivo Pessoal da Autora.

No andar superior o maior problema de fluxos acontece na parte da escada. Nos horários de maior pico de usuários, pela grande intensidade, o fluxo fica bastante lento tanto no sentido de subir quanto no sentido de descer.


Capítulo 7 - PROGRAMA 7.3

BOM PRATO

SUGESTÕES Em entrevista com os funcionários e responsáveis do Bom Prato surgiram algumas sugestões para o projeto de um novo espaço. A economia é um dos principais pontos para receberer melhorias, já que a ajuda dada pelo governo é para arcar com todos os gastos do restaurante. Em conversa com os funcionários do Bom Prato foram sugeridos sistemas de energia solar, para baratear a conta de energia, e sistema de reaproveitamento de água das chuvas e da água utilizada para lavagem de verduras e legumes, para limpeza e regar as plantas. Qualquer outro método que traga economia também é bem vindo, segundo eles.

BIBLIOGRAFIA 1. Secretaria de Desenvolvimento Social. “Bom Prato”. Maio de 2017. Disponível em <http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/portal.php/bomprato> Acesso em 5 de maio de 2017. 2. BARG, Danielle. “Bastidores do Bom Prato”. Disponível em <http://culinaria.terra.com.br/infograficos/bom-prato/> Acesso em 5 de maio de 2017. 3. Entrevista com Guido Desinde Filho – Responsável pelo Bom Prato de Ribeirão Preto.

Figura 7.3.12: Caixa Bom Prato: Um real. Foto de Fernando Borges. Disponível em: <http://culinaria.terra.com.br/infograficos/bom-prato/> Acesso em 1 de maio de 2017.

120


8

Figura 8.1: Fragmento do galpĂŁo em ruĂ­nas. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


MEMORIAL JUSTIFICATIVO


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.1

O LUGAR

Os galpões ficam localizados no bairro Vila Virgínia, vizinho ao quadrilátero Central de Ribeirão Preto, e, apesar de estarem bem localizados na trama urbana, seu terreno está “ilhado” por duas barreiras: de um lado a Avenida Bandeirantes, de tráfego rápido e intenso, e do outro um talude, resultado da diferença na topografia.

Quadrilátero Central Área dos Galpões Vila Virgínia

N Figura 8.1.1: Localização dos Galpões.

123

Figura 8.1.1: Localização dos Galpões. Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2017.


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.1

O LUGAR

A área total dos galpões é de aproximadamente 65.800m², sendo que o primeiro galpão possui uma área de 11.000m² e o segundo de 16.000m², uma enorme área em uma localização privilegiada que atualmente não é aproveitada adequadamente.

ELEMENTO ISOLADOR: AVENIDA BANDEIRANTES

Galpão 1: 11.000 m² Galpão 2: 16.000 m² ELEM

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IA N Figura 8.1.2: Área dos galpões. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

124


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.2

O CONCEITO

Os principais elementos norteadores para a concepção do projeto foram valorizar e realçar a arquitetura dos galpões preexistentes, através de intervenções que não destoassem; As características topográficas do terreno, buscando soluções que favorecessem a relação dos edifícios com o entorno; E oferecer aos usuários um ambiente harmônico e funcional, integrando cultura através da valorização desses edifícios históricos.

Em visitas técnicas à área foi analisada a importância de manter os programas já existentes - Associação de Hortifrutigranjeiros de Ribeirão Preto e Banco de Alimentos - nas dependências do galpão em que já estão alocados. A Associação recebe público de toda região e o fato de estar nas proximidades da Avenida Bandeirantes, uma das principais entradas da cidade, facilita o acesso de seus produtores e consumidores. Já o Banco de Alimentos deve estar o mais próximo possível à Associação devido ao perecimento dos alimentos fornecidos pela mesma. No caso do Bom Prato, a escolha do local foi como forma de prestar assistência aos moradores da ocupação irregular que está localizada nas proximadades e aos funcionários das indústrias vizinhas, além de atrair público da região central e trazer maior visibilidade à área.

125


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

Figura 8.2.1: Perspectiva da área externa dos galpões. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

126


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.3

127

OS EDIFÍCIOS E SUAS RELAÇÕES

Figura 8.3.1: Implantação do projeto. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

Destacados pelas setas setas, encontram-se os principais acessos para os galpões. Acessos de pedestres Acessos de veículos O acesso de veículos era feito através da Avenida Bandeirantes no espaço entre os dois galpões. Para que esse espaço seja utilizado apenas por pedestres, foi feita a opção de transferir os veículos para uma das laterais e, por conta da grande extensão do terreno, criar alguns bolsões para veículos nos arredores. Privilegiando a circulação de pedestres sem prejudicar os veículos. Não havia nenhum acesso aos galpões a partir da Avenida Patriarca, por conta da diferença de topografia. Então uma escadaria aproveitando essa topografia foi proposta como forma de integrar o bairro aos galpões. Escada / Arquibancada

N

128


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.3

OS EDIFÍCIOS E SUAS RELAÇÕES ESCADA / ARQUIBANCADA A diferença de topografia entre o terreno dos galpôes e a Avenida Patriarca, que era um elemento isolador, foi solucionada através de uma escadaria que pode ser usada como arquibancada para futuras apresentações ou shows.

129

Figura 8.3.1: Perspecitiva da escadaria. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

Como elemento separador da área destinada para apresentações do restante do espaço foi utilizado um espelho d´água em semi-círculo.

Figura 8.3.2: Perspecitiva do espelho d´água com a escadaria ao fundo. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

130


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.3

OS EDIFÍCIOS E SUAS RELAÇÕES

A diferença de paginação dos pisos demarca os diferentes tipos de circulação e é também um elemento de ligação entre os dois galpões, demostrada por meio das linhas pontilhadas vermelhas.

131

Figura 8.3.3: Planta Baixa. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

N


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

132


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.3

133

OS EDIFÍCIOS E SUAS RELAÇÕES

Figura 8.3.4: Perspectivas dos tipos de piso. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

134


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.4

135

PROGRAMA DE NECESSIDADES

Figura 8.4.1: Distribuição de Programas. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

A distribuição dos programas foi implementada através de critérios específicos para cada um deles. Os programas Banco de Alimentos, Bom Prato e Associação de Hortifrutigranjeiros foram distribuídos dentro do galpão que está em melhor estado de conservação e possui cobertura. Já as ruínas passam a abrigar um parque.

Estacionamento Associação de Hortifrutigranjeiros Banco de Alimentos Bom Prato Parque Espaço para apresentações

136


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.4

PROGRAMA DE NECESSIDADES

O estacionamento intercala as vagas para os veículos com áres verdes, criando sombras para os pedestres e os veículos. Para facilitar a carga e descarga dos caminhões uma área rebaixada foi criada com uma estrutura de cobertura protegendo de sol e chuva.

137

Figura 8.4.1: Estacionamento e Carga e Descarga. Fonte: Arquivo pessoal da autora.


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

138


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.4

PROGRAMA DE NECESSIDADES

Banco de Alimentos

AssociaçãoHortifrutigranjeiros

139

Figura 8.4.1: Programas Galpão 1. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

[ GALPÃO 1 ]

Lanchonete / Sanitários

Bom Prato


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO

Associação Hortifrutigranjeiros

Estrutura Administrativa

Lanchonete

Estrutura Bom Prato Fonte 8.4.2 a 8.4.5 : Arquivo pessoal da autora.

140


Capítulo 8 - MEMORIAL JUSTIFICATIVO 8.4

PROGRAMA DE NECESSIDADES

[ GALPÃO 2 ]

As diferenças de topografia do galpão, por onde eram feitas carga e descarga, foram aproveitadas para criar elementos de lazer, como espelho d´água e redes. Os pilares existentes foram aproveitados para apoiarem as estruturas metálicas que serãoenvolvidas por trepadeiras, criando áreas de permanência com sombra. A vegetação escolhida para o parque é formada por árvores frutíferas, jardineiras de ervas e trepadeiras frutíferas, fornecendo frutos para a população e para o consumo do Bom Prato e Banco de Alimentos

141

Figura 8.4.6: Espelho d´água. Fonte: Arquivo pessoal da autora.






Implantação Escala 1:250 Legenda 1. Estacionamento Caminhões 2. Carga e Descarga Caminhões 3. Estacionamento Carros 4. Estacionamento Motos 5. Galpão A 6. Telhas transparentes 7. Espelho D’água 8. Faixa para Caminhada / Ciclismo 9. Escada / Arquibancada 10. Jardineira de Ervas 11. Lanchonete / Sanitários 12. Cobertura Verde 13. Rede 14. Caixa D’água existente

11

1

2 10

10 6

10

6

12

5

13

13

3

13 12 14

12

7

7

7

7 12

4

8

13

13

12

12

11 7 8

9

13


FACHADA NORTE


FACHADA SUL


FACHADA OESTE


FACHADA OESTE


CORTE CC


CORTE AA


CORTE BB



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